hipocampo setembro 8ª edição
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8ª Edição -Jornal da Escola Itajaiense de Medicina. UNIVALI-SCTRANSCRIPT
CLNICA MDICA: Consideraes sobre
retas, pontos e linhas por Denise Nova Cruz
VIII Edio
Copa do Mundo vista por outro ngulo por guilherme d. dilda
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DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO MDICO: Dvida x Imprudncia
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Difcil relao entre mdicos e planos de sade na
atualidade por Adriel Barbi
Como ser na Venezuela? Por Guilherme Kriger
Voc acha que est bom? Mas pode melhorar! Capevi convoca acadmicos a continuarem com os avanos e melhorias no curso de medicina
Especialidade: Pneumologia
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JOGANDO
ABERTO:
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Gotinhas Milagrosas por Analu Barleze8-9
02 Itaja, setembro de 2014
JORNAL DA ESCOLA ITAJAIENSE DE MEDICINA
Raquel Sogaiar 5 p.
EDITORIAL Ateno graduandos e professores!
Fez algo de interessante? Representou a Univali em
algum evento ou congresso? Publicou em uma revista? Entre em contato conosco! H algum assunto que
voc gostaria de ver na
prxima edio ou tem interesse de enviar
matrias para o jornal? Mande um
recado na pgina do Hipocampo, no
FACEBOOK, ou entre em contato com um dos
editores.
jornal da escola
itajaiense de medicina
Distribuio Gratuita Edio: Acadmicos Renan Taborda e Raquel Sogaiar
Colaboradores: Analu Barleze, Cludia Theis, Jacqueline Ladeia, Wellington Abdou, Apoio: Centro de Cincias da Sade (CCS) UNIVALI
Tiragem: 200 exemplares
Distribuio: Local
Errata
O Professor Nelson Grisard se formou no ano de 1961 na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paran.
O HIPOCAMPO deseja boas vindas aos acadmicos, docentes e funcionrios da Univali. Ao pessoal do internato que no chegou a ter frias, mandamos o nosso sinto muito e fora a!. O segundo semestre de 2014 chegou muito rpido e o jornal j deu incio a ele formando novas parcerias. com muita satisfao que anunciamos o fato de nos voltarmos para um tema de importncia geral: Responsabilidade Civil Mdica. E ento, o leitor, com todo o respeito, l isso e comea a revirar os olhos e pensar nos oito (8) perodos de tica Mdica pelos quais passou ou est passando. Mas no, no se trata apenas de tica do papel que estamos falando. Trata-se da pergunta: o que voc, mdico formado, vai fazer quando a realidade massacrante do dia-a-dia aparecer ali e quando na presso incontestvel da rotina mdica voc for impelido a tomar uma atitude que pode ser errada? O que voc, mdico formado, vai fazer quando parecer que no existe nenhuma alternativa boa a se seguir? Essa a proposta da nossa mais nova parceira e colega de curso Analu Barleze. Ela advogada formada e trabalhou junto ao CRM/PR em processos que abordavam o erro mdico. A ideia dela foi, ao contar uma histria verdica, dar trs possibilidades para voc, leitor, escolher. Para cada opo, uma sano, e de quebra, um compndio jurdico pra nos orientarmos sobre o que acontece na prtica. Essa edio do Hipocampo conta, ainda, com mais de tudo, onde procuramos sempre destacar temas da rea da sade com o olhar mpar dos nossos acadmicos. Buscar sempre o avano pois estamos aqui, segundo as palavras da professora Roslie Kupka Knoll para formar gente sria, humana, sensvel e competente. No nos contentarmos com o raso
o mnimo que podemos fazer, afinal de contas: o que voc, ser humano em formao, pequeno e grande dependendo do prisma em que se olha, cheio de benevolncia e de fraquezas, polissmico e por vezes aturdido, vai fazer quando precisar se posicionar?
Boa Leitura.
JORNAL DA ESCOLA ITAJAIENSE DE MEDICINA JORNAL DA ESCOLA ITAJAIENSE DE MEDICINA
03Itaja, setembro de 2014
Os felinos psicticos de Louis Wain
A esquizofrenia (do grego skhizein [esquizo] que significa fender, rasgar, dividir, e phrn [frenia] que significa pensamento) uma patologia causada pela alterao da estrutura bsica dos processos de pensamento. Caracteriza-se por uma dissociao das funes psquicas e pela perda de contato com o mundo exterior, o que se reflete no comportamento e nas emoes do paciente, apresentando-se como uma visvel alterao de personalidade.
Quanto aos sintomas, podemos dividi-los em duas categorias: os sintomas positivos e os negativos. Os positivos so caracterizados pelos pensamentos delirantes e costumam aparecer na fase aguda da doena (os surtos psicticos) como percepes irreais (podendo afetar todos os sentidos, mas principalmente causar alucinaes visuais e auditivas), pensamento desorganizado, ansiedade e impulsos agressivos. Os negativos acompanham a evoluo da doena e refletem-se na falta de motivao e afetividade. Caracterizam-se pelo isolamento social, apatia, indiferena emocional e desesperana profunda.
Louis Wain foi um artista britnico (1860-1939) famoso por seus desenhos que retratavam gatos, geralmente antropomorfizados. Com o tempo, e principalmente aps a primeira guerra mundial, a demanda pelas suas ilustraes foi diminuindo e alguns sinais de desordem mental comearam a surgir, tanto na sua personalidade quanto na sua arte. Sua obra manteve-se em um nvel normal at por volta dos seus 57 anos de idade, quando o mesmo foi diagnosticado esquizofrnico. A partir da, os retratos dos gatos que pintava tomaram uma forma ameaadora e progressivamente hiperdistorcida.
Os traos adotados que demonstram a fase psictica do artista so evidenciados pelos olhos obsessivos dos gatos, que miram fixamente com hostilidade. Este detalhe resultado do fato de que o psictico geralmente acha que o mundo crave nele olhares hostis. Outro aspecto das pinturas a fragmentao do corpo. Na psicose, as imagens do corpo sofrem uma estranha distoro, aproximando-se da forma de um fractal. Nos ltimos estgios da esquizofrenia, os gatos de Wain so totalmente desintegrados do realismo, tornando-se gradativamente mais misteriosos, psicodlicos e, at mesmo, indecifrveis.
Catarse, segundo a psicanlise, o despertar de emoes contidas e omitidas que precisam ser despertas e expostas para a liberao de bloqueios emocionais. um estado j bem definido por Aristteles como purificao das almas por meio de uma descarga emocional provocada por um drama.. Wain substituiu o realismo por modelos simtricos num esforo desesperado para organizar e controlar suas funes mentais em desordem. O aspecto catrsico de suas obras so carregadas do desespero e da angstia sentida pelo artista, sendo fantasticamente intensas, produtos de descargas emocionais visivelmente perturbadoras. Freud j dizia que o inconsciente fala muito mais por meio de imagens do que por palavras e que as imagens escapam com mais facilidade da censura da mente, portanto, nada mais rico do que poder observar a progresso de uma doena to obscura e debilitante por meio de obras to brilhantes e vigorosas.
O sofrimento intenso. O caos mental. A exteriorizao dos sentimentos profundos e angustiantes de uma mente brilhante porm perturbada.
Tamyris Bertola - 5p.
Abaixo, obra de sua fase pr-psictica. Ao lado, obras de sua fase psictica
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JORNAL DA ESCOLA ITAJAIENSE DE MEDICINA
Itaja, setembro de 2014
JORNAL DA ESCOLA ITAJAIENSE DE MEDICINA
A Copa do Mundo vista por outro ngulo
Recentemente o mundo parou para assistir a um dos maiores eventos esportivos do mundo: a Copa do Mundo FIFA. Milhes de pessoas espalhadas pelo planeta se envolveram profundamente, assistindo s partidas de seus televisores. Mas e como o envolvimento daqueles que trabalham nos estdios, diretamente com os jogos? Desde o ano passado, quando prestei prova de Residncia de Medicina Esportiva para a USP, j dizia para os colegas que meu objetivo este ano era estar presente na Copa do Mundo, trabalhando como mdico. Como o chefe da minha residncia era o coordenador mdico da FIFA em So Paulo, sabia das reais possibilidades de poder sentir este gostinho. Durante os meses que antecederam a Copa, disseram-nos que seria muito difcil os residentes conseguirem algo, principalmente os R1. De qualquer forma, fiz os cursos de ACLS (Suporte Avanado da Vida em Cardiologia), PHTLS (Suporte Pr-Hospitalar de Vida no Trauma) e DMEP (Controle de Desastres e Preparao para Emergncias), acreditando que dessa forma teria mais chances de estar presente. Chegando prximo abertura, consegui o contato da pessoa que estava organizando a escala dos mdicos na
Copa e entrei em contato diretamente para conseguir trabalhar nas partidas. Fui convocado para o jogo do Corinthians x Botafogo na Arena Corinthians, que j estava sob organizao da FIFA como forma de teste para a Copa do Mundo. Chegando ao estdio, percebia-se que ainda faltava muita estrutura, principalmente para atendimento do pblico. Acabei ficando no posto de atendimento dos jogadores, ao lado dos vestirios, porm no foi necessrio nenhum atendimento. Aproximadamente uma semana depois recebi a confirmao que estaria trabalhando nas partidas com diversos outros mdicos. Trabalhamos em forma de escala fazendo rodzio entre treinos, ambulatrios de torcidas, vip, very vip, camarotes, posto dos jogadores e campo. Tnhamos o objetivo de acompanhar cada lance dos jogos para garantir que jogadores e torcedores recebessem atendimento imediato se passassem mal ou se machucassem. A FIFA havia estabelecido alguns protocolos e, por exemplo, em caso de parada cardaca, tinham paramdicos treinados espalhados pelo estdio com objetivo de prestar atendimento em no mximo 2 minutos a cada minuto que passa, a chance de sobrevivncia sem seqelas diminui 10%.
Os postos de atendimento na torcida eram sete, sendo todos devidamente equipados com pelo menos um leito, monitor cardaco, ventilador, aspirador mecnico, entre outros equipamentos fundamentais. Havia um posto principal que possua uma quantidade maior de leitos e materiais, para quem nos reportvamos quando havia um caso de maior complexidade. Chegvamos