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Page 1: Edição de julho de 2008

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3Agropec. Catarin., v.22, n.2, jul. 2008

As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista e são de inteira responsabilidade dos autores.

A sua reprodução ou aproveitamento, mesmo que parcial, só será permitida mediante a citação da fonte e dos autores.

Sumário Informativo Técnico

Artigo Científico

Nota Científica

*Pet-milho: armadilha para o monitoramento dogorgulho-do-milho Sitophilus zeamais (Coleoptera:Curculionidae) em parreirais ................................

*Ocorrência e danos de Eulechriops rubi (Coleoptera:Curculionidae) na cultura da amora-preta .............

*Controle de insetos-pragas em produção orgânicade tomate por meio de telas antiinsetos em abrigosde cultivo. ............................................................

*Efeito da calda bordalesa e de produtos alternativosno manejo da requeima do tomateiro, sob cultivoorgânico, no Litoral Sul Catarinense. ...................

*Avaliação de fontes e doses de nitrogênio naprodutividade de forragem de gramíneas anuais deestação fria e quente, em sucessão ....................

*Técnicas para enxertia de mesa e produção demudas em videira ‘Niagara Rosada’. ....................

Germoplasma

*Novas cultivares brasileiras de goiabeira serrana:SCS 414-Mattos e SCS 415-Nonante ..................

*SCS 253-Sangão – nova cultivar de mandioca comelevado teor de matéria seca nas raízes ..............

*Arranjos espaciais de plantas sobre a produtividadedo tomateiro .........................................................

*Aspectos biológicos e morfológicos de Citheronia

brissotii brissotii (Lepidoptera: Saturnidae) ..........*Seleção in vitro de rizobactérias com potencial de

colonização em raízes de alho nas cultivares Chonane Roxo Caxiense .................................................

Normas para publicações

*Normas para publicações na RAC ........................

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Plantas bioativas

Reportagem

Conjuntura

Registro

*Glauco Olinger recebe prêmio especial da Embrapa ..............................................................*Mistério dos repelentes de insetos é desvendado.. ........................................................*Vitamina D: a energia que vem do sol ..................*Protótipo de rolo-faca construído em Chapecó .....*BRS Carmem – nova cultivar de uva para suco evinho de mesa ......................................................

*Encontrada substância anticancerígena em sucosde uva ..................................................................

*Aquecimento global: você faz a lição de casa? ....*Verão 2007/08 atípico e problemático em SantaCatarina. ..............................................................

*Epagri/Lages faz expedições para coleta degenótipos de forrageiras .......................................

*Pitaia: fruta exótica que pode dar renda ao pequenoagricultor ..............................................................

*Tubérculos de batata crescem sem tocar o solo..*Panicêutico: você sabe o que isto significa? ........

*Raça Crioula Lageana: por que preservá-la? .........*Piscicultura integrada: solução catarinense .........

Opinião

*Cri$e mundial dos alimentos: desafios e oportunidades para a agricultura brasileira ...........*Perspectivas para o sistema agroalimentar no espaço rural de Santa Catarina............................*Descentralizando a descentralização ...................

*O papel da RAC nos últimos 20 anos ...................*Identificação de bovinos e bubalinos – Primeiro passo para a rastreabilidade do rebanho catarinense ...........................................................*Santo Amaro da Imperatriz: a terra do milho verde .....................................................................

*Incenso – biocida natural ......................................

*Editorial ................................................................

*Lançamentos editoriais ......................................... 4 5

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4 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Santa Catarina

FICHA CATALOGRÁFICA

Agropecuária Catarinense – v.1 (1988) – Florianó-polis: Empresa Catarinense de PesquisaAgropecuária 1988 - 1991)

Editada pela Epagri (1991 – )TrimestralA partir de março/2000 a periodicidade passou

a ser quadrimestral1. Agropecuária – Brasil – SC – Periódicos. I.

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária,Florianópolis, SC. II. Empresa de PesquisaAgropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina,Florianópolis, SC. CDD 630.5

Impressão: NewsPrint Gráfica e Editora Ltda.

ISSN 0103-0779

INDEXAÇÃO: Agrobase e CAB International.Conceito B em Ciências Agrárias e Ciências dosAlimentos – QUALIS

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publica-ção da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Exten-são Rural de Santa Catarina S.A. – Epagri –, RodoviaAdmar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, Caixa Postal 502,88034-901 Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, fone:(48) 3239-5500, fax: (48) 3239-5597, internet:www.epagri.sc.gov.br, e-mail: [email protected]

DIRETORIA EXECUTIVA DA EPAGRI: Presidente:Murilo Xavier Flores, Diretores: Athos de AlmeidaLopes, Ditmar Alfonso Zimath, Edson Silva, ElisabeteSilva de Oliveira.

EDITORAÇÃO:Editor-chefe: Dorvalino Furtado FilhoEditor: Roger Delmar FleschEditores-assistentes: Ivani Salete Piccinin Villarroel,Paulo Henrique Simon

JORNALISTA: Márcia Corrêa Sampaio (MTb 14.695/SP)

ARTE: Vilton Jorge de Souza e Laertes Rebelo

DIAGRAMAÇÃO E ARTE-FINAL: Mariza T. Martins

PADRONIZAÇÃO: Rita de Cassia Philippi

REVISÃO DE PORTUGUÊS: Vânia Maria Carpes eLaertes Rebelo

REVISÃO DE INGLÊS: Airton Spies e Roger DelmarFlesch

CAPA: Foto de Nilson Otavio Teixeira

PRODUÇÃO EDITORIAL: Daniel Pereira, MariaTeresinha Andrade da Silva, Neusa Maria dos San-tos, Zilma Maria Vasco

DOCUMENTAÇÃO: Ivete Teresinha Veit

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveirae Zulma Maria Vasco Amorim – GMC/Epagri, C.P.502, fones: (48) 3239-5595 e 3239-5535, fax: (48)3239-5597 ou 3239-5628, e-mail:[email protected], 88034-901Florianópolis, SCAssinatura anual (3 edições): R$ 22,00 à vista

PUBLICIDADE: GMC/Epagri – fone: (48) 3239-5682, fax: (48) 3239-5597

REVISTA QUADRIMESTRAL

15 DE JULHO DE 2008

Desde seu lançamento emmarço de 1988 até a pre-sente edição, a revista

Agropecuária Catarinense – RAC– passou por transformações: saiudos tipos e chegou aos “bytes”, em-punhando sempre a bandeira dainovação. Ao todo, foram 73 edi-ções, mais de 4.500 páginas, cer-ca de 450 artigos científicos, 264informativos técnicos e centenasde reportagens e matérias abor-dando assuntos da agropecuáriacatarinense, que envolvem as ca-deias produtivas e todos os seuselos.

Inicialmente, o objetivo daRAC era divulgar os resultados dapesquisa agropecuária catari-nense aos agentes de extensãorural do Estado, aos produtoresrurais com maior nível de escola-ridade, aos pesquisadores, aosempreendedores, aos professorese estudantes da área agrícola e àslideranças do meio, enfim, gentecom interesse no assunto e que

enxergava a agropecuária comocoisa séria e de futuro. E assimcontinua. Pela seriedade com queos assuntos são tratados e pelaqualidade de suas matérias, aRAC é reconhecida por este pú-blico como um grande patrimônioda Epagri que tem participaçãoestratégica no desenvolvimento dosetor agropecuário de SantaCatarina.

Sempre com o objetivo de beminformar e atender aos anseios doseu público, em 2007 foi realiza-da uma enquete virtual junto aosleitores da RAC, que sugeriram osseguintes assuntos a serem abor-dados: reportagens sobre opatrimônio histórico e cultural dasregiões produtoras do Estado, ex-periências bem-sucedidas, maté-rias sobre o meio ambiente e in-formações do mercado agrícola.Em atenção aos desejos dos leito-res, esta edição já traz uma sériede matérias que abordam os te-mas sugeridos. O papel da revis-ta, como sempre, está na pauta eé tema de reportagem especial,que faz um balanço dos 20 anosda RAC.

Outro assunto muito atualabordado nesta edição e que des-perta euforia em alguns e, aomesmo tempo, incerteza em ou-tros é a crise alimentar mundial.A crescente demanda por produ-tos alimentícios e o uso de grãospara a produção de biocom-bustíveis derrubou os estoquesmundiais de grãos que, por suavez, tiveram seus preços elevados.Como exportador de grãos, o Bra-sil se beneficia deste momento pro-missor para a nossa agricultura epode tirar ainda mais proveito porter condições de ampliar a suafronteira agrícola. Entretanto, emparalelo, o custo dos insumos uti-lizados na produção tem subidomais que o preço dos produtos ge-rados, fato que tem contribuídopara elevar o preço dos alimentosao consumidor brasileiro, sempreacostumado ao alimento barato. Acrise é mundial e o Brasil tem tudopara se beneficiar dela. No entan-to, é necessário habilidade gover-namental para que os preços ele-vados não tenham reflexos nega-tivos no mercado interno.

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5Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

A mariposa-orien-tal nos pomarescatarinenses: ocorrên-cia, monitoramento emanejo integrado.2007. 32p. BT 139.R$ 10,00

Estudo da ca-deia do leite emSanta Catarina:prospecção e de-mandas. 2007. 90p.DOC 230.R$ 10,00

Manual de Sil-vicultura IV – Re-cuperação deecossistemas flo-restais ripários.2007. 28p. BD 71.R$ 10,00

O Manual de Silvicultura IV é um boletim di-dático que traz informações rápidas e práticas so-bre zona ripária, degradação e recuperação deecossistemas ripários, mata ciliar e suas funções.Trata-se de um documento indicado para consul-ta de técnicos, estudantes e interessados na áreade silvicultura.

Contato: [email protected]

Indicações téc-nicas para o toma-teiro tutorado naRegião do Alto Valedo Rio do Peixe.2008. 78p. SP 45.R$ 10,00

A publicação é uma atualização das normas técni-cas para o tomateiro tutorado da Região do Alto Valedo Rio do Peixe, edição 1997. Aborda dados de produ-ção do tomate no Brasil e em Santa Catarina, botâni-ca, origem e clima. Traz recomendações técnicas so-bre o cultivo, doenças e pragas do tomateiro, úteisaos profissionais ligados à cultura do tomateiro.

Contato: [email protected]

Esta publicação traz informações sobre este insetotambém conhecido por broca-dos-ponteiros, que causaperdas expressivas, quer na implantação dos pomares,quer na produção, ao impedir o desenvolvimento nor-mal das plantas. É apresentada a descrição e a biologiado inseto, seus hospedeiros, o reconhecimento dos da-nos, o monitoramento e outras informações igualmenteimportantes, como controle químico e biológico eperíodo de carência dos produtos fitossanitários.

Contato: [email protected]

A publicação procura mostrar os aspectos restriti-vos da cadeia leiteira catarinense, principalmente sis-tematizar os debates, identificar potencialidades e pro-por encaminhamentos futuros, diante das aspiraçõeslevantadas em vários seminários regionais. Espera-seque este trabalho ajude a subsidiar ações futuras eformulação de políticas que venham a contribuir paraa promoção do desenvolvimento da cadeia leiteiracatarinense.

Contato: [email protected]

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6 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Glauco Olinger recebe prêmioGlauco Olinger recebe prêmioGlauco Olinger recebe prêmioGlauco Olinger recebe prêmioGlauco Olinger recebe prêmio especial da Embrapa especial da Embrapa especial da Embrapa especial da Embrapa especial da Embrapa

Aentrega do Prêmio Fredericode Menezes Veiga 2008, ins-tituído pela Embrapa, foi

uma festa. Entre os vencedores da30ª edição, destaca-se o engenhei-ro agrônomo Glauco Olinger,ouvidor da Empresa de PesquisaAgropecuária e Extensão Rural deSanta Catarina S.A. – Epagri.

Diante das maiores autoridadespolíticas do País – como o presiden-te da República, Luiz Inácio Lulada Silva, o presidente da Embrapa,Silvio Crestana, ministros, gover-nadores e deputados –, o cata-rinense recebeu o prêmio direta-mente das mãos do ministro daAgricultura, Pecuária e Abasteci-mento, Reinhold Stephanes.

Nascido em Lages há 86 anos,Glauco Olinger dedicou grande par-te de sua vida às atividades de en-sino, pesquisa e extensão rural. Emsua longa trajetória, Glauco traçouas linhas para o desenvolvimento

da moderna agricultura de SantaCatarina, num trabalho que serviude modelo para vários Estados bra-sileiros. Contribuiu para o desen-volvimento das cadeias produtivasde arroz irrigado, maçã, uva, gadode leite, suínos e aves, além de as-sessorar a criação de alguns cen-tros de pesquisa da Embrapa, ten-do fundamental participação na fun-dação da Embrapa Suínos e Aves,em Concórdia, SC.

Como pioneiro na implantaçãodos serviços de extensão rural emSanta Catarina, Glauco Olinger éuma espécie de arquivo vivo da his-tória da agricultura catarinense.Sua memória privilegiada é o re-curso que ele faz questão de utili-zar para apoiar suas declaraçõesque muitas vezes soam des-concertantes. Embora não tenha otítulo acadêmico, na Epagri todosfazem questão de tratá-lo como dou-tor.

Durante a solenidade de entre-ga do prêmio, realizada em Brasília,Glauco afirmou que “o grande de-safio para a pesquisa e a extensãoé em relação à pesquisa ambiental.Nós temos que começar já a mu-dar os paradigmas. Até agora a na-tureza esteve a serviço do homem,daqui para frente o homem deve es-tar a serviço da natureza, mesmoporque sem a natureza o homemdesaparece”.

O Prêmio Frederico de MenezesVeiga é considerado a maiorpremiação da agropecuária nacio-nal. A edição de 2008 abordou otema Integração, Pesquisa e Ex-tensão. Além de Glauco Olinger,também foram premiados a pesqui-sadora da Embrapa Wania Fukuda,da Bahia, e o ex-ministro da Agri-cultura Luiz Fernando Cirne Lima,fundador da Embrapa.

Mistério dos repelentes de insetos é desvendadoMistério dos repelentes de insetos é desvendadoMistério dos repelentes de insetos é desvendadoMistério dos repelentes de insetos é desvendadoMistério dos repelentes de insetos é desvendado

Cinqüenta anos após ter sidocriado pelo exército dos Es-tados Unidos, somente ago-

ra foi descoberto o segredo dos am-plamente utilizados repelentes ainsetos à base de Deet (N,N-dietil-meta-toluamida ou N,N-dietil-3-metilbenzamida), tais como o Autan,Off e Repelex: eles atuam masca-rando o odor que atrai os insetosque se alimentam de sangue. Se-gundo uma equipe de pesquisado-res da Universidade Rockefeller, osmosquitos são fortemente atraídospelos odores humanos da respira-ção e suor, que incluem o dióxidode carbono, o ácido láctico e umcomposto à base de álcool. Diferen-tes receptores dentro do sistemaolfativo destes insetos detectam es-tes odores e os guiam até suas pre-sas. O Deet interfere com o funcio-namento dos receptores de odores,dificultando o encontro do alimen-to mais saboroso.

Os pesquisadores estudaram o

comportamento de uma espécie demosquito transmissor da malária,o Anopheles gambiae e das moscas-das-frutas drosófilas (Drosophilamelanogster), e testaram tambémas respostas eletrofisiológicas deneurônios sensoriais olfativos nasantenas dos insetos. Eles observa-ram que o Deet simplesmente blo-queia aqueles receptores que traba-lham em conjunto com o co-recep-tor olfativo chamado ‘Or83b’, pre-sente em todos os insetos. Ao tra-balharem com mutantes de moscas-das-frutas sem o co-receptor olfati-vo, notaram que as moscas dirigi-ram-se a iscas com Deet, enquantoque as moscas normais evitaramestas iscas, sugerindo que ‘Or83b’ érequerido para detectar o repelen-te. A partir de agora, sabendo quaisreceptores de odor dos insetos sãoos alvos moleculares do Deet, é pos-sível selecionar milhares de novoscompostos químicos para encontrarum novo repelente melhor e mais

seguro que este.Os repelentes à base de Deet são

eficazes contra vários insetos quese alimentam de sangue humano,mas não são recomendáveis parauso em crianças pequenas, nem emmulheres grávidas. Os produtosmais concentrados, entre 30% e 50%de Deet, não devem ser usados emcrianças de até 12 anos.

É salutar lembrar que tivemoshá pouco uma epidemia de dengueno Rio de Janeiro e que a maláriaestá presente no Norte e Centro-Oeste do Brasil e afeta 500 milhõesde pessoas no mundo, causando cer-ca de 1 milhão de mortos todo ano.Para controlar estes problemas, acombinação de uso de repelentes,desenvolvimento de vacinas e con-trole da população de insetos podepropiciar um efeito maior do queuma estratégia única.

Fonte: The Rockefeller University,www.rockefeller.edu.

Cerimônia do Prêmio Frederico deMenezes Veiga

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7Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Vitamina DVitamina DVitamina DVitamina DVitamina D: a energia que vem do sol: a energia que vem do sol: a energia que vem do sol: a energia que vem do sol: a energia que vem do sol

Embora esteja associada à for-mação óssea, a vitamina Dage em todo o organismo, in-

fluenciando poderosamente nas res-postas do sistema imunológico e nasdefesas celulares. Segundo pesqui-sas recentes, além da importânciana manutenção dos níveis do cálciono sangue e na saúde dos ossos, avitamina D desempenha papel es-sencial na maioria das funções me-tabólicas e também nas funçõesmusculares, cardíacas e neurológi-cas.

A vitamina D pode ser obtidabasicamente de duas formas: a par-tir do consumo de alimentos ou pelaexposição da pele humana à luz so-lar. O termo vitamina D refere-se aduas moléculas diferentes – a D2

(obtida pela alimentação) e a D3 (sin-tetizada pela pele). Estas versõespassam por estágios de conversãono fígado e nos rins, até atingir suaforma biologicamente ativa, conhe-cida como 1,25D. A carência desseelemento na corrente sangüíneaestá relacionada a inúmeras enfer-midades, como o câncer, a auto-imu-

nidade e as doenças infecciosas.A cura pelo sol – a chamada

helioterapia – foi descoberta em1822 durante o auge do raquitismo.O crescimento desta doença quereduzia a resistência óssea das cri-anças coincidiu com a industrializa-ção e a migração do campo para acidade. Mais tarde, essa associaçãocom o raquitismo e os efeitos bené-ficos da luz solar sobre os pacientestuberculosos abriram caminho paraa ciência entender o papel da vita-mina D na formação óssea, sua ati-vidade nos rins e as concentraçõesde cálcio e fósforo no sangue atra-vés do aumento ou diminuição daabsorção desses minerais no intes-tino.

No fígado, a vitamina D é con-vertida em 25D, uma forma quepode ser transportada pelo sangue.Nos rins, essa forma é modificadapara produzir hormônios derivadosda vitamina D, cuja função princi-pal é aumentar a absorção de cálciono intestino e facilitar a formaçãodos ossos. Na deficiência de vitami-na D, as concentrações de cálcio e

de fosfato no sangue diminuem, pro-vocando doenças ósseas, pois aquantidade de cálcio torna-se insu-ficiente para manter os ossos sau-dáveis.

Os atuais estudos indicam que afunção da vitamina solar é bem maisampla. As evidências demonstramque ela tem propriedadesanticancerígenas e atua como im-portante regulador do sistemaimunológico. Obtida de uma fontelimitada de alimentos, a vitaminaD também pode ser sintetizada apartir de uma reação química queocorre na pele quando exposta àradiação ultravioleta B (UVB). Osalimentos, no entanto, fornecemdoses relativamente pequenas devitamina D, comparadas com asquantidades produzidas pela pele. Aquantidade diária de vitamina Drecomendada atualmente é de 200a 600 Unidades Internacionais (UI).No entanto, pesquisadores daHarvard School of Public Healthsugerem que os americanos devemconsumir algo em torno de 1.000 UI.

Para medir a quantidade de vi-tamina D no organismo, basta fa-zer a contagem da concentração de25D no soro sangüíneo. Níveis en-tre 30 e 45ng/ml são consideradossuficientes para a saúde dos ossos.Abaixo disso, os riscos para a saúdeaumentam e acima de 150ng/ml, háexcesso de cálcio no sangue e nostecidos, podendo causar toxicidadee hipercalcemia.

A localização e a estação climá-tica também podem influenciar nadeficiência, especialmente em lati-tudes acentuadas, altitudes eleva-das ou durante o inverno na RegiãoSul do Brasil. Pessoas de pele mo-rena, devido a maior quantidade demelanina, demoram muito maistempo que as pessoas de pele clarapara sintetizar a vitamina D. O usode bloqueadores solares reduz aquantidade dessa substância no or-ganismo em até 98%.

Fonte: Scientific American Brasil, Ano 6 –nº 67, 2008.

Tabela 1. Fontes de vitamina D em Unidades Internacionais (UI)

Óleo de fígado de bacalhau 1.360 UI D3

(1 colher de sopa)

Atum, sardinha, cavala ou 200 a 360 UI D3

salmão cozidos (85 a 100g)

Cogumelo Shitake (fresco - 100g) 100 UI D2

Cogumelo Shitake (seco - 100g) 1.600 UI D2

Gema de ovo 20 UI D3 ou D2

Laticínios fortificados, suco de laranja, 100 a 400 D3

cereais (uma porção) ou D2

Exposição de corpo inteiro a raios 100.000 UI D2

UVB (15 a 20 minutos no meio do

dia no verão - pele clara)

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8 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

PPPPProtótipo de rolorotótipo de rolorotótipo de rolorotótipo de rolorotótipo de rolo-faca construído em Chapecó-faca construído em Chapecó-faca construído em Chapecó-faca construído em Chapecó-faca construído em Chapecó

Orolo-faca é um equipamen-to utilizado no acamamentode plantas de cobertura de

solo para a formação de coberturamorta e posterior implantação dosistema plantio direto, que tambémpode ser utilizado na implantaçãoda cobertura vegetal sobre restevade milho colhido manualmente. En-tretanto, é pouco usado durante oano agrícola, fato que resulta em altocusto por hora trabalhada, princi-palmente se é adquirido a preçomuito elevado.

O protótipo de rolo-faca de tra-ção motorizada, ilustrado nas figu-ras, foi desenvolvido na Epagri/Cen-tro de Treinamento de Chapecó –Cetrec. Este modelo caracteriza-sepela simplicidade e pelo baixo cus-to. O referido equipamento pode serconstruído de forma artesanal porferreiro hábil ou pelo próprio agri-cultor, se tiver aparelho de solda.Para a construção do rolo-faca sãonecessários os materiais especifica-dos na Tabela 1, que podem ser ob-tidos na propriedade, encontradosem depósito de ferro ou adquiridosno comércio local. As facas devemficar distanciadas na base entre 18e 20cm. Os rolos são interco-nectados ou acoplados entre si porduas ponteiras de um braço do

terceiro ponto do hidráulico do tra-tor, permitindo o “olho” realizar mo-vimentos verticais e horizontais deforma concomitante e independen-te, o que proporciona melhor efici-ência do trabalho de acamamento.Nota-se nas figuras que as corren-tes impedem que os três rolos seencontrem por ocasião da realiza-ção do trabalho. O transporte dorolo-faca é feito com guindaste en-gatado numa faca com furo, de cadarolo, e no hidráulico do trator. Oguindaste pode ser adquirido oumesmo construído na propriedadedo agricultor.

Este protótipo de rolo-faca, compeso de 375kg, foi testado durante6 anos na Epagri/Cetrec e teve ex-celente desempenho operacional.Com uma área útil de trabalho de2,25m de largura, realiza umacamamento eficiente das plantasde cobertura do solo, em 1h30/ha,incluindo as manobras. Se cada rolotivesse 1,20m de largura e conside-rando 20cm de sobreposição, o re-sultado do trabalho passaria para 1hora/ha, aproximadamente.

Tabela 1. Material necessário para a construção de rolo-faca de tração motorizada

Mais informações com o engenheiroagrônomo Claudino Monegat, Epagri/Cetrec, C.P. 791, 89801-970 Chapecó,SC, fone: (49) 3329-1015, e-mail:[email protected].

Item Descrição Dimensão Observação

1 3 toras (rolos) de madeira 1 a 1,20m x 35 a 50cm ø Madeira de lei ou eucalipto

2 Barrotes de madeira 7,5 a 9m x 10 x 10cm Doze peças para o chassi

3 18 a 24 facas de aço 1 a 1,20m x 12cm x 5mm Dobra de 4cm em 90o

4 9 chapas de ferro 5cm x 5mm x 1,15 a 1,69m Cintas para solda das facas

5 10 chapas de ferro 25cm x 4,5cm x 3mm Reforçar cantos do chassi

6 1 braço do 3º ponto do 20cm de cada lado do braço Acoplamento dos rolos traseiros

hidráulico do trator com as ponteiras do rolo dianteiro

7 Corrente reforçada 2,7 a 3m Formação de três peças

8 6 chapas de ferro 26 a 36cm x 26 a 36cm Laterais dos rolos (solda)

9 4 ponteiras ou eixos 30cm x 2 a 2,5cm ø Para os dois rolos traseiros

10 2 ponteiras ou eixos 40cm x 2,5 a 3cm ø Para o rolo dianteiro

11 1 cabeçalho de ferro 70cm x 8 a 10cm ø (oco) Engate no trator

12 Eletrodos 3kg Para as soldas

Page 8: Edição de julho de 2008

9Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

BRS Carmem – nova cultivar de uvaBRS Carmem – nova cultivar de uvaBRS Carmem – nova cultivar de uvaBRS Carmem – nova cultivar de uvaBRS Carmem – nova cultivar de uvapara suco e vinho de mesapara suco e vinho de mesapara suco e vinho de mesapara suco e vinho de mesapara suco e vinho de mesa

Como resultado do Programade Melhoramento Genéticoda Videira, a Embrapa Uva

e Vinho em Bento Gonçalves, RS,lançou a BRS Carmem – nova culti-var de uva para produção de suco evinho de mesa. A cultivar de ciclotardio surge como mais uma alter-nativa para ampliação do período deprocessamento e melhoria da qua-lidade das bebidas elaboradas naRegião Sul do País, pois possibilita-rá o rodízio no processamento comculturas como a laranja no Nortedo Paraná e desafogar o recebimen-to de uva na Serra Gaúcha, duasregiões nas quais a cultivar já foitestada e aprovada.

Umberto Camargo, coordenadordo Programa de Melhoramento, des-taca como principais característicasda cultivar o bom teor de açúcar,excelente coloração e boa resistên-cia às doenças fúngicas. “Desenvol-

vemos uma cultivar que poderá serutilizada sozinha ou em conjuntocom outras cultivares para produzirsuco e o vinho de mesa de qualidade,de cor violácea intensa, com carac-terísticas de aroma, sabor e aparên-cia desejados pelo mercado consumi-dor brasileiro”, salienta.

A ‘BRS Carmem’ foi obtida atra-vés de cruzamento entre as uvas‘Muscat Belly A’ e ‘BRS Rúbea’. Abrotação na Serra Gaúcha ocorre emmeados de setembro e a sua colhei-ta no começo de março, cerca de 10dias após a cultivar Isabel. Já noNorte do Paraná, sua colheita ocor-re no início de fevereiro. As bagassão resistentes, de tamanho médio,cor preto-azulada e o teor de açúcaré de 19o Brix. O suco tem cor inten-sa e pode ser consumido puro ou serutilizado em corte com suco de ou-tras cultivares conferindo cor, aro-ma e sabor. O vinho possui cor in-

tensa e estável, com aroma e saborlembrando framboesa, similar ao ela-borado com cultivar Bordô.

Mais informações estão disponíveis nosítio da Embrapa Uva e Vinho:www.cnpuv.embrapa.br, ou via e-mail:[email protected].

BRS Carmem – a nova cultivar daEmbrapa Uva e Vinho

Encontrada substância anticancerígena emEncontrada substância anticancerígena emEncontrada substância anticancerígena emEncontrada substância anticancerígena emEncontrada substância anticancerígena emsucos de uvasucos de uvasucos de uvasucos de uvasucos de uva

É atribuído à alimentação ofato de populações mediter-râneas (Itália, Grécia, Portu-

gal, Espanha, França, entre outros)serem menos propensas a doençascardiovasculares. A dieta nesta re-gião é composta basicamente devegetais, frutas, cereais, azeite deoliva, peixe, acompanhados de vi-nho tinto. Os franceses, emboratenham uma dieta rica em gordu-ras saturadas, são menos propen-sos a enfermidades cardíacas, fatoatribuído ao consumo regular devinho tinto. A partir destasconstatações, o consumo moderadode vinho tinto, passou a ser reco-mendado pois contém flavonóides,antioxidantes com efeitos fisiológi-cos benéficos na prevenção de do-enças crônicas causadas peloestresse oxidativo sofrido por célu-las, tecidos e órgãos.

Andréa Pittelli Boiago Gollucke,professora e pesquisadora da Uni-

versidade Católica de Santos –Unisantos –, apresentou tese dedoutorado no Departamento de Ali-mentos e Nutrição da Unicamp emque concluiu que os sucos de uvaconcentrados obtidos a partir dascultivares Concord e Isabel consti-tuem excelente alimento, com al-tos teores fenólicos totais e capaci-dade antioxidante.

Em relação à cultivar Concord,os valores absolutos dos teoresfenólicos totais e a atividadeantioxidante resultante são altos ecomparáveis aos do vinho tinto. Osuco obtido da cultivar Isabel apre-sentou valores um pouco inferiores,mas comparáveis aos do chá verde,considerado um alimento antio-xidante importante.

Em geral, o suco comercializadono Brasil é um “blend” das cultiva-res Concord e Isabel. Sensorialmen-te, os sucos destas duas cultivaresapresentam diferenças marcantes e

complementares. No suco da culti-var Concord predomina o gostoamargo e a cor marcante; na ‘Isa-bel’, sobressai-se a doçura e o saborcaracterístico de suco de uva.

Efeitos – Andréa detectou noconcentrado a partir da cultivarConcord a presença de quantidadeimportante de um poderosoanticancerígeno: o piceatanolglicosídeo. Trata-se de substânciabastante estudada por suas propri-edades farmacológicas e de reconhe-cida capacidade anticancerígena.Seu efeito é considerado superior aoresveratrol, mais conhecido e utili-zado. Ela conclui que o processo tér-mico empregado na concentração,além de não alterar o poder antio-xidante, promove a conversão deuma substância importante, que nãose degrada na restauração do suco.

Fonte: Jornal da Unicamp, edição 387,março/2008.

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Aquecimento global – você faz a lição de casa?Aquecimento global – você faz a lição de casa?Aquecimento global – você faz a lição de casa?Aquecimento global – você faz a lição de casa?Aquecimento global – você faz a lição de casa?

Nossa cultura, nossos anseiose nossas mais íntimas ne-cessidades biológicas afe-

tam diretamente nossos hábitos.Historicamente sempre tivemosque nos habituar a mudança. Po-rém, quando desejamos compreen-der fenômenos como o aquecimen-to global, a história costuma ficarcomplicada. É que não se trata ape-nas de uma questão de consciência.O assunto envolve sacrifícios emrelação ao conforto e ao status. E éaí que está o xis da questão.

Em certos países, a discussão jásaiu das nuvens e foi para a cozi-nha, para os quartos e continua na

Quem ainda não fez a lição decasa, não precisa entrar em pânico.Tirar da tomada aqueles aparelhosque ficam no “standby”, como o te-levisor, o DVD e o som já é um bomcomeço. Quanto mais a sociedadeestiver organizada, mais simplesserá encontrar as soluções. O maisdifícil sem dúvida é conseguir sedesligar de hábitos que se tornaramparte do nosso dia-a-dia, como a ali-mentação, o fumo e o modo “inocen-te” como usamos certos aparelhosque se popularizaram no século 20.

A lista desses aparelhos, aliás, ébem longa e inclui praticamentetoda a tecnologia analógica. O queainda não foi substituído ou adapta-do deve virar sucata nos próximosanos. Assim como os produtos pe-recíveis, muitos dos chamados “bensduráveis” estão com seu prazo devalidade definido. A Tabela 1 mos-tra as tendências e a influência dasmudanças climáticas no comporta-mento do consumidor.

sala, durante os programas da tele-visão. O alarme soou e parece queas pessoas finalmente se deram con-ta de que o aquecimento global écoisa séria. Há até aqueles que jáestão repensando sua vida domés-tica, seus hábitos pessoais e seposicionam claramente em relaçãoao tema. Mesmo que não haja umconsenso, num ponto a maioria con-corda: é preciso mudar.

No Brasil, o problema tende acrescer com a falta de planejamen-to, à medida que a economia aque-cer e o consumo aumentar. Mas te-mos um bom motivo para nos orgu-lhar: nosso país é campeão em

Sobe DesceEnergia solar Eletrodomésticos em geral

Banhos mornos e rápidos Banhos quentes e longos

Lâmpadas fluorescentes Lâmpadas incandescentes

Reaproveitamento de material Uso intensivo de produtos

reciclado químicos

Compra direta do produtor Compras em redes atacadistas

Veículos duas rodas Veículos quatro rodas

Uso de biocombustíveis Derivados de petróleo

Tecnologia digital Tecnologia analógica

Tabela 1. Tendências de consumo em função das mudanças climáticas

Além de mexer com a vida nasgrandes cidades, o consumo racio-nal de energia ganha força no meiorural. Projetos para aproveitamen-to da água da chuva, da energia so-lar, da luz natural e dos ventos che-gam aos poucos nas propriedadesrurais e passam a ser estimuladospelos serviços de extensão rural.Embora as mudanças permaneçamvinculadas regionalmente, o climade um modo geral é de preocupa-ção. Os efeitos de uma mudançaserão sentidos em todo o planeta emobilizam empresários, políticos,ambientalistas e demais cidadãos. Odesafio agora é aliar consciência eresponsabilidade e partir para a açãopropriamente dita.

Figura 1. Porcentagem de embalagens de alumínio recicladaspor país

0

20

40

60

80

100

Brasil Japão EUAFonte: Associação Brasileira de Alumínio – Abal.

reciclagem de latas de alumínio, umhábito simples que gera uma eco-nomia fantástica. Segundo a Asso-ciação Brasileira de Alumínio– Abal –, o valor médio pago por1kg (75 latas) varia de R$ 2,4 a R$3,2. Em alguns supermercados, porexemplo, 43 latinhas valem 1kg dearroz. Esse mercado, além de lucra-tivo, gera emprego para milhares decatadores e coloca o Brasil no topoda lista dos países que mais reciclamlatinhas de alumínio no mundo.

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11Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

VVVVVerão 2007/08 atípico eerão 2007/08 atípico eerão 2007/08 atípico eerão 2007/08 atípico eerão 2007/08 atípico eproblemático em Santa Catarinaproblemático em Santa Catarinaproblemático em Santa Catarinaproblemático em Santa Catarinaproblemático em Santa Catarina

No Oeste e Meio-Oeste, a pre-visão se confirmou e o ve-rão, influenciado pelo fenô-

meno “La Nina”, foi marcado porchuvas bem escassas, com sériosproblemas para a agricultura e parao abastecimento de água, especial-mente no Oeste. A estiagem come-çou em janeiro e se agravou em fe-vereiro e março, chovendo apenasa metade do esperado para o verão.Por outro lado, no Litoral a chuvanão deu trégua: desde 2001 que nãochovia tanto e boa parte ocorreu emcurto espaço de tempo. Na capital,o acumulado foi de 1.010,3mm du-rante o verão, sendo o normal emtorno de 708mm. Além disso foramfreqüentes os temporais com gra-nizo e ventos fortes, em especial napassagem de frentes frias pelo Li-toral Catarinense. Foram regis-trados também dois tornados, umno dia 1o/2 em Papanduva, outro nodia 16/2 em Tubarão (Figura 1) euma tromba d’água em Floria-nópolis, no dia 2/3 (Figura 2). Otornado é uma violenta coluna dear giratória, em formato de nuvem-funil, que se estende de uma nu-

vem de tempestade até tocar a su-perfície do solo. Quando são forma-dos sobre o mar são chamados detromba d’água.

Desde 1996 a Epagri/Ciram vemfazendo o registro de tornados etrombas d’água e até março de 2008foram contabilizados 11 trombasd’água e 11 tornados. A perguntamais freqüente é se este tipo de fe-nômeno já acontecia antes ou seriauma conseqüência do aquecimentoglobal? Pode-se afirmar que SantaCatarina é propício à ocorrência defenômenos dessa natureza, em fun-ção da sua localização geográfica eorografia, recebendo influência demassas de ar tropical e extratropicaldurante o ano todo. Nos dias de hoje,com mais recursos disponíveis, émais fácil obter registros destes fe-nômenos. No entanto, ainda é im-preciso afirmar se a freqüência eintensidade desses eventos estãoaumentando ou diminuindo por in-fluência do aquecimento global.Então, por que este ano foramregistrados três eventos em apenas1 mês? Ao contrário do ano passa-do, o último verão foi marcado por

maior instabilidade no Litoral, o quefavoreceu a formação de nuvens detempestade com maior freqüência.

Mais informações pelo fone: (48) 3239-8064, com os meteorologistas GilsâniaCruz, Cláudia Camargo e Fábio Lopes, daEpagri/Ciram.

Figura 1. Tornado em Tubarão, SC

Epagri/Lages faz eEpagri/Lages faz eEpagri/Lages faz eEpagri/Lages faz eEpagri/Lages faz expedições paraxpedições paraxpedições paraxpedições paraxpedições paracoleta de genótipos de forrageirascoleta de genótipos de forrageirascoleta de genótipos de forrageirascoleta de genótipos de forrageirascoleta de genótipos de forrageiras

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Figura 2. Tromba d’água no norteda Ilha

Pesquisadores e estagiários daEpagri/EELages, em coleta no Mor-ro da Igreja, Urubici, SC

A equipe de forrageiras daEpagri/Estação Experimentalde Lages _ EEL _ realizou

três excursões para coleta degenótipos de plantas forrageirasentre dezembro de 2007 e feverei-ro de 2008, com o objetivo de locali-zar e identificar populações degramíneas e leguminosas cultivadase adaptadas à Serra Catarinense. Acoleta foi feita nos municípios deUrupema e Urubici, onde estão ospontos mais altos de SantaCatarina, e também em Santa Ce-cília, Lages, Painel e Capão Alto.

Ao todo foram coletados 8 genó-

tipos de capim-lanudo (Holcuslanatus), 1 de trevo-branco (Trifo-lium repens) e 1 de cornichão (Lotuscorniculatus). A coleta é importan-te, pois trata-se de materiais adap-tados à região, que se encontramvegetando espontaneamente, su-portando extremos climáticos comogeadas e neves, além de condiçõesadversas de fertilidade do solo. Res-salta-se que as sementes dessas trêsespécies são as mais caras do mer-cado, pois geralmente são importa-das do Uruguai e Argentina.

O principal critério para a cole-ta era encontrar populações isola-das dessas espécies que há muitosanos estão passando por processosde adaptação e seleção natural etêm maior variabilidade genética. Aimportância de se optar por mate-riais de maior altitude está no fatode que, quanto mais alto for o localde coleta, maiores são as possibili-dades de ocorrência de espécies emáreas restritas. Para ter o históricoe caracterizar com precisão cada

genótipo, foram recolhidos materi-ais para análise de solo com regis-tro do local de coleta com fotografi-as, além da marcação das coorde-nadas com GPS.

Após a coleta e beneficiamentodas sementes, os genótipos serãomultiplicados e avaliados na Epagri/Estação Experimental de São Joa-quim – EESJ – quanto à produçãode matéria seca e à qualidadenutricional. Os melhores genótiposserão testados com animais paradefinição de lançamento ou nãocomo cultivares comerciais.

Essas ações têm por objetivoaproveitar o potencial de espéciesnativas e naturalizadas com a fina-lidade de identificar os mais promis-sores e lançar como cultivar, paraaproveitamento pelos produtoresem seus sistemas criatórios.

Mais informações com o engenheiro agrô-nomo Ulisses de Arruda Córdova, Epagri/EEL, Lages, SC, fone: (49) 3224-4400, e-mail: [email protected].

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Pitaia: fruta ePitaia: fruta ePitaia: fruta ePitaia: fruta ePitaia: fruta exótica que pode darxótica que pode darxótica que pode darxótica que pode darxótica que pode darrenda ao pequeno agricultorrenda ao pequeno agricultorrenda ao pequeno agricultorrenda ao pequeno agricultorrenda ao pequeno agricultor

Exótica, saborosa e bela... Es-sas são as características deuma fruta ainda pouco conhe-

cida no Brasil: a pitaia, que perten-ce à família das cactáceas, sobretu-do do gênero Hylocereus e Sele-nicereus, e que pode ser uma fontede renda alternativa para pequenosprodutores de frutas ou para quemtem espaço no quintal. Origináriada América Central, mais conheci-da no México, ela foi cultivada pri-meiramente pela antiga civilizaçãoMaia. Embora o México seja o prin-cipal cultivador (produtividade de 10a 12t/ha), a planta se expandiu atéo Oriente e Ásia, em países comoIsrael, Malásia, China, mas é noVietnã que ela atinge 40 a 45t/ha.Como é muito refrescante e possuigrande quantidade de água, eraconsumida pelos astecas para evi-tar a desidratação. O termo pitaiasignifica fruta escamosa, tambémsendo chamada de fruta-dragão.Como a planta só floresce à noite(com grandes flores brancas) é tam-bém chamada de flor-da-lua oudama-da-noite.

Nas principais capitais brasilei-ras, como São Paulo e Rio, ela jácomeça a aparecer como atração emalguns cardápios. Ela tem um visu-al bonito e é usada em drinques,sorvetes, iogurtes, etc. A venda innatura para supermercados e pararestaurantes pode gerar uma boa

renda para pequenos produtores,pois em São Paulo é atualmentevendida a R$ 30,00 o quilo, ou seja,cerca de seis frutas. Segundo os pro-dutores da fruta, o custo de produ-ção representa 25% de sua rendatotal.

O fruto da pitaia consiste numabaga carnosa, comestível, que atin-ge diâmetro mínimo de 5cm e umpeso médio de 200 a 250g. A plantaé rústica e pouco exigente em so-los. Não suporta temperatura abai-xo de 18oC e nem sequer uma se-mana de seca. Por isso, no períododa estiagem, para os agricultoresque desejam obter renda com a fru-ta, é preciso usar a irrigação porgotejamento ou aspersão. A tempe-ratura ideal para o desenvolvimen-to varia de 18 a 26oC. No entanto,ela pode suportar temperaturasmais altas. A fruta tem paladar docee consistência gelatinosa, sendo co-mida com colher. Há mais de 40cultivares de pitaia. A coloração dapolpa vai do branco ao vermelhomais intenso. Em alguns tipos, aplanta se assemelha a uma trepa-deira e também pode crescer sobreárvores ou pedras. Em geral, apóso terceiro ano – em algumas varie-dades após o segundo ano – a frutaestá pronta para iniciar a produção.Nesse estágio, a planta mede cercade 2m. O período da colheita emFlorianópolis é de dezembro a abril.

Em regiões mais quentes do País,dependendo da cultivar, como esteperíodo é ampliado, pode-se colherquase o ano inteiro.

Em Florianópolis, o senhor LeeFeng Wen, de origem chinesa, quejá foi dono de restaurante na capi-tal catarinense por 17 anos, tem porhobby cultivar plantas de horta emseu quintal no Bairro Agronômica,perto do centro da cidade. Uma desuas plantas preferidas, e a que eletem mais orgulho de mostrar, é apitaia. Ele explica que a melhormaneira é produzir por estacas, poispor semente é muito demorado,podendo levar de 5 a 7 anos. Porestaca é 1 ano e meio. A planta éformada por vários gomos. Na horade tirar a estaca, deve-se escolherduas que atinjam mais ou menos30cm de comprimento. “Corte a es-taca, sempre com luva, porque elatem muito espinho”, alerta o senhorLee, que faz questão de separar al-gumas para a reportagem da RACque foi visitar sua horta. Na oca-sião, ainda ofereceu algumas frutaspara degustação. O gosto é um mis-to de quivi e morango, sem a co-nhecida acidez.

Em seu quintal, o senhor Leeutiliza postes de cimento para su-porte às mudas de pitaia, mas podeser usado outro material, comomadeira ou canos plásticos rígidos.Ele planta quatro estacas pormoirão. A distância entre osmoirões pode variar; no caso do pro-dutor de Florianópolis, ele utiliza2,5m na fila e 2,5m entre filas, maspode ser 3 x 3m. Ele recomendaadubar bem com fertilizante orgâ-nico e molhar duas vezes por sema-na no verão, procurando nãoencharcar o solo, pois a planta éuma cactácea que não suporta mui-ta água. O ideal é usar uma cober-tura morta de palha ou restos ve-getais para manter a umidade e pro-teger o solo. À medida que a plantacresce, é necessário cortar os ga-lhos que vão crescendo pela lateral,até a pitaia atingir 1,80 ou 2m dealtura. Aí ela solta os últimos ra-mos que caem sobre a planta e logoem seguida florescem, dando ori-gem a frutos carnosos. Nas plantasdo senhor Lee ele chega a tirar 80frutos por moirão com quatro plan-tas. Aposentado, o objetivo destesimpático florianopolitano por ado-ção não é ter renda com a fruta, masdivulgá-la e oferecer para os ami-gos e parentes.

Senhor Lee, no quintal de sua casa e detalhes da planta e do fruto dapitaia

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TTTTTubérculos de batata crescemubérculos de batata crescemubérculos de batata crescemubérculos de batata crescemubérculos de batata crescemsem tocar o solosem tocar o solosem tocar o solosem tocar o solosem tocar o solo

As raízes e os tubérculos debatata crescem suspensosno ar, sem tocar o solo. Com

esta técnica, a aeroponia, evita-sedesinfetar o solo com substânciasquímicas que são proibidas no mun-do inteiro por afetarem a camadade ozônio. A semente pré-básica debatata é produzida a partir de ma-terial de alta qualidade e em casasde vegetação. A fertilização é feitausando substrato de origem vege-tal misturado ao solo, o que eleva orisco de infecção por diferentespatógenos, reduzindo a taxa demultiplicação.

Esta técnica está sendo estuda-da pelo Centro Internacional daBatata – CIP –, no Peru, com o fimde melhorar e baratear o custo deprodução das sementes pré-básicasde batatas. A técnica é desenvolvi-da em casas de vegetação do CIPem Lima e em Huancayo e consis-

te em cultivar plântulas de batataem mesas especialmente adaptadas,nas quais as raízes se encontramsuspensas no ar, sem tocar o solo.

As raízes crescem na parte infe-rior das mesas, cobertas com plás-ticos escuros para não receber luz,e são pulverizadas com substânciasnutritivas que possibilitam a forma-ção de tubérculos em forma aérea.Desta maneira, os tubérculos seformam e crescem completamentelivres de problemas sanitários, pro-duzindo até dez vezes mais que astécnicas tradicionais.

Outra vantagem desta técnica éque os tubérculos-semente podemser colhidos no tamanho que o usu-ário quiser, desde 5 até 30g, pois anebulização de fertilizantes que seaplica diretamente às raízes permiteà fase de crescimento continuarininterruptamente por mais de 180dias, o que não sucede com as téc-nicas convencionais.

Os primeiros resultados foramexcelentes, pois foram obtidas cercade 70 batatas-semente por planta,quando com as técnicas convencionaisse obtém, em média, 5 a 10 por plan-ta. Segundo os pesquisadores do CIP,a técnica adequa-se bem aos peque-nos agricultores e é particularmenteindicada para produção de batata-se-mente limpa, sem doenças e commenor custo. A batata-semente émuito importante para os produtoresde batata, porque o sucesso da colhei-ta depende da qualidade dos tubércu-los-semente usados.

Fonte: Centro Internacional de la Papa,Lima, Peru. www.cipotato.org.

PPPPPanicêutico – você sabe o queanicêutico – você sabe o queanicêutico – você sabe o queanicêutico – você sabe o queanicêutico – você sabe o queisto significa?isto significa?isto significa?isto significa?isto significa?

Panicêutico é o mais recentetermo criado pelos técnicosda Epagri/Estação Experi-

mental de Itajaí para definir umespecialíssimo grupo de alimentoselaborados à base de produtos depanificação e de plantas bioativasnutracêuticas, ou seja, com propri-edades protetoras da saúde huma-na. As plantas nutracêuticascorrespondem àquelas espécies deplantas com características de ali-mentos funcionais, protetores e compropriedades medicinais. As propri-edades básicas das plantasnutracêuticas estão relacionadas àsua composição química:• Adaptógenas – saponinas esteroi-dais (ginseng-brasileiro – Pfaffia spp.)• Libidogênicas e estimulantes –

fitosteróis, niacina (cubíu – Sola-num sessiflorum)• Gastroprotetoras – mucilagens,taninos (ora-pro-nóbis – Peireskiaaculeata)• Hipoglicêmicas – inulina, lactonassesquiterpênicas (yacon – Polymniasonchifolia)• Hipolipêmicas - saponinas este-roidais, fenólicos (açafrão –Curcuma longa)• Reeducadoras intestinais –mucilagens, inulina, pectina(camapu – Physalis spp.)• Antibióticas – glicosilinatos,isotiocianatos (capuchinha –Tropaeolum majus)• Peitorais – mucilagens, enzimas epectinas (tanchagem – Plantago spp.)

Entre as nutracêuticas pros-pectadas em Santa Catarina, des-taca-se a erva-de-sal (Salicorniagaudichaudiana), nativa dasmarismas litorâneas. É uma fontenatural de sal potássico enriqueci-do de β-sitosterol e estigmasterol.As sementes da Salicornia contêmsaponinas, proteínas (35%), iodo,

tocoferóis, ácido linoléico (75% a79%), ácido linolênico e ômega 3(1,5% a 2,3%). A planta apresentaação hipolipêmica, hipoglicêmica,imunoestimulante, antiartrítica,antiinflamatória e anti-reumática.

Outra espécie com grande poten-cial nutracêutico é a camarinha(Gaylussacia brasiliensis) – parentepróxima do mirtilo. Foram encon-trados inúmeros exemplares naárea de restinga herbácea, naspraias do Sonho e Pinheira, em Pa-lhoça, SC. É diurética, antioxidante,antitumoral, antiateroma eadstringente.

Mais que um simples nome,panicêutico é um novo conceito queagrega valor ao produto e propõeuma nova demanda mercadológica.A Epagri está oferecendo CursoProfissionalizante de Panicêuticos noCentro de Treinamento de Itajaí parademonstrar o potencial panicêuticodas espécies nutracêuticas, bemcomo orientar como preparar estesnovos produtos.

Mais informações pelo e-mail:[email protected] ou fone: (47) 3341-5236.

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A raça Crioula Lageana:A raça Crioula Lageana:A raça Crioula Lageana:A raça Crioula Lageana:A raça Crioula Lageana:por que preservá-la?por que preservá-la?por que preservá-la?por que preservá-la?por que preservá-la?

Thiago Filipe Veiga1, Sérgio Augusto Ferreira de Quadros2,Edison Martins3 e Clóvis Thadeu Rabello Improta4,

A região dos Campos de Cimada Serra de Santa Catarinadesenvolveu-se graças ao

tropeirismo que perdurou do século18 ao início do século 20 e pela suavocação para a pecuária, devido aseus vastos campos naturais, ricosem água e de topografia privilegia-da. Durante muito tempo, esta foia sua principal atividade econômi-ca.

Nos tempos de outrora, os ani-mais chamados de pêlo-duro, xucroou raça velha, como antigamenteera conhecida a raça CrioulaLageana, eram a base da pecuáriaserrana catarinense. De acordo comSpritze (2003), esta raça era a quepredominava na região até meadosdo século 20, constituindo o esteioda bovinocultura dos Campos deCima da Serra de Santa Catarina(Mariante & Cavalcante, 2000).

Estes animais remanesceramdos bovinos ibéricos que chegaramà América do Sul, trazidos pelos je-suítas e, após a invasão bandeiran-te às missões em 1636, foram leva-dos para a região de Franca, SP. Du-rante o trajeto, várias reses perde-ram-se das tropas e muitas delasformaram rebanhos nas matas doPlanalto Catarinense. Posterior-mente, quando iniciou a coloniza-ção da Serra por volta de 1770, o

1Eng. agr., Rod. Admar Gonzaga, 1.663, bl. A, apto. 103, 88034-001 Itacorubi, Florianópolis, SC, fone: (48) 9928-8328, e-mail:[email protected]éd. vet., Dr., UFSC/Centro de Ciências Agrárias – CCA, C.P. 476, 88040-900 Florianópolis, SC, fone: (48) 3721-5300, e-mail: [email protected]éd. vet., Dr., Epagri/Estação Experimental de Lages, C.P. 181, 88502-970 Lages, SC, fone/fax: (49) 3224-4400, e-mail:[email protected]éd. vet., M.Sc., Cidasc/Serviço de Educação Sanitária, C.P. 256, 88034-001 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-6500, e-mail:[email protected].

gado “xucro” existente na regiãocruzou-se com os bovinos que vie-ram com os colonizadores. Estesanimais, de origem ibérica, descen-diam dos bovinos introduzidos emSão Vicente em 1534 por MartinAfonso de Souza, e demais introdu-ções posteriores. Essa miscigenaçãodeu origem à raça Crioula Lageana.

Nos tempos atuais, a raça contacom um plantel bastante reduzidoque gira em torno de 700 animais,o que a colocou na lista da Organi-zação das Nações Unidas para aAgricultura e Alimentação – FAO –de animais em estado crítico, ouseja, que correm risco de extinção.

Muitas são as causas que leva-ram a Crioula Lageana a uma drás-tica redução de sua população, masa principal foi a introdução de raçasexóticas zebuínas e taurinas e seucruzamento com o gado crioulo. Istoporque o vigor híbrido resultantedestes cruzamentos foi creditadotão somente aos touros exóticos, oque estimulou a corrida das impor-tações destas raças entre ospecuaristas. Com o tempo esses cru-zamentos foram sendo realizados deforma indiscriminada e sem conhe-cimento técnico, o que quase dizi-mou a população deste recurso ge-nético animal. A raça persevera atéos dias de hoje, graças a alguns

pecuaristas de visão diferenciada,que acreditaram no potencial gené-tico destes animais e lutaram con-tra os preceitos da “revolução agrí-cola”, que estimulava veemente-mente a utilização de raças impor-tadas “melhoradas”. Entre eles, des-tacam-se: José Maria Arruda Filho,Viterbo Camargo, Leovegildo Didide Souza, Nelson de AraújoCamargo e Antônio Camargo.

A raça Crioula Lageana foi sub-metida ao processo de seleção na-tural por quase 500 anos. Destamaneira, adquiriu característicasadaptativas de grande importânciaprodutiva para a pecuária atual, emespecial aquela realizada de formaextensiva e com baixo e médioaporte de insumos agrícolas. Entreestas características, podemos des-tacar a resistência a determinadasenfermidades e aos endo eectoparasitos, a adaptação às con-dições de pouca oferta e qualidadede forragem nas épocas críticas doano, a longevidade, a facilidade departo, a boa produção leiteira comexcelente habilidade materna, cita-das por Camargo & Martins (2005),e já antes confirmadas em experi-mentos realizados no PlanaltoCatarinense por Ribeiro (1993).

Por muito tempo foi dada poucaimportância à conservação dos re-cursos genéticos animais. Atual-mente, no mundo, aproximadamen-te 20% das raças existentes encon-tram-se ameaçadas de extinção ecom elas pode-se perder caracterís-ticas potencialmente importantesno melhoramento animal e que se-quer foram estudadas ou conheci-das.

Hoje, com a crescente necessi-dade e preocupação na redução degastos energéticos e econômicos naprodução de alimentos e o contínuoaumento da população mundial, hánecessidade de preservação dos re-cursos genéticos animais natura-

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lizados e autóctones. O uso destesanimais, devido à sua grande adap-tação e maior variabilidade genéti-ca em relação às raças melhoradas,pode permitir maior flexibilidadeaos programas de melhoramentogenético animal.

Além do potencial para o melho-ramento genético, outras possibili-dades de exploração da raça se apre-sentam economicamente atrativas,sob a ótica dos mercados diferen-ciados que atribuem valor aos pro-dutos tradicionais e com denomina-ção de origem territorial. Este ape-lo regionalista visando a nichos demercado é muito utilizado nos paí-ses da Europa (queijos e vinhos fran-ceses, presunto “Jamon pata negra”na Espanha, etc.), além do artesa-nato de couro e chifres que são bas-tante vistosos e característicos daraça, pode se tornar importante fon-te de renda para criadores eartesãos.

A utilização desses animais nosetor do turismo rural também seapresenta favorável. Veiga (2007)demonstrou a grande aceitação einteresse na raça Crioula Lageanapor parte de proprietários de esta-belecimentos de turismo rural da

região de Lages e pelos própriosturistas. No mesmo trabalho iden-tificou entre os pecuaristas da re-gião um grande reconhecimento daraça quanto ao seu valor social, his-tórico e cultural.

Assim, é importante que sejampropostas novas formas de explora-ção deste recurso genético,engajando pesquisadores, criadorese entidades públicas no desenvolvi-mento daquelas que se apresentemeconomicamente rentáveis com ointuito de preservação destes reba-nhos e do ambiente onde a raça sedesenvolveu. Como exemplo tem-se o desenvolvimento de linhas depesquisa com vistas a juntar infor-mações de caráter zootécnico, comoganho de peso em condições de pas-tagem nativa e cultivada, rendimen-to de carcaça e qualidade da carne,peso ao nascer e desmame, produ-tividade de leite entre outras. Ca-racterísticas morfológicas, como in-serção de aspas e pelagem, seriamde extrema importância na seleçãode linhagens, que serviriam de basepara um programa de melhoramen-to genético intra-racial. Outra pos-sibilidade seria a determinação deprogramas de cruzamentos com

outras raças, a fim de racionalizaro uso do conjunto de genes lapida-do em centenas de anos da raça, naregião, em associação com caracte-rísticas desejáveis de outrosgenótipos. Neste sentido, o cruza-mento da raça Crioula Lageana,especialmente as fêmeas, com ra-ças especializadas em produção decarne, como a Angus, Hereford ououtras de grande potencial na pro-dução de carne, seria interessante.Isto possibilitaria o aproveitamen-to da excelente habilidade maternae facilidade de parto das fêmeas cri-oulas, além de inserir na progêniecaracterísticas de adaptação às con-dições específicas do PlanaltoCatarinense associadas à produtivi-dade das raças especializadas, so-mando-se a isso o vigor híbrido re-sultante do cruzamento. A utiliza-ção destes F1 (primeira geração docruzamento) pode se tornar impor-tante alternativa na redução de cus-tos com modificações ambientais eviabilizar a exploração da pecuáriaem campo nativo. Isto auxiliaria apreservação dos animais crioulos,pois é necessária à manutenção dasmelhores linhagens puras para rea-lização dos cruzamentos e para ex-

Rebanho da raça Crioula Lageana em seu ambiente natural

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16 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

plorar o máximo da heterose.Toda forma de preservação de

recursos genéticos, sejam eles ani-mais ou vegetais, traz consigo umamaneira de exaltar e preservar tam-bém as tradições, a história e o or-gulho de um povo, resgatando suasraízes e auxiliando o desenvolvimen-to territorial local.

Deve-se considerar o importan-te papel preservacionista na manu-tenção da raça Crioula Lageana, queé considerada parte integrante doecossistema dos Campos Naturaisde Araucária, podendo sua diversi-dade biológica ser explorada de ma-neira racional e em associação coma pecuária, sem que se realizem

Literatura Citada

1. CAMARGO, M.A.R.; MARTINS, V.M.V.Raça bovina Crioula Lageana, umpatrimônio genético. A Hora Veteriná-ria, v.24, n.143, p.61-64, jan./fev. 2005.

2. MARIANTE, A. da S.; CAVALCANTE,N. Animais do descobrimento: raçasdomésticas da história do Brasil.Brasília: Embrapa-Cenargem, 2000.232p.

3. RIBEIRO, J.A.R. Gado CriouloLageano, uma alternativa sustentadapara as pastagens naturais do PlanaltoCatarinense? In: REUNIÃO ANUALDA SOCIEDADE BRASILEIRA DEZOOTECNIA, 30., 1993, Rio de Janei-ro, RJ. Anais... Rio de Janeiro: SBZ,1993. p.245-262.

4. SPRITZE, A.; EGITO, A.A. de;MARIANTE, A. da S. et al. Caracteri-zação genética da raça bovina CriouloLageano por marcadores molecularesRAPD. Pesquisa Agropecuária Brasi-leira, v.38, n.10, p.1157-1164, out. 2003.

5. VEIGA, T.F. A raça Crioula Lageana:sua história e percepções para seu fu-turo. 2007. 167f. Monografia (Gradua-ção em Agronomia) – UniversidadeFederal de Santa Catarina,Florianópolis, 2007.

modificações agressivas, viabili-zando sua exploração.

É nosso entendimento que, aoestimular a preservação da raça,estaremos contribuindo diretamen-te não só para a sua preservação,mas para todo ecossistema do qualela faz parte, além de valorizar ohomem que gerencia este sistema.Ao explorar todo potencial econômi-co da raça crioula, seus cruzamen-tos e seus produtos (carne, queijoserrano, couro, chifres, etc.), e to-das as demais potencialidades doecossistema campo nativo semdegradá-lo, os custos de produçãopoderão ser reduzidos e o rendimen-to do produtor rural irá aumentar.

Mas para que isto possa se tornarrealidade a curto e médio prazo, sãonecessários investimentos e estí-mulo a pesquisas que possibilitemo desenvolvimento da raça de for-ma viável.

Para finalizar, é oportuno para-frasear o zootecnista OctávioDomingues que em 1956 escreveuo que, ao nosso ver, representa comclareza o significado e a importân-cia da raça Crioula Lageana paratoda a sociedade catarinense, espe-cialmente a serrana, e que tambémserve para refletirmos sobre a im-portância da preservação de recur-sos genéticos para a sociedade atual.

“As raças nativas de gado de umaregião constituem uma forma deexpressão do povo que a habita. Per-mitir seu desaparecimento seria omesmo que permitir a destruiçãodos marcos físicos de sua civiliza-ção. Uma raça nativa de gado é ummonumento tão necessário a serpreservado como qualquer monu-mento histórico que identifique, ca-racterize ou dê relevo a uma tradi-ção querida”.

Touro jovem, aspa fina, Africano Vermelho, na ExpoLages/2007

Touro Africano Preto, grande campeão da raça Crioula Lageana naExpoLages/2007

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17Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Fernando Silveira1, Fabiano Müller Silva2 e Claudemir Schappo3

Piscicultura integrada: solução catarinensePiscicultura integrada: solução catarinensePiscicultura integrada: solução catarinensePiscicultura integrada: solução catarinensePiscicultura integrada: solução catarinense

Apiscicultura, ou cultivo depeixes, é uma atividademilenar que começou a ser

praticada na China há mais de 4 milanos. Foi adotada na Roma antigae é desenvolvida no mundo todo atéos dias atuais. Ao longo do tempo,adaptou-se à realidade de cada re-gião, adquirindo feições bastantediversificadas e tornando-se diferen-te em cada lugar. Em SantaCatarina também adquiriu nuancespróprias, diferentemente dos outrosEstados da União. Aqui se trabalhacom a piscicultura de água doce (ade água salgada ainda não é prati-cada) que, na sua maioria, é feitaem conjunto com outras criações dapropriedade, a chamada piscicul-tura integrada.

De uns 20 a 30 anos para cá, apiscicultura adquiriu status de “ati-vidade rentável”, possibilitando aoprodutor profissionalizado obteruma fonte de renda regular. Depen-dendo da propriedade, esta rendapode ser apenas complementar, a

principal ou, até mesmo, a únicafonte de renda. Muitas proprieda-des rurais catarinenses seviabilizaram com os recursos oriun-dos da piscicultura.

Todavia, por mais importanteque seja do ponto de vistasocioeconômico, alguns aspectos daatividade devem ser esclarecidosconsiderando-se as dúvidas que osistema de produção integrada sus-cita. A piscicultura integrada une ocultivo de peixes com outros ani-mais, como as aves (frangos oumarrecos) e, principalmente, comos suínos, apresentando diversasvantagens. A principal vantagem éser a “ferramenta” para a produçãode alimentos naturais, o plânctone, também, para a produção do oxi-gênio na respiração dos peixes. Asdúvidas sobre este sistema se apói-am basicamente nos aspectosambientais e sanitários (“a pis-cicultura integrada causa impactoambiental?” ou “pode-se comer pei-xes que foram criados junto com

outros animais?”). Antes de escla-recer estas dúvidas, será apresen-tada a técnica da piscicultura inte-grada de forma sintética.

Como fazer para produziralimentos naturais e oxigênio?

Este é o grande desafio, poisacarreta desenvolver umatecnologia aparentemente simples,mas muito complexa por dependertotalmente da natureza (calor, luz,nutrientes, etc.). Tudo começa coma integração do cultivo de peixes queaceitem alimentos naturais (carpas,tilápias, etc.), com um certo núme-ro de outros animais. A quantidadedestes outros leva em consideraçãoo tamanho da área, a qualidade daágua, etc. Resumidamente, a técni-ca será explicada utilizando-se ossuínos como exemplo por serem osmais usados na integração.

Sobre um viveiro de peixes éconstruída uma baia de suínos. Abaia é projetada para permitir oacesso do suíno à água através deum degrau no piso, onde passamgrande parte do dia. Faz parte dabiologia dos suínos buscar a águapara realizar suas evacuações. Destaforma, o esterco do suíno é carreadopara dentro do viveiro e imediata-mente atacado pelas bactérias queexistem dentro d’água (como emtodo e qualquer lugar). Na água, asbactérias passam a mineralizá-lo, ouseja, consomem a parte orgânica doesterco e deixam apenas os nutri-entes que o compõe, como nitratos,fosfatos, carbonatos, cálcio,magnésio, etc., disponibilizados ago-ra em grandes quantidades. Estassubstâncias serão utilizadas pelasmicroalgas naturais já existentes na

1Oceanógrafo, Esp., Epagri/Centro de Desenvolvimento em Aqüicultura e Pesca – Cedap –, C. P. 502, 88034-901 Florianópolis,SC, fone: (48) 3239-8044, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Cedap, e-mail: [email protected]éc. agr., Epagri/Escritório Municipal de Ituporanga, Rua David Rengel, 145, 88400-000 Ituporanga, SC, fone: (47) 3533-1713, e-mail: [email protected].

Evolução da piscicultura da água doce em Santa Catarina

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água (o fitoplâncton) para aumen-tar sua biomassa pelo processo dafotossíntese, multiplicando-se emproporções gigantescas até a águaficar esverdeada. Logo após osurgimento do fitoplâncton surgemmicroanimais (o zooplâncton) paraconsumi-lo, pois as microalgas sãoseu alimento. Forma-se, assim, a“cadeia alimentar primária”. E es-tes organismos, o fitoplâncton e ozooplâncton (conjunto denominado“plâncton”), são os alimentos dospeixes e não o esterco em si comose poderia pensar. De forma seme-lhante às hortas em terra, o ester-co é usado para fertilizar a água eproduzir os alimentos naturais paraos peixes. Além de participarem dacadeia alimentar, as microalgas re-sultantes são as responsáveis pelaprodução do oxigênio (originadodurante a fotossíntese) para a res-piração dos peixes, sendo a maiorfonte deste gás no viveiro.

Por que fazer piscicultura in-tegrada?

Porque resolve o principal entra-ve da atividade: o custo de produ-ção. De forma genérica, criar car-pas e tilápias apenas com ração émuito dispendioso, embora com boaprodutividade. O custo por quilogra-

ma de peixe gira em torno de R$2,00 a 2,20, sendo que só a raçãorepresenta 70% do custeio. Paraabsorver um custo deste é necessá-rio que o produtor encontre um ni-cho de mercado que pague valoresdiferenciados. Via de regra, os valo-res pagos pelos principais mercadosexistentes em Santa Catarina, aindústria e o pesque-pague, são bai-xos, obrigando os produtores a seajustarem. A seguir, os valores pa-gos pelos mercados citados:

• Indústria (muitas não com-pram carpas): o valor pago ao pro-dutor pela tilápia de ± 400g fica emtorno de R$ 1,80/kg (dependendo daépoca do ano, do tamanho do peixe,do frigorífico, entre outros), e o cus-to para produzir 1kg de tilápia estáentre R$ 1,10 e 1,30/kg (contra osR$ 2,00 a 2,20/kg apenas com ra-ção). O lucro é pequeno, mas atra-ente para produtores rurais.

• Pesque-pague: os preços pagossão melhores (carpas a R$ 2,10/kge tilápias a 2,40/kg), mas são exigi-dos peixes de tamanho maiores (car-pas acima de 1kg e tilápias acimade 600g), o que significa mais tem-po e custo para produzir. O incon-veniente deste mercado é que, mui-tas vezes, ele adquire apenas parteda produção, enquanto a indústria

compra toda a produção de uma sóvez (principal motivo para vender àindústria).

Visando tornar a atividade ren-tável e atrativa para os produtoresrurais, o papel dos pesquisadores eextensionistas da Epagri foi o debuscar alternativas para baixar ocusto de produção, sem diminuir aprodutividade. Entre as várias es-tratégias adotadas, a mais importan-te foi mesclar a utilização do ali-mento natural (plâncton) durante amaior parte do cultivo e o forneci-mento de ração apenas nos últimosmeses, reduzindo, assim, o custo daração para 40%. No momento, estaé uma tecnologia cada vez mais uti-lizada na produção de carpas etilápias.

Buscando se ajustar às exigên-cias dos mercados, a maioria dosprodutores profissionais passou aproduzir peixes de duas maneiras:ou para o pesque-pague (carpas etilápias grandes, criados todos jun-tos num só viveiro) ou para a in-dústria (tilápias de 400g) e carpasgrandes direcionadas para o pesque-pague, também cultivadas juntasnum só viveiro, sistema denomina-do de Policultivo Integrado.

Qual o impacto da atividadeno meio ambiente?

Quanto às dúvidas sobre se estatécnica causa impacto ao meio am-biente, foram adotadas diversas pro-vidências junto aos produtores pro-fissionais assistidos pela Epagri paraimpedir que isso aconteça. Porexemplo: durante todo o cultivo nãosai água de dentro do viveiro. A águafica parada, pois o sistema de águasverdes exige que não haja perdas e,se sair água, há perda do alimentonatural e do oxigênio produzido(prejuízo). Por conseqüência, ne-nhum produtor quer perder dinhei-ro e não deixa a água sair. Automa-ticamente, durante todo o cultivo oambiente não é impactado, pois sóentra água para manter o nível erepor as perdas por evaporação/in-filtração, mas sem escoamento.

Outra providência para evitarimpactos ao meio ambiente é ado-tada no momento da despesca (reti-rada dos peixes ao atingirem o peso-mercado). A drenagem do viveiro érealizada retirando-se a água super-

Baia de suíno com degrau no piso

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19Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

ficial, (aproximadamente dois ter-ços do volume total, limpa o sufici-ente para não impactar o ambien-te) e os peixes ficam concentradosno terço final da água, o que facili-ta o procedimento de arrasto dasredes para sua captura. Esta parteda água seria impactante se jogadanos ribeirões, pois fica bastantetoldada devido à movimentação dofundo do viveiro. A providência ado-tada é a não retirada desta água.Ela fica dentro do viveiro durantedias até sedimentar todo o lodo e,só então, é descartada. Para que oprocesso seja possível, o formato dofundo do viveiro é fundamental. Atu-almente os viveiros são construídosdeixando-se uma área mais profun-da junto ao sistema de escoamen-to, permitindo passar as redes ape-nas neste local e manter estocadaa referida parte final da água. Pelodescrito, os cuidados com o meioambiente dependem basicamentede manejo adequado.

A carne do peixe produzidodesta forma é própria para oconsumo?

Sobre a dúvida de que se é pos-sível consumir peixes cultivados emambiente com coliformes fecais (ori-ginários dos estercos), pode-se fa-zer um paralelo com o organismohumano. Todos os seres humanospossuem coliformes fecais no seutrato digestivo (como qualquer ou-

tro animal). No entanto, em condi-ções normais de saúde, a muscula-tura humana (a carne) não fica con-taminada, pois as paredes dos intes-tinos são tão resistentes que não per-mitem a migração destas bactériaspara a musculatura, bem como oepitélio externo (a pele) que temresistência suficiente para não per-mitir a invasão de microrganismos.Da mesma forma os peixes estãoprotegidos. A água contém bactéri-as, mas elas não conseguem pene-trar no interior do pescado pelosmesmos motivos. Assim, de acordo

Sistema de escoamento que permanece acima do nível da água e impedesua saída durante todo o cultivo

Despesca após a retirada da água superficial

com os testes realizados pelo depar-tamento de Engenharia de Alimen-tos da Universidade Federal de San-ta Catarina em 2002, a carne dospeixes atende integralmente aosparâmetros das normas da legisla-ção sanitária vigente para consumohumano. Os testes bacteriológicosnão apontaram diferenças entre acarne do pescado produzido atravésda piscicultura integrada e aquelaque utiliza apenas ração.

Portanto, segundo o título desteartigo, a redução do custo de pro-dução através da piscicultura inte-grada foi a solução encontrada porSanta Catarina para viabilizar eco-nomicamente o cultivo de peixes.Além da economia, apresenta ou-tras vantagens: trabalha com impac-to ambiental mínimo ao adotarmanejos corretos, recicla materialcom alto potencial poluidor, trans-formando-o em um produto seguro,saudável e nutritivo (o peixe) e, prin-cipalmente, permite aos produtoresrurais menos capitalizados partici-parem do processo, tornando-se,desta forma, um sistema ambien-talmente correto e socialmente im-portante. Os resultados aparecemnos registros de 2006, que aponta-ram aproximadamente 5.500 pisci-cultores profissionais catarinensesvivendo da piscicultura e mostramo Estado como um dos importantesatores na produção de peixes deágua doce do País, com mais de 21mil toneladas de peixes produzidos.

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20 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

CriCriCriCriCri$$$$$e mundial dos alimentos: desafios ee mundial dos alimentos: desafios ee mundial dos alimentos: desafios ee mundial dos alimentos: desafios ee mundial dos alimentos: desafios eoportunidades para a agricultura brasileiraoportunidades para a agricultura brasileiraoportunidades para a agricultura brasileiraoportunidades para a agricultura brasileiraoportunidades para a agricultura brasileira

Airton Spies1

Dois grandes debates foramabertos em todo o mundorecentemente. Um, em tor-

no dos riscos do aumento generali-zado dos preços dos alimentos e dosriscos de falta de comida. O outro,sobre os biocombustíveis e seus pos-síveis impactos sobre o abasteci-mento de alimentos e o meio ambi-ente. São questões multifacetadase que no conjunto representam umagrande oportunidade para o Brasil,em função de ser o País com maio-res vantagens comparativas e poten-cial para contribuir com produçãopara resolver a crise.

1Eng. agr., Administrador de empresas, Ph.D., Epagri/Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola – Cepa –, C.P. 1.587,88034-001 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-3900, e-mail: [email protected].

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Produção de arroz com tecnologia: garantia de produtividade eabastecimento

Nos últimos 3 anos, houve umaumento médio de 83% nos preçosdos alimentos no mundo, sendo queo trigo aumentou mais de 180%. Osestoques mundiais atuais são osmais baixos dos últimos 25 anos,segundo a Organização das NaçõesUnidas para Agricultura e Alimen-tação – FAO. Apesar da produçãototal de alimentos nos últimos 45anos ter triplicado enquanto a po-pulação apenas duplicou, estima-seque poderá faltar alimento para su-prir a demanda de toda a populaçãohumana do planeta. Há situaçõescríticas de escassez na Coréia doNorte, Etiópia, Paquistão, Egito,Bangladesh e Gana. A produçãomundial de grãos no ano agrícola2007/08 foi superior à de 2006/07para todos os grãos, com exceção dasoja. Porém, como indicam os nú-meros da Tabela 1, os estoques fi-nais diminuíram para todos, excetopara o arroz. Nesse período, foiconsumida uma safra inteira, quefoi maior que a anterior e ainda boa

parte dos estoques em função doaumento do consumo dos países emdesenvolvimento, como a China ea Índia, e a destinação de milho parafabricar etanol nos Estados Unidos.

O impacto do aumento dos pre-ços está afetando de forma mais in-tensa as populações mais pobres,que gastam a maior parte da suarenda com a compra de alimentos.No Brasil, as classes A e B, que têmas rendas mais altas, gastam emmédia apenas 17% do que ganhampara comprar alimentos, enquantoas classes C e D (mais pobres) gas-tam acima de 30% da renda para sealimentar. O secretário-geral daOrganização das Nações Unidas –

ONU –, Ban Ki-moon acusa osbiocombustíveis pela escassez decomida, alegando que, com os atu-ais aumentos de preços dos alimen-tos, o número de pessoas no mun-do que passa fome aumentou em100 milhões.

O Brasil é reconhecidamente umPaís exportador de alimentos, ocu-pando lugar de destaque na produ-ção e exportação mundial de produ-tos como soja, milho, açúcar e álco-ol combustível, suco de laranja,café, carnes e frutas. A perguntaque se lança nesse cenário de tur-bulências no mercado é como ficanosso país, e particularmente o Es-tado de Santa Catarina, nesse con-

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21Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Tabela 1. Produção e estoques finais de grãos no mundo

(1)Inclui cevada, sorgo, centeio e aveia.Fonte: Depart. de Agricultura dos EUA (USDA).

Não há risco dedesabastecimento

de alimentos noBrasil.

Oportunidades para oBrasil e Santa Catarina

Olhando-se para o conjunto decausas da atual crise, percebe-seque, para o Brasil, essa é uma “cri-se boa”. A comida no Brasil ainda ébarata quando a comparamos coma realidade internacional, mesmoquando ponderamos essa análisecom a renda mais baixa dos brasi-leiros. Isso se deve em grande par-te ao abastecimento interno queestá assegurado e à flexibilidade deajustes que nossa agricultura tempara responder com aumentos deprodução a qualquer escassez deoferta, uma situação típica das eco-nomias de mercado. Portanto, nãohá risco de desabastecimento gene-ralizado de alimentos no Brasil, poiseste ano o País deverá produzir 142milhões de toneladas de grãos. Po-demos experimentar ofertas aper-tadas de alguns produtos específi-cos como é o caso do trigo, uma vezque o País é importador e paísesexportadores podem restringir assuas vendas externas, a exemplo da

Argentina. O problema da fome queainda persiste no Brasil é um pro-blema de acesso à comida por faltade renda de parte da população.

texto? Que impactos a crise estátendo e quais oportunidades e ame-aças traz para nossa agropecuária?

A crise que alarmou as autori-dades no mundo inteiro não temapenas uma causa, mas um conjun-to de fatores, alguns de ordem es-trutural, e outros de ordemconjuntural. Do ponto de vista es-trutural, destacam-se a longa fasede prosperidade e crescimento daeconomia mundial, principalmentenos países emergentes, e o aumen-to da população, que já atingiu 6,5bilhões de pessoas em 2005, e estáprojetada para 8,3 bilhões em 2030e 9 bilhões em 2050. Esses fatores,combinados com aumento de ren-da, geram um aumento significati-vo na demanda por alimentos. Ou-tro fator estrutural é que a Organi-zação Mundial do Comércio – OMC–, que passou a se responsabilizarpelas políticas de abastecimento nomundo no lugar da ONU, adotouuma estratégia de reduzir os esto-ques mundiais e estimular a livrecirculação de mercadorias no mer-cado global. Com isso, reduziram-se as chamadas “montanhas” de ali-mentos estocados nos países ricos.No campo conjuntural, contribuí-ram para o aumento dos preços assecas ocorridas em alguns dos prin-cipais países produtores, como os doLeste Europeu e a Austrália, quesofre com 6 anos seguidos de estia-gem. Ainda, a especulação financei-ra com “commodities”, o preço dopetróleo que gerou aumento noscustos de produção, o enfraqueci-mento do dólar americano e, porfim, a produção de biocombustíveis,

que são acusados de desviar parteda produção agrícola, completam oconjunto de fatores que movimen-tam a alta dos preços.

O Brasil utiliza 77 milhões dehectares de terra para a produçãoagrícola e outros 172 milhões parapastagens. Nessa área, é possívelaumentar a produção de alimentosde forma significativa. Nos EstadosUnidos, a produtividade média demilho é de 9.360kg/ha, enquanto amédia brasileira é de apenas3.650kg/ha. Isso indica que o Bra-sil pode contribuir muito para ga-rantir o abastecimento mundial dealimentos, sem necessidade de pre-judicar o meio ambiente ou expan-dir a fronteira agrícola sobre a Flo-resta Amazônica. Para isso, o Paísprecisa de tecnologias e políticaspúblicas que permitam o aprovei-tamento desse potencial de formasustentável.

Estima-se que do total de au-mentos nos preços dos alimentos nomundo, apenas 15% a 25% seja con-seqüência direta da produção debiocombustíveis. O impacto dosbiocombustíveis sobre a produçãode alimentos no Brasil também épequeno, pois apenas 1% das ter-ras é destinado à produção de cana-de-açúcar, onde se produz 540 mi-lhões de toneladas de cana por ano.Destinando em torno de 55% dessevolume de cana para a produção debiocombustível, em abril de 2008 oPaís já passou a consumir mais ál-cool do que gasolina em sua frotade automóveis. A produção debiocombustíveis de primeira gera-ção que são feitos a partir de grãos,como o etanol de milho nos Esta-dos Unidos, compete sim com a dis-ponibilidade de alimentos e apre-senta um balanço em energéticoduvidoso. Mas esse não é o caso doálcool de cana do Brasil, que é debiocombustível mais eficiente. Acana-de-açúcar é considerada a“rainha da fotossíntese” e astecnologias como a hidrólisecelulósica já permitem que a plan-ta inteira seja usada para a produ-ção de energia. Os biocombustíveisde segunda geração, feitos a partirde biomassa (celulose), deverão seapresentar como uma opção quedará vantagens produtivas para os

Produto Produção Estoque final2006/07 2007/08 Var. 2006/07 2007/08 Var.........milhões t....... % .......milhões t....... %

Trigo 592,9 606,7 +2,3 124,9 112,5 -9,9

Arroz 420,6 425,3 +1,8 76,1 77,1 +1,2

Milho 705,3 772,2 +9,4 108,2 102,9 -4,8

Soja 237,3 219,9 -7,2 63,3 49,3 -22,0

Outros

grãos(1) 276,6 286,5 +3,9 29,5 24,6 -16,6

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22 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

países das zonas tropicais onde ocor-re maior ação fotossintética,viabilizando inclusive a participaçãodos agricultores familiares nessemercado. Os biocombustíveis deve-riam ser produzidos sem subsídiosdo governo, deixando-os competirlivremente pelo uso dos fatores deprodução, sob regras de mercado. Aprodução de biodiesel no Brasil ain-da é incipiente e não precisa ser ace-lerada com o sacrifício de outras pri-oridades nacionais. Como o País játem uma matriz energética majori-tariamente baseada em energiarenovável, não existe a mesma pres-são para produção de biocom-bustíveis visando à garantia de abas-tecimento de energia ou para aten-der questões ambientais como oaquecimento global. Nos EstadosUnidos, a destinação de 84 mi-lhões de toneladas de milho em2008 para a produção de etanoltem sim um impacto sobre a dis-ponibilidade de grãos para alimen-tação humana e animal.

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Corte manual da cana: tendência para substituição por mecanização

Não há dúvidas de que aagroenergia é uma importante al-ternativa para o agronegócio brasi-leiro, pois temos muito sol, água eterra, necessários para, através dafotossíntese, produzir energiarenovável. Entretanto, o suprimen-to de energia não passa apenas pe-los biocombustíveis, mas por diver-sas alternativas, como a energiaeólica e a solar. As leis de mercadonos ensinam que haverá vencidos evencedores nesse processo de con-solidação do setor. Em Santa

Catarina, 90% dos 187 mil estabe-lecimentos rurais ativos têm menosde 50ha, o que coloca a produção deagroenergia num contexto bem di-ferente do Brasil Central. Esse pre-domínio da agricultura familiar in-dica que a agricultura de SantaCatarina deve priorizar as ativida-des de alta densidade econômica,com maiores retornos econômicospor unidade de área, permitindo fa-zer “grandes negócios em pequenaspropriedades”. Nesse rol se inclu-em a produção de frutas, hortaliças,carnes da produção intensiva deanimais, leite, mel, peixes, plantasornamentais, flores, plantasbioativas e atividades não agrícolasque podem se transformar em fon-tes de renda para as famílias rurais.Ou seja, no redesenho do modeloagrícola familiar do Estado, deve-sebuscar a multifuncionalidade do es-paço rural e a pluriatividade paraas pessoas que nele vivem. Essasatividades requerem o emprego detecnologias apropriadas, principal-

mente o uso da irrigação comoestratégia para administrar airregularidade das chuvas quetanto assolam a produção agrí-cola em Santa Catarina.

Propriedade rural familiar deSanta Catarina: uso racionalda água como estratégia produtiva

É indiscutível que haveráum forte aumento na deman-da de proteínas de origem ani-mal nos próximos anos, favo-recendo os agricultores famili-ares que têm nessas atividadeso maior potencial para geraçãode renda, incluindo produçãode produtos orgânicos.Biocombustíveis como o etanole principalmente o biodiesel são

“commodities” que tendem a apre-sentar pequenas margens de lucropor unidade. Os ganhos estão rela-

cionados às economias de escala. Ouseja, é preciso produzir grandesquantidades para se ter uma rendarazoável para sustentar uma famí-lia. Portanto, as “commodities” nãosão opção viável para os agriculto-res familiares, a menos que façamparte de uma cadeia produtiva quepermita agregar valor, como trans-formar o milho em carne, ovos eleite. A agroenergia para produto-res familiares é viável, quando sebasear em aproveitamento desubprodutos da propriedade, comoprodução de biogás a partir dedejetos, e de biomassa, como lenhaoriginada de reflorestamentos queaproveitam as áreas marginalmen-te aptas para agricultura.

A única razão para a produção éo consumo. No momento em quenovos consumidores se juntamàqueles dos países desenvolvidosque já estão acostumados à mesafarta, temos algo a comemorar, enada a lamentar. O mundo aindatem 887 milhões de pessoas viven-do abaixo da linha da pobreza, eque, portanto, não têm acesso à ali-mentação adequada. Ao mesmo tem-po, já existem 1,2 bilhões de pesso-as obesas no mundo segundo aONU. Também é preciso diminuiro desperdício de alimentos e seu usomais racional. Milhões de pessoasdos países em desenvolvimento es-tão tendo a oportunidade de se ali-mentar com proteínas animais eisso tem demandado um volumemaior de grãos que são destinadosà alimentação de animais monogás-tricos. Os preços deverão continu-ar altos por vários anos. Para o Bra-sil, este é um cenário promissor,uma “tempestade quase perfeita”. Épreciso que o País tire o “s” da cri$ee “crie” soluções inteligentes.

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23Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

PPPPPerspectivas para o sistema agroalimentar eerspectivas para o sistema agroalimentar eerspectivas para o sistema agroalimentar eerspectivas para o sistema agroalimentar eerspectivas para o sistema agroalimentar eo espaço rural de Santa Catarinao espaço rural de Santa Catarinao espaço rural de Santa Catarinao espaço rural de Santa Catarinao espaço rural de Santa Catarina

Luiz Carlos Mior1 e Paulo Ceser Zoldan2

Omeio rural catarinense de-verá passar por um períodode intensas transforma-

ções. A constante evoluçãotecnológica, o crescimento e a di-versificação do mercado, as mudan-ças nos hábitos dos consumidores eos problemas socioambientais tra-zem novas perspectivas à agricul-tura, à aqüicultura e pesca e àagroindústria. Estas mudanças tra-zem novos desafios e oportunidadesaos agricultores, pescadores e à so-ciedade em geral, e despertam nasinstituições a necessidade de repen-sar suas estratégias e ações.

As tendências aqui apresentadasforam identificadas através de duasabordagens integrantes do estudo“Perspectivas para o SistemaAgroalimentar e o Espaço Rural deSanta Catarina em 2015: Percepçãode Representantes das Agroin-dústrias, Cooperativas e Organiza-ções Sociais”, realizado pela Epagri/Centro de Socioeconomia e Plane-jamento Agrícola – Cepa.

O estudo baseou-se, inicialmen-te, em informações estratégicascontidas em publicações de cenári-os prospectivos relativos à agricul-tura nacional e internacional. Com-plementarmente, buscou captar aspercepções de futuro e as preocu-pações presentes, de um amplo con-junto de representantes daagroindústria, das cooperativas edas organizações sociais, obtidasatravés de entrevistas semi-estruturadas realizadas entre o se-gundo semestre de 2006 e o primei-ro de 2007. As entrevistas contem-plaram todas as regiões do Estado.Tiveram por objetivo servir de re-flexão e apoio às iniciativas que ve-nham a ser tomadas nos mais di-versos campos do desenvolvimento

rural de Santa Catarina e aborda-ram a complexidade da agriculturacontemporânea e os desafios atuaisdo mundo rural.

Observou-se, assim, que o cená-rio tendencial que se vislumbra paraa agricultura e o agronegócio brasi-leiro é bastante otimista. O cresci-mento projetado na demanda inter-nacional de produtos agrícolas e dealimentos deve sustentar forte au-mento nas exportações brasileiras,particularmente nos segmentos emque o País é bastante competitivo.O clima favorável e a disponibilida-de de incorporação de terras aráveis

permitirão considerável expansãona produção, a despeito de fatoresrestritivos, como as deficiências nainfra-estrutura, os impactosambientais decorrentes e o proteci-onismo no hemisfério norte.

Contudo, se a evolução do con-texto internacional traz boas pers-pectivas para a agricultura e oagronegócio nacional, esta perspec-tiva não parece ser favorável, aomenos na mesma proporção, parauma parcela importante dos agricul-tores familiares catarinenses.

As oportunidades que se vislum-bram para o País deverão advir prin-cipalmente da sua competitividadena produção de grãos, carnes, defrutas tropicais, de biocombustíveise de produtos florestais, produzidos

1Eng. agr., Dr., Epagri/Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola – Cepa –, C.P. 1.587, 88034-001 Florianópolis, SC,fone: (48) 3239-3900, e-mail: [email protected]ências econômicas, M.Sc., Epagri/Cepa, e-mail: [email protected].

Cenário tendencialque se vislumbra

para a agricultura eo agronegócio

brasileiro é bastanteotimista.

predominantemente, em larga es-cala.

Todavia, em poucas regiõescatarinenses, as condições são favo-ráveis à produção de “commodities”em larga escala. O pequeno tama-nho dos empreendimentos, a limi-tação das áreas aptas ao cultivomecanizado e a crescente pressãosobre os recursos naturais são fato-res claramente restritivos. Conside-ra-se, por isso, que o Estado deveráperder, gradativamente, competi-tividade em atividades que exigemgrandes áreas e/ou larga escala(como é o caso dos grãos) e que es-sas produções tendem a concentrar-se no Centro e Norte do País.

As tendências indicam continui-dade do processo de globalização,com maior inserção das cadeias de“commodities” e sua qualidade pa-dronizada no comércio internacio-nal (suínos, aves, fumo, florestas,por exemplo). As grandes empresasestarão no controle das respectivascadeias produtivas e inseridas emredes internacionais de produção ecomercialização dessas “commo-dities”.

Assim, o processo de industria-lização da agricultura terá continui-dade, com utilização crescente detecnologias poupadoras de mão-de-obra, especialização e ampliação daescala de produção. Isso resultaráem mais concentração, seleção eexclusão de produtores.

A evolução dessas tendências emSanta Catarina está levando a umainflexão entre os padrões de desen-volvimento agrícola (setorial) e doespaço rural (territorial,multisetorial e/ou multifuncional).Por um lado, observa-se umamelhoria dos indicadores de desen-volvimento agrícola, com aumento

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24 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

da produção, da produtividade e dacompetitividade de produtos agríco-las como aves e suínos, florestas ouda fruticultura temperada. Por ou-tro, um processo ampliado de dete-rioração de indicadores de desenvol-vimento rural, com aumento daexclusão e do êxodo rural, especial-mente dos jovens, e fragilização daagricultura familiar.

A atração exercida pelas cidades,o baixo nível de renda e ainsatisfatória qualidade de vida nocampo são as principais causasapontadas pela manutenção e con-tinuidade do êxodo. As tendênciasapontam envelhecimento da popu-lação rural, problemas de sucessãonas propriedades e esvaziamentopopulacional em muitas comunida-des rurais e pesqueiras.

Dados do LevantamentoAgropecuário Catarinense (LAC),referentes ao ano de 2003, mostramque cerca de 43% dos chefes defamília dos estabelecimentosagropecuários têm mais de 50 anos.Observou-se, também, que há cer-ca de 21% dos estabelecimentos ru-rais que já não contam com filhosresidentes, o que compromete dire-tamente a continuidade da reprodu-ção da agricultura familiar. Fenô-meno similar de envelhecimento éobservado na área da pesca (litoral).

O crescimento demográfico e oprocesso de urbanização, ainda emevolução, estão definindo pólos re-gionais e microrregionais, com fun-ções e espaços de influência aindaem construção. Esses pólos geram,por um lado, oportunidades para odesenvolvimento rural, já que con-centram consumidores e oferecemserviços públicos e privados. Poroutro, são o resultado do declíniode muitos municípios e comunida-des rurais e de um campo menoshabitado. Favelas e violência cres-cem na periferia destas cidades-pólo.

Percebe-se ainda que a mão-de-obra apta às atividades agrícolas eagroindustriais está tornando-secada vez mais escassa, o que vaiestimular ainda mais o processo demecanização na agricultura e, so-bretudo, de automatização das ati-vidades agroindustriais.

Há, também, um processo cres-cente de ampliação das áreas urba-nas e de avanço sobre as agrícolase rurais. Este processo, mais visí-vel nas regiões litorâneas, traz con-sigo maior concorrência por recur-sos naturais e mão-de-obra, aumen-tando os custos dos mesmos para

as atividades econômicas com baseagrícola.

A intensificação do uso dos re-cursos naturais ampliará o proble-ma da falta e da qualidade da água,já preocupante em algumas regiões.O reflorestamento está tambémocupando áreas agrícolas e concor-re para a competição por recursosnaturais. Sua continuidade, semuma proposta mais ampla de desen-volvimento local, poderá agravar oproblema da pobreza e do esvazia-mento rural em parcelas significa-tivas de várias regiões do Estado.Há, também, a preocupação com osefeitos do aquecimento global sobrea produção agrícola, cujo impactoainda está por ser dimensionado.

A crescente consciência ecológi-ca e a preocupação dos consumido-res com a segurança dos alimentose com o bem-estar dos animais tam-bém deverão induzir mudanças nossistemas de produção. Estas mudan-

ças tanto poderão atuar como for-ças restritivas, encarecendo custosde produção, como poderão propici-ar novas oportunidades, com osurgimento de mercados possíveisde serem ocupados pelos agriculto-res familiares.

A maior sofisticação dos hábitosdos consumidores deverá gerar, aexemplo do que ocorre nos paísesdesenvolvidos, oportunidades naprodução de produtos típicos de ter-ritório, nas indicações geográficas,nos produtos orgânicos e na explo-ração de mercados regionais ou seg-mentados.

As preocupações presentes comos aspectos da regulação das ativi-dades agrícolas e não-agrícolas noespaço rural são indicativos de queesta deverá ganhar novos contor-nos. A complexidade do novo mun-do rural que está surgindo requer aatualização das legislaçõesambiental, sanitária, trabalhista efiscal que regulam a atividade eco-nômica no meio rural para permi-tir, a um só tempo, a utilização sus-tentável dos recursos naturais e odesenvolvimento dos territórios

Uso dos recursosnaturais ampliará

o problema dafalta e da

qualidade da água.

rurais.Há grande convergência dos en-

trevistados quanto à necessidade demaior participação da sociedade nosprogramas e projetos públicos depesquisa e extensão rural. Há, tam-bém, quase unanimidade de que osetor público precisa dedicar maioresforço de fomento à produção demaior densidade econômica combases sustentáveis. São exemploscitados, a produção leiteira, a pro-dução orgânica de alimentos, a fru-ticultura, à produção de pequenosfrutos, sucos e vinhos, a olericulturae a produção de plantas bioativas.

Observa-se, contudo e de formageral, um certo otimismo com rela-ção ao futuro e uma percepção deque o presente está melhor que opassado. A existência de novos pro-dutos e mercados, novos agentes(agricultores organizados em asso-ciações e cooperativas, empresári-os rurais ou urbanos e grandesempresas) e novos processos de de-senvolvimento, que estão emergin-do e ganhando espaço, são evidên-cias das oportunidades existentes epossíveis sementes de cenários quese delineiam para o futuro.

O agricultor do futuro está sen-do visto como um indivíduo melhorpreparado tecnicamente, com mai-or senso gerencial, maior consciên-cia ambiental e mais organizado emredes ou em cooperativas. O cará-ter mais associativo, mais ético eambientalmente correto que se pro-jeta trará um diferencial ainda mai-or à agricultura catarinense.

Presentes em todas as regiõesdo Estado, embora de forma limita-da, as tendências acima apontamainda para uma certa reorganizaçãoe revalorização do meio rural comoespaço multifuncional de desenvol-vimento territorial, onde, além daprodução agrícola, se somarão ou-tras atividades como o turismo ru-ral e a prestação de serviçosambientais (proteção dos recursosnaturais, manutenção da paisageme da biodiversidade e a “produção”de água), além de local de moradiae de lazer.

Por fim, diante de tantos desafi-os e oportunidades que se colocamno horizonte, espera-se que as per-cepções de futuro e as preocupaçõespresentes do público entrevistadoaqui sintetizadas sirvam de reflexãoe apoio às iniciativas que venham aser tomadas nos mais diversos cam-pos do desenvolvimento rural deSanta Catarina.

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25Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Descentralizando a descentralizaçãoDescentralizando a descentralizaçãoDescentralizando a descentralizaçãoDescentralizando a descentralizaçãoDescentralizando a descentralizaçãoEros Marion Mussoi1

Embora muito já se tenha discutido e exercitado sobreprocesso de descentralização

da coisa pública, certamente muitoainda teremos para refletir e quali-ficar este processo. É com o objeti-vo de ampliar o debate no sentidode sua qualificação que se colocaeste texto.

Abordar descentralização do Es-tado leva à possibilidade de transi-tar num aparente consenso. Esteaparente consenso é resultado deque o tema descentralização refle-te um conjunto de desejos comuns.Primeiramente, pelo desejo de par-ticipação, cada vez mais crescente,da própria sociedade na formulaçãoe na gestão das políticas públicas.Segundo, por uma certa incapacida-de do próprio Estado de promoverautonomamente o desenvolvimen-to de uma forma sustentável e equi-librada. Terceiro, nos leva tambéma refletir um conjunto de dificulda-des operacionais e metodológicaspara que a descentralização efetivarealmente ocorra (Mussoi, 1998).

Em Santa Catarina existem doisprocessos recentes nos últimos 17anos que fornecem subsídios para odebate. Sem entrar no mérito deintencionalidades subjetivas, é cer-to que todas têm na sua perspecti-va conceitual o atendimento aosrequisitos de maior racionalidadeadministrativa pela descen-tralização, maior proximidade doEstado à sociedade e dinamizaçãoda potencialidade local/regional.

O processo denominadomunicipalização e, especialmente,

municipalização da agricultura, im-plantado no início dos anos 90, éinfluenciado nas discussões que re-sultaram a Constituição de 1988 esua aplicação2. No entanto, o Planode Governo 1987-1991 (Pedro IvoCampos - Casildo Maldaner) já men-cionava a municipalização da agri-cultura e a descentralização das

ações de governo3.A municipalização implantada no

Governo 1991-1994 (VilsonKleinübing-Antonio Carlos KonderReis) significou um certo “descarte”de estruturas governamentais, re-passando-as aos municípios, massem dar plenas condições para acontinuidade dos serviços antesprestados. Este processo foi demar-cado também pela necessidade daexistência de Conselhos Municipaisde Desenvolvimento, que deveriamser órgãos gestores com capacida-de decisória ou consultiva. A gran-de questão era a composição e a di-nâmica de atuação destes conse-lhos, além da dificuldade dos repre-sentantes auscultarem os represen-tados. Pesquisas mostraram que, ouas decisões já vinham tomadas, ouos argumentos técnico-burocráticosnão davam espaço a debates que

1Eng. agr., Dr., Epagri C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, e-mail: [email protected] na década de 60, os municípios de SC já tivessem os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural, – CMDRs queanalisavam e aprovavam os Planos Anuais da Extensão Rural e seus relatórios técnicos, e estes Conselhos eram compostospelas lideranças municipais, os dois processos mais recentes, demarcam a busca da efetivação de descentralizações adminis-trativas.3Estas ações “deveriam ter como objetivo revitalizar os municípios, com base em uma política administrativa local ... que terácomo conseqüência a distribuição de renda através de um plano integrado de desenvolvimento agrícola”.

Descentralizaçãoé maior

proximidadedo Estado àsociedade.

levassem a decisões coletivas. Oprocesso, operacionalizado de formatão traumática para Santa Catarinae caótico para a gestão pública, nãoteve continuidade no governo se-guinte.

Atualizando procedimen-tos e revendo a lógica

Não é conhecida uma análise sis-tematizada sobre o processo dedescentralização atual realizado emSanta Catarina, período 2003-2008(Santa Catarina, 2003). No entan-to, observa-se de um lado, a implan-tação de um modelo de regio-nalização da administração públicacom a criação de estruturas de ges-tão para as Secretarias de Desen-volvimento Regional – SDRs –acompanhada de uma apologia doque se chama descentralização. Deoutro lado, existem críticas ao mo-delo implantado, pelo exagero deregiões e secretarias criadas e aoque isto pode significar em termosde recursos financeiros aplicados.Aponta-se também como preo-cupante a dificuldade de que esteprocesso seja acompanhado, oumelhor, seja resultado de Planos deDesenvolvimento Regionais cons-truídos regionalmente, onde a apli-cação das políticas públicas tenhauma maior eficiência em termos deinclusão social e dinamização dacapacidade regional e a multi-dimensionalidade do desenvolvi-mento. Aponta-se que, na maioriados casos, as regiões se limitam aapresentar listas de reivindicações,

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26 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

muitas delas elaboradas por grupossócioprofissionais.

É apontado também comopreocupante o viés político-partidá-rio, pela indicação dos gestores des-te processo (figuras essenciais noprocesso), pela praticamente únicaafinidade ou indicações político-par-tidárias.

Alguns pontos fundamentais de-vem merecer reflexão, tendo-se emconta estas duas experiências recen-tes. Primeiramente, é fundamentalcaracterizar que a descentralizaçãoefetiva do Estado, dentro de umaperspectiva de desenvolvimentoterritorial, envolve um processoextremamente complexo e assimdeve ser encarado. Por outro lado,a busca da “maior racionalidade ad-ministrativa”, ou seja, a descen-tralização administrativa, é um pon-to importante, mas insuficiente.É evidente que, em qualquer pro-cesso de descentralização efetivo,torna-se fundamental a busca demaior gestão social. E estamaior gestão social deve ser acom-panhada e deve ser o resultado daconstrução de um projeto de de-senvolvimento territorial/regi-onal, no sentido apontado porCarrière & Cazella (2006).

Entendendo então um processode descentralização como algo ex-tremamente complexo e que que-bra paradigmas na gestão pública,há que colocar em debate algumascaracterísticas definidoras de umacultura política nacional, quetem muito para ser superada4.

Não pretendemos (e nem pode-mos) colocar juízo de valor sobre asdiversas intencionalidades que de-finem cada processo/experiência.No entanto, por princípio e para umaanálise isenta, partimos da premis-

4Estamos falando de uma cultura política que, apesar de certos avanços relacionados com debates que emergiram do seio daprópria sociedade, ainda continua tradicional e rançosa, eivada de valores oligárquicos em algumas regiões do País.Estamos falando de algumas categorias analíticas da ciência política como o corporativismo, o autoritarismo, opatrimonialismo, o clientelismo, a formação de feudos de poder locais e regionais, e do personalismo na gestãopública, que certamente complicam a implementação de um processo de descentralização efetivo que devia vir em favor deprojetos de desenvolvimento regionais com natureza universal e plural, e que considerem todas as dimensões e todos osestratos populacionais e produtivos, principalmente a gestão social necessária para a consolidação e sustentabilidade doprocesso – com isto queremos demarcar que processos de descentralização devem superar limites da temporalidade deperíodos governamentais.5Estamos nos referindo à ampliação cada vez maior da participação social na definição de políticas públicas e na sua gestão.6Esta última, no sentido da ampliação crescente da participação do ativo social.7Desde o diagnóstico das diversas realidades e suas potencialidades e no enfrentamento de desafios como a inclusão social eda questão socioambiental.

sa que a boa intencio-nalidade, nomínimo, confronta com algumas con-dições concretas que dificultam oucomprometem os diversos processosmencionados.

Desafios contemporâneos

Para encaminhar algumas ques-tões para debate, retomamos pontosfundamentais que sem dúvidas sig-nificam desafios contemporâneos:

• Descentralização implicapotencialização do ativo social nagestão pública5. Isto envolve a am-pliação da abertura de participaçãodas entidades (OGs e ONGs), queatuam nas políticas públicas. Impli-ca, neste caso, também rever a ques-tão das instâncias partici-pativas. Éurgente uma revisão dos viciados

“Conselhos”, onde os modelos derepresentatividade e participação sãopelo menos discutíveis. Normal ehistoricamente estes conselhos têmsido órgãos de legi-timação de muitacoisa previamente decidida no cam-po político e/ou técnico.

Descentralização efetiva implicaa construção de projetos de de-senvolvimento regionais/terri-toriais. Estes projetos devem par-tir da perspectiva do dinamismoterritorial efetivo, considerando acultura político-econômica da re-gião, e a introdução de outras al-ternativas. Aqui vale ressaltar a im-

portância da criação/potencializaçãode pólos de ciência e tecnologiaque gerem pesquisa, conhecimen-to, informação e inovação de formaa dar suporte sustentável para no-vas concepções de desenvolvimen-to que obedeçam à multidimen-sionalidade e à interinstitu-cionalidade necessárias na busca daharmonia entre as dimensões eco-nômica, ambiental, social, culturale política6. Hoje, em SantaCatarina, o surgimento de pólosregionais universitários (universi-dades comunitárias regionais) quejuntamente com instituições que jáatuavam na produção de ciência etecnologia, como a Epagri, UFSC eUdesc, além de entidades privadas,representam uma oportunidade ex-celente neste campo. Aqui fica ou-tro enorme desafio para adescentralização, que é passar dadimensão setorial para a dimensãoterritorial e integrada de desenvol-vimento, e da aplicação descentra-lizada dos recursos constitucionaispara a ciência e tecnologia, na suaforma integral.

• Evidentemente, implica tam-bém e principalmente a qualifica-ção de gestores públicos. As fun-ções de coordenação de processoscomplexos, como a descentra-lização, requerem extrema compe-tência na sua gestão, e não podemse restringir aos limites dos manda-tos gerenciais e governamentais, emuito menos submeter-se a indica-ções de cunho exclusivamente polí-tico-partidário. É fundamental que osgestores públicos passem por umaapurada formação de competências,de maneira a que tenham o entendi-mento do processo de desenvolvi-mento como um todo, a partir denovas posturas de gestão pública7.

Descentralizaçãoimplica

potencialização doativo social nagestão pública.

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27Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Literatura citada

1. CARRIÈRE, J.P.; CAZELLA, A.A.Abordagem introdutória ao conceito dedesenvolvimento territorial. Eisforia,Florianópolis, v.4, n.23-47, dez. 2006.

2. MUSSOI, E.M. Integración entreInvestigación y Extensión Agraria emum contexto de descentralización delEstado y suntentabilización de políti-cas de desarrollo: el caso de SantaCatarina, Brasil. 1998. 420f. Tese (Dou-torado) – Universidad de Córdoba,–Programa de Agroecologia,Campesinato e História. Córdoba,España, 1998.

3. SANTA CATARINA. Secretaria de Es-tado do Planejamento, Orçamento eGestão. Descentralização do governo,desenvolvimento regional: um cami-nho para a democracia participativa.Florianópolis, 2003. 22p.

Esta nova e inovadora forma-ção de competências deve provo-car modificações nos processosde planejamento e na gestão depolíticas públicas, principalmen-te a partir de uma visão estra-tégica da responsabilidade doEstado na sustentabilidade dosprojetos, superando os limitesgovernamentais e absorvendotodas as capacidades regionaisexistentes (independente de viésideológico). Claro que isto podeser considerado uma utopia mas,se não tivermos nossas utopias,temos o grande risco de cairmosnas “mesmices” ou pouco sair-mos delas, frente ao avanço ne-cessário neste campo da gestãopública.

Descentralização éprocesso pedagógico

Na verdade, este processo é umaprendizado constante. É um pro-cesso de desconstrução de hábitosgerenciais tradicionais e construçãoconstante de novos hábitos, seja naestrutura de Estado seja na própriasociedade, que gradativamente tema tendência de apropriar-se do pro-cesso, tornando-o cada vez maisendógeno e sustentável.

No entanto, apesar de algumaspossíveis críticas mencionadas, oprocesso tem que avançar, buscan-do sempre sua maior qualificação.Na verdade, no campo teórico,estamos trabalhando num temasensível que é a reinvenção da re-lação Estado-sociedade.

Encontro de Integraçãodos Funcionários da Epagri

7 e 8 de novembro de 2008Florianópolis e São José, SC

XI EIFE

Epagri

Page 27: Edição de julho de 2008

28 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

O lançamento da revista Agropecuária Catarinense – RAC – em março

de 1988 marca o início de uma nova etapa no desenvolvimento da

pesquisa agropecuária em Santa Catarina. Além de registrar e divulgar

os trabalhos de pesquisa, o periódico criado pela Empresa Catarinense

de Pesquisa Agropecuária S.A. – Empasc – deveria facilitar o acesso à

informação, permitir a disseminação eficaz das inovações tecnológicas

desenvolvidas no Estado e garantir confiabilidade ao conteúdo. Para tanto, era necessário criar

uma marca com personalidade própria, com critérios de excelência e padrões exigidos pelos leitores

e mantidos pelos usuários.

1Bacharel em Letras, Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5682, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239 5533, e-mail: [email protected].

Reportagem de Laertes Rebelo1 e Paulo Sergio Tagliari2

Page 28: Edição de julho de 2008

29Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Com o tempo, a RAC passou a refletir as demandas e ofertas de um contexto social e econômico

mais dinâmico e abrangente. A criação da Epagri em 1991 ampliou o campo de interesse e

diversificou a linha editorial, considerada até então muito restrita e seletiva. Além de canal de

divulgação dos trabalhos de pesquisa, a revista passou a focar todo o ciclo de produção, através

de reportagens que buscavam atender aos interesses não só dos técnicos, mas de todos que atuam

direta e indiretamente no campo.

Durante as duas décadas, a RAC registrou a historiografia do conhecimento gerado e

disseminado em Santa Catarina. Ao mesmo tempo em que acompanhou a evolução do setor

agropecuário, a revista deu mais visibilidade aos trabalhos da Epagri, tornando-se um instrumento

importante para a sustentabilidade da Organização.

Esta reportagem é uma viagem pelos principais momentos deste período que não ficou perdido

no tempo porque está registrado nas páginas da RAC.

Page 29: Edição de julho de 2008

30 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Primeiras edições

As primeiras edições da RAC sãomarcadas por um misto de entu-siasmo e ansiedade que aumentavanos momentos que antecediam cadanova edição. Na época, era grandea expectativa pela aceitação da re-vista. O desafio da equipe editorialera fazer chegar ao público informa-ções úteis e relevantes, de formaque os leitores pudessem compre-ender melhor os assuntos aborda-dos. Certas informações eram con-sideradas difíceis não só para os téc-nicos de campo, mas principalmen-te para os produtores. Basta folhe-ar as primeiras edições da RAC parater uma idéia do tipo de abordagemadotado na época. Embora tivesseespaço para temas que ainda hojesão considerados atuais, como aminimização do uso de agrotóxicos,a ênfase era dirigida para aspectosrelacionados ao aumento da produ-ção e da produtividade, visando àcomercialização. Na primeira edi-ção, a revista destacava em suas pá-ginas os benefícios da pesquisaagropecuária e das técnicas aplica-

das no campo para aprimorar o ren-dimento das lavouras catarinenses.Uma reportagem, assinada por Pau-lo Sergio Tagliari, mostra a impor-tância econômica da maçã no Esta-do, ressaltando que a “tecnologiacatarinense fez em 10 anos o quenormalmente em outros países é ob-tido com 15 anos de pesquisa”. Osalto de qualidade da maçãcatarinense era mostrado como re-sultado direto dos trabalhos de pes-quisa realizados nas Estações Expe-rimentais de Caçador e São Joa-quim. Além do enfoque sobre o ren-dimento e a qualidade da fruta pro-duzida em Santa Catarina, a revis-ta reivindicava a criação de um Cen-tro Nacional de Maçã.

Entre os profissionais responsá-veis pela edição da RAC na época,destacam-se os editores-chefesAfonso Buss e Osvaldo Rockembach,a editora técnica Vera Talita Macha-do, os editores assistentes MaríliaHammel Tassinari e Paulo SérgioTagliari e o jornalista Homero Fran-co. No formato inicial, várias seçõeseram utilizadas e um dos gênerosmais explorados era a entrevista.Um exemplo que vale a pena citaré a entrevista concedida pelo entãopresidente da Embrapa, OrmuzFreitas Rivaldo, na edição de de-zembro de 1988. Entre os assuntosabordados pelo entrevistado, desta-ca-se o futuro da pesquisaagropecuária. Na época, a institui-ção vivia sob a pressão da chamadaOperação Desmonte desencadeadapelo Governo Federal. A maior pre-ocupação dos pesquisadores era como futuro dos projetos em andamen-to e as graves conseqüências doscortes nos recursos. A mesma edi-ção registra o 13º aniversário daEmpasc, acompanhado de uma aná-lise da relação custo/benefício de 27tecnologias geradas pela Empresa.A avaliação mostrava uma empre-sa rentável para a sociedade e osdados apresentados asseguravam asua sustentabilidade.

A década de 90

Na década de 90, a RAC já de-monstra uma variedade maior de

assuntos. O avanço no aspecto grá-fico, sensível já nas primeiras edi-ções da revista, é resultado da in-fluência dos recursos tecnológicose das facilidades geradas pela che-gada do computador. A preocupaçãocom a linguagem e a seleção de as-suntos adequados para a produçãode reportagens mais consistentes évisível, um sinal dos novos tempos.

Neste período, o clima – consi-derado o maior inimigo do agricul-tor – começa a ser estudado maisseriamente pela meteorologia. Esteé o tema da reportagem de capa daedição da revista de junho de 1990.Com a instalação do radarmeteorológico em Fraiburgo, aEmpasc entrava na era espacial.Além de detectar a formação de gra-nizo e permitir o disparo de fogue-tes neutralizadores, o radar passoua monitorar e obter informaçõesmeteorológicas. Na época, a Empascera responsável pela operação deuma rede composta por 25 estações

“Ao ver as últimasedições da revista e

compará-las com aquelaidéia implantada origi-nalmente, meu coraçãotocou. Ela tem crescido,ela tem melhorado, ela

tem evoluído, e hoje podeser colocada ao lado de

qualquer veículo do setor.

Afonso BussPrimeiro editor técnicoda RAC

Jack Eliseu CrispimEx-presidente da Empasc

Assim que determi-namos a nosso Departa-mento de Informação eDivulgação, começou acontagem regressiva

para o lançamento darevista que circula até os

dias de hoje.

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31Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

meteorológicas distribuídas peloEstado. Segundo a reportagem, osdados recolhidos eram divulgadosatravés das rádios, da televisão edos jornais. O comportamentobioclimático das principais culturasagrícolas do Estado, os efeitos dasprecipitações na erosividade do solo,a identificação de áreas para proje-tos de irrigação, tudo isso passou aser registrado e colocado à disposi-ção do produtor rural. Era atecnologia ajudando a espantar o fan-tasma da seca e da chuva excessiva.

No aniversário de 15 anos daEmpasc, os leitores da RAC forampresenteados com uma reportagemespecial. Os dados divulgados namatéria são bastante favoráveis àEmpasc como instituição, mas de-monstram equilíbrio e certa matu-ridade editorial. Nesta reportagem,percebe-se um avanço na quantida-de produzida e no rendimento dosprincipais produtos no Estado. Maisuma vez, os números são apresen-tados como a base que garantia asustentabilidade da Empasc.

Em 1991, o serviço de pesquisaagropecuária, realizado pela

Empasc, se juntou aos serviços deextensão rural e pesqueira, execu-tados até então pela Acaresc e pelaAcarpesc. A Epagri nascia com o ob-jetivo de integrar as atividades etinha como missão histórica promo-ver o desenvolvimento do meio ru-ral. A RAC acompanhou de pertoesta fase de transição e, a partir da-quele ano, passou a contar tambémcom reportagens sobre a extensãorural, o que enriqueceu ainda maiso conteúdo da revista e ampliou acobertura da publicação.

Temas como produção de ali-mentos, crise energética, desenvol-vimento sustentável, biotecnologia,produção agroecológica e seguran-ça alimentar começam a freqüen-tar com certa regularidade as pági-nas da revista. Na edição comemo-rativa dos 10 anos da RAC, o edito-rial destaca a aplicação de uma po-lítica arrojada de capacitação e aper-feiçoamento profissional para asse-gurar o atendimento das demandasem áreas de comprovado interessepara a agricultura catarinense. Se-gundo o texto, na época a filosofiaera simples: para atingir as metasestipuladas nos projetos, nada me-lhor que investir no talento das pes-soas. O programa de capacitação éampliado e recebe o apoio do Go-verno do Estado.

Novos desafios

A partir do ano 2000, além dosproblemas que tradicionalmenteafligem o meio rural, outros assun-tos entram em pauta: fontes deenergia renováveis, mudanças cli-máticas, seqüestro de carbono, con-sumo responsável e propriedade in-telectual são apenas alguns exem-plos do que passou a ser discutidonos artigos e reportagens veicula-dos pela revista. Entre os problemasrelacionados diretamente com omeio rural, destacam-se a baixa ren-tabilidade agrícola da propriedadefamiliar, o empobrecimento políti-co e econômico das comunidades, oenvelhecimento da população, o de-semprego e o êxodo rural. Aagroindústria familiar, viabilizadapelas linhas de crédito abertas pelo

Programa Nacional de Fortaleci-mento da Agricultura Familiar –Pronaf –, desponta como soluçãopara a agricultura catarinense. Emartigo publicado na edição de marçode 2000, que aborda o desenvolvi-mento da agroindústria em SantaCatarina, os autores citam a diver-sidade dos empreendimentos comoexemplo da riqueza de habilidadesdos agricultores catarinenses e doseu potencial de diversificação daprodução. A profissionalização dosagricultores e a agregação de valoraos produtos do meio rural e pes-queiro aparecem como condiçãopara o desenvolvimento.

Com a virada do milênio, aglobalização econômica passa a servista como um processo irreversívele faz com que os produtores tenhamque ajustar seus sistemas de produ-ção aos padrões internacionais. OMercosul, visto inicialmente comoameaça, induz a estudos e análisessetoriais, impondo novos desafios aoprodutor. O desenvolvimento regio-nal ganha força e surge como temade inúmeros artigos e reportagens.

Homero M. FrancoJornalista e ex-funcionárioda Epagri

A RAC anda muitopróximo do que será ojornalismo do futuro,quando a informação

específica será dirigidaao público específico.

Miguel Pedro GuerraProfessor do CCA/UFSC

A RAC tem umaimportância que

extrapola os limitesgeográficos de Santa

Catarina e hoje é umareferência na área deCiências Agrárias no

País.

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32 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

micos com as estiagens em SantaCatarina, o autor sublinha os pre-juízos sociais, chamando a atençãopara a necessidade urgente de umapolítica de investimentos para a cap-tação, conservação e uso racional daágua na agricultura. A seção Con-juntura, publicada na mesma edi-ção, mostra os prejuízos provocadospela estiagem à produçãocatarinense. Além de perdas consi-deráveis nas principais culturas, oleite aparece como um dos produ-tos mais prejudicados no verão 2003/2004, quando se deixou de produzircerca de 57,8 milhões de litros.

Seguindo a perspectiva do desen-volvimento local, aparecem inúme-ros estudos que buscam delinear umquadro para o futuro daagropecuária nas mais variadas re-giões de Santa Catarina. A exigên-cia de padrões sustentáveis de de-senvolvimento é o ponto em comumentre os trabalhos publicados narevista. Entre os fatores que con-tribuem para a mudança no perfilda atividade agrícola, destacam-seas expectativas dos jovens agricul-tores em relação ao futuro, a valo-rização de produtos com caracterís-ticas relacionadas à territorialidadee os impactos das inovaçõestecnológicas nas cadeias produtivas.

Embora de um modo geral noBrasil os cenários sejam otimistas,sobretudo quando se considera oagronegócio e a demanda global deprodutos agrícolas, em SantaCatarina as tendências apontampara uma perda gradativa dacompetitividade, num efeito da va-lorização das “commodities” pelocomércio internacional (ver Conjun-tura, publicada nesta edição).

Identificar tendências nem sem-pre é uma tarefa fácil. Muitas ve-zes a lógica que guia as análises eos estudos não resiste aoirracionalismo do mercado. Alémdisso, é natural que a cada ano no-vas questões passem a desafiar osespecialistas. O papel da RAC nosúltimos 20 anos ganha importânciaà medida que a revista consegueacompanhar e registrar os princi-pais aspectos que estão em jogo.

Inicialmente, a maior parte dos ar-tigos tem como objetivo estudar téc-nicas de gestão agrícola e limita-sea abordar os aspectos técnicos e ad-ministrativos que afetam o rendi-mento das propriedades rurais, maslogo surgem enfoques maisabrangentes, que incluem fatoresambientais, sociais e políticos quenão podem ser desprezados quan-do se trata de desenvolvimento re-gional.

As seções Opinião e Conjun-tura passaram a abordar asustentabilidade no espaço rural apartir de novos paradigmas. A de-gradação do ambiente, a miséria ea disponibilidade de água são algunsdos fatores mais preocupantes. Umexemplo que ilustra este tipo deabordagem é o texto publicado emjulho de 2005, que trata do aqueci-mento global provocado pela polui-ção e pelo desmatamento e alertapara a necessidade de administrara água. Além dos prejuízos econô-

Perspectivas

A área editorial é um segmentoeconômico de alta rotatividade.Mesmo entre os periódicos científi-cos, são poucas as publicações quechegam aos 10 anos. Apesar das di-ficuldades, a RAC segue firme comoum dos principais veículos daagropecuária catarinense. Recente-mente conquistou o conceito B emCiência de Alimentos e CiênciasAgrárias pela Qualis, avaliação fei-ta pela Capes. Além do formato ori-ginal, com pequenas notícias, novi-dades do setor agropecuário e re-portagens que reúnem assuntos prá-ticos e temas atuais, a RAC possuium caderno exclusivo de artigos téc-nico-científicos. Atualmente, os as-sinantes contam com a versão on-

A RAC é um espaçode troca de informações,

divulgação deexperiências e acesso adiferentes realidades,

visões de mundo eformas de viver e se

inserir na sociedade, nomercado e, em especial,

no cotidiano rural.

Rose GerberExtensionista Social

Murilo Xavier FloresPresidente da Epagri

Espaços de qualida-de, além de agradáveis e

interessantes para adivulgação de conheci-mentos e informações,

cada vez mais sãoessenciais para o fortale-

cimento das cadeiasprodutivas de nossa

agropecuária. A RACcumpre seu papel, nesse

sentido, de formacontemporânea e

competente.

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33Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

“ Pela qualidade dadivulgação dos trabalhos

da Empresa, a RAC émotivo de orgulho para

todos os epagrianos.

Roger Delmar FleschEditor técnico atual

line, onde podem ler e consultartodo o conteúdo da revista.

Essa fórmula é uma das recei-tas que tornam a RAC um veículosui generis e uma das publicaçõesmais lidas e consultadas do gênero.Em suas 73 edições, a RAC publi-cou mais de 190 reportagens, 413artigos científicos, 264 informativostécnicos, 99 seções de conjunturase 88 opiniões. Na avaliação dos ar-tigos técnicos, além dos consultores,o Comitê de Publicações exerce umpapel importante na emissão do pa-recer e considerações que garantema sua qualidade.

Desde a primeira edição, mui-tos profissionais já participaram daelaboração da revista, contribuin-do para que ela chegasse ao assi-nante no prazo previsto. Neste pe-ríodo, foram estabelecidas parce-rias, realizaram-se acordos e a pu-blicação sempre pôde contar com oapoio institucional da DiretoriaExecutiva da Epagri. Além da qua-lidade técnica, a RAC hoje é reco-nhecida como um dos principaissímbolos do trabalho da Epagri emtodo o Estado.

Informação séria

e conteúdo relevante.

Informação séria

e conteúdo relevante.

Mais de

400 artigos científicos,

250 informativos

técnicos,

190 reportagens

e ampla cobertura

abordando assuntos

de interesse

do segmento agropecuário

em Santa Catarina.

catarinenseO

EpagriEpagri

Page 33: Edição de julho de 2008

34 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

PPPPPrimeiro passo para a rastreabilidaderimeiro passo para a rastreabilidaderimeiro passo para a rastreabilidaderimeiro passo para a rastreabilidaderimeiro passo para a rastreabilidadedo rebanho catarinensedo rebanho catarinensedo rebanho catarinensedo rebanho catarinensedo rebanho catarinense

Clóvis Thadeu Rabello Improta1

PPPPPrimeiro passo para a rastreabilidaderimeiro passo para a rastreabilidaderimeiro passo para a rastreabilidaderimeiro passo para a rastreabilidaderimeiro passo para a rastreabilidadedo rebanho catarinensedo rebanho catarinensedo rebanho catarinensedo rebanho catarinensedo rebanho catarinense

IdentificaçãoIdentificaçãoIdentificaçãoIdentificaçãoIdentificaçãode bovinos e bubalinosde bovinos e bubalinosde bovinos e bubalinosde bovinos e bubalinosde bovinos e bubalinosIdentificaçãoIdentificaçãoIdentificaçãoIdentificaçãoIdentificaçãode bovinos e bubalinosde bovinos e bubalinosde bovinos e bubalinosde bovinos e bubalinosde bovinos e bubalinos

Santa Catarina se destaca como o único Estado brasileiro livre de febre aftosa,sem vacinação. Na América do Sul, somente o Chile e a Patagônia Argentina estão

em igual situação. Para se manter nesse patamar de qualidade sanitária, uma sériede medidas diferenciadas devem ser tomadas. Elas são percebidas pelo maior

rigor no controle do trânsito de animais, produtos e subprodutos; aumento de atençãoveterinária nos casos de vigilância e notificação de doenças; execução de medidas

imediatas e radicais para atender às situações de emergência sanitária; maior controleem propriedades e instalações de risco sanitário, como locais de concentrações (feiras,exposições e certames), propriedades de alta rotatividade de animais e locais de abate.

Porém, para que todo esse trabalho de manutenção de qualidade sanitária se efetiveplenamente, torna-se necessário que os animais do rebanho catarinense estejam

identificados e tenham, assim, condições de serem rastreados.A essa capacidade de acompanhar a vida dos animais do nascimento

até a sua morte dá-se o nome de rastreabilidade.

1Méd. vet., M.Sc., Cidasc/Serviço de Educação Sanitária, C.P. 256, 88034-001 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-6500, e-mail:[email protected].

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35Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Histórico

Há cerca de 10 mil anos, o ho-mem passou da condição de caça-dor e coletor para a condição de pas-tor e agricultor. Isso o levou a mar-car os seus animais com algum tipode sinal que estabelecesse a suaidentidade e, conseqüentemente, asua posse. Esses sinais, como cor-tes em orelhas, marcas a fogo eoutros, eram particulares e varia-vam de uma propriedade para ou-tra. Posteriormente, houve a neces-sidade de se fazer o registro dessasmarcas, em algum tipo de cartório,para lhes dar fé pública. Porém, afinalidade sempre foi garantir a pos-se, sem a visão do controle sanitá-rio e da segurança alimentar do con-sumidor.

Por outro lado, a preocupaçãocom a possibilidade de se conhecera origem das doenças e a sua evolu-ção, para estabelecer o seu con-trole, sempre foi uma tendência doser humano. Com o passar dos tem-pos, os estudos científicos começa-ram a correlacionar o surgimentode doenças nos animais com as suasmovimentações e com a possibilida-de de sua transmissão para o ho-mem e para outros animais. Mui-tas vezes, essas observações resul-taram em formas de controle des-sas doenças ou em formas de trata-mento para outras. A primeira pelocontrole da movimentação de ani-mais, confinando os doentes nasáreas afetadas, impedindo o seu des-locamento para outras áreas livres.A segunda, na observação que do-enças dos animais semelhantes àsdoenças dos homens protegiam pes-soas que as desenvolviam de formabenigna. Exemplo disso foi a utili-zação, por Edward Jenner, de pusdas pústulas de varíola bovina comovacina contra a varíola humana, naInglaterra do Século 17, ao obser-var que mulheres que ordenhavamvacas doentes adquiriam a doençade forma benigna e tornavam-seimunes para a varíola humana. Como passar dos tempos, notou-se tam-

bém que determinadas doenças po-deriam ser transmitidas aos sereshumanos e aos outros animais, pe-los produtos de origem animal,oriundos de animais enfermos ouportadores da enfermidade. Isso de-terminou a necessidade de se esta-belecer um sistema de controle quepossibilitasse o acompanhamentodas movimentações animais e oprocessamento de seus produtos,subprodutos e dejetos.

A criação da Organização Mun-dial de Saúde Animal – OIE – temessa origem. O surto de peste bovi-na, na Europa e no Brasil, no inícioda década de 20, tem como origem

animais importados da Índia peloBrasil, infectados pela doença. Esteevento determinou a reunião de 28países, em 1924, onde se criou aOIE, ainda com adenominação deEscritório Inter-nacional deEpizootias, paranormatizar o com-bate às doençasdos animais, pormeio da circula-ção da informaçãosanitária entre osseus países mem-bros, que permi-tisse adotar medi-das de controle damovimentação derebanhos entreeles, em caso desurtos de doenças,

Determinadas doençaspodem ser transmiti-

das aos seres humanose aos outros animais

pelos produtos deorigem animal.

bem como assessorar o seu comba-te e erradicação.

Modernamente, o advento daRevolução Verde e dos seus proces-sos de produção agropecuária inten-siva determinou o surgimento dedoenças. Isto se deveu à concentra-ção de grande número de animaispor área e a alteração dos hábitosalimentares dos animais, como nocaso da encefalopatia espongiformedos bovinos (doença da vaca louca)e a facilidade de alastramento emcaso de surtos, como o de febreaftosa, que ocorreu na Inglaterrano início deste século. O aumentode resíduos de produtos agroquí-micos, farmacêuticos e dehormônios, decorrente da situaçãode estresse no meio criatório inten-sivo, em produtos de origem ani-mal, tornou-se um risco para a saú-de pública e para a segurança ali-mentar. Esse quadro determinou aconstrução de um sistema derastreabilidade que permitisse oacompanhamento do animal desdeo nascimento até a mesa do consu-midor.

Recentemente, o doutorBernard Valat, diretor geral da OIE,

Marca do gadopelo corte da

orelha

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36 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

declarou: “Por ser uma ferramentadestinada ao controle das enfermi-dades dos animais e à segurança sa-nitária dos alimentos, o sistema derastreabilidade deveria permitirseguir o rastro de um produto deorigem animal até a propriedade deorigem do animal do qual se obteveo produto”. Doutor Valat chama ain-da a atenção para a necessidade deesse produto conservar a sua iden-tificação ao longo da cadeia de pro-dução de alimentos.

A rastreabilidade noBrasil e no mundo

“Como clientes, os europeus se-quer cogitam mudanças nas regrasde rastreabilidade exigidas paraimportar carne bovina do Brasil”.Para o presidente da Comissão deAgricultura e DesenvolvimentoRural do Parlamento Europeu, NeilParish, as regras firmadas entreambos devem ser respeitadas. Se-gundo ele, em reunião realizada em29/4/2008, sete vistorias feitas porveterinários europeus ao Brasil nosúltimos anos constataram falhas nomodelo brasileiro (BeefPoint, 30/4/2008). Notícia como essa reflete apreocupação dos países do mundointeiro em relação à capacidade deum serviço de saúde animal de umpaís rastrear os seus animais e seusprodutos, antes de vender para ou-tros. Em declaração feita, há cercade 8 anos, o ministro da Agricultu-ra da Irlanda, J. Walsh disse que aproteção à saúde e o direito de aces-so a um alimento seguro era umaquestão central tanto em nível na-cional, como na União Européia.Ele ainda afirmava que “o consumi-dor tem o legítimo direito de com-prar alimentos seguros, saudáveis,de alta qualidade, produzidos sobcondições ultra-higiênicas”.

Em todos os países do mundo, apreocupação com a capacidade derastrear os seus animais passou aser um item imprescindível, tantopara manter o controle sanitário deseus rebanhos como para a seguran-

ça alimentar de suas populações.Em termos internacionais, a

OIE abordou a questão darastreabilidade pela primeira vezem 1998, num seminário interna-cional sobre “Sistemas de identifi-cação permanente e rastreabilidadedos animais do ‘campo ao prato’”,realizado em Buenos Aires na Ar-gentina. Em 2001, ela dedicou umaedição completa da sua “Revista Ci-entífica y Técnica” ao tema. Em2005, constituiu um grupo ad hocde expertos para estudar o assun-to. Em março de 2006, a Comissãode Normas Sanitárias da OIE paraos Animais Terrestres elaborouuma primeira série de diretrizespara a identificação e arastreabilidade dos animais, desti-nada aos seus países membros. Elas

foram aprovadas democraticamen-te, em maio de 2007, o que lhes con-feriu o valor de normas oficiais in-ternacionais, na mesma AssembléiaGeral que reconheceu SantaCatarina como livre de febre aftosa,sem vacinação.

No Brasil, em 2002, foi criado,pelo Ministério da Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento – Mapa –, oSistema Integrado de Rastrea-bilidade do Rebanho Bovino – Sirb–, pela Instrução Normativa Minis-terial nº 1, de 9 de janeiro de 2002,que veio dar origem ao SistemaBrasileiro de Identificação eCertificação de Origem Bovina eBubalina – Sisbov –, sendo, posteri-ormente, adotado o nome de Siste-ma de Rastreabilidade da CadeiaProdutiva Bovina e Bubalina. O sis-tema tem por finalidade cadastrarpropriedades, identificar e rastrear

bovinos e bubalinos, para fins deexportação. A adesão é voluntária eos trabalhos de cadastro e controlesão feitos através de empresas pri-vadas certificadoras, que são contra-tadas diretamente pelo interessadoem produzir animais para o merca-do externo.

Recentemente, as auditorias es-trangeiras encontraram uma sériede inconformidades com as práticasde rastreabilidade em relação aosseus países e isso gerou uma crisecomercial, com a suspensão da im-portação de carne por parte de mer-cados importantes, como o da UniãoEuropéia.

A situação presente levou oMapa a reestruturar o Sisbov,retornando a sua coordenação paraa Secretaria de Defesa Agrope-cuária, com a suspensão dos traba-lhos das certificadoras até a conclu-são de uma sindicância completa dosistema.

O projeto de identifica-ção de bovinos ebubalinos em SantaCatarina – PIB-SC

Com o reconhecimento interna-cional da condição de zona livre defebre aftosa, sem vacinação, váriasoportunidades comerciais surgirampara o Estado de Santa Catarina. Aomesmo tempo, os compromissospara a manutenção dessa privile-giada situação sanitária proporcio-nalmente aumentaram. Com isso,passou-se a exigir ações de defesasanitária animal que fossem com-patíveis com esta condição sanitá-ria diferenciada. Um dos compro-missos assumidos com a OIE foiidentificar todos os rebanhos de bo-vinos e de bubalinos catarinenses.Para tanto, foi instituído o Projetode Identificação de Bovinos eBubalinos em Santa Catarina –PIB-SC.

O PIB-SC é coordenado e execu-tado pela Companhia Integrada deDesenvolvimento Agrícola de San-ta Catarina – Cidasc –, em parceria

O sistema derastreabilidade permiteo acompanhamento do

animal desde onascimento até a mesa

do consumidor.

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37Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

com vários setores da agropecuáriae da sociedade catarinense, taiscomo Faesc, Fetaesc, Fecam,Ocesc, Sindileite, Epagri, Secreta-rias de Estado de DesenvolvimentoRegional, Sindicarne, Icasa, Secre-taria de Estado da Agricultura eDesenvolvimento Rural e Governodo Estado de Santa Catarina, emconvênio com o Mapa. O Projetocompõe-se por 1 coordenação esta-dual, 19 coordenações regionais e293 coordenações municipais. Emcada uma dessas coordenações sãotomadas decisões estratégicas espe-cíficas, considerando as caracterís-ticas sociais, culturais eorganizacionais de cada região emunicípio.

Do ponto de vista legal, o gover-nador do Estado baixou o Decretonº 1.189, de 26 de março de 2008,alterando os dispositivos legais etornando obrigatória, em todo oEstado, a identificação de animais,segundo as normas e diretrizesestabelecidas pela Secretaria deEstado da Agricultura e Desenvol-vimento Rural. Esta, por sua vez,em 22 de abril deste ano, emitiu aPortaria nº 7/2008 que estabelece asDiretrizes Gerais e aprova o Proje-to de Identificação de Bovinos eBubalinos em Santa Catarina, a serexecutado pela Cidasc.

Assim, o PIB-SC toma corpo coma mobilização de toda a estruturafuncional da Cidasc e de outros or-ganismos estaduais, municipais efederais, bem como de entidadesprivadas ligadas à agropecuária e aopróprio produtor rural.

Inicialmente, foram implantadosprojetos pilotos nas 19 administra-ções regionais da Cidasc, colocandoem prática a proposta e fazendo ascorreções necessárias visando à pos-terior expansão para os demaismunicípios e propriedades ruraiscatarinenses.

O Projeto apresenta uma carac-terística importante que o diferen-cia do Sisbov. Enquanto o sistemafederal é voluntário e tem por fina-lidade o mercado exterior, o PIB-SC

tem caráter obrigatório e o seu ob-jetivo principal é o de tornar-se uminstrumento de defesa sanitáriaanimal e de segurança alimentar,em todos os níveis. A partir de seuencerramento, todos os bovinos ebubalinos catarinenses estarãoidentificados e passíveis de seremrastreados, dentro de um sistemaque poderá estender-se a outrasespécies animais.

Explicação da numeração de um brinco identificador

Como será feita estaidentificação?

O produtor rural deverá procu-rar o escritório da Cidasc de seumunicípio, onde receberá instruçõese material necessário para cadas-trar sua propriedade, e identificartodos os animais de seu rebanho.

O consumidor tem olegítimo direito decomprar alimentos

seguros, saudáveis e dealta qualidade.

Receberá, ainda, quantidade debrincos suficiente, para identificaros seus animais, sendo um brincomaior na cor amarela e outro me-nor, na forma de um botão, de corverde, ambos numerados e com umcódigo de barras correspondente. Ostrês primeiros algarismos identifi-cam o país, os dois seguintes iden-tificam o Estado, os nove seqüentessão chamados números de manejoe o último é o dígito verificador, queé um recurso de segurança do sis-tema.

A tarefa de identificação dos ani-mais será de responsabilidade doprodutor. Caso não disponha dosequipamentos de contenção e apli-cação dos brincos, a Cidascdisponibilizará estas ferramentas,na forma de empréstimo. Caso nãotenha condições ou não saiba apli-car os brincos, Agentes de Identifi-cação de Animais – AIA –,arregimentados na própria comu-nidade, treinados e credenciadospela Cidasc, estarão à disposiçãodos produtores para executar essatarefa, mediante negociação diretaentre os interessados.

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38 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Na propriedade, o produtor de-verá inicialmente identificar os re-banhos existentes. Para cada umdeles, cadastrar o proprietário dosanimais e aplicar o brinco maior naorelha direita e o menor na orelhaesquerda de cada animal. O brincomenor tem a mesma numeração dobrinco maior e, em caso de perda,ele servirá de memória para a iden-tificação do animal. Depois de iden-tificados, os animais serão cadastra-dos por espécie, por aptidão, porsexo e por idade. Assim, cada bovi-no ou bubalino catarinense serádevidamente monitorado, desde seunascimento até a morte, com regis-tro de movimentação, eventos emanejos sanitários.

Para o produtor, esta identifica-ção funcionará como uma escriturado animal, que dará a ele uma ga-rantia de posse. Num outro aspec-to, ela servirá para dificultar o rou-bo e o contrabando de animais noEstado. Por tudo isso, essa identifi-cação se constitui em uma valori-zação do rebanho catarinense e dopróprio produtor, além de abrir apossibilidade de participação da pro-dução catarinense em mercados depaíses exigentes.

Em termos de aceitação, os pro-

dutores catarinenses têm demons-trado um interesse muito particu-lar no projeto. Sobre esse tema, ocoordenador do PIB-SC na região deJoinville relata que a adesão dosprodutores tem sido muito grande,mesmo por parte daqueles que nãoresidem no município.

Na região de Tubarão, a coorde-nação regional informou que os tra-balhos de identificação transcorremcom uma aceitação e participação

Colocação do brinco na orelha do bovino

total por parte dos criadores e deentidades. Durante a maior feira deanimais da região e do Estado, aFeagro, os organizadores colocarampara sorteio duas novilhas paraaqueles produtores que já identifi-caram os seus animais.

Na Região Oeste, Jupiá foi o pri-meiro município catarinense a tera totalidade de seus animais identi-ficados. O trabalho foi realizado emforma de mutirão e contou com aparticipação de 331 produtores queidentificaram 9.011 animais em suaspropriedades. Além disso, contou-secom o apoio da prefeitura munici-pal e das entidades ligadas àagropecuária local.

Os brincos foram distribuídosaos produtores em 4/4/2008 e reco-lhidos no dia 9/4. Repasses foramrealizados em 16 propriedades e aoperação de identificação foi finali-zada no dia 18/4/2008.

Todo este esforço que a socieda-de vem realizando demonstra a im-portância que a agropecuária tempara a economia estadual e a matu-ridade do produtor catarinense. Poroutro lado, o Governo Federal, aoinvestir no PIB-SC, mostra que exis-te interesse da nação em apoiar umtrabalho que, até o momento, éexemplo para o resto do País.Rebanho brincado

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39Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Santo Amaro da Imperatriz:Santo Amaro da Imperatriz:Santo Amaro da Imperatriz:Santo Amaro da Imperatriz:Santo Amaro da Imperatriz:a terra do milho verdea terra do milho verdea terra do milho verdea terra do milho verdea terra do milho verdeSanto Amaro da Imperatriz:Santo Amaro da Imperatriz:Santo Amaro da Imperatriz:Santo Amaro da Imperatriz:Santo Amaro da Imperatriz:a terra do milho verdea terra do milho verdea terra do milho verdea terra do milho verdea terra do milho verde

Reportagem de Silvano Breda1 e Laertes Rebelo2

Fotos de Nilson Otávio Teixeira

1Eng. agr., Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5582, e-mail: [email protected] em Letras, Epagri, fone: (48) 3239-5682, e-mail: [email protected].

Até 1492, o milho só existiana América. Naquela época,este era o principal alimen-

to das diversas civilizações indíge-nas que habitavam o continenteamericano. O nome científico Zeamays é uma homenagem aosmaias, uma das principais civiliza-ções que habitavam a América Cen-tral. Os europeus conheceram omilho somente após o descobrimen-to da América, quando os espanhóise portugueses levaram suas semen-tes para o Velho Mundo. O milhoentão popularizou-se entre os eu-ropeus e, no início do século 18, jáera o principal cereal cultivado nomundo, suplantando o trigo, o ar-roz, o centeio, a cevada e a aveia.Todas as delícias derivadas do mi-lho que são consumidas atualmen-te – a pamonha, a tapioca, a

tortilha, a canjica, o curau – já eramapreciadas pelos indígenas no perí-odo pré-colombiano. Como se tratade um alimento muito saboroso enutritivo, o milho verde faz suces-so entre os consumidores e está setornando um bom negócio paraquem produz. Foi o que aconteceuem Santo Amaro da Imperatriz, naGrande Florianópolis. O município

sempre se destacou na horticulturadiversificada, mas nos últimos anosvem se firmando como o maior pro-dutor estadual de milho verde. Hojejá são mais de 200 famílias que cul-tivam cerca de 600ha, com duas sa-fras por ano e de forma escalonada,ou seja: elas semeiam e colhem aospoucos, conforme a demanda.

Milho verde x milho grão

Habituados a produzir milhopara ração, os agricultores de San-to Amaro foram aos poucos se es-pecializando na produção de milhoverde, mas isso não aconteceu poracaso. Comparado com o milho-grão, o produto oferece diversasvantagens. Além da rentabilidadesuperior, o milho verde permite que

Pamonha: sucesso entre consumido-res, lucro para produtores

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a comercialização seja feita imedia-tamente, sem a necessidade de tri-lhar, ensacar e armazenar o produ-to, etapas indispensáveis no caso domilho-grão. Um dos diferenciaismais importantes da atividade é queo produto sai da propriedade pron-to para ser consumido. Embaladode acordo com a preferência do con-sumidor, o milho verde chega aomercado mais valorizado e tem saí-da praticamente garantida.

Um exemplo que está dando cer-to em Santo Amaro é o de seu JoãoAlberto Loch. Na propriedade com20ha, ele cultiva milho verde em18ha e colhe até 25 mil espigas/ha,

duas vezes por ano. O milho-grão,segundo o agricultor, demora emtorno de 6 meses entre a semeadu-ra e a colheita, enquanto o milhoverde precisa de apenas 90 dias paraser colhido. Para seu João, o segre-do do negócio é o ponto de colheita.As espigas devem estar no pontocerto, nem antes, nem depois. Parasaber se a espiga está pronta paraser colhida, nada melhor que o “olhoclínico” do produtor. Quando possuicabelos brancos na ponta, a espigaainda é muito nova, não está pron-ta para colher. Aquelas que apre-sentam cabelos marrons estão noponto certo. Há espigas que estão

mais adiantadas e, neste caso, oprodutor deve prestar atenção, poiso amadurecimento é muito rápido,em torno de 2 a 3 dias. Depois dis-so, o milho verde vira milho-grão.Quem tem gado também pode apro-veitar a planta para alimentar osanimais ou fazer compostagem mis-turando a palha com o esterco dosanimais, o que melhora ainda maisa produtividade e a renda na pro-priedade.

Embora haja cultivares desen-volvidas especialmente para o cul-tivo do milho verde e do milho-grão,o preparo do solo e as técnicas demanejo nos dois casos são basica-mente os mesmos nos sistemas con-vencional, cultivo mínimo e plantiodireto. As diferenças aparecem ape-nas na colheita e na forma dedespalhar e embalar o produto, queno caso do milho verde são feitasmanualmente. Segundo ZenoFrasson, extensionista do Escritó-rio Regional da Epagri, a diferençana rentabilidade entre o milho ver-de e o milho-grão é favorável aomilho verde e pode ser maior. Paraisso, além de rever as quantidadesde insumos, principalmente de adu-bo e calcário, os produtores deveri-am aumentar a quantidade de se-mentes usadas por hectare, a fimde aumentar a população de plan-tas na área cultivada.

Espiga nova Espiga quase no ponto Espiga no ponto certo

Exemplo de propriedade típica da região de Santo Amaro da Imperatriz

Ponto de colheita: o segredo do negócio para muitos produtores

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João Alberto Loch, produtor de milho que faz sucesso em Santo Amaro

O exemplo de seu João

Seu João é um agricultor que jáplantou de tudo um pouco: feijão-vagem, tomate, pimentão, etc. Como tempo, ele passou a plantar bata-ta no inverno e milho no verão.Depois de 17 anos, como os custosestavam ficando cada vez mais al-tos, ele desistiu de plantar batata epassou a engordar bois, aproveitan-do o pé de milho e a palha comoalimento para os animais. No iní-cio, colhia o milho verde apenaspara consumo próprio, mas logopercebeu que, além de gostoso, omilho podia proporcionar uma ren-da extra e passou a vender o produ-to. De acordo com seu João, acomercialização também é fácil,desde que o produtor possa ofere-cer o produto durante o ano intei-ro. Para isso, deve semear o milhoem épocas diferentes e manter aprodução escalonada para atenderà demanda num mercado em que aprincipal regra é cumprir os com-promissos. Se o produto faltar, oagricultor tem que comprar milhode algum vizinho ou mesmo ir atéSão Paulo, pois neste mercado apalavra do produtor é levada a sé-rio e a última coisa que pode faltaré o produto.

O sucesso do milho verde nãoacontece apenas nas gôndolas dossupermercados. Em SantaCatarina, ao longo das rodovias,principalmente na região litorânea,existem centenas de pontos-de-ven-

da especializados em produtos deri-vados do milho. Os quiosques, quevendem pamonhas, doces e milhoverde cozido, também geram rendae movimentam um negócio bastan-te lucrativo. A venda do milho ver-de e da pamonha não se restringe àtemporada. Embora haja variações,a procura acontece praticamente oano todo: no período de novembro,ela aumenta; depois diminui umpouco, mas se mantém. SegundoSebastião Pedro de Lima, proprie-

“Esta foi a alternativaque eu achei

para sobreviver daagricultura”.

tário de uma dessas barracas, o es-tabelecimento vende em torno de 5mil pamonhas e aproximadamente4 mil socas de milho por mês. Osegredo do negócio de Sebastiãoestá no milho, que é um produtodiferenciado e tem boa aceitaçãopelo público.

Nos últimos anos, o milho ver-de virou moda entre os agriculto-res familiares que moram e traba-lham em Santo Amaro da Impera-triz. Além de ser uma atividade re-comendada em termos ambientaise que pode ser facilmente integra-da com a pecuária, o cultivo de mi-lho verde revela-se como alternati-va economicamente sustentável.Assim como a família de seu JoãoAlberto Loch, muitos agricultoresda região fizeram a escolha certa,numa hora apropriada.

Quando se lembra dos velhostempos, seu João não tem dúvidade que a mudança valeu a pena.“Esta foi a alternativa que eu acheipara sobreviver da agricultura”, con-clui orgulhoso. Além dos equipa-mentos necessários para o trabalhona propriedade, hoje sua famíliatem uma boa casa, telefone e prati-camente tudo que se consegue nacidade. No entanto, a cor douradada espiga do milho pode iludir agri-cultores menos experientes. Pormais que brilhe aos olhos dos pro-dutores de Santo Amaro, nunca édemais lembrar que o mercado per-manece em constante movimentoe não se sabe como ele irá se com-portar daqui em diante.A palha do milho vira compostagem, aumentando a produtividade

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Incenso – biocida naturalIncenso – biocida naturalIncenso – biocida naturalIncenso – biocida naturalIncenso – biocida naturalIncenso – biocida naturalIncenso – biocida naturalIncenso – biocida naturalIncenso – biocida naturalIncenso – biocida natural

Andrey Martinez Rebelo1, Antônio Amaury Silva Júnior2 e José Angelo Rebelo3

1Farmacêutico industrial, M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, e-mail: [email protected].

Otermo incenso é, desde a antiguidade, usado para

nominar substâncias resi-nosas aromáticas que quando quei-madas perfumam ou desinfetamambientes. Entre estas resinas, amais nobre era a de olíbano, plan-ta do gênero Boswellia, cultivada naÁfrica e Ásia.

Neste artigo tratar-se-á daTetradenia riparia (Hochst.) Codd,o incenso da família Lamiaceae. Éoriginária dos países do Sul da Áfri-ca (Figura 1), e atualmente podeser encontrada em vários países domundo.

O incenso também é conhecidopopularmente como limonete, mir-

ra, pluma-de-névoa, falso-boldo eumuravumba, e suas sinonímias ci-entíficas, Iboza riparia N.E. Brown.,Iboza riparia (Hochst.) N.E. Br., Ibozabainesii N.E. Br., Iboza galpinii N.E.Br. e Moschoma riparium Hoscht. Osnomes populares estão ligados a pro-priedades antimicrobianas, reconhe-cidas pelo povo.

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Figura 1. Centro de origem da Tetradenia riparia (região em verme-lho), endêmica, principalmente em Angola, Namíbia, Moçambique,Zimbábue, Botsuana e África do Sul

Indicações popularesde uso

Entre as 21 espécies maisindicadas popularmente para usoveterinário por povos indígenas deUganda (África), a T. riparia é amais citada para uso contrahelmintos. Em um estudoetnobotânico sobre espécies vege-tais comercializadas em Madureira,RJ a T. riparia, localmente chama-da de sândalo, é cultivada ecomercializada para uso em rituaisreligiosos. Na África o óleo essen-cial é indicado em fumigações con-tra o mosquito Anopheles gambiae,principal vetor da malária naquelepaís. Em Uganda a medicina tradi-cional utiliza, entre outras espéci-es, a T. riparia como indutor oufalicilitador de parto.

Identificação da espécie(fitologia)

• Arbusto semi-herbáceo,decíduo, ramificado, aromático, de1,2 a 3m de altura, podendo chegara 5m. As folhas são largo-ovaladas,pecioladas, dentadas ou crenadas,branco-pubescentes e espessas(Figura 2). As inflorescências,paniculadas, são numerosas, den-sas, longas, recurvadas e dispostasacima da folhagem. As flores sãonumerosas, pequenas, róseo-cremee perfumadas. O florescimento ocor-re de julho a agosto (Figura 3).

Ainda não se observou a forma-ção de sementes em incenso culti-vado em Santa Catarina.

Agrotecnologia

• Clima: a planta é de clima tro-pical, mas se adapta ao subtropical.É heliófita e resistente ao frio.

• Solo: desenvolve-se bem emsolos leves, arenosos, ou seja, bemaerados e com bom teor de matériaorgânica. Evitar solos ácidos,compactados e muito úmidos.

• Espaçamento: 1,30 x 1m.

• Propagação: as sementes,quando disponíveis, devem sersemeadas em bandejas de isoporcontendo substrato organo-mineral.As estacas são colhidas no início daprimavera. Selecionar as maisretilíneas, com diâmetro de 0,3 a1cm. Podem ser enraizadas em cas-ca de arroz carbonizada (Figura 4),areia lavada ou vermiculita, dispos-tas sob sombrite 70% e preferenci-almente irrigada por nebulização. Otempo médio para o enraizamentoé de 15 a 30 dias, dependendo datemperatura do período. O índice deenraizamento de estacas com me-nos de 0,5cm de diâmetro, entre 0,5e 1cm e maior que 1cm de diâme-tro são de 30,86%, 26,89% e 29,41%,respectivamente, com tempo médiopara a rizogênese de 18 dias, noverão.

• Época de plantio: outubro. Asmudas podem ser plantadas em co-vas ou em sulcos, com cerca de25cm de profundidade. Quando emcamalhão, obtém-se melhor drena-gem, o que favorece a planta.

• Adubação: recomenda-se efe-tuar análise completa de solo paraavaliar e recuperar a fertilidade dosolo.

• Poda: os ramos baixeiros de-vem ser eliminados, pois suas folhassujam-se facilmente de solo. Os ra-mos extirpados podem ser aprovei-tados como estacas-matrizes paranovos plantios, se a época for propí-cia, ou aproveitados para a destila-ção.

• Colheita: inicia 1 ano após oplantio. Faz-se o corte dos ramos acerca de 30cm do solo, deixando-separte do ramo para rebrotar.

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• Processamento: os ramos comfolhas devem ser encaminhados àárea de destilação. Para um melhorrendimento de óleo essencial, evi-tar introduzir na dorna ramos mui-to grossos e lignificados. O melhorrendimento de óleo é obtido comdestilação apenas das folhas, sendoa hidrodestilação, ou seja, destila-ção das folhas imersas em água, aforma recomendada para retiradado óleo essencial com menor prejuí-zo aos componentes fitoquímicos.

Fitoquímica

O óleo essencial do incensocontém α -terpineol (22,6%),fenchona (13,6%), álcool β -fenchílico (10,7%), β-cariofileno(7,9%) e álcool perilílico (6%),além dos diterpenos ibozol,8(14),15-sandaracopimaradieno-7-α, 15-sandaracopimaradieno e o18-diol. Contém ainda as α-pironas

O teor de óleo essencial nas fo-lhas frescas, colhidas no inverno,primavera e verão, em Itajaí, SC,Brasil, é de 0,14%, 0,36% e 0,39%,

respectivamente, extraído pelométodo de hidrodestilação comclaevenger, com 3 horas de desti-lação.

Uso comprovado

O diterpeno 8(14),15-sanda-racopimaradieno-7-α,18-diol isoladode T. riparia, exibe uma significanteatividade antimicrobiana contravários fungos e bactérias. A concen-tração mínima inibitória (CMI) doditerpeno, para os microrganismosinibidos, varia de 6,25 a 100mg/ml.O diterpeno também inibe o cresci-mento das radículas de trigo, comuma concentração mínima inibitó-ria de 7,81mg/ml. O óleo essencial(Figura 5) da planta apresenta for-te atividade contra Zabrotessubfasciatus (Col., Bruchidae),gorgulho que infesta o feijão. Entremuitas espécies indicadas comoanti-helmínticos de uso veterináriopor povos indígenas africanos, a T.riparia e a Cassia occidentalis(fedegoso) foram as únicas a apre-sentar atividade contra Ascaris

suum, na concentração de 1% deseus extratos hidro-alcoólicos, sen-do que a dose média eficaz (ED50’s)foi de 1,62mg/ml e 4,13mg/ml, res-pectivamente. Extrato aquoso de T.riparia (20%) é capaz de inibir a ger-minação de picão-preto (Bidenspilosa), sendo útil como herbicidaagroecológico específico. Em Ruandaforam feitos testes de armaze-namento de feijão (Phaseolusvulgaris), onde se aplicou uma mis-tura de um extrato seco de floresde Chrysanthemum cinera-riaefolium, extrato de sementes deneem (Azadirachta indica) e folhasesmagadas de incenso, onde por 8meses não se constatou degradaçãodo produto e em comparação com ouso de metil perimifós, ambas asformulações mantiveram feijão emníveis aceitáveis de danos por pra-gas dos grãos. Possui, ainda, gra-ças aos componentes diterpenóides,isolados ou em associação com cer-tos óleos essenciais, moderada açãoantimalárica (Plasmodium falci-parum) in vitro, ação antifúngica eantibacteriana.

Figura 2. Ramo vegetativo e folha de incenso Figura 3. Inflorescência de T. riparia

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Toxicologia

Muitos estudos jádemonstraram queprodutos tradicionaisde origem vegetalpodem ser valiosospara tratar doençashumanas. O risco po-tencial a longo pra-zo da utilização detais recursos nãotem, contudo, sidototalmente investi-gado, especialmentequanto a fatorescancerígenos.

Poucos trabalhostratam da toxicidadedesta espécie. Emum destes, revelou-se a existência desevera resposta in-flamatória de mucosas de todos osorifícios do corpo em uma comuni-dade Zulu da África do Sul. Em ca-sos mais graves houve necrose,salivação intensa com perda de até5L de saliva em 24 horas. Em todosos casos de doença terminal, a uri-na e as fezes continham sangue es-curo e partes da mucosa esfoliada.Estes pacientes terminais, nas úl-timas 24 a 48 horas apresentavamanúria (diminuição do volume de

urina na bexiga). Dentre os pacien-tes que apresentaram sintomasmais graves, todos utilizaram a T.riparia como refresco, ou excederamas doses tradicionais recomendadas.Além disso, é comum na África ouso de T. riparia como indutor departo, levando a crer que possuaação abortiva.

Desta forma, sendo uma plantacom propriedades biocidas e prova-velmente abortivas, enquanto não

houver estudos farmacológicos parauso na medicina humana, sua apli-cação deve ser direcionada às ativi-dades agronômica e veterinária es-tudadas e o uso de protetores indi-viduais não são dispensáveis. Suge-re-se que após sua aplicação em lo-cais fechados, as pessoas, principal-mente crianças, idosos e gestantes,sejam afastadas deste ambiente, atéque o local, após arejado, não con-tenha odores do produto.

Pesquisa em andamento

Na Epagri/Estação Experimen-tal de Itajaí, os pesquisadores doProjeto Plantas Bioativas desenvol-vem, em parceria com os pesquisa-dores do Projeto Hortaliças, estu-dos para controlar Leandriamomordicae, fungo causador damais importante doença do pepinei-ro no Brasil, por meio do empregode óleo essencial de incenso, comgrande possibilidade de sucesso. Oobjetivo é lançar um fungicida quepossa ser empregado no controle dadoença em sistemas de produçãoorgânica de pepinos.Figura 5. Óleo essencial de T. riparia (no centro da foto)

Figura 4. Estaquia de incenso em cinza de casca de arroz

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Seção Técnico-científicacatarinense

OEpagriEpagri

* Pet-milho: armadilha para o monitoramento do gorgulho-do-milho Sitophilus zeamais (Coleoptera:

Curculionidae) em parreirais ......................................................................................................................

Eduardo Rodrigues Hickel e Enio Schuck

* Ocorrência e danos de Eulechriops rubi (Coleoptera: Curculionidae) na cultura da amora-preta ....Cristiane Muller, Marcos Botton,

Eduardo Pagot e Evandro Schneider

Informativo Técnico

Artigo Científico

* Controle de insetos-pragas em produção orgânica de tomate por meio de telas antiinsetos em

abrigos de cultivo .........................................................................................................................................Euclides Schallenberger, Renato Arcângelo Pegoraro,

José Ângelo Rebelo, Carlos Rogério Mauch,Murito Ternes e Henri Stuker

* Efeito da calda bordalesa e de produtos alternativos no manejo da requeima do tomateiro,

sob cultivo orgânico, no Litoral Sul Catarinense ......................................................................................Luiz Augusto Martins Peruch,

Antônio Carlos Ferreira da Silva e Andrey Martinez Rebelo

*Avaliação de fontes e doses de nitrogênio na produtividade de forragem de gramíneas anuais de

estação fria e quente, em sucessão ............................................................................................................

Eloi Erhard Scherer e Cristiano Nunes Nesi

*Técnicas para enxertia de mesa e produção de mudas em videira ‘Niagara Rosada’ .........................

Emilio Dela Bruna e Álvaro José Back

*Novas cultivares brasileiras de goiabeira serrana: SCS 414-Mattos e SCS 415-Nonante ....................... Jean-Pierre H. J. Ducroquet, Eduardo da Costa Nunes,

Miguel Pedro Guerra e Rubens Onofre Nodari

*SCS 253-Sangão – nova cultivar de mandioca com elevado teor de matéria seca nas raízes ............

Augusto Carlos Pola, Mauro Luiz Lavina,Idelson José de Miranda, Mario Miranda,

Murito Ternes, Lucas Miura,Rubens Marschalek, Renato Arcângelo Pegoraro,

Áurea Teresa Schmitt, Lucio Francisco Thomazelli,

Marcio Ender e Euclides MondardoNota Científica

Germoplasma

*Arranjos espaciais de plantas sobre a produtividade do tomateiro .........................................................

Siegfried Mueller e Anderson Fernando Wamser

*Aspectos biológicos e morfológicos de Citheronia brissotii brissotii (Lepidoptera: Saturniidae) .........Luis Antonio Chiaradia, José Maria Milanez,

Marcelo Bridi e Marcio Roberto Furlan Davila

*Seleção in vitro de rizobactérias com potencial de colonização em raízes de alho nas cultivares

Chonan e Roxo Caxiense .............................................................................................................................Leandro Luiz Marcuzzo, Rosane Garcez Cezar

e Adriana Maria Tomazi Scolaro

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ISSN 0103-0779

Indexada à Agrobase e à CAB International

catarinenseO

EpagriEpagri

COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICO-CIENTÍFICOS NESTA EDIÇÃO: Alvadi Antônio Balbinot Junior, Carla Maria Pandolfo,Cristiano Nunes Nesi, Eduardo Rodrigues Hickel, Emílio Della Bruna, Enio Schuck, Euclides Schallenberger, Henri Stuker, Janaína Pereira dosSantos, José Maria Milanez, Luiz Antonio Chiaradia, Márcia Mondardo Spengler, Marco Antonio Dal Bó, Paulo Antonio de S. Gonçalves, RenatoArcângelo Pegoraro, Renato Luis Vieira, Robert Harri Hinz, Ronaldir Knoblauch, Walter Ferreira Becker.

Comitê de Publicações/Publication Committee

Alvadi Antonio Balbinot Júnior, M.Sc. – EpagriCristiano Nunes Nesi, M.Sc. – EpagriHenri Stuker, Dr. – EpagriJanaina Pereira dos Santos, M.Sc. – EpagriJefferson Araújo Flaresso, M. Sc. – EpagriJosé Ângelo Rebelo, Dr. – EpagriLuiz Augusto Martins Peruch, Dr. – EpagriMarcelo Sfeir de Aguiar, Dr. – EpagriPaulo Henrique Simon, M.Sc. – Epagri (Secretário)Roger Delmar Flesch, Ph.D – Epagri (Presidente)Valdir Bonin, M. Sc. – Epagri

Conselho Editorial/Editorial Board

Ademir Calegari, M.Sc. – Iapar – Londrina, PRAnísio Pedro Camilo, Ph.D. – Embrapa – Florianópolis, SCBonifácio Hideyuki Nakasu, Ph.D. – Embrapa – Pelotas, RSCésar José Fanton, Dr. – Incaper – Vitória, ESEduardo Humeres Flores, Dr. – Universidade da Califórnia – Riverside, USAFernando Mendes Pereira, Dr. – Unesp – Jaboticabal, SPFlávio Zanetti, Dr. – UFPR – Curitiba, PRHamilton Justino Vieira, Dr. – Epagri – Florianópolis, SCLuís Sangoi, Ph.D. – Udesc/CAV – Lages, SCManoel Guedes Correa Gondim Júnior, Dr. – UFRPE – Recife, PEMário Ângelo Vidor, Dr. – Epagri – Florianópolis, SCMichael Thung, Ph.D. – Embrapa – CNPAF - Goiânia, GOMiguel Pedro Guerra, Dr. – UFSC – Florianópolis, SCMoacir Pasqual, Dr. – UFL – Lavras, MGPaulo Henrique Simon, M.Sc. – Epagri – Florianópolis, SCPaulo Roberto Ernani, Ph.D. – Udesc/CAV – Lages, SCRicardo Silveiro Balardin, Ph.D. – UFSM – Santa Maria, RSRoberto Hauagge, Ph.D. – Iapar – Londrina, PRRoger Delmar Flesch, Ph.D. – Epagri – Florianópolis, SCSami Jorge Michereff, Dr. – UFRPE – Recife, PESérgio Leite G. Pinheiro, Ph.D. – Epagri – Florianópolis, SC

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A incidência de gorgulho-do- milho, Sitophilus zeamais Motschulsky 1855 (Coleop-

tera: Curculionidae) (Figura 1), nocultivo da videira tem sido relatadacomo altamente prejudicial nosparreirais de uvas finas de cachocompacto como a ‘Merlot’, ‘CabernetSauvignon’ e ‘Riesling’ (Botton etal., 2005a; Hickel & Schuck, 2005).

PPPPPet-milho: armadilha para o monitoramento doet-milho: armadilha para o monitoramento doet-milho: armadilha para o monitoramento doet-milho: armadilha para o monitoramento doet-milho: armadilha para o monitoramento dogorgulhogorgulhogorgulhogorgulhogorgulho-----dododododo-milho, -milho, -milho, -milho, -milho, Sitophilus zeamaisSitophilus zeamaisSitophilus zeamaisSitophilus zeamaisSitophilus zeamais

(Coleoptera: Curculionidae), em parreirais(Coleoptera: Curculionidae), em parreirais(Coleoptera: Curculionidae), em parreirais(Coleoptera: Curculionidae), em parreirais(Coleoptera: Curculionidae), em parreirais

Eduardo Rodrigues Hickel1 e Enio Schuck2

Aceito para publicação em 11/12/07.1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5244, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Videira, C.P. 21, 88560-000 Videira, SC, fone: (49) 3566-0054, e-mail:[email protected].

Figura 1. Adultos do gorgulho-do-milho sobre grão de milho danificado

Este inseto adentra os cachos emmaturação e perfura a película dasbagas de uva, junto ao pedúnculo, cau-sando seu apodrecimento (Figura 2).

O monitoramento da infestaçãodeste gorgulho nos parreirais podeser executado coletando-se cachose imergindo-os num balde com água.Caso os insetos estejam presentes,eles sobem à superfície para não se

afogarem (Hickel & Schuck, 2005).Apesar de eficaz, esta técnica demonitoramento é trabalhosa e depouca praticidade.

As técnicas ou métodos paramonitoramento do gorgulho-do-mi-lho em grãos armazenados já estãoestabelecidos, porém não se aplicamao monitoramento das populaçõesem pomares (Vick et al., 1980;Burkholder & Ma, 1985). A buscade métodos para este fim tem sidoinexpressiva, pois a importânciaeconômica do inseto ainda está res-trita a grãos armazenados. As pou-cas tentativas de monitorar ogorgulho-do-milho no campo recaí-ram no uso de feromônios, principal-mente o feromônio de agregação daespécie, obtendo-se alguns resulta-dos promissores (Burkholder & Ma,1985; Favero et al., 1993). Apesarde o monitoramento deste gorgulhocom armadilhas de feromônio já tersido pesquisado, a técnica aindaapresenta algumas limitações e,atualmente, não se dispõe destasarmadilhas no mercado de insumosagrícolas. Assim, na Epagri/EstaçãoExperimental de Videira foi desen-volvido um modelo de armadilhapara o moni-toramento do gorgulho-do-milho nos parreirais, a fim desubsidiar a tomada de decisão pelocontrole químico da praga.

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monitoramento populacional dogorgulho-do-milho num parreiral deCabernet Sauvignon, na EstaçãoExperimental de Videira, compro-varam a eficácia do modelo experi-mental na captura deste besouro(Figura 4).

As garrafas PET são particular-mente propícias para a confecção daPet-milho, porém um desenho demaior praticidade pode ser adotado(Figura 5).

Há necessidade de um telhadopara a armadilha, embora o mode-lo experimental não dispusesse decobertura, para que a água da chu-va não entre no compartimento degrãos. Grãos umedecidos propiciamo desenvolvimento de fungos, quepassam a interferir na captura degorgulhos e a dificultar a inspeçãoda massa de grãos. Também é inte-ressante abrir um orifício circularno fundo de cada garrafa, com cer-ca de 3cm de diâmetro, para aco-modar um funil na hora do enchi-mento com grãos.

Figura 3. Modelo experimental daarmadilha Pet-milho utilizado nostestes de monitoramento dogorgulho-do-milho em parreirais

Subsídios para odesenvolvimento daarmadilha

O gorgulho-do-milho é um inse-to que infesta grãos armazenadose, assim, habita ambientes escurose secos e com pouco espaço aéreo.Este besouro, apesar de voar bem,prefere ficar abrigado no meio damassa de grãos e só migra desteambiente quando há escassez dealimento (Chesnut, 1972; Pacheco& Paula, 1995).

A infestação desta praga em ca-chos de uva, na Região do Vale doRio do Peixe, tem ocorrido de mea-dos de janeiro a meados ou final defevereiro, período que coincide como término do milho estocado empaióis nas propriedades rurais e oinício da secagem do milho nas la-vouras (Hickel & Schuck, 2005).Este é o período de dispersão dogorgulho-do-milho, quando os inse-tos abandonam os paióis e se diri-gem para as lavouras (Chesnut,1972; Botton et al., 2005b).

No período de dispersão osgorgulhos estão famintos e procu-ram locais escuros em busca de abri-go ou alimento. Ao adentrarem osparreirais, logo dirigem-se aos ca-chos, orientando-se principalmentepor pistas visuais (Burkholder &Ma, 1985). Assim, primeiramenteum abrigo é encontrado, depois,neste abrigo, o inseto passa a pro-

curar comida. Portanto, se pistas defonte alimentar estiverem associa-das às pistas de um possível abrigo,mais rapidamente o inseto se ori-enta (Likhayo & Hodges, 2000).Desta forma, uma armadilha parao monitoramento do gorgulho-do-milho no campo deverá combinartanto pistas de abrigo como de fon-te alimentar para propiciar maiorcaptura de indivíduos (Barak &Burkholder, 1984; Burkholder &Ma, 1985; Likhayo & Hodges, 2000).

A armadilha Pet-milho

A principal pista visual que ogorgulho-do-milho utiliza para ori-entação a um possível abrigo é a corescura (Burkholder & Ma, 1985),quer no contraste de sombras, comonos cachos de uva, quer na tonali-dade escura propriamente dita. As-sim, no desenvolvimento experi-mental da armadilha foi adotada acor preta para pintar o modelo.

A fonte alimentar primária doinseto é o grão de milho (Pacheco& Paula, 1995). Assim, como atra-tivo alimentar foi utilizado o milhoseco em grão na armadilha. O mi-lho é um grão largamente cultiva-do e disponível nas propriedadesrurais das regiões tradicionais decultivo da videira.

Outros estudos de modelos dearmadilha permitiram concluir queo gorgulho-do-milho precisa teracesso direto e rápido à massa degrãos após a chegada na armadilha.Modelos em que o inseto tinha quecaminhar na armadilha, ou queacessava o grão voando de baixopara cima, não propiciaram boascapturas. Por isso, no modelo expe-rimental foram projetadas seis aber-turas laterais para o gorgulho teracesso direto ao depósito de grãos.

Como recipiente para a confec-ção da armadilha optou-se por gar-rafas tipo PET, descartáveis, de re-frigerante, de 600ml. As garrafasforam pintadas de preto, e seis “ja-nelas” de 2 x 5cm foram cortadasnas laterais. Em seguida foitranspassado um arame de susten-tação no fundo de cada garrafa, fi-cando suspensas de ponta-cabeça(Figura 3), com cerca de 100g demilho em grão acomodados no conedo gargalo de cada uma.

Ensaios posteriores de

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Figura 2. (A) Baga de uvaperfurada pelo gorgulho-do-milhojunto ao pedúnculo e (B) podridãode cachos resultante do ataquedeste inseto

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O manejo da armadilha

A armadilha é suspensa noaramado da latada, na altura doscachos, na época de troca de cor dasbagas e pode ser inspecionada acada semana ou em intervalos maiscurtos, dependendo do risco deinfestação dos cachos.

Na inspeção da armadilha é con-veniente dispor de uma bandejaplástica para onde verte-se o milhoatravés do gargalo da garrafa. O mi-lho espalhado na bandeja facilita acoleta e contagem dos gorgulhos.Desta bandeja retorna-se o milhopara a armadilha com o auxílio deum funil de boca larga, que pode serconfeccionado com a parte superiorde outra garrafa PET.

A cada 15 dias é necessário tro-car o milho das armadilhas paraevitar que eventuais posturas rea-lizadas nos grãos originem larvas e,posteriormente, adultos, interferin-do nos resultados do moni-toramento da praga.

Monitoramento econtrole

O nível de controle desta pragaem uva ainda não foi estabelecido,mas, devido à magnitude dos seusdanos, a presença de poucosgorgulhos nos cachos já é indicativode que medidas de controle devemser adotadas (Hickel & Schuck,2005).

Nos ensaios de monitoramento,conduzidos por duas safras, as ar-madilhas Pet-milho capturaram cer-ca de quatro vezes mais insetosquando comparadas com a técnicade imersão de cachos estabelecidapor Hickel & Schuck (2005) (Figura4). Assim, a presença dos primeirosgorgulhos nas armadilhas associa-da ao histórico de infestação noparreiral serão indicativos para aadoção de medidas visando o con-trole da praga. Contudo, ensaioscorrelacionando as coletas nas ar-madilhas com a incidência de danosnos cachos ainda precisam ser exe-cutados para melhor adequar omomento de intervir com insetici-das visando o controle do inseto.

Para o controle químico dogorgulho-do-milho em fruteiras de

Figura 4. Correlação entre a captura de gorgulhos em quatro armadilhasPet-milho e gorgulhos incidentes em dez cachos de uva cultivar CabernetSauvignon em amostragens semanais. Videira, SC, 2004 a 2006

Figura 5. Desenho esquemático da armadilha Pet-milho. No detalhe, visãoem corte exibindo a fixação da armadilha ao gancho de sustentação

(2 x 5cm)

0 2 4 6 8 10 120,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5y = 0,19.x

1,07

r2 = 0,83 p < 0,01

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s/ca

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(nº)

Gorgulhos/armadilha

(nº)

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52 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Literatura citada

1. AEASC. Guia para o controle de do-enças, pragas e plantas invasoras davideira . Videira: Aeasc/ NAVRP,1998. 24p.

2. AFONSO, A.P.S.; FARIA, J.L.C.;BOTTON, M. et al. Controle deSitophilus zeamais (Mots. 1855)(Coleoptera: Curculionidae) com inse-ticidas empregados em fruteiras tem-peradas. Ciência Rural, Santa Maria,v.35, n.2, p.253-258, 2005.

3. BARAK, A.V.; BURKHOLDER, W.E.A versatile and effective trap for

detecting and monitoring stored-product Coleoptera. Agriculture,Ecosystem and Environmental, v.12,p.207-218, 1984.

4. BOTTON, M.; LORINI, I.; AFONSO,A.P. Ocorrência de Sitophilus zeamaisMots. (Coleoptera: Curculionidae) da-nificando a cultura da videira no RioGrande do Sul. Neotropical Ento-mology, v.34, n.2, p.355-356, 2005a.

5. BOTTON, M.; LORINI, I.; LOECK,A.E. et al. O gorgulho do milhoSitophilus zeamais (Coleoptera:Curculionidae) como praga em frutí-feras de clima temperado. Bento Gon-çalves: Embrapa Uva e Vinho, 2005b.7p. (Embrapa Uva e Vinho. CircularTécnica, 58).

6. BURKHOLDER, W.E.; MA, M.Pheromones for monitoring andcontrol of stored-product insects.Annual Review of Entomology, v.30,p.257-272, 1985.

7. CHESNUT, T.L. Flight habits of themaize weevil as related to fieldinfestation of corn. Journal ofEconomic Entomology, v.65, n.2,p.434-435, 1972.

8. FAVERO, S.; SALGADO, L.O.;VILELA, E.F. et al. Resposta olfativado Sitophilus zeamais (Coleop-tera:Curculionidae) ao feromônio sin-tético de agregação sitofilure. Anais daSociedade Entomológica do Brasil,v.22, n.3, p.427-432, 1993.

9. HICKEL, E.R.; SCHUCK, E. Infestaçãoe danos do gorgulho-do-milho em vi-deira. Agropecuária Catarinense,Florianópolis, v.18, n.1, p.49-52, 2005.

10. LIKHAYO, P.W.; HODGES, R.J. Fieldmonitoring Sitophilus zeamays andSitophilus oryzae (Coleoptera:Curculionidae) using refuge and flighttraps baited with syntetic pheromoneand cracked weat. Journal of StoredProducts Research, v.36, p.341-353,2000.

11. PACHECO, I.A.; PAULA, D.C. de. In-setos de grãos armazenados – identifi-cação e biologia. Campinas: FundaçãoCargill, 1995. 229p.

12. VICK, K.W.; MANKIN, R.W.;COFFELT, J.A. Sex pheromone-baitedtraps as monitors of insect infestationlevels in stored products. Insecticideand Acaricide Tests, v.5, p.5-6, 1980.

clima temperado, alguns inseticidasjá foram testados com sucesso(Aeasc, 1998; Afonso et al., 2005),contudo é preciso estar atento à le-gislação pertinente.

Assim, além do monitoramentodo gorgulho-do-milho pela coleta decachos, dispõe-se agora de uma ar-madilha de fácil confecção e mani-pulação para executar esta tarefanos parreirais.

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53Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

O cultivo da amora-preta(Rubus spp.) na Região Suldo Brasil vem crescendo de

forma expressiva nos últimos anos,com destaque para os municípios deCampestre da Serra e Vacaria, prin-cipais produtores da fruta no Esta-do do Rio Grande do Sul (Pagot,2006). A cultura é considerada umaalternativa econômica paraviabilizar a pequena propriedaderural de base familiar, devido a ca-racterísticas específicas, como cul-tivo em pequenas áreas e empregointensivo de mão-de-obra. A maio-ria dos produtores da fruta empre-ga tecnologias compatíveis com osistema orgânico de produção (Bra-sil, 2004).

Ocorrência e danos de Ocorrência e danos de Ocorrência e danos de Ocorrência e danos de Ocorrência e danos de Eulechriops rubiEulechriops rubiEulechriops rubiEulechriops rubiEulechriops rubi (Coleoptera: Curculionidae) (Coleoptera: Curculionidae) (Coleoptera: Curculionidae) (Coleoptera: Curculionidae) (Coleoptera: Curculionidae)na cultura da amora-pretana cultura da amora-pretana cultura da amora-pretana cultura da amora-pretana cultura da amora-preta

Cristiane Muller1, Marcos Botton2, Eduardo Pagot3 e Evandro Schneider4

Aceito para publicação em 19/3/08.1Eng. agr., USP/Esalq, C.P. 9, 13418-900 Piracicaba, SP, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Embrapa Uva e Vinho, Rua Livramento, 515, 95700-000 Bento Gonçalves, RS, e-mail: [email protected]. agr., Emater Vacaria, Rua Doutor Flores, 240, Conj. B, 95200-000 Vacaria, RS, e-mail: [email protected]. agr., Incra/Fapeg/Embrapa Uva e Vinho, e-mail: [email protected].

Embora nesses municípios ascondições climáticas sejam favorá-veis para o desenvolvimento da cul-tura, o ataque de Eulechriops rubiHespenheide, 2005 (Coleoptera:Curculionidae) vem sendo conside-rado um fator limitante para a pro-dução. A espécie é consideradaatualmente a principal praga da cul-tura nos referidos municípios, com-prometendo de forma significativao cultivo da amora-preta nas áreasem que ocorre.

Descrito recentemente porHespenheide (2005), o curculionídeoé conhecido pelos produtores comobroca-da-amora. O surgimento doinseto como praga na cultura deve-se provavelmente à implantação de

pomares em áreas anteriormentecultivadas com campo nativo e/ouvegetação arbustiva natural, osquais se considera sejam os hospe-deiros primários.

Os adultos da broca-da-amoramedem cerca de 3mm de compri-mento e possuem coloração pretacom manchas brancas e marrons notórax. A larva é do tipo curcu-lioniforme e apresenta coloraçãoesbranquiçada e cabeça distinta docorpo, com coloração geralmentemarrom (Figura 1).

Os adultos são encontrados prin-cipalmente na face abaxial das fo-lhas da amoreira, ao se alimentarformam numerosos orifícios circu-lares e induzem o aparecimento de

Figura 1. Eulechriops rubi: (A) larva; (B) pupa; (C) adulto

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pontos necrosados (Figura 2).A reprodução é sexuada, sem

horário específico para o acasala-mento. Após a cópula, a fêmea de-posita os ovos nos tecidos das plan-tas (postura endofítica) de formaindividualizada, em locais tenros,como na inserção de folíolos e nasbrotações novas. A larva, ao se ali-mentar, provoca o amarelecimentodas folhas, que pode ser facilmenteconfundido com a senescência na-tural destas (Figura 3).

À medida que se alimenta, a lar-va dirige-se para a haste principalonde permanece até atingir a faseadulta. Antes de empupar, ela abreum orifício circular no lenho parapermitir a saída do adulto no finaldo ciclo (Muller et al., 2006).

A presença dos adultos nos po-mares ocorre a partir da floração(outubro), estendendo-se até mar-ço. No inverno, as larvas sobrevi-

Figura 2. (A) Adultos de Eulechriops rubialimentando-se de folhas de amoreira e (B)lesões nas folhas causadas pelo ataque da praga

Figura 3. Folhas amareladas devido ao ataque deEulechriops rubi

vem no interior dos ramos do ano,que serão responsáveis pela produ-ção na próxima safra, além dos res-tos culturais deixados no pomar.

As galerias construídas pelas lar-vas nos ramos destroem os tecidosinternos da planta, dificultando atranslocação da seiva, reduzindo ovigor, causando a seca dos ramos eculminando com a morte dasamoreiras (Figura 4). É na fase delarva que a praga causa o maiordano à planta, pela abertura de ga-lerias que percorrem o interior dahaste em sentido descendente (Fi-gura 5). Não foi observado o ata-que do inseto nas raízes.

O gênero Eulechriops é o queapresenta o maior número de es-pécies na subfamília Conoderinae,embora poucas tenham sido descri-tas (Hespenheide, 2005). O princi-pal motivo para este reduzido nú-mero de espécies descritas deve-se

ao pequeno tamanho dos adultos,visto que a maioria deles tem me-nos de 2mm de comprimento e éraramente coletada. Até o momen-to, somente duas espécies são co-nhecidas por se alimentarem deplantas de importância econômica,sendo E. gossypii Barber em algo-dão (Barber, 1926; Boving 1926;Cushman, 1926) e E. manihoti Mon-te em mandioca (Monte, 1938).

Ainda não há medida que de for-ma isolada seja eficaz para o contro-le da broca-da-amora nos pomares.No entanto, recomenda-se utilizarmudas provenientes de locais seminfestação para a implantação dospomares e, durante o período de pro-dução, realizar poda pós-colheita paraeliminar os ramos infestados e redu-zir a população nos pomares. Alémdisso, os produtores devem manteruma adubação adequada para man-ter o vigor das plantas.

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Figura 4. Amoreira seca devido ao ataque de larvas de Eulechriops rubi

Agradecimentos

Às famílias dos produtores PedroWilson Chiele e Verônica Ferrarini,Adelar de Oliveira e Eva Ferrarinie Gilberto Jocheck e Ilda Ferrarinipor cederem pomares para realiza-ção dos estudos.

Literatura citada

1. BARBER, H.S. A new cotton weevilfrom Peru. Proceedings of theEntomological Society of Washington,Washington, v.28, p.53-54, 1926.

2. BOVING, A.G. Immature stages ofEulechriops gossypii Barber, withcomments on the classification of thetribe Zygopsini (Coleoptera:Curculionidae). Proceedings of theEntomological Society of Washington,Washington, v.28 p.54-62, 1926.

3. BRASIL. Instrução Normativa nº 16,11 de junho de 2004. Diário Oficial [da]República Federativa do Brasil, PoderExecutivo, Brasília, DF, 14 jun. 2004.Seção 1, p.4.

4. CUSHMAN, R.A. A new Urosigalphusparasitic on Eulechriops gossypiiBarber (Hymenoptera: Braconidae).Proceedings of the EntomologicalSociety of Washington, Washington.v.28 p.63, 1926.

5. HESPENHEIDE, H.A. A newEulechriops (Coleoptera: Curcu-lionidae, Conoderinae) from Brazilattacking Rubus. NeotropicalEntomology, Londrina, v.34, n.6,p.1009-1011, 2005.

6. MONTE, O. As pragas da mandioca eseu combate. Chácaras e Quintais, v.57,p.183-197, 1938.

7. MÜLLER, C.; SCHNEIDER, E.P.;PAGOT, E. et al. Caracterização de da-nos e efeito de inseticidas sobre adul-tos de Eulechriops rubi Hespenheide,2005 na cultura da amora-preta. In:ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIEN-TÍFICA DA EMBRAPA UVA E VINHO,4., 2006, Bento Gonçalves, RS. Resu-mos... Bento Gonçalves: Embrapa Uvae Vinho, 2006. p.50. (Embrapa Uva eVinho. Documentos, 57).

8. PAGOT, E. Cultivo de pequenas fru-tas: amora-preta, framboesa e mirtilo.Porto Alegre: Emater-Ascar, 2006. 42p.

Figura 5. Galerias provocadas pelas larvas de Eulechriops rubi em ramosde amoreira

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56 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Resumo – A produção orgânica de tomate é dificultada pela ocorrência de grande diversidade de insetos-pragas edoenças. O trabalho objetivou testar o emprego de telas antiinsetos como barreira física às brocas e à traça-do-tomateiro, em abrigos de cultivo, além de verificar seu efeito sobre a produção de frutos visando o desenvolvimen-to do sistema orgânico de produção. Os sistemas de cultivo a céu aberto e em abrigos de cultivo foram avaliadoscom e sem uso de telas antiinsetos nas laterais. Os tratamentos foram: abrigos cobertos com polietileno sem tela;com tela antiafídeo (malha de 0,5mm); com tela citros (malha de 1mm); com tela clarite (malha de 2mm); semcobertura de polietileno, mas revestido na parte superior e laterais com tela citros e a céu aberto (sem cobertura).A tela antiinseto tipo citros foi eficaz no controle de insetos-pragas, podendo ser empregada na lateral de abrigosde cultivo cobertos com polietileno visando a produção comercial orgânica de tomates.Termos para indexação: cultivo protegido, proteção das plantas, cultivo orgânico.

Control of pests in an organic tomato production system byinsect-proof screens in polyetilene covered greenhouse

Abstract – The organic production of tomato is difficulted by great diversity of pests and diseases. The objectiveof this study was to evaluate the use of physical barriers in organic systems of tomato production in protectedenvironment. It consisted of the tomato evaluation in field conditions and in polyetilene covered greenhouse withand without insect-proof screens laterally. Six cultivation sites were evaluated: polyetilene covered greenhousewithout insect-proof screens, polyetilene covered greenhouse with aphid-proof screens, with citros and clariteinsect-proof screens; cultivation in screenhouse without polyetilene covered in the upper and border parts withcitros screens, and cultivation in the field. The use of the citros insect-proof screens was effective in the controlof pest attacks and may be used laterally in greenhouse covered with polyetilene for commercial production oftomatoes.Index terms: insect-proof screens, organic production, tomato pest, plant protected.

Euclides Schallenberger1, Renato Arcângelo Pegoraro2, José Ângelo Rebelo3,Carlos Rogério Mauch4, Murito Ternes5 e Henri Stuker6

Introdução

O tomate é a segunda hortaliçamais produzida no mundo, e SantaCatarina ocupa o oitavo lugar na

produção nacional (Anater, 2005).O tomateiro está sujeito ao ata-

que de diversas pragas, impondo aoprodutor o uso intensivo deagrotóxicos para o seu controle. O

uso intensivo destes faz com queesta cultura ocupe o segundo lugarem volume de agrotóxicos aplicadospor área cultivada (Neves et al.2003). Tal fato, além de elevar os

Aceito para publicação em 8/11/07.1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5244, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Universidade Federal de Pelotas – UFPel –, C.P. 354, 96015-560 Pelotas, RS, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, e-mail: [email protected].

Controle de insetosControle de insetosControle de insetosControle de insetosControle de insetos-pragas em produção orgânica-pragas em produção orgânica-pragas em produção orgânica-pragas em produção orgânica-pragas em produção orgânica de tomate de tomate de tomate de tomate de tomate por meio de telas antiinsetospor meio de telas antiinsetospor meio de telas antiinsetospor meio de telas antiinsetospor meio de telas antiinsetos

em abrigos de cultivoem abrigos de cultivoem abrigos de cultivoem abrigos de cultivoem abrigos de cultivo

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57Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

custos de produção e aumentar osriscos à saúde pública e ao ambi-ente, dificulta o desenvolvimentode sistemas sustentáveis de pro-dução. Assim, torna-se necessárioo desenvolvimento de sistemas deprodução menos impactantes paraesta cultura.

A demanda por tomate produzi-do organicamente vem crescendo,em resposta à divulgação freqüen-te pela mídia de contaminação doproduto por resíduos de agrotóxicos(Tamiso, 2005). Para Borguini(2002), que buscou conhecer o per-fil do consumidor de tomate orgâ-nico, a ausência de agrotóxicos é umdos fatores decisivos na opção poresses produtos.

A deficiente informação sobre sis-temas orgânicos de produção de to-mates tem levado os produtores autilizarem somente agrotóxicospara controlar os insetos-pragas,tais como a traça-do-tomateiro, Tutaabsoluta (Lepidoptera: Gelechiidae),broca-pequena-do-fruto, Neoleu-cinodes elegantalis (Lep.: Cram-bidae), e as brocas-grandesHelicoverpa zea, Spodoptera sp.Pseudoplusia sp. e Trichoplusia ni(Lep.: Noctuidae) (Gravena &Benvenga, 2003). Estes insetos po-dem comprometer totalmente a pro-dução comercial de tomates(Epamig, 1992), principalmentequando estão associados às doençasda cultura.

O uso de telas antiinsetos temsido relatado como umas das alter-nativas para o controle de insetos-pragas, podendo substituir o contro-le químico e diminuindo os custosde produção (Baker & Jones, 1989;Bell & Baker, 1997; Ranch, 2002).No Brasil, Trani (2002) utilizou te-las sombrite com malha de 1 e 2mmnas laterais de abrigos tipo túnelpara controle de insetos-pragas nocultivo da couve. Pesagro (2002) re-comenda o uso de tela branca denáilon com malha de 1mm na late-ral de abrigos para prevenir os in-setos-pragas do tomateiros e Ribei-ro (1981) relata que a utilização detelas de náilon no cultivo do toma-teiro reduz a incidência de viroses

transmitidas por afídeos. Entretan-to, há poucas informações sobre oefeito do uso de telas antiinsetos naprodução de tomates, embora exis-tam evidências de que sejam efica-zes barreiras físicas para evitarinfestações dos principais insetos-pragas do tomateiro.

Este trabalho teve por objetivotestar o emprego de telasantiinsetos como barreira física con-tra brocas e traças do tomateiro emabrigos de cultivo, seu efeito sobrea produção de frutos e a viabilidadeeconômica, visando o desenvolvi-mento de sistema orgânico de pro-dução.

Material e métodos

O trabalho foi conduzido naEpagri/Estação Experimental deItajaí, SC, em uma área com altitu-de de 5m. O clima regional ésubtropical, com chuvas bem distri-buídas e verão quente e úmido, dotipo Cfa, conforme classificação deKöeppen (1948).

Realizou-se o trabalho entre osmeses de agosto e dezembro de2004. Foi avaliada a incidência deinsetos-pragas e a produção de to-mates em seis ambientes com di-mensões de 10 x 7m, a saber:

T1 - abrigo de cultivo modelopampeano coberto com polietileno,provido de tela antiafídeo (malha0,5mm) nas laterais;

T2 - abrigo de cultivo modelopampeano coberto com polietileno,provido de tela citros (malha 1mm)nas laterais;

T3 - abrigo de cultivo modelopampeano coberto com polietileno,provido de tela clarite (malha 2mm)nas laterais;

T4 - abrigo de cultivo modelopampeano coberto com polietileno,desprovido de tela nas laterais;

T5 - estrutura de abrigo de cul-tivo modelo pampeano sem cober-tura de polietileno, mas totalmen-te revestida de tela citros (teto elaterais);

T6 - céu aberto.Os abrigos de cultivo modelo

pampeano foram construídos compé-direito de 2m e altura decumeeira de 3,5m, e quatro deles(T1, T2, T3 e T4) foram cobertoscom polietileno de baixa densidadecom espessura de100µm.

Utilizaram-se mudas de tomatei-ro do híbrido cultivar Fortaleza,produzidas no interior de abrigos decultivo em bandejas de poliestirenocom 128 células.

Utilizou-se o espaçamento deplantio de 1m entre as linhas e0,50m entre as plantas, conduzidasverticalmente com duas hastes.Para a adubação foi elaborado umcomposto orgânico com palha dearroz e esterco de bovinos, aplicadonas quantidades recomendadas con-forme análises do solo e dos teoresde nutrientes do composto, sendoutilizados 240, 230 e 310kg/ha denitrogênio, fósforo e potássio, res-pectivamente (Sociedade..., 1994).No controle de insetos-pragas utili-zaram-se apenas as telasantiinsetos, e contra doenças, ascaldas bordalesa e viçosa a 0,3%,aplicadas antes de cada frente friaprevista, totalizando nove aplica-ções. A irrigação foi porgotejamento, e as demais práticasde manejo foram realizadas confor-me Rebelo et al. (2005).

Para análise dos dados utilizou-se o modelo Yij = m + ti + eij, consi-derando cada ambiente um trata-mento. Para medir a variabilidadedentro dos ambientes foram avalia-das 40 plantas por tratamento, dis-tribuídas igualmente em quatro li-nhas, sendo cada linha consideradauma repetição.

Avaliou-se a produção total defrutos comerciais e não-comerciais,segundo normas oficiais do Minis-tério da Agricultura (Brasil, 1995).Contabilizaram-se os frutos ataca-dos pela broca-pequena-do-fruto,broca-grande e traça-do-tomateiro.

Após análise de variância, asmédias foram comparadas pelo tes-te de Duncan a 1% de probabilida-de, utilizando-se o programa de aná-lise estatística WinStat (Machado &Conceição, 2004).

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Resultados e discussão

A produção total de frutos foimaior nos ambientes cobertos porpolietileno, com e sem telasantiinsetos nas laterais, em relaçãoaos ambientes revestidos totalmen-te de tela (T5) e céu aberto (T6) (Ta-bela 1). A menor produção de toma-te obtida nos ambientes sem prote-ção plástica, abrigo revestido total-mente por tela citros (T5) e a céuaberto (T6), deveu-se à grave seve-ridade da requeima ocorrida nostomateiros destes ambientes devi-do à ausência de cobertura depolietileno (Burrage, 1978). Segun-do Rebelo et al. (2000) e Carrijo &Makishima (2003), os abrigos decultivo são primordiais na reduçãode doenças foliares do tomateiropelo desfavorecimento do ambien-te à severidade das doenças.Martins (1991), cultivando tomatei-ro em ambiente protegido e a céuaberto, constatou que a proteçãoplástica proporciona redução do pe-ríodo de molhamento foliar, dimi-nuindo as doenças foliares.

A produção de frutos comerciaisfoi maior nos ambientes cobertoscom plástico e providos de telasantiinsetos nas laterais, indepen-dentemente da tela empregada. Noabrigo de cultivo coberto porpolietileno, mas sem tela (T4), aprodução comercial de frutos foimaior que no ambiente do abrigorevestido totalmente por tela citros(T5) e a céu aberto (T6) (Tabela 1).Os insetos-pragas e a requeima(Phytophthora infestans) foram osprincipais causadores da redução daprodução de tomates comerciais.

Mesmo apresentando produçãototal de frutos similar à dos abrigoscobertos por polietileno e protegi-dos por tela, o abrigo de cultivo co-berto com polietileno sem tela naslaterais (T4) teve a produção de to-mates comerciais reduzida pelo ata-que de pragas. Este resultado con-fere com os de Baker & Jones (1989)e Bell & Baker (1997), que relatamque a utilização de telas em ambi-entes protegidos reduz a ocorrên-cia de insetos e garante maiorpercentual de produto comercial.

Os insetos-pragas incidentes fo-ram a broca-pequena-do-fruto, asbrocas-grandes e a traça-do-tomatei-ro (Tabela 2). O maior percentualde frutos atacados por insetos-pra-gas ocorreu nos ambientes despro-vidos de telas antiinsetos (T4 e T6),

e o menor, nos ambientes providosde tela.

As telas avaliadas constituíram-se em barreiras físicas para preve-nir o ataque de insetos-pragas semprejudicar a produção de frutos. Noentanto, verificou-se em teste

Tabela 2. Porcentagem de tomates atacados por broca-pequena-do-fruto(Neoleucinodes elegantalis) ; brocas-grandes (Helicoverpa zea,Pseudoplusia sp., Trichoplusia ni e Spodoptera sp.) e traça-do-tomateiro(Tuta absoluta), constatadas em abrigos de cultivo coberto e não cobertocom polietileno. EE/Itajaí, 2004(1)

Broca-pequena- Broca- Traça-do- TotalTratamento do-fruto(2) grande tomateiro

.........................................%.......................................T6 27,49 a2 22,19 a 4,15 a 53,83 aT4 28,44 a 20,04 a 5,06 a 53,54 aT2 0,55 b 5,01 b 1,43 b 6,99 bT3 1,21 b 4,29 b 0,12 b 5,62 bT5 0,43 b 4,21 b 0,21 b 4,85 bT1 0,61 b 1,11 b 0,94 b 2,66 bCV 23,02 33,98 53,32 14,91CV = coeficiente de variação.(1)Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a1% de probabilidade.(2)Produção total de frutos = 100%.T1 = em abrigo de cultivo coberto com polietileno e com tela antiafídeo nas laterais.T2 = em abrigo de cultivo coberto com polietileno e com tela citros nas laterais.T3 = em abrigo de cultivo coberto com polietileno e com tela clarite nas laterais.T4 = em abrigo de cultivo coberto com polietileno e sem tela nas laterais.T5 = em abrigo de cultivo sem polietileno na cobertura, mas totalmente revestido detela citros.T6 = em cultivo a céu aberto.

Tabela 1. Produção total e comercial de tomates obtidos em abrigo decultivo coberto e não coberto com polietileno. Itajaí, SC, 2004

Tratamento Produção(1)

Total Comercial.......................t/ha.........................

T4 81,55 a 38,19bT3 80,52 a 69,11 aT2 79,51 a 64,55 aT1 73,06 a 64,69 aT6 38,04 b 16,52 cT5 24,09 b 15,52 cCV (%) 12,53 16,70CV = coeficiente de variação.(1)Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 1%.Notas: T1 = em abrigo de cultivo coberto com polietileno e com tela antiafídeo naslaterais.T2 = em abrigo de cultivo coberto com polietileno e com tela citros nas laterais.T3 = em abrigo de cultivo coberto com polietileno e com tela clarite nas laterais.T4 = em abrigo de cultivo coberto com polietileno e sem tela nas laterais.T5 = em abrigo de cultivo sem polietileno na cobertura, mas totalmente revestido detela citros.T6 = em cultivo a céu aberto.

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probatório de laboratório, realizadona Epagri/Estação Experimental deItajaí pelo pesquisador M.Sc. Rena-to Arcangelo Pegoraro, que a telaclarite não impede totalmente apassagem de adultos da traça-do-tomateiro. Por outro lado, a incidên-cia de alguns insetos-pragas, mes-mo nos ambientes com tela, podeser atribuída à presença de pupasno solo, no composto utilizado naadubação ou por descuido na entra-da de pessoas nos abrigos.

Quanto ao custo das telasantiinsetos, a tela antiafídeo era30% mais cara que a tela citros, eesta, por sua vez, apresenta umcusto 25% superior ao da clarite.Desta maneira, baseado no custo eno fato de que a tela clarite podenão impedir totalmente a passagemde adultos da traça-do-tomateiro,recomenda-se a utilização da telaantiinsetos citros.

A produção comercial foi em mé-dia de 6,4kg/m2 nos abrigos com telae de 3,8kg/m2 no abrigo sem tela.Com isto, o uso da tela antiinsetosproporcionou um acréscimo de 2,6kg/m2 de frutos comerciais.

Conclusão

A tela antiinsetos tipo citros éeficaz barreira física às brocas e àtraça-do-tomateiro, podendo serempregada para evitar o dano des-tas pragas na produção comercial detomate em abrigos de cultivo cober-tos com polietileno.

Agradecimentos

Ao Projeto de Apoio ao Desen-volvimento de TecnologiasAgropecuárias para o Brasil –Prodetab – pelo apoio financeiro; àEmpresa Brasileira de PesquisaAgropecuária e à Fundação de Apoioao Desenvolvimento Rural Susten-tável pela administração dos recur-sos financeiros; e à UniversidadeFederal de Santa Catarina, parcei-ra neste projeto financiado peloBanco Mundial.

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Efeito da calda bordalesa e de produtos alternativosEfeito da calda bordalesa e de produtos alternativosEfeito da calda bordalesa e de produtos alternativosEfeito da calda bordalesa e de produtos alternativosEfeito da calda bordalesa e de produtos alternativosno manejo da requeima do tomateiro, sob cultivono manejo da requeima do tomateiro, sob cultivono manejo da requeima do tomateiro, sob cultivono manejo da requeima do tomateiro, sob cultivono manejo da requeima do tomateiro, sob cultivo

orgânico, no Litoral Sul Catarinenseorgânico, no Litoral Sul Catarinenseorgânico, no Litoral Sul Catarinenseorgânico, no Litoral Sul Catarinenseorgânico, no Litoral Sul Catarinense

Luiz Augusto Martins Peruch1, Antônio Carlos Ferreira da Silva2 e Andrey Martinez Rebelo3

Resumo – Avaliaram-se diferentes tipos e concentrações de produtos alternativos comparados com calda bordalesano manejo da requeima do tomateiro sob cultivo orgânico. Ácidos cítricos, algas, calda bordalesa, extratos vege-tais, compostos de microrganismos e silicatos foram testados em três experimentos sob condições de campo. Adoença foi quantificada pela determinação de sua área abaixo da curva de progresso (AACPD) e taxa de progresso(“r”). Determinou-se a produtividade total e comercial de frutos dos diversos tratamentos, utilizando-se a cultivarde tomate Santa Clara. Os tratamentos foram comparados pelo teste de Scott-Knott (P < 0,05). A calda bordalesa0,5% proporcionou reduções significativas de 67%, 35% e 49% da AACPD, assim como 50%, 16% e 30% da taxa “r”nos plantios de primavera 2004 e 2005 e outono-inverno/2006, respectivamente. O efeito da calda bordalesa 0,5%na produtividade variou conforme a época de plantio, alcançando produtividades superiores de até 114% emrelação aos outros tratamentos. Nenhum dos produtos alternativos foi eficiente no manejo da doença e no au-mento da produtividade.Termos para indexação: Phytophthora infestans, extratos vegetais, produtividade.

Effect of Bordeaux mixture and alternative products in themanagement of late blight of tomato under organic system at the

Southern Coast of Santa Catarina

Abstract – The effects of different types and concentrations of alternative products were evaluated for thecontrol of late blight of tomato in organic production. Citric acids, algae, bordeaux mixture, microorganismsolutions, vegetable extracts and silicates were tested in three experiments under field conditions at the SouthernCoast of Santa Catarina. The disease was quantified by the area under the disease progress curve (AUDPC) andprogress rate (r). The total and commercial yields were also determined. Experiments were conducted in completelyrandomized design with four replications. Treatments were compared with Scott-Knott test (P < 0,05). Bordeauxmixture 0,5% reduced AUDPC by 67%, 35% and 49%, as well as disease progress rate were 50%, 16% and 30%compared with control in spring 2004, spring 2005 and autumn 2006, respectively. The yield was affected by theseason of the year and Bordeaux mixture yielded 114% more compared to other treatments. None of the alternativeproducts influenced the yield and the control of the late blight of tomato.Index terms: Phytophthora infestans, plant extracts, yield.

Introdução

O panorama atual demonstraque a produção e o consumo de pro-dutos orgânicos vêm crescendo con-

tinuamente nos últimos anos noBrasil e no mundo. Segundo esti-mativas, o mercado mundial crescecerca de 20% a 40% por ano, sendoque os consumidores estão cada vez

mais atentos às questões de quali-dade e benefícios de uma alimenta-ção saudável (Silva et al., 2004).

O hábito de consumo das horta-liças, em especial o tomate na for-

Aceito para publicação em: 9/2/08.1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Urussanga, C.P. 49, 88840-000 Urussanga, SC, fone: (48) 3465-1209, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Urussanga, e-mail: [email protected]êutico industrial, M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, e-mail: [email protected].

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ma de salada produzido no sistemaconvencional, representa um sériorisco à saúde do consumidor em fun-ção da presença de resíduos quandoexpostas ao uso de agrotóxicos uti-lizados de forma inadequada. A pul-verização de produtos nãoregistrados, sem respeitar os pra-zos de carência e freqüentementecom doses incorretas, torna o toma-te uma das espécies cultivadas commais problemas de resíduos nos fru-tos. Pesquisa da Agência Nacionalde Vigilância Sanitária – Anvisa –em parceria com a FundaçãoOswaldo Cruz – Fiocruz – com fru-tas e hortaliças revelou que, das1.278 amostras coletadas, 81,2%exibiam resíduos de agrotóxicos.Deste total, cerca de 22,1% mostra-ram percentuais que excederam oslimites máximos permitidos pelalegislação. Morango, mamão e to-mate foram as mais contaminadas(Idec, 2007).

As doenças e pragas têm limita-do a expansão do cultivo orgânicode tomate, pois poucos são osinsumos que são permitidos ou co-nhecidos para o manejofitossanitário. Dentre as doençasdestacam-se a requeima, vira-cabe-ça e alternariose. A requeima,causada por Phytophthora infestans(Mont.) de Bary, é uma das maisdestrutivas, sendo que, em condi-ções favoráveis ao desenvolvimen-to e sem adoção de medidas de con-trole, pode provocar perdas totais deprodução. Segundo Mizubuti (2001),os principais métodos culturais re-comendados no manejo da requei-ma são: sistemas de condução,espaçamento mais amplo e plantioem locais com pouca umidade. Alémdos métodos culturais, recomenda-se a calda bordalesa, embora nãoseja permitida por todas ascertificadoras. Souza (2003), culti-vando tomate orgânico em nove sa-fras, alcançou rendimento médio de34,5t/ha e produtividades que varia-ram de 17,8 a 51,6t/ha de frutos co-merciais utilizando a caldabordalesa 1%. Bettiol et al. (2004)obteve rendimentos de 6,7 a 7,6t/hautilizando-se misturas de extratosvegetais e calda bordalesa 1%.

De acordo com Oltramari et al.(2002), os métodos de manejo de

doenças e pragas mais utilizadospelos produtores orgânicos de San-ta Catarina são: aplicação debiofertilizantes (52%), uso de caldabordalesa e sulfocálcica (48%) e apli-cação de extratos vegetais (40%).Ácidos cítricos, algas, biofer-tilizantes, extratos vegetais (Galvãoet al., 2006; Resende et al., 2006),preparados homeopáticos (Rolin etal., 2005) e silicatos (Moraes et al.,2006) são alguns dos exemplos desubstâncias com grande potencialpara manejo de doenças na agricul-tura orgânica. Por outro lado,biofertilizantes, cinzas de casca dearroz, extratos vegetais, leite cru,óleos vegetais e preparados home-opáticos não foram eficientes nomanejo da requeima do tomateiro(Peruch & Silva, 2005; Diniz et al.,2006).

Dentre as possíveis fontes desubstâncias fungicidas para uso naagricultura orgânica destacam-se osextratos vegetais. Os modos de açãodos diferentes extratos geralmenteestão relacionados com diferentesmecanismos, como a nutrição vege-tal e a indução de resistência. A algaU. fasciata, por exemplo, atua atra-vés da ativação de resistênciainduzida (Cluzet et al., 2004), en-quanto a cavalinha (Equisetumhyemaleae) é rica em silicatos(Wistinghausen et al., 1998). Testescom oito diferentes plantas revela-ram potencial dos extratos vegetaisde Rheum rhabarbarum Solidagocanadensis no manejo da requeimaem batata (Stephan et al., 2005).

O objetivo deste trabalho foi ava-liar o efeito de substâncias alterna-tivas e da calda bordalesa no mane-jo da requeima e na produtividadedo tomateiro sob cultivo orgânico noLitoral Sul Catarinense.

Metodologia

Os experimentos foram condu-zidos na Epagri/Estação Experimen-tal de Urussanga, no Litoral SulCatarinense, em solo Podzólico Ver-melho-Amarelo cascalhento epieu-trófico ócrico (argissolo de origemgranítica), situada nas coordenadasgeográficas 28o31’ sul, 49o19’ oestee altitude de 48m, nos períodos deagosto a dezembro de 2004 e 2005 e

abril a julho de 2006.As substâncias e concentrações

avaliadas nos três experimentosestão relacionadas nas Tabelas 1 e2. Os extratos vegetais foram pre-parados pelo método de extraçãohidroalcoólica: as plantas foram co-lhidas, rasuradas e secas entre 45 a50oC em secador com ar forçado. Emseguida, foram moídas em moinhode martelo, pesadas e colocadas emfunil de separação. A cada 1kg domaterial vegetal adicionou-se umasolução hidroalcoólica (água:etanol, 1:1) cobrindo toda a massa.A mistura permaneceu em localfresco, fechado e ao abrigo da luzpor 7 dias, completando quando ne-cessário. No fim deste período, se-parou-se a fração líquida e sólida porfiltração sob pressão em funil deBuchiner, descartando a matriz só-lida, e com rotoevaporador compressão negativa e banho-mariaentre 45 a 50oC concentrou-se a so-lução até o volume igual ao da mas-sa vegetal seca empregada, resul-tando em 1L de extrato fluido. Osprodutos comerciais à base debiomassa cítrica foram adquiridosjunto aos fornecedores, sendo asua composição média a seguin-te: biomassa cítrica I - Ecolife(400g/L de bioflavonóides,fitoalexinas cítricas, ácido cítrico,açúcares, ácidos graxos eglicerídeos, 20g/L de ácidos orgâni-cos); biomassa cítrica II - Biogermex(ácidos orgânicos, bioflavonóides,fitoalexinas cítricas, ácido cítrico,açúcares, ácidos graxos eglicerídeos); Bugram (silicato)(3,38% Al2O3, 94,6% SiO2, 0,42%CaO, 0,34% TiO2, 0,44% MgO,0,18% Na2O, 0,11% K2O, 0,01%MnO, 0,23% Fe2O3, 0,10% P2O5);Rocksil (argila silicatada) (20%Al2O3, 17,43% SiO2, 9,82% S, 1,31%CaO, 0,34% TiO2, 0,18% MgO,0,16% Fe2O3, 0,10% P2O5). A caldabordalesa foi preparada pela dilui-ção separada do sulfato de cobre ecal virgem em água. Em seguida,derramou-se a solução de cal sobrea de sulfato de cobre, medindo-se opH com papel indicador. As quanti-dades dos elementos foram pesadaspara que a calda tivesse concentra-ção 0,5%. A testemunha foi pulveri-zada somente com água.

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As substâncias testadas foramdiluídas em água para aplicação nasplantas, sendo as pulverizaçõesefetuadas com um pulverizadorcostal com bico cone cheio com vo-lume de calda variando de 930 a1.562L/ha, conforme o estádio dedesenvolvimento das plantas.

As mudas de tomate cultivarSanta Clara foram produzidas, sobcultivo protegido, em copos de re-frigerantes descartáveis, utilizando-se como substrato um composto or-gânico. As mudas foram trans-plantadas cerca de 30 dias após asemeadura, em 16/9/2004 (primave-

ra/2004), 29/8/2005 (primavera/2005) e 20/3/2006 (outono-inverno/2006). Em todos os experimentosadotou-se o sistema de cultivo mí-nimo, abrindo-se apenas os sulcos,deixando-se nas entrelinhas a cul-tura da aveia-preta (Avena sativa)no plantio de primavera e plantas

Tabela 1. Taxa de progresso (“r”) e área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) da requeima(Phytophthora infestans) em tomate, sob cultivo orgânico, submetido a tratamentos com argilas silicatadas,biomassa cítrica, calda bordalesa, extratos vegetais, compostos de microrganismos e silicatos em três experi-mentos, no período de 2004 a 2006 em Urussanga, SC. Epagri/EEUR, 2008

Plantio de Plantio de Plantio de outono-Tratamento primavera/2004 primavera/2005 inverno/2006

Conc. Doença(1, 2) Conc. Doença(1, 2) Conc. Doença(1, 2)

% r AACPD % r AACPD % r AACPDExtr. cavalinha 1,0 0,034 A 642 A 2,5 0,031 A 959 A 4,0 0,031 A 843 ASilicato 0,5 0,033 A 769 A 1,0 0,030 A 989 A - - -Comp. microrg. - - - 1,0 0,030 A 978 A - - -Ext. urtiga 1,0 0,032 A 785 A 2,5 0,030 A 940 A 4,0 0,031 A 831 AArg. silicatada - - - 2,0 0,030 A 990 A 2,0 0,032 A 647 BBiom. cítrica 2 0,2 0,032 A 836 A - - - - - -Alga U. fasciata 1,0 0,031 A 737 A 1,0 0,030 A 961 A 1,0 0,034 A 717 BBiom. cítrica 1 0,2 0,030 A 777 A 0,2 0,029 A 1.015 A 0,4 0,033 A 609 BTestemunha - 0,030 A 835 A - 0,031 A 902 A - 0,033 A 711 BCalda bordalesa 0,5 0,017 B 212 B 0,5 0,026 B 582 B 0,5 0,023 B 365 CCV (%) 14,0 27,9 5,8 7,8 10,1 7,5Prob. F> 0,001 0,002 0,02 0,0001 0,001 0,0001

(1)Teste de separação de médias de Scott-Knott aplicado a 5% de probabilidade. Médias com letras iguais nas colunas não diferemsignificativamente.(2)Taxa “r” e AACPD calculadas a partir da severidade da doença determinadas em sete avaliações após o início da epidemia.Notas: Conc. = concentração; Estr. = extrato; CV = coeficiente de variação; Prob. = probabilidade.

Tabela 2. Produtividade total e comercial de frutos de tomate, sob cultivo orgânico, submetidos a tratamentoscom biomassa cítrica, calda bordalesa, compostos de microrganismos, extratos vegetais e silicatos nos plantios deprimavera/2004 e outono-inverno/2006 em Urussanga, SC. Epagri/EEUR, 2007

Tratamento Plantio de primavera/2004 Plantio de outono-inverno/2006 Conc. Produtividade Conc. Produtividade

Total Comercial Total(1) Comercial% ...........kg/parcela............ % ...........kg/parcela............

Extr. cavalinha 1,0 35,0 24,9 4,0 3,5 b 0,0Silicato 0,5 36,2 21,8 - - -Extr. urtiga 1,0 40,2 26,9 4,0 2,7 b 0,0Arg. silicatada - - - 2,0 3,5 b 0,0Biom. cítrica 2 0,2 35,2 25,1 - - -Alga U. fasciata 1,0 35,8 22,3 1,0 2,9 b 0,0Biom. cítrica 1 0,2 35,0 23,8 0,4 4,2 b 0,9Testemunha - 36,3 26,5 - 2,8 b 0,0Calda bordalesa 0,5 36,8 21,3 0,5 6,0 a 4,1CV (%) 13,3 13,2 28,5 -Prob. F> n.s. n.s. 0,003 -

(1)Teste de separação de médias de Scott-Knott aplicado a 5% de probabilidade. Médias com letras iguais na coluna não diferemsignificativamenteNotas: Conc. = concentração; Extr. = extrato; CV = coeficiente de variação; Prob. = probalidade.

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espontâneas no plantio de outono-inverno. As adubações de base fo-ram realizadas no sulco, utilizando-se composto orgânico (cama de avi-ário + capim-elefante anão) ou camade aviário, conforme recomendaçãoda Sociedade Brasileira de Ciênciado Solo (2004) e baseadas na análi-se do solo e do adubo orgânico. Aos30 dias após o transplante, realizou-se a adubação de cobertura comcomposto orgânico, numa faixa de20cm ao lado das plantas, seguindoa recomendação da Sociedade...(2004). O sistema de condução utili-zado foi o tutoramento vertical, sen-do as desbrotas e os amarrios reali-zados semanalmente, a partir dos20 dias após o transplante. As plan-tas espontâneas foram manejadasatravés de capinas nas linhas deplantio, por ocasião das adubaçõesde cobertura. Nas entrelinhas man-teve-se uma cobertura de aveia-pre-ta no plantio de primavera e plan-tas espontâneas no plantio de outo-no-inverno. Irrigações porgotejamento foram realizadas,quando necessárias. O manejo depragas, tais como a broca-do-frutoe a traça, foi feito semanalmente, apartir do início da floração, com pro-dutos à base de Bacillusthuringiensis.

Avaliou-se a severidade da doen-ça nas folhas com o auxílio de umaescala diagramática em quatro ra-mos previamente marcados na plan-ta. A escala da requeima utilizadafoi composta de cinco classes deárea lesionada: zero, 1%, 10%, 25%e 50% (Azevedo, 1997). A doença foiquantificada a partir de seu apare-cimento em sete avaliações até atin-gir o seu grau máximo nos trata-mentos. Os dados de severidade fo-ram utilizados para determinar aárea abaixo da curva de progressoda doença (AACPD), taxa de pro-gresso (“r”) e a plotagem das curvasde progresso da doença. A produti-vidade dos tratamentos foi avaliadapela contagem, pesagem e classifica-ção dos frutos totais e comerciais.

O delineamento experimentalfoi inteiramente casualizado comquatro repetições, estando a parce-la útil (3m2) com seis plantas, espa-çadas em 1m entre linhas por 0,5mna linha, no plantio de primaverade 2004. Nos plantios de primavera

de 2005 e outono-inverno de 2006 aparcela útil (3,75m2) constou de cin-co plantas, espaçadas em 1,5m en-tre linhas por 0,5m na linha. Asvariáveis avaliadas foram submeti-das à análise de variância, e as mé-dias, comparadas pelo teste deScott-Knott a 5% de probabilidade.

Resultados e discussão

Nos três experimentos verificou-se que a calda bordalesa 0,5% des-tacou-se dos demais tratamentospara AACPD e taxa “r” (Tabela 1).Comparando-se com a testemunha,a calda bordalesa reduziu a AACPDem 67%, 35% e 49% nos anos de2004, 2005 e 2006, respectivamen-te. Diferenças entre os outros tra-tamentos foram verificadas somen-te no experimento do outono-inver-no/2006, pois a testemunha, argilasilicatada 1%, biomassa cítrica 1%e alga 1% foram similares entre si,mas superiores aos extratos decavalinha e de urtiga (Urtiga dioica)na análise da AACPD.

No cálculo das taxas “r”, anali-sando-se o quadrado médio do resí-duo e o coeficiente de determina-ção, verificou-se que o melhor ajus-te para descrever o desenvolvimen-to da doença foi obtido pelo modelode Gompertz. Somente a caldabordalesa 0,5% reduziu a taxa dedesenvolvimento da requeima em50%, 17% e 30% nos plantios de pri-mavera/2004, primavera/2005 e ou-tono-inverno/2006, respectivamen-te, confirmando os resultados obti-dos com AACPD.

A calda bordalesa 0,5% foi o tra-tamento que se destacou no mane-jo da doença. Muito embora algu-mas certificadoras limitem seu uso,esta mostrou ser uma importanteferramenta no manejo da requeima.Resultados semelhantes foram ob-tidos em outros estudos que de-monstraram, mesmo em condiçõesfavoráveis, que é possível manejara doença com doses de 0,3% a 0,5%em vez de 1% a 2% (Diniz et al.,2006; Tagliari, 2007).

Apesar dos resultados promisso-res em outros patossistemas(Hanada, 2004; Galvão et al., 2006),a biomassa cítrica nas doses de 0,2%a 0,4% não foi eficiente no manejoda requeima. Embora tenham sido

utilizadas doses maiores do que asrecomendadas (150 a 200ml), não seconstatou nenhuma redução da se-veridade da doença.

Muito embora o extrato decavalinha não tenha reduzido o de-senvolvimento da doença nos expe-rimentos, Grisa (2003) controlou arequeima do tomateiro nas concen-trações de 20 e 50g/L em casa devegetação. As condições de cultivo(campo x casa de vegetação) e a for-ma de preparo do extrato da planta(método biodinâmico x extraçãohidroalcoólica) nos experimentossão responsáveis pelas diferençasnos resultados obtidos.

O efeito dos tratamentos sobrea produtividade do tomateiro variouconforme a época de plantio. A pro-dutividade do tomate no plantio deprimavera/2004 não diferiu estatis-ticamente entre os tratamentos (Ta-bela 2), mesmo com a redução daAACPD e taxa “r” proporcionadapela calda bordalesa 0,5% (Tabela 1e Figura 1). Este fato está relacio-nado ao aparecimento da doençasomente após os 85 dias após otransplante (DAT), quando os cachosde tomate já estavam formados edesenvolvidos (Figura 1A). Por ou-tro lado, no plantio de primavera/2005 a requeima iniciou logo no iní-cio de desenvolvimento da cultura,ou seja, aos 40 DAT (Figura 1B), eavançou rapidamente influenciadapelas precipitações elevadas(316,7mm) e temperatura médiaamena (19,4oC) no mês de outubro.No plantio de outono-inverno/2006a doença ocorreu a partir dos 46DAT (Figura 1C), sendo que a caldabordalesa 0,5% conferiu a proteçãonecessária, proporcionando produ-tividade 114% maior em compara-ção à testemunha. Em função daalta severidade da doença no inícioda floração, a produtividade da cul-tura foi totalmente e parcialmentecomprometida na primavera/2005 eoutono/2006.

Produtos alternativos podem in-fluenciar positiva ou negativamen-te a cultura pelo fornecimento denutrientes ou causar fitotoxidez notomateiro. Apesar da ineficiênciaverificada pelos extratos vegetaistestados, deve-se continuar avalian-do o potencial destas substânciasalternativas. Novas dosagens, for-

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mas de preparo dos extratos, perío-dos prévios de aplicação, modos deação (Stephan et al., 2005; Peruch& Silva, 2005) e outros aspectosimportantes neste patossistemadevem ser averiguados. Pesquisascom produtos alternativos em toma-te devem seguir em razão da res-trição da calda bordalesa por algu-mas certificadoras.

Conclui-se que é possível mane-jar a requeima do tomateiro em sis-tema orgânico de produção com cal-da bordalesa 0,5%.

Literatura citada

1. AZEVEDO, L.A.S. Manual dequantificação de doenças de plantas.São Paulo: Novartis, 1997. 114p.

2. BETTIOL, W.; GHINI, R.; GALVÃO,J.A.H. et al. Organic and conventionalcropping systems. Scientia Agricola,Piracicaba, v.61, n.3, p.253-259, 2004.

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6. GRISA, I.M. Controle alternativo darequeima (Phytophthora infestans(Mont.) de Bary) e oidio (Oidiumlycopersic) na cultura do tomate emcultivo protegido: avaliação do efeitofitoprotetor de extratos aquosos decavalinha (Equisetum hyemale L.) e decinzas de cascas de arroz. 2003, 58f.Dissertação (Mestrado em Agro-ecossistemas) – Universidade Federalde Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

7. HANADA, R.E.; GASPAROTTO, L.;PEREIRA, J.C.R. Eficiência dedesinfestantes na erradicação deconídiosde Mycosphaerella fijiensisaderidos à superfícies de bananas.Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.29,n.1, p.94-96, 2004.

Figura 1. Curva de progresso da requeima (Phytophthora infestansMont. De Bary) em plantas de tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.),sob cultivo orgânico, submetidas a pulverizações com biomassa cítrica,calda bordalesa, compostos de microrganismos, extratos vegetais esilicatos em três experimentos, no período de 2004 a 2006: (A) Primavera2004; (B) Primavera 2005; (C) Outono-inverno 2006, em Urussanga,SC. Epagri/EEUR, 2007

0

10

20

30

40

50

60

85 88 92 96 102 106 109

DAT

Se

ve

rid

ad

e(%

)

alga 1%

terra diatomácea 0,5%

biomassa cí t rica 1- 0,2%

biomassa cí t rica 2 - 0,2%

ext . urt iga 2,5%

ext . cavalinha 2,5%

testemunha

calda bordalesa 0,5%

Alga 1%Terra diatomácea 0,5%Biomassa cítrica 1 a 0,2%Biomassa cítrica 2 a 0,2%Extr. urtiga 2,5%Extr. cavalinha 2,5%TestemunhaCalda bordalesa 0,5%

(A)

0

10

20

30

40

50

60

40 43 46 54 57 61 68

DAT

Severi

dad

e(%

)

Ext. Urt iga 2,5%

argila silicatada 2%

Testemunha

Alga 1%

Terra diatomácea 1%

M icrorganismos ef icazes 1%

Ext. cavalinha 2,5%

Biomassa cítrica

Calda bordalesa 0,5%

(B)

Extr. urtiga 2,5%Argila silicatada 2%TestemunhaAlga 1%Terra diatomácea 1%Microorganismos eficazes 1%Extr. cavalinha 2,5%Biomassa cítricaCalda bordalesa 0,5%

0

10

20

30

40

50

60

46 49 53 56 60 65 71

DAT

Se

ve

rid

ad

e(%

)

alga 1%

argila silicat ada 2%

biomassa cí t r ica 0,4%

ext . urt iga 4%

ext . cavalinha 4%

t est emunha

calda bordalesa 0,5%

Alga 1%Argila silicatada 2%Biomassa cítrica 0,4%Extr. urtiga 4%Extr. cavalinha 4%TestemunhaCalda bordalesa 0,5%

Nota: DAT = dias após o transplante.

(C)

1% a 0,2%2% a 0,2%

Microrganismos

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65Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

8. IDEC. Resultados divulgados pelaAnvisa sobre a monitoração deagrotóxicos em alimentos em 07/10/2005. Disponível em: <http://www.idec.org.br/emacao.asp?id=1006>.Acesso em: 13/08/2007.

9. MIZUBUTI, E.S.G. Requeima ou melada batata e do tomate. In: LUZ, E.D.N.;SANTOS, A.F.; MATSUOKA, K. et al.(Eds.). Doenças causadas porPhytophthora no Brasil. Campinas:Editora Rural, 2001. p.100-174.

10. MORAES, S.R.G.; POZZA, E.A.;ALVES, E. et al. Efeito de fontes desilício na incidência e severidade daantracnose do feijoeiro. FitopatologiaBrasileira, Brasília, v.31, n.1, p.69-75,2006.

11. OLTRAMARI, A.C.; ZOLDAN, P.;ALTMANN, R. Agricultura orgânicaem Santa Catarina. Florianópolis: Ins-tituto Cepa/SC, 2003. 55p.

12. PERUCH, L.A.M.; SILVA, A.C.F. da.Fungicidas alternativos no manejo darequeima do tomateiro sob cultivo or-gânico. In: CONGRESSO BRASILEI-

RO DE AGROECOLOGIA, 3., 2005,Florianópolis, SC. Anais ... Floria-nópolis: Epagri/UFSC, 2005. CD-Rom.

13. RESENDE, M.L.V.; ARAÚJO, D.V.;COSTA, J.C.B. et al. Produtosindutores à base de bioindutores deresistência em plantas. Revisão Anualde Patologia de Plantas, Passo Fundo,v.14, p.363-382, 2006.

14. ROLIN, P.R.R.; TOFOLI, J.G.;DOMINGUES, R.J. Preparados home-opáticos em tratamento pós-colheita detomate. In: CONGRESSO BRASILEI-RO DE AGROECOLOGIA, 3., 2005,Florianópolis, SC. Anais ... Floria-nópolis: Epagri/UFSC, 2005. CD-Rom.

15. SILVA, M.C.; BARNI, E.J.; TREVISAN,I. Hábitos de consumo e preferênciasalimentares de consumidores de pro-dutos orgânicos – legumes e verduras.Florianópolis: Epagri, 2004. 40p.(Epagri. Documentos, 214).

16. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊN-CIA DO SOLO. Manual de adubação ecalagem para os Estados do Rio Gran-de do Sul e de Santa Catarina. 10.ed.

Porto Alegre, RS: SBCS/Núcleo Regi-onal Sul; Comissão de Química e Fer-tilidade do Solo-RS/SC, 2004. 394p.

17. SOUZA, J.L. de. Cultivo orgânico dabatata. In:. SOUZA, J.L. de;RESENDE, P. (Ed.). Manual dehorticultura orgânica. Viçosa: Apren-da Fácil, 2003. p.281-288.

18. STEPHAN, D.; SCHMITT, A.; CAR-VALHO, S.M. et al. Evaluation ofbiocontrol preparations and plantextracts for the control ofPhytophthora infestans on potatoleaves. European Journal of PlantPathology , Dordrech, v.112, p.235-246, 2005.

19. TAGLIARI, P. Técnicos e agriculto-res catarinenses desenvolvem toma-te orgânico. AgropecuáriaCatarinense, Florianópolis, v.20, n.1,p.28-30, 2007.

20. WISTINGHAUSEN, C.V.; SCHEIBE,E.V.; WISTINGHAUSEN, V.J. et al.Anleitung zur herstellung derbiologisch-dynamischen praparate.Arbeitsheft nr.1. Stuttgart, 3. 1998.

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Avaliação de fontes e doses de nitrogênio naAvaliação de fontes e doses de nitrogênio naAvaliação de fontes e doses de nitrogênio naAvaliação de fontes e doses de nitrogênio naAvaliação de fontes e doses de nitrogênio naprodutividade de forragem de gramíneas anuaisprodutividade de forragem de gramíneas anuaisprodutividade de forragem de gramíneas anuaisprodutividade de forragem de gramíneas anuaisprodutividade de forragem de gramíneas anuais

de estação fria e quente, em sucessãode estação fria e quente, em sucessãode estação fria e quente, em sucessãode estação fria e quente, em sucessãode estação fria e quente, em sucessão

Eloi Erhard Scherer1 e Cristiano Nunes Nesi2

Aceito para publicação em 28/1/08.1Eng. agr., Dr., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar – Cepaf –, C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49)3361-0600, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Cepaf, e-mail: [email protected].

Resumo – Entre os nutrientes essenciais, o nitrogênio é exigido em maior quantidade pelas gramíneas, sendonormalmente o principal responsável pelo aumento de produtividade. Este estudo teve por objetivo avaliarfontes e doses de N em gramíneas forrageiras de inverno (aveia-preta + azevém) e de verão (sorgo forrageiro emilheto) cultivadas em sucessão. Os tratamentos constaram de duas fontes de N, nitrato de amônio e esterco desuínos, aplicadas nas doses de zero, 60, 120 e 180kg de N/ha, em duas épocas: na semeadura da cultura e após oprimeiro corte. Houve resposta das forrageiras às doses de N aplicadas, sem diferença entre fontes. O rendi-mento máximo de matéria seca das gramíneas de inverno (aveia-preta + azevém) foi alcançado com a aplicaçãoentre 150 e 160kg/ha de N. No caso das gramíneas tropicais (sorgo e milheto), a resposta à adubação foi em gerallinear até os 180kg/ha de N aplicados.Termos para indexação: esterco de suínos, nitrato de amônio, gramíneas forrageiras, matéria seca, produti-vidade.

Sources and doses of nitrogen on forage yield of winter and summer grass species in sequential cropping

Abstract – Manure, if managed and used properly, is a good source of nutrients for crop production, andnitrogen is the most important plant nutrient to improve forage production. The objective of this study was tocompare forage production of winter species (black oat + italian ryegrass) and summer species (sorghum orpearl millet) in sequencial cropping with organic and mineral nitrogen fertilizer. The treatments consisted of acombination of two nitrogen sources: ammonium nitrate and pig slurry, with four levels of N (zero, 60, 120 and180kg/ha), applied at the plant sowing or after the first cut. Two cuttings were made to determine dry matteryield. Results indicate that both sources of N increased dry matter yield and there was no difference betweenthe two sources. The maximum dry matter yield with winter grasses (black oat + italian ryegrass) was obtainedwith doses of N between 150 and 160 kg/ha. With summer annual grasses, the response to N was linear up tothe level of 180kg/ha.Index terms: pig slurry, ammonium nitrate, forage grasses, dry matter, yield.

Introdução

A atividade leiteira está pre-sente em praticamente todas aspequenas propriedades rurais doOeste Catarinense, conferindo àregião o status de mais importan-

te bacia leiteira do Estado. A regiãoé responsável por mais de 70% daprodução estadual de leite, envolven-do aproximadamente 50 mil produ-tores (Síntese..., 2006).

O sucesso da atividade na regiãodeve-se à alimentação dos animais

principalmente à base de pasto, oque reduz os custos (Seifert &Graeff, 1995). Porém, este sistemade produção é bastante dependen-te das condições de solo e clima,principalmente do manejo da adu-bação e das precipitações, que afe-

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67Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

tam diretamente a produtividade ea qualidade da forragem.

Vários são os trabalhos de pes-quisa que mostram uma significa-tiva resposta das gramíneasforrageiras à adubação nitro-genada, com altas produtividadesde matéria seca (Hart & Burton,1965; Medeiros et al., 1978;Moreira et al., 2001), alta qualida-de da forragem (Roso et al., 1999 e2000; Moreira et al., 2001;Heringer & Moojen, 2002) e bomdesempenho animal em pastejo di-reto (Cóser & Maraschin, 1983;Lupatini et al., 1998; Moojen et al.,1999; Difante et al., 2006). Por ou-tro lado, a adubação é um dos fato-res que mais onera os custos deprodução das gramíneas forra-geiras (Restle et al., 2000).

Uma das alternativas viáveispara redução dos custos de produ-ção das pastagens, sem deixar desuprir os nutrientes necessáriospara se atingirem altas produtivi-dades, é a utilização dos dejetos ani-mais (Durigon et al., 2002). O obje-tivo deste trabalho foi verificar oefeito de doses de nitrogênio, apli-cadas sob a forma de nitrato deamônio e esterco de suínos sobre aprodução de forragem de gramíneasanuais de verão e de inverno culti-vadas em sucessão.

Material e métodos

O experimento foi conduzido naárea experimental da Epagri, noCentro de Pesquisa para Agricul-tura Familiar – Cepaf –, emChapecó, SC (altitude de 679m, la-titude 27o07’sul e longitude52o37'oeste). O clima, segundo aclassificação de Köppen, ésubtropical úmido com verão quen-te (Cfa). O solo é classificado comoLatossolo Vermelho distroférricotípico e apresentou, na implanta-ção do experimento, as seguintescaracterísticas na camada de zeroa 20cm: 63% de argila, 3,4% dematéria orgânica, 5,8 de pH emágua, 9mg/L de P e 155mg/L de K.

O trabalho constituiu-se emduas fases: a primeira iniciou em1996, envolvendo a produção de mi-lho, com aplicação de doses anuaisde esterco de suínos e adubo

nitrogenado, conforme publicadoem Scherer (2001). Concluída estafase, o trabalho teve seqüência comavaliação dos mesmos níveis de adu-bação nitrogenada e esterco de su-ínos em forrageiras de inverno:aveia-preta + azevém (Avenastrigosa Schreb.) + Loliummultiflorum Lam.) e de verão:sorgo forrageiro (Sorghum bicolor)e milheto (Pennisetumamericanum (L) Leeke). No primei-ro ano (2000/01) foi utilizada a su-cessão sorgo forrageiro e aveia-pre-ta + azevém, nos demais anos(2001/02 e 2002/03), milheto no ve-rão e aveia-preta + azevém no in-verno. Após a última safra de mi-lho e antecedendo o sorgoforrageiro, foi realizado um cultivode ervilhaca + aveia-preta,semeadas sem adubação e maneja-das com rolo-faca quando a aveiaencontrava-se na fase de grão lei-toso.

Os tratamentos constaram dasdoses 60, 120 e 180kg de N/ha, pro-vindas das fontes nitrato de amônio(NA) e esterco líquido de suínos(ES), aplicadas em dose única no diada semeadura da cultura (Época 1)ou logo após o primeiro corte (Épo-ca 2). A adubação foi aplicada a lan-ço na superfície do solo, tomandocomo base o teor de N-total de cadafonte de adubo. O delineamentoexperimental foi em blocos ao aca-so com três repetições e tratamen-tos dispostos em esquema fatorial(2 fontes x 2 épocas x 3 doses) comuma testemunha sem adubação. Asunidades experimentais possuíamárea total de 5 x 6m, com uma áreaútil de 4m2 para coleta de materiale avaliação de matéria seca (MS).

A adubação com P e K foi reali-zada em toda a área, seguindo asrecomendações para cada cultura(Sociedade..., 2004). O esterco desuínos apresentou teores médios de3,2; 1,7 e 1,2kg/m3 de N, P

2O

5 e K

2O,

respectivamente. A densidade desemeadura utilizada foi de 40kg/hade sementes de sorgo ou milhetoe 60kg/ha de aveia-preta mais15kg/ha de sementes de azevém(em mistura).

Para avaliação da produção deMS foram realizados dois cortes porcultura. O primeiro corte ocorreuem torno de 65 dias após a emer-

gência, e o segundo, no início doflorescimento. Após cada corte, amassa cortada foi retirada da áreaexperimental, à exceção do segun-do corte de aveia-preta + azevém,em que o material permaneceu naárea, visando o suprimento de pa-lha para dar sustentabilidade ao sis-tema de plantio direto. A aveia-pre-ta foi cortada com motossegadeira,o milheto e o sorgo, com foice. Após,a massa verde da área útil foi pesa-da, e uma amostra foi colocada naestufa a 65oC para determinação damassa seca. Os dados de MS foramsubmetidos à análise de variânciaa 5% de probabilidade. Quando oefeito de dose foi significativo, fo-ram ajustadas funções polinomiaispara cada cultura, corte e fonte, emrelação à dose de N aplicada.

Resultados e discussão

As doses de N tiveram efeito sig-nificativo (p < 0,01) sobre o rendi-mento de MS do sorgo forrageiro(Figura 1). No primeiro corte (Fi-gura 1a), as respostas às doses denitrogênio (N) aplicado na semea-dura (Época 1) puderam serexplicadas por modelos quadrá-ticos, com rendimentos máximos deMS de 11,6 e 11,9t/ha que seriamatingidos, teoricamente, com a apli-cação de 169 e 207kg/ha de N comonitrato de amônio (N-NA) e ester-co de suínos (N-ES), respectiva-mente. Observou-se também umefeito significativo da adubaçãonitrogenada residual, aplicada nacultura do milho, sobre o rendimen-to de massa seca do primeiro cortede sorgo. Esse efeito residual cons-tatado, provavelmente, foi obtidoem decorrência da reciclagem denutrientes proporcionada pelaervilhaca e aveia-preta, cultivadasem sucessão ao milho e manejadasantes do cultivo do sorgo.

O rendimento de MS do segun-do corte (Figura 1b) mostra respos-ta significativa da cultura à aduba-ção nitrogenada aplicada logo apóso primeiro corte. Neste corte, aocontrário do observado no primei-ro, o comportamento foi linear paraas duas fontes, com incrementos de21,9 e 25,7kg de MS para cada kgde N-ES e N-NA aplicado, respecti-

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vamente. Este comportamento pro-dutivo do sorgo forrageiro corrobo-ra com os resultados obtidos pordiversos autores (Hart & Burton,1965; Medeiros et al., 1978; Subbaet al., 1991; Heringer & Moojen,2002) com gramíneas forrageirastropicais, que no geral constataramresposta linear até aplicações de300kg/ha de N.

O N-ES aplicado na semeaduratambém influenciou positivamenteo rendimento de MS do segundocorte (Figura 1b), ao contrário do

N-NA aplicado no primeiro corte,que não influenciou significativa-mente o rendimento de MS no se-gundo corte. Esse resultado podeser explicado pelo fato de o N-NAser totalmente solúvel, sendo facil-mente perdido por lixiviação deNO3, ao contrário do N-ES, que apre-senta parte do N na forma orgânica(Scherer et al., 1996), e mineralizaao longo do ciclo da cultura.

As funções de produção ajusta-das para os rendimentos médios deMS dos 2 anos com milheto (2001/

02 e 2002/03) são apresentadas porcorte, época de aplicação e fonte deN na Figura 2. Tanto no primeirocomo no segundo corte (rebrote), ocomportamento foi linear. No pri-meiro corte (Figura 2a), os incre-mentos no rendimento de MS fo-ram de 26,8 e 28,6kg/ha de MS paracada kg de N-ES e N-NA aplicadona semeadura, respectivamente. Aadubação aplicada na implantaçãoda cultura ainda promoveu aumen-to significativo no rendimento deMS do segundo corte (Figura 2b).Cada kg de N-ES e N-NA resultouem acréscimo de 8,4 e 10,6kg/ha deMS, respectivamente. Na soma dosdois cortes foram obtidos, respecti-vamente, 35,2 e 39,2kg de MS/kgde N-ES e N-NA aplicados na se-meadura. Resultados semelhantesforam obtidos por Medeiros et al.(1978) com produções de 34 a 53kgde MS/kg de N, para os níveis de100 a 300kg/ha de N, e por Moojen(1993), que obteve 31kg de MS/kgde N para os níveis de 150 a300kg/ha de N.

O milheto também apresentouresposta à adubação residual da cul-tura anterior (aveia-preta +azevém), com incrementos de 22 e16,3kg/ha de MS/kg de N-ES eN-NA adicionado (Figura 2a). Essaboa performance da adubação resi-dual possivelmente está relaciona-da à mineralização do nutriente quese encontrava temporariamenteimobilizado na biomassa do solo,em raízes e parte aérea das plan-tas de aveia-preta e azevém, queforam dessecadas em torno de 20dias antes da semeadura domilheto.

A adubação nitrogenada aplicadalogo após o primeiro corte do milhetotambém proporcionou aumentos li-neares de 16,4 e 11,9kg/ha de MSpara cada kg de N-ES e N-NA, res-pectivamente (Figura 2b). Os resul-tados neste sistema de produçãoconfirmam a boa performance daforrageira frente à aplicação de es-terco de suínos, semelhante ao ve-rificado com sorgo forrageiro (Fi-gura 1).

As produções de MS alcançadascom adubação nitrogenada estãodentro da faixa de 15 a 20t/ha obti-das com gramíneas forrageiras tro-

Figura 1. Produção de matéria seca (MS) de sorgo forrageiro em doiscortes em função da aplicação de doses de nitrogênio (N) em duas épocas(E1 = semeadura e E2 = após o primeiro corte), usando como fonteesterco de suínos (ES) e nitrato de amônio (NA). Chapecó, 2007

Sorgo (1º Corte)

Y(NA-E1) = -0,247x2

+ 83,49x + 4563

R2

= 0,90

Y(NA-E2) = 15,15x + 4734

R2

= 0,65

Y(ES-E1) = -0,18x2

+ 72,62x + 4622

R2

= 0,93Y(ES-E2) = -0,24x

2+ 54,05x + 4504

R2

= 0,78

0

3000

6000

9000

12000

0 60 120 180

MS

(kg

/ha

)

ES - E2 ES - E1 NA - E2 NA - E1

Sorgo (Primeiro corte)

(a)

12.000

9.000

6.000

3.000

0600 120 180

Sorgo (2º Corte)

Y(NA-E2) = 25,74x + 7088

R2

= 0,84

Y(ES-E1) = 20,75x + 6960

R2

= 0,62

Y(ES-E2) = 21,96x + 7412

R2

= 0,53

0

3000

6000

9000

12000

0 60 120 180

N (kg/ha)

MS

(kg

/ha)

Sorgo (Segundo corte)

(b)

12.000

9.000

6.000

3.000

0

Sorgo (1º Corte)

Y(NA-E1) = -0,247x2

+ 83,49x + 4563

R2

= 0,90

Y(NA-E2) = 15,15x + 4734

R2

= 0,65

Y(ES-E1) = -0,18x2

+ 72,62x + 4622

R2

= 0,93Y(ES-E2) = -0,24x

2+ 54,05x + 4504

R2

= 0,78

0

3000

6000

9000

12000

0 60 120 180

MS

(kg

/ha

)

ES - E2 ES - E1 NA - E2 NA - E1

Sorgo (Primeiro corte)

(a)

12.000

9.000

6.000

3.000

0600 120 180

N (kg/ha)

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69Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

picais em condições ambientais fa-voráveis. Medeiros et al. (1978) ob-tiveram resposta linear positiva atédoses de 300kg/ha de N, com ren-dimentos de 8 a 18t/ha e Moojen(1993) obteve produções de MS quevariaram de 7 a 16t/ha usando do-ses de zero a 300kg/ha de N.

Os rendimentos de MS dasgramíneas (médias de 3 anos) declima temperado (aveia-preta +azevém) também aumentaram sig-nificativamente com as doses de N(Figura 3). No primeiro corte (Fi-

gura 3a), as respostas dasforrageiras às doses de N aplicadasna semeadura puderam serexplicadas por um modelo linearcom a utilização de N-ES equadrático quando da utilização deN-NA, com máximo rendimento de1,3t/ha de MS na dose 147kg/ha deN. Com a utilização de adubo orgâ-nico, foram obtidos incrementos li-neares de 6,5kg/ha de MS para cadakg de N aplicado. Resultados deLupatini et al. (1998), Roso et al.(1999) e Restle et al. (2000) demons-

tram que a mistura de aveia-pretapreta e azevém apresenta elevadopotencial de produção de forragemquando se utilizam manejo adequa-do e elevada adubação nitrogenada.A adubação nitrogenada aplicada nacultura anterior (sorgo ou milheto)apresentou um baixo efeito resi-dual (Figura 3a). Para a utilizaçãode N-NA a resposta foi linear, comincremento de 0,9kg/ha de MS/kgde N aplicado na cultura anterior.Para N-ES a resposta foi quadráticacom rendimentos crescentes, semponto de máximo dentro das dosesestudadas. Observa-se que asgramíneas tropicais apresentammaior produção de forragem porárea e são mais eficientes no apro-veitamento de N do que asgramíneas de clima temperado, cau-sando maior esgotamento do N dosolo e redução do efeito residual daadubação aplicada.

No segundo corte (Figura 3b), ocomportamento foi linear para asdoses de N aplicadas na semeadu-ra e quadrático para as doses apli-cadas após o primeiro corte. Foramobtidos incrementos de 6,8 e7,2kg/ha de MS, respectivamente,para cada kg de N-ES e N-NA apli-cado na semeadura. Com aplicaçãoúnica de N após o primeiro corte, orendimento máximo seria alcan-çado com a aplicação de 160 e157kg/ha de N-ES e N-NA, com ren-dimentos de 3,7 e 3,5t/ha de MS,respectivamente.

Estes resultados mostram queo esterco líquido de suínos, em sis-tema de sucessão de gramíneasforrageiras, apresentou eficiênciasimilar ao nitrato de amônio, po-dendo substituir com vantagemesta fonte, pois, além do N, tem acapacidade de suprir vários outrosnutrientes essenciais às plantas.Essa boa performance do estercolíquido pode ser atribuída à grandeproporção de N mineral que apre-senta (Scherer et al., 1996) e àmineralização gradual do N-orgâni-co durante o ciclo da cultura.

Conclusões

A adubação nitrogenada aumen-ta significativamente a produção dematéria seca das gramíneas

Figura 2. Produção de matéria seca (MS) em dois cortes de milheto(médias de 2 anos) em função da aplicação de doses de nitrogênio (N)em duas épocas (E1 = semeadura e E2 = após o primeiro corte), usandocomo fonte esterco de suínos (ES) e nitrato de amônio (NA). Chapecó,2007

Sorgo (1º Corte)

Y(NA-E1) = -0,247x2

+ 83,49x + 4563

R2

= 0,90

Y(NA-E2) = 15,15x + 4734

R2

= 0,65

Y(ES-E1) = -0,18x2

+ 72,62x + 4622

R2

= 0,93Y(ES-E2) = -0,24x

2+ 54,05x + 4504

R2

= 0,78

0

3000

6000

9000

12000

0 60 120 180

MS

(kg

/ha

)

ES - E2 ES - E1 NA - E2 NA - E1

Sorgo (Primeiro corte)

(a)

12.000

9.000

6.000

3.000

0600 120 180

Milheto (2º Corte)

Y(NA-E1) = 10,65x + 3053

R2

= 0,66

Y(NA-E2) = 11,9x + 3356

R2

= 0,69

Y(ES-E1) = 8,39x + 3037

R2

= 0,61

Y(ES-E2) = 16,37x + 2798

R2

= 0,87

0

2000

4000

6000

8000

0 60 120 180

N (kg/ha)

MS

(kg

/ha)

8.000

6.000

4.000

2.000

0

Milheto (Segundo corte)

(b)

Milheto (1º Corte)

Y(NA-E1) = 28,56x + 2252

R2

= 0,96

Y(NA-E2) = 16,29x + 1947

R2

= 0,65

Y(ES-E1) = 26,78x + 2441

R2

= 0,75

Y(ES-E2) = 22,02x + 1678

R2

= 0,74

0

2000

4000

6000

8000

0 60 120 180

MS

(kg

/ha)

ES - E2 ES - E1 NA - E2 NA - E1

8.000

6.000

4.000

2.000

0

Milheto (Primeiro corte)

(a)

600 120 180N (kg/ha)

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70 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Literatura citada

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forrageiras tropicais (sorgoforrageiro e milheto) e de climatemperado (aveia-preta e azevém)cultivadas em sistema de sucessão.

Doses de N de aproximadamen-te 160kg/ha são suficientes paramaximizar a produtividade de ma-téria seca das gramíneas de climatemperado. Já no caso degramíneas tropicais, no geral, do-ses de até 180kg/ha não são sufici-entes para atingir a máxima pro-dução de matéria seca.

O milheto cultivado em suces-são às gramíneas de inverno mos-tra boa capacidade de aproveita-mento do N residual da adubaçãoaplicada na cultura anterior. Omesmo não se constata quando secultiva aveia-preta + azevém emsucessão ao milheto.

O esterco de suínos pode substi-tuir os adubos nitrogenados mine-rais sem comprometer a produçãode forragem das gramíneas anuaisde inverno e de verão.

Figura 3. Produção de matéria seca (MS) em dois cortes de aveia-preta + azevém (médias de 3 anos) em função da aplicação de doses denitrogênio (N) em duas épocas (E1 = semeadura e E2 = após o 1º cor-te), usando como fonte esterco de suínos (ES) e nitrato de amônio(NA). Chapecó, 2007

Sorgo (1º Corte)

Y(NA-E1) = -0,247x2

+ 83,49x + 4563

R2

= 0,90

Y(NA-E2) = 15,15x + 4734

R2

= 0,65

Y(ES-E1) = -0,18x2

+ 72,62x + 4622

R2

= 0,93Y(ES-E2) = -0,24x

2+ 54,05x + 4504

R2

= 0,78

0

3000

6000

9000

12000

0 60 120 180

MS

(kg

/ha

)

ES - E2 ES - E1 NA - E2 NA - E1

Sorgo (Primeiro corte)

(a)

12.000

9.000

6.000

3.000

0600 120 180

Aveia + Azevém (2º Corte)

Y(ES-E2) = -0,0923x2

+ 29,56x + 1367

R2

= 0,93

Y(NA-E2) = -0,0868x2

+ 27,23x + 1373

R2

= 0,91

Y(NA-E1) = 7,22x + 1533

R2

= 0,74

Y(ES-E1) = 6,82x + 1539

R2

= 0,83

0

1000

2000

3000

4000

0 60 120 180N (kg/ha)

MS

(kg

/ha)

4.000

3.000

2.000

1.000

0

Aveia-preta + azevém (Segundo corte)

(b)

Aveia + Azevém (1º Corte)

Y(ES-E1) = 6,46x + 370

R2

= 0,97

Y(ES-E2) = 0,0084x2

+ 1,06x + 347

R2

= 0,97

Y(NA-E2) = 0,91x + 342

R2

= 0,47

Y(NA-E1) = -0,0453x2

+ 13,35x + 344

R2

= 0,87

0

1000

2000

3000

4000

0 60 120 180

MS

(kg

/ha)

ES - E2 ES - E1 NA - E2 NA - E1

Aveia-preta + azevém (Primeiro corte)

(a)

600 120 180N (kg/ha)

4.000

3.000

2.000

1.000

0

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71Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

11. RESTLE, J.; ROSO, C.; SOARES, A.B.et al. Produtividade animal e retornoeconômico em pastagem de aveia pre-ta mais azevém adubada com fontesde nitrogênio em cobertura. RevistaBrasileira de Zootecnia, Viçosa, v.29,n.2, p.357-364, 2000.

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15. SCHERER, E.E. Avaliação de fontes eépocas de aplicação de adubonitrogenado na cultura do milho no sis-tema plantio direto. AgropecuáriaCatarinense, Florianópolis, v.14, n.1,p.48-53, 2001.

16. SEIFERT, N.F.; GRAEFF, A. Recomen-dações para manejo e alimentação dorebanho leiteiro – região Colonial doRio do Peixe. Florianópolis: Epagri,1995. 61p. (Epagri. Documentos, 170).

17. SÍNTESE ANUAL DA AGRICULTU-RA DE SANTA CATARINA – 2005-2006.Florianópolis: Epagri/Cepa, v.1, 2006.294p.

18. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊN-CIA DO SOLO. Manual de adubação ede calagem para os estados do RioGrande do Sul e Santa Catarina. 10.ed.Porto Alegre: SBCS/Núcleo RegionalSul; Comissão de Química e Fertilida-de do Solo – RS/SC, 2004. 394p.

19. SUBBA REDDY, G.; VENKATES-WARLU, B.; VITTAL, K.P.R. et al. Effectof different organic materials as sourceof nitrogen on growth and yield ofsorghum (Sorghum bicolor). IndianJournal of Agricultural Science, NewDelhi, v.61, n.8, p.551-555, 1991.

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a) Não faça a remessa do valor em dinheiro.

b) O código identificador solicitado pelo banco para pedido de publicação é o CPF parapessoa física e o CNPJ para pessoa jurídica.

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Notas:

o

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72 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Técnicas para enxTécnicas para enxTécnicas para enxTécnicas para enxTécnicas para enxertia de mesa e produção de mudasertia de mesa e produção de mudasertia de mesa e produção de mudasertia de mesa e produção de mudasertia de mesa e produção de mudasem videira ‘Niagara Rem videira ‘Niagara Rem videira ‘Niagara Rem videira ‘Niagara Rem videira ‘Niagara Rosadaosadaosadaosadaosada’’’’’

Emilio Dela Bruna1 e Álvaro José Back2

Resumo – A enxertia de mesa em videiras é uma técnica que reduz o custo e o tempo entre a produção do porta-enxerto e o plantio das mudas no local definitivo. Foram estudadas as influências da época de enxertia, da calificaçãodos enxertos em estufa, do local de plantio, do uso de Ácido Indol Butírico (AIB), da proteção das estacas com sacosplásticos, do tipo de substrato usado para o enraizamento das estacas enxertadas e a viabilidade do uso do porta-enxerto VR043-43 em enxertia de mesa. A época de enxertia e o uso de AIB não influenciaram no pegamento dosenxertos calificados em estufa. Nos enxertos não calificados, o pegamento foi maior na enxertia feita a partir desetembro. Os diferentes substratos, casca de arroz, mistura de casca de arroz e Argissolo (50%v/v) e solo natural(Argissolo), não afetaram o pegamento dos enxertos. As maiores diferenças no pegamento dos enxertos foramconstatadas nos tratamentos com calificação em estufa (70%) e sem calificação (12%) para as enxertias feitas em1º de agosto, bem como no uso de proteção das estacas com sacos plásticos, o que aumentou o pegamento de 28,7%para 74%. A enxertia de mesa para ‘VR043-43’ não se mostrou viável devido ao baixo pegamento em todos ostratamentos usados.Termos para indexação: ‘Paulsen 1103’, ‘VR043-43’, calificação, porta-enxerto, AIB, substrato.

Techniques for bench grafting and seedling production inniagara rosada grapevine

Abstract – Bench grafting in grapevine is one technique that, reduces the costs and the time between theproduction of the rootstock and the establishment of the vineyard. The present research studied the influence ofgrafting time, graft callusing in greenhouse, planting site, use of Indol Butiric Acid (IBA), plastic bag protection onthe grafted vines, different substrata for rooting of grafted vines and viability of using the rootstock VR043-43 forbench grafting. Time for grafting and the use of IBA did not influence the grafting establishment when they werecallused in the greenhouse. For the grafts not callused, the establishment was greater when grafting was datedfrom September. Different substrat did not affect the grafting establishment. Largest differences in graftingestablishment were observed in treatments with callusing in greenhouse (70%) and without callusing (12%) forgrafting made on August 1st, as well as on the use of plastic bag to protect the grafted vines, that increased theestablishment from 28,7% to 74%. Bench-grafting for VR043-43 rootstock, was not viable due to the low graftingestablishment.Index terms: Paulsen 1103, VR043-43, callusing, rootstock, IBA, substrata.

Aceito para publicação em 18/2/08.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Urussanga, C.P. 49, 88840-000 Urussanga, SC, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Urussanga, e-mail: [email protected].

Introdução

A produção de mudas de videi-ras no Sul do Brasil, em sua maio-ria, é feita no campo, sendo oenraizamento dos porta-enxertosrealizado em local definitivo ou em

viveiro, para serem enxertados noano seguinte (Sousa, 1996). Aenxertia a campo apresenta o incon-veniente da formação desuniformedo parreiral devido às falhas nopegamento dos enxertos, e quandofeita em viveiros apresenta eleva-

do custo de produção, exigindo queo viveirista disponha de uma gran-de área para o plantio (Regina et al.,1998). Uma das alternativas parareduzir o custo unitário da muda éa enxertia de mesa em estacaslenhosas. Na maioria dos países

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vitícolas, o método de enxertia maisutilizado é o de mesa, que propor-ciona uma rápida produção, redu-zindo em 1 ano o tempo de forma-ção da muda, além de permitir amecanização de grande parte do pro-cesso (Rezende & Pereira, 2001).Regina (2002a) afirma que, na Fran-ça, praticamente toda a produção demudas de videira é feita pelo méto-do de enxertia de mesa, sendocalificadas em estufas.

Apesar das inúmeras vantagensda enxertia de mesa, quando com-parada com a enxertia no campo,devem ser tomados cuidados espe-ciais, principalmente com relação aoenraizamento do porta-enxerto ecom a calificação no ponto deenxertia (Regina, 2002b). O enrai-zamento do porta-enxerto pode serafetado por um grande número defatores, que podem atuar isolada-mente ou em conjunto. Dentre osprincipais fatores, destacam-se avariabilidade genética, a condiçãofisiológica da planta matriz, a idadeda planta, o tipo de estaca, a épocado ano, as condições ambientais e osubstrato (Nachtigal & Pereira,2000).

Nas condições do Sul do Brasil aenxertia de mesa em videira aindaapresenta baixo índice de pega. Es-tudos são necessários para se esta-belecer uma rotina de trabalhoviabilizando o uso desta técnica paraprodução de mudas de videira noBrasil.

O presente trabalho tem comoobjetivo avaliar a época adequada àenxertia, o efeito da calificação, apli-cação de Ácido Indol Butírico (AIB),tipo de substrato, proteção das es-tacas enxertadas com saco plásticoe viabilidade do porta-enxerto VR043-43 na produção de mudas devideira pela enxertia de mesa.

Material e métodos

O trabalho foi conduzido em2003 na Epagri/Estação Experimen-tal de Urussanga – EEUr –, LitoralSul de Santa Catarina, com climasubtropical úmido com verão quen-te (Cfa), pela classificação deKöppen, com temperatura médiaanual de 19,4oC, variando de 14,6oC

em julho a 24,1oC em fevereiro(Pandolfo et al., 2002).

Foram conduzidos cinco experi-mentos, adotando delineamentosinteiramente casualizados. As par-celas foram formadas por 20 esta-cas com 8 e 12mm de diâmetro e200mm de comprimento. Como cul-tivar copa usou-se a Niagara Rosa-da, sendo as estacas retiradas depomares comerciais. Para asenxertias feitas até 15 de julho, asestacas da cultivar copa foram reti-radas das plantas matrizes no diada enxertia. Para as demais épocasde enxertia, as estacas foram con-servadas em câmara fria juntamentecom o porta-enxerto, na tempera-tura de 2 a 4oC até a data daenxertia, conforme descrito porRegina (2002a). O sistema deenxertia usado foi o de garfagem,amarrando-se o enxerto com fio dealgodão e cobrindo-se todo o localde enxertia e a gema da cultivarcopa com fita de enxertia Buddy-Tape (Peruzzo, 1995). A técnica foiavaliada pelo percentual de enxer-tos pegos 90 dias após o plantio.

Experimento 1: Avaliação dacalificação em estufa e época deenxertia

O experimento foi composto de14 tratamentos e 4 repetições. Acultivar Niagara Rosada foi enxer-tada sobre o porta-enxerto Paulsen1103 nas seguintes datas: 1º/7, 15/7, 1º/8, 15/8, 1º/9, 15/9 e 1º/10. Paracada data de enxertia, metade dasestacas foram plantadas em sacosplásticos contendo 50% de terra ve-getal e 50% de casca de arroz quei-mada, e a outra metade foi coloca-da em estufas com temperatura de28oC por 20 dias para enraizamentodo porta-enxerto e calificação do pon-to de enxertia, conforme descritopor Regina (2002a). Após esse pe-ríodo, as estacas enraizadas ecalificadas foram plantadas em sa-cos plásticos contendo o mesmosubstrato, avaliando-se o percentualde pegamento. A análise estatísticafoi realizada por meio da análise devariância (Anova) de duas vias e doteste Tukey como “post hoc” paracomparação das médias, conforme

descrito em Zimmermann (2004) eArango (2005).

Experimento 2: Avaliação daaplicação de AIB e da época deenxertia

As unidades experimentais fo-ram constituídas de 20 estacas e ostratamentos foram com e sem AIBpara tratamento das estacas, complantio nas seguintes datas: 1º/07,15/7, 1º/8, 15/8, 1º/9, 15/9 e 1º/10. Odelineamento foi inteiramentecasualizado com quatro repetições.A cultivar Niagara Rosada foi enxer-tada sobre o porta-enxerto Paulsen1103. Nos tratamentos com AIB, abase das estacas enxertadas foiimersa por 30 segundos em umasolução hidroalcoólica contendo2.000ppm de AIB, e nos tratamen-tos sem AIB, as estacas foramimersas em água destilada. As es-tacas enxertadas foram plantadasem sacos plásticos e avaliadas quan-to ao pegamento. A metodologia decondução das mudas e de avaliaçãoforam semelhantes à do Experi-mento 1. A análise estatística foirealizada por meio da análise devariância (Anova) de duas vias e doteste Tukey como “post hoc” paracomparação das médias, conformedescrito em Zimmermann (2004) eArango (2005).

Experimento 3: Avaliação dediferentes substratos paraenraizamento de estacas enxer-tadas

O experimento foi composto de3 tratamentos e 21 repetições for-madas por 20 estacas do porta-en-xerto Paulsen 1103 enxertadas coma cultivar Niagara Rosada. Foramusados os substratos casca de arrozqueimada, solo natural (Argissolo)e mistura de 50%v/v de solo Argilo-so com casca de arroz queimada. Asestacas enxertadas e calificadas emestufa foram plantadas em sacosplásticos de 1,5L. Para avaliar a hi-pótese de dependência entre o índi-ce de pegamento e o tipo desubstrato, foi realizado o teste Qui-quadrado adotando nível designificância de 5% (a = 0,05), con-forme descrito em Arango (2005).

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Experimento 4: Avaliação daproteção do enxerto com sacoplástico

O experimento foi composto de2 tratamentos, sendo com e semproteção do enxerto, com 30 repeti-ções. Cada repetição foi formada por20 estacas. As estacas enxertadasem 1o de setembro foram calificadasem estufa a 28oC por 20 dias. Notratamento com proteção foi colo-cado um saco plástico de 2,5 x 20cmna parte superior da estaca paraproteger o local da enxertia. O sacofoi retirado quando o broto do en-xerto atingiu 2cm de comprimento.As estacas foram plantadas no cam-po, em linhas, com espaçamento de1 x 0,1m. Para avaliar a hipótesede dependência entre o índice depegamento e a proteção do enxer-to, foi realizado o teste Qui-quadra-do adotando nível de significânciade 5% (a = 0,05), conforme descritoem Arango (2005).

Experimento 5: Avaliação dosporta-enxertos Paulsen 1103 eVR043-43 em enxertia de mesa

Foram conduzidas oito repeti-ções de 20 estacas dos porta-enxer-tos Paulsen 1103 e VR043-43. Asestacas enxertadas foram calificadasem estufa a 28oC por 20 dias, paradepois serem plantadas em sacosplásticos sob um telado, contendouma mistura de solo e casca dearroz queimada na proporção de50%v/v. As avaliações do pega-mento dos enxertos foram feitas 90dias após o plantio. Para avaliar ahipótese de dependência entre oíndice de pegamento e o tipo de por-ta-enxerto, foi utilizado o teste Qui-quadrado adotando nível designificância de 5% (a = 0,05), con-forme descrito em Arango (2005).

Resultados e discussão

Efeito da calificação em estufade estacas de videira enxerta-das em diferentes épocas

A análise de variância mostrouinteração altamente significativa(p = 0,0031) entre os tratamentose datas de enxertia. Para as esta-cas calificadas não houve diferença

significativa no índice de pegamentoentre as datas de enxertia, com va-lores acima de 50% (Figura 1). Paraas estacas enxertadas e plantadasimediatamente nos sacos, semcalificação, foi observada variaçãono índice de pegamento em funçãodas datas de enxertia. Os menoresvalores de pegamento foram obti-dos em 15/7, 1º/8 e 15/8, que nãodiferenciaram entre si. Para as épo-cas de 1º/7, 1º/9, 15/9 e 1º/10 ocorre-ram os maiores índices depegamento, não diferindo estatisti-camente entre si dos valores obti-dos com a calificação. O maior índi-ce de pegamento das enxertias nasúltimas três épocas pode ser expli-cado, em parte, pelas temperaturasmais altas ocorridas no período sub-seqüente à enxertia (Figura 2).Hansen (1989) e Tavares et al. (1995)comentam que temperaturas altasestimulam a divisão celular, aumen-tando o enraizamento e a calificaçãono ponto de enxertia. As tempera-turas ocorridas nos meses de julho eagosto, provavelmente, influen-ciaram negativamente o processo decalificação do enxerto e enrai-zamento da estaca. Em função dis-so, os enxertos destas datas planta-dos diretamente em sacos tiverambaixo índice de pegamento. Demodo geral, o pegamento das mu-das calificadas não foi influenciado

pela temperatura ambiente. Em vi-veiros comerciais observou-se que,quando a temperatura ambientechega próximo de 0oC por váriosdias, os calos e as raízes entram emcolapso, ocorrendo drástica reduçãono pegamento das mudas.

Efeito do AIB no pegamento deestacas enxertadas em diferen-tes épocas

A análise de variância mostrouinteração altamente significativaentre os tratamentos com e sem AIBe as épocas de plantio ( p = 0,0070).Para as épocas de enxertia entre1º/7 e 15/8 ocorreu maior pegamentode estacas com AIB, enquanto quepara as datas de enxertia posterio-res a 1º/9 não houve diferença signi-ficativa para os tratamento com esem AIB (Figura 3). Não foi observa-da diferença significativa no trata-mento com AIB em diferentes épo-cas de enxertia. A temperatura doambiente parece ter influenciadodecisivamente sobre o efeito do AIBno enraizamento das estacas e nopegamento dos enxertos (Figura 2).Em baixas temperaturas o AIB au-mentou o pegamento das mudas, jáem temperaturas médias mais ele-vadas, acima de 16oC, o uso do AIBnão apresentou efeito significativosobre o pegamento de mudas.

1 /70 1 /80 1 /901 /10015/7 15/8 15/9

Com calificação

Sem calificação

Médias seguidas pela mesma letra maiúscula não diferem entre as datas para omesmo tratamento pelo teste Tukey (a = 0,05). Médias seguidas pela mesma letraminúscula não diferem entre os tratamento para a mesma data pelo teste Tukey (a= 0,05).

Figura 1. Efeito da época de enxertia e da calificação em estufa sobre opegamento de enxertos de videira da cultivar Niagara Rosada sobre oporta-enxerto Paulsen 1103

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Efeito de diferentes substratossobre o pegamento de estacasenxertadas de videira

Os valores médios de pegamentoforam de 51,2%, 43,8% e 50,7%, res-pectivamente, para os substratos

tatisticamente, observou-se visual-mente maior desenvolvimento ecrescimento de raízes e da parteaérea nas estacas com substratocasca de arroz. Resultado semelhan-te foi observado por Roberto et al.(2004), que avaliaram o enrai-zamento de estacas de videira emcasca de arroz queimada com doistipos de vermiculita. Os mesmosautores não observaram diferençasentre o pegamento das estacas, en-tretanto, para o comprimento totaldas raízes, os valores foram setevezes superiores quando as estacasforam plantadas em casca de arrozqueimada.

Efeito da proteção dos enxertoscom sacos plásticos

Nas estacas com enxerto prote-gido obteve-se um índice de pega de74% ± 2,5, enquanto que nas esta-cas com enxerto sem proteção o ín-dice de pega reduziu para 28,7% ±2,6, sendo a diferença altamentesignificativa (p < 0,00001). O sacoplástico transparente colocado sobreo enxerto forma uma câmara úmi-da e quente ao redor do ponto deenxertia, reduzindo a desidrataçãoe aumentando a velocidade decalificação, tornando o enxerto me-nos suscetível às bruscas variaçõesclimáticas. O pegamento das mudasdepende muito das condições climá-ticas no momento do plantio no vi-veiro. Temperaturas muito baixasdificultam o processo de enrai-zamento e retardam o início de ve-getação, enquanto temperaturasmuito elevadas afetam a sobrevivên-cia das mesmas, aumentando asperdas por dessecamento (Regina,2002b). Em viveiros de produçãocomercial de mudas, também obser-vou-se um grande aumento nopegamento dos enxertos quandoestes foram protegidos com sacosplásticos.

Viabilidade do uso dosporta-enxertos Paulsen1103 e VR043-43

O pegamento do porta-enxertoVR043-43 apresentou valores mé-dios de 2,7%, com erro padrão de

casca de arroz queimada, casca dearroz queimada + Argissolo e solonatural (Argissolo). Não foiverificada associação entre o índicede pegamento dos enxertos e o tipode substrato (p = 0,0568) (Figura 4).Embora não tenha sido avaliado es-

Figura 2. Temperaturas máximas, médias e mínimas ocorridas naEpagri/Estação Experimental de Urussanga, no período de julho a no-vembro/2003

0

4

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Te

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Período

Figura 3. Efeito da época de enxertia e da aplicação de Ácido IndolButírico (AIB) sobre o pegamento de enxertos de videira da cultivarNiagara Rosada sobre o porta-enxerto Paulsen 1103

1 /70 1 /80 1 /901 /10015/7 15/8 15/9

Médias seguidas pela mesma letra maiúscula não diferem entre as datas para omesmo tratamento pelo teste Tukey (a = 0,05). Médias seguidas pela mesma letraminúscula não diferem entre os tratamento para a mesma data pelo teste Tukey (a= 0,05).

Índic

ede

peg

am

en

to(%

)

Data da enxertia

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estimativa de 0,3%, enquanto quepara o porta-enxerto Paulsen 1103obteve-se índice de pegamento de36%, com erro padrão de estimati-va de 0,9%, sendo a diferença alta-mente significativa (p < 0,00001).Diversos trabalhos relacionados coma propagação através de estaquiacom a Vitis rotundifolia mostraramque, além da baixa capacidade deenraizamento, a aplicação de regu-ladores de crescimento não tem pro-porcionado benefício sobre oenraizamento de estacas, o que estáde acordo com Pacheco et al. (1998).

Conclusões

Com base nos experimentosrealizados foram tiradas as seguin-tes conclusões:

• Na enxertia de mesa de videi-ra ‘Niagara Rosada’, a calificação doenxerto em estufa garante opegamento de um maior número deenxertos quando as condições climá-ticas não são favoráveis à calificaçãodo enxerto e ao enraizamento daestaca.

• A aplicação do AIB na base daestaca de porta-enxerto foi efetivano aumento do pegamento dos en-xertos quando a temperatura am-biente na época do plantio estavaabaixo de 20oC.

• Os diferentes substratos tes-tados não influenciam no índice depegamento dos enxertos.

• O uso de proteção com sacoplástico no local de enxertia aumen-ta significativamente o pegamentodos enxertos.

• O porta-enxerto VR043-43apresenta baixo índice depegamento na enxertia de mesa.

Literatura citada

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Figura 4. Porcentagem de pegamento de enxertos de videira ‘NiagaraRosada’ sobre o porta-enxerto Paulsen 1103 em diferentes substratos

a

a

a

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

Casca de arrozqueimada

Casca de arrozqueimada +

argissolo

Solo natural(Argissolo)

Índice de pegamento (%)

Valores seguidos pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Qui-quadrado a 5%. Epagri/EEUr, 2007.

Argissolo

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Novas cultivares brasileiras de goiabeira serrana:Novas cultivares brasileiras de goiabeira serrana:Novas cultivares brasileiras de goiabeira serrana:Novas cultivares brasileiras de goiabeira serrana:Novas cultivares brasileiras de goiabeira serrana:SCS 414-Mattos e SCS 415-NonanteSCS 414-Mattos e SCS 415-NonanteSCS 414-Mattos e SCS 415-NonanteSCS 414-Mattos e SCS 415-NonanteSCS 414-Mattos e SCS 415-Nonante

Jean-Pierre Henri J. Ducroquet1, Eduardo da Costa Nunes2,Miguel Pedro Guerra3 e Rubens Onofre Nodari4

Resumo – Dando continuidade ao seu programa de melhoramento da goiabeira serrana (Acca selowiana), umadas fruteiras nativas mais promissoras do Sul do Brasil em termos comerciais, a Epagri está lançando duas novascultivares, SCS 414-Mattos e SCS 415-Nonante, que têm por objetivo estender e melhorar o fluxo de oferta degoiabas serranas ao mercado. O pico de colheita da cultivar Mattos encaixa-se entre o da ‘Alcântara’ e da ‘Helena’,lançadas em 2007, enquanto ‘Nonante’ começa a amadurecer cerca de 20 dias após o início da colheita da ‘Helena’,estendendo o período de colheita da goiaba serrana até a segunda semana de maio. A cultivar Mattos resulta daseleção e propagação vegetativa de um dos 200 acessos silvestres do banco de germoplasma e destacou-se pelotamanho, aparência e qualidade do fruto, enquanto ‘Nonante’ resulta de um cruzamento entre dois acessoscoletados em quintais de Santa Catarina, e se destacou pela constância de produção, rusticidade e sabor de seusfrutos, além de ser autocompatível.Termos para indexação: feijoa, Acca sellowiana, cultivar, melhoramento genético.

Two new Brazilian feijoa cultivars:SCS 414-Mattos and SCS 415-Nonante

Abstract – Continuing its breeding program of feijoa (Acca selowiana), one of the most promising commercialnative fruit-tree of Southern Brazil, Epagri is launching two new cultivars, SCS 414-Mattos and SCS 415-Nonante,with the intention of extending and improving the flow of feijoa supply to the market. The peak of harvesting forMattos cultivar fits between Alcantara and Helena, two cultivars launched in 2007, while ‘Nonante’ starts tomature about 20 days after the harvesting start of ‘Helena’ and, extending the harvest period of feijoa until thesecond week of May. The cultivar Mattos results from the cloning of one of the 200 accesses of the germplasmbank and stands out by its size, appearance and quality of the fruit, while ‘Nonante’ results of a cross between twoaccesses collected from backyards in Santa Catarina and stands out by its constancy of production, rusticity andflavor of the fruit, apart from being self-compatible.Index terms: pineapple guava, Acca selowiana, cultivar, plant breeding.

Introdução

Assim como para a maioria dasespécies frutíferas, a exploraçãocomercial da goiabeira serrana re-quer cultivares selecionadas paraatender, numa determinada condi-ção edafoclimática, às exigências dos

1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de São Joaquim, C.P. 81, 88600-000 São Joaquim, SC, fone: (49) 3233-0324,e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de São Joaquim, e-mail: [email protected]. agr., Dr., UFSC/CCA, C.P. 476, 88040-900 Florianópolis, SC, fone: (48) 3721-5348, e-mail: [email protected]. agr., Ph.D., UFSC/CCA, e-mail: [email protected].

produtores em termos de produtivi-dade no decorrer dos anos e à quali-dade esperada pelos consumidores.É um processo contínuo que estáapenas começando no Brasil. Estetrabalho está sendo desenvolvido naEpagri/Estação experimental de SãoJoaquim, SC, no coração do centro

de origem da espécie. A grande va-riabilidade do germoplasma dispo-nível permite vislumbrar progres-sos significativos. Seguindo os mes-mos procedimentos que levaram aolançamento das cultivaresAlcântara e Helena em 2007, pro-curou-se encontrar genótipos que

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sejam não somente produ-tivos e de boa qualidade,mas que amadurecessemem épocas diferentes daque-las, a fim de estender o pe-ríodo de oferta de frutas fres-cas. A seleção vem sendofeita através da avaliação deduas populações: uma cons-tituída pelos 200 acessos dobanco de germoplasma(BAG) da Estação Experi-mental de São Joaquim eoutra de uma coleção de 80clones pré-selecionadosnum experimento de ava-liação de seis parentais, con-duzido em parceria com oCentro de Ciências Agráriasda Universidade Federal deSanta Catarina – CCA/UFSC– com cruzamentos realiza-dos em 1995 e avaliados se-gundo delineamento dialélicocom 21 progênies, num totalde 960 plantas.

‘Mattos’

Origem

A cultivar SCS 414-Mattos5 éoriunda de uma planta silvestreencontrada num remanescente demata nativa de pinheiros nas ime-diações da cidade de São Joaquim eselecionada pela boa aparência e ta-manho do fruto. Esta planta foi pro-pagada através de enxertia em 1995e três mudas foram introduzidas noano seguinte no BAG onde foi ava-liada e caracterizada.

Características da planta

A planta apresenta um vigormédio com porte semi-aberto e ra-mos secundários grossos e esparsoscom entrenós longos. As folhas sãode tamanho médio, oblongas e as-cendentes (ângulo da folha com oramo < 45o), com a face inferior decor verde prateada. As folhas apre-sentam um perfil transversalrevoluto e as margens são de tiposub-recurvo (Figura 1). A planta bro-ta normalmente em final de setem-

5Em homenagem ao botânico joaquinense João Rodrigues Mattos, renomado especialista das espécies frutíferas nativas doBrasil.

bro e a floração dura cerca de 1 mês,começando em início de novembro,com variações de ano para ano. Asflores são de tamanho médio-gran-de e são auto-incompatíveis, ou seja,requerem polinização cruzada. Oestigma encontra-se 3 a 4mm aci-ma do nível das anteras. A cor dastecas das anteras é creme-avermelhada, enquanto a doconectivo é creme. A produtividadeé media e constante no decorrer dosanos.

Características do fruto

Esta cultivar se destaca pelo ta-manho grande e pela boa aparênciados frutos, cujo formato é oblongo,bojudo e uniforme (Figura 2). Assépalas apresentam-se semi-eretasnos frutos maduros. O peso variade 100 a 150g. A casca ouparênquima externo é de espessu-ra média, levemente enrugada, comestrias longitudinais e epidermeverde-escura. A textura da casca émedianamente macia. A polpa é corde gelo, com um teor de sólidos so-

Figura 2. Frutos da cultivar SCS414-Mattos

lúveis que varia entre 10%e 13%, considerado médiopara a espécie (Tabela 1).Apresenta o sabor clássicodas variedades de tipo Bra-sil. O rendimento em polpavaria entre 27% e 33%. Amaturação do fruto émediana, começando emmeados de março e termi-nando 3 a 4 semanas maistarde, com um pique entreos das cultivares Alcântarae Helena, lançadas em 2007.

Resistência a doenças

A planta não tem apre-sentado sintomas deantracnose nos ramos oupodridão cinzenta da florcausada por Botrytiscinerea, ao menos nas áre-as com temperaturas maisamenas da Região Serranade São Joaquim. A campo,foram notados sintomas es-porádicos de antracnosecausada por Colletotrichum

gloeosporioides. Portanto, providên-cias devem ser tomadas para asse-gurar o controle desta doença, a co-meçar pela remoção ou incorpora-ção ao solo, no meio da entrelinha,de todos os frutos que ficarem nochão após a colheita, além de apli-cações preventivas de fungicidas nosperíodos críticos de verão com al-tas precipitações pluviométricas.

Figura 1. Frutos na planta da cultivar SCS 414-Mattos

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Tabela 1. Fenologia e desempenho das cultivares de goiabeira serrana Mattos e Nonante em São Joaquim, SC

(1)Nota de zero a 5, sendo a nota 5 dada à planta com produção cheia.

Cultivar/ Data de Produtividade Composição do fruto ano Data de floração colheita Índice(1) Peso médio oBrix Ác. Rend.agrícola Início Fim Início fruto (g) cítrico polpa (%)

Seedling 11.01: (Nonante) plantio 19972000/01 13/11 8/12 4/1 4 134 20

2001/02 22/10 9/11 25/3 3 84 14,2 28,9

2002/03 5/11 30/11 24/3 3,5 66,4 10,3 0,9 27,7

2003/04 31/10 27/11 25/3 4,5 52,8 9,9 0,68 36,2

2004/05 22/10 20/11 10/4 2,5 99,7 13,4 0,51 28

2005/06 7/11 11/12 12/4 4 72,1 12,9 0,96 32,7

Nonante (coleção), enxertada em 20032006/07 23/11 20/12 27/4 2

2007/08 5/11 30/12 7/4 4 76,6 14,8 1,28 36,3

Mattos - acesso Epagri 387, enxertada em 19952001/02 7/11 7/12 3,5

2002/03 4/11 12/12 3,5 57,5 13,3 33,12003/04 17/11 10/12 26/3 1,8 129 12,2 0,75 25,1

2004/05 27/10 27/11 15/3 3 129 10,3 0,8 27,4

2005/06 18/11 9/12 28/3 3,5 111,8 11,8 1,41 26,92006/07 8/11 11/12 19/3 3 100,3 11,5 0,59 33

2007/08 29/10 29/11 20/3 3,5 81,6 9,8 0,45 30

6Nonante é uma palavra francesa que significa 90. O nome foi dado em homenagem a Jean Ducroquet, pai do primeiro autor,que está completando 90 anos em 2008.7Projetos financiados pelo CNPq e pelo Prodetab/Embrapa.

‘Nonante’

Origem

O “seedling” original da cultivarNonante6 foi selecionado entre os960 “seedlings” de um experimentode melhoramento genético da goia-beira serrana, elaborado e executa-do em parceria com o CCA/UFSC7

visando à estimativa dosparâmetros genéticos associada àcaracterização molecular da espé-cie. Foram avaliadas 21 progêniesde seis progenitores, sendo quatroacessos de tipo Brasil e duas culti-vares neozelandesas, num delinea-mento dialélico onde as flores decada parental foram fecundadas pelopólen dos demais ou pelo seu pró-prio pólen no caso dos parentaisautocompatíveis. O “seedling” ori-ginal da cultivar Nonante pertencea uma progênie de 40 “seedlings”,

obtida do cruzamento efetuado em1995 entre o acesso Epagri 101 ,coletado em Urubici, e o acessoEpagri 50 , coletado em Videira. Oparental Epagri 101, auto-incompa-tível, foi escolhido pela sua produti-vidade, qualidade de seus frutos erelativa tolerância a doenças, en-quanto o parental Epagri 50 se des-taca pela rusticidade, uniformidadedos frutos e pelo fato de serautocompatível. Este “seedling” comcódigo 11.01 destacou-se pela altaprodutividade, regularidade no de-correr dos anos, qualidade de seusfrutos, época tardia de maturação eo fato de ser autocompatível.

Características da planta

A planta apresenta um portesemi-ereto com ramificação densae relativamente fina. As plantasenxertadas entram em produção no

terceiro ano após o plantio (quartoano após a enxertia). As folhas sãopequenas, obovadas, marcadamenteascendentes (ângulo da folha com oramo < 30o) e com perfil transver-sal levemente revoluto. A face infe-rior da folha é de cor verde-pratea-da (Figura 3). A cultivar Nonantefloresce no mesmo período que acultivar Alcântara. As flores são detamanho médio, com o estigma si-tuado 4 a 5mm acima do nível dasanteras, as quais são de cor inteira-mente vermelho-escura. As floressão autocompatíveis, característicaque proporciona à cultivar maior es-tabilidade de produção no decorrerdos anos.

Características do fruto

O fruto é de boa aparência e ta-manho médio com peso ao redor de90g, oblongo a obovóide, com pelí-

+

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Figura 3. Frutos na planta da cultivar SCS 415-Nonante Figura 4. Frutos da cultivar Nonante

Resistência a doenças

Não foram encontrados proble-mas específicos de suscetibilidade adoenças. Mesmo assim convém fi-car atento, evitando condições favo-ráveis ao desenvolvimento daantracnose, recolhendo todos os fru-tos do chão e aplicando fungicidasde proteção em períodos quentes echuvosos.

Considerações finais

As cultivares Mattos e Nonantevêm complementando, em termosde maturação, as cultivaresAlcântara e Helena, lançadas em

Figura 5. Escalonamento da colheita das quatro cultivares de goiabeiraserrana lançadas pela Epagri em Santa Catarina

2007, proporcionando um fluxo maislongo e regular de oferta de goiabaserrana, podendo ir do final de fe-vereiro até final de maio, se consi-derar um período de armaze-namento de 3 semanas (Figura 5).Estas cultivares, como as anterio-res, são recomendadas para plantioem áreas acima de 1.200m de alti-

cula verde-oliva que tende a cla-rear quando o fruto chega à matu-ridade. A casca é de espessura mé-dia e relativamente dura, comepiderme praticamente lisa. Apre-senta rendimento em polpa de 27%a 33% e teor de sólidos solúveis de10% a 13% (Tabela 1), dependendodo ano, valores consideradosmédios se comparados aos dos ou-tros acessos. A polpa é translúcida,porém mais opaca que a média dosacessos do BAG (Figura 4). O saboré agradável, com sensação de equi-líbrio entre doçura e acidez, maisfrutado que a média dos acessos detipo Brasil. O fruto é de maturaçãotardia, iniciando em média por vol-ta do dia 15 de abril para terminarna primeira semana de maio.

propagação clonal em viveiros(enxertia, estaquia, micropropa-gação) tem apresentado resultadossatisfatórios que permitam o supri-mento em mudas prontas a preçoacessível. O preparo do solo comcorreção de pH, fósforo e potássioé o mesmo que para o cultivo damacieira.

tude, onde as baixas temperaturasmédias não favorecem o desenvol-vimento de doenças como aantracnose. Na implantação de po-mares, recomenda-se o plantio emmarço de porta-enxertos (mudas de1 ano obtidas de sementes de goia-beira serrana) no local definitivopara enxertia a campo no mês desetembro seguinte, já que até omomento nenhuma das técnicas de

Agradecimentos

Ao engenheiro agrônomo e fru-ticultor Shu Otani, em cuja propri-edade foi implantado o experimen-to de avaliação de progênies ondefoi selecionada a cultivar Nonante,e a todos aqueles que de algumaforma, direta ou indiretamente, con-tribuíram para a obtenção destasduas cultivares.

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SCS 253-SCS 253-SCS 253-SCS 253-SCS 253-Sangão – nova cultivar de mandioca comSangão – nova cultivar de mandioca comSangão – nova cultivar de mandioca comSangão – nova cultivar de mandioca comSangão – nova cultivar de mandioca comelevado teor de matéria seca nas raízeselevado teor de matéria seca nas raízeselevado teor de matéria seca nas raízeselevado teor de matéria seca nas raízeselevado teor de matéria seca nas raízes

Augusto Carlos Pola1, Mauro Luiz Lavina2, Idelson José de Miranda3, Mario Miranda4, Murito Ternes5,Lucas Miura6, Rubens Marschalek7, Renato Arcângelo Pegoraro8, Áurea Teresa Schmitt9,

Lucio Francisco Thomazelli10, Marcio Ender11 e Euclides Mondardo12

1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Urussanga, C.P. 49, 88840-000 Urussanga, SC, fone/fax: (48) 3465-1209,e-mail: [email protected]. agr., Epagri/Estação Experimental de Urussanga, e-mail: [email protected] (aposentado).3Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Urussanga, fone: (48) 3465-2217 (aposentado).4Eng. agr., M.Sc., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar – Cepaf –, C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49)3361-0600, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3366-3773 (aposentado).6Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, fone: (47) 3344-3214 (aposentado).7Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, e-mail: [email protected]óloga, Dra., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, fone: (047) 3344-5442 (aposentada).10Eng. agr., M. Sc., Epagri/Estação Experimental de Ituporanga, e-mail: [email protected] (aposentado).11Eng. agr., Dr., Udesc/Centro de Ciências Agroveterinárias, C.P. 281, 88520-000 Lages, SC, fone: (49) 2101-9100, e-mail:[email protected]. agr., Epagri/Estação Experimental de Urussanga, fone: (48) 3465-2324 (aposentado).

Resumo – A cultivar SCS 253-Sangão foi desenvolvida pelo projeto de melhoramento genético de mandioca daEpagri e também avaliada por agricultores, através do método de pesquisa participativa, nas principais regiõesprodutoras de mandioca do Estado de Santa Catarina, Brasil. Em ensaios de competição de cultivares e de pesqui-sa participativa, apresentou valores médios de produtividade de 20 a 24t/ha, alto teor de matéria seca nas raízes(36,7% a 38,8%), resistência à bacteriose e à antracnose, ramas vigorosas e eretas, entre muitas característicasdesejáveis.Termos para indexação: Manihot esculenta, melhoramento genético, pesquisa participativa, produtivida-de, amido.

SCS 253-Sangão – a new cultivar of cassava with highdry matter content in the roots

Abstract – The cultivar SCS 253-Sangão was developed by Epagri’s project for genetic improvement of cassava.It was also evaluated by farmers through a participatory research method, in the main producing regions ofcassava in the state of Santa Catarina, Brazil. In cultivar competition tests and participatory research this culti-var achieved yields ranging from 20 to 24t/ha, with high dry matter content in the roots (36.7% to 38.8%), andresistance to anthracnose and bacterioses, vigorous and upright branches, among many other desirablecharacteristics.Index terms: Manihot esculenta, genetic improvement, participatory research, yield, starch.

Introdução

A mandiocultura é uma ativida-de de grande importância econômi-ca, social e cultural para o Estadode Santa Catarina. Segundo o Ins-

tituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística – IBGE –, em 2006 foramproduzidas no Estado cerca de 612mil toneladas de raízes de mandio-ca, em uma área de 32.432ha, comum valor de produção de R$ 92 mi-

lhões. A mandioca é cultivada pre-dominantemente em pequenas pro-priedades rurais, sendo sua produ-ção direcionada para atender aoscerca de 350 engenhos de farinha eàs 40 polvilheiras e fecularias no

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Estado e para a alimentação huma-na e animal sob a forma de raízesin natura.

Devido à demanda por varieda-des mais produtivas, com teores ele-vados de matéria seca nas raízes,resistentes à bacteriose(Xanthomonas axonopodis pv.manihotis) e à antracnose(Colletotrichum gloeosporioides),foram iniciados os trabalhos commelhoramento genético em 1988.Estas solicitações provêm tanto deagricultores como do setor indus-trial, na busca de maior lucra-tividade e de segurança produtiva.

A mandioca apresenta altainteração do genótipo com o ambi-ente, indicando que um mesmogenótipo dificilmente se comportada mesma maneira em todas as re-giões edafoclimáticas. Estressesambientais limitam ou inviabilizamo desenvolvimento de uma cultivarem diferentes ecossistemas. Emconseqüência, a adaptação, a esta-bilidade de produção e a resistênciaàs pragas e doenças são os objeti-vos básicos dos programas de me-lhoramento desta cultura (Fukuda& Silva, 2002).

Origem da cultivar SCS253-Sangão

A técnica de hibridação utilizadapara a obtenção da semente inicialfoi a de polinização aberta, atravésda implantação de um campo depolicruzamento (“policross”), insta-lado em 1988 na Epagri/Campo Ex-perimental de Jaguaruna, situadano Litoral Sul de Santa Catarina. Oprogenitor feminino foi a cultivarPernambucana. Na fase experimen-tal o clone foi denominado STS-EEU-78/88.

Ainda na fase da geração F1 fo-ram inoculadas bactérias para de-terminação da resistência àXanthomonas axonopodis pv.manihotis. As fases seguintes deavaliação e seleção foram: campo deobservação, seleção preliminar, se-leção intermediária, seleção avan-çada, competição de cultivares epesquisa participativa. Nestas eta-pas, foram avaliados: vigor inicial,produtividade, teor de matéria seca,número de raízes, ocorrência de

bacteriose e antracnose, facilidadede colheita e de despenca das raízes,altura e arquitetura das ramas easpecto das raízes.

Os ensaios de competição de cul-tivares são conduzidos durante 3anos no mínimo, em sistema de umciclo e de dois ciclos vegetativos e emdois tipos de solos (Argissolos eNeossolos Quartzarênicos). O deli-neamento experimental destes en-saios é o de blocos ao acaso, com trêsrepetições e 36 plantas por parcela,com um espaçamento de 0,8 x 0,6m.

Na pesquisa participativa(Hernandes Romero, 1993;Marschalek et al., 1999), nove clonesresultantes de todo o processo an-terior de seleção foram avaliadospor agricultores em suas proprieda-des, com acompanhamento de pes-quisadores e extensionistas. A tes-temunha foi a cultivar utilizada peloprodutor rural. A cultivar SCS 253-Sangão foi avaliada em proprieda-des de 21 municípios das principaisregiões produtoras do Estado deSanta Catarina:

• Litoral Sul: Araranguá, Içara,Imaruí, Jaguaruna, Laguna, Mor-ro da Fumaça, Sangão, Santa Rosado Sul e São João do Sul (anos agrí-colas 1997/98, 1998/99 e 1999/00).

• Alto Vale do Itajaí: Agrolândia,Agronômica, Braço do Trombudo,Lontras, Mirim Doce, Petrolândia,Pouso Redondo, Taió e TrombudoCentral (anos agrícolas 1997/98 e1999/00).

• Oeste: Caxambu do Sul e SãoMiguel do Oeste (anos agrícolas2001/02 e 2002/03).

Descrição

As principais características dacultivar SCS 253-Sangão são as se-guintes: elevado teor de amido nasraízes; resistência à bacteriose; re-sistência à antracnose; raízes mar-rom-claras, de comprimento médio,com polpa branca e formato cônico-cilíndrico; ramas eretas; facilidadede colheita e de despenca das raízes.Na Figura 1 pode-se observar carac-terísticas das ramas e raízes emcolheita comercial de um ciclo nomunicípio de Araranguá, em 1996.

O teor de cianeto em raízes demandioca é o que determina sua

maior ou menor toxicidade parahomens e animais. Os valores maisfreqüentes de ácido cianídrico(HCN) encontrados em raízes va-riam de 20 a 150mg/kg de raízesfrescas. A cultivar Sangão apresen-tou um valor intermediário de cer-ca de 80mg/kg de HCN, com valo-res observados de até 115mg/kg deHCN, tendo sido desenvolvida parafins industriais (fabricação de fari-nha, fécula, etc.).

Outras características descriti-vas da cultivar, de acordo com osdescritores morfológicos e agronô-micos propostos por Fukuda &Guevara (1998):

• cor da folha apical: verde arro-xeado;

• pubescência do broto apical:ausente;

• forma do lóbulo central: lan-ce-olada;

• cor do pecíolo: verde averme-lhado;

• cor do córtex do caule: verde-claro;

• cor externa do caule: pratea-do;

• comprimento da filotaxia: mé-dio;

• presença de pedúnculo nasraízes: séssil;

• cor do córtex da raiz: amarelo;• textura da epiderme da raiz:

lisa;• floração: presente;• cor da folha desenvolvida: ver-

de-escuro;

Figura 1. Colheita da cultivar SCS253-Sangão em propriedade agrícolasituada no município de Araranguá,SC

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• número de lóbulos: cinco;• cor da epiderme do caule: cre-

me;• hábito de crescimento do cau-

le: reto;• posição do pecíolo: horizontal;• cor da nervura: verde.Nas Tabelas 1 a 3 são apresen-

tados resultados médios de produ-tividade e teor de amido nas raízesem ensaios de competição de culti-vares instalados no Litoral Sul deSanta Catarina e no Alto Vale doItajaí, envolvendo solos argilosos earenosos. Através destas tabelaspode-se observar que a cultivarSangão apresentou valores médiosde produtividade superiores ou si-milares às cultivares testemunhas(Mandim Branca, Taquari,Pernambucana e Mico). Os teoresmédios de amido foram sempre su-periores às testemunhas. A‘Mandim Branca’ e a ‘Mico’ são asmais plantadas atualmente no Li-toral Sul e no Alto Vale do Itajaí,respectivamente.

Resultados obtidos em proprie-dades de agricultores (pesquisaparticipativa) são apresentados nasTabelas 4 e 5. No Litoral Sul a cul-tivar Sangão apresentou médias deprodutividade e amido superiores àstestemunhas. No Alto Vale do Itajaías médias de produtividade foramsimilares, mas o teor médio de ma-téria seca nas raízes superou as tes-temunhas em dois pontospercentuais.

No Oeste de Santa Catarina acultivar Sangão também apresen-tou os maiores teores de matériaseca em um ensaio de competiçãoe três de pesquisa participativa.Apesar de apresentar resultadosmédios de produtividade similaresàs cultivares recomendadas Mico eFitinha (em torno de 24t/ha), nãoatingiu os valores das cultivaresOlho Junto e SCS 252-Jaguaruna(29t/ha). Por este motivo a cultivarSCS 253-Sangão é recomendada, nomomento, para o Oeste do Estado,sendo que as avaliações nesta re-gião irão continuar.

Perspectivas da novacultivar

A adoção de uma nova cultivarpelo agricultor dependerá basica-mente da adaptação da mesma emsua propriedade (interação genótipo

Tabela 1. Produtividade, teor de matéria seca e altura da planta, emcolheita de um ciclo, em ensaios de competição de cultivares em soloargiloso, em Jaguaruna, SC (médias de 3 anos). Epagri/Estação Experi-mental de Urussanga, 2008

Cultivar Raízes de mandioca Altura daProdutividade Matéria seca planta

t/ha % mSCS 253-Sangão 23,63 38,82 1,05Mandim Branca 23,90 34,59 0,76Taquari 22,30 36,05 1,52Pernambucana 21,45 35,50 1,47

Nota: Médias dos anos agrícolas 1997/98, 1998/99 e 1999/00.

Tabela 2. Produtividade, teor de matéria seca e altura da planta, emcolheita de um ciclo, em ensaios de competição de cultivares em soloarenoso, em Jaguaruna, SC (médias de 4 anos). Epagri/Estação Experi-mental de Urussanga, 2008

Cultivar Raízes de mandioca Altura daProdutividade Matéria seca planta

t/ha % mSCS 253-Sangão 22,75 36,75 1,32Mandim Branca 24,90 34,75 1,01Taquari 20,09 36,63 1,55Pernambucana 15,19 35,35 1,60

Nota: Médias dos anos agrícolas 1994/95, 1995/96 e 1996/97 e 1999/00.

Tabela 3. Produtividade, teor de matéria seca e altura da planta, emcolheita de um ciclo, em ensaios de competição de cultivares em soloargiloso, em Petrolândia, SC (médias de 1 ano). Epagri/Estação Experi-mental de Urussanga, 2008

Cultivar Raízes de mandioca Altura daProdutividade Matéria seca planta

t/ha % mSCS 253-Sangão 19,72 37,89 1,32Mico 18,63 36,48 1,85Taquari 17,88 36,20 2,25

Nota: Médias do ano agrícola 1997/98.

Tabela 4. Produtividade, teor de matéria seca e altura da planta em novemunicípios do Litoral Sul de Santa Catarina, em 16 unidades de pesqui-sa participativa, com médias de 2 anos de cultivo. Epagri/Estação Expe-rimental de Urussanga, 2008

Cultivar Raízes de mandioca Altura daProdutividade Matéria seca planta

t/ha % mSCS 253-Sangão 24,34 38,16 0,93Testemunhas 22,24 35,81 1,06

Nota: Médias dos anos agrícolas 1998/99 e 1999/00.

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84 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Tabela 5. Produtividade, teor de matéria seca e altura da planta em oitomunicípios do Alto Vale do Itajaí, em oito unidades de pesquisaparticipativa, com médias de 1 ano de cultivo. Epagri/Estação Experi-mental de Urussanga, 2008

Cultivar Raízes de mandioca Altura daProdutividade Matéria seca planta

t/ha % mSCS 253-Sangão 23,89 36,95 1,40Testemunhas 23,83 34,93 1,64

Nota: Médias do ano agrícolas 1999/00.

Literatura citada

1. FUKUDA, W.M.G.; GUEVARA, C.L.Descritores morfológicos e agronômi-cos para a caracterização de mandioca(Manihot esculenta Crantz). Cruz dasAlmas, BA: Embrapa Mandioca e Fru-ticultura, 1998. 38p. (Embrapa –CNPMF. Documentos, 78).

2. FUKUDA, W.M.G.; SILVA, S.O.E.Melhoramento de mandioca no Brasil.In: CEREDA, M.P. (Org.). Agricultu-ra: Tuberosas amiláceas latino ameri-canas. São Paulo: Fundação Cargill,2002. v.2, p.242-257.

3. HERNANDES ROMERO, L.A.Evaluación de nuevas variedades deyuca com la participación de agricul-tores. Cali: Ciat, 1993. 85p. (Cati. Do-cumentos de Trabajo, 130).

4. MARSCHALEK, R; LAVINA, M.L.;TERNES, M. Investigación participativaen el mejoramiento de la yuca en laProvíncia de Santa Catarina, Brasil. In:SIMPOSIO INTERNACIONAL YTALLERES SOBRE FITOMEJORA-MIENTO PARTICIPATIVO EN AMÉ-RICA LATINA Y EL CARIBE: UNINTERCAMBIO DE EXPERIÊNCIAS,1999, Quito. Ecuador. Memórias... Cali,Colômbia Ciat; PRGA, 2000. p.1-6.

x ambiente), além de fatores cultu-rais. Os resultados obtidos com anova cultivar em termos de produti-vidade, teor de matéria seca, resis-tência a doenças, qualidade da rama,entre outros, em diversos locais doEstado, mostram que esta é uma al-ternativa que deve ser testada pelosprodutores em seu ambiente.

A SCS 253-Sangão já é cultivadacomercialmente em alguns municí-pios do Sul do Estado de SantaCatarina (Figuras 1, 2 e 3). O seuelevado teor de matéria seca nasraízes proporciona economia com otransporte destas (menos água écarregada para a indústria) e maiorrendimento industrial. Em outraspalavras, um maior teor de maté-ria seca (que é altamente correla-cionado com o teor de amido) pro-porcionará maior produção de fécu-la ou farinha por quantidade de raizprocessada. A vantagem de maiorteor de matéria seca para o agricul-tor está vinculada à valorização deseu produto e à possibilidade de ob-ter preços relativamente maiores.Outra vantagem é a menor quanti-dade de manipueira gerada porquantidade de raiz processada naindústria.

Figura 2. Colheita da cultivar SCS 253-Sangão em cultivo comercial dedois ciclos em Jaguaruna, SC

Figura 3. Colheita da cultivar SCS 253-Sangão em São João do Sul-SC

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85Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Nota Científica

Arranjos espaciais de plantas sobre aprodutividade do tomateiro

Siegfried Muller1 e Anderson Fernando Wamser2

Resumo – O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de cinco arranjos espaciais sobre a produtividade deplantas de tomate com crescimento indeterminado. Os arranjos utilizados foram 30 e 110, 40 e 100, 50 e 90, 60 e80, 70 e 70cm (o primeiro número indica o menor, e o último, o maior espaçamento entre duas plantas consecu-tivas na fileira). O espaçamento entre fileiras foi de 1m para todos os tratamentos. A condução das plantas foi nosistema de “V” invertido. Houve seqüência de ziguezague de plantas pareadas de espaçamento menor e maior, evice-versa, entre as duas fileiras pareadas. A cultivar Diva foi usada no ano agrícola 1998/99 e a ‘Carmen’, no anoagrícola 2002/03. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com cinco repetições. Não houve efeito dosarranjos estudados sobre as variáveis produtividade de frutos total e comercial, porcentagem de frutos comerci-ais, peso médio dos frutos comerciais e número de frutos colhidos por hectare.Termos para indexação: Lycopersicon esculentum, produtividade, peso médio de frutos.

Spatial arrangements on the yield of tomato plants

Abstract – A field experiment was carried out at Epagri/Experimental Station of Caçador in Santa CatarinaState, Brazil during the 1998/99 and 2002/03 seasons to evaluate yield components of tomato plants. Five plantarrangements were used: 30 and 110; 40 and 100; 50 and 90; 60 and 70; 70 and 70cm (where, the first numberindicates the smaller spacing, and the second one the largest spacing between groups of two plants in the row).The spacing between rows was 1m for all treatments. Cultivar Diva was evaluated during the 1998/99 season and‘Carmen’ during the 2002/03 season. The experiment was designed as randomized blocks with five replicationsper treatment. There was no significant statistical effect of plant arrangement on total and commercial yield offruits, percentage of commercial fruits, average weight of the commercial fruits and number of fruits harvestedper area.Index terms: Lycopersicon esculentum, commercial fruits, average fruit weight.

No Brasil são plantados, anual-mente, em torno de 60 mil hecta-res de tomate cuja produtividade éde aproximadamente 57t/ha, o queresulta numa produção aproxima-da de 3.450 mil toneladas por ano(Della Giustina, 2004).

O Estado de Santa Catarina in-sere-se, no contexto nacional, comoexportador de tomate para os gran-des e exigentes centros de abaste-cimento e consumo do País (SilvaJúnior et al., 1992). Atualmente isto

Aceito para publicação em 26/9/07.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone: (49) 3561-2000, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Caçador, e-mail: [email protected].

ainda é mais evidente.Em Caçador, SC, a cultura do to-

mate tem grande importânciasocioeconômica, destacando-secomo a principal cultura agrícola.Nesta região estão envolvidas (coma cultura do tomate) cerca de 4 milpessoas em 600 propriedades ru-rais, sendo que destas 60% traba-lham em empresas de natureza fa-miliar e 40% em empresas de mé-dio a grande porte ou por parceria(nota do autor). Apesar da boa pro-

dutividade alcançada pelos produto-res de tomate da região, há neces-sidade de conhecimentos atua-lizados para melhor aproveitamen-to dos recursos naturais renováveise não-renováveis.

Warner et al. (2002), estudandotrês arranjos de fileiras e duas den-sidades de plantas, verificaram queo arranjo eqüidistante das plantasnas fileiras (75/75cm) resultounuma produtividade geralmentemais elevada, comparado com os

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86 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

dois arranjos menos uniformes en-tre duas fileiras (60/90 e 40/110cm)nos 3 anos de estudos. Os mesmosautores observaram que, ao aumen-tar a densidade de plantas de 33.300para 40.400 plantas/ha pela reduçãodo espaçamento das plantas dentroda fileira de 40 a 33cm, o rendimen-to aumentou em 3 a 5t/ha e con-cluíram que o espaçamento unifor-me (eqüidistante) entre as fileiras,com densidade de plantas de 40 milplantas/ha, seria o recomendado.

Segundo Larcher (2000), o de-créscimo da produção das plantas éocasionado pela concorrência porluz, água e nutrientes, assim comopelo auto-sombreamento das plan-tas que, por conseqüência, resultana redução da taxa fotossintéticalíquida. Ainda segundo este autor,a otimização dos fatores água, luz enutrientes pode resultar em maio-res produtividades e melhor quali-dade dos frutos. O sistema de plan-tio e a condução das plantas, alémde influírem na produtividade e qua-lidade de frutos, afetam o controlede doenças e pragas (Fery & Janick,1970; Nichols, 1987). Isto provavel-mente ocorre devido à possibilida-de de melhorar a aplicação deagrotóxicos, além de permitirmaior ventilação das plantas.

O objetivo deste trabalho foi ava-liar o efeito de cinco arranjos espa-ciais de plantas de tomate de cres-cimento indeterminado na produti-vidade e na qualidade de frutos.

Os experimentos foram executa-dos no campo, em Caçador, nos anos

agrícolas 1998/99 e 2002/03, tendocomo coordenadas geográficas26o46’32'’ de latitude sul e 51o00’50'’de longitude oeste, sendo que a al-titude média nos locais dos expe-rimentos é de 980m. O clima da re-gião é temperado, constantementeúmido, do tipo Cfb, conforme clas-sificação de Köppen (Pandolfo et al.,2002). O solo do local é classificadocomo Latossolo Bruno distrófico tí-pico (Embrapa, 1999).

Foram avaliados cinco arranjosespaciais de plantas de tomate nasfileiras (tratamentos), isto é, cincoespaçamentos entre duas plantasconsecutivas numa mesma fileira,quais sejam: 30 e 110, 40 e 100, 50 e90, 60 e 80, 70 e 70cm (o primeironúmero indica o menor, e o último,o maior espaçamento entre duasplantas consecutivas na fileira). Acondução das plantas foi no siste-ma de “V” invertido, usando-se va-ras de bambu de 2,2m, com duas fi-leiras por parcela. A seqüência dasplantas de uma fileira pareada eratal que os menores espaçamentosentre duas plantas pareadas, domesmo tratamento, ficavam defron-te das duas plantas com os maioresespaçamentos da outra fileirapareada. Deste modo, houve umaseqüência de ziguezague de plantaspareadas entre as duas fileiras do“V” invertido.

As cultivares utilizadas foram aDiva, no ano agrícola 1998/99, e aCarmem, no ano agrícola 2002/03,deixando-se duas hastes por toma-teiro. Salienta-se que as duas culti-

vares são do grupo de tomate-sala-da com crescimento indeterminado.O delineamento experimental foiem blocos ao acaso com cinco repe-tições. O plantio foi efetuado em 5/11/98 e em 20/11/02 nas duas safras,respectivamente. A área total daparcela foi de 11,2m2, e a área útil,de 5,6m2 por parcela. Dezesseis foio número total de plantas por par-cela, sendo que as duas plantas decada extremidade das fileiras foramconsideradas como borda, assimtotalizando oito plantas úteis porparcela. A colheita foi iniciada em27/1/99 e terminou em 11/3/99, noano agrícola 1998/99, e de 30/1/2003a 12/3/2003 no ano agrícola 2002/03.Na condução do experimento, a adu-bação, os tratos culturais e a irriga-ção foram baseados nas normas téc-nicas para o cultivo de tomate(Epagri, 1997). As variáveis avalia-das foram produtividade de frutostotal e comercial (peso e número defrutos), porcentagem de frutos co-merciais e peso médio dos frutoscomerciais. As variáveis estudadasforam submetidas a análise devariância, a 5% de probabilidade deerro.

Nas Tabelas 1 e 2 estão apre-sentadas as médias dos resultadosobtidos para as variáveis produ-ção e número de frutos total ecomercial, peso médio dos frutoscomerciais e porcentagem de fru-tos comerciais, nos anos agrícolas1998/99 e 2002/03, para as cultiva-res Diva e Carmen, respectivamen-te. Como não houve efeito dos tra-

Tabela 1. Produção total e comercial, número de frutos total e comercial, peso médio de fruto comercial eporcentagem de frutos comerciais em função de diferentes arranjos de plantas em tomate, cultivar Diva. Caça-dor, SC, ano agrícola 1998/99

Notas: ns = não houve diferenças significativas pelo teste F a 5% de probabilidade de erro. CV = coeficiente de variação.

Produção Fruto Fruto comercialEspaçamento Total Comercial Total Comercial Peso médio Porcentagemcm ..............kg/ha............. ............nº/ha............... .......g ......... .........%........30 a 110 152.332ns 138.994ns 783.520ns 671.224ns 207,20ns 91,3ns40 a 100 158.397 143.154 831.139 690.705 207,53 90,550 a 90 150.082 134.804 801.429 670.714 201,00 90,160 a 80 153.271 140.629 770.000 665.000 213,04 91,970 a 70 149.775 138.171 771.786 660.714 208,17 92,3Média 152.771 139.150 791.575 671.672 207,39 91,2CV (%) 7,1 6,7 6,0 6,1 4,6 1,7

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87Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

Tabela 2. Produção total e comercial, número de frutos total e comercial, peso médio de fruto comercial eporcentagem de frutos comerciais em função de diferentes arranjos de plantas em tomate, cultivar Carmen.Caçador, SC, ano agrícola 2002/03

Notas: ns = não houve diferenças significativas pelo teste F a 5% de probabilidade de erro. CV = coeficiente de variação.

Produção Fruto Fruto comercialEspaçamento Total Comercial Total Comercial Peso médio Porcentagemcm ..............kg/ha............. ............nº/ha............... .......g ......... .........%........30 a 110 139.238ns 128.523ns 894.155ns 804.488ns 159,84ns 92,3ns40 a 100 147.083 135.368 923.034 832.047 162,68 91,950 a 90 151.527 141.347 956.601 874.706 161,35 93,360 a 80 141.514 130.849 890.512 805.714 162,37 92,470 a 70 146.865 134.995 888.679 802.363 168,62 91,9Média 145.245 134.216 910.596 823.863 162,97 92,4CV (%) 7,7 8,0 6,9 7,5 3,3 1,9

tamentos sobre as variáveis estu-dadas pelo teste F nos 2 anos, nãofoi realizado teste de comparação demédias. Estas respostas mostramque o arranjo espacial de plantas detomate não é um fator importantepara a produtividade do tomate, oque é concordante com Silva et al.(1997) que, ao avaliarem quatro sis-temas de cultivo de tomate, não ve-rificaram diferenças entre eles emrelação às produções total e de fru-tos grandes. Também Nichols (1987)e Fery & Janick (1970), ao estuda-rem espaçamentos e modelos deplantio de tomate, afirmam que aprodutividade e o tamanho de frutosde tomate são afetados pelo númerode plantas por hectare, mas não peloarranjo espacial das plantas.

Conclui-se que o arranjo espacialde plantas de tomate não influenciaa produtividade total e comercial e opeso médio comercial de frutos.

Literatura citada

1. DELLA GIUSTINA, J.E. Tomate. Sín-tese Anual da Agricultura de SantaCatarina 2003-2004, Florianópolis,p.121-128, 2004.

2. EMBRAPA. Centro Nacional de Pes-quisas de Solos. Sistema brasileiro declassificação de solos. Brasília:Embrapa Produção de Informação; Riode Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412p.

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5. LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal.São Carlos, SP: RiMa 2000. 531p.

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8. SILVA, D.J.H. da; SEDIYAMA, M.A.N.;MATA, A.C. da et al. Produção de fru-tos de tomateiro (Lycoperciconesculentum Mill) em quatro sistemasde cultivo. Revista Ceres, Viçosa, v.44,n.252, p.119-141, 1997.

9. SILVA JÚNIOR, A.; MÜLLER, J.J.V.;PRANDO, H.F. Poda de alta densidadede plantio de tomate. AgropecuáriaCatarinense, Florianópolis, v.5, n.1,p.57-61, mar. 1992.

10. WARNER, J.; HAO, X.; ZHANG, T.Q. Effects of row arrangement andplant density on yield and quality ofearly, small-vined processingtomatoes. Canadian Journal ofPlant Science, Ontario, Canadá.v.82, n.4, p.765-770, 2002.

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Nota Científica

Aspectos biológicos e morfológicos de Aspectos biológicos e morfológicos de Aspectos biológicos e morfológicos de Aspectos biológicos e morfológicos de Aspectos biológicos e morfológicos de CitheroniaCitheroniaCitheroniaCitheroniaCitheroniabrissotii brissotii brissotii brissotii brissotii brissotii brissotii brissotii brissotii brissotii (Lepidoptera: Saturniidae)(Lepidoptera: Saturniidae)(Lepidoptera: Saturniidae)(Lepidoptera: Saturniidae)(Lepidoptera: Saturniidae)

Luis Antonio Chiaradia1, José Maria Milanez2 Marcelo Bridi3 e Marcio Roberto Furlan Davila4

Aceito para publicação em 14/12/07.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar – Cepaf –, CP 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49)3361-0638, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Cepaf, e-mail: [email protected] de Agronomia da Unochapecó, C.P. 747, 89809-000 Chapecó, SC, fone: (49) 3321-8000.4Estudante de Agronomia, Unochapecó.

Resumo – A lagarta de Citheronia brissotii brissotii (Boisduval) (Lepidoptera: Saturniidae) alimenta-se de folhasde erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil. - Aqüifoliaceae). Para conhecer aspectos da biologia e morfologia destaespécie foi desenvolvida uma metodologia de criação no Laboratório de Fitossanidade da Epagri/Cepaf, em Chapecó,SC. Os cinco ínstares larvais deste inseto apresentaram razão média de crescimento de 1,5398 e o seu ciclobiológico completou-se em períodos de 92 a 236 dias. A metodologia utilizada possibilitou descrever a morfologiados imaturos e dos adultos desta espécie.Termos para indexação: Ilex paraguariensis, erva-mate, inseto.

Biological and morphological aspects ofCitheronia brissotii brissotii (Lepidoptera: Saturniidae)

Abstract – Citheronia brissotii brissotii (Boisduval) (Lepidoptera: Saturniidae) caterpillar feeds of the leaves ofparaguay tea (Ilex paraguariensis St. Hil. - Aqüifoliaceae). To know biological and morphological aspects of thisspecie a raising methodology was developed at Epagri/Cepaf Fitossanity Laboratory in Chapecó, Santa CatarinaState, Brazil. The five larval instars of this specie presented an average growth rate of 1,5398 and its life cycle wascompleted in periods of 92 to 236 days. The methodology allowed to describe the morphology of the immaturesand adults of this specie.Index terms: Ilex paraguariensis, paraguay tea, insect.

A erva-mate (Ilex paraguariensisSt. Hil. - Aqüifoliaceae) é uma plan-ta nativa de regiões temperadas esubtropicais da América do Sul. NoBrasil, ocorre naturalmente e tam-bém é cultivada, principalmente,nos Estados da Região Sul (Da Croce& Floss, 1999). Folhas e ramos daerva-mate são industrializados paraproduzir a erva do chimarrão, cháse outros derivados (Anuário..., 2000;Rodigheri & Mosele, 2000).

Muitos artrópodes têm a erva-mate como planta hospedeira, sen-do que Coll & Saini (1992), Pentea-do (1995) e Diaz (1997) relacionammais de cem espécies de insetos eácaros fitófagos incidindo nos ervaisda Argentina e do Brasil, caso deCitheronia brissotii brissotii(Boisduval) (Lepidoptera: Satur-

niidae). Pelo fato de a lagarta destaespécie ter longos apêndices no dor-so, é conhecida por lagarta-chifru-da ou lagarta-cornuda (Coll & Saini,1992).

A infestação de lagartas de C.brissotii brissotii nos ervais, geral-mente, ocorre em reboleiras e embaixos níveis populacionais, embo-ra possa causar desfolhamentos ex-pressivos. Esta espécie não temhábito gregário, que é comum emoutros saturnídeos, normalmenteincidindo uma ou poucas lagartasem cada planta (Coll & Saini, 1992).

Aspectos da biologia destelepidóptero foram estudados porFronza et al. (2005), alimentando aslagartas com Liquidambar sp.(Hamamelidaceae), que foi preferi-da em relação às outras espécies de

plantas fornecidas como fonte de ali-mento, uma vez que este inseto temhábito polífago (Database..., 2007).

Nesta pesquisa foram estudadosaspectos da biologia de C. brissotiibrissotii em laboratório e feita a des-crição morfológica das fases imatu-ras e das mariposas, com o objetivode facilitar a identificação do inse-to, contribuindo para aprimorar omanejo de pragas da cultura daerva-mate.

O estudo foi desenvolvido noLaboratório de Fitossanidade daEpagri/Centro de Pesquisa paraAgricultura Familiar – Cepaf –, emChapecó, SC, no período de setem-bro de 2005 a agosto de 2006, ini-ciado com um casal de mariposascapturadas em um erval situado nomunicípio de Chapecó (latitude 27o

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89Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

12’ 52’’ sul, longitude 52o 39’ 36’’ oes-te e altitude média de 630m).

O casal de mariposas foi libera-do em uma gaiola de acasalamentoconstruída com ripas de madeira,revestida de tela de náilon, medin-do 1 x 1 x 0,5m, onde foram coloca-dos ramos de erva-mate para ser-vir de refúgio às mariposas e desubstrato às posturas. Diariamen-te, os ovos foram recolhidos e acon-dicionados em placas de Petri, for-radas com papel-filtro umedecidocom água destilada, que forammantidas em ambiente climatizado(temperatura de 25 ± 0,1oC, umida-de relativa do ar de 60% ± 10% efotofase de 14 horas), condições tam-bém adotadas na fase larval e depupa do inseto.

Trinta grupos de cinco lagartasde primeiro ínstar foram formados,sendo acondicionados em caixasgerbox (0,11 x 0,11 x 0,04m) forra-das com papel-filtro umedecido.Para alimentar as lagartas foramfornecidas folhas de erva-mate, sen-do repostas três vezes por semana.Nos últimos ínstares, as lagartasforam transferidas para potes deplástico maiores (0,14 x 0,21 x0,07m; 0,20 x 0,27 x 0,11m e 0,25 x0,35 x 0,13m), com a tampa apre-sentando uma abertura vedada portela metálica de malha de 2mm.Para obter a razão de crescimentodas lagartas pela regra de Dyar, queexpressa o índice de aumento dalargura da cápsula cefálica no de-correr do desenvolvimento larval doinseto (Parra & Haddad, 1989), asexúvias de 15 lagartas foram medi-das após cada ecdise, utilizando ummicroscópio esterioscópico dotadode ocular micrométrica.

A fase pupal foi acompanhada emcinco grupos de 15 pupas, que fo-ram mantidas na superfície de soloumedecido, depositadas em potesplásticos (0,25 x 0,35 x 0,13m), atéa emergência dos adultos. Cincocasais de mariposas obtidas no la-boratório, um casal por vez, foramliberados na gaiola de acasalamentopara verificar os períodos de pré-acasalamento, pré-postura e postu-ra e para conferir o número de ovoscolocados por fêmea.

O acasalamento de C. brissotiibrissotii ocorreu cerca de 24 horasapós a emergência das fêmeas, ten-do a cópula duração de várias ho-ras. O período de postura foi de 8 a10 dias, iniciando no dia posteriorao acasalamento.

Os ovos, logo após a postura, são

de coloração verde-amarelada e pos-suem formato esférico, levementeachatado. As fêmeas puseram, emmédia, 201 ± 65,42 ovos, que foramdepositados, individualmente ou empequenos grupos, na face superiordas folhas. Os ovos apresentaram73,40% de viabilidade e incubaramem 4 a 7 dias, predominando 7 diaspara 97,10% dos ovos.

As lagartas, logo após a eclosão,alimentam-se da casca do ovo. Noprimeiro ínstar, as lagartas têm corpreta e possuem manchas de colo-ração alaranjada no dorso do segun-do e do terceiro segmentos abdomi-nais. Possuem escolos com “espi-nhos” em todos os segmentos abdo-minais e torácicos, sendo os do tó-rax mais longos e com formato tri-angular na porção distal, o que éuma característica morfológica daslagartas pertencentes à subfamíliaCeratocampinae (Costa et al., 2006).

A fase larval de C. brissotiibrissotii tem cinco ínstares, e no

quinto as lagartas são de coloraçãocinza-esverdeada, têm uma faixalateral de cor rosada e possuemapêndices no dorso, que medem cer-ca de 10mm de comprimento (Figu-ra 1). Estes apêndices estão locali-zados: um na porção final do abdô-men e dois pares no segundo e noterceiro segmentos torácicos, alémde existirem dois apêndices comcerca de 5mm de comprimento noprimeiro segmento do tórax. Nodorso do primeiro ao sétimo seg-mentos abdominais as lagartas têmquatro pequenos apêndices de colo-ração rosada. Possuem quatro pa-res de falsas pernas localizadas doterceiro ao sexto segmentos abdo-minais, além do par situado no últi-mo segmento do abdômen. No últi-mo ínstar, as lagartas atingem,aproximadamente, 100mm de com-primento.

A fase larval deste inseto ocor-reu em intervalos de 28 a 44 dias,tempo inferior aos 46 a 50 dias

Figura 1. Ciclo biológico de Citheronia brissotii brissotii

Lagarta

Pupa

Adultos

Ovos Fêmea

Macho

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90 Agropec. Catarin., v.21, n.2, jul. 2008

constatados por Fronza et al. (2005),provavelmente devido ao fato de aalimentação ter sido diferente, jáque foram semelhantes as condiçõesde temperatura, umidade efotoperíodo adotadas nas criações.

A razão média de crescimentodas lagartas foi de 1,5398 (Tabela 1),aumentando em progressão geomé-trica, estando em conformidade coma regra de Dyar. As medidas dascápsulas cefálicas obtidas neste es-tudo foram semelhantes às consta-tadas por Fronza et al. (2005). Nofinal do último estádio larval, as la-gartas mantiveram-se na parte debaixo dos potes, permanecendo imó-veis por 2 a 3 dias. O fato de estesaturnídeo ter o hábito de pupar nosolo explica este comportamento(Coll & Saini, 1992).

As pupas têm coloração mar-rom-violácea, sendo que as das fê-meas medem, em média, 44,8 ±3,09mm de comprimento e 14,1 ±1,35mm de largura, enquanto queas dos machos são menores (41,5 ±0,62mm por 13,1 ± 0,92mm). A fasede pupa teve duração de 117 ± 18,63dias, com mínimo de 60 e máximode 185 dias. Fronza et al. (2005) cons-tataram variação no período pupal de128 a 135 dias, atribuindo este perío-do como sendo uma adaptação da

Tabela 1. Média da largura da cápsula cefálica e razão de crescimento delagartas de Citheronia brissotii brissotii alimentadas com folhas de erva-mate em laboratório. Chapecó, Epagri/Cepaf, setembro de 2005 a agostode 2006

(1)Média de 15 observações seguida pela semi-amplitude do intervalo de confiançapelo Teste t a 5% de probabilidade de erro.

Ínstar Largura da cápsula Razão deCefálica(1) crescimento

.......mm.......I 1,10 ± 0,0636 —II 1,75 ± 0,0462 1,5909III 2,70 ± 0,0384 1,5428IV 4,09 ± 0,0881 1,5148V 6,18 ± 0,1025 1,5110Média 1,5398

Fase de Número de Duração (dias)desenvolvimento observações Mínimo MáximoOvo 282 4 7Larval 150 28 44Pupal 75 60 185Ovo a adulto 92 236

Tabela 2. Duração dos estádios de Citheronia brissotii brissotii em labo-ratório, alimentando as lagartas com folhas de erva-mate. Chapecó, Epagri-Cepaf, setembro de 2005 a agosto de 2006.

Literatura citada

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6. DIAZ, C.Y.F. Perspectivas del manejointegrado de plagas en yerba mate. In:CONGRESSO SUL-AMERICANODE ERVA-MATE, 1., 1997, Curitiba,PR. Anais... Colombo: Embrapa –CNPF, 1997. p.371-390.

7. FRONZA, E.; FORMENTINI, A.C.;SPECHT, A. et al. Aspectos biológicosde Citheronia brissotii brissotti(Lepidoptera: Sartuniidae,Ceratocampinae), em laboratório.Biociências, Porto Alegre, v.3, n.2,p.143-148, 2005.

8. PARRA, J.R.P.; HADDAD, M.L. Deter-minação do número de ínstares de in-setos. Piracicaba: Fealq, 1989. 49p.

9. PENTEADO, S.R.C. Principais pragasda erva-mate e medidas alternativaspara o seu controle. In: WINGE, H.;FERREIRA, A.G.; MARIATH, J.E. etal. Erva-mate: biologia e cultura noCone-Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1995.p.109-120.

10. RODIGHERI, H. R.; MOSELE, S.H.Importância econômica e renda daerva-mate cultivada. Perspectiva ,Erechim, v.24, n.88, p.39-44, 2000.

espécie para suportar as condiçõesadversas do clima do inverno.

As mariposas fêmeas medemcerca de 120mm de envergadura etêm o abdômen volumoso. Possu-em o primeiro par de asas de colo-ração parda, com pequenas man-chas amarelas de formato oval enervuras vermelhas. As asas pos-teriores são avermelhadas, têmnervuras vermelhas de tonalidademais escura e possuem duas faixasna margem lateral, sendo uma par-da seguida por outra amarelada deformato irregular. Os machos sãomenores, medem cerca de 100mmde envergadura e têm as asas maisestreitas, semelhantes às das ma-riposas pertencentes à famíliaSphingidae. As asas anteriores têmcoloração semelhante às das fême-as, enquanto que as asas posterio-res são de coloração avermelhada naregião axilar, têm uma mancha ama-rela na margem costal e apresentamduas faixas na margem lateral, sen-do uma de cor parda seguida por ou-tra amarelada, porém, mais desta-cadas do que as das fêmeas.

A proporção sexual desta espé-cie é de 1,8 fêmea para cada ma-cho. A longevidade das mariposasvariou de 4 a 11 dias para as fêmease de 5 a 8 dias para os machos, sen-

do estimada pelo número de dias devida dos espécimes liberados nagaiola de acasalamento.

O ciclo biológico desta espécie(ovo_adulto) (Tabela 2), em labora-tório, utilizando a erva-mate comoalimento para as lagartas ocorreuem períodos de 92 a 236 dias, va-riando, inclusive, entre as lagartasoriundas das posturas de uma mes-ma mariposa. Estes resultados pos-sibilitam a ocorrência de mais deuma geração anual para esta espé-cie, apesar de que o seu ciclo bioló-gico na natureza deve ser mais lon-go devido às condições climáticasnão serem tão favoráveis quanto àsproporcionadas no laboratório.

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Nota Científica

Seleção Seleção Seleção Seleção Seleção in vitroin vitroin vitroin vitroin vitro de rizobactérias com potencial de de rizobactérias com potencial de de rizobactérias com potencial de de rizobactérias com potencial de de rizobactérias com potencial de colonização em raízes de alho nas cultivares colonização em raízes de alho nas cultivares colonização em raízes de alho nas cultivares colonização em raízes de alho nas cultivares colonização em raízes de alho nas cultivares

Chonan e RChonan e RChonan e RChonan e RChonan e Roooooxxxxxo Caxienseo Caxienseo Caxienseo Caxienseo CaxienseLeandro Luiz Marcuzzo1, Rosane Garcez Cezar2 e Adriana Maria Tomazi Scolaro3

Aceito para publicação em14/11/07.1Eng. agr., M.Sc., Universidade do Contestado, C.P. 232, 89500-000 Caçador, SC, fone: (49) 3561-6200.2Eng. da Horticultura, Sesi/Meio-Oeste, Rua Perimetral, 610, km 0,5, Alto Bonito, 89500-000 Caçador, SC, fone: (49) 3561-1200, e-mail: [email protected]. da Horticultura, Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone: (49) 3561-2000,e-mail: [email protected].

Resumo – O objetivo deste trabalho foi isolar bactérias provenientes do rizoplano, da rizosfera e de túnicas debulbo de alho de diversos locais de cultivo e avaliar a capacidade de colonização em raízes de alho nas condições invitro. Bulbilhos de alho cultivar Chonan e Roxo Caxiense foram microbiolizados em suspensão bacteriana corres-pondente durante um período de 5,5 horas e após foram depositados em tubos de ensaio contendo ágar-água 0,8%.Posteriormente, foram acondicionados em câmara de crescimento a 24 ± 2oC, e após 20 dias quantificou-se aporcentagem de raízes colonizadas em relação ao número total de raízes emergidas. Constatou-se que o isoladoEHA/113 apresentou aproximadamente 96% de raízes colonizadas na cultivar Chonan, e na ‘Roxo Caxiense’ oisolado EHA/109 colonizou 75% das raízes.Termos para indexação: Allium sativum L., bactéria, rizoplano, rizosfera.

In vitro selection of rhizobacteria with potential for colonizinggarlic roots of Chonan and Roxo Caxiense cultivars

Abstract – The objetive of this study was to isolate bacteria from rhizoplane, rhizosphere and tunic of garlicbulbs from several cultivation sites and to evaluate the capacity to colonize garlic roots in vitro conditions.‘Chonan’ and ‘Roxo Caxiense’ garlic bulbs were microbiolized in bacterial suspension during a period of 5.5 hours,deposited in tubes with agar-water 0.8% and maintained in growth chamber at 24 ± 2oC for 20 days when thepercentage of colonized roots were evaluated. Isolate EHA/113 colonized about 96% of ‘Chonan’ and isolate EHA/109 colonized 75% of ‘Roxo Caxiense’.Index terms: Allium sativum L., bacteria, rhizoplane, rhizosphere.

O cultivo do alho ocupa uma po-sição de destaque na produção agrí-cola, pois é explorado intensiva-mente em quase todo o territórionacional. Diversos são os fatoresque contribuem para a baixa pro-dutividade, destacando-se as doen-ças de diversas etiologias que cau-sam prejuízos significativos à cul-tura. Grande parte dessas doenças

é controlada com defensivos agríco-las que, muitas vezes, são aplicadosde forma inadequada, restando parao ambiente uma carga residual(Dellamatrice, 2000). Baseado nes-te aspecto, a sociedade pressiona apesquisa a investigar métodos alter-nativos para o aumento de produti-vidade e controle de doenças deplantas, com menor custo de pro-

dução e que sejam, ao mesmo tem-po, eficientes e menos agressivos àsaúde humana e ao equilíbrio dosecossistemas (Mariano & Romeiro,2000).

As soluções para aumentar aprodução e diminuir a utilização dedefensivos agrícolas podem estarpresentes na própria planta, juntoao sistema radicular. O solo abriga

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uma quantidade diversificada demicrorganismos, sendo que muitosdestes organismos são bactérias queelegem como nichos ecológicos arizosfera e/ou o rizoplano de plan-tas, onde se multiplicam e sobrevi-vem ativamente, resistindo à pres-são do restante da microbiota dosolo (Mariano & Romeiro, 2000).Estes organismos conhecidos comorizobactérias (Kloepper et al., 1980)interagem com a planta, podendoapresentar efeito deletérico, nuloou benéfico (Kloepper &Beauchamp, 1992).

As rizobactérias benéficas queinfluenciam na promoção de cresci-mento de plantas e no controle bio-lógico de enfermidades recebem onome de rizobactérias promotorasde crescimento de plantas (PGPR)e têm sido utilizadas para aumen-tar a produtividade das culturas ebiocontrolar fitopatógenos (Liu etal., 1995).

É de fundamental importânciaidentificar a possibilidade de se-lecionar rizobactérias na culturade alho, a fim de que se possa re-duzir a utilização de defensivos efertilizantes para o aumento daprodutividade e reduzir tambémo impacto que a cultura exercesobre o ambiente.

O objetivo deste trabalho foi iso-lar bactérias provenientes de culti-vos de alho de diferentes lavourase avaliar a capacidade colonizadoradas mesmas em raízes de alho dascultivares Chonan e Roxo Caxiense,na condição in vitro.

Obtenção dos isolados

Este trabalho foi realizado noLaboratório de Microbiologia daUniversidade do Contestado _

Campus Universitário de Caçador.O isolamento foi efetuado em no-vembro de 2002, e a avaliação dacolonização, nos meses de janeiro efevereiro de 2003.

Dez plantas de alho de diferen-tes cultivares foram coletadas emlavouras comercias de Caçador, SC,e acondicionadas em caixa de isoporcontendo gelo para manutenção datemperatura durante o transporteaté o laboratório, onde, posterior-mente, procedeu-se ao isolamentodas bactérias.

Isolados de túnicas de bulbos:Os isolados bacterianos deste sítioforam obtidos através da adição de10g de túnicas de bulbos de alho em90ml de solução salina (NaCl 0,85%)e agitação por 30 minutos. As sus-pensões foram submetidas a dilui-ções seriadas e plaqueadas em meiode cultura 523 (Kado & Heskett,1970). As placas foram incubadas a28oC por até 7 dias, e as colôniasisoladas foram repicadas para tubosde ensaio contendo o mesmo meio.

Isolados da rizosfera e dorizoplano: 10g da camada de soloaderida às raízes foram adicionadasa 90ml de solução salina (NaCl0,85%), e mantidos em agitação por30 minutos. Posteriormente, as sus-pensões foram submetidas a dilui-ções seriadas, plaqueadas em meiode cultura 523 e incubadas por até 7dias a 28oC.

Os isolados de rizoplano foramobtidos das mesmas raízes que, de-pois de lavadas em água corrente eadicionadas em Erlenmeyers con-

tendo solução salina (NaCl 0,85%)na proporção de 10g de raízes para90ml de solução, foram deixadas sobagitação durante 30 minutos. Apóseste período, as suspensões foramsemeadas em placas de Petri com omesmo meio de cultura e incuba-das por até 7 dias a 28oC. Em am-bos os casos, as colônias surgidasforam repicadas para tubos conten-do meio 523.

Avaliação da capacidade coloni-zadora de bactérias em raízesde alho: Em decorrência de amaioria dos isolados bacterianos seroriginada de plantas de alho dascultivares Chonan (Tabela 1) e RoxoCaxiense (Tabela 2), estes foramavaliados na própria cultivar, inde-pendentemente do sítio de isola-mento. Bulbilhos de alho das culti-vares Chonan e Roxo Caxiense, commédia de 3g, foram desinfetados su-perficialmente em álcool 70% ehipoclorito de sódio 1%, durante 5minutos, e lavados em água esteri-lizada por duas vezes. Imediatamen-

Tabela 1. Porcentagem média de colonização radicular na cultivar dealho Chonan com isolados obtidos de diferentes sítios de isolamento e arespectiva cultivar em que foram coletados. Caçador, SC, 2003(1)

Isolado Sítio de Cultivar do Colonização(2)

isolamento isolamento %EHA/113 Rizoplano Chonan 95,82aEHA/115 Rizoplano Quitéria 82,12bEHA/81 Rizoplano Chonan Gaúcho 58,34cEHA/79 Rizosfera Quitéria 56,17dEHA/114 Rizoplano Chonan 50,00dEHA/89 Rizoplano Chonan Gaúcho 50,00dEHA/77 Rizosfera Chonan 32,15eEHA/41 Túnica Chonan Gaúcho 20,00fEHA/52 Rizosfera Chonan Gaúcho 19,65fEHA/46 Túnica Fuego Inta 12,50gEHA/86 Rizoplano Chonan Gaúcho 8,32hEHA/51 Rizosfera Chonan Gaúcho 5,00iEHA/39 Túnica Chonan Gaúcho 0,00jEHA/47 Túnica Fuego Inta 0,00jEHA/ 53 Rizosfera Chonan Gaúcho 0,00jEHA/76 Rizosfera Chonan 0,00jTestemunha 0,00jCV(%) 14,72

(1)Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.(2)Antes da análise, as porcentagens de colonização (x) foram submetidas à transfor-mação 1+= xy . Os dados são apresentados na escala original.Nota: CV = coeficiente de variação.

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te os bulbilhos foram imersos em30ml de suspensão de cada um dosisolados, preparada em solução sa-lina (NaCl 0,85%) cuja concentraçãofoi ajustada pela escala de McFarland no 2 e agitados durante 5,5horas em temperatura ambiente (20± 2oC). Após este período, cadabulbilho foi depositado em tubo deensaio (15cm x 1cm) contendo 15mlde ágar-água 0,8% (Figura 1). Emseguida, os tubos foram acondi-cionados em suporte metálico etransferidos para câmara de cres-cimento sob iluminação fluores-cente constante em temperaturade 24 ± 2oC.

Utilizou-se o delineamento expe-rimental inteiramente casualizadocom quatro repetições, contendo umbulbilho em cada repetição paracada isolado bacteriano. A testemu-nha consistia em bulbilhos imersosem solução salina (NaCl 0,85%).

A avaliação foi realizada no 20ºdia após a microbiolização dosbulbilhos, observando-se visualmen-te o comportamento das rizobac-térias pela contagem do número deraízes que foram colonizadas e donúmero total de raízes emergidas(Figura 1B) e calculando-se a rela-ção entre estes valores e a porcen-tagem de raízes colonizadas. Paraa análise estatística, os valores ori-ginais foram transformados em

1+x e submetidos à análisede variância (Anova), e as médiasforam comparadas pelo teste deTukey a 5%.

Dos diferentes sítios de isolamen-tos, obteve-se um total de 53 isola-dos bacterianos, dos quais 16 foramavaliados para a colonização da cul-tivar Chonan e 37 para a da ‘RoxoCaxiense’.

Na avaliação da colonizaçãopara a cultivar Chonan destacou-seo isolado bacteriano EHA/113, o qualapresentou 95,8% das raízes colo-nizadas, seguido pelo isolado EHA/115 com 82% de colonização (Tabe-la 1). Esses resultados indicam queas bactérias colonizadoras nesta cul-tivar podem apresentar potencial decontrole biológico e/ou promoção decrescimento in vivo (Habe &Uesugi, 2000).

Para a cultivar Roxo Caxiense,destacaram-se os isolados EHA/109

(1)Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.(2)Antes da análise, as porcentagens de colonização (x) foram submetidas à transfor-mação 1+= xy . Os dados são apresentados na escala original.Nota: CV = coeficiente de variação.

Tabela 2. Porcentagem média de colonização radicular na cultivar RoxoCaxiense com isolados bacterianos de diferentes sítios de isolamento e arespectiva cultivar em que foram coletados. Caçador, SC, 2003(1)

Isolado Sítio de Cultivar do Colonização(2)

isolamento isolamento %EHA/109 Rizoplano Roxo Caxiense 75,00a

EHA/92 Rizoplano Roxo Caxiense 66,67 b

EHA/113 Rizoplano Chonan 66,67 b

EHA/57 Rizosfera Roxo Caxiense 50,00 c

EHA/80 Rizosfera Quitéria 25,00d

EHA/95 Rizoplano Roxo Caxiense 25,00 d

EHA/42 Rizosfera Roxo Caxiense 20,00 e

EHA/98 Rizoplano Roxo Caxiense 16,67 f

EHA/44 Túnica Roxo Caxiense 14,28 f

EHA/62 Rizosfera Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/63 Rizosfera Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/64 Rizosfera Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/75 Rizosfera Roxo Caxiense 0,00 gEHA/56 Rizosfera Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/90 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/91 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 gEHA/54 Rizosfera Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/93 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/94 Rizosfera Roxo Caxiense 0,00 gEHA/58 Rizosfera Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/96 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/59 Rizosfera Roxo Caxiense 0,00 gEHA/99 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/100 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/101 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/104 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/105 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/106 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/107 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/108 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/60 Rizosfera Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/110 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00g

EHA/112 Rizoplano Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/61 Rizosfera Roxo Caxiense 0,00 g

EHA/114 Rizoplano Chonan 0,00 g

EHA/116 Rizoplano Quitéria 0,00 g

EHA/117 Rizoplano Quitéria 0,00 g

Testemunha 0,00 g

CV(%) 18,74

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94 Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Literatura citada1. DELLAMATRICE, P.M. Degradação do

herbicida 14C Diuron porAcinetobacter baumannii e pelamicrobiota do solo. 2000. 53p. Disser-

com 75% de colonização e EHA/92e EHA/113, ambos com 66,67% decolonização (Tabela 2). Observou-setambém que o isolado EHA/57 apre-sentou 50% das raízes colonizadas,o que é considerado um bom índi-ce. Para esta cultivar constatou-seque, dos 37 isolados avaliados, 28não apresentaram colonização, com-provando que nem todas as bac-térias isoladas de raízes de plantaspossuem a capacidade de coloniza-ção (Schort & Pancock, 1982).

tação (Mestrado em Ciências - Ener-gia Nuclear na Agricultura). Universi-dade de São Paulo, São Paulo, 2000.

2. HABE, M.H.; UESUGI, C.H. Métodoin vitro para avaliar a capacidade colo-nizadora de bactérias em raízes de to-mateiro. Fitopatologia Brasileira,Brasília, v.25, n.4, p.657-660, 2000.

3. KADO, C.I.; HESKETT, M.G. Selectivemedia for isolation of Agrobacterium,Corynebacterium, Erwinia, Pseudo-monas and Xanthomonas. Phytopa-thology, St. Paul, v.60, p.24-30, 1970.

4. KLOPPER, J.W.; BEAUCHAMP, C.J.A review of issues related to measuringcolonization of plant roots by bacteria.Canadian Journal of Microbiology,Ottawa, v.38, p.1219-1232, 1992.

5. KLOEPPER, J.W.; LEONG, J.;TEINTZ, M. et al. Enhanced plantgrowth by siderophores produced byplant growth promoting rhizobacteria.Nature, London, p.285-286, 1980.

6. LIU, L.; KLOEPPER, J.W.; TUZUN, S.Induction of systemic resistance incucumber by plant growth-promotingrhizobacteria: duration of protectionand effect of host resistance onprotection and root colonization.Phytopathology, St. Paul, v.85, n.10,p.1064-1068, 1995.

7. MARIANO, R.L.R.; ROMEIRO, R.S.Indução de resistência sistêmica porrizobactérias promotoras de crescimen-to de plantas. In: MELO, I.S.; AZEVE-DO, J.L. Controle biológico. Jagua-riúna: Embrapa Meio Ambiente, 2000.v.2. p.305-320.

8. SCHORT, M.N.; PANCOCK, J.G.Disease-supressive soil and root-colonizing bacteria. Science, New York,v.216, p.1.376-1.381, 1982.

Figura 1. (A) Aspecto leitoso no sistema radicular de alho colonizadocom rizobactéria; (B) Desenvolvimento do sistema radicular em tubode ensaio contendo ágar-água 0,8%

A B

Dentre os 53 isolados avaliadospara a colonização do sistemaradicular, destacaram-se na cultivarChonan os isolados EHA/113 e EHA/115, e os isolados EHA/109, EHA/92, EHA/113 e EHA/57, na cultivarRoxo Caxiense.

Cultivo, processamento e utilização de plantas bioativas

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Epagri

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95Agropec. Catarin., v.21, n.1, mar. 2008

Normas para publicação na RNormas para publicação na RNormas para publicação na RNormas para publicação na RNormas para publicação na RevistaevistaevistaevistaevistaAgropecuária Catarinense – RACAgropecuária Catarinense – RACAgropecuária Catarinense – RACAgropecuária Catarinense – RACAgropecuária Catarinense – RAC

A revista Agropecuária Catari-nense aceita para publicação maté-rias ligadas à agropecuária e à pes-ca, desde que se enquadrem nasseguintes normas:

1. As matérias para as seções Ar-tigo Científico, Germoplasma eLançamento de Cultivares eNota Científica devem ser ori-ginais e vir acompanhadas deuma carta afirmando que amatéria é exclusiva à RAC.

2. O Artigo Científico deve ser con-clusivo, oriundo de uma pesqui-sa já encerrada. Deve estar or-ganizado em Título, Nome com-pleto dos autores (sem abrevi-ação), Resumo (máximo de 15linhas, incluindo Termos paraindexação), Título em inglês,Abstract e Index terms, Intro-dução, Material e métodos, Re-sultados e discussão, Conclu-são, Agradecimentos (opcional),Literatura citada, tabelas e fi-guras. Os termos paraindexação não devem conterpalavras já existentes no títuloe devem ter no mínimo três eno máximo cinco palavras. No-mes científicos no título nãodevem conter o nome doidentificador da espécie. Há umlimite de 15 páginas para Arti-go Científico, incluindo tabelase figuras.

3. A Nota Científica refere-se apesquisa científica inédita e re-cente com resultados importan-tes e de interesse para umarápida divulgação, porém comvolume de informações insufi-ciente para constituir um arti-go científico completo. Pode sertambém a descrição de nova do-

ença ou inseto-praga. Deve terno máximo oito páginas (inclu-ídas as tabelas e figuras). Deveestar organizada em Título,Nome completo dos autores(sem abreviação), Resumo (má-ximo de 12 linhas, incluindoTermos para indexação), Títu-lo em inglês, Abstract e Indexterms, o texto corrido, Agrade-cimentos (opcional), Literaturacitada, tabelas e figuras. Nãodeve ultrapassar dez referên-cias bibliográficas.

4. A seção Germoplasma e Lança-mento de Cultivares deve con-ter Título, Nome completo dosautores, Resumo (máximo de 15linhas, incluindo Termos paraindexação), Título em inglês,Abstract e Index terms, Intro-dução, Origem (incluindopedigree), Descrição (planta,brotação, floração, fruto, folha,sistema radicular, tabela comdados comparativos), Perspec-tivas e problemas da nova cul-tivar ou germoplasma, Dispo-nibilidade de material e Litera-tura citada. Há um limite de 12páginas para cada matéria, in-cluindo tabelas e figuras.

5. Devem constar no rodapé da pri-meira página: formação profis-sional do autor e do(s) co-autor(es), título de graduação epós-graduação (Especialização,M.Sc., Dr., Ph.D.), nome e en-dereço da instituição em quetrabalha, telefone para contatoe endereço eletrônico.

6. As citações de autores no textodevem ser feitas por sobreno-me e ano, com apenas a primei-ra letra maiúscula. Quando

houver dois autores, separarpor “&”; se houver mais dedois, citar o primeiro seguidopor “et al.” (sem itálico).

7. Tabelas e figuras geradas noWord não devem estar inseridasno texto e devem vir numera-das, ao final da matéria, emordem de apresentação, com asdevidas legendas. Gráficos ge-rados no Excel devem ser en-viados, com as respectivasplanilhas, em arquivos separa-dos do texto. As tabelas e as fi-guras (fotos e gráficos) devemter título claro e objetivo e serauto-explicativas. O título databela deve estar acima da mes-ma, enquanto que o título dafigura, abaixo. As tabelas de-vem ser abertas à esquerda e àdireita, sem linhas verticais ehorizontais, com exceção da-quelas para separação do cabe-çalho e do fechamento, evitan-do-se o uso de linhas duplas. Asabreviaturas devem serexplicadas ao aparecerem pelaprimeira vez. As chamadas de-vem ser feitas em algarismosarábicos sobrescritos, entre pa-rênteses e em ordem crescen-te (ver modelo).

8. As fotografias devem estar empapel fotográfico ou em diapo-sitivo, acompanhadas das res-pectivas legendas. Serão acei-tas fotos digitalizadas, em for-mato JPG ou TIF, em arquivoseparado do texto, com resolu-ção mínima de 200dpi.

9. As matérias apresentadas paraas seções Opinião, Registro,Conjuntura e Informativo Téc-nico devem se orientar pelasnormas do item 10.

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9.1 Opinião – deve discorrer sobreassuntos que expressam a opi-nião pessoal do autor sobre ofato em foco e não deve termais que três páginas.

9.2 Registro – matérias que tratamde fatos oportunos que mere-çam ser divulgados. Seu con-teúdo é a notícia, que, apesarde atual, não chega a merecero destaque de uma reportagem.Não devem ter mais que duaspáginas.

9.3 Conjuntura – matérias queenfocam fatos atuais com baseem análise econômica, socialou política, cuja divulgação éoportuna. Não devem ter maisque seis páginas.

9.4 Informativo Técnico – refere-se à descrição de uma técnica,uma tecnologia, doenças, inse-tos-praga, e outras recomenda-ções técnicas de cunho prático.Não deve ter mais do que oitopáginas, incluídas as figuras etabelas.

10. Os trabalhos devem ser enca-minhados em quatro vias, im-pressos em papel A4, letraarial, tamanho 12, espaço du-plo, sendo três vias sem o(s)nome(s) do(s) autor(es) paraserem utilizadas pelos consul-tores e uma via completa paraarquivo. As cópias em papeldevem possuir margem supe-rior, inferior e laterais de2,5cm, estar paginadas e comas linhas numeradas. Apenas aversão final deve vir acompa-nhada de disquete ou CD, usan-do o programa “Word forWindows”.

11. Literatura citadaAs referências bibliográficasdevem estar restritas à Litera-tura citada no texto, de acordocom a ABNT e em ordem alfa-bética. Não são aceitas citaçõesde dados não publicados e pu-blicações no prelo. Quando hou-ver mais de três autores, citam-se apenas os três primeiros, se-guidos de “et al.” .

Eventos

Daners, G. Flora de importânciamelífera no Uruguai. In: CON-GRESSO IBERO-LATINOAME-RICANO DE APICULTURA, 5.,1996, Mercedes. Anais... Mercedes,1996. p.20.

Periódicos no todoANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRA-SIL-1999. Rio de Janeiro: IBGE,v.59, 2000. 275 p.

Artigo de periódicoSTUKER, H.; BOFF, P. Tamanho daamostra na avaliação da queima-acinzentada em canteiros de cebo-la. Horticultura Brasileira, Brasília,v.16, n.1, p.10-13, maio 1998.

Artigo de periódico em meio ele-trônicoSILVA, S.J. O melhor caminho paraatualização. PC world, São Paulo,n.75, set. 1998. Disponível em:<www.idg.com.br/abre.htm>. Aces-so em: 10 set. 1998.

Livro no todoSOCIEDADE BRASILEIRA DE CI-ÊNCIA DO SOLO. Recomendaçãode adubação e de calagem para os

estados do Rio Grande do Sul e deSanta Catarina. 3.ed. Passo Fundo,RS: SBCS/Núcleo Regional Sul;Comissãode Fertilidade do Solo –RS/SC, 1994. 224p., 1994. 224p.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CI-ÊNCIA DO SOLO. Manual de adu-bação e calagem para os Estados doRio Grande do Sul e de SantaCatarina. 10.ed. Porto Alegre, RS:SBCS/ Núcleo Regional Sul; Comis-são de Química e Fertilidade do Solo– RS/SC, 2004, 400p.

Capítulo de livroSCHNATHORST, W.C. Verticilliumwilt. In: WATKINS, G.M. (Ed.)Compendium of cotton diseases.St.Paul: The AmericanPhytopathological Society, 1981.part 1, p.41-44.

Teses e dissertaçõesCAVICHIOLLI, J.C. Efeitos da ilu-minação artificial sobre o cultivo domaracujazeiro amarelo (Passifloraedulis Sims f. flavicarpa Deg.), 1998.134f. Dissertação (Mestrado emProdução Vegetal), Faculdade deCiências Agrárias e Veterinárias,Universidade Estadual Paulista,Jaboticabal, SP.

68.72447.38745.03767.93648.31359.50593.037

64.316

64.129 -

Tabela 1. Peso médio dos frutos no período de 1993 a 1995 e produção média desses trêsanos, em plantas de macieira, cultivar Gala, tratadas com diferentes volumes de calda deraleantes químicos(1)

Tratamento Peso médio dos frutos Produção

média

TestemunhaRaleio manual16L/ha300L/ha430L/ha950L/ha1.300L/ha1.900L/hac/pulverizadormanual1.900L/hac/turboatomizador

CV (%)Probabilidade >F 0,0002(**) 0,0011(**) 0,0004(**) - -

(1)Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probalidade.(**) Teste F significativo a 1% de probabilidade.

Fonte: Camilo & Palladini. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, n.11, nov. 2000.

113 d122 cd131abc134ab122 cd128abc138a

125 bc

133ab

4,8

96,0110,7114,3112,3103,3109,0119,0

108,4

112,3

6,4

80 d100ab 91 bc 94 bc 88 cd 92 bc104a

94abc

95abc

6,1

95 d110 bc121a109 bc100 cd107 bc115ab

106 bc

109 bc

6,4

1993 1994 1995 Média

................................g............................. kg/ha