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Edição 35 Revista Geração Sustentável. Tema de capa: Comércio Sustentável

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www.ebs.edu.br | 2101 8800VESTIBULAR AGENDADO E TRANSFERÊNCIA

MELHOR CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE CURITIBA

ENTRE AS INSTITUIÇÕES PRIVADAS

ESTAÇÃOPRIMEIRACOLOCADANO ENADE

AVALIAÇÃO

DO MEC

PROVA

DO

ENADE

CONCEITO ENADEINSTITUIÇÕES

FACULDADE ESTAÇÃO 4

3

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PUC-PRFAESPEIUNICEMPFACETFACELUNICURITIBADOM BOSCOESICEXPOENTEBAGOZZI

ESTÁCIOSANTA CRUZUNIBRASIL

CAMÕES

DEMAIS INSTITUIÇÕES

A MELHOR NAS PÓS-GRADUAÇÕES E MBA (REVISTA VOCÊ S/A) É AGORA, TAMBÉM A

MELHOR EM ADMINISTRAÇÃO. EBS: A ESCOLA QUE ORGULHA OS CURITIBANOS.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 3

Diretor ExecutivoPedro Salanek Filho

[email protected]

Diretora Administrativa e Relações CorporativasGiovanna de Paula

[email protected]

Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck

[email protected]

Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto

e Ivan de Melo Dutra

Colaboraram nesta ediçãoJornalistas: Bruna Robassa, Karina Kanashiro e Alexsandro T. Ribeiro

[email protected]

RevisoraAlessandra Domingues

Assinaturas [email protected]

Fale [email protected]

Impressão Gráfica Capital

ISSN nº 1984-9699

A impressão da revista é realizada dentro do conceito de de-senvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. A revista é produ-zida com papel certificado. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma la-vanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.

Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/0001-12 - Rua Bortolo Gusso, 577 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 81.110-200 - Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141

www.geracaosustentavel.com.br

As matérias destacadas com o selo "Parceria Ge-ração Sustentável" referem-se à conteúdos elabo-

rados em parceria com empresas ou instituições que possuem projetos socioambientais. Tanto a divulgação dos projetos quanto a distribuição

dos exemplares são efetuadas de forma conjunta, pela revista e pela empresa mencionada

Conheça o mundo digital da Geração SuStentável

geracaosustentavel.com.brrevistageracaosustentavel.blogspot.comtwitter.com/revistageracaofacebook.com

Revista Digital

Editorial

A revista Geração Sustentável é uma publicação bimestral indepen-dente e não se responsabiliza pelas opiniões emitidas em artigos ou colunas assinadas por entender que estes materiais são de responsa-bilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, ar-mazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUS-TENTÁVEL são terminantemente proibidos sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos. As fo-tos dessa edição recebem o crédito de divulgação. Tiragem da edição: 10.000 exemplares - 35ª Edição - setembro/outubro - Ano 7 - 2013

Esta é uma edição especial! Trazemos como temática de capa o po-sicionamento atual e as tendências que o setor varejista vem adotando dentro do contexto da sustentabilidade. O setor do comércio iniciou in-tenso debate e vem procurando soluções para atuar de forma mais efe-tiva nas questões socioambientais. Dentro desse cenário, as soluções para a gestão de resíduos e as alternativas para a viabilização de proces-sos de logística reversa está encabeçando a pauta estratégica do setor!

Nesse contexto, trazemos como entrevistado principal da edição o presidente da Fecomércio/PR, Darci Piana. Em sua abordagem, Piana destaca a importância de uma educação ambiental e a implantação de um processo de responsabilidade compartilha entre dos diversos agen-tes de mercado. O primeiro passo é promover acordos setoriais, procu-rando discutir as necessidades, as adaptações necessárias e também as oportunidades para cada segmento.

Em nossa matéria de capa, destacaremos as principais iniciativas paranaenses que estão sendo implantadas. Ações com o recolhimento de embalagens e destinação final de produtos são alguns exemplos. O setor comercial, ligado ao uso de óleos lubrificantes e de pneus inser-víveis, até por serem resíduos classificados como perigosos, já possui projetos consolidados na gestão e destinação desses rejeitos. Outro exemplo é o processo de recolhimento de embalagens de agrotóxicos. O Brasil é recordista mundial em volume de recolhimento, atingindo 94% de embalagens devolvidas. A matéria contempla ainda a descrição de projetos socioambientais das empresas Empalux, Martinaço e da Rede de Supermercado Condor.

A edição traz, ainda, uma matéria sobre a MVC, empresa parana-ense com sede em São José dos Pinhais, sobre projetos inovadores na produção de painéis de plástico. No espaço responsabilidade social corporativa, destacam-se os desafios para a inclusão de pessoas com deficiências no mercado de trabalho. A edição ainda traz uma matéria sobre piscinas ecológicas.

Boa leitura!

Pedro Salanek Filho

Os caminhos para a sustentabilidade no varejo

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Anunciantes e Parcerias

02 EBS

09 PETROBRAS

13 COLÉGIO SÃO LUIZ

23 ONG BRASIL

29 WTC

31 DFD

36 e 37 CATIVA

39 FIEMA BRASIL

43 COBEE

45 ECOBIKE

49 CIVITAS

51 UNIMED 52 FECOMÉRCIO

Sumário

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 4

03 Editorial

06 Sustentando

10 Entrevista – Darci Piana 14 Capa Gestão de Valor 24 Gestão Ambiental MVC: da fabricação de plásticos à revolução nas construções populares 30 Gestão Sustentável

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 5

32 Gestão de Resíduos Madeira pode ser reciclada de forma sustentável e certificada 38 Economia e Sustentabilidade 40 Qualidade de Vida Um oásis feito no quintal 44 Talentos Voluntários 46 Responsabilidade Social Corporativa O caminho da inclusão 50 Vitrine Sustentável

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Sustentando

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Caixa VerdeO Programa Caixa Verde do Grupo Pão de Açúcar é inovador e visa à reciclagem pré-consumo. A ação incentiva que pacotes promocionais, caixas de pasta de dente, creme de barbear, pack de bebidas e outros tipos de embalagens secundárias que não interferem no transporte dos produtos sejam deixados nas urnas instaladas na saída dos caixas das lojas do grupo em todo o País. O Pão de Açúcar mantém outras iniciativas que visam à logística reversa e a reciclagem em parceria com a Unilever, com a Procter e Gamble (P&G) e com a Nokia do Brasil. O grupo foi a primeira rede de varejo a disponibilizar pontos de entrega voluntária de materiais recicláveis (papel, plástico, metal, vidro e óleo de cozinha usado) nas suas lojas por meio da criação de estações de reciclagem em parceria com essas empresas. Os materiais arrecadados são doados para cooperativas de reciclagem parceiras do programa. As lojas do grupo também estão preparadas para receber aparelhos de telefone celular e materiais relacionados, como baterias e acessórios. O material recolhido é reciclado e usado na produção de brinquedos, aparelhos eletrônicos e até produtos odontológicos. No site www.grupopaodeacucar.com.br é possível encontrar as lojas que mantém essas iniciativas.

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Glass is GoodProdutora e distribuidora das famosas marcas de bebidas alcoólicas Johnnie Walker, Smirnoff, Ciroc, Ypióca, entre outras, a Diageo possui um programa de logística reversa para embalagens de vidro que é pioneiro e anterior a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Iniciativa de um grupo de funcionários da empresa, o programa Glass is Good (Vidro é bom) consiste em parcerias com bares, restaurantes, e cooperativas de catadores e fabricantes de embalagens de vidro para separação, armazenamento, coleta, tritura e reciclagem dos vidros desses produtos. Entre os resultados, estão incremento na geração de renda dos cooperados e diversificação da receita das cooperativas parceiras, reciclagem de 1600 toneladas de vidro em apenas dois anos de programa, o que equivale a 3,3 milhões de garrafas, entre outros resultados.

Prêmio Fecomércio de SustentabilidadeInovação, relevância para o negócio e amplitude são alguns dos critérios de avaliação dos projetos que podem ser inscritos na 4ª edição do Prêmio Fecomércio de Sustentabilidade, que recebe inscrições até 20 de janeiro de 2014. Os interessados podem se candidatar nas categorias: Empresa (microempresa, pequena/média empresa, grande empresa, indústria e entidade empresarial); Órgão Público; Academia (professor/a e estudante); e Reportagem Jornalística (rádio/TV, jornalismo impresso e jornalismo online). Realizado pela Fecomércio SP em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), com o objetivo de manter o compromisso de sensibilizar a comunidade empresarial para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável, o prêmio irá oferecer um título de capitalização e previdência no valor de R$ 15 mil para cada vencedor. O regulamento completo, informações e inscrições podem ser conferidas no site http://www.fecomercio.com.br/sustentabilidade.

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Bebida sustentávelÉ cada vez mais comum encontrar em mercados e lojas especializadas bebidas que são produzidas com a preocupação de não agredir o meio ambiente. Elas costumam ser elaboradas com produtos naturais, sem agrotóxicos e com a menor quantidade de água possível. Além dos vinhos orgânicos, que já estão há mais tempo no mercado, as cachaças e as cervejas sustentáveis caem cada vez mais no gosto dos consumidores. Em Morretes, litoral do Paraná, funciona uma das mais respeitadas empresas produtoras de cachaça orgânica, a Porto Morretes, que produz três tipos de cachaças orgânicas: a branca (recém-destilada), a água-ardente de cana composta de banana, e a ouro, armazenada de quatro a seis anos em barril de carvalho. Cada parte do processo de produção é controlada, desde o plantio da cana-de-açúcar, livre de agrotóxicos, até o produto final, que além de puro e saboroso é certificado internacionalmente no mercado mundial de produtos orgânicos. Cresce também a variedade de cervejas produzidas de forma ecologicamente correta. Eisenbahn Pilsen Natural, Whitstable Bay Organic Ale e a Fuller’s Organic Honeydew, que leva mel na receita, são alguns exemplo de cervejas orgânicas disponíveis no mercado.

Orgânico x biodinâmico Não bastasse a diferença de cores e sabores, os vinhos também podem ser classificados como orgânicos e biodinâmicos. O orgânico é o vinho produzido sem o uso de agrotóxicos. No lugar de pesticidas, herbicidas e fertilizantes sintéticos são utilizados compostos orgânicos e predadores naturais de alguns insetos e pragas. Já na adega evita-se a utilização de meios artificiais de vinificação que não sejam naturais da uva, como leveduras de laboratório, microoxigenção e outras tecnologias. Já o vinho biodinâmico pode ser considerado um tipo avançado de orgânico, em que se leva em consideração também o manejo natural da terra e o respeito à vinificação sem aditivos a energização e revitalização do vinhedo através de princípios básicos da biodinâmica, que é a ciência baseada nos estudos do filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925). Para Steiner o homem não deve alterar os equilíbrios naturais do campo.

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Cineasta, escritor, crítico e jornalista encerrou o 6º Fórum Global de Liderança promovido pela Estação Business School (EBS) em Curitiba e falou sobre "As Perspectivas do Brasil Contemporâneo e o Papel dos Líderes da Atualidade"

O Brasil vive uma luta permanente entre atraso e modernização e poderia estar hoje em um nível de desenvolvimento muito me-lhor não fossem as forças, que tiveram origem no período de colonização do país, segurarem essa vontade de crescer. É o que pensa Arnaldo Jabor – cineasta, escritor, crítico e jornalista da Rede Globo e CBN, que encerrou o 6º Fórum Global de Liderança promovido pela Estação Business School (EBS), entre os dias 3 e 5 de setembro, com a palestra “Perspectivas do Brasil Contemporâneo”.

Jabor afirmou, durante a palestra, que o Brasil adquiriu determinados vícios ao ser colonizado por Portugal, entre eles lentidão, paralisia endêmica, burocracia, clientelismo e dependência, os quais nos assolam até hoje. Para o crítico, o sistema de patrimo-nialismo trouxe para a população a ideia de que é mais importante ter um emprego do que uma empresa, situação que deve ser revertida pelo incentivo ao empreendedorismo e à liderança.

Em sua explanação para mais de 900 pessoas, Jabor trouxe à tona reflexões da história do país desde a época colonial até os dias atuais, citando polêmicas, nomes e fatos de uma forma desinibida, ousada e criativa. “O Brasil nos persegue, coloca-nos per-manentemente em dúvida, dá grandes sustos e traz boas surpresas. É uma marca brasileira a sensação de que sempre poderíamos estar melhor. Estamos sempre com o desejo de avançar e crescer, mas as forças que tendem a segurar essas vontades são muito fortes. Hoje eu vim para falar do Brasil que está dentro de nós, na nossa cabeça. O país é pensado por nós de muitas formas”.

Antes de falar com o grande público sobre as características marcantes do Brasil no passado, presente e futuro, citando sempre os políticos que ocuparam cargos de liderança e de que forma eles contribuíram para a evolução da sociedade, Jabor concedeu entrevista exclusiva para a Revista Geração Sustentável, destacando o papel dos líderes da atualidade. Para Jabor, um líder deve ter sensibilidade para perceber qual o desejo de um grupo, de uma população ou de uma região.

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Entre o atraso e a modernizaçãoARNALDO JABOR

O que é ser um líder hoje? Houve mudan-ça do perfil dos líderes de antigamente e os de agora? Quais são as características marcantes? O conceito de líder muda muito com o tempo. Melhorou muito em relações há 30, 40 anos porque a opinião pública não tinha consciência de nada, então era muito fácil enganar a população, era mais fácil, continuam enganando. Era muito mais fácil, então bastava o líder ter um charme, um jeito de ser, uma capacidade de comunicar com a população de uma forma compreensí-vel. Em suma, tudo era por conta de um bom populismo. Agora as coisas estão menos fáceis para eles.

Em sua opinião, qual o papel dos líderes na vida das pessoas nas diferentes fa-ses da sua vida, na escola, na faculdade, no trabalho? De que forma o líder pode influenciar?

Um líder não tem que impor só o que ele acha, ele tem que ter sensibilidade de perceber qual o desejo de um grupo, de uma população, de uma região, que desejo não está expresso? Que desejo está manifesto, mas não está compre-ensível? Então, cabe ao líder entender esse desejo e tentar realizá-lo. O líder, portanto, é um leitor, ele é um leitor da opinião pública, da opinião que está em volta dele. Essa palavra líder vem de lide, que é guiar. Então, é isso, eles têm que guiar.

Como o senhor avalia o nível de engaja-mento dos líderes brasileiros para que se alcance uma sociedade mais justa com um desenvolvimento sustentável?Eu não sei lhe responder isso. Eu sei que esse negócio da sustentabilidade, essa coisa ecológica, do meio ambien-te, é algo de 20, 30 anos para cá, que está se instalando pouco a pouco na

consciência das pessoas, mas eu não vejo nenhum líder, vejo naturalmente os caras do PV, O Gabeira era assim, é ainda, em suma tem uma porção de ca-ras legais. Até o filho do Sarney é legal. Por incrível que parece o Sarney tem um filho que defende o meio ambiente e parece que é legal.

Com essa cultura de que as pessoas pre-cisam se destacar e ocupar cargos de liderança, tem se observado cada vez mais jovens se tornando empreendedo-res ou ocupando cargos como os de juiz cada vez mais novos ou ainda ocupando cargos de liderança cada vez mais cedo. Como o senhor avalia isso?Eu imagino que deve ser bom. Os mais jovens tem uma percepção mais aguda dos problemas, são mais puros, estão menos estragados pelos interesses, deve ser legal.

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Darci Piana, presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná, analisa engajamento do setor de comércio e serviços

no desenvolvimento de ações que visem à sustentabilidade

Desde 2010, com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), diversos setores da economia estão se mobilizando para elaborar projetos que visem à gestão de resíduos e à logística reversa. Para que os planos possam sair do papel, é essencial que toda a sociedade tenha consciência de que a responsabilidade deve ser compartilhada, ou seja, que todos devem fazer a sua parte. O setor de comércio e serviços é um dos segmentos responsáveis por gerar grande parte dos resíduos descartados no meio ambiente, e, apesar, de ainda ter muito a avançar nas ações que visam à preservação e reciclagem, possui diversas iniciativas inovadoras.

Facilitar a troca de conhecimento e possibilitar a construção de políticas internas e públicas que atendam aos anseios do comércio e às necessidades da sociedade é a função da Fecomércio. Segundo destaca o presidente da entidade, Darci Piana, que concedeu entrevista exclusiva para a Revista Geração Sustentável, a simples discussão e a posterior elaboração dos planos de logística reversa já foi uma grande conquista.

Para Piana, o consumo consciente é a melhor maneira de atingirmos o ideal do desenvolvimento sustentável. “O mundo ideal está longe ou não existe. Oferecer soluções de sustentabilidade e educação, além de buscar o equilíbrio pode ser a melhor forma”.

Entrevista

Responsabilidade Compartilhada

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Quais são os resíduos do comércio gerados em maior quantidade e os mais prejudiciais?Difícil especificar quais os resíduos com maior quan-tidade e também os mais prejudiciais. Todos nos preocupam de igual forma. Seria leviano de nossa parte não darmos a atenção necessária ao conjunto de nossos sindicatos. Resíduos de equipamentos eletroeletrônicos e embalagens em geral são os seg-mentos de maior volume, porém não podemos nos descuidar dos medicamentos, óleos lubrificantes, lâmpadas e sacolas plásticas. Quaisquer desses produtos, quando dispensados de maneira inade-quada, provocam grande dano ambiental.

Quais as principais dúvidas e dificuldades enfren-tadas pelo comércio em relação à destinação correta dos resíduos gerados?Sabemos que, para a implantação dos acordos se-toriais, alguém deve arcar com os custos. Entende-mos que a responsabilidade é compartilhada assim como está na lei. O Estado é omisso e ainda não está claro quem vai pagar essa conta. Da maneira como estão sendo elaborados os acordos setoriais, al-guns comerciantes temem que isso inviabilize seus

negócios. A destinação de espaços dentro de seus estabelecimentos vai diminuir as áreas de exposição e estoque. Licenças ambientais para manusear, en-fardar e dar o destino aos resíduos devem gerar mais custos. Esses processos devem ser simplificados.

Como o senhor avalia o envolvimento de sindicatos e comerciantes em relação à Política Nacional de Re-síduos Sólidos? Em quais setores é possível observar melhores práticas?O comprometimento dos sindicatos e, consequente-mente, dos comerciantes está cada vez mais inten-so. Temos observado uma preocupação constante na procura por soluções econômicas e legais. Al-guns setores estão com a construção dessas solu-ções em estágios mais avançados, como é o caso de óleos e embalagens de lubrificantes, embalagens e resíduos de agrotóxicos, pneus e medicamentos.

De que forma o comércio pode lidar com a necessi-dade de produção e consumo necessários à sobrevi-vência do comércio e ao mesmo tempo estimular a sustentabilidade e o consumo consciente?O mundo ideal está longe ou não existe. O consu-

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mo consciente é a melhor maneira de atingirmos este ideal. Oferecer soluções de sustentabilidade e educação, além de buscar o equilíbrio pode ser a melhor forma. Os custos apertados têm levado muitos comerciantes, para poder sobreviver, a ado-tar práticas de sustentabilidade em seus negócios. Energia, água e mesmo embalagens mais racionais são as formas mais diretas e imediatas de reduzir custos. Água de reuso, aquecimento solar, células foto voltaicas, lâmpadas de LED e mesmo sacolas retornáveis estão se tornando boas práticas dentro do comércio.

Como o senhor avalia o nível de engajamento dos co-merciantes em relação a um desenvolvimento sus-tentável dos seus negócios? Eu diria que de regular para bom. O comerciante que não estiver preocupado e comprometido com a sustentabilidade de seu negócio vai passar a fazer parte apenas das estatísticas. A sustentabilidade ambiental não pode inviabilizar a sustentabilidade econômica e isso está intimamente relacionado. Para que não seja impedido de continuar com suas atividades, deve estar atento aos aspectos legais da implantação da PNRS.

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Quais já foram as conquistas em relação à elaboração de planos de logística reversa e quais serão os prin-cipais desafios? A simples discussão da questão e a posterior ela-boração dos planos de logística reversa já foi uma grande conquista. Com a publicação dos editais e posterior assinatura dos acordos setoriais, a relação Indústria, Comércio e Consumidores sai fortalecida. A construção coletiva fortalece cada um dos partici-pantes. Os principais desafios ficam para a implan-tação dos acordos setoriais em um País continental e com realidades econômicas e culturais tão distintas.

Em sua opinião, o consumidor tem papel essencial para fazer a logística reversa acontecer? Como esti-mular essa participação? Poderia citar exemplos de empresas que estão em nível avançado de conscien-tização dos seus consumidores? Antigamente falávamos "A educação vem de berço". Eu diria que, hoje, a maior parte de nossos jovens e adultos não receberam educação ambientalmente correta, e para o futuro. A escola tem papel funda-mental. Para os jovens e adultos de hoje, a educa-ção deve ser estimulada por meio de campanhas de conscientização, promoções e mesmo estímulos financeiros.

Qual a sua avaliação sobre o surgimento de novos ne-gócios que tem a sustentabilidade (aproveitamento de resíduos, reciclagem, etc.) como inspiração?Um mercado nascente de boas e grandes oportuni-dades. Quem souber observar as tendências e ofe-recer soluções para os problemas que estão sendo apresentados, seguramente vai ter possibilidade de ganhos de escala e valor.

Qual o papel da Fecomércio na busca pelo desenvol-vimento sustentável do comércio?Participar dos principais fóruns de debate sobre as questões ambientais é talvez a melhor forma de es-tar intervindo para alcançarmos um nível ideal de desenvolvimento sustentável e também de estimular nossos associados. Facilitar a troca de conhecimen-to e possibilitar a construção de políticas internas e públicas que atendam aos anseios do comércio e às necessidades da sociedade é a nossa função.

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Entrevista

Os principais desafios da logística reversa ficam para a implantação dos acordos setoriais

em um país continental e com realidades econômicas e culturais tão distintas.

Por outro lado, também precisamos fazer a nossa parte, até para servir como exemplo. O Hotel Sesc Caiobá, o maior centro de turismo e lazer do litoral paranaense, que inauguramos em 2011, já incor-pora diversas ações de sustentabilidade, como a compostagem de material orgânico, placas solares para aquecimento da água das piscinas e a captação das águas pluviais para uso nos sanitários, além da separação criteriosa de lixo, entre o orgânico e o re-ciclável. As novas unidades do Sistema Fecomércio, recentemente inauguradas ou em construção, tra-zem também essas inovações. Além disso, estamos iniciando um grande programa de sustentabilidade voltado ao colaborador interno e à estrutura admi-nistrativa do Sesc. Trata-se da implementação no Paraná do Programa Ecos de Sustentabilidade, de-senvolvido pelo Departamento Nacional do Sesc. O programa visa implantar técnicas e ações que tornem nossas instalações físicas em edifícios sustentáveis. O Ecos realizará seu projeto piloto no prédio da Ad-ministração Regional do Sesc Paraná, com evento de lançamento previsto para janeiro de 2014. Seu su-cesso está diretamente ligado à sensibilização dos colaboradores do Sesc para a questão ambiental, pois a própria execução será feita por nossos fun-cionários em grupos multidisciplinares de trabalho,

nos eixos de gestão, desenvolvimento, comunicação e capacitação. Os subgrupos temáticos encontram--se regularmente, de acordo com a necessidade e o andamento das ações, para levantar indicadores que meçam os pontos de má utilização dos recursos ambientais, como gastos perdulários com água, por exemplo. Depois de levantados, os indicadores ser-vem como fundamentação para o desenvolvimento de ações de contenção que vão incorporar a cultura sustentável como valor institucional. Com ações de-finidas e metas claras de redução das degradações ambientais, realizaremos então campanhas internas de comunicação, com forte conscientização e que incentivem uma mudança de hábitos dos colabo-radores e liderança. Todo esse processo terá acom-panhamento efetivo de representantes do próprio Departamento Nacional do Sesc, que nos baliza com sua experiência prévia de sucesso.

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Capa

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GESTÃO DE VALORSaiba como o comércio está se organizando para desenvolver-se de forma sustentável

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Bruna robassa

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setor de comércio e serviços é o que mais gera emprego e renda na econo-mia brasileira. E quanto maior a movi-mentação, maior o impacto no meio

ambiente e a quantidade de resíduos gerados. Apesar de ainda haver muito a ser feito no que diz respeito à coleta e ao destino correto dos detritos gerados por esse segmento, é preciso destacar que o comércio foi pioneiro no reco-lhimento de embalagens e possui iniciativas louváveis que visam à preservação dos recursos naturais e à gestão dos resíduos. Mesmo antes da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a partir de 2010, grandes grupos de supermercados, e também as cadeias produ-tivas de agrotóxicos, de borracha, de pneus e de óleos lubrificantes, já conseguiam executar a lo-gística reversa de forma satisfatória.

De acordo com o vice-presidente da Federa-ção do Comércio do Paraná (Fecomércio/PR), Paulo Nauiack, todos as esferas da sociedade têm papel fundamental na con-servação do meio ambiente, inclusive o comércio de bens, serviços e turismo, a começar pela Federação que congrega as unidades do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Serviço Nacional de Aprendi-zagem Comercial (Senac), além dos sin-dicatos, empresas e empreendedores do setor. Os destaques do Sistema Fecomér-cio começam pelos motivos que levaram à criação de suas unidades, que são promo-ver o ensino e a capacitação profissional presencial e a distância e a promoção da saúde, qualidade de vida e consciência ambiental.

“Com o acesso facilitado à aprendi-zagem, por meio do Senac, estamos proporcio-nando desenvolvimento, e com as atividades promovidas pelo Sesc contribuímos tanto para o bem-estar pessoal quanto do meio ambiente. Sempre digo que uma pessoa que participa de corridas de rua, por exemplo, não vai ter cora-gem de jogar um copo de plástico em local ina-dequado”, analisa Nauiack.

Além de participar dos diversos grupos temá-ticos que discutem as melhores soluções quanto à logística reversa, a Fecomércio organiza tele-conferências para debater as responsabilidades de empresários do comércio e de consumidores na gestão de resíduos sólidos. “As conferências, por si só, já são uma forma de desenvolvimento sustentável, porque proporcionam aprendiza-do e eliminam a necessidade de deslocamento

para outras cidades”, ressalta. E as ações que demonstram responsabilidade da instituição e do setor com os recursos naturais e com o futuro do planeta vão além.

Logística Reversa • Foi com o objetivo de estimular o retorno e a reciclagem dos resíduos sólidos que se instituiu o conceito de logística re-versa na PNRS. Para viabilizá-la, os diversos seto-res da economia elaboraram ou estão elaborando planos setoriais, firmados entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, que visam à responsabilização compartilhada pelo ciclo de vida do produto. De acordo com Nauiack, uma das maiores dificul-dades enfrentadas pelo comércio nesse quesito é a sobreposição de leis estaduais aos acordos setoriais. “É preciso que haja um entendimento de todas as instâncias envolvidas na cadeia da

logística reversa”, analisa. Além disso, segundo ele, ainda faltam incentivos governamentais para que a logística possa acontecer de forma efetiva em todos os setores.

Facilidade • Regulamentações anteriores à PNRS que obrigam e monitoram o recolhimento de determinadas embalagens fazem com que alguns setores do comércio estejam avançados em relação à destinação de suas embalagens e outros resíduos. É o caso da cadeia de pneus, bem como dos óleos lubrificantes e agrotóxicos. “Outro fator que contribui com essa realidade é a quantidade reduzida de fabricantes desses produtos, assim como a localização estratégica deles, o que facilita a reversa”, destaca o vice--presidente da Fecomércio.

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além de participar dos diversos grupos temáticos que discutem as melhores soluções quanto à logística reversa, a Fecomércio organiza teleconferências para debater as responsabilidades de empresários do comércio e de consumidores na gestão de resíduos sólidos

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Borracha reciclável • Apenas no primeiro semestre de 2013, a Reciclanip, entidade ligada à Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), coletou e destinou de forma ambientalmen-te correta mais de 183 mil toneladas de pneus inser-víveis (quando não há mais condição de ser utiliza-do para circulação ou reforma). A quantia equivale a 36,6 milhões de pneus de carros, os quais podem ser reaproveitados como combustível alternativo em fornos de cimenteiras, em substituição ao co-que de petróleo, para constituição de diversos ar-tefatos, entre os quais tapetes para automóveis, pi-sos industriais e pisos para quadras poliesportivas, fabricação de solas de calçados, dutos de águas pluviais e também para recalpe asfáltico.

O asfalto-borracha tem uma vida útil maior, além de gerar um nível de ruído menor e ofere-cer maior segurança aos usuários das rodovias. “Uma forma de potencializar a reciclagem seria que as concessões de pedágio estivessem atrela-

das à utilização de borracha de pneu na reforma das estradas”, exemplifica Nauiack.

Jogue Limpo • Por conta do programa Jogue Limpo, embalagens plásticas de lubrificantes pós-consumo já possuem uma logística reversa mais apurada. Assim como nos outros planos, a responsabilidade é compartilhada e o processo só é completo se o consumidor tiver a consciên-cia de que precisa entregar as embalagens nos pontos de coleta. Quando chega à recicladora, o material é triturado e, depois de submetido a um processo de descontaminação do óleo lubrifican-te residual, passa por extrusão para ser transfor-mado em matéria-prima de novas embalagens e outros produtos plásticos, retornando à cadeia de produção. A atitude evita o desperdício de um material plástico derivado do petróleo que, se fosse jogado na natureza, teria um período de degradação de cerca de 400 anos.

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Capa

Primeiro posto ecoeficienteReaproveitamento da água, aquecimento e iluminação solar e separação apurada das emba-lagens e outros resíduos estão entre as características que tornaram o AutopostoPotenza, da Rede Ipiranga, o primeiro posto ecoeficiente de Curitiba. Para Rafaela Damiani “O projeto foi desenvolvido com o menor impacto possível, com o uso de materiais sustentáveis, reapro-veitamento de água e destinação adequada de resíduos”. De acordo com o gerente, Dirceu Santana, o estabelecimento passou por adequações recentemente, mas a economia já está bem visível. O posto que, antes tinha cinco geladeiras, e agora tem oito refrigeradores e mais uma câmara fria, está com consumo equivalente ao anterior, o que representa 30% de eco-nomia. De acordo com João Silveira, gerente técnico do laboratório do Sindicombustíveis, os postos geram resíduos perigosos e não perigosos. Frascos de óleo e restos de óleo queimados são os perigosos (Classe 1) e precisam ser destinados para empresas certificadas por órgãos ambientais para que o estabelecimento tenha licença para operar. Há também os resíduos resultantes da lavagem de automóveis e parabrisas (Classe 2), que devem ser tratados para que a água possa ser reaproveitada sempre que possível. “Temos boas iniciativas, como é o caso do programa de re-colhimento de embalagens de óleos lubrificantes, no entanto, ainda falta orien-tação para que os empresá-rios se adéquem”, destaca.

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Bruno Rebelo Damiani, Rafaela Rebelo Damiani e

Geacir Damiani

Denis Ferreira N

etto

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Campo Limpo • Outra cadeia produtiva que já possui um bom retorno na logística reversa é a de agrotóxicos, com 94% das embalagens reco-lhidas, o que torna o Brasil recordista mundial no recolhimento desse tipo de material. Esse resulta-do só foi possível com a criação do Sistema Cam-po Limpo, programa que abrange todas as regiões do país e tem como base o conceito de responsa-bilidade compartilhada entre agricultores, indús-tria, canais de distribuição e poder público. Infor-mações do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) mostram que, des-de a promulgação da Lei Federal nº 9.974/2000, a qual ordena a prática, o Brasil recolheu 260 mil toneladas de embalagens. Antes da legislação, as embalagens eram enterradas, queimadas ou jogadas em rios. Os resíduos dos agrotóxicos são nocivos ao meio ambiente e à saúde dos animais e dos seres humanos.

Iniciativas • Além dos planos setoriais, en-cabeçados por sindicatos, municípios e gover-no, existem empresas que se destacam em sua gestão e servem de inspiração não apenas na responsabilidade com a destinação de resíduos, como também com a preservação de recursos. São postos de combustíveis, supermercados, co-mércio de sucatas, entre outros negócios que têm conquistado resultados e reconhecimento.

A luz no caminho certo • Descartar lâmpa-das em lugares inadequados representa perigos para a saúde e para o meio ambiente. Estimativas apontam que das 290 milhões de unidades ven-

didas por ano no Brasil, aproximadamente 95% são descartadas de forma incorreta. Em Curitiba, entretanto, a população é orientada e incentiva-da a realizar o descarte adequado há mais de 10 anos. Além do serviço de coleta especial de Lixo Tóxico, que existe desde setembro de 1998, a Lei Municipal nº 13.509/2010, que segue as mesmas diretrizes da PNRS, estabelece que, quem comer-cializa o material deve implantar pontos de coleta, posteriormente encaminhar ao fabricante para que dê tratamento e disposição final adequada, reuti-lizando ou reinserindo no processo de fabricação.

De acordo com Dilso Rossi, diretor-presidente da Empalux, uma das maiores empresas de ilu-minação do Brasil, fundada em Curitiba, o projeto para devolução de lâmpadas nos postos de com-pra está sendo realizado de forma pontual, por algumas empresas que têm iniciativa de disponi-bilizar esses pontos de coleta e dar a destinação adequada dos produtos em fim de vida útil. “As lâmpadas são destinadas para empresa especiali-zada na descontaminação e reciclagem das frações obtidas. As luminárias têm suas partes segregadas e destinadas para recicladoras”, conta.

Em relação à PNRS, a empresa acompanha as discussões da Associação Brasileira de Importa-dores de Produtos de Iluminação (Abilumi) junto ao Ministério do Meio Ambiente, aguardando as definições da estruturação do sistema de logística reversa. “Entretanto, alguns trabalhos relacionados ao Instituto Empalux, o qual existe desde 2010, já conduzem a execução da coleta e destinação de lâmpadas em diversas escolas da rede pública da região”, destaca.

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 17

"as lâmpadas são destinadas para

empresa especializada na descontaminação e reciclagem das frações obtidas. as luminárias

têm suas partes segregadas e destinadas

para recicladoras”,Dilso Rossi, diretor-

presidente da Empalux

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Lixo Zero • Tradicional rede de supermer-cados em Curitiba, o Condor Super Center pos-sui um programa que permite zerar o resíduo orgânico gerado por suas lojas. Pelo sistema, o lixo, que seria depositado no aterro sanitário, é 100% reaproveitado, voltando para a cadeia pro-dutiva da alimentação animal e compostagem, contribuindo na geração de empregos e renda para a sociedade. O Condor é a primeira rede supermercadista do Brasil a utilizar esse novo processo, que foi projetado e aprovado pelo IAP – Instituto Ambiental do Paraná, sendo de-senvolvido e implantado pela Abdalla Ambien-tal. Com a implantação do projeto nas lojas de Curitiba, 20 toneladas por dia de lixo deixam de ser destinadas para aterros, contribuindo assim com a preservação da natureza e diminuição do efeito estufa, uma das maiores causas do aque-cimento global.

“O lixo deveria ser uma das maiores preo-cupações da sociedade, pois afeta diretamente os recursos naturais do planeta e a qualidade de vida das futuras gerações. Sabendo que os aterros estão saturados e causam graves impac-tos ambientais, o Condor vinha estudando uma solução ambientalmente correta e eficiente para

zerar o lixo de forma limpa e segura e esse pro-grama vem ao encontro da política da empresa, acabando com o problema e contribuindo para transformar o passivo ambiental em fonte pro-dutiva e sustentável”, relata Pedro Joanir Zonta, presidente e fundador do Condor Super Center.

O processo consiste na transformação de resíduos orgânicos em ração animal e adubo orgânico. A transformação inicia-se em um local montado no depósito do supermercado. Após a separação do lixo reciclável, a parte orgânica é processada e em seguida transportada até a granja, onde passará por outro processo e será servida como ração animal para alimentar os su-ínos. O lixo, que seria altamente prejudicial ao meio ambiente, transforma-se em um alimento nutritivo e saudável para os animais. Para fechar o elo da cadeia produtiva, os resíduos gerados no processo são destinados a leitos de secagem de lodos e compostagem, para posteriormen-te serem reaproveitados. “Para implantar esse novo processo de zerar o ciclo de resíduos, o Condor investe um valor superior ao que gasta-ria para enviar o lixo a um aterro, mas os benefí-cios ao meio ambiente compensam esses inves-timentos”, completa Pedro Joanir Zonta.

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“o lixo deveria ser uma das maiores preocupações da sociedade, pois afeta diretamente os recursos naturais do planeta e a qualidade de vida das futuras gerações.", Pedro Joanir Zonta, Condor Super Center

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Lixo Zero: Programa de processamento de resíduos orgânicos realizado pela Rede Condor Super Center

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Sucata de valorCom sede em Curitiba, a Martinaço Comércio de Sucatas encontrou no aço, no ferro, na lataria de carros, fogões e geladeiras (obsolescência) e nos resíduos industriais uma oportunidade. A empresa recebe e coleta cerca de duas mil toneladas desses materiais por mês e, então, após a separação e preparação correta, destina o produto para side-rúrgicas do Brasil, da China e da Turquia, onde são utilizados para diversos fins. “No iní-cio de 2012 encontramos no mercado externo uma oportunidade e passamos a destinar cerca de 15% a 20% dos nossos materiais para alguns países onde esse tipo de produto é muito valorizado. Para atender esse mercado contamos com um processo rigoroso de separação e preparação da sucata por grupos bem determinados”,explica Djalma de Souza Martins, diretor administrativo da empresa. A Martinaço é certificada tanto para receber quanto para destinar a sucata e afirma ter consciência também na destinação dos resíduos que restam do processo de separação e preparação. Segundo Martins, houve demanda maior de clientes interessados em des-tinar sucata de forma ambientalmente correta após a aprovação da PNRS, no entanto, ele ainda não viu grandes resultados. “A Martinaço opera no setor de materiais ferrosos e não ferrosos devidamente licenciados pelos órgãos competentes, contribuindo para a diminuição dos impactos ambientais, retirando milhares de toneladas de materiais reci-cláveis do meio ambiente e enviando para um novo ciclo de produção”, destaca o diretor administrativo da empresa.

“em 2012 encontramos no mercado externo uma oportunidade e passamos a destinar

cerca de 15% a 20% dos nossos materiais para

alguns países onde esse tipo de produto é muito valorizado", Djalma de

Souza Martins, Martinaço Comércio de Sucatas

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Gestão de resíduos de materiais ferrosos realizada pela Martinaço

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Sustentabilidade do sistema • Atualmente, já existem diversas unidades do Sesc e do Senac que foram concebidas e funcionam de forma am-bientalmente correta. É o caso do Sesc Pantanal, maior reserva privada do planeta, com 106.000 ha. A estância fica nos municípios mato-grossen-ses de Poconé e Barão de Melgaço e atua com na-tivos, com a comunidade indígena, com pesqui-sadores, universidades, institutos de pesquisas e organizações não governamentais com o objetivo de promover a sustentabilidade ambiental por meio do compromisso com a melhoria da quali-dade de vida dos que habitam ou trabalham na região.

As construções e instalações da Estância Eco-lógica Sesc Pantanal privilegiam soluções de bai-xo impacto ambiental ou ecologicamente corre-tas, como: energia solar, telhado verde, coletores solares, aproveitamento de águas de chuva, (re)uso da água, estações de tratamento de esgoto, estações de tratamento de água, compostagem do lixo orgânico, madeiras de manejo florestal ou de florestamento legal, abafadores ou controle de ruídos, reciclagem do lixo e vala séptica.

A Estância dispõe de um hotel especial concebi-do por idealistas da causa ambiental, estimulados pelo desejo de realizar e demonstrar a viabilidade

de empreendimentos ecologicamente corretos. Re-cebe majoritariamente os trabalhadores do setor terciário, mas atende, também estudantes, pesqui-sadores e aos aficionados da natureza.

Projeto • Com mais de 30 unidades em todo o Paraná, o município de São José dos Pinhais será o próximo a receber uma sede do Sesc e do Senac. A prefeitura local realizou doação do ter-reno, onde será construída a unidade que con-tará com uma parte destinada à preservação de espécies nativas da região. Com a implantação, a expectativa é que, dentro de um ano, os aten-dimentos na área de saúde e distribuição de me-dicamentos diminuirão cerca de 30%, graças aos serviços que o Sesc realiza em saúde preventiva.

Programa Ecos • O Paraná faz parte do grupo dos cinco primeiros estados a solicitar implantação do programa de sustentabilidade Ecos CNC-Sesc-Senac. A sede administrativa do Sesc será a primeira a receber o lançamento ofi-cial. Criado em março de 2010, o programa Ecos surgiu a partir da necessidade de se caminhar para uma gestão cada vez mais sustentável e responsável, entendendo as questões ambien-tais como imprescindíveis para a promoção da

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o ente público como principal fomentador das cadeias de logística reversa

Por Paulo nauiack Incentivo tributário temporário, utilização das matérias-primas recicladas e outras de-terminações são fundamentais para viabilizar a Política nacional de resíduos Sólidos

As obrigações impostas pela Lei nº 12.305 / 10 – que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos - podem comprometer o equilíbrio do sistema econômico nacio-nal, caso a sociedade não encontre no governo o suporte necessário para se adaptar e para promover as mudanças que estão por vir. Quando a Lei aponta que a responsa-bilidade sobre a logística reversa é compartilhada, num primeiro momento imaginamos que essa responsabili-dade impacte três ou quatro atores da cadeia, tais como fornecedores, fabricantes, comerciantes e consumidor final. Porém, temos outro personagem nessa cadeia, que não está nominado, mas que provavelmente tenha mais responsabilidade que os demais na manutenção desse equilíbrio: o ente público, cuja função é criar estratégias inteligentes para viabilizar a logística reversa como um todo, potencializando assim as atividades nascentes e

favorecendo a autonomia econômica futura das cadeias. Algumas estratégias podem assumir caráter temporário, sendo instaladas até que alcancemos os pontos de equilí-brio nas diversas cadeias. Entre as soluções que podem ser adotadas, estão: isenção tributária, estudo e planeja-mento das diversas etapas do processo, incentivos para a comercialização dos resíduos ou matérias-primas geradas no processo e inúmeras alternativas. Essas medidas vão gerar ainda mais negócios para as cadeias de reversa, tanto de forma direta quanto indireta, além de fomen-tar a arrecadação tributária futura. Um exemplo que podemos citar é o vidro que hoje é vendido pelo separador de recicláveis a R$ 0,06 o quilo, enquanto qo alumínio é revertido a R$ 3,00. Se o governo conferisse subsídios, não há dúvidas de que teríamos uma cadeia de logística reversa para o vidro.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

qualidade de vida e bem-estar social. Com foco no público interno, o programa tem como mis-são planejar, propor, executar e apoiar ações que induzam à prática intersetorial e colabo-rativa da sustentabilidade, para mitigação dos impactos socioambientais, otimização do uso dos recursos das instituições e conscientiza-ção/mobilização dos funcionários do Sistema. No lançamento do programa, os funcionários recebem uma xícara, um copo, um fichário para utilização de rascunhos e uma sacola retorná-vel. Também faz parte do programa a retirada de lixeiras individuais das mesas para estimular a separação do lixo nos locais apropriados.

Entre os resultados tangíveis alcançados nos Departamentos Nacionais do Sesc e do Senac estão a economia de mais de R$ 245 mil desde o lançamento do programa (2010), pou-pança de 8 milhões de litros de água no Condo-mínio Sesc-Senac, redução de quase 3 milhões de guardanapos no restaurante Sesc-Senac, capacitação de mais de 500 funcionários no Sesc e no Senac apenas em 2012 e geração de renda de mais de R$5 mil por meio da doação e entrega dos materiais recicláveis para coope-rativados. “Nossa metodologia pode servir de inspiração e ponto de partida para a criação de

outros programas de sustentabilidade, seja no varejo ou em qualquer outro setor”, diz Mario Saladini, coordenador do Ecos – Programa de Sustentabilidade CNC-Sesc-Senac.

Segundo ele, cálculos comprovam que a substituição dos descartáveis pelas canecas e copos (que necessitam de água para serem la-vados) compensam e ainda geraram a economia de mais de R$28 mil em três anos de consumo apenas nos Departamentos Nacionais do Sesc e do Senac, além, é claro da questão ambien-tal. “Não há sentido em insistir na utilização de plástico para produção de materiais descartá-veis, uma vez que é descartado em menos de um minuto após seu uso e demora, no mínimo, 50 anos para se decompor na natureza. Apesar de ser produzido a partir de uma matéria-prima não renovável, o plástico ainda é um excelente material, contudo, deve ser utilizado com par-cimônia, preferencialmente em bens duráveis que justifiquem seu emprego”, relata. “Deve-mos, em primeiro lugar, evitar a geração de re-síduos, seja reduzindo o consumo de produtos desnecessários ou reutilizando os materiais que iriam para o lixo”, destaca Saladini. Para 2015, mais 17 estados já solicitaram o Ecos em seus departamentos regionais.

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Esse incentivo também pode vir da iniciativa privada. De acordo com o relatório de gestão da empresa responsável pela logística reversa de pneus, foram recolhidos, desde 1999, cerca de 500 milhões de pneus. Isso significa que foram originalmente vendidos e que o governo federal e os governos municipais e estaduais receberam tributos sobre essa comercialização, um montante que gira em torno de R$ 60 bilhões, tendo como base o valor médio de R$ 300,00 por pneu. Falamos em responsabilidade compartilhada e, portanto, é justo que os governos empreguem uma parte dessa arrecadação para incentivar as cadeias de logística reversa. Nessa questão específica dos pneus, como já há uma cadeia de reversa funcionan-do, os governos ainda podem criar determinações que incentivem a utilização dessa matéria-prima reciclada, como, por exemplo, inserir nos editais de licitação para contratação de recapagem asfáltica de rodovias pedagia-das, que a contratada inclua borracha no material usado para recape asfáltico, um percentual dessa matéria-prima proveniente de pneus reciclados. Outro bom exemplo é da empresa Diageo, com o progra-

ma Glass is Good, por meio do qual criou uma cadeia específica para a logística reversa das garrafas de vidro que utiliza para envasar as bebidas que produz. Eles man-têm duas cooperativas com essa finalidade, uma em São Paulo, outra em Recife, onde têm unidades industriais. O fornecedor de garrafas segue uma determinação da própria Diageo e paga R$ 0,40 o quilo do vidro. Essa de-terminação movimentou todo um processo econômico. As cooperativas têm veículos que fazem a ronda em locais de grande demanda, como bares e restaurantes, coletando as garrafas vazias, gerando ciclo financeiro e evitando a degradação do meio ambiente e a instalação de um grave problema social. Então, entendemos que nessa discussão, tanto indústria quanto governo devem participar ativamente. O Estado de forma ainda mais efetiva, envolvendo duas frentes: a secretaria de educação, incorporando a sustentabilidade na grade curricular das escolas públicas, e a secretaria da fazenda, promovendo uma política de subsídios que contemplem redução de tributos e estudos de viabilidade e utilização das matérias-primas provenientes de reciclados.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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“nossa metodologia pode servir de inspiração e ponto de partida para a criação de outros programas de sustentabilidade, seja no varejo ou em qualquer outro setor", Mario Saladini, Programa Ecos

No caminho • Vale destacar que essas são apenas algumas iniciativas do setor que visam ao desenvolvimento sustentável. Diversas empre-sas e empreendedores estão avançados em seus planos de logística reversa e, inclusive, adotam atitudes inovadoras que contribuem tanto para a preservação do meio ambiente quanto para o crescimento de seus negócios. Apesar de ser um percurso desafiador, o comércio demonstra que está no caminho do cumprimento da legislação. “São tantos exemplos que fica difícil contem-plar todos, mas temos iniciativas em andamento quanto à destinação de medicamentos, quanto à

reciclagem de baterias de automóveis, reaprovei-tamento de embalagens utilizadas no transporte de mercadorias, entre tantas outras”, destaca o vice-presidente da Fecomércio.

Ainda segundo ele, muitos empresários estão utilizando a lei para potencializar seus negócios e estão enxergando que, apesar do alto inves-timento inicial para adequar suas empresas às políticas ambientais, podem, além de contribuir com o futuro das próximas gerações, conseguir aumentar a rentabilidade e sustentabilidade de seus negócios com algumas mudanças estrutu-rais e de atitude.

Posicionamento sustentávelCom o objetivo de alinhar o posicionamento dos setores representados junto às enti-dades do Sistema CNC-Sesc-Senac quanto à gestão ambiental e a sustentabilidade a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) criou o Grupo Técnico de Trabalho – Meio Ambiente (GTT-MA) em abril de 2011.A missão do GTT-MA é se antecipar aos fatos que possam afetar o empresário do comércio, apresentando ações preventivas que colaborem para redução dos impactos socioambientais nega-tivos, alinhando as cadeias de negócios dos setores representados ao novo cenário ambiental brasileiro. Mais informações: http://www.cnc.org.br/tv-cnc/grupo-tecnico--de-trabalho-meio-ambiente-gtt-ma

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SUSTENTÁVEL?

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 24

Gestão Ambiental

MVC: da fabricação de plásticos à revolução nas

construções popularesLíder no desenvolvimento e soluções em plásticos e de engenharia, a

empresa paranaense MVC aplica na própria gestão o conceito de reciclagem

alexsandro t. ribeiro

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ra uma casa muito engraçada”, e pára por aí a cantiga popular, pois as cons-truções da empresa paranaense líder

em soluções em plásticos e engenharia, MVC, com sede em São José dos Pinhais, tem teto, por-ta, janela e tudo o que uma casa precisa ter. No canteiro de obra, no entanto, o que não tem são tijolos, gastos excessivos com água e muito pou-co de uma construção convencional. O segredo da empresa é a tecnologia Wall System, que pro-mete revolucionar o mercado de construção civil de casas e prédios populares, com um sistema de placas modulares e elementos que usam até 80% de materiais reciclados em sua composição.

À frente da empresa há mais de dez anos, o diretor geral da MVC, Gilmar Lima, credita a ide-alização da nova tecnologia à preocupação da instituição em diversificar suas atividades, dada a instabilidade no mercado de produção de itens plásticos para veículos. “Tínhamos clientes espe-cíficos, e o mercado de veículos oscila muito. Tal inconstância poderia afetar não apenas a saúde financeira da MVC, mas também a manutenção de um corpo funcional altamente especializado”, afirma Lima.

Originalmente do grupo Marcopolo, empresa do Rio Grande do Sul, especialista na produção de carrocerias para veículos, a MVC se instalou no Paraná em 1989, atuando somente na trans-formação de plásticos de engenharia para a indústria automotiva. Em 2003, a empresa de-senvolveu o sistema construtivo Wall System e, aplicando o conceito de reciclagem à própria em-presa, deu um novo significado às suas ativida-des, ingressando no mercado de construção civil. A partir de 2008, a Artecola, indústria gaúcha e uma das mais importantes companhias de adesi-vos e laminados especiais da América Latina, in-gressa na sociedade da MVC, sendo, atualmente, o sócio majoritário na empresa, com aproximada-mente 74% das ações.

Wall System é o nome dado ao processo cria-do pela MVC para a produção de painéis do tipo sanduíche de lâminas em compósitos e fibra de vidro, com alto desempenho térmico, acústico e com resistência ao fogo. “Como é um sistema in-dustrializado, temos total controle da produção, tanto do ponto de vista dos materiais utilizados quanto do ponto de vista do tempo de produção”, garante Lima. Otimização do tempo de produção e eliminação de desperdícios e geração de detri-tos são algumas das vantagens do Wall System, como um sistema construtivo a seco, em compa-ração aos métodos construtivos convencionais.

Em 2011 e 2012, o sistema da MVC comprovou

E"

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 25

"Como é um sistema industrializado,

temos total controle da produção, tanto

do ponto de vista dos materiais utilizados quanto do ponto de

vista do tempo de produção", Gilmar Lima,

diretor-geral da MVC

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

sua agilidade na reconstrução em tempo recorde de 35 escolas em Alagoas, que foram destruídas pelas chuvas e precisavam ficar prontas para permitir o retorno às aulas em 12 municípios do Estado, mantendo, contudo, elevado padrão de conforto, qualidade e segurança. Agora, manten-do as construções para creches, a MVC, por meio do Programa Nacional de Reestruturação e Apa-relhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância), do Ministério da Educação (MEC), implantará cerca de 1.400 creches em 9 estados, quais sejam: Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Maranhão e Piauí.

De acordo com o gerente de engenharia da empresa, Erivelto Mussio, o tempo de construção de cada creche pode chegar a 25% da construção em modo convencional. “Para esse programa, te-mos dois tipos de creche, a do tipo B, com 1.120

No canteiro de obras, com as estruturas e a fundação acabadas,

as placas são montadas em uma construção simplificada, limpa,

sem desperdícios, com maior velocidade de construção e maior

durabilidade

m², e a do Tipo C, com 560m². A primeira tem um cronograma de implantação de 5 meses de obra, e a outra com cronograma de 4 meses. A produ-ção dos materiais é prévia, não sendo contabili-zados nesse período. No modo convencional, a creche do tipo B leva, em média, entre um ano e meio a dois anos de obra”.

Os painéis saem prontos da fábrica, recorta-dos em módulos, com as instalações elétricas e hidrossanitárias embutidas nas paredes. No canteiro de obras, com as estruturas e a funda-ção acabadas, as placas são montadas em uma construção simplificada, limpa, sem desperdí-cios, com maior velocidade de construção, maior durabilidade. Além disso, as paredes podem sair das fábricas já com a pintura final.

Empresa teve dificuldades para consolidar a aplicação da tecnologia • O que parece uma simples mudança de rumos na atuação da MVC em um mercado que vem crescendo muito nos últimos anos, como o da construção civil, nem sempre foi tão fácil assim. Segundo Lima, da ori-gem do sistema até sua implantação e comercia-lização foi um longo caminho, que encontrou in-clusive dificuldades dentro da própria empresa. “O Wall System foi e é uma batalha da MVC, pois sempre há dificuldades em conseguir boa acei-tação do mercado para tecnologias inovadoras. Afinal, como convencer o comprador de que seu método é mais vantajoso, sobretudo sob a pers-pectiva principal da responsabilidade ambiental, de que seu sistema gera menos detritos? No final, o que conta mais é a questão financeira, analisa-da, sobretudo, por cálculos rasos”.

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Gestão Ambiental

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Lima afirma que, em alguns projetos de cons-trução do sistema, chegaram a operar com quase anulação de lucros, o que dificultou até a defesa do sistema inovador ante os associados da MVC. “Mesmo com a consciência de que o Wall Sys-tem oferece uma série de benefícios não apenas para a estrutura da construção, garantindo maior durabilidade, e para o ambiente, oferecendo me-nos desperdícios e gastos excessivos, é sempre complicado defender para o colegiado de sócios de uma empresa a possibilidade de operar, em algumas circunstâncias, no vermelho”.

Além disso, aprender a atuar em um novo mercado foi outro desafio enfrentado pela em-presa. “Quando desenvolvemos a tecnologia, pensamos muito em como aplicá-la no mercado. Surgiu a possibilidade de produzirmos produtos para a construção, para caixas-d'água, entre ou-tros. Porém, seriam apenas elementos para uma obra, apenas commodities, e não era essa a nos-sa expectativa de atuação, sobretudo quando de-senvolvemos uma tecnologia que poderia desen-cadear uma série de soluções para a construção toda. Por isso, resolvemos produzir a casa toda. Mas eu não entendia de construção, e ninguém aqui. Portanto, tivemos que partir do zero”.

Com determinação e apostando na eficiência e nas vantagens que a solução desenvolvida pela MVC traria para a construção civil, que a empresa hoje está com sua agenda comprometida até o fi-nal de 2015, com as construções das creches do Proinfância e com uma série de obras do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, que, para Lima, tem sido um parceiro fundamental na consolidação e implantação do Wall System.

“O mercado de construções populares, de ha-bitação ou de interesse social, como o das cre-ches, é o nosso principal foco, encontramos um

nicho que nos agrada, tanto do ponto de vista so-cial, de possibilitar à sociedade moradia e cons-truções de qualidade, com o máximo de eficiên-cia e de aproveitamento da construção, quanto do ponto de vista de mercado mesmo, que vem expandindo cada vez mais”, defende Lima.

O resultado dessa luta está nas receitas da empresa, que anualmente vem apresentando crescimento de faturamento líquido. Em 2011, a MVC apresentou alta de 15% sobre o ano anterior, com receita líquida de R$ 121 milhões. Em 2012, com faturamento de R$ 152 milhões, a empresa fechou com crescimento de 26% em relação a 2011. Para este ano, a empresa projeta atingir R$ 300 milhões.

Para o futuro, o diretor-geral da MVC aposta na parceria com empresas internacionais para a exportação da tecnologia. Além disso, Lima afirma que há desenvolvimento da tecnologia para aplicação em construções verticais, um dos maiores desafios na área de urbanização de gran-des metrópoles, que apresentam inviabilidade de crescimento horizontal e falta de espaços para novas construções, frente ao crescimento popu-lacional urbano.

Para um futuro não tão distante, Lima acre-dita que o desenvolvimento do Wall System e de outras soluções da MVC tornará possível a venda de kits de construção popular em estabelecimen-tos comerciais. “Creio que chegará um ponto em que, em virtudeda gama de soluções oferecidas pelo Wall System e por outras tecnologias da MVC, teremos em lojas de construções, e em ou-tros estabelecimentos comerciais, uma espécie de kit construção, em que a pessoa poderá ad-quirir e, de forma rápida, simples e limpa, montar sua casa entre os diversos modelos que estarão no mercado”.

“Da mesma forma como eu utilizo hoje esse material como reforço estrutural,

utilizado com outras composições, poderemos aplicá-lo em outras linhas de

produtos, como telhas, portas, soluções de piso

e em várias aplicações dentro da construção

com essa possibilidade de reciclabilidade",

Erivelto Mussio, gerente de engenharia da MVC

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Processo produtivo das lâminas utilizadas nos painéis

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Reciclagem nas construções • Se a tecno-logia Wall System já oferece uma série de bene-fícios, as outras soluções da MVC agregadas às construções tornam os produtos construtivos da empresa mais vantajosos ainda, sobretudo do ponto de vista ambiental, com a utilização de materiais reciclados em vários elementos das construções.

Segundo o Diretor Geral da MVC, Gilmar Lima, a consciência ambiental da empresa surgiu des-de cedo, fazendo com que houvesse investimento no desenvolvimento de tecnologias que garantis-se a reutilização de materiais oriundos de perdas da fabricação de peças com obra-prima virgem, que chegava a casa de 20%. “Era um número muito alto de desperdício, e nossa preocupação estava para além do impacto que isso gerava na receita, mas com a destinação desse detrito de fabricação e os consequentes acarretamentos ambientais que isso poderia surtir. Foi então que começamos a trabalhar nesse processo de reuti-lização desse material e hoje contamos com um espaço dentro da MVC especializado apenas na reutilização das sobras”.

Atualmente, dada a pequena escala de pro-dução de materiais com produtos reciclados, em comparação à produção interna da empresa de produtos com obra-prima virgem, os produtos para reciclagem são originários da própria pro-dução da empresa, até porque, segundo Lima, há uma série de critérios que devem ser analisa-dos na escolha dos materiais a serem reciclados, como a pureza do material, a procedência dele, entre outros.

No entanto, a necessidade de buscar esses produtos no mercado surgirá com o paulatino crescimento da atuação da empresa no merca-do construtivo, uma vez que aumentará, dessa forma, a demanda de produtos reciclados nas obras. As sobras utilizadas são da laminação contínua, das placas das casas, do processo de RTM (Resin Transfer Molding) da moldagem de peças automotivas, que geram produtos que po-dem ser reciclados por meio do processo ideali-zado pela empresa.

De acordo com o gerente de engenharia Erivel-to Mussio, a reutilização de materiais nas constru-ções entra, inicialmente, nos reforços de pilares. “O material compósito, a fibra de vidro, histori-camente, sempre foi de difícil reaproveitamento. A primeira forma de reutilização desse material é como agregado em outros compósitos, moendo--o e utilizando-o como agregado sólido, como em concreto. Recentemente, temos participado de um processo do projeto que propõe uma metodologia de reaproveitamento desse material para ser no-vamente utilizado como material compósito. Você não tem como decompor isso a ponto de torná-lo virgem novamente e reutilizá-lo no processo ini-cial, pois os materiais compósitos partem de uma resina líquida e reforços mecânicos, então temos utilizado em alguns processos, como é o caso desse projeto da Creche, em reforço nos pilares”.

Ou seja, de convencional, nas construções, atualmente, é utilizada a infraestrutura – fun-dação – da construção, em blocos de concreto armado, os muros de perímetros, os gradíos – janelas e outros –as torres de caixas-d'águas. Além disso, toda a composição estrutural é fei-ta em material compósito. “O pilar e a viga são montados em perfis pultrudados à base de resina poliéster com fibra de vidro, em que usamos ma-teriais reciclados”, comenta Mussio. A reutiliza-ção de materiais chega a 80%, dependendo do processo e do produto em que é utilizado.

No entanto, a empresa projeta a ampliação da utilização de materiais reciclados para ou-tros elementos da construção. “Da mesma forma como eu utilizo hoje esse material como reforço estrutural, utilizado com outras composições, poderemos aplicá-lo em outras linhas de produ-tos, como telhas, portas, soluções de piso e em várias aplicações dentro da construção com essa possibilidade de reciclabilidade. O que temos de imediato em desenvolvimento é a telha, que hoje é usada de fibra de cimento convencional. Outrossim, vamos trocar isso por materiais com-pósitos, bem como as portas, que serão de mate-riais reciclados, e os tampos de bancada de pias e lavatórios”, conclui Mussio.

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Em 2012, com faturamento de R$ 152 milhões, a empresa fechou com crescimento de 26% em relação a 2011. Para este ano, a empresa projeta atingir R$

300 milhões28

Gestão Ambiental

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jErÔNimo mENdESAdministrador, Coach

Empreendedor, Escritor e Palestrante

Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local

pela UNIFAE

onheço essa máxima há mais de dez anos, quando tive a felicidade de ser aluno da Professora Maria Aparecida Rheins Schirato, autora do livro O Fei-

tiço das Organizações e professora da USP. Ela repetia isso com frequência.

Como lembrava a própria mestra na época, mãe não demite filhos nem promove a compe-tição dentro de casa. Mãe ama, cuida, ensina, sofre junto e, se necessário, deixa de comer para não ver os filhos passarem fome.

Por outro lado, a maioria das pessoas con-tinua trabalhando como se as empresas ti-vessem a obrigação de realizar todos os seus desejos e atender a todas as suas necessida-des, de ordens pessoal e profissional. Ainda é comum ouvir nos bastidores: essa empresa é uma mãe para mim!

De onde vem toda essa carência dos empre-gados? De certa forma, da própria carência do ser humano acostumado a uma zona de confor-to. Na prática, trabalhar dá muito trabalho, prin-cipalmente, quando os objetivos pessoais es-tão desalinhados com os objetivos da empresa.

Ao fim do século XIX, o fenômeno da Re-volução Industrial mudou a nossa forma de executar o trabalho, de maneira radical, e tornou-se um marco decisivo no processo de desenvolvimento humano.

O historiador Edward Palmer Thompson che-gou a afirmar que o trabalhador inglês médio tornou-se mais disciplinado, mais sujeito ao tempo produtivo do relógio, mais reservado e metódico, menos espontâneo e menos violento.

Dessa forma, a Revolução Industrial criou uma nova maneira de arranjo social, de sobre-vivência e de conduta humana. O trabalho já não era mais o mesmo e um novo conceito co-meçava a ganhar forma: o emprego.

Com o emprego, a maioria foi deixando de

lado a sua competência predominante desde os tempos mais remotos: a de sobreviver por conta própria e risco. Se tivesse vivido após a Revolução, Richard Cantillon, economista ir-landês, diria que o ser humano perdeu a sua incrível capacidade de empreender.

Antes disso, as pessoas não tinham empre-gos no sentido fixo e unitário. Havia, contudo, uma forma corrente e mutante de tarefas de modo que os empregos, no mundo pré-indus-trial, eram essencialmente atividades. A tran-sição para os empregos, como conhecemos hoje, foi lenta e gradual e ocorreu em diferen-tes tempos e lugares.

De acordo com a mestra Maria Schirato, as empresas são um mundo de intenções e de promessas, onde a magia do crachá propor-ciona uma pseudo-segurança com uma moeda de troca conhecida: dinheiro X trabalho duro, fidelidade e alguns benefícios.

O que não é conhecido são os limites e as tolerâncias da relação. Quando isso não está claro, as pessoas tendem a confundir o am-biente de trabalho com o ambiente da empre-sa e se sentem parte de uma família.

Quanto mais desalinhadas estiverem as pessoas com os objetivos, as metas e os va-lores da organização, maior a dependência e o sofrimento. Em vários casos de demissão, a perda dos benefícios, do sobrenome da em-presa e do crachá significa para muitos a perda da própria dignidade.

O que falta para muitas empresas, princi-palmente, nas públicas e nas de origem fami-liar, é o esclarecimento das expectativas. Em-pregados que não entendem essa relação de profissionalismo, quando perdem o emprego, tornam-se órfãos magoados que nunca vão aceitar o fato de terem sido demitidos pela sua própria mãe.

Empresa não é mãe!

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Empregados que não entendem essa relação de profissionalismo, quando perdem o emprego, tornam-se órfãos magoados que nunca vão aceitar o fato de terem sido demitidos pela sua própria mãe

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s setores de construção civil e indus-trial estão entre os mais promissores do país. Conforme avaliação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é possível susten-

tar uma taxa média de crescimento de 4% ao ano na construção civil, entre 2007 e 2030. Já a indús-tria, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu 2,8% na comparação com o segundo trimestre de 2012 e 2% em rela-ção ao primeiro trimestre - maior taxa desde o se-gundo trimestre de 2010.

Tamanho crescimento gera, consequente-mente, enorme quantidade de resíduos. Levanta-mento da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição

(Abrecon) aponta que são produzidos 100 mi-lhões de toneladas de entulho de construção por ano, e menos de 10% é corretamente destinado.

Motivados por esse cenário e também pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), empresários de Curitiba têm encontrado nos re-síduos uma oportunidade. Pela Resolução CO-NAMA nº 307/2002, a madeira, juntamente com plástico, papel, papelão, metais, vidros e gesso (incluído pela Resolução CONAMA 431/2011)são classificados como Classe B de resíduos, os quais devem ser obrigatoriamente reciclados.

De acordo com Theodoro Lipinski Neto, sócio da empresa OK Ambiental Ltda., que há quase um ano trabalha com reciclagem de madeira, as

O

Material proveniente de indústrias, da construção civil e da demolição (RCD) pode virar energia ou húmus

Madeira pode ser reciclada de forma

sustentável e certificada

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Bruna robassa

Gestão de Resíduos

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

obras em si geram enorme quantidade desse re-síduo. A madeira na construção civil tem as mais diversas aplicações, como escoras, almoxarifa-dos, caixarias, escritórios e tapumes. ”São utili-zados diversos tipos de madeira, desde naturais como a bracatinga (que serve para escoras) como as já industrializadas, no caso do compensado, que é usado para montagem dos escritórios e para tapumes de obras. Mesmo assim, não é todo o material que pode ser reutilizado”, avalia.

Segundo o empresário, uma obra de médio porte gera em torno de 100 a 150 m³ de madeira que pode vir a ser reciclada. “A OK Ambiental tra-balha com a coleta do material em caçambas de 30 m³ e 40 m³, ou apenas recepciona o resíduos das empresas de transporte que usam caçambas de 5 m³, ou de qualquer outro gerador”, explica.

Diferencial • A OK Ambiental Ltda. tem como diferencial a exclusividade em trabalhar com a reciclagem da madeira que provem de empreendi-mentos que pleiteiam a certificação LEED (Leader-ship in Energy and Environmental Design) - sistema internacional de certificação e orientação ambien-tal para edificações, utilizado em 143 países, que objetiva incentivar a transformação dos projetos, obra e operação das edificações, sempre com foco na sustentabilidade de suas atuações.

O processo de coleta dos resíduos por parte da empresa é o mesmo, o que muda é a destina-ção (energia ou húmus). Outro aspecto é que nor-malmente o resíduo para certificação LEED vem segregado, o que não acontece com a madeira que vai para a energia. Esta normalmente sofre separação no pátio.

No caso da transformação em húmus,“o re-síduo é reduzido a pó, depois é misturado com outros resíduos orgânicos, sofrendo assim a compostagem”, explica. Em ambos os casos, quem destina o material dessa forma recebe um laudo certificando que a madeira foi reciclada. “São duas formas diferentes e ambientalmente corretas de preservar os recursos naturais, uma vez que a transformação em adubo proporciona que a obra possua certificação internacional de qualidade”, avalia. No caso da certificação LEED, é aberta uma Anotação de Responsabilidade Téc-nica (ART) da quantidade total reciclada.

De acordo com Odair Sanches, advogado, en-genheiro agrônomo e um dos sócios da OK Am-biental, a transformação da madeira em energia é algo mais comum, no entanto, ainda há muitas situações em que o material é coletado das cons-truções de modo irregular e transformado em energia fora dos padrões legais, sem amparo de

Pela resolução ConaMa nº 307/2002, a madeira, juntamente com plástico, papel, papelão, metais, vidros e gesso são classificados como Classe B de resíduos, os quais devem ser obrigatoriamente reciclados.

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qualquer técnica e documentação, o que é muito prejudicial ao meio ambiente.

Certificação LEED • “Hoje, grandes obras

comerciais estão aderindo à certificação LEED e também algumas casas/obras particulares”, diz Lipinski. A grande diferença é que para obter cer-tificação LEED a madeira transformada tem que gerar o mínimo de CO2.

A certificação LEED traz benefícios econômi-cos, sociais e ambientais, entre eles diminuição dos custos operacionais, valorização do imóvel para revenda/arrendamento, melhora na segu-

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rança, priorização da saúde dos trabalhadores e ocupantes, aumento da satisfação e bem-estar dos usuários, estímulo a políticas públicas de fomento a Construção Sustentável, uso racional/redução da extração dos recursos naturais, redu-ção do consumo de água/energia, uso de mate-riais e tecnologias de baixo impacto ambiental, redução, tratamento e reuso dos resíduos da construção e operação, entre outros.

A certificação LEED possui sete dimensões a serem avaliadas nas edificações. Todas elas possuem pré-requisitos (práticas obrigatórias) e créditos, recomendações que, quando aten-didas, garantem pontos à edificação. O nível da certificação é definido conforme a quantidade de pontos adquiridos, podendo variar de 40 pontos, nível certificado a 110 pontos, nível platina.

Consciência Ambiental • Segundo San-

ches, mesmo para construções com metragens menores que 600 m² (valor de referência para o

município de Curitiba-PR), onde o Plano de Geren-ciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) não é obrigatório, a destinação correta da madei-ra é importante. “A OK Ambiental está preparada para atender todo tipo de cliente e demanda”.

Na opinião do empresário, esse plano deveria ser exigido pela Prefeitura para obras de metragem menor, até mesmo para estimular a consciência de conservação do meio ambiente. “Torcemos para que a legislação mude dos atuais 600 para 100 metros quadrados, porque mesmo em obras pe-quenas, muitos resíduos são gerados. É preciso ter em mente que dessa forma todos ganham, o meio ambiente, a sociedade e as construtoras”, diz.

Resíduo Industrial • A indústria também produz grande quantidade de madeira, especial-mente em formato de pallets, os quais podem ser reutilizados para decoração ou então podem ser transformados em madeira cavaco. A OK Am-biental, atendendo a necessidade específica de

“torcemos para que a legislação mude dos atuais 600 para 100 metros quadrados, porque mesmo em obras pequenas, muitos resíduos são gerados. É preciso ter em mente que dessa forma todos ganham, o meio ambiente, a sociedade e as construtoras”, Odair Sanches da OK Ambiental

Gestão de Resíduos

Processo transformação • Resíduos da obra• Material é transportado para o pátio da OK Ambiental Ltda.• Madeira é acondicionada em caçambas de 40 m³• Em um processo manual, é retirado todo e qualquer outro material contaminante. Lembrando que esse material sempre deve estar seco • Após o carregamento, a madeira é encaminhada para os parceiros comer-ciais, com exclusividade para receber o material da OK Ambiental Ltda.• A madeira bruta é transformada em cavacos, segue por esteiras até o picador, é levada por meio de uma esteira imantada que vai retirar o material ferroso, seguindo na esteira que leva a um cilindro • O material poderá ser reduzido ao pó, tudo depende da necessidade do cliente• Material é encaminhado para fornos que utilizam a madeira como energia ou para transformação em compostagem

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 35

Gestão de resíduos na Construção CivilEntrevista theodoro lipinski neto

Qual a sua avaliação sobre o nível de consci-ência ambiental das empresas de construção civil e indústrias no Brasil? estão em que nível, se comparadas a de outros países?De maneira geral, com relação à construção civil, está na fase de adaptação da destinação correta dos resíduos. Infelizmente, muitas em-presas ainda acreditam que a responsabilidade do destino final dos resíduos é do transportador (caçambeiro), o que é incorreto, a responsabi-lidade é do gerador. No caso das indústrias, o nível de consciência ambiental é bem diferente, até porque a grande maioria delas é multina-cional e possui metas mundiais de segurança ambiental e de redução de resíduos. Quais as consequências de uma sociedade que não se preocupa com seus resíduos?As consequências estão todos os dias nos noticiários, principalmente com relação às enchentes, desde uma pequena garrafa de refrigerante que entope um bueiro até aos grandes aterros clandestinos, os quais, em sua grande maioria,estão próximos de rios, causando assoreamento, contaminação do len-çol freático, além de doenças. São inúmeros os malefícios causados. Isso sem falar no futuro das gerações, que fica totalmente ameaçado.

Quais os benefícios sociais, ambientais e econômicos da correta destinação dos resí-duos em todos os setores?São diversos os benefícios, no caso da nossa empresa, acreditamos que contribuímos de diversas formas, tais como: geramos emprego e renda para diversos trabalhadores, reciclamos materiais que por certo poluiriam o meio am-biente, diminuímos a pressão sobre os recursos naturais, contribuímos com a sustentabili-

dade das futuras gerações e seguimos o que a legislação ambiental brasileira determina. No conjunto, temos um belo exemplo de res-ponsabilidade socioambiental. Na sociedade que vivemos, não cabe mais o descaso com as questões ambientais, intrinsecamente ligadas às questões sociais.

Quais as vantagens para quem destina seus re-síduos de madeira para compostagem? É uma procura crescente? Poderia citar as diferenças em relação à transformação em energia?Toda a madeira deveria ser transformada em subprodutos 100% ambientalmente corretos. Ou seja, em produtos que não teriam efeitos maléficos ao meio ambiente. A compostagem é uma das possibilidades ideais para esse obje-tivo. Porém, é um processo caro. A transforma-ção em energia, na maioria das vezes, torna-se mais viável economicamente, e é aceita pela legislação. Deve-se atentar para que a indús-tria que utiliza esse sistema de energia possua um sistema eficiente de filtros, para que não ocorra poluição. A procura crescente pela compostagem se deve ao fato de a certificação LEED estar em exponencial ascensão no Brasil.

Poderia destacar empresas de construção civil e indústrias que estejam em nível avançado de responsabilidade com os seus resíduos no Brasil, no Paraná e em Curitiba?Difícil citar nomes, mas posso garantir-lhe que algumas construtoras estão trilhando um caminho interessante de responsabilidade ambiental. Muito precisa ser feito ainda, mas a cada dia avançamos. A destinação am-bientalmente correta dos resíduos precisa ser encarada pelo gerador como algo que faz parte dos custos do empreendimento.

um cliente, criou um método para inibir a conta-minação, desvios dos pallets e a rastreabilidade do material. “Caçambas de 40 m³ são personali-zadas para cada cliente, contendo a logo da em-presa, número da caçamba e a logo do cliente, o que evita que essa caçamba seja locada para outro cliente, evitando com 100% de garantia a probabilidade de o material ser contaminado por outros produtos de outros clientes. Essa é uma prática utilizada pelas empresas de transporte

atualmente”, relata Lipinski.Ao trabalhar com uma caçamba única, a mesma

caçamba que sai com o material (nesse caso pal-lets) é monitorada por meio do rastreador do cami-nhão, que evita que a caçamba seja içada fora do seu destino final. Esse relatório, entregue mensal-mente junto ao peso da balança do parceiro comer-cial, fechando a rastreabilidade do resíduo, garante aos nossos clientes a certeza do destino final.

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eria o meio ambiente um entrave ao crescimento econômico; ou seria o crescimento econômico a causa do iminente desastre ambiental? Segun-

do a revista The Economist, "As disciplinas acadêmicas são muitas vezes separadas por abismos de incompreensão mútua, mas quiçá o mais amplo e profundo pode ser o que separa a maioria dos economistas da maioria dos am-bientalistas..." (2002, tradução livre).

Há apenas 200 anos, não passávamos de um milhão de homo sapiens. A abundância dos recursos naturais tinha como único restriti-vo de sua exploração a dificuldade tecnológica de extração e beneficiamento. Foi concomitan-te à expansão demográfica e aos longos ciclos de expansão econômica por todo o globo que os problemas ambientais afloraram, trazendo consigo - na linguagem da economia - o fator de produção "recursos naturais" para a pauta.

Foi o movimento hippie, em meados dos anos 60, que deu o primeiro indício de insatis-fação com a lida ambiental, muito embora as co-loridas vozes fossem sempre caladas pelas altas taxas de crescimento econômico. Lembrando que o símbolo de pujança econômica foi, duran-te muitos anos, uma chaminé expelindo fumaça.

É verdade que alguns bravos economistas já discutiam o balanço das massas, introduzin-do a noção de que estávamos, como Ignacy Sa-chs depois consolidou, em uma "espaçonave Terra". Rachel Carson chocou o mundo em 1962 com seu livro "Silent Spring", demonstrando os efeitos nocivos dos pesticidas lançados na biodiversidade. Uma década depois, o "The Li-mitsto Growth", do Clube de Roma, novamente coloca a economia versus o meio ambiente.

Nos anos 70 e 80, vasta gama de estudos começam a discutir a escassez de recursos na-turais e o tamanho"nominal" de nosso impacto ambiental. Estes advinham em sua maioria das ciências da terra e não das sociais - em especial da economia. Em 1987, o famoso Brundtland Report define desenvolvimento sustentável, enquanto as chuvas ácidas em solo norte--americano fazem emergir severa legislação de

emissão de poluentes (Clean Air Act).Na década de 90, o rápido desenvolvi-

mento tecnológico e o crescimento econô-mico voltou a substituir as preocupações ambientais por meio de conceitos como "sustentabilidade","co-evolução" e "decou-pling". A noção de compatibilizar o crescimen-to econômico com a conservação do ambiente natural trazia a leve e prazerosa sensação de que poderíamos crescer ad infinitum da mes-ma maneira e sem maiores problemas.

Sem dúvida, a tecnologia possibilitou im-portantes ganhos de produtividade. Atualmen-te, estamos vendo o início da 3ª revolução industrial com a impressão 3D, Big Data e a incrível expansão da capacidade de manipula-ção biológica. Mas não nos iludamos: se con-tinuarmos a tratar o "fator de produção terra" pelo seu custo privado em detrimento do seu custo social, a tecnologia nunca será suficien-te para satisfazer às necessidades humanas concomitantemente à preservação ambiental.

Atualmente, o longo, complexo e profundo trabalho das ciências da terra em compreen-der as relações simbióticas entre o homem e seu meio parece estar ecoando nas ciências sociais, que descobriram quase num repente que "alguém" paga pela destruição ambiental. Em última instância, precisamos aceitar que é impossível conviver pari passu com crescimen-to econômico e preservação dos recursos natu-rais em um mundo "business as usual".

Eis que o "unusual" só ocorrerá quando o meio ambiente estiver corretamente precificado e não na dependência única da regulação por parte do setor público. De um lado, os economis-tas devem dar real valor de uso e de não uso ao meio ambiente; do outro, os ambientalistas de-vem incentivar soluções de mercado em comple-mento aos instrumentos de comando e controle.

O XX Congresso Brasileiro de Economia, ocorrido em Manaus-AM de 04 a 07 de setem-bro de 2013, teve como tema central "Econo-mia Verde, Desenvolvimento e Mudanças Eco-nômicas Globais". Parece que, finalmente, o abismo começa a diminuir...

Sobre o abismo entre ambientalistas e economistas

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daNiEL ThÁMestre em Economia Ambiental e Economia Internacional, consultor

Foi o movimento hippie, em meados dos anos 60, que deu o primeiro indício de insatisfação com a lida ambiental, muito embora as coloridas vozes fossem sempre caladas pelas altas taxas de crescimento econômico

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FEIR A INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA PAR A O MEIO AMBIENTE

R E C I C L E S E U S N E G Ó C I O S

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hegar em casa depois de um dia cansati-vo e relaxar a beira da piscina é o sonho de muita gente. E uma ideia inovadora, que aos poucos está ganhando espaço

no mercado brasileiro, também está tornando esse desejo sustentável. São as piscinas ecoló-gicas, verdadeiros lagos naturais onde é possível nadar na água limpinha e sem produtos químicos.

Também conhecidas como de piscinas bio-lógicas, naturalizadas, orgânicas, ecopiscinas e biopiscinas, essas estruturas, que combinam natureza e biotecnologia, são muito populares na Europa, Oceania e África. No continente europeu, elas já existem há décadas, tanto em unidades residenciais quanto em espaços públicos.

Harmonia • As piscinas ecológicas podem ser de vários tamanhos e formatos, o importante mesmo é que elas estejam em sintonia com o am-biente para que haja integração, de forma que to-dos os elementos sejam vistos como um todo. São utilizadas pedras, madeira e muitas plantas aquá-ticas para que a obra seja inserida na paisagem.

Segundo o biotecnólogo português Luís Perei-ra, que há um ano trabalha com a implementação desse tipo de piscinas no Brasil, elas são uma ver-dadeira simbiose entre natureza e biotecnologia. “A piscina biológica integra-se totalmente na paisagem que a rodeia, seja um ambiente campestre ou cita-dino, personalizando e transformando o jardim num prolongamento da própria moradia”, comenta.

Qualidade de Vida

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Um oásis feito no quintal

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Além de belíssimas, as piscinas ecológicas ajudam na preservação do meio ambiente

Karina Kanashiro

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“a piscina biológica integra-se totalmente

na paisagem que a rodeia,

transformando o jardim num

prolongamento da própria moradia”,

Luís Pereira

as estruturas funcionam de maneira bem simples, são divididas em duas partes: área de natação e área de regeneração. a água circula entre essas duas áreas e a depuração da água é feita pelo jardim aquático

Diferentemente de uma piscina tradicional, em que são usados azulejos e cimento, na biológica é feita a escavação do buraco, que é impermeabili-zado por uma tela de borracha de grande longevi-dade, e, em seguida, é preenchido com água.

As estruturas funcionam de maneira bem sim-ples, são divididas em duas partes: área de nata-ção e área de regeneração. A água circula entre essas duas áreas e a depuração da água é feita pelo jardim aquático. “A área de natação está destinada ao uso de contato primário, e a área de regeneração é onde ocorre o processo de depura-ção da água, por meio das plantas aquáticas e de substratos próprios que fazem a filtragem biome-cânica”, explica Pereira.

As impurezas são filtradas por micro-organis-mos, e a água recebe oxigênio das plantas por meio do processo de fotossíntese. Então ela volta limpa para a área de banho de forma natural. “A água sempre deve circular por esses espaços em trocas diárias e calculadas”, alerta Enzo Grinover, arquiteto e designer com 45 anos de experiência e adepto da construção sustentável.

Na hora da escolha do local onde será cons-truída a piscina, é preciso ficar atento à boa ex-posição solar e ainda optar por uma área sem árvores que soltem muitas folhas. Ela também pode ser construída com base em uma estrutura já existente. “Uma piscina comum estéril e está-tica pode ser transformada em ecológica depen-dendo do espaço disponível para a filtração e a regeneração que não precisam estar próximos”, explica Grinover.

Vantagens • Grinover ressalta que esse tipo de construção traz muitas vantagens, espe-cialmente para a saúde. “A ausência de cloro e outros produtos químicos como algicídas e an-tifloculantes eliminam as alergias, o cheiro de-sagradável na pele, os olhos avermelhados e os cabelos e pele secos. Experimente colocar um ca-belo em um copo d´água com uma gota de cloro, ele some”, revela o arquiteto.

O biotecnólogo Luís Pereira também ressalta a questão da preservação do meio ambiente. “Pen-semos só em toda a água contaminada, estéril, morta, que despejamos para a natureza cada vez que lavamos ou trocamos a água de uma piscina química. Pensemos nos pobres animais que vão beber água e morrem intoxicados com o cloro”, enfatiza.

Além disso, há o aspecto visual. Ter uma pisci-na ecológica é o mesmo que ter um lago em casa, um verdadeiro micro ecossistema com plantas e animais como libélulas e pássaros. Para Grinover, banhar-se na piscina natural é um mergulho no

O condomínio Vale do Tinguá, localizado na Baixada Fluminense, é um empreendimento totalmente ecológico e, por isso, a opção pela piscina biológica

Luís Pereira/EcoPools®

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Qualidade de Vida

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“a ausência de cloro e outros produtos químicos eliminam as alergias, o cheiro desagradável na pele, os olhos avermelhados e os cabelos e pele secos. experimente colocar um cabelo em um copo com água e uma gota de cloro, ele some”, Enzo Grinover

Nesta piscina, em Itabaia – SP, a área de regeneração é separada com madeira imersa

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infinito. ”É uma emoção única que nos conduz a algo ancestral, ao ventre materno, às lembranças de quando tomávamos banho nos rios e lagos, à lembrança da infância, quando a água era o ele-mento lúdico por excelência”, completa.

Há, ainda, a vantagem econômica com manu-tenção, já a que é preciso apenas limpar as folhas caídas na água e fazer a poda das plantas, quan-do necessário. Duas vezes por ano, a piscina pre-cisa receber uma avaliação biológica, como uma revisão para prevenir problemas no funcionamen-to do sistema.

A redução da conta de energia elétrica tam-bém entra na lista de vantagens, a economia pode chegar a 60%, pois essas piscinas utilizam bom-bas de alto fluxo e baixo consumo energético.

Popularização • O conceito de piscina na-tural foi criado na Áustria, há cerca de 30 anos. Em pouco tempo, a ideia espalhou-se e tornou--se muito popular na Europa toda. Estima-se que mais de 20 mil unidades, entre públicas e priva-das, já tenham sido construídas na Áustria e cer-ca de 8 mil na Alemanha.

Em 2007, em entrevista ao jornal The New York Times, Peter Petrich, dono da austríaca Biotop, que projeta ecopiscinas, afirmou que somente sua empresa era responsável pela construção de 50 piscinas naturais por ano naquela época.

Na Europa, existe uma entidade que reúne cerca de 400 construtores de piscinas de vários países. O International Organization for natural Bathing Waters – IOB – foi criado para atualizar conhecimentos e promover a troca de experiência entre os participantes.

Segundo Pereira, esse sistema sustentável ainda não é muito conhecido em terras brasi-leiras. “Pelo que tenho observado neste último ano, esse conceito ainda não está disseminado. Há muita gente que tem algum tipo de informa-ção sobre o tema, e começam a divulgar os pri-

meiros projetos desenvolvidos no Brasil, como o caso de Tinguá”, comenta.

A piscina do Residencial Ecológico Vale do Tinguá, na Baixada Fluminense, inaugurada em junho de 2012, foi a primeira EcoPool® brasilei-ra. A diferença entre elas e as demais piscinas biológicas é que essa obra foi realizada em par-ceria com a Ecopools®, empresa sul-africana que domina a tecnologia das ecopiscinas em climas tropicais e em cujo know-how se baseia esse biossistema aquático.

Custo x benefício • Os custos para a cons-trução da ecopiscina é, inicialmente, superior ao da piscina tradicional, dependendo do tamanho, do design e dos materiais escolhidos. Porém, os arquitetos afirmam que o investimento vale a pena no longo prazo em decorrência do custo de manutenção quase zero. “Os custos de implan-tação, apesar de mais altos na construção, são facilmente recuperáveis nos primeiros anos pela diminuição da fatura da eletricidade e custos de manutenção, além de não gastar em amaciado-res para o cabelo, cremes para a pele, etc. Além disso, as pessoas com quem eu tenho falado di-zem que vale a pena, pois os banhos são delicio-sos”, afirma Pereira.

As piscinas ecológicas ainda são grandes alia-das na preservação do meio ambiente. O biotec-nólogo ressalta que a água das biopiscinas não necessita ser renovada e o próprio biossistema, depois de atingir seu estado de equilíbrio, con-sumirá metade da energia inicial, que já é 40% abaixo do convencional. “Penso que fica bem pa-tente a enorme contribuição das biopiscinas para o reverdecer do planeta. Uma biopiscina é, em si mesma, um foco de sustentabilidade. Qualquer biossistema artificial que seja criado com sucesso, tendo em conta sempre a fórmula do custo/benefí-cio, é mais um ponto sustentável”, reforça Pereira.

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rafaEL GiULiaNo Voluntário e pesquisador de novas interações de aprendizagem

tema liderança assumiu papel central na maioria de meus diálogos, tutorias e projetos em todo o mês de agosto, culminando com o último dia do Fó-

rum Global de Liderança, no dia 05 de setem-bro, promovido pela Estação Business School e que trouxe, naquela noite, a apresentação de nosso editor, Pedro Salanek Filho, abordando “Tendências de Resultados Sustentáveis”. O que chama a atenção é uma questão recorrente em todas essas oportunidades de aprendiza-gem: o quão imprescindível é o elemento hu-mano para a sustentabilidade dos negócios.

Num dos encontros sobre Liderança Apre-ciativa que mediei em agosto, após o término dos diálogos, alguns dos participantes vieram conversar comigo em busca de mais referências sobre pesquisas, além de dicas de livros e es-tudos de caso. Quando me perguntaram sobre “como estimular o sentimento de pertencimento nas pessoas (!?)” e “qual seria um bom case em que se inspirar (!?)” respondi, de imediato: ob-servem as lições dos projetos de voluntariado!

Um trabalho de pesquisa interventiva re-alizado pela ApreciATO apontou para dois macroindicadores que nos permitem avaliar o sentimento de Pertencimento em grupos de tra-balho: [1] Automotivação, identificando o que levou às pessoas ao trabalho que realizam ou organização em que atuam e quais são os moti-vos que os mantêm investindo nessas carreiras ou projetos, e [2] Colaboração, considerando as diferentes formas pelas quais as pessoas se envolvem em processos de cooperação com membros da própria equipe e de outras áreas.

Quando tomamos algum projeto de volun-tariado, e investigamos esses dois macroin-dicadores, percebemos que, em sua grande maioria, os voluntários possuem histórias pes-soais relacionadas às causas das iniciativas que apoiam, seja o histórico de alguma doença ou condição física, a origem humilde ou o en-volvimento com pessoas já assistidas por es-sas ações. Outros se vêem na oportunidade de retribuir algum apoio recebido no passado, em programas de resgate ou inclusão social, por exemplo. Todos motivos muito próprios para

estarem ali, suas automotivações.O maior êxito das ações voluntárias está na

prática de relacionar as competências dos en-volvidos com as atividades realizadas, e como se tratam de grupos heterogêneos, muito rapi-damente é provocada a colaboração, com cada indivíduo somando ao grupo com aquilo que tem ou faz de melhor, reconhecendo o impacto da soma de pequenas ações para a concretiza-ção dos objetivos almejados.

Com base nessas percepções, extraímos valorosas lições para inspirar o sentimento de pertencimento em grupos também nas orga-nizações. Talvez a primeira e mais impactante dica seja buscar contratar pessoas que, de al-guma maneira, estejam ligadas à “causa” da empresa, interessadas em mais do que apenas o salário. Para isso, certamente, será preciso descobrir primeiro qual a causa com a qual o negócio está conectado, seja por meio da vi-são, da missão e dos valores ou dos seus im-pactos sobre a sociedade e o mundo. Buscar identificar profissionais com objetivos bem definidos contribui na hora de relacionar suas metas pessoais com as da empresa.

Sobre colaboração, observamos que nos projetos voluntários é preciso ter coragem e perseverança para vencer limitações orçamen-tárias e mesmo políticas, o que requer pessoas com muita vontade de fazer e conquistar mais, que saibam unir talentos para criar novas solu-ções. Os cenários adversos geram ambientes desafiantes, propícios ao surgimento de ideias sempre mais inovadoras.

De todas as lições, talvez a de maior impacto seja o estímulo à Visão do Todo (“Big Picture”)! Cada pessoa que assume um papel ou ativida-de voluntária sabe e reconhece o valor de sua contribuição individual para a causa maior, o que resgata o valor de seu propósito (automoti-vação) e seus talentos somados (colaboração).

Apoiar iniciativas voluntárias pode, por fim, contribuir tanto para o desenvolvimento social quanto para o crescimento sustentável dos ne-gócios, ensinando-nos a envolver as pessoas com a missão compartilhada, assim como a uma causa social.

Lições do Voluntariado à Liderança

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Cada pessoa que assume um papel ou atividade voluntária sabe e reconhece o valor de sua contribuição individual para a causa maior, o que resgata o valor de seu propósito (automotivação) e seus talentos somados (colaboração)

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JUNTOS IREMOS CONSTRUIR UMMUNDO MELHOR A CADA ENTREGA!

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Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

“Lei de Cotas” (Lei nº 8.213/91), que completou 22 anos de existência no Brasil, foi o primeiro passo para uma série de avanços conquistados na in-

clusão de pessoas com deficiência no mundo do trabalho. Com a lei, toda empresa com 100 ou mais funcionários deve destinar de 2% a 5% (de-pendendo do total de empregados) dos postos de trabalho a pessoas com alguma deficiência. Em 2012, eram 325 mil pessoas com algum tipo de de-ficiência formalmente empregadas no Brasil, o que comprova a importância da legislação. No entanto, nem sempre foi assim, e ainda há muito a avançar.

De acordo com a procuradora do Ministério Pú-blico do Trabalho e professora da Universidade Fe-deral do Paraná (UFPR), Thereza Cristina Gosdal, a lei não excepciona nenhuma atividade. “Em alguns casos, as empresas relatam dificuldade de qualifi-cação, mas mesmo nas situações mais difíceis en-tendemos que, com um pouco de força de vontade, é possível fazer a inclusão, salvo raras exceções em que o tipo de deficiência é realmente limitador. Há, por outro lado, exemplos de organizações que se dispõe a qualificar e conquistam um resultado bem interessante de aprendizagem”, relata.

Segundo Thereza, apesar dos avanços con-quistados nos últimos anos, existem ainda di-versos obstáculos, principalmente em relação à

acessibilidade e ao preconceito. Muitas vezes, a falta de acessibilidade nas empresas e vias públi-cas é utilizada como desculpa para não contratar. “É preciso avançar também no preconceito em relação à produtividade e visibilidade. Há quem pense que será ruim para a imagem da empresa a contratação de deficientes”, avalia.

A procuradora do trabalho, que atua na fis-calização das empresas quanto ao cumprimento desse tipo de legislação, também defende o em-prego apoiado. “Não adianta contratar uma pes-soa com deficiência e não dar apoio para que ela fique na empresa”. De acordo com Thereza, para as organizações que tiverem dificuldades quanto à adaptação e ao treinamento, existem diversas parcerias que ajudam na inclusão efetiva.

Responsabilidade social • De acordo com Regiane Ruivo Maturo, da área de Responsabili-dade Social do Sesi-PR, a inclusão das pessoas com deficiência – PcD no mundo do trabalho, na maioria das vezes, infelizmente, só acontece por força de lei. “A sociedade de uma forma geral só consegue ver a deficiência e não a competência profissional das pessoas. Pela falta de informa-ção e conhecimento sobre as deficiências, os mitos e preconceitos ainda prevalecem”, analisa.

No decorrer dos últimos oito anos, o Sesi-PR, 46

O caminho da inclusão

Conheça os desafios e as conquistas para inserção de pessoas com deficiência no mundo do trabalho

Bruna robassa

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 47

“não adianta contratar uma pessoa com deficiência e não dar apoio para que ela fique na empresa", Thereza Cristina Gosdal, procuradora do Ministério Público do Trabalho e professora da UFPR

por meio da sua Gerência de Responsabilidade Social, vem aprimorando o trabalho na área de inclusão das PcD nas indústrias que passam a exercer, além da legislação vigente, práticas de responsabilidade social que impactam no clima organizacional e na produtividade do trabalho. O Sesi-PR desenvolveu uma metodologia de traba-lho com várias ações otimizadas de acordo com a realidade de cada empresa com o objetivo de pre-pará-la para um adequado processo de inclusão e retenção das PcD. “Entre as atividades, destaco a preparação dos gestores, das equipes de RH, dos colaboradores e o mapeamento de postos de trabalho e acessibilidade”, conta.

Para a realização do mapeamento dos postos e trabalho e acessibilidade, o Sesi-PR, por meio do edital de Inovação Sesi/Senai, desenvolveu o software “Indústria Acessível” que otimiza a co-leta de informações em campo, tratamento dos dados e formatação do relatório, “uma importan-te inovação tecnológica para o processo de inclu-são”, destaca Agnaldo Adélio Eduardo, engenhei-ro de segurança do trabalho responsável por essa etapa da metodologia do Sesi de Inclusão da PcD.

Desafios e oportunidades • As empresas precisam buscar mais informações e orientações técnicas sobre as questões relativas ao processo de inclusão para minimizar as dificuldades en-contradas e, dessa forma, potencializar as ações para promoção da inclusão. Ainda segundo Re-giane, a maioria das empresas mobiliza-se ape-nas quando é fiscalizada e autuada pelo auditor fiscal do trabalho. “O desafio para as empresas, de forma geral, é entender a inclusão como uma oportunidade de aprimorar a sua gestão de pes-soas e a valorização da diversidade humana como um fator que agrega valor ao negócio em vez do conceito ultrapassado de que é uma lei impossível de ser cumprida”, relata.

Exemplos • Grandes empresas como Volvo, Renault, Spaipa e BRF são exemplos de organiza-ções que implantaram programas de inclusão e de diversidade corporativa sérios e comprometi-dos com a mudança cultural e praticamente cum-priram as cotas com responsabilidade.

Segundo conta Gédna Melsiana Rissi, da ge-rência de relações do trabalho da BRF em Curitiba, a diversidade é um dos valores da empresa. As-sim, a inclusão de PcD faz parte de um processo contínuo na companhia, que contempla sensibi-lização de lideranças e preparação de equipes de RH. De acordo com relatos de Gédna, pessoas com deficiência sempre tiveram espaço na empresa.

Exemplo disso é um funcionário com deficiência que, em 2012, completou 40 anos na companhia.

Ao ingressar na empresa, todos os novos funcionários (com ou sem deficiência) possuem padrinhos, que permanecem acompanhando e orientando até a adaptação/integração total do funcionário. “Dentro da BRF, todas as vagas são para pessoas com ou sem deficiência, não haven-do distinção de qualquer natureza. Assim, hoje possuímos colegas em diversos níveis: aprendiz, operacionais, extensionistas, administrativos, especialistas, supervisores/coordenadores e ge-rentes”, conta Gédna.

A BRF também mantém, desde 2007 Centros Educacionais para pessoas com deficiência, nas cidades de Videira (SC) e Marau (RS), respecti-vamente, em parceria com o Sesi, onde é feita a escolarização e preparação para o trabalho de jovens e adultos a partir de 14 anos, que por al-gum motivo não frequentaram ou abandonaram a escola regular. Os mais de 110 alunos não pos-suem vínculo empregatício com a empresa, mas

há encaminhamento e incentivo para o trabalho, dentro ou fora da empresa. Em 2011, a BRF forma-lizou um acordo judicial com o Ministério Público do Trabalho para fortalecer ações de inclusão e cumprimento de cota legal.

Na pele e na prática • Quanto às pessoas com deficiência, um grande desafio é consegui-rem mostrar que são muito mais que as suas de-ficiências, que são pessoas, profissionais e que a limitação está nas cidades e na sociedade, que pela falta de acessibilidade não permitem o exer-cício da plena cidadania.

Mirella Prosdócimo, secretária especial dos Direitos da PcD da Prefeitura de Curitiba, sentiu na pele as dificuldades e as vitórias de ter uma li-mitação. Aos 17 anos, sofreu um acidente e ficou tetraplégica. “As principais dificuldades encon-tradas foram a aceitação e a superproteção da fa-mília, duas coisas naturais, que todos que adqui-rem uma deficiência enfrentam. Porém, com isso

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superado, surgem as conquistas, como mo-rar sozinha, com inde-pendência, abrir uma empresa e poder cola-borar para a inclusão de outras pessoas com deficiência hoje no po-der público”, conta.

Segundo ela, nos últimos anos, tivemos avanços, já que muitas empresas incorporaram em sua cultura organiza-cional a questão da inclusão e da valorização da diversidade. De acordo com Mirella, não apenas as empresas, mas as pessoas com deficiência, de-vem ser responsáveis também pela sua inclusão, buscando capacitação e formação. “Mas sabemos que isso também não é uma tarefa que depende apenas delas, todos devem fazer a sua parte, a fa-mília, o poder público, as empresas e as pessoas com deficiência. Somente assim será possível en-frentar os desafios”, sugere.

De acordo com a secretária, a Lei de Cotas foi uma conquista, mas temos que avançar em outras áreas, como educação e acessibilidade, até para que um dia não precisemos mais de co-tas. “Porém, é fundamental destacar que temos avançado no geral em todos os sentidos e que o processo de inclusão é um caminho cheio de obs-táculos, mas sem volta”, avalia.

Educação e acessibilidade • Ter se tornado secretária especial dos Direitos da PcD foi resul-tado de uma longa trajetória cursada por Mirella, que utilizou a sua dificuldade como inspiração para atuar em prol da causa. Na prefeitura, ela conta que está fazendo uma gestão aberta, de-mocrática, próxima da comunidade e das enti-dades que atendem as pessoas com deficiência. “Ao mesmo tempo, temos contribuído muito na capacitação dos servidores públicos em relação à deficiência, avançado na questão da acessibi-lidade e da difusão do tema de forma transversal com outras secretarias”, explica.

Ela é criadora da famosa campanha ‘Essa vaga não é sua nem por um minuto’, a qual busca cons-cientizar a importância do cumprimento da lei que disponibiliza vagas de automóveis para deficien-tes. “A repercussão foi realmente ótima e demons-tra que a sociedade está aberta para a inclusão e para o respeito pela diversidade e que só precisa de informação correta e sensibilização”, conta.

Mirella também foi idealizadora da Funpage no Facebook Super Normais (https://www.face-book.com/supernormais). “Foi uma forma que

encontramos de debater a inclusão e a diversida-de com bom humor e criatividade. É um projeto que estamos tocando aos poucos, mas que tenho grande carinho”, diz.

Reatiba • Iniciativa do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), instituição ligada ao Sesi-PR, em setembro foi realizado o 6º Reatiba, um chamado às empresas para o processo de inclusão e exercício da responsabilidade social corporativa. O evento, realizado em Curitiba, também ofereceu a opção de acompanhamento à distância via internet por meio da parceria realizada com a Secretaria de Assuntos Estratégicos do Estado do Paraná.

Quem aproveitou a oportunidade foi Ivone Maggioni Fiore, assistente social da Apae de Campo Mourão. A entidade trabalha na habili-tação e reabilitação da pessoa com deficiência intelectual e múltipla, por meio das áreas educa-cional, saúde, assistência social, esporte e lazer. “Quando a pessoa é avaliada, e verifica-se que está apta ao ingresso no mundo do trabalho, a Apae faz o encaminhamento às empresas, realiza o acompanhamento da empresa e do trabalhador encaminhado, atendendo e orientando nas difi-culdades encontradas”, relata.

Entendendo a importância em disseminar o conteúdo a ser apresentado no Reatiba, a as-sistente social organizou um evento para que todos os interessados pudessem acompanhar as palestras on-line na sede do Núcleo Regional de Educação de Campo Mourão. “Tivemos grande adesão e foi um evento muito produtivo”, conta.

Segundo Ivone, o avanço conquistado nos últimos anos em relação a inclusão de pessoas com deficiência foi muito pouco diante do poten-cial de empregabilidade que o país oferece hoje em dia. “É necessário que as empresas rompam a barreira atitudinal, ou seja, contratem não pela exigência da lei, mas por compreenderem que a pessoa com deficiência é como as outras pessoas que são eficientes em uma coisa e deficientes em outras”, avalia João Ferrari Chagas, presidente do Conselho Municipal da pessoa com Deficiência de Campo Mourão, também responsável pela via-bilização da transmissão on-line do Reatiba.

Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 48

“a sociedade de uma forma geral só consegue ver a deficiência e não a competência profissional das pessoas. Pela falta de informação e conhecimento sobre as deficiências, os mitos e preconceitos ainda prevalecem", Regiane Ruivo Maturo do Sesi/PR

6º Reatiba – CPCE

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ni� cado do termo e os assuntos que estão inseridos no conceito ainda

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ção a este debate por meio do grupo de trabalho sobre Responsabili-

dade Social que desenvolve a futura norma ISO 26000 para orientar

esse tema tão variado, complexo e quase sempre controverso.

Se a abordagem usada pelos autores é muito abrangente, na in-

tenção de re� etir sua complexidade, corre-se o risco de tratar o

tema com super� cialidade. Se os autores focam demais em uma

questão ou em um grupo pequeno de temas, � ca difícil transmitir

uma visão geral da ampla gama de conceitos envolvidos. Entretan-

to, os autores deste livro foram hábeis em evitar essas duas armadi-

lhas e conseguiram comunicar toda a riqueza que o verdadeiro

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na profundidade quanto na abrangência.

• ALAN BRYDEN Secretário-geral da ISO – International Organization for Standardization

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José Carlos Barbieri

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José Carlos Barbieri é mestre e doutor em Administração, é professor do Departamento de Administração da Produção e Operações da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EA-ESP-POI) desde 1992. Foi professor em reno-madas instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a Pontifícia Universidade Católica de São Pau-lo. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). É professor do programa de pós-graduação stricto sensu da EAESP, da linha de pesquisa em gestão ética, socioambiental e de saúde. Pesquisador e coordenador de diversos projetos de pesquisa nas áreas de gestão da inovação, do meio am-biente e da responsabilidade social. Coor de na-dor do Centro de Estudos de Gestão Empresa-rial e Meio Ambiente da FGV/EAESP. Membro do Fórum de Inovação da FGV/EAESP. Parti-cipou da comissão do INMETRO para criação de normas sobre certi� cação de sistemas de responsabilidade social. Participa de comitês cientí� cos de diversas revistas e congressos cientí� cos, nacionais e internacionais, e de vá-rias agências de fomento.CONTATO COM O AUTOR: [email protected]

Jorge Emanuel dos Reis Cajazeira. Enge-nheiro mecânico pela Universidade Federal da Bahia,mestre e doutor pela FGV/EAESP. Exe-cutivo da área de competitividade da Suzano Papel e Celulose, onde trabalha desde 1992. Elei-to pela revista Exame, em 2005, como um dos quatro executivos mais inovadores do Brasil. Foi expert nomeado pela ABNT para a redação das normas ISO 9001 e ISO 14001 (1995-2004), coordenou os trabalhos para a criação da nor-ma NBR 16001 – Responsabilidade Social e pre-sidiu a comissão do INMETRO para criação de um sistema nacional para certi� cação socioam-biental. Em 2004, foi eleito o primeiro brasileiro a presidir um comitê internacional da ISO, o Working Group on Social Responsibility (ISO 26000). É membro do comitê de critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), coordenador do comitê de inovação e ativos intangíveis (FNQ) e ex-presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).CONTATO COM O AUTOR: [email protected]

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