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EDGAR MORIN “contrabandista dos saberes” Mini-Seminário Epistemologia da Administração Prof. Dr. Onésimo Cardoso Erlana Castro Out 2008

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Page 1: Edgarmorin

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Mini-Seminário Epistemologia da Administração – Prof. Dr. Onésimo CardosoErlana Castro

Out 2008

Page 2: Edgarmorin

A morte da mãe faz com que o menino se refugie nos livros até para não ter que conversar com ninguém. Começa também a gostar e frequentar os cinemas da região onde vive, em companhia de seu primo Fredy. Torna-se um aficcionado por cinema e por livros.

Já adolescente, aos 16 anos (1937) engaja-se num ato militante em solidariedade aos anarquistas catalães e participa de seu primeiro comício político: uma reunião trotskista no cais de Valmy.

No clima tenso que antecede a Segunda Guerra Mundial, Edgar adere aos Estudantes Frentistas, liderados por Gaston Bergery que preconizava um socialismo nacional e rejeição à guerra.

Em setembro de 1939 Vidal Nahum é convocado e Edgar vai morar com Henriette, irmã de seu pai.

Morin é forçado a interromper seus exames da Sorbonne quando a França é invadida pelo exército de Hitler.

Foge, em julho de 1940, para Toulouse, onde se sente, pela primeira vez, livre do excessivo controle paterno. Dedica seu tempo a atividades assistenciais, como secretário da Associação dos Estudantes Refugiados. Faz amizade com alguns exilados estrangeiros.

Frequenta a Biblioteca Municipal, onde lê com avidez tudo o que encontra sobre sociologia, história, literatura contemporânea, Marx e autores marxistas como Daniel Guérin e Henri Lefebvre.

biografia

Edgar Nahoun (que mais tarde adotará o sobrenome "Morin") nasce em Paris no dia

8 de julho de 1921. É o filho único de um casal de judeus - Vidal e Luna Nahum.

Luna morre quando Morin tinha 10 anos e ele passa a ser criado pelo pai e pela

irmã mais velha da mãe, Corinne Beressi.

Page 3: Edgarmorin

Participa de ações de grafitagem e de distribuição de panfletos. Impelido pelo amigo Jacques-Francis Rolland, Edgar decide

finalmente se filiar ao Partido Comunista, no final de 1941. A invasão da zona sul pelo exército alemão, obrigam os dois amigos

a fugirem para Lyon, em julho de 1942, onde passam a dividir um quarto na Casa dos Estudantes. "La Saison en Enfer"

(Temporada no Inferno) de Rimbaud, que se torna o "evangelho" dos jovens ativistas.

Em 1942, Cada vez mai envolvido em atividades subversivas, resolve substituir o sobrenome "Nahum" por "Morin". Vive uma

dupla clandestinidade - como judeu e comunista - atuando na Resistência Francesa como militante oculto do Partido Comunista

(ou "submarino", como o chamavam). Acuado pela Gestapo, retorna, no verão de 1943, a Toulouse, onde é acolhido por uma

família de operários.

Em 44 volta para Paris onde faz amizade com Marguerite Duras. Participa intensamente das ações da Resistência que

culminam na Insurreição de Paris, em agosto de 1944.

Após a libertação da França e final da guerra, tenta trabalhar como redator em jornais ligados ao Partido Comunista

Francês, mas é visto com desconfiança por causa de sua postura crítica. Por intermédio do amigo Pierre Le Moigne, resolve se

juntar como voluntário ao I Exército francês, na Alemanha.

Em 1945 casa-se em Paris com Violette Chapellaubeau, socióloga, amiga de escola e companheira desde 1941. Muda-se com

ela para Lindau e fica viajando entre a frança e Berlin.

Em 1946, dá baixa do exército e retorna, com Violette, a Paris. O casal é hospedado por Marguerite Duras, em seu apartamento

da rua Saint-Benoît, habitado também por Robert Antelm e onde Dionys Mascolo passa a maior parte do tempo. O apartamento

é palco de discussões acaloradas e encontros notáveis com Albert Camus, Raymond Queneau e Merleau-Ponty.

Volta a trabalhar como joirnalista free-lancer. Sem emprego fixo e cada vez mais discriminado no Partido Comunista, Edgar

Morin vive um exílio interior. Passa os dias na Biblioteca Nacional, escrevendo o livro "L’Homme et la Mort" (O Homem e a

Morte). Na feitura dessa obra Morin formaria a base de sua cultura transdiciplinar: geografia humana, etnografia, pré-

história, psicologia infantil, psicanálise, história das religiões, ciência das mitologias, história das idéias, filosofia, etc. Na

pesquisa, descobre as obras antropológicas de Freud, Rank, Ferenczi, Jung, Bataille e Bolk; e a biologia da morte via

Metchnikoff, Metalnikov e Carell.

Por causa da gravidez simultânea de Violette e Marguerite, a comunidade da rua Saint-Benoît é forçada a se desfazer. O casal

se muda para Vanves, onde vivem com muita dificuldade financeira. Violette dá aulas de filosofia fora de Paris.

Em 1947 nasce Irène, a primeira filha de Edgar e Violette, e em 1948 nasce Veronique, a segunda filha do casal. Irène

Chapellaubeau é socióloga, mãe de uma filha, e lecionou durante algum tempo na Universidade de Pernambuco no Brasil.

Veronique Nahum - Grappe é antropóloga, professora e pesquisadora em Paris. É mãe de dois filhos.

Edgar Morin candita-se à comissão de sociologia do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica) No CNRS, escolhe como

tema de pesquisa a sociologia do cinema, para dar continuidade à sua investigação sobre "a realidade imaginária do

homem", que havia esboçado em "L’Homme et la Mort". Seus estudos sócio/antropológicos sobre cinema renderiam dois livros:

"O Cinema ou o Homem Imaginário" (1956) e "As Estrelas: Mito e Sedução no Cinema" (1957).

bio

gra

fia

Page 4: Edgarmorin

Espelhado na experiência de um boletim aberto de discussões italiano (Ragionamenti), no final de 1956, Morin funda a revista

"Arguments", dirigida por ele até o seu último número, em 1962.

Em 1961, faz uma longa viagem pela América Latina. Após uma temporada no Brasil, ruma para Santiago do Chile, onde

frequenta cursos na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais. Visita a Bolívia, Peru e México. Fascina-se pelo mundo

indígena e pelo mundo afro-brasileiro. Retorna a França, onde publica, em 1962, "L’Esprit du Temps" (O Espírito do Tempo).

Durante um congresso mundial de sociologia, em Washington, é acometido por uma forte febre que o leva a um estado de

letargia. Fica internado em Nova Iorque, para se recuperar. As primeiras palavras que escreve sobre o leito são: "Agora, não é

somente importante que as idéias atuem sobre mim, é preciso que eu atue nelas.“

Em 62, Morin retorna à França, decidido a aproveitar o longo período de convalescença para meditar sobre sua vida e seu

pensamento. Isolou-se em Monte Carlo, num apartamento emprestado, onde escreveu mais um livro: "Le Vif du Sujet".

Em 64, casa-se com a artista plástica Joahnne, de origem quebecoise-caribenha. Na sequência, é convidado a participar de um

grande projeto de pesquisa multidisciplinar, financiada pela DGRST (Delegação Geral de Pesquisa Científica e Técnica), na

comuna de Plozevet. Passa o ano de 1965 pesquisando, com ajuda de diversos colaboradores, vivendo numa rústica cabana,

em Poulhan, porto dos pescadores de Plozevet. O resultado das pesquisas levou dois anos para ser redigido e acabou gerando

polêmica. A transdisciplinariedade de Morin foi considerada "herética" e fez com que o DGRST lhe aplicasse uma "repreensão

científica". Com aversão crescente ao meio acadêmico parisiense, passa, cada vez mais, a exercer atividades fora de Paris.

É convidado por Jacques Robin, em 1967, a se tornar membro do "Grupo dos Dez", onde se aprofunda na biologia e descobre o

pensamento cibernético. Jacques Monod (prêmio Nobel de biologia) pede a Morin que leia os manuscritos de "Le Hasard et la

Nécessité" (O Acaso e a Necessidade).

No final dos anos 60, o Instituto Salk de pesquisas biológicas convida Morin a passar um ano na Califórnia. Lá conhece a

revolução biológica genética, iniciada com a descoberta da estrutura em dupla hélice da molécula do AND (Watson e Crick).

Inicia-se na "três teorias" que considera interpenetrantes e inseparáveis: a cibernética (Wiener e Bateson), a teoria dos sistemas

e a teoria da informação.

Volta a Paris em 1970 e inicia a constituição de um Centro internacional de estudos bio-antropológicos e de antropologia

fundamental (Centro Royaumont). Lá Morin é iniciado, por Henri Atlan, no pensamento de Heinz von Förster, na teoria da auto-

organização e na teoria dos automata auto-reprodutores de Von Neumann. Lê Prigogine, Serres e René Thom. Nesse processo

de encontros, reaprendizados e reorganização dos princípios do conhecimento, concebe a idéia de um livro que se chamaria "La

Méthode" (O Método).

Morin deixa o Centro Royaumont e torna-se co-diretor do Centro de Estudos Transdisciplinares (EHESS), onde começa a

construir sua proposta de conhecimento “enciclopedante” – ao invés de enciclopédico – ou seja, que apresenta os

conhecimentos dispersos ligando-os uns aos outros e propondo uma epistemologia da complexidade.

Morin permanece na direção do EHESS até 1989. Até hoje colabora ativamente com a instituição.

bio

gra

fia

Page 5: Edgarmorin

O pensamento complexo

MORIN, E. & LE MOIGNE, JL. A inteligência da complexidade. Peirópolis.

São Paulo: 2000.

Page 6: Edgarmorin

“Existe uma inadequação cada vez maior, profunda e grave entre os nossos conhecimentos disjuntos, partidos, compartimentados entre disciplinas, e, de outra parte, realidades ou problemas cada vez mais polidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais, planetários, enfim. Nessa situação tornam-se invisíveis os conjuntos complexos, as inter-relações e retroações entre as partes e o todo, as entidades multidimensionais, os problemas essenciais.” Edgar Morin

Page 7: Edgarmorin

Descartes sugeriu a primeira separação de conhecimentos

delimitando dois campos distintos: o sujeito e as coisas.

Essa primeira disjunção afastou a filosofia (problemas do sujeito) da

ciência (questões das coisas externas ao sujeito).

E o sujeito filósofo foi ficando cada vez mais ensimesmado;

enquanto o sujeito cientista foi ficando cada vez mais distante e

isolado do objeto do conhecimento.

Assim, a ciência desenvolveu-se buscando esvaziar qualquer

subjetividade no trato do objeto.

A idéia é de que essa objetividade reflita a verdade científica. Aqui

se estabelece um abismo entre a reflexividade filosófica e a

objetividade científica. E aí a ciência ficou sem consciência.

Consciência moral, reflexiva ou subjetiva.

Page 8: Edgarmorin

A certeza tem por causa e efeito o de

dissolver a complexidade pela

simplicidade.

Page 9: Edgarmorin

Os pilares da certeza

(fundamentos da ciência clássica – até início do séc. XX):

1. O princípio da ordem postula que o universo é regido pelas leis imperativas.

Até Newton, essa ordem superior chamava-se Deus.

De Newton prá cá, essa ordem se fundamenta sobre ela mesma, ou seja o

mundo concebido como uma máquina perfeita onde as imperfeições ou

desordem são, na verdade, lacunas de nosso saber ainda para serem

descobertas e explicadas!

“Efeitos de nossa ignorância provisória”. Atrás dessa desordem aparente

existe uma ordem escondida a ser descoberta e é a pesquisa multiforme,

obsessiva da ordem escondida das leis da natureza que a conduz às

grandiosas descobertas da ciência física, de Newton a Einstein.

(MORIN, p.95)

Page 10: Edgarmorin

Os pilares da certeza

(fundamentos da ciência clássica – até início do séc. XX):

2. O princípio da separabilidade:

Para resolver um problema é preciso decompô-lo em elementos simples –

Discurso do Método.

O problema é que “falta a consciência da dificuldade que coloca o conjunto

enquanto conjunto”. (MORIN, p.96)

Desde o início a separabilidade se impôs no domínio científico pela

especialização dos saberes que evolui para a hiperespecialização e

compartimentalização disciplinar, em que conjuntos complexos como

natureza e ser humano foram fragmentados em partes (especialidades) não

comunicantes.

Page 11: Edgarmorin

Os pilares da certeza

(fundamentos da ciência clássica – até início do séc. XX):

3. O princípio da redução busca reduzir o conhecível àquilo que é

mensurável, quantificável, formalizável, segundo axioma de Galileu:

os fenômenos só devem ser descritos com a ajuda

quantidades mensuráveis.

O princípio da redução anima todos os empreendimentos destinados a

dissolver o espírito no cérebro, a reenviar o cérebro ao neurônio, a explicar o

humano pelo biológico, o biológico pelo químico ou pelo mecânico. Ele

anima todos os empreendimentos que tratam da história e da sociedade

humana fazendo economia dos indivíduos, da consciência, dos

acontecimentos.

(MORIN, p.96, 97)

Page 12: Edgarmorin

Os pilares da certeza

(fundamentos da ciência clássica – até início do séc. XX):

4. A lógica indutivo-dedutivo-identitária identificada com a Razão.

A dedução e a indução são os processos animais e humanos mais correntes

para aquisição de um conhecimento. E essas são as bases da lógica

clássica que se impregnaram na argumentação e construção teórica das

ciências.

O problema é que a dedução e a indução deixam de fora tudo que opera a

invenção e a criação.

“Essa lógica fortalece o pensamento linear de causa-efeito fazendo

obstáculo à inteligência da retroação do efeito sobre a causa. É uma lógica

da ordem que fortalece o Determinismo ao mesmo tempo que ele a fortalece.

Essa lógica armou a concepção de um mundo coerente, inteiramente

acessível ao pensamento, e tudo aquilo que excedia essa coerência se

tornava não somente fora da lógica mas também fora do mundo e fora da

realidade.”

(MORIN, p. 98)

Page 13: Edgarmorin

Os quatro pilares são, de fato, interdependentes e se entre-reforçam um ao outro.

Disjunção e redução eliminam aquilo que não é redutível à ordem, às leis gerais, às unidades

elementares.

Elas ocultam não somente a multipresença da desordem no mundo, mas também o problema

da organização.

O único dilema possível fica entre disjunção (separação) e redução. Por conseguinte, é

impossível, no interior desse tipo de conhecimento, conceber a unidade do múltiplo ou a

multiplicidade do um.

É desse modo, de todos os problemas, até mesmo aqueles do ser humano: ou bem se vê a

unidade humana e as diferenças individuais culturais e históricas são negligenciáveis, ou bem

se vêem somente as diferenças, e a mesma unidade desaparece.

As ciências clássicas foram divididas entre duas obsessões: aquela da unidade e aquela da

variedade, cada uma correspondendo a um certo tipo de espírito e, aliás, seu antagonismo foi

produtivo, permitindo desenvolver ao mesmo tempo a diversificação e a unificação do saber,

sem contudo chegar à concepção da unitas multiplex.

(MORIN, p. 99)

Page 14: Edgarmorin

A conjunção dos quatro pilares determina o pensamento

simplificador e este só concebe os objetos simples que

obedecem às leis gerais.

Produz um saber anônimo, cego, sobre todo o contexto e todo

o complexo; ignora o singular, o concreto, a existência, o

sujeito, a afetividade, os sofrimentos, os gozos, os desejos, as

finalidades, o espírito, a consciência.

Ele considera o cosmos, a vida, o ser humano, como máquina

deterministas triviais através das quais poderiam prever todos

os outputs se conhecêssemos todos os inputs.

Page 15: Edgarmorin

Correlativamente, a inteligência

oriunda dos quatro pilares é de uma

terrível eficácia. Ela permitiu e

desenvolveu a manipulação de

inúmeras vitórias

técnicas, ignorando contudo os

efeitos perversos que elas possam

engendrar.

De fato, o extraordinário desenvolvimento das

ciências físicas e de suas aplicações técnicas

(utilização da energia nuclear, conquista do espaço)

foi ligado a uma capacidade inaudita de considerar

na sua complexidade as realidades humanas, a

favorecer a incompreensão, no seio da espécie

humana, a responder aos problemas humanos

como a guerra, a fome, a miséria. O

desenvolvimento das ciências físicas está ligado ao

desenvolvimento do subdesenvolvimento do

espírito tecno-científico.

(MORIN, p. 100 -103)

Page 16: Edgarmorin

A desordem brotou no

coração da ordem-mestra,

isto é, no seio das ciências

físicas.

Da termodinâmica aos

buracos negros.

A desordem não substitui a ordem. Elas são inseparáveis e

complementares. Existe uma dialógica entre ordem/desordem e

organização. A regressão do determinismo suscitou não uma

regressão do conhecimento, mas o desenvolvimento do

conhecimento das nossas ignorâncias e dos limites do nosso saber.

O abalo da Ordem da Natureza suscitou um verdadeiro “corte

epistemológico” que começa com Bachelard, autor do termo, e

Popper.

(MORIN, p. 103-107)

Page 17: Edgarmorin

“ A verdadeira ordem da natureza

é a ordem que nós colocamos

tecnicamente na natureza.... O

determinismo científico se prova

sobre fenômenos simplificados e

solidificados.... É preciso chegar

a desmanchar esse enorme

bloco do determinismo que pesa

sobre o pensamento científico”.

Bachelard – Nouvel esprit scientifique

(1934)

Page 18: Edgarmorin

molécula

átomo

quark

célula

gene

genoma

A crise e o surgimento da inseparabilidade na separabilidade.

A pesquisa obstinada simples desembocou no complexo.

Page 19: Edgarmorin

Perder a Ordem do mundo para os

cientistas formados na religião dos

quatro pilares é tão desesperador

quanto para um crente perder Deus.

Efetivamente, a Ordem do mundo

era o grandioso relicário da divina

Perfeição.

Há o desmoronamento

epistemológico do atomismo, do

elementarismo, do

positivismo, lógico ou não, da antiga

certeza absoluta. “Único ponto

pouco próximo ao certo nesse

naufrágio: o ponto de

interrogação”, diz o poeta Salah

Stetié.

Um mundo se arruína, o mundo

novo não emergiu. Uma revolução

se opera, mas ela está inacabada.(MORIN, p. 132)

Page 20: Edgarmorin

O complexo surge como impossibilidade de simplificar lá onde a desordem e a incerteza perturbam a vontade do conhecimento, lá onde a unidade complexa se desintegra se a reduzirmos a seus elementos, lá onde se perdem distinção e clareza na causalidades e nas identidades, lá onde as antinomias fazem divagar o curso do raciocínio, lá onde o sujeito observador surpreende seu próprio rosto no objeto de sua observação.

(MORIN, p. 132)

Page 21: Edgarmorin

O complexo é aquilo que é tecido simultaneamente, aí subentendido ordem/desordem, um/múltiplo, todo/partes, objeto/meio ambiente, objeto/sujeito, claro/escuro.

A complexidade se reconhece portanto pelos traços negativos: incertezas, insuficiência da lógica. Mas se reconhece também pelos traços positivos: o tecido comum onde se unem o um e o múltiplo, o universal e o singular, a ordem a desordem e a organização.

(MORIN, p. 133)

Page 22: Edgarmorin

A complexidade é desafio e não solução.

O desafio de reunir.

O desafio de tratar as incertezas.

O desafio lógico:

Como tratar os paradoxos?

Como aceitar contradições e antagonismos?

Como manter a lógica transgredindo-a completamente?

Como integrar a indissolubilidade?

O desafio do método.(MORIN, p. 135)

Page 23: Edgarmorin

O método de Morin.

Instrumentos:

1. A noção de SISTEMA.

2. A idéia da

Circularidade.

3. O looping auto-

produtivo.

4. O operador dialógico.

5. A introdução do

conhecedor no

conhecimento.

6. A ética da tolerância.

Page 24: Edgarmorin

A noção de SISTEMA

Um todo organizado produz

qualidades e propriedades

que não existem nas partes

tomadas isoladamente.

Por exemplo: a sociologia

define a sociedade como

um sistema; e,

evidentemente , ela é

constituída de indivíduos e

de grupos sociais

extremamente diferentes.

Mas não podemos

conhecer a sociedade a

partir de indivíduos e

grupos tomados

isoladamente. É preciso

juntar as partes ao todo e o

todo às partes.

Page 25: Edgarmorin

A idéia da circularidade diz

respeito ao caráter retroativo do

sistema.

Ao contrário da idéia linear de que

toda causa tem um efeito, ela

sugere uma causalidade circular,

onde o próprio efeito volta sobre a

causa.

A terceira idéia é do looping auto-

produtivo. Neste sistema, o

produto é ele próprio o produtor. O

efeito é ao mesmo tempo uma

causa.

CIR

CU

LA

RID

AD

E

Page 26: Edgarmorin

CIR

CU

LA

RID

AD

E

Os indivíduos

produzem a

sociedade. Mas

ela mesma,

como sua

linguagem e

cultura retroage

sobre os

indivíduos

transformando-

os. Somos

produtos e

produtores ao

mesmo tempo.

A parte está

dentro do todo,

mas o todo

está dentro das

partes.

Page 27: Edgarmorin

O operador dialógico.

Para compreendermos alguns

fenômenos complexos é necessário

juntar duas noções que a princípio

são antagônicas, e que são, ao

mesmo tempo, complementares.

“Viver de

morte.

Morrer de

vida.”Heráclito

Page 28: Edgarmorin

A intr

odução d

o

conhecedor

no

conhecim

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Page 29: Edgarmorin

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verd

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Page 30: Edgarmorin

“Partindo de um método

do conhecimento cheguei

em um pensamento e, de

certo modo, em uma

filosofia.

Filosofia que não

significa somente o

conhecimento isolado da

ética e da ação, mas que

se prolonga nos diversos

campos da existência”.

Edgar Morin.

Page 31: Edgarmorin

A bibiliografia de Edgar

Morin reunida por um aluno

da Universidade de

Carabobo na Venezuela -

Alejandro García Malpica –

até Maio de 2004 – tem 163

páginas.

Sua obra se espalha para

todos os lados, entre todas

as áreas do conhecimento.

Morin é o que pensa.

bib

liog

rafia