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O que é preciso - e possível - fazer para tornar o Espírito Santo mais competitivo? Economia Capixaba w Educação w Tecnologia e Inovação w Qualidade das Insti tuições / Governança w Infraestrutura e Logística w Financiamento e Investimento Projeto de Marketing TV Gazeta-ES | 2015 | 01

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O que é preciso - e possível - fazer para tornar o Espírito Santo mais competitivo?

Economia Capixaba

w Educaçãow Tecnologia e Inovaçãow Qualidade das Instituições

/ Governançaw Infraestrutura e Logísticaw Financiamento e

Investimento

Projeto de Marketing TV Gazeta-ES | 2015 | Nº 01

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Expediente

Jornalista responsável: José Carlos CorrêaTextos, edição e revisão: Mile4 Assessoria de Comunicação - 3205-1004Editoração e projeto gráfico: Comunicação Impressa - 3319-9062

Diretor Geral: Carlos Lindenberg Neto • Diretora Desenvolvimento Institucional: Letícia LindenbergDiretor Executivo de Televisão: Celso André Guerra Pinto • Diretor Regional Norte e Noroeste: Carlos Eduardo PenaDiretora Regional Sul: Maria Helena Vargas de Azevedo • Diretor Corporativo de Jornalismo: Abdo Chequer Bou-HabibDiretor de Mercado: Márcio Chagas do Nascimento • Gerente Comercial TV Gazeta: Felipe Huback Fernandes • Gerente de Marketing: Bruno Araújo Pereira • Analista de Comunicação: Deisy Pimentel Nespoli • Assistente de Marketing: Rafael dos Santos Pereira • Jornalistas Mediadores: Mário Augusto da Silva Bonella e Vinicius Baptista dos Anjos • Gerente de Relações Institucionais: Luciane Ventura • Editor Chefe Telejornalismo G1/GE: André Luiz de Faria JunqueiraEditor Chefe Redação Integrada: André Hees de Carvalho • Editora Executivo: Fernanda de Queiroz Castro Mocelin

Sumário

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O Projeto

ES Competitivo Linhares

A IntegraçãoCompetitiva e oCusto Espírito Santo em debate

Por um Espírito Santo mais competitivo

Financiamento e Investimento

Atrair capital privadopode ser um caminho

06Depoimentos

Participantes dos workshops avaliam o projeto ES Competitivo

05Editorial

Para um novo tempo, uma nova agenda

24Qualidade das Instituições/Governança

Melhorar as instituições para sermais competitivo

27Artigo - Ouvindo empresários de outros Estados e estrangeiros - Odilon Borges Júnior, Consultor Empresarial

Infraestrutura e Logística

Infraestrutura e logística sãodesafios cruciais

32

31Artigo - Em busca da competitividade perdida - Ana Paula Vescovi, Secretária de Estado da Fazenda

Artigo - Vencendo os gargalos da logísticaLuiz Wagner Chieppe, Presidente do Espírito Santo em Ação

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37Artigo - Integração competitiva - José Eduardo Faria de Azevedo, Secretário de Estado de Desenvolvimento

07 Artigo - O tempo da competitividade Paulo Hartung, Governador

10ES Competitivo

Cachoeiro de Itapemirim

O começo de tudo

12ES Competitivo Colatina

Como tornar o Espírito Santo mais competitivo?

16Educação

A educação que precisamos para a sociedade que queremos

19Entrevista - As escolas públicas estão estagnadas - Aridelmo Teixeira, Cofundador da FUCAPE

20Tecnologia e Inovação

Um novo paradigma para odesenvolvimento

23 Artigo - Inovação efervescente Evandro Millet, Consultor

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Carlos Fernando lindenberg netodiretor-geral da rede gazeta

Editorial

Para um novo tempo, uma nova agendaO

Espírito Santo já vi-veu muitos períodos de desenvolvimento e de

crises. Desses, os que ocorreram nas últimas oito décadas con-taram com o protagonismo da Rede Gazeta. De 1928, quando foi fundado, até 1976, quando passou a contar com a companhia da TV Gazeta, o jornal A GA-ZETA sempre esteve na primeira fila dos defensores dos interes-ses do Estado, seja nos ventos liberais da política de 1930, seja na busca por novos rumos de

“A intencao é unir as inteligencias vivas do Estado na criacao de propostas que, viabilizadas, poderao fazer o Espírito Santo sair na frente, no fortalecimento do parque produtivo e na conquista de investimentos capazes de abrir novas oportunidades de trabalho, renda e ascensao social para os capixabas”.

desenvolvimento, na década de 1960, diante do cenário de ter-ra arrasada pós-erradicação dos cafezais. Foram muitos os projetos e campanhas abraçados pela Rede Gazeta desde então, entre os quais o “Escalada de Desen-volvimento” (1970), o “Espíri-to Santo Século 21” (1986) e o “Espírito Santo na Constituinte” (1988), só para citar os mais relevantes. Ao mesmo tempo, a Rede Gazeta sempre se mante-ve fiel ao seu propósito de bem informar o povo capixaba sobre todos os acontecimentos de seu interesse, mantendo uma linha editorial isenta e independente, tal como ocorreu no final do século XX e primeiros anos do século XXI na luta empreendida pela sociedade contra o crime organizado que desestabilizava os rumos do Estado. No atual cenário de crise econômica que faz o país retro-ceder, a Rede Gazeta assume

uma vez mais o seu protago-nismo histórico para lançar o desafio de fortalecer a agenda de desenvolvimento da força competitiva do Espírito Santo. A intenção é unir as inteligên-cias vivas do Estado na criação de propostas que, viabilizadas, poderão fazer o Espírito Santo sair na frente no fortalecimento do parque produtivo e na con-quista de investimentos capazes de abrir novas oportunidades de trabalho, renda e ascensão social para os capixabas. Este é o propósito da TV Gazeta que lidera, junto com os demais veículos da Rede Gazeta, o projeto “ES Competitivo” que materializa, neste documento, as suas principais propostas. É a Rede Gazeta, uma vez mais, procurando cumprir com o seu papel de porta-voz dos anseios dos capixabas, tal como pro-clamou o seu fundador Thiers Vellozo em um dia da primavera de 1928. s

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Depoimentos

Participantes dos workshops avaliam o projeto ES CompetitivoA Revista ES Competitivo ouviu lideranças das regiões onde promoveu os workshops para saber suas opiniões sobre a realização dos debates e expectativas em relação às estratégias e obstáculos apresentados pelos especialistas para o aumento da competitividade do Estado.

A iniciativa é de extrema importância, pois apresenta os gargalos existentes nas regi-ões para a sociedade. Quando esse assunto entra em pauta e é discutido entre socieda-de e órgãos governamentais, aumentam as chances de re-solver essas questões.

AlAir GiuriAToPresidente da Associação para o Desenvolvimento de linhares (ADEl)

Os debates foram funda-mentais. Toda vez que entra-mos num cenário de busca por soluções, a região impactada tende a melhorar. É impor-tante apoiar alternativas que vislumbrem um futuro mais positivo. O ES Competitivo veio para clarear ideias e buscar soluções para o Estado.

PAulo J. Do NAScimENToDiretor para assuntos de desenvolvimento da indústria capixaba (Findes)

O ES Competitivo tem uma grande importância em suscitar as potencialidades da região e socializar a in-formação, fazendo com que isso gere oportunidades para a sociedade.

ricArDo coElhoSecretário de Desenvolvimento de cachoeiro de itapemirim

O ES Competitivo tem ex-pressiva relevância para nos-sa região e pode contar com nosso apoio, pois provoca uma discussão do empresário e da sociedade, e traz propostas que visam desenvolver os de-bates e promover mudanças de comportamento em todos.

ricArDo mArimPresidente da Associação Empresarial de colatina e região (ASSEDic)

O ES Competitivo foi de suma importância, principal-mente, para mostrar ao em-presariado a força do Espírito Santo. O evento mostrou para formadores de opinião, inves-tidores e outros, que o Esta-do tem potencial para sair à frente na virada da economia, rumo ao crescimento.

liEmAr PrETTiPresidente do Sindicato das Empresas de Transportes de cargas & logística no Estado do Espírito Santo (Transcares)

Os palestrantes foram bem selecionados e as abor-dagens pertinentes. Agora, devemos aprofundar os as-suntos e buscar soluções para os gargalos que nos colocam numa velocidade lenta de de-senvolvimento, quando temos necessidade de ir mais rápido.

GErAlDo mAGElAPresidente da Federação das cDls do Espírito Santo

O projeto tem a importân-cia de fomentar a estrutura lo-gística para o desenvolvimento

JoSé BESSAPresidente do movimento Empresarial Sul do Espírito Santo (mESSES)

Toda iniciativa que busca o desenvolvimento é muito importante. O debate foi es-sencial para pensarmos, jun-to ao Governo, em projetos e ações de melhorias para o desenvolvimento das regiões. Nossa expectativa é termos mais acertos e resultados sa-tisfatórios.

luiz riGoNiPresidente da móveis rimo

sustentável da região Sul do Estado. Além disso, sensibiliza o empresariado local para a participação no associativismo e desperta o espírito público de todo cidadão.

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Artigo

O tempo da competitividade

Paulo Hartunggovernador

AS TEcNoloGiAS DiGiTAiS DE comuNicAção TrANS-FormArAm EFETiVAmENTE A TErrA NumA “AlDEiA Glo-BAl”, como PrEViu o Filó-SoFo mArShAll mcluhAN há mAiS DE 50 ANoS. De al-guma forma, as sociedades estão vinculadas a um mesmo movimento planetário de pro-dução, colocando-se como um dos principais desafios desse novo tempo à competitividade em nível mundial.

Hoje não se compete com o município ao lado, o Estado vizinho, ou o país fronteiriço. Todos competem com todos, fazendo dos diferenciais de produção com menos custos, mais qualidade, incremento tecnológico, customização às demandas de clientes e agili-dade, entre outros, algo deci-sivo para o vigor empresarial e a prosperidade das nações.

Em resumo, a competitivi-dade é a capacidade que as organizações constituem para, no seu nicho, ter mais êxito que as concorrentes e ainda construir meios para aumentar rentabi l idades que garantam investimen-

tos constantes em inovação.

Para garantir a competitivida-de, há o que ser feito tanto no âmbito governamental quan-to no âmbito empresarial. Ou seja, a competitividade deve fazer parte da cultura das na-ções.

Do ponto de vista dos go-vernos, são centrais os in-vestimentos em educação atualizada e eficaz, ciência e tecnologia. Além disso, são importantes a estabilidade e confiabilidade político-institu-cional, e marcos legais moder-nos e simplificados quanto à formalização e condução dos empreendimentos, incluindo relações trabalhistas, previ-denciárias e tributárias.

Quanto ao empresariado, é preciso que se invista em mé-todos modernos de gestão, capacitação e investimentos em qualificação de produção e atendimento às demandas mercadológicas. Tudo isso de modo ecologicamente sus-tentável e tecnologicamente atualizado.

Mas há um ponto de encontro

entre governo e setor privado em prol da nossa competiti-vidade. Trata-se de parcerias público-privadas. E uma pri-meira agenda dessas parcerias são os nossos gravíssimos problemas de infraestrutura econômica (portos, aeropor-tos, rodovias, ferrovias, ener-gia, transmissão de dados e telecomunicações).

Para enfrentar esse desafio, é urgente a instituição de um eficiente e transparente mar-co regulatório que permita a atração de capital privado para viabilizar as obras, algo que o poder público sozinho não tem condições de fazer no ritmo e na quantidade de que neces-sitamos.

Enfim, nesse mundo-aldeia, porque globalmente inte-grado, temos de enfrentar eficazmente o desafio da competitividade. E isso não com o olhar de temor ou de-sânimo, mas com a crença em nossas potencialidade e nossas capacidades de nos reinventarmos, pois, se a competitividade é plane-tária, as oportunidades também o são. s

“PArA gArAntir A COmPEtitividAdE, há O quE SEr fEitO tAntO nO âmbitO gOvErnAmEntAl quAntO nO âmbitO EmPrESAriAl. Ou SEjA, A COmPEtitividAdE dEvE fAzEr PArtE dA CulturA dAS nAçõES”.

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Se deixada a pauta livre, são tantas e tão sobressaltantes as histórias que brotam diu-

turnamente da crônica policial, política e econômica que teríamos conteúdos fartos para publicação somente a partir desta lavra. Mas podemos e devemos impulsionar debates que elevem o Espírito San-to, Estado de colonização tardia, de uma economia dinâmica e dono de condições excepcionais para brilhar nos cenários nacional e internacional. Nem mesmo o gravíssimo quadro econômico e político na-cional deve nos afastar do projeto de fazer deste Estado, suas em-presas e seus cidadãos o melhor a que está destinado. E é com este espírito que acreditamos que trabalhar para o fortalecimento da agenda de competitividade pode, e muito, contribuir para abrir portas e perspectivas para todos, não só no curto mas principalmente no médio e longo prazo. Optamos por envolver as principais regiões do Estado em debates locais porque a lógica da interiorização do desenvolvimento já vem sendo foco de planos e ações de governo e seria também uma oportunidade importante para ouvir e absorver as contribuições

O Projeto

Por um Espírito Santomais competitivonem mesmo o gravíssimo quadro econômico e político nacional deve nos afastar do projeto de fazer deste estado, suas empresas e seus cidadãos o melhor a que está destinado.

de lideranças de todo o Estado. Assim fizemos, trabalhando cinco eixos centrais de discussão:

1 A quAliDADE DAS iNSTiTuiçõES

São as estruturas que organi-zam e determinam a qualidade do ambiente de negócios. Instituições fortes, ágeis e comprometidas com

o melhor interesse da sociedade podem, e muito, contribuir para nossa competitividade. No sentido oposto, podem também fragilizar as relações econômicas e políticas.

2 iNFrAESTruTurA E loGíSTicA

Temos claramente mapeado o que é necessário fazer. Mas a

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a formação técnica em todos os níveis para suportar as principais cadeias produtivas do Estado. Esta agenda está diretamente vinculada à capacidade das em-presas melhorarem sua produti-vidade.

5 TEcNoloGiA E iNoVAção A diferenciação, base da competição, se constrói a partir de P&D de materiais, produtos, métodos de trabalho e até mesmo novos modelos de negócios. Co-nectar as diversas pontas, prin-cipalmente academia, empresas e Estado na construção de uma agenda de alinhamento pode ser um grande passo para o futuro. Esperamos que o desdo-bramento destas discussões e

sua disseminação contribuam de forma relevante para seu avanço. Para isto, a Rede Gazeta tem muito a somar e neste documento você poderá degustar o resultado dos seminários, entrevistas, opi-niões e textos elaborados pelos colaboradores do projeto. s

Celso guerra diretor-executivo da tV gazeta

velocidade e dificuldades de arti-culação e financiamento para an-damento dos projetos são grandes desafios ainda por vencer.

3 FiNANciAmENTo DoS iN-VESTimENToS NEcESSá-rioS Ao DESENVolVimEN-To Do ESTADo:

Conexo em alguma medida ao tópico anterior, porém muito mais amplo. Não há investimento sem financiamento e os cofres públicos, tradicionais fontes de investimen-to direto ou subsídio à iniciativa privada, dificilmente terão meios para seguir financiando o sistema.

4 EDucAção É a base da construção do capital humano. Particularmente

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ES Competitivo Cachoeiro de Itapemirim

O começo de tudoo consultor empresarial sérgio Costantini, o conselheiro do CnJ, luiz Cláudio allemand, e o presidente do sindiex, Marcílio Machado, foram os palestrantes do evento.

“Por que Cachoeiro? Ca-choeiro de Itapemirim tem um significado

especial para o Espírito Santo e também para a Rede Gazeta. Foi aqui que o Estado começou a se desenvolver e foi aqui que a Rede Gazeta iniciou a sua expansão para o interior do Espírito Santo. Nada melhor do que iniciar neste local um projeto que tem como objetivo contribuir para aumentar o grau de competitividade da nossa terra”. Com essa declaração o dire-tor da TV Gazeta, Celso Guerra, deu boas-vindas aos participantes do workshop de Cachoeiro de Itapemirim do Projeto ES Com-petitivo, no dia 9 de outubro, no auditório do Sest/Senat. O proje-to, segundo Guerra, pretende, a partir das contribuições de espe-cialistas, autoridades e lideranças empresariais e da sociedade civil organizada de todo o Estado, de-bater uma agenda que “torne o Espírito Santo um Estado ainda melhor para o cidadão capixaba viver”. O workshop contou com as presenças dos secretários esta-duais Ana Paula Vescovi e José Eduardo Faria de Azevedo, do prefeito de Cachoeiro Carlos Castiglione, do presidente da Associação dos Municípios do

Espírito Santo, Dalton Perim, e de importantes lideranças da região. O jornalista Mário Bonella, que dirigiu os trabalhos, esclare-ceu que o Espírito Santo possui uma economia diversificada, um complexo portuário de grande di-mensão, uma das ferrovias mais modernas do país e é cortado por importantes rodovias federais, além de ser o segundo maior pro-dutor de petróleo e gás natural do país, e ter localização geográfica privilegiada próxima dos maiores centros consumidores. Contudo, este cenário não tem sido capaz de se transformar em vantagem competitiva para as empresas ca-pixabas. “O setor produtivo local enfrenta obstáculos significativos que encarecem sua operação e co-locam seus produtos em desvanta-gem com relação à concorrência”, afirmou. “O que é preciso – e possível – fazer para inverter esta equação e tornar o Espírito Santo mais competitivo?”, questionou ao explicar que este é o objetivo Marcílio Machado, presidente do sindiex

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biente e das instituições de ensino do país. Por isso, vejo a pauta fantástica deste projeto como uma forma de melhorar o sentimento de descaminho, falta de condução e horizonte em que vivemos”, afirmou. A programação do evento teve, ainda, apresentações do consultor empresarial Sérgio Costantini, sobre alternativas de financiamento para novos inves-timentos; do conselheiro do Con-selho Nacional de Justiça, Luiz Cláudio Allemand, que tratou da qualidade das instituições; e do presidente do Sindiex (Sindica-to do Comércio de Importação e Exportação do Espírito Santo), Marcílio Machado, sobre as ca-

rências da infraestrutura logística do Estado. O consultor Sérgio Costan-tini considerou o momento atual como “ideal para a construção de alianças estratégicas” por parte das empresas. Luiz Cláudio Allemand defendeu “uma maior segurança jurídica” para incentivar novos investimentos. Marcílio Machado, por sua vez, sugeriu ações para reduzir a burocracia dos poderes públicos, dotar o Estado de me-lhor infraestrutura e modernizar a operação dos portos. Os workshops realizados em Cachoeiro, Colatina e Linhares forneceram subsídios para o Fórum de Vitória que marcou o encerra-mento do ES Competitivo. s

do projeto ES Competitivo. Representando o Governo do Estado no evento, a secretária da Fazenda, Ana Paula Vescovi, en-fatizou que “é urgente estabelecer uma agenda como essa proposta pelo projeto”. “Estamos vivendo um dos cenários mais delicados, constrangedores, intensos e graves da economia, política, meio am-

luiz Cláudio allemand, conselheiro do Conselho nacional de Justiça

sérgio Costantini, consultor empresarial

ES Competitivo Cachoeiro de Itapemirim

Data: 9 de outubro de 2015local: auditório do Sest/SenatPalestrantes: Consultor Sérgio Costantini, Conselheiro do CNJ, Luiz Cláudio Allemand, e Presidente do Sindiex, Marcílio Machado

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ES Competitivo Colatina

Como tornar o Espírito Santo mais

competitivo?autoridades e lideranças da região noroeste participaram do workshop e debateram uma agenda positiva para a questão da competitividade no estado.

O workshop de Colatina do projeto ES Compe-titivo contou com as

presenças do governador Pau-lo Hartung, do prefeito da ci-dade, Leonardo Deptulsk, dos secretários de Estado Ana Paula Vescovi, José Eduardo Faria de Azevedo, Guerino Balestrassi e Suely Vidigal, do deputado Paulo Foleto e de inúmeras autoridades e lideranças da região. O evento foi realizado no auditório da Mi-tra Diocesana, em 6 de novembro, sob mediação do jornalista Mário Bonella. O prefeito Leonardo Dep-tulsk destacou que “o encontro promove um diálogo essencial

e desperta para a necessidade de se falar em competitividade em um cenário de dificuldades”. O diretor da TV Gazeta, Celso Guerra, deu as boas-vindas aos participantes, enfatizando que o projeto é uma forma de “construir uma agenda positiva para levar boas notícias aos quatro milhões de habitantes do Estado”. Já o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Guerino Balestrassi, comparou o encontro com a Teoria da Evo-lução. “Sobrevivem as espécies mais suscetíveis a adaptações. Assim é com as empresas, que precisam se ajustar ao novo ce-nário que atravessa o país, sendo

a competitividade uma chave para isso”, destacou o secretário.

“Podemos fazer do limão uma limonada”

O governador Paulo Hartung traçou um panorama da economia e reforçou a importância do capi-xaba “sair da sua zona de conforto para enfrentar grandes desafios”. “Este é o momento de moderni-zarmos este país, introduzindo uma agenda de competitividade e tirando o Brasil dos desvios histó-ricos onde ele transita. Podemos fazer deste limão uma limonada e transformar o nosso potencial em geração de emprego, renda, oportunidades”, destacou.

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Hartung ressaltou, ainda, a necessidade de se investir em infraestrutura no país, com a reforma em portos, construção de aeroportos, rodovias e outros modais, e citou como desafios a serem vencidos a organização das contas públicas e da previdência pública e privada, a melhoria da formação dos jovens na educação básica e a atração do capital priva-do para as obras de infraestrutura. A secretária da Fazenda, Ana Paula Vescovi, fez uma contun-dente análise do momento econô-mico nacional e, principalmente, do Estado. Ela lembrou a história de Colatina “que se reergueu e se reconstruiu” das enchentes do Rio Doce, dos períodos de seca e da erradicação do café dos anos 1960, e defendeu “uma renova-ção dos modelos”, as parcerias público-privadas e a construção de “um bom ambiente para empre-sas que não busquem proteção”.

Aplaudida de pé ao final de sua apresentação, deixou uma lição importante para a continuidade do projeto. “Competitividade é

a saída, contas equilibradas são o caminho. É assim que a gente vai chacoalhar o Espírito Santo”, finalizou. Ao final da sua participa-ção, foram realizadas as palestras “Financiamento”, “Educação” e “Tecnologias e Inovação” com o consultor empresarial Sérgio Costantini, o reitor do Instituto Federal do ES (Ifes), Denio Re-bello Arantes, e o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fa-pes), José Antônio Buffon. Costantini analisou o atual contexto macroeconômico do país e do mundo e dos cenários de crédito, sugerindo aos empre-sários que construam “uma agenda positiva” em conjunto com os go-vernos e busquem alternativas de financiamento “sem depender das fontes públicas” já que “os bons e melhores negócios são feitos em períodos de crise”. O reitor Denio Arantes sugeriu a criação de polos de inovação para aumentar a competitividade do segmento produtivo, como fez o Ifes com o setor de metalurgia. Já o presidente da Fapes, José Antônio Buffon, propôs a criação de “estruturas intermediárias” que possam pro-mover “a desejada aproximação entre as empresas e a universidade” para viabilizar pesquisas aplicadas que gerem inovações. s

ES Competitivo Colatina

Data: 6/11/2015local: auditório da Mitra DiocesanaPalestrantes: consultor Empresarial, Sérgio Costantini; reitor do Ifes, Instituto Federal do ES, Denio Rebello Arantes; e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), José Antônio Buffon

José antônio buffon, presidente da Fapesguerino balestrassi, secretário de estado de Ciência, tecnologia e inovação

leonardo deptulsk, prefeito de Colatina

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ES Competitivo Linhares

A integracao Competitiva e o Custo Espírito Santoem debateo debate teve participação de l ideranças polít icas, empresariais e da sociedade civil organizada, e pontuou gargalos ao desenvolvimento e caminhos para a economia.

O município de Linha-res foi sede do terceiro workshop do projeto ES

Competitivo. Realizado no dia 19 de novembro, no Days Inn Ho-tel, contou com as presenças de lideranças políticas, empresariais e da sociedade civil da região, além de representantes do po-der público, como o governador Paulo Hartung, os secretários de Estado José Eduardo Faria de Azevedo, Regis Mattos Teixeira e Andréia Lopes, o prefeito de Linhares Nozinho Corrêa, a de-putada Eliana Dadalto e o diretor do DER, Halpher Luiggi. Aberto pelo jornalista Vi-nícius Baptista, editor-chefe da

TV Gazeta Norte, o encontro teve participação também do di-retor executivo da TV Gazeta, Celso Guerra, que recepcionou os participantes e afirmou que o projeto é mais uma ação inserida nos “compromissos da Rede Ga-zeta de protagonizar boas causas que contribuam para o desenvol-vimento do Estado e criar uma agenda positiva a partir de um debate com a participação das forças vivas da sociedade capi-xaba”. O governador Paulo Har-tung, antes do seu pronunciamen-to, reservou uma surpresa para os participantes do workshop: assi-nou a autorização para abertura

de licitação da reforma do aero-porto de Linhares, que ganhará uma pista de 1,8 km de extensão e 45 metros de largura, permitindo o pouso de aeronaves de rotas comerciais. A obra custará R$ 38 milhões, deverá ser iniciada em 90 dias com término previsto para junho de 2017. Para aumentar a competitivi-dade capixaba, Hartung pontuou a necessidade de “reorganização das contas públicas de manei-ra sustentável, reformulação da previdência pública e privada, modernização da educação bá-sica com foco no ensino médio e atração do capital privado para investimentos em obras de in-fraestrutura com regras claras que protejam o investidor e o usuário”. Também defendeu a criação de “um fundo socioambiental de

aristóteles Passos neto, presidente do sinduscon

José eduardo Faria de azevedo, secretário estadual de desenvolvimento

José eugênio Vieira, diretor-superintendente do sebrae-es

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ES Competitivo Linhares

Data: 19/11/2015local: espaço de eventos do Days Inn HotelPalestrantes: secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Faria de AzevedoPainelistas: presidente do Sinduscon, Aristóteles Passos Costa Neto; diretor-superintendente do Sebrae-ES, José Eugênio Vieira; e vice-presidente do ES em Ação, Leonardo de Castro

recuperação do Rio Doce e de proteção aos que vivem em redor do rio, como os pescadores”. Para ele, o Estado tem a oportunidade de “liderar um modelo de recupe-ração de bacia hidrográfica que servirá como referência para o país”. O secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Azevedo, falou sobre “Integração competitiva: caminho para o de-senvolvimento”, afirmando que o Governo do Estado elegeu como “um dos seus projetos estruturan-tes o que visa à construção de um melhor ambiente de negócios”, que aumente a competitividade das empresas capixabas e atraia novos investimentos.

O Custo ES No painel “Custo Espírito Santo”, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção (Sin-duscon), Aristóteles Passos Costa Neto, propôs “um pacto para su-perar os gargalos que dificultam a geração de negócios no Estado reunindo os atores envolvidos na viabilização de projetos”. O superintendente do Se-brae-ES, José Eugênio Vieira, apontou “a burocracia, as defici-

ências de infraestrutura, a juris-prudência e o sistema tributário” como entraves ao aumento da competitividade e criticou os cortes anunciados pelo Gover-no Federal que retira recursos do Sistema S e dos programas de apoio às pequenas e médias empresas. O empresário Leonardo de Castro, vice-presidente do movi-mento empresarial Espírito Santo em Ação, apontou como exemplo a ser seguido o Conselho Gestor Municipal do Desenvolvimento Econômico (Cogedes), criado no município de Serra para atrair no-

leonardo de Castro, vice-presidente do espírito santo em ação

vos empreendimentos e promover o desenvolvimento sustentável. O workshop realizado em Linhares finalizou a série do projeto no interior, que incluiu também Cachoeiro de Itapemirim e Colatina. s

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Educação

para a sociedade que queremosA educação que precisamos

sempre lembrada como fator essencial para melhorar o país, a educação capixaba enfrenta os desafios de se adequar ao século 21.

“Espera-se que os profissionais saibam tomar decisões complexas, num tempo cada vez mais curto”.

denio rebello Arantes, reitor do ifes

Para formar melhor as pesso-as que vão ocupar os postos de trabalho no futuro, seja

no Espírito Santo ou em qualquer lugar do mundo, é importante que a educação esteja sintonizada com as mudanças que acontecem nas relações de trabalho. A avaliação é de Denio Rebello Arantes, reitor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes): “Essas relações estão se transformando rapidamente, em função das novas tecnologias e das mudanças na sociedade. Espera-se que os profissionais saibam tomar decisões complexas, num tempo cada vez mais curto e que, não raro, tem impactos na vida de milhares de pessoas”, avaliou.

O secretário de Estado de Educação, Haroldo Correa Ro-cha, considera que nas últimas décadas o país vem conseguin-do avançar na alfabetização e na universalização do ensino formal, porém, ainda está longe de vencer a batalha da qualidade, sobretudo no ensino médio, que no Espírito Santo permanece estagnado na base do Índice de Desenvolvimen-to da Educação Básica (Ideb). O que acontece muitas ve-zes em decorrência da debilidade do ensino básico é que os jovens, mesmo tendo hoje uma maior con-dição de acesso ao ensino técnico e superior, encontram grande di-ficuldade de seguir adiante nestes estudos ou de encarar o desafio profissional posterior a eles, por conta do déficit de conhecimento trazido desde o segundo ciclo do ensino fundamental. Isso se torna um problema ainda maior quando, diante da economia crescente, a exigência por mão de obra qualifi-cada ganha papel fundamental para a produtividade e competitividade no mundo contemporâneo. “Muitos remendos que em ou-tros tempos surtiram algum efeito, já não surtem mais. Então a última alternativa que vejo é reorganizar

a escola”, diz o secretário, citando o caso da Escola Viva, a grande aposta do Governo Estadual para reverter este quadro. Segundo Ro-cha, a Escola Viva trabalha com outro currículo, em que o projeto de vida elaborado pelos jovens faz parte da construção da escola. Dentro deste novo entendi-mento, Haroldo Rocha aponta que a escola deve se dedicar não só aos ensinamentos cognitivos como português, matemática e ciências, mas também à formação socioemo-cional do estudante. “Além disso, também há competências híbri-das, como a criatividade, o pen-

“O brasil possui uma legislacao que impede os jovens de trabalhar, mas que nao consegue mante-los afastados da criminalidade e próximos da escola”.

Angela Abdo, consultora

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“muitos remendos que em outros tempos surtiram algum efeito, já nao surtem mais. A última alternativa que vejo é reorganizar a escola”.

haroldo Correa rocha, secretário Estadual de Educacao

samento crítico. Não basta manter o mesmo currículo e inserir em algum momento uma aula sobre empreendedorismo. O currículo deve incorporar ao ensino teórico a atividade prática de forma que se impulsione o jovem no campo da investigação, na busca de aprendi-zado, o que também fomenta sua vontade de empreender”, disse. De acordo com Denio Aran-tes, o foco da educação profissional e tecnológica dos Institutos Fede-rais é uma formação de cidadãos preparados para o mundo que inclua a educação profissional, numa perspectiva que se opõe à simples formação para o mercado de trabalho, incorporando valores ético-políticos e conteúdos histó-rico-científicos que preparam os alunos para atuar e transformar sua realidade e a sociedade na qual estão inseridos. O reitor pontua a necessidade de aproximar a educação do setor

produtivo, apesar dos gargalos existentes, geralmente associados aos investimentos necessários para montar a infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento de soluções nas empresas. “As parcerias permitem que possamos atuar atendendo a essa demanda, com o conheci-

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mento de nossos pesquisadores e a infraestrutura laboratorial que dispomos. Esse modelo tem alcan-çado sucesso nos últimos editais de pesquisa aplicada e soluções tecnológicas, da qual somos Polo de Inovação, que passou a funcio-nar recentemente e já tem projetos sendo desenvolvidos com as em-presas”, explica. Entre os desafios para a edu-cação capixaba, sobretudo no setor público, Roberto Garcia Simões, professor da Ufes e articulista de A Gazeta, cita cinco pontos im-portantes: redução progressiva do número de docentes em designação temporária (DT’s); formação e ca-pacitação permanente de gestores escolares, com processo de escolha democrática e descentralização das decisões; planos educacionais ba-seados em avaliações, elaborando metas para cada escola; integração entre conteúdos locais e globais e entre formação profissional e Fo

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Educacao e capacitacao profissional

w Formação escolar de qualidade em todos os níveis.

w Ênfase na modernização da educação básica com foco no ensino médio e técnico.

w Formação técnica para microem-preendedores da comunidade.

w Treinamento e reciclagem da mão de obra empregada.

w Integração da formação e capa-citação continuada de gestores escolares.

w Apoio complementar aos alunos (de dever de casa e elaboração de trabalhos) em contexto de pobreza visando

cidadania; e oferta de apoio com-plementar aos alunos em contexto de pobreza, visando reduzir as de-sigualdades de rendimento escolar dentro da mesma rede. Para a consultora Angela Abdo, “um dos quesitos para o Brasil formar melhores profissio-nais é investir no mínimo cinco vezes para obter uma base de mão de obra especializada que consi-ga concorrer com a mão de obra estrangeira”. E critica “o baixo investimento em ciência e tec-nologia”: “o Brasil possui uma legislação que impede os jovens de trabalhar, mas que não consegue mantê-los afastados da criminali-dade e próximos da escola, o que cria um grande apagão de mão de obra preparada”, diz. “O Brasil precisa inovar na educação, com trilhas de aprendizado diferen-ciado, permitindo o sucesso dos nossos jovens na vida estudantil e profissional”, conclui ela. s

quais são os avanços e adequações necessários ao nosso sistema educacional público e privado, de forma a prover uma formação técnica consistente em todos os níveis? o fortalecimento do capital humano capixaba é condição básica para a sustentação da produtividade e qualidade das cadeias produtivas capixabas. o que pode – e deve – ser feito para aprimorar o sistema educacional e de capacitação profissional de forma a que ele amplie a sua contribuição na melhoria dos níveis de competitividade do Estado? os participantes do projeto “Espírito Santo competitivo” indicam as seguintes alternativas:

a reduzir as desigualdades de rendimento escolar no interior da mesma rede.

w Ampliação da rede de escolas de tempo integral.

w Fomento de programas que visam aumentar o envolvimen-to da família do aluno com o ambiente escolar como o “Co-ordenadores de Pais”.

w Profissionalização da gestão escolar com utilização de pes-soas capacitadas para a tarefa, aprimoramento dos controles dos processos e dos resultados de aprendizagem.

w Redução progressiva da quan-tidade de docentes temporários (DTs) e ampliação do quadro de efetivos, para reduzir a taxa de rotatividade docente nas esco-las com valorização continuada da remuneração do professor para tornar a carreira atraente.

w Implementação de currículos organizados por áreas de co-nhecimento.

w Possibilitar aos alunos o acesso às novas tecnologias de co-municação e informação para que possam ser aplicadas ao processo educativo.

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Entrevista

As escolas públicas estao estagnadas

aridelMo teixeiraProfessor, doutor em Controladoria e

Ciências Contábeis, Cofundador da FuCaPe

AS EScolAS PúBlicAS ESTão PrEPArADAS PArA ATENDEr àS DEmANDAS DA SociEDADE E Do mErcADo DE TrABAlho Por coNhEcimENTo E FormAção PArA o muNDo coNTEmPorâNEo? Se observarmos os últimos IDEBs – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, as escolas públicas estão praticamente estagnadas. Conside-rando que o conhecimento avança a uma velocidade nunca vista antes, a tendência é que fique cada vez mais distante se de fato uma revolução não for implementada. Não é uma melhoria pontual, e sim uma revolução que precisa ser feita.

AS iNoVAçõES SociAl, TEcNolóGicA E PEDA-GóGicA São A chAVE PArA A EVolução DA EDucAção? Na realidade, no estágio em que a nossa educa-ção pública se encontra, eu diria que antes de pensar em inovar tecnologicamente, nós temos que fazer o básico, que é a gestão, com qualidade, dos recursos já disponibilizados às escolas. A maioria das escolas públicas não dispõe dos requisitos mínimos de gestão, no sentido moderno. Gestão amparada apenas na boa vontade e no esforço individual, sem formação de qualidade específica para gerir os recursos de forma eficiente e eficaz, é, literalmente, queimar dinheiro público. Ou seja, a primeira evolução que as escolas públicas precisam fazer é quanto ao emprego correto dos recursos já existentes. É necessário um plano de curto, médio e longo prazo, que passa primeiramente por organizar o ambiente escolar para que ele esteja apto a efetivamente receber tecnologias.

ESSAS hABiliDADES, ASSim como currículo AJuSTADo Ao PErFil Do AluNo E comPETêN-ciAS SocioEmocioNAiS, ESTão iNcluíDAS NAS oriENTAçõES PEDAGóGicAS DAS EScolAS Pú-BlicAS E PriVADAS? Considerando os dados do IDEB, na média, as

“AntES dE PEnSAr Em inOvAr tECnOlOgiCAmEntE, tEmOS quE fAzEr O báSiCO, quE é A gEStãO, COm quAlidAdE, dOS rECurSOS já diSPOnibilizAdOS àS ESCOlAS”.

Há um abismo entre o ensino privado e o público no brasil

escolas privadas estão muito mais aptas do que as públicas. Existe um abismo entre o ensino privado e o público no Brasil. O currículo, neste caso, nada mais é do que um meio de se atingir o fim espe-rado. E, essa ferramenta sozinha não faz sentido. Somente fará quanto estiver conectada com o objetivo estabelecido para toda a rede escolar.

como cAPAciTAr oS EDucADorES PArA FAzE-rEm PArTE DAS muDANçAS NEcESSáriAS PArA ASSEGurAr àS criANçAS E JoVENS, EDucAção DE quAliDADE? A revolução deve começar primeiro nos cursos de pedagogia. A maioria deles é, hoje, na realidade, curso de ideologia político-partidária, e, ainda por cima, de qualidade, no mínimo, questionável. Ou seja, com determinados vínculos a ideologias partidárias e não à formação de indivíduos com liberdade de pensamento, condição necessária para conduzi-los ao desenvolvimento da habilidade de inovar. Portanto, mister se faz a reformulação na forma de educar. Eliminar a metodologia da imposição de pensamentos e doutrinas e promover as possibilidades de escolha entre alunos e suas respectivas famílias.

ESSAS muDANçAS ESTruTurAiS SiGNiFicATi-VAS ESTão TENDo Eco JuNTo Ao GoVErNo, EDucADorES E AluNoS? Sim. Já é notável que prefeitos e governadores, empresários e a sociedade civil organizada, com destaque para pais e alunos, aqui no Estado, estão pensando de forma diferente, montando escolas de padrão diferente, onde o principal elemento a receber 100% das atenções é o aluno, o estudante. Conquistas na educação somente podem ser assim denominadas aquelas que são voltadas exclusivamente para a razão de ser das escolas públicas, ou seja, o cidadão aluno. s

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Tecnologia e Inovação

um novo paradigma para o

desenvolvimentoPromoção de cooperação entre instituições para articular e desenvolver ciência, tecnologia e inovação é uma estratégia para alavancar a competitividade.

Na sociedade do conhe-cimento, o desenvolvi-mento e a competitivi-

dade respondem cada vez mais à tríade Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I). José Eugênio Vieira, diretor-superintendente do Sebrae-ES, lembra que mo-mentos de economia em retração como o que vivemos também são propícios para aflorar a criati-vidade e inovação na busca de alternativas para melhorar as empresas. “A geração e o uso do co-nhecimento na prática são fa-tores que dão competitividade, reduzem custos de produção, geram empregos mais quali-ficados e, fundamentalmente, melhoram a qualidade de vida das pessoas”, garante Wander-ley Stuhr, diretor-presidente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). A articulação destes, longe de ser um processo simples, exi-ge um grande esforço conjunto entre o poder público, o setor produtivo privado e os centros de produção de saber científi-co. “O espaço preferencial da ciência é a universidade, da

tecnologia é o instituto, e da inovação é a empresa. Para fazer ciência é preciso ter pesquisa, para produzir tecnologia tem que ter desenvolvimento e para ter inovação precisa de engenha-ria”, resume José Antônio Bof Buffon, diretor-presidente do

Fundo de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). Um tema muito discutido neste sentido é a relação entre a academia e o setor produtivo. Buffon problematiza o fato de que universidade e empresas

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“As competencias institucionais devem estar associadas às demandas e expertises do setor produtivo”.

Wanderley Stuhr, diretor-presidente do incaper

possuem tempos, linguagens e propósitos próprios, diferentes um do outro. Para ele, a melhoria desse tripé demanda justamente da criação de outras instituições que possam fazer o diálogo com ambas - academia e empresas -, tais como fundações, institutos, incubadoras, aceleradoras e ór-gãos como a Fapes e o Sebrae. No Espírito Santo, este am-biente de cooperação interinsti-tucional ainda é incipiente, mas vem se consolidando nos últimos anos. Para Buffon, os espaços interinstitucionais precisam ser horizontais e de cooperação, como destaca o Conselho Te-mático de Política Industrial e Inovação Tecnológica (Conp-

tec), impulsionado pela Fede-ração das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes), mas com participação de diversas entidades relacionadas com o setor. “As competências institu-cionais devem estar associa-das às demandas e expertises do setor produtivo para que as respostas, os resultados práticos, ganhem em velocidade e estejam em sintonia com a realidade do setor”, afirma Wanderley Stuhr. Buffon analisa a economia capixaba entre dois pilares. Um deles, formado pelos grandes projetos industriais, que aglutina diversos fornecedores locais, pa-rece com tendência a se estabili-zar. No outro há uma infinidade de iniciativas de menor porte, com destaque ao agronegócio e alguns arranjos produtivos re-gionais bastante fortes, como é o caso da indústria têxtil em

Colatina, moveleira em Linha-res e do mármore e granito em Cachoeiro de Itapemirim. “Então são esses dois pila-res que nós temos fortes: o que deriva dos grandes projetos e o que emerge do local. Entre esses dois mundos há certo abismo porque são poucos os casos de integração entre as duas, ba-seado em fatores intangíveis, num processo de inovação, pes-quisa e ideias. Esse é o modelo do Vale do Silício e da Coreia, por exemplo”, destaca o diretor--presidente da Fapes. Importante lembrar tam-bém que a inovação não vem apenas da indústria. “Aliás, o Brasil é um dos países mais ino-vadores do mundo no setor do agronegócio”, aponta Buffon. No Espírito Santo, destacam-se as pesquisas e projetos desen-volvidos pelo Incaper. O presi-dente do Instituto, Wanderley Stuhr, afirma que hoje, no cam-po capixaba, é possível produzir muito mais para cada hectare de terra cultivado. “Atualmente, nosso país, aí incluído o Espírito Santo, é temido no mundo pela força e pujança do agronegócio, que há décadas se pautou na ciência para obter uma forte evolução de seus indicadores”, disse. Ele lembra que, quando foram geradas as primeiras va-riedades clonais de café Conilon pelo Incaper, em 1993, a produ-tividade média estadual era de 9 sacas por hectare e a produção anual de 2,4 milhões de sacas. Hoje a área cultivada é apenas

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7% maior do que aquela da épo-ca, mas a produção e a produti-vidade foram multiplicadas por quatro, o que considera uma “revolução de tecnológica sem precedentes em qualquer outra região cafeeira do mundo”, com conhecimento gerado e aplicado em terras capixabas. “A CT&I contribui para o alcance de benefícios e impactos econômicos, como ganhos de produtividade, e também para ganhos sociais e ambientais”, acredita Stuhr, lembrando que serviços de metereologia e agri-

em que produtores capixabas possam conhecer experiências e o know how em outros países, apoio à certificação de qualida-de, promoção de trainees nas empresas, chamadas para apoio a empresas de software. Além disso, uma grande aposta é na realização de um processo amplo de chamada no modelo do Sinapse, criado em Santa Catarina, que busca con-vocar e selecionar ideias ino-vadoras e apoiar as melhores delas oferecendo diversos tipos de apoio desde a elaboração do plano de negócio até a disponi-bilização de recursos para que as boas ideias se tornem realidade. Há um longo caminho por percorrer. Mas é importante saber que o Espírito Santo já está dando os primeiros passos com acade-mia, poder público e iniciativa privada de mãos dadas. s

“O espaco preferencial da ciencia é a universidade, da tecnologia é no instituto, e da inovacao é na empresa”.

josé Antonio bof buffon, diretor-presidente da fapes

cultura de precisão são tecnolo-gias fundamentais para permitir que o produtor não fique refém das adversidades climáticas. Para seguir avançando no âmbito de CT&I no Espírito San-to, o governo estadual possui uma série de estratégias. Em 2016, a Fapes pretende lançar uma série de editais no setor, um deles para ampliar e consolidar a capacidade de incubação. “Hoje temos capacidade de encubar de 15 a 20 projetos, mas precisamos chegar a uns 200 a 300”, projeta Buffon. Outros pontos são o fomento de visitas técnicas empresariais,

tecnologia e inovacao

w Criação de polos de inovação nas escolas de ensino profis-sionalizante como forma de viabilizar as demandas das em-presas no desenvolvimento de pesquisas e tecnologia.

w Criação de grupos de melho-ria conjunta nos vários setores produtivos e cadeias produtivas (ou seja, criação de estruturas intermediárias) para promover a necessária aproximação entre as universidades e as empresas privadas na área de pesquisa aplicada.

w Instalação de polos tecnológicos que atendam cadeias produ-tivas consideradas relevantes

um dos pilares centrais que fazem avançar a competitividade das empresas é sua capacidade de gerar e absorver novas tecnologias que proporcionem ganhos de produtividade e diferenciação de produtos através da inovação. o que pode e deve ser feito para tornar a estrutura produtiva capixaba capaz de gerar, absorver e internalizar novas tecnologias e inovação ganhando, em consequência, mais eficiência e maior produtividade? os participantes do projeto “Espírito Santo competitivo” indicam as seguintes alternativas:

e com alto potencial de cres-cimento, desenvolvimento e integração internacional.

w Desoneração dos gastos das empresas em Pesquisa, Desen-volvimento e Inovação.

w Facilitar a interlocução entre os diversos entes do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (estímulo governa-mental à cooperação e pesquisa compartilhada).

w Formação de consórcios de pesquisas público-privadas.

w Formulação de uma política estadual de incubação.

w Formação de redes de inter-câmbio técnico-científico.

w Adoção de política de incentivo às incubadoras e aceleradoras.

w Apoio técnico às micro e pe-quenas empresas.

w Criação de bolsa de apoio à integração e inserção de pro-fissionais de alta qualificação no setor produtivo para levar o profissional pesquisador com especialização, mestrado ou doutorado para dentro das empresas, ou para dentro dos negócios.

w Criação de escola de empreen-dedorismo e inovação de na-tureza pública e privada para transformar jovens talentos em empresários modernos.

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Artigo

inovacao efervescente

eVandro MiletConsultor e Palestrante

A TV GAzETA lANçou o ProGrAmA ES co m P E T i T i Vo, co B r i N D o AS á r E AS DE EDucAção, iNoVAção, loGíSTicA, iNSTiTuiçõES E FiNANciAmENTo, PArA quE SE ProPuSESSEm AçõES coNcrETAS PArA o DESENVolVimENTo Do ESTADo. Acontece, neste momento, um movimento ainda subterrâneo, embora crescente em força, onde diversos fundos de capital de risco avaliam e fecham negócios de participação em empresas capixabas de tecnologia. O apoio à inovação, que durante muitos anos teve o envolvimento quase isolado e heróico da TecVitória, incorporou atores na figura de novas incubadoras, aceleradoras e ambientes de co-working.

O engajamento do Sebrae, da CDV e da Fapes foi fundamental, acompanhado, agora, pelo Bandes, trazendo e apoiando esses fundos de risco.

O Ifes e, depois, a Ufes, se envolvem firmemente no processo de inovação, que tem uma vertente não digital na formação do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás, com forte liderança da Petrobras e participação da Secretaria do Desenvolvimento, da Findes, Sebrae, Onip e outras instituições. Reconhecido como o melhor programa estadual para o desenvolvimento de equipamentos para a indústria do petróleo, o Fórum lança projetos que começaram a chegar ao mercado, após incubados na TecVitória.

Apesar da crise, o programa de exploração e

“AindA fAltAm AlgumAS PErnAS PArA COmPOr um ECOSSiStEmA dE inOvAçãO. O invEStimEntO iniCiAl Em StArt uPS é quASE nulO nO EStAdO”.

produção da Petrobras continua bilionário. E x i s t e m i m e n s a s o p o r t u n i d a d e s d e fornecimento, tanto no mar como em terra, além da possibilidade de exportação, pois as tecnologias usadas são semelhantes em todo o mundo. Algumas empresas capixabas já estão neste caminho, vendendo diretamente ou tentando joint-ventures no Canadá, Colômbia, Noruega, Inglaterra e países árabes.

Ainda faltam algumas pernas para compor um ecossistema de inovação. O investimento inicial em start ups, feitos usualmente por investidores-anjos em todo o mundo, é quase nulo no Estado. Investidores individuais ainda preferem investir em imóveis, não estando familiarizados com essas novas oportunidades. Um apoio do governo estadual para fundos locais de investidores-anjos daria um empurrão na base da inovação e ajudaria a divulgar essa forma de investimento. Outros apoios fundamentais se dariam na implementação do sonhado Parque Tecnológico de Vitória e na manutenção da TecVitória, que passa por dificuldades para se sustentar, apesar dos resultados reconhecidos por toda a comunidade envolvidade no ecossistema de inovação. Podemos estar tocando violino no convés do Titanic. O ecossistema avança, mas seria lamentável se uma sustentação histórica afundasse. s

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Qualidade das Instituições/Governança

melhorar as instituicões para sermais competitivoinúmeros são os desafios para uma governança mais leve e moderna, que permita maior segurança para empreender.

“O excesso de burocracia e um complexo sistema de leis e regras acabam inibindo e dificultando o dia a dia das empresas”.

Orlando Caliman, economista

Um bom ambiente institu-cional é chave para uma economia sólida e susten-

tável em longo prazo. A corrupção, a burocracia excessiva, a instabi-lidade jurídica com mudanças de regras constantes, as legislações defasadas em relação aos tempos em que vivemos são fatores que prejudicam o investimento e o desenvolvimento das economias, representando entraves que inter-ferem na competitividade. Nesse aspecto, o economista Orlando Caliman é enfático. “Há um espaço enorme para avançar-mos no campo da desburocrati-zação e melhoria na prestação de serviços por parte do setor públi-co. O excesso de burocracia e um complexo sistema de leis e regras acabam inibindo e dificultando o dia a dia das empresas”, afirmou. Para o vice-presidente institu-cional do Espírito Santo em Ação, Leonardo de Castro, o principal ativo para o setor empreendedor

é o tempo e assim também deve ser na esfera pública. “Nada é mais valioso que o tempo. Em nossas empresas buscamos intensamente a produtividade. E é isso que es-peramos do setor público, que ele também busque a produtividade”, enfatizou. A importância e a urgência de uma governança mais adequada aos tempos atuais também foram desta-cadas por José Armando Campos, conselheiro da ArcelorMittal Brasil. “O investimento privado depende, fundamentalmente, da confiança

dos agentes econômicos nas insti-tuições do país. Se as instituições estiverem corroídas por vícios ou não forem estruturalmente fortes para desempenharem seus papéis, sobram incertezas e aumentam-se os riscos que, quantificados, invia-bilizam investimentos e consequen-temente, o pleno desenvolvimento econômico”, sintetizou. Uma queixa constante relacio-nada à burocracia institucional é a questão tributária brasileira, uma das mais complexas do mundo, o que acarreta muito investimento de tempo e dinheiro apenas para o cumprimento legal das obriga-ções. Campos destaca que a com-plexidade do sistema tributário brasileiro vem de muito tempo e inclui impostos “completamente ultrapassados”, como entende que sejam o IPI e o ICMS, este sujeito aos efeitos da chamada “guerra fis-cal” entre os Estados da federação. “As empresas precisam ter em seus quadros um batalhão competente de advogados e contadores para não serem surpreendidas com mul-tas e outras complicações legais”, disse. Uma melhor governança e racionalização dos processos po-

“As empresas precisam ter um batalhao competente de advogados e contadores para nao serem surpreendidas com multas e outras complicacões legais”. josé Armando Campos, conselheiro da

Arcelormittal brasil

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deria abrir caminho para soluções práticas, como aponta o empresário Leonardo de Castro. “O raciocínio deve ser de simplificação. Dentro das entidades representativas do setor industrial, entendemos que temos uma carga tributária enorme. Há, ainda, legislações municipais, estaduais e federais, cada uma com seu arcabouço de regras que têm uma dinâmica de mudança intensa. Nosso pleito é pela simplificação. O imposto único é nosso grande sonho”, avaliou. Outra queixa dos empreende-dores se refere à burocracia legal para abrir e manter em funciona-mento uma empresa, incluindo li-cenças, alvarás, permissões, muitas delas obtidas em nível municipal, que demandam um alto custo para operacionalização. Para os empresá-rios, são necessárias ações em todas as esferas - municipais, estaduais e federais - para reverter esse cenário. “Quando falamos em enfren-tar a burocracia, o setor empresa-rial não solicita nenhum afrouxa-mento das regras. Pelo contrário, queremos processos bem mapea-dos para entender como começa e termina um licenciamento, por exemplo. O tempo que leva para ser analisado e a clareza da respos-ta. O não também é uma resposta, mas precisamos de uma resposta”, diz Leonardo de Castro. Por falar em licenciamen-tos, a questão ambiental também deve ser vista com muita aten-ção, na avaliação dos executivos. O conselheiro da ArcelorMittal Brasil, José Armando Campos, lembra que toda ação humana gera impacto ambiental e que alguns empreendimentos pressupõem grandes riscos que, em sua opinião, deveriam trazer uma cobertura

ainda, que se pense em soluções alternativas que passem pelo fomento e pela indução de uma convenção em torno do desen-volvimento. “A concepção atual de desenvolvimento vai além do chamado crescimento econômi-co, pressupondo a valorização do capital social e do capital natural que compõem o Estado brasilei-ro. A atividade econômica, nesse sentido, serve assim à dignidade da pessoa humana. Esse é o mo-tivo pelo qual paulatinamente os tradicionais indicadores de resul-tado de um Estado, baseado no seu Produto Interno Bruto, vêm sendo substituídos pelo Índice de Desen-volvimento Sustentável, a exemplo do que propõe atualmente o Banco Mundial. Isso guarda reflexos, ao menos, em dois aspectos principais localmente verificáveis: o primei-ro refere-se a uma concepção de meio ambiente ecologicamente equilibrado, e o segundo supõe a observância ao mandamento constitucional de realização da democracia participativa”. A atual legislação trabalhista

“Os tradicionais indicadores de resultado de um Estado vem sendo substituídos pelo Índice de desenvolvimento Sustentável”.

isabella Cordeiro, promotora

depois de uma análise judicio-sa do ponto de vista técnico. “O grande problema do licenciamento ambiental não é a falta de quadro legal e regulatório, mas o fato de não nos estruturamos para efetuar a fiscalização decorrente dele. E além de tudo, a demora na sua definição contribui enormemente para a elevação dos custos e para o afastamento dos investimentos. A não-resposta dentro de prazos razoáveis impõe dificuldades às empresas e ao desenvolvimento de maneira geral”, explicou. Essa percepção é comparti-lhada pelo engenheiro civil e es-pecialista em Engenharia Sanitária e Ambiental, Claudio Denicoli dos Santos, que considera que o foco da análise está no licenciamento, ou seja, no papel, e não no con-trole ambiental. “Gasta-se muito tempo analisando estudos enormes e pouco tempo fiscalizando a im-plantação e operação dos controles ambientais”, disse. Na avaliação da promotora Isabella Cordeiro é importante,

“gasta-se muito tempo analisando estudos enormes e pouco tempo fiscalizando a implantacao e operacao dos controles ambientais”.

Claudio denicoli dos Santos, engenheiro civil e especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental

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também tem sido considerada um entrave ao desenvolvimento e um agravante do alto-custo Brasil na opinião dos empreendedores. “O custo de contratar e pior, de distra-tar pessoas no Brasil é altíssimo. A legislação - anacrônica e ruim - parece partir do pressuposto de que todo empregado é deficiente para negociar o que lhe interessa e que, por isso, precisa de um Estado-tu-tor que o proteja dos exploradores e escravocratas modernos que são os que empreendem no Brasil”, avaliou José Armando Campos. Sobre a corrupção, um proble-ma histórico do Brasil, o conselheiro sintetiza o combate a ela em dois pontos centrais: educação e puni-ção. “Sem educação não saberemos distinguir os que buscam nossos votos. E com impunidade, estaremos

sinalizando que o risco é baixo e que vale a pena tentar”, alertou. Resolver todos esses pro-blemas demanda trabalho e visão de longos prazos, reforça o em-presário Leonardo de Castro. “O governante tem um período de mandato curto, mas precisa estar ali desempenhando um projeto de Estado, não um projeto para ser alterado a cada quatro anos. Isso tem que funcionar em todos os po-

“Em nossas empresas buscamos intensamente a

produtividade. E é isso que esperamos do setor público,

que ele também busque a produtividade”.

leonardo de Castro, vice-presidente institucional do Espírito Santo em Acao

qualidade das instituicões

Um sistema equilibrado, ágil e produtivo, com papéis bem definidos e alinhado com as necessidades da sociedade pode contribuir, e muito, com o nível de competitividade de nossa economia. O que pode ser feito para aprimorar o desempe-nho de nossas instituições para que atuem em favor da melhoria dos níveis de competitividade do Estado? Os participantes do projeto “ES Competitivo” indicam as seguintes alternativas para a construção de um bom ambiente de negócios:w Busca, como objetivo funda-

mental, da segurança jurídica e respeito aos contratos firmados.

w Cumprimento efetivo do papel constitucional e sistêmico das instituições buscando sempre clareza de responsabilidades, de valor social e transparência no exercício de suas atividades.

w Redução da burocracia oficial e seu peso sobre as contas gover-

instituições públicas e privadas exercem um papel fundamental no protagonismo do desen-volvimento já que formam o sistema que regula, fiscaliza e arbitra os processos sobre os quais se forma o ambiente de negócios. De sua ação e interação com o sistema produtivo decorrem, em grande medida, a viabilidade dos empreendimentos, a fluidez do sistema e a segurança fundamental nas decisões de investimento.

namentais e custos da iniciativa privada.

w Aprimoramento e estabilidade das regras.

w Modernização dos sistemas de governança em instituições pú-blicas e privadas.

w Promoção de articulações vi-sando à criação de instâncias – como fóruns, comitês e câma-ras, reunindo atores públicos e privados envolvidos na análise e liberação de empreendimen-tos – que possam construir ali-nhamentos buscando superar os gargalos que dificultam os novos investimentos.

w Organização das contas públi-cas de forma sustentável com recuperação da capacidade de investimento próprio.

w Fomentar os arranjos produ-tivos de forma a adensar as cadeias já existentes (preen-chendo os elos faltantes), pro-movendo a sinergia e integração entre elas e abrindo oportunida-

des para novos investimentos de maior valor agregado.

w Modernização e simplificação da legislação em nível estadual e municipal (ambiental, fiscal e tributária).

w Simplificação dos processos de registros para abertura e insta-lação de empresas.

w Diplomacia ativa na atração de novos investimentos.

w Criação de conselhos gestores, a exemplo do Cogedes, Conselho Gestor Municipal do Desenvol-vimento Econômico, do municí-pio de Serra, para atrair novos empreendimentos e promover o desenvolvimento sustentável.

w Criação de uma plataforma de soluções, reunindo, em um mesmo local, Junta Comercial, Secretaria da Fazenda e outros órgãos encarregados do registro de novas empresas para agili-zar a criação de empresas e a viabilização de novos empre-endimentos.

deres: executivo, legislativo e judi-ciário”, afirmou o vice-presidente do movimento Espírito Santo em Ação. “Estamos trabalhando para implementar no Estado o conceito de pactos pelo desenvolvimento, para que a sociedade como um todo determine suas prioridades, começando pela esfera municipal, que é onde ela convive diretamen-te. Seria um grande avanço para o Espírito Santo”, avaliou. s

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Artigo

Ouvindo empresários de outros Estados e estrangeiros

odilon borges JúniorConsultor empresarial e advogado

miNhA iNTENção No rElATo SEquENciAl Diz rESPEiTo àS críTicAS quE TENho ouVi-Do - E ouViDo com com cErTA iNSiSTêNciA - Por PArTE DE EmPrESárioS BrASilEi-roS, ESPEciAlmENTE PAuliSTAS, GoiANoS, BrASiliENSES E AlGuNS ESTrANGEiroS. APrESENTo-AS :

(i) Constituição de sociedades empresárias no Espírito Santo, em especial sociedades por ações. As críticas compreendem : (i) no relacionamento com os responsáveis pelos procedimentos destinados àquela finalidade; (ii) os prazos para a formaliza-ção do ato constitutivo que, no Espírito Santo levariam, no mínimo, 15 dias úteis. Diferentemente de alguns outros Estados, quando este prazo não excede a 3 dias úteis;

(ii) As inscrições nos sistemas indispensáveis ao início de suas operações que demandam

45 dias úteis, quando conseguem obtê-las em prazos que não excedem a 5 dias úteis. Reclamam da forma burocrática como são tratados, uma relação burocrata versus contribuinte, no lugar de prestador de serviços públicos versus cliente. Ou, então, fazem uma consulta a alguma repartição e recebem retorno tempos depois. Quando recebem. Foi apresentado um caso que parece uma brincadeira. Mas, uma indústria que queria abrir escritório em um município do Estado, escritório normal, e lhe foi exigido licença ambiental, além dos demais documentos;

(iii) Estrangeiros, multinacionais, reclamam de exigências e que não sabem como atendê--las. Como um exemplo: uma multinacional norte-americana, cujos sócios, em seu país, são pessoas jurídicas, foram-lhe exigidos o CNPJ-MF e a declaração do IR, juntamente com a dos seus sócios majoritários, pessoas físicas;

(iv) Em um ambiente voltado à inovação tecnológica no setor industrial, recla-mações no sentido de que o Espírito Santo, com tantos órgãos, acha-se fragmentado em sua atuação: cada um trabalhando em um projeto e sem relacionamento com o setor industrial. Além do que insistiram na timidez capixaba que impede a exponenciação de intercâmbios com outros países, seus centros de pesquisas etc. s

“rEClAmAm dA rElAçãO burOCrAtA vErSuS COntribuintE, nO lugAr dE PrEStAdOr dE SErviçOS PúbliCOS vErSuS CliEntE”.

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Financiamento e Investimento

Atrair capital privadopode ser um caminhoCrise político-econômica afeta capacidade de investimento do estado, o que pode gerar oportunidades para a iniciativa privada financiar setores estratégicos à competitividade.

“nao vamos conseguir recuperar a confianca no mercado brasileiro sem fazer um ajuste que realmente mexa nas estruturas do gasto público no país”.

Ana Paula vescovi, secretária Estadual da fazenda

A crise que afeta o país também chegou com força ao Espírito San-

to. Ajuste fiscal, otimização dos gastos, corte de despesas, redução dos investimentos são temas que vêm sendo repercu-tidos ultimamente por represen-tantes do poder público em todas as esferas: federal, estadual e municipal. O fato é que não se pode esperar do Estado a mesma pujança de investimentos que se via num passado recente. A secretária Estadual da Fazenda, Ana Paula Vescovi, considera que o ajuste fiscal não é um fim em si mesmo, pois seu sentido é recuperar a confiança no Brasil para atrair mais in-vestimentos. “Se trata mais de um problema de confiança no ambiente de negócios do que de falta de recursos em todas as esferas. E não vamos conseguir recuperar a confiança no mer-

Foto

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ardo

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eirocado brasileiro sem fazer um

ajuste que realmente mexa nas estruturas do gasto público no país”, disse. Um maior esforço do Estado para tornar a máquina pública mais eficiente contribuiria para reduzir o chamado custo Brasil, de acordo com Sérgio Costantini, consultor em Finanças e Estraté-gia para Negócios. “Isto ajudaria a atrair mais capital de risco e encurtaria o tempo necessário para que os projetos comecem a gerar os resultados esperados”, afirmou. Considerando as dificulda-des do momento, torna-se fun-damental investir em questões que contribuam para o aumento da competitividade. Costantini lembra que nos últimos anos o Estado brasileiro tem sido a principal fonte de financiamento local, sobretudo por meio do BNDES, Caixa e alguns bancos regionais. Para ele, o cenário ma-croeconômico atual leva a uma ruptura deste modelo e obrigará as empresas a buscar fontes al-

ternativas de financiamento no setor privado. Ana Paula Vescovi pontua que os créditos subsidia-dos pelos governos dificultam ao mercado de crédito privado se desenvolver em longo prazo, de modo que a atual escassez de recursos pode ser uma oportuni-dade para alavancar este setor. José Eduardo Faria de Azevedo, secretário Estadual de Desenvolvimento, acrescenta

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“mais investimentos do Estado ajudariam a atrair capital de risco, o que encurta o tempo necessário para que os projetos comecem a gerar resultados”.

Sérgio Costantini, consultor em financas e Estratégia para negócios

que vivemos num momento de restrição de crédito, com juros altos, valorização do dólar, re-dução das avaliações do Brasil pelas agências de risco. Mas, mesmo com essas limitações, há uma janela de oportunidades para atrair o capital estrangeiro a ser sócio das empresas nacionais e criar projetos que gerem em-prego e renda. “Temos que saber explorar bem o momento porque ele abre possibilidade para novos investimentos”, explicou.

para projetos de alta incidência e participação de capitais intangí-veis. Ajudam principalmente nos projetos de start-ups”, revelou. Para superar o cenário de dificuldades na economia, Ana Paula Vescovi aponta para a ne-cessidade de se alcançar uma verdadeira “concertação” na-cional que melhore o ambiente de negócios, inclua um sistema tributário mais justo e simplifi-cado, e um modelo de regulação voltado às necessidades do país em infraestrutura e na atração da iniciativa privada. As parcerias público-pri-vadas (PPP’s) podem ser uma alternativa para alavancar in-vestimentos diante da debilidade das contas do poder público, de acordo com Costantini. “Elas são uma forma de se utilizar das competências gerenciais e do acesso ao capital privado para financiamento, execução e ope-ração de projetos, geralmente de infraestrutura. São estruturas onde o Estado compartilha riscos com a iniciativa privada”, expli-cou. É o que se vem fazendo no Espírito Santo no setor de esgoto e saneamento básico, como res-salta José Eduardo Faria de Aze-vedo, falando também dos planos

Diante disso, é preciso bus-car possíveis soluções por conta da escassez do crédito subsidia-do. “Talvez a primeira alterna-tiva das companhias deva ser o reinvestimento do lucro gerado anualmente, mas nem sempre o autofinanciamento é suficien-te para cobrir as necessidades financeiras. Outra opção seria acessar o mercado de capitais por meio da emissão de títu-los de dívida ou mesmo ações. Apesar de fonte interessante de recursos, entretanto, o mercado de capitais somente constituirá alternativa às empresas que têm projetos atrativos e estejam me-lhor estruturadas operacional, estratégica e financeiramente”, analisa Costantini. Na opinião do economista Orlando Caliman, os mecanis-mos tradicionais de financia-mento, baseados sobretudo no crédito, não atendem totalmente às exigências de competitivi-dade. “É preciso desenvolver a cultura do financiamento pela via dos ‘equities funds’, ou seja, de participação nos riscos e compartilhamento de resulta-dos, fundamental, por exemplo,

“temos que saber explorar bem o momento porque ele abre possibilidade para novos investimentos”.

josé Eduardo faria de Azevedo, secretário Estadual de desenvolvimento

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de realizar um chamado ao setor privado para avaliar concessões ou PPP’s na área rodoviária para melhorar as estradas estaduais. Costantini pontua o que considera algumas vantagens na utilização de uma estrutu-ra de PPP: a transferência de inovação e conhecimento para as entidades públicas, a otimi-zação de orçamento, o aumento de vida útil dos empreendimen-tos, o compartilhamento de cus-tos operacionais e a divisão de responsabilidades entre setores público e privado. A secretária Ana Paula Ves-covi considera que, nos casos

junto de ações para melhorar o ambiente de negócios no Esta-do, tais como desburocratização, licenciamentos, requerimentos legais, normas como a do ICMS, aceleração do processo de aber-tura e fechamento de empresas, a digitalização de procedimentos, entre outras estratégias”, afir-mou. s

“é preciso desenvolver a cultura do financiamento pela via dos ‘equities funds’, ou seja, de participacao nos riscos e compartilhamento de resultados”.

Orlando Caliman, economista

Contudo, o esgotamento das fontes públicas de financia-mento torna necessário repensar os papéis e modelo dos setores público e privado na articulação de forma e fundos para reali-zação destes investimentos. O que pode ser feito para viabili-zar estes recursos, necessários para tornar Espírito Santo mais competitivo? Os participantes do projeto “ES Competitivo” in-dicam as seguintes alternativas:w Construção de alternativas de

o Espírito Santo é um Estado jovem e com uma grande demanda a atender por serviços e in-fraestrutura de qualidade. Além de representarem uma oportunidade em si, estas estruturas e serviços em muito contribuiriam para o impulsionamento do mercado local e de nossa compe-titividade como base de produção para atendimento dos mercados nacionais e internacionais.

financiamento que viabilizem os investimentos necessários ao desenvolvimento do Estado e de seu sistema produtivo, inclusive com atração do capital privado para constituição de parcerias público-privadas ou conces-sões de serviços, privatização de atividades econômicas não prioritárias de governo etc.

w Buscar como valor a concor-rência de mercado em oposição à proteção indiscriminada; ao invés de subsídios, regras está-

veis e articulação competitiva.w Mobilização do capital privado

no investimento de novos em-preendimentos.

w Ampliação dos programas de microcrédito.

w Instituição de política de apoio ao desenvolvimento e financia-mento de start ups.

w Busca de fontes de financia-mento internacionais e nacio-nais à exportação.

w Adoção de política de incenti-vos tributários à produção.

viabilizacao de recursos para financiamento dos investimentos

>Índice de Liberdade Econômica 2015Esse índice apurado pela Heritage Foundation, organização norte-americana com sede em Washington, DC, avalia o grau de liberdade econômica de 178 países. O estudo relaciona a forte conexão entre a prosperidade e a liberdade econômica, com dados que envolvem dez categorias de liberdade econômica na pesquisa: nos negócios; no comércio; liberdade fiscal; de intervenção do governo; monetária; de investimentos; financeira; de corrupção; do trabalho; e direitos de propriedade.

PaÍS

POnTUaçãO

89,6HOnG KOnG

CLaSSIFICaçãO mUndIaL

PaÍS

POnTUaçãO

56,6BraSIL

CLaSSIFICaçãO mUndIaL

118º

PaÍS

POnTUaçãO

1,3COrEIa dO

nOrTE

CLaSSIFICaçãO mUndIaL

178º

em que ações não são de com-petência exclusiva do Estado, este deve exercer um protago-nismo por meio de uma agenda regulatória que permita fazer a interlocução com outros atores interessados, como o investidor privado. “No que cabe ao governo, ele está empreendendo um con-

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Artigo

Em busca da competitividade perdida

ana Paula VesCoVisecretária de estado da Fazenda

Na construção desta agenda é impossível também passar ao largo do ajuste das contas públicas, de políticas sociais efetivas – saúde, educação e segurança em especial –, da promoção da inovação, da melhoria no ambiente de negócios, e dos avanços na infraestrutura.

Mas como financiar tais avanços na atual conjuntura de perda de confiança e escassez de capitais? Aqui, as parcerias público-privadas podem ser uma resposta não apenas para a atração de recursos, mas também para o compartilhamento da gestão onde as amarras do estado são apertadas demais.

Um importante tema para a construção de um Espírito Santo competitivo passa pela busca de fontes privadas de financiamento capazes de complementar e de alavancar as fontes públicas existentes e, atualmente, muito escassas. Nos próximos anos, a recuperação da capacidade de investir com recursos próprios deverá estar casada com a atração de fontes privadas, remuneradas no longo prazo, para assim dar conta de atender ao maior número possível de projetos. Além da complementação de fontes públicas, será necessário buscar um bom desenho de contratações – seguro do ponto de vista jurídico e atrativo do ponto de vista financeiro – de obras, concessões e serviços, e um banco de projetos estruturado para seleção de prioridades segundo as taxas de retorno obtidas.

A direção para avançarmos mais rápido na infraestrutura, portanto, é a atração de recursos privados, por meio da disponibilidade de bons projetos, capacidade de selecionar e atrair investidores com segurança na contratação e, quando for o caso, permitir a complementação do financiamento privado com recursos públicos. E assim, ainda liberar recursos públicos para investimentos nas funções precípuas do Estado. s

há quATro ANoS o BrASil VEm PErDENDo ESPAço NA EcoNomiA muNDiAl. O Índice de Competitividade Mundial 2014, divulgado pelo International Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral, aponta que o Brasil caiu três posições em relação a 2013, ocupando o 54º lugar no ranking geral composto por 60 países. O Brasil encontra-se à frente apenas de Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela – a última colocada. Não seria exagero afirmar que, com o cenário vivenciado em 2015, essa posição tende ainda a se deteriorar.

O país abandonou a agenda da competitividade com na crise de 2008/2009, substituída pela desoneração de impostos, em especial na indústria, e pela concessão de subsídios creditícios e financeiros ao setor produtivo. A consequência desse desajuste, associado à mudança dos pilares da política macroeconômica, empurraram o Brasil para uma depressão que ameaça retirar 10% de renda média dos brasileiros em pouco mais de 2 anos.

A agenda de saída da crise não é trivial. Dependerá de mudanças estruturais no gasto público e de convergência política. Mas assegurar o caminho de volta à prosperidade dependerá da busca da competitividade perdida nos últimos anos.

A pergunta que a agenda “ES Competitivo” procura responder é como o Espírito Santo, Estado que responde por pouco mais de 2% da economia brasileira, poderá promover sua própria agenda de competitividade, minimizando a dependência da pauta nacional.

O Espírito Santo possui boa localização e um desenho logístico favorecedor do comércio local e internacional. Vem diversificando sua economia e agregando novos arranjos produtivos à sua estrutura econômica. Por isso, a qualificação dos serviços logísticos e a melhoria da infraestrutura são fortes candidatos a impulsionar o setor privado e a geração de empregos e renda.

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Infraestrutura e Logística

infraestrutura e logística sao

desafios cruciais

“é necessário expandir, investir e dar mais competitividade ao comércio exterior do Espírito Santo”.

marcílio machado, presidente do Sindiex

OEspírito Santo ocupa um local privilegiado no ce-nário geoeconômico bra-

sileiro. Está situado entre grandes Estados do Sudeste, com fronteira para o Nordeste e possui um am-plo litoral para conectar o centro do país com o Oceano Atlântico. Porém, essas vantagens por si só não significam transformar a potencialidade em realidade e os

o espírito santo precisa de investimentos em todos os modais para que possa potencializar seu perfil como centro logístico do comércio nacional e internacional.

para a efetivação dos projetos de expansão”, considera Machado, lembrando que, de 2000 a 2013, o Estado caiu da sétima para a nona posição entre os maiores importa-dores das unidades da federação. Marcos Guerra, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), questio-na que o dinheiro que o capixaba envia aos cofres federais não re-torna em forma de investimento. O dirigente acredita que o Esta-do teria condições, não só de ser mais eficiente, como de transportar produção de Minas Gerais e da

especialistas garantem: o Espírito Santo pode mais. Os problemas já são conhe-cidos, assim como muitas das so-luções apontadas para resolvê-las. Para Marcílio Machado, presidente do Sindicato do Comércio de Im-portação e Exportação do Espírito Santo (Sindiex), o Espírito Santo apresenta gargalos em todos os modais: rodoviário, portuário, ferroviário e aeroportuário. “In-felizmente não há muitos caminhos para resolver as barreiras logísticas do Espírito Santo. Dependemos de boa vontade política e de recursos

Foto

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“O ES é muito eficiente no transporte de minério, por exemplo. mas quando se trata de cargas públicas, nós precisamos avancar”.

marcos guerra, presidente da findes

Região Centro-Oeste, se tivesse portos públicos. “O ES é muito eficiente no transporte de minério, por exemplo. Mas quando se trata de cargas públicas, nós precisamos avançar”, avaliou. Em relação aos novos portos privados, tanto Guerra como Ma-chado reclamam a necessidade de mais um para movimentação de contêineres e cargas gerais, já que há dificuldade e morosidade nas operações de comércio exterior. O presidente do Sindiex lembra que os portos especializados são privados e têm como prioridade atender sua produção, seja de mi-nério, de aço ou de celulose, re-cebendo investimentos constantes para operacionalizar o negócio da indústria. “Para cargas gerais, principalmente contêineres, não há muita alternativa no Espírito Santo. Sem investimentos, não há linhas disponíveis, fazendo com que as operações sejam efetuadas por outros portos brasileiros. Mais da metade das exportações de café e rochas ornamentais, por exem-plo, já são realizadas por outros terminais, como do Rio de Janeiro e de Santos. É necessário expandir, investir e dar mais competitividade ao comércio exterior do Espírito Santo”, afirma Marcílio Machado. A dragagem do Porto de Vitó-ria, prevista para ser concluída em 2016, além da construção do Porto

Central em Presidente Kennedy, são lembrados como obras de suma importância para melhorar a com-petitividade dos portos capixabas. Outro investimento consi-derado essencial para a logística capixaba é a construção da Fer-rovia Centro-Atlântica (EF-118), anunciada em 2015 para conectar o Espírito Santo ao Rio de Janeiro pela via férrea, com investimento previsto de R$ 7,6 bilhões. Na questão rodoviária, a du-plicação da BR-101 e da BR-262, de responsabilidade do governo federal, parece estar sendo enca-minhada, porém a passos lentos. Enquanto isso, o governo estadu-al anunciou que pretende buscar recursos privados para melhoria de cerca de 800 quilômetros de

estradas capixabas. “Devemos rea-lizar um chamado ao setor privado para que ele avalie uma concessão ou parceria público-privada na área rodoviária para ampliação, duplicação e melhoria das rodo-vias estaduais, melhorando nossa plataforma logística e avançando em nosso desafio pela competi-tividade”, disse o secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Faria de Azevedo. A expansão do aeroporto de Vitória é um caso emblemático de atraso das obras que se estende ao longo do tempo, fazendo com que o Estado perca a oportunidade de uma inserção mais competitiva no mercado nacional e internacional. “É claro que a demora em finali-zar o projeto acarreta em prejuízo ao setor e ao empresariado. Fica-mos de mãos atadas”, diz Marcílio Machado, do Sindiex. No âmbito estadual, a novidade é o anúncio recente das obras de ampliação do Aeroporto de Linhares, que faz parte do plano de ampliar a plataforma logística nos polos de desenvolvimento no interior. “Por sua importância e características, o aeroporto acaba transcendendo o município de Linhares e im-pacta positivamente nas cidades vizinhas. É mais uma importante conquista em nossa infraestrutu-ra, com um equipamento regional que dará mais competitividade para essa importante e potencial região de nosso Estado”, disse o governador Paulo Hartung.

>Portos Secos (EadI)

COImEx

750.000 m2

TErCa

530.000 m2

SILOTEC

300.000 m2

Localização geográfica privilegiada

Cadeia especializada de serviços de suporte ao comércio exterior

Área retroportuária - mais de 1.500.000 m2

Empresa com Know-how

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Ele considera que a iniciativa privada não deve ficar esperando que esses entraves sejam resolvidos pelo setor público. “Os empresá-rios de sucesso em grande parte do mundo interagem para buscar soluções dos seus problemas por meio da trocas de ideias, informação e conhecimento”, disse. Para ele, o papel do setor público deve ser de garantir um ambiente com redução de burocracia e exigências exage-radas no qual o empreendedorismo possa florescer. “Se a iniciativa privada puder vislumbrar um am-biente de negócios favorável para o setor, as soluções irão aparecer e serão implementadas”, afirmou. Outro tema importante que tem a ver com o bom funcionamen-to e competitividade das empresas capixabas é a disponibilidade de acesso a recursos como água e energia elétrica. A escassez de

água é uma realidade em certas regiões, especialmente no Norte do Estado, situação que se agrava no momento com o desastre socio-ambiental que afeta fortemente o já combalido Rio Doce. O custo da energia elétrica tem sido outra preocupação do empresa-riado. “Em alguns Estados, o custo da energia nos últimos 11 meses do ano teve aumento de cerca de 93% a 94%. Isso inviabiliza totalmen-

te o curso de alguns produtos no mercado nacional e internacional”, observa Guerra, da Findes. Para ele, é importante que os recursos investidos no Espírito Santo nesse sentido, estejam sintonizados com as novas tendências mundiais, que incluem energias renováveis como fontes de energia solar e eólica, ainda muito pouco desenvolvidas no Estado. Marcos Guerra reafirma a im-portância dos investimentos priva-dos para impulsionar os investimen-tos, tendo em vista as dificuldades do poder público em investir de forma mais robusta. Porém, lamenta que nem sempre há condições ade-quadas. “O setor privado precisa ter segurança jurídica. Se na apresen-tação de um projeto, o empresário não tiver clareza e segurança, ou mesmo se não enxergar resultados para ter retorno do capital investido, ele simplesmente não vai arriscar de entrar”, diz , citando, ainda, as dificuldades burocráticas em torno da concessão de licenciamentos, por exemplo, que por vezes atrasam o início das obras. s

“devemos realizar um chamado ao setor privado para que ele avalie uma concessao ou parceria público-privada na área rodoviária”.

josé Eduardo faria de Azevedo, secretário de Estado de desenvolvimento

“Se a iniciativa privada puder vislumbrar um ambiente de negócios favorável para o setor, as solucões irao aparecer e serao implementadas”.

Paulo hartung, governador

w Atração do capital privado para investimentos em obras de in-fraestrutura com regras claras que protejam o investidor e o usuário.

w Melhoria das condições das rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, inclusive os regio-nais.

w Modernização dos planos di-retores municipais e planos

considerando que a infraestrutura e logística são fatores essenciais para o desenvolvimento e inserção do Estado nos mercados nacional e internacional e integração das regiões capixabas de forma equilibrada e sustentável, o que é preciso – e possível – fazer nesta área para tornar Espírito Santo mais competitivo? os participantes do projeto “Espírito Santo competitivo” in-dicam as seguintes alternativas:

viários e de saneamento básico.w Melhoria das redes de energia

elétrica e telecomunicações e dados.

w Aprimoramento dos sistemas de transportes de passageiros públicos e privados.

w Melhoria das condições de transporte de cargas nas ro-dovias e nos perímetros ur-banos.

w Fortalecimento das cadeias produtivas.

w Implementação de plata-formas logísticas (centros integrados de transporte e distribuição).

w Redução dos custos logísticos. w Viabilização de porto para ope-

ração de contêineres.w Buscar alternativas de enfren-

tamento da crise hídrica.

infraestrutura e logística

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Artigo

vencendo os gargalos da logística

luiz Wagner CHiePPePresidente do espírito santo em ação

PArA quEm DEPENDE DE loGíSTicA No ES-PíriTo SANTo E No BrASil, São FuNDAmEN-TAiS DoiS Pré-rEquiSiToS: oTimiSmo E DETErmiNAção. No conturbado momento do país, otimismo é fundamental, especialmente pela expectativa (e necessidade absoluta) de um desfecho nesta crise política que atravanca a economia. Como disse o governador Paulo Hartung em recente entrevista, o país não pode ficar paralisado em função de briga política.

E precisamos ainda mais de determinação, para continuar cobrando soluções imprescindíveis no campo da logística. Até porque as pequenas, médias e grandes empresas, todas igualmente prejudicadas pela precariedade das condições de nossas estradas, ferrovias, portos e aeroportos, não podem se limitar a reclamações e críticas, e muito menos ficar de braços cruzados.

Mesmo neste cenário político atual, não temos outra alternativa a não ser acreditar na transfor-mação e insistir no estudo e na implementação de medidas que são imprescindíveis ao combate dos inúmeros gargalos. Precisamos ter foco para avançar e buscar soluções.

Não há dúvidas de que temos necessidade ur-gente de investimentos em todos os modais, além de projetos modernos que visem à melhoria da mobilidade urbana nas grandes cidades.

Um dos pilares do desenvolvimento deve ser os nossos portos, que têm forte poder de atração de fluxos de mercadorias e negócios, com alta geração de empregos e renda, capazes de dire-cionar e qualificar o desenvolvimento de regiões.

Porém, para que cumpram seu papel de ma-neira eficaz, eles precisam seguir o exemplo do bem adotado modelo de Verona: devem estar integrados a um centro logístico, a um parque fabril e a um centro de abastecimento; estar,

preferencialmente, próximos a um aeroporto; e terem conectividade rodoviária e ferroviária, fazendo interligação para dentro e para fora do Estado.

Nesse sentido, é importante dizer que, sem essa conectividade sistêmica, um mesmo em-preendimento, que a princípio tem tudo para ser catalizador de desenvolvimento, se transforma numa ferramenta de perda de capacidade de atração de negócios, de diversificação econômica e de competitividade.

E independentemente da quantidade de portos que venham a ser instalados no Espírito Santo, em médio e longo prazos, todos devem seguir o mesmo conceito, ou seja, de ser uma solução regional, e não apenas local.

Os gargalos na infraestrutura capixaba estão entre os assuntos mais recorrentes e debatidos entre as áreas pública e privada nas últimas décadas. Mas a boa notícia é que esses entraves, que tanto brecam o desenvolvimento do Estado, aos poucos caminham para um bom desfecho.

A concessão da BR 101 à iniciativa privada, que chegou a ser criticada por alguns grupos, mostra resultados inquestionáveis. Colaborou muito com a logística, reduzindo o tempo e o custo de viagem dos caminhões, por exemplo.

E melhor: já gerou cerca de 1.000 empregos e deve gerar outros 1.000 com o início das obras de duplicação da rodovia. Melhor ainda: reduziu em nada menos que 40% o número de mortes na BR 101.

A situação da BR 262, outro gargalo histórico dos capixabas, precisa igualmente de solução. Mas não nos falta otimismo para acreditar que os entraves serão superados e que, a exemplo da BR 101, em breve veremos uma estrada

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“OS POrtOS dEvEm EStAr intEgrAdOS A um CEntrO lOgÍStiCO, A um PArquE fAbril E A um CEntrO dE AbAStECimEntO, EStAr PrEfErEnCiAlmEntE PróximO A um AErOPOrtO E tErEm COnECtividAdE rOdOviáriA E fErrOviáriA”.

melhor, que contribua com o modal rodoviário e, principalmente, fique mais segura para os seus usuários e gere empregos em todo o seu processo de melhoria, ampliação e duplicação.

Animadora é a perspectiva do Governo do Es-tado de implementar a concessão de trechos rodoviários na região de Cachoeiro, Colatina e Aracruz. Esta é uma decisão adequada em razão da necessidade absoluta de melhoria de nossa infraestrutura.

Outros dois “entraves” velhos conhecidos dos capixabas, o porto e o aeroporto, também estão vivendo na esperança de dias melhores. O Porto de Vitória está recebendo investimentos que, sem a menor dúvida, ampliarão sua produti-vidade e, consequentemente, sua eficiência. Temos também bons e importantes projetos para as regiões o Sul e Norte, bem consolida-dos. Estes grandes empreendimentos serão de fundamental importância para o Espírito Santo, com alta capacidade de geração de renda e de oportunidades de trabalho, e com grande potencial para viabilizarem ainda um outro projeto, importantíssimo, a ferrovia F118, que liga Vitória ao Rio.

E o Aeroporto Eurico Salles ganhou outro cro-nograma, assim como o de Linhares. Juntas, essas notícias mostram que a já famosa agenda velha do Espírito Santo começa a destravar. Se olharmos para trás, não teremos dúvidas de que conseguimos evoluir. Mas diante das perdas que tivemos em função do ostracismo logístico que

vivemos ao longo de décadas, é inconcebível pensar que esse jogo está ganho.

Muito pelo contrário! Agora é a hora de focar em planejamento, fazer acontecer os projetos que estão em curso e garantir

nosso desenvolvimento sustentável em curto, médio e longo prazos.

Felizmente, vivemos hoje no Estado um mo-mento que nos permite planejar, analisar e realizar. Bem diferente de passado já distante, quando não tínhamos uma direção que nos indicasse para onde ir. Aliás, foi diante dessa necessidade que nasceu o Plano Estratégico ES 2025, desenvolvido pelo Governo do Estado, em parceria com a iniciativa privada e partici-pação da sociedade, que depois foi revisado e se transformou em ES 2030.

Em linhas gerais, esse plano estratégico pos-sibilita o direcionamento dos investimentos de forma integrada, preconiza a descentrali-zação e o direcionamento do desenvolvimento capixaba.

Além disso, foi a partir do ES 2025 que che-gou-se ao Peltes, nosso Plano Estratégico de Logística e Transportes do Espírito Santo, que também trouxe indicadores de crescimento e apontou soluções para sanar os entraves que retardam nossos avanços.

O Peltes, a exemplo do 2025 e do 2030, contou com o empenho e participação efetiva em todas as fases do Espírito Santo em Ação, organização criada em 2003 exatamente com o intuito de contribuir para o desenvolvimento do Estado.

Existe, hoje, um cenário positivo que nos faz ter boas perspectivas quanto às grandes demandas logísticas do Estado. Depois de muito apontar os problemas, as ações – ao que tudo indica – passam a fazer parte do dia a dia do Estado. E esse movimento, por si só, é uma conquista. Porém, ainda há muito mais o que fazer.

Nossa grande missão é deixar para as gerações futuras um legado melhor do que recebemos e que nos deixou estagnados por tanto tempo, mesmo diante de todas as potencialidades históricas que possuímos. s

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integracao competitiva: chave para um desenvolvimento equilibrado

ArtigoJosé eduardo azeVedo

secretário de estado de desenvolvimento

o DESENVolVimENTo EcoNômico DE umA rEGião, SEJA muNicíPio, ESTADo ou PAíS, DEPENDE, DENTrE ouTroS FATorES, DoS rEcurSoS Ali ExiSTENTES E DA PoSSiBili-DADE DE criAção DE NoVoS.

Estes recursos devem ser capazes de permitir o desenvolvimento das atividades já exploradas, mas também de ampliar e atrair novos projetos que gerem mais emprego e renda para a eco-nomia local.

Nesse contexto, os investidores e empreendedo-res tendem a aplicar seu capital em localidades que apresentem melhor e mais confiável am-biente econômico e político além, obviamente, de outros recursos necessários ao desenvolvimento dos negócios.

Por um lado, há recursos que são facilmente mensuráveis: localização geográfica; infraestru-tura logística, como rodovias, ferrovias, aeropor-tos e portos entre outros equipamentos; siste-mas de comunicação; energia; água; instituições e capital humano de qualidade, entre outros. No entanto, há aqueles recursos que não são tão

facilmente mensuráveis, como o dinamismo ou potencialidade da economia local, imagem da região, qualidade da administração pública e sua disposição para geração de um ambiente de negócios favorável, qualidade das entidades privadas e das instituições científicas, etc.

O desenvolvimento econômico corresponde ao resultado do conjunto de todas as ações realiza-das pelos seus mais evidentes agentes, incluindo o setor produtivo e o Estado constituído, bem como outros com funções específicas, como qualificação, crédito, promoção, entre outros, que buscam, cada um à sua forma, aumentar o grau da competitividade da economia local.

Com efeito, todos estes recursos, mais ou me-nos mensuráveis, são produzidos ou geridos por instituições públicas ou privadas, direta ou indiretamente, e, de fato, constituem um conjunto integrado por fatores e atores cuja atuação determina a capacidade competitiva da economia local ou regional.

Assim, os esforços empreendidos para aumentar a competitividade da economia local não podem

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prescindir de uma atuação sistêmica. Ou seja, a competitividade da economia local é verdadei-ramente sistêmica na medida em que resulta da interação e integração de todos os seus fatores e atores e onde o resultado final é sempre maior que a soma das partes. Isto vale, obviamente, para o bom e para o mau resultado.

Em termos locais, resulta compreender que não basta que tenhamos uma localização geográ-fica privilegiada e equipamentos adequados de infraestrutura logística por exemplo, se outros fatores não estiverem também adequados. Mas também não basta ter todos os fatores e todos os atores adequados, em qualidade e quantidade, se os atores não estiverem integrados entre si.

Bons fatores de desenvolvimento e atores quali-ficados por si só não são suficientes para tornar uma economia local mais competitiva no mundo moderno, global e cada vez mais competitivo. A qualidade das relações funcionais entre atores e fatores é determinante para a obtenção do resultado final esperado, que neste caso é tornar a economia capixaba competitiva promovendo, consequentemente, a sua inserção nos mercados nacional e internacional.

Cabe, no entanto, destacar que tal integração e interação permanentes não ocorrem sem uma governança estruturada, que seja capaz de colocar esses atores do desenvolvimento econômico do Estado em torno de uma mesma “mesa”, para:•Pactuara integraçãodasaçõesdecadaum

entre todos os demais;•Alinharaatuaçãodecadaatorcomfoconos

objetivos e metas estabelecidos para a eco-nomia estadual (resultado do sistema);

•Acompanhareavaliaraevoluçãodeindicadorespreviamente estabelecidos para corrigir rumos e eventualmente posturas dos agentes;

•E,porfim,solucionarproblemasderelaçõesfuncionais existentes entre os agentes e adotar

medidas inovadoras para superação de obs-táculos novos que venham a se apresentar.

Tal proposta encontra respaldo no próprio plane-jamento estratégico do Espírito Santo que apre-senta como uma de suas sugestões o fomento do ”uso de estratégias de governança como fóruns, comitês, câmaras, grupos de trabalho ou mesmo acordos de cooperação e parceria”.

Não obstante, temos que ter em mente que quando falamos do Espírito Santo devemos lembrar que nosso Estado possui grande vocação para o desenvolvimento e para a competitivi-dade, tendo em vista os fatores e atores aqui presentes, e é reconhecido no cenário nacional como uma ótima oportunidade de investimento para empresas de diversos segmentos. As razões para isso são várias: vão desde a localização privilegiada, passando por um histórico de es-tabilidade política e fiscal, até a adoção de uma política que preza pelo crescimento equilibrado, sustentável.

Com esta visão o Governo do Estado destacou, entre seus projetos estruturantes, a melhoria no ambiente de negócios, visando atrair cada vez mais empreendimentos que criam oportunidades para nossa economia. Uma gestão organizada permite um crescimento equilibrado e melhor desempenho tanto para o serviço público como para as empresas em questão.

A integração competitiva, numa perspectiva sistêmica, é certamente um caminho mais seguro que poderá levar “o Espírito Santo a ser cada vez mais uma referência de competitividade, orga-nização, desenvolvi-mento e qualidade de vida para seus cidadãos”. s

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