ebook - anuario de fotografia 2010

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ndiceTCNICAS FOTOGRFICAS................................................................................................................................. 5 Retrato .............................................................................................................................................................................. 6 5 Dicas Bsicas para um bom Retrato ............................................................................................................................... 8 Iluminao bsica de retrato .......................................................................................................................................... 12 O que a Caixa de Luz para Retratos e Moda ............................................................................................................. 13 Com quantos flashes se faz um carto de Natal ............................................................................................................. 15 Fotos Areas & Grafismos............................................................................................................................................... 16 10 dicas para fotografia de paisagem ............................................................................................................................. 18 Crnica de fotografia de Natureza .................................................................................................................................. 21 Fotografia a quanto obrigas ......................................................................................................................................... 25 Fotografia de paisagem nas Serras de Portugal.............................................................................................................. 27 Viagens e Fotografia........................................................................................................................................................ 31 Admirando a Paisagem ................................................................................................................................................... 34 Breves consideraes sobre Fotojornalismo .................................................................................................................. 40 Fotografia Infantil - O B-a-b ........................................................................................................................................ 46 Fotografia de Shows: entre o domnio de luz e a paixo ................................................................................................ 48 O Segredo das fotografias noturnas ............................................................................................................................... 49 Fotografia Noturna sem segredos!!! ........................................................................................................................... 51 Fotografando na chuva ................................................................................................................................................... 53 Fotografar durante o Inverno ......................................................................................................................................... 55 Como transformar a sua sala num estdio profissional ................................................................................................. 59 DICAS FOTOGRFICAS .................................................................................................................................... 63 10 Questes bsicas que o fotgrafo deve saber antes de fotografar ........................................................................... 65 Fotografia Digital 25 Questes Bsicas ........................................................................................................................ 66 O que a fotografia, afinal?............................................................................................................................................ 72 Cores Vav....................................................................................................................................................................... 73 Literaturas e Leituras Fotogrficas.................................................................................................................................. 74 Melhorar suas fotos Regras de composio ................................................................................................................ 80 Enquadramento Regra dos teros................................................................................................................................ 83Anurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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Quebrando a regra dos teros ........................................................................................................................................ 84 A abertura do diafragma O mistrio desvendado! ...................................................................................................... 85 Fotografando sem flash .................................................................................................................................................. 88 J fotografou seu banheiro hoje? ................................................................................................................................... 88 Identidade. A sua fotografia tem? .................................................................................................................................. 90 Do que um fotgrafo composto................................................................................................................................... 92 Criando um estdio a cu aberto em tempo nublado .................................................................................................... 93 Direito Autoral Registro de Fotografia ......................................................................................................................... 94 Preservao fotogrfica Digital ....................................................................................................................................... 97 10 Dicas sobre cartes de memria................................................................................................................................ 99 HISTRIA DA FOTOGRAFIA ........................................................................................................................... 100 Fotgrafos brasileiros mais consagrados ...................................................................................................................... 101 Histria da fotografia no Brasil ..................................................................................................................................... 113 Fotografia: A linha do tempo ........................................................................................................................................ 117 TCNICAS DE PS-PRODUO ...................................................................................................................... 129 Como obter fidelidade de cores nas fotografias impressas.......................................................................................... 130 Marca dgua: hora de sujar suas fotos ........................................................................................................................ 133 Pixels e Resoluo ......................................................................................................................................................... 135 Qual formato utiliza para salvar suas fotos?................................................................................................................. 138 ARTIGOS DE OPINIO ................................................................................................................................... 140 Crtica pela crtica ou escambo de elogios? .................................................................................................................. 141 Uma foto pode matar?.................................................................................................................................................. 143 A informao na fotografia ........................................................................................................................................... 144 A polmica da marca dgua ......................................................................................................................................... 146 Fotografia: evoluo ou baguna conceitual? .............................................................................................................. 147 Equipamentos melhores fazem fotos melhores? ......................................................................................................... 149 A fotografia necessria............................................................................................................................................... 150 ENTREVISTAS ............................................................................................................................................... 152 Entrevista a Enio Leite - Um dos maiores nomes da educao fotogrfica no Brasil ................................................... 153 Senhoras e Senhores, com vocs, Clicio Barroso .......................................................................................................... 155 Lair Bernardoni - Romantismo feminino uma resistente........................................................................................... 158 Mauricio Po - Entrevista exclusiva ................................................................................................................................ 160 Erika Verginelli: a fotgrafa full time ......................................................................................................................... 162 Kazuo Okubo um voyeur por excelncia .................................................................................................................... 165 Ricca Marques: paixo por escrever com a luz desde sempre ..................................................................................... 166 Dani Prates Fotgrafa de famlia e infantil................................................................................................................. 170 Renato Miranda: A pessoa por trs do I love my job ................................................................................................ 173Anurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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Kirsty Mitchell - fotgrafa e fashion designer ............................................................................................................... 178 Fotografia molhada, fotografia abenoada! ................................................................................................................. 181 Jorge Bispo revela: Gente. S sei fotografar gente ................................................................................................... 183 TENDENCIAS DO MERCADO .......................................................................................................................... 186 Dicas para Oramentar correctamente um trabalho fotogrfico ................................................................................. 187 Cansei, mudei de profisso, virei fotgrafo!................................................................................................................. 190 Fotgrafo, por onde comear? ..................................................................................................................................... 192 O outro lado da Fotografia............................................................................................................................................ 196 Fotografia e Gesto ....................................................................................................................................................... 198 No basta fotografar, necessrio saber vender ......................................................................................................... 199 Vida de Fotgrafo.......................................................................................................................................................... 201 Que tipo de fotgrafo voc ? ...................................................................................................................................... 203 Como lidar com a concorrncia na Fotografia de Casamentos .................................................................................... 205 Que a sorte nos encontre trabalhando ......................................................................................................................... 208 Como se inserir no mercado fotogrfico ...................................................................................................................... 210 Fotografia Profissional: As inmeras reas do conhecimento ..................................................................................... 212 Decidi que quero ser fotgrafo. E a?! .......................................................................................................................... 214 5 razes para investir em fotografias de alta qualidade............................................................................................... 215 Controle de qualidade, voc faz?.................................................................................................................................. 217 Oramento fotogrfico ................................................................................................................................................. 219 Ansiedade Fotogrfica .................................................................................................................................................. 221 Desconto, dar ou no dar?............................................................................................................................................ 223 EQUIPE FOTOGRAFIA-DG .............................................................................................................................. 226 Diogo Ramos ................................................................................................................................................................. 227 Fernando A. Melo ......................................................................................................................................................... 229 Fernando Bagnola ......................................................................................................................................................... 231 Hermes Cerelli ............................................................................................................................................................... 233 Jssica Tavares .............................................................................................................................................................. 235 Annelize Tozetto ........................................................................................................................................................... 236 Tyto Neves .................................................................................................................................................................... 238 Nuno Lus ...................................................................................................................................................................... 240 Mariana Simon .............................................................................................................................................................. 241 Carol Avon ..................................................................................................................................................................... 243 Armando Vernaglia ....................................................................................................................................................... 244 Renato dPAULA ............................................................................................................................................................. 246 J Grilo ............................................................................................................................................................................ 248

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RetratoPor: J Grilo

Podemos comear pelo que a maioria das pessoas pretende de um retrato, que este seja reconhecvel, bastante atraente e que mostre o lado mais agradvel da sua personalidade e fisionomia. o tipo de declarao do fotografado Eis o que sou, e este o meu aspecto. No irei falar de fotografia de pose, mas de fotografarmos rostos. Simplicidade a palavra-chave. O rosto humano super interessante, sem termos que aplicar grandes tcnicas fotogrficas complicadas ou composies invulgares. Um dos truques para se conseguir uma imagem simples, mas com grande impacto visual, , sermos capazes enquanto fotgrafos de encorajar as pessoas a descontrair e agir normalmente para no se fixarem em poses. Um retrato no tem de ser captado em condies controladas de iluminao avanada e planeada. Muitos dos melhores retratos que j vi so frutos do espontneo, porque o fotgrafo soube aproveitar a oportunidade, e com o digital no temos nada a perder. No vai haver nenhum fundo com que tenhamos de nos preocupar, nem linguagem corporal ou roupa que ir dominar a fotografia. O outro lado da moeda que iremos ter pouco espao para erros na composio, focagem, iluminao ou expresso. Esta ultima de facto ir dominar a imagem. Existem milhares de maneiras de compormos um retrato de maneira a que este se concentre no rosto, por vezes o mais usual fazermos um enquadramento vertical, mas tambm podemos ignorar essa regra e fazermos enquadramentos horizontais, at mesmo cortando a parte de cima da cabea do fotografado, pode ser interessante e vai aumentar a ateno do observador nos olhos dentro do enquadramento, para onde se dirige o olhar, o seu brilho e como esto iluminados, so pontos vitais para o sucesso da imagem. Pgina 6 de 249 Anurio 2010 Fotografia DGwww.fotografia-dg.com

Estes devero estar ntidos. Uma teoria afirma que se deve focar sempre no olho mais prximo, outra diz que dever ser o que est mais iluminado. Mas ser apenas uma questo de gosto pessoal, o que importante manter o ponto de focagem num ou ambos os olhos.

Aqui ficam alguns exemplos de enquadramentos verticais e horizontais:

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5 Dicas Bsicas para um bom RetratoPor: Tyto Neves

Dica # 1 EstudarParece simples no mesmo? Mas no . Para comearmos a entender como feito um simples retrato devemos estudar alm dos grandes nomes da fotografia de retratos, os grandes nomes da pintura. Dessa forma poderemos entender como a luz projetada caminha e reflete sobre nosso retratado, por vezes evidenciando, por outras ocultando detalhes que se revelam diante de nossa cmera.

Dica # 2 PraticarMais simples ainda no mesmo? Mas por incrvel que parea no o que vejo publicado nos inmeros blogs que chegam diariamente a minha caixa de mensagens. Vejo muitas fotografias feitas na euforia, com lentes inadequadas, uso intenso de grande angular para retratos, luz irregular, usando os mesmos presets do Lightroom, ou filtros do Photoshop. Isso resultado da fase de euforia que a fotografia cria, com a facilidade de captura digital. Um bom exerccio seria desligar o visor da cmera e ver o resultado apenas depois que o trabalho estiver pronto. Parece estranho? Mas acredite, no ! *Nota: No estou defendendo o uso da fotografia analgica, mas o sistema de aprendizado. Sou usurio do sistema lanamento da Mavica FD81. digital desde o

Fotografava obras de arquitetura para relatrios com ela, tempos depois a saudosa G2 e por ai vai. Em 10 anos o desenvolvimento tecnolgico das cmeras digitais rompeu a cada ano barreiras surpreendentes. Mas em contrapartida o aprendizado em algumas etapas diminuiu. Obviamente trabalhamos em outras plataformas, mas destaco aqui um item primordial na fotografia, que praticamente foi posto de lado, inclusive (por um tempo confesso) por este que vos escreve. Nosso amigo fotmetro. Pratiquem a fotografia de retratos com o uso do fotmetro. Se voc usa, parabns. Se no usa, experimente. Sua fotografia, sua maneira de ver o mundo vai mudar, acredite. Destaco aqui o tempo das sadas fotogrficas promovidas por nosso amigo Enio Leite da Focus aos domingos pelo centro de So Paulo. Nossa brincadeira era olhar a palma da mo e dizer a fotometria. 1/200 e F11 no Provia 100 F ou 1/100 e F8 no Velvia 50

Dica # 3 RegrasAnurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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Em minhas primeiras aulas de fotografia na faculdade de arquitetura eu falava: Regras existem para serem quebradas. Pois bem, o resultado dessa poca so fotos com horizonte torto, cortes comprometedores no que se refere linguagem fotogrfica e enquadramentos estranhos. Sabe aquelas fotos que voc precisa virar o pescoo para entender a mensagem do artista? Ou ento aquelas fotos onde as diagonais no levam nada a lugar nenhum? Sem falar nas fotos sem foco onde insistimos em dizer que a mensagem interpretada de acordo com a intelectualidade de cada observador. Pode parar de rir e confesse: Voc j fez isso no mesmo? Se estiver rindo um timo sinal. Sua fase (necessria para o aprendizado) de experimentaes j passou. Agora fotografar corretamente, lembrando que uma boa foto fala por si. No precisa de explicaes artsticas ou tericas. Faa um teste: Selecione 10 fotos de sua obra. Aplique as regras mais simples: Regras de Composio ngulos e Planos de Enquadramento, Plano Geral, Plano Mdio, Plano Americano Regra dos tero Ponto de Ouro Sentido de Leitura Diagonais

Acredite, vai ter uma surpresa ao ver que suas melhores fotos estaro dentro de alguma regra que voc achou estar quebrando.

Dica # 4 Linguagem CorporalNosso corpo realmente fala. Portanto preciso observar a mensagem que o personagem est nos transmitindo ao ser fotografado. Alguns cuidados bsicos em relao postura do (a) fotografado (a) podem mudar muito o resultado fotogrfico. Vejamos no caso de Retratos de Gestantes: Postura/Coluna Reta Por uma questo de fsica, geralmente as gestantes ao sentarem deixam o corpo se acomodar numa posio onde a coluna no seja muito requisitada. O resultado disso uma fotografia onde a gestante ficar encurvada para frente. Como resolver isso? Simplesmente fique atento e pea que ela fique com a coluna reta, ao menos na hora da fotografia. Isso no se aplica somente as gestantes, mas para todo tipo de pessoa. Braos Cruzados Podemos destacar dois casos: Defesa e desconforto.

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A pessoa de braos cruzados geralmente no est vontade. No est aberta a receber nada que venha de fora de seu permetro, ou do alcance dos braos. Portanto uma pessoa assim no ir render boas fotos at que ela esteja totalmente vontade. Quando ela colocar as mos no bolso, ou para trs do corpo, ou at mesmo apoiar-se em algo ela estar bem vontade. Pistas Verbais O Tom de nossa voz o grande mensageiro de nossas emoes. A variao de altura e intensidade de voz pode revelar particularidades, que o corpo reeducado pode esconder. Alguns exemplos: Voz alta: Pessoa que est no controle, autoritria, intimidadora. Voz apagada: Sem emoo, timidez, desconfortvel na situao. Voz macia: Conforto, educao, pessoa resolvida emocionalmente, cansao.

*Nota: Isso no uma cincia exata, e os fatores precisam estar relacionados uns aos outros para compor um cenrio especifico entre cada situao ou pessoa que voc ir fotografar.

Dica # 5 Interao com o PersonagemQuanto mais a pessoa estiver vontade com voc, melhor ser o resultado fotogrfico. Portanto no tenho pressa ao fotografar. muito comum a pessoa ficar um pouco assustada ao chegar ao estdio, afinal esse ambiente no faz parte de sua rotina, ento tudo novidade. A melhor maneira para passar essa etapa apresentar o estdio, mostrar o funcionamento, falar sobre outros trabalhos, famlia, assuntos do cotidiano. Investindo tempo nessa etapa, voc ganhar rendimento durante o ensaio, pois conseguir a confiana e proximidade necessria para explorar ngulos e tipos de luz diferentes, sem cansar o fotografado (a). Fique prximo, mas mantenha a distancia profissional. Veja, essa minha maneira de fotografar, e isso se aplica diretamente a minha linguagem fotogrfica. O resultado pode ser visto ao longo dos anos, nas histrias de inmeras famlias que voltam e continuam a indicar novas famlias para ensaios.Anurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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Mas destaco que esse comportamento deve ser uma coisa natural, no crie um personagem. Muita gente no gosta desse tipo de relacionamento com clientes. Respeito isso, mas no consigo fotografar uma pessoa sem saber um pouco de sua histria. Claro, s vezes todo esse empenho pode esbarrar num fator determinante: Tempo. Certa vez ao fotografar 30 advogados de um escritrio num prazo de 3 horas no havia tempo para conhecer todo mundo e falar sobre futebol, cotidiano etc. Como resolvi isso? Na espera enquanto o estdio era montado colocamos vrios lbuns e fotos de meu trabalho. Todo tipo de fotografia, inclusive revistas e livros onde meu trabalho fora publicado. Assim, quando chegavam um a um ao estdio eu perguntava: Gostou das fotos na recepo? timo! Mas as nossas ficaro ainda melhores. O resultado? 30 pessoas felizes e sorridentes fotografadas em 3 horas. Bom, se voc chegou at aqui merece uma surpresa: Mais 5 dicas que somadas as demais completam uma lista de conduta pessoal e profissional.

Dica # 6 Seja autntico e verdadeiro. Dica # 7 Sua linguagem um filtro natural para clientes. Dica # 8 Estude sempre. Dica # 9 Quando pensar que sabe tudo estude mais ainda.

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Iluminao bsica de retratoPor: J Grilo

Profissionalmente os fotgrafos precisam adiantar a preparao de uma sesso fotogrfica, com especial ateno se ela for feita em estdio, porque neste caso ir precisar de iluminao. Isto vai tornar as coisas menos divertidas e menos simples do que a fotografia casual de exterior, mas vai ser possvel inventar e garantir um tipo de imagem interessante. A iluminao o elemento chave do retrato, e se estamos a construir do nada, iremos descobrir que uma iluminao com uma luz suave ir servir para a maior parte das caras, ao contrrio de uma luz dura. Um dos tipos de iluminao mais bsicos na fotografia e de maior confiana inclui uma luz principal, difundida por uma sombrinha ou softbox, a 45 graus do modelo, uma segunda luz mais fraca ou reflector para preencher as sombras, uma terceira mais afastada e direcionada, pode iluminar o cabelo ou o outro lado da cara. A luz principal ser responsvel pela moldagem bsica, enquanto que o resto das luzes vo reduzir o contraste e suavizar as sombras. Para ajudar a iluminar a sombra por baixo do queixo, que normalmente mais escura, podemos pedir ao modelo, caso no tenhamos um assistente ou suporte, para segurar um refletor, que poder ser branco ou prateado ou outra cor, dependendo da tonalidade pretendida. Existem obviamente tantas maneiras de iluminar rostos como fotgrafos e vale sempre a pena experimentar estilos diferentes. Todas as sugestes de luz aqui referidas, bem como os refletores, podero e devem ser alteradas conforme necessrio. A soluo ir depender do resultado desejado Uma fotografia de beleza suave ou um retrato vigoroso. Mas alguns princpios tm de ser observados, a luz pode tambm ser usada para realar as melhores caractersticas da cara e disfarar as menos boas. Estas decises tm de ser tomadas mediante as circunstancias, e teremos que ir alterando a iluminao ao longo da sesso. 1 Cabelo: O cabelo fica com melhor aspecto quando parcialmente iluminado por trs, dando algum brilho. 2 Testa: A menos que tenha a sombra do cabelo, a inclinao da testa pode reflectir uma iluminao forte e parecer e parecer demasiado exposta. Aqui a luz difundida poder reduzir este problema. 3 Olhos: Normalmente precisam de um bom preenchimento de sombra para evitar que fiquem muito escuros. 4 Nariz: No h problemas especiais na iluminao do nariz, embora possa ser necessrio evitar que parea demasiado proeminente. Uma luz forte cruzada ir produzir uma sombra e acentuar o nariz. Uma iluminao menos bvia ser mais eficaz. 5 Mas do rosto: Factor importante nos retratos. As mas do rosto fortes e altas so particularmente fotognicas. 6 Boca: A boca no causa geralmente problemas de iluminao. Devemos ter algum cuidado com batons mais escuros, em imagens P&B e tambm a cores, podero parecer, mais proeminentes. 7 Queixo: Com iluminao por cima, vantajosa em alguns casos pode criar uma grande sombra, ser boa ideia colocar por baixo do queixo um reflector. 8 Orelhas: Se o modelo tem as orelhas grandes, apenas uma alterao da pose pode ajudar. Uma pose a trs-quartos melhor do que de frente. A iluminao um elemento fundamental na fotografia, espero que tenha gostado. Aguardo pela sua opinio nos comentrios!Anurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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O que a Caixa de Luz para Retratos e ModaPor: Fernando Bagnola

J faz algum tempo que tenho conversado com o Diogo Guerreiro sobre a minha vontade de criar aulas ilustradas que nada mais so do que um making of dos meus prprios trabalhos onde ensino todos os truques (mesmo). H alguns meses comecei a desenvolver uma srie de ensaios com uma modelo new face, Carol Maia, e tive a ideia de criar no Olhares o upload em tempo real, ou seja, clicava e depois de 10 minutos algumas das fotos j estavam online para que todos pudessem curtir e aprender tambm j que explicava exatamente o que havia feito para obter aquele resultado. Percebi que o assunto Caixa de Luz que eu mencionava chamava muito a ateno dos visitantes da minha galeria e tenho comigo inmeras mensagens de pessoas que gostariam de saber o que , como se constri e para que serve esse tipo de luz que muitos profissionais topo de gama utilizam para suas maravilhosas fotos j que sua principal vantagem o ritmo por permitir a movimentao variada da modelo (profissionais, no briguem de novo comigo mas que tenho alma de professor ).

Modelo: Carol Maia / Make up/Hair: Vanessa Souchet / Styling: TeamWork

1) DEFINIO: O termo Caixa de Luz define uma rea onde qualquer posio (ou pose) est garantidamente bem iluminada e, principalmente, com a mesma fotometria. Isso acontece porque forma-se uma caixa de segurana com vrias fontes de luz dispostas ao redor e o mais emocionante que sempre h uma variao significativa do efeito da iluminao, embora as fontes estejam sempre na mesma posio. Para os que j ficaram meio desanimados pensando que no possuem cabeas de flash, refletores, fundos pretos, eu tenho uma tima notcia pode-se improvisar com lmpadas comuns tambm desde que no sejam fracas e que se faa um balano customizado dos brancos que um recurso muito comum nas cmeras DSLR de gama mdia (leiam seus manuais, Fotodgnianos!!!). Eu fiz uma fotografia em plano aberto do que estava acontecendo e numerei todos os componentes que julguei serem importantes para que vocs pudessem entender exatamente do que se trata e como a caixa de luz vale tambm para vrios enquadramentos desde portrait at corpo inteiro.

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1 Luz Principal: Cabea de flash em potncia com snoot para concentrar e manter a luz numa determinada rea (em potncia para no estourar a pele mantendo os tons mdios mais naturais). 2 Cabea de flash com sombrinha branca em potncia total para criar altas luzes e brilhos. 3 Cabea de flash com sombrinha branca em potncia total para criar altas luzes e brilhos. 4 Refletor dourado para captar a luz parasita proporcionando um tom de pele mais quente. 5 Disparador por Radio Frequncia que evita a presena de cabos (e tropeos desastrosos). 6 e 7 Reflexo da luz parasita que funciona como a tampa e fundo da caixa de luz devolvendo para a cena (podem ser feitas com placas de esferovite/isopor). 8 e 9 Nesse dia o frio era intenso e sempre importante que a modelo sinta-se confortvel. Importante: Sempre opte por tecidos (hobby) ou superfcies (aquecedor) brancos, pretos ou cinzentos para no contaminar a luz com reflexos de cores que no sejam brancas. 10 Fundo preto (mate) para evitar incluso de brilhos indesejados. 11 Um depsito de pilhas Pilho (www.ecopilhas.pt) para que o mundo no fique contaminado pelas incontveis pilhas que NS utilizamos (o planeta agradece).

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Com quantos flashes se faz um carto de NatalPor: Armando Vernaglia Jr

H muitos anos sou um grande entusiasta do uso de flashes dedicados em estdio, tanto que substitui todos os meus flashes tradicionais por unidades dedicadas que trabalham usando o sistema TTL das cmeras. Esse sistema tem inmeras vantagens como portabilidade, independncia sobre a rede eltrica, o fato de dispensar o uso de um Flash Meter (fotmetro de mo) entre outras. Aproveito esta volta ao tema para anunciar que inicio agora uma longa srie de artigos sobre fotometria e flashes dedicados. Fao isso aps notar a carncia de bibliografia no assunto em lngua portuguesa e tambm aps acumular longa experincia ministrando cursos nesses dois tpicos. Fotometria e flash so assuntos que se relacionam, um no vive sem o outro, da a necessidade de tratar os dois simultaneamente. Mas voltemos ao carto de Natal e a pergunta que d ttulo a este artigo, cuja resposta neste caso 3. Sim, so necessrios 3 flashes pata fazer este carto de Natal e voc pode ver a distribuio deles nesta imagem abaixo: E o resultado final da foto esta abaixo: Os ingredientes para a foto so muito simples, um pouco de farinha de rosca (aquela que feita moendo po), enfeites natalinos comprados em uma loja, uma bolinha de mouse, uma pequena sombrinha usada para decorar bebidas tropicais e uma folha de EVA (borracha) verde. Alm disso temos rebatedores que visam deixar a luz suave, sem sombras agressivas ou muito marcadas, flashes (neste caso, um Canon Speedlite 550EX e dois Speedlite 420EX). A luz principal feita com o 550EX, que ganhou um difusor para espalhar um pouco a luz no ambiente e ter um resultado mais suave. Os dois flashes 420EX cumprem com a finalidade de criar brilhos na borracha e assim simular a gua do mar, as dobras na folha quando desfocadas do a impresso das ondas. Alm disso esses flashes iluminam o fundo branco o que aumenta a difuso geral da luz e sua consequente suavidade e naturalidade. Tudo foi apoiado sobre uma mesa de jantar e a foto foi feita literalmente na sala de minha casa. Devo dizer que tanto esta foto, como outros dois cartes que fiz em outros anos esto disponveis para download gratuito em meu site. Basta colocar a imagem em seu carrinho de compras e proceder o fechamento, gratuito, um presente de Natal para meus amigos, leitores, seguidores no Twitter e todos os demais que de alguma forma acompanham minha trajetria fotogrfica.Anurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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Fotos Areas & GrafismosPor: Lucas Amorelli

Comeo minha terceira coluna agradecendo ao piloto Dr. Fernando Arruda Botelho pelo incrvel convite de voar da cidade de Itirapina at Rancharia no interior paulista acreditando no meu sonho de um dia fazer parte da elite mundial da fotografia. Nesse trabalho mais do que especial, retratei os grafismos formados pela vegetao. Mas o que so grafismos? Na fotografia uma tcnica usada para criar imagens abstratas e com composies geomtricas. Geralmente so fotos de forte apelo grfico, que retratam detalhes arquitetnicos de construes, objetos coloridos ou Uma plantao de eucaliptos formam uma pizza gigante situaes em que vale mais a forma do que o contedo. Na minha humilde viso e mais resumida do que tudo isso, o grafismo uma forma de treinar os olhos valorizando coisas simples, formas sem sentidos que nos fazem ficar atentos a todos os detalhes. Mesmo em fotos como essas em que tudo parece sem sentido. Lembre se da regra dos teros para compor melhor suas fotos.

Dicas tcnicas ISO sempre alto, para manter o contraste e usar velocidades mais altas. Aberturas menores para maior profundidade de campo. Velocidade mais alta para ajudar evitar desfoques, pois estar no mnimo a 120km/h. Escolha lentes grande angulares. Filtro polarizador

Dicas importantes1. Para fazer fotos areas importante conhecer o piloto. Um fator primordial explicar como quer enquadrar certas paisagense ter que fazer com que o piloto compreenda altura e velocidade. 2. Esteja atento posio do sol e nuvens que podem atrapalhar. 3. Evite voar com avies nas quais no possui janelas, pois fotografar com um acrlico ou vidro na frente, tira toda a vida de sua imagem, fora que ter reflexos mais do que indesejados. 4. O melhor horrio para voar sem dvida alguma, no fim de tarde.

Mas nada melhor do que demonstrar no ? Ento vamos ver algumas fotos desse trabalho que realizei com a participao do piloto Dr. Fernando de Arruda Botelho.

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Acima a esquerda segue uma plantao de laranjas do profundidade a foto com suas linhas curvas e acima a direita segue a foto onde o contraste da terra vermelha com as poucas rvores na regio Repare que o objeto principal da foto respeita a regra dos teros

Acima a esquerda segue a foto com uma bela imagem do piloto Dr. Fernando Botelho sobrevoando uma represa e acima a direita um razante em meio floresta

Razante na Represa do Broa

Um conselho para os iniciantes que querem se dar bem na carreira em qualquer estilo de fotografia, estude o grafismo e treine muito, pois se tornar uma ferramenta para treinar seus olhos em qualquer situao.

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10 dicas para fotografia de paisagemPor: Pedro Bento

1- Trip Por norma, na fotografia de Paisagem Natural utiliza-se valores de ISO baixo (ex ISO 100, para se obter o menor rudo possvel) conjugados com aberturas pequenas (ex f/22, para se obter a maior profundidade de campo). Como os ISOs baixos so pouco sensveis luz e uma abertura pequena significa que o diafragma da objectiva est mais fechado, ento ser necessrio um tempo de exposio mais longo para a fotografia ficar exposta correctamente. Nesse sentido, um trip robusto uma ferramenta essencial para nos garantir que a cmara fica completamente esttica durante a exposio. 2- Bolha de Nvel Dupla Este um dos acessrios mais importantes para o fotgrafo de Paisagem Natural. A bolha de nvel dupla encaixa-se na sapata do flash, garantindo horizontes direitos na horizontal e vertical. Defendo desde sempre que devemos extrair o mximo de uma fotografia no terreno, por isso nivelar horizontes posteriormente no Photoshop est fora de questo, essa tarefa no s me iria roubar mais tempo em frente ao computador como ainda iria perder alguns pixeis por cada ajuste tendo em conta que teria de fazer sempre um crop imagem. 3- Cabo Disparador Outro acessrio essencial e que dever ser utilizado em simultneo com o trip, o cabo disparador que permite accionar o obturador sem termos contacto directo com a cmara atravs das nossas mos. Nesse sentido as fotografias no ficam tremidas sempre que necessrio um tempo de exposio longo. Se no possui este acessrio poder sempre optar por utilizar o temporizador da sua cmara e evitar a trepidao causada pelo contacto manual com a cmara, mas h que ter em conta que esta ser apenas uma soluo de recurso. Veja-se o exemplo: se quisermos captar um momento numa fraco de segundo ou disparar no modo continuo, ainda que com velocidades lentas, s ser possvel atravs da utilizao de um cabo disparador. 4- Mirror Lock-Up Com a utilizao do trip e cabo disparador, podemos reduzir ainda mais a hiptese de trepidaes indesejadas, aqui que entra o mirror lock-up. Depois de selecionada esta opo na nossa cmara, e aps premir o obturador o espelho recolhido. Se posteriormente olharmos pelo visor da cmara ir aparecer tudo negro porque o espelho j foi recolhido e no reflete a imagem para o visor. por isso essencial que o enquadramento j tenha sido escolhido, depois s teremos de premir novamente o obturador para acionar as cortinas e a luz impressionar o sensor. Trata-se de uma funcionalidade a dois tempos e que pode ser bastante vantajosa com o uso de teles ou em situaes de longas exposies para que se obtenham imagens com a maior nitidez possvel.Anurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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5- Focagem Hiperfocal uma tcnica bastante utilizada pelos fotgrafos de paisagem natural, que por norma pretendem obter nas suas imagens nitidez desde o primeiro plano at o infinito. No entanto, quando se houve falar em hiperfocal sinnimo de dvidas e confuso. Vamos simplificar: esta tcnica assenta no principio ptico bsico de a rea correspondente aos 2/3 frente do ponto de foco e a rea correspondente ao 1/3 atrs do ponto de foco tambm aparecerem ntidas. Neste sentido se focarmos no infinito estaremos a desperdiar a rea correspondente aos 2/3 frente do ponto de foco, por outro lado se focarmos no primeiro plano estaremos a desperdiar a rea correspondente ao 1/3 atrs do ponto de foco. Assim sendo, para maximizarmos a rea de nitidez na imagem devemos focar num ponto localizado a 1/3 da objectiva. A dificuldade pode surgir precisamente na localizao da marca da distncia hiperfocal, a boa noticia que pode encontrar online inmeras calculadoras e tabelas que pode imprimir para ajud-lo no momento do click.

6- Filtros A partir do momento que comecei a utilizar filtros fotogrficos as minhas fotografias ganharam uma nova dimenso, desde a que no prescindo deles e na minha mochila acompanham-me sempre os seguintes exemplares: Filtro Polarizador Circular: Elimina reflexos de superfcies no metlicas proporcionando cores mais intensas e maior contraste. extremamente til para acentuar o azul do cu, intensificar as cores da vegetao e revelar elementos que se encontram debaixo de gua. Filtro de Densidade Neutra: Filtro cinzento igualmente opaco a todas as cores do espectro e que, portanto, no afecta as cores finais da imagem. Utilizo quando pretendo aumentar o tempo de exposio e captar o movimento da gua ou nuvens. Filtro Graduado de Densidade Neutra: Serve para equilibrar as diferenas de luz existentes entre o que est acima e abaixo da linha do horizonte, uma vez que por norma existe sempre mais luz no cu. Na parte superior o filtro cinzento e opaco enquanto que na parte inferior totalmente transparente. 7- Grande Angular H quem diga que fotografia de natureza sinnimo de grande angular, se por um lado os filtros permitem um aumento de criatividade a incluso de uma grande angular na nossa lista de equipamento permite a entrada numa nova dimenso. Estas objectivas apresentam um grande campo de viso e oferecem ao fotgrafo perspectivas de viso nicas.

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8- Composio / Regra dos Teros De nada adianta ter conhecimentos tcnicos se na hora de compor uma imagem no tivermos um cuidado especial. A regra dos teros uma maneira simples e um bom ponto de partida para se conseguir uma composio equilibrada, para utiliz-la deve-se dividir a fotografia em nove quadrados, traando duas linhas horizontais e duas verticais imaginrias, e posicionando nos pontos de cruzamento o assunto que se deseja destacar. 9- Meteorologia Na preparao de uma sada fotogrfica para o exterior, devemos antecipadamente consultar as previses meteorolgicas em sites da especialidade. Para um fotgrafo de paisagem natural no h nada pior do que um dia de cu limpo. A regra mau tempo = bom tempo para fotografar, por isso se as previses anunciam nuvens e possibilidade de chuva, prepare a mochila e v fotografar,pois as possibilidades de captar momentos dramticos, luz de transio e at um arco-iris sero muito maiores.

10- Golden Hour Mais de 90% das minhas imagens so captadas nos momentos imediatamente antes e a seguir ao nascer e por do sol. Durante estes dois perodos do dia o sol est posicionado num ngulo baixo, a luz rasante e dourada cria longas sombras horizontais que conferem profundidade s imagens e em simultneo as texturas dos elementos so reveladas. Realizar uma sesso fotogrfica ao pr do sol fcil para qualquer fotgrafo, devemos chegar com alguma antecedncia e bater a zona procura de potenciais enquadramentos para fotografar na hora mgica. J a fotografia ao nascer do sol, exige um planeamento mais elaborado: teremos de ter estudado previamente o local a fotografar, ter fora suficiente para sair da cama quando o despertador toca (no Vero o sol nasce bastante cedo, por isso perfeitamente comum acordar as 04:00 AM) fazer o percurso ainda na escurido da noite e encontrar o local previamente escolhido para estarmos prontos no momento em que os primeiros raios de luz iluminam o spot escolhido. Espero que esta lista de dicas vos ajude a tirar mais e melhores fotografias, e que acima de tudo se divirtam.

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Crnica de fotografia de NaturezaPor: Hlio Cristovo

Viagem, aventura e fotografia nas paisagens costeiras selvagens a Norte do Cabo de So Vicente, Portugal Conhea as histrias, emoes, perigos e muitos aspectos da fotografia de natureza mais extrema em meio selvagem na Jornada de fotografia na Costa Vicentina no decorrer do pico de cores de Primavera, pelo fotgrafo de Natureza Hlio Cristvo. Os motivos a fotografar: Detalhes/intimismos de escarpas, rochedos, arrifes; Grandes vistas com plantas silvestres nas arribas costeiras; Enseadas e praias nas mars baixas hora do nascer pr-do-Sol; Plantas selvagens; Recorte dos montes e vales costeiros, revestidos de verde da vegetao de Primavera.

Locais: Enseadas e escarpas a Norte do Cabo de So Vicente; Costa selvagem entre Murrao/Praia da Barriga e Castelejo; Costa selvagem entre a Grota/Torre de Aspa e Malho do Infante.

Na Primavera, durante as ltimas semanas de Abril, altura em que as cores das plancies, serranias e orla martima esto ao rubro, estabeleci o meu regresso s paisagens costeiras de espectacular beleza e dramatismo. Aproveitando a intensidade da Primavera, optei por explorar as arribas altas e escuras da Costa Vicentina, que nesta altura do ano se encontram encimadas por extenso coberto de vegetao em flor. O plano estava traado. A viagem seriam trs a quatro dias de fotografia, permanecendo no terreno desde o nascer ao pr-do-Sol, explorando zonas costeiras desconhecidas, por vezes das mais inacessveis, percorrendo topos de arribas, tendo a vegetao como motivo essencial. Este o relato das ltimas horas desta jornada, o ltimo dia, antes do regresso de 400 Km a casa. o relato de fotografar ao Pr-do-Sol de Sbado, 24 de Abril de 2010, onde sem que eu ainda o soubesse, iria experimentar a mais perigosa e arriscada descida e subida de penhasco que fiz na minha vida (at data), para alcanar uma enseada situada entre a Carrapateira e Vila do Bispo. Durante todo esse dia a luz nunca foi boa para fotografar paisagens amplas e grandes vistas, h que conhecer a qualidade da luz (prpria) para os vrios motivos, e o cu muito nublado nuvens altas e completamente coberto, sem textura um cu branco, que no apresenta interesse ao incluir numa fotografia de paisagem. Esta luz difusa e clida,Anurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

SILVER EYE 17:43h 12mm f/22 1/2s ISO100, filtro polarizador cir.

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no entanto, ao fotografar detalhes de Natureza, plantas e perspectivas mais fechadas permite evitar sombras e grandes contrastes, podendo vir a gerar bons resultados. Durante a tarde percorri a p trilhos ao longo dos topos das arribas entre as Praias da Barriga e Murrao, ocasionalmente descendo a algumas praias, entre elas o Mareadouro da Escada que implica uma descida de 100mt de altura, apenas possvel com o auxlio de cordas que os pescadores l fixaram, vencendo grandes desnveis e inclinaes sob um piso de xistos erodidos. L em baixo, fotografei a falsia que delimita a praia a Sul, tendo em primeiro plano rochas cobertas de musgos, cujos tons verdes por vezes tornavam-se quase fluorescentes, devido suavidade da luz! As cores estavam vivas. Subi a escarpa, era a hora de me dirigir para Norte, e, contornando os trs grandes vales seguintes deso novamente, atravessando o leito do Barranco da Pena Furada. Sigo em direco a uma praia ainda a Sul de Murrao, onde um gigante pinculo piramidal ostenta cerca de 21 mt de altura. O cu no ajudou a fotografar a paisagem, e entretanto chegava a chuva. Nestas ocasies importante estar preparado. A mquina fotogrfica deve ser protegida com capa impermevel, e o fotgrafo tambm! Um casaco corta-vento impermevel, leve e que no comprometa a maleabilidade aconselhvel. Fotografo o cenrio idealizando j uma transformao para o preto-e-branco, acrescentando o necessrio dramatismo entre a claridade do cu e a escurido global na cena.

DARK GUARDIAN 18:42h 17mm f/22 1/2s ISO100, filtro polarizador cir.

So agora 18:30h, e tenho de tomar uma deciso dentro dos prximos 10 minutos: Espero que as condies nesta praia melhorem que o cu se apresente com algum detalhe, nem que por momentos apenas umas nuvens surgissem ou sigo de imediato para a subida que me deu acesso praia, voltando para trs, uma vez que o local onde quero fotografar ao Pr-do-Sol ainda distante para Sul. Nesta ltima alternativa, h ainda que contornar um pequeno vale que fica na outra vertente da cumeada da praia onde estou, mais, existe ainda uma descida de falsia cujo trilho ainda no conheo completamente. O tempo est a ficar escasso. Volto para trs, e observo o horizonte. Aps um dia sem qualquer dramatismo no cu, agora observa-se alguma luz dourada que j est a aparecer. Uma luz tpica de trovoada. Mas parece que as condies estariam a mudar. Reno todas as minhas energias e subo vigorosamente, quero chegar ao destino e tenho pouco tempo. Estou na crista da escarpa onde tem origem o trilho. A luz ainda est muito escura, chove, o cho est escorregadio. Estou a 105 mt. de altura sobre o oceano. L em baixo, vejo a escarpa e o local exacto onde pretendo fotografar. Mesmo aps a descida, ainda haveriam cerca de 350 mt. de caminhada na enseada, sempre sob rochas, por vezes polidas e escorregadias.Anurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

SPIRITUAL GATE 20:12h 12mm (APS) f/22 1/2s ISO100 e 1/3s ISO200, filtro polarizador circular

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Durante os primeiros 30 mt. de descida, estou face ao primeiro grande perigo: devido s chuvas fortes ocorreram deslizamentos na arriba, e o trilho da largura de 2 ps juntos foi cortado e divide-se distncia de pequenos saltos em alguns metros, mesmo em cima da vertiginosa escarpa, quase vertical, a dezenas de metros sobre o mar e rochas; este o momento em que necessrio acreditar. Estamos nos limites do impossvel, fazendo equilbrio para o penhasco tentando agarr-lo bem atravesso com muita calma, qual trapezista numa falsia. preciso ter sangue frio, preferia no pensar por agora que teria de c voltar aquando da subida. Eu quero continuar. Chego ao patamar dos 70mt. de elevao, uma proeminncia, um pequeno cabo que se estende para o mar e termina l bem em baixo num pesqueiro de camadas estratificadas de xisto, a Furna do Mirouo. Quando chego ao pesqueiro, verifico que afinal ainda estou a uns 50 mt. de distncia da enseada para trs de mim! E talvez a uns 15 mt. de altura! E j no h trilho A nica soluo caminhar sobre os patamares da rocha, que se ergue em camadas laminadas, escorregadias. Avano pela rocha e detecto uma corda, muito difcil de alcanar. Est cravada com ferros em vrios pontos, e o WILD GLOW 20:10h 14mm f/22 1s ISO200, filtro polarizador cir. objectivo atravessar lateralmente contornando a rocha. No h alternativa. Sem essa corda, seria impossvel atravessar. Com todo o cuidado avano, ainda muitos metros acima do mar, mas com espao apenas para um p de cada vez e com a corda a segurar a minha vida. Aps a corda, h que saltar para o seixo rolado da enseada. Estou sozinho na verdadeira costa selvagem. Com a mochila s costas e trip empilhado nela mais de meia dzia de quilos de equipamento, salto de rocha em rocha, a bom ritmo at chegar ponta de uma das mais impressionantes escarpas da Costa Vicentina. Chegar a este ponto um feito de experincia acumulada. Uma inexplicvel motivao leva-me a pressentir que iria fazer a minha fotografia! Confronto de frente a escarpa dos Caixes. O mar est agitado, mesmo ali beira do oceano, neste local preciso observar com muita ateno o comportamento das ondas fortes, estou em plena zona de rebentao, ocasionalmente pego no trip com a mquina e dou uma corrida para me afastar das maiores vagas. Comea a chover, e fica bastante difcil estudar enquadramentos e compor sobre estas condies. Eu estava a experienciar em tempo real o expoente mximo do puro dramatismo da Natureza, medida que a chuva fraqueja e cessa, por trs de mim revela-se agora a formao de um espectacular arco-ris acima da linha costeira das arribas! A luz comea a transformar-se, o cu est cada vez a ficar menos nublado e a comear a explodir de cor medida que o Sol baixa no horizonte. Estou a fotografar. Optei por voltar para trs at ao local onde havia descido enseada, mesmo sabendo que ainda no tinha atingido o pico de cores que aquela luz iria oferecer no crepsculo. Mas no havia tempo. O local demasiado perigoso e era preciso tempo para voltar a subir a arriba. Eu j tinha feito a minha fotografia aproveitando vrios momentos de luz espectacular. Chegando ao canto a Sul das arribas, antes de iniciar a subida, assisto agora a um cu inesquecvel, nuvens vermelhas, tenho de fotografar estas cores. Monto novamente trip e mquina. Sem perder muito tempo, e em questo de poucos minutos fiz ainda a ltima fotografia, incidindo sobre um rochedo que optei por centrar na composio. Vou subir por um local diferente, h uma alternativa, uma corda que se estende por vrios metros de altura, sem sequer ver o que est a seguir, no h trilho visvel, mas ainda assim arrisco. Prefiro arriscar as minhas hipteses ao invs de voltar corda e rochas por onde desci. Agarro esta corda e mais uma vez lhe confio tudo. Chegando ao fim desta corda, no h caminho perceptvel daqui paraAnurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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cima. Est a anoitecer e sinto-me encurralado. Resulta a impresso que dada a inclinao fortssima deste precipcio, o rochedo erodido deslizou, e onde poderia haver um trilho visvel, j no existe. Este foi o momento emocionalmente mais forte e exigiu muito controle, observo minha volta, e vou confiar toda a minha mente subida. Prontamente comeo a escalar mo livre, agarrando ramos cravados na terra, agarrando rocha e a prpria terra, a subida quase vertical, apoio os ps no que me pareciam marcas semelhantes a pequenos degraus da espessura de um p como que definindo um carreiro de passagem; Consigo vencer esse trecho de subida e volto ao caminho inicial! H ainda alguns obstculos, terei a minha garantia de vida quando chegar ao carro. Nunca mais volto a este local sem as minhas prprias cordas e outras medidas de segurana. Senti enorme alvio ao chegar ao carro, iniciando a viagem de regresso escrevo uma mensagem de telemvel a colegas e amigos: Acabei de chegar ao carro vindo de uma enseada selvagem da costa vicentina. As falsias mais perigosas onde estive na minha vida. Descida e subida de escarpa quase a pique, dezenas de metros acima do mar. Por vezes escalando a mo livre outras com auxlio de cordas onde parece impossvel sequer passar. Passei por momentos de medo e desespero sem conhecer o caminho. E de alegria por chegar bem de volta ao TOPO! Sozinho. Mas fui recompensado com a luz para fotografar todo o dramatismo dos Caixes o nome do local. hora de voltar para a famlia. Agora vou a ouvir Eddie Vedder Into the Wild. Bem alto. A Costa Vicentina tem as paisagens costeiras da contemplao e do fascnio, mas apenas uma mo de praias conhecidas e facilmente acessveis, no entanto, praticamente toda a orla costeira, por mais elevadas que sejam as escarpas, tm um ou mais acessos. Acontecem situaes inacreditveis e h descidas que deixam a cismar como possvel? Mas os pescadores traam os seus caminhos, e a dezenas de metros, com ou sem cordas, pelas arribas e atravs de carreiros entre rochas descem aos pesqueiros.

TWILIGHT CLAW 20:25h 16mm f/22 1s ISO320, filtro polarizador cir.

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Fotografia a quanto obrigasPor: Nuno Lus

Sacrifcios que um fotografo est disposto a fazer para obter determinada fotografia. Qual o sacrifcio que cada fotgrafo est disposto a fazer para obter determinada fotografia? Muitas vezes, a questo meramente tcnica a parte mais fcil, pois por detrs de cada imagem captada existem imensas histrias e peripcias que ficam por contar Este artigo servir para contar em detalhe a ltima aventura em que participei com o tambm fotgrafo e amigo Hlio Cristvo, e para falar sobre o sacrifcio e empenho a que a mesma nos obrigou.. Neste ltimo ano, e em parceria com outros fotgrafos amigos, tenho vindo a percorrer alguns dos locais mais inspitos e inacessveis em Portugal do ponto de vista fotogrfico. Para quem, tal como eu, amante da fotografia de paisagem, o Parque Nacional Peneda-Gers (PNPG) talvez o expoente mximo para este tipo de fotografia em Portugal Continental, tal a diversidade paisagstica do local. O nosso objectivo nesta aventura era simples: fotografar dois ou trs locais no PNPG, sabendo que teramos pouco mais de 24 horas para concretizar esta aventura. E assim foi.

Nossa Senhora da Peneda

Duas semanas antes da nossa expedio e com a ajuda do inevitvel Google Earth, planemos toda a viagem, e aps alguns avanos e recuos, decidimos quais os locais a fotografar. Foi numa sexta-feira que deixmos para trs uma Lisboa com algumas nuvens, mas muito solarenga e as nossas expectativas eram elevadssimas. Com o avanar da viagem, o tempo ia ficando cada vez mais fechado e acima do Porto comeou mesmo a chover copiosamente. Em pouco mais de duas horas vamos os nossos desejos praticamente carem por terra, devido chuva que teimava em cair e que punha em causa os objectivos a que nos tnhamos proposto. Chegados finalmente Serra da Peneda, o nosso objectivo era fotografar a pequena barragem que existe no alto da Senhora da Peneda, ainda que isso implicasse fazer uma difcil caminhada de mais ou menos uma hora. Devido chuva que ia caindo de forma insistente, hesitmos em subir, mas como a nossa viagem tinha um propsito bem definido e como que movidos por uma inspirao divina, talvez oriunda da imponente Igreja da Senhora da Peneda, decidimos avanar. Comemos a subir a velha calada romana e medida que amos subindo, a chuva foi parando e uma vez na barragem, a chuva estancou por completo. Esta barragem distingue-se por estar rodeada por uma pequena cordilheira montanhosa e pelo facto de mesmo no meio da barragem, como que por capricho dos deuses, se encontrar uma pedra redonda de enormes propores. Uma vez na barragem, o verde dominava o local. Era um verde quase fluorescente, sentamo-nos meros figurantes num cenrio como este, pois as personagens principais definitivamente no ramos ns, mas sim, as vacas barross, as rs, os sapos No nosso ntimo devemos ter pensado que num cenrio destes facilmente poderia aparecer uma fada, um elfo, qualquer coisa sada de um conto fantstico, tal o cenrio que presencivamos. O pouco vento que se fazia sentir parou por completo, e o pequeno lago naquele momento no era mais do que um enorme espelho reflector de tudo o que o rodeava, desde a montanha, vegetao ou s rvores. Ah, quase me esquecia: at as prprias rs faziam questo de mostrar as suas habilidadesAnurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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quando, de uma forma quase sincronizada, saltavam da berma do lago para a gua sempre que sentiam a nossa presena. Durante quase uma hora, fotografmos de forma intensa, houve momentos em que o azul do cu, o dourado do sol, o nevoeiro e o verde das plantas se misturavam num mundo nico, tornando-se difcil descrever e at mesmo registar fotograficamente toda a panplia de emoes vividas naquele local. Passada a hora mgica e aps o regresso ao carro, seguimos em direco Vila do Gers onde jantmos e onde teve incio a segunda metade desta aventura. Seguimos em direco cascata do Rio Arado, onde iramos montar as tendas e prepararmo-nos para o nascer-do-sol. Programmos os telemveis para tocarem s 04h30 da manh e tal e qual um relgio suo, hora marcada os telemveis deram o toque de alvorada, faltava sensivelmente uma hora e meia para o nascer-do-sol. Sempre junto margem do rio e com passagem prxima da enorme e no menos bela cascata que cai imponente em direco a uma antiga ponte romana, subimos o rio durante mais ou menos uma hora. Ainda que esta subida no seja fcil e exija algum cuidado e esforo fsico, acreditem que gratificante ver a imponncia da paisagem por estas paragens, onde o rio serpenteia por entre a imponente cordilheira montanhosa, na qual se escondem inmeros recantos, tornando-se quase impossvel explorar todos eles com a devida ateno seja um lago minsculo, uma pequena cascata, ou a prpria limpidez das guas que impressionante por estas paragens. Mais uma vez vimos todo o nosso esforo recompensado, uma vez que a acompanhar as cores do nascer do sol, tivemos sempre a presena do nevoeiro, o que proporcionou uma atmosfera nica, mstica. Nem sei muito bem que Nas Margens do Rio Arado adjectivos utilizar para classificar estes momentos nicos, belos e magnficos. No final, cada um registou o momento sublime de acordo com a sua prpria viso e interpretao artstica do local. Passadas todas estas emoes, j eram 11 horas da manh e estava na hora de regressar a casa. Estvamos de volta a Lisboa, passadas pouco mais de 24 horas sobre a nossa ida, loucura? Podem dizer que sim, mas lembram-se da frase com a qual iniciei o artigo, Qual o sacrifcio que cada fotgrafo est disposto a fazer para obter determinada fotografia?. Aqui tm a resposta! Importa referir que toda esta aventura foi feita em plena conscincia e nunca tommos nenhuma deciso que nos pudesse colocar em risco. A montanha pode ser traioeira e preciso ter cuidados quando se percorrem trilhos algo acidentados. A ateno ter de ser sempre redobrada, inclusivamente na viagem de automvel, durante a qual tivemos o cuidado de parar de duas em duas horas, de forma a evitar o cansao que poderia provocar algum dissabor. Aps a chegada, fica a sensao de dever cumprido, independentemente do esforo fsico e mental a que tivemos sujeitos, mas ao mesmo tempo tambm fica a certeza que esta jornada est bem longe do fim, pois apenas cumprimos mais uma etapa deste nosso caminho que tem como principal objectivo, desvendar do ponto de vista fotogrfico muitos dos locais quase inacessveis do nosso pas.Anurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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Fotografia de paisagem nas Serras de Portugal.Por: Hlio Cristovo

Fotografar nas montanhas da Madrugada ao Pr-do-Sol nas Serras do Alvo e Freita Como fao as minhas fotografias de montanha? Que preparaes e estudos prvios so necessrios? E equipamento? Como observar a paisagem segundo o fotgrafo? Com este artigo pretendo partilhar alguma da minha experincia, fazendo chegar ao leitor o esprito da aventura neste estilo de fotografia, contemplado com matrias essenciais para o fotgrafo que pretende aventurar-se na montanha. Num formato de relato de viagem, em que sucessivamente se vo introduzindo dicas e muitos aspectos de fotografia de paisagem das serranias no Norte de Portugal, descubra a fotografia dos trilhos de aventura, e como faz as fotografias de montanha o fotgrafo de Natureza Hlio Cristvo. Fevereiro de 2010: A madrugada comea a notar-se mais cedo na ltima quinzena de Inverno. Viajei com o amigo fotgrafo Paulo Lopes, com partida de Lisboa s 2h00, havia mais de 400 quilmetros a percorrer at chegar s escarpas imponentes das montanhas perto de Ermelo e Varzigueto, onde corre ainda selvagem o Rio Olo. O destino seria fotografar a jusante das enormes cascatas que se despejam abruptamente num vale semelhante a um canyon de enormes propores. Planejei mais uma viagem relmpago, pois pretendia fotografar cascatas com os fortes Mountain Heart (Corao da Montanha) caudais de Inverno, no ano em que se assistiu a Parque Natural da Serra do Alvo. Uma fotografia de longa uma quantidade atpica de chuva, num local que exposio na madrugada mgica. Ao Sol Nascente, o pico da teria de ser desprovido de muita vegetao cordilheira montanhosa do Alvo ilumina-se por luz dourada, arbrea, as rvores caducas tpicas de Serra enquanto as nuvens coloridas nesta poca esto despidas de folhagem. Assim, preferia um local de montanha de granito despido e spero um cenrio selvagem de montanha. O local seria as Fisgas do Ermelo. Entre os meus mtodos de fotografia de paisagem, a preparao de viagens e o planeamento fulcral. Embora seja praticamente impossvel seguir um plano conciso para cada jornada, seja um dia ou uma semana, pois as condies de meteorologia podem variar bastante, assim como a durao prevista de permanncia nos locais, convm traar planos gerais incluindo os percursos, locais, e uma durao aproximada de fotografar em cada zona. Planeamento e objectivos so factores muito importantes quando se est em campo. Neste estilo de fotografia em montanha, eis um resumo de preparaes e recursos na Internet que habitualmente utilizo para as mesmas: Meteorologia trabalhar no exterior depende das condies atmosfricas, aqui no h novidade. Mas claro que inerente ao planeamento de qualquer jornada fotogrfica, ainda para mais que implique grandes viagens, importante boa informao sobre as condies previstas, e quanto mais detalhada essa informao melhor:Anurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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O site www.accuweather.com contm previses a duas semanas na verso de uso livre. Muito detalhado, o estado do tempo com intervalos de hora a hora. Adicionalmente, poder consultar dados astronmicos. Complemento sempre a informao do website anterior com a do Instituto de Meteorologia Portuguesa www.meteo.pt/pt/

Horrios de nascer e Pr-do-Sol, Fases e horas de nascer e ocaso da Lua No terreno so as duas fontes de iluminao principal. Consulte informao precisa segundo os Almanaques publicados pelo Observatrio Astronmico de Lisboa em www.oal.ul.pt/index.php?link=almanaques Em termos de informao meteorolgica e astronmica estamos assegurados. Mas a fotografia de paisagem, tal como eu a fao implica por vezes longas horas de estudo, com mais incidncia na pesquisa segundo informao geogrfica. Os SIG Sistemas de Informao Geogrfica disponveis online trouxeram grandes vantagens e um salto de tecnologia na observao e edio de dados geogrficos. Entre interfaces na web e plataformas mais comuns est o aplicativo Google Earth: O Google Earth uma ferramenta muito Uso de software no planeamento de fotografia de paisagem. poderosa. Tire o mximo partido do Google Earth com relevo tridimensional. software, com visualizao tridimensional de relevos, pesquise acessos, desde trilhos carreteiros a estrades em terra. Aponte coordenadas e introduza no GPS. H um mundo de possibilidades a explorar para as jornadas em campo e orientao nesta abordagem fotografia em montanha. O Instituto Geogrfico Portugus (I.G.P.) o organismo responsvel pela execuo da poltica de informao geogrfica nacional. Alguns recursos muito teis para descarregar ou consultar na Internet: o o O Instituto disponibiliza uma carta gratuita em formato digital escala 1:1 000 000 de Portugal Continental: www.igeo.pt/e-IGEO/DOWNLOADS/1000m/1000k_1_70.zip Atravs do servio m@pas online disponibiliza ao pblico, gratuitamente, um conjunto de servios de dados geogrficos, muito completo. Essencial no mbitos dos SIG na Internet: http://mapas.igeo.pt/

Excertos de informao geogrfica Mapa de relevo e acessos e carta escala 1:1 000 000 de Portugal Continental

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Continuando em viagem Antes do Sol nascer, j estava a contemplar as montanhas da Serra do Alvo, no corao do Parque Natural. Observmo-las ainda sob a luz nocturna da madrugada. Em viagem, a altitudes superiores a 900 mt. atravessmos neve, junto Serra do Maro, mas entretanto, a cotas mais baixas, era a chuva em direco a Ermelo que combatia a motivao. Uma lio importante para o fotgrafo de Natureza, independentemente da experincia, no perder a motivao e continuar focado nos objectivos, mas ter em conta que nunca se deve Olo Canyon - Parque Natural da Serra do Alvo ter expectativas demasiado altas. Nada garantido Espectacular vale, montanhas altas. impossvel transmitir a sensao de altura vertiginosa nesta imagem dimensionada para neste estilo de fotografia em paisagem, e a taxa de a web sucesso de produo de grandes imagens baixa. Pode se feita uma enorme viagem em tempo reduzido, mas simplesmente o cenrio no destino pode no funcionar. A perspectiva sempre o regresso. Por outro lado, quase inevitvel uma baixa de moral ao observar certas condies imprprias para a fotografia que se pretende fazer. Uma vez mais, h que continuar, pois como descrito abaixo, sob tempo instvel, tudo pode mudar A chuva iria cessar em breve dando lugar, ainda sob o crepsculo matinal, a cus instveis, com nuvens rpidas a atravessar a Serra. Chega o momento de fotografar, estudar enquadramentos, compor neste ambiente mstico, sob a luz de um novo dia na montanha. Avista-se neve em picos mais elevados e distantes. As condies de nevoeiro e cu denso conferem o dramatismo da Alvorada na paisagem. Durante o Sol que se ergue, ainda a grande bola dourada, brechas nas nuvens permitem atravessar a luz iluminando o pico virado a Nascente. A magia estava a acontecer. Sobe a adrenalina tentando compor o que se espera um momento de paisagem inesquecvel. Eu opto por longas exposies de 15 a 30 segundos, captando arrastamentos de nuvens enquanto a montanha recebe luz. Durante a manh exploram-se as vertentes na margem direita do Rio Olo, a Montante e Jusante das cascatas. Os desnveis das cristas ao leito so vertiginosos, e mesmo assim, h a aproximao ao precipcio para fotografar de trip montado.

No campo: Nas circunstncias em que foram feitas as fotografias anteriores, a qualquer momento a luz muda. preciso estar preparado? Sim. Mas por vezes muito difcil. Contemplar um local pela primeira vez e assistir a boa luz para fotografar, sem conhecer ainda os melhores enquadramentos e composies pode ser muito stressante. H que manter a concentrao e no a disperso. Se uma grande foto que procura, estude bem os enquadramentos. Se j tem um enquadramento que realmente agrada, pondere seriamente antes de desmontar o trip se ainda no fez a foto.

Dawn Valley (Vale na Madrugada) Parque Natural da Serra do Alvo Tons ao nascer do dia, com a primeira luz do Sol a iluminar as nuvens, e de frente para o precipcio escarpado. Um espectacular recorte de montanha

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Insista, espere, pois em instantes, tudo pode mudar e transformar o cenrio. Eu mencionei o trip? Sim, todas as imagens que o leitor observa neste artigo (com a excepo da Cabra Montanhesa, abaixo) so feitas com uso de trip. Os trilhos: Acrescente-se que os percursos pedonais que estes trilhos envolvem, so muito perigosos em certos locais, no havendo lugar para falhas. Os desnveis abruptos e piso molhado que estava na altura tornam iminente qualquer erro. Pondere a segurana. Deve levar vesturio e calado apropriado, de montanha quanto mais aderente melhor; e mais leve tambm. Mximo cuidado na aproximao dos precipcios, sobretudo com muito vento. Equipamento: Um breve resumo do equipamento na mochila apropriado para as fotografias aqui patentes: uma questo onde muito h a dizer, mas nesta viagem em concreto, trabalhei com trs objectivas, que Capra aegagrus hircus normalmente constam no meu saco. So elas uma grande-angular de Parque Natural da Serra do Alvo 12-24mm f/4, uma 24-70mm f/2.8 e 70-200mm f/2.8 VR (com duplicador 2x quando necessrio). Este material, em conjunto com outros acessrios e excluindo o trip implica peso acima de meia-dzia de quilos s costas. Panos de limpeza, conjuntos de filtros, baterias extra, flash, cabo disparador, entre outros acessrios constam tambm nas profundezas da mochila. A continuao da jornada. Esta viagem foi ambiciosa e o plano era seguir ao fim da manh em direco Serra da Freita, concelho de Arouca, 140 Km para Sudoeste. Percorreu-se a EN224, a estrada desgastante, mas chegmos aldeia de Albergaria das Cabras para assistir magnfica queda de gua superior a 60 mt. que acontece na Frecha da Mizarela. Das maiores de Portugal. E da Europa. Apenas o caudal se diferenciava relativamente a condies de cu e vegetao de nada especiais, encostas despidas. L voltarei apenas no Outono para fotografar com maior beleza a alma do local. O desafio grande e somos constantemente postos prova, testando a capacidade de gerir a fotografia no pleno decorrer de escassos minutos que se revela nos momentos mgicos, transformando a paisagem. Prova superada? No total, 20 horas de viagem, 900 Km percorridos, e a experincia de Serra da Freita. Portugal luz inebriante nos cenrios de Portugal mais remoto. Frecha da Mizarela. Cascata no Rio Caimacom mais de 60 metros de altura The Darkness

Muitas vezes os locais so visitados, mas muito raramente observados verdadeiramente em condies de luz mais especiais, que conferem dramatismo e enchem de emoo a paisagem. Nestas condies enquadra-se a luz da madrugada, ao nascer do dia, momentos em que foram executadas as primeiras fotos deste artigo. E muitas vezes nestas condies que se podem obter resultados excepcionais na fotografia de paisagem natural. Nestas imagens, toda a cor e tonalidades so o mais aproximado possvel do cenrio real proporcionado pela luz disponvel no momento, com alguns ajustes de contraste e vivacidade de cores prprios da edio de imagem e preparao para a publicao na internet.Anurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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Viagens e FotografiaPor: Nuno Lus

O fascnio de conhecer e desvendar novos mundos, de poder partilhar e experienciar novas emoes, sensaes e culturas esto enraizados em ns portugueses, desde a nossa gloriosa poca dos descobrimentos. algo muito nosso e foi esse fascnio pelo desconhecido que nos moveu na descoberta de quase meio mundo, sem medo de desvendar e percorrer caminhos nunca antes trilhados, levando-nos de encontro a diferentes povos e culturas, sem saber muito bem o que esperar. Como que uma herana, esse fascnio passou de gerao em gerao at aos Parque Nacional de Auvergne Frana nossos dias e eu no fujo regra e sinto essa necessidade, essa tentao, esse desejo e sempre que me possvel, ponho a mochila s costas e a vou eu de encontro a um pas, a uma cultura que seja novidade para mim. Este artigo ir servir essencialmente para dar algumas dicas e conselhos sobre fotografia de viagem, com base na minha experincia pessoal.

Saber gerir expectativasRecordo com saudade a minha viagem Sua, no s pela beleza do pas, um autntico paraso para os fotgrafos de paisagem, onde as montanhas, os lagos, os rios e as enormes cascatas entre outras belezas naturais, fazem as delcias de qualquer fotgrafo, mas tambm porque foi uma das lies mais duras que tive de enfrentar at hoje no que diz respeito fotografia. Tudo indicava que iria ser a viagem perfeita para regressar a casa com imagens de rarssima beleza. Confesso que elevei, e muito, as minhas expectativas com base em imagens que atravs da internet fui visualizando de fotgrafos locais e essa possibilidade fez com que tratasse da viagem ao detalhe, no descurando o mais nfimo pormenor. Ao fim de alguns dias na Sua, e no foram precisos muitos, rapidamente percebi que dificilmente iria trazer as imagens com que meses antes tinha sonhado. Em primeiro lugar era difcil, para no dizer quase impossvel estar na chamada golden hour nos melhores locais, sobretudo por questes de logstica, depois e porque ao contrrio do que acontece na nossa rea de residncia, no poderia voltar a muitos desses locais e repetir assim, a imagem que um dia antes no tinha ficado de acordo com o pretendido. Para finalizar, a luz que eu imaginara apanhar com base em imagens que anteriormente tinha visualizado, nem sempre acontecia apenas e s porque eu estava l! Aps regressar da Sua, nos primeiros dias foi difcil conviver com a triste realidade que do ponto de vista fotogrfico os objectivos a que me tinha proposto tinham ficado longe de ser atingidos, mas retive trs ideias essenciais para o futuro: No poder delinear objectivos com base em imagens de fotgrafos que esto num local o ano inteiro e que podem visitar e revisitar o mesmo local, vezes sem conta, tal e qual como eu fao por exemplo em relao ao Parque Natural Sintra Cascais; Sendo eu um amante confesso da fotografia de paisagem, tive de aprender a tirar partido do que as situaes do dia-a-dia nos podem proporcionar no ficando nica e exclusivamenteAnurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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preso espera do nascer e do pr-do-sol para fotografar, passando assim a incluir no meu estilo de fotografia o mero registo documental; Dar mais valor aos locais da minha rea de residncia e, ai sim, aumentar o nvel de exigncia em relao s imagens que obtenho.

O equipamentoOutra questo fundamental quando se prepara uma viagem, o equipamento a levar na mochila. Esta uma questo pertinente para o fotgrafo. Ao contrrio do que leio em muitos livros e revistas da especialidade, que aconselham que sejamos prticos e que levemos a nossa mochila o mais leve possvel, eu levo sempre o meu material todo. apenas uma questo de compromisso, mas prefiro ter mais peso na mochila do que me arrepender por no levar determinado equipamento.

Lista de equipamento que normalmente levo na mochila: Se possvel, deve-se levar duas cmaras. Por dois motivos: em caso de avaria existe sempre uma alternativa e ainda permite que em cada uma das cmaras tenha objectivas com diferentes distncias Jaipur ndia focais; Levar objectivas que cubram as distncias focais mais comuns: grande angular (10-20 mm), lente intermdia (28 135 mm) e teleobjectiva (70 300mm); Vrios cartes de memria; Pelo menos 2 discos portteis para descarregar as imagens. Fazer sempre copia do mesmo carto de memria nos 2 discos, garantindo assim que, se um dos discos portteis avariar, existe sempre uma cpia de tudo o que foi fotografado; No mnimo 2 baterias por cada cmara fotogrfica; Trip, cabo disparador e filtros (polarizador, graduados e graduados de densidade neutra);

Outras dicasPara finalizar o artigo, deixo ainda uma pequena lista com algumas dicas que julgo teis antes e durante a viagem.

Antes da Viagem: Planear a viagem de forma a conhecer o melhor possvel os locais com mais potencial fotogrfico. Com a ajuda da internet e do inevitvel Google Earth, quase que possvel conhecer um local sem nunca l ter estado antes; Analisar no Google Earth, qual a orientao do sol no nascer e pr-do-sol; Ter planos sensatos durante a viagem e no querer visitar e conhecer tudo, diminui e muito a probabilidade de se vir a obter boas imagens;

Durante a Viagem:Anurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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No procurar fazer imagens apenas artsticas. Fazer tambm imagens documentais, permitindo assim ter um conjunto final de imagens bastante diversificado; Procurar locais pouco fotografados e no ter medo de inovar, por vezes conseguem-se boas surpresas; Levantar cedo e fotografar o nascer-do-sol, nunca se sabe o que realmente pode acontecer, desde que se tenha um plano prvio daquilo que se ir fotografar. Consoante o local, ter um plano dirio de locais para fotografar o pr-do-sol; Se necessrio, contratar um guia / tradutor uma vez que facilita a descoberta de stios mais recnditos e facilita tambm a comunicao com os locais; Se possvel, passar vrios dias na mesma rea, para melhor perceber como funciona a luz no nascer e no pr-do-sol. Permite ainda corrigir eventuais erros que surjam numa 1 tentativa; Ter sempre presente que mais vale uma boa imagem de um determinado local, do que vrias imagens razoveis; No ter receio de abordar os nativos no sentido de os fotografar;

Ilha de Skye Esccia

Guilin China

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Admirando a PaisagemPor: Lus Afonso

Captulo 1 de Equipar-se a Rigor1. O Essencial A cmara um instrumento que ensina as pessoas a ver sem uma cmara.Dorothea Lange

O mundo do equipamento fotogrfico to apaixonante como o prprio universo da fotografia. Prova disso a existncia de um sem nmero de publicaes e websites dedicados a mquinas, lentes e demais gadgets e de seres humanos que gastam fortunas em equipamento topo de gama que nunca chega a ver e a registar a luz do dia A verdade que todas as fotografias existem diante de ns, no cenrio natural ou urbano que nos abraa, mas tambm certo que sem uma mquina que as registe nunca as poderemos fazer perdurar no tempo, criando memria e gravando evidncia para partilha Canon EOS 5D Mark II * Canon EF 17-40 L USM com as geraes futuras. Como esse o principal fundamento da fotografia, decidi comear esta minha srie de artigos com um ensaio sobre o equipamento fundamental a qualquer aspirante a fotgrafo de paisagem natural.

Cmara A primeira pea de equipamento fotogrfico a ser geralmente adquirido a cmara fotogrfica. Esta personifica o corao de todo o equipamento e sem uma cmara adequada, o resto do material pode tornar-se intil. Mas com tantas marcas, formatos e modelos disponveis, qual a que devemos escolher ento? Para a prtica deste estilo de fotografia, essencial que a cmara tenha algumas caractersticas fundamentais: Modo manual para controlo da exposio (abertura e tempo de exposio); Modo bulb, ou seja, capacidade para deixar aberto o obturador sem limite de tempo; Capacidade de usar vrios tipos de lentes; Possibilidade de olhar atravs da lente; Possuir um medidor de exposio incorporado; Apresentao do histograma no LCD da cmara para verificao no terreno da exposio; Ligao para cabo disparador; Encaixe para trip.

Tendo em conta a lista apresentada, fcil concluir que a opo que melhor se ajusta aos requisitos de uma cmara adequada fotografia de paisagem natural uma dSLR (SLR Digital). Isto no quer dizer que no existam compactas que podero ser utilizadas com sucesso neste estilo fotogrfico. Alis, h quem recomende a existncia das duas lado a lado no equipamento do fotgrafo, pois uma compactaAnurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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pode chegar onde muitas vezes uma SLR grande e pesada no consegue ser levada. Mas, para este artigo, vou deixar de lado as compactas, prometendo voltar a elas num espao prprio. E agora? Qual a dSLR mais adequada? No pretendendo entrar na batalha das marcas, queria apenas apontar os dois formatos digitais mais utilizados hoje em dia pelos fotgrafos de paisagem natural: o formato full-frame (equivalente ao 35mm do filme) e o formato APS-C que implica uma reduo no tamanho do sensor digital e que introduz uma componente de ampliao focal na ordem dos 1.6x (dependendo do fabricante). A imagem ao lado foi realizada com uma 1740mm a 17mm. Apenas pode ser usada nesta amplitude em full-frame. Numa APS-C a seco utilizvel menor, pois o sensor est mais perto da lente e o espao fora da janela indicada na imagem descartado (no consegue ser visto pelo sensor APS-C). A lente continua a ser uma 17mm, apenas o campo de viso equivalente (EFOV) foi alterado. Num sensor APS-C o EFOV de 17mm x 1.6 o que equivale a 27,2mm. Uma lente ultra grande angular que deixa de o ser quando montada numa mquina APS-C.[1] Deixo de fora deste artigo sistemas analgicos e formatos superiores a 35mm (incluindo digitais), visto estarem um pouco fora das opes usualmente disponveis no mercado actual. [2] Entre os formatos de sensores dSLR existem ainda vrios outros, entre os quais est o Four-Thirds. Este formato implica um factor de ampliao de 2x e por isso tambm um cropped-sensor. Juntamente com o full-frame e o APS-C, o Four-Thirds faz parte do grupo dos sensores mais usados no mercado. Foi deixado de lado nesta anlise pelas suas semelhanas com o APS-C, embora possibilite um grau de miniaturizao mais elevado, o que permite a produo de corpos e lentes ainda mais pequenos e leves.

Alguns aspectos importantes a ter em conta na escolha: O formato APS-C, ao aplicar um factor de ampliao quando comparado com o 35 mm, adequado para quem procura distncias focais grandes, tal como as usadas na fotografia de vida selvagem; O formato APS-C est normalmente associado a lentes mais pequenas e leves (para ngulos de viso, intervalo de distncias, qualidade de construo e intervalo de aberturas semelhantes s do 35mm) o que pode ser importante para quem pretende levar o equipamento consigo para todo o lado; Como o formato APS-C descarta a parte da imagem junto s margens (habitualmente a que tem menos qualidade nas lentes mais baratas) mais adequada para aqueles fotgrafos com oramento mais limitado, uma vez que lentes mais baratas normalmente sofrem de perda de qualidade principalmente nestas reas. Este formato produz tambm imagens com menos vinhetagem devido quantidade do cenrio que enquadra. Pelo contrrio, o formatofull-frame, ao utilizar todo o espectro focal disponvel implica a utilizao de lentes com maior qualidade de modo a que a imagem no sofra qualquer degradao em todas as seces do enquadramento, encarecendo assim o equipamento e forando utilizao de acessrios (sistemas de filtros, por exemplo) que tenham em ateno a tendncia para a vinhetagem nas lentes grande angular; O formato APS-C requer distncias focais menores para apresentar a mesma viso do que o 35mm. Na fotografia de paisagem natural essencial usar lentes grande angular e, no formato APS-C, para conseguir, por exemplo, uma distncia focal de 16mm necessrio ter uma lente que consiga apresentar 10mm. Como, normalmente, quanto mais baixa a distncia focal piorAnurio 2010 Fotografia DG www.fotografia-dg.com

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a qualidade da imagem produzida, o formato full-frame o de eleio para quem pretende tirar o mximo partido de lentes grandes angular; Sensores maiores tm normalmente pixis maiores o que possibilita a produo de imagens com menor nvel de rudo e maior gama dinmica. Alm disso, pixis de maior densidade podem receber um fluxo superior de fotes durante o mesmo tempo de exposio (utilizando uma mesma abertura) o que permite receber um sinal de luz mais forte e produzir imagens mais suaves, com qualidade de impresso superior. tambm por esta razo que o formato fullframe o mais apetecvel quando se pretende conseguir imagens de qualidade superior. Dito isto, importante no esquecer que nem sempre a ferramenta mais adequada a mais cara. Dever ter em conta a utilizao que pretende dar ao seu sistema e escolher a soluo mais vantajosa e econmica para o seu caso particular, tendo sempre em conta que, se um dia pretender migrar do sistema APS-C para o fullframe, as lentes podero no ser compatveis entre sistemas.

Partilhando um pouco da minha experincia pessoal, actualmente utilizo uma Canon EOS 5D Mark II que utiliza o formato fullframe. Antes disso, utilizei vrias mquinas da mesma marca no formato APS-C, com Canon EOS 5D Mark II * Canon EF17-40mm f/4L USM lentes apenas compatveis para esse formato. Quando migrei de formato, fui obrigado a deixar de lado a minha lente grande angular que apenas funcionava em APS-C, o que implicou um acrscimo de custo na escolha do novo sensor. E quais foram os ganhos conseguidos? Em primeiro lugar, a nova lente que estou a usar (uma 17mm da Canon em comparao com a 10mm da Sigma) de uma qualidade muito superior e isto falando no mesmo patamar de preos. Para alm disso, a gama dinmica e o nvel de rudo das imagens teve um grande acrscimo no sentido da maior qualidade. O par full-frame/lente de qualidade , a meu ver, imbatvel em termos de qualidade no resultado final da imagem, em especial, para quem pretende imprimir ou publicar as suas fotografias. A minha recomendao a seguinte: Cropped Sensor: se pretende um sistema (corpo e lentes) mais barato, mais pequeno e leve e se pretende utilizar, no futuro, lentes com menor qualidade. Um sistema deste tipo produzir imagens de qualidade mantendo um rcio preo/qualidade muito aceitvel. Se a sua fotografia se baseia em distncia focais grandes, este sistema pode ser tambm uma boa aposta, poi