É preciso mais espaço político para as...

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Ano III nº11 Julho 2007 É preciso mais espaço político para as mulheres Entrevista especial: páginas 14 e 15 Ser mulher e política Páginas 8 e 9 A união é o poder Páginas 4 e 5 Delícias solidárias Páginas 10 e 11 Rota da arte Páginas 17 e 18

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Ano III nº11 Julho 2007

É preciso mais espaço político para as mulheresEntrevista especial: páginas 14 e 15

Ser mulher e políticaPáginas 8 e 9

A união é o poder Páginas 4 e 5

Delícias solidárias Páginas 10 e 11

Rota da artePáginas 17 e 18

� REVISTA DO INSTITUTO �CONSULADO DA MULHER

Acredito que ao refletir so-bre o poder e seu significado, deveríamos questionar: “preci-samos do poder para quê?”. A resposta é desconstruir o mo-delo da cultura patriarcal que herdamos. As mulheres devem ter força para transformar esta condição de desigualdade de oportunidades, onde se exclui a população feminina por sexo, classe e raça.

É necessário também mu-darmos pensamentos criados ao longo da história, na ciên-cia e na sociedade, como o do filósofo e poeta Voltaire*, que disse: “Não é, pois, surpreen-dente que em todos os países os homens tenham se tornado os mestres das mulheres, bus-cando-se na sua força. Ele, em geral, é superior a ela pelo cor-po e pelo espírito”.

No século XXI, ainda, é pos-sível verificar a influência des-se tipo de pensamento pelos dados de órgãos de pesquisa, como a Organização Interna-cional do Trabalho (OIT) e o Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Quanto ao poder, precisa-mos dele sim! Mas para sermos protagonistas na construção de um novo mundo, onde a eqüidade (a igualdade com jus-tiça social) e a inclusão, sejam ações concretas e não apenas propostas. Citando a música de Beto Guedes, “vamos precisar de todo mundo. Um mais um é sempre mais que dois”.

* Voltaire é pseudônimo do escritor François-Marie Arouet cuja citação está no livro “Mudando o mundo: liderança femini-na no século XXI”, de Denise Carrera, Men-chu e Tereza Moreira, da Editora Cortez, SP, ano 2001, da Rede Mulher de Educação

A mulher e o poder

Maria de Fátima Olberg, educadora social do Instituto Consulado da Mulher de Joinville

M U L H E R , H O M E M

Por que é preciso um plano de políticas

para as mulheres?

E D I T O R I A L

A própria história da socie-dade responde esta questão, quando mostra a construção da desigualdade entre os sexos ao longo dos séculos. A valo-rização do trabalho masculino ao contrário do feminino é um exemplo, pois define o espaço público (fora de casa) para o homem e o privado (dentro de casa) para a mulher.

Criar políticas direcionadas para o público feminino se faz ne-cessário. De que forma? No jeito de ver o seu corpo, cor de pele, raciocínio, sentimentos, desejos e até nos locais que ocupa em dife-rentes situações: família, trabalho, religião, escola. Enfim, nos locais da comunidade onde vivem.

Milhões de mulheres tam-bém perderam suas vidas. Ou-tras sobrevivem com as seqüe-las de atos violentos. Tudo isso pela discriminação de gênero e raça. Os poderes econômicos, sociais e políticos podem se concretizar em diversas formas de violência contra a mulher: fí-sica, psicológica, moral, falta de proteção à saúde, sobrecarga de trabalho e a baixa presença nos espaços públicos de poder.

Em várias épocas as mulhe-res lutaram em todas as partes do mundo. As conferências de políticas públicas são parte de suas vitórias e mecanismos para reivindicar melhorias, democra-cia e paz para todas(os).

� REVISTA DO INSTITUTO �CONSULADO DA MULHERCONSULADO DA MULHER

Muitos empreendimentos e várias idéias, mas dificuldades para crescer e serem reconheci-dos em Rio Claro. “A situação começou a mu-dar com o Fórum de Economia So-lidária, criado há dois meses, com o incentivo do Consulado da Mulher”, revela Izabel Rezende, artesã apoiada pelo Instituto e participante do Fórum.

A união é o poderM I R E - S E N O E X E M P L O

“Reunimos vários empreen-dimentos da região e, usando a estrutura da Usina do Trabalho, organizamos a gestão do grupo,

além de realizar reuniões a cada 15 d ias com todos(as) os(as) participantes”, explica Izabel. Ela sugere a seguin-te receita: muitas pessoas, com o mesmo propó-sito, têm mais chances de con-quistar o objetivo.

CONSULADO DA MULHER

A união faz a força do sucesso para os(as) participantes do Fórum de Economia Solidária

M I R E - S E N O E X E M P L O

Unidos(as), os(as) partici-pantes do Fórum vão para as mostras, exposições e feiras, e têm uma divulgação maior. “Com o Fórum, conseguimos nos organizar para estarmos nesses eventos, onde o resulta-do da venda de produtos é me-lhor”, comenta a artesã.

O retorno das vendas, no entanto, não fica só para o(a) artesão(ã), como explica Izabel. “O impacto da renda gerada vai para o negócio e, também, para

o nosso núcleo familiar, além da comunidade onde nós, empre-endedoras (es), vivemos. Quere-mos transformar a cidade de Rio Claro em uma referência na Eco-nomia Solidária”.

E o poder do Fórum de Eco-nomia Solidária não pára por aí, ao conquistar reconhecimento do público e da imprensa, que começa a procurar os(as) par-ticipantes para saber o que é “economia solidária”.

Empreendedores(as) de toda a região partici-pam das reuniões do Fórum...

Um objetivo se conquista quando muitas pessoas têm um mesmo propósito

... que contam com a participação de Fabia-no Castilho, coordenador de Trabalho e Renda do Consulado de Rio Claro

Izabel Rezende

� REVISTA DO INSTITUTO �

Festival de dança

Joinville (SC) - O Instituto Festival de Dança de Joinville ao lado do Consulado da Mu-lher levam, no dia 21 de julho, bailarinos(as) ao bairro Jardim Edilene, local onde as pessoas sofrem diariamente com a exclu-são social. Isso acontece durante o 25º Festival de Dança.

Políticas para mulheres em Santa Catarina

Nos dias 12 e 13 de julho ocorreu a II Conferência Esta-dual de Políticas para as Mulhe-res com a presença de Maria de Fátima Olberg, educadora so-cial do Consulado, Iraíde Ribei-ro Paulo da Costa, membro da Cooperante (Cooperativa Ami-ga do Meio Ambiente) e Neila Pereira da Silva, voluntária do Instituto, como delegadas.

Mais informações: (47) 3433-3773

Rio Claro na política para a população

feminina

Rio Claro (SP) - Mulheres de todo o município e regiões vizinhas estavam reunidas no Centro Cultural “Roberto Pal-mari”, no final de maio, para discutir as seguintes temáticas: saúde da mulher; gênero, tra-balho, renda e combate à po-breza; educação e cultura; en-frentamento à violência contra a mulher; a mulher e o poder.

A iniciativa foi da Prefeitura Municipal de Rio Claro, Câma-ra Municipal, Comissão Orga-nizadora com a presença do Consulado, em parceria com a sociedade civil e, especialmen-te, organizações do movimento popular e de mulheres.

Mais informações: (19) 3532-4446

Q U E N T I N H A S D O C O N S U L A D O

CONSULADO DA MULHER

Q U E N T I N H A S D O C O N S U L A D O

Preparativos para um novo Consulado

Manaus (AM) - A equipe do Consulado da Mulher de Ma-naus cresceu! Gielyzandra Silva é a nova coordenadora de Tra-balho e Renda e Luciana Costa cuida agora da coordenação do voluntariado. As duas irão auxi-liar a coordenadora geral Dayla Souza a estruturar melhor as ações do Instituto na cidade.

Em junho, Manaus também recebeu a visita de Silvana Nas-cimento e Christiano Basile, co-ordenadores do Núcleo de São Paulo. Os dois se reuniram com a equipe local para mapear as ações de trabalho, renda e gê-nero que serão implantadas em agosto, além de capacitar futuros(as) voluntários(as) do Consulado de Manaus.

Mais informações: (92) 3652 8550

Conferência para as paulistas

Núcleo (SP) - Com o tema “As mulheres discutindo e de-finindo políticas de igualda-de”, a II Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres aconteceu nos dias 11, 12 e 13 de julho, no Anhembi. O objeti-vo? Levantar as prioridades das mulheres do estado, discutindo seus direitos.

A iniciativa é de várias orga-nizações e movimento de mu-lheres, como o Consulado da Mulher, do Conselho Estadual da Condição Feminina e do Go-verno do Estado de São Paulo.

Mais informações: (11) 6940-1708

� REVISTA DO INSTITUTO �CONSULADO DA MULHER

E U P O S S O E U P O S S O

Ser mulher e política

Para marcar uma visita, basta entrar em contato pelo fone: (47) 3422-8526.

SOIS - Serviços Organizados de Inclusão Social foi criado para inserir a pessoa com grave transtorno psíquico na sociedade por meio da convivência familiar e comunitária. Já é referência em saúde mental na cidade e é vinculado ao CAPS – Centro de Atendimento Psico-social, órgão público da Secretaria do Bem-estar Social.

Por meio de oficinas de produção, estimula o desenvol-vimento de habilidades de seus(suas) participantes com trocas sociais e reflexão de outro mercado, o solidário, cooperativo, que produz, consome, comercializa e troca.

Apesar da sociedade viver hoje um momento de muita modernidade, avanço tecnoló-gico e de intensa informação, isso não significa que as dife-

Conquistas femininas

A partir de movimentos de mulheres há grandiosas conquistas por seus direitos humanos. No Brasil, como primeiro grande exemplo de resultado de luta, há a Princesa Isabel, que em 1��� assinou a leia Áurea. Em 1���, o público femini-no ganhou direito ao voto, concretizando assim, a sua contribuição na sociedade em lei. Porém, antes mes-mo deste direito, em 1���, no Rio Grande do Norte

elegeu-se a primeira prefei-ta do Município de Lajes e, conseqüentemente, a pri-meira mulher a participar da vida política no país.

Daí em diante, as mulhe-res com suas vitórias políti-cas garantiram a cota mí-nima de �0% dos partidos políticos. Apesar da mesma cota não ser preenchida nem pela metade, devido à falta de base de condição para a candidatura, a mu-lher se evidencia fortemen-te na história e sua cami-nhada nas conquistas não param.

“Precisamos superar a mentalidade atrasada sobre o feminino no po-der. Temos que ocupar as instâncias de decisão do local onde vivemos, ajudar a melhorar situ-ações de desigualdade que passamos, lutando por nossos direitos. Ne-cessitamos fazer parte disso tudo que acontece no nosso país já, como mulheres e políticas”.(Cynthia Pinto da Luz é advoga-da do Centro dos Direitos Humanos de Joinville, atua nos movimentos sociais e representa a cidade como delegada na II Conferência Estadual de Políticas para Mulheres, em San-ta Catarina)

renças entre homens e mulhe-res não existam. Exemplo disso é o nível de representatividade que as mulheres detêm nos es-paços de poder. Homens ainda são maioria esmagadora, e não quer dizer que as mulheres não possam seguir carreira política.

Inclusive, se é algo que te interessa, a questão é seguir adiante. Todas as mulheres podem e, querendo, devem ir além do universo da casa, do trabalho, para a vida pública, onde representarão interesses de muitas(os) outras(os), tor-nando-se parte de um processo social.

Mas, vale ressaltar aqui, que política não é apenas candida-tura e eleição, como também, a participação nas diversas esferas da comunidade: trabalho social, orçamento participativo, clube de mães, entre tantos outros.

Independente da escolha que faça no espaço político, é importante não ter medo de ul-trapassar os limites, os obstácu-los que são impostos e, ter em mente sempre que representa ideais de melhoria para toda uma população.

10 REVISTA DO INSTITUTO CONSULADO DA MULHER

• Filão quentinho às 6h30 e às 16h.

Aceitamos encomendas de bolos, doces e salgados.

Fazemos serviços de buffetServimos marmitex: mini R$3,50 | média R$4,50 |

grande R$5,50Venha nos conhecer!

Av. Visconde de Rio Claro, 150 – São Paulo – Fone:

(19) 3525-6189.

P A R A T R A B A L H A R E R E N D E R P A R A T R A B A L H A R E R E N D E R

Padaria Visconde

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Cooperativa de mulheres trabalhando para oferecer produtos com qualidade e preços justos!

Delícias solidáriasSabores e carinhos que conquistam

colaboradores(as) da Whirlpool

Dificuldades e vitórias marcam a história do grupoO Espaço Solidário localiza-

do dentro da unidade Joinville, da Whirlpool S.A., abriga muito mais que petiscos e artesanatos, oferece muito sabor e carinho aos gostosos doces e salgados que comercializa pelo empre-endimento popular “Delícias Solidárias”. Ficou com água na boca? Então, tem de conhecer de perto o grupo que só no nome já abre o apetite. Veja agora como tudo começou e chegou ao sucesso que é hoje, pela integrante Marlene Catão.

O inícioO ponto em comum entre

todos(as) membros foi com cer-

teza a procura pelo Consulado da Mulher. Eu, por exemplo, já fabricava bombons e busquei o Instituto para atendimento na Banca da Empreendedora Po-pular (balcão de informações para quem quer iniciar ou me-lhorar o próprio negócio) e, as-sim conheci a Carmem Eger e a Jucelei Helena de Oliveira.

ProblemasCozinhar era maravilhoso

para nós, mas como vender tudo que produzíamos? Faltava onde comercializar e também onde preparar todo o alimento. Nos reunimos diversas vezes para discutir essas questões, junto com o apoio do Consulado.

SuperaçãoO ano passado, o Instituto

fez uma programação especial para animar os(as) voluntários(as) da Whirlpool e, deram como brinde uma caixinha produzida pela cooperativa “Mãos Unidas” re-pleta de bombons feitos por nós. O pessoal adorou

e fez muitas encomendas. Na semana do Natal também ven-demos. Dessa atuação surgiu a idéia de criar um espaço perma-nente para comercialização e, assim nasceu o Espaço Solidário.

Oportunidade para novas(os) empre-

endedoras(es)Como começamos a ganhar

dinheiro com o negócio, inicia-mos também convites para ou-tras pessoas juntarem-se a nós para ter a mesma oportunida-

de que tivemos. Hoje já temos novos(as) integrantes: Carme-lita Krause e Antonio Donizetti.

ClientesEm cada aniversário de me-

ses do “Delícias Solidárias”, no Espaço Solidário, fazemos pro-moções, campanhas, damos brindes. Tudo para estimular e agradecer o(a) nosso(a) cliente pelo carinho que tem conosco.

Planos para o futuroAtender os setores da fábrica

da Whirlpool e conquistarmos um espaço para produção do nosso trabalho.

DicasEmpenhe-se muito

no trabalho. Não tenha medo e pense que você

só tem a crescer.

1� REVISTA DO INSTITUTO 1�CONSULADO DA MULHER

Aprender é sempre preciso

“Nos bairros Novo Wenzel e Bom Sucesso, periferia de Rio Claro, foi implantado o projeto de desenvolvimento social, cha-mado “Construindo pontes”, com atividades de customiza-ção de roupas e acessórios.

E X P R E S S Ã O D E C I D A D A N I A E X P R E S S Ã O D E C I D A D A N I A

Ser voluntário(a) no Instituto é uma opção para atuar

com a transformação da mulher de baixa renda e pou-

ca escolaridade. É também ser capaz de olhar em seus

olhos e compartilhar conhecimentos e sentimentos. E

mostrar acima de tudo a importância que ela tem para

si, para sua família e para toda a sociedade. Conheça

agora relatos de pessoas que fazem a diferença na vida

dessas mulheres.

Força para as mulheres

“Quando comecei no Con-sulado como voluntária, senti vontade de repassar tudo o que havia aprendido na casa. De-sejava incentivar, estimular as mulheres para que pudessem realizar os seus sonhos. Para for-talecê-las, no entanto, foi pre-ciso encorajá-las! Desta forma, elas puderam valorizar a própria vida e tudo o que fazem.

Voluntariado: a alma do

Consulado

Se cuidam da casa, dos(as) filhos(as), são capazes também de fazer qualquer coisa, de de-sempenhar qualquer profissão. Digo hoje em minhas oficinas que elas só precisam fazer uma coisa: resgatar a auto-estima. Daí para frente terão muito mais propriedade para enfren-tar os desafios que o mundo lhes coloca”.

Sônia Patrícia dos Santos, 34 anos, voluntária do Consulado de Joinville, é pes-cadora, artesã e mãe de um filho. Também foi eleita delegada estadual na II Conferên-cia Regional de Políticas para as Mulheres de Joinville.

No começo, as mulheres ou-viam. Sugestões não eram ques-tionadas, mas aceitas. Elas não se achavam capazes de opinar, escolher. Entretanto, o carinho e o amor dedicado às tarefas e o sorriso como meio de comuni-cação, foram as constantes em nossa convivência. Abolimos o “não consigo”.

No encerramento da oficina, a exposição das peças confec-cionadas fez sucesso! Surpresas, elas perceberam a vitória e, tam-bém, que haviam se superado. Hoje, continuam a aprender no-vas técnicas, mas agora fazem perguntas. Para nós ficou a lição: não há quem não tenha, em to-das as fases da vida, algo a ini-ciar, a aprender e a aprimorar”.

Margarida Maria Vivacqua, 70 anos, voluntária do Consulado da Mulher de Rio Claro, é arquiteta, designer de produtos, mãe de Lúcia e parceira do Instituto no pro-jeto “Construindo Pontes”.

É preciso mais espaço político para

as mulheres

P Á G I N A S C O L O R I D A S

1� REVISTA DO INSTITUTO CONSULADO DA MULHER 1�

P Á G I N A S C O L O R I D A S

As mulheres re-presentam 51% do eleitorado no Brasil. No entanto, são ape-nas 8,9% dos depu-tados federais. Com tantas conquistas femininas ao longo da história, por que persiste tamanha desigualdade entre os sexos? Como as mulheres podem reverter isso? Para falar sobre o tema, a Revista do Consulado da Mulher convidou Mona Zeyn, chefe de gabinete da deputada federal Luiza Erun-dina, presidente nacional do Co-mitê Multipartidário de Mulheres, membro do Conselho Estadual da Condição Feminina e apresenta-dora dos Programas “Palavra de Mulher”, da Rádio Tupi e do “All TV Mulher” (www.alltv.com.br). Confira!

Revista do Consulado: Na sua opinião, por que há baixa representatividade das mulheres nos espaços de poder?

Mona Zeyn: Acredito que isso deva a uma resistência, principal-

mente cultural, no Brasil e em países da América Latina, de que política não é para mulher. Ela pode até sair para trabalhar, buscar complementar a renda familiar e até ocupar cargos de li-derança no ambien-te de trabalho. Mas, no espaço público começou a firmar-

se há bem pouco tempo, até por-que, historicamente, o lugar sem-pre foi destinado aos homens. Por isso, as mulheres são sub-repre-sentadas nos espaços de poder. Em mais de 180 anos, nunca uma deputada foi eleita para ocupar um cargo na mesa diretora da Câ-mara Federal. No Paraná, demo-rou 70 anos para uma mulher ser eleita deputada federal e, depois disso, nenhuma mais chegou a essa posição.

Revista do Consulado: Cotas nos partidos resolve o problema?

Mona Zeyn: Conquistar a cota de 30% de vagas para as mulhe-res nas eleições para o legislativo

foi uma importante vitória, porém insuficiente. Isso porque faltam meios para que elas concorram em igualdade de condições em relação aos homens, devido à ausência de recursos financeiros, visibilidade na mídia e retaguarda partidária. Além disso, nem to-dos os partidos cumprem a cota e quando o fazem, a mulher não tem base para chegar até o final do processo eleitoral. No entanto, contribuem para complementar os votos que faltam para os can-didatos homens na disputa.

Revista do Consulado: En-tão, o que você acha que é preci-so para reverter esse quadro?

Mona Zeyn: Em 2000, apro-veitando o momento de reforma política no Brasil, criamos um gru-po de mulheres de diferentes par-tidos, denominado Comitê Multi-partidário, exatamente para isso. Esse grupo, através da deputada federal Luiza Erundina, apresen-tou projeto de lei estabelecendo que 30% dos fundos partidários sejam destinados ao órgão de representação das mulheres em seus respectivos partidos, assim como 30% do tempo dos progra-mas no rádio e na televisão com a

participação feminina. A boa no-tícia é que essa proposta entrou no projeto de reforma política que está em discussão na Câmara Federal. Se conseguirmos que seja aprovada, estaremos rompendo com limitações em termos de re-cursos financeiros para a capaci-tação política das mulheres e ga-rantindo sua visibilidade na mídia, o que certamente contribuirá para ampliar sua participação política.

Revista do Consulado: Mas, você acha que as mulheres estão preparadas para assumir o seu pa-pel na política?

Mona Zeyn: Sim. Temos mu-lheres importantes no Brasil: in-telectuais, sindicalistas, trabalha-doras rurais e urbanas, líderes de movimentos sociais, dirigentes de empresas, chefes de família, en-fim, mulheres que marcam uma presença ativa e competente na vida da sociedade.

Revista do Consulado: Por falar nisso, como está a compre-ensão da mulher com relação à sua participação no poder?

Mona Zeyn: As brasileiras hoje estão num momento di-ferenciado, com maturidade,

A democracia só é plena quando há igualdade entre os sexos

1�CONSULADO DA MULHER

P R A T I Q U E A I D É I A D A

Rota da Arte

Artesanato com bambu

Mensagem da artesã

“Para obter sucesso o(a) artesão(ã) deve criar peças diferencia-das e fazer do seu traba-lho um negócio, agindo com profissionalismo, buscando ser um(a) empreendedor(a). E não deve esquecer dos valores de cooperação, solidariedade e respei-to ao meio ambiente.”

cole

cion

e es

ta id

éia

P Á G I N A S C O L O R I D A S

Criado em 2001, o Grupo Rota da Arte é bem conhecido na cidade de Rio Claro. O arte-sanato com bambu é uma das marcas registradas do empre-endimento. “Optamos por esse material por ser ecologicamen-te correto e ser abundante em nossa região”, explica Dulcinéia Donatto, uma das primeiras ar-tesãs a integrar o grupo.

Com o tempo, e a entrada de novo(a)s artesão(ã)s, o Rota da Arte também começou a produzir trabalhos feitos em crochê, bordados e patchwork. Para quem deseja entrar no mundo do artesanato, Dulci-néia dá a dica: “o ideal é pri-meiro conhecer todo o proces-so, e ganhar intimidade com as ferramentas e o material que você irá usar”.

Veja como fazer uma mini fonte de água com artesana-to de bambu na página se-guinte e colecione esta idéia.

1� REVISTA DO INSTITUTO

Dulcinéia Donatto, artesã

entendendo a importância de ocuparem espaço de poder para reduzir a desigualdade entre homens e mulheres nas instâncias de decisão. Vimos no Comitê Mul-tipartidário que lutávamos sempre por condições fora dos partidos e dentro deles trabalhávamos para ajudar os homens e nunca con-quistávamos nosso próprio espa-ço. Por isso mesmo, construímos propostas para melhorar nossas condições dentro deles.

Revista do Consulado: Hoje, as mulheres são maioria nos mo-vimentos sociais e de transforma-ção, tendo uma visão do todo, dos problemas da sociedade e do país. Dentro desse contexto, você acha que o aumento da represen-tatividade feminina no poder seria positivo também para nosso país?

Mona Zeyn: Tenho absoluta certeza de que fazemos a diferen-ça. Há, inclusive, estatísticas que demonstram que as mulheres no poder procuram eliminar as desi-gualdades, incluir as pessoas so-cialmente, romper as relações de opressão, preservar a natureza, pensando no futuro das gerações.

Revista do Consulado: Qual é a importância da realização de conferências para a implantação

de políticas para as mulheres?

Mona Zeyn: É o momento em que as mulheres tomam cons-ciência da discriminação, da ex-clusão e da violência a que estão submetidas. É uma oportunidade também para se propor políticas públicas de gênero. Além disso, é imprescindível que fiscalizemos a aplicação das leis que conquista-mos. Temos leis muito boas, como a lei Maria da Penha (que comba-te a violência contra as mulheres), por exemplo, e precisamos ver se elas estão sendo aplicadas. E, se não, denunciar.

Revista do Consulado: Além de ocupar um cargo no poder, como você acha que as mulheres podem participar da política?

Mona Zeyn: Por meio de cam-panhas, apoio às candidaturas de outras mulheres, nas frentes sin-dical e popular e na fiscalização das leis de nosso interesse. Enfim, podemos fazer tudo, menos ficar em silêncio. Precisamos cada vez mais nos organizar, acreditar na ação coletiva e resgatar sonhos. A mulher sempre foi e será capaz de fazer do limão uma limonada e, acho que ela cria um novo modo de ser na sociedade como sujeito de transformação.

1� REVISTA DO INSTITUTO

Em um dos de 30 cm - fazer um furo na parte superior no lado direito. No outro de 30 cm - fazer um furo na parte superior no lado esquerdo. No bambu de 23 cm - fazer dois furos na parte superior, um de cada lado.

5. Encaixar os filetes em cada furo feito no passo anterior.

6. Encaixar a mangueira transparen-te no bambu maior.

7. Encaixar o motor (você encontra ele em lojas de artesanato ou em lojas de animais e produtos para aquários) na outra extremidade da mangueira.

8. Amarrar todos os bambus com sisal ou fitilho, amarrando junto à man-gueira transparente.

9. Colocar dentro da base de cerâ-mica (vaso).

10. Colocar as pedras para segurar e decorar com plantas.

11. Colocar água até cobrir o motor, ligar na tomada.

P R A T I Q U E A I D É I A D A

Você vai precisar de:Bambu com 4 cm de diâmetro, si-

sal, mangueira transparente, pedras, lixa nº 150, palha de aço, motor elé-trico para a fonte e uma base de cerâ-mica (que pode ser um vaso raso).

Ferramentas utilizadas: Serra, furadeira, tesoura.

Modo de fazer:1. Cortar o bambu de 4 cm de diâ-

metro, nos seguintes tamanhos: um de 35 cm, dois de 30 cm, um de 23 cm. Cortar também seis filetes de 2 cm.

2. Lixar todos os bambus.

3. Limpar todos os bambus com pa-lha de aço.

4. Furar os bambus: de 35 cm - fazer dois furos na parte superior, um de cada lado, e um furo atrás para o encaixe da mangueira transparente.

Mini fonte de água com artesanato

de bambu

cole

cion

e es

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éia

P a r t i c i p e c o m c o m e n t á r i o s e a n ú n c i o sComente a(s) matéria(s) e/ou a revista. Se você é um(a) participante do Instituto e, também, quer falar sobre seus produtos ou serviços, envie-nos seu anúncio. Ele será avaliado dentro da fisolofia do Consulado para divulgação.

As cartas ou e-mails devem ser enviados com nome completo, RG, endereço e tele-fone. A revista se reserva o direito, de sem alterar o conteúdo, resumir e adaptar os textos publicados. As correspondências devem ser endereçadas à seção Cartas, na Rua Olímpia Semeraro, ���, Jardim Santa Emília, CEP: 0�1��-�01, aos cuidados da Comunicação do Consulado da Mulher, pelo e-mail [email protected], ou entregues diretamente na recepção das unidades do Instituto em Rio Claro (SP), Joinville (SC) e Manaus (AM).

pra quê poder??

Rota da Arte

Opinião de Rio ClaroJanaína Ramão de Oliveira, 24 anos,

estudante de Pedagogia e participante da atividade de Idiomas (Inglês).

“Sempre que venho ao Consulado, procuro a Revista. Ela é muito interes-sante, pois mostra temas sobre a mu-lher, seu desenvolvimento nas oficinas e sua independência. Na última edição, me chamou a atenção a matéria sobre educação (Educar Diferente páginas. 8 e 9), a questão dos brinquedos que da-mos aos nossos filhos e filhas. Inclusive levei o assunto para a faculdade e mi-nhas colegas e eu discutimos muito”.

C a r t a s d o ( a ) l e i t o r ( a )

H A H A H A

CONSULADO DA MULHER 1�

só se for pela eqüidade

e a inclusão

Aparecida Favoreto Pizzirani, também artesã

Opinião de JoinvilleCristina Rauvers, voluntária de culi-

nária e artesanato.

“Acho o conteúdo da revista bem bacana. Os temas são variados, e sem-pre interessantes. As fotos também são bonitas, com gente feliz e batalhadora. Para melhorar, acho que ela deveria ter mais páginas, e talvez se aprofundar um pouco mais nos assuntos.”

Ano III Nº11 Julho/Agosto 2007A Revista do Consulado da Mulher é uma publicação

bimestral do Instituto do Consulado da Mulher.

Coordenação da PublicaçãoAlexandra Ebert, Inês Meneguelli Acosta e Silvana S. Nascimento.

Conselho EditorialAlexandra Ebert, Bruno Galhardi, Cássia Monteiro, Célia Regina Lara, Christiano Basile,

Dayla C. Souza, Gláucia Matos Adeniké, Guilherme Diefenthaeler, Leda Böger, Lenira Vicari, Maria de Fátima Olberg,

Paula Watson, Renata Watson e Silvana S. Nascimento.

FotosMarcelo Caetano (Joinville - SC): Editorial, Para trabalhar e render, Delícias

Solidárias e Expressão de cidadania (Sônia); Gilberto Junior: Mire-se no exemplo, Expressão de cidadania (D. Guida) e Pratique a idéia da Rota da Arte;

Arquivo Pessoal: Páginas coloridas (Mona Zeyn).

TextosJornalista responsável: Alexandra Ebert (MTB: 42674)

Estagiário de comunicação: Bruno GalhardiEducadoras sociais: Lenira Vicari e Maria de Fátima Olberg

Convidadas: Gláucia Matos Adeniké e Juliana Duraes (voluntária de SP)

Projeto Gráfico, Diagramação e IlustraçõesTraço Comunicação (www.watsons.com.br)

Tiragem6.000 exemplares

Instituto Consulado da MulherNúcleo São Paulo SP: (11) 6940-1665 • Unidade Rio Claro SP: (19) 3532-4446

• Unidade Joinville SC: (47) 3433-3773 • Unidade Manaus AM: (92) 3652-8550www.consuladodamulher.org.br

Parceria

Em caso de interesse, entre em contato: (11) 3553 4080 para São Paulo e 0800 723 4499 para

as demais regiões do Brasil