e-book dezembro - final

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O futuro é de carne e está no pasto

A China, o leite e o produtor:5 passos para profissionalizar aatividade leiteira

IBAMA e Financiamento RuralUma relação perigosa para produtores

REBECA YOUSSEF

ODARA WEINMANN

O leite será coado – o produtor também

Multas ambientais – a hora e a vez da conciliação

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Pecuária leiteira: gestão para prosperar na crise!

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Compliance: sustentabilidade para as empresas do Agronegócio

Benchmarking: Moderna Gestão do Agronegócio

Compliance, Agronegócio e Vinho

Governança corporativa e a gestão de riscos do agronegócio

O mercado, os negócios e o agro.17

MP 881 - Liberdade econômica para o agronegócio, estamos prontos?

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JULIANA COLBEICH

A importância das cláusulas ambientais nos contratos de arrendamento

A importância do sistema de gestão ambiental nas cadeias produtivas do Agronegócio

Contrato de venda de gado de leite parcelado

Advocacia Rural de Precisão

Direito Ambiental e Segurança Jurídica

Contrato de integração: contrato típico agrário

GABRIELA CEZIMBRA

Aposentadoria rural e a mudança até 2020 validade da autodeclaração de tempo de serviço rural

Aposentadoria rural – saiba como utilizar o tempo anterior ao ano de 1991 para se aposentar mesmo não tendo contribuído naquele período

GLÁUCIA SERAFINI

Aspectos sobre as principais mudanças para o Trabalhador Rural na reformada Previdência

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Holding familiar para agronegócios

MARCOS HOKUMURA REIS

Elas são AdvAgro

Autores convidados:

Agronegócio, arbitragem e segurança jurídica

SABRINA CASTRO

Gerenciamento financeiro = Melhores resultados

FELIPE ESTEVES

Perenidade do patrimônio rural

VERIDIANA MARTINS

Mediação no Agronegócio

BRUNO FOGIATO LENCINA

Tributação dos Contratos Agrários e a Parceria Simulada

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ODARA WEINMANN

O Benchmarking consiste no processo de busca das melhores práticas numa deter-minada Agroindústria ou empresa rural e que conduzem ao desempenho superior. É visto como um processo positivo e através do qual uma empresa examina como outra realiza uma função específica a fim de melhorar a forma como realiza a mesma ou uma função semelhante. Nesse contexto, o benchmarking vem sendo utilizado por empresas do Agro-negócio, visto que é um processo de mel-horia no qual uma empresa mede seu desempenho pela comparação com em-presas consideradas as “melhores de sua classe”, determinando como estas em-presas alcançaram estas informações para melhorar seu próprio desempenho.

O benchmarking constitui apenas um dos instrumentos disponíveis para o progres-so na gestão do negócio. Atualmente a moderna gestão do agronegócio dispõe de vários instrumentos de aperfeiçoa-mento e melhoria continua, em oportuni-dades anteriores já destacamos a importância da Governança, do pro-grama de Compliance e dos procedimen-tos de auditorias que podem anteceder a esses.

Benchmarking: Moderna Gestão do Agronegócio

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Exemplificando, podemos destacar a existência de diferentes resultados de produtividades entre propriedades rurais localizadas na mesma região geográfica, no qual evidencia em deter-minadas propriedades desempenhos técnicos e econômicos muito superi-ores do que em outras, considerando também as diferentes capacidades ger-enciais dos produtores responsáveis.

Nessa hipótese, podemos iniciar um processo de inovação do modelo de gestão até então incidente através da utilização do Benchmarking; A uti-lização do Benchmarking tem como principal benefício à orientação da em-presa, que utilizando de indicadores confiáveis tem como objetivo a busca permanente de oportunidades de mel-horia dos seus produtos e serviços, processos, custos e prazos, consequen-temente a empresa rural ou agroin-dústria desenvolve maior potencial competitivo, fortalecendo assim a sua marca e credibilidade junto ao merca-do.

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ODARA WEINMANN

O Compliance pode ser definido, resumi-damente, como um programa funda-mentado na regulamentação e controle das conformidades de uma empresa com a legislação e regulamentos internos e externos, solidificando seus objetivos estratégicos e definindo com maior clare-za suas diretrizes, e assim, melhorando seus resultados empresariais.

O Agronegócio, por sua vez é um conjun-to de atividades de uma longa cadeia pro-dutiva que transita por todos setores da economia, desde a produção agro-pecuária, o processamento industrial e as mais variadas formas de prestações de serviços e varejo, o que requer um con-hecimento especializado e uma visão glo-balizada de todo segmento.

Posto isso, ao analisarmos a aplicação desse importante programa em uma em-presa do agronegócio, objetiva-se a inte-gração entre todas áreas e departamen-tos envolvidos, incluindo o gerenciamen-to de riscos atrelado a atividade, de forma a estimular a implementação de um Programa de Compliance, ética e sus-

Compliance:sustentabilidade para asempresas do Agronegócio

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tentabilidade, em seu amplo espectro, qual seja: econômico, social e ambien-tal.

A adoção de princípios de Governança Corporativa, prevenção e detecção dos riscos de compliance, não necessaria-mente demandam aumento de custos, ao contrário reduzem significativa-mente as perdas e os passivos tra-balhistas, ambiental, as multas e a judi-cialização, priorizam e facilitam a ob-tenção de licenças ambientais, auferem maior economia tributária, agilizam os procedimento de obtenção de licenças para importação e exportação, além de maiores facilidades para liberação de créditos e financiamentos.

Enfim, o programa de Compliance apli-cado as empresas do Agronegócio, passa por um processo de crescimento e amadurecimento, deve ser planejado gradativamente e de forma sistêmica, esse processo de aperfeiçoamento ético e de boas práticas visa atender padrões exigidos pelo mercado inter-nacional, além de que melhoram a imagem e reputação da empresa per-ante fornecedores e consumidores visando auferir integridade e maior competitividade para o Agronegócio brasileiro.

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ODARA WEINMANN

Que relação tem o compliance com o agronegócio e o vinho? Tudo... vamos explicar!

O programa de Compliance foi instituído oficialmente no Brasil a partir da publi-cação da Lei 12.846/2013 atendendo a compromissos anteriormente assumidos pelo país em convenções da ONU, OEA e, principalmente OCDE.

De forma inovadora a recente norma internalizou no ordenamento jurídico um conjunto de medidas de combate à cor-rupção, preventivas e repressivas. Como efeito alguns Estados buscando imple-mentar as medidas, definiram a obrigato-riedade de um programa de Compliance para todas empresas que se relacionam ou pretendem se relacionar com o Estado, em especial o RJ, GO e DF que foram pioneiros. Em 2017, o Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento – MAPA institui o programa integridade no Agro, a intenção é promover a com-petitividade das empresas e cooperativas do agronegócio, através da adoção e aprimoramento de mecanismos de pre-venção e identificação de fraudes, irregu-

Compliance,Agronegócio e Vinho

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Aumentando seu potencial competiti-vo é inegável que as empresas do setor avançam com mais força no mer-cado interno e externo, auxiliando e criando um efeito cascata para o desenvolvimento e a valorização de todo agronegócio nacional.

Então, Compliance tem ou não relação com o agronegócio e com o vinho?

laridades e desvios de empresas. E o vinho? O Vinho brasileiro vem se desta-cando positivamente no cenário nacio-nal, com safras consideradas de excelência em qualidade e a recente decisão do governo do Estado do RS, que é o maior produtor do país, retiran-do o regime de ST (substituição tributária, e assim favorecendo as em-presas vinícolas, que por sua vez estão em excelente momento para planejar-em investimentos e expansão dos negócios).

A competitividade e a sustentabilidade projetada para empresas vinícolas passam obrigatoriamente pela adoção do programa de compliance e requer atenção especial para as particulari-dades que envolvem essa importante cadeia produtiva, principalmente no que tange ao gerenciamento de riscos envolvendo as fases de produção e comercialização.

Estar em Compliance é muito mais que “anunciar” que a empresa adota uma postura integra e correta, mas sim dar transparência. O reconhecimento do mercado e do público é mera conse-quência desse conjunto de qualificação ética e conformidades, que tem como recompensa a perpetuação e a susten-tabilidade dos negócios.

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ODARA WEINMANN

O tema é evidentemente de grande importância para produtores, empresári-os, investidores e profissionais que atuam no agronegócio, abrangendo aspectos do antes, dentro e depois da porteira, interligando os fundamentos da gestão financeira, comercial, contratual, trabalhista, ambiental, tributária, e a não menos complexa gestão de conflitos e pessoas, entre muitos outros.

Tamanha variedade de fatores que inter-fere no resultado final da cadeia acaba incorporando uma proporcional quanti-dade de riscos e incertezas que atuam em cada um dos elos. A moderna gestão do agronegócio, dispõe de ferramentas, programas e processos eficientes que auxiliam na melhor performance do negócio e asseguram ao empresário e produtor rural a segurança necessária para seguir na atividade desempenhada.

A Governança Corporativa tem se mostrado um meio eficaz na minimi-zação dos riscos e conflitos.

Governança corporativa e a gestão de riscos do agronegócio

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Desenvolver-se e evoluir é algo que toda empresa deseja, principalmente quando se trata de empresas rurais familiares, que enfrentam desafios adi-cionais relacionados à manutenção do legado construído.

A governança é um sistema de gestão de sociedades, privilegia a probidade e a transparência, pode ser definida também como uma série de processos que determinarão a forma pelo qual os negócios podem ser geridos, encarre-gando-se, por exemplo, de transformar princípios e valores em diretrizes mais objetivas, visando a manutenção de direitos e a redução de conflitos.

Por mais que a tecnologia avance de forma dinâmica no segmento Agrotech, as pessoas ainda são o ponto mais forte e também a maior fragilidade de uma companhia, esse ponto é também considerado um dos elos mais com-plexos da grande cadeia produtiva do agronegócio. Em razão disso, a Gover-nança dos processos deve ser inserida na gestão do negócio, promovendo a orientação e o direcionamento, de forma a criar sinergia entre as pessoas envolvidas, reduzindo os conflitos de forma a garantir a perenidade das em-presas e consequentemente o desen-volvimento do agronegócio nacional.

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ODARA WEINMANN

O Agronegócio pode ser resumidamente definido como uma rede de negócios, no qual arranjos contratuais garantem a integração entre os diferentes elos que compõem essa gigantesca cadeia produ-tiva.

Diante disso, essas relações podem ser fortalecidas e validadas, no mercado interno e externo, através da integridade que se atribui a esses instrumentos con-tratuais e as partes envolvidas. Em muitos países a riqueza e o valor dos bens gerados está relacionado propor-cionalmente a liberdade econômica daquele país. Essa liberdade tem relação direta com o quanto somos livres e responsáveis para validar nossas escol-has, sejam elas, econômicas, de crédito, negociais, sem sermos influenciados e/ou limitados pela burocracia e a inter-venção governamental.

Com a recente edição da Medida Pro-visória 881, que instituiu a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, tendo como princípio expresso “a intervenção subsidiaria mínima do Estado sobre a economia” pretende-se promover altera-

MP 881Liberdade econômica para o agronegócio, estamos prontos?

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ções significativas de cunho Societário, Trabalhista, Civil, Imobiliário, Tributário e Agrário. Algumas dessas alterações merecem ser destacadas, como: a pos-sibilidade de constituição de Sociedade Limitada Unipessoal, a desconsider-ação da personalidade jurídica inversa, a necessidade de comprovação de envolvimento das pessoas jurídicas que compõem o mesmo grupo econômico para atribuição de respons-abilidade patrimonial e ou desconsider-ação da personalidade jurídica. Entre muitas outras que serão abordadas oportunamente.

Na esfera Civil e Direito Agrário, no que se refere a contratos em geral, que além da liberdade de contratar nos lim-ites da função social o Estado deve intervir minimamente nas relações contratuais privadas. Como conse-quência reflexa nos contratos agrários pretende-se acrescer ao art. 92 do Estatuto da Terra, o parágrafo 10º, que assim prevê: 10º Prevalece a autonomia privada nos contratos agrários, exceto quando uma das partes se enquadre no conceito de agricultor familiar e empreendedor familiar rural, conforme previsto o art. 3º da Lei 11.326, de 24 de julho de 2006.

A possibilidade de inclusão do respec-tivo dispositivo ao texto legal tem divi-dido opiniões entre os mais renomados estudiosos, entre tantas outras divergências, destacamos o ponto que alguns entendem por pre-cipitada e sem base legal a referida alteração, que dentre os possíveis reflexos negativos, a exclusão da agri-cultura familiar da pretensa liberdade de contratar ao invés de proteger poderá gerar a exclusão desse grupo de futuras intenções negociais relacio-nadas a contratos de parceria e arren-damento, e consequentemente uma insegurança jurídica muito grande nesse meio.

Por outro lado, outros defendem que o dispositivo busca exatamente o con-trário, ao excluir o grupo da agricultura familiar a intenção é mantê-los sob o manto protetivo e regulatório do Estat-uto da Terra, que norteará as relações que se enquadram aqueles que demandam mais proteção. No entan-to, controvérsias a parte, em um ponto todos concordam, a necessidade urgente de atualização do Estatuto, seja para regular adequadamente as relações contratuais de uso da terra, seja para adequação ao moderno e

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dinâmico mercado. Não podemos prever os efeitos dessas mudanças, no cenário brasileiro, a MP 881 traz avanços significativos relacionados à atividade econômica como um todo. Entretanto, ainda é preciso verificar se ela será convertida em lei e, mesmo assim, tais disposições estarão sujeitas ao Poder Judiciário e à regulamentação dos órgãos públicos.

Diante disso, será que já possuímos maturidade e integridade necessária para regular com livre autonomia essas relações negociais? O agronegócio bra-sileiro não é feito apenas em números e expectativas, em breve, seremos os maiores produtores de alimento do Planeta, e por isso precisaremos estar aptos para assumir as responsabili-dades que acompanham importantes decisões.

Vocês decidem: Seus atos definem suas escolhas e suas liberdades!

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ODARA WEINMANN

O Agronegócio está movimentando o mundo dos negócios não é mesmo? Os mais variados e relevantes temas estão sendo abordados diariamente em rede nacional e internacional. Dada a relevân-cia da robusta capacidade de produzir alimento do Brasil, da concentração de riquezas, da existência de vastas áreas verdes preservadas, e claro, do imensu-rável potencial de desenvolvimento do nosso país, o mundo está com a atenção voltada para o Brasil.

Nada hoje se compara a força do nosso agronegócio, no entanto, precisamos crescer de forma ordenada e equilibrada, do contrário todo esse potencial poderá ser desperdiçado e para isso, alguns pontos merecem mais nossa atenção, dentre eles destacamos: 1) Capacidade produtiva versus a suste-ntabilidade: a desafiadora missão de am-pliar a capacidade produtiva brasileira em equilíbrio com a preservação do meio ambiente.2) Produtividade e sua relação com a tec-nologia, investimentos em gestão infor-matizada, maquinários e controles de precisão.

O mercado,os negócios e o agro.

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3) Diversidade das fontes de financia-mentos associada a capacidade de pag-amento e geração de renda de cada empreendimento rural.4) Adequação e Implementação de con-formidades legais, como diretriz de estratégia operacional. 5) Integridade em todos os elos da cadeia produtiva. Para atender à crescente demanda por alimento é necessário associar o con-hecimento adquirido no trabalho no campo com as vantagens trazidas pelo avanço tecnológico e cientifico, até aí tudo bem, até porque o mesmo homem do campo que antes produzia alimento para x pessoas, hoje precisa alimentar 2x pessoas e amanhã precis-ará alimentar 4x, portanto para essa conta fechar precisamos implementar reforços extras.

Outro ponto é, não basta apenas aumentar a capacidade produtiva, é necessário produzir de forma suste-ntável, conciliar produção e preser-vação é uma demanda social progres-siva. O perfil do consumidor moderno se preocupa com a preservação do pla-neta e exige condutas responsáveis por parte das empresas do agronegócio. E o fato de estarmos abordando esses temas com mais comprometimento reflete diretamente na imagem que es-

tamos construindo do nosso agrone-gócio lá fora.

Além de tudo isso, precisamos garantir a renda no campo, do contrário de nada adianta todos esses esforços se no campo não tivermos mais produ-tores(as), para isso uma gestão finan-ceira adequada ao seu modelo de negócio passa a ser indispensável, crédito rural, recursos de empresas privadas, operações de Barter, títulos de créditos do agronegócio, FAF, inves-timentos estrangeiros, bolsa de mer-cadorias, muitos são as opções exis-tentes no mercado, é nem todas são recomendadas para todos empresári-os rurais, é necessário conhecer para poder eleger o que é melhor para o seu negócio rural.

Por fim, não podemos esquecer que vocação sem organização e gestão estratégica é potencial desperdiçado, todo negócio que se preze, e uma fazenda é um negócio, precisa de ade-quação legal, um eficiente processo de regularização trabalhista, ambiental e tributário reflete diretamente na gestão financeira, provendo reservas financeiras para crescer e investir. Pode não ser um caminho fácil no início, ninguém disse que seria, mas é o único caminho.

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REBECA YOUSSEF

As recentes Instruções Normativas 76 e 77 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, publicadas em novembro de 2018, passam a vigorar no próximo dia 30 de maio. Desde a ordenha e manipulação do leite nas gran-jas, até o controle de qualidade e chega-da ao consumidor, as normativas trazem novidades aplicáveis a toda cadeia de produção.

O manejo do leite, agora segundo critéri-os mais rigorosos, previsivelmente pas-sará por avaliações mais precisas quanto à temperatura, teor de gordura, acidez e índice crioscópico. O controle de antibióticos também será mais específico e detalhado, contando com maior afini-dade entre as propriedades e serviços de inspeção. A atuação constante do profis-sional veterinário será decisiva na confor-midade da produção, trazendo segu-rança aos processos desenvolvidos dentro da porteira, salvando o produtor de surpresas desagradáveis em momen-tos de inspeção.

Quanto ao armazenamento do leite – momento em que todo produtor anseia por abundância e qualidade, há novidade

O leite será coado –o produtor também.

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significativa: antes de resfriado, o leite deverá ser coado. Aproveitando a ana-logia, acrescento que o produtor também.

Explico: as novas orientações, aplicáveis ainda este mês, incluem de maneira ostensiva a organização da propriedade, passando pelas insta-lações e equipamentos, até a formação e capacitação profissional. O cumpri-mento das legislações, treinamento constante de funcionários, implantação de programas de autocontrole e atenção redobrada à conformidade tra-balhista e meio ambiente, serão verda-deiras peneiras pelas quais fluirão as fazendas mais preparadas. O compli-ance agroindustrial, sobretudo o espe-cializado em produtos de origem animal, será de grande valia.

Engana-se quem pensar que apenas as grandes fazendas poderão se ajustar às novas exigências. Mesmo os pequenos produtores deverão seguir as instruções. Através do fortalecimento das cooperativas e de mecanismos de compensação, como a garantia do preço do leite em contrato, as proprie-dades menores alcançarão prosperi-dade na cadeia leiteira, agora mo-tivadas a cumprir os padrões exigidos.

É a hora e a vez da conformidade. Jurídica, administrativa e de qualidade, uma gestão precisa e constante será fundamental para evitar que o leite seja derramado.

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REBECA YOUSSEF

O produtor de leite não precisa que nin-guém que lhe diga o quão difícil pode ser empreender neste ramo no país. Ele sabe. E embora o Brasil seja o quarto maior produ-tor de leite do mundo, segundo dados da Embrapa Gado de Leite, o setor não desfru-ta do melhor cenário político para continui-dade da produção.

Pequenos e médios produtores, especial-mente, sentem-se desmotivados. Razões não faltam: baixa remuneração, custos altos de operação e pouco incentivo gover-namental figuram entre principais fatores para queda na produção. Só em Mato Grosso, segundo a Aproleite, a captação reduziu em 18% neste ano. Ainda assim, o mercado se demonstra cada vez mais exi-gente: o consumo brasileiro de leite e derivados, bem como as importações, seguem em ascensão.

Entretanto, as recentes notícias das medi-das adotadas pelo atual governo, quanto às importações de leite em pó e derivados, somam (com razão!) a lista de preocu-pações dos produtores do país. As impor-tações de leite em pó da União Europeia e Nova Zelândia, tiveram revogadas as tarifas antidumping que estavam em vigor desde 2001, com alíquotas entre 28% a 34%. O anúncio do fim dessas tarifas trouxe per-spectiva de ainda maior dificuldade na ma-nutenção do setor produtivo leiteiro do país.

Pecuária leiteira: gestão para prosperar na crise!

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Na prática, a isenção poderá acarretar na baixa dos valores de mercado dos produ-tos importados, colocando os produtores de leite locais em ainda maior desvanta-gem comercial. Mesmo que o governo brasileiro tenha anunciado medida pro-visória para aumento do Imposto de Importação sobre o leite oriundo da União Europeia e Nova Zelândia (atual-mente em 28%) para 42,8%, como forma de compensação, o cenário ainda é tur-bulento.

Embora a decisão demonstre alguma preocupação governamental com o setor, a produção de leite no Brasil ainda é car-ente de devida atenção. A título de com-paração, o Uruguai possui autarquia exclusiva, o Instituto Nacional do Leite, contando ainda com uma secretaria no ministério. A mesma atenção governa-mental é encontrada na Argentina, através da Secretaria Nacional da Pro-dução de Leite. É preciso inovar para se manter competitivo!

Mesmo a par de todos os entraves para se manter na atividade leiteira, o que o produtor rural pode não saber, ou pelo menos não ainda, é que a advocacia rural e inúmeras ferramentas de gestão podem reestruturar o negócio leiteiro, mantendo-o seguro juridicamente e bem administrado.

Culturalmente, as propriedades rurais ainda são enxergadas como extensão da própria família, o que pode não ser o melhor cenário para tomada de decisões.

Em primeiro lugar, é preciso um enfren-tamento conjunto e racional dos mem-bros da família sobre o real cenário financeiro, administrativo e jurídico em que se encontra a propriedade, por mais difícil que pareça. Em seguida, um plano estruturado, traçado em conjunto e sob orientação de profissionais capacitados que avaliem:1) As contratações da empresa, para ver-ificação de conformidade a legislação trabalhista;2) Possibilidades tributárias mais favoráveis ao caixa do empreendimento;3) Revisão de todos os contratos, para identificação de possíveis demandas;4) Análise cuidadosa de contratos bancários de crédito rural, quanto a juros e condições de pagamento ou, ainda, renegociação de dívidas e defesa em execução;5) Regularização fundiária e de licenças para operação;6) Regularização ambiental da proprie-dade.

Ainda, o estudo de possibilidades de exploração de novos nichos dentro da propriedade pode trazer bons resulta-dos. Atividades relacionadas ao turismo sustentável ou, ainda, de criação de res-ervas particulares podem enriquecer a propriedade e elevar sua avaliação frente ao mercado, cada vez mais exi-gente. O trabalho é árduo, mas não faltam ferramentas para que uma boa equipe profissional contribua para que o produtor continue desempenhando seu melhor papel: levar o leite à mesa!

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REBECA YOUSSEF

O Código de Processo Civil de 2015 trouxe a conciliação e a mediação como alternativas sólidas de autocomposição de litígios, amplamente estimuladas por juízes, promotores, defensores públicos e advogados. A busca por operações mais fluidas de solução de conflitos e a significativa redução do tempo de espera por um resultado satisfatório, explicam a busca cada vez maior por essas modali-dades alternativas. O Relatório Justiça em Números 2018, do Conselho Nacional de Justiça apontou que, no ano-base 2017, 12,1% dos processos em trâmite no judi-ciário brasileiro foram resolvidos por meio de acordos, frutos de mediação ou conciliação. Em números, foram 3,7 mil-hões de sentenças homologatórias de acordos.

Em outras esferas, há fortes expectativas de mesma redução de tempo e custos, especialmente para o produtor rural. Publicado em abril deste ano, o Decreto nº 9.760 trouxe mudanças significativas no processo administrativo ambiental, estabelecendo que os órgãos vinculados ao Ministério do Meio Ambiente estimulem a conciliação nos casos de infrações administrativas por danos am-bientais.

Multas ambientais –a hora e a vez da conciliação

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processuais que possam impedir ou cercear o direito de defesa do produ-tor rural.

A criação do Núcleo de Conciliação Ambiental trazida pelo novo Decreto caminha na contramão da morosidade judiciária e administrativa, danosas tanto ao setor produtivo quanto ao serviço público. “O que tem de ser tem muita força. Tem uma força enorme”: o romance sertanejo de Guimarães Rosa não poderia traduzir melhor. A conciliação, especialmente por ser um modelo mais enxuto e ágil de atuação pública (e por que não, mais justo!) não deixará saudades dos altos custos das demandas judiciais. É a hora e a vez da autocomposição.

Inspirado no modelo adotado pelo poder Judiciário, o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania – CEJUSC, o Decreto instituiu o Núcleo de Conciliação Ambiental (NCA), responsável por confirmar ou anular a autuação e decidir sobre a manutenção de aplicação de sanções administrati-vas.

Neste novo modelo, após a lavratura de Auto de Infração, o autuado deverá ser notificado a comparecer, se dese-jar, a uma audiência de conciliação. Em audiência, será apresentado ao autua-do as soluções legais disponíveis para solução do conflito e encerramento do processo, após uma análise preliminar que definirá se a multa estipulada será confirmada, ajustada ou, ainda, anula-da. Desconto ou parcelamento de multas, além de conversões, são exem-plos de medidas disponíveis, aplicáveis a cada caso.

Ao mesmo tempo em que traz um modelo mais célere de solução de con-flitos, o Decreto reflete maior preocu-pação com a segurança jurídica: a con-tagem de prazos ficará suspensa até que seja realizada a análise preliminar do Auto de Infração, evitando atropelos

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REBECA YOUSSEF

O anúncio da abertura do mercado chinês para os lácteos brasileiros acirrou o merca-do leiteiro outra vez. Acostumado com altos e baixos, o setor conta com novas possibili-dades, agora internacionais. As exportações de leite em pó e queijos para o país asiático, pelos 24 estabelecimentos habilitados, tem perspectiva de movimentação de US$ 4,5 milhões em produtos, segundo a Viva Lác-teos - Associação Brasileira de Laticínios. As perspectivas são altas e promissoras. Como o produtor rural pode valer-se delas?

1 – Cerque-se de bons profissionaisAs tão faladas Instruções Normativas 76 e 77 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA trouxeram, além de normativas práticas de ordenha e manipu-lação do leite nas granjas, até o controle de qualidade e chegada ao consumidor, uma nova cultura de profissionalização. A pro-dução de leite deixou, há muito, de ser um subproduto das fazendas para ser o próprio negócio. A manutenção de bons profission-ais é fundamental. As leiterias mais promis-soras já entenderam que treinar a própria equipe é tão (ou mais) necessário que captar bons perfis.

2 – Instale-se na cultura empresarial

A China, o leite e o produtor: 5 passos paraprofissionalizar a atividadeleiteira

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itens de ordenha, de pessoal e ma-quinário, é que permitirão ao produtor saber os valores reais de custo de pro-dução e lucro por litro de leite. Transferir ao sistema escolhido os louros ou derro-tas, é mera terceirização de culpa.

4 – Invista em segurança jurídicaEvite pecar na obviedade. A profissional-ização do ramo leiteiro exige, sobretudo, que os produtores estejam em conformi-dade com a legislação. Desde o cumpri-mento dos critérios de inspeção e quali-dade, até em questões trabalhistas e am-bientais. Considerando a alta volatilidade do preço do leite, multas e ações judiciais tem grandes probabilidades de impactos negativos em toda a produção. Ainda, considerando que grande parte dos pro-dutores são filiados a cooperativas, verifi-car a legalidade dos contratos é tão importante quanto fugir da informali-dade. Contratos de financiamento e de linhas de crédito também devem ser anal-isados clausula a clausula, de forma a mit-igar possíveis danos administrativos e judiciais.

5 – Envolva os sucessoresA continuidade dos empreendimentos rurais depende, em muito, do envolvi-mento dos herdeiros e da criação de uma cultura de sucessão. A nova geração rural é jovem e altamente qualificada, mas pre-cisará, em contrapartida, que as primei-ras gerações demonstrem abertura e con-fiança.

As empresas rurais, em geral, ainda pecam na mistura das esferas pessoal e profissional. Em se tratando de uma em-presa familiar, os limites são ainda mais difíceis de serem definidos. Não raro, muitos proprietários, quanto confronta-dos, não sabem distinguir o que é hobby do que é trabalho propriamente dito. É preciso que todos – proprietários, suces-sores e funcionários – estejam inseridos em um ambiente profissional.O setor leiteiro é um dos ramos que mais peca pela falta de organização. Não são poucos os relatos de perda de produção por falta de ligação do resfriador, até mesmo em leiterias de médio e grande porte! Estabelecer um check list de tarefas bem delimitadas, desde orientações gerais de ordenha até a limpeza do ma-quinário, traz fluidez nas atividades, além de evitar desgastes por confusões de papéis.

3 – Estabeleça um planejamento finan-ceiroTão importante quanto definir qual o modo de produção (se a pasto, confina-mento, ou métodos híbridos), são as impli-cações que cada escolha trará. O gerencia-mento de recursos é tarefa constante, não devendo se limitar ao início das insta-lações. Ainda, a crença de que um sistema, por si, é mais ou menos vantajoso, geral-mente é enganosa: cada modo de oper-ação trará necessidades próprias de manejo e manutenção. Em todas elas, ter um controle constante dos gastos com insumos, medicamentos, suplementos e

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É cultural que, para muitos proprietários, a ideia de sucessão remeta à perda da capacidade ou condição de administrar a propriedade, como uma espécie de morte social. Entretanto, a ausência do planeja-mento sucessório trará provavelmente a morte da própria fazenda. Tão importante quanto construir um negócio sólido, é ter quem continue o legado.

É inevitável que fatores externos, como a abertura do mercado chinês, traga renovo à toda cadeia do leite. Entretanto, o bom proveito da oportunidade dificilmente se dará à margem desses 5 passos breve-mente expostos!

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REBECA YOUSSEF

O recente anúncio do acordo entre as gigantes Marfrig Global Foods e a ameri-cana Archer Daniels Midland Company (ADM) levantou discussões de todo tipo sobre o mercado de carnes. Personifica-do na imagem de um hamburguer vegano, o novo hype do agro, ao mesmo tempo em que traz promessas inovador-as, pretende mesmo é entregar o bom e velho “sabor e textura similares aos da carne” segundo Eduardo Miron, presi-dente-executivo da MARFRIG.

O empreendimento terá início em Várzea Grande, Mato Grosso, estado que detém o maior rebanho bovino do país. A título de comparação, apenas o município de Juara, com cerca de 34 mil habitantes, pontuou em 2017 quase 1 milhão de cabeças de gado, segundo levantamento do INDEA-MT. A agenda vegana comemo-ra o novo empreendimento, mas os puristas não se enganam. Longe de ques-tionar a liberdade individual do não con-sumo de carne (ou de “uma segunda sem carne”), sabemos que o hamburguer vegano não é, nem de longe, um punha-do de vegetais cozidos e prensados. Acid-ulantes, emulsionantes e outros mistéri-os químicos fazem parte da composição.

O futuro é de carne e está no pasto

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a herança da Operação Carne Fraca, deflagrada em 2017.

Entre as novidades veggies e o puris-mo in natura, brasileiros e chineses parecem ficar com a lição de Michael Pollan: “Não coma nada que sua avó não reconhecesse como comida”.

Os chineses também o sabem. Tanto é que, além do mercado de lácteos, acabam de alargar as portas para o gado brasileiro: Foram habilitados mais 25 frigoríficos do Brasil para expor-tação. Entre os produtores, a carne bovina se destaca com a habilitação de novos 17 frigoríficos, 6 apenas em Mato Grosso. O comunicado do GACC (órgão sanitário chinês) enviado no dia 9 de setembro ao Ministério da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) traz novas perspectivas aos pecuaristas da região. Enquanto o veganismo ganha novos nichos, a pecuária reafir-ma, na economia, nossas tradições comensais.

A cadeia produtiva, como um todo, só tem a ganhar. O alinhamento entre pecuaristas e frigoríficos é fundamen-tal, embora cada setor tenha suas par-ticularidades. No campo, questões am-bientais no manejo de dejetos, princi-palmente nos sistemas intensivos, é de cuidado imediato. Providências quanto ao bem-estar animal e a instauração de uma cultura de gerência administrativa e jurídica podem evitar desgastes judi-ciais e sanções dos órgãos de inspeção. Enquanto isso, nos empreendimentos cadastrados, programas de compliance se tornam fundamentais, considerando

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REBECA YOUSSEF

Nunca se falou tanto em “antes, dentro e fora da porteira” em agronegócios. Enquan-to o campo caminha a passos largos para fazer jus ao “agro é tech” da propaganda global (um dia chegamos lá!), as engrena-gens que o cercam continuam enferrujadas.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis — IBAMA, padece do mesmo mal. Responsável por, dentre várias atribuições, exercer o poder de polícia ambiental e fiscalizar o uso de recur-sos naturais, a atuação do órgão pode ser, ao mesmo tempo, tanto prejudicial à classe produtiva como ao próprio meio ambiente.

Nos últimos cinco anos, o IBAMA foi responsável pela lavratura de cerca de 80 mil autos de infração, representando uma média anual de, aproximadamente, 16 mil autos e 3,7 bilhões de reais em multas ambi-entais. Longe de discutir a pertinência de cada autuação e valores (ou ainda de levan-tar uma bandeira equivocada contra a fiscal-ização ambiental), a questão central é: como a atuação do IBAMA tem prejudicado a obtenção de financiamento rural?

Para chegar lá, uma breve explicação. Se as múltiplas deficiências do órgão ambi-

IBAMA eFinanciamento RuralUma relação perigosa para produtores

ções significativas de cunho Societário, Trabalhista, Civil, Imobiliário, Tributário e Agrário. Algumas dessas alterações merecem ser destacadas, como: a pos-sibilidade de constituição de Sociedade Limitada Unipessoal, a desconsider-ação da personalidade jurídica inversa, a necessidade de comprovação de envolvimento das pessoas jurídicas que compõem o mesmo grupo econômico para atribuição de respons-abilidade patrimonial e ou desconsider-ação da personalidade jurídica. Entre muitas outras que serão abordadas oportunamente.

Na esfera Civil e Direito Agrário, no que se refere a contratos em geral, que além da liberdade de contratar nos lim-ites da função social o Estado deve intervir minimamente nas relações contratuais privadas. Como conse-quência reflexa nos contratos agrários pretende-se acrescer ao art. 92 do Estatuto da Terra, o parágrafo 10º, que assim prevê: 10º Prevalece a autonomia privada nos contratos agrários, exceto quando uma das partes se enquadre no conceito de agricultor familiar e empreendedor familiar rural, conforme previsto o art. 3º da Lei 11.326, de 24 de julho de 2006.

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produtores rurais inscritos em dívida ativa e no Cadastro Informativo de Crédi-tos não Quitados do Setor Público Feder-al, o conhecido CADIN.

Certidões negativas de débitos são docu-mentos básicos para aprovação de cadas-tro bancário. Produtores rurais estão sendo descartados de programas signifi-cativos de financiamento rural, já na primeira consulta.

Oportunidades estão sendo perdidas. Uma das mais importantes é o Fundo de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), o fundo de crédito operado pelo Banco do Brasil, criado para promoção do desen-volvimento econômico e social da região Centro-Oeste.

Os benefícios do programa permitem aos produtores o financiamento ou modern-ização de empreendimentos rurais com longo prazo de pagamento e baixas taxas de juros. Uma recente reprogramação orçamentária aumentou de R$ 7,31 bilhões para R$8,5 bilhões os aportes financeiros disponíveis.

Em tempos de reestruturação econômica, soluções de alta performance são não só um diferencial, como necessárias. A análise minuciosa de processos adminis-trativos e a atuação profissional incisiva para garantia de direitos, são fundamen-tais para evitar que multas já prescritas no passado continuem atravancando o futuro de importante setor produtivo.

ental pudessem ser resumidas, bastaria uma só palavra: lentidão.

Recente auditoria da Controladoria-Geral da União concluiu que o tempo médio de julgamento e duração dos processos administrativos varia de 3 anos e sete meses a 5 anos e dois meses. Em poucas palavras: o tempo médio de julgamento e a duração dos processos ambientais superam todos os prazos legais, incidindo em uma ou mesmo várias modalidades prescritivas.

Essa demora cria uma categoria especial de processos administrativos que consti-tui verdadeiro “limbo” institucional: multas que não podem mais ser cobradas pelo poder público em ações executivas, mas que, ao mesmo tempo, não são reconheci-das como prescritas e extintas pela autarquia ambiental. Enquanto isso, o ideário popular e a própria administração pública frequentemente enquadram o produtor rural com pendências no IBAMA como infrator a ser eternamente punido, e ignoram seus direitos a um devido proces-so legal e à duração razoável do processo.

Como já disse Bertolt Brecht: Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas nin-guém diz violentas as margens que o com-primem.

É aqui, finalmente, que os produtores rurais encontram obstáculos para obter financiamentos: apesar de prescritos, os processos administrativos continuam mantendo, injustamente, os nomes dos

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GLÁUCIA SERAFINI

A reforma da previdência está nas principais discussões jurídicas neste ano de 2019, pois, qualquer alteração na legislação previ-denciária, afeta diretamente as diversas classes de trabalhadores, e não seria difer-ente com o trabalhador rural.

Analisando o texto definitivo com a proposta de uma Emenda Constitucional entregue ao Congresso Nacional, podemos fazer uma breve e sucinta análise de que, de fato, a proposta traz mudanças que afetarão dire-tamente o trabalhador rural.

Pontuando as mudanças na lei, um dos rea-justes é a idade mínima para a aposenta-doria especial, como é chamada hoje pela previdência social. Segundo o texto, a idade para os homens continuaria 60 anos, como é atualmente, sendo a alteração apenas na idade para aposentadoria rural da mulher, que passaria dos atuais 55 anos para 60 anos, como os homens.

Outra grande mudança é na forma de con-tribuir e comprovar atividade rural no INSS. Essa modificação já foi alterada e já está va-

Aspectos sobre as principais mudanças para o Trabalhador Rural na reforma da Previdência

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Isso quer dizer que não existe uma obrig-atoriedade na contribuição destes segu-rados, considerando as dificuldades e a sazonalidade da renda destes cidadãos. Apenas quando comercializa a sua pro-dução com pessoas jurídicas (empresas), o segurado especial deve fazer o recolhi-mento de sua contribuição previ-denciária, na alíquota de 2,1%.

Com a reforma, para as famílias de trabalhadores rurais que não comerciali-zam a produção com empresas, deverá haver a contribuição previdenciária se quiserem manter a qualidade de segura-do do INSS. Embora o texto diga que haverá uma alíquota diferenciada sobre o limite mínimo do salário de contribuição, o certo é que a proposta vai prever a con-tribuição mensal para o segurado espe-cial. A proposta de reforma da Previdên-cia vai propor que, assim como todos os outros segurados do INSS, o trabalhador rural também contribua. Talvez essa seja a maior mudança previdenciária para o trabalhador rural.

A partir de agora o segurado que quiser comprovar atividade rural no INSS vai precisar fazer uma autodeclaração, bem como, anexar ao processo documentos que possam comprovar a atividade rural, e com a reforma, alguns casos terão que comprovar a contribuição mensal previ-denciária. Agora, precisamos aguardar a aprovação destas alterações, e ficarmos atentos as próximas informações e/ou mudanças do texto apresentado pelo governo atual.

lendo em vários aspectos previdenciários, estamos falando da medida provisória n° 871/2019, que trouxe diversas alterações em vários benefícios do INSS, como este, da comprovação rural.

De acordo com a nova lei, já vigente, as Declarações dos Sindicatos dos Tra-balhadores Rurais não vão ser mais utiliza-das para comprovação da atividade rural. Desta forma, para quem vai dar entrada nos benefícios do INSS a partir da agora, como Salário Maternidade Rural e Apo-sentadoria Rural, não é mais necessária a Declaração do Sindicato dos Tra-balhadores Rurais. Assim, o segurado especial poderá requerer o seu benefício sem a intermediação dos sindicatos, apre-sentando todos os documentos necessári-os para comprovar o exercício da ativi-dade rural.

Para os empregados rurais e diaristas (contribuinte individual) não haveria mu-danças, pois estes trabalhadores já fazem recolhimentos ao INSS. A grande mudança na verdade viria para o segurado especial, que é aquele pequeno produtor rural, aquele que trabalha em regime de econo-mia familiar.

Para estas pessoas, a reforma da previ-dência 2019 trás significativas alterações em relação ao acesso dos benefícios do INSS. Atualmente, para ter direito a qualquer prestação previdenciária, como auxílio doença ou salário maternidade, o segurado especial precisa apenas compro-var a sua atividade.

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GLÁUCIA SERAFINI

O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea "a" do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 da Lei 8213.91, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, duran-te quinze anos, contados a partir da data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que des-contínua, no período imediatamente anteri-or ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício.Ou seja, todos que trabalham ou trabalha-vam no meio rural, podem utilizar o período rural para conseguir uma aposentadoria por tempo de contribuição.

A aposentadoria rural possui vários requisit-os, porém, a Lei n. 8.213/91 resguardou, em seu art. 55, § 2.º, o direito ao cômputo do tempo de serviço rural, anterior à data de início de sua vigência, para fins de aposenta-doria por tempo de serviço ou contribuição, independentemente do recolhimento das contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência.

Aposentadoria Rural - saiba como utilizar o tempo anterior ao ano de 1991 para se aposentar mesmo não tendo contribuído naqueleperíodo.

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3) A família podia contratar no máximo 120 dias de trabalho para auxiliar no trabalho rural;4) A subsistência da família tinha que ser garantida pelo meio rural;5) propriedade rural não explorasse o turismo mais que 120 dias no ano.

Resumindo, a família/trabalhador tinha que sobreviver da sua própria produção rural, sem a finalidade de comércio ou turismo. Então se você, e sua família, se encaixam neste perfil, é possível reconhecer o período como trabalhador rural antes de 1991 sem a necessidade de realizar paga-mentos ao INSS. Para isso, você vai precis-ar juntar os documentos elencados lá no próprio site INSS para comprovar o trabalho rural daquele período e final-mente conseguir a desejada aposenta-doria.

Ou seja, o reconhecimento de tempo de serviço prestado na área rural até 31.10.1991, para efeito de concessão de benefício no Regime Geral da Previdência Social, não está condicionado ao recolhi-mento das contribuições previdenciárias correspondentes, exceto para efeito de carência.

A Lei garante aos segurados especiais, independentemente de contribuição outra que não a devida por todo produtor rural sobre a comercialização da produção (art. 25 da Lei n. 8.212/91), o cômputo do tempo de serviço posterior a 31.10.1991 apenas para os benefícios dispostos no art. 39, inc. I e parágrafo único, da Lei n. 8.213/91; a obtenção dos demais benefícios especificados neste Diploma, inclusive aposentadoria por tempo de serviço ou contribuição, mediante o côm-puto do tempo de serviço rural posterior a 1991, depende do aporte contributivo na qualidade de segurados facultativos, a teor dos arts. 39, II, da LBPS, e 25, § 1.º, da Lei n. 8.212/91.

Portanto, para ser segurado especial e ter direito a contar o tempo rural (antes de 1991) sem precisar pagar nada para o INSS, é necessário que:

1) A família/trabalhador trabalhasse no meio rural, para o próprio sustento;2) Poderia haver venda ou troca de merca-dorias, mas somente de um pequeno excedente;

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GLÁUCIA SERAFINI

A evolução da legislação como um todo, sobretudo a previdenciária, deve sempre favorecer os trabalhadores rurais, essa pelo menos é a vontade de todos. A sustentabili-dade do instituto não pode ser considerado mais importante do que a dignidade da pessoa humana em ser assistida pelo Estado, por todos os serviços que este trabalhador prestou durante a sua vida ativa, como trabalhador rural e produtor de alimentos. Nesse sentido, MP 871 provocou um pequeno benefício na facilitação desse grupo especifico na hora do pedido da sua aposentadora.

Os trabalhadores rurais interessados em se aposentar não precisarão mais recorrer aos sindicatos para obter a declaração de ativi-dade rural, documento necessário para dar entrada no pedido. Eles agora poderão se dirigir diretamente às agências do INSS, onde preencherão uma autodeclaração de exercício de atividade rural. Não será necessário que a autodeclaração seja ratifi-cada por entidades públicas credenciadas pelo Pronater,o Programa Nacional de Assis-

Aposentadoria rural e a mudança até 2020 validade da autodecla-ração de tempo de serviço rural

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(https://www.inss.gov.br/orientacoes/for-mularios/ - Declaração do Pescador Arte-sanal ou Declaração do Trabalhador Rural) e em todas as agências da Previ-dência Social. O documento poderá ser preenchido pela internet ou pessoal-mente na agência. Depois, haverá a con-firmação automatizada pelo INSS. Para isso, o INSS vai acessar as bases de dados de órgãos públicos.

A Medida Provisória previu que a DAP (Declaração de Aptidão do Pronaf) seja usada como meio de prova do trabalho rural do segurado especial. A DAP é emiti-da pela Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo, do Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento. Isso vai unificar as políticas rurais da agricultu-ra familiar na busca de informações mais seguras e redução de irregularidades.

A simplificação dos procedimentos foi possível a partir de um trabalho articula-do da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia, da Secretaria de Agricultura Familiar e Coop-erativismo e do INSS. Em conjunto, foi desenvolvida uma ferramenta de atendi-mento ao segurado que, além de mais ágil, será bem mais simples para o trabalhador rural, facilitando assim, a vida das pessoas que alimentam esse país.

tência Técnica e Extensão Rural na Agricul-tura Familiar e na Reforma Agrária, ou por outros órgãos públicos. Todo o trabalho de exame e ratificação da autodeclaração entregue pelo trabalhador rural será feito pelo próprio INSS.

A simplificação das regras de compro-vação da atividade rural foi determinada pela Medida Provisória número 871, publi-cada em 18 de janeiro deste ano. A intenção do governo é melhorar a gestão do INSS, combater fraudes e irregulari-dades, e reduzir os gastos com o paga-mento de benefícios indevidos. Como anteriormente o segurado já precisava formalizar seu requerimento junto ao INSS, a Medida Provisória, na prática, também ajuda a desburocratizar a con-cessão do benefício, eliminando a necessi-dade de comprovação no trabalho no campo por meio do sistema sindical e facilitando o acesso à previdência social. O trabalhador poderá se dirigir diretamente ao INSS, sem intermediários.

De acordo com a Medida Provisória, a partir de janeiro de 2020 a comprovação do exercício da atividade rural será feita exclusivamente pelas informações con-stantes no sistema do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), mantido pelo Ministério da Economia. Para facilitar a vida do segurado, o modelo de for-mulário de autodeclaração está disponível na internet (Declaração Rural ou Declaração Pescador), no portal do INSS:

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GABRIELA CEZIMBRA

Usualmente e amplamente utilizados pelo produtor rural, são reconhecidos como con-trários rurais os de arrendamento e parce-ria, até então os únicos contratos agrários típicos. Tratam-se de típicos uma vez que regulamentados pela legislação específica, qual seja Estatuto da Terra e Legislação 59566/66. Os demais contratos, ainda que efetuados no âmbito rural e pertinentes às atividades rurais, acabam tratando-se de contratos rurais atípicos, regidos, portanto, pelo próprio Código Civil.

Entretanto, desde maio de 2016, o Direito Agrário brasileiro conta com um novo con-trato típico: o contrato de integração vertical ou contrato de integração. Ainda que já fosse em muito utilizado na prática, a sua previsão específica foi aprovada e transfor-mada na Lei 13.288, em 16 de maio de 2016.

Importante observar que, diferentemente dos contratos típicos já existentes (parceria e arrendamento), o contrato de integração não se refere às relações pertinentes ao imóvel rural, mas sim a matéria-prima e a sua comercialização.

Dessa forma, o contrato de integração irá tratar da relação jurídica que vincula o pro-dutor integrado e o integrador, onde os inte-grados se responsabilizam por uma parte do processo produtivo ou comercial do integra-dor.

Contrato de integração: contrato típico agrário

O Código de Processo Civil de 2015 trouxe a conciliação e a mediação como alternativas sólidas de autocomposição de litígios, amplamente estimuladas por juízes, promotores, defensores públicos e advogados. A busca por operações mais fluidas de solução de conflitos e a significativa redução do tempo de espera por um resultado satisfatório, explicam a busca cada vez maior por essas modali-dades alternativas. O Relatório Justiça em Números 2018, do Conselho Nacional de Justiça apontou que, no ano-base 2017, 12,1% dos processos em trâmite no judi-ciário brasileiro foram resolvidos por meio de acordos, frutos de mediação ou conciliação. Em números, foram 3,7 mil-hões de sentenças homologatórias de acordos.

Em outras esferas, há fortes expectativas de mesma redução de tempo e custos, especialmente para o produtor rural. Publicado em abril deste ano, o Decreto nº 9.760 trouxe mudanças significativas no processo administrativo ambiental, estabelecendo que os órgãos vinculados ao Ministério do Meio Ambiente estimulem a conciliação nos casos de infrações administrativas por danos am-bientais.

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A integradora somente deixará de ter responsabilidade quando o produtor integrado adotar conduta contrária ou diversa às recomendações técnicas forne-cidas pela integradora ou estabelecidas no contrato de integração. Outro avanço que se destaca na diz respeito a posição do integrado diante de uma possível recuperação judicial do integrador, uma vez que o produtor poderá pleitear a res-tituição dos bens desenvolvidos até o valor de seu crédito e/ou requerer a habilitação de seus créditos com privilé-gio especial.

No que se refere a tributação, destaca-se aplicação semelhante às normativas da atividade do contrato agrário de parceria. Isso significa que os parceiros e os inte-grados continuam sendo considerados, em ambos os lados contratuais, como produtores rurais e, logo, todos se benefi-ciam dessa qualidade em termos tributários. Cada parceiro e integrado pagarão o imposto, separadamente, na proporção dos rendimentos que couber-em a cada um. Entre os integrantes, toda-via, incide ICMS, uma vez que fica configu-rada a venda dos produtos (mercadorias) frutos da integração.

Nesse breve contexto é que o contrato de integração ora em análise merece ser devidamente observado como ferramen-ta jurídica para regular as relações comer-ciais do agronegócio, uma vez que possi-bilita particularizar as obrigações e responsabilidade dos agentes da cadeia produtiva rural, revelando-se instrumen-to apto a conferir segurança jurídica para as partes, seja na esfera comercial, ambi-ental, trabalhista ou tributária.

Um dos exemplos mais comuns deste tipo de contrato é aquele da cadeia produtiva de frango ou suínos, onde uma indústria (integrador) fornece insumos, tais como ração, medicamentos, assistência técnica, para que o produtor rural (integrado) pro-mova criação e engorde do animal que depois será comprado, abatido e comer-cializado pelo integrador.

Percebe-se um forte caráter propício ao livre mercado no contrato, uma vez que no campo trabalhista, a legislação, clara-mente, afasta a configuração de relação de emprego entre integrador e integrado, seus prepostos ou empregados, conferin-do uma segurança jurídica aos negócios interpostos para consecução do contrato.

Outra importante inovação trazida na referida legislação foi a estipulação de uma comissão de resolução de conflitos - CADEC (Comissão para Acompanhamen-to, Desenvolvimento e Conciliação da Inte-gração), restando estabelecida a possibili-dade de inclusão no contrato cláusula de resolução de conflitos por conciliação. A CADEC deverá ter sua criação e funciona-mento composta por indicados tanto pela integradora quanto produtores integra-dos, na mesma quantidade, formando assim uma comissão paritária.

No que se refere a questão ambiental, ver-ifica-se a consolidação de uma solidarie-dade entre contratantes, o que pode ser interpretado como um avanço sobre a proteção ambiental, ao estabelecer que tanto o produtor integrado quanto a inte-gradora deverão atender as exigências da legislação ambiental.

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GABRIELA CEZIMBRA

Considerado o trágico episódio de Bru-madinho, inevitável refletirmos a res-peito do nosso Direito Ambiental. A legis-lação ambiental - assim como todo o ordenamento jurídico - é uma só, para todos inseridos na competência brasilei-ra. Entretanto, quem atua no meio, per-cebe a diferença na sua aplicação e fiscal-ização quando se compara um produtor rural a uma grande empresa, como no caso da Vale S.A. Ante a ocorrência deste desastre ambiental televiosionado, a nós, produtores e produtoras, causa um certo tom de indagação. Onde estão todos os órgãos e viaturas de fiscalização ambien-tal que ingressam em nossas proprie-dades a qualquer sinal de inadequação ambiental?

Considerado o Estado Democrático de Direito, a segurança jurídica se legitima principalmente por sua fundamentação moral e ético-política de aplicação igual-itária da legislação a todos que a ela estão submetidos. A necessidade de ade-quar-se corretamente à legislação ambi-ental é uma obrigação básica e primordi-al para quem deseja produzir e depende do meio ambiente.

Direito Ambiental e Segurança Jurídica

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A lei 12.651/ 2012 (conhecida como “Código Florestal”), traz como seu princípio norteador o Desenvolvimento Sustentável. O que parece em um pri-meiro momento um empecilho à ativi-dade rural é, em verdade, uma proteção à continuidade do segmento, uma vez que se depende do não esgot-amento do meio ambiente para produ-zir nele. Entretanto, a obrigação de uti-lização inteligente dos bens ambien-tais, sem comprometê-lo para o uso das gerações futuras deveria ser fiscal-izada com a mesma rigidez em todos os níveis de produção. Inclusive de empre-sas urbanas.

Afinal, impossível produzir um litro de leite sem o cuidado com o tratamento correto dos dejetos do animal. Todavia, quantos prédios e empreendimentos urbanos deixam de tratar seus dejetos e os dispensam diretamente no mar? A rigidez das autuações ambientais do Ministério Público, com multas extremamente altas, bem como responsabilizações cíveis e criminais são hoje uma realidade do produtor rural, e é necessário estar amparado.

É primordial a prevenção às autuações, buscando auxílio qualificado para a compreensão da legislação ambiental e

adequação da sua propriedade. Antev-er-se a esses problemas, mediante adequação prévia, é, sem sombra de dúvidas, a melhor opção.

Buscar a consultoria jurídica especial-izada para enquadrar-se na Legislação ambiental antes de ser obrigado a fazê-lo por força de sanções, se mostra não apenas menos custoso, como também menos desgastante. Contar com a compreensão da sua boa-fé por parte da fiscalização ambiental não é suficiente; é imprescindível o apoio técnico jurídico para respaldar-se e produzir. Busque seu apoio especial-izado para implementar sua atividade na busca do desenvolvimento aliado à sustentabilidade

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GABRIELA CEZIMBRA

“Prevenir é melhor do que remediar”. Tal ditado já é amplamente difundido e reconhecido. Todavia, pouco aplicado. Via de regra, despende-se muito mais tempo e investimentos buscando reme-diar os problemas, do que verdadeira-mente prevenilos. Tal lógica repete-se quando falamos de produtores rurais, que, em geral, buscam a solução para os problemas já instaurados, o que significa custos e transtornos mais elevados do que se houvesse a informação anterior para evitálos.

A complexidade do empreendimento rural geralmente é pouco observada como tal, sendo rara a percepção da necessidade do acompanhamento jurídi-co preventivo na atuação do empresário rural. Problemas ambientais, trabalhis-tas, contratuais, tributários e diversos outros que poderiam ser precavidos me-diante uma advocacia preventiva são deixados para sua remediação quando gangrenam.

A maçante maioria ao procurar os serviços jurídicos acaba percebendo que aquele revés poderia ter sido evitado me-diante a informação e direcionamento corretos.

Advocacia Rural de Precisão

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tes ao desenvolvimento da atividade também devem ser planejadas. Neste sentido, me atrevo a comparar a advo-cacia rural preventiva à nossa já recon-hecida agricultura de precisão.

A agricultura de precisão utiliza as me-didas de gestão adaptadas à realidade de cada produtor, vindo a oferecer as ferramentas para otimização do uso de insumos e inovação permanente no campo de acordo com a sua necessi-dade.

Assim acontece com a consultoria jurídica preventiva, que vai analisar especificamente o caso de cada produ-tor, buscando a otimização das alter-nativas legais para seu maior benefício, evitando danos muito maiores. Ter a real consciência de como diminuir a carga tributária em seus negócios ou, ainda, zerar pas-sivos trabalhistas e ambientais podem ter efeitos muito positivos no fatura-mento. Isso sem falar na assessoria das negociações bancárias, segmento que tanto sensibiliza o produtor rural. Por isso, a advocacia preventiva é um investimento que pode afastar inúmeros riscos da atividade rural, além de, obviamente, diminuir os custos decorrentes dela.

O valor investido em advocacia preven-tiva geralmente apresenta-se como despesa para o produtor, porém o cus-to-benefício da prevenção pode ser positivo, vindo a solucionar questões jurídicas antes de transformarem-se em problemas. A disponibilidade de uma consultoria jurídica relacionada ao negócio rural, pode apresentar suporte, tranquilidade e segurança para o produtor, que já está exposto a tantos riscos inerentes a sua atividade.

A atuação do advogado na consultoria do negócio rural auxilia até mesmo no processo de tomada de decisões, tra-zendo uma vida mais saudável ao em-preendimento. O desconhecimento da legislação acaba expondo o produtor a inúmeras ameaças, uma vez que se trata de um dos segmentos mais fiscal-izados pela máquina pública (órgãos ambientais, trabalhistas, tributários).

Os impactos de uma sanção para o pro-dutor rural, que trabalha com restrição no seu fluxo de caixa, podem ser de difícil reversão. Dessa forma, assim como necessitamos fazer o planeja-mento sanitário, para manutenção da saúde dos animais (no que se trata de pecuaristas) e planejamento agrícola para a manutenção de boas condições de plantio, as questões jurídicas ineren-

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GABRIELA CEZIMBRA

Frente ao quadro de crise financeira que assola os mais diversos ramos da ativi-dade rural e do agronegócio, se faz necessária a inovação e criatividade para encontrar saídas que beneficiem o pro-dutor rural. Dentre os setores mais afeta-dos, podemos destacar o leiteiro, no qual os produtores vêm arcando com seus elevados custos de produção e receben-do baixos valores pelo produto.

Na perspectiva do produtor de leite, com o recebimento de baixos valores pelo litro do produto, se mostrou ainda mais necessário alternativas de fluxo de caixa, como por exemplo a comercialização de novilhas para manter o fôlego deste em-presário do agronegócio.

Porém, como vender animais ante este gráfico de crise instaurada? Neste contex-to que, em conjunto com um produtor da região Central do Estado, foi desenvolvi-do o contrato de “venda de gado de leite parcelado”.

O contrato foi elaborado sobre a ótica do cooperativismo, tão presente neste setor.

Contrato de venda de gado de leite parcelado

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Os boletos são gerados de maneira simples, vinculados à conta do vende-dor, que por ali poderá acompanhar de maneira pormenorizada o paga-mento das parcelas. O sistema, asso-ciado ao contrato, garante o recebi-mento das parcelas pelo produtor.

A experiência mostrou-se indiscutivel-mente positiva. Hoje já se somam mais de 80 animais vendidos neste modelo, e não há nenhum caso de inadimplên-cia. Por esta razão, atualmente a per-spectiva é levar o mesmo modelo (com prazos menores) para a compra e venda do gado de corte, como forma de garantir o recebimento pela venda do mesmo.

Dessa forma, importante se faz dis-seminar esta nova alternativa que, com o devido acompanhamento jurídi-co, pode se mostrar extremamente eficaz para estancar o desequilíbrio que se apresenta na realidade do setor.

Visando beneficiar ambas as partes -tanto a que vende, como a que compra- estabeleceu-se a condição de venda do animal em 25 parcelas. Desta forma, o produtor-vendedor ficaria com um fluxo de caixa dos valores, e o produtor-comprador conseguiria arcar com o custo da parcela mediante a pro-dução do leite do próprio animal.

A segurança jurídica deste contrato é indiscutível, uma vez considerada a nova legislação processual civil que dispõe tratar-se de título executivo extrajudicial o documento particular assinado pelo devedor e duas testemu-nhas (Artigo 784, III, da Lei 13.105/2015- Código de Processo Civil).

Outra preocupação encampada pelo novo instituto jurídico foi a de desviar as burocracias e riscos das negociações com os Bancos. A realidade comum para que o produtor venha a ter a pos-sibilidade de comprar o gado de leite, é a saga da busca crédito junto ao Banco em que é correntista, ato que demanda uma série de burocracias e leva um extenso período tempo.

O único vínculo com o Banco dentro desta nova modalidade de negociação, cinge-se à geração dos boletos para o pagamento das parcelas.

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JULIANA COLBEICH

Os produtores brasileiros devem estar preparados para o ascendente cenário de expansão agrícola mundial, para isso, além das inúmeras questões ligadas a cadeia produtiva, devem atentar para uma das mais importantes questões da atualidade, o cuidado com o Meio Ambiente.

Em face disso, a gestão ambiental nas cadeias produtivas do agronegócio apre-senta caráter primordial já que, além de evitar processos de degradação do Meio Ambiente, previnem eventuais despesas derivadas de aplicação de multas e advertências quando não vislumbradas as extensas legislações que envolvem o tema no nosso País.

Através do sistema de gestão, que une áreas da administração, engenharia, direito entre outras, o produtor rural, não só o grande, mas também o pequeno e médio, deve buscar a implementação de processos legais de controle e monitora-mento da expansão agrícola sem que para isso ocorra a degradação ambiental irreparável.

A importância do siste-ma de gestão ambiental nas cadeias produtivas do Agronegócio

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tais a serem utilizadas, condizentes com a postura adotada pelos gestores e repassadas a cada pessoa envolvida no sistema de produção do setor.

Além de maior visibilidade perante o consumidor final e grandes empresas negociadoras, setores que aderem e atentam para as questões ambientais e de sustentabilidade auferem inúmeros benefícios e economia para o seu negócio, tais como, reutilização de matéria prima e fim do desperdício, diminuição do consumo de energia, água e combustíveis, descarte adequa-do de resíduos e implementos agrícolas, uso consciente de agrotóxicos e derivados, menor emissão de gases na atmosfera, etc.

No setor agrícola é impossível que não se mencione um sistema de gestão que deu certo: o sistema de integração entre lavoura-pecuária e floresta (ILPF), que visando a diminuição de danos ambien-tais, tal sistema buscou a otimização do uso da terra tendo como vantagem a elevação da produtividade e diversifi-cação dos produtos com qualidade superior.

O primeiro passo para aderir ao desen-volvimento sustentável é, sem dúvida, a aplicação de um eficaz sistema de gestão ambiental, para isso basta começar e conferir o resultado, que sem dúvida será positivo.

A incorporação da questão ambiental nos processos produtivos do agroneg-ócio que visam a sustentabilidade, a ordenabilidade do ambiente ocupado e utilizado, o descarte sustentável de implementos agrícolas, o uso de produ-tos biodegradáveis e orgânicos, entre tantos outros, dependem de um eficaz sistema de gestão ambiental, para isso o produtor deve buscar o respaldo necessário para de imediato dar início as atividades sustentáveis.

A implantação do sistema de gestão am-biental pode ser realizada por qualquer setor da cadeia produtiva, desde o pequeno produtor às grandes indústrias e propriedades.

O que a gestão determina inicialmente é o mapeamento das atividades que aquele determinado setor desenvolve, a fim de se identificar quais os aspectos e impactos gerados por ele que afetariam o Meio Ambiente. Posterior ao mapea-mento desenvolvem-se programas que monitoram e regulam as atividades desenvolvidas classificando-se e avalian-do-se os impactos efetivamente cau-sados pelo processo produtivo ao Meio Ambiente.

Por fim e de maneira resumida, obser-vados os requisitos legais Federais, Estaduais e Municipais, visto que cada região detém legislação ambiental espe-cífica, são definidas as condutas ambien-

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JULIANA COLBEICH

Os contratos de arrendamento são negócios firmados entre o proprietário do imóvel (arrendador) e produtor (arrendatário). O ajuste informal dos contratos de arrenda-mento, prática muito utilizada no passado, deixava de levar em consideração questões importantes como os tão temidos passivos ambientais. Tais questões começaram a gerar consequências pecuniárias às partes contratantes sem que as mesmas estives-sem preparadas para assumir estas responsabilidades.

Em virtude disto, é de extrema importância que tais documentos sejam elaborados com total atenção e cuidado, avaliando-se os riscos e visando a adequada proteção das partes envolvidas. Tanto para o arrendador como arrendatário é fundamental que hajam instrumentos jurídicos que possam assegurar o cumprimento do contrato, aval-iando eventuais questões que levariam alguma das partes ao não cumprimento das cláusulas estabelecidas, incluindo questões financeiras.

Hoje em dia o produtor rural se torna refém de inúmeras cláusulas definidas pelas insti-tuições financeiras no momento em que pleiteia seu crédito para financiamento da lavoura.

A importância das cláusulas ambientais nos contratos de arrendamento

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estas lides, a prevenção torna-se o melhor meio de resolução. Como? Inser-indo nos contratos de arrendamento cláusulas ambientais dentro dos limites da legislação federal, estadual e munici-pal, capazes de suprir eventuais questões levantadas posteriormente. Anexos aos contratos, valiosa se faz a necessidade de sanar eventuais passivos buscando-se previamente documentos exigidos obrig-atoriamente tais como: as licenças, outor-gas, autorizações, registros, cadastros, entre outros, isso tudo para o desenvolvi-mento pacífico e legal da atividade, podendo ainda, haver a expansão da mesma, tudo dentro da legislação ambi-ental. Muitas vezes, os produtores sequer têm conhecimento em que parte da planta da propriedade encontram-se as vegetações nativas, áreas de preservação permanen-te ou as reservas legais, ou deixam de instruir os empregados que acabam asso-lando tais áreas. Destruir, suprimir, arrasar, efetuar o desmate ou corte de tais vegetações, fora inúmeras outras questões que dependem de licenças, geram um gigantesco passivo pelo crime ambiental praticado muitas vezes impos-sível de ser sanado. As cláusulas de natureza ambiental nos referidos contra-tos objetivam a precaução, gerenciamen-to de riscos, prevenção de litígios e responsabilidades a serem aplicadas a arrendador e arrendatário. O bom anda-mento do negócio e a tranquilidade nas ações e medidas tomadas trazem numer-osas vantagens a quem é cauteloso e pre-cavido. Como dizem os mais velhos pre-venir é melhor que remediar.

A exigência de garantias sobre a proprie-dade, a produção ou bens, entre outros, que são objetos do crédito deixam o pro-dutor em desvantagem caso ocorra um execução por parte do banco, deixando até mesmo o arrendador sem o recebi-mento do seu pagamento. Desta forma, garantias reais ou pessoais que possam dar segurança jurídica a arrendador e arrendatário devem reger o contrato principalmente caso haja sua execução

Muitas são as cláusulas a se atentar na elaboração destes tipos de contratos, porém, questão que vem especialmente ganhando espaço em tais documentos são as questões de natureza ambiental. Ao arrendar um propriedade dificilmente as partes atentam-se para os passivos am-bientais, geralmente as questões são leva-das aos profissionais para regularização apenas depois de ocorrido o dano ou com-etida a infração ou crime. A Legislação ambiental abarca vasta legislação e impõe aos infratores responsabilidades em três esferas: administrativa, penal e cível. Quando os Órgão fiscalizadores aplicam as sanções, tanto arrendador quanto arrendatário poderão responder pelas mesmas. Embora a área criminal leve em consideração o agente causador do dano, na esfera administrativa e cível, ambos são responsabilizados solidariamente.

Até que se discuta judicialmente quem possui a responsabilidade pelo dano ou pela infração, a ação já causou às partes muita dor de cabeça, inclusive a obrigação do pagamento de multas e reparações. Por isso, e como a melhor forma de evitar

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MARCOS HOKUMURA REIS

Não há dúvida de que o Agronegócio é um dos pilares da economia nacional. Segundo dados divulgados pela Secretaria do Comér-cio Exterior, no ano de 2018, as exportações brasileiras do Agronegócio bateram o recorde histórico de US$101,69 Bilhões. Isso significa dizer que, com ou sem crise política e/ou financeira, os debates para solucionar a problemática de alimentação mundial esbarram no desenvolvimento do Agroneg-ócio Brasileiro.

Conceituo o Agronegócio como um sistema multidisciplinar e que engloba muito mais do que apenas as relações entre produtos e produtores rurais. Trata-se de um verda-deiro sistema complexo que compreende atividades agrícolas, comerciais e financei-ras, que se (inter)relacioanam desde a preparação do plantio, manutenção e acom-panhamento da lavoura, realização da colheita, bem como produção, industrial-ização, armazenamento, distribuição, logística e operações de financiamento, bem como a preservação do meio ambi-ente.

Para a evolução e desenvolvimento do Agronegócio é fundamental que exista um equilíbrio entre todos os players do setor, com interações e contratos basea-dos na boa fé e lealdade entre as partes, além do necessário respaldo da segu-rança jurídica.

Agronegócio, arbitragem e segurança jurídica

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cooperativas agrícolas, contratos de tecnologia e biotecnologia, dentre outros.

É notório que a velocidade e a dinâmi-ca do Agronegócio não se coadunam com a morosidade na solução de con-flitos, motivo pelo qual a arbitragem se apresenta como a via mais adequada e célere para a definição desses litígios. Ademais, pode-se, ainda, elencar como vantagens adicionais da uti-lização da arbitragem se comparada ao judiciário: (1) a confidencialidade do procedimento; (2) a possibilidade de as partes indicarem os árbitros que julgarão seus conflitos (árbitros que normalmente são conhecedores da dinâmica do setor), e, (3) a decisão final é irrecorrível, logo há um “fim” para o caso em disputa (ao contrário do poder judiciário em que os recur-sos são infindáveis).

O Brasil precisa continuar investindo e aprimorando o Agronegócio. Em para-lelo, a segurança jurídica deve ser um pilar fundamental para garantir, de forma sustentável, o crescimento do Agronegócio e da Economia. Portanto, com base em todos os argumentos acima expostos, não tenho dúvida acerca da importância, necessidade e viabilidade de se utilizar a Arbitragem como método privado e mais adequa-do para solucionar os intrigantes con-flitos relacionados ao Agronegócio, com maior especialização e com vistas à obtenção de decisões mais adequa-das e próximas da realidade do setor.

Desta forma, tenho convicção que a Arbitragem, como método privado de solução de conflitos, é uma fundamen-tal “ferramenta” para a resolução dos litígios, no tempo, método e forma mais adequada para Agronegócio Basileiro. A Lei 9.307/1996 (Lei da Arbi-tragem) introduziu no sistema jurídico Brasileiro uma moderna legislação sobre o instituto, seguindo um padrão internacional já aceito e muito utilizado em países desenvolvidos. Porém, a arbitragem realmente se consolidou no Brasil somente a partir de 2002, com o reconhecimento pelo Supremo Tribu-nal Federal de sua constitucionalidade. O quantidade de procedimentos arbi-trais e o volume dos valores financeiros envolvidos nesses litígios cresceram (e crescem) assustadoramente, o que me permite afirmar que a Arbitragem final-mente fincou suas bases sólidas no Brasil.

Com a velocidade das relações empre-sariais, juntamente com a constante modernização e profissionalização do Agronegócio, vários são os conflitos que podem ser resolvidos pela Arbitra-gem, a saber: contratos agrários de parceria e arrendamento rural, oper-ações de barter (troca de insumos, sementes, etc.), operações financeiras estruturadas, captações com títulos do agronegócio e contratos de financia-mento, contratos de integração verti-cal, contratos de venda e compra de imóveis rurais, condomínios e asso-ciação de produtores rurais, socie-dades rurais e acordo entre seus sócios, dissolução e encerramento de

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SABRINA CASTRO

O produtor rural vem sentindo cada vez mais a necessidade de adquirir conheci-mentos administrativos para manter-se no mercado futuro. Com o aumento na tributação da renda agrícola, a contabili-dade rural pode auxiliar na redução destes impostos, se utilizada e adminis-trada corretamente e em tempo hábil.

O Demonstrativo de Fluxo de Caixa é responsável por mensurar o potencial do negócio, podendo auxiliar a quitar com seus compromissos financeiros, alertan-do o produtor sobre a necessidade de adquirir novos recursos, para assim poder comprometer-se com suas dívidas. Projetando desta forma, problemas futuros que o produtor poderá enfrentar com antecedência, trabalhando com mais segurança em seu negócio. Este fluxo de caixa deverá ser bem escritura-do para que não haja divergências com os demais controles da empresa.

Ao analisar periodicamente seu fluxo de caixa, o produtor pode detectar se ficará saldo positivo ao final do ano, pagando

Gerenciamentofinanceiro = melhoresresultados

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imposto de renda, podendo optar por vender seus estoques da safra para receber somente no ano seguinte. Bem como, antecipar pagamentos a seus fornecedores, podendo assim diminuir seu lucro.

A estrutura societária na atividade rural influencia diretamente na tributação, deste modo os produtores devem fazer um estudo para analisar qual melhor forma de tributação, seja optando por parcerias ou por tributação na pessoa jurídica. Deste modo, faz-se necessário uma análise de toda movimentação do fluxo de caixa, patrimônio e estudo financeiro da atividade para que o negócio torne-se menos oneroso e possa trazer melhores resultados.

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FELIPE ESTEVES

O Agronegócio é toda relação comercial e industrial que envolve a cadeia produtiva da agricultura e da pecuária e, nas últi-mas décadas, vem se destacando consid-eravelmente, por se tratar de um merca-do organizado, rentável e em franca expansão em nosso país.

Ocorre que, pelo fato da atividade rural ser explorada, substancialmente, pela pessoa física e em seu nome, todos os bens adquiridos são particulares, como, por exemplo, fazendas e imóveis urbanos, mas, sem qualquer proteção patrimonial mínima e efetiva.

Nota-se que, após meses, anos e, em muitos casos, décadas de atividade rural, altamente arriscada e árdua, a grande maioria dos fazendeiros e investidores do Agronegócio não utilizam os mecanis-mos legais de sucessão empresarial, de modo que, a consequência natural é o processo de inventário que resulta, muitas das vezes, na divisão patrimonial desorganizada, na alienação dos bens a preços módicos e nos intermináveis em-bates entre os herdeiros, que perduram anos à fio pelo judiciário.

Holding familiar para agronegócios

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que os dispêndios decorrentes do inventário.

Ademais, visando a proteção de tudo que foi constituído ao longo da vida do produtor rural, o Planejamento Patri-monial, através da criação de um Acordo de Sócios e com a inclusão de cláusulas de incomunicabilidade, de impenhorabilidade e de reversão, ser-virá como eficiente instrumento de segurança e perenidade para as ativi-dades rurais.

Assim, diante das inúmeras vantagens destacadas, cabe ao patriarca e aos herdeiros, juntamente com consul-tores jurídico e contábil, analisarem a Holding como modalidade, clara-mente, eficaz e viável a ser implemen-tada para a perpetuidade dos negócios familiares.

Diante disso, a criação de uma Holding Familiar surge como uma excelente alternativa para o empresário rural. Esta modalidade societária consiste na criação de uma empresa, sobretudo de responsabilidade limitada, por meio da implementação de modalidades efici-entes de Planejamentos Sucessório, Tributário e Patrimonial.

O papel do Planejamento Sucessório dentro de uma Holding será o de estru-turar, de forma organizada, a sucessão dos bens e dos negócios da família, por meio de integralização patrimonial e da doação – com reserva de usufruto vitalício – das quotas para os herdeiros necessários, visando, assim, a anteci-pação parcial ou total do inventário em vida, de modo que, o patriarca e/ou a matriarca continuarão mantendo o total controle e administração sobre os negócios.

Neste sentido, para tornar a criação de uma Holding algo ainda mais atraente, por meio do Planejamento Tributário será possível, dentre outros, se benefi-ciar de incentivos fiscais (municipal, estadual e federal), ou seja, com a implementação de estratégias legais e lícitas, a família terá uma carga tributária consideravelmente menor do

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FELIPE ESTEVES

A sucessão patrimonial ocorrerá através da doação das quotas de participação da sociedade criada (Holding Rural, por exemplo). Entretanto, visando uma proteção mais eficiente deste patrimônio, assim como, a manutenção de sua gestão pelo doador é que a doação será gravada com usufruto e cláusulas de restrições, permitindo que o patriarca, ou matriarca, tenha total controle sobre o patrimônio doado até a sua falta.

O usufruto é o direito real conferido para que possa retirar, da coisa alheia, os frutos e utilidades que ela produz, per-manecendo o donatário, tão somente, com a nua-propriedade.

Neste sentido, também é conferido ao Produtor Rural retirar, temporariamente, da coisa alheia os frutos e utilidades que ela produz, sem alterar-lhe a substância, ou seja, o usufrutuário detém os poderes de usar e gozar do bem, explorando-o economicamente.

A partir do momento em que o patriarca efetua a doação de quotas para os her-deiros automaticamente se instituirá co-

Perenidade dopatrimônio rural

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mo usufrutuário das quotas sociais, e possuirá direito aos rendimentos que essas quotas vier a proporcionar, ou seja, terá direito aos dividendos que a holding rural distribuir aos sócios.

O usufrutuário também terá resguardo os direitos políticos referentes às quotas doadas, ou seja, não será a von-tade do herdeiro que irá prevalecer em eventual votação, mas sim o voto do produtor rural, gerando ainda mais segurança e perenidade ao negócio da família.

Dessa forma, com a instituição do usu-fruto, é como se nenhuma doação tivesse ocorrido, visto que houve apenas a doação da nua-propriedade, reservando para si o uso e gozo das quotas, bem como a administração da empresa. Ou seja, através de mecanis-mos legais é possível preservarmos tudo que foi construído com muito esforço de anos de labor, dedicação e afinco.

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VERIDIANA MARTINS

O processo judicial é o método comu-mente escolhido quando se fala em solução de conflitos. Contudo, o abarro-tamento do Poder Judiciário e a demora processual faz com que o processo judi-cial seja uma forma anacrônica de solução de controvérsias.

Felizmente desde 2015 os métodos auto-compositivos de solução de conflitos vêm ganhando reconhecimento legal e des-taque no cenário nacional, dentre eles a mediação.

A mediação é indicada quando os envolvidos possuem um relacionamento anterior ao conflito ou que poderá se estender após ele, ou seja, a relação entre as partes não se resume unica-mente a situação do conflito, pois pos-suem outros elos que os aproximam em outras situações.

Dada à peculiaridade das relações inter-pessoais que permeiam o agronegócio, conflitos decorrentes de contratos agrári-os de parceria e arrendamento, mútuo, CPRs, compra e venda de insumos, direi-

Mediação noAgronegócio

O valor investido em advocacia preven-tiva geralmente apresenta-se como despesa para o produtor, porém o cus-to-benefício da prevenção pode ser positivo, vindo a solucionar questões jurídicas antes de transformarem-se em problemas. A disponibilidade de uma consultoria jurídica relacionada ao negócio rural, pode apresentar suporte, tranquilidade e segurança para o produtor, que já está exposto a tantos riscos inerentes a sua atividade.

A atuação do advogado na consultoria do negócio rural auxilia até mesmo no processo de tomada de decisões, tra-zendo uma vida mais saudável ao em-preendimento. O desconhecimento da legislação acaba expondo o produtor a inúmeras ameaças, uma vez que se trata de um dos segmentos mais fiscal-izados pela máquina pública (órgãos ambientais, trabalhistas, tributários).

Os impactos de uma sanção para o pro-dutor rural, que trabalha com restrição no seu fluxo de caixa, podem ser de difícil reversão. Dessa forma, assim como necessitamos fazer o planeja-mento sanitário, para manutenção da saúde dos animais (no que se trata de pecuaristas) e planejamento agrícola para a manutenção de boas condições de plantio, as questões jurídicas ineren-

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to de superfície, constituição de usufru-to, divisões de terras, dissolução de condomínios, bem como conflitos entre cooperativas e cooperativados e questões envolvendo sucessão empre-sarial rural são melhores resolvidas através de uma mediação do que de um processo judicial.

A mediação tem como objetivo reesta-belecer o diálogo entre as partes envolvidas em uma controvérsia e assim estruturar acordos duradouros, visto que quando este é construído em conjunto pelas partes a possibilidade de cumprimento é muito maior, pois é natural que o ser humano cuide daqui-lo que criou.

No mais, a mediação é um procedimen-to que visa evitar que divergências pon-tuais se tornem um obstáculo perma-nente para um futuro promissor, com maior economia de tempo, dinheiro e emoções, preservando o relaciona-mento entre os envolvidos.

Assim, pode-se afirmar que a mediação é o método mais adequado para a solução dos conflitos do agronegócio, pois contribui não apenas para a res-olução da controvérsia, mas também preserva a boa convivência dentro os envolvidos.

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BRUNO FOGIATO LENCINA

Decorrência natural do crescimento das atividades agrárias, o Agronegócio passou a ter um papel preponderante na economia brasileira. Por conta disso, nat-uralmente, uma série de condutas adota-das pelos agentes rurais acabam por refletir nas mais variadas esferas jurídi-cas.

Referidas condutas devem ter amparo no Estatuto da Terra, sendo esta a lei que regulamentou definitivamente as relações contratuais agrárias, em espe-cial com o escopo de regulamentar o uso ou posse temporária dos imóveis rurais através dos dois Contratos nominados no Estatuto: o Contrato de Arrendamento e o de Parceria Rural. Podemos diferenciar a operacionalização desses em uma única palavra: Risco.

Enquanto na modalidade de arrenda-mento rural o proprietário do imóvel não participa dos riscos do negócio, na parce-ria rural os sujeitos do contrato unem suas forças (terra, trabalho e recursos fi-

Tributação dosContratos Agrários e a Parceria Simulada

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nanceiros) para o desenvolvimento da atividade agrária. Desse modo, na par-ceria rural os riscos e os rendimentos da produção serão partilhados na pro-porção prevista no contrato, respeitan-do os limites do Estatuto da Terra. Inde-pendentemente da forma em que for realizado o pagamento ao arrendador, seja em dinheiro ou em produto, em nada se altera a situação acima posta.

Assim sendo, o valor dos bens será con-vertido em moeda pelo preço de mer-cado. Inegavelmente, dependendo da espécie de contrato agrário (parceria ou arrendamento), existe uma grande diferença na carga tributária suportada pelo proprietário do imóvel rural. Tal diferença decorre do fato de que a cessão de uso do imóvel via contrato de arrendamento rural, diferentemente da cessão via parceria, é tributado como aluguel. Por outro lado, na parce-ria rural, os frutos decorrentes da sociedade são tributados como receita da atividade rural.

Diante da reduzida carga tributária inci-dente na parceria rural frente à inci-dente no arrendamento – que em média é 5 (cinco) vezes menor –, muitos proprietários de imóveis rurais vêm usando da modalidade de parceria,

mesmo sem participar dos riscos da atividade, o que caracteriza a parceria simulada.

As parcerias simuladas tendem a chamar a atenção das autoridades fazendárias, as quais vêm trabalhando no intuito de descaracterizar tais negócios jurídicos. Como consequên-cia dessa descaracterização, o con-tribuinte sofre tributação dos recebi-mentos dos últimos 5 (cinco) anos na qualidade de arrendamento, além de juros e multa, que pode atingir o equivalente a 150% sobre o valor da dívida.

Diante desse quadro, a criação de uma pessoa jurídica surge como opção lícita para redução da carga tributária no contrato de arrendamen-to rural. Alternativamente, caso o pro-prietário do imóvel esteja disposto a assumir os riscos do negócio para manter os benefícios fiscais do produ-tor rural, a pré-fixação do valor anual surge como boa solução para aqueles que buscam certeza sobre os rece-bíveis nos primeiros anos da parceria rural.

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Elas são AdvAgro:

tais a serem utilizadas, condizentes com a postura adotada pelos gestores e repassadas a cada pessoa envolvida no sistema de produção do setor.

Além de maior visibilidade perante o consumidor final e grandes empresas negociadoras, setores que aderem e atentam para as questões ambientais e de sustentabilidade auferem inúmeros benefícios e economia para o seu negócio, tais como, reutilização de matéria prima e fim do desperdício, diminuição do consumo de energia, água e combustíveis, descarte adequa-do de resíduos e implementos agrícolas, uso consciente de agrotóxicos e derivados, menor emissão de gases na atmosfera, etc.

No setor agrícola é impossível que não se mencione um sistema de gestão que deu certo: o sistema de integração entre lavoura-pecuária e floresta (ILPF), que visando a diminuição de danos ambien-tais, tal sistema buscou a otimização do uso da terra tendo como vantagem a elevação da produtividade e diversifi-cação dos produtos com qualidade superior.

O primeiro passo para aderir ao desen-volvimento sustentável é, sem dúvida, a aplicação de um eficaz sistema de gestão ambiental, para isso basta começar e conferir o resultado, que sem dúvida será positivo.

sários rurais a prosperaram na atividade agrícola, levo comigo o desejo de fazer diferença nesse

mundo!

- Presidente do IBDAGRO

- Presidente da Comissão de Direito Agrario e Agronegócio da ABA/Sul

- Membro da Comissão de direito agrário e Agronegócio da OAB/RS

- Idealizadora do Portal Advagro

- Sócia - proprietária da Advagro Bussines School

- Sócia - proprietária da AgroWork - soluções para o Agronegócio

Gaúcha de Alma e de tradições, aprecio um bom assado e não vivo sem chimarrão, uma tração

4x4 é sempre bem vinda!

Essa sou eu.. e assim é a vida de uma Advagro!

Nascida paranaense, criada no Mato Grosso. Formou-se em

Direito pela UFMT. Ingressou na advocacia rural para resolver as

demandas ambientais da Fazenda Rebeca, que leva seu nome.

Acredita que fazendas não prosperam sem famílias,que gerir é

uma arte, e que é possível advogar em qualquer lugar. Em 2020

pretende escrever ainda mais sobre o leite e entregar a melhor

ferramenta jurídica para o produtor rural.

Rebeca Youssef

Odara WeinmannFormada pela universidade de Santa Cruz do Sul, há 15 anos atrás

iniciava minha trajetória na advocacia, percorri as diferentes áreas

de atuação, perseguindo os diversos elos das cadeia do Agroneg-

ócio, especialista em Agronegócio e pos graduada em Gestão e

Desenvolvimento Rural, direciono minha carreira para a defesa do

homem e empresário do campo. Neta e filha de ex-produtores,

cresci sabendo que sem profissionalização não há negócio que

prospere, esse passou a ser meu objetivo de vida, auxiliar empre-

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Juliana de Loreto Colbeich, advogada formada em 2015 pela Uni-

versidade Luterana do Brasil, nascida em Cachoeira do Sul, que

tem o titulo de capital Nacional do Arroz também conhecida como

princesa do Jacuí. Atuante na area do Direito agroambiental e

socia do escritorio Weinamm & Colbeich Advogadas Associadas.

Apaixonada pelo direito ambiental!

Juliana Colbeich

Gaúcha, nascida em Santiago, Formada em Direito pela URI - Uni-

versidade Regional Integrada - Campus Santiago, pós graduada

em Direito Previdenciário pela ULBRA - Universidade Luterana do

Brasil, começou a atuar na cidade de Santiago, interior do Estado

do RS, com foco na advocacia rural, sobretudo nas áreas trabalhis-

ta e previdenciária Rural. Atualmente é Presidente da Comissão do

Jovem Advogado Subseção Santiago e Jaguari e Presidente do Con-

selho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

"Formada em Direito pela UFN, em Santa Maria-RS e mestre pela

Universidad de Salamanca- Espanha. Começou a atuar no agro

para auxiliar a família que tem uma empresa rural de produção de

leite (tambo). A paixão pelo rural vem de berço, com tradição

familiar de vida no campo, com produção de gado de corte e de

leite; mas o desejo de evolução e crescimento profissional

levaram a buscar maiores oportunidades, junto à São Paulo. Atual-

mente atua como advogada associada no Escritório Reis, Souza,

Gláucia Serafini

Gabriela Cezimbra

Takeishi & Arsuffi, em especial no ramo de “Arbitragem no Agronegócio”, junto ao Sócio Fundador

do escritório, Dr. Marcos Hokumura Reis."

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