dto comunitario

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Sumário 4 - DIREITO COMUNITÁRIO DO AMBIENTE Vamos abordar esta temática começando por uma análise geral já que, como é do vosso conhecimento, as normas do direito comunitário vigoram directamente na ordem interna dado o estabelecido no art.º 8º da Constituição da República Portuguesa. 1 - A NECESSIDADE DO DCA São várias as razões que justificam o crescente interesse da U.E. pela protecção ambiental. Começando pelas justificações económicas e atendendo à necessidade de compatibilizar a protecção do ambiente e o desenvolvimento económico é, hoje, inevitável que o custo da poluição não possa ser considerado uma externalidade aos custos de produção pelo que deve ser englobado nos custos sociais da produção da empresa. Neste sentido não é de estranhar que uma Organização que começou por ter como objectivo exclusivo a criação de uma Comunidade Económica tivesse que, com o passar dos anos, encarar claramente as preocupações ambientais como uma componente da economia. A não ser assim a livre circulação de mercadorias na U.E. possibilitaria a existência de graves distorções aos requisitos dos diversos produtos pelo que se tornou necessário que a U.E. estabelecesse, com força vinculativa para os Estados membros, as características mínimas a que os produtos devem obedecer. Acresce que a não regulamentação pela U.E. das matérias ambientais poderia pôr em causa a liberdade de concorrência entre empresas pois os custos de produção seriam tanto mais baixos quanto menos exigente fosse o Estado relativamente à protecção do ambiente. Por outro lado a liberdade de estabelecimento de empresas na U.E. faria com que muitas das empresas, nomeadamente as que maior risco apresentam em termos de poluição, se deslocassem para os Estados com regulamentação ambiental menos exigente. Há ainda a considerar que o ambiente não conhece fronteiras e que a poluição e outros problemas ambientais devem ser objecto de regulamentação supranacional muito especialmente no quadro de uma Organização com as características da U.E..

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  • Sumrio 4 - DIREITO COMUNITRIO DO AMBIENTE Vamos abordar esta temtica comeando por uma anlise geral j que, como

    do vosso conhecimento, as normas do direito comunitrio vigoram directamente na

    ordem interna dado o estabelecido no art. 8 da Constituio da Repblica

    Portuguesa.

    1 - A NECESSIDADE DO DCA

    So vrias as razes que justificam o crescente interesse da U.E. pela

    proteco ambiental.

    Comeando pelas justificaes econmicas e atendendo necessidade de

    compatibilizar a proteco do ambiente e o desenvolvimento econmico , hoje,

    inevitvel que o custo da poluio no possa ser considerado uma externalidade aos

    custos de produo pelo que deve ser englobado nos custos sociais da produo da

    empresa.

    Neste sentido no de estranhar que uma Organizao que comeou por ter

    como objectivo exclusivo a criao de uma Comunidade Econmica tivesse que, com

    o passar dos anos, encarar claramente as preocupaes ambientais como uma

    componente da economia.

    A no ser assim a livre circulao de mercadorias na U.E. possibilitaria a

    existncia de graves distores aos requisitos dos diversos produtos pelo que se

    tornou necessrio que a U.E. estabelecesse, com fora vinculativa para os Estados

    membros, as caractersticas mnimas a que os produtos devem obedecer.

    Acresce que a no regulamentao pela U.E. das matrias ambientais poderia

    pr em causa a liberdade de concorrncia entre empresas pois os custos de produo

    seriam tanto mais baixos quanto menos exigente fosse o Estado relativamente

    proteco do ambiente.

    Por outro lado a liberdade de estabelecimento de empresas na U.E. faria com

    que muitas das empresas, nomeadamente as que maior risco apresentam em termos de

    poluio, se deslocassem para os Estados com regulamentao ambiental menos

    exigente.

    H ainda a considerar que o ambiente no conhece fronteiras e que a poluio

    e outros problemas ambientais devem ser objecto de regulamentao supranacional

    muito especialmente no quadro de uma Organizao com as caractersticas da U.E..

  • Por ltimo de realar a influncia exercida pela opinio pblica europeia

    tanto mais que as questes ambientais surgiram em 2 lugar, logo a seguir ao

    desemprego, numa sondagem de opinio efectuada em toda a comunidade europeia.

    2 - Evoluo Comunitria da Proteco do Ambiente

    Antes do Acto nico Europeu

    A poltica e o direito do ambiente no figuravam nas matrias a quando da

    instituio das Comunidades Europeias.

    Tal no de estranhar pois as preocupaes ambientais no tinham ainda

    dimenso e a preocupao primordial centrava-se na instituio de um mercado nico

    que passava pelas denominadas 4 liberdades: circulao de mercadorias, de pessoas,

    de servios e de capitais.

    No entanto desde finais da dcada de 60 o ambiente comeou a integrar as

    preocupaes comuns dos Estados membros tendo sido publicada a Directiva n

    67/548 sobre a classificao, etiquetagem e embalagem de substncias perigosas que

    considerada a 1 directiva ambiental da CEE.

    Para alm da interveno comunitria com outras organizaes internacionais

    como as Naes Unidas, a OCDE e o Conselho da Europa de que se destaca a

    Conferncia das Naes Unidas para o Ambiente realizada em 1972 em Estocolmo,

    fundamentalmente a Cimeira dos Chefes de Estado e Governo, realizada em Paris de

    19 a 21/10/1972, que d uma substantividade prpria proteco do ambiente como

    poltica comunitria.

    com base nesta Resoluo que o Conselho veio a aprovar, em finais de

    1973, o 1 Programa de Aco sobre o Ambiente.

    No entanto levantava-se um forte obstculo dado a ausncia nos Tratados de

    uma base jurdica que suportasse tal actuao.

    Para se superar tal vazio legal procedeu-se a uma interpretao ousada (uma

    espcie de interpretao enunciativa a regra est implcita nas fontes) atendendo s

    afirmaes contidas no prembulo e sobretudo com base no artigo 100, uma vez que

    a matria ambiental pode ter incidncia directa no estabelecimento ou no

    funcionamento do mercado comum e ainda no artigo 235 (via expansiva) que

    conjugado com uma interpretao ampla do artigo 2 permitiu considerar a aco

    relativa ao ambiente como necessria para atingir o objectivo comunitrio de um

  • desenvolvimento harmonioso das actividades econmicas no seio da Comunidade e

    uma expanso contnua e equilibrada

    Acto nico Europeu

    O que poderemos denominar como o marco constitucionalizador da poltica

    comunitria do ambiente surge com o Acto nico Europeu que, primacialmente

    dedicado s questes institucionais, no deixou no seu artigo 25 de aditar um novo

    ttulo, com a epgrafe O Ambiente, Parte III do Tratado CEE. No entanto, desde

    logo, no artigo 100-A se contemplou a proteco do ambiente como um dos

    elementos a Ter em conta na harmonizao das disposies legais.

    Mas so, sem dvida, as disposies do novo Ttulo VII da Parte III (artigos

    130-R, 130-S, 130-T) que consagram expressamente a aco da Comunidade em

    matria do ambiente passando a denominar-se Poltica da Comunidade no Domnio

    do Ambiente.

    O artigo 130-R definia os principais objectivos e os princpios fundamentais; o

    artigo 130-S referia-se ao procedimento de tomada de deciso; o artigo 130-T

    consagrava a possibilidade de os Estados membros estabelecerem medidas de

    proteco reforadas desde que compatveis com o Tratado.

    Saliente-se que algumas decises em matria ambiental passaram a poder ser

    adoptadas por maioria e no por unanimidade.

    listagem dos princpios foi acrescentado o princpio da precauo.

    Refira-se ainda que nas modificaes ao artigo 2 surge como objectivo o crescimento

    sustentvel.

    A Comisso Mundial do Ambiente e Desenvolvimento define o

    desenvolvimento sustentvel como aquele que satisfaz as necessidades do presente

    sem comprometer a capacidade de as geraes futuras satisfazerem as suas prprias

    necessidades.

    O Tratado da Unio Europeia (Maastricht Fevereiro 1992)

    A poltica comunitria do ambiente passou a integrar o novo Ttulo XVI da

    Parte III do Tratado sendo vrias as referncias ao longo de todo o articulado.

    3 - A aco comunitria

  • Em primeiro lugar refiram-se os programas de aco que apesar de no

    constiturem uma base legal relevam enquanto vontade do Conselho e dos Estados em

    concretizarem os objectivos propostos nos programas.

    Em segundo lugar refira-se que os rgos comunitrios se ocuparam de uma

    bastante ampla legislao sectorial fundamentalmente base de directivas nos

    seguintes domnios: poluio atmosfrica, poluio das guas, eliminao e

    tratamento de resduos, substncias qumicas, riscos industriais e biotecnologia,

    poluio sonora e proteco da natureza.

    Por outro lado a Comunidade comeou a desenvolver medidas de tratamento

    geral dos problemas ambientais destacando-se a Directiva n 85/337 sobre AIA.

    De referir tambm o Regulamento que institui a AEA Agncia Europeia do

    Ambiente (recolha, processamento e distribuio de informao ambiental) e uma

    Rede Europeia de Informao e Observao do Ambiente.

    Quanto informao destaque-se a Directiva n 90/313/CEE, 7/6/1990, que

    tem por objectivo a liberdade e as formas de acesso e de divulgao de informaes

    ambientais na posse de autoridades pblicas dado que a Lei n 65/93 de 26/8 Acesso

    aos documentos da Administrao estabelece o seguinte no artigo 22 sob a epgrafe

    Informao Ambiental: O acesso a documentos em matria de ambiente efectua-

    se, nos termos da presente lei, com o mbito e alcance especficos decorrentes da

    Directiva n 90/313/CEE, de 7 de Junho.

    4 - Importncia nacional do Direito Comunitrio do Ambiente

    Esta importncia decorre essencialmente de duas caractersticas do direito

    comunitrio:

    A sua aplicabilidade directa e a sua primazia sobre o direito nacional.

    A aplicabilidade directa significa uma forma de incorporao dos actos

    comunitrios no ordenamento interno dispensando qualquer acto de direito interno

    pelo que no se torna necessrio qualquer acto de recepo por parte dos Estados

    havendo uma vinculao dos sujeitos jurdicos, individuais ou colectivos, presentes

    nos Estados membros.

    Mas um dos principais problemas do direito comunitrio o efeito directo de

    algumas directivas que assumem especial relevncia em matria ambiental j que esta

    a fonte privilegiada na proteco do ambiente.

  • H pois que distinguir a aplicabilidade directa do efeito directo ainda que na

    doutrina haja quem no vislumbre fundamento para a distino.

    A aplicabilidade directa reporta-se relao Estado/Comunidade e est em

    causa a incorporao de normas comunitrias nas ordens jurdicas internas.

    O efeito directo a susceptibilidade de normas comunitrias serem invocadas

    pelos particulares nos Estados membros nomeadamente perante os tribunais nacionais

    sendo uma relao Comunidade/Particular/Estado.

    Assim, em termos de direito derivado, poderemos dividir as regras

    vinculativas da Comunidade em 2 grandes grupos:

    1 as que produzem efeitos directos

    2 as que produzem efeitos indirectos obrigando os Estados e no aptas, por si

    mesmas, a produzir efeitos nos ordenamentos internos.

    No 1 grupo enquadram-se o regulamento e a deciso que so directamente

    aplicveis sendo que a deciso se dirige apenas aos destinatrios por si designados.

    No 2 grupo enquadram-se as directivas j que compete s instncias nacionais

    a sua regulamentao e adaptao sendo que desta margem de manobra deixada aos

    Estados decorre uma larga possibilidade de deformao ou de m interpretao. As

    directivas so pois normas tipicamente incompletas que carecem de transposio no

    retirando competncia legislativa aos Estados membros.

    Neste contexto poder-se- revelar estranho que as directivas fossem encaradas

    como fonte de efeito directo.

    No entanto o TJCE tem vindo a desenvolver jurisprudncia no sentido de as

    directivas poderem produzir efeitos directos nos ordenamentos jurdicos nacionais

    quando os Estados membros no tomem medidas para a sua transposio ou que essas

    medidas sejam insuficientes.

    Mas para que o efeito directo se verifique necessrio que as disposies das

    directivas sejam claras, completas, incondicionais e suficientemente precisas de tal

    forma que delas resulte a inteno de atribuir um direito ou obrigao e ainda o seu

    contedo e alcance.

    Esta possibilidade de as directivas possurem eficcia directa nos

    ordenamentos jurdicos internos atribui uma maior importncia ao direito comunitrio

    do ambiente muito especialmente nos litgios entre particulares e autoridades pblicas

    permitindo aos indivduos a invocao de direitos que devem ser reconhecidos pelos

    tribunais nacionais dado o efeito directo vertical.

  • O efeito directo horizontal que se relaciona com a invocao de normas

    comunitrias nas relaes entre particulares tem sido objecto de uma maior resistncia

    ao seu reconhecimento ainda que pontualmente o Tribunal j tenha aceite o efeito

    directo horizontal de normas de directivas.

    5 - Meios comunitrios de controlo

    frequente em termos ambientais ouvirmos falar do incumprimento de

    legislao comunitria.

    Esta uma realidade assente na debilidade do direito comunitrio pois os

    instrumentos jurdicos de garantia do seu cumprimento so relativamente imperfeitos

    apesar da existncia de mecanismos de controlo quer a nvel da prpria Comunidade

    quer a nvel dos Estados membros.

    Vejamos esses meios:

    - Meios comunitrios de controle

    Os meios a nvel comunitrio encontram-se relativamente afastados dos

    cidados pelo que se torna difcil o seu accionamento.

    Em 1 lugar destaca-se o reenvio prejudicial que apesar de funcionar como

    meio indirecto para os cidados no deixa de ser importante em termos de tutela dos

    seus direitos e interesses.

    Como sabem o reenvio prejudicial possibilita que o Tribunal de Justia decida,

    a ttulo prejudicial, entre outras questes, sobre a interpretao do Tratado e sobre a

    validade dos actos adoptados pelas instituies comunitrias assegurando assim uma

    interpretao e aplicao uniforme do direito comunitrio nos diversos Estados

    membros.

    De acordo com o previsto para o reenvio prejudicial permitido que os orgos

    jurisdicionais dos Estados membros a quem se coloque uma questo deste tipo no

    julgamento da causa solicitem ao Tribunal de Justia que se pronuncie sendo esta uma

    faculdade que se torna obrigatria sempre que o processo estiver pendente perante um

    orgo jurisdicional nacional cujas decises no sejam susceptveis de recurso judicial

    no direito interno.

    Em 2 lugar, sendo tambm um meio indirecto para os cidados, surge o

    recurso por incumprimento (A Comisso se considerar que um Estado membro

    no cumpriu qualquer das obrigaes que lhe incumbem formular um parecer

    podendo recorrer ao TJCE se o Estado no proceder em conformidade com esse

  • parecer).Assim os cidados podero queixar-se Comisso, mas no tm legitimidade

    para a interposio do recurso, sendo que se houver sentena (caso o processo avance)

    os efeitos so meramente declarativos.

    Nos termos do Tratado as funes de vigilncia e controle atribudos

    Comisso e ao TJCE levam alguns autores a denominar a Comisso como guardi da

    legalidade democrtica e o Tribunal como rbitro.

    - Meios nacionais de controlo

    Como sabem os tribunais nacionais so os tribunais comunitrios de direito

    comum e assim responsveis por assegurar a tutela jurisdicional conferida pela ordem

    jurdica comunitria.

    Relembre-se que as relaes entre o direito comunitrio e o direito nacional se

    caracterizam pela supremacia do direito comunitrio bem como pela aplicabilidade

    directa de algumas das suas normas e que o juiz nacional tem o dever de aplicar esse

    direito nas suas decises j que ele o juiz-comum do direito comunitrio.

    Os tribunais nacionais surgem como tribunais comuns de direito comunitrio

    j que os tribunais comunitrios so rgos jurisdicionais com competncia por

    atribuio e no com competncia genrica pelo que a sua competncia

    expressamente reconhecida nos Tratados e por actos em sua execuo assegurando

    assim o respeito pelo direito de interpretao e aplicao dos Tratados.

    PPP Princpio do Poluidor Pagador

    Princpio fundamental da Poltica Comunitria de Ambiente

    A consagrao internacional deste princpio remonta a 1972 com a

    Recomendao C(72)128, de 26 de Maio de 1972, da OCDE que, pouco depois,

    tambm vem a ser objecto de uma Recomendao do Conselho da Europa.

    Em termos comunitrios a sua consagrao surge em 1973 com o primeiro

    Programa de aco em matria de ambiente sendo posteriormente consagrado com o

    Acto nico.

    Tendo sido a OCDE quem deu origem consagrao do PPP que veio a ser

    referido no Acto nico importa, para atender ao elemento histrico, conhecer a

    respectiva definio originria:

    O princpio a ser usado na afectao de custos das medidas de preveno e controle

    da poluio visando estimular o uso racional dos recursos ambientais escassos e evitar

    distores no comrcio e investimento internacionais designado por Princpio

    Poluidor Pagador. Este princpio significa que o poluidor dever suportar os custos

  • das medidas acima mencionadas decididas pelas autoridades pblicas para assegurar

    que o ambiente esteja num estado aceitvel. Por outras palavras, o custo destas

    medidas dever reflectir-se nos custos dos bens e servios que causem poluio na

    produo e/ou consumo. Tais medidas no devero ser acompanhadas por subsdios

    que possam criar distores significativas no investimento e comrcio internacionais.

    Temos pois que as finalidades de estimular a utilizao racional de recursos

    ambientais escassos e de evitar distores no comrcio e investimento internacionais

    apontam para uma matriz de ordem econmica

    O PPP surge no Artigo 130 R/2 a par de outros princpios como os princpios

    da precauo, da preveno, da correco na fonte e da integrao.

    Atendendo ao valor jurdico dos princpios passemos anlise sob trs

    perspectivas: juridicidade, aplicabilidade directa e destinatrios.

    No respeitante juridicidade de admitir, em termos gerais, que os actos

    adoptados pelas instituies comunitrias sejam susceptveis de controlo jurisdicional

    no sentido de aferir a sua compatibilidade com os princpios pelo que o Tribunal de

    Justia ser competente para aprecviar da validade das normas podendo inclusive um

    acto que no respeite os princpios com o fundamento de violao dos Tratados.

    Quanto aplicabilidade directa o PPP no tem densidade normativa suficiente

    para ser directamente aplicvel tanto mais que o Tribunal de Justia, em sucessivos

    acrdos, tem declarado a necessidade da norma possuir todos os elementos

    necessrios no dependendo de medidas concretizadoras a adoptar pelas

    Comunidades ou pelos Estados-Membros ou por ambos.

    Quanto aos destinatrios a questo prende-se com a delimitao de

    competncias entre a Comunidade e os Estados-Membros.

    Em termos de interpretao o contedo doutrinal do PPP tem evoludo ainda

    que no haja actualmente um contedo considerado pacfico. Houve interpretaes

    que o consideravam mais prximo do Direito Penal em que o PPP significava que os

    poluidores so culpados e devem ser punidos sendo pois mais um princpio poluidor

    punido. Outros reconduziam-no a um princpio de responsabilidade civil j que quem

    causa um dano responsvel devendo proceder tomada de medidas para reparao

    do dano. Actualmente o PPP est para alm das vertentes enunciadas sendo-lhe

    reconhecidas outras vertentes de que se salientam a funo preventiva e a funo

    redistributiva.

  • Quanto funo preventiva cada vez mais pacfico que o PPP visa sobretudo

    prevenir a poluio, mais do que reparar os danos. A preveno, em sentido lato,

    comporta duas perspectivas:

    - o princpio da preveno, em sentido estrito, na dimenso de controlo da

    poluio;

    - o princpio da precauo, na dimenso de suspeitas quanto a danos ambientais.

    A aplicao do PPP pressupe uma preveno dinmica que passa pela

    avaliao dos resultados das medidas tomadas sejam elas de carcter normativo ou de

    carcter econmico.

    Por outro lado, as receitas obtidas tanto podem ser utilizadas para cobrir custos

    de medidas pblicas de preveno da poluio como para custear despesas pblicas de

    reparao de danos assumindo-se neste ltimo como um princpio reparador com

    funes redistributivas.

    Em termos de interpretao importa ainda atender que o PPP contm dois

    conceitos indeterminados. poluidor e pagador.

    Poluidor: ser um automobilista o poluidor ou o fabricante de automveis?

    Em termos comunitrios a Recomendao 75/436 refere como poluidor aquele

    que degrada directa ou indirectamente o ambiente ou que cria condies que levam

    sua degradao. No sentido de operacionalizar esta definio ampla acresce dois

    critrios prticos de imputao de custos: eficincia econmica e administrativa na

    imputao de custos e capacidade de internalizao de custos. Assim a Comunidade

    no resolve as dvidas quanto a quem poluidor preferindo optar pelo melhor

    pagador.

    A UNIO EUROPEIA E O AMBIENTE

    Tendo vista as questes respeitantes ao direito comunitrio do ambiente importa

    proceder a uma anlise sinttica da poltica europeia do ambiente.

    O Tratado da Unio Europeia de Maastricht, em 1992, permite constatar que os

    dirigentes europeus reconheceram que o ambiente no uma questo isolada, sendo

    afectado de forma positiva ou negativa pelas decises tomadas noutros domnios.

    Neste sentido declararam que todas as polticas e actividades da UE devem de futuro

    ter em conta o ambiente, e que esta abordagem integrada continua a ser o princpio

    orientador para a aco futura.

  • As iniciativas adoptadas permitiram a obteno de progressos significativos de que

    refere, a ttulo exemplificativo, a diminuio das emisses industriais de substncias

    txicas como o chumbo e o mercrio, a proibio ou limitao da utilizao de muitos

    pesticidas e substncias qumicas perigosas, a diminuio da acidificao de lagos e

    florestas resultante das emisses nocivas de dixido de enxofre (SO2) e a reciclagem

    de resduos industriais e domsticos bem como o tratamento das guas residuais e dos

    esgotos.

    Dando seguimento s aces desenvolvidas nestes ltimos 30 anos a UE, em 2001,

    lanou o seu sexto programa de aco no domnio do ambiente que fixa prioridades de

    aco assim como objectivos prticos e meios para os alcanar at 2010.

    Das medidas tomadas ao longo dos anos salientemos:

    1967 - Primeira directiva no domnio do ambiente, relativa classificao,

    embalagem e rotulagem de substncias perigosas (67/548)

    1970 - Directiva que estabelece o quadro para as medidas de combate poluio do ar

    pelas emisses dos veculos a motor (70/220)

    1973 - Lanamento do primeiro programa de aco europeu no domnio do ambiente

    1973-1976

    1979 - Directiva Aves, relativa proteco das aves e dos seus habitats (79/409)

    1980 - Directiva relativa qualidade das guas destinadas ao consumo humano

    (80/778)

    1985 - Directiva relativa avaliao do impacto ambiental (85/337)

    1990 - Directivas que limitam a utilizao e libertao no ambiente de organismos

    geneticamente modificados (OGM) (90/219 e 90/220)

    1991 - O Tratado de Maastricht, no seu artigo 6., estabelece que todas as polticas e

    actividades da UE polticas devem integrar a proteco do ambiente

    1992 - Directiva Habitats, relativa conservao dos habitats naturais e da fauna e

    da flora selvagens (92/43)

    1994 - Criao da Agncia Europeia do Ambiente

    1999 - Lanamento da Semana Verde (conferncias anuais da UE sobre o ambiente)

    2000 - Directiva-quadro sobre a poltica europeia da gua (2000/60)

    2001 - Lanamento do sexto programa de aco no domnio do ambiente 2001-2010:

    Ambiente 2010, o nosso futuro, a nossa escolha

    2002 - Ratificao do Protocolo de Quioto sobre as alteraes climticas

  • Sendo que a legislao ambiental da UE respeita o importante princpio da

    subsidiariedade devem ser as autoridades nacionais e locais a decidir das

    prioridades e a gerir as suas respostas mas a Comisso pode mover aces em justia

    contra os pases que faltem s suas obrigaes sendo uma prioridade do sexto

    programa de aco no domnio do ambiente assegurar que as leis sejam aplicadas

    pelos Estados-Membros.

    A estratgia de integrao das questes ambientais pressupe o reconhecimento que,

    praticamente, todas as polticas da Unio tm efeitos no ambiente pelo que o seu

    planeamento prvio importante no sentido de assegurar que o seu impacto seja

    positivo e no negativo sendo que, por exemplo, as reformas introduzidas na poltica

    agrcola comum em 1992 contriburam para reduzir a utilizao de fertilizantes base

    de azoto e de fsforo em, respectivamente, 25% e 30%. No sendo este princpio de

    integrao de fcil aplicao os dirigentes da UE lanaram em 1998 o processo de

    Cardife, solicitando aos vrios sectores que preparassem estratgias e programas

    destinados a promover a proteco do ambiente comeando pelos transportes, energia

    e agricultura mas visando que essa abordagem abranja todos os sectores.

    A utilizao de indicadores ambientais tende para uma melhor eficincia da economia

    e concretiza os esforos de assegurar o crescimento econmico sem esgotar os

    recursos, isto , consubstancia o desenvolvimento sustentvel, enquanto princpio,

    estabelecido na Cimeira da Terra promovida pelas Naes Unidas no Rio, em 1992,

    que apresenta um duplo desafio de combater a pobreza e de alterar padres

    consumistas.

    Na cimeira de Gotemburgo, em Junho de 2001, os dirigentes da UE adoptaram uma

    estratgia para o desenvolvimento sustentvel europeu reconhecendo que o

    crescimento econmico, a coeso social e a proteco do ambiente esto interligados.

    Retomando o sexto programa de aco no domnio do ambiente constata-se que

    identifica quatro reas em que urgente reforar a aco:

    alteraes climticas;

    proteco da natureza e biodiversidade;

    sade e qualidade de vida;

    gesto dos recursos naturais e resolver o problema dos resduos.

    O sexto programa de aco no domnio do ambiente apela igualmente aco em

    sete grandes reas: proteco do solo, ambiente marinho, emprego de pesticidas,

  • poluio atmosfrica, ambiente urbano, gesto dos recursos e reciclagem dos

    resduos.

    Vejamos, sucintamente, as quatro reas:

    As alteraes climticas

    Actualmente so evidentes os efeitos das alteraes climticas como sejam os

    extremos em termos de calor e seca ou de frio e chuva. A regresso a nvel mundial de

    cerca de 10 % da cobertura de neve desde o final da dcada de 60 e o recuo dos

    glaciares de montanha bem como o degelo nos mares provocou uma subida do nvel

    do mar entre os 10 e os 20 cm. Por outro lado verificaram-se, significativamente,

    aumentos das concentraes de dixido de carbono (CO2), metano (CH4) e xido de

    azoto (N2O), principais gases responsveis pelo efeito de estufa.

    Estas alteraes climticas tm-se apresentado a um ritmo elevado dificultando, ou

    mesmo inviabilizando, processos adaptativos ou de migrao para algumas espcies

    sendo no nosso caso portugus tambm de salientar a possibilidade de maior

    propagao de doenas tropicais.

    O Painel Intergovernamental sobre as Alteraes Climticas (IPCC), considera a

    actividade humana como primeiro responsvel sendo que no mbito da Unio

    Europeia a produo de gases responsveis pelo efeito de estufa diminuiu 4% entre

    1990 e 1999. No entanto torna-se necessrio desenvolver mais esforos no sentido de

    dar cumprimento ao compromisso assumido na conferncia internacional de Quioto,

    Japo, em 1997, de aplicar a Conveno-Quadro da ONU de 1992 sobre as alteraes

    climticas (UNFCCC).

    O Protocolo de Quioto foi o primeiro acordo multilateral a estabelecer metas

    especficas de reduo das emisses para os pases desenvolvidos tendo sofrido um

    srio revs em Maro de 2001 quando os EUA,. aps a eleio de George W. Bush,

    anunciaram a sua retirada do protocolo. Nas Conferncias das Partes na Conveno

    em Bona, em Julho, e em Marraquexe, em Novembro de 2001, a UE desempenhou

    um papel crucial para assegurar o respeito do Protocolo de Quioto ficando aberto o

    caminho para a sua apreciao na Cimeira Mundial da ONU sobre o Desenvolvimento

    Sustentvel (Rio+10) realizada, em Joanesburgo, em 2002.

    A UE apresentou umsistema de transaco para reduzir as emisses de

    gases responsveis pelo efeito de estufa. A primeira fase desse sistema ir cobrir 4000

    a 5000 grandes centrais de energia e instalaes similares, que devero produzir cerca

    de 46% das emisses de CO2 na UE at 2010. A ideia base passa pela concesso de

  • subsdios para a limitao de emisses de dixido de carbono sendo que as empresas

    que consigam manter valores inferiores ao limite sero autorizadas a vender os

    direitos de emisso restantes a outras empresas que no consigam cumprir as metas. A

    UE considera que ao fazer do CO2 um produto negocivel, o sistema encorajar as

    empresas a reduzir as suas emisses da forma mais eficaz.

    O Programa Europeu para as Alteraes Climticas (ECCP), lanado em Junho de

    2000, identificou mais de 40 medidas capazes de reduzir as emisses duas vezes mais

    que o exigido no Protocolo de Quioto estando em curso um conjunto de Directivas

    respeitantes transaco de direitos de emisso na UE, ao desempenho energtico dos

    edifcios, aos biocombustveis, aos contratos pblicos que promovam a poupana de

    energia e aos gases fluorados bem como o reforo da investigao sobre as alteraes

    climticas, e medidas para desenvolvimento a longo prazo que incluem a promoo

    da produo de calor a partir de fontes de energia renovveis e a introduo de

    melhoramentos tcnicos em veculos e combustveis.

    Refira-se que 5% da populao mundial vive na UE onde se gera 15% dos

    gases com efeito de estufa sendo de realar como principais responsveis os sectores

    do transporte rodovirio e o da produo de electricidade.

    Natureza e biodiversidade

    A extenso abrangida pela UE abarca uma vastido de habitats naturais e uma enorme

    diversidade de flora e fauna.

  • Na perspectiva de proteco de espcies destaca-se a Directiva Aves de 1979 que

    identificava 181 espcies e subespcies em perigo para as quais os Estados-Membros

    deviam designar zonas de proteco especial.

    Na perspectiva de proteco de espaos signifigativos para a conservao da vida

    selvagem destaca-se a Directiva Habitats de 1992 que impunha a obrigao de cada

    Estado-Membro identificar stios de interesse europeu e elaborar medidas para a sua

    gesto, combinando preservao da vida selvagem com actividades econmicas e

    sociais, no quadro de uma estratgia de desenvolvimento sustentvel.

    No seu conjunto, a rede Natura 2000, assume-se como pedra angular da poltica da

    UE de proteco da natureza abrangendo j uma rea superior a 15% do territrio da

    UE.

    No mbito da proteco da natureza e da biodiversidade refiram-se os seguintes

    objectivos:

    a) Proteco e recuperao da estrutura e funcionamento dos sistemas naturais;

    b) Cessao da perda de biodiversidade;

    c)Proteco dos solos contra a eroso e a poluio.

    Sade e qualidade de vida

    A poluio do ambiente causadora de toda uma srie de problemas para a sade

    humana sendo as crianas especialmente vulnerveis, em especial at aos cinco anos

    dado os seus rgos vitais estarem ainda em desenvolvimento.

    Realce-se que poluentes como os pesticidas, as dioxinas e os PCB (policlorobifenilos)

    podem ser nocivos para o feto na gravidez, provocando o aborto, defeitos congnitos

    ou problemas de sade na vida futura. A taxa de mortalidade nas crianas

    extraordinariamente baixa, mas, apesar do melhoramento da qualidade do ar, cada

    vez maior o nmero de crianas que sofrem de asma e afeces respiratrias crnicas.

    A Comisso Europeia coopera com a Organizao Mundial da Sade (OMS)

    utilizando, muitas vezes, orientaes da OMS como base para as directivas da UE no

    domnio do ambiente.

    No domnio da alimentao os consumidores tornaram-se mais conscientes devido

    BSE (encefalopatia espongiforme bovina), comummente conhecida pela doena das

    vacas loucas, e respectivas consequncias humanas sob a forma da doena incurvel

    de Creutzfeldt-Jakob.

    Este alerta despertou uma maior preocupao com o abastecimento do mercado com

    produtos base de OGM organismos geneticamente modificados.

  • Refira-se ainda que em 2001, um livro branco da Comisso Europeia traou uma nova

    estratgia para o controlo das substncias qumicas perigosas, aplicando dois

    princpios claros: precauo sempre que haja dvida quanto segurana, e

    substituio das substncias perigosas por outras mais seguras sempre que possvel.

    Neste contexto devero ser tomadas medidas que visem :Para isso:

    . Compreender melhor a relao entre poluio do ambiente e sade humana atravs

    de uma investigao de maior qualidade;

    . Analisar as normas sanitrias e exigir que tenham em conta os grupos sociais mais

    vulnerveis;

    . Reduzir os riscos da utilizao de pesticidas;

    . Desenvolver uma nova estratgia de combate poluio atmosfrica;

    . Reformar o nosso sistema de controlo dos riscos apresentados pelos produtos

    qumicos.

    Preservar os recursos naturais e gerir os resduos

    A abordagem da gesto dos resduos d prioridade preveno, seguindo-se

    depois a reciclagem, a recuperao e a incinerao e, por fim, apenas como ltimo

    recurso, a deposio em aterros.

    O objectivo reduzir a quantidade de resduos destinados eliminao final

    em cerca de 20% em relao aos nveis de 2000 at 2010 e em cerca de 50% at 2050.

    Neste contexto devero ser tomadas medidas que visem:

    . Elaborar e publicar relatrios regulares dos indicadores ambientais;

    . Rever o modo de recolha de informaes e elaborar relatrios do estado do ambiente

    na Europa.

    . Identificar as substncias perigosas e tornar os produtores responsveis pela recolha,

    tratamento e reciclagem dos resduos que produzem;

    . Encorajar os consumidores a seleccionar os produtos e servios que criam menos

    resduos;

    . Desenvolver e promover uma estratgia escala da Unio Europeia para a

    reciclagem dos resduos, com objectivos e um acompanhamento que permita

    comparar os progressos realizados pelos Estados-Membros;

    . Promover mercados dos materiais reciclados;

    . Desenvolver aces especficas, no mbito de uma poltica de produtos integrada,

    para promover produtos e processos ecolgicos.

  • A poltica do ambiente seguida pela UE ao longo dos ltimos anos

    concretizou-se atravs de um vasto leque de instrumentos desde uma legislao-

    quadro passando por um instrumento financeiro ( Programa Life ) at instrumentos

    tcnicos (rtulo ecolgico , sistema comunitrio de gesto ambiental e de auditoria), e

    sistema de avaliao dos efeitos dos projectos pblicos e privados no ambiente.

    Actualmente, a tnica posta numa maior diversificao dos instrumentos ambientais,

    favorecendo em especial o recurso s taxas ambientais (princpio do poluidor-

    pagador), contabilidade ambiental ou aos acordos voluntrios. Na verdade, na

    ausncia de uma aplicao efectiva da legislao ambiental considera-se que essa

    efectividade passa pela introduo de incentivos destinados aos operadores

    econmicos (empresas e consumidores).

    No mbito da gesto dos resduos a poltica comunitria assenta em trs

    estratgias complementares:

    - prevenir a criao de resduos, melhorando a concepo dos produtos;

    - desenvolver a reciclagem e a reutilizao dos resduos.

    - reduzir a poluio causada pela incinerao de resduos.

    A Comunidade optou por privilegiar a responsabilidade do produtor. No que respeita

    aos veculos fora de circulao , a proposta de directiva de 1997 prev a instaurao

    de um sistema de recolha dos veculos em fim de vida, a cargo do produtor.

    escala internacional, esta abordagem foi igualmente escolhida por ocasio da

    primeira Conferncia das partes da Conveno OSPAR para a proteco do meio

    marinho no Atlntico Nordeste , onde se tratava, entre outros, de negociar a

    desmontagem e eliminao das instalaes off-shore petrolferas e de gs . De facto,

    as partes na conveno adoptaram a posio defendida pela Comisso Europeia, que

    assentava no princpio da proibio da eliminao no mar destas instalaes, ficando

    os custos ligados desmontagem e eliminao a cargo dos proprietrios das

    instalaes.

    A Comunidade parte na Conveno sobre o controlo dos movimentos transfronteiras

    de resduos perigosos e sua eliminao ( Conveno de Basileia ), na qual so partes

    mais de 100 pases. A Comunidade ratificou j a alterao a esta conveno atravs da

    qual as exportaes de resduos perigosos dos pases da OCDE, da Comunidade e do

    Liechtenstein para pases no-OCDE so proibidas, quer se destinem a eliminao, a

    reciclagem ou a valorizao.

  • No respeitante ao rudo o essencial da estratgia comunitria consistiu,

    durante muito tempo, na adopo de nveis mximos para o rudo proveniente de

    determinadas mquinas ( mquinas de cortar relva , motociclos ou, mais recentemente

    avies e equipamentos utilizados no exterior dos edifcios ). No quadro do Livro

    Verde de 1996, a Comisso props o alargamento desta estratgia, reduzindo as

    emisses na fonte, desenvolvendo as trocas de informaes e reforando a coerncia

    dos programas de luta contra o rudo.

    Relativamente poluio da gua foram adoptadas pelos Estados-Membros

    numerosas Directivas para instaurar normas de qualidade da gua ( gua potvel ,

    guas balneares ) e controlar as emisses de substncias poluentes.

    A Comunidade parte em diferentes convenes internacionais que tm como

    objectivo a proteco do ambiente marinho (a Conveno OSPAR j referida, a

    Conveno de Barcelona para a proteco do Mediterrneo) bem como a proteco

    dos cursos de gua transfronteirios e os lagos internacionais ( Conveno de

    Helsnquia sobre os cursos de gua transfronteiras e os lagos internacionais ,

    Conveno sobre a cooperao para a proteco e utilizao sustentvel do Danbio.

    As propostas de directiva visam reforar a qualidade ecolgica das guas de superfcie

    e implementar uma aco comunitria em matria de gua doce e guas de superfcie ,

    bem como garantir uma proteco dos esturios, das guas costeiras e das guas

    subterrneas da Comunidade.

    No respeitante poluio do ar a UE privilegia a combinao de medidas

    nacionais e internacionais de reduo das emisses de gases poluentes pelo que foram

    adoptados a Conveno-Quadro das Naes Unidas (1992) e o Protocolo de Quioto

    (1997). A Comunidade igualmente parte na Conveno de Genebra sobre a poluio

    atmosfrica transfronteiria a longa distncia bem como em alguns dos seus

    protocolos.

    A legislao comunitria neste domnio tem por objectivo prioritrio lutar contra as

    emisses resultantes das actividades industriais e dos veculos de transporte. No que

    respeita aos transportes , a estratgia assenta em vrios elementos :

    - reduo das emisses poluentes dos veculos (catalisador, controlo tcnico);

    - diminuio do consumo dos veculos de passageiros (em colaborao com os

    construtores de automveis);

    - promoo de veculos "limpos" (medidas fiscais).

  • No respeitante proteco da natureza verifica-se que na Europa, perto de 1000

    espcies vegetais e mais de 150 espcies de aves esto gravemente ameaadas ou em

    vias de extino. Para lutar contra esta situao, a legislao comunitria adoptou

    diversas disposies que visam a proteco da vida selvagem (proteco de

    determinadas espcies, como aves e focas ) e dos habitats naturais (proteco das

    florestas e dos cursos de gua).

    A Comunidade parte em diversas convenes, nomeadamente a Conveno de

    Berna (preservao da vida selvagem e do meio natural na Europa) e de Bona

    (salvaguarda das espcies migradoras).

    Relativamente aos riscos naturais e tecnolgicos constata-se que as

    sociedades modernas esto cada vez mais expostas a riscos de toda a espcie, naturais,

    tecnolgicos e ambientais.

    Como contributo para a preveno destes riscos e preparao para a gesto das

    situaes de emergncia que deles recorrem, a Comunidade adoptou um programa de

    aco comunitrio a favor da proteco civil e uma directiva relativa preveno dos

    grandes riscos industriais .

    No que respeita ao sector nuclear, a Comunidade adoptou uma srie de disposies,

    como directivas relativas proteco radiolgica, e um plano de aco para a gesto

    dos resduos radioactivos . Foi tambm iniciado um processo de cooperao tcnica

    para a segurana das instalaes.

    O alargamento

    A situao dos pases da Europa Central e Oriental (PECO) no sector do ambiente

    hoje de grande degradao. O alargamento da Unio aos PECO um desafio no plano

    ambiental com uma dimenso que no tem equivalente nos anteriores alargamentos.

    Os pases candidatos adeso devem transpor o acervo comunitrio ambiental para a

    sua legislao sendo um processo a longo prazo.

    Os pases candidatos devem, eles prprios, mobilizar os recursos necessrios

    transposio do acervo ambiental, mas a Comunidade e os Estados-Membros tm um

    papel importante a desempenhar, atravs de programas bilaterais. Concretamente, a

    Comisso desenvolveu esforos no sector do ambiente graas ao Programa PHARE,

    tendo ainda favorecido a participao dos pases candidatos no Programa Life. O

    auxlio comunitrio pr-adeso no domnio do ambiente, aps o ano 2000, passa

    pela interveno do instrumento estrutural de pr-adeso (IEPA), que diz respeito aos

    sectores do ambiente e dos transportes.

  • A cooperao internacional

    O Tratado que institui a Unio Europeia prev, entre os objectivos da poltica

    ambiental da Comunidade, no seu artigo 174 (antigo artigo130 R), a promoo de

    medidas no plano internacional para fazer face aos problemas regionais ou planetrios

    do ambiente. Para tal, o Tratado prev a cooperao da Comunidade com os pases

    terceiros e as organizaes internacionais competentes.

    Apesar deste reconhecimento datar apenas do Tratado da Unio Europeia, a

    Comunidade parte, desde os anos 70, em convenes internacionais que tm como

    objectivo a proteco do ambiente. Actualmente, parte em mais de 30 convenes e

    acordos no domnio do ambiente e participa activamente nas negociaes que

    conduzem adopo destes instrumentos, no quadro das suas competncias. A

    Comunidade participa igualmente, normalmente na qualidade de observador, nas

    actividades e negociaes no quadro de organismos ou programas internacionais,

    nomeadamente sob a gide das Naes Unidas (NU).

    A Comunidade participa de pleno direito nos trabalhos da Comisso para o

    desenvolvimento sustentvel, das Naes Unidas, o rgo responsvel pelas aces

    subsequentes Conferncia sobre o Ambiente e o Desenvolvimento realizada no Rio

    de Janeiro em Junho de 1992.

    Algumas destas convenes tm vocao planetria e outras regional.

    Refira-se, de entre as convenes de mbito mundial, a Conveno de Viena para a

    proteco da camada de ozono e o seu Protocolo de Montreal relativo a substncias

    que empobrecem a camada de ozono, as Convenes das NU sobre a diversidade

    biolgica e sobre as alteraes climticas. A Comunidade tambm assinou o

    Protocolo de Quioto.