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Documentos sobre o processo de cassação do registro do Partido da Causa Operária Setembro de 2015

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Documento elaborado pela direção do PCO sobre o processo de cassação do registro do Partido da Causa Operária no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Documentos sobre o processo de cassação do registro do Partido da Causa Operária

Setembro de 2015

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Documentos sobre o processo De cassação Do registro Do partiDo Da causa operária - setembro De 2015

Senhores parlamentares, sindicalistas e membros de organizações operárias, populares e democráticas

Apresentamos aqui um dossiê com todas as informações sobre o processo que pede a cassação do regis-tro do nosso partido, o Partido da Causa Operária (PCO).

Acreditamos ser de fundamental importância o envolvimento de todos aqueles que militam em defesa das liberdades democráticas e dos direitos políticos e sociais da população, por se tratar de um processo que abre um gravíssimo precedente contra os partidos e organizações populares.

Certos de sua consideração, contamos com seu apoio a esta causa,

Direção Nacional do Partido da Causa OperáriaSão Paulo – setembro de 2015

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Documentos sobre o processo De cassação Do registro Do partiDo Da causa operária - setembro De 2015

ÍNDICE

Resumo do Processo 3Histórico do Processo 6

• Notas política

Nota política nº 6 ......................................................................................................................................................12 Nota política nº 7 ......................................................................................................................................................13.

• Documentos Documento nº 1 ........................................................................................................................................................15 Documento nº 2 ........................................................................................................................................................18 Documento nº 3 ........................................................................................................................................................41 Documento nº 4 ........................................................................................................................................................50 Documento nº 5 ........................................................................................................................................................62

• Matérias

Entrevista Advogado do PCO conta detalhes do processo ..................................................................................................65

Sobre cassaçãoPartido da Causa Operária é alvo de tentativa de cassação no TSE..................................................................69 No TSE Tentativa de cassação é uma parte da política de conjunto da direita ...............................................................71

Toda cassação de partidos é política ...................................................... .............................................................73 . Um precedente Cassação de PCB em 1947 abriu uma época de reação política .....................................................................74 Contra esquerda Julgamento do pedido de cassacão do PCO pode ocorrer esta semana ........................................................76 Edição JCO nº865 .................................... ...................................................... ....................................................... 77

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Para entender o caso

Resumo do processo

O processo nº 425461 foi protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a pedido do Ministério Público Eleitoral no dia 16 de dezembro de 2010.

O processo pede a cassação do registro do Partido da Causa Operária (PCO).

Qual a alegação do Ministério Público?

A alegação para pedir a cassação do partido é a prestação de contas atrasada do ano de 2008.

Mas o partido prestou contas?

Sim. As contas de 2005, somente citadas no processo, foram analisadas em tomada de contas especial pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que não apontou nenhuma irregularidade, nem uso indevido de verba pública. As contas de 2008, referentes a 38 mil reais recebidos do fundo partidário, foram apresentadas e indeferidas liminarmente, por terem sido apresentadas fora do prazo.

E o partido foi penalizado pela prestação atrasada?

Sim. O partido teve o dinheiro do fundo partidário suspenso por 12 meses e foi condenado a pagar multa pelo atraso da prestação de 2005.

Quais as alegações do PCO contra a cassação?

1 – Seria uma dupla punição para uma mesma causa, o que é vedado por lei.2 – Não existe fato novo que justifique pedir punição mais grave para a falta cometida.3 – Desde 2009 o partido tem prestado contas regularmente e todas aprovadas, mostrando que não

se trata de um problema sistemático.

O que diz a lei?

A lei eleitoral (nº 9.096/1995) prevê o cancelamento do registro partidário nos seguintes casos (Art. 28):

I - ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira; II - estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros; III - não ter prestado, nos termos desta Lei, as devidas contas à Justiça Eleitoral; IV - que mantém organização paramilitar.É no art. 28, III, que está baseado esse pedido.

E por que o art. 28, III, não se aplica ao PCO?

1 – Essa lei foi atualizada em 1998. Passou a prever no art. 37 que “a falta de prestação de contas (...) implica a suspensão de novas cotas do Fundo Partidário e sujeita os responsáveis às penas da lei.”

2 – De acordo com o atual entendimento do TSE (art. 30, da Resolução 23.432/14), as contas são consideradas não prestadas após intimação do partido para sanar o problema, como ocorre nas prestações de contas de campanha. O PCO e sua direção nunca foram intimados a sanar a omissão, pelo contrário, ele mesmo procurou o TSE para apresentar as contas.

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Por que é um ataque aos direitos democráticos?

Porque fere o princípio do direito de organização, que é um direito fundamental.No período constitucional, após o fim da ditadura, nenhum partido teve seu registro cassado. Antes da ditadura, o único caso foi o do PCB (Partido Comunista do Brasil), fato que abriu todo um período de ataques aos direitos democráticos, inclusive intervenção em sindicatos.

No atual momento, de ofensiva conservadora, uma cassação não é apenas um ataque à classe operárias e aos direitos democráticos, como abriria um precedente perigoso, criando uma situação de insegurança, de ameaça a todos os demais partidos, em especial os de esquerda, e todas as organizações democráticas, operárias e populares.

Somente o próprio partido deveria tomar uma decisão desse tipo, se assim desejar, por meio de uma discussão ampla e democrática. A cassação por meio do tribunal é, nesse sentido, totalmente antidemocrática.

Em que fase está o processo?

O processo estava parado desde 2010. O relator, o ministro João Otávio Noronha, deu parecer favorável à cassação e no início do mês de setembro de 2015 o processo foi recolocado para ser julgado no pleno do TSE.

Cabe recurso?

Sim. O partido pode recorrer no próprio TSE, apenas limitadamente. Enquanto não for julgado definitivamente, o partido continua com seu registro. Caso o recurso seja rejeitado, é possível recorrer para o Supremo Tribunal Federal (STF), mas já sem o efeito suspensivo automático, ou seja, o Partido poderia perder todos os direitos até que o pedido fosse julgado.

Que tipo de colaboração o partido espera?

O PCO já tomou todas as medidas cabíveis no terreno jurídico. Estamos procurando também fazer uma campanha de esclarecimento sobre o problema e de alerta sobre a questão democrática. É nesse sentido que vimos buscar a colaboração e apoio de todas as personalidades e organizações progressistas, comprometidas com a causa democrática ou com as causas populares para que ajudem a dar visibilidade ao problema, divulgando ou denunciando pelos meios que estiverem ao seu dispor, seja pela imprensa, seja usando a tribuna do parlamento etc.

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Histórico resumido do Processo Cassação do Partido da Causa Operária RP nº 42561.2010.600.000

PROCESSO : RP Nº 425461 - Representação UF: DF JUDICIÁRIA Nº ÚNICO: 425461.2010.600.0000  

MUNICÍPIO: BRASÍLIA - DF N.° Origem: PROTOCOLO: 433532010 - 16/12/2010 16:48  

REPRESENTANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL REPRESENTADO: PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA (PCO) - NACIONAL

ADVOGADO: JULIANO RICARDO DE VASCONCELOS COSTA COUTO

ADVOGADO: ÉDER MACHADO LEITE ADVOGADO: BRUNO RANGEL AVELINO DA SILVA ADVOGADA: MONIQUE RAFAELLA ROCHA FURTADO ADVOGADO: ELIAS SOUSA MAIA GALVÃO RIBEIRO

RELATOR(A): MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA  ASSUNTO: PRESTAÇÃO DE CONTAS - DE EXERCÍCIO

FINANCEIRO - 2008 - NÃO APRESENTAÇÃO DAS CONTAS

 

LOCALIZAÇÃO: ASPLEN-ASSESSORIA DE PLENÁRIO  FASE ATUAL: 21/09/2015 15:14-Recebimento

Cronologia Data Ocorrido

16/12/2010 Abertura de uma representação contra o Partido da Causa Operária pelo Ministério Público Eleitoral (MPE)

Fevereiro a agosto de 2011

Tramitação do processo, apresentação da defesa

Setembro de 2011 a maio de 2013

Permaneceu com a relatora MINISTRA NANCY ANDRIGHI

Maio a outubro de 2013 Permaneceu com o relator MINISTRO CASTRO MEIRA Outubro 2013 Redistribuido ao relator MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

Setembro 2015 Após quase dois anos parado, e aproximando-se do término do seu mandato, o MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA decide remeter os autos a julgamento no pleno do TSE

Distribuição/Redistribuição Data Tipo Relator Justificativa

16/12/2010 às 17:42 Distribuição por prevenção (PC Nº 1938-75.2010.6.00.0000 )

ALDIR PASSARINHO JUNIOR

27/04/2011 às 17:43 Redistribuição por término do biênio do Relator

NANCY ANDRIGHI Art. 16 § 7º do RITSE

08/05/2013 às 12:07 Redistribuição por término do biênio do Relator

CASTRO MEIRA Art. 16 § 7º do RITSE

02/10/2013 às 10:51 Redistribuição por término do biênio do Relator

JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

Art. 16 § 7º do RITSE

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Despachos Despacho em 16/12/2010 - RP Nº 425461 Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR Publicado em 02/02/2011 no Diário de justiça eletrônico, nº 23, página 4 DESPACHO Cuida-se de representação ajuizada pelo Ministério Público Eleitoral, com fulcro no art. 28, III e § 2º da Lei nº 9.096/95, em desfavor do Partido da Causa Operária (PCO) - Nacional, em virtude da omissão no dever de prestar contas à Justiça Eleitoral, relativamente ao exercício de 2008. Cite-se o representado para que ofereça defesa no prazo de quinze dias. P. I. Brasília (DF), 16 de dezembro de 2010. MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR Relator Despacho em 25/02/2011 - RP Nº 425461 Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR Publicado em 17/03/2011 no Diário de justiça eletrônico, página 31-32 DESPACHO Abra-se vista ao representante, pelo prazo de 10 (dez) dias, para se manifestar sobre a contestação (fls. 92-115) e documentos juntados às fls. 117-199. P. I. Brasília (DF), 25 de fevereiro de 2011. MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR Relator Despacho em 24/03/2011 - RP Nº 425461 Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR Publicado em 30/03/2011 no Diário de justiça eletrônico, nº 61, página 4 DESPACHO Intimem-se as partes para, querendo, especificarem, no prazo de 5 (cinco) dias, as provas que pretendem produzir. P. I. Brasília (DF), 24 de março de 2011. MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR Relator Despacho em 04/04/2011 - RP Nº 425461 Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR Publicado em 12/04/2011 no Diário de justiça eletrônico, nº 70, página 7 DESPACHO Intime-se o Partido da Causa Operária (PCO) para que informe, no prazo improrrogável de 5 (cinco) dias, o endereço da testemunha Anaí Caproni Pinto, sob pena de indeferimento da prova testemunhal. P. I. Brasília (DF), 4 de abril de 2011. MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR Relator Despacho em 28/04/2011 - RP Nº 425461 Ministra NANCY ANDRIGHI Publicado em 06/05/2011 no Diário de justiça eletrônico, nº 85, página 2 DESPACHO Expeça-se carta de ordem ao e. TRE/SP para que seja ouvida a testemunha arrolada às fls. 218, cujo endereço está indicado às fls. 223. P. I. Brasília (DF), 28 de abril de 2011. MINISTRA NANCY ANDRIGHI Relatora Despacho em 06/06/2011 - RP Nº 425461 Ministra NANCY ANDRIGHI

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Publicado em 10/06/2011 no Diário de justiça eletrônico, nº 110, página 2 DESPACHO Oficie-se, com urgência, ao e. TRE/SP para que informe, no prazo de 10 (dez) dias, a respeito do cumprimento da carta de ordem de folhas 227-228. P. I. Brasília (DF), 6 de junho de 2011. MINISTRA NANCY ANDRIGHI Relatora Despacho em 14/06/2011 - RP Nº 425461 Ministra NANCY ANDRIGHI Publicado em 17/06/2011 no Diário de justiça eletrônico, nº 115, página 15 DESPACHO Vistos. Diante da informação de folha 238, determino que os autos permaneçam na Secretaria Judiciária até o retorno da carta de ordem. Após, conclusos. P. I. Brasília (DF), 14 de junho de 2011. MINISTRA NANCY ANDRIGHI Relatora Despacho em 03/08/2011 - RP Nº 425461 Ministra NANCY ANDRIGHI Publicado em 09/08/2011 no Diário de justiça eletrônico, nº 151, página 2 DESPACHO Vistos. Intimem-se as partes para que, caso queiram, apresentem alegações finais no prazo sucessivo de 10 (dez) dias, iniciando-se pelo representante. Após, conclusos. P. I. Brasília (DF), 3 de agosto de 2011. MINISTRA NANCY ANDRIGHI Relatora Despacho em 14/05/2012 - RP Nº 425461 Ministra NANCY ANDRIGHI Publicado em 18/05/2012 no Diário de justiça eletrônico, página 377 DESPACHO Vistos. À Procuradoria-Geral Eleitoral para se manifestar a respeito dos documentos de folhas 340-351. Após, conclusos. P. I. Brasília (DF), 14 de maio de 2012. MINISTRA NANCY ANDRIGHI Relatora

 

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dez. 2010

Ministério Público Eleitoral (MPE) protocola representação pedindo a cassação do registro do

Partido da Causa Operária (PCO) alegando a prestação de contas de 2008 feita em

atraso como motivo

fev. 2011

Partido da Causa Operária (PCO) SE DEFENDE,

alegando:

1. Que já foi penalizado pela prestação de contas em

atraso

2. Não há fato novo que justifique punição tão grave

3. Que desde 2009 vem prestando contas

regularmente, tendo sido todas aprovadas

de 2011 até 2015

O MPE se manifestou, bem como o PCO, apresentando suas considerações finais. Desde então o processo

permaneceu parado, apenas trocando de relator outubro de 2013

O processo foi atribuído ao MINISTRO JOÃO OTÁVIO

DE NORONHA

setembro de 2015Próximo ao término do seu

mandato, o relator, MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, mandou para o pleno do TSE para

julgamento

Cronologia

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Nota oficial da direção nacional do Partido da Causa Operária

Pedido de cassação do registro do PCO é um atentado aos direitos democráticos

Nesta quinta-feira, 3 de setembro, a direção nacional do Partido da Causa Operária (PCO), foi infor-mada de que um processo de 2008, pedindo a cassação do registro do partido junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi enviado pelo juiz João Otávio de Noronha para julgamento ao pleno do TSE, possivelmen-te nessa semana.

Este processo refere-se a fatos de 2008 e está parado desde 2010.

Todas as alegações são baseadas em tecnicalidades jurídicas. Não há nenhum fato desabonador contra o Partido. O PCO é ademais um Partido de modestos recursos e que não participa da administração pública, não havendo motivo algum para esta tentativa, exceto desígnios políticos.

Nesse sentido, fomos surpreendidos por tal atitude. Não sabemos se se trata de uma iniciativa isola-da e individual de um juiz que tentou, recentemente cassar o fundo partidário do PCO sem conseguir o apoio dos seus pares ou de usar subterfúgios jurídicos para atacar um direito democrático fundamental do povo que é o direito de organização.

Objetivamente, isto é, independentemente da existência ou não de propósitos antidemocráticos por detrás desta iniciativa, temos, portanto, uma ameaça contra o PCO que deve ser rejeitada por todos os que defendam as liberdades democráticas.

A proposta de cassação de um Partido, de qualquer Partido, representa um ataque contra os direitos e liberdades democráticos de todo o povo e de todas as suas organizações.

Vemos com preocupação os fatos coincidentes de que ala direita da Câmara dos Deputados já deci-diu cassar o direito dos partidos de esquerda ao horário gratuito na TV na campanha eleitoral, participar nos debates e receber o fundo partidário impondo uma cláusula de barreira mesmo contra os partidos que te-nham deputados eleitos.

Vozes da direita se levantaram repetidamente para pedir a cassação do próprio PT, o maior partido de esquerda do País.

Há uma ofensiva geral contra os direitos democráticos da esquerda e do povo em geral como pode-mos ver não só em leis como a da diminuição da maioridade penal e várias outras propostas acintosamen-te antidemocráticas.

O PCO é, como sabido, um dos partidos que mais se destaca na luta contra a direita e os golpistas.

Chamamos todos os partidos da esquerda, todos os partidos e organizações ligadas aos movimentos sociais, aos movimentos de luta, a se posicionarem publicamente diante desse fato.

Pelo irrestrito direito de organização partidária!

Em defesa dos direitos democráticos dos trabalhadores e do povo!

São Paulo, 5 de setembro de 2015

nº 06/2015

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Nota oficial da direcão nacional do Partido da Causa Operária

Ampliar o repudio à ameaça de cassação do PCOEntrou na pauta do Plenário do Tribunal Superior Eleitoral do último dia 15, o julgamento do pe-

dido de cassação do registro do Partido da Causa Operária (PCO), por solicitação do ministro João Otávio de Noronha.

O pedido acabou não sendo analisado naquela sessão, em que ministros destacaram a passagem do “Dia Internacional da Democracia”, promulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Na mesma sessão foi aprovado o registro do 33o. partido no País, o Partido Novo (PN), o qual, segun-do declarações dos seus dirigentes amplamente veiculadas na imprensa burguesa gastaram mais de R$ 5 milhões, contratando empresas para conseguir “apoios” à formação da legenda que defende a propriedade privada dos grandes capitalistas e o chamado “liberalismo”.

Ao mesmo tempo, a justificativa apresentada para tentar cassar o PCO – baseadas em tecnicalida-des jurídicas - foi a de que haveria problemas na sua prestação de contas do ano de 2008, totalizando me-nos de R$ 30 mil.

O PCO é um partido sem patrões, sem a presença de políticos tradicionais carreiristas financiados por bancos e empreiteiras e que não tem contra si, qualquer fato que desabone sua ação política em defesa dos trabalhadores e do socialismo.

De todos os partidos registrados, o PCO é o que menos recebe verbas públicas, realiza suas atividades e campanhas com modestos recursos recolhido de militantes e simpatizantes, não partici-pa da administração pública e nunca fez qualquer tipo de aliança eleitoral com qualquer partido patro-nal, envolvido em denuncias de corrupção, nunca recebeu doações de banqueiros, empreiteiras e em-presas capitalistas.

Não há e nunca houve qualquer motivo real para cassar o PCO, a não ser uma clara perseguição po-lítica, como verificada nos regimes de exceção e de proscrição dos direitos e garantias civis, como a liber-dade de organização partidária.

Excetuando-se o período da ditadura militar no qual se impôs a existência de apenas dois partidos políticos (ARENA e MDB) e se proibiu a existência de partidos de esquerda, dos trabalhadores, somente na década de 40, houve no Brasil a cassação de um partido legalizado, a do PCB. Esta cassação, é fundamen-tal recordar, foi o ponto de partida de um processo de repressão contra o movimento operário e os direitos democráticos em geral, desaguando no golpe de 1954 contra Getúlio Vargas.

O PCO se destaca na luta contra a onda reacionária e golpista em um momento crítico da história na-cional e este fato está diretamente relacionado com a tentativa de cassação.

Contra esta ação arbitrária vêm se pronunciando dirigentes de partidos de esquerda, sindica-listas e ativistas das organizações de luta dos explorados e de que se reivindicam das defesas dos di-reitos democráticos do povo brasileiro. Isso porque, a ameaça ao PCO (como contra qualquer partido) constitui uma grave ameaça contra os direitos e liberdades democráticos de todo o povo e de todas as suas organizações.

O PCO vai manter sua ação destacada na luta contra as articulação golpistas em curso no Pais que buscam criar as condições para a derrubada do governo eleito pela maioria da população com o claro obje-tivo de promover um brutal ataques aos direitos democráticos do povo brasileiro e às condições de vida dos

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trabalhadores e da juventude, já seriamente atingidos pela política de “ajustes” que os setores conservado-res e reacionários (de dentro e fora do governo) vem impondo à população.

Continuaremos firmes na denuncia do golpismo, na defesa da necessária mobilização das organiza-ções de luta dos trabalhadores, da juventude e de todos os explorados contra a política de retrocesso demo-cráticos e nas condições de vida da maioria da nação em favor de um punhado de grandes capitalistas e es-peculadores internacionais e suas máfias políticas.

Reafirmamos nosso chamado a todas organizações de luta dos explorados e que se reivindicam da defesa dos direitos democráticos a se pronunciarem energicamente e a intensificarmos juntos a luta contra a ameaça de cassação do PCO e contra todo tipo de violação ou atentado contra os direitos democráticos dos trabalhadores e de todo o povo.

São Paulo, 15 de setembro de 2015

Comissão Executiva Nacional do PCO

Nº 07/15

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Documento nº 1 - Representação do MP

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Documento nº 2 - Constestação da Representação do MP

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Documento nº 3 - Manifestação do MP sobre a contestação

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Documento nº 4 - Alegações finais do PCO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, RELATOR DA REPRESENTAÇÃO Nº 4254-61.2010.6.00.000 NO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - TSE

JUNTADA URGENTE!!

RP n.º: 4254-61.2010.6.00.000.

Assunto: FATO NOVO capaz de influenciar no julgamento. Art. 30 da Resolução n.º 23.432/14.

PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA – PCO, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., dizer e requerer o que se segue:

É oportuno esclarecer que a presente manifestação não possui caráter procrastinatório e em nada altera a programação para julgamento deste feito. Apenas pretende-se que sejam considerados no julgamento os termos do artigo 30 da Resolução n.º 23.432/14 – adiante transcrito -, cuja redação é posterior à última oportunidade de manifestação do representado nos autos.

Na presente representação, o MPE requer a cassação do registro do Partido da Causa Operária – PCO pela suposta omissão na apresentação das contas partidárias referentes aos anos de 2005 e 2008. Além das razões de defesa, que demonstram a tentativa de apresentação das contas ao TSE, observa-se que de acordo com o procedimento da Resolução n.º 23.432/14, que revogou a Resolução n.º 21.841/04, o partido não sofreria com a presente representação e as contas teriam sido apreciadas pelo TSE.

O ATUAL ENTENDIMENTO DO TSE, expresso na redação da Resolução n.º 23.432/14, preserva o interesse público ao entender que o fundamental é a apreciação do conteúdo das contas e não o cancelamento do registro do partido, embora este possa ser penalizado, tal como já ocorreu nas contas objeto desta representação (suspensão do fundo e determinação de devolução dos recursos).

Vejamos os termos do artigo 30 da Resolução n.º 23.432/14:

“Art. 30. ENCERRADO O PRAZO PARA A APRESENTAÇÃO DAS CONTAS, a Secretaria Judiciária do Tribunal Eleitoral ou o Cartório Eleitoral:

I – NOTIFICARÁ os órgãos partidários e seus responsáveis que deixaram de apresentá-las PARA QUE SUPRAM A OMISSÃO NO PRAZO DE SETENTA E DUAS HORAS;

II – findo o prazo previsto no inciso I deste artigo, a Secretaria Judiciária ou o Cartório Eleitoral comunicará ao Presidente do Tribunal ou ao Juiz Eleitoral que o órgão partidário não prestou contas tempestivamente;

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III – o presidente do Tribunal ou juiz determinará a autuação da informação, na classe processual de Prestação de Contas em nome do órgão partidário e de seus responsáveis e, nos tribunais, o seu encaminhamento para distribuição automática e aleatória;

IV – recebidos os autos da prestação de contas, a autoridade judiciária VERIFICARÁ A REGULARIDADE DAS NOTIFICAÇÕES PROCEDIDAS E DETERMINARÁ A CITAÇÃO DO ÓRGÃO PARTIDÁRIO E DE SEUS RESPONSÁVEIS PARA QUE APRESENTEM SUAS JUSTIFICATIVAS NO PRAZO DE CINCO DIAS;

V – na hipótese de o órgão partidário ou de seus responsáveis apresentarem as contas partidárias no prazo previsto no inciso IV deste artigo, o processo seguirá o rito previsto nos arts; 31 e seguintes desta Resolução e a extemporaneidade da apresentação das contas, assim como as justificativas apresentadas, serão avaliadas no momento do julgamento;

VI – persistindo a não apresentação das contas, apresentadas ou não as justificativas de que trata o inciso IV deste artigo, a autoridade judiciária:

a) enviará os autos à Unidade Técnica para que:

1. sejam juntados os extratos bancários que tenham sido enviados

para a Justiça Eleitoral, na forma do § 2º do art. 6º desta Resolução;

2. sejam colhidas e certificadas nos autos as informações obtidas

nos outros órgãos da Justiça Eleitoral sobre a eventual emissão de recibos de doação e registros de repasse ou distribuição de recursos do fundo partidário;

b) ouvirá o Ministério Público Eleitoral após as informações de que trata a alínea “a” deste inciso;

c) adotará as providências que forem necessárias; e

d) mantida a omissão, submeterá o feito a julgamento, deliberando sobre as sanções cabíveis ao órgão partidário e seus responsáveis.”

A mesma lógica ocorre nas contas eleitorais, de maneira que o art. 30, IV da Lei 9.504/971 considera mais relevante avaliar o conteúdo das contas do que retirar do candidato futura condição de elegibilidade (quitação eleitoral).

Neste caso concreto, há provas de que o partido APRESENTOU as contas ao Tribunal, o qual se recusou a apreciar o seu conteúdo, baseado na antiga Resolução n.º 21.841/04. Dessa forma, pela atual redação do artigo 30 da Resolução n.º 23.432/14, as contas apresentadas pelo PCO seriam apreciadas, já que até a data dos protocolos não havia intimação nesse sentido.

1 “Art. 30. A Justiça Eleitoral verificará a regularidade das contas de campanha, decidindo: (...) IV - pela não prestação, quando não apresentadas as contas após a notificação emitida pela Justiça Eleitoral, na qual constará a obrigação expressa de prestar as suas contas, no prazo de setenta e duas horas.”

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Note-se que nem a atual Resolução e nem mesmo o PCO desconsideram a necessidade de apresentar as contas no prazo correto – tal como vem ocorrendo há anos. A apresentação das contas fora do prazo pode, a partir da Resolução n.º 23.432/14, ser considerada para agravamento de sanção, todavia, não é razoável, proporcional ou mesmo constitucional, a cassação do registro do partido pela omissão na prestação de contas SEM intimação prévia para tanto.

Assim, solicita-se que o artigo 30 da Resolução n.º 23.432/14 seja levado em consideração para julgar IMPROCEDENTE os pedidos formulados na presente ação, por representar o ATUAL ENTENDIMENTO deste E. TSE.

Em tempo, requer que todas as futuras publicações e intimações advindas deste processo sejam feitas em nome de Bruno Rangel Avelino da Silva, advogado inscrito na OAB/DF 23.067, sob pena de nulidade.

Termos em que, pede deferimento.

Brasília, 08 de setembro de 2015.

Bruno Rangel Avelino

OAB/DF 23.067

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Entrevista

Advogado do PCO conta detalhes do processo que visa cassar o partido

“É um ataque ao direito à organização política das pessoas, que está previsto na Constituição Federal”

Causa Operária: Poderia explicar do que trata o processo que corre no TSE e pede a cassação da legenda do PCO?

Juliano Lopes: Trata-se de uma Representação oferecida pelo Ministério Público Eleitoral, protoco-lada em 2010 no Tribunal Superior Eleitoral. Essa representação sugere a cassação do PCO alegadamente por falta de prestação de contas no ano de 2008, muito embora o partido as tenha apresentado, mas o TSE rejeitou a prestação liminarmente.

Como é uma justiça especializada, é preciso entender que existem regulamentos e resoluções edita-das pelo Tribunal Superior Eleitoral que não necessitam de aprovação do Congresso Nacional, o que aumen-ta a discricionariedade das obrigações partidárias a serem observadas.

Pela Lei os partidos políticos são obrigados a prestar contas para a Justiça Eleitoral, todos os anos, independente de movimentação financeira, se o partido estava sem fundo partidário, ou qualquer outra cir-cunstância.

Essa exigência deriva da Constituição Federal, que em seu artigo 17, prevê o seguinte:

“Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a sobe-rania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e ob-servados os seguintes preceitos:

I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo es-trangeiros ou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento par-lamentar de acordo com a lei”.

Tendo o PCO observado todos os requisitos da Constituição para sua fundação, seria absurdo e despro-porcional a cassação da agremiação por falta de prestação de contas. Quer dizer, é uma previsão que serve de escape, que serve para os fins que o TSE julgar necessário. É nesse ponto que entra a cassação do PCO.

Apresentado pelo Ministério Público Eleitoral, que diante das mais variadas atrocidades cometidas pelo poder econômico e político na justiça eleitoral, se deu a missão de cassar um partido político pequeno, da esquerda.

A defesa apresentada pelo PCO possui vários aspectos técnicos que é importante mencionar. Um argumento é que o partido já ficou sem Fundo Partidário por conta da falta da prestação do ano de 2005 e 2008, é o que pode ser observado em 2010, quando o partido ficou sem Fundo Partidário; punição aplicada pelo TSE pela ausência das contas de 2008, assim, a cassação é uma segunda pena para o mesmo proble-ma, o que é vedado por lei; o segundo é que desde então o partido tem prestado as contas regularmente e com aprovação, como é o caso das contas de 2009.

As de 2005, alvo da mesma representação do Ministério Público foram aprovadas em tomada de con-tas especial, feita pelo Tribunal de Contas da União. Isso é, quando o TCU é chamado a tomar as contas do

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partido, o que também é uma decisão da justiça eleitoral. Os 35 mil reais recebidos naquele ano foram com-provados seus gastos, nas menores despesas, como lanches. Mesmo assim, não existe a menor considera-ção pelo TSE sobre essa aprovação.

As contas de 2008 (38 mil reais recebidos do fundo partidário, no ano inteiro) foram apresentadas pe-lo Partido da Causa Operária. Mas essas contas foram indeferidas liminarmente, sem que fosse analisada toda a documentação apresentada.

O TSE indeferiu as contas de 2008 liminarmente por terem sido apresentadas fora do prazo.

Esse fato, prestações de contas fora do prazo, é corriqueiro no TSE, sendo que várias contas nesse sentido foram aprovadas, como é o caso do PMN (Partido da Mobilização Nacional), que prestou as mesmas contas de 2008, fora do prazo, mas que foram recebidas pelo tribunal.

A lei eleitoral (nº 9.096/1995) diz o seguinte: “Art. 28. O Tribunal Superior Eleitoral, após trânsito em julgado de decisão, determina o cancelamento do registro civil e do estatuto do partido contra o qual fique provado: I - ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira; II - estar subor-dinado a entidade ou governo estrangeiros; III - não ter prestado, nos termos desta Lei, as devidas contas à Justiça Eleitoral; IV - que mantém organização paramilitar”.

Ou seja, mesmo com as contas apresentadas, que é o que prevê a legislação, o Ministério Público Eleitoral não tomou conhecimento e apresentou a cassação do registro. Isso diante de outras hipóteses mui-to mais graves para a cassação de um partido político.

Além do que já falamos sobre os aspectos técnicos e legais do processo. Diante do aspecto técnico, o alegamos também que a agremiação já foi punida com 12 meses de suspensão do fundo por cada omis-são de prestação de contas e com a responsabilização pessoal dos gestores daqueles anos.

Diante disso, das penas aplicadas ao partido, o Ministério Público Eleitoral não apresentou nenhum recurso ou manifestação no sentido de cassar o registro do partido. E não existe fato novo que justifique o re-volvimento de pena já definida anteriormente, desta vez para aplicar pena mais grave.

Da mesma forma, todas as contas vêm sendo apresentadas ao TSE, sendo que nenhuma delas foi desaprovada, deixando claro que as penalidades aplicadas produziram efeitos.

Por fim, o pedido de cancelamento do registro do partido é baseado no artigo 28, III, da Lei 9.096/95 em razão da suposta falta de apresentação das contas.

Tal lei foi atualizada em 1998, afastando a aplicação da pena do art. 28, III, para o caso falta de pres-tação de contas. Passou a prever no art. 37 que: “a falta de prestação de contas (...) implica a suspensão de novas cotas do Fundo Partidário e sujeita os responsáveis ás penas da lei.”

Neste caso concreto, seria desproporcional a aplicação da pena de cancelamento do registro do par-tido pela omissão na prestação de contas nos valores médios de R$ 35.000,00 (aprovados pelo TCU) e R$ 38.000,00, respectivamente, ainda mais quando o partido sofreu a pena de suspensão do fundo partidário em seu grau máximo, além da obrigação de ressarcimento.

Existe, ainda, outra questão apresentada na defesa do PCO. É que de acordo com o atual entendi-mento do TSE, expresso no art. 30 da Resolução 23.432/14 (anexo), as contas apenas são consideradas “não prestadas” após intimação do partido para sanar o problema, tal como já ocorre nas prestações de con-tas de campanha (Lei 9.504/97, art. 30, IV ).

No caso do PCO, o próprio partido e sua direção nunca foram intimados para sanar a omissão, ao contrário, tentou insistentemente apresentar as contas ao TSE.

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Cassação de partido é uma questão grave. Decisão que ainda não foi tomada pela justiça no perío-do democrático.

O Partido dos Trabalhadores, por exemplo, já foi alvo de uma tentativa de cassação. Uma determina-da pessoa alegou que o PT recebia recursos da Venezuela, portanto estrangeiros. Mas o pedido de cassa-ção apresentado por este particular não foi sequer analisado pela casa, tendo em vista que para cassar um partido não é possível meras alegações.

Causa Operária: O processo está que fase?

Juliano Lopes: O processo foi para julgamento do pleno TSE, quer dizer, deve ser julgado pelos mi-nistros do tribunal, com base no relatório do ministro João Otávio de Noronha, que já demonstrou decidir a favor da cassação.

O julgamento da representação do MPE que pede a cassação do PCO pode ser julgado a qualquer momento, nas sessões do TSE, que acontecem todas as terças e quintas-feiras.

Causa Operária: Qual a avaliação do partido quanto ao julgamento?

Juliano Lopes: Nossa avaliação é que o processo deve ser arquivado por ser um ataque aberto aos direitos democráticos, ao direito de organização política, no aspecto geral. Nesse sentido, é um ataque a toda população. Diante disso é que esperamos e estamos lutando pela manutenção do registro do PCO também pela defesa técnica apresentada que, ao nosso ver, deveria enterrar a possibilidade de cassação do partido.

Causa Operária: Cabe recurso?

Juliano Lopes: Existe a possibilidade de recurso perante o próprio tribunal. Recurso que possui o efeito suspensivo, ou seja, enquanto não for julgado definitivamente, o partido continua com seu registro.

Depois desse procedimento, caso o partido continue cassado após recurso, cabe novo recurso pa-ra o Supremo Tribunal Federal (STF), mas, nesse caso, já sem o efeito suspensivo, com o partido recorren-do já sem o registro no TSE.

Causa Operária: Que medidas o partido pretende tomar? Como está se defendendo?

Juliano Lopes: Juridicamente falando, o Partido da Causa Operária tomou todas as medidas cabíveis.

Estamos presente praticamente todos os dias no Tribunal Superior Eleitoral, com o objetivo de despa-char com os ministros, que muitas vezes recebem o relatório pronto feito por um assessor. Procuramos es-clarecer a situação e explicar a gravidade da medida tomada, em caso de cassação do registro do partido.

Para se ter uma ideia do que acontece no Tribunal Superior Eleitoral, fomos surpreendidos no dia 15 de setembro, com a notícia de que o processo havia mudado de rito, de jurisdicional para administrativo. Is-so após sermos avisados, no gabinete do ministro Gilmar Mendes de que o “processo havia saído de pauta”.

Para certificar que o processo havia sido retirado de pauta, entramos na internet e vimos a pauta. De fato, o processo havia saído da pauta judiciária... mas o ministro Gilmar Mendes o colocou na pauta administrativa.

O que isso queria dizer: que o processo poderia ser decidido monocraticamente, por despacho do mi-nistro, sem a possibilidade de recurso, naquele mesmo dia.

Ao tomarmos conta dessa situação, fomos à secretaria do plenário, que é quem organiza a pauta. De-pois de debates na secretaria e no gabinete de Gilmar Mendes, o processo voltou a ser jurisdicional, ou se-ja, com possibilidade de recurso, sustentação oral, etc.

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Causa Operária: Porque em sua campanha o PCO afirma que a ameaça de cassar o partido é uma ameaça aos direitos democráticos?

Juliano Lopes: Trata-se de um precedente que, visto de maneira ampla, abre a porta para a cassa-ção de partidos políticos de esquerda, que também sofrem com a floresta de resoluções e leis que regem as prestações de contas e outros procedimentos junto à justiça eleitoral. Quer dizer, com o processo de cassa-ção do PCO, todos os partidos, especialmente os da esquerda, estão sob ameaça.

É um direito democrático ameaçado porque é um ataque ao direito à organização, à organização po-lítica das pessoas. É um ataque a um direito que está previsto na Constituição Federal. Um direito que não pode ser tolhido de maneira alguma, e as restrições que existem também deveriam ser derrubadas.

A única entidade que pode por fim ao partido é o próprio partido, se assim desejarem seus integran-tes, direção e filiados, em uma discussão ampla, democrática.

Hoje é um ataque ao PCO, amanhã é um ataque aos demais partidos, depois os sindicatos, centrais, federações, associações de bairro, enfim, estão todos no alvo do processo que cassa o PCO.

Causa Operária: Qual a proposta do partido diante dessas ameaças? O que o partido entende/defen-de quanto aos direitos de organização, expressão e outras liberdades democráticas?

Juliano Lopes: No caso em específico, o PCO defende bandeiras democráticas para o judiciário, co-mo a eleição geral dos cargos. Executivo e Legislativo são eleitos, possuem a chancela do voto popular. É por isso, também, absurdo que pessoas que sequer foram eleitas, escolhidas pelo povo, cassem partidos, candidaturas e políticos que fizeram campanha, defendem um programa e possuem apoio popular, seja lá qual for.

Nesse mesmo sentido, o PCO defende que o direito à expressão do pensamento deve ser amplo, ir-restrito; que independe do que vai pensar e dizer uma determinada pessoa. Se é uma colocação conserva-dora ou progressista. A expressão não pode ser tutelada, fiscalizada pelo estado.

Liberdades democráticas com “senões” não são liberdades, mas privilégios. É o mesmo que se vê na formação de partidos. As dificuldades tornam um direito elementar, o de se organizar em partido político, em privilégio.

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Sobre a cassação do PCO

Partido da Causa Operária é alvo de tentativa de cassação no Tribunal Superior Eleitoral

Está em jogo um direito de toda população, que é o direito à organização política

Uma questão da maior gravidade está sendo debatida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Trata-se do processo de cassação do Partido da Causa Operária.

O partido foi informado, às vésperas do último final de semana, que um ministro do TSE, João Otá-vio de Noronha, que está com o mandato para vencer no tribunal, enviou para o pleno do TSE essa repre-sentação de cassação do PCO.

A gravidade reside em que nenhum partido foi cassado no atual regime político, desde a abertura de-mocrática. E em períodos não democráticos o precedente é o caso da cassação do PCB, em 1948.

O juiz do processo do PCO, João Otávio de Noronha, já havia mostrado sua contrariedade com rela-ção à existência do PCO quando sugeriu a suspensão do fundo partidário, sendo derrotado pelos demais mi-nistros, em processo julgado neste ano.

O que não se sabe é se essa movimentação do processo de cassação do PCO é uma iniciativa iso-lada do ministro João Otávio de Noronha, ou se se trata de uma ação de maior amplitude, criando um clima de dúvida sobre o resultado desse julgamento.

A justificativa do processo de cassação, que estava parado faz mais de quatro anos, é que o parti-do foi intimado a prestar contas de um determinado ano, não o tendo feito dentro do período determinado.

Contudo, as contas foram apresentadas posteriormente, mas essa apresentação das contas não foi o suficiente para impedir o processo de cassação.

As contas que não foram prestadas correspondem a um valor de pouco mais de 30 mil reais, que o partido recebeu do fundo partidário.

O valor já mostra o absurdo da cassação e sua motivação política, pois vivemos em uma fase em que as denúncias de corrupção atingem todos os partidos, chegando aos milhões de reais, mas nem por is-so partido algum foi cassado.

Que o partido pagasse uma multa qualquer, já que prestou as contas posteriormente, seria até nor-mal. Mas nada justificaria a cassação do PCO.

É um processo iniciado pelo Ministério Público, em uma época que o MP estava numa fase de caça às bru-xas, como no caso do mensalão. E o PCO entrou no campo da metralhadora giratória que era o MP da época.

Não se sabe que final pode levar esse processo, nem que motivações reais, políticas ou técnicas, acabaram por colocar a cassação do PCO na ordem do dia.

O que se sabe é que existe um ataque muito grande contra a esquerda, conforme foi visto nas mani-festações direitistas. A direita está cada vez mais empenhada em derrubar o governo do Partido dos Traba-lhadores, tendo cogitado a possibilidade de cassar o próprio partido.

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Além disso, no Congresso Nacional, uma bancada direitista, a mesma que aprovou a redução da maioridade penal, que colocou em votação a questão da terceirização generalizada, a mesma bancada que tem defendido com unhas e dentes o financiamento empresarial de campanhas; essa bancada excluiu todos os partidos da esquerda do país, a partir de 2018, do fundo partidário e da propaganda partidária, com ex-ceção do PT, PC do B e PSOL.

Ou seja, existe uma política de exclusão da esquerda de modo geral. Não é difícil relacionar a cassa-ção do PCO com a atual situação política. É uma questão objetiva, que independe do que cada um dos en-volvidos pense.

Dessa forma, precisamos deixar público o que está acontecendo, informando a esquerda, os traba-lhadores, os movimentos sociais o que o partido está sendo alvo de cassação de seu registro.

Trata-se de uma ameaça aos direitos democráticos dos trabalhadores, uma ameaça aos direitos de-mocráticos da esquerda. Também é uma ameaça aos direitos de todas as organizações dos trabalhadores.

O partido deve deflagrar uma campanha junto a todas organizações dos trabalhadores, partidos de esquerda, parlamentares da esquerda, para deixar público o que está acontecendo.

Esse tipo de ataque não vai fazer o PCO mudar de posição sobre absolutamente nada. O partido vai continuar a campanha contra o golpe, vamos intensificar a campanha contra o golpismo, e, mais importante, não vai fazer o PCO desistir de se organizar como partido.

Está em jogo um direito de toda população, que é o direito à organização política.

Fonte: Diário Causa Operária Online, 06/09/2015

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No TSE

Tentativa de cassação é parte de uma política de conjunto da direita

Pelas liberdades democráticas e direito de organização do povo pobre trabalhador

Às vésperas do feriado de 7 de setembro, o PCO recebeu a notícia de que um processo que pede a cassação do registro do partido entraria na pauta de julgamento do pleno do Tribunal Superior Eleitoral, por indicação do ministro João Otávio Noronha.

O juiz propôs o julgamento da ação faltando menos de um mês para encerrar seu tempo de serviço no Tribunal Eleitoral; ele se retira do TSE em 1o de outubro de 2015. Um antecedente mostra que ele tem uma oposição ao PCO. Há poucos meses pediu a cassação imediata do fundo partidário do partido; no que foi derrotado diante do conjunto dos ministros do Tribunal.

Em um momento em que o país vive uma intensa polarização política, de perseguição ao maior par-tido de esquerda do país, de suas lideranças e da presidenta da República, é preciso analisar a tentativa de cassar o PCO dentro desse contexto de crise política.

A direita avança sobre os direitos democráticos da população. No Congresso já foram aprovadas me-didas que comprometem direitos como a redução da maioridade penal, a regulamentação da terceirização entre outros.

Tiraram, em uma contrarreforma política o direito dos partidos de esquerda (PCO, PCB e PSTU, e mesmo o PPL) ao fundo partidário e ao tempo de rádio e televisão. Além de cortar dos debates eleitorais até partido que tem deputado eleito na Câmara, o que atinge o Psol. Pois definiram como mínimo cinco deputa-dos para participar dos debates.

A direita tem saído às ruas em manifestações de caráter fascista, não apenas para derrubar o gover-no nacionalista burguês de Dilma, mas contra a organização dos trabalhadores e do povo pobre em um par-tido próprio independente, revolucionário e socialista. Bandeiras que representam a luta dos trabalhadores foram hostilizadas, queimadas.

Tentaram banir o vermelho das ruas. Em um nacionalismo autoritário, típico daqueles que na verdade desprezam seu país, querem vendê-lo aos estrangeiros e se pudessem estariam vivendo em Miami, no en-tanto, vestem o verdeamarelo para protestar contra os que de fato acreditam no desenvolvimento nacional, no povo brasileiro, mas se vestem de vermelho.

O processo contra o PCO que o ministro Noronha pretende colocar em julgamento estava parado ha-via mais de cinco anos. E teve movimentação em meio a esta campanha da direita por um lado e, por ou-tro, no momento em que o partido realiza uma ampla campanha de denúncia contra a direita, contra o golpe, com a tiragem de centenas de milhares de panfletos distribuídos a cada semana numa agitação de rua per-manente. Com a tiragem de cartazes, e participação ativa e definitiva em movimentos que estão organizan-do atos e grandes manifestações, como as do dia 13 de março e 20 de agosto.

Se é uma iniciativa isolada de um juiz que tem algum antagonismo que só pode ter caráter ideo-lógico contra o PCO ou faz parte de uma movimentação de maior amplitude, não é possível determinar nesse momento.

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Mas diante desse contexto fica inevitável relacionar a tentativa de cassar o registro do PCO com a onda fascistóide que toma conta do país. Como parte de um ataque de conjunto contra a esquerda que vai terminar por atacar todos os trabalhadores. Pois enfraquecidas as suas organizações a reação ao programa neoliberal que a direita quer colocar em prática no país é enfraquecido.

A defesa do PCO é, nesse sentido, a defesa dos direitos de todos os trabalhadores, contra a direita, contra o golpe, contra os cortes e ataques aos direitos dos trabalhadores. Em nome do direito fundamental de organização política dos trabalhadores.

Fonte: Diário Causa Operária Online, 13/09/2015

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Documentos sobre o processo De cassação Do registro Do partiDo Da causa operária - setembro De 2015

Toda cassação de partidos é políticaNo início do mês de setembro, um processo parado desde 2010 que pedia a cassação do registro do

Partido da Causa Operária voltou a tramitar e foi finalmente incluído na pauta de votação do Tribunal Supe-rior Eleitoral (TSE).

Originado no Ministério Público Federal, o processo se baseia no fato de que o partido apresentou a prestação de contas relativas ao ano de 2005 e 2008 fora do prazo. Ou seja, um problema puramente admi-nistrativo, relativo aos prazos dados pelo Tribunal, que jamais poderia ser motivo para uma ação tão grave quanto a cassação de todo um partido.

O ministro João Otávio de Noronha, relator do processo, que deu parecer favorável ao caso do Minis-tério Público, já havia se manifestado contra o PCO em algumas oportunidades e foi ele o responsável direto por dar continuidade ao processo.

O motivo alegado pelo MP e pelo ministro não justifica a cassação nem aparentemente. Mas mesmo que houvesse motivo muito mais grave, ele seria apenas um pretexto, como é esse que arranjaram contra o Partido da Causa Operária.

Não se pode acreditar que qualquer problema de tipo administrativo ou jurídico seja de fato razão para determinar o fim de uma agremiação partidária, qualquer que seja ela. A decisão é sempre política e o mo-tivo sempre um pretexto.

Em 1947 o Partido Comunista do Brasil (PCB) foi cassado. Alegaram que seu caráter internaciona-lista colocava ele contra os interesses nacionais, bem como estava vinculado à União Soviética, considerada antidemocrática.

Foi assim que, alegando os interesses nacionais e a democracia, o Tribunal tomou um decisão que violava um princípio democrático básico, o do direito à organização política.

O argumento foi esse, mas bem poderia ter sido outro. O que importava era a ofensiva da direita e a decisão de impedir o funcionamento do PCB. Logo depois, os parlamentares do partido foram cassados e suas sedes fechadas. Os sindicatos também sofreram intervenção, revelando que se tratava de um ataque de caráter geral contra a esquerda da época e o movimento operário.

O atual momento tem muitas semelhanças com esse. A ofensiva da direita é evidente. Ela mobilizou seus efetivos e saiu às ruas, pedindo intervenção militar, bradando contra o comunismo, e está ativa no Con-gresso Nacional para derrubar Dilma Rousseff. Ao mesmo tempo, a direita tem aprovado inúmeras medidas repressivas e retrógradas, como a diminuição da maioridade penal, bem como retirando direitos da popu-lação. Nesse cenário fica claro que o processo contra o PCO não saiu da gaveta por acaso. É parte de toda essa ofensiva.

Por isso, defender o Partido da Causa Operária e lutar contra a tentativa de cassação é lutar contra o avanço da direita, em defesa dos direitos democráticos e das conquistas dos trabalhadores.

Fonte: Editorial do Diário Causa Operária Online, 20/09/2015

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Um precedente

Cassação do PCB em 1947 abriu uma época de reação política

Partido foi cassado pelo TSE que, quase 70 anos depois, quer cassar também o PCO

O ano era 1947. A chamada “Guerra Fria” acabara de começar. O governo dos EUA empreendia uma campanha sem precedentes contra todos os movimentos comunistas, independentistas e progressistas do mundo. A Doutrina Truman empregava ataques de todo o tipo para “defender o mundo livre contra a amea-ça comunista”.

No Brasil, os trabalhadores organizavam-se em sindicatos e faziam grandes greves por todo o territó-rio nacional. O Partido Comunista alcançava maior influência na classe operária e atingia o número de mais de 100 mil filiados; era um dos principais partidos do País.

O PCB, na época, apoiava políticas democráticas, nacionalistas e populares. O partido havia conquis-tado uma parcela significativa dos votos na eleição presidencial de 1945 e eleito 14 deputados para a As-sembleia Nacional Constituinte e para a Câmara dos Deputados, além de um senador (Luiz Carlos Prestes).

No entanto, em maio de 1947, o registro do partido foi cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Uma das desculpas para isso foi as declarações de Prestes de que, se houvesse uma guerra entre o Bra-sil e a URSS, os comunistas resistiriam ao governo brasileiro e ao imperialismo, e lutariam contra a guerra.

Outra acusação era de que o PCB não seria uma organização brasileira, mas internacional, e orienta-da pela URSS. Por se dizer marxista-leninista, o partido foi atacado pelos parlamentares e juízes conserva-dores que o acusavam de defender ideias ditatoriais.

Alegando irregularidades no estatuto do partido e até mesmo em sua nomenclatura, a direita conse-guiu o que queria: no dia 7 de maio, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral decidiu, por três votos a dois, o cancelamento do registro do Partido Comunista. Curiosamente, os que cassaram a agremiação diziam que eram baseados no princípio da pluralidade dos partidos políticos.

A cassação do PCB abriu o caminho para todo o tipo de ataques às liberdades democráticas e às organizações dos trabalhadores. No mesmo dia da decisão do TSE, foi decretada pelo Ministério do Trabalho a intervenção nos sindicatos e a CGTB (Confederação Geral dos Trabalhadores do Bra-sil) foi fechada.

O Ministério da Justiça fechou as instalações do PCB após o Judiciário negar apelo do partido pelo li-vre funcionamento de suas sedes. O partido tentou se organizar em outras siglas, mas também foi impedi-do pelo TSE.

No ano seguinte, em janeiro de 1948, todos os mandatos de parlamentares comunistas foram cassa-dos, com a aprovação da Câmara dos Deputados.

Esse foi o começo de um longo período golpista na história do Brasil. Getúlio Vargas, que se elege-ria presidente pelo voto popular em 1951, sofreu até o seu suicídio, em 1954, conspirações golpistas da di-reita pró-imperialista.

Governos nacionalistas que o sucederam também foram assediados pelo golpismo. Jânio Quadros foi forçado a renunciar meses depois de chegar à presidência. Em seu lugar assumiu João Goulart, derruba-

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do pelos militares e empresários a serviço do imperialismo em 1964, o que instaurou a mais cruel ditadura da história do País, que durou pelos próximos 21 anos.

O PCB só voltaria à legalidade quase 40 anos depois do cancelamento do seu registro, após a que-da do regime militar.

Agora, em 2015, o mesmo processo está sendo encaminhado contra o Partido da Causa Operária. O TSE pode cassar o PCO, primeiro partido após o PCB de 1948 a ser perseguido em um regime dito demo-crático.

Mas desta vez o perigo é maior: a direita não está atuando apenas contra o PCO. A votação da cláu-sula de barreira que impede partidos como o PCO, o PSTU, o PPL e o próprio PCB de terem acesso ao tem-po de TV e rádio, além da retirada do direito ao fundo partidário, é uma demonstração de que a perseguição contra os partidos de esquerda ganha novas proporções.

Até mesmo o Psol e o PT (maior partido de esquerda do País) podem entrar na ilegalidade, se a von-tade das forças mais direitistas dentro do Congresso Nacional e do Judiciário se tornar realidade.

Por isso, é preciso ampliar a campanha contra o golpe da direita e denunciar incansavelmente a ten-tativa de cassação ao PCO e de perseguição a todo o movimento popular e operário, para que não seja inau-gurado um novo processo de ataques às liberdades democráticas da classe trabalhadora.

Fonte: Diário Causa Operária Online, 18/09/2015

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Contra a esquerda

Julgamento do pedido de cassação do PCO pode ocorrer esta semana

Chamamos todos os setores democráticos a denunciar esse ataque e, a se somar à campanha con-tra o golpe e a direita

O Partido da Causa Operária, seus militantes, filiados e simpatizantes estão passando por momen-tos de incerteza desde que um pedido de cassação do registro do partido foi remetido para a pauta de jul-gamentos do Tribunal Superior Eleitoral.

A ação diz respeito à prestação de contas de 2008, que foi apresentada ao Tribunal intempestiva-mente. O processo estava parado há anos. E foi remetido para julgamento pelo ministro João Otávio de Noronha, relator do processo.

Ameaça contra o PCO ocorre justamente no momento em que a situação política, a questão da in-vestida da direita fascista, do golpismo, caminha para um desenlace.

O pedido de impeachment entregue por Hélio Bicudo na Câmara dos Deputados é crucial nesse sentido.

Cada passo é abertamente discutido na imprensa. Até o fato de que um possível governo Michel Te-mer fará um ajuste muito mais duro do que o de Dilma e do PT já foi dado como certo. Coisa que este jor-nal vem dizendo desde que o golpismo começou a ser manifestado.

O golpe está em todos os jornais. Já não é possível negar a polarização política no país. Inclusive por ataques fascistas. A tentativa de cassar o PCO é um deles, promovido pelo poder judiciário.

A ação contra o PCO é claramente uma perseguição política contra o partido que tem tido atuação determinante na luta contra a direita, contra o golpe.

Os advogados do partido e sua militância tem buscado o apoio e tem recebido ampla solidariedade. Seja no ambiente político ou intelectual há diversas manifestações contra a possibilidade de cassação.

Essa campanha vai se ampliar esta semana, tendo em vista que o julgamento pode acontecer ainda hoje, se não a qualquer momento.

O fato é que existe no país uma perseguição à esquerda. Inicialmente decretada contra o PT, mas que já começa a se espalhar para outros setores, como é o caso do PCO. Logo virão os ataques contra sindicatos e outras organizações dos trabalhadores. Tudo isso fantasiado com a fachada de luta ética contra a corrupção.

Nesse momento de incerteza, o que é certo é que o PCO vai continuar denunciando a perseguição que está sofrendo, vai continuar lutando contra a direita e o imperialismo, porque não nada disso fará o par-tido mudar de política.

Fonte: Diário Causa Operária Online, 22/09/2015

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WWW.PCO.ORG.BR/CAUSAOPERARIA • ANO XXXVI • Nº 865 • dE 12 A 18 dE SEtEmBRO dE 2015 • R$ 6,00

Editoriais

Por que os coxinhas idolatram a PM?

Bonecos de Lula e Dilma fazem sucesso... na imprensa burguesa

“Coxinhaço”

imprensa tenta transformar desfile de bonecos em “movimento de massas”Os atos da direita não reuniram mais que 500 pessoas e contaram apenas com a participação “massiva” dos bonecos infláveis de dilma e Lula em nove capitais. B2

Como Em ausChwitz

Polícia tcheca marca imigrantes com tintaComo nos campos de concentração nazistas, refugiados de guerra são marcados com canetas na República tcheca B5

A proposta de cassa-ção de um Partido, de qualquer Par-

tido, representa um ataque contra os direitos e liberda-des democráticos de todo o povo e de todas as suas organizações.

Vemos com preocupação os fatos coincidentes de que ala direita da Câmara dos deputa-dos já decidiu cassar o direito dos partidos de esquerda ao horário gratuito na tV na campanha eleitoral, participar nos debates e receber o fun-do partidário impondo uma cláusula de barreira mesmo contra os partidos que tenham deputados eleitos.

Vozes da direita se levanta-ram repetidamente para pedir

a cassação do próprio Pt, o maior partido de esquerda do País.

Há uma ofensiva geral contra os direitos democráti-cos da esquerda e do povo em geral como podemos ver não só em leis como a da dimi-nuição da maioridade penal e várias outras propostas acin-tosamente antidemocráticas.

O PCO é, como sabido, um dos partidos que mais se destaca na luta contra a direita e os golpistas.

Chamamos todos os par-tidos da esquerda, todos os partidos e organizações liga-das aos movimentos sociais, aos movimentos de luta, a se posicionarem publicamente diante desse fato.

tEmEr, Porta-voz do golPEviCE-PrEsidEntE assumE a diantEira da PolítiCa golPista no PmdB B3

Frente pró-impeachment dá os primeiros passos depois do pedido de hélio BicudoA frente golpista no Congresso foi confirmada por deputados após pedido de impeachment assinado pelo advogado B3

Brasília

stF autoriza investigação de dois ministros do governo dilma B4

hungria

viktor orbán: “não vEnham Para a EuroPa”Primeiro-ministro húngaro é contra a entrada de muçulmanos na “Europa cristã” B5

Por quE ElEs FogEm?

as lágrimas de crocodilo dos políticos da uE pelos refugiadosEnquanto dizem sentir muito, líderes dos governos imperialistas adotam medidas que levam à destruição de outros países e depois negam a entrada dos refugiados de guerra B6

EsPionagEm

FBi ficou 24 anos no encalço de gabriel garcía márquez B7

Jornalistas

globo: demissões em massa a “gente vê por aqui”C2

PEdido dE Cassação do rEgistro do PCo é um atEntado aos dirEitos dEmoCrátiCos

SEMANÁRIO NACIONAL OPERÁRIO E SOCIALISTA

• Fun

dado

em junho de 1979 •