dossier património em betão conversas pamela jerome

68
DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome 44 N° 44 . julho/agosto 2011 . 6.50

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Page 1: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

DOSSIERPatrimónio em Betão

CONVERSASPamela Jerome

44

N ° 4 4 . j u l h o / a g o s t o 2 0 1 1 . 6 . 5 0

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1

sumário

ficha técnicadiretor

Eduardo Jú[email protected]

diretora executivaCarla Santos Silva

[email protected]

conselho científicoAbel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL),

Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC), Aníbal Costa (UA), António Pais Antunes (UC),

António Pinheiro (UTL), Carlos Borrego (UA), Conceição Cunha (UC), Diogo Mateus (UC),

Elsa Caetano (UP), Emanuel Maranha das Neves (UTL)Fernando Branco (UTL), Fernando Garrido Branco (UC),

Fernando Sanchez Salvador (UTL),Francisco Taveira Pinto (UP), Helder Araújo (UC),

Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC), Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP),

Humberto Varum (UA), João Mendes Ribeiro (UC), João Pedroso de Lima (UC), Joaquim Figueiras (UP),

Jorge Alfaiate (UTL), Jorge Almeida e Sousa (UC), Jorge Coelho (UC), Jorge de Brito (UTL),

Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL), José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC),

Júlio Appleton (UTL), Luís Canhoto Neves (UNL), Luís Godinho (UC), Luís Juvandes (UP),

Luís Lemos (UC), Luís Oliveira Santos (LNEC), Luís Picado Santos (UTL), Luís Simões da Silva (UC),

Paulo Coelho (UC), Paulo Cruz (UM), Paulo Lourenço (UM), Paulo Maranha Tiago (IPC),

Paulo Providência (UC), Pedro Vellasco (UER, Brasil), Paulo Vila Real (UA), Raimundo Mendes da Silva (UC),

Rosário Veiga (LNEC), Rui Faria (UP), Said Jalali (UM), Valter Lúcio (UNL), Vasco Freitas (UP),

Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)

redaçãoJoana Correia

[email protected]

marketing e publicidadeRita Ladeiro

[email protected]

comunicaçãoCeline Borges Passos

[email protected]

grafismo avawise

em colaboração com Engenho e Média, Lda.

assinaturasTel. 22 589 96 25

[email protected]

redação e ediçãoEngenho e Média, Lda.

Grupo Publindústria

propriedade e impressãoPublindústria, Lda.

Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTOTel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29

[email protected] | www.publindustria.pt

publicação periódicaRegisto n.o 123.765

tiragem6.500 exemplares

issn1645 – 1767

depósito legal164 778/01

capa Fotografia gentilmente cedida por Robert F. Armbruster

© The Armbruster Company

Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.

2editorial

4_25dossier | “património em betão“

4_9conversasPamela Jerome

10_16Conservação do património de Betão – Casa de Adoração Bahá’í

17_23Betão armado – Nota histórica

24_28Monitorização inteligente do estado de conservação do Betão

30_33Ficar muito tempo a olhar para o ar – Notas sobre o património em Betão Armado na arquitetura portuguesa

34_39A monitorização das estruturas na conservação do património

40_41publi-reportagemBarragem do Baixo Sabor (Portugal) – uma instalação flexível de britagem e crivagem “Metso”, chave na mão, com 650 tph de produtos finais 0/150 mm

42_43betão estruturalA aplicação de materiais compósitos de FRP em estruturas de betão

44_45alvenaria e construções antigasAvaliação de fundações através do georadar

46_47sustentabilidadeHarmonização da avaliação da Construção Sustentável

48_49térmicaEdifícios sustentáveis e de energia quase zero

50_51i&d empresarial

52_57notícias

58_60mercado

62estante

63projeto pessoalJoão Catarino

64eventos

Próxima edição > Dossier Construção em Madeira

Page 4: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

Desde o início de 2005, a Construção Magazine adoptou uma estratégia editorial de publi-cação de números temáticos, com vantagens óbvias para leitores e anunciantes. Depois de uma experiência isolada em 2007, a partir de meados de 2008 a revista passou a contar com a colaboração de um especialista de renome, na figura de “co-editor”, na estruturação do dossier temático. O presente número constitui uma excepção à regra e não uma alteração de paradigma. A razão prende-se com o facto de, em 2010, eu ter sido desafiado a organizar um workshop no âmbito do II International Meeting on World Heritage of Portuguese Origin, evento integrado no movimento de candidatura da Universidade de Coimbra a Património da Humanidade da UNESCO, tema abordado no dossier da Construção Magazine N.º 42. Considerei que este convite era uma boa oportunidade para chamar a atenção dos membros das comunidades civil e científica para a questão do ‘Património em Betão’, uma vez que, os primeiros, tendem a associar a construção em betão a progresso desregrado e, os segundos, tardam a reconhecer a sua existência. Fruto da excelência das comunicações apresenta-das, o workshop traduziu-se num enorme sucesso e, de forma a atingir um público muito mais vasto, decidimos dedicar um número da Construção Magazine a este tópico que tão carecido está de divulgação. Na verdade, o ‘Património em Betão’ nacional é extremamente rico, incluindo edifícios, pontes e barragens, com um potencial turístico ainda por explorar. Mas, precisamente por, salvo raras excepções, não estar classificado, corre um sério risco de degradação e desaparecimento.

Para além dos artigos da autoria de reputados especialistas, o dossier inclui como habitu-almente a entrevista a uma figura de relevo, no contexto do tema ‘Património em Betão’: Pamela Jerome, arquitecta com intervenções em construções como a Falling Water House, na Pensilvânia, ou o Museu Gugenheim, em Nova Iorque, ambos de Frank Lloyd Wright, um ícone da Arquitectura Modernista.

Eduardo Júlio

Director

estatuto editorialTítulo: Construção Magazine, Revista Técnico-Científica de Engenharia CivilCaracterização: Publicação periódica de informação científica e técnica.Objecto: Ciências e tecnologias no âmbito da engenharia civil.Enquadramento Ético: A Construção Magazine respeita os princípios deontológicos da imprensa e a ética profissional, de modo a não poder prosseguir apenas fins comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores, encobrindo ou deturpando a informação.Objectivo: Ser uma revista de interface: propõe-se promover as relações universidade-indústria-sociedade, estabelecendo pontes de comunicação capazes de promover o diálogo e fomentar a cooperação entre as instituições.Estratégias: Divulgação de tecnologias, investigação, produtos, serviços e ainda difundir actividades rele-vantes junto da comunidade empresarial, profissional e académica.

Corpo editorial:Director: Professor UniversitárioDirector Executivo: Oriundo do corpo de colaboradores da Engenho e Média, Lda.Colaboradores: Engenheiros e técnicos que exerçam a sua actividade no âmbito do objecto editorial da revista, nos meios universitário e industrial.Conteúdo Editorial: Estruturas, Construções, Hidráulica, Geotecnia, Vias de Comunicação, Urbanismo, Ambiente e Arquitectura.

seleCção de Conteúdos:1. A selecção de conteúdos científicos será da exclusiva responsabilidade do Director e do Conselho Científico;2. O noticiário técnico/ informativo será proposto pelo Director Executivo ao Director;3. A revista poderá publicar peças noticiosas com carác-ter publicitário, nas seguintes condições:3.1. Sob o título de Publi-reportagem;3.2 No formato de notícia com a aposição no texto do termo (publicidade).Organização Editorial: Sem prejuízo de novas áreas temáticas que venham a ser consideradas, a estrutura e base da organização editorial da Revista compreende: Sumário; Editorial; Secção Científica; Secção Tecno-lógica; Feiras, Exposições, Congressos e Seminários; Bibliografia; Noticiário; Entrevista; Publi-reportagem; Publicidade.

espaço publiCitário: 1. A publicidade organiza-se por espaços de página e fracções, encartes e publi-reportagem;2. A tabela de publicidade é válida para todo o território nacional;3. A percentagem de espaço publicitário não pode ultra-passar 1/3 da paginação;4. A Direcção da Construção Magazine poderá recusar publicidade que não se coadune com o objecto editorial e os princípios deontológicos da revista.5. Não será aceite publicidade que não esteja em confor-midade com a lei geral do exercício da actividade.

2_cm

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4_9conversas

Construção Magazine (CM) – Na conferência que

proferiu na Universidade de Coimbra em 19 de

fevereiro de 2010, “The use of protective shelters

at archaeological sites”, afirmou que intervir em

edifícios entre a Idade do Bronze e o Moderno era

fácil, quando comparados com os problemas de

conservação nos dois extremos – a idade do Bron-

ze e o Moderno. Gostaríamos que desenvolvesse

conceptualmente esta ideia.

Pamela Jerome (JM) – Os edifícios tradicionais

que podem ser recuperados ou reutilizados não

são tão problemáticos, porque se pode reparar ou

substituir o telhado e outros elementos que neces-

sitem de conservação. Por outras palavras, pode

definir-se como função da envolvente de um edifí-

cio protegê-lo da água e neve. O que nem sempre

acontece com o património arqueológico, sendo os

edifícios Modernistas problemáticos pela mesma

Entrevista conduzida por

Maria Fernandes e Victor Mestre

Tradução por Rita LadeiroFotografias gentilmente cedidas por Pamela Jerome

arqu

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me

Conservação e reabilitação são as áreas de excelência de Pamela Jerome, prova disso são os inúmeros projetos de conservação em que já colaborou um pouco por tudo o mundo. Licenciada em Arquitetura e mestre em Historic Preservation, Pamela foi responsável por trabalhos em edifícios e monumentos projetados por grandes nomes da arquitetura mundial, tais como, Frank Lloyd Wright, I.M. Pei ou Mies Van der Rohe. Apesar do trabalho no terreno que lhe ocupa grande parte do tempo, Pamela Jerome não deixa de contribuir para a literatura e conhecimento científico, sendo autora de várias publicações na sua área de estudos. Neste momento, é também vice-presidente do ICOMOS-ISCEAH e expert member do ICOMOS--ISC20C, além de outros cargos de destaque que ocupa.

Conservation and rehabilitation are the area of excellence of Pamela Jerome, proven by the intervention in many conservation projects all over the world. With a degree in Architecture and Master at Historic Preservation, Pamela was responsible for works on buildings and monuments designed by important names of world architecture such as Frank Lloyd Wright, I.M. Pei and Mies van der Rohe. Although the field work, that occupies most of her time, Pamela Jerome also contributes to literature and scientific knowledge, being author of several publications in her working field. At this point, Pamela is also vice president of ICOMOS-ISCEAH and expert member of ICOMOS - ISC20C, along with other important positions.

Construção Magazine (CM) –At the conference

on “The use of protective shelters at archaeo-

logical sites” that took place at the University

de Coimbra on February 19 of 2010, you stated

that interventions in buildings between the

Bronze Age and the Modern Age are easy when

compared with the conservation problems

that arise at both ends – the Bronze Age and

the Modern Age. We would like you to concep-

Page 7: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_5

razão - a envolvente do edifício geralmente tem

falhas que advêm de opções de projeto e de

seleção de materiais de construção.

Qualquer sítio arqueológico com escavação,

não apenas da idade do Bronze, é difícil de

conservar. Há várias razões para que isto

aconteça. Em primeiro lugar, o facto é que se

está a lidar com arquitetura incompleta em

estado ruinoso, que perdeu já os componen-

tes que lhe permitem escoar a água, como o

seu telhado. Assim, o que resta é a pegada do

edifício, e se esta for deixada exposta, cada

divisão tem de possuir uma forma de escoar

a água, caso contrário, transforma-se numa

piscina no inverno, algo para o qual nunca foi

projetada. Adicionalmente, locais enterrados

alcançam um equilíbrio em que a tempera-

tura e a humidade relativa são estáveis e há

escassez de acesso a oxigénio e a luz. Quando

um local é escavado, passa por um tipo de cho-

que climático devido à exposição a humidade

relativa e temperatura instáveis, e ao acesso

a oxigénio e a luz. Ocorre rápida desidratação

e formação de sais das águas subterrâneas

que inundaram a estrutura durante o seu

estado de enterramento, e que cristalizam na

ou abaixo da superfície, causando mais danos

aos materiais frágeis.

Com a arquitetura Modernista, estamos a

lidar com novos materiais e projetos que eram

muito experimentais no seu tempo. Portanto,

esses edifícios frequentemente sofrem falhas

tecnológicas.

tually expand this idea.

Pamela Jerome (JM) – Traditional buildings

that can be restored or reused are not as

problematic because you can repair or repla-

ce the roof and other elements that require

conservation. In other words, you can make

the building’s envelope function to shed water

and snow. This is not always the case with

archaeological sites, and Modernist buildings

are problematic for the same reason – their

building envelope generally is flawed because

of design choices and construction material

selection.

Any excavated archaeological site, not just

Bronze Age, is difficult to conserve. There are

several reasons for this. Primarily, the fact is

that you are dealing with incomplete archi-

tecture in a ruinous state that has lost the

components that allowed it to shed water, like

its roof. So what you have left is the building’s

footprint, and if left exposed, each room has to

have a way to evacuate water or it becomes a

swimming pool in the winter, something it was

never designed to do. In addition, buried sites

reach an equilibrium wherein the temperature

and relative humidity are stable, and there is a

lack of access to oxygen and light. Once a site

is excavated, it goes through a type of climatic

shock because of exposure to unstable relative

humidity and temperature, and access to oxy-

gen and light. Rapid dehydration occurs and

salts from ground water, which has inundated

the structure during its burial state, crystallize

on or below the surface causing further dama-

ge to fragile materials.

With Modernist architecture, we are dealing

with new materials and designs that were

very much experimental in nature in their time.

Therefore, these buildings often experience

technological failure.

CM – Still in line with the previous question,

and regarding both interventions on Frank

Lloyd Wright’s works in which you were in-

volved, Fallingwater in Pennsylvania (1936)

and the Solomon R. Guggenheim Museum in

New York (1959), please let us know the major

difficulties you had to face.

PJ – With Fallingwater, Frank Lloyd Wright’s

choice of materials, reinforced concrete, stone,

and single-glazed steel casement windows and

doors, exemplifies his aesthetic of organic ar-

chitecture, yet the building is highly Modernist

too. He chose to have these materials interpe-

netrate each other in a nonconventional way,

and because he did not like the look of metal

flashing, the traditional method of ensuring

that moisture from the exterior of a wall does

not find its way into the interior, there was no

through-wall flashing installed. This combined

with poorly detailed flat roofs and terraces

meant that the building experienced 60 chro-

nic leaks from its inception. So, much of what

my firm, WASA/Studio A, did was to intervene

with discreet details and built-in redundancy

that improved the performance of the building

(and cured the leaks). There was also the issue

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06_cm

conversas

“o edifício mais sustentável é aquele que já está construído, pelo que tanto do

ponto de vista económico, como ecológico, faz todo o sentido reciclar edifícios.“

CM – Ainda na linha da questão anterior, e relativamente às

duas intervenções em que esteve envolvida de obras do

arquiteto Frank Lloyd Wright, a Fallingwater na Pensilvâ-

nia (1936) e o Solomon R. Guggenheim Museum em Nova

Iorque (1959), refira por favor as principais dificuldades

que encontrou.

PJ – Com a Fallingwater, a escolha de materiais de Frank

Lloyd Wright, betão armado, pedra, e aço para a caixilharia

de janelas e portas, exemplifica a sua estética de arqui-

tetura orgânica, embora o edifício seja muito Modernista

também. Frank Lloyd Wright optou por estes materiais

que se combinam entre si de uma forma não conven-

cional, e como ele não gostava do aspeto das caleiras

metálicas, o método tradicional de garantir que a humi-

dade não penetrasse no interior, não foram instalados

tubos de queda no interior das paredes. Isto combinado

com coberturas em terraço insuficientemente por-

menorizadas, fez com que a construção sofresse 60

infiltrações crónicas desde a sua conceção. Assim,

muito do que a minha empresa, WASA/Studio A, fez

foi intervir com detalhes discretos e redundâncias

incorporadas que melhoraram o desempenho do

edifício (e sanaram as infiltrações). Houve também

a questão das vigas em consola danificadas, mas

a solução adotada, pós-tensão, foi projetada pela

Robert Silman Associates. No entanto, foi necessá-

rio que o espaço principal da casa, a sala de estar,

fosse desmontado e remontado, incluindo todo

o mobiliário embutido, assim como o pavimento

empedrado. Assim, para cada piso e terraço em-

pedrados foram retirados e nós fornecemos um

guia, com desenhos pedra a pedra, para orientar

a reconstrução. Também restaurámos o betão, a

alvenaria de pedra, e as janelas e portas de aço.

Relativamente ao Guggenheim, a maioria das

pessoas pensa erradamente que o edifício é

todo em betão moldado no local. Na verdade,

as paredes da zona circular são realmente

12,5 centímetros de betão projetado, que foi

aplicado do interior para o exterior contra

uma densa rede constituída por duas malhas

metálicas soldadas, duas camadas de varões

horizontais e verticais, e perfis metálicos

em T verticais espaçados a cada dez graus

à volta da circunferência, com cofragens de

contraplacado no exterior. Estas deram às

paredes arredondadas as suas caracterís-

ticas marcas de cofragem diagonais, que

aparecem através da pintura quando nela

incide luz solar. Frank Lloyd Wright utilizou

6_cm

conversas

“the most sustainable building is one that is already built, so from an economic point

of view, as well as an ecological one, it makes sense to recycle buildings.“

Page 9: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_7

novamente janelas com caixilharias de aço

simples nas paredes, bem como claraboias

de vidro simples. Devido à f ina espessura

das paredes e às suas componentes de vidro

simples, o edifício, tal como foi projetado, ex-

perimentou graves problemas de condensação

(o museu mantém a humidade relativa interior

de 50%). Além disso, como Frank Lloyd Wright

não gostava do aspeto das juntas de dilatação,

não foi instalada nenhuma.

Ele tinha esperança que uma pintura expe-

rimental no edifício (uma forma primitiva de

revestimento elastomérico, inventado para

desinfestar os navios da Marinha na Segunda

Guerra Mundial, conhecido como “The Cocoon”)

seria fosse suficiente para evitar a fissuração

que ocorreria inevitavelmente como resulta-

do da sua escolha de projeto. Uma vez mais

foram feitas algumas intervenções discretas

para melhorar o desempenho da envolvente

exterior, incluindo a colocação de isolamento

(que na verdade ocorreu em 1992, mas com

lacunas que tivemos que reparar) e a inclina-

ção no topo da parede da zona circular. Foram

necessárias intervenções mais dramáticas

neste caso, porque tínhamos de respeitar o

uso continuo do edifício enquanto museu de

arte de classe mundial. Portanto, as janelas

foram reproduzidas em aço com vidros duplos

e as claraboias em alumínio com vidros duplos.

Estruturalmente houve apenas um problema

com as paredes da rampa do 6º piso o qual foi

resolvido pelo mesmo gabinete de engenharia,

Robert Silman Associates, através de um refor-

ço com mantas de fibra de carbono coladas no

interior da parede da zona circular.

CM – Na generalidade, os edifícios do Movi-

mento Moderno foram construídos na perspe-

tiva de durarem menos tempo e não de serem

eternos, como os edifícios históricos. Qual a

sua opinião em termos éticos de intervenção

e no que se refere à contradição que parece

existir ao perpetuarmos edifícios que supos-

tamente não eram para durar tanto tempo?

PJ – O nosso trabalho enquanto arquitetos

envolvidos na preservação consiste tanto

na identificação de edifícios com significado

cultural, como no seu restauro. Relativamente

aos edifícios Modernistas, há uma renovada

apreciação do seu projeto e estética, e um

of the failed cantilever beams, but the solution

here, post-tensioning, was designed by the

structural engineer, Robert Silman Associates.

However, it required that the premiere space

in the house, the living room, be disassembled

and reassembled, including all of the built in

furnishings, as well as the flagstone floor.

So for every flagstone terrace and floor that

was removed, we provided a stone-by-stone

drawing to guide reassembly. We also restored

the concrete, stonework, and steel windows

and doors.

With the Guggenheim, most people mistakenly

think the building is all cast-in-place concrete.

In reality, the walls of the rotunda are actu-

ally 12.5 cm of gunnite (shotcrete) that was

sprayed from the interior to the exterior onto a

dense array of two layers of welded-wire mesh,

two layers of horizontal and vertical reinforcing

bars, and vertical steel Tees spaced every ten

degrees around the circumference, backed by

plywood formwork. The latter gave the rounded

walls their characteristic diagonal formwork

marks, which show through the paint in raking

sunlight. Frank Lloyd Wright again used single-

glazed steel casement window walls, as well

as single-glazed skylights. Because of the

thin walls and single-glazed components,

the building as designed experienced severe

condensation issues (the museum keeps the

interior relative humidity at 50%). In addition,

because Frank Lloyd Wright did not like the

look of expansion joints, none were installed.

He hoped that the experimental high-build

paint (an early form of an elastomeric coating,

invented to mothball World War II navy vessels,

known as the Cocoon) would be adequate to

protect the cracks that would inevitably occur

as a result of this design choice. Again discrete

interventions were made to improve the per-

formance of the exterior envelope, including

installation of insulation (which actually

occurred in 1992, but with gaps that we had

to repair) and altering the pitch at the top of

the rotunda wall. More dramatic interventions

were required in this case, because we had

to recognize the building’s continued use as

world-class art museum. Therefore, the win-

dows were replicated as steel double-glazed,

and the skylights as double-glazed aluminum.

Structurally, there was only a problem with the

6th-floor ramp walls, and this was resolved by

the same engineer, Robert Silman Associates,

through the introduction of a basket-weave

of carbon fiber mesh applied to the interior of

the rotunda wall.

Generally speaking, buildings from the Modern

Movement were built knowing that, unlike

historic buildings, they would not last forever.

What is your opinion regarding both the ethics

of intervention and the contradiction that

seems to exist in perpetuating buildings that

were not designed for a long lifespan?

PJ – Our job as preservation architects is both

to identify buildings of cultural significance,

as well as to restore them. For Modernist

buildings, there is a renewed appreciation of

their design and aesthetic, and an acknowled-

gement that these are now historic. Therefore,

we have no choice except to figure out how to

preserve these as well, which, as I indicated

earlier, is extremely challenging.

CM – And, from an economic point of view, how

can we explain the cultural and technological

interest of heritage buildings from the second

half of the 20th century, once they have fulfil-

led their service life? Does their rehabilitation

for different new uses represent a violation of

their authenticity on a cultural plane or, on the

contrary, does this constitute the justification

from an economic and sociocultural point of

view for the new lifespan of these buildings?

PJ – Many Modernist buildings were built for a

specific use, and do not easily lend themselves

to adaptive reuse. However, occupied buildings

are better maintained than abandoned ones;

therefore, finding compatible new uses allows

buildings to survive. This can also be viewed

through the lens of progressive authenticity,

wherein buildings acquire layers of meaning

over time. The fact that the construction mate-

rials of Modernist buildings may have outlived

their service life is a difficult problem, but like

mortar that gets replaced when a building is

repointed, we can accept that some materials

will be replaced, as long as the image of the

building remains intact. The most sustainable

building is one that is already built, so from an

economic point of view, as well as an ecological

one, it makes sense to recycle buildings.

Page 10: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

8_cm

conversas

reconhecimento de que estes têm agora um

valor histórico são agora históricos. Portanto, a

nossa única opção é estudar formas de preser-

var também este tipo de edifícios, o que, como

referi anteriormente, é um grande desafio.

CM – E, do ponto de vista económico, como

explicar o interesse cultural e tecnológico

dos edifícios da segunda metade do séc. XX

com valor patrimonial após terem cumprido

o ciclo de uso para que foram projetados? A

sua reconfiguração para novos usos será uma

transgressão no plano cultural à autenticida-

de ou antes será a sua revalidação, económica

e sociocultural, de um novo tempo de vida para

estes edifícios?

PJ – Muitos edifícios Modernistas foram

construídos para um uso específico, e não se

prestam facilmente a uma adaptação para

outro tipo de utilização. No entanto, os edifícios

ocupados têm uma manutenção melhor do que

os que se encontram abandonados; portanto,

encontrar novos usos que sejam compatíveis

contribui para a sobrevivência de edifícios. Isto

também pode ser encarado numa perspetiva

de autenticidade progressiva, segundo a qual

os edifícios adquirem camadas de significado

ao longo do tempo. O facto dos materiais de

construção de edifícios Modernistas poderem

ter ultrapassado a sua vida útil é um proble-

ma difícil, mas tal como a argamassa que é

substituída quando um edifício é reparado,

podemos aceitar que alguns materiais sejam

substituídos, desde que a imagem do edifício

CM – Bearing in mind the specific nature of the

building materials of the Industrial Revolution,

particularly as structural elements, some of

which associated to its artistic and stylistic

identity, and extremely ephemeral, such as

steel decorative elements, how should we

frame the gaps if we mean to maintain the

authenticity of the restoration? Is the repla-

cement of copies of a missing element, built

from the original molds, a proper restoration

from an ethical point of view?

PJ – We need to accept the fact that all building

materials are ephemeral. Even stone can be

of poor quality and require replacement. The

question is really a matter of how much. When

replacement materials overwhelm the original,

we call it a reconstruction. In the Western

philosophy of restoration, reconstructions

are acceptable if they are done as a result of a

disastrous loss – fire, earthquake, flood, etc.

In some cultures, however, reconstructions

are an important part of reclaiming cultural

identity where it has been lost (for instance,

as a result of colonial oppression). Many

post-industrial revolution buildings were still

constructed with traditional materials, and

if maintained, are capable of very long-term

service life. The real problem is with Modernist

and contemporary buildings (which will even-

tually become historic as well). In the case of

the former, it is the experimental nature of the

construction materials used; for the latter, it

is the planned obsolescence that they were

permaneça intacta. O edifício mais sustentável

é aquele que já está construído, pelo que tanto

do ponto de vista económico, como ecológico,

faz todo o sentido reciclar edifícios.

CM – Tendo em consideração o tipo de ma-

teriais da Revolução Industrial, sobretudo

enquanto elementos estruturais, alguns deles

associados à própria identidade “estilística/

artística” extremamente perecíveis, como os

elementos decorativos em aço, como enqua-

drar as lacunas numa perspetiva da manuten-

ção da autenticidade dos restauros? A reposi-

ção de cópias de um determinado elemento em

falta a partir dos moldes originais, constituirá

um restauro no plano ético correto?

PJ – É preciso aceitar o facto de que todos os

materiais de construção são efémeros. Mesmo

a pedra, sendo de baixa qualidade, precisa de

ser substituída. A grande questão centra-se

realmente no “quanto”. Quando os materiais

de substituição se sobrepoem aos originais,

já falamos de reconstrução. Na filosofia/pers-

petiva ocidental de restauro, as reconstruções

são aceitáveis se forem feitas como resultado

de uma perda desastrosa - incêndio, terra-

moto, inundação, etc. Em algumas culturas,

no entanto, as reconstruções são uma forma

importante de resgatar a identidade cultural,

onde a mesma tenha sido perdida (por exem-

plo, como resultado da opressão colonial). Mui-

tos edifícios pós-revolução industrial foram

ainda construídos com materiais tradicionais

e, se devidamente mantidos, poderão ter uma

“the issue with the conservation of concrete is to provide a protective

coating. all historic concrete was coated, either

with paint or stucco.”

“o problema com a conservação do betão prende-se com a

necessidade de fornecer um revestimento protetor. todo o betão histórico foi revestido,

com tinta ou estuque. ”

Page 11: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

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designed with from the start. In either case,

we have reached a point where demolition

and replacement within twenty years is no

longer a viable option for the limited resources

of our planet. Therefore, we are going to need

to make buildings with short-term service life

last longer through appropriate interventions.

CM – Finally, regarding the most used struc-

tural material in the second half of the 20th

century, reinforced concrete, can it, in your

opinion, be considered a historical material

today? In that case, what are the main specifi-

cities to take into account in concrete heritage

conservation?

PJ – Absolutely, reinforced concrete can be

considered historic depending on its age. In

New York City, we have early high-rise concrete

industrial buildings on the Brooklyn waterfront

in the Dumbo neighborhood. These are now

over 100 years old. They are beautiful struc-

tures and have been adaptively reused as re-

sidential lofts. With proper maintenance, they

can last for hundreds more years. The issue

with the conservation of concrete is to provi-

de a protective coating. All historic concrete

was coated, either with paint or stucco. The

aesthetic of exposed concrete did not become

popular until Brutalism. Our problem is that we

view concrete as if it were some kind of noble

material, which it is not. Uncoated concrete is

susceptible to moisture penetration, carbona-

tion, which leads to corrosion of the reinforcing

bars, and cracking and spalling of the concrete.

Once that happens, the repair is to remove the

damaged concrete, “chase” the rust on the

reinforcing bars, and patch with a cementitious

compound. Yet, even after repair, the concrete

will continue to carbonate, thereby losing the

alkaline environment that protects the steel

from corroding. Therefore, concrete should

always be coated, either with paint, water-

repellent stain, clear water repellent, or stucco,

depending on the original aesthetic.

vida útil muito longa. O verdadeiro problema

concentra-se nos edifícios Modernistas e

contemporâneos (que também acabarão por

se tornar históricos). No caso dos primeiros,

é a natureza experimental dos materiais de

construção utilizados; para os últimos, é a

obsolescência planeada para os quais estes

foram projetados desde o início. Em ambos

os casos, chegámos a um ponto em que a

demolição e substituição no prazo de 20 anos

já não é uma opção viável para os recursos li-

mitados do nosso planeta. Portanto, vamos ter

de prolongar a vida dos edifícios que têm uma

curta vida útil, tornando-os mais duráveis no

tempo, através de intervenções apropriadas.

CM – Por fim, em relação ao material estrutural

mais utilizado na segunda metade do Século

XX, o betão armado, na sua opinião este pode

hoje ser considerado um material histórico?

Em caso afirmativo, quais as principais espe-

cificidades a ter em conta na conservação do

património em betão?

PJ – Absolutamente, o betão armado pode ser

considerado histórico, dependendo da sua

idade. Em Nova York, temos edifícios indus-

triais de betão de grandes dimensões, que são

precursores, na frente ribeirinha de Brooklyn,

no bairro Dumbo. Têm agora mais de 100 anos.

São belas estruturas e foram reutilizadas

adaptando-as a lofts residenciais. Com a ma-

nutenção adequada, podem durar mais umas

centenas de anos. O problema com a conser-

vação do betão prende-se com a necessidade

de fornecer um revestimento protetor. Todo o

betão histórico foi revestido, com tinta ou estu-

que. A estética do betão aparente só se tornou

popular após o Brutalismo. O problema é que

nós vemos o betão como sendo uma espécie de

material nobre, e não é. O betão não revestido

é suscetível à penetração de humidade, assim

como à carbonatação, o que leva à corrosão

das armaduras, fissuração e destacamento

do betão. Quando isso acontece, a reparação

consiste na remoção do betão danificado, lim-

peza da corrosão das armaduras e aplicação

de uma argamassa cimentícia de reparação.

No entanto, mesmo após a reparação, o betão

vai continuar a sofrer carbonatação, perdendo

assim o ambiente alcalino que protege o aço

da corrosão. Portanto, o betão deve sempre

ser revestido, seja com tinta, com um compo-

nente hidrófugo, com um repelente hidráulico,

ou estuque, em conformidade com a estética

original.

PerfilPamela Jerome, AIA, LEEDTM AP é uma arquiteta re-

gistada e uma conservadora arquitetónica. Pamela

possui um Arch B em Architectural Engineering - Na-

tional Technical University of Athens, Grécia (1979)

e é Mestre MSc em Preservation pela Columbia

University, New York USA (1991). Ela é atualmente

Sócia responsável pela Preservação no gabinete de

arquitetura e engenharia WASA/Studio A em New York,

sendo ainda Adjunct Associate Professor na Columbia

University’s Graduate School of Architecture, Plan-

ning and Preservation. Pamela Jerome é membro do

US/ICOMOS Comité Nacional do ICOMOS dos Estados

Unidos da América, do APT Association for Preser-

vation Technology International, vice presidente do

ICOMOS-ISCEAH International Scientific Committee on

Earthen Architectural Heritage e expert member do

ICOMOS-ISC20C, International Scientific Committee

on 20th Century Heritage. Ela é também membro do

Global Heritage Fund’s Senior Advisory Board. A sua

especialização é em conservação de alvenarias e im-

permeabilização, com especial ênfase no património

do século XX, arquitetura em terra e preservação de

sítios arqueológicos. Pamela tem sido consultada

sobre preservação do património cultural nos EUA,

Mediterrâneo, Mar Negro e Médio Oriente.

ProfilePamela Jerome, AIA, LEEDTM AP is a registered architect and

architectural conservator. She holds a B Arch in architec-

tural engineering from the National Technical University in

Athens, Greece (1979) and an M Sc in historic preservation

from Columbia University (1991). She is currently Partner

in charge of Preservation with WASA/Studio A, a New York

City-based architecture and engineering firm. She is also

an Adjunct Associate Professor at Columbia University’s

Graduate School of Architecture, Planning and Preser-

vation. She is a former trustee of the board of US/ICOMOS

(International Council on Monuments and Sites) and is

that organization’s liaison to the APT (Association for

Preservation Technology International) board. Ms. Jerome

is vice president of ICOMOS’s International Scientific Com-

mittee on Earthen Architectural Heritage (ISCEAH), expert

member of ICOMOS’s International Scientific Committee on

20th Century Heritage (ISC20C), and an elected officer of

ICOMOS’s Scientific Council. She is also a member of Global

Heritage Fund’s Senior Advisory Board. Her expertise is in

masonry conservation and waterproofing, with a particular

emphasis on 20th-century heritage, earthen architecture

and archaeological site preservation. She has consulted on

cultural property conservation in the US, Mediterranean,

Black Sea and Middle East.A construção magazine agradece a especial revisão de tradução realizada por Isabel Donas Botto (UC).

Page 12: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

10_ 16património em betãoconservação do património de betão – casa de adoração bahá’íRobert F. Armbruster

Presidente, The Armbruster Company

[email protected]

Os Bahá’ís têm um plano de 1000 anos para conservar o seu Templo e a indústria de betão nos Estados Unidos aceitou o desafio.

A Casa de Adoração Baha’í, localizada a norte de Chicago, Illinois, tem dos mais antigos painéis arquitetónicos de betão pré-fabricados do mundo. É também um dos mais elaborados e notavelmente belos edifícios de betão. A necessidade de restauro do Templo Bahá’í promoveu o desenvolvimento da conservação do património de betão.

10_cm

Page 13: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

A experiênciA dos estAdos Unidos

Situado numa falésia com vista para o Lago Mi-

chigan, o espaço abobadado do Templo reflete

a crença Bahá’í em um só Deus e na unidade

de toda a humanidade. O projeto inovador do

arquiteto Louis Bourgeois foi selecionado

através de concurso em 1920 [1]. O arquiteto

imaginou um “Templo de Luz” com luz a fluir

através de 10.000 aberturas da cúpula em fili-

grana. No entanto, os requisitos dos materiais

para a delicada ornamentação da cúpula não

permitiam a concretização em pedra, terracota

ou alumínio fundido.

A solução foi fornecida pelo escultor arquitetó-

nico John J. Earley [2]. Earley propôs uma cúpu-

la de betão armado em painéis pré-fabricados

de 90 milímetros de espessura, 3 metros de

largura por 2 metros de altura, feita no estúdio

de um artesão, enviada para o local, içada e

aparafusada em treliças de aço acima de uma

claraboia gigante [3]. Tal nunca tinha sido feito

antes de Bourgeois e a liderança Bahá’í aprovou

corajosamente este sistema. O revestimento

arquitetónico de betão consistiria em cimento

branco e fragmentos de seixos de quartzo

branco expostos na superfície. O altivo espaço

interior abobadado foi rematado com painéis

de betão pré-fabricado de agregado de quartzo

multicolor criando um efeito de mosaico.

Para construir o Templo, o arquiteto Louis Bour-

geois passou oito anos a criar desenhos em

tamanho real de todos os detalhes ornamentais

originais e, em seguida, o Earley Studio traba-

lhou por mais 17 anos para fabricar e instalar

o betão arquitetónico. Os escultores do Earley

Studio usaram os desenhos de Bourgeois para

criar modelos em argila de cada painel nas

superfícies curvas. Em seguida, os artesãos

fizeram moldes de gesso dos modelos de argila.

Os modelos de gesso foram moldados e em se-

guida aparafusados a uma maquete estrutural

de madeira da cúpula, no pátio do Studio. Os

artesãos subiram e refinaram o alinhamento

da ornamentação em todas as ligações da

cúpula. Finalmente, os moldes de betão foram

fabricados em gesso revestido com folha de

chumbo. O Earley Studio triturou e peneirou

o agregado de quartzo e misturou o betão em

betoneiras. O betão pré-fabricado foi removido

dos moldes 16 horas após o enchimento, tendo

podido assim os artesãos expor os reluzentes

seixos de quartzo por raspagem manual com

escovas de arame do tamanho de escovas de

lavar os dentes [4].

conservAção do pAtrimónio nos

estAdos Unidos

A conservação do património nos Estados

Unidos tornou-se um esforço organizado há

menos de 50 anos [5]. As normas nacionais

para a Preservação Histórica [6] exigem que

os materiais característicos do tecido histórico

de uma propriedade sejam preservados e que

materiais similares sejam utilizados em repara-

ções. Reproduzir betão arquitetónico histórico

pode ser especialmente exigente.

A conservação do património de betão come-

çou apenas há 25 anos com os projetos iniciais

do Templo Bahá’í [7] e evoluiu rapidamente.

Os profissionais de projetos e construção ga-

nharam experiência e estabeleceram normas

técnicas validadas pela indústria [8]. Melhores

materiais e melhores técnicas de reparação

fornecem reparações duráveis, que podem

combinar com os materiais originais.

A conservação do património de betão segue

um processo semelhante ao utilizado noutras

estruturas património. As etapas são:

– Compreender a estrutura e os seus proble-

mas.

– Desenvolver um plano de conservação.

– Preparação para a intervenção.

– Realizar a intervenção.

compreender A estrUtUrA e os

seUs problemAs

Em 1985, o Templo Baha’i mostrou sinais

de perigo. A maioria do seu betão estava em

excelentes condições, mas existia claramente

deterioração em alguns locais. A comunidade

Bahá’í iniciou um enorme esforço de conserva-

ção com o objetivo de manter o templo em con-

dições de excelência nos próximos mil anos.

O gestor de projeto reuniu uma equipa de en-

genheiros, mestres-artesãos e cientistas de

materiais para realizarem um levantamento e

> Figura 1: Artistas do John Earley Studio rodeados por modelos de gesso e moldes para o Templo Bahá’í.

> Figura 2: Na manhã após a colocação do betão, o painel é retirado do molde. Os artistas trabalham ombro a ombro para remover rapidamente a pasta de cimento a partir da superfície para

expor os seixos de quartzo. Em apenas 45 minutos a superfície do betão tornar-se-ia muito difícil de remover.

> Figura 3: Escultor sobe uma maquete de madeira em tamanho real da cúpula para moldar as ligações entre os painéis dos modelos de gesso.

> 1 > 2 > 3

cm_11

Page 14: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

construção em betão

uma avaliação das necessidades. O produtor

de betão era um membro integrante da equipa

desde o início e forneceu importantes informa-

ções sobre os métodos de construção original,

potenciais técnicas de restauro e estratégias

de construção.

Uma pesquisa nos Arquivos Bahá’í forneceu

valiosas informações sobre o projeto original

e desenhos de execução, correspondência

e especificações, fotografias históricas e

desenhos de produção de alguns dos betões

arquitetónicos. Uma inspeção apropriada do

Templo forneceu informação sobre métodos de

construção originais do Templo, desempenho

do edifício e tipos de deterioração.

A deterioração do betão pode ser causada por

excesso de carga, assentamentos ou desloca-

mentos relativos, corrosão das armaduras ou

das ligações, rutura do material devido a ciclos

gelo-degelo, reação álcali-sílica, ataque por

agentes atmosféricos, poluição ou manchas. A

deterioração pode produzir fissuras, delamina-

ção, destacamento ou desintegração do betão.

Foram encontradas todas estas patologias no

Templo Bahá’í.

Foram recolhidos dados através de ensaios

não destrutivos, tais como sondagens com es-

clerómetro, ensaios de impacto, leituras com

pacómetro para localizar o aço das armaduras,

ensaios de corrosão e ensaios de água para

localizar o movimento da mesma. As fissuras

e outros defeitos foram medidos. Os ensaios

de limpeza foram realizados de forma a identi-

ficar o método menos agressivo para remoção

de líquenes, algas, fungos, sulfato de cálcio,

depósitos atmosféricos e manchas químicas.

Equipamentos para monitorização tensão/de-

formação, vibração/deslocamento, humidade

relativa e temperatura foram utilizados para

medir a resposta da estrutura a solicitações

e condições ambientais ao longo do tempo.

Foram extraídas carotes de betão. Foram

> 4

> Figura 4: Dois montadores colocam um painel pré-fabricado, que é içado para a posição na cúpula.

> Figura 5: Sistemas de elevação de alumínio leve que foram projetados para serem ancorados às treliças de aço estrutural através da cúpula ornamental de betão.

> Figura 6: Em 1985, a cornija maciça na base da cúpula mostrou sinais de deterioração.

> Figura 7: Crostas de sulfato de cálcio preto cobriam grande parte da ornamentação do Templo em 1985.

> Figura 8: Adaptadas pela primeira vez para uso em betão, técnicas de limpeza de água-névoa dissolveram as crostas. Pequenos orifícios foram posicionados para pulverizar cada fenda e

esquina da ornamentação.

> 7 > 8

> 5 > 6

12_cm

Page 15: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

levantados rufos, coberturas, revestimentos,

pavimentos, janelas e acabamentos interiores,

com o objetivo de examinar as condições do

betão e da estrutura interior. Finalmente, nos

locais de maior deterioração, foram abertas

janelas de inspeção, por corte e remoção de

secções, de forma a analisar a ligação interna.

Todas as janelas de inspeção foram reparadas

e impermeabilizadas assim que a investigação

foi concluída.

A análise estrutural e a avaliação de materiais

em laboratório forneceram uma visão mais

aprofundada dos problemas e das suas causas.

Um passo importante na análise estrutural

era a determinação da capacidade real dos

elementos estruturais na sua condição atual,

quando referenciados com as normas de cons-

trução vigentes.

No laboratório, a avaliação petrográfica e o

ensaio das amostras do betão forneceram

informações fundamentais sobre os materiais

originais, possíveis causas de deterioração e

ainda materiais compatíveis para reparações.

Os materiais do betão original do Earley Studio

era de qualidade excecionalmente alta e na

maioria dos locais permaneceram em ótimas

condições.

A maior parte da deterioração foi causada

por falhas nas juntas entre os revestimentos

arquitetónicos e os rufos ou os materiais da

cobertura. O Templo foi um protótipo para o

revestimento arquitetónico de betão, sendo

por este motivo de certa forma experimental

a pormenorização das juntas. A água que en-

trasse por uma junta ficava presa no interior

da ligação e a deterioração começava inter-

namente e só aparecia na superfície exterior

depois de ter ocorrido dano extenso.

desenvolver Um plAno de conservAção

Os resultados da pesquisa, da investigação

de campo e das análises laboratoriais foram

utilizados para desenvolver um plano de

conservação. O plano incluiu limpeza e repa-

rações, métodos para reproduzir o património

de betão em materiais e formas, acesso e

preparação, planeamento e custos estima-

dos. A gama de reparações de betão pediam

pequenas correções manuais, reparações

moldadas no local, reparações com elemen-

tos pré-fabricados e reforço estrutural com

reforço externo.

Surgiram soluções práticas e económicas da

colaboração entre o engenheiro, o empreiteiro

e o dono-de-obra. Por exemplo, após ampla

consulta entre a equipa, o engenheiro prin-

cipal criou folhas de grande formato, 2 por 3

> 9 > 10

> Figura 9: O Earley Studio construíu a cornija utilizando sobreposição de painéis pré-fabricados. O betão penetrou na cavidade entre o pavimento de betão estrutural e o pré-fabricado,

interligando o aço de reforço que se estendia em ambos os elementos..

> Figura 10: Dois vãos do primeiro piso da cornija foram deteriorados pela água que penetrou através da borda da cobertura plana.

> Figura 11: Com o intuito de criar um novo padrão para moldes de betão, os escultores substituíram detalhes erodidos, modelando argila castanho-amarelada numa réplica de gesso azul

da cornija de ornamentação.

> Figura 12: No estúdio de Baha’i de betão pré-fabricado, um artesão executa um cordão de gesso em todos os cantos do molde de borracha. O cordão de gesso é um dos métodos histórico

exigido no processo. As áreas altamente esculpidas do molde da cornija são feitas de borracha de uretano. Um retardador azul revestiu o molde de forma a desacelerar o endurecimento da

superfície do betão.

> 11 > 12

cm_13

Page 16: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

construção em betãoconstrução em betão

metros, com os planos de pormenor e secções

da complexa reparação da cornija da cúpula.

Esses desenhos eram impressos para o tra-

balho simultâneo da engenharia estrutural, da

fabricação de moldes, do projeto de elevação,

da produção das amostras de betão e dos

desenhos arquitetónicos.

Reproduzir fielmente o betão arquitetónico

original foi uma questão crítica. O Earley

Studio tinha fechado em 1973 e reteve os

seus métodos como segredos comerciais. Foi

necessário recriar as proporções da mistura,

os métodos de enchimento e as técnicas de

acabamento. Os agregados, cores, textura da

superfície e formas tridimensionais tiveram de

ser reproduzidos. Como o agregado de quartzo

é resistente aos ácidos foi usado ácido para

dissolver a pasta de cimento em amostras do

betão original para determinar o tamanho e a

forma do agregado.

Em seguida procurou-se quartzo que corres-

pondesse ao material original. Projetos de

recuperação do património de betão exigem

frequentemente que centenas de amostras de

agregados sejam analisadas e comparadas com

o betão original. Os agregados mais promissores

são usados para fazer pequenas amostras que

são avaliadas junto da estrutura património.

Normalmente, a rocha usada para a construção

original já não está disponível, porque a pedreira

original esgotou-se. Pode ter que se combinar

agregados de várias pedreiras, em cuidadosas

proporções, para corresponder às variações de

cor do material original. Para o Templo Baha’i,

o quartzo comercial disponível não era sufi-

cientemente branco, pelo que se procuraram

pequenos depósitos de quartzo por toda a

América do Norte de forma a encontrar algum,

tendo-se depois providenciado para que fosse

extraído, transportado, triturado e peneirado

com os tamanhos exigidos. Finalmente, para

coincidir com o material original, foi adicionada

uma pequena quantidade de quartzo âmbar ao

branco. Artesãos fizeram mais de 50 amostras

durante os dois anos de investigação para de-

senvolver as proporções da mistura, os métodos

de moldagem e as técnicas de exposição, de

forma a obter um acabamento com uma apa-

rência aceitável.

A investigação foi documentada num relatório

com a história da estrutura, condições atuais,

a natureza dos problemas e recomendações

para o tratamento. A documentação inclui

desenhos, relatórios de análise estrutural,

relatórios de análise de materiais, fotografias

> Figura 13: Artesãos expõem cuidadosamente o agregado de quartzo utilizando escovas de aço pequenas e ferramentas dentais.

> Figura 14: Seguindo o exemplo de John Earley, os componentes pré-fabricados foram montados na cornija e rebocados juntos.

> Figura 15: A nova cornija replicou todos os detalhes da original.

> 13 > 14

> 15

14_cm

Page 17: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

e vídeos. Amostras dos agregados e novas

misturas de betão necessárias para as re-

parações foram igualmente incluídas. Mais

tarde, o Gestor de Projeto criou uma biblioteca

de conservação para o Templo Bahá’í, organi-

zando os registos de 90 anos de construção,

manutenção e restauro, num catálogo digital

com referências cruzadas.

Os resultados da investigação e as ações de

conservação recomendadas foram apresen-

tadas aos bahá’ís. Eles adotaram o plano e

executaram-no em vários projetos ao longo de

um período de 25 anos. As reparações foram da

mais alta qualidade, durabilidade e eficiência.

Graves problemas estruturais e de imperme-

abilização foram tratados em primeiro lugar. O

estabelecimento do programa de conservação

a longo prazo veio mais tarde.

prepArAção pArA A constrUção

Os projetos de recuperação do património de

betão mobilizam uma engenharia invulgar, co-

ordenação de construção, artesanato e testes.

Os pormenores e procedimentos de reparação

devem ser adaptados a cada estrutura his-

tórica. Documentos de construção mostram

frequentemente cada local de reparação com

um código de identificação, condição atual,

tipo e quantidade de reparação, para facilitar

adjudicações, inspeções e pagamentos.

Os documentos de construção do Templo

incluíam detalhes de reparação alternativos,

os quais foram selecionados após a demoli-

ção de alguns elementos ter sido concluída.

Por exemplo, o restauro da cornija na cúpula

exigiu quatro esquemas diferentes de repa-

ração porque a deterioração variava desde

50 milímetros até 1 metro de profundidade.

Reparações para as quatro condições foram

projetadas de forma a poder usar-se um

conjunto comum de peças e moldes. Como

a construção ocorreu doze andares acima

do solo, o betão original foi testado após a

demolição e a reparação adequada para cada

local foi prontamente instalada.

A pré-qualificação dos empreiteiros e artesãos

é altamente recomendável devido aos requi-

sitos especiais dos projetos de património de

betão. Mestres artesãos precisam de expe-

riência prática fornecida pela preparação de

amostras e modelos, de forma a tornarem-se

proficientes com os materiais de cada projeto,

moldagem e técnica de acabamento. Os arte-

sãos do Templo foram também treinados pelo

engenheiro principal nos há muito esquecidos

métodos históricos, de produção de painéis

pré-fabricados.

A reprodução das formas do Templo exigiram

novos moldes de madeira, f ibra de vidro,

borracha e aço. Primeiro, os artesãos fizeram

moldes diretamente a partir da ornamentação

arquitetónica do edifício. No estúdio, estes

moldes foram utilizados para executar repro-

duções em gesso das superfícies de betão

original. De seguida, escultores modelaram em

barro as reproduções em gesso para restauro

dos detalhes erodidos, antes de criarem novos

moldes para as reparações do betão.

Foram necessários desenhos à escala real

para fabricar moldes para as componentes de

betão complexas e tridimensionais. Na década

de 1980, os desenhos eram criados à mão.

Para projetos mais recentes, os sistemas CAD

facilitaram a produção de desenhos. Métodos

de medição tradicional foram auxiliados por

levantamentos com teodolitos de alta precisão

e varrimento por laser. Para verificar e ajustar as

novas ferramentas, foram montadas maquetes

a partir do betão produzido nos novos moldes.

Num projeto de recuperação de património de

betão, o espaço para construção é frequente-

mente restrito e tal foi também verdade para

> 16 > 17

> Figura 16: Os solos pobres causaram assentamento do terraço. A antiga estrutura e os solos fracos foram removidos e substituídos. A infra-estrutura do jardim e a hardscape estava no final

da sua vida útil, portanto foi totalmente reconstruída. [hardscape]: elementos inanimados da paisagem, como trabalhos de alvenaria, madeira, betão, pedra, etc.

> Figura 17: O património paisagístico foi transplantado para viveiros e depois replantado após as estruturas do jardim estarem concluídas.

cm_15

Page 18: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

o Templo Bahá’í. O edifício estava cercado

por jardins e o Templo permaneceu ocupado

e aberto aos visitantes em permanência. O

empreiteiro preparou andaimes, plataformas

suspensas, gruas e elevadores.

reAlizAr A constrUção

Após investigação minuciosa e cuidadosa

preparação, a construção prosseguiu sem

problemas. A programação incluiu vários

meses para obter agregados, fabricar moldes,

produzir várias séries de amostras de betão e

construir as maquetes. Cada série de amostras

necessitou de 28 dias para a cura completa do

betão, porque o processo de cura afeta a cor

final do betão.

Para produzir os 7.700 componentes ornamen-

tais de betão pré-fabricado necessários para

o terraço, escadas monumentais e jardins,

os Bahá’ís decidiram montar a sua própria

fábrica de pré-fabricação. O Gestor de Projeto

forneceu engenharia, planeamento e controlo

de qualidade. Os empregados Bahá’í esmaga-

ram o quartzo e fabricaram os elementos de

betão com agregados expostos ao longo de

um período de 5 anos.

Os projetos de recuperação do património de

betão têm mais incertezas do que a construção

nova. A profundidade e a extensão da deteriora-

ção do betão variam e as situações escondidas

podem exigir um tratamento diferente do

inicialmente especificado. Os projetos Bahá’í

utilizaram subempreiteiros pré-qualificados

que concorreram a séries de trabalhos, com

> Figura 18: O esforço de conservação do betão restaurou a cornija.

> Figura 19: Com escultura intrincada, arestas vivas e um acabamento consistente, o betão arquitetónico do Templo Baha’i está entre os melhores jamais criados.

reFerênciAs

[1] Bruce W. Whitmore, The Dawning Place (Baha’i Publishing Trust, 1984), 87-94.[2] John J. Earley, “Some Problems in Devising a New Finish for Concrete,” in Proceedings American Concrete Institute, Vol. 14, 127-137 (American Concrete Institute, 1918).[3] John J. Earley, “The Project of Ornamenting the Bahá’í Temple Dome,” in Proceedings American Concrete Institute, Vol. 29, 403-411 (American Concrete Institute, 1933).[4] John J. Earley, “Architectural Concrete of the Exposed Aggregate Type,” in Journal of the American Concrete Institute, Vol. 5, No. 4, 251-278 (Proceedings Vol. 30),

(American Concrete Institute, March-April 1934).[5] “Historic Preservation in the United States,” U.S. National Committee of the International Council of Monuments and Sites, accessed March 17, 2011, http://www.usicomos.org/preservation.[6] “Secretary of the Interior’s Standards and Guidelines for Archeology and Historic Preservation,” United States Department of the Interior, accessed March 17, 2011, http://www.cr.nps.gov/local-law/arch_stnds_0.htm.[7] Robert F. Armbruster and Jack Stecich, “The Baha’i House of Worship Restoration,” in Concrete Repair Bulletin,Vol. 6, No. 3, 6-9 (International Concrete Repair Institute,

September/October, 1993).[8] See technical publications, guides, standards and codes from the American Concrete Institute, http://www.concrete.org; the International Concrete Repair Institute,

http://www.icri.org; the Precast/Prestressed Concrete Institute, http://www.pci.org; the Cast Stone Institute, http://www.caststone.org; the Association for Preservation Technology International, http://www.apti.org; the Portland Cement Association, http://www.cement.org; and ASTM International, http://www.astm.org.

> 18 > 19

construção em betão

termos de pagamento a refletir a incerteza -

preços unitários por tipo de reparação, preços

unitários por tempo e materiais, subsídios com

montantes fixos para quantidades especifica-

das ou montantes fixos quando a extensão do

trabalho era conhecida.

A participação nos projetos do Templo Bahá’í

foi considerada uma honra e uma distinção.

Os indivíduos foram encorajados e apoiados

para produzirem os trabalhos da mais alta qua-

lidade. Os resultados refletem esse espírito. O

estado da Casa de Adoração Bahá’í é melhor do

que nunca. A partilha do conhecimento adquiri-

do a partir dos projetos Bahá’í tem fomentado

o crescimento da conservação do património

de betão na América.

TRADUÇÃO POR RITA LADEIRO

16_cm

Page 19: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

17_ 23património em betãobetão armado – nota históricaJúlio Appleton

DEC, Instituto Superior Técnico, UTL

[email protected]

aquedutos, muitos dos quais chegaram aos

nossos dias e são exemplos do elevado nível

atingido pelos construtores Romanos. A título

de exemplo referem-se o Panteon de Roma,

com uma cúpula de 50 m de diâmetro, de

betão de agregados leves, realizado no ano

127 DC (figura 2), o Aqueduto da Pont du Gard

em Nimes e diversas pontes de alvenaria e

betão ainda existentes em diversos países de

que se salientam em Portugal a Ponte de Vila

Formosa na N369 e a Ponte de Trajano sobre o

Rio Tâmega em Chaves.

É com o desenvolvimento da produção e estu-

do das propriedades do cimento {1} (Smeaton

em 1758, James Parker em 1776, Louis Vicat

em 1818) que culminou com a aprovação da

patente do cimento Portland apresentada por

Joseph Aspdin em Leeds em 1824 que se vai

dar o grande desenvolvimento na aplicação do

betão nas construções. Em 1885 concebem-

> Figura 1: Reconstrução do que teria sido uma primeira construção/abrigo realizado com um pavimento em betão {1}

> Figura 2: Panteon de Roma {3}.

> Figura 3: Aqueduto da Pont du Gard em Nimes.

Os PrimórdiOs dO BetãO

O betão e as argamassas são utilizados como

materiais de construção há milhares de anos,

sendo então produzidos pela mistura de argila

ou argila margosa, areia, cascalho e água. Há

registos de que os materiais eram, quando

necessário, transportados a distâncias de

centenas de quilómetros, como é o exemplo

de um pavimento de betão simples datado de

5600 AC em Lepenskivin {1}.

Nas antigas civilizações (Egito, Grécia), o betão

era utilizado essencialmente em pavimentos,

paredes e suas fundações. Já nos livros de

Vitruvio {2} se dão indicações sobre os ma-

teriais a utilizar nas argamassas e betões,

nomeadamente sobre o uso de pozolanas,

cal e areia. Os Romanos exploraram as pos-

sibilidades deste material com mestria em

diversas obras – casas, templos, pontes e

se os fornos rotativos que permitiram baixar

substancialmente o preço do cimento.

Em Portugal a industria do cimento inicia-se

em 1894 com a fábrica de cimento Tejo em

Alhandra {4} realizada por António Theófilo

Rato que deu origem à Companhia de Cimentos

Tejo em 1912.

As PrimeirAs OBrAs e PAtentes

de BetãO ArmAdO

As primeiras referências ao betão armado

datam de 1830, no entanto o barco em fer-

rocimento realizado pelo francês Jean-Louis

Lambot em 1848 é reconhecido como a obra

mais antiga de betão armado ainda existente

(figura 4).

Joseph Monier é um dos principais pioneiros do

betão armado com as suas patentes de 1867

> 1 > 2 > 3

cm_17

Page 20: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

património em betão

para caixas (floreiras), casas e tubagens, e em

1873 para pontes em arco (figura 5).

Joseph Monier (1823–1906) era proprietário

de um grande viveiro hortícola em Paris e fazia

a gestão de diversos jardins públicos. A ideia

da introdução de armaduras nas caixas das

floreiras teve como objetivo controlar as fen-

das que ocorriam frequentemente nas caixas

de betão simples, material que adotou para

substituir as caixas de madeira ou de aço que

se deterioravam rapidamente.

A ideia fundamental de J. Monier foi introduzir

no betão uma malha ortogonal de armaduras,

ligadas com arame em todos os nós, com

pequeno afastamento e com um diâmetro dos

varões dependente da aplicação (figura 6).

No final do século XIX são já vários os estudos

publicados sobre o betão armado (Coignet,

Considère, Mesnager) teorizando o compor-

tamento à flexão, tendo em 1897 sido criada

> 4

a primeira disciplina de Betão Armado na ENPC

– École National de Ponts et Chaussées (Paris).

As patentes tornam-se também numerosas

(Cottancin, Hyatt, Coignet). Refira-se que

vários destes sistemas foram aplicados em

Portugal e estão relatados em diversas notí-

cias da Revista de Obras Públicas e Minas {5}.

Em em 20.10.1906 são publicadas as primei-

ras Instruções Francesas {6}, referidas logo

em 1907 na Revista de Obras Públicas e Minas

> 5

> 6

> Figura 4: Primeira Construção de Betão Armado. Barco de Lambot, 1848 {4}.

> Figura 5: Primeira Ponte em Betão Armado (Monier, 1875) {3}.

> Figura 6: Representação esquemática da malha tipo Monier.

> Figura 7: Figura ilustrativa da superestrutura de betão armado de um edifício com o sistema Hennebique (lajes, vigas e pilares).

> Figura 8: Ponte del Resorgimento em Roma.

> Figura 9: Edifício sede da empresa Hennebique em Paris.

> 7 > 8 > 9

18_cm

Page 21: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

da Associação Portuguesa dos Engenheiros

Civis, com o título “As Instruções Francesas

para o Formigão Armado”.

O princípio do século XX é caracterizado por um

desenvolvimento extraordinário na utilização e

na compreensão do funcionamento e possibili-

dades do betão armado. Esse desenvolvimento

está associado à realização de numerosas pa-

tentes onde se indicam as bases de cálculo e as

disposições de armaduras adotadas para

diversos elementos estruturais.

François Hennebique (1842–1921) não terá

sido o inventor do betão armado mas foi no meu

entender um dos engenheiros que mais con-

tribuiu para a sua expansão e que mais obras

notáveis realizou no início do Séc XX {5} e {7}.

A sua atividade desenvolveu-se com a sede

na Bélgica (de 1867 a 1887) e depois em Paris

onde construiu, em 1892, integralmente em

betão armado, incluindo as fachadas, a sede da

empresa na Rue Danton, 1 (figura 9).

Desse período e desse sistema construtivo

refere-se a Ponte del Risorgimento em Roma

(1911, uma ponte em arco sobre o rio Tibre com

um vão de 100 m), apresentada na figura 8.

De entre os edifícios destacam-se o edifício da

sede da casa Hennebique em Paris e o edifício

Royal Liver Building construído em Liverpool

(1908–1910) com 17 pisos.

Em Portugal merecem especial referência o

Edifício de moagem de trigo do Caramujo (na

Cova da Piedade) realizado em 1898 {4} e {7}

e onde funcionou uma moagem da Sociedade

Industrial Aliança (figura 10) e a Ponte Luiz

Bandeira de Sejães {8} na EN333-3 sobre o

rio Vouga (figura 11) no Concelho de Olivei-

ra de Frades – Viseu. As obras realizadas

em Por tugal com o sistema Hennebique

foram a partir do início do século XX execu-

tadas pela sua representante Moreira de Sá

& Malevez.

Da geração seguinte à de Hennebique salien-

tam-se os trabalhos de Mörsh (1872–1950) e

de Freyssinet (1879–1962).

Para além de trabalhos de investigação Mörsh

{6} e a empresa Wayss e Freytag realizaram

numerosas obras de que se destaca neste con-

texto a Ponte sobre o Isar perto de Grunwald,

realizada em 1904, com dois arcos de 70 m de

vão e 12,5 m de flecha.

Também já pertencendo à geração que se se-

guiu à que realizou às primeiras aplicações do

betão armado e ao período das primeiras

patentes sobre as aplicações deste material,

Eugéne Freyssinet (1879–1962) pode consi-

derar-se um dos pioneiros do betão armado,

para além do papel singular que teve no de-

senvolvimento das estruturas pré-esforçadas.

Realiza as primeiras obras relevantes de 1906

a 1916 na Societé Mercier, Limousin & Cia. de

que se destaca em 1907 a Pont du Prairéal (fi-

gura 12) e em 1911 a Pont du Veurdre sur l’Allier

(figura 13) {9}.

> 10 > 11

> Figura 10: Edifício de Moagem do Caramujo – Vista Geral, alçado e corte {7}.

> Figura 11: Ponte de Sejães na EN333-3 – Sistema Hennebique, 1907.

> Figura 12: Pont de Prairéal sur La Besbre (arco de 26 m). Uma das primeiras Pontes de Betão Armado de Freyssinet, 1907 {9}.

> Figura 13: Pont du Veurdre, 1911 {9}.

> 12 > 13

cm_19

Page 22: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

património em betão

Em 1908 {10} executa a primeira viga pré-

esforçada (um ensaio numa viga de 50 m de

comprimento e secção de 0,5 m × 3 m, pré-

esforçada com uma força de 2000 ton) junto ao

local onde realizou a ponte de Veurdre.

De 1916 a 1929 desenvolveu a sua atividade

no Societé Limousin & Cia., Procédés Freyssi-

net de que foi diretor técnico, destacando-se

deste período a realização de 1918 e 1921 de

navios em betão armado que atingiram 55 m de

comprimento, a construção de hangares para

dirigíveis em Orly em 1921–1923 (2 hangares

com um vão de 90 m e altura de 60 m, estrutu-

ras destruídas por bombardeamento em 1944)

a Ponte de Villeneuve-sur-Lot com um vão de

96 m e em 1919 e a Ponte Plougastel sur l’Elorn

com 3 arcos de betão armado de 186 m de vão,

realizada de 1924–1930 e que foi à data re-

corde do mundo.

Entretanto apresenta numerosas patentes so-

bre pré-esforço (6 no período de 1925 a 1928,

6 período de 1928 a 1934 com Jean Saillez e

outras 63 patentes sobre diversos temas).

Dessa intensa atividade no domínio das obras

pré-esforçadas refere-se a Ponte de Luzancy

{22}, sobre o Marne, com um vão de 55 m e 6 m

de largura, iniciada em 1941 mas só concluída

em 1946 devido à 2ª Grande Guerra.

Robert Maillart (1872–1940) {11}, contempo-

râneo de Freyssinet foi um engenheiro suíço

que contribui também significativamente para

o desenvolvimento do betão armado.

As suas obras, em particular as pontes em arco,

são um exemplo de elegância e simplicidade

cuja primeira, de entre cerca de 40 pontes,

data de 1899.

A Ponte de Salgina perto de Davos nos Alpes

Suiços representada na figura 14 é um arco

triarticulado com 90,04 m de vão localizado

num vale profundo, constituindo pelo seu

enquadramento paisagístico a obra mais

referenciada de Maillart.

São também de destacar os estudos que

Maillart realizou sobre lajes fungiformes {11}

cujo primeiro ensaio é datado de 1908 (figura

15) e cujo sistema patenteou nessa data.

O destaque ao engenheiro Pier Luigi Nervi

(1891–1979) também projetista e construtor

> 14

> 15

> 16

> Figura 14: Ponte de Salgina (1929–1930) com um vão de 90,04 m {11}.

> Figura 15: Vista de um ensaio de carga de uma laje fungiforme {11}.

> Figura 16: Estádio de Florença – Vista e pormenor de betão armado {12}.

20_cm

Page 23: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

permite-me referir aspetos importantes nas

realizações de betão armado: o ferrocimento, a

pré-fabricação e ainda a importância que era,

e deve ser, dada à pormenorização detalhada

das armaduras.

Deste engenheiro {12} destacam-se as obras

do Estádio de Florença (35000 lugares senta-

dos) e o Palácio dos Desportos de Roma.

Na figura 16 apresenta-se uma vista de cober-

tura desse Estádio com uma consola de 17 m

e o magnifico desenho de pormenorização de

armaduras de betão armado desta estrutura

realizada de 1929 a 1932 {12}.

Das obras de Eduardo Torroja (1899–1961)

referem-se para além da cobertura do hipó-

dromo de Zarzuela (figura 17), realizada em

1925, o Aqueduto de Tempul com um sistema

de atirantamento e um vão central de 60 m e

em 1933 a casca da cobertura do mercado de

Algeciras com um diâmetro de 47,6 m e apenas

9 cm de espessura.

Em 1911 são entretanto criadas em Portugal

as Universidades de Lisboa e do Porto e em

1918 aprovado o 1º Regulamento Português

no domínio do betão armado, as “Instruções

Regulamentares para o Emprego do Beton

Armado”, realizadas com base nas normas

francesas de 1906 e nos desenvolvimentos

posteriores {13}, Dec. 4036 de 28/3/1918.

Em Por tugal o desenvolvimento do betão

armado originava a criação da 1ª disciplina de

Cimento Armado em 1922 na Faculdade Técni-

ca da Universidade do Porto (o Engº Theotonio

Rodrigues foi o seu 1º professor). Em 1935 é

publicado o “Regulamento do Betão Armado”

dec. 25948 de 1935 que sintetiza o estado do

conhecimento neste domínio.

Na primeira metade do século XX muitas são

as realizações em betão armado em Portugal

{14}. Destacam-se o Canal do Tejo (executado

de 1932 a 1940), numerosas pontes de que se

salienta o Viaduto Duarte Pacheco em Lisboa

{30} e edifícios de que se salienta o conjunto dos

edifícios do Instituto Superior Técnico (1936).

No Brasil {15} destaca-se no período em refe-

rência a contribuição de Emílio Boumgart quer

como professor quer como construtor (Ponte

Paranaíba, 1938; Edifício dos Ministérios da

Educação e Saúde no Rio de Janeiro em 1937).

Na geração já nascida no século XX salientam-

se Fritz Leonhardt (1909 – 1999) que não

só associa uma atividade marcante como

professor em Stuttgart mas também como

autor de numerosos livros sobre estruturas

de betão que marcaram o ensino dos enge-

nheiros de todo o mundo no século XX e o

livro “Ponts” onde trata o tema da estética de

forma extraordinária {16}. Projetou também

numerosas estruturas (Torre da televisão

de Stuttgart, 1955, Cologne – Rodenkirchen

Bridge, 1941).

Na geração seguinte destacam-se a nível in-

ternacional os trabalhos de Heinz Isler Schalen

(1926–2009) no domínio das cascas de betão,

os trabalhos de René Walther no domínio das

pontes de tirantes com tabuleiro esbelto como

a Ponte de Dielpoldsau os trabalhos de Jörg

Schlaich sobre estruturas atirantadas e os pro-

jetos de pontes de Christian Menn com a Ponte

de Felsenau (1974) e a ponte Ganter (1980).

Em Por tugal des taca-se Edgar Cardoso

(1913–2000) que para além das estruturas

que projetou {17} desenvolveu com mestria a

utilização de modelos experimentais reduzi-

dos para a compreensão da resposta (elástica)

das estruturas.

No domínio das pontes refere-se a execução

da Ponte da Arrábida projetada pelo Prof. Edgar

Cardoso com 270 m de corda (1963) – figura 18.

Em Portugal refere-se ainda João Lobo Fialho

(1921–1976) pelos seus estudos e projetos

sobre cascas de betão e projetos de pontes

como a Ponte de Vila Nova de Mil Fontes na

ER393, sobre o Rio Mira.

No domínio das barragens de betão, refere-se a

obra da Barragem da Lagoa Comprida na Serra

da Estrela (iniciada em 1912). A Barragem de

Santa Lúzia (realizada em 1943 e que é a 1ª

barragem portuguesa do tipo abóbada, com

115 m de desenvolvimento projetada pelo Engº

Coyne) e a Barragem do Cabril (figura 19) do

tipo abóbada de dupla curvatura com 135 m de

altura e 360 m de desenvolvimento, com

uma espessura variável de 70 cm a 7 m, no

Rio Zêzere (1953) {18}, que é muitas vezes

considerada como o marco da afirmação dos

técnicos nacionais no estudo e projeto de

barragens de betão.

No desenvolvimento deste projeto e nos se-

> 17 > 18

> Figura 17: Vista da cobertura de hipódromo de Zarzuela.

> Figura 18: Ponte da Arrábida, Edgar Cardoso, 1963.

cm_21

Page 24: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

património em betão

guintes teve grande relevância a participação

do Centro de Estudos de Engenharia Civil do IST

que em 1947 foi integrado no novo Laboratório

de Estado – o LNEC – Laboratório Nacional de

Engenharia Civil.

A atividade pioneira do LNEC foi realizada

sob a orientação do Engº Manuel Rocha, cuja

contribuição no domínio dos estudos em mo-

delos reduzidos, na observação de barragens

e no estudo das fundações rochosas estava

no topo do que se fazia então a nível mundial.

Naturalmente que muitos outros técnicos

contribuíram para esses trabalhos pioneiros,

destacando-se o Engº Laginha Serafim que foi

Chefe do Serviço de Barragens do LNEC {18}.

Outras estruturas realizada em Portugal que

justificam referência no presente contexto são

as coberturas onduladas das Pedras Rubras

(Correia de Araújo, 1950), o Monumento das

Descobertas em Lisboa com 50 m de altura

(Edgar Cardoso, 1958), o Monumento e Estátua

do Cristo Rei com 76 m de altura a que acresce

a estátua com 28 m de altura e 16 m de enver-

gadura (Brazão Farinha, 1959) e o Edifício do

Museu da Fundação Calouste Gulbenkian (Arga

e Lima e J. Marecos, 1969).

A nível internacional e no que se refere ao

uso da capacidade do betão para criar novas

formas referem-se os nomes de Nervi, Le Cor-

busier, Óscar Niemeyer e Joaquim Cardoso. Da

extensa obra de Niemeyer refere-se o Palácio

Presidencial de Brasília, datado de 1958 e a

Catedral de Brasília representada na figura

20, datada de 1961.

Os progressos técnicos e a cooperação inter-

nacional na Europa deram origem à criação em

1951 da FIP – Féderation Internationale de la

Précontrainte que realizou o primeiro Congres-

so em Londres em 1953 e à criação em 1953, do

CEB – Comissão Europeia do Betão, associação

que produziu as primeiras recomendações em

1963. Estas associações produziram em 1978

e em 1993 um Model Code for Concrete Struc-

tures que constituiu a base da regulamentação

nacional em muitos países europeus. Estas

Associações fundiram-se em 1998 na atual

fib – féderation internationale du béton. Em

2010 foi publicada a versão preliminar do novo

Mode Code 2010.

A nível nacional é marcante no domínio das

estruturas de betão armado o contributo do

Engº Júlio Ferry Borges. Na Faculdade de En-

genharia da Universidade do Porto é realizada

em 1944 a primeira tese de doutoramento

em betão armado e pré-esforçado pelo Prof.

Joaquim Sarmento {19}.

As PrimeirAs OBrAs de BetãO

Pré-esFOrçAdO

No que se refere ao pré-esforço e após os

trabalhos pioneiros de Freyssinet, Magnel e

Hoyer, assiste-se após a 2ª grande guerra ao

grande desenvolvimento deste sistema cons-

trutivo que veio alargar a fronteira da aplicação

do betão nas construções.

A primeira construção portuguesa de betão

pré-esforçado {20} é a cobertura de vários ar-

mazéns para algodão na Avenida Meneses em

Matosinhos com um vão de 32,4 m realizada

em 1951, realizado com o sistema Freyssinet.

A primeira ponte em betão armado pré-esfor-

çado em Portugal é a Ponte de Vala Nova em

Benavente na EN118 ao km 43,45 realizada

em 1954 e que apresenta 3 vãos simplesmente

apoiados de 36,0 m.

No trabalho de Joaquim Vizeu {21} são apre-

sentadas numerosas obras e contribuições

para a história do betão armado em Portugal.

desemPenhO dAs estruturAs de BetãO

em POrtugAl {22}

A experiência de intervenção do autor em

numerosas obras de betão armado e de betão

armado préesforçado permite concluir que o

desempenho destas estruturas ao longo de

mais de cem anos de realizações em Portugal

é francamente positivo. Obras bem concebi-

das, bem executadas e conservadas poderão

manter-se inteiramente operacionais para

além da expectativa do período de vida de 50

a 100 anos, usualmente considerado para a

realização das estruturas.

Os problemas principais que temos encontrado

são os seguintes:

− A nível estrutural a resistência para a ação

sísmica é em geral inferior aos requisitos

atuais. Esta situação resulta da ausência

> 19 > 20

> Figura 19: Barragem do Cabril (1953).

> Figura 20: Estrutura principal da Catedral de Brasília { } .

22_cm

Page 25: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

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soluções diferenciadasA actuar no mercado do betão pronto há mais de 35 anos, a Unibe -tão apresenta no seu currículo um vasto conjunto de obras, cuja en -vergadura e desa�os associados, representam para esta empresa uma consagração do seu nível de desempenho, quer na qualidade dos produtos que fabrica, quer na dos serviços que presta.Numa óptica de permanente adaptação ao mercado, a Unibetão tem registado um crescimento contínuo aliado a uma ampliação do seu raio de acção, seja pela aquisição de outras empresas, seja pela instalação de novas Centrais.Paralelamente, o seu Sistema de Gestão encontra-se certi�cado pela NP EN ISO 9001 desde o ano de 2000 e as suas Centrais dispõem todas de um Sistema de Controlo de Pro -dução implementado.A aliança entre a dinâmica e a �abilidade permite-lhe disponibilizar ao mercado da construção civil, um conjunto de soluções diferenciadas ou complementares aos betões correntes, potenciando a melhor concretização dos projectos dos seus clientes.

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soluções diferenciadasA actuar no mercado do betão pronto há mais de 35 anos, a Unibe -tão apresenta no seu currículo um vasto conjunto de obras, cuja en -vergadura e desa�os associados, representam para esta empresa uma consagração do seu nível de desempenho, quer na qualidade dos produtos que fabrica, quer na dos serviços que presta.Numa óptica de permanente adaptação ao mercado, a Unibetão tem registado um crescimento contínuo aliado a uma ampliação do seu raio de acção, seja pela aquisição de outras empresas, seja pela instalação de novas Centrais.Paralelamente, o seu Sistema de Gestão encontra-se certi�cado pela NP EN ISO 9001 desde o ano de 2000 e as suas Centrais dispõem todas de um Sistema de Controlo de Pro -dução implementado.A aliança entre a dinâmica e a �abilidade permite-lhe disponibilizar ao mercado da construção civil, um conjunto de soluções diferenciadas ou complementares aos betões correntes, potenciando a melhor concretização dos projectos dos seus clientes.

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A actuar no mercado do betão pronto há mais de 35 anos, a Unibe-tão apresenta no seu currículo um vasto conjunto de obras, cuja en-vergadura e desafios associados, representam para esta empresa uma consagração do seu nível de desempenho, quer na qualidade dos produtos que fabrica, quer na dos serviços que presta.Numa óptica de permanente adaptação ao mercado, a Unibetão tem registado um crescimento contínuo aliado a uma ampliação do seu raio de acção, seja pela aquisição de outras empresas, seja pela instalação de novas Centrais.Paralelamente, o seu Sistema de Gestão encontra-se certificado pela NP EN ISO 9001 desde o ano de 2000 e as suas Centrais dispõem todas de um Sistema de Controlo de Pro-dução implementado.A aliança entre a dinâmica e a fiabilidade permite-lhe disponibilizar ao mercado da construção civil, um conjunto de soluções diferenciadas ou complementares aos betões correntes, potenciando a melhor concretização dos projectos dos seus clientes.

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da consideração da ação sísmica na conceção e projeto das

obras mais antigas ou na deficiente conceção e quantifica-

ção, por defeito, da ação sísmica.

Acresce a este aspeto uma pormenorização {23} que não

tinha preocupação de dotar os elementos estruturais da

necessária ductilidade, nem evitar roturas frágeis, em par-

ticular para situações de inversão do sinal dos esforços com

a ação sísmica.

− No que se refere à durabilidade tem-se verificado deteriora-

ção significativa por corrosão de armaduras, deterioração

associada à utilização de um betão com uma qualidade insu-

ficiente e/ou recobrimentos reduzidos e deterioração devida

a reações químicas expansivas do betão (reação sulfática

interna e reação alcalis-silica) que se têm verificado sobre-

tudo nas últimas duas décadas. Qualquer destes problemas

pode ser evitado (e não ocorre na maioria das obras) com o

controlo da qualidade do projeto e da execução (incluindo o

controlo dos materiais).

reFerênciAs

1. Stanley, C. – Highlights in the History of Concrete, C&CA, 19822. Vitrúvio – Tratado de Arquitectura Século I AC, Tradução de M. Justino Maciel,

IST Press, 20063. Walter, R. – Construire en Béton, Presses Polytechniques et Universitaires

Romandes, 19934. Ferreira, C.A. – Betão – A idade da Descoberta, Passado Presente, Lisboa, 19895. Appleton, Júlio – Materiais de Construção – Um Olhar sobre o Betão – Enge-

nharia e Vida, nº 11, Março 20056. E. Mörsch – Le Béton Armé – Librairie Polytechique, Paris 1909 (Traduzido

por Max Dubois)7. Quintela, A.C. – Contribuição para a História do Betão Armado em Portugal,

Primeiras Obras, Revista Portuguesa Engenharia de Estruturas (RPEE), 1989, nº30.

8. Revista de Obras Públicas e Minas – Descrição de Obras em Curso – Ponte Luiz Bandeira em Sejães, Tomo XXXIX – 1908, pg 25

9. Ordonez, J.A.F. – Eugène Freyssinet, 2C Editions, 197910. Pierre Jartoux – Pré-Esforço uma Peregrinação ao Passado – Resultados

dos Ensaios sobre a Primeira Viga Pré-Esforçada por E. Freyssinet em 1908, Betão Estrutural, 1994.

11. Max Bill – Robert Maillart, Les Editions d’Architecture SA, 194712. Paolo Desideri, Pier Luigi Nervi Jr, Giuseppe Positano – Pier Luigi Nervi,

Editorial Gustavo Gili, S.A., Barcelona 198213. Decreto 4036 – Regulamento para o emprego do beton armado, 28/3/191814. João Segurado – Cimento Armado, Biblioteca de Instrução Profissional,

Livraria Bertrand, Livro sem data de publicação. 1ª Edição 192015. Vasconcelos, A.C. – O Concreto no Brasil – Recordes, Realizações, História,

São Paulo, 198516. Fritz Leonhardt – Ponts – L’Esthétiques dês Ponts, Press Polytechniques

Romandes, 198617. Luís Lousada Soares – Edgar Cardoso – Engenheiro Civil, FEUP Edições, 200318. J. Laginha Serafim – As Grandes Barragens dos Aproveitamentos Hidráulicos

Portugueses, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, 196219. Joaquim Sarmento – Betão Pré-Esforçado, Tese de Doutoramento FEUP,

Porto, 194420. Rego, A. Teixeira – A Primeira Construção Portuguesa de Betão Pré-Esforçado

com Cabos, Revista da Ordem dos Engenheiros, Outubro 195121. Viseu, J.C.S. – História do Betão Armado em Portugal, ATIC 199322. Appleton, Júlio – Performance of Concrete Bridges in Portugal, 1st Worshop

DURATINET, LNEC, Lisbon, 19 Fevereiro 200923. Appleton, Júlio – Reforço Sísmico de Estruturas de Betão, Encontro Nacional

Betão Estrutural 2008, Guimarães, Novembro 2008

PUB

Page 26: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

24_ 28

estruturas de Engenharia Civil potencialmente

interessante. Neste artigo, é descrito o mé-

todo denominado “Monitorização Inteligente

do Estado de Conservação do Betão” (ICHM

Intelligent Concrete Health Monitoring1),

desenvolvido pelos autores por conjugação

das seguintes técnicas: (i) fotogrametria,

(ii) processamento digital de imagem (DIP

– Digital Image Processing); e análise mul-

tiespectral (MSA – Multi-Spectral Analysis).

Tem por objetivo a caracterização automática

(inteligente) e contínua (monitorização) da

patologia do betão. Adicionalmente, pretende-

se que constitua um meio relevante de apoio

à componente laboratorial de trabalhos de

investigação científica.

2. Monitorização inteligente do estado de

Conservação do Betão – iCHM

O método proposto (ver Fig. 1), está estru-

turado em vários módulos, nomeadamente:

(1) MCRACK – Image Processing of Concrete

Surfaces, projetado para identificar, analisar

e medir fissuras em superfícies de betão2; (2)

visual-DSC – Visualisation of Displacements,

Strains and Cracks, concebido para determinar

campos de deslocamentos e de deformações

e medir a largura de fissuras3; (3) SURFCRETE

– Multi-Spectral Image Analysis of Concrete

Surfaces, desenvolvido para detetar, analisar

e medir áreas com colonização biológica, humi-

dade, sujidade e/ou materiais de reparação; (4)

Aesthetic-CCS – Aesthetic Characterization of

1. introdução

O betão é seguramente o material de constru-

ção mais utilizado a partir da segunda metade

no século XX. Este facto contribuiu para que lhe

fosse injustamente atribuída uma conotação

negativa, fruto do crescimento desregrado das

cidades que ocorreu em Portugal sobretudo

no período pós-revolução. Contudo, existe um

número muito significativo de construções

(edifícios, pontes e barragens) que são ine-

quivocamente parte do património histórico,

sociocultural, tecnológico e arquitetónico na-

cional. Por esta razão, importa incentivar a sua

classificação e definir uma série de medidas

que promovam a sua conservação.

A degradação das estruturas de betão tem

diversas causas, não sendo por isso pos-

sível prever a sua ocorrência. Geralmente,

são efetuadas inspeções visuais periódicas

das estruturas para deteção de anomalias e,

quando se justifica, realizam-se ensaios não-

destrutivos (NDT – Non-Destructive Tests)

de apoio ao diagnóstico e define-se a inter-

venção mais adequada. Esta metodologia

apresenta como principais inconvenientes: (i)

a avaliação pontual (não contínua) do estado

de conservação da estrutura, e (ii) a utiliza-

ção de meios auxiliares de base empírica,

trabalhosos, morosos e amplamente sujeitos

a erro humano.

O desenvolvimento recente de equipamentos

e métodos óticos e digitais e a sua comercia-

lização a custos reduzidos, tornaram a sua

utilização no campo da monitorização de

24_cm

Concrete Surfaces, planeado para caracterizar

superfícies de betão (cor e textura)4.

A conjugação destes módulos permite a iden-

tificação e mapeamento global automático

das anomalias existentes, assim como a sua

atualização contínua, durante a construção e/

ou durante o período de vida útil da estrutura.

Após identificação das regiões possivelmente

danificadas, o ICHM permite determinar todos

os parâmetros relevantes: (1) f issuração,

fornecendo o padrão e todas as dimensões

relevantes, tais como, área, largura, compri-

mento ou caminho das fissuras; (2) campos

de deslocamentos e de deformações em ele-

mentos carregados; (3) áreas de colonização

biológica, identificando os agentes biológicos

(ainda de forma limitada) e medindo as áreas

afetadas; e (4) áreas reparadas com material

inadequado do ponto de vista do restauro.

2.1. MCraCK

O MCRACK2 foi desenvolvido especificamente

para caracterizar, avaliar e monitorizar fissu-

ras, combinando o processamento digital de

imagem e a morfologia matemática (MM)5. A

deteção e a caracterização de fissuras em

superfícies de betão são feitas de forma eficaz

mediante o recurso a uma análise conjunta

global-local. As principais etapas do MCRACK

incluem: (1) aquisição de imagem; (2) análise

global, realizada após a seleção de uma região

de interesse global (GROI – Global Region of In-

terest); (3) seleção de áreas críticas, definidas

património em betãomonitorização inteligente do estado de conservação do betãoJónatas valença, ICIST, DEC ISEC IPC, Portugal, [email protected]

daniel dias-da-Costa, DEC FCTUC, Portugal, [email protected]

luísa gonçalves, INESCC, DEC ESTG IPL, Portugal, [email protected]

eduardo Júlio, ICIST, DECivil IST UTL, Portugal, [email protected]

Helder araújo, ISR, DEEC FCTUC, Portugal, [email protected]

Page 27: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_25

> 3> 2

como regiões de interesse local (LROI – Local

Region of Interest); (4) análise local, onde o

método é aplicado de forma direcionada nas

LROIs; e (5) reconstituição global, onde as

LROIs são reconstituídas na GROI, obtendo-se

o mapa final de descontinuidades.

Em relação ao DIP destacam-se os seguintes

passos principais, necessários para realçar os

resultados: (1) pré-processamento, de forma

a destacar descontinuidades na superfície de

betão; (2) processamento, sendo a imagem

binarizada aplicando o método de Otsu6; (3)

pós-processamento, com o objetivo de redu-

zir o ruído e unir descontinuidades vizinhas.

Adicionalmente, aplicam-se várias operações

para caracterizar a fissura: (1) localização da

fissura na superfície de betão; (2) definição

das suas fronteiras; e (3) determinação da

2.2. visual-dsC

O segundo módulo desenvolvido, designado

visual-DSC3, utiliza o pós-processamento de

dados obtidos por fotogrametria no sentido de:

(1) permitir a monitorização de um número vir-

tualmente ilimitado de pontos pré-definidos;

(2) permitir a obtenção, nesses pontos e com

precisão adequada, dos campos de deslo-

camentos e de deformações, em qualquer

instante do ensaio, de forma rápida, fiável

e automática; e (3) constituir uma solução

técnica economicamente viável.

O procedimento desenvolvido baseia-se nas

seguintes etapas principais: (1) preparação

do provete, através da pintura de uma grelha

regular de alvos circulares; (2) aquisição de

imagem; (3) cálculo das coordenadas do cen-

largura da fissura ao longo do seu compri-

mento. Torna-se assim possível caracterizar

automaticamente o perfil da fissura (com-

primento, largura e área). O comprimento

da fissura é definido pelo comprimento das

respetivas fronteiras, enquanto que a largura

é definida pela distância mínima de cada pixel

à fronteira oposta. Este método foi validado

através da sua aplicação a uma vasta campa-

nha de ensaios push-off (Fig. 2(a)). Na Fig. 2(b)

apresenta-se o padrão de fissuração na rotura,

obtido com um destes provetes, enquanto que

na Fig. 3, apresenta-se a monitorização de uma

das fissuras até à rotura.

Com o MCRACK é possível detetar fissuras

existentes na superfície de betão, e efetuar o

seu mapeamento e medição automaticamente,

bem como monitorizar a sua evolução.

Imagem

MCraCK

visual-DSC

Aesthetic-CCS

surFCrete

Pré--processamento

Pré--processamento

Pré--processamento

Separaçãoem bandas

Binarizaçãoda imagem

Fotogrametria

Avaliaçãoda intensidade

Definiçãode classes

Pós--processamento

Campo dedeslocamentos

Avaliação darugosidade

Análiseespectral

Identificaçãode fissuras

Campo dedeformações

Avaliação dacor e textura

Classificaçãoespectral

Mapa Finalde Danos

Requisitosde Restauro

> Figura 1: Fluxograma do método proposto: Monitorização Inteligente do Estado de Conservação do Betão - ICHM.

> Figura 2: Aplicação do MCRACK na fase de rotura do ensaio push-off: (a) imagem RGB; (b) padrão de fissuração.

> Figura 3: Monitorização da fissura f1 no ensaio push-off com o MCRACK: (a) perfil da fissura; (b) medição da largura, área e comprimento.

> 1

Fase de rotura

Tempo (min)

Área

/com

prim

ento

Larg

ura

área (mm2)

comprimento (mm)

largura (mm)

0 5 10 15 20 25 30

200

150

100

50

0

4

3

2

1

0

(a) (b)

Page 28: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

património em betão

26_cm

> 5

> 4

tro dos alvos, em várias fases do ensaio; (4)

determinação do campo de deslocamentos;

(5) determinação do campo de deformações;

e (6) avaliação da largura média das fissuras.

Este método foi validado através dos ensaios

push-off anteriormente mencionados (Fig.

2(a)). Os resultados que de seguida se apre-

sentam são igualmente referentes ao ensaio

referido na secção anterior. Ilustram-se, na

Fig. 4, o mapa da extensão principal máxima na

rotura, o padrão de fissuração registado ma-

nualmente e dois pormenores do provete. No

primeiro mapa, incluem-se ainda as direções

principais de deformação (a preto, a máxima,

a vermelho, a mínima). Como se pode verificar,

e como seria de esperar, existe uma forte

correlação entre as direções principais de de-

formação e a orientação das fissuras. É ainda

possível determinar a largura total das fissuras

ao longo de um determinado perfil (Fig. 5). No

exemplo, esta foi calculada ao longo de um

perfil vertical 1-1’ (ver Fig. 4(a)) e comparada

com a aplicação do MCRACK, obtendo-se uma

elevada correlação (R2=0.995).

Com o visual-DSC é possível monitorizar ensaios

até à rotura, ultrapassando as limitações identi-

ficadas nos métodos tradicionais. O visual-DSC

provou ser capaz de caracterizar os campos de

deslocamento e de deformação, num número

praticamente ilimitado de pontos pré-definidos,

sem as restrições típicas de colocação de LVDTs

ou extensómetros. O tratamento da informação

é processado de forma automática, sendo apre-

sentados mapas de resultados extremamente

completos e graficamente elucidativos.

2.3. surFCrete

O SURFCRETE utiliza análise multiespectral de

imagem para identificar anomalias e diferentes

materiais em superfícies de betão, utilizando

os espectros visível (RGB – Red, Green, Blue) e

infravermelho próximo (NIR – Near Infra-Red).

O método SURFCRETE inclui as seguintes

etapas principais: (1) aquisição de imagem;

(2) definição das classes e sua nomenclatura;

(a) (b) (c)

> Figura 4: Aplicação do visual-DSC na fase de rotura do ensaio push-off: (a) extensão principal máxima; (b) mapa de fissuras; e (c) detalhes #1-2.

> Figura 5: Extensão principal máxima medida ao longo do perfil 1-1’.

> Figura 6: Aplicação do SURFCRETE num muro de betão aparente: (a) imagem RGB (321); (b) mapa de caracterização da superfície de betão.

> 6

A M C BCl BCd

Page 29: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_27

(3) definição de uma amostra estratificada por

classe; (4) definição de áreas de treino repre-

sentativas das classes; (5) análise espectral;

(6) classificação soft ao nível do pixel; (7)

avaliação dos classificadores; (8) avaliação

da incerteza da classificação; (9) definição

das áreas de referência; e (10) avaliação da

exatidão da classificação.

Após a aquisição das imagens (RGB e NIR) é

definida a nomenclatura das classes, etapa

que requer uma análise prévia da imagem. No

passo seguinte, é selecionada a área de treino,

seguida de uma análise espectral (etapas 3 e

4). Este é um processo iterativo que termina

quando os resultados da separabilidade espec-

tral entre classes são consistentes com os cri-

térios do utilizador. A seguir, a classificação da

imagem exige a definição do classificador, cuja

seleção adequada requer a sua avaliação. Esta

implica a seleção de um conjunto de dados da

amostra (teste 1), semelhante à área de treino

(etapa 6). Finalmente, é essencial avaliar a exa-

tidão da classificação (etapa 7). Isto envolve a

seleção de um conjunto de pixéis de referência

(teste 2), obtidos por amostragem aleatória

estratificada e assumidos como ground truth.

Como caso de estudo, foi avaliado um muro de

betão à vista. Na Fig. 6 apresenta-se este ele-

mento e o respetivo mapa de caracterização,

obtido com uma exatidão global de 82%.

2.4. aesthetic-CCs

O desenvolvimento de argamassas de repara-

ção com requisitos especiais de cor e textura,

tendo por objetivo o restauro de construções

classif icadas, em betão à vista, está atu-

almente em curso por parte dos autores. O

método Aesthetic-CCS visa caracterizar estas

argamassas, assim como as superfícies de

betão onde as mesmas serão aplicadas. A

metodologia consiste nos seguintes passos

principais: (1) aquisição de imagem; (2)

identificação de áreas intervencionadas; (3)

caracterização do betão do substrato através

de DIP e definição dos requisitos da argamassa

a aplicar; (4) remoção da argamassa inade-

quada; (5) aplicação da argamassa formulada

com requisitos cromáticos personalizados; (6)

aquisição de imagem e avaliação do sucesso

da intervenção.

Na Fig. 7(a) são apresentados cinco prove-

tes, relativos a cinco argamassas distintas,

produzidas com diferentes percentagens de

pigmento. As suas características de cor foram

obtidas diretamente por aplicação do método.

As imagens foram captadas em condições de

luminosidade controladas, sendo ainda colo-

cada uma palete de cores padrão junto dos

provetes, de forma a normalizar os valores.

A campanha de ensaios laboratoriais, realiza-

dos com diferentes argamassas de reparação,

encontra-se ainda em curso. Atualmente, a afe-

rição da cor da argamassa está em processo

final de calibração, estando a ser programados

ensaios de envelhecimento acelerado das

argamassas desenvolvidas. Na Fig. 7(b),

apresenta-se um gráfico com o valor médio de

intensidade da cor. Da sua análise, constata-se

que existe uma correlação entre o aumento

de pigmento utilizado na amassadura e a

intensidade da cor. De referir ainda que serão

induzidas diferentes texturas e outros tipos de

acabamentos nas argamassas aplicadas, com

a finalidade de melhor aproximar o resultado

final da informação cromática do substrato,

captada pelo olho humano.

3. Caso de estudo – Fundação Calouste

gulBenKian

Os edifícios da Fundação Calouste Gulbenkian

(FCG) em Lisboa representam um exemplo

notável do “Património em Betão” nacional,

sendo a primeira construção do século XX

classif icada pelo Instituto Por tuguês do

Património Arquitetónico (IPPAR). Por estas

razões, foram adotados como caso de estudo

para testar o ICHM.

O estudo efetuado englobou a inspeção visual

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Page 30: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

património em betão

28_cm

> 7

detalhada, a realização de ensaios NDT in situ e

de ensaios laboratoriais complementares, além

da aplicação do ICHM em áreas selecionadas

como críticas4. Da inspeção concluiu-se não

existirem anomalias estruturais significativas.

As reparações pontuais (patch repair) efetu-

adas em alguns elementos estruturais cons-

tituem a única exceção de relevo. Decidiu-se

utilizar, nestas zonas, uma combinação de dois

módulos do ICHM: SURFCRETE e Aesthetic-CCS.

O primeiro, visa a identificação e quantificação

das áreas reparadas de forma inadequada e, o

segundo, visa a definição dos requisitos cromá-

ticos da argamassa de reparação.

A substituição das argamassas de reparação

implica o estudo prévio e individual das áreas

a restaurar. O procedimento a seguir inclui os

seguintes passos: (1) identificação, com o

SURFCRETE, de áreas reparadas; (2) caracte-

rização da cor e textura do betão nessas áreas;

(3) formulação da argamassa de reparação

mais adequada a cada zona, tendo em conta

os requisitos de cor e textura do substrato,

assim como a evolução das suas caracterís-

ticas cromáticas no tempo; e (4) aplicação da

argamassa de reparação, com acabamento

idêntico ao do betão do substrato. A Fig. 8

ilustra o resultado do primeiro passo do mé-

todo, através da identificação das áreas com

argamassa de reparação a substituir. Após

testes em laboratório, a argamassa de repa-

ração será aplicada numa área teste da FCG,

com vista a estudar o seu comportamento ao

longo do tempo.

4. ConClusões

O método proposto, ICHM, inclui vários mó-

dulos, de forma a dar uma resposta completa

no âmbito da conservação de construções de

betão, desde a inspeção e identificação de

anomalias, até à definição das intervenções

mais adequadas.

Os testes realizados permitem afirmar que o

ICHM possibilita caracterizar de forma auto-

mática e contínua a patologia do betão, de-

monstrando ser robusto, fiável e preciso, além

de apresentar uma relação custo-benefício baixa. Adicionalmente, o ICHM permite monitorizar o

comportamento estrutural de modelos ensaiados em laboratório, ultrapassando as principais

limitações dos métodos tradicionais, e fornecer informação adicional.

5. agradeCiMentos

Os autores agradecem o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), através da bolsa de

doutoramento com referência SFRH / BDE / 15660 / 2007 e da firma Eugénio Cunha & Associados,

Lda (EC+A), cofinanciadora da mesma. Os agradecimentos são extensivos à Fundação Calouste

Gulbenkian, pelo apoio dado na ìnspecção e investigação realizadas.

ReFeRências1 valença, J., Júlio, e., araújo, H. “intelligent Concrete Health Monitoring (iCHM): an innovative Method for Monitoring

Concrete structures using Multi spectral analysis and image Processing”. 8th fib Phd symposium, June 20 – 23. 20102 valença, J., dias-da-Costa, d., Júlio, e. “development of a Method for Crack Characterization using image Processing of

Concrete surface”. 13th structural Faults and repair 2010, 15-17 June. 20103 dias-da-Costa, d., valença, J., Júlio, e. “laboratorial test monitoring applying photogrammetric post-processing procedures

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6 otsu, n. “a threshold selection method from gray-level histogram”. IEEE Transactions on System Man Cybernetics sMc-9:

62-66. (1979)

> Figura 7: Aplicação do Aesthcrete-CCS: (a) argamassas de reparação produzidas; (b) estudo da cor.

> Figura 8: Aplicação do SURCRETE para detecção e quantificação das áreas reparadas.

> 8

Argamassa de reparação

Betão

Betão e/ou reparações antigas

Juntas e vazios

Percentagem de pigmento

0.00% 0.05% 0.10% 0.15% 0.20% 0.25% 0.30%

Média

Mín.

Máx.

1.20

1.00

0.80

0.60

0.40

0.20

0.00

Inte

nsid

ade

de P

ixei

s

R2 = 0,9976

1.020.83 0.75 0.72 0.71

Page 31: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

> Figura 7: Aplicação do Aesthcrete-CCS: (a) argamassas de reparação produzidas; (b) estudo da cor.

> Figura 8: Aplicação do SURCRETE para detecção e quantificação das áreas reparadas.

Page 32: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

30_ 33

construção em Portugal durante o século XX.

Ou seja, se esse foi o século em que mais se

construiu (o XXI está ainda a começar), pode

considerar-se Portugal um país de betão. Das

obras extraordinárias de Edgar Cardozo ao

legado singular de Álvaro Siza – cujo momento

maior das Piscinas de Leça ombreia com a

proeza técnica de Segadães Tavares na pala

de Lisboa – até tantas outras obras de grande

qualidade feitas por arquitetos e engenheiros

menos badalados na imprensa, há um vasto

património recenseado ou em vias de recensão

que se encontra sob ameaça. A ameaça não é

a sua degradação – o betão não desmorona

na primeira ocasião e a ruína é um espaço

fascinante – mas é, sobretudo, o modo trágico

de renovação a que pode ser sujeito. Veja-se a

capacidade destrutiva dos sucessivos planos

de requalificação do centro do Porto que, sob

a égide do restauro (geralmente em betão),

têm apagado sucessivamente as qualidades

únicas da cidade.

A questão é complexa. Têm havido tantos de-

bates, o assunto tem sido discutido à exaus-

tão e, nem assim, se impedem os maiores

desastres de acontecerem à frente de todos.

Essa incapacidade talvez se deva ao facto de

esses debates não serem capazes de trazer

uma luz homogénea e amplamente partilhada

sobre o assunto. Ou de serem conduzidos num

campo distinto das práticas de construção e

transformação da cidade. Quem sabe? O que

é certo é que pugnar pelo uso de critérios

substancialmente indefinidos de qualidade,

O Estádio de Braga, um colosso de betão

armado projetado pelo nosso mais jovem

Prémio Pritzker, Eduardo Souto de Moura, foi

classificado como património pelo IPPAR no

momento da sua inauguração. O antigo treina-

dor da equipa de futebol do Sporting Clube de

Braga, Domingos Paciência, reconheceu essa

qualidade mágica que a arquitetura pode ter

na prática do futebol: Os jogadores que vêm cá

jogar é que ficam muito tempo a olhar para o

ar, para os cabos que ligam os tectos das duas

bancadas. Alguns tentam mesmo pontapear a

bola, a ver se conseguem chegar com ela aos

cabos, mas não conseguem.1 Esta explicação

é clara para demonstrar o que pode ser, ou não,

património arquitetónico: o fascínio que as

obras provocam em quem as habita, fascínio

que é incompreensivelmente inatingível de

uma forma física. Ora, se no caso das obras

de Eduardo Souto de Moura este fascínio

corresponde também a um padrão elevado da

cultura arquitetónica, e por isso partilhável

no interior de uma disciplina específica e da

cultura coletiva, há muitas obras cujo fascínio

se restringe a apenas alguns.

Este não é o momento para estar a discutir

conceitos de património. Mas, para compre-

ender o que pode ser, ou não, património em

betão armado, há que ter noção de estarmos

a tratar, talvez, do material mais usado na

30_cm

em geral, tem trazido bons resultados e,

pelo contrário, pugnar por critérios claros e

objetivos de eficácia tem trazido péssimos

resultados. Recordem-se os numerosos res-

tauros polémicos – mas bem sucedidos – da

dupla Eduardo Souto de Moura e Humberto

Vieira (1946-2002 ), cujo tempo das obras

não se compadeceu com ritmo frenético de

calendários compactos, e compreenda-se

essa dimensão ambígua necessária na requa-

lificação e reutilização do património.

Onde está O betãO armadO?

O principal problema da identificação de um pa-

trimónio em betão armado é a sua invisibilida-

de. Se para obras que merecem atenção pelas

suas qualidades arquitetónicas ou estruturais

é relativamente fácil identificar esse patrimó-

nio, em geral por via da autoria, o mesmo não

acontece para obras cujas qualidades não são

tão visíveis. E isso é o que acontece com as

primeiras obras de betão armado em Portugal.

Por razões várias convencionou-se que o

betão armado fez história a partir da política

de infraestruturação do país no momento

da constituição do Estado Novo, nos anos

tr inta. Os Liceus de Beja e Coimbra, por

exemplo, são os exemplos clássicos dessa

afirmação de uma arquitetura capaz de se

representar moderna, de betão. Haveria

alguns precursores, nos anos vinte, como

seriam os exemplos dos Grandes Armazéns

património em betãoficar muito tempo a olhar para o arnotas sobre o património em betão armado na arquitetura portuguesa

andré tavares

Arquiteto

1 Domingos Paciência citado em Sérgio ANDRADE, Alexandra

Prado COELHO, Cláudia CARVALHO, «Reações à escolha do

arquiteto portuense» in Público, 28 de março de 2011.

Page 33: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_31

Nascimento, no Porto, (hoje completamente

abastardados) ou da Clínica Heliântia de Fran-

celos (que já viu melhores dias), tidas como

obras pioneiras apesar de concessões a um

ecletismo “pouco sério”. Nos anos cinquenta

e sessenta essa presença diversificou-se,

com o reconhecimento de obras modernas e

de revisão crítica, de autores como Rui Athou-

guia (1917-2006) ou Nuno Teotónio Pereira e

do seu atelier. Todo esse processo está bem

identificado em várias publicações e ações

institucionais, incluindo a viagem peculiar

da arquitetura portuguesa nos anos setenta

e oitenta, até à sua celebração conjunta com a

reinfraestruturação do país nos anos noventa

com o seu culminar no diamante holandês na

Casa da Música, no Porto.2

O que não se conhece, porque é mais difícil

de identificar, é a presença fundamental de

um betão anónimo, um conjunto de práticas

menos celebradas pela historiografia e que

foram capazes de formar um certo modo de

construir. Será que se devem constituir como

património? Provavelmente não serão capazes

de nos deixar aturdidos a pontapear bolas sem

destino, mas constituem um registo físico de

uma forma de fazer e de uma transformação

nas práticas da construção que, essa sim,

convém não esquecer.

possuir os requesitos apontados, não

é necessário que o carpinteiro seja de

primeira ordem, pois o seu trabalho se

reduz quási sempre a serrar e pregar tá-

buas, raramente fazendo uso da plaina, as

mais das vezes desbastando a enxó. Com

um carpinteiro e trabalhadores geitosos

executam-se todas as moldagens, sob as

indicações do mestre geral. Do mesmo

modo não se torna necessário um ferreiro

(…), pois o que se lhe exige é curvar, cortar,

espartilhar, abrir unhas, etc., em barras

ou varões de ferro, além de saber aguçar

e calçar as ferramentas, etc. O pedreiro é

também dispensável pois para o fabrico

de beton bastam serventes com prática

de amassar cimento.3

Ou seja, Portugal, tal como a maioria dos ter-

ritórios coloniais, era um território apetecível

para a aplicação e exportação do conhecimen-

to que se acumulava nas metrópoles. Bem

vistas as coisas, qualquer um pode construir

em betão armado, desde que haja alguém que

indique, com alguma margem de segurança,

quais as proporções certas de ferro e cimento.

As patentes de diferentes formas de construir

em betão proliferaram ao longo do século XIX,

são incontáveis. Mas entre elas distinguiu-se a

Onde estava O betãO armadO?

O betão armado apareceu em Portugal no final

do século XIX em concorrência direta com a

construção metálica. Há notícias vagas, que

ainda convêm ser exploradas, da presença

de concessionários de patentes britânicas

e francesas a construir e a mostrarem-se

presentes em Portugal. Não seria de esperar

outra coisa, a dinâmica de infraestruturação do

país durante o século XIX, de que as obras de

Gustave Eiffel davam notícia pela Europa, agu-

çou o apetite de muitos investidores. Portugal

seria um local ideal para a expansão do betão

armado: bem servido por acessos marítimos

o país oferecia a possibilidade de colocar lo-

calmente, com baixos custos de transporte, o

cimento e o aço – matérias-primas produzidas

por indústrias pesadas onde se geravam mais

valias significativas.

A inteligência e o sucesso do betão ficaram a

dever-se a um binómio muito eficaz: a centra-

lização da produção industrial pesada (ferro e

o cimento) e do conhecimento especializado

(a conceção e o cálculo) e a descentralização

da aplicação graças ao uso de técnicas cons-

trutivas muito rudimentares. Como explica

Jorge Segurado no seu manual de construção

publicado por volta de 1918:

O pessoal operário não precisa ser es-

pecializado (…) se o encarregado geral

Moagens Harmonia, Cova da Piedade, 1896, Jacques Monet1.º concessionário Hennebique em Portugal. © CAA-XX/IFA, Paris.

2 Para estas obras consultar a pequena bibliografia incluída

no final do artigo.

3 Jorge SEGURADO, Cimento Armado, Lisboa, Aillaud e Ber-

trand, [1918], pp.561-562.

Bombeiros do Porto, Rua da Constituição, 1903. Moreira de Sá & Malevez.© CAA-XX/IFA, Paris.

Page 34: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

património em betão

32_cm

patente Hennebique, a cuja astúcia técnica da

“invenção” do estribo (e como consequência a

conquista de uma grande economia de mate-

rial e simplificação da aplicação em obra) se

associou uma proverbial intuição comercial.

Hennebique não é construtor, uma frase que

figurava em toda a sua extensa campanha

publicitária, insistia nessa componente ori-

ginal da sua atividade: Hennebique era um

“escritório técnico” com sede em Paris e com

concessionários locais espalhados por todo o

mundo. Concessionários com capacidade de

atuar localmente com alguma independência.

Essa estratégia fez com que fosse capaz de

agrupar um palmarés invejável de recordes e

conhecimentos técnicos que, com um sistema

publicitário poderoso, migravam com grande

facilidade a partir de Paris.

A fábrica de moagens Harmonia, construída

em 1898 na Cova da Piedade, em Almada, é

um primeiro exemplo de dimensão assinalável

dessa presença em Portugal. Construída pelo

primeiro concessionário Hennebique em Lis-

boa, Jacques Monet, a fábrica poderia constar

entre os edifícios pioneiros de Lille e Swansea

que foram publicados na revista Le béton

armée em 1896. Mas foi sobretudo a partir

de 1903, quando o segundo concessionário

Moreira de Sá & Malevez construiu no Porto

uma torre de exercícios para bombeiros, que

teve início uma expansão muito particular do

betão armado em Portugal. Espalhadas por

Portugal inteiro, cubas de vinho, depósitos de

água, torres de catedrais, lajes de sanatórios,

padieiras de janelas anónimas, cúpulas de

termas eruditas, pilares de pontes, silos e

pontões, enfim, uma infinidade de pequenas

obras foram construídas em betão armado,

de Vila Real de Santo António a Mirandela, de

Penacova a Lisboa.

Essas obras revelam-nos pistas muito curiosas

para compreender o que se passou em Portugal

na prática da construção até à Grande Guerra.

Ou seja, ao contrário do que nos informa a his-

toriografia da arquitetura, estavam em campo

práticas tecnológicas desestabilizadoras da

construção corrente que explicam algumas

particularidades e especificidades da cultura

portuguesa. Um exemplo que do ponto de vista

do património começa a ser tarde para defen-

der, e que é exemplo do percurso que essas

dinâmicas vieram a tomar alguns anos mais

tarde, é a transformação da cidade do Porto

através da modificação dos hábitos domésti-

cos dos anos vinte aos anos quarenta, como

tão bem nos mostrou Manuel Mendes.4 Essas

obras iniciais do betão armado não se oferecem

a uma compreensão feita à luz de parâmetros

estritamente formais, ou da sua relevância tu-

telar no debate da arquitetura e da construção.

Contudo, o facto de serem generalizáveis a todo

o território e de terem sido postas em prática

por uma mão de obra bastante desqualificada,

explicam-nos modificações para as quais não

temos estado atentos.

O exemplo da torre de exercício dos bombeiros

do Porto, construída em 1903 no Porto, é disso

um bom exemplo: não é possível ler, na crueza

funcional da sua construção, a independência

do sistema estrutural de betão armado em

relação ao enchimento dos planos de parede,

tal como preconizava Auguste Perret? Ou

o exemplo insólito das operárias do betão

armado, que construíram a ponte de Oliveira

de Frades, uma obra pioneira hoje em risco

de submergir sob a empreitada de mais uma

barragem no rio Vouga. O que faziam mulheres

num estaleiro de obra? Ou o exemplo, já destru-

ído, dos torreões da Catedral de Lisboa. Seria o

betão armado um sistema “sem dignidade” se

foi usado no restauro de um monumento com a

importância simbólica da Sé de Lisboa? Enfim,

estas e tantas outras interrogações fazem-nos

perguntar pela oportunidade de preservar,

mas sobretudo de identificar e conhecer, um

património anónimo que jaz latente em todo o

território português.

Esse património salta à vista nas ocasiões

mais inusitadas, e sob as formas mais extraor-

dinárias. Ao entrar em Setúbal um incrível mira-

douro, juntamente com um solário construído,

aparentemente, num sistema distinto do de

Hennebique, jaz à espera de uma demolição

eminente. Em Castro Verde, com um estatuto

mais digno, um mirante insinua-se na rua Fia-

lho de Almeida. Em Angra do Heroísmo, o Banco

de Portugal é outro exemplo notável de como

o novo sistema construtivo despoletou expe-

riências e ensaios inovadores. E a história do

betão armado, que esses edifícios escondem,

também nos ensina coisas estranhas sobre o

modo como evoluíram as práticas construtivas

e a cultura portuguesa.

A descoberta desse universo está ainda por

fazer.

Catedral de Lisboa, construção dos torreões em betão armado, Moreira de Sá & Malevez.© CAA-XX/IFA, Paris.

Setúbal, 2005. © André Tavares.CAA-XX/IFA, Paris. / Fonds Hennebique. Centre d’Archives d’Architecture du XXéme siècle, Institut Français d’Architecture, Paris.

4 Ver bibliografia.

Page 35: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_33

As operárias do betão armado. Construção da Ponte Bandeira Coelho, em Sejães, Oliveira de Frades, sobre o Rio Vouga. Moreira de Sá & Malevez, 1906.© CAA-XX/IFA, Paris.

SOBRE AS ORIGENS DO BETãO ARMADO

– Cyrille SIMONNET, Le béton, histoire d’un

matériau, Paris, Parenthèses, 2005.

– Gwenaël DELHUMEAU, L’invention du béton

armé, Hennebique 1890-1914, Paris, Norma,

1999.

– Réjean LEGAULT, Gwenaël DELHUMEAU, Jac-

ques GUBLER, Cyrille SIMONNET, Le béton en

représentation, la mémoire photographique

de l’entreprise Hennebique, Paris, Hazan-

Institut Français d’Architecture, 1993.

– Reyner BANHAM, A concrete Atlantis, U.S.

Industrial building and european modern

architecture, 1900-1925, Cambridge, mit

press, 1986.

– Peter COLLINS, Concrete, The vision of a new

architecture, a study of Auguste Perret and

his precursors, London, Faber & Faber, 1959.

SOBRE O BETãO ARMADO EM PORTUGAL

– André TAVARES, «The effects of concrete

on Portuguese architecture: the Moreira

de Sá and the Malevez case (1906-1914)»

in Proceedings of The Second International

Congress on Construction History, Vol. 3,

Construction History Society, 2006, pp.

3041-3059.

– António Carvalho QUINTELA, «Contribuição

para a História do Betão Armado em Portu-

gal: Primeiras Obras» in Revista Portuguesa

de Engenharia de Estruturas (LNEC), n.º 30,

ano x (1989), 1990.

– Carlos Antero FERREIRA, Betão: a idade

da descoberta, Lisboa, Passado Presente,

1989.

– Nuno PORTAS, «O ciclo do Betão Armado em

Portugal» in Arquitetura de Engenheiros,

séculos xIx e xx, participação portuguesa,

Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian,

1980.

SOBRE A ARQUITETURA PORTUGUESA

NO TEMPO DO BETãO ARMADO

– Manuel LACERDA, Miguel SOROMENHO, Ana TOS-

TÕES, (coord.), Arquitetura moderna portuguesa

1920-1970, Lisboa, IPPAR, 2003.

– Manuel MENDES, (In)formar a modernidade,

Arquiteturas portuenses, 1923-1943: morfolo-

gias, movimentos, metamorfoses, Porto, FAUP-

publicações, 2001.

– Jorge FIGUEIRA, Paulo PROVIDÊNCIA, Nuno GRANDE

(coord.), Porto 1901-2001, Guia de arquitetura

moderna, Porto, Civilização-OASRN, 2001.

– Annete BECKER, Ana TOSTÕES, Wilfred WANG (co-

ord.), Arquitetura do Século xx. Portugal, Munique-

Lisboa, Prestel-CCB, 1997.

– Nuno PORTAS, Manuel MENDES, Portugal: architec-

ture 1965-1990, Paris, Moniteur, 1992.

– Sergio FERNANDEZ, Percurso da arquitetura por-

tuguesa 1930-1974, Porto, FAUP, 1988.

– Pedro Vieira de ALMEIDA, «O “Arrabalde” do Céu»

in História da Arte em Portugal, A arquitetura mo-

derna, Vol. 14, Lisboa, Alfa, 1986, pp. 105-145.

– Nuno PORTAS, «A Evolução da Arquitetura Moderna

em Portugal: uma interpretação» in Bruno ZEVI,

História da Arquitetura Moderna, vol. II. Lisboa,

Arcádia, 1973.pistas bibliográficas

Dois exemplos de património anónimo em Portugal: Castro Verde e Setúbal © Panoramio/Google Maps

Page 36: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

34_ 39

tidos em conta os custos que uma eventual

ruína da estrutura acarretaria (Petcherdchoo

et al., 2008).

Os sistemas de monitorização do comporta-

mento assumem um papel da maior importân-

cia ao fornecerem informação aos modelos de

decisão que permitem calendarizar e tipificar

intervenções em obra, tendo em atenção as

condições de segurança e de durabilidade da

estrutura e a gestão otimizada dos recursos.

Conforme se representa esquematicamente

na Figura 1, o envelhecimento das estruturas

traduz-se numa redução progressiva das ca-

racterísticas do comportamento estrutural.

As intervenções de rotina para preservar o

comportamento expectável podem ter um

caráter preventivo (manutenção preventiva),

ou serem essenciais para manter a estrutura

dentro dos limites aceitáveis de segurança

1. Introdução

A avaliação das condições de utilização das

estruturas de engenharia civil constitui atual-

mente um dos maiores desafios, colocado às

entidades responsáveis pela sua exploração.

O envelhecimento das estruturas existentes e

as novas exigências funcionais e de segurança

obrigam ao desenvolvimento de estratégias de

intervenção em obra para que, com uma ges-

tão adequada dos recursos, seja assegurado

ou aumentado o período de exploração com

qualidade e eficiência económica.

Para que uma estrutura permaneça em serviço

em aceitáveis condições de segurança devem

ser contabilizados, além dos custos de inspe-

ção e monitorização, os custos decorrentes

das intervenções em obra, em particular de

manutenção e de reparação. Devem ainda ser

34_cm

(manutenção essencial).

Na monitorização do comportamento das es-

truturas, a medição das grandezas relevantes

é realizada em permanência com recurso a

sistemas que fazem parte integrante da es-

trutura. Na sua essência, estes sistemas são

constituídos por sensores, sistemas de aqui-

sição, de processamento e de armazenamento

de informação e sistemas de comunicação,

com elevado grau de automação, versatilidade

e flexibilidade (Bergmeister e Santa, 2001).

A sua integração na estrutura viabiliza o seu

acompanhamento permanente, medindo,

interpretando, sentindo a estrutura. É neste

contexto que se pode afirmar que, nos mais

recentes sistemas de monitorização, as estru-

turas são dotadas de sensibilidade.

Atualmente é possível o estabelecimento de

comunicação entre o sistema instalado na

património em betãoa monitorização das estruturas na conservação do património

Carlos Félix

LABEST – ISEP

[email protected]

Joaquim Figueiras

LABEST – FEUP

[email protected]

As estruturas de betão constituem um património de elevado valor, não só em termos históricos

e de investimento, mas também no suporte ao desenvolvimento tecnológico das organizações

e ao bem-estar da sociedade.

A construção de tais estruturas tem acompanhado e sustentado o desenvolvimento socioeco-

nómico do país, tendo experimentado um enorme desenvolvimento nas últimas décadas. A par

das estruturas mais recentes, o parque edificado conta ainda com outras bem mais antigas,

algumas das quais com mais de um século de existência. Para a conservação deste património

urge o desenvolvimento de metodologias de avaliação que prolonguem tanto quanto possível

o seu período de vida útil, em condições de economia e de segurança, adequando-o às mais

recentes exigências em termos funcionais.

os sistemas de monitorização disponibilizam atualmente meios inovadores que contribuem para

a avaliação das condições de segurança estrutural e da sua durabilidade e permitem aumentar

o conhecimento acerca do seu funcionamento, por via da aferição de modelos numéricos. tais

sistemas podem acompanhar todo o ciclo de vida útil da estrutura, desde a sua execução, fase

de exploração e eventuais fases posteriores de reabilitação e de reforço estrutural.

Este artigo resume algumas das técnicas de medição que mais recentemente têm sido aplicadas

à monitorização das estruturas de engenharia civil, contribuindo para que estes sistemas sejam

mais robustos e mais adequados às actuais exigências da gestão do património construído.

Page 37: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_35

estrutura e uma estação remota, viabilizando-

se deste modo a transferência, em tempo real,

de toda a informação disponível, para uma rede

global de informação.

Uma outra característica impor tante dos

sistemas de monitorização é a possibilidade

de gerarem sinais de alarme, quando de-

terminados parâmetros pré-definidos são

excedidos. Quando estes sistemas, além

destas características, têm poder decisório,

e podem intervir automaticamente nas estru-

turas, constituem a essência das designadas

“estruturas inteligentes”.

2. ComPonEntEs do sIstEmA

Os elementos que constituem os sistemas

de monitorização podem ser agrupados nos

seguintes subsistemas:

– Rede de sensores

– Unidades de aquisição de dados

– Unidade de comunicação

– Controlo, visualização e pós-processamento

A Figura 2 ilustra a integração dos diferentes

subsistemas num sistema de monitorização,

com a rede de sensores e o sistema de aquisi-

ção instalados em obra (ver Figura 3) e todo o

sistema de pós-processamento de dados lo-

calizado em gabinete (central de controlo). Um

módulo de comunicação remota estabelece a

ligação da obra à central de controlo.

Os circuitos de condicionamento e de conver-

são de sinal podem estar localizados juntos

dos sensores, ou concentrados na unidade

de aquisição. Na unidade central de processa-

mento é realizado o controlo local da aquisição

e o tratamento prévio das leituras, segundo

procedimentos automáticos estabelecidos

previamente por programação. Diferentes pro-

tocolos permitem o acesso local ou remoto ao

sistema de controlo e às leituras efectuadas,

como por exemplo, através de uma página Web

(ver Figura 4). O pós-processamento dos dados

é constituído por um conjunto de software de

> Figura 1: Reposição dos níveis de segurança estrutural (Santa e Bergmeister, 2000).

> Figura 2: Esquema geral de um sistema de monitorização.

> Figura 3: Unidades de aquisição instaladas em obra e cabos de ligação de sensores.

> Figura 4: Página Web de acesso a dados.

> 1

Para que uma estrutura permaneça em serviço em aceitáveis condições de segurança devem

ser contabilizados, além dos custos de inspecção e monitorização, os custos decorrentes das

intervenções em obra, em particular de manutenção e de reparação. Devem ainda ser tidos em

conta os custos que uma eventual ruína da estrutura acarretaria (Petcherdchoo et al., 2008).

Os sistemas de monitorização do comportamento assumem um papel da maior importância ao

fornecerem informação aos modelos de decisão que permitem calendarizar e tipificar

intervenções em obra, tendo em atenção as condições de segurança e de durabilidade da

estrutura e a gestão optimizada dos recursos. Conforme se representa esquematicamente na

Figura 1, o envelhecimento das estruturas traduz-se numa redução progressiva das

características do comportamento estrutural. As intervenções de rotina para preservar o

comportamento expectável podem ter um carácter preventivo (manutenção preventiva), ou

serem essenciais para manter a estrutura dentro dos limites aceitáveis de segurança

(manutenção essencial).

Figura 1 Reposição dos níveis de segurança estrutural (Santa e Bergmeister, 2000).

Na monitorização do comportamento das estruturas, a medição das grandezas relevantes é

realizada em permanência com recurso a sistemas que fazem parte integrante da estrutura. Na

sua essência, estes sistemas são constituídos por sensores, sistemas de aquisição, de

processamento e de armazenamento de informação e sistemas de comunicação, com elevado

grau de automação, versatilidade e flexibilidade (Bergmeister e Santa, 2001). A sua integração

na estrutura viabiliza o seu acompanhamento permanente, medindo, interpretando, sentindo a

estrutura. É neste contexto que se pode afirmar que, nos mais recentes sistemas de

monitorização, as estruturas são dotadas de sensibilidade.

Período de vida útil [anos]

Com

porta

men

to e

stru

tura

l

Ideal

Manutenção preventiva

Manutenção essencial

Limite de segurança

OBRA

REDE DE SENSORES

UNIDADE DE AQUISIÇÃO

SE

NS

OR

ES

CO

ND

ICIO

NA

ME

NT

O

CO

NV

ER

SO

R A

/D

UNIDADE CENTRAL DE PROCESSAMENTO

CONTROLO DA AQUISIÇÃO

PR

OT

OC

OLO

S D

E

CO

MU

NIC

ÃO

SISTEMA DE TRANSMISÃO

REMOTA

COMUNICAÇÃO

TRATAMENTO DE DADOS

REDE DE COMUNICAÇÃO

LOCAL

CONTROLO DA AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DE DADOS

AVALIAÇÃO E DETECÇÃO DE DANOS

GERAÇÃO DE ALARMES

CENTRAL DE CONTROLO

CONTROLO, VISUALIZAÇÃO E

PÓS-PROCESSAMENTO

> 2

> 3 > 4

Page 38: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

património em betão

36_cm

> 5

visualização, validação e interpretação das

medições efetuadas, que é complementado

por modelos numéricos de comportamento

estrutural e por modelos de gestão e de deci-

são (Sousa et al., 2011).

3. sEnsorEs Em FIbrA óPtICA

A tecnologia dos sensores em fibra óptica

foi inicialmente desenvolvida no seio da

indústria da aviação mas tem vindo a ser apli-

cada com sucesso ao domínio da engenharia

civil. Esta tecnologia apresenta inúmeras

vantagens de que se salienta a imunidade

aos campos electromagnéticos e a reduzida

perda de sinal. Em particular, nos sensores

que recorrem à modulação do comprimento

> Figura 5: Transdutores baseados em sensores em fibra ótica instalados na Ponte da Lezíria.

> Figura 6: Rede de sensores sem fios.

a) Transdutor de deformação

b) Transdutor de temperatura c) Transdutor de flechas

> 6

a) Transdutor de deformação

b) Transdutor de temperatura c) Transdutor de flechas

Figura 5 – Transdutores baseados em sensores em fibra óptica instalados na Ponte da Lezíria.

4. Sensores sem fios

Os sensores sem fios podem também vir a constituir uma alternativa à instrumentação

convencional, principalmente em obras de grandes dimensões e com elevado número de

secções instrumentadas. A cada sensor, ou conjunto de sensores, está associado uma estação

local que, alimentada por baterias, procede à interrogação dos sensores, à conversão e

armazenamento local do sinal e à sua transmissão em frequência para uma estação central (ver

Figura 6). Estes dispositivos podem ainda ser dotados de um receptor que permite o controlo

remoto do processo de medição. Apresentam como principais vantagens a facilidade de

instalação, de reparação ou de substituição. Contudo, a sua adopção nem sempre é possível

atendendo a que elementos estruturais maciços de grandes dimensões podem constituir um

sério obstáculo à transmissão do sinal.

Figura 6 Rede de sensores sem fios.

A frequência de transmissão e a potência do sinal destes sistemas, limitadas em termos legais

condicionam a distância entre transmissor e receptor. Nos sistemas actualmente disponíveis na

Europa é já possível atingir distâncias até 5km. Para distâncias superiores têm de ser utilizados

ESTAÇÃO CENTRAL

RS232/USB

ESTAÇÃO REMOTA

SE

NS

OR

ES

ESTAÇÃO REMOTA

SE

NS

OR

ES

de onda da luz, como é o caso dos sensores

de Br ag g. Não obs tante a conveniência

de se proceder à medição simultânea da

extensão e da temperatura, duplicando por

isso frequentemente o número de sensores,

estão facilitadas as técnicas de multiplexagem

espacial, podendo uma só fibra ser portadora

dos sinais de diversos sensores. A Figura 5

ilustra alguns dos sensores em fibra óptica

que têm sido utilizados na instrumentação de

estruturas (Rodrigues et al., 2011).

4. sEnsorEs sEm FIos

Os sensores sem fios podem também vir a

constituir uma alternativa à instrumentação

convencional, principalmente em obras de

grandes dimensões e com elevado número de

secções instrumentadas. A cada sensor, ou

conjunto de sensores, está associado uma

estação local que, alimentada por baterias,

procede à interrogação dos sensores, à con-

versão e armazenamento local do sinal e à sua

transmissão em frequência para uma estação

central (ver Figura 6). Estes dispositivos

podem ainda ser dotados de um recetor que

permite o controlo remoto do processo de me-

dição. Apresentam como principais vantagens

a facilidade de instalação, de reparação ou de

substituição. Contudo, a sua adopção nem

sempre é possível atendendo a que elementos

estruturais maciços de grandes dimensões

podem constituir um sério obstáculo à trans-

missão do sinal.

A frequência de transmissão e a potência do

sinal destes sistemas, limitadas em termos

legais condicionam a distância entre trans-

missor e receptor. Nos sistemas atualmente

disponíveis na Europa é já possível atingir

distâncias até 5km. Para distâncias superio-

res têm de ser utilizados repetidores de sinal.

Desenvolvimentos desta tecnologia (Krüger

e Grosse, 2004) têm permitido a construção

de sistemas de baixo consumo, com baterias

de maior duração, protocolos de comunica-

ção mais robustos e a custos cada vez mais

reduzidos.

5. monItorIzAção dA durAbIlIdAdE

A monitorização da durabilidade visa funda-

mentalmente, a avaliação da degradação das

propriedades do betão de recobrimento e o

controlo da corrosão das armaduras, permitindo

uma correta e atempada tomada de decisão no

caso de possíveis intervenções de reabilitação

(Figueiras et al., 2008). Na monitorização da du-

rabilidade podem ser observadas, entre outras,

as seguintes grandezas: potencial de corrosão;

resistividade do betão; velocidade de corrosão

instantânea; velocidade de corrosão “natural”.

Quando o sistema é instalado durante a fase

de execução da obra, utilizam-se sensores de

embeber no betão instalados na camada de

a) Transdutor de deformação

b) Transdutor de temperatura c) Transdutor de flechas

Figura 5 – Transdutores baseados em sensores em fibra óptica instalados na Ponte da Lezíria.

4. Sensores sem fios

Os sensores sem fios podem também vir a constituir uma alternativa à instrumentação

convencional, principalmente em obras de grandes dimensões e com elevado número de

secções instrumentadas. A cada sensor, ou conjunto de sensores, está associado uma estação

local que, alimentada por baterias, procede à interrogação dos sensores, à conversão e

armazenamento local do sinal e à sua transmissão em frequência para uma estação central (ver

Figura 6). Estes dispositivos podem ainda ser dotados de um receptor que permite o controlo

remoto do processo de medição. Apresentam como principais vantagens a facilidade de

instalação, de reparação ou de substituição. Contudo, a sua adopção nem sempre é possível

atendendo a que elementos estruturais maciços de grandes dimensões podem constituir um

sério obstáculo à transmissão do sinal.

Figura 6 Rede de sensores sem fios.

A frequência de transmissão e a potência do sinal destes sistemas, limitadas em termos legais

condicionam a distância entre transmissor e receptor. Nos sistemas actualmente disponíveis na

Europa é já possível atingir distâncias até 5km. Para distâncias superiores têm de ser utilizados

ESTAÇÃO CENTRAL

RS232/USB

ESTAÇÃO REMOTA

SE

NS

OR

ES

ESTAÇÃO REMOTA

SE

NS

OR

ES

Page 39: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_37

> 8

recobrimento e ligados à armadura. A Figura 7

ilustra um destes dispositivos, designado por

kit-sensor de corrosão, que integra um sensor

de corrente galvânica, um sensor elétrodo de

referência e um sensor de temperatura. A ins-

talação destes sensores na estrutura permite

monitorizar a entrada dos agentes agressivos

no betão de recobrimento, prever o período de

iniciação da corrosão e, após a despassivação

das armaduras, avaliar a velocidade com que

estas se corroem. A interrogação, aquisição e

transferência do sinal do kit-sensor de corrosão

é realizada de forma contínua e automática,

através de dataloggers específicos.

Quando se pretende instalar este sistema em

estruturas existentes, pode optar-se por son-

das circulares, sendo os eléctrodos dispostos

em torno de uma forma anelar. Os orifícios para

instalação destes sensores são abertos com

caroteadora, a seco, com diâmetro próximo do

diâmetro do próprio sensor, até à profundidade

correspondente ao recobrimento das armadu-

ras. Uma vez instalado o sensor, a folga deixada

livre entre o sensor e o orifício é preenchido

com uma argamassa de reparação adequada.

6. monItorIzAção dA InFrAEsCAvAção

A monitorização da infraescavação tem como

objetivo avaliar e acompanhar a evolução da

cota do leito do rio junto dos pilares de pontes

em resultado da acção erosiva da corrente

da água (Sousa et al., 2011). O sistema ge-

ralmente adotado para avaliar e acompanhar

a evolução da infraescavação assenta num

sensor conhecido pelo nome de sonar (ver Fi-

gura 8). O princípio de funcionamento do sonar

repousa na emissão de uma onda acústica, que

é emitida e se propaga na água do rio, é reflec-

tida quando atinge o seu leito e transmitida de

volta para o sonar. Conhecendo-se o intervalo

de tempo entre o instante em que a onda so-

nora é emitida e o instante que é recebida, e a

velocidade de propagação da onda sonora no

meio, determina-se a distância percorrida pela

onda sonora nesse meio (distância do sonar

ao leito do rio).

A existência dum escoamento demasiado

turbulento e a presença de bolhas de ar ou de

sedimentos em suspensão podem provocar

reflexões das ondas sonoras e falsear as me-

didas. A possibilidade de fixação de algas ou

de organismos sobre o emissor/recetor deve

ser avaliado porque pode igualmente falsear as

medições. Outros fatores afetam o resultado

da medição, como por exemplo, a temperatura

da água ou o teor em sal.

7. monItorIzAção dE dEsloCAmEntos

Com Gnss

A aplicação de sistemas de monitorização

estrutural baseados em sistemas globais de

navegação por satélite (GNSS) tem experi-

mentado mais recentemente grandes desen-

volvimentos (Fileno et al., 2009 e Cunha et al.,

2010), sobretudo devido às novas soluções

tecnológicas dos recetores, mais avançadas

mas também mais económicas, e ao desenvol-

vimento de modelos de processamento de si-

nal. Por outro lado, a programada colocação em

órbita de mais satélites, e a disponibilização

de mais informação a partir dos já existentes,

torna previsível uma utilização mais robusta,

mais fiável e mais alargada destes sistemas.

São sistemas de rádio-posicionamento de base

espacial que fornecem aos utilizadores um

serviço global de posicionamento e navegação.

A obtenção das soluções de posição e de tempo

são conseguidas através do processamento,

por recetores eletrónicos especialmente

concebidos, dos sinais rádio emitido pelos

satélites. Atualmente estão a operar dois sis-

temas, um norte-americano (o GPS – Global Po-

sitioning System, que se encontra a operar em

condições de pleno funcionamento) e o

a) Kit-sensor de corrosão instalado antes da betonagem b) Sensor de corrente galvânica

> 7

> Figura 7: Sistema de medição dos parâmetros de durabilidade.

> Figura 8: Sonar instalado em calha em maciço de fundação.

Page 40: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

38_cm

> 10> 9

outro russo (o GLONASS – Global Navigation

Satellite System, a operar já com 21 dos 24

satélites inicialmente previstos). Estão em

diferentes fases de desenvolvimento outros

sistemas GNSS, nomeadamente o GALILEO

(sistema europeu, ainda sem qualquer satélite

operacional no espaço) e o COMPASS-BEIDOU

(sistema chinês).

Em ensaios conduzidos em ambiente controla-

do, onde se estabeleceu a comparação entre os

deslocamentos medidos com um LVDT e com

um par de recetores GNSS (ver Figura 9),

obtiveram-se desvios inferiores a ±4mm.

Resultados de idêntica qualidade foram obti-

dos quando os dois receptores permaneceram

imóveis durante cerca de uma hora, tendo-se

às posições em bruto sido também aplicados

filtros de média móvel com amplitudes de 10

e 30 segundos (ver Figura 10).

A aplicação do sistema de monitorização com

base em GNSS está especialmente vocacio-

nado à medição de deslocamentos de pontos

em campo aberto, como é o caso de barragens,

de tabuleiros de pontes ou do topo de mastros

de pontes atirantadas, em que a precisão sub-

milimétrica não seja um requisito.

8. rEdE dE ComunICAção

As secções a instrumentar numa obra apre-

sentam frequentemente distâncias elevadas

entre si, tornando difícil e ineficiente a ligação

de cada transdutor a uma única central de ob-

servação. Nestas condições, o processo mais

adequado e robusto consiste na utilização de

módulos de aquisição de menores dimensões

distribuídos ao longo da obra, dotados de um

sistema de comunicação que permite a sua

interligação em rede. Este procedimento per-

mite, além de simplificar a instalação, evitar ou

reduzir significativamente o ruído e as perdas

do sinal eléctrico ao longo dos cabos de ligação.

Nestas configurações, os sistemas de aqui-

sição devem ter a possibilidade de comunicar

entre si em rede, utilizando para o efeito pro-

tocolos de comunicação correntemente utili-

zados na indústria, como a Ethernet ou RS-485.

> Figura 9: Comparação entre deslocamentos obtidos com um LVDT e um recetor GNSS.

> Figura 10: Comparação entre deslocamentos obtidos com um LVDT e um recetor GNSS.

> Figura 11: Esquema da rede local de comunicação em fibra ótica.

soluções tecnológicas dos receptores, mais avançadas mas também mais económicas, e ao

desenvolvimento de modelos de processamento de sinal. Por outro lado, a programada

colocação em órbita de mais satélites, e a disponibilização de mais informação a partir dos já

existentes, torna previsível uma utilização mais robusta, mais fiável e mais alargada destes

sistemas.

São sistemas de rádio-posicionamento de base espacial que fornecem aos utilizadores um

serviço global de posicionamento e navegação. A obtenção das soluções de posição e de tempo

são conseguidas através do processamento, por receptores electrónicos especialmente

concebidos, dos sinais rádio emitido pelos satélites. Actualmente estão a operar dois sistemas,

um norte-americano (o GPS – Global Positioning System, que se encontra a operar em

condições de pleno funcionamento) e o outro russo (o GLONASS – Global Navigation Satellite

System, a operar já com 21 dos 24 satélites inicialmente previstos). Estão em diferentes fases de

desenvolvimento outros sistemas GNSS, nomeadamente o GALILEO (sistema europeu, ainda

sem qualquer satélite operacional no espaço) e o COMPASS-BEIDOU (sistema chinês).

Em ensaios conduzidos em ambiente controlado, onde se estabeleceu a comparação entre os

deslocamentos medidos com um LVDT e com um par de receptores GNSS (ver Figura 9),

obtiveram-se desvios inferiores a ±4mm. Resultados de idêntica qualidade foram obtidos quando

os dois receptores permaneceram imóveis durante cerca de uma hora, tendo-se às posições em

bruto sido também aplicados filtros de média móvel com amplitudes de 10 e 30 segundos (ver

Figura 10).

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 600

30

60

90

120

150

Tempo [s]

Deslo

cam

ento

[mm

]

Comparação de deslocamentos

série GNSSsérie LVDT

Figura 9 – Comparação entre deslocamentos obtidos com um LVDT e um receptor GNSS.

Figura 10 – Comparação entre deslocamentos obtidos com um LVDT e um receptor GNSS.

A aplicação do sistema de monitorização com base em GNSS está especialmente vocacionado à

medição de deslocamentos de pontos em campo aberto, como é o caso de barragens ou de

tabuleiros e topo de mastros de pontes atirantadas, em que a precisão sub-milimétrica não seja

um requisito.

8. Rede de comunicação

As secções a instrumentar numa obra apresentam frequentemente distâncias elevadas entre si,

tornando difícil e ineficiente a ligação de cada transdutor a uma única central de observação.

Nestas condições, o processo mais adequado e robusto consiste na utilização de módulos de

aquisição de menores dimensões distribuídos ao longo da obra, dotados de um sistema de

comunicação que permite a sua interligação em rede. Este procedimento permite, além de

simplificar a instalação, evitar ou reduzir significativamente o ruído e as perdas do sinal eléctrico

ao longo dos cabos de ligação.

Nestas configurações, os sistemas de aquisição devem ter a possibilidade de comunicar entre si

em rede, utilizando para o efeito protocolos de comunicação correntemente utilizados na

indústria, como a Ethernet ou RS-485. A velocidade de transmissão pode afectar a frequência de

aquisição, razão pela qual alguns sistemas permitem o armazenamento local dos dados, que só

são transmitidos quando tal não afecte o seu desempenho.

construção em betão

> 11

A Figura 11 ilustra o esquema da rede de comunicação em fibra óptica utilizada na Ponte da

Lezíria. Nesta aplicação implementou-se uma solução em duplo anel, com foco no servidor

instalado em obra, e de duplo sentido, minimizando-se deste modo a possível interrupção da

comunicação aquando da eventual falha de um dos postos de observação.

Figura 11 – Esquema da rede local de comunicação em fibra óptica.

O desenvolvimento de soluções de comunicação tem potenciado a utilização de alarmes

quando os valores medidos ultrapassarem determinados valores limites previamente definidos

(ver Figura 12), e consistem essencialmente no envio de mensagens via e-mail e/ou SMS para

uma lista de contactos (dono da obra, projectista, etc.). São em geral definidos dois níveis de

alarme:

Níveis de vigilância, de cuja ocorrência resulta a necessidade de ser observado

com atenção o evoluir da situação;

Níveis de alerta, de cuja ocorrência poderá resultar a necessidade de

intervenção urgente na estrutura.

Figura 12 – Níveis de vigilância e de alerta para uma dada grandeza.

Funcionamento em serviço

tempo

Grandeza

Valor de referência

Nível de vigilância

Nível de vigilância

Nível de alerta (superior)

Nível de vigilância (superior)

Nível de vigilância (inferior)

Nível de alerta (inferior)

Asup

Vsup Sref Vinf

Ainf

PO1-V2N PO2-V2N PO2-PT PO3-PT PO1-V1S

PO1-V14S PO2-V14S

PO1-V2S

Rede cliente

PO1-PT

- Unidades de aquisição

ETH Servidor da Ponte

Page 41: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_39

A velocidade de transmissão pode afectar a

frequência de aquisição, razão pela qual alguns

sistemas permitem o armazenamento local

dos dados, que só são transmitidos quando

tal não afecte o seu desempenho.

A Figura 11 ilustra o esquema da rede de comu-

nicação em fibra óptica utilizada na Ponte da

Lezíria. Nesta aplicação implementou-se uma

solução em duplo anel, com foco no servidor

instalado em obra, e de duplo sentido, minimi-

zando-se deste modo a possível interrupção

da comunicação aquando da eventual falha de

um dos postos de observação.

O desenvolvimento de soluções de comuni-

cação tem potenciado a utilização de alarmes

quando os valores medidos ultrapassarem

determinados valores limites previamente

definidos (ver Figura 12), e consistem essen-

cialmente no envio de mensagens via e-mail e/

ou SMS para uma lista de contactos (dono da

obra, projetista, etc.). São em geral definidos

dois níveis de alarme:

– Níveis de vigilância, de cuja ocorrência re-

sulta a necessidade de ser observado com

atenção o evoluir da situação;

– Níveis de alerta, de cuja ocorrência poderá

resultar a necessidade de inter venção

urgente na estrutura.

Os níveis de alarme são em geral definidos

no Projeto de Execução em termos de valo-

res absolutos (como as cotas do leito do rio)

e em termos relativos (como por exemplo,

os deslocamentos em aparelhos de apoio).

Neste último caso deve ser estabelecido um

determinado valor de referência em relação

ao qual são observados desvios e gerados os

alarmes respetivos.

9. ConsIdErAçõEs FInAIs

Os sistemas automáticos de aquisição e de

processamento de dados disponibilizam in-

formação essencial acerca da segurança e da

durabilidade das estruturas, permitindo uma

gestão eficiente dos recursos em operações

de manutenção e de reparação. O desenvol-

vimento de sistemas de vigilância e de alerta,

com o estabelecimento de valores limites

para cada uma das grandezas monitorizadas,

constitui um avanço na direcção do desenvol-

vimento de estruturas inteligentes. A aplicação

de novos processos de medição e de novas

tecnologias à monitorização das estruturas,

primeiro em laboratório e depois em obra, tem

contribuído para que estes sistemas sejam

cada vez mais robustos e dotados de mais

potencialidades, e por isso mais apelativos e

úteis às entidades responsáveis pela gestão

do nosso património.

RefeRências

– PEtCHErdCHoo, A., nEvEs, l.C. and FrAnGoPol,

d.m.. – optimizing lifetime condition and reliability

of deteriorating structures with emphasis on bridges.

AsCE Journal of structural Engineering, 134(4):544-

552, 2008.

– sousA, Helder; FÉlIX, Carlos; bEnto, João; FIGuEIrAs,

Joaquim – design and implementation of a moni-

toring system applied to a long-span prestressed

concrete bridge. structural Concrete n. 14. doI:

10.1002/suco.201000014. Fev., 2011.

– rodrIGuEs, Carlos; FÉlIX, Carlos; FIGuEIrAs, Joaquim

A. – Fiber-optic-based displacement transducer

to measuring bridge deflections. structural Health

monitoring vol 10: pp. 147-156. march, 2011.

– KrÜGEr, markus; GrossE, Christian u. – structural

Health monitoring with Wireless sensor networks.

otto-Graf-Journal, vol.15, p.77-90. materials testing

Institute university of stuttgart, 2004.

– FIGuEIrAs, Helena; Coutinho, Joana sousa; AndrAdE,

Cármen; FÉlIX, Carlos – desempenho do Kit-sensor

de corrosão na monitorização da durabilidade de

estruturas de betão. bE2008 – Encontro nacional

betão Estrutural 2008. Guimarães, 5 a 7 de novem-

bro, 2008.

– FIlEno, bruno et al. – sistema Gnss para monito-

rização Permanente da Ponte vasco da Gama. 2º

Encontro nacional de Geodesia Aplicada. lnEC, 12-13

de outubro de 2009, lisboa.

– CunHA, Carlos; PEstAnA, António; FÉlIX, Carlos;

FIGuEIrAs, Joaquim – A utilização do Gnss na moni-

torização das estruturas. Encontro nacional betão

Estrutural 2010. lnEC, lisboa, 10 - 12 de novembro,

2010.

> 12

A Figura 11 ilustra o esquema da rede de comunicação em fibra óptica utilizada na Ponte da

Lezíria. Nesta aplicação implementou-se uma solução em duplo anel, com foco no servidor

instalado em obra, e de duplo sentido, minimizando-se deste modo a possível interrupção da

comunicação aquando da eventual falha de um dos postos de observação.

Figura 11 – Esquema da rede local de comunicação em fibra óptica.

O desenvolvimento de soluções de comunicação tem potenciado a utilização de alarmes

quando os valores medidos ultrapassarem determinados valores limites previamente definidos

(ver Figura 12), e consistem essencialmente no envio de mensagens via e-mail e/ou SMS para

uma lista de contactos (dono da obra, projectista, etc.). São em geral definidos dois níveis de

alarme:

Níveis de vigilância, de cuja ocorrência resulta a necessidade de ser observado

com atenção o evoluir da situação;

Níveis de alerta, de cuja ocorrência poderá resultar a necessidade de

intervenção urgente na estrutura.

Figura 12 – Níveis de vigilância e de alerta para uma dada grandeza.

Funcionamento em serviço

tempo

Grandeza

Valor de referência

Nível de vigilância

Nível de vigilância

Nível de alerta (superior)

Nível de vigilância (superior)

Nível de vigilância (inferior)

Nível de alerta (inferior)

Asup

Vsup Sref Vinf

Ainf

PO1-V2N PO2-V2N PO2-PT PO3-PT PO1-V1S

PO1-V14S PO2-V14S

PO1-V2S

Rede cliente

PO1-PT

- Unidades de aquisição

ETH Servidor da Ponte

> Figura 12: Níveis de vigilância e de alerta para uma dada grandeza.

Page 42: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

Qualidade comprovada da metso A Metso ganhou o contrato, apesar da forte concorrência de vários outros fornecedores nacionais e internacionais. A “Metso Crushing Systems Engi-neering”, situada em Mâcon, França, forneceu todo pacote de equipamentos com exceção da fabricação do sistema de tratamento de areias.

Qualidade e produção A reconhecida experiência da Divisão de Sistemas da Metso, atende as estritas especificações do cliente: −Umacurvadeareiaclassificada,comopontode150micronsentreoslimites

de 3% e 6%. −Seisprodutosfinaiscom100%passantenamalhasuperiore15%superior

á malha inferior.

automaçãoAMetsoesperaumganhomínimode20%naeficiênciaoperacionalemcom-paração com um sistema de controlo manual, além da qualidade do produto e redução de trabalho. Umavantagemadicionaléaautomatizaçãodosequipamentosvibrantesedebritagem que permite o controlo completo do fluxo de material e da operação. Umsistematotalmenteautomatizado(semoperador)decarregamentodecamiões,utilizandosilosequipadoscomsensoresdecarga,alimentadoresvibrantes para produtos grossos e portas elétricas para os produtos finos tambémfazpartedopacote.

Barragem do Baixo saBor (portugal)– uma instalação flexível de britagem e crivagem “Metso”, chave na mão, com650tphdeprodutosfinais0/150mm

a “Bento pedroso construções, s. a.”, pertencente ao grupo multinacional odebrecht, em conjunto com “lena engenharia e construções, s.a.”, assi-naram um contrato com a “edp (energia de portugal) ” para a construção do complexo hidroelétrico do Baixo sabor. a obra está localizada no distrito de Bragança, na província de trás-os-montes, região de alto douro. a construção está prevista para ser concluída em 60 meses e contará com uma potência máxima de 176 mW. o contrato prevê a construção de um arco de cimento convencional, represa dupla curvatura e outra do tipo gravidade que integram 3.200 metros de túneis. serviços de terraplanagem para movimentação de terras de 3.120,000 metros cúbicos de material e é esperado a utilização de 1.100,000 metros cúbicos de betão convencional.

PUBLI-REPORTAGEM

carlos esteves e gilles domBeY

MetsoMineralsPortugalLda.

[email protected]

a nova instalação da barragem do Baixo sabor pode produzir cerca de 650 tph de agregados de alta qualidade e areia.

Page 43: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

soluções sustentáveis e eco-eficiência, preocupação com o amBiente A instalação de britagem segue as normas de segurança locais e Europeias tanto mecânica como eletricamente em todos os equipamentos. −Sistemasdesupressãodepómolhado:porarcomprimidoeágua.−Coletadepósecoporextraçãoemequipamentos,crivosepontosdetrans-

ferência de areia. Crivos e transportadores cobertos. −Sistemasdelavagem:produtosfinaislavadosantesdoarmazenamento.

Ainstalaçãodebritageméconstruídanumazonaricaembiodiversidade,oquesignifica plena conformidade com a regulamentação ambiental.

processo Ainstalaçãodebritagemfoiprojetadaparaproduzir650tphdeprodutosfinaisqueirãoalimentaraCentraldeBetão.OssistemasdeengenhariadaMetsodimensionaramainstalaçãoparaatingiros750tph.Comotal,ainstalaçãoécapazdeproduzir30%de0.08-4.75areialavada,4%de0-4.75areiaseca,10%de4.75-9.5mm,14%de9.5-19mm,19%de19-37.5mm,11%de37.5-75mme12%de75-150mm.Oduplopostoprimárioéalimentadoaumritmode900tph.CadalinhaécompostaporumalimentadorvibranteVF561-2V,umcrivoescalpadorTK13-20-3VeumbritadordemaxilasC125.Ostock intermédiotem35000tonsdecapacidadetotal,quevaialimentarospostossecundárioeterciárioaumritmode750tphde0/300mm.Aestaçãodepré-crivagem

constituídaporumcrivoprimárioCVB2661-2Pcom16m2 de área e um crivo CVB1540-2com6m2deáreaeliminaosestéreis,alimentaomoinhocónicosecundárioHP500eosdoismoinhoscónicosterciáriosHP300.OmoinhocónicosecundárioHP500produzcercade520tphde0/75mm,ecadamoinhocónicoterciárioHP300produz300tphde0/30mm.AproduçãodeagregadoséclassificadaporumcrivosecundárioTS4.3com15m2 de área eporumcrivoterciárioTS5.3com20m2deárea.OpostoquaternárioBarmacB9150SEproduz350tphde0/20mmemcircuitofechadoa2mmcomduplaestaçãodecrivagemconstituídapordoiscrivosTS5.2.Todososprodutosfinaissão lavados(excetoareiaBCC0-4.75).Aestaçãode tratamentodeareiasáalimentadaaumritmode250tphparaproduçãode200tphdeareiaclassificadaBC0.075-4.75.OsoutrosprodutossãolavadospormeiodedoiscrivosCVB2050-2.AsestritasespecificaçõesdaEDPforamatendidas:

−SobreacurvadeareiaclassificadaBC,opontodifícilde150micronsestáentre os limites de 3 % e 6%.

−Asoutrascurvasdeprodutosatendemo100%passantenamalhasuperiore15%superioràmalhainferior.

As águas sujas são recuperadas e tratadas num clarificador. A instalação de britagemiráoperarcontinuamentedurante24meses.Serádepoisdesmon-tada para deixar espaço para a água da barragem que irá cobrir toda área.

Pela esquerda:

tiago cardoso-CustomerServiceSalesManager(MetsoPortugal)Joaquim mendes - Spot Service Metso

rui Jordão-SiteplantManager(ACE)José leite de sousa-MetsoIberiaManagerluis silva-PlantManager(ACE)eduardo diaz-SBLManagerforMetsoIberia.

www.metso.com

posto primário moinho cónico hp500

moinhos cónicos hp300 impactor vertical Barmac B9150se

Page 44: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

betão estrutural

A aplicação de materiais compósitos na cons-

trução civil tem sido cada vez mais frequente,

culminando o trabalho de investigação, de

desenvolvimento e de aplicações tecnológicas

que têm vindo a demonstrar, ao longo das últi-

mas três décadas, o seu potencial. Entre estes

tipos de materiais destacam-se os polímeros

reforçados com fibras (mais conhecidos pela

sigla FRP, da designação em língua inglesa Fi-

bre Reinforced Polymer) que são constituídos

basicamente por elementos resistentes (as

fibras) e pelos elementos que protegem as

fibras de eventuais degradações (formando a

matriz polimérica), sendo estes responsáveis

pela transferência das forças conduzidas nas

fibras para a estrutura envolvente. No âmbito

da indústria da construção civil os materiais

compósitos de FRP têm diversas aplicações,

entre outras, sob a forma de armaduras pas-

sivas internas ou externas, de armaduras

de pré-esforço, de perfis pultrudidos e, mais

frequentemente, sob a forma de laminados,

mantas e tecidos. De facto, o reforço e a

reabilitação de estruturas constituem um

dos principais sucessos da indústria destes

materiais na construção civil.

Os aspetos relacionados com a aplicação

de técnicas que permitam ultrapassar os

problemas levantados pela degradação das

estruturas, novas utilizações associadas a

aumentos de cargas para valores superiores

àqueles para as quais as estruturas foram

dimensionadas, têm sido cada vez mais

solucionados com recurso à utilização de

materiais compósitos de FRP, em alternativa

42_43

às soluções mais clássicas de colagem de cha-

pas de aço. A experiência acumulada nestes

últimos anos tem revelado que apesar destes

materiais compósitos serem usualmente mais

dispendiosos, apresentam contudo vanta-

gens associadas à maior durabilidade a longo

prazo e à redução muito substancial no peso,

em comparação com as soluções de reforço

com chapas de aço. Além disso, a facilidade

de colocação destes materiais compósitos

e a redução dos constrangimentos durante a

execução das obras, quer no tempo como no

espaço, permite atenuar o custo global quan-

do comparado com as técnicas tradicionais

(Figura 1).

Atualmente, a técnica de reforço mais utilizada

com materiais compósitos consiste na cola-

gem exterior de sistemas compósitos refor-

çados com fibras de carbono (correntemente

identificados por CFRP). Esta técnica tem sido

utilizada mais frequentemente no reforço à

flexão e ao corte de vigas e lajes, no reforço

à compressão de pilares (tirando partido do

efeito de confinamento) e na prevenção da

deterioração de chaminés, postes ou túneis

[1-3]. Mais recentemente têm sido desenvol-

vidas novas técnicas de reforço entre as quais

se destacam a fixação de laminados ou varões

de CFRP em ranhuras executadas na camada

de recobrimento das armaduras dos elemen-

tos de betão a reforçar (NSM – Near Surface

Mounted) [4] e a aplicação de laminados de

CFRP pré-esforçados [5].

A crescente popularidade na utilização dos

sistemas de CFRP no reforço de estruturas de

betão está relacionada com as propriedades

mecânicas das fibras (elevada resistência

e rigidez comparativamente ao seu peso), a

resistência à corrosão das resinas e à facili-

dade de aplicação. No entanto, tratando-se de

técnicas relativamente recentes, verifica-se

a existência de regulamentação escassa no

que diz respeito à especificação dos procedi-

mentos de dimensionamento e aplicação dos

materiais compósitos de FRP. Além disso, a

crescente oferta de sistemas compósitos de

FRP disponibilizada por um número cada vez

maior de fabricantes tem dificultado o estabe-

lecimento de consensos e sistematização dos

procedimentos para a execução de reforços

com recurso a estes sistemas. A fixação de

códigos normativos permitirá que se projete

estruturas de betão com materiais compósitos

de FRP com confiança acrescida, ultrapassan-

do algumas barreiras atualmente existentes.

Um número elevado de investigadores e de orga-

nizações têm vindo a trabalhar no processo de

integração destes materiais na engenharia civil.

Na América do Norte, tanto os Estados Unidos,

através do American Concrete Institute (ACI),

como o Canadá, através do Intelligence Sensing

for Innovative Structures (ISIS), apresentaram

documentos com propostas normativas para o

dimensionamento de sistemas de reforço com

compósitos de FRP colados exteriormente a

estruturas de betão armado [6, 7]. No Japão,

através do comité do betão da Japanese Society

of Civil Engineers (JSCE), foi editado em 2001

um documento contendo propostas de dimen-

sionamento que englobam a área do reforço, da

> Figura 1: Reforço à flexão e ao corte de uma viga de betão armado (retirado de [1]).

A APLICAÇÃO DE MATERIAIS COMPÓSITOS DE FRP EM ESTRUTURAS DE BETÃO

António Abel Henriques, Prof. Associado na FEUP, Investigador no LABEST

a) aplicação do adesivo no laminado b) colocação do laminado (reforço à flexão) c) dobragem da manta (para reforço ao corte) d) fase final da colocação do reforço

42_cm

Page 45: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

reabilitação e da durabilidade das estruturas

de betão armado, com especial atenção na

melhoria do desempenho do betão estrutural

às ações sísmicas através da adição de mantas

e tecidos de FRP [8]. Este documento da JSCE

inclui ainda recomendações sobre o manusea-

mento, transporte, armazenamento e aplicação

em obra, assim como, o tipo de ensaios a que os

materiais que compõem o sistema compósito

devem ser submetidos. Na Europa, inicialmente

através do Comité Euro-Internacional du Béton

(CEB) e posteriormente através da Fédération

Internationale du Béton (FIB), foi apresentado

um relatório técnico [9] que fornece critérios de

dimensionamento para a utilização de reforços

de FRP colados exteriormente a elementos de

betão armado, recomendações para aplicação

em obra e critérios controlo de qualidade. A

publicação recente da versão provisória do

código-modelo 2010 da FIB [10] contém

propostas normativas para a caracterização

mecânica dos materiais compósitos de FRP e

das características de interface com o betão.

Parece assim estar dado um passo importante

com vista à maior uniformização dos critérios

de dimensionamento e de verificação da segu-

rança das estruturas de betão com materiais

compósitos de FRP.

Em Portugal há três unidades de investigação

que têm vindo a estudar os vários aspetos

associados ao projeto de reforço de estrutu-

ras de betão armado com sistemas de FRP: o

LABEST - Laboratório da Tecnologia do Betão

e do Comportamento Estrutural, o ICIST - Insti-

tuto de Engenharia de Estruturas, Território e

Construção e o ISISE - Institute for Sustainabi-

lity and Innovation in Styructural Engineering.

Estas unidades de investigação poderão dar

uma contribuição importante para uma maior

implementação destes produtos na indústria da

construção, através do apoio ao estabelecimen-

to e divulgação de critérios de dimensionamento

e de procedimentos de aplicação normalizados

[11], tendo em conta a posição privilegiada junto

dos grupos de trabalho técnicos e científicos

ligados às instituições universitárias e privadas,

nacionais e internacionais, e aos fabricantes

deste tipos de sistemas. Prevê-se que num

futuro próximo a possibilidade de incorporar

materiais compósitos de FRP no projeto de es-

truturas de betão armado passe a ser tão usual

como é hoje o aço.

REFERÊNCIAS

[1] Azevedo D.M.M., “Reforço de estruturas de betão com colagem

de sistemas compósitos de CFRP. Recomendações para dimen-

sionamento”, Tese de Mestrado, Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto, 2008.

[2] Juvandes L.F.P., “Reforço e reabilitação de estruturas de betão

usando materiais compósitos de CFRP”, Tese de Doutoramento,

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 1999.

[3] Silva P.A.S.C.M., “Comportamento de estruturas de betão reforçadas

por colagem exterior de sistemas de CFRP”, Tese de Doutoramento,

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 2008.

[4] Sena Cruz J.M., “Strengthening of concrete structures with near-

surface mounted CFRP laminate strips”, Tese de Doutoramento,

Universidade do Minho, 2005.

[5] França P.M.M., “Reinforced concrete beams strengthened with

prestressed CFRP laminates”, Tese de Doutoramento, Instituto

Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, 2007.

[6] ACI Committee 440, “Guide for the design and construction of

externally bonded FRP systems for strengthening concrete

structures”, American Concrete Institute, ACI 440.2R-08, 2008.

[7] ISIS Canada, “Strengthening reinforcing concrete structures with

externally-bonded fibre reinforced polymers”, ISIS-M04-08, Cana-

dian Network of Centers of Excellence on Intelligent Sensing for

Innovative Structures, University of Manitoba, Winnipeg, 2008.

[8] JSCE, “Recommendations for upgrading of concrete structures

with use of continuous fiber sheet”, Japanese Society of Civil

Engineers, Concrete Engineering Series 41, 2001.

[9] fib - Federation Internationale du Béton, “Externally bonded FRP

reinforcement for RC structures”, bulletin 14, Lausanne, 2001.

[10] fib - Federation Internationale du Béton, “Model Code 2010 - First com-

plete draft”, Volumes 1 and 2, bulletins 55 and 56, Lausanne, 2010.

[11] Juvandes L.F.P., Marques N.A., “Reforço de estruturas por colagem

exterior de sistemas compósitos de FRP. Manual de procedimentos

de controlo de qualidade para construção”, LEMC - Laboratório de

Ensaios de Materiais de Construção, Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto, 2007.

PUB

C M Y CM MY CY CMY K

cm_43

Page 46: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

44_cm

44_45

O georadar é uma técnica de inspeção com

um enorme campo de aplicações [1]. A sua

capacidade para avaliar elementos enterrados

na maioria dos solos (em boas condições de

propagação) faz com que a sua utilização para

a deteção das fundações de diversos tipos

de estruturas seja natural [2]. As fundações

são o suporte de toda e qualquer construção,

sendo as responsáveis pela transmissão das

cargas e do peso da estrutura para o solo.

Portanto, do ponto de vista da segurança

das estruturas, a sua avaliação reflete-se

duma enorme impor tância. Tr atando-se

dum elemento enterrado, a sua avaliação é

geralmente realizada através da execução

de poços de inspeção, o que permite expor a

sistema utilizado. No entanto, esta situação

nem sempre é possível ou desejável. Nestes

casos, é conveniente a utilização duma ferra-

menta de deteção remota que permita obter

informação sobre as fundações sem que haja

a necessidade de escavação, tem sido nesse

sentido que tem sido utilizado o georadar.

A deteção de fundações através de georadar

é, em geral, função da profundidade a que

esta se encontra, pois tal facto influencia a

frequência, e portanto a antena, a utilizar. A

Tabela 1 apresenta as principais frequências

utilizadas na prospeção de elementos enter-

rados no solo. As propriedades dielétricas do

> Tabela 1: Profundidades médias atingíveis por frequên-

cias tipicamente utilizadas para a prospeção do subsolo.

solo e a velocidade de propagação da onda

apresentadas na Tabela 2 mostram que,

consoante o tipo de solo, a quantidade de

humidade e a condutividade, se atingem dife-

rentes profundidades. A profundidade máxima

em solos arenosos com a antena de 200 MHz

AvAliAçãO de fuNdAções ATrAvés dO geOrAdAr

Francisco M. Fernandes, isise, universidade lusíada de vila Nova de famalicão

alvenaria e construções antigas

pode ir aos 7 m, ou ficar pelos centímetros iniciais em solos saturados e argilosos, devido ao

facto da condutividade ser responsável pela absorção do sinal emitido.

> Tabela 2: Propriedades elétricas dos solos que afetam a velocidade de propagação e a transmissão no solo.

em estruturas de betão armado, as sapatas de fundação são geralmente retangulares, esten-

dendo-se para além da parede, ou pilar, mais de duas a três vezes a espessura desse elemento.

Na figura 1 pode observar-se um radargrama duma sapata de fundação de betão armado. Para

além da profundidade e do tipo de solo, a presença de lajes em betão armado entre a superfície

e a sapata podem impedir que o sinal emitido as alcance (ver figura 2), ou provocar ruído que

impeça a correta interpretação dos dados. de igual modo, a presença de infraestruturas para

a drenagem das águas residuais dificulta igualmente a obtenção de informação sobre as sa-

patas. O tipo de frequência utilizada nas várias antenas e a profundidade a que estão situadas

não permitem obter informação sobre as armaduras presentes, pois a resolução das antenas

tipicamente utilizadas para esta função é superior a 15 cm (500 MHz), sendo que este valor

aumenta significativamente com a profundidade e com a frequência.

As fundações de estruturas antigas de alvenaria diferem substancialmente das sapatas atuais

de estruturas de betão armado, sobretudo em termos de geometria. As estruturas de alvenaria

assentam, essencialmente, em muros enterrados, geralmente mais espessos que as paredes

exteriores. Nesse sentido, as fundações tradicionais em estruturas de alvenaria só podem ser

detetadas indiretamente através da análise das hipérboles geradas no início e no fim desses

maciços enterrados, conforme a figura 3 [3].

finalmente, esta técnica pode ser utilizada para verificar a existência efetiva de sapatas de

fundação. No caso de muros de divisão de terrenos, paredes de suporte de terras, etc. pode

> Figura 1: radargrama que ilustra a detecção duma sapata em betão armado (500 MHz).

frequência central

Profundidade de penetração

100 MHz 5 a 20 m

200 MHz 2 a 7 m

500 MHz 1 a 4 m

MaterialConstante dielétrica (ε

r) Condutividade elétrica (ms/m)

seco Húmido seco Húmido

solo arenoso 3-6 25-30 10-4-1 1-10

solo argiloso 3 8-15 1-10 102-103

granito 4-5 7-8 10-5 1

Page 47: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_45

acontecer não terem sido construídas sapa-

tas, quer por negligência dos profissionais,

quer por não terem sido tidos em conta situa-

ções futuras de mudança de uso/função dos

terrenos adjacentes. A figura 4 e a figura 5

ilustram duas situações onde não foram dete-

tadas fundações. Na primeira situação foram

detetadas as marcas de escavação em socal-

cos. No entanto, os sinais não são compatíveis

com a regularidade duma sapata de fundação.

A segunda situação é referente a uma parede

muito inclinada, onde o único sinal foi um sinal

horizontal, paralelo ao terreno, o que também

não corresponde a uma sapata visto que, por

questões de estabilidade, as sapatas devem

ser sempre horizontais.

A prévia deteção e avaliação das sapatas

de fundação duma estrutura é fundamental

para determinar a segurança atual da es-

trutura assim como a capacidade adicional

para aguentar alterações nas cargas regu-

lamentares em caso de mudança de função/

utilização ou no caso de aumento da estrutura.

O georadar permite, quando estão reunidas

condições adequadas, uma rápida avaliação

destes elementos de maneira não destrutiva

e, sobretudo, sem causar perturbações em

volta do local do ensaio.

REFERÊNCIAS

[1] Daniels, D.J. (2004). “Ground Penetrating Radar – 2nd Edition.”

Radar, sonar, navigation and avionics series 15, IEE, London,

UK, ISBN 0-86341-360-9, 726p.

[2] Tallini, M.; Giamberardino, A.; Ranalli, D.; Scozzafava, M.

(2004). “GPR survey for investigation in building foundations.”

10th International Conference on Ground Penetrating Radar,

Delft, The Netherlands.

[3] Alli, G. (2010). “Assessment of building foundations by GPR.”

Subsidence Forum Training Day, IDS Ingegneria Dei Sistemi

(UK) Ltd.> Figura 3: radargrama que ilustra a detecção duma sapata em estruturas de alvenaria, adaptado de [3].

> Figura 2: radargrama que ilustra a detecção duma sapata através duma laje em betão armado.

> Figura 4: radargrama que ilustra a detecção da escava-

ção em socalcos para a construção de muro em terreno

inclinado.

> Figura 5: radargrama que ilustra a detecção das camadas do solo dum muro em terreno inclinado.

Page 48: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

46_cm

46_47

A Construção Sustentável implica a aplicação

dos princípios do Desenvolvimento Susten-

tável ao ciclo global da construção, desde a

extração de matérias primas até à sua demo-

lição e destino final dos resíduos resultantes

– análise do berço à cova. É um processo ho-

lístico que visa estabelecer um equilíbrio entre

o ambiente natural e o ambiente construído.

Tradicionalmente o processo global de conce-

ção de uma obra foca-se essencialmente na

fase de construção, sendo o objetivo principal

a otimização da eficiência e a minimização de

custos durante o desenvolvimento do projeto

e a construção. De forma a tornar estes proces-

sos mais sustentáveis é necessário expandir

estas metodologias de curto prazo de forma

a abranger a vida útil completa da estrutura.

Nos últimos anos tem-se assistido ao desen-

volvimento de várias metodologias para a

avaliação da sustentabilidade da construção.

De entre as várias abordagens distinguem-se

HARMONIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

Helena Gervásio, DEC - U.Coimbra

sustentabilidade

e existentes). Em resposta a este mandato,

foi criado em 2005 o Comité Técnico TC 350

do Comité Europeu de Normalização (CEN), o

qual se encontra a desenvolver um conjunto

de normas, com caráter voluntário, para a

avaliação de edifícios ao longo do seu ciclo

de vida. O âmbito inicial do mandato M/350

limitava-se ao critério ambiental, no entanto o

comité decidiu estender o âmbito do mandato

no sentido de abranger as três dimensões da

sustentabilidade: ambiental, económica e

social. O programa de trabalhos do CEN/TC350

está ilustrado na Figura 1 [3].

Este programa de trabalhos compreende uma

norma geral que estabelece o enquadramento

das três dimensões da sustentabilidade, a nor-

ma EN 15643 – parte 1 [3], a qual foi publicada

em 2010. As normas relativas à avaliação da

performance ambiental serão aprovadas em

2011, enquanto que as normas relativas às

componentes económica e social encontram-

> Figura 1: Programa de trabalho do CEN/TC350 [3].

as análises de ciclo de vida, as quais envolvem

a quantificação de fluxos de energia e de recur-

sos em cada uma das fases da vida de uma obra

e a caracterização desses fluxos nas diversas

categorias de impactos selecionados; e os

sistemas de avaliação da sustentabilidade, os

quais se baseiam em critérios quantitativos e

qualitativos e que poderão incluir uma aborda-

gem de ciclo-de-vida.

Se por um lado, a existência de várias me-

todologias para a avaliação da construção

sustentável demonstra o interesse que o

problema representa para o setor, por outro

lado, torna complexa a seleção do método

mais apropriado e inviabiliza a comparação en-

tre avaliações de edifícios [1]. Esta limitação

levou a Comissão Europeia a emitir mandato

de Normalização (Mandate M/350: Sustainabi-

lity of Construction Works [2]) com o objetivo

de desenvolver métodos para a avaliação da

performance ambiental de edifícios (novos

Conceptlevel

Frameworklevel

Buildinglevel

Productlevel

prEN 15804Environmental

ProductDeclarations

prEN 15942Comm. Format

B-to-B

CEN/TR15941

(see Note below) (see Note below)

NOTE At present, technical information related to some aspects of social and economic performance are included under the provisions of prEN 15 804 to form part of EPD

prEN 15978Assessment ofEnvironmentalPerformance

WI 015Assessment of

SocialPerformance

WI 017Assessment of

EconomicPerformance

prEN 15643-2Framework forEnvironmentalPerformance

prEN 15643-3Framework for

SocialPerformance

prEN 15643-4Framework for

EconomicPerformance

FunctionalityTechnicalCharacteristics

EN 15643-1 Sustainability Assessment of Buildings– General Framework

EnvironmentalPerformance

SocialPerformance

EconomicPerformance

TechnicalPerformance

FunctionalPerformance

Integrated Building Performance

User and Regulatory Requirements

Page 49: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_47

se ainda em fase de desenvolvimento. Estas normas propõem indicadores para a avaliação de

cada uma das dimensões:

As futuras normas Europeias tem em conside-

ração as políticas europeias relevantes para

os produtos da construção, nomeadamente

o novo Regulamento dos Produtos da Cons-

trução, o novo código para Compras Públicas,

os Certificados Energéticos, os Rótulos Am-

bientais, etc [1]. Estas normas constituem

um passo importante para a harmonização

dos modelos de avaliação da sustentabilidade

europeus e contribuem para a credibilidade da

sustentabilidade no setor da construção.

ReFeRências

[1] Dias, a. e ilomäki, a. “standards for sustainability asses-sment of construction Works”, Bragança, L., Koukkari, H., Block, R., Gervásio, H., Veljkovic, Borg, R., Landolfo, R., Ungureanu, V., schaur, c. (eds.), sustainability of constructions – Towards a better built environment. Proceedings of the Final conference, cOsT action c25, pp. 189-196, innsbruck (2011)

[2] Mandate M/350 en standardization mandate from ec/DG enterprise to cen. Development of horizontal standardized methods for the assessment of the integrated environmental performance of buildings. answer from cen/BT/WG 174. secretariat of cen/cen/Tc 350. July 2005.

[3] en 15643-1:2010 - sustainability of construction works – integrated assessment of building performance. Part 1: General Framework. cen 2010

PUB

Pavilhão do Conhecimento, Lisboa, 29 e 30 de Setembro 2011

CONTACTOSSecretariado do Fórum SRUAssociação iiSBE PortugalEscola de Engenharia,Campus de Azurém4800-058 GuimarãesTelefone: 253 510 499Email: [email protected]

aMBienTais

– Aquecimento global;

– Destruição da camada de ozono;

– Acidificação da terra e dos aquíferos;

– Eutrofização;

– Formação de ozono ao nível do solo;

– Depleção dos recursos abióticos;

– Uso de materiais não renováveis;

– Uso de materiais renováveis;

– Uso de energia primária não renovável;

– Uso de energia primária renovável;

– Uso da água;

– Materiais para reciclagem;

– Materiais para aproveitamento de energia;

– Deposição em aterro de resíduos não perigosos;

– Deposição em aterro de materiais perigosos;

– Deposição em aterro de materiais radioativos.

ecOnóMicOs

– Utilização;

– Manutenção;

– Reparação e substituição de

componentes;

– Desconstrução;

– Reciclagem ou fim de vida de

cada material.

sOciais

– Acessibilidade;

– Saúde e conforto;

– Pressões na vizinhança;

– Manutenção;

– Segurança.

Page 50: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

48_cm

48_49

Dois recentes documentos legislativos euro-

peus revogam ou reformulam anteriores Dire-

tivas que influenciaram de modo significativo,

embora podemos considerar com resultados

díspares, o desempenho térmico e energético

dos edifícios em Portugal e no resto da Europa.

A Diretiva dos Produtos da Construção (DPC)

[1] e a Diretiva do Desempenho Energético

dos Edifícios (EPBD) [2] foram, no nosso País,

determinantes para a evolução de aspetos

com influência naquele desempenho.

A DPC visava eliminar os entraves técnicos às

trocas comerciais no domínio dos produtos

de construção, a fim de fomentar a sua livre

circulação no mercado interno europeu.

A marcação CE dos isolantes térmicos, iniciada

em 2003, foi progressivamente sendo adotada

pelos fabricantes nacionais destes produtos.

O Decreto-Lei nº Decreto-Lei n.º 4/2007 [3]

impôs a obrigatoriedade em Portugal dessa

marca de conformidade – com frequência,

incorretamente, interpretada como uma

certificação CE ou como uma marca de qua-

lidade – contribuindo para o alargamento da

aplicação de produtos com marca CE nas obras

(edifícios).

No LNEC, em particular no setor que desen-

volve a caracterização experimental, a apre-

ciação técnica, o apoio ao controlo regular da

produção na fábrica, e atividade de laboratório

notificado (ensaios iniciais de tipo - ITT) foi pos-

sível observar a rápida e sustentada evolução

do mercado nos últimos vinte anos.

Por um lado, a par de alguns poucos produtos

importados que já apresentavam um nível de

qualidade controlada, muitos dos isolantes

térmicos nacionais (e importados) passaram

de uma qualidade insatisfatória, e nos piores

exemplos fantasiosa, para uma qualidade

mínima, mediana ou mesmo, em alguns casos,

muito boa.

Aqui, merece ser reconhecido o esforço técnico

e económico desenvolvido por grande número

de fabricantes, e não só por aqueles que se

expõem a mercados internacionais exigentes

EDIFÍCIOS SUSTENTÁVEIS E DE ENERGIA QUASE ZERO

Carlos Pina dos Santos, Eng.º Civil, Investigador Principal do LNEC

térmica

(e por vezes discricionários).

Esta evolução positiva, quando aproveitada

por projetistas e donos de obra informados e

exigentes (conceção, seleção, fiscalização)

traduziu-se pela aplicação de melhores (e mais

fiáveis) isolantes térmicos e pelo melhor de-

sempenho térmico e, eventualmente, também

energético dos edifícios.

Esquecendo, por agora, a ligação entre a EPBD

e a regulamentação térmica e energética

nacional, a EPBD foi a impulsionadora da certi-

ficação energética em Portugal que já afetou al-

gumas centenas de milhar de edifícios (frações

autónomas), novos e, sobretudo, existentes.

A eficácia (redução de consumos da energia

ou aumento da eficiência energética) desta

certificação – que na realidade é uma verifica-

ção da conformidade do projeto térmico com

a legislação aplicável em edifícios novos, e

uma qualificação (etiquetagem) energética

convencional dos edifícios novos e existentes

– não está ainda devidamente quantificada.

E já surge a reformulada EPBD [4] que continua

a visar a promoção da melhoria do desempenho

energético dos edifícios na União, tendo em

conta as condições climáticas externas e as

condições locais, bem como exigências em

matéria de clima interior e de rentabilidade. A

certificação do desempenho energética dos

edifícios ou das frações autónomas, é ainda um

dos requisitos da nova EPBD, tendo os êxitos e

os fracassos registados anteriormente servido

de base para a reformulação mais ambiciosa

e detalhada do respetivo âmbito de aplicação.

Todavia o que se pretende aqui salientar é o

novo objetivo de incentivar a construção de

edifícios com necessidades quase nulas de

energia (nearly-zero energy buildings). A atual

EPBD [4] apresenta uma definição (vaga)

deste conceito, “edifício com um desempenho

energético muito elevado, ... as necessidades

de energia quase nulas ou muito pequenas

deverão ser cobertas em grande medida por

energia proveniente de fontes renováveis,

incluindo energia proveniente de fontes

renováveis produzida no local ou nas proxi-

midades”, que aparenta ser mais exigente do

edifício de balanço energético nulo (net-zero

energy building).

A definição pormenorizada destes edifícios

de desempenho energético muito elevado é

atribuída, em primeira instância aos Estados–

membros; pode refletir as condições nacionais,

regionais ou locais dos edifícios, e deve incluir

um indicador numérico da utilização anual de

energia primária.

Apesar das óbvias dificuldades técnicas, eco-

nómicas e sociais que este desafio pode vir a

representar no nosso País, está explicitado na

EPBD que “Os Estados Membros asseguram

que: a) O mais tardar em 31 de dezembro de

2020, todos os edifícios novos sejam edifícios

com necessidades quase nulas de energia”,

e ainda que desenvolvem políticas e tomam

medidas..., para incentivar a transformação

de todos os edifícios remodelados em edifícios

com necessidades quase nulas de energia de

energia.

O novo Regulamento dos Produtos da Constru-

ção [5] que revoga a DPC adiciona às seis exi-

gências essenciais das obras, nomeadamente

a exigência nº 6 - Economia de energia e de

isolamento térmico(1) um novo requisito bási-

co(2): nº 7 - Utilização sustentável dos recursos

naturais(3). Estas exigências, com implicações

diretas nos produtos de isolamento térmico e,

consequentemente, no desempenho térmico e

energético dos edifícios podem, ou devem, vir a

1 “As obras de construção e as suas instalações de aquecimento,

arrefecimento, iluminação e ventilação devem ser concebidas e

realizadas de modo a que a quantidade de energia necessária para

a sua utilização seja baixa, tendo em conta os ocupantes e as con-

dições climáticas do local. As obras de construção devem também

ser eficientes em termos energéticos e utilizar o mínimo de energia

possível durante a construção e desmontagem”.2 No RPC a designação Exigências essenciais da DPC foi substituída

por Requisitos básicos. 3 “As obras de construção devem ser concebidas, realizadas e demo-

lidas de modo a garantir uma utilização sustentável dos recursos

naturais e, em particular, a assegurar:

a) A reutilização ou a reciclabilidade das obras de construção, dos

seus materiais e das suas partes após a demolição;

b) A durabilidade das obras de construção;

c) A utilização, nas obras de construção, de matérias-primas e

materiais secundários compatíveis com o ambiente”.

Page 51: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_49

estar fortemente associados ao cumprimento

dos objetivos referidos na nova EPBD. Convém

não esquecer que a solução não passa apenas

pelos isolantes térmicos. Longe disso.

A breve abordagem destes aspetos, que vai

constituir uma preocupação crescente de

todos os envolvidos no processo de realizar

edifícios pretende, apenas, relembrar o enor-

me desafio que o País tem pela frente, em

particular num período de conjuntura menos favorável. Todavia, é uma boa oportunidade para

olhar com mais atenção não apenas para os aspetos da conceção e do controlo dos edifícios,

mas também dos comportamentos, atitudes, expectativas e práticas de uso e de conforto nos

edifícios de todos os tipos.

REFERÊNCIAS

1 Diretiva do Conselho relativa à aproximação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos

Estados-membros no que respeita aos produtos de construção (Diretiva 89/106/CEE de 21 de dezembro de 1988,

alterada pela Diretiva 89/68/CEE de 22 de julho de 1993). Jornal Oficial das Comunidades Europeias (JOCE), L40,

1989-02-11, p. 12-16; L220, 1993-08-30, p. 1-22.

2 Diretiva 2002/91/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 16 de dezembro de 2002 relativa ao desempenho

energético dos edifícios.

3 /P/ - Leis, decretos, etc. – Decreto-Lei n.º 4/2007, de 8 de janeiro, que altera o Decreto-Lei n.º 113/93, de 10 de

abril. Diário da República n.º 5, 1.ª série, p. 116 a 125.

4 Diretiva 2010/31/UE do Parlamento Europeu e do Conselho de 19 de maio de 2010 relativa ao desempenho

energético dos edifícios (reformulação). Jornal Oficial da União Europeia (JOUE), L153, 2010-06-18, p. 13-35.

5 Regulamento (UE) N.º 305/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho de 9 de março de 2011 que estabelece

condições harmonizadas para a comercialização dos produtos de construção e que revoga a Diretiva 89/106/

CEE do Conselho (Texto relevante para efeitos do EEE). Jornal Oficial da União Europeia (JOUE), L88, 2010-04-04,

p. 5-47.

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Page 52: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

50_cm

51_52 i&d empresarial

A CIN desenvolveu um revestimento acrílico

aquoso para proteção de estruturas de betão

armado. Tendo sido patenteado recentemente,

o C-Cryl W700 HB cumpre com todos os requisi-

tos obrigatórios da Norma NP EN 1504-2, no que

se refere à proteção contra o ingresso de agentes

agressivos no betão, como a impermeabilidade à

água, ao dióxido de carbono e com excelente permea-

bilidade ao vapor de água.

“Outra das características muito relevantes é a sua muito baixa

permeabilidade aos cloretos (difícil de obter em tintas aquosas),

tornando-a uma mais-valia em situações de proximidade do mar. Está ainda classificado como

acabamento ignífugo de baixa emissão de fumo, classificação B-s1 d0, segundo a Norma Europeia

13501-1:2002”, refere a empresa.

Além disso é um produto com marcação CE, o que significa que está conforme com as disposições

das Diretivas Comunitárias dos Produtos de Construção que lhes são aplicáveis (Diretiva 89/106/

CEE, alterada pela Diretiva 93/68/CEE e transposta para direito interno pelo Dec. Lei 4-2007),

permitindo a sua livre circulação no Espaço Económico Europeu.

Este material destina-se à proteção de elementos estruturais em betão e de argamassas cimen-

tícias, tais como pontes e viadutos. É também adequada para a proteção de betão do exterior de

tanques, silos, bem como de outras estruturas em unidades industriais.

www.cin.pt

Proteção de estruturas de betão armado

CaraCterístiCas

Acabamento: Mate (O brilho deste produto está muito próximo do casca de ovo)

Cor: raL-9010: outras cores: a pedido

Componentes: 1

Sólidos em volume: 40% (astM D2697, mod.)

Massa Volúmica: 1.20 g/mL

Espessura recomendada (seca): 70 - 120 μm por demão

Nº de demãos: 2-3

Método de aplicação: Pistola convencional, airless, trincha e rolo

Rendimento teórico: 5,6 m2/L a 70 μm secos; 3,3 m2/L a 120 μm secos

Tempo de secagem: 75 μm, 20ºC e 60% Hr

Superficial: 2 horas

Endurecimento: 12-16 horas

Repintura: Min: 16 horas

Alongamento à rutura: Cerca de 280% para uma espessura seca de 140 μm, à temperatura de 23ºC.

Consequências da não proteção do betão armado

Page 53: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_51

O Corkwall é uma recente solução de revesti-

mento de fachadas da Corticeira Amorim, mais

propriamente, da Amorim Cork Composites.

Como o próprio nome indica, o material principal

é a cortiça. Este produto pode ser usado não só para

decoração mas também para o acabamento e reabilitação

de fachadas exteriores e paredes interiores.

“A aplicação em coberturas, em especial nas de tipo metálico, permite reduzir de forma signifi-

cativa a transmissão de calor para o interior, atenuando em simultâneo qualquer tipo de ruído”,

afirma a Amorim Cork Composites.

Segundo os responsáveis, o Corkwall funciona como uma membrana elástica que permite um

isolamento acústico e térmico na construção nova ou de reabilitação, funcionando como uma

barreira térmica, que previne perdas de energia e fissuras do acabamento visível. O produto é

fruto de uma mistura de granulado de cortiça e resinas poliméricas, sendo aplicado através de

projeção. Tem elevada durabilidade, aguentando a exposição a condições climatéricas adversas.

Este material pode ser aplicado para revestir vários tipos de superfícies, mesmo que pouco porosa,

desde metal até argamassas já existentes, estando disponível em 16 cores.

“A cortiça, tratando-se de um material natural e ecológico, apresenta um conjunto de benefícios

que a distinguem ao nível da construção sustentável: matéria-prima renovável e 100% natural, ma-

terial orgânico e biodegradável, reciclável pré e pós-consumo e reutilizável”, é dito pela empresa.

Relativamente aos custos deste material, os responsáveis reconhecem que é mais elevado que

outros tipos de revestimento, contudo, asseguram que é rentável e rapidamente se consegue

recuperar o investimento.

Além do mercado português, o Corkwall é comercializado também em Inglaterra, Rússia, Brasil

e Itália.

www.corkcomposites.amorim.com

Cortiça nas fachadas

aPLiCações:

− Acabamentodefachadas;

− Resistênciaàáguaemdiferentessubstra-

tos (reboco, gesso, etc) enquanto adiciona

uma resistência ao fogo M1;

− Encapsulamentodecoberturas(metálicas

ou amianto) adicionando propridades

térmicas e acústicas a elementos cons-

trutivos existentes.

Page 54: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

52_cm

notícias52_57

A Secil - Companhia Geral de Cal e Cimento S.A. comprou a Lafarge - Betões S.A. em Portugal,

tendo o negócio atingido um valor de cerca de 65 milhões de euros.

A Lafarge opera no mercado de betões e agregados, através de 26 centrais de betão e 4

pedreiras.

Esta aquisição vem reforçar a presença da Secil no mercado do betão pronto onde é já deten-

tora da Unibetão - Indústrias de Betão Preparado S.A. e da Britobetão - Central de Betão Lda.

secil compra lafarge - betões

A aposta da Lusomapei S. A . no mercado

português é cada vez mais forte e o setor

da reabilitação urbana é um dos principais

motor es par a po tenciar o cr escimento

da empresa no mercado nacional e onde

pretendem investir futuramente.

Durante a celebração do 10ª aniversário

da Mapei em Portugal, o administrador da

empresa, Mário Jordão, garantiu que nos

próximos anos, a Mapei pretende “crescer

através da diversif icação do seu mix de

produtos e da exportação”.

Mário Jordão referiu: “a área da formação

de parcerias afigura-se fulcral para o bom

desenvolvimento do vasto ecossistema

Mapei. De igual modo, o investimento em

Desenvolvimento e Inovação é outro dos pilares

fundamentais do roteiro de crescimento da

empresa”.

O grupo Mapei está presente em 27 países

com 58 fábricas, tendo-se instalado em

Por tugal em 2001. A nível nacional conta

atualmente com 40 colaboradores, 680 tipos

de produtos vendidos, 15 linhas de produtos

comercializadas e cerca de 400 clientes, a filial

portuguesa do grupo registou, no ano passado,

uma faturação de 10 milhões de euros.

www.mapei.pt

A Treehouse Riga é o modelo do que poderá ser uma casa sustentável. Desde o projeto, aos

materiais de construção, à decoração, tudo foi pensado tendo em conta o ambiente.

Desenvolvida pela Jular, Treehouse Riga, tem o projeto de decoração assinado por Filipa Lacerda

com mobiliário e iluminação das melhores lojas de design de Santos, associadas da Santos Design

District, e uma exposição de pintura do artista plástico Luís Melo.

A madeira é o elemento principal desta casa. “De todos os materiais de construção disponíveis,

a madeira é a única que absorve carbono da atmosfera, ao contrário de todos os outros, que o

libertam. Totalmente reciclável, o impacto sobre a natureza no processo de fabrico, instalação

e fim de vida é neutro, já que os materiais utilizados na Treehouse são ecológicos, provenientes

de florestas certificadas e de gestão sustentada”, refere a Jular.

A casa foi construída por módulos standardizados e conta com uma solução de microprodução

fotovoltaica da Home Energy, o que torna a casa autossuficiente, funcionando apenas com energia

solar. A Treehouse poderá ser visitada até ao final do mês de julho.

projeto da jular

casa sustentável em exposição em lisboa

www.jular.pt

Page 55: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

O conhecido projetista António Adão da Fonseca aposentou-se no início de junho. O Professor

Catedrático do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade

do Porto, pôs um ponto final à sua carreira profissional com uma aula intitulada “Pontes feitas

e pontes sonhadas”.

Licenciado em Engenharia Civil na FEUP e doutorado em Engenharia de Estruturas pelo Imperial

College of Science, Technology and Medicine, da Universidade de Londres, António Adão da

Fonseca ficou famoso por ter projetado pontes de grande relevância em Portugal. Dentro dos

projetos mais importantes, destacam-se o Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações, em

Lisboa, a Ponte Infante Dom Henrique sobre o Rio Douro, no Porto, e a ponte Pedro e Inês sobre

o rio Mondego, em Coimbra.

Além disto, manteve outros cargos sempre ligados à engenharia, foi Presidente Nacional do

Colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros (1995-1998), Presidente do European

Council of Civil Engineers (1998-2002) e Membro do Conselho Consultivo do Instituto Português

do Património Arquitetónico em 2004 e 2005.

na faculdade de engenharia do porto

antónio adão da fonseca deu a sua última aula

A Confederação Empresarial de Portugal

– CIP avançou com projetos-piloto

para promover a reabilitação urbana.

“ Fa zer A c ontec er a Regener aç ão

Urbana” é o projeto que a CIP vai voltar

a apresentar e no qual acredita para

r elanç ar a economia por tuguesa.

Quando apresentou o projeto no ano

passado, pela primeira vez, apresentou uma série de propostas

de alterações legislativas que acabaram por ser discutidas

na concertação social, e algumas até passaram pelo crivo do

Conselho de Ministros.

Contudo, com a dissolução da Assembleia da República, a

regulamentação necessária ficou pelo caminho, e algumas

medidas então aprovadas mas outras não. Na candidatura

da CIP ao Sistema de Apoio de Ações Coletivas, a entidade

compromete-se a, no prazo de 18 meses, identif icar as

condições que eliminem os constrangimentos que têm impedido

a adoção de projetos integrados da regeneração do património

das cidades, a promover a integração no mercado de edifícios

devolutos e degradados, a promover a dinamização do mercado

de arrendamento e a criar novos instrumentos de rentabilização

de poupança alternativos às tradicionais aplicações financeiras.

www.cip.org.pt

cip aposta na reabilitação urbana

PUB

© C

.M.P

ORTO

/ VI

SITP

ORTO

Page 56: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

notícias

54_cm

Foi desenvolvido pelo consórcio formado

pela Amorim Cork Composites, da CORTICEIRA

AMORIM, Couro Azul, do Grupo CARVALHOS,

INEGI e SE T, do Grupo IBEROMOLDES, em

colaboração com a Embraer e a Almadesign,

um interior inovador para uma aeronave que

conta com materiais naturais e amigos do

ambiente.

Inserido no programa LIFE – Lighter, Integrated,

Friendly and Ecoefficient e com um investimento

de 1,85 milhões de euros, o projeto desenvolveu-

se, segundo os responsáveis, “com o objetivo

de conceber uma cabine de uma aeronave

inovadora, através do fortalecimento da

multidisciplinaridade entre empresas e da

promoção de um trabalho conjunto para futuros

projetos aeronáuticos, demonstrando soluções

mais ecoeficientes, leves e confortáveis, que

interior de aeronave amigo do ambiente

se espera sejam a base de futuros spin-offs

nesta área”.

O interior de aeronave incorpora materiais

naturais, leves e confortáveis. “Promove a

simbiose entre elementos naturais e artificiais,

criando um ambiente harmonioso, onde a

tecnologia está presente, mas sem imposição”,

é referido em comunicado.

Várias são as inovações, desde a conceção

inovadora das janelas, que permite uma

maior visibilidade exterior e uma entrada

abundante de luz, à aplicação de um sistema de

sensores de movimentos SEED, que possibilita

a adaptação de diferentes intensidades de luz

e de cor até à utilização de painéis sanduíche

CORECORK, revestidos a pele natural e a

Corkleather, para um melhor conforto térmico

e acústico.

A mul t inac ional alemã IB C S OL A R A G ,

integradora de sistemas de energia solar

fotovoltaica, lançou-se recentemente no

mercado por tuguês, que é considerado

estratégico pelo enorme potencial na área das

energias renováveis.

A apresentação da empresa em território

nacional decorreu a semana passada em

Lisboa e contou com a presença de Rudolf

Sebald, Diretor do Departamento de Grandes

Projetos da IBC SOLAR AG, Juan Manuel Presa,

Country Manager de Portugal da IBC SOLAR e

Ricardo Novaes, Delegado Comercial da IBC

SOLAR para Portugal.

“Portugal é um mercado estratégico para a IBC

SOLAR pelo seu enorme potencial na área das

energias renováveis e, em particular, da energia

solar fotovoltaica. Portugal possui entre 2200

e 3000 horas de luz solar por ano, mais 900

a 1100 do que a Alemanha, que é atualmente

a maior produtora desta energia na Europa”,

referiu Rudolf Sebald. A empresa que entrou

ibc solar agora em portugal

recentemente em Portugal já garantiu que

estará presente na Concreta deste ano.

A IBC Solar é um dos grupos mais bem sucedidos

na área da energia fotovoltaica, oferecendo

soluções integr ais par a a pr oduç ão de

energia elétrica a partir da luz do sol. Desde

o planeamento até à entrega de soluções já

prontas, a IBC Solar disponibiliza um apoio

completo ao cliente.

www.ibc-solar.pt

Page 57: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_55

Produtos e Serviços sustentáveis no setor da

construção estiveram em destaque no con-

gresso Lidera que decorreu, no final de maio,

em Lisboa. O evento contou com a presença

de mais de 40 oradores e cerca de 230 con-

ferencistas. A sustentabilidade ambiental em

todas as áreas mas, especialmente, no setor

da construção foi considerada fundamental

por todos os presentes.

Cinco foram as linhas temáticas: desenvolvi-

mentos do grupo LiderA; casos de edifícios e

regeneração urbana sustentável; materiais e

produtos sustentáveis; outros serviços nos

ambientes construídos que contribuem para

eficiência ambiental e sustentabilidade.

A construção e os edifícios e ambientes cons-

truídos têm um elevado impacte ambiental.

Mais de 40% na movimentação dos materiais,

mais de 30% na energia, sendo de referir que

a adoção sistemática das boas práticas do

LiderA pode contribuir para reduzir o défice

da balança de pagamentos em mais de 60%.

CASA + SuStentáveL

O projeto Casa + Sustentável, levado a cabo

por um conjunto de empresas e pela LiderA,

pretende ser um espaço de desenvolvimento

de sustentabilidade e um exemplo para a

sociedade em geral. A utilização de materiais

de construção ecológicos e o espaço escolhido

para a construção desta casa vai fazer que seja

uma habitação amiga do ambiente, quase zero

de energia, que depois estará aberta ao público

e poderá ser usada para atividades lúdicas

e de ensino das empresas associadas. Este

projeto envolve uma dinâmica de parcerias:

Belas Clube de Campo, Agência Municipal de

Energia de Sintra, ADENE, projetistas (Capinha

Lopes e Projeto Uno), Empreiteiro (Concreto

Plano), Comunicação (GCI) e o LiderA como

coordenador.

PROdutOS SuStentáveIS PARA exPORtAçãO

Os produtos e materiais de construção ecológi-

cos ganham cada vez mais terreno no mercado.

No congresso LiderA foram considerados

potenciais de exportação para o nosso país,

especialmente, a cortiça. Sendo importante,

segundo os especialistas, investir na avaliação

do desempenho ambiental dos produtos no

seu ciclo de vida, que incluem: análise ciclo

de vida, declarações ambientais, critérios de

desempenho e rotulagem.

O LiderA apresentou o projeto de um catálogo

para produtos e serviços sustentáveis desti-

nado a sistematizar e classificar a procura da

sustentabilidade, estando disponível online no

site do parceiro do LiderA da 4Rs - www.4rs.pt.

O catálogo numa primeira fase é direcionado a

dois tipos de utilizadores: agentes da constru-

ção (promotores, projetistas e empreiteiros) e

consumidores. Os conferencistas destacaram

a necessidade e utilidade desta proposta e

abordagem.

SAntARém deStACA-Se nA COnStRuçãO

SuStentáveL

O município de Santarém foi distinguido como

um exemplo no que toca a construção verde.

Assumiu a certificação LiderA nos vários edi-

fícios públicos, reduziu as taxas de operação

urbanísticas para os edifícios e no interesse

dos múltiplos privados. A escola do Sacapeito

recebeu o certificado LiderA - Classe A.

congresso lidera

construção sustentável

Vai avançar ainda este ano um projeto de construção de um bairro sobre o mar na Dinamarca. Com a falta de terrenos

para construir e, também, para poupar os espaços verdes de Copenhaga, o governo local optou por obras em extensão

da região portuária da cidade. O futuro bairro da região portuária da cidade deverá abrigar cerca de 40 mil habitantes,

além de 40 mil postos de trabalho. Quando construídos, os edifícios somarão 4 milhões de metros quadrados de área útil.

O projeto foi desenvolvido pelos escritórios Cobe e Sleth Modernism e os consultores Polyform e Rambøll, visa estabelecer

novos padrões para a nova cidade-bairro, tendo como objetivo minimizar as emissões de CO2 e o impacto das alterações

climáticas de uma forma rentável. Seis temas deram o mote para a criação deste bairro: ilhotas e canais, identidade e

história, cidade de cinco minutos, azul e verde da cidade, cidade CO2 amigável e grade inteligente. O custo da obra, ainda

não estimado, será dividido entre o governo e as empresas que se instalarem na região. A previsão é que uma primeira

parte fique pronta em 2025. A conclusão do projeto deve acontecer somente em 2050.

construir sobre o mar

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© COBE

Page 58: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

notícias

56_cm

O projeto na área da reabilitação de edifícios pensado por três jovens portugueses foi o grande

vencedor do concurso FAZ - Ideias de Origem Portuguesa, uma iniciativa da Fundação Gulbenkian

e da Fundação talento para portugueses no exterior e residentes.

A Construção magazine esteve à conversa com José Paixão, um dos mentores, para perceber

um pouco melhor o projeto em si e saber quais serão os próximos passos.

reabilitação a custo zero vence concurso faz – ideias de origem portuguesa

Cm: O que significa esta vitória?

JP: muito mais que o dinheiro do prémio, esta

vitória significa a musculação do projeto, o su-

porte das estruturas da Fundação Gulbenkian

e da Fundação talento e o apoio dos seus

parceiros. Significa um voto de confiança e um

reconhecimento público no valor e potencial

do nosso projeto.

Cm: e agora depois da teoria ter sido aprovada,

como estão a planear colocar o projeto em

prática?

JP: A implementação do sistema está depen-

dende do reforçar da rede de parcerias em que

este assenta. é essencial alavancar o projeto

em colaborações fortes e criar relações de

win-win em que todas as partes interessadas

ganham em participar. estamos para isso a

aproveitar este momento de maior atenção

pública. Já estabelecemos contactos com uma

série de intervenientes no terreno. um deles é

o maior senhorio do país, a Câmara municipal

do Porto, com a qual estamos em conversa-

ções para a cedência de um primeiro prédio

abandonado a ser alvo da reabilitação piloto.

Cm: Já identificaram zonas prioritárias para a

reabilitação de edifícios no Porto?

JP:A estratégia pensada para implementar

este modelo de reabilitação consiste em

primeiramente testar o sistema numa inter-

venção piloto. depois então, com o resultado

visível desta primeira reabilitação se con-

seguirá provar que o sistema funciona, que

a reabilitação é mesmo a custo zero, e que

todos ganham com este modelo. A partir daí

será então possível fazer crescer o número de

prédios intervencionados e expandir também

o projeto a outras cidades necessitadas, tal

como Lisboa ou Coimbra.

Cm: Acha que as empresas estão abertas a

este tipo de projetos? e as universidades?

JP:A ideia matriz do projeto é que todos os

agentes envolvidos no processo de reabilita-

ção tenham interesses e ganhos em colaborar

no sistema. Assim, as empresas teriam as

contrapartidas fiscais de rebater em sede

de IRC o valor dos materiais e equipamentos

doados, a imagem de responsabilidade social

ao se associarem ao nosso projeto e também

uma oportunidade de internacionalização, já

que são futuros profissionais estrangeiros

que se vão familiarizar com os seus produtos

e que um dia mais tarde os poderão importar.

Os contactos que temos tido com empresas

de materiais de construção apontam no sen-

tido de que estas reconhecem o potencial da

iniciativa e que a querem apoiar. Quanto às

universidades, a colaboração neste processo

de reabilitação também trazem vantagens,

uma vez que, ganham casos concretos para

demonstrar técnicas e conteúdos aos alunos

de cursos da especialidade. Já iniciamos con-

versações com escolas locais e a recetividade

a este projeto empreendedor por parte dos

seus docentes é muito encorajadora.

Cm: Como surgiu a ideia para este projeto?

JP: A ideia surgiu em reação a uma convo-

catória dirigida a portugueses emigrantes

para apresentarem soluções ‘arejadas’ a

problemas crónicos nacionais. estando a vi-

ver na áustria decidi responder à provocação

em conjunto com um colega engenheiro civil

(diogo Coutinho) e uma amiga estudante de

arquitetura (Angelica Carvalho). Formulámos

então uma proposta para um problema que

apesar da dimensão e mediatização não dá

sinais de resolução: o abandono dos centros

das cidades. Percebemos que o problema

era, fundamentalmente, um problema do mau

funcionamento do mercado: ou não é rentável

reabilitar ou então para o ser tem que se res-

tringir o segmento alvo das reabilitações a um

fasquia mínima do mercado. Assim, a base da

ideia foi desenhar um sistema colaborativo

em que por meio de trocas e contrapartidas

se criassem interesses mútuos entre agentes

que resultasse na reabilitação de um edifício.

Isto tudo sem fazer incorrer nenhuma parte

interessada em custos financeiros não dese-

jados, daí reabilitação a custo zero.

Este projeto pretende criar uma organização sem fins lucrativos que ofereça a possibilidade a senhorios de prédios degradados de reabilitarem o seu imobiliário sem terem qualquer custo. Como? Os proprietários oferecem alojamento e alimentação a estudantes estrangeiros de arquitetura e engenharia que se voluntariam para conceber e concretizar a requalificação. Os materiais e equipamentos necessários à realização das requalificações seriam doados como caridade à organização sem fins lucrativos de modo a serem deduzíveis dos impostos a pagar pelas empresas fornecedoras. Para além das contrapartidas financeiras, as empresas teriam o seu nome associado a o projeto. A supervisão técnica das obras seria feita através de uma parceria com as universidades.

Page 59: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_57

A Buderus, marca do Grupo Bosch, está a

apostar na área das tecnologias para as

energias renováveis.

Painéis solar es de tubos de vácuo que

se integram facilmente num sistema de

aquecimento, caldeiras de pellets para

aquecer com r esíduos pr ocedentes de

limpezas florestais ou industrias de madeira

que são triturados e convertidos em biomassa

prensada, assim como. bombas de calor

reversíveis para aplicações geotérmicas

e aer otér micas de al ta ef iciência par a

climatização e água quente sanitária e uma

estação de produção de a.q.s. instantânea para

combinar com sistemas solares constituem a

nova gama de produtos da Buderus.

Os painéis solares de tubos de vácuo utilizam

as mais recentes tecnologias aplicadas ao

aquecimento de água sanitária e aquecimento.

Segundo a Buderus, têm elevada eficiência, o

que permite que sejam facilmente integrados

no sistema de aquecimento, cobrindo uma

grande parte das necessidades energéticas

para preparar a água quente, mesmo que

haja pouca radiação solar. Como têm um

elevado nível de isolamento térmico dos

tubos de vácuo, conseguem também manter

a eficiência durante as estações frias. A marca

garante uma durabilidade dos tubos devido ao

revestimento cerâmico refletor.

energias renováveis são nova área de expansão da buderus

As novas caldeiras de pellets Logano SP161

e Logano SP261 destacam-se, segundo

a B uder us , p ela e f ic iênc ia e p or não

danificarem o ambiente. Ambos os modelos

das caldeiras podem ser utilizadas, tanto em

construções novas como em substituição de

uma instalação de aquecimento antigo. “As

caldeiras podem combinar-se facilmente com

painéis solares de alta eficiência para o apoio

solar de aquecimento e da preparação da água

quente sanitária”, explica a Buderus.

Devido a uma técnica muito especial, a combustão é sempre ótima, inclusive quando existem

diferenças na qualidade do material de combustão.

As bombas de calor reversíveis para aplicações geotérmicas e aerotérmicas que a Buderus

disponibiliza integram todos os componentes necessários para funcionar, e não é necessário

adicionar acessórios adicionais. As bombas de calor ar/água, permitem um abastecimento

térmico livre de emissões de CO2, também não utilizam combustíveis líquidos ou gasosos, pelo

que não requer adaptar-se às condições limitadoras de outros geradores que utilizam estes

combustíveis convencionais nem seguir pautas na evacuação de gases da combustão, facilitando

a sua instalação e integração num edifício, ou moradia

De destacar ainda a estação de produção de a.q.s instantânea Logalux FS40/80 que proporciona

calor, com qualidade de a.q.s. e com apoio de energia solar térmica, por exemplo a edifícios

multifamiliares de até 20 moradias, assim como a pequenos hoteís e residências de idosos. “Este

tipo de sistema esta pensado para os inquilinos e para o meio ambiente, já que reduz os custos

energéticos e ao mesmo tempo beneficiam também os senhorios e os gestores das instalações”,

afirma a Buderus. A estação Logalux FS40/80 só gera água quente, quando realmente se necessita

e pode alcançar um fluxo de volume de até 40 L por minuto a uma temperatura de saída de 60

ºC. Quando se instala em cascata a Logalux FS80, esta pode fornecer, inclusive, o dobro da água

por minuto.

www.buderus.pt

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novas plataformas

a sua construção magazine agora disponível em e-booking para iphone, ipad e outros e-readerssaiba como em www.construcaomagazine.pt

Page 60: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

58_cm

58_60 mercado

A Cercasa, empresa espanhola de cerâmica, desenvolveu uns azulejos que, além de terem plantas

na superfície, conseguem absorver a poluição do ar tendo impacto na qualidade do mesmo. A

empresa espanhola combinou o seu produto com a Bionictile e criou a Lifewall.

O azulejo, de um metro quadrado, pode conter plantas, no caso de ser o azulejo Ceracasa, ou ser

de porcelana, em várias cores. A Bionictile disponibiliza o branco, marfim, cinzento ou castanho.

Usando os raios solares ultravioleta e a humidade, o design especial da Bionictile, agarra as pe-

rigosas partículas de poluição do ar e transforma-as em fertilizante, que é usado para alimentar

as plantas adjacentes.

A empresa refere que testes feitos pela Universidade de Valência, concluíram que se 200 edifícios

fossem cobertos com Lifewalls, 400 mil pessoas poderiam respirar, dentro de um ano, ar livre de

partículas de monóxido de nitrogénio, produzidas pela circulação de carros e pelo funcionamento

de fábricas.

azulejos que absorvem a poluição

nova coleção de termolaminados

A Tafibra apresentou a coleção termolaminados 2011 que pretende complementar a oferta de

painéis decorativos melamínicos da empresa. O Unicolor, um laminado integralmente de uma

só cor e o Lamidigital, superfície personalizável com uma ideia ou imagem pretendida, são as

novidades deste ano.

“A oferta de cores, tonalidades e padrões (madeira, têxtil, betão, granito, ...) da coleção permite

a decoração e a combinação de diversos gostos e estilos decorativos, num verdadeiro apelo ao

despertar de sensações”, refere a Tafibra.

Segundo a empresa, estes painéis têm “elevadas performances em termos de resistências à luz

solar, ao risco, ao calor e às manchas”.

www.tafibra.com

sistema de controlo remoto por infravermelhos

A Siemens, através da divisão Building Techno-

logies, lançou um sistema de gestão de edifícios

com controlo remoto por infravermelhos em KNX,

o que permite o controlo conveniente e fiável

das funções das divisões, tais como iluminação,

proteção solar e climatização.

A empresa explica que este tipo de sistema é

adequado para ambientes nos quais as soluções

por rádio, por razões legais ou técnicas, não são

permitidas, como é o caso dos hospitais. “O controlo

remoto por infravermelhos representa também

uma ótima alternativa aos sistemas via rádio em

edifícios de escritórios, porque garante uma ope-

ração livre de falhas em divisões como as salas de

conferências ou reuniões, onde existe um elevado

www.ceracasa.com

nível de tráfego de rádio”, explica.

Os dispositivos incluem um comando remoto

transmissor de IV, transmissores de IV para

montagem em parede de uma, duas e quatro

teclas, um recetor/descodificador de IV de

dimensões reduzidas para instalação no teto

e botões de uma, duas, três e quatro teclas

(conforme a série de aparelhagem) com rece-

tor/descodificador integrado.

“Através destas soluções, as funções das

divisões podem ser controladas remotamente

através de sinais de IV – sem necessidade de

contacto visual entre o transmissor e o recetor”,

refere a Siemens.

www.siemens.com/entry/pt/pt/

Page 61: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_59

sistema domal para reabilitação

A DOMAL, empresa de sistemas de alumínio,

lançou uma nova solução que tem como objetivo

manter a estética rústica dos edifícios, garantin-

do elevados padrões de eficiência energética.

A nova solução rústica da série Top conta um

design inspirado nas janelas antigas e está

disponível em várias cores e acabamentos.

“A solução rústica agora apresentada vem

reforçar a oferta do sistema DOMAL Top,

considerado um sistema inovador face aos

materiais utilizados e à forma de fabricação, e

que é reconhecidopela sua excelente eficiência

a nível térmico e acústico e, bem assim, pelos

elevados resultados de permeabilidade ao ar,

estanquidade à água e resistência ao vento”,

referem os responsáveis.

O sistema DOMAL Top é apresentado em dife-

rentes soluções, desde linhas retas, linhas

rústicas a facetada.

www.domal.pt

sistema de informação para a construção

A Computer One lançou o PHC Projeto Template

Construção que basicamente é um software

direcionado para este setor específico.

Esta solução permite: fazer a gestão de

Subempreiteiros; fazer a gestão de Pessoal

em Obra, interno e temporário; fazer a gestão

de Custos de Alugueres Internos e Externos

(equipamento): a introdução de contratos

de aluguer de forma a gerir as condições de

contrato, imputação de custos às obras de

material alugado ou interno (Imobilizado), con-

trolo de fluxo de saídas e entradas do material

nas obras (incluindo transferências entre

obras), apuramento mensal dos custos dos

alugueres, por obra; gerir de mapas de Custos

Globais por Obra; mapa de custos por

fornecedor; fazer a gestão de custos

financeiros: distribuição balanceada

de custos administrativos impostos

pelas obras; etc.

Segundo a empresa as vantagens

prendem-se com o facto desta solução

permitir gerir cada obra como uma

empresa independente. Através do

software é possível acompanhar a evolução de custos e receitas de cada projeto em qualquer

altura e ter resultados online e mensais de forma a facilitar a tomada de decisão. Permite também

o lançamento via Web de tempos e despesas por funcionário.

De destacar que o PHC Projeto Template Construção faz o controlo da caducidade dos documentos

e a gestão das reclamações.

www.computerone.pt

captação e produção de energia em parques de estacionamento

A Martifer Solar lançou a linha Smartpark que consiste numa inovadora estrutura para parque de

estacionamento automóvel, desenhada e pensada para receber painéis solares fotovoltaicos

na sua cobertura. Os produtos Smartpark são fruto da aposta da empresa portuguesa em I&D.

Estão disponíveis três soluções distintas: UNO, SINGLE e DUAL.

“É um produto modular, de fácil e rápida instalação, de reduzida necessidade de manutenção,

economicamente viável e o seu aspeto inovador permite um bom enquadramento arquitetónico”,

avança a Martifer Solar.

O Smartpark serve não só para a produção de energia mas, também, como sistema de estan-

queidade, recolha de águas pluviais e possibilidade de ser transformado numa estação para

carregamento do carro elétrico, através da incorporação de carregador elétrico.

www.martifersolar.com/pt

Page 62: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

60_cm

O Dachs SE é um equipamento que fornece, em conjunto, eletricidade e calor para aquecimento

e água quente sanitária. Consiste num sistema modular onde se podem fazer diferentes confi-

gurações que servem vários tipos de solicitações elétricas e térmicas. A solução Dachs SE pode

ser utilizada em vivenda unifamiliares, edifícios de apartamentos, sistemas centralizados de

aquecimento, escritórios, hotéis, lares de 3ª idade, hospitais, piscinas, entre outros.

O sistema básico desenvolvido pela Baxi – SenerTec é composto por uma caldeira de cogeração,

um depósito de armazenamento intermédio e um condensador para recuperar o calor latente nos

gases de evacuação. Só que este sistema apenas tem capacidade para uma vivenda unifamiliar,

mas no caso de um maior consumo de energia, podem-se ligar módulos adicionais ao sistema.

A solução Dachs SE é gerida através de um novo controlador inteligente, denominado MSR2. Com

este sistema de controlo integral pode-se monitorizar e regular todos os componentes. A confi-

guração do sistema é feita com um código de quatro dígitos. Além disso, conta também com um

solução para aquecimento e água quente sanitária que produz eletricidade

MODEM integrado que permite a transmissão

de dados de funcionamento e de eventuais

anomalias. O Dachs pode ser monitorizado e

controlado por via remota.

www.baxi.pt

mercado

sensores de luz para edifícios

A ABB apresentou uma solução de iluminação

para edifícios sem elementos de acionamento

manual. Basicamente consiste numa série de

sensores que podem ser utilizados numa ha-

bitação, onde os detetores de movimento são

inadequados (casa de banho, salas de jantar,

cozinhas, etc.) e em numerosos espaços do

setor terciário (escritórios, salas de espera de

consultórios, etc).

Segundo a ABB, estes detetores de presença

têm uma precisão superior aos convencionais

e operam quando realmente é necessário, ou

quando regulados para interagir com a inten-

sidade da luminosidade exterior. Têm um raio

de cobertura de 8m até ao limite de instalação

de 2,5m.

Poderão ser aplicados a cargas até 2300 W/VA

e utilizados em edifícios de escritórios que pre-

tendem minimizar custos energéticos. Estes

sensores permite regular a iluminação e fazer

o controlo de luz constante em função dos

lux enviados pelo exterior, com sensibilidade

continuamente ajustável.

Podem ser utilizados com cargas florescentes

e de halogéneo.

www.abb.pt

lã mineral para isolamento exterior

A Knauf Insulation volta a apostar na lã mineral

para isolamento mas, desta vez, para fachadas

exteriores, podendo ser aplicada em constru-

ções novas e também na reabilitação. Segundo

a empresa, o Sistema de Isolamento Térmico

para o Exterior (ETICS), permite uma maior efi-

ciência energética mesmo quando comparada

com o isolamento realizado pelo interior.

“O isolamento de fachadas com lã mineral

permite o isolamento de toda a envolvente do

edifício, elimina as pontes térmicas e protege

a estrutura de construção da variação de tem-

peratura exterior gerando um menor consumo

energético e consequentemente uma maior

poupança económica e ambiental, sem reduzir a

superfície do edifício ou vivenda a isolar”, afirma

a Knauf Insulation.

Como principais pontos a favor deste isolante,

a empresa destaca: elevada proteção térmica;

isolamento acústico; elevado nível de transpirabi-

lidade; baixos custos de energia; sustentabilidade,

boa reação ao fogo; durabilidade de materiais;

baixos custos de manutenção; gama variada de

revestimentos; solução inócua e segura.

A Knauf Insulation apresenta dois tipos de solução:

Painel ETICS PTP-S-035 e Lamela ETICS PLB. O Siste-

ma de Isolamento Térmico para o Exterior cumpre

com as normas EN 13500 e ETAG 004.www.knaufinsulation.pt

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Page 64: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

62_cm

62_ estantePUB

Este livro centra-se na conser vação e restauro

de revestimentos exteriores de edifícios antigos,

focando-se nas questões do desenvolvimento de uma

metodologia de estudo e reparação.

O estudo apresentando mostra que é possível um maior

entendimento do comportamento dos revestimentos

exteriores de edifícios antigos com base em cal, bem

como estabelecer um maior rigor na aplicação de

metodologias de conservação e restauro, tendo como

objetivo principal a definição de uma metodologia de

restauro conservativa para a salvaguarda das técnicas,

da funcionalidade e do aspeto estético original da

fachada exterior de edifícios antigos.

Este estudo trouxe vários contributos: (i) estabelecer

métodos de análises in situ do revestimento, para

conhecimento da sua técnica, da sua história e do seu

estado de conservação; (ii) estabelecer métodos de

análise das anomalias do revestimento, onde é possível

quantificar o grau de deterioração; (iii) escolher a

técnica e o produto consolidante adequado para o

tratamento das anomalias; (iv) especificar as distintas

técnicas de restauro e definir os diversos produtos

consolidantes existentes para os revestimentos; (v)

aplicar materiais tão compatíveis quanto possível com

o revestimento, predominantemente compostos por

ligantes minerais, dando-se preferência aos materiais

tradicionais, de modo a verif icar a sua eficiência

através de ensaios laboratoriais; (vi) estabelecer

critérios de aplicação para cada produto ensaiado em

função da anomalia observada nos revestimentos; (vi)

definir uma estratégia de intervenção geral para cada

tipo de revestimento e de anomalia.

AutorA: Martha Lins Tavares . EditorA: LNEC . dAtA dE Edição: 2011 . ISBN:978-

972-49-2220-1 . PáginA s: 474 PrEço: 69,00 euros . à venda em www.

engebook.com

conservação e restauro de revestimentos exteriores de edifícios antigos

Este livro pretende ajudar o cidadão comum a conhecer

ainda melhor a cidade em que vive. Centrado no urba-

nismo, tem como objetivo falar de vários temas, como

a incompetência técnica, a especulação imobiliária,

apontando e denunciando as principais causas da

desorganização e desqualificação das cidades.

A obra foi escrita por Luís Ferreira Rodrigues, licenciado

em Planeamento Urbano e Territorial pela Faculdade

de Arquitetura da UTL e mestre em Ordenamento do

Território e Planeamento Ambiental pela Faculdade de

Ciências da UNL. Atualmente, desenvolve a sua ativi-

dade profissional como urbanista em Lisboa.

Redigido numa linguagem acessível a todos os cida-

dãos e enriquecido com dezenas de ilustrações práti-

cas, este Manual será certamente uma ferramenta útil

para o exercício da cidadania. “Mudar o atual estado

das nossas cidades depende, sobretudo, de cada um

de nós”, é referido na sinopse.

Autor: Luís Ferreira Rodrigues . EditorA: Guerra e Paz, Editores . dAtA dE

Edição: 2011 . ISBN: 978-989-702-020-9 . PáginAs: 240 . PrEço: 15,21 euros

à venda em www.guerraepaz.net

manual de crimes urbanísticos

Page 65: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

cm_63

projeto pessoal

biNasceu em 1964, no Concelho de Cantanhede.

Licenciou-se no ano de 1989 em Engenharia Civil, pela Faculdade de

Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e concluiu Mestrado

em Estabilidade de Estruturas, na mesma escola em 1995. Atualmente é

diretor Geral da Central Projectos e membro eleito do Colégio Nacional de

Engenharia Civil, da Ordem dos Engenheiros.

sonho de criançaSer cientista e poder inventar coisas.

o seu maior desafioContribuir para a melhoria da sociedade e para o desenvolvimento do seu

pais com sentido ético e responsabilidade social.

um arquiteto de referênciaSantiago Calatrava, o Arquiteto-Engenheiro Santiago Pevsner Calatrava Vall (Valência, 28 de julho de 1951) é um

arquiteto e engenheiro espanhol que se inspira em formas e seres da

natureza para criar obras dinâmicas e de uma beleza impar, combinando

conceitos da Arquitetura e Engenharia.

Calatrava licenciou-se em arquitetura em 1974 na Universidade

Politécnica de Valência. Mudou-se para Zurique para estudar engenharia

civil no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, licenciando-se em

1979 e doutorando-se em 1981.

No início de carreira dedicou-se principalmente ao projeto de pontes de

estações ferroviárias. O seu reconhecimento ficou marcado por obras

como a Torre de telecomunicaciones de Montjuïc, em Barcelona (1991),

no centro do complexo dos jogos olímpicos de 1992 e a Allen Lambert

Galleria, em Toronto (1992). O arranha-céus que marcou a sua entrada

neste segmento de projeto foi um edifício com 54 pisos de altura, com

torção piso a piso, Turning Torso (2005), em Malmö, na Suíça. Em Portugal

pode-se apreciar a obra de Calatrava no projeto da Gare do Oriente,

também conhecida como Gare Intermodal de Lisboa (1998).

um engenheiro civil de referência Edgar Cardoso (1913-2000)Edgar António de Mesquita Cardoso nasceu no Porto, em 11 de maio de

1913 e dedicou toda a sua vida à engenharia. Formou-se em engenharia

civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto em 1937

com uma média de dezassete valores. Aos 35 anos, o seu currículo era

já invejável, catedrático do Instituto Superior Técnico, com o projeto e

acompanhamento de execução de trinta e cinco pontes e oito reparações

de pontes.

As suas obras eram classificadas como verdadeiras esculturas,

inovadoras, imponentes, leves e esteticamente modernas, fruto da sua

impressionante capacidade inventiva e habilidade manual, nasciam a

partir de modelos ou maquetas.

JOãO CATArINODiretor Geral da Central Projectos

uma obra de referênciaTurning Torso é um arranha-céus localizado na cidade de Malmö na Suécia de

Santiago Calatrava.

uma aposta no futuro Trabalhar para o reconhecimento da Engenharia Civil como atividade que é

essencial para o desenvolvimento da sociedade.

hobby Ocupo todo o tempo que tenho disponível com vários hobbies: pintura,

aeromodelismo, vela, pesca, jardinagem entre outros.

dos projetos mais desafiantes, seleciona

Um edifício de 22 pisos , de betão armado, na marginal da Figueira

da Foz, com utilização de hotel. O edifico tem alguma complexidade

técnica, com um comprimento total de 75m, sem juntas de dilatação

com 1 pilar a suportar 1/3 do peso do edifício, algumas lajes com 22

de vão, piscina no último piso, contenção e fundações especiais. Uma

Obra onde a Engenharia, com respeito pela função, implicou muitas

soluções especiais de Engenharia.

Page 66: DOSSIER Património em Betão CONVERSAS Pamela Jerome

64_cm

6º Congresso Congresso Luso-Moçambicano 29 agosto a Maputo FeUP, UeM, oe, oeMZLUso-MoçaMbiCano de engenharia 2 setembro 2011 Moçambique http://paginas.fe.up.pt/clme/2011/

ConCreta 2011 Construção e obras Públicas 18 a 22 outubro Porto exponor 2011 Portugal www.concreta.exponor.pt

Centeris 2011 sistemas de informação 5 a 7 outubro Vilamoura iPCa, UtaD, iPL 2011 Portugal http://centeris.eiswatch.org/

gesCon 2011 sistemas de informação na 27 e 28 outubro Porto FeUP Construção 2011 Portugal http://paginas.fe.up.pt/~gescon2011/

Vii Congresso CMM Congresso nacional sobre 24 a 25 novembro guimarães CMM Construção Metálica e Mista 2011 Portugal www.cmm.pt/congresso/

As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.

Coran 2011 avanços em Modelos não-lineares 24 a 25 novembro Coimbra eccomas – aplicações ao betão estrutural 2011 Portugal www.dec.uc.pt/coran2011/

sUstentabiLiDaDe na sustentabilidade 29 e 30 setembro Lisboa iisbereabiLitação Urbana 2011 Portugal www.iisbeportugal.org

calendário de eventos

sustentabilidade na reabilitação

Urbana: o novo paradigma do

mercado da construção” é o tema

principal da conferência que vai

decorrer dias 29 e 30 de setem-

bro, em Lisboa.

em destaque estarão os desafios

emergentes, novas abordagens, soluções tecnológicas e prioridades

políticas que permitirão aos diversos intervenientes do mercado da

construção enfrentar o atual contexto ambiental, sociocultural e micro

e macroeconómico.

o evento destina-se a todos os intervenientes do setor da construção e

reabilitação: projetistas, empresas de construção, promotores imobiliá-

rios, consultores produtores, centros de i&D, municípios, associações

empresariais, clientes, etc.

a conferência está a cargo da iniciativa internacional para a sustentabi-

lidade do ambiente Construído (iisbe), em parceria com a Universidade

do Minho (UM) e Laboratório nacional de engenharia e geologia (Lneg) e

tem como parceiros as ordens Profissionais dos arquitetos, engenheiros

e engenheiros técnicos.

www.iisbeportugal.org

conferência nacional iisbe portugal

eventos

Vai decorrer no dia 20 de outubro, no Porto, o enerDia tendo este ano

como tema de destaque “a reabilitação Urbana como uma oportunida-

de para a eficiência energética”. o seminário é organizado pela revista

Construção Magazine, em parceria com a revista indústria e ambiente .

Dado o sucesso do enerdia do ano anterior, estamos a organizar mais

um dia dedicado à eficiência energética, mas desta vez dando enfoque

à reabilitação urbana.

este evento, inspirado no suplemento anual de ambas as revistas - o

energuia – guia de eficiência energética nos edifícios, a decorrer no

Porto, está a ser programado para uma plateia de 100 pessoas. o

enerDia pretende transmitir soluções práticas para uma gestão mais

eficiente do consumo energético.

o evento, dirigido fundamentalmente a engenheiros Civis, arquitetos,

Projetistas e técnicos das empresas, é também indicado a todos

aqueles para os quais esta temática é relevante no seu domínio de

atividade.

enerdiaa reabilitação urbana como uma oportunidade para a eficiência energética

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• Decora e mantém a humidade• Melhora o substrato e ajuda o enraizamento das plantas• Drena o excesso de água no solo • Recomendado para todo o tipo de plantas

JardinagemSubstratoGeotextil

(Drenagem)Tela anti-raiz

ImpermeabilizaçãoBetonilha

Camada de forma e isolamento

Laje betão

A utilização de ® permite um escoamento rápido do excesso de água, devido aos pequenos espaços existentes entre as bolas de argila, evitando que a água fique acumulada no substrato o que ajuda as raízes das plantas a respirar.