dossie viola de cocho
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Minha viola chora primaMinha viola chora primaE a prima chora bordomas ia, eu gosto dela
(Toada de Cururu)
Eu tenho minha violapra tocar o siririAi, toca ganz
Ai, toca tamboril(Toada de Siriri)
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Instituto do PatrimnioHistrico e Artstico Nacional
DEPARTAMENTO DO PATRIMNIO IMATERIAL
SBN Quadra 2 Edicio Central Braslia 1o andarCep: 70.040-904 - Braslia-DF
Teleones: (61) 3414-6135 , 3414 6137www.iphan.gov.br - [email protected]
CENTRO NACIONAL DE CuLTuRA POPuLAR
Rua do Catete, 179CEP: 22.220-000 Catete RJwww.cncp.gov.br - [email protected]
Projeto Celebraes e Saberes da Cultura
Popular/CNCP/Iphan
COORDENAO GERAL
Letcia Vianna
CONSuLTORIA EM ETNOMuSICOLOGIA
Eliabeth Travassos
EQuIPE DE PESQuISA
Edilberto Fonseca
Gstavo PachecoLetcia DiasLetcia Vianna
ASSISTENTES DE PESQuISA
Aroldo ArrdaFbio AleonThiago Aqino
PRESIDENTE DA REPBLICA
Li Incio Lla da Silva
MINISTRO DA CuLTuRA
Jca Ferreira
PRESIDENTE DO IPHAN
Li Fernando de Almeida
CHEFE DE GABINETE
Fernanda Pereira
PROCuRADORA-CHEFE FEDERAL
Lcia Sampaio Alho
DIRETORA DE PATRIMNIO IMATERIAL
Marcia SantAnna
DIRETOR DE PATRIMNIO IMATERIAL E
FISCALIzAO
Dalmo Vieira Filho
DIRETOR DE MuSEuS E CENTROSCuLTuRAIS
Jos do Nascimento Jnior
DIRETORA DE PLANEJAMENTO EADMINISTRAO
Maria Emlia Nascimento Santos
COORDENADORA-GERAL DE PESQuISA,DOCuMENTAO E REFERNCIA
Lia Motta
COORDENADOR-GERAL DE PROMOO DOPATRIMNIO CuLTuRAL
Li Philippe Peres Torelly
SuPERINTENDENTE REGIONAL EM GOIS,MATO GROSSO E TOCANTINS
Salma Saddi Waress de Paiva
SuPERINTENDENTE REGIONALNO MATO GROSSO DO SuL
Maria Margareth E. Ribas Lima
Departamento de Patrimnio Imaterial
GERENTE DE IDENTIFICAO
Ana Gita de Oliveira
GERENTE DE REGISTRO
Ana Cldia Lima e Alves
GERENTE DE APOIO E FOMENTO
Teresa Maria Cotrim de Paiva Chaves
Centro Nacional de Cultura Popular
CHEFE DA DIVISO TCNICA
Lcia Ynes
CHEFE DO SETOR DE PESQuISA
Ricardo Gomes Lima
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PGINA 2
FESTA DE SO JOO.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
PGINA 4
ExPOSIO DE VIOLA-
DE-COCHO PARA VENDA
NA PORTA DA CASA DE
CAETANO RIBEIRO
CuIAB-MT, 2007.
FOTO: EDILBERTO
FONSECA.
Edio do Dossi
EDIO DE TExTO
Edilberto Fonseca
TExTOS
Carla BelasEdilberto FonsecaEliabeth TravassosLetcia DiasLetcia ViannaRoberto Corra
MAPA
Caito MainierEdgar Fonseca
TRANSCRIES MuSICAIS
Edilberto FonsecaRicardo Gilly
EDIO DE PARTITuRAS
Ricardo Gilly
REVISO DE TExTO
Grpo 108 de Comnicao(Helena Jansen)
PROJETO GRFICO
Victor Brton
DIAGRAMAO
Grpo 108 de Comnicao(Carlos Magno do Amaral)
COORDENAO DE EDIONatlia Gerra BraynerRvia Ryker Bandeira de Alencar
Registro do Modo de Fazer Viola-de-CochoProcesso no. 01450.01090/2004-03
PROPONENTE:
Centro Nacional de Cultura Popular
DADOS DO PROCESSO:
Pedido de Registro Aprovado na 45 Reunio do ConselhoConsultivo do Patrimnio Cultural, em 01/12/2004.Inscrio no Livro de Registro de Saberes em 14/01/2005.
FOTOGRAFIAS
Gravras e FotograasAcervo CNCPAlce Maynard de ArajoCarla BelasDcio DanielEdilberto FonsecaEliabeth TravassosEmanel Oliveira BragaFrancisco Moreira da CostaKarl von den SteinenLcia Carames SartorelliLi Antonio DailibeLi Iti AbeMa Schmidt
INSTITuIES PARCEIRAS
Secretaria Estadal de Meio Ambiente, Cltrae Trismo de Mato Grosso do SlSecretaria de Cltra do Estado do Mato Grosso
Associao Folclrica de Vrea GrandeAssociao Folclrica de Mato Grosso
Fndao de Cltra de Mato Grosso do SlInstitto do Homem Pantaneiro
APOIO
Programa Artesanato Solidrio/Comnitas Parcerias para o desenvolvimento solidrio
Associao Cltral de Amigos do Mse deFolclore Edison CarneiroFndao Jos Bonicio FuJB
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sumriosumrio
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10 APRESENTAO
12 Introduo
18 O instrumento musical24 A viola-de-cocho e oconjnto instrmental27 O ocio33 O processo de abricao38 Reerncias histricas
44 Rodas, cantorias,ponteados e danas49 O crr57 O siriri62 O reinado e as estastradicionais
66 A dinmica da tradio -Os sentidos do registroe o desafio dasalvaguarda
73 NOTAS
74 Fontes Bibliogrficas
78 anexo 1Parecer do RELATOR
82 anexo 2titulao de patrimniocultural do brasil
83 anexo 3afinaes e toques bsicosda viola-de-cocho
84 anexo 4partituras
103 anexo 5letras
109 anexo 6
capas de discos
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APRESENTAOAPRESENTAO
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PGINA 8
EuCLIDES MAIA DA SILVA
FAz MARCAO A LPIS,
NA TORA, PARA CORTE DO
COCHO NuM TRONCO DE
SERIGuELA.
CuIAB-MT, 1988,
FOTO: LuIz ANTONIO
DuALIBE.
PGINA AO LADO
DESENHO DO MOLDE
PARA ENTALHE DO
CORPO DA VIOLA-DE-
COCHO.
CuIAB-MT, 2003.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
ABAIxO
DETALHE DE FOTO
DE VIOLEIRO DA
ORQuESTRA DE CMARA
DO ESTADO DE MATO
GROSSO.
CuIAB-MT, 2008.
FOTO: LCIA CARAMES
SARTORELLI.
Viola-de-cocho minstrmento msical deorma e sonoridade sui generisprodido na regio da bacia do
Rio Paragai baiada ciabana eadjacncias nos estados de MatoGrosso e Mato Grosso do Sl.Destaca-se como m instrmentondamental nos gneros msicaiscrr e siriri, cltivados,sobretdo, em maniestaescltrais ligadas religiosidade e brincadeira. prodida de modoartesanal e, tradicionalmente,com matrias-primas etradas danatrea da ana e da fora dopantanal e do cerrado.
A salvagarda do processode abricao artesanal do
instrmento s possvel,portanto, se or ecologicamentesstentvel e ndada na relaoharmoniosa e conscientedos artesos com o meioambiente. Entretanto, a mera
sstentabilidade ecolgica nogarante a preservao da viola-de-cocho como instrmento msical.
A garantia do acesso s matrias-
primas e da reprodo artesanalno so scientes para sacontinidade. Essas aes devemestar integradas valoriao dasonoridade desse instrmento ede sas nes nas rodas, estase celebraes qe animam a vidasocial no Brasil Central.
mito importante tambmqe a viola-de-cocho e sa msicasejam amplamente conhecidase apreciadas pelo conjntoda sociedade brasileira, poisepressam a identidade dem niverso cltral povoado
de bichos, gente, santos, mitos,lendas e histrias ndamentaispara a manteno da riqeasimblica de nosso pas. Esseoitavo volme da srie DossiIphan tra a pblico aspectos
relevantes desse niverso qedevem ser compartilhadose divlgados para ampliaro conhecimento sobre esse
patrimnio cltral.Pararaseando m verso bem
poplar no crr:Deia estar, jacar, qe essa
riqea no vai acabar...
Li Fernando de Almeida
Presidente do Iphan
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IntroduoIntroduo
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Em 1988, o Centro Nacionalde Folclore e Cltra Poplar,ainda vinclado Fnarte,realio ma eposio sobre a
viola-de-cocho e sas epressesrelacionadas, o crr e o siriri,na Sala do Artista Poplar, noprprio espao do Centro no Riode Janeiro. A eposio tinha oobjetivo de valoriar o modo deaer viola-de-cocho a partir desa diso jnto a m pblicodiversicado e no necessariamenteamiliariado com o instrmento.Condida pelos pesqisadoresEliabeth Travassos e RobertoCorra jnto a crreiros eartesos de viola-de-cocho na regiodos mnicpios de Ciab e Santo
Antnio do Leverger, em MatoGrosso, a pesqisa etnogrca qeembaso a mostra compreende asprticas relacionadas ao modo deaer a viola-de-cocho, realiandoregistro otogrco de algns
PGINA AO LADO
JOO BATISTA RODRIGuES.
CuIAB-MT, 1988.
FOTO: ELIzABETH
TRAVASSOS.
ABAIxO
DETALHE DE VIOLA
DESENHADA.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
dos principais artesos dapoca, alm de gravaes qeoriginaram o disco Cururu e outroscantos das estas religiosas - MT.
Em evereiro de 2002,o Projeto Viola-de-CochoPantaneira implemento novapesqisa e docmentaoetnogrca nos mnicpios deCormb e Ladrio, emMato Grosso do Sl.
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O projeto oi coordenadopelo Centro Nacional de Folcloree Cltra Poplar com recrsosda Petrobras Distribidora, nombito do Programa ArtesanatoSolidrio, e conto com ma redede parceiros da maior relevncia,alm do apoio e a adeso no sdos msicos-artesos, mas de
vrias instncias comnitriase institcionais. A pesqisa oicoordenada por Letcia Vianna
e tinha por objetivo a gerao deconhecimento a ser disponibiliadopara o pblico em geral; aelaborao de m plano de manejoambiental para garantir matria-prima; a realiao de ocinas deedcao ambiental, de conecoe eeco msical do instrmentopara repasse da tradio; aelaborao de estratgia para acolocao da viola no mercado e adiso do bem cltral por meio
de cartes postais, pblicaes ema nova eposio na Sala do
Artista Poplar.Os resltados da pesqisa do
Projeto Viola-de-Cocho Pantaneiraevidenciaram o risco iminente dedesaparecimento da viola-de-cochoem Cormb e Ladrio, no MatoGrosso do Sl, pela idade avanadados, ento, nicos detentoresdos saberes a ela relativos. Diantedeste ato e, tambm, do crescentereconhecimento da viola-de-cochocomo m smbolo da identidadedo Estado de Mato Grosso, sendoinclsive objeto de dispta jrdicasobre registro de marca em benecioindividal, o Centro Nacional deFolclore e Cltra Poplar/CNFCP
tilio a metodologia do InventrioNacional de Reerncias Cltrais/INRC para a sistematiao dedados, levantamento, identicaoe localiao de docmentos ereerncias sobre a viola-de-cocho
ANTNIO HLIO.
POCON-MT, 2003.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
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visando instro do processo deregistro para obteno do ttlo dePatrimnio Cltral do Brasil.
Este trabalho, iniciado em 2003,
oi realiado no mbito do ProjetoCelebraes e Saberes da CltraPoplar. Nesse sentido, em 2003,ma nova pesqisa oi levada adiante,com o objetivo especco de sbsidiaro pedido de registro do modo deaer a viola-de-cocho como bemcltral, tendo sido visitados osmnicpios de Nossa Senhora doLivramento, Pocon, Jangadas,Nobres, Rosrio Oeste, Diamantinoe novamente em Santo Antnio doLeverger e Ciab, em Mato Grosso.
Assim, o Inventrio Nacionalde Reerncias Cltrais do Modode Faer a Viola-de-Cocho nosestados de Mato Grosso e MatoGrosso do Sl, integro ma daslinhas de pesqisa e docmentaodo Projeto Celebraes e Saberesda Cltra Poplar, desenvolvido
pelo Centro Nacional deFolclore e Cltra Poplar,com o patrocnio da Secretariade Patrimnio, Mses e ArtesPlsticas do Ministrio da Cltra,no mbito do Programa Nacional dePatrimnio Imaterial. Tratava-se dema eperincia piloto no sentidode prodir conhecimento sobreas possibilidades, alcance e ecciado Decreto-Lei 3551 de 4 deagosto de 2000.
Frto do processo de pesqisa,a docmentao renida esistematiada por meio doInventrio Nacional de ReernciasCltrais do Modo de Faer a
Viola-de-Cocho gero sbsdios ormlao do dossi de instro,qe garanti a inscrio do Modode Faer Viola-de-Cocho no Livrodos Saberes, conerindo-lhe assimo ttlo de Patrimnio Cltraldo Brasil, em 14 de janeiro de
JOO GONALO.
LIVRAMENTO-MT, 2003.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
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O atal processo dereconhecimento da dimensopatrimonial dos saberes e aeresengendrados no modo de aer da
viola-de-cocho passa a ser, dessaorma, m dos caminhos viveispara o reconhecimento social e da
valoriao de indivdos e grposqe vm sendo reglarmentecolocados margem do processohistrico de constro daidentidade e da cltra brasileira.
2005. Neste dossi de instrooram disponibiliadas inormaesndamentais qe, renidas esistematiadas no decorrer de todo o
processo de pesqisa, teve se echoprovisrio no Inventrio Nacionalde Reerncias Cltrais do Modode Faer a Viola-de-Cocho. Essedossi reni tetos, imagens,
vdeos, msicas, partitras, mapas edemais reerncias qe resltaramde pesqisas realiadas pelo CentroNacional de Folclore e CltraPoplar nos estados de Mato Grossoe Mato Grosso do Sl, em diversosperodos nos mnicpios de: Santo
Antnio do Leverger e Ciab (MT)em 1988; de Cormb e Ladrio(MS) em 2002; Nossa Senhora
do Livramento, Pocon, Jangadas,Nobres, Rosrio Oeste, Diamantinoe novamente em Santo Antniodo Leverger e Ciab (MT) em2003; Vrea Grande e, mais ma
ve, Ciab e Nossa Senhora do
PGINA AO LADO
MAPA DE MATO GROSSO E
MATO GROSSO DO SuL.
MAPA DO BRASIL.
AO LADO
CuRuRuEIROS MANOEL
SEVERINO, CAETANO
RIBEIRO E JNIOR
CSAR, 2007.
FOTO: CARLA BELAS.
Livramento (MT) em 2007.Cabe lembrar, contdo, qe
mesmo no tendo sido possvelainda implementar pesqisas maispormenoriadas em otras regiesdos estados de Mato Grosso e MatoGrosso do Sl, relatos de crreiros
e artesos conrmam a presenada viola-de-cocho nas cidades deCceres o Baro de Melgao (MT),bem como em otras localidades emnicpios de Mato Grosso do Sl.
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O instrumento musicalO instrumento musical
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Onome cocho deve-se tcnicade escavao da caia deressonncia da viola em ma torade madeira inteiria; mesma
tcnica tiliada na abricaodos recipientes nos qais sodepositados os alimentos para ogado. Nesse cocho, j talhado noormato de viola, so aados mtampo e, em segida, as partesqe caracteriam o instrmentomsical, como cavalete, espelho,
paita, rastilho e cravelhas. O modototalmente artesanal de prododetermina variaes no instrmentoqe podem ser observadas de
arteso para arteso, de braopara brao, de rma para rma.Tomando m padro, arbitrrio,em meio s dierenas prprias domodo de aer artesanal, podemosdier qe as violas tm, em mdia,cerca de 70 cm de comprimentoe 25 cm de largra, com 10 cm
de altra na caia de ressonncia.Algmas possem m peqeno rocirclar no tampo, de 0,5 a 1 cmde dimetro; otras so totalmenteechadas, o qe no comprometea sonoridade: sem o ro, diem,gardam ses mistrios e no servemde abrigo a animais peonhentos.
Para a coneco do corpo,as madeiras tradicionalmentepreeridas so a imbva e o sar-de-leite; hoje, no entanto, sotiliadas tambm madeiras como
ABAIxO
RASPAGEM LATERAL DO
CORPO.
CuIAB-MT, 2007.
FOTO: EDILBERTO FONSECA.
VIOLA-DE-COCHO, 1988.
FOTO: DCIO DANIEL.
PGINA AO LADO
VIOLAS-DE-COCHO EM FASE
DE ACABAMENTO.
CuIAB-MT, 2007.
FOTO: EDILBERTO FONSECA.
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a mangeira, o cedro rosa e o caj-manga. Para o espelho, cravelhas epestanas so sados cedro, mogno,aroeira e otras madeiras, e, para o
tampo, a rai de geira e a teca (mamadeira asitica de ampla tiliao,em especial na constro de embar-caes). Para colar as diversas partes,tradicionalmente emprega-se abatata-de-smar, o ainda o grde,eito base de beiga natatria depiranha, a poca de piranha.
Cola, olha, antigamente tem maerva, qe chama smbar. A cortaela e j coloca em cima de mamadeira e a vai amaciando, virando,
virando, virando, at amaciar.Antigamente, era na base dosmbar, o poca de pintado. Hoje,no presente, a coisa mais cil.
Voc pega aqela cola qe crianacola papel... T aqi, t colado.[Joo Gonalo, 72 anos, NossaSenhora de Livramento, 2003]
CORDAS DE NAILON EM
SuBSTITuIO S DE TRIPA
DE ANIMAIS.
CuIAB-MT, 2007.
FOTO: EDILBERTO FONSECA.
COLOCAO DO RASTILHO.
CuIAB-MT, 2003.
FOTO: EDILBERTO FONSECA.
ENTALHE DO RASTILHO.
CuIAB-MT, 2003.
FOTO: EDILBERTO FONSECA.
Com cera de abelha preparam-seospontos, trastes eitos de barbante,para qe se em na madeira. Jcom as tripas de algmas espcies
de macacos so eitas as cordas.Entretanto, com eceo da madeira,esses materiais tm sido sbstitdospor prodtos indstrialiados, taiscomo cola indstrial, cera indstriale linha de nilon para as cordas. Noobstante as adaptaes necessriasrelativas s matrias-primas, os
artesos conservam tcnicas ecritrios ndamentais, oerecidospelo saber tradicional.
A viola-de-cocho possi semprecinco ordens de cordas. Podeapresentar-se com cinco cordassingelas o com qatro cordassingelas e mais m par de cordasanadas em oitava na terceiraordem. As sas cinco cordas sodenominadasprima, contra, corda domeio, canotio e resposta, sendo anadasde dois modos distintos: canotio
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solto e canotio preso. A anaodas cordas, de baio para cima, nasmodalidades canotio solto e canotiopreso so, respectivamente l-mi-si-
l-r e l-mi-si-sol-r.A anao das violas eita
de ovido, no sendo tiliadonenhm otro tipo de instrmentoo diapaso como reernciasonora. A segnda corda de ma
viola a qe serve de reernciapara a anao de todas as violas
presentes na roda de cantoria.Ao nal da cantoria de determinadocrreiro dentro de ma roda comm ocorrer ma sesso deconerncia da anao das violas,sendo rotineiro tambm qe, aolongo do tempo da cantoria, aanao v sbindo aos pocos.
A viola-de-cocho apresentadois o trspontos (trastes). Qandopossi trs, o intervalo msical entreeles de semitom; qando possi
dois, o primeiro d m intervalo dem tom, e, o segndo, de semitom.Os acordes sados so basicamenteos de tnica e de dominante comstima; eventalmente, armando-se ode sbdominante. No siriri, em qeeste ltimo acorde mais sado, aanao empregada canotio preso,de orma qe ele possa ser armadocom apenas dois dedos. A mesmaarmao, contdo, mitas veessada na anao canotio solto.
CANTORIA DE CuRuRu,
SEu NHCA E SEu
AGRIPINO MAGALHES.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO : FRANCISCO M. DA
COSTA.
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A viola, sempre de abricaoartesanal, sada principalmentepor msicos das camadas poplaresem sas estas e divertimentostradicionais. Nas estas catlicasde Mato Grosso, por eemplo,especialmente as do ciclo joanino,h sempre ma roda de crro de siriri, nas qais a viola-de-cocho aparece como o principalinstrmento.
...a ta, o cantador obrigado apr. Dia 10 de janeiro oi dia de SoGonalo, o santo qe toca a viola. Asesteiras, qando recebem ma graa
de algm santo, no dia desse santolevam ma ta para amarrar na violado cantador, pra ele cantar pro santo. ma promessa. A pessoa escrevese nome na ta colocada na viola docantador. Acho qe para o santosaber qem oi qe pago a promessa.
As tas tm cores dierentes, cada
santo tem sa cor. Amarelo dia8 de deembro, dia de Conceio,
verde So Gonalo, rosa So Joo,vermelho Senhor do Divino, branca Nossa Senhora das Graas... Parecementira, mas verdade; a pessoa estcom criana com agonia, amanh,depois de amanh dia de santo, ele
vai e ala: aei me lho sarar e evo comprar m metro de ta pralevar pra cantar. Cada moda qe ocantador canta para m santo e cadapessoa tem com m santo. ma
SuVENIRES DE VIOLA-DE-
COCHO, PAuLO SANTOS.
CuIAB-MT, 2007.
FOTO : CARLA BELAS.
As violas podem ser decoradascom temas do pantanal,desenhadas a ogo e pintadascom tinta colorida, o bembranqinhas, na madeira cra,com o sem verni. As tascoloridas amarradas no caboindicam o nmero de rodas decrr em qe a viola oi tocadaem devoo a algm santo, tendocada qal sa cor particlar.
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em direo ao Pantanal, o rio navegvel; na direo contrria, orio tem corredeiras qe impedem anavegao. Entretanto, qando as
epresses so sadas no contetodo crr e da viola-de-cocho,o ponto de reerncia passa a sero mnicpio de Rosrio Oeste.De Rosrio para baio, inclindoCiab, a viola tocada emandamento mais vivo. De Rosriopara cima (regio de Nobres,
Alto Paragai, Diamantino), tocada mais lentamente, e,em conseqncia, o crrtem tambm andamento maismoderado. As dierenas deandamento so acompanhadaspor maneiras dierentes dedanar o siriri.
VISTA PANTANAL.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
obrigao. O sjeito pede e recebe, milagre. [Agripino Magalhes,89 anos, Cormb, 2002]
A chamada viola caipira de 5
o 6 cordas dplas, largamenteconhecida em praticamente todoo Brasil, tambm tiliadaem Mato Grosso, na msicadas catiras1, das bandeiras deolia, e nas modas de viola2. Osmato-grossenses chamam-na violade pinho. Ningm cogita s-
la no crr, em sbstitio viola-de-cocho, j qe estaltima no meramente ma
viola qe se toca qando noh otro instrmento decordas disponvel. Viola-de-cocho e viola de pinho so doisinstrmentos distintos por saestrtra, ainao e timbre.
A individalidade sonora daviola-de-cocho oi ressaltada porqantos a oviram. Jlieta de
Andrade observa:
No caso da viola-de-cocho,qando as cordas so golpeadas comora, soma-se, ao som msicalemitido, m leve rdo ricativo
qe integra a sonoridade doinstrmento, individaliando-lheo timbre. (1981: 32)
A viola pode ser tambmponteada - tocada de ormadedilhada - ncionando comoinstrmento solista, mas nemtodos os crreiros sabem s-
la dessa maneira. A eecode melodias mais reqenteno rasqeado, ritmo conhecidona regio do rio Paragai emito comm nos bailes mato-grossenses e tambm na chamadamsica caipira.
Freqentemente os violeirosreerem-se aos sotaqes rio-abaixoe rio-acima o viola-rio-baianae viola rio-acima, reerncias adois trechos do rio Ciab: dacidade de Ciab, descendo-se
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crreiros, o gan se destacatanto no crr como no siriri,pela pecliaridade de se timbre.
O tamboril est presente
apenas na dana do siriri, sendom dos instrmentos qe doritmo aos danarinos. Trata-sede m peqeno tambor apoiadoem ps de madeira (geralmentecabos de vassora), medindoaproimadamente m metrode altra, sendo qe o tambor
Com orma e sonoridadesinglares, a viola-de-cochointegra m sistema msical sui
generis na regio Centro-Sl,
especialmente nos estados deMato Grosso e Mato Grosso doSl. O modo de aer a viola-de-cocho est relacionado, tambm,ao aer artesanal de m conjntode instrmentos qe compemo compleo msical-potico-coreogrco do crr e do siriri,
onde ela tem papel de destaqe.Os principais instrmentos qecompem o conjnto instrmentalnessas maniestaes, ao lado da
viola-de-cocho, so o gan, otamboril (o tamborim), o mochoe, tambm, o ade.
O ganz m instrmentode percsso, ma espcie dereco-reco, sendo, em algnslgares, tambm conhecidocomo cracacho caracach. Comaproimadamente 50 cm de
comprimento, eito de taqara epossi diversos cortes transversaisa se comprimento (m corte acada meio centmetro). Para aero instrmento soar, necessrioriccionar m peqeno pedaode pa, osso o pedra de cima
para baio e de baio para cima,no sentido do comprimento doinstrmento. De volme maiselevado do qe as violas-de-cocho e as prprias voes dos
A viola-de-cochoe o conjuntoinstrumental
ABAIxO
MANOEL SEVERINO.
CuIAB-MT, 2003.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
FESTA DE SO JOO.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
PGINA AO LADO
VIOLAS-DE-COCHO, GANz
E TAMBORIL.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
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propriamente (sem os ps) atingecerca de 70 cm. perctidocom das peqenas baqetas demadeira, qase sempre eitas
tambm com cabos de vassora.O coro, de veado o carneiro,reveste m cilindro de madeiraconstrdo o aproveitadode algm tambor. J o mocho o instrmento qe, como otamboril, acompanha o siriri,porm se ormato dierenciado
pois se parece mais com m bancode madeira cjo assento eito decoro, no qal so perctidas asdas baqetas.
De todos os instrmentosdo compleo msical, o adue,segndo depoimentos colhidos,parece ser aqele qe est
praticamente etinto.
Qando e entendi porgente, comecei a qerer cantare aer viola; naqele tempo,
qando e tinha 10 anos de idades, ningm chegava nma rodade crr pra no ter o ado;s vees tinha dois, s vees tinha
trs, mas nnca altava. Adoera tipo de m pandeiro, mesmacoisa de m pandeiro. [ManoelSeverino, 1998]
Trata-se de m peqenopandeiro eito tambm de corode veado o carneiro, complatinelas de chapinhas de
rerigerante o cerveja. Segndoos crreiros, antigamenteno era to comm encontr-lonas estas, por ser consideradode eeco mais dicil emrelao aos otros instrmentos.
Atalmente ele no maisvisto, pois alm de no haver
qem o saiba tocar, no maisconeccionado artesanalmente,tendo sido sbstitdo, qandoaparece, por pandeirosindstrialiados.
ABAIxO
CONJuNTO INSTRuMENTAL
DO SIRIRI: MOCHO, VIOLA-
DE-COCHO E GANz, NA
CASA DE DONA MARCOLINA,
BAIRRO PEDRIGO, FESTA DE
NOSSA SENHORA APARECIDA.
CuIAB-MT, 1987.
FOTO: LuIz ITI ABE.
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O ofcio
Dierentemente de otrosinstrmentos msicais de sopoplar (viola caipira, violo,cavaqinho, nmerosos instrmentos
de percsso, etc.), coneccionadostanto por artesos tradicionaisqanto por empresas, em escalaindstrial, a viola-de-cocho prodtoeclsivamente artesanal, eito porartesos para so prprio o paraatender demanda de peqenosmercados locais constitdos por
msicos, pesqisadores, pessoasligadas ao crr e siriri e, tambm,tristas de m modo geral.
Os crreiros costmamreconhecer acilmente o abricante dema viola-de-cocho graas a certascaractersticas e marcas artesanaisqe a individaliam.
A tiliao atal da viola-de-cocho, especicamente por parte demsicos, tem demandado algmasmodicaes na estrtra sica doinstrmento. Isso se d por reqisio
ABAIxO ESQuERDA
MEDINDO CORTE DE
MADEIRA (SAR-DE-LEITE),
ALCIDES RIBEIRO E MANOEL
SEVERINO.
CuIAB-MT, 2003.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
ABAIxO DIREITA
CORTE DE MADEIRA,
VITALINO SOARES.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
MODELAGEM DO TRONCO
COM MOTOSSERRA, ALCIDES
RIBEIRO.
CuIAB-MT, 2003.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
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31M d d F Vi l d C h{ }
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PGINA AO LADO
ENTALHE DO CORPO DA
VIOLA-DE-COCHO.
CuIAB-MT, 2003.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
A viola-de-cocho sore estamdana por eigncia de certostocadores, certos msicos, qe soadeptos da viola-de-cocho. Como
srgi o ogo a gs... antigamente secoinhava no tacr... a veio o ogode barro, ogo de lenha; hoje t noogo a gs, tem at o microondas,por qe no srgi a viola comalgmas melhorias de qalidade? Aa gente oi atendendo ao mercado,principalmente pra qem oi tocar
msica poplar brasileira. [AlcidesRibeiro, Ciab, 2008]
Hoje, a comercialiao maisampla da prodo dos artesos,no mercado trstico, de msicos,colecionadores e de apreciadoresde arte poplar ora do mbito,portanto, do consmo tradicional
eito por crreiros , realiadatanto nas casas dos prprios artesosqanto por meio dos rgos ociaise instities, governamentais ono-governamentais, qe trabalham
dos prprios msicos em nodos novos contetos cltrais qea viola-de-cocho vem ocpando.Tradicionalmente, o brao da viola-
de-cocho, chamado de pescoo, eitocom 15 centmetros de comprimento.Para os msicos qe vo ponte-la,no entanto, o ideal qe opescootenha 16 o 17 centmetros, alm deser m poco mais desbastado naparte posterior, a m de acilitar aempnhadra para o dedilhado.
ABAIxO
ESCAVAO VIOLA-DE-
COCHO.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
OFICINA DE PRODuO DE
VIOLA, MESTRE SEVERINO
MOuRA.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
na promoo e diso do artesanatodos estados de Mato Grosso e MatoGrosso do Sl.
No entanto, eistem mitospeqenos abricantes, cja prodocontina vinclada somente snecessidades dos crreiros. O
crreiro, se no ele mesmo mabricante, contina indo casa doarteso, se conhecido, levando-lhema tora de madeira e pedindo-lhema viola. Em algns casos, no h
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seqer venda propriamente dita,pois diversos artesos atendem aospedidos de ses amigos e parentes,independentemente de qalqer
pagamento em dinheiro.Para artesos como Alcides
Ribeiro e Manoel Severino, cjaprodo atende a m mercadodiversicado qe vai de tristas amsicos, o preo das violas-de-cocho pode variar mito em nodo tipo de comprador. Hoje, o
preo de ma viola pode alcanaraproimadamente R$ 350,00.Porm, para os crreiros qedesejam comprar ma viola, os preosso menores e negociados, pois,como lembra Alcides, eles qe vosegrar m poco mais a cltra.
Os artesos de viola qemantiveram o saber vivo at hoje,no obstante o desinteresse do poderpblico e do mercado de msicapoplar, tm epectativas de apoio
institcional para qe possam aer,dessa atividade, ma prosso.
Alm da peqena e tradicionalprodo artesanal individaliada,observa-se em Ciab, na casa deCaetano Ribeiro, m caso de processocoletivo amiliar e domstico, com
diviso de trabalho anloga a malinha de montagem, qe proporcionaamento de prodtividade eatendimento de ma demandamaior e mais variada. Nesse casos,
AO LADO
INCIO SOuzA BRANDO.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
ABAIxO
FuRO DO CAVALETE.
CuIAB-MT, 2007.
FOTO: EDILBERTO FONSECA.
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violas-de-cocho dirigidas a novosmercados como os dos tristas,colecionadores e apreciadores dearte poplar. Manoel Severino
de Moraes, 76 anos, como otrosartesos antigos, arma ter renido,somente entre 1974 e 1985, mil etreentas notas de artesanato, isto ,notas de venda de violas-de-cochona Casa do Arteso de Ciab.Mesmo ma prodo to elevada de130 violas por ano, em mdia, no
signico qe Manoel Severino tenhadeiado de trabalhar em prossescomo pedreiro o carpinteiro, nemqe as encomendas dos regesestradicionais tenham cessado.
A crescente revitaliao dointeresse pelas epresses associadas viola-de-cocho e amentar a
demanda pela prodo de svenires(chaveiros, porta-canetas e otros)para tristas, rmas e institiesdiversas, para compradores de otrosestados e mesmo de ora do pas.
So coneccionados, por eemplo,chaveiros e peqenas violas cominscries pirograadas como Viola-de-Cocho Ciab-MT, alm de
rases solicitadas pelos compradores.Feitas a partir de sobras de madeirasda prodo, esses svenires soconeccionados tanto por artesosem Mato Grosso do Sl, a eemplode Everaldo Gomes, qanto emMato Grosso, a eemplo de PaloRoberto dos Santos.
algns artesos realiam o corte,otros escavam a viola enqantootros colaboram na liao eacabamento nal.
A prodo de viola-de-cochopara o mercado, embora j no se
vincle somente s necessidadesdos crreiros, ainda m tantoincipiente. So pocos os artesosqe ganham a vida coneccionando
violas-de-cocho, sem eercer otraprosso. Joo Batista Rodriges,
qe participo da pesqisa eita peloCentro e eps na Sala do ArtistaPoplar, em 1988, m eemplo dearteso qe dedico todo se tempo coneco de violas.
A Casa do Arteso (Fndao dePromoo Social Pr-Sol) e a Casada Cltra (Secretaria Mnicipal
de Edcao de Ciab), rgosqe promovem e comercialiam oartesanato mato-grossense, vm seconstitindo, h algns anos, mespao de estmlo prodo de
SuVENIRES DE VIOLA-DE-
COCHO, PAuLO SANTOS .
CuIAB-MT, 2007.
FOTO: CARLA BELAS
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Aconeco da viola-de-cochooi docmentada por FranciscaFerreira (1978) e por Jlieta de
Andrade (1981), sendo qe esta
atora descreve detalhadamente oprocesso, identicando as matrias-primas sadas. A descrio eita,aqi, sobre o modo de aer a viola-de-cocho se apia em dados colhidosnas recentes pesqisas realiadas
jnto aos artesos das localidadesde Ciab, Vrea Grande,
Pocon, Baro de Melgao, SantoAntnio do Leverger, Jangadas,Rosrio Oeste, Diamantino,Nobres, Livramento (MT), alm deCormb e Ladrio (MS).
Vrias madeiras sotradicionalmente sadas naconstro da viola. Para o corpo
do instrmento, as preeridas so aimbva, o sar-de-leite e o cedro.Mais ceis de escavar, as madeirasmacias so as preeridas para ocorpo do instrmento, embora
O processo defabricao
ABAIxO
P DE xIMBuVA.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
PGINA AO LADO
CuRuRuEIROS MANOEL
SEVERINO, CAETANO
RIBEIRO E JNIOR
CSAR, 2007.
FOTO: CARLA BELAS.
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algmas, jstamente por essaqalidade, sejam mais ssceptveisao ataqe dos insetos. O corte damadeira deve ser eito sempre na lamingante. Caso no seja cortadana la certa, a madeira pode seratacada por m tipo de cpim, o
caruncho, qe esbraca toda a caia.Alm disso, h ma orma especcade aer o corte, seno, como dise Manoel Severino, a madeira d
vento, o seja, trinca e d ssra.
E acredito mito na la,porqe a gente j tinha aqelehbito na olia... dia... qando mingante, cheia, crescente. Eacredito qe a la boa pra tirarmadeira a mingante, mas viqe na mingante tdo dimini,
desde o som da viola dimini.Agora, na cheia, t tdo grande...todo mndo de olho na la cheia.Se tirar na cheia corre o risco deperder a madeira o ela bichar
bastante. [Manoel Severino, 76anos, Ciab, 2008]
O sar-de-leite ma madeiraencontrada nos baiades, beiras derio qe passam grande parte do anoalagadas; ao contrrio da imbva,encontrada mais na terra rme. Na
alta das madeiras mais adeqadas,vm sendo empregadas hoje tambma serigela e a rcrana o sangradga, o jacote, o cajeiro, omandioco e a mangeira. Algns
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artesos sam o cedro para o corpodo instrmento, embora esse tipo demadeira seja preerido para partesdo instrmento qe necessitam demaior resistncia. As violas-de-cocho eitas de cedro, pela prpriaqalidade da matria-prima, so
mito drveis, podendo chegar,segndo contam, a mais de 100 anos.
Para o tampo da viola maiscommente sada a rai da geira,material qe atalmente de
viola, qe tampada aqi, [qe] notem braco, tem mistrio.
Tradicionalmente, as madeirasso retiradas com machado, pormo so da motosserra temotimiado o trabalho de corte ebeneciamento da matria-prima.
Com essa erramenta podem sercortadas aproimadamente 10 violasde m nico tronco, ao passo qe,com o machado, de ma rvorecomo o sar, se ela or grossa, se
dicil localiao, reclama o artesoAlcides Ribeiro. Otras madeirastambm podem ser tiliadas, taiscomo a catana e a sapopemba, e, maisrecentemente, tambm a teca. Paraas demais partes da viola, palhetaopaita, cravelha e pestana, so
escolhidos o cedro e, em algns casos,a taipoca. As violas podem apresentar-se com o sem oricio no tampo.Damio de Almeida, de RosrioOeste, di qe o povo ala qe a
PREPARAO,
COLAGEM E FIxAO
DO TAMPO.
CuIAB-MT, 2007.
FOTOS: EDILBERTO
FONSECA.
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aem at trs violas, resltando emmenor prodo e maior perda. o qe relata Ebio Freire, 67anos, m dos nicos artesos do
mnicpio de Diamantino qeainda retira com machado a madeirapara a eitra das violas-de-cocho.Na derrbada de ma rvore comoo sar ele a at trs violas, se elaor grossa. importante lembrar,contdo, qe para a retirada damadeira, seja com machado o com
a motoserra, necessrio ter maatoriao de rgos regladores,como o Ibama, qe atalmente tem
validade de 90 dias, necessitandoser renovada ao m desse prao.
Feito o corte, e aps a madeirasecar, preciso comear logo oentalhe da viola, pois, segndo
Alcides Ribeiro, em dois o trsdias de sola madeira ca miba enem aco qer cortar mais, poisela vai endrecendo. Normalmenteo trabalho de entalhe das partes
interna e eterna da viola eito emdias dierentes. Sobre m pedaodesenha-se o ormato da viola, como alio de m molde em papeloo madeira qe, na verdade, ma seo longitdinal da viola.O molde aplicado das vees, a
partir do eio central, o qe garanteo ormato simtrico do cocho.
Trabalha-se a pea de madeiracom vrias erramentas (plaina,machado, serrote, ormo, martelo,
estilete, trincha, lia, motosserra,aco e pregos) at qe adqira aorma da viola-de-cocho. A pea escavada para qe se obtenha o
cocho propriamente dito, cjoacabamento interno ndamental:da na espessra da caia dependera boa ressonncia da viola-de-cocho.O tampo recortado, tambm,conorme o mesmo molde.
Tradicionalmente, a colagemdas partes era eita sando-se
o smo da batata smbar, o,em sa alta, m grde eito da
vescla natatria dos peies, mapeqena beiga conhecida comopoca. Hoje, no entanto, esseselementos vm sendo sbstitdospelas colas indstrialiadas, emace de sa praticidade, embora
os depoimentos conrmem qetanto a cola da poca de peiecomo a de smbar eram maisresistentes, e o trabalho eito comelas drava bastante. Ospontos
AO LADO
MODELAGEM DO TRONCO.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
ABAIxO
COLOCAO DAS
CRAVELHAS.
CuIAB-MT, 2007.
FOTO: EDILBERTO FONSECA.
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(trastes) so coneccionados comos de algodo, revestidos comcera de abelha e de mandagario mandri. J os pontos eitos
de barbante, segndo se JooGonalo, de Nossa Senhora doLivramento, no prestam.
A maioria das violas arma-secom cinco cordas simples: qatro detripa de animal e ma de ao.
A corda de ao, chamada canotio ocanotilho, tem aproimadamente
o mesmo calibre da qarta cordado violo e comprada em lojas deinstrmentos msicais das cidadesmaiores. No instrmento, as cordasrecebem os segintes nomes: prima,segnda o contra, do meio oterceira, canotio e corda de cima.
A tiliao dos encordoamentos
base de tripa de animais(preerencialmente o bgio, oorio-cacheiro, o qat, o macaco-prego, a irara, a porca magra, mastambm o caingel o cainganga
adqirir resistncia, elas socrtidas em rina o no sistema domeiro: drante trs dias, a tripa colocada sobre ma ogeira de
madeira verde, qe prod mitamaa; em segida, retirada eesregada at qe qe bem lisa ecom espessra niorme.
Os violeiros no esto semprede acordo qanto qalidade doencordoamento de tripa: algnsacreditam qe esse material to
drvel qanto a linha de pesca, sea viola tocada sem golpes violentoscom as nhas. Otros j tiveram sascordas de tripa rodas por baratas,o qe, natralmente, no acontececom o o de matria sinttica. Paraalgns, at o canotio pode ser detripa, sendo mesmo preervel ao de
ao qando se sa a anao canotiosolto, pois nesse caso a corda de aosoa mito mais do qe as otras,desestabiliando o eqilbrio sonorodo conjnto das cordas.
MOLDES PARA CORPO DE
VIOLA-DE-COCHO.
CuIAB-MT, 2007.FOTO: EDILBERTO FONSECA.
e o qati) e de os de tcm estpraticamente etinta, tendo sido,devido proibio da caa na regiociabana e no Pantanal, sbstitdapelo emprego de linha de pesca.
Algns crreiros gostavam maisda oada das cordas de tripa; otros
preerem as cordas de nilon depesca, por serem mais drveis.
Para a preparao das cordas, preciso limpar, esticar e torceras tripas do animal. Depois, para
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Refernciashistricas
porqe oi me av qe ensinopro me pai. Voc sabe qe, qandoe chegei, nessa poca j vinhadaqele tempo todo. Agora, vamos l
saber de qe gerao veio isso, qeme isso... E mesmo no sei, oi mepai qe me ensino e o av dele jbrincava, ento mito bom isso a.S sei qe mito bom. [Severinode Mora, 80 anos, Cormb, 2002]
As pesqisas bibliogrcas
apontam reerncias ao soda viola-de-cocho e epressesassociadas em Ciab (Von denSteinen, 1940); Ciab, RosrioOeste e regio de Cormb entreos ndios Gats (Schmidt, 1942);regio do Rio das Garas (Brasileiro,1951); Ciab, Vrea Grande,
Jacitara, Santo Antnio do Leverger,Nossa Senhora do Livramento,Pocon, Sesmaria do Rosilho,Chapada dos Gimares, SantaTeresa, Mimoso (Andrade, 1981).
Fora dos estados de Mato Grosso eMato Grosso do Sl,Rossini Tavares de Lima (1957)pesqiso o crr em So Palo,encontrando reerncias sobre violaseitas a partir da mesma tcnica, empesqisas de campo em Piracicaba,
Tiet, Laranjal, Conchas e Pereiras.A notcia mais antiga sobre a
viola-de-cocho data de nais dosclo 19 e oi dada pelo cientistaalemo Karl von den Steinen
(1940), qe descreve brevementeas estas religiosas de Ciab, ondese cantava o crr. Segndo esseator, os instrmentos msicais do
crr ciabano eram os segintes,cem anos atrs:
Kosch: descrito como m violinode cordas de tripa, eito de madeirade salgeiro; Krakasch: pedao de bamb oma cia comprida com entalhes,
qe se toca com otro pedaode bamb; Adufe: pandeiro com moedas decobre como soalhas; Viola: descrita como violino decordas de arame; Marimba dos Negros: sada s
vees no crr.
A lista merece m brevecomentrio. A marimba dosnegros parece deslocada demaisno conteto de ma descrio do
NDIOS GuATS
DOCuMENTADOS POR
MAx SCHMIDT.INCIO DO SCuLO 20.
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crr ciabano, ao menos setivermos em mente o crr atal.Teria o ator visto o instrmentoatando em otro gnero msical?
O trecho no esclarece, nem secompreende por qe oi eitaa ressalva s vees. A viola decordas de arame seria talvesemelhante a ma viola caipira,qe hoje em dia no reqentao crr mato-grossense. Oade, tambm chamado ado,
mencionado modernamentepor algns inormantes mato-grossenses, qe se recordam det-lo visto na roda de crr;alis, aparece tambm no crrpalista, assim como a viola(Arajo, 1949). O krakaschdebamb o atal gan. Apesar de
Steinen ter-se reerido ao kosch ococho como violino, pode-sespor qe o qe ele observo eram instrmento de cordasdedilhadas; caso contrrio, o
cientista teria eito meno a marco qe riccionasse as cordas dokosch. A descrio de Steinen, na
verdade, sscita mais dvidas do
qe ornece certeas, mas permiteassegrar, pelo menos, qe tantocrr qanto viola-de-cochoeram comns em Ciab h maisde m sclo.
Ma Schmidt, otro etnlogoalemo, vi a viola-de-cocho e ocrr em Mato Grosso em 1900/
1901 (Schmidt, 1942). Em Rosrio,no dia 31 de deembro de 1900,descreve da seginte orma a estada Imaclada Conceio:
...agrpo-se entorno doaltar certo nmero de dansantes,ormando semicrclo para
comear a dansa do crr, toconhecida em Mato Grosso. Partedos qe dansavam acompanhavana viola os versos al mesmoimprovisados pelos cantores. Otra
parte dos presentes segia o ritmopor meio de m pa qe roavanma tripa de bamb, instrmentoqe denominam caracacha.Os
dansarinos dispseram-se em daslas e, depois, em crclo echado.Assim oi indo, cada ve maisanimadamente, at a madrgada,sendo apenas interrompido omovimento, de ve em qando,para se anar os instrmentosde corda e dar agardente aos
cantores, o qe lhes emprestavanovas oras. (Schmidt, 1942: 11)Schmidt no descreve a viola,
mas otograo m eemplar sadopelos ndios Gats, habitantesda regio do pantanal primo aCormb, rea qe atalmenteintegra o estado de Mato Grosso
do Sl. O instrmento otograadopor Schmidt praticamenteidntico viola-de-cocho atal,com 5 cordas simples, braobastante crto, oricio no tampo
FOTO DE uMA VIOLA
CHAMADA MOCHINHO
EM PuBLICAO DE 1947INTITuLADA DOCuMENTO
FOLCLRICO PAuLISTA, DE
ALCEu MAYNARD DE ARAJO.
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em conjnto com a viola caipira,ade e reco-reco, mas qase nadatem em comm com a viola-de-cocho: alm do ormato mitodierente, era monocrdio. Oator assim o descreve:
Instrmento msical eito demadeira. A caia de ressonncia escavada na madeira. Caia deressonncia e brao constitemma s pea. H ma peqena
ligeiramente maior do qe os qese aem atalmente e caia deressonncia com a base mais estreitado qe as atais (1942: 115).
um instrmento chamadococho, no qal caia de ressonnciae brao ormam ma pea nica
de madeira escavada, eistia emSo Palo na dcada de 1940.Foi docmentado nma roda decrr de Tiet, em 1947, por
Alce M. de Arajo. Era tocado
abertra na rente anterior, eita acanivete. Na parte anterior da caiade ressonncia pregada ma tampade madeira. Na haste qe o brao
no h divises de metal, chamadastrastes. Ela lisa como na rabeca eno violino. Na ponta da haste h sma cravelha qe serve para estirar anica corda. Nesse cocho havia macorda si de violo. A corda presana borda posterior, e estendidasobre a parte anterior at a haste,
na rachadra qe h na cravelha.Primo da peqena abertracolocam m rastilho de taqara.Conorme a toada anada a corda,e depois, o tocador com o polegar damo direita -la vibrar, e com a moesqerda ele acha a nota qe deve serdada. Antigamente acompanhavam o
Crr tocando este instrmento.(Arajo, 1949: 58, nota 15)
um desenho deste instrmento,eito a partir de m eemplar dacoleo de Alce M. Arajo, o
RODA DE CuRuRu, FESTA
DE SO PEDRO.
SANTO ANTNIO DOLEVERGER-MT, 1987.
FOTO: ELIzABETH
TRAVASSOS.
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caboclo, velho cantrio, m cochocom cordas de tripa de mico, e qeana moda de cavaqinho, r-sol-
si-r. (Arajo, 1949: 58, nota 15)
Segndo o mesmo ator,acompanhado por Antnio Cndido(1956), o crr palista seria madana bastante antiga, constitda noprocesso de sincretismo
lso-braslico, inteligenteorma ldica de qe o jesta lano
de ma otograa tirada por estepesqisador, oi incldo em otraobra (Arajo, 1977: 135). Haviatambm em So Palo m certo
cocho de qatro cordas:
Conhecemos otro tipo decocho, eito como o anterior, massa qatro cordas. As cordas sode tripa de mico. Pedro Chiqito,crreiro, conto-nos qe viperto de Pereiras, na casa de m
mo para ensinar Histria Sagradaaos cateqisados (...). Sem dvida,o Crr a mais antiga e brasileirade todas as danas poplares;
palista, piratiningana. (Arajo,1949: 35-36)O mesmo ator acreditava
na diso desse gnero, de SoPalo para o oeste, acompanhandoa epanso bandeirante. Dessaorma o crr teria chegado regio de Mato Grosso. Contdo,
OFICINA DE VIOLAS-DE-
COCHO.
CORuMB-MS, 2002.FOTO: FRANCISCO MOREIRA
DA COSTA,
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etremidades, constiti ao mesmotempo m peqeno brao.
De modo geral, oscrreiros e artesos noparecem preocpar-se com asorigens do instrmento qetocam. Li Marqes da Silva,
antigo crreiro e presidenteda Associao de Folclore deMato Grosso, recolhe de algnscolegas ma verso segndo a qalo instrmento oi constrdo
ainda sabemos poca coisa sobreos instrmentos msicais sadosnas danas palistas antigas e sobresa irradiao para o interior.Tdo o qe sabemos qe o cochopalista docmentado em 1947 ea viola-de-cocho mato-grossense,
docmentada desde o sclo 19,tm em comm, alm do nome,a tcnica de escavar na madeira acaia de ressonncia, cja ormaalongada e estreita, nma das
pela primeira ve por m cabocloqe no tinha meios para adqirirm violo. Tento reprodi-loescavando ma tora de madeira,
eatamente como aia cochospara dar de comer aos animais.Essa verso contada pelo sr. LiMarqes oi reiterada por AnjosFilho (2002), qe deende a idiade tratar-se, a viola-de-cocho, dema adaptao da viola de Braga e dagitarra portgesa a partir do so
de materiais e reerncias disponveisno local poca: o cocho, a colade poca de peie e linhas eitas apartir das bras de ma palmeiraconhecida como tcm.
Embora os docmentos e atradio oral no atoriem oestabelecimento de ma relao
gentica entre cocho palista eviola-de-cocho mato-grossense, oprocesso de constro e o so doinstrmento no crr podem sermais do qe simples coincidncias.
VITALINO SOARES.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DACOSTA.
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reerncias datam do sclo 7 a.C.Independentemente da pesqisa desas possveis origens, o mesmo detratar-se de ma adaptao de antigosalades iranianos (Andrade, 1981),de violas portgesas (Anjos Filho,2002) o de cochos palistas (Arajo,
1949), o certo qe oi no pantanale nas cabeceiras do rio Ciab qeesse instrmento veio a assmir mlgar relevante na elaborao dasidentidades cltrais locais.
TRANSPORTE DE MADEIRA
(SAR-DE-LEITE), ALCIDES
RIBEIRO E MANOELSEVERINO.
CuIAB-MT, 2003.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
Com o m de identicar asinfncias portgesas da viola-de-cocho, Anjos Filho (2002) realioentrevistas com artesos, msicos
e pesqisadores em Portgal.Encontro terminologias comnsaos dois pases como: mocho,ado (variante de ade, tiliadopara acompanhar o crr emMT), en, macete, cola de peiee cravelhame inclinado. Jnto aopesqisador portgs Caldeira
Cabral obteve o depoimento de qea opo pelo processo de escavaodo cocho na colnia portgesano sclo 18, mesmo qando emPortgal j se tiliavam tcnicasmito mais renadas de abricao,relacionadas constro porpartes, desde o sclo 16, pode
ter resltado, alm da assimilaoa reerncias cltrais e recrsoslocais disponveis, da necessidadede se constrir m instrmentomais resistente ao calor e ao clima
da regio. Anjos Filho arma qeCabral, em sas pesqisas histricassobre o tema, docmento aeistncia de certas violas portgesasqe oram parasadas paraenrentar as adversidades climticasdo Brasil (Anjos Filho, 2002: 150).
J a pesqisadora Jlieta Andrade(1930) retrocede ainda mais notempo para bscar as origensda viola-de-cocho nos aladescrtos iranianos, cjas primeiras
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Rodas, cantorias, ponteados e danasRodas, cantorias, ponteados e danas
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Aviola-de-cocho desempenhapapel central na sstentaoharmnica do canto no crr eno siriri, como tambm na dana
de So Gonalo, no boi-a-serra3
eno rasqeado, sendo qe cada mdesses gneros possi pecliaridadesqanto msica, potica e dana. No obstante a ameaaconstante de desaparecimento, asmaniestaes tradicionais segemacontecendo periodicamente.
As cantorias tm lgar nodomnio domstico, masprincipalmente nas rodas decrr e siriri qe acontecemem estividades locais, como diassantos, casamentos e aniversrios,bem como naqelas organiadascomo pagamento de promessas. As
celebraes sagradas mais marcantese concorridas so as estas de SoBenedito, So Sebastio, SoGonalo, e aqelas ligadas ao ciclo
jnino: So Pedro, Santo Antnio
e So Joo. Nelas, h sempre maroda de crr qe, composta dem grpo de homens, dana emcrclo e toca violas-de-cocho e
gans, cantando sas lovaesao santo homenageado, cjaimagem ca eposta em m altar.Devotos de m determinado santo,geralmente donos de ma imagemsa o indivdos a ele ligados porora de promessa, organiam-seem irmandades qe promovem
analmente as estas e convidamm grpo de crreiros paracantar e danar.
As rodas de cantoria de crr
alternam momentos distintos qese ordenam em ma seqnciadeterminada. No primeiro delesobservam-se as trovas compostasna orma versos + toadas. Os versose toadas so especcos e diemrespeito a cada m dos momentosda celebrao. So trovas criadas
PGINA AO LADO
CANTORIA DE CuRuRu.
ROSRIO OESTE-MT, 2003.FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
ABAIxO
GRuPO DE SIRIRI.
DIAMANTINO-MT, 2003.
FOTO: EDILBERTO FONSECA.
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pelos prprios crreiros egiram em torno de temas comoo amor, a natrea, o cotidiano,o pas e a vida dos santos. Eles
gostam tambm de entoar trovascompostas pelos pais e avs,como orma de mant-las vivasna memria da comnidade.So especialmente apreciadas astrovas de letra o de escritura, qeabordam temas bblicos e tratamda vida dos santos, momento nos
qais a cantoria se d sob ormade desaio, e os crreirospodem demonstrar todo o seconhecimento sobre o tema.
Para iniciar a roda, as trovasso padas pela primeira vo ecomplementadas pela segnda,em intervalos msicais de tera.
So cantadas trs o qatrotrovas, logo segidas do baixo,qe inalia cada ma dessassesses de cantoria de mdeterminado crreiro.
Trata-se de m acorde maiorormado pela entrada scessivade voes, em qe se destaca atera do acorde ma oitava
acima da nota ndamental.J as rimas das trovas podemser eitas segindo diversasterminaes: em o, em ado,em ar e assim por diante.
Damio de Almeida, deRosrio Oeste, d m eemplode trova na rima de ar:
Esta hora chegadaEste santo ns louvarvamos indo So Joono rio para lavar
As trovas vo sendo tiradas eprossegem com a passagem dacantoria de m para otro crreirodentro do crclo ormado.
Timidamente, a viola-de-cocho vem tambm se dindindopara alm das rodas tradicionais,
AO LADO
RODA DE CuRuRu,
FESTA DE SO JOO.CORuMB-M, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
ABAIxO
PROCISSO PARA
LAVAGEM DO SANTO
NA BEIRA DO RIO, NA
FESTA DE SO JOO.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
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conqistando novos espaos pelasmos de artistas, colecionadores eovintes apreciadores de sa rarabelea.O recente reconhecimento
da viola-de-cocho como mPatrimnio Cltral do Brasil e,ainda, o investimento dosgovernos locais na valoriaode especicidades cltrais temestimlado o interesse pela violae por epresses tradicionais aela associadas, como o crr
e o siriri. De orma cada vemais constante, vemos srgirdierenciados espaos de inseroonde essas tradies assmemnovos signicados em consonnciacom os contetos modernos deprodo cltral e em sa relaocom o mercado. Como eemplo
desses novos espaos esto a criaode m estival anal de crr esiriri em Ciab, a epanso dointeresse de msicos pela aplicaoda viola-de-cocho na msica
poplar, a ormao de m naipede viola-de-cocho na Orqestrade Cmara do Estado de MatoGrosso, alm da constitio,em Cormb, no Mato Grossodo Sl, de ocinas de prodode violas e svenires destinados
comercialiao.O Festival do Crr e doSiriri, qe ocorre pela primeira
ve em 2001, ma iniciativa daPreeitra de Ciab. No incio,
AO LADO
VIOLEIRO DA ORQuESTRA DE
CMARA DO ESTADO DE MATOGROSSO, LEONARDO YuLE.
CuIAB-MT, 2008
FOTO: LCIA CARAMES
SARTORELLI.
ABAIxO
VIOLA-DE-COCHO NA
ORQuESTRA DE CMARA DO
ESTADO DE MATO GROSSO
(DETALHE).
CuIAB-MT, 2008.FOTO:
LCIA CARAMES SARTORELLI.
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apenas grpos de siriri seapresentavam. Hoje, j na 6edio, o estival promove tambma competio entre crreiros.
A preeitra nancia os prmiose oerece, alm de dinheiro aosprimeiros colocados, a gravao dem CD com as msicas classicadas.Esse investimento do governolocal tem atrado para o estival mnmero crescente de danantes,com grpos concorrentes de todo
o estado, contando com m grandepblico para as apresentaes.No mbito da msica poplar,
violeiros como Roberto Corra,Palo Freire, Abel Santos, Ivan
Vilela e Daniel de Pala, entretantos otros, tm, j h algmtempo, tiliado a viola-de-cocho
prossionalmente, dedicando aoinstrmento inmeras composiesqe, gravadas em CD, tmalcanado reconhecimento porparte do pblico.
Mais recentemente, a viola-de-cocho passo a participartambm dos crclos de msicaerdita com a inclso de m
naipe de instrmentos dentro daOrqestra de Cmara do Estadodo Mato Grosso. Organiada mano antes, a orqestra, j em 2006,se consolidava com ma trninternacional e ma temporadade 83 concertos em Mato Grosso.Desde o incio a orqestra chamo
a ateno pela sa singlaridadeem no da incorporao deinstrmentos caractersticos dacltra poplar local como: violas-de-cocho, bracas e gans. Emrelao, especicamente, viola-de-cocho, a nica orqestra do pasa possir m naipe permanente
de violeiros qe atam jnto aosinstrmentos clssicos tradicionaiscomo o violino, a viola clssica, o
violoncelo e o contrabaio (Falco,2007: 69). Composies e arranjos
para o instrmento vm sendodesenvolvidos por compositores,arranjadores e intrpretes locais qeaem, assim, a relao entre a cltra
erdita e a poplar tradicional.Assim, atravs de iniciativascomo estas, e depois de m longoperodo de baia epressividadeno cenrio rbano, a viola-de-cocho, o crr e o siriri se veemnovamente valoriados comosmbolos de identidade cltral da
regio, passando a ocpar novosespaos cltrais. Entretanto, nopodemos deiar de observar qe seos saberes (artesanato e a prticamsical) relativos ao instrmentoesto vivos, sendo transmitidos ereprodidos, isso se deve, antesde tdo, responsabilidade e
vontade dos crreiros qe,obstinados, encontraram meios desalvagardar o qe hoje o Estadoreconhece como patrimniocltral do pas.
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Ocrr realiado apenas porhomens, podendo se apresentarcomo cantoria em orma de desao,o como ma celebrao marcada
por trovas de lovao, toqes deviolas-de-cocho e dana em roda.A reerncia bibliogrca maisantiga ao crr na regio oiidenticada no livro Entre os
Aborgenes do Brasil Central, onde oetnlogo alemo Karl von denSteinen descreve as etapas de ma
apresentao de crr conormeocorrncias nas estas de santo emCiab no nal do sclo 19:
Dana-se e canta-se em roda dosanto, e qem passa diante dele, ama genfeo. Em segida canta-se em honra do rei e da rainha, os
dois entram no crclo mnidosda garraa de cachaa, oerecendom trago a cada m e jntando-sedepois ao crclo, qe passa a cantarpara otro personagem, o qal, por
sa ve, oerece cachaa, e assim pordiante. H versos em qantidade,sempre em qadras, e sobre osmais variados assntos; no crr,os cantos de devoo so segidospelos de amor, de ombaria e otrosinventados conorme as inspiraesdo momento; as qadras adaptam-seao hmor da esta e as conhecidas sosbstitdas, dentro em poco, pelasimprovisadas. (Steinen, 1940: 117)
Posteriormente, no incio dosclo 20, Ma Schmidt identicae descreve a prtica da dana docrr entre os ndios gats empesqisa na regio pantaneira, atalMato Grosso do Sl:
Poco depois e-se m intervaloem qe oi servida agardente e,
ento, agrpo-se em trno do altarm certo nmero de dansantes,ormando semicrclo para comeara dansa do crr, to conhecida emMato Grosso. (Schmidt, 1942: 14)
O cururu
FESTA DE SO
SEBASTIO.
NOSSA SENHORA DOLIVRAMENTO-MT, 2007.
FOTO: CARLA BELAS.
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dinheiro para comprar sapato.Por isso, andava triste e choravaconstantemente. Certo dia, msapateiro de ma corao de-lhem calado, cjos pregos da sola seachavam mostra. Assim mesmoo santo calo-o e qando andava
dava ns passos e mancava. Comesse sapato, ele tambm danavamancando. Srgi desse modo adana do Crr, qe nos sesmovimentos recorda o splcio de
Todos eram crclo, JooCaracar ano a viola, algns pratosserviam de pandeiros para as colherese, logo depois, oviram-se os gemidosdas voes qe entoavam os versosnssonos. O andar reglarmenteritmado em crclo era de momento
a momento interrompido por nsplos eectados pelo nosso amigoReginaldo, qe ainda procravacompletar o rdo dos chamadosinstrmentos, batendo com as palmas
COLOCAO DA BANDEIRA
NA FESTA DE SO
SEBASTIO.
NOSSA SENHORA DO
LIVRAMENTO-MT, 2007.
FOTO: CARLA BELAS.
BANDEIRA DE SO
SEBASTIO.
NOSSA SENHORA DO
LIVRAMENTO-MT, 2007.
FOTO: CARLA BELAS.
das mos nas dierentes partes docorpo propcias para isso. (Schmidt,1942: 109-110)
Rossini Tavares de Lima, aopesqisar as origens da dana docrr no estado de So Palo,relaciona estas s danas de So
Gonalo, recolhendo em entrevistaa seginte histria:
S. Gonalo era m meninopobre. Vivia descalo, por no ter
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cateqiao, sendo, por isso,danada diante da cr.
Tanto o crr qanto o siririaem parte do calendrio analde estividades das localidadesidenticadas. Normalmente oscrreiros esto ligados a m grpo
e/o irmandade qe promovem asestas nos dias consagrados aos santospadroeiros, renindo os recrsosnecessrios. Algmas das principaisestas de crr realiadas hoje nos
S. Gonalo. (Lima, 1957:12-13)Qanto s origens do nome
crr, Cmara Cascdo (1954),citando Alce Maynard Arajo,indica qe provavelmente estarialigada detrpao da palavraCr, em no do hbito,
entre os indgenas, da repetioda ltima slaba, o qe teriaresltado em Crr. Cascdoeplica qe a dana oi traidapelos coloniadores com ns de
RODA DE CuRuRu AO P DO
MASTRO NA FESTA DE SO
SEBASTIO.
NOSSA SENHORA DO
LIVRAMENTO-MT, 2007.
FOTO: CARLA BELAS.
FESTEIRO AMARRANDO A
BANDEIRA AO MASTRO
FESTA DO DIVINO.
CuIAB/MT, 2008.
FOTO: EMANuEL BRAGA.
grandes centros rbanos contam,tambm, com a ajda e a colaboraode atoridades e pessoas ilstres. J nascidades do interior, a maior parte dosrecrsos obtida ainda somente jnto amlia do esteiro.
Segindo o calendrio catlico, as
estas concentram-se, principalmente,nos perodos dos estejos jninos,entre jnho e agosto, sendo retomadasno ciclo de nal de ano, de deembroa janeiro. Os perodos de maro
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ALTAR PARA SO BENTO
E SO SEBASTIO.
CuIAB-MT, 2008.
FOTO: EMANuEL BRAGA.
a maio e de setembro a deembrose no so de recesso, concentrammenor nmero de estas. Oscrreiros so nnimes em armarqe as estas de hoje j no acontecemcomo as de antigamente. Os mais
velhos lembram qe, qando eramcrianas, a amlia as realiava comos prprios recrsos, no havendonecessidade de assentar esteiros comose a hoje. A irmandade organiava-se ao longo do ano e ia reservando
os recrsos necessrios. Ainda hojealgmas delas orglham-se de seremas nicas promotoras da esta.
uma coisa bem claro qe evo deiar pra voc: os donos deesta de antigamente, eistia ... enraiada, ningm tomava aqela
do lano... sabe por qe? A minhav aia esta de... Conceio. S qeno era, dia da Conceio dia 8 dedeembro, s qe ela nm no aiade dia 9 de deembro. Era dia 12 de
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CRIANAS NA FESTA DE
SO PEDRO.
SANTO ANTNIO DO
LEVERGER-MT, 1987.
FOTO: ELIzABETH
TRAVASSOS.
otbro, at no dia qe e nasci. Aesta de hoje deerente, dierente aminha av no precisava da ajda deningm, t? Pr aer a esta, noassentava esteiro, nem nada... no,no tirava nada. Mas sabe por qe?L tinha galinha de Nossa Senhora,
tinha porco de Nossa Senhora, tinhavaca de Nossa Senhora, t? A vacapari m beerro macho, deiava praesta. J ia deiando pra esta, qantonascesse era pra esta. [Manoel
Severino, Ciab, 2003]De modo geral, as preeitras
locais no participam com recrsosnanceiros, atando mais comoregladoras. Normalmente, nasreas rbanas, preciso m alvarde licena das preeitras para a
realiao das estas, qe ocorrem,preerencialmente, de seta adomingo. Nesse alvar est indicadoo horrio de incio e trmino daatividade, bem como por qanto
tempo a ra poder permanecerinterditada. Pode ser necessriotambm qe se page a dois otrs policiais para qe mantenhama ordem e a esta acontea deorma tranqila. Geralmente aIgreja Catlica no colabora comrecrsos nanceiros, resmindo saparticipao celebrao da missa dedomingo drante o perodo dasestas. Em mitos casos, ao contrrio,so os esteiros qe reservam parte
da renda consegida com o leilo debeerros para ser entrege parqiamais prima.
comm qe grpos decrreiros sejam reqisitados paratocar nas estas promovidas pelasirmandades e devotos da regio,qando lhes so oerecidas condo
e alimentao; em algns casos,ornece-se at mesmo o niorme.Porm, no recebem nenhm tipode remnerao, cantando e tocandopor pra devoo.
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Como costma dier LiMarqes, o crr como mapea de teatro4 . No nal datarde de seta-eira tm incioas atividades. Aps o jantar, oesteiro convoca os crreirospara tomarem posio, em crclo,diante do altar, cja arrmaodentro das casas, o nos qintais, ma das obrigaes do esteiro.Qem est do lado direito do altarinicia a no, e cada crreiro
vai cantar sadando o santo, oprprio altar e o dono da casa.Em segida, sempre cantando,
eles chamam os devotos ormandoassim a procisso, o aleres debandeira e o capito, qe convidamtodo o reinado para acender as
velas, base da ilminao.
O primo passo a cantoriapara qe cada membro do reinadopege sa obrigao. Cada m dospersonagens do reinado relaciona-se a m objeto em particlar: o
rei, imagem do santo padroeirocelebrado na esta. A rainha, velaconsagrada. O aleres, bandeira.O capito-do-mastro, ao mastroe/o coroa. Os jes e as jas,aos ramos. Essas obrigaes,imagens, insgnias e objetossagrados vo variar dependendodo padroeiro homenageado.
Assim, cantando e versejando,os crreiros vo orientando oreinado a pegar o santo padroeiro
REzA DA LADAINHA NO
ALTAR NA CASA DE DONA
MARCOLINA, BAIRRO
PEDRIGO, FESTA DE NOSSA
SENHORA APARECIDA.
CuIAB-MT, 1987.
FOTO: LuIz ITI ABE.
qe est no altar, a bandeira, acoroa e as demais imagens.
Formada a procisso, comeaa chamada para qe todos seencaminhem ao batente o porto.Canta-se ento para par aprocisso at o batente, o qe eito em ritmo lento, com paradas acada cinco passos dados.
Meus colega companheiromeus colega olio
vo chegar at o batentecom essa linda procisso
Para passar pelo batente, precisoqe cada crreiro bena o corpoa m de poder par a procisso.Em segida, eles cantam para plar obatente, segidos do reinado.
Com a entrega do meninoSo Jos fcou contenteConvido essa procissovamos pular esse batente
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SEu AGRIPINO MAGALHES
NA FESTA DE SO JOO.
CORuMB-MS, 2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
O tambm,Vo azer um paradroantes de pular o portoConvido meus companheiroe os olgado olio
a hora de eperimetara bandeira no mastro. uma veaprovada, ela retirada do mastro,e canta-se para dar permisso a seencaie no mastro:
Eu quero cantar meu versono meio dessa fleirasenhores e senhorita
pode encaixar essa bandeira.
Tambm para o encaie sotoados, ento, cantos apropriados:
Essa madeira oi tiradaonde existe terra boaSe o aleres encaixou a bandeiracapito encaixa a coroa.
Em segida o rei chamadopara encaiar o creiro no naldo mastro. Antes de se erger omastro, preciso qe os crreiroscantem para qe a procisso beije opadroeiro e a bandeira.
Chega o ponto clminante do
rital, qe o levantamento domastro, qase sempre em rente casado esteiro, para o qe ndamentala presena dos crreiros. Ao som desas trovas, o mastro ento ncado
na sepltra de Ado, m bracoassim chamado porqe nele brotoo ramo de oliveira. Em algmasestas, primeiramente sspende-se omastro; em otras, rea-se para depoissspend-lo, a m de qe a bandeiratambm pege a orao.
Meus colega companheiro chegada a ocasio
pode plantar essa sementena sepultura de Ado.
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CuRuRu FESTA DE
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To bonito esse estejonessa linda ocasio
pode apagar essas velas
que se encontram em vossas mo.
Finalmente despacha-se aprocisso, e os crreiros entoamtrovas de agradecimento ao donoda esta. Terminada essa etapa, oscapeles, de p o sentados mesa,pam as reas, qe so respondidas
pelas mlheres. As reas tm semprerelao com o santo homenageadoespecicamente naqela ocasio,sendo qe, dependendo dalocalidade, elas podem ocorrer anteso depois do crr. Essas reas eladainhas, normalmente aprendidaspelos devotos jnto aos pais, podem
drar mais de ma hora. Finaliadaessa parte, os crreiros cantampara arrodeara no e podemsegir nessa roda de cantoria decrr at o dia amanhecer.
CuRuRu, FESTA DE
SO PEDRO.
SANTO ANTNIO DO
LEVERGER-MT, 1987.
FOTO: ELIzABETH
TRAVASSOS.
Alm do mastro principal,podem ser ergidos dois otros,qe simboliam o momento dosacricio de Jess Cristo e dos doisladres. Alm dessa verso paraa presena dos trs mastros, JooGonalo, do mnicpio de NossaSenhora do Livramento, di havertambm ma relao simblicacom as esttas de brone qe Desmando Moiss constrir.
uma ve ergido o mastro, canta-se para o capito colocar terra em sabase, onde tambm se acendem trs
velas, qe representam a SantssimaTrindade. J segndo Joo Gonalo,so qatro velas, representando osqatro gardas qe, enviados porHerodes, gardaram o seplcro de
Jess a m de qe se corpo no
osse robado. Pesqisas de campotm mostrado, no entanto qe,mitas vees, so acesas mesmo maisdo qe qatro velas. Para naliar,termina-se com ma trova como
Foi erguido esse mastrono meio da multidoaonde nele est cravadoo flho de Conceio.
Fiado o mastro, a procissod trs voltas em torno dele, nosentido horrio, tendo rente oscrreiros. Toma rmo, ento,de volta ao altar, da mesma maneiracomo veio: aendo ma paradaa cada cinco passos. Depois de
todos passarem pelo batente dacasa, os crreiros cantam paraserem assentados todos os santos eimagens presentes.
Meu colega companheiromeus amante olio
pode assentar o padroeiroque est em vossa mo.
Chega ento a hora de cantarpara apagar a ilminao (as velas):
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GRuPO FLOR DO CAMPO
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(6/8) com ma peqena variaoda diviso da plsao entre trse qatro batidas. O estilo docanto responsorial: os homenstocam os instrmentos e pam os
versos entoando a primeira parteda estroe em solo, sendo qe o
ltimo verso sempre respondidopelos demais participantes. Ostetos cantados no siriri socrtos e leves, pois no eigem oconhecimento religioso do crr.
Siriri m de esta... o smboloda esta o Crr, dessaorma qe Francisco Salles, conhecidocrreiro, h 29 anos rente dogrpo Viola-de-Cocho, dene a
distino entre as das epresses.O siriri ma dana de pares,
em geral casais, e m gneromsical no qal so tiliadostrs instrmentos da regio deMato Grosso e Mato Grosso doSl: viola-de-cocho, gan etamboril o mocho. danadoprincipalmente por mlheres, etem lgar nas estas catlicas o emotras ocasies de divertimento e/o devoo, inclsive no carnaval eestivais drante todo o ano.
Do ponto de vista msical, ntida a dierena entre ospadres rtmicos qe regem ocrr e o siriri. No crr, oritmo eectado em compassobinrio simples (2/4), e no siriri,em compasso binrio composto
Os temas alam de pssaros, otrosanimais e sobre a mlher.
Esses aspectos oram ressaltadospor Karl von den Steinen j nonal do sclo 19:
Absoltamente no raro
eectar-se danas de animaisnas estas de santos, s qe nocorrespondem maneira indgena.Trata-se, sobretdo, de danascirclares, e qem as eecta so as
GRuPO FLOR DO CAMPO
VDEO FESTIVAL SIRIRI
DE CuIAB.
CuIAB-MT, 2006.
O siriri
60Modo de Faer Viola-de-Cocho{ }dossi iphan 8
AO LADO
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rente rente de das leiras,ma de rapaes e otra de moas.Entre os eectores da dana noh nenhm tipo de restrio, nemqanto idade nem qanto aoseo (Anjos Filho, 2002).
Matilde da Silva, do grpo Flor
do Campo, conta qe antigamenteno eistiam grpos de siriri, ea dana era cltivada de ormaespontnea drante as estas. Paraela, a palavra siriri teria origem
mlheres. Assim, p. e. ma danade jacar com as segintes palavras:Deia estar, jacar, sa lagoa h desecar... (Steinen, 1940: 712)
Ma Schmidt descreve maapresentao de siriri em Ciab, em1900, drante ma esta de santo:
Enqanto se dansava o crrdentro de casa, l ora se realiavaotra espcie de dansa, mitoapreciada em Mato Grosso, o Ciririacompanhado, tambm, por msicae versos cantados... Dansarinos ecantores ormavam ma roda emqe ia constantemente m par para ocentro a dansar. A dansa tinha mitas
variaes e os movimentos eram cadave mais rpidos, principalmente nom, qando os dansarinos j no
vinham em par e sim cada m de persi. (Schmidt, 1942:14)Alm da dana de roda, o siriri
composto tambm pela danade la, onde ocorre a disposio
no nome dado a m tipo de cpimalado, de vo assanhado e mitocomm na regio. J se LiMarqes no acredita qe o siriritenha qalqer origem indgena,como algns armam. Ele eplicaqe, devido ao isolamento sorido
por Mato Grosso por mais dem sclo, em relao aos otrosestados do Brasil, oi inevitvelqe a sociedade criasse sasprprias maniestaes cltrais.
AO LADO
SIRIRI.
ROSRIO OESTE-MT, 2003.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
ABAIxO
RENASCER DO VALO VERDE
VDEO SIRIRI, CuRuRu E
REzA CANTADA.
SANTO ANTNIO DO
LEVERGER-MT, S/D.
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AO LADO
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A dana do siriri vem sendoobjeto de projetos sociais eocinas jnto aos alnos dasescolas pblicas, onde homens emlheres, conhecedores, ensinamas letras das cantigas e os passosmais tradicionais, como o casode Domingas Leonor, do grpoFlor Ribeirinha, da comnidadede So Gonalo Beira-Rio, emCiab. Dessa maneira, vriasescolas pblicas tm organiadogrpos de dana do siriri. Algmaspessoas, por pertencimentoa amlias de crreiros oreqncia de longa data emestas tradicionais, j conhecemos passos da dana. Contdo, oaprendiado se d tanto de maneirainormal, drante os estejos,
como tambm por meio deensaios organiados pelos grposconstitdos, como no caso dogrpo Flor do Campo de Matildeda Silva, qe ata desde 1984.
Segndo ele, antigamente osiriri era sado como ormade aproimao entre os casaisdevido severidade da edcaodada pelos pais aos lhos.Dierentemente do crr, qeacontecia qase sempre nas salas, osiriri tinha lgar nos terreiros dascasas, e, sendo dana de par jnto,servia como ma orma de ferteentre os casais.
Tradicionalmente, as pessoasqe participavam do crr e dosiriri nas estas, no savamnenhm tipo de niorme o ropaespecial. Elas apenas iam comma ropa melhor como contase Caetano Ribeiro. Hoje, nocrr, no sado nenhm tipode niorme especial, enqanto nos
grpos de siriri se so reqente.Os diversos grpos olclricosaem eibies pblicas nas mais
variadas sitaes, apresentando-sesempre niormiados.
Ns qando era criana, qens era inda criana, ns no entravano crr de gente grande de mais
velho... no. Pai no deiava. Ficas espiando. E aprendi aer violas de ver me pai aer, e aprendicantar crr s de ver otrocantando, e pegava e tm. Eleno gostava de qe ns pegava a violadele. Ns aprendemos assim de siprprio e vendo ele cantando, comoele aia l, isso a oi entrando naminha idia... Ns cantava entre nscriana, na estrada da roa, isso nscantava. A qando chegava na esta,ns samos ora, e algm qe alava:
Venha lano cant! Ns ia mas tdomndo com vergonha, assim do mais
velho, n. Mas como ele chamava,ns ia. Foi assim qe e aprendi. E
tinha vocao pra aprender e gostodo crr e do siriri. No baile,e gosto de m rasqeado de madana no jeito...[Angelo da Costa,Pocon, 2003]
GRuPO VIOLA-DE-COCHO
VDEO FESTIVAL SIRIRI
DE CuIAB.
CuIAB-MT, 2006.
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GRuPO FLOR DO CAMPO,
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Mnicpio de Ciab:Viola-de-Cocho do So Joodos Laros; Flor do Campo doParqe Ohara; Raes Ciabanasdo Parqe Ohara; Tchapa y Cr
da Bela Vista; Flor Ribeirinha doSo Gonalo Beira-Rio; CoraoCiabano (Categoria Mista);Siriricando (Categoria Inanto-
Jvenil); Raes Ciabanas (CategoriaInantil); Yay (Categoria Inantil).
Mnicpio de Vrea Grande:Renascer do Valo de Verde; NhanaSanta (Categoria Inantil); PassosMidinhos (Categoria Inantil).
Mnicpio de Chapadados Gimares:Flor do Cambmbi; Patcha.
Mnicpio de Santo Antniodo Leverger:
Araras de Mimoso; Bico de Prata;unidos da Avenida; Renovao
H inmeros grpos da danade siriri em ambos os estados,sendo algns apoiados porinstities e rgos de governo,como aes na rea de cltra,
por meio de estivais nos qaisparticipam. Talve por no possiro carter religioso do crr, osiriri hoje bem mais dindido,havendo em vrias localidadesestivais de siriri nos qais seapresentam inmeros grpos.
Em Ciab, o Festival deSiriri, promovido pela preeitraem parceria com a Federao das
Associaes dos Grpos de Crre Siriri, conta com o patrocnio deentidades e instities pblicas eprivadas, estando j em sa 6 Edio.Recentemente oi lanado m DVD
de divlgao do evento, a eemplodo qe e tambm o mnicpio deSanto Antnio do Leverger, ondeigalmente acontece m importanteestival. A lista abaio mostra, segndo
VIDEO FESTIVAL SIRIRI
DE CuIAB.
CuIAB-MT, 2006.
algmas categorias especcas, osgrpos qe oram selecionados dentreas 31 comnidades visitadas pelaComisso Jlgadora da ltima ediodo estival de Ciab.
Grpos selecionados pelaComisso Jlgadora do
VI Festival do Siriri em CiabLocal/Grpo (s)
Mnicpio de Cceres:Gat.
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GRuPO VIOLA-DE-COCHO -
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A ataliao do ormatotradicional da dana do siriri, comapresentaes dos grpos ocorrendosobre m palco, com grinos ecoreograas prodidas especialmentepara a ocasio, recrsos de eeitosde l e amplicao do som dos
instrmentos e da vo dos cantores, semelhana da prodo de m showpop, tem eito do estival m scessogarantido, principalmente entreo pblico jovem.
VDEO FESTIVAL SIRIRI DE
CuIAB.
CuIAB-MT, 2006.
de Varginha; Melhor Idade daVarginha (Categoria Melhor Idade).
Mnicpio de Baro de Melgao:Pr-do-Sol do Pantanal; TradioPantaneira.
Mnicpio de Tangar da Serra:Os Pssaros de Tangar da Serra.
Mnicpio de Nossa Senhorado Livramento:
Sereno da Madrgada;Qilombolas de Mata Cavalo(Categoria Mista).
Mnicpio de Pocon:Esperana.
Mnicpio de Diamantino:Cral (Categoria Inanto-Jvenil); Acorda MatoGrosso (Categoria Inanto-
Jvenil).
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DONA TERESINHA.
NOBRES MT
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regio, sendo os principais: a vacaatolada, tambm chamado de aogadoo ensopado (carne com mandiocareogada), carnes de vaca, leitoa erango, a cabea de boi assada commandioca ermentada, alm demacarro, aroa de banana, arro,tt de eijo, sarapatel e molhos.So eitos tambm vrios tipos dedoces, biscoitos e bolos. As bebidascostmam ser os licores de go,leite e peqi, e, para aqeles qe
Todo ano, ao nal de ma esta, osdevotos solicitam ao esteiro qesejam assentados os personagens doreinado do ano seginte, pois a eleqe cabe a distribio dos cargos de
rei, rainha, ji, ja, capito-do-mastro e aleres de bandeira.
As estas tradicionais mobiliamno s inmeros recrsos materiais,mas tambm o trabalho volntriode toda a irmandade e do pessoalenvolvido. Os preparativos comeamm ms antes, e qase toda a comida,oerecida gratitamente s centenasde pessoas presentes, eita noprprio dia da esta. A preparaodas comidas demanda mito tempo jqe, normalmente, so oerecidos m
jantar na seta, m almoo no sbadoe, no domingo, o ch com bolo,
alm de otro almoo. Em algmasestas ocorre ainda ma eijoada deencerramento na segnda-eira.
Os pratos oerecidos podemvariar bastante, dependendo da
apreciam, a pra (cachaa com raide bgre e de jatob).
Dos principais personagens daesta, o rei e a rainha so aqelesqe arcam com as maiores despesas.Normalmente o rei oerece m boio beerro, e, a rainha, ma ajdaem dinheiro o recrsos materiais.
As despesas menores cam por contados demais personagens da esta.
A parte mais importante da estaacontece na seta-eira noite e
assim pode ser resmida: comeacom o crr, erge-se o mastroe depois h a rea e a ladainhapara o santo; a partir da, ento, acantoria dos crreiros prossegemadrgada adentro.
No sbado de manh no hnenhma atividade relacionada
esta alm do preparo das comidasqe sero servidas noite. Todosse mobiliam e participam dessespreparativos. noite acontece obaile, qe comea por volta de 22
O reinado eas festastradicionais
NOBRES-MT, 2003.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
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COLOCAO DA BANDEIRA
NA FESTA DE SO
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reorada com a cobrana de ingresso;em otras, a entrada gratita.
E gosto de crr, minhabrincadeira, j vo alar a verdade,
crr, siriri, So Gonalo e rea.Parte de baile j com me irmo,a j no meo com ele, e me irmo
j gosta... E j parto mais pro ladoda cltra mesmo... pra. E no seino... desde criana qe e no medo, minha natrea no vai com essetipo de brincadeira, de orr, essestrem... mas ele gosta, mas cada mdentro da sa natrea... [EbioFreire, Diamantino, 2003]
Segndo os crreiros eesteiros mais antigos, a entrada damsica mecnica talve tenha sido aprincipal modicao na dinmica
das estas tradicionais.E considero qe a msica
poplar tomo conta... qe nmeistia msica poplar. Mas depois
horas e se prolonga pela madrgada,at cerca de qatro horas da manh.O som ca a cargo de m conjntode msica regional, geralmente orasqeado, e de disc-jqueis (DJs) qeiro aer a programao msicalda noite. comm haver venda decervejas e rerigerantes, cja rendapermitir aos promotores do baileo pagamento dos msicos e doeqipamento de som tiliado. Emalgmas localidades, essa renda
qe aparece, ningm largo mais,abrange... a nossa co escoado.Mas sobre divertimento, todo mndotem qe divertir, no so contra. Sqe essas das... tipo de brincadeira,
diverso, elas no do certo jnto,o crr e o baile jnto, nm temcomo ir... todo mndo tem qedivertir. Nm vo contra... [ManoelSeverino, Ciab, 2003]
Segndo os depoimentoscolhidos, a introdo do baile noconteto dessas estas parece sitar-se dentro da nova dinmica socialestabelecida pelo advento de novoshbitos e costmes traidos pelacrescente rbaniao e tambmpela epanso da indstria cltral.
E vo dier pra voc, qeqando inicio a aprendiagem emcomrcio, qe o povo, os pais deamlias sai do stio e veio pra ocomrcio, acabo tdo. Pessoas qeaprendem o crr, no aprendem
NA FESTA DE SO
SEBASTIO.
NOSSA SENHORA DO
LIVRAMENTO-MT, 2007.
FOTO: CARLA BELAS.
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SEu AGRIPINO MAGALHES E
SEu MARTINHO, CANTORIA
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no otro. Tem algns lgares qedevido aos novos qe vem vindo,no consege aceitar qe o crr primeiro qe o baile. Eles acham qetem qe sar os crreiros s pralevantar o mastro e comea a estado baile. Isso t mdando. Hoje,
qando pede pra levantar o mastroos crreiros no to mais indo.Por q? Tem qe ter mais respeitocom o crr qe a tradio.[Alcides Ribeiro, Ciab, 2008]
ma eclsividade deles, j qeos idosos praticamente noparticipam. A comnidade, mas,sobretdo os mais jovens, s seinteressam em saber se vai o nohaver o baile drante as estas, ea maioria dos meninos e meninas
j no se preocpam em car paraacompanhar o crr.
Hoje qando a a esta desanto, o crr nm dia, o baile
mais. Por q? No vai deiarde ir no baile, o toqe l doinstrmento, violo, sanona,
voc no vai deiar de danar,n?... pra vir aprender crr. Mas
l no stio eles aprendem, porqeno tem otro divertimento. Ospais t cantando, eles aprendem.E imagino qando tinha me pai
vivo, e ajdava ele cantar, porqee aprendi com ele... a aertambm a moda, a moda de crr.Hoje os meninos s aprendem adivertir e otros cantam. Aqelesmais antigos aem ma toadabonita, l eles aprendem e cantam.Porqe no capa de aer. Notem inclinao. Porqe o crrtem qe ter inclinao. Todascoisa tem qe ter inclinao. No
mesmo? [Joo Gonalo, NossaSenhora do Livramento, 2003]Atalmente o baile passo
a ser o principal centro deinteresse dos mais jovens e qase
S u M N O, C N O
DE CuRuRu.CORuMB-MS,
2002.
FOTO: FRANCISCO M. DA
COSTA.
67Modo de Faer Viola-de-Cocho{ }dossi iphan 8
CANTORIA DE CuRuRu, FESTA
DE SO SEBASTIO.
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A manh de domingo omomento da missa, bem como do chcom bolo, tradicional renio qeacontece em diversas estas e ocasiessociais na regio de Mato Grosso e
Mato Grosso do Sl. Em algmaslocalidades o siriri comea aps o chcom bolo; em otras, os grpos s seapresentam tarde, aps o almoo dedomingo. Segndo os depoimentoscolhidos, parece ser jstamente acompleidade da ormlao detrovas e a densidade rital do crrqe a com qe, atalmente, osmais jovens s se interessem peladana do siriri, qe tem madimenso mais ldica. Ainda nodomingo, tem lgar tambm adescida do mastro, qe dependendodo esteiro, pode ocorrer pelamanh o mais no nal da tarde,sendo, contdo, ndamental apresena dos crreiros, qe vmnovamente entoar trovas especiaispara esse momento.
NOSSA SENHORA DO
LIVRAMENTO-MT, 2007.
FOTO: CARLA BELAS.
BAILE DE RASQuEADO
FESTA DO DIVINO ESPRITO
SANTO, 2007.
FOTO: EMANuEL OLIVEIRA
BRAGA.
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A dinmica da tradioA dinmica da tradio
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PGINA AO LADO
MENINOS COM GANz.
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qerem s baile. Se no tiver bailepra eles no esta. [TereinhaNonato, Nobres, 2003]
Apreservao da viola-de-
cocho est diretamenterelacion