dos recursos no processo penal - thiago de figueiredo luna

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  UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI    URCA CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS    CESA CURSO DE DIREITO    TURNO VESPERTINO VIII SEMESTRE   2014.1 DISCIPLINA   PROCESSO PENAL III PROFESSOR   JOSÉ ERIVALDO OLIVEIRA SANTOS THIAGO DE FIGUEIREDO LUNA DOS RECURSOS NO PROCESSO PENAL CRATO   CE 2014

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI –  URCA

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS –  CESA 

CURSO DE DIREITO –  TURNO VESPERTINO

VIII SEMESTRE –  2014.1

DISCIPLINA –  PROCESSO PENAL III

PROFESSOR –  JOSÉ ERIVALDO OLIVEIRA SANTOS

THIAGO DE FIGUEIREDO LUNA

DOS RECURSOS NO PROCESSO PENAL

CRATO –  CE2014

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THIAGO DE FIGUEIREDO LUNA

DOS RECURSOS NO PROCESSO PENAL

Trabalho apresentado como requisito para obtenção de nota na disciplinaDireito Processual Penal III, do curso deDireito da Universidade Regional doCariri.

Orientador: José Erivaldo Oliveira Santos

CRATO –  CE2014

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SUMÁRIO

TÓPICO PÁGINA

1. INTRODUÇÃO 04

2. TEORIA GERAL DOS RECURSOS 05

2.1 –  PRINCÍPIOS INFORMADORES DOS RECURSOS 05

2.2 –  PRESSUPOSTOS RECURSAIS 06

2.3 –  EFEITOS DO RECURSO 09

2.4 –  DO JUÍZO DE RETRATAÇÃO E DA EXTINÇÃO DOS RECURSOS 09

3 –  ESPÉCIES DE RECURSOS NO PROCESSO PENAL 10

3.1 –  APELAÇÃO 10

3.2 –  RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 15

3.3 –  AGRAVOS NO PROCESSO PENAL 17

3.4 –  CARTA TESTEMUNHÁVEL 17

3.5 –  CORREIÇÃO PARCIAL 18

3.6 –  EMBARGOS INFRINGENTES 18

3.7 –  EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 18

3.8 –  REVISÃO CRIMINAL 19

3.9 –  HABEAS CORPUS E MANDADO DE SEGURANÇA 21

3.10 –  RECURSO EXTRAORDINÁRIO 22

3.11 –  RECURSO ESPECIAL 23

3.12 –  RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 23

4 –  CONSIDERAÇÕES FINAIS 24

5 –  BIBLIOGRAFIA 25

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1. INTRODUÇÃO

O Direito Processual Penal é o ramo de estudo tradicionalmente voltado à a atividadede jurisdição de um Estado soberano no julgamento do acusado de praticar um crime. O

 procedimento de legitimação do direito de punir estatal chamado de processo penal é o universo

de estudos do Direito Processual Penal.

Ao contrário do entendido no âmbito do Direito Processual Civil, no processo penal não

há a figura da lide, posto que a expectativa da punição ao praticante de conduta típica,

antijurídica e culpável é predeterminada em relação ao fato.

O Direito Processual Penal possui por base legal o Decreto-Lei 3.689, de 03 de outubro

de 1941, o Código de Processo Penal brasileiro. Além disso, a Constituição Federal de 1988

estatui os princípios básicos de nosso ordenamento jurídico, entre eles diversos aplicáveis à

disciplina processualística civil, ocorrendo ainda o uso subsidiário da Lei 5.869, de 11 de

 janeiro de 1973 nas hipóteses de omissão da lei processual penal.

A legislação processual penal define diversos princípios, determinando os

 procedimentos possíveis ao processamento e julgamento das condutas consideradas criminosas,

os ritos adotados pelo ordenamento jurídico brasileiro, os atos a serem praticados em cada um

destes ritos, assim como as consequências da prática ou não destes atos. Mas além disso, a

legislação processual penal enumera as espécies de recursos cabíveis no ordenamento jurídico

 brasileiro.

Sendo assim, este estudo tem por finalidade dissecar as espécies recursais relativas ao

 processo penal, analisando tal categoria em vigência no nosso país, utilizando para tanto as

instruções dadas pelos grandes doutrinadores e tribunais pátrios.

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2. TEORIA GERAL DOS RECURSOS

Corolário do princípio da ampla defesa, manifestado através do duplo grau de jurisdição,recurso é o pedido voluntário, previsto em lei, destinado à obtenção da reforma de uma decisão

 judicial, encaminhado, em regra, a um órgão jurisdicional de grau imediatamente superior,

dentro do mesmo processo.

Para Antônio Luís da Câmara Leal, recurso “é o meio processual que a lei faculta à

 parte ou impõe ao julgador para provocar a reforma, ou a confirmação de uma decisão

 judicial ”.

Costuma-se afirmar que a existência do recurso decorre do inconformismo inerente ao

ser humano em face de decisões desfavoráveis. Convém, no entanto, ressaltar que o recurso

também tem o objetivo de corrigir decisões falíveis, seja no plano da legalidade e regularidade,

seja quando injusta. Sendo assim, pode ser objeto do recurso a discussão de uma irregularidade

 processual, das nulidades, questões de mérito, neste último caso, no tocante a equívocos de

interpretação quanto à prova, ao fato, à lei e, inclusive, o próprio pedido.

Vale lembrar que o recurso não é o único meio de impugnação das decisões judiciais,

em virtude de que é possível atacá-las através de ações próprias, como o mandado de segurança

criminal, a revisão criminal e o habeas corpus.

2.1  –  PRINCÍPIOS INFORMADORES DOS RECURSOS:

 No Direito Processual Brasileiro, os recursos obedecem a uma série de princípios

informadores, quais sejam:

Princípio da fungibilidade: Consiste na admissão de um recurso ao invés de outro,

desde que preenchidos os pressupostos legais, a fim de não se prejudicar a parte recorrente pela

simples interposição de recurso errado (art. 579 do CPP). Como se sabe, para cada decisão

existe um recurso adequado, estando as hipóteses descritas na lei.

São condições para admissão da fungibilidade recursal: a) Que o erro não seja grosseiro,

ou seja, o recurso não pode ser impertinente, não se pode interpor outro recurso, quando, de

forma escancarada, o cabível para a espécie estiver declaradamente previsto na lei; b) Que não

haja má-fé, sendo caso corriqueiro a parte perder o prazo recursal e, com má-fé, interpõe outro

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recurso, de prazo mais longo, apenas para possibilitar a discussão da causa pelo juízo

hierarquicamente superior. O erro seria quanto ao meio processual admitido, desde que não

ferido o prazo do recurso legal cabível. Na prática, dificilmente não se admite o outro recurso,

desde que presente a tempestividade

Princípio da unicidade: Existe um recurso para cada caso. Não podem coexistir dois

recursos, de forma simultânea, interpostos com o mesmo objeto e envolvendo as mesmas partes.

Esse princípio pode sofrer restrições. É que, em casos especiais, a parte poderá interpor dois

recursos criminais em paralelo.

Princípio da sucumbência: É o gravame imposto a quem perde a causa, constituindo-

se na imposição do pagamento das despesas do processo, custas e honorários advocatícios. A

sucumbência é que caracteriza o interesse em recorrer.

Princípio da Pluralidade dos graus de Jurisdição:  havendo dúvida quanto à

tempestividade, resolve-se em favor do recorrente, conforme entendimento do STJ.

2.2  –  PRESSUPOSTOS RECURSAIS:

São requisitos indispensáveis, exigidos pela lei, para que um recurso seja conhecido

 para julgamento. É o juízo de admissibilidade, e os pressupostos podem ser objetivos e

subjetivos.

São pressupostos objetivos:

Cabimento: É o pressuposto em que a possibilidade de recorrer está sujeita a prévia

 previsão legal permissiva. Por exemplo, despachos de mero expediente são irrecorríveis, além

de decisões não contidas no rol do art. 581 do CPP ou aquelas que tenham força definitiva.

Adequação: Relacionado com o anterior: O recurso interposto deve guardar estreita

correlação (legal) com a decisão a ser recorrida. É mitigado pelo princípio da fungibilidade (art.

579 do CPP). O abrandamento é condicionado, entretanto, à ausência de má-fé e que o erro não

seja grosseiro, conforme dito anteriormente. Esse pressuposto também é afetado pelo princípio

da unirrecorribilidade, em que para cada situação só há um recurso cabível, sendo excepcionado

no caso de recurso especial e extraordinário, além da situação do art. 608 do CPP.

Tempestividade: É imperioso que o recurso seja interposto dentro do prazo legal, sob

 pena de preclusão, adquirindo a decisão o lacre da intocabilidade, formando-se a coisa julgada.

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Quando o atraso decorrer por falha funcional da Vara Judiciária, o recurso deve ser admitido

(art. 575 do CPP). A regra é o prazo de 05 dias.

Regularidade processual: O recurso deve ser interposto consoante a forma definida

 pela lei, por conseguinte, impetrado por petição ou termo nos autos, devidamente assinado, sob

 pena de inexistência do recurso (art. 578 do CPP). Assim, se o advogado, ao ser intimado,

escrever nos autos que quer apelar, impõe-se seja admitida manifestação como recurso de

apelação. São interpostos por petição: embargos infringentes; embargos declaratórios; carta

testemunhável; recurso extraordinário; recurso especial; correição parcial; habeas corpus; e

revisão criminal. São interpostos por petição ou por termo nos autos: apelação, Recurso em

Sentido Estrito (RESE), e protesto por novo júri.

Fundamentação:  Para constatar o desejo de reforma e as razões que a justificam,

evidente a necessidade de fundamentação do recurso. Em que pese constituir pressuposto

recursal, corresponde, de fato, em uma formalidade. Também se inserem nas contrarrazões do

recurso.

Inexistência de fato impeditivo ou extintivo:  São hipóteses que não permitem o

conhecimento do recurso. Eram considerados fatos impeditivos a renúncia e o não recolhimento

à prisão (art. 594 do CPP). Todavia, houve a revogação do art. 594 (Lei 11.719/08) e, por forçada Súmula 347 do STJ e de precedentes do STF, entende-se que os artigos 594 e 595 do CPP

contrariam as garantias constitucionais do devido processo legal, da isonomia e da ampla

defesa. Resta, pois, a renúncia. Consideravam-se fatos extintivos a desistência, a deserção e

fuga do réu (art. 595 do CPP). Remanesce, então, a desistência. Importante lembrar que o

 princípio da variabilidade, em que a desistência de um recurso não impede, desde que no prazo

legal, a interposição de outro.

Oportuno frisar que o Ministério Público não pode desistir de recurso já interposto (art.576 do CPP), devido ao princípio da indisponibilidade da ação penal pública, previsto no art.

42 do CPP. Quanto à defesa, a desistência cabe somente quando o defensor possuir poderes

especiais.

Outrossim, com o objetivo de afastar a deserção (desistência tácita), no caso da defesa

tem sido entendido que o oferecimento de razões é obrigatório, tanto que as razões tardias

constituem mera irregularidade (RT 545/382 e 641/324). Mesmo no caso de apelação, em que

o artigo 601 determina a subida dos autos com ou sem as razões recursais, impõe-se o

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oferecimento de razões, em atenção ao princípio da ampla defesa. Se o defensor não apresentar

razões, nomeia-se outro defensor para o ato, salvo quando haja desistência explícita do recurso.

Consistem em pressupostos subjetivos dos recursos:

Interesse em recorrer:  Ligado umbilicalmente com o prejuízo ocasionado pela

sucumbência (princípio da sucumbência), a qual gera, em função do inconformismo, o desejo

de reforma da decisão judicial (art. 577, parágrafo único, do CPP).

A sucumbência poderá ser única (afeta uma parte) ou plúrima (atinge várias partes).

Esta poderá ser, ainda, paralela (fere mais de um réu ou querelantes) ou recíproca (fere

interesses de partes opostas). Além disso, a sucumbência poderá ser direta (fere as partes) ou

reflexa (fere interesse de terceiros, como por exemplo, o art. 598 do CPP). A sucumbênciatambém poderá ser total (toda a pretensão é rejeitada) ou parcial (apenas parte do pedido é

rejeitada).

O réu pode recorrer da sentença absolutória? Boa parte da doutrina entende que não,

 pois a sucumbência só existe na disposição da sentença, não na motivação. Ora, o recurso contra

sentença absolutória não mudaria a disposição, apenas a fundamentação, estando a faltar o

legítimo interesse processual.

Legitimidade para recorrer:  Somente quem possui interesse terá legitimidade para

recorrer. Em regra, são as pessoas indicadas no art. 577 do CPP, mas é possível o recurso do

assistente de acusação, como por exemplo, o recurso em face de sentença absolutória, de

impronúncia e extintiva da punibilidade do agente. O Ministério Público não poderá recorrer

em ação penal exclusivamente privada quando a sentença for absolutória. Desde que tenha

requerido a absolvição em sede de memoriais, o Ministério Público tem legitimidade para

recorrer em favor do réu condenado.

O réu pode recorrer, assim como seu defensor, de forma independente. O defensor

dativo, mesmo sem a anuência do réu, pode recorrer. O assistente de acusação também pode

recorrer (584, § 1º, e 598 do CPP). Todavia, seu recurso é supletivo, ou seja, só deve ser

admitido se o MP não recorrer, ou se recorrer apenas de parte da sentença. Neste último caso,

o assistente pode recorrer da parte não atacada pelo MP. Qualquer do povo pode recorrer, por

meio de reclamação à Instância Superior, para alterar lista geral de jurados (art. 439, parágrafo

único, do CPP).

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Procedimento Recursal:  Em conformidade com o pressuposto da regularidade

 processual (art. 578 CPP), o recurso pode ser interposto por petição (escrito) ou por termo nos

autos (redução a termo do recurso interposto oralmente). A assinatura do recurso pelo recorrente

ou por seu representante é indispensável, já que sua ausência importa em considerar o ato

inexistente juridicamente. Admite-se recurso por telex e fax (analogia ao art. 374 do CPC). Se

o réu não souber ou não puder assinar, o termo deve ser assinado a seu rogo, por alguém, na

 presença de duas testemunhas (art. 578, § 1º, do CPP).

 Na petição ou termo é desnecessária a fundamentação do recurso. Apenas nas razões é

que devem ser declinados os motivos determinantes do recurso, em obediência ao pressuposto

da fundamentação. Relevante consignar que na Lei dos Juizados Especiais Criminais, exige-se

a motivação no ato da interposição, pois a apelação deve ser apresentada acompanhada das

respectivas razões (Lei 9.099/95, art. 82, § 1º).

2.3  –  EFEITOS DO RECURSO:

Correspondem a três modalidades: devolutivo, suspensivo e extensivo.

O efeito devolutivo é a essência de qualquer recurso. Trata-se da remessa do que foi

decidido para reexame pelo juízo ou tribunal “ad quem”. É classificado em iterativo, quando a

devolução é para o próprio juízo “a quo” (p. ex: embargos de declaração); reiterativo, em que

a devolução é perante o juízo “ad quem” (p. ex: apelação); ou misto, quando tanto o juízo “a

quo” quanto o “ad quem” apreciam a matéria impugnada (p.  ex: Recurso em sentido estrito  –  

 juízo de retratação). Já o efeito suspensivo é a qualidade do recurso em suspender a eficácia da

decisão primária até o julgamento das razões do recurso. A lei determina expressamente as

hipóteses de um recurso possuir esse efeito. Alguns dos efeitos de uma sentença absolutória

não podem ser suspensos por um recurso (art. 596 do CPP). Por fim, o efeito extensivo é a

hipótese em que, num concurso de agentes, um dos acusados condenados recorre, sendo que é

 possível a extensão de eventuais benefícios àqueles que não recorreram, desde que não sejam

de caráter exclusivamente pessoal (art. 580 do CPP).

2.4  –  DO JUÍZO DE RETRATAÇÃO E DA EXTINÇÃO DOS RECURSOS:

A retratação constitui fenômeno recursal em que o juiz pode reapreciar sua decisão,reformando-a, total ou parcialmente. Impede, assim, que os autos subam ao juízo ad quem, a

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menos que a outra parte então requeira. O novo requerimento, formulado em cima da retratação

 judicial, só deve ocorrer se a nova decisão comportar recurso.

Já a extinção do recurso acontece com a incidência de fato extintivo, como a desistência.

3. ESPÉCIES DE RECURSOS NO PROCESSO PENAL

 No sistema processual penal vigente, os recursos compreendidos são os seguintes:

apelação (arts. 593 a 606, do CPP), recurso em sentido estrito (arts. 581 a 592, do CPP), os

agravos e agravo de execução (Leis de nº 8.038/90, 7.210/84 etc.), carta testemunhável (arts.

639 a 646, do CPP), embargos infringentes (arts. 609, parágrafo único, do CPP), embargos

de declaração (arts. 619 a 620, do CPP), correição parcial (Leis de nº 1.533/51, 5.010/66 etc.),

recurso extraordinário (CF, art. 102, III; Lei n° 8.038/90), e o recurso especial (CF, art. 105,

III; Lei n° 8.038/90), que são considerados recursos propriamente ditos, tendo em vista a

existência das chamadas ações autônomas de desconstituição ou de impugnação, quais sejam:

a revisão criminal (arts. 621 a 631, do CPP), o habeas corpus (arts. 647 a 667, do CPP), e o

mandado de segurança (Lei n° 1.533/51).

3.1  –  APELAÇÃO:

É o recurso interposto da sentença definitiva ou com força de definitiva, para a segunda

instância, com o fim de que se proceda ai reexame da matéria, com a consequente modificação

 parcial ou total da decisão. São apeláveis todas as decisões do juiz singular, exceto as

interlocutórias simples e aquelas das quais caiba o recurso em sentido estrito.

É um recurso residual, que só pode ser interposto se não houver previsão expressa de

cabimento de recurso em sentido estrito para a hipótese. Porém, a apelação goza de primazia

em relação ao recurso em sentido estrito, de modo que se a lei prever expressamente o

cabimento deste último recurso com relação a uma parte da decisão e a apelação do restante,

 prevalecerá a apelação, que funcionará como único recurso oponível.

Aplica-se ao Processo Penal o princípio tantum devolutum quantum appellatum. O juízo

ad quem não pode julgar ultra ou extra petição, mas tão somente a matéria que lhe foi devolvida

 pelo recurso da parte, não podendo ir além de acolher o pedido ou rejeitá-lo, no todo ou em

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 parte. No entanto, pelo princípio do favor rei, o tribunal tem liberdade para apreciar a sentença,

mesmo na parte não guerreada, desde que seja para favorecer o réu.

O apelante deve limitar os termos da apelação. O MP deve fixar os limites do apelo na

 petição de interposição (“a extensão da apelação se mede pela petição de sua interposição e

não pelas razões do recurso, de modo que a promotoria pública, como ocorreu no caso, se

apela sem estabelecer restrições, não pode, posteriormente, nas razões, restringir a apelação”,

STF). No caso da defesa, os limites também serão fixados na interposição, havendo, porém,

entendimento em sentido oposto, sustentando que é nas razões que o apelante melhor refletiu

contra o que deseja apelar. O STF também passou a entender que o defensor dativo não está

obrigado a apelar, porém não poderá desistir do mesmo após sua interposição, salvo se com

 poderes especiais para tanto.

Existe ainda a figura da apelação subsidiária do apelo oficial, quando na ação penal

 pública, se o  parquet   não interpõe a apelação no prazo legal, o ofendido ou seu cônjuge,

ascendente, descendente ou irmão poderão apelar, ainda que não se tenham habilitado como

assistentes, desde que o façam dentro do prazo de quinze dias, a contar do dia em que terminar

o do MP.

Ao assistente da acusação também é possível, no prazo de cinco dias, se habilitado,contados da data da intimação, ou quinze, caso não esteja habilitado, a contar do vencimento

do prazo para o MP. Porém, se o assistente habilitado for intimado antes do MP, neste caso, o

 prazo começará a contar do trânsito em julgado para o Ministério Público, e não da intimação.

Assim, se o Ministério Público não o fizer no tempo e modo devidos, o assistente da acusação

 pode apelar da sentença tanto absolutória quanto da condenatória com o fito de aumentar a

 pena. Se o Ministério Público também apelou de forma mais ampla, pedindo, além da

modificação da pena, a anulação do julgamento, seu recurso tem precedência sobre o da defesa,

 por tornar prejudicado este último na hipótese de provimento.

O corréu absolvido não pode intervir como assistente para apelar pleiteando a

condenação do outro corréu, uma vez que o art. 270 do CPP veda a pretensão. “Por ter sido

incluído na denúncia como responsável por uma das atividades delituosas objeto de apuração

do presente, a única posição que o acusado pode ocupar é de defesa. Ainda que absolvido em

 primeiro grau, tal fato não faz desaparecer a condição de réu, o que impede seu retorno aos

autos como assistente à acusação. Esta intervenção é exclusiva do ofendido. Apelo não

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conhecido” (TJRGS, ACr. 694115734, Terceira Câmara Criminal, Rel. Des. Moacir Danilo

Rodrigues, 20-10-94).

Por derradeiro, apesar de a lei não fazer expressa referência às contrarrazões de recurso

da Defesa, a doutrina é pacífica de que esse é um direito indeclinável do assistente, que para

tanto deverá ser intimado, mesmo porque elas estariam incluídas entre os articulados

mencionados no art. 271 do CPP.

São hipóteses de cabimento da apelação:

   De toda sentença condenatória cabe apelação;

   De quase todas as sentenças absolutórias cabe apelação, salvo a absolvição sumária, hipótese

em que caberá o “recurso” oficial e o recurso em sentido estrito; 

   Das sentenças definitivas que, julgando o mérito, ponham fim à relação jurídica processual ou

ao procedimento, sem, contudo, absolver ou condenar o acusado (decisões definitivas em sentido

estrito ou terminativas de mérito).

   Das decisões com força de definitivas (interlocutórias mistas), ou seja, aquelas que ponham fim

a uma fase do procedimento (não terminativas) ou ao processo (terminativas), sem julgar o mérito.

 Algumas hipóteses de decisões dessas espécies comportam o recurso em sentido estrito. Quanto à

rejeição da denúncia, no Juizados Especiais Criminais, o recurso cabível é a apelação. Da mesma

 forma, nos Juizados Especiais Criminas caberá apelação das sentenças homologatórias e não

homologatórias da transação penal, e da sentença homologatória da suspensão condicional do

 processo.

Como dito anteriormente, a apelação é recurso residual, e caberá contra todas as

decisões definitivas ou com força de definitivas, desde que a lei não preveja expressamente

recurso em sentido estrito. As decisões interlocutórias simples são irrecorríveis (por exemplo,

a que decide pelo recebimento da denúncia ou queixa), salvo previsão expressa de recurso em

sentido estrito (como a que concede liberdade provisória).

A apelação das decisões do Júri tem caráter restrito, pois não devolve à superior

instância o conhecimento pleno da questão, por força da garantia constitucional da soberania

dos veredictos. Interposta a apelação por um dos motivos legais, o tribunal fica circunscrito a

eles, não podendo ampliar seu campo de análise. São cabíveis nas seguintes hipóteses:

   Nulidade posterior à pronúncia;

  Sentença do juiz-presidente contrária à letra expressa da lei ou à decisão dos jurados;

  Quando houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;

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  Quando a decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos. Neste caso, só

cabe apelação com base nesse fundamento uma única vez. Não importa qual das partes tenha

apelado, é uma vez para qualquer das duas.

 No caso de condenação por crimes conexos, o tribunal, em grau de recurso, pode anularo julgamento com relação a um, mantendo a decisão no que toca aos outros delitos.

A apelação tem, em regra, prazo para interposição de cinco dias a contar da intimação.

 No caso de intimação por edital, o prazo começa a correr a partir do escoamento do prazo do

edital, que será de sessenta dias, se imposta pena inferior a um ano, e de noventa dias, se igual

ou superior a um ano. No caso de intimação por precatória, o prazo começa a fluir da data da

 juntada aos autos. No caso do réu, devem ser intimados ele e seu defensor, iniciando-se o prazo

após a última intimação.

O recurso de apelação segue o seguinte processamento:

a) a apelação é interposta por termo ou petição, admitindo-se, ainda, a interposição por

telex ou fax;

 b) interposta a apelação, as razões devem ser oferecidas dentro do prazo de oito dias, se

for crime, e três dias, se for contravenção penal, salvo nos crimes de competência dos Juizado

Especial Criminal, quando as razões deverão ser apresentadas no ato de interposição;

c) é obrigatória a intimação do apelante para que passe a correr o prazo para o

oferecimento das razões de apelação;

d) se houver assistente, este arrazoará no prazo de três dias, após o MP;

e) se a ação penal for movida pelo ofendido, o MP oferecerá suas razões, em seguida,

 pelo prazo de três dias;

f) o advogado do apelante pode fazer carga dos autos para arrazoar o apelo, porém, sehouver mais de um réu, o prazo será comum e correrá em cartório. O MP tem sempre vista dos

autos fora de cartório;

g) se o apelante desejar, poderá apresentar suas razões em segunda instância, perante o

 juízo ad quem. O assistente da acusação não tem esta faculdade;

h) com as razões ou contrarrazões, podem ser juntados documentos novos;

i) o MP não pode desistir do recurso, nem restringir seu âmbito nas razões, segundo

entendimento doutrinário não pacífico;

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 j) a defesa também não pode mudar a fundamentação do apelo nas razões de recurso;

l) inexiste juízo de retratação na apelação, ao contrário do que ocorre no recurso em

sentido estrito;

m) se houver mais de um réu, e não houverem sido todos julgados, ou não tiverem todos

apelado, caberá ao apelante promover a extração do traslado dos autos, para remessa a superior

instância;

n) a apresentação tardia de razões de apelação não impede o conhecimento do recurso;

o) o defensor está obrigado a oferecer contrarrazões, sob pena de nulidade.

 Não é obrigatório, conforme entendimento do STJ, que o réu esteja em liberdade durante

a apelação. Este é o entendimento que foi transcrito na Súmula nº 9 do Superior Tribunal de

Justiça: “ A exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional

de presunção de inocência”. A apelação da sentença absolutória não tem efeito suspensivo, de

modo que o réu, se estiver preso, deverá ser colocado imediatamente em liberdade.

Segundo entendimento jurisprudencial majoritário, a apelação da sentença condenatória

só tem efeito suspensivo se o réu for primário e tiver bons antecedentes, e assim ficarestabelecido na sentença (“não poderá apelar sem recolher -se à prisão, ou prestar fiança, salvo

se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória, ou

condenado por crime de que se livre solto”). Se o réu, por ocasião da sentença condenatória,

encontrava-se preso em razão do flagrante delito ou preventiva, não pode apelar em liberdade,

ainda que primário e portador de bons antecedentes.

O recurso em estudo é dotado dos seguintes efeitos devolutivo, suspensivo (somente nas

condenatórias em que o réu for primário e de bons antecedentes); e extensivo (o corréu que nãoapelou beneficia-se do recurso na parte que lhe for comum).

É vedada a reforma da sentença em prejuízo do réu apelante. O tribunal não pode agravar

a pena quando só o réu tiver apelado. Segundo a Súmula 160 do STF: “é nula a decisão do

tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os

casos de recurso de ofício”. Assim, a menos que a acusação recorra pedindo o reconhecimento

da nulidade, o tribunal não poderá decretá-la ex officio em prejuízo do réu, nem mesmo se a

nulidade for absoluta. Quanto à reforma em benefício do réu, ela não é vedada, podendo

inclusive haver o julgamento extra  petita.

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A disposição legal e do Supremo Tribunal Federal também se aplica à chamada

reformatio in pejus indireta, que ocorre quando anulada a sentença condenatória em recurso

exclusivo da defesa, não podendo ser prolatada nova decisão mais gravosa do que a anulada. A

regra, porém, não tem aplicação para limitar a soberania do Tribunal do Júri, uma vez que a lei

que proíbe a reformatio in pejus  não pode prevalecer sobre o princípio constitucional da

soberania de veredictos. Assim, anulado o Júri, em novo julgamento, os jurados poderão

 proferir qualquer decisão, ainda que mais gravosa ao acusado. A incompetência absoluta do

 juízo singular para julgamento da matéria, mesmo quando arguida em apelação pela defesa, não

 proíbe a reforma gravosa indireta, visto a profundidade do vício.

3.2  –  RECURSO EM SENTIDO ESTRITO:

É o recurso mediante o qual se procede ao reexame de uma decisão nas matérias

especificadas em lei, possibilitando ao próprio juiz recorrido uma nova apreciação da questão,

antes da remessa dos autos à segunda instância. O elenco legal das hipóteses de cabimento não

admite ampliação, embora possa haver interpretação extensiva e até a analogia.

São hipóteses legais de cabimento do recurso em sentido estrito:

   Da sentença que rejeitar a denúncia ou queixa. Do recebimento, em regra, não cabe qualquer

recurso, apenas a impetração de habeas corpus. Porém, no caso dos crimes previstos na Lei de

 Imprensa cabe recurso em sentido estrito da decisão que receber a denúncia ou queixa e apelação

da que as rejeitar. No caso das infrações penais de competência do Juizado Especial Criminal, não

cabe recurso em sentido estrito da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa, mas apelação, por

determinação legal;

   Da decisão que concluir pela incompetência do juízo. Da decisão que concluir pela competência

não cabe qualquer recurso, apenas habeas corpus;

 

 Da decisão que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição. São cinco as exceções previstas no CPP: suspeição, incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa

 julgada. As exceções devem ser opostas no prazo da defesa prévia, atuando-se em apartado, sem

 suspender, em regra, o andamento da ação penal. Se o juiz rejeitar qualquer das exceções, não

caberá recurso. Somente no caso de exceção de suspeição, se o juiz vier a acolher a exceção, não

caberá qualquer recurso. Deve o juiz dar-se espontaneamente por suspeito. Porém, não aceitando

a suspeição, mandará autuar em apartado a petição, dará a sua resposta em três dias, podendo

oferecer testemunhas e, em seguida, remeterá os autos ao tribunal;

   Da decisão que pronunciar ou impronunciar o réu;

 

 Da decisão que conceder, negar, arbitrar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento

de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar prisão em flagrante.

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 Não cabe recurso da decisão que decretar a prisão preventiva ou indeferir pedido de liberdade

 provisória ou relaxamento de prisão. A decisão que revoga a prisão preventiva, por excesso de

 prazo, não equivale à concessão de liberdade provisória, logo, também é irrecorrível;

   Da decisão que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;

   Da decisão que julgar extinta a punibilidade do acusado;

   Da decisão que indeferir pedido de extinção de punibilidade;

   Da decisão que conceder ou denegar ordem de habeas corpus. Trata-se, no caso, de decisão de

 primeira instância. Na hipótese de concessão, é necessária também a remessa de ofício. Decisão

denegatória proferida em única ou última instância , pelos TRF’s e TJ’s, caberá recurso ordinário

ao STJ. Sendo a decisão denegatória proferida pelos Tribunais Superiores, caberá recurso

ordinário ao STF;

   Da decisão que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;

 

 Da decisão que incluir ou excluir jurado na lista geral. O prazo, neste caso, será de vinte dias;

   Da decisão que denegar a apelação;

   Da decisão que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;

   Dá que decidir o incidente de falsidade.

O recurso em sentido estrito subirá nos próprios autos nos casos arrolados pelo art. 581,

incisos I (rejeição de denúncia ou queixa), III (decisão que julgar procedente as exceções, salvo

a de suspeição), IV (que pronunciar ou impronunciar o réu), VIII (que julga extinta a

 punibilidade) e X (que conceder ou denegar ordem de habeas corpus).

Interposto o recurso, dentro do prazo de dois dias, o recorrente deverá oferecer suas

razões, sendo indispensável a intimação, sem a qual não começa a correr o prazo, segundo

entendimento jurisprudencial. A falta do oferecimento das razões não impede a subida do

recurso. Não existe no recurso em sentido estrito a possibilidade de arrazoar em segunda

instância.

Recebendo os autos, o juiz, dentro de dois dias, reformará ou sustentará a sua decisão,

mandando instruir o recurso com as cópias que lhe parecerem necessárias. A falta de

manifestação do juiz importa em nulidade, devendo o tribunal devolver os autos para esta

 providência.

Vale ressaltar que o recurso em sentido estrito teve o seu rol de cabimento drasticamente

reduzido após a criação do agravo em execução.

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3.3  –  AGRAVOS NO PROCESSO PENAL:

Previsto nos arts. 522 e seguintes do CPC, o agravo é cabível no processo penal contra

a denegação, pelo tribunal a quo do recurso extraordinário e do recurso especial.

A Lei de Execução Penal prevê o agravo em execução, com efeito devolutivo, contra

decisões do juiz da execução penal.

Como o nome já diz, é um recurso exclusivo da fase de execução (execução é a fase de

cumprimento da pena imposta por sentença transitada em julgado).

Este agravo é próprio para combater todas as decisões do juiz da execução (então não é

a matéria, mas o tipo de juiz que define que recurso é cabível) e está previsto no art. 197, lei

7.210/84 (ou Lei de Execução Penal –  LEP).

Grinover, Magalhães e Scarance (Recursos no Processo Penal, p. 198) explicam que a

LEP não dispõe sobre o procedimento deste agravo por uma falha histórica: esqueceram de

aprovar, junto com a LEP, o Código de Processo Penal que explicava o procedimento dos

agravos em matéria penal. Na falta de disposição legal utiliza-se o procedimento do RESE.

É bom lembrar que há vários incisos relativos ao RESE que foram tacitamente

revogados porque, em razão da fase (que é da execução), o agravo é o recurso próprio para

interposição.

Os legitimados para interpor o agravo são o Ministério Público, o condenado, além de

seu cônjuge, parente ou descendente, todos na figura do defensor constituído ou nomeado (art.

195, LEP) e o prazo para interposição é de 5 dias (Súmula 700 do STF).

O efeito do Agravo em Execução é somente devolutivo, por isso muitas vezes se

impetra Mandado de Segurança (principalmente o Ministério Público) para conseguir efeito

suspensivo (o argumento é o interesse social, uma vez que depois que o condenado sair da prisão dificilmente vai ser achado e trazido de volta).

3.4  –  CARTA TESTEMUNHÁVEL:

Recurso que tem por fim provocar o reexame de decisão que denegar ou impedir o

seguimento de recurso em sentido estrito, do agravo em execução e, para alguns doutrinadores,

do protesto por novo júri. Há quem entenda não caber a carta testemunhável no protesto por

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novo júri, uma vez que este recurso não sobe para a segunda instância, já que é apreciado pelo

 próprio juízo a quo, o que frustraria a função precípua da carta.

Por expressa disposição legal, o recurso em sentido estrito é o adequado para atacar as

decisões que negam subida à apelação. Da mesma forma, o agravo de instrumento é o recurso

cabível em caso de despacho denegatório do recurso extraordinário ou especial. Da denegação

de embargos infringentes e embargos de nulidade: cabe agravo regimental.

A carta testemunhável deve ser requerida dentro de quarenta e oito horas, após a ciência

do despacho que denegar o recurso ou da decisão que obstar o seu seguimento. Formado o

instrumento, no caso do recurso em sentido estrito, o recorrente será intimado para oferecer

suas razões dentro do prazo de dois dias, e, em seguida, será intimado o recorrido para oferecer

suas contrarrazões, dentro do mesmo prazo, possibilitando-se, após, o juízo de retratação por

 parte do juiz que denegou o recurso.

3.5  –  CORREIÇÃO PARCIAL:

É uma providência de natureza administrativo-judiciária contra despachos do juiz que

importem em inversão tumultuária do processo, sempre que não houver recurso específico

 previsto em lei. A natureza jurídica deste instituto não é pacífica, sendo que para boa parte da

doutrina consiste recurso, e para outra, é simples medida administrativa.

Tem por objeto corrigir o erro cometido pelo juiz em ato processual, desde que provoque

inversão tumultuária do processo (error in procedendo). Não é adequada a correição quando se

 pretende impugnar error in judicando, ou seja, quando seu objeto versar sobre decisão que

envolve matéria de mérito.

3.6  –  EMBARGOS INFRINGENTES

É a figura recursal oponível contra decisão não unânime de segunda instância, desde

que favorável ao réu. Esta espécie é exclusiva da defesa, sendo o prazo para sua interposição

de dez dias.

Os embargos infringentes só podem ser opostos no caso de recurso em sentido estrito e

apelação. Não cabem na revisão criminal, nem no julgamento do pedido de desaforamento, vez

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que estes não são recursos. Também não cabem em sede de habeas corpus. Admite-se o

cabimento no caso de carta testemunhável contra denegação de recurso em sentido estrito.

É requisito básico a constituição de causídico, não podendo os embargos ser interpostos

 pelo próprio acusado, sem a assistência de advogado. Os embargos de nulidade são os embargos

infringentes, quando a questão é estritamente processual, decidindo-se se o processo será ou

não anulado.

 No âmbito do STF, cabem embargos infringentes da decisão não unânime do Plenário

ou da Turma que julgar procedente a ação penal, ou improcedente a revisão criminal, ou mesmo

for desfavorável ao réu, em recurso criminal ordinário. Esta categoria de recurso não existe na

esfera do STJ.

3.7  –  EMBARGOS DE DECLARAÇÃO:

Recurso interposto para o mesmo órgão prolator da decisão que se deseja impugnar,

dentro do prazo de dois dias, no caso de ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão da

sentença. Curiosamente, a Lei 9.099/95 substitui o termo ambiguidade por dúvida.

O prazo para interposição do recurso é de dois dias perante o juiz prolator da decisão

ou, no caso dos tribunais, endereçados ao próprio relator do acórdão embargado. No caso dos

JEC’s, o prazo de interposição dos embargos será de cinco dias.  

Atualmente, a jurisprudência, majoritariamente (inclusive do STF), entende ser possível

atribuir efeito modificativo aos embargos de declaração. Neste caso, torna-se fundamental, em

cumprimento ao princípio do contraditório, intimar a parte contrária, a fim de possibilitar-lhe

contraditar o embargante.

3.8  –  REVISÃO CRIMINAL:

Ação penal rescisória promovida originariamente perante o tribunal competente, para

que, nos casos expressamente previstos em lei, seja efetuado o reexame de um processo já

encerrado por decisão transitada em julgado, sendo oponível a qualquer tempo. Segundo a

Súmula 393 do STF: “para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-

se à prisão”. 

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A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou mediante representação por procurador

legalmente habilitado (advogado inscrito na OAB, não havendo necessidade de poderes

especiais). Entendeu o STF que o réu tem capacidade para formular em nome próprio pedido

de revisão criminal, nos termos do art. 623 do CPP, que não foi derrogado pelo art. 1º, I, da Lei

nº 8.906/94. Entende-se que o MP não é parte legítima para requerer revisão criminal, sendo-

lhe possível impetrar habeas corpus.

 No caso de morte do réu, a revisão poderá ser movida pelo seu cônjuge, descendente,

ascendente ou irmão. No caso de falecimento do réu após a revisão, o presidente do Tribunal

competente deverá nomear curador para dar prosseguimento à ação. Trata-se de hipótese de

substituição processual que dispensa a iniciativa dos familiares do réu.

Segundo entendimento majoritário, as hipóteses elencadas no CPP de cabimento da

revisão criminal são taxativas. São elas:

  a) Quando a sentença condenatória for contrária a texto expresso da lei: a revisão criminal é

meio inadequado para a aplicação da lei posterior que deixar de considerar o fato como crime

(abolitio criminis), uma vez que a competência é do juiz da execução de primeira instância,

evitando-se seja suprimido um grau de jurisdição (súmula 611 do STF);

  b) Quando a sentença condenatória for contrária à evidência dos autos;

 

c) Quando a sentença condenatória se fundar em provas comprovadamente falsas;

  d) Quando surgirem novas provas da inocência do condenado;

  e) Quando surgirem novas provas de circunstâncias que autorize a diminuição da pena.

Além dos casos de sentenças condenatórias, cabe revisão criminal das sentenças

absolutórias impróprias, onde há imposição de medida de segurança. Porém, não cabe de

sentença de pronúncia. Da sentença penal estrangeira não cabe revisão criminal, pois, quando

de sua homologação pelo STF, este não ingressa no mérito, limitando-se a verificar os aspectos

meramente formais (prelibação).A decisão da revisão pode absolver o réu, reduzir a pena ou anular o processo. Em caso

de absolvição, são restabelecidos todos os direitos perdidos em virtude da condenação. Quando

se tratar de absolvição imprópria, deve o tribunal impor medida de segurança. Contra o

despacho que rejeita liminarmente a revisão criminal, cabe agravo.

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3.9  –  HABEAS CORPUS E MANDADO DE SEGURANÇA:

O habeas corpus é remédio judicial-constitucional que tem por finalidade evitar ou fazer

cessar a violência ou a coação à liberdade de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso de

 poder, podendo ser liberatório ou repressivo e preventivo.

Poder ser impetrado por qualquer pessoa, independentemente de habilitação legal ou

representação de advogado, atentando-se, porém, que “embora o réu tenha capacidade para

formular pedido de habeas corpus, não é de se reconhecer a ele capacidade postulatória para

impetrar ação de reclamação (RISTF, art. 156) para garantir a autoridade da decisão concessiva

de habeas corpus que não estaria sendo cumprida pelo tribunal apontado coator, uma vez tratar-

se de atividade privativa de advogado”(STF). 

É inadmissível a impetração de habeas corpus durante o estado de sítio. A vedação se

dirige apenas contra o mérito da decisão do executor da medida, podendo ser impetrado o

remédio se a coação tiver emanado de autoridade incompetente, ou em desacordo com as

formalidades legais. Não cabe contra a transgressão militar disciplinar. Não cabe contra

dosimetria da pena de multa, uma vez que esta não pode mais se converter em pena privativa

de liberdade.

O habeas corpus é cabível nas hipóteses de:

   Justa causa;

  Quando alguém estiver preso por mais tempo do que a lei determina;

  Quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;

  Quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;

  Quando não se admitir a fiança, nos casos em que a lei prevê;

  Quando o processo for manifestamente nulo;

  Quando já estiver extinta a punibilidade do agente.

Cabe recurso em sentido estrito da decisão que conceder ou negar a ordem de habeas

corpus. Cabe recurso oficial da concessão do mesmo.

Quando não estiver em jogo a liberdade de locomoção, é cabível o mandado de

segurança em matéria criminal, tem o MP legitimidade para impetração. Porém, não cabe

mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.

Mandado de segurança, ainda vale frisar, é uma ação de rito sumaríssimo, com status de

remédio constitucional, pela qual a pessoa que sofrer ilegalidade ou abuso de poder ou receiode tanto, oriundo de autoridade pública ou nos casos em que se é delegado a terceiros, não

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amparado por habeas corpus  ou habeas data, para proteger o direito liquido, certo e

incontestável do impetrante, pode-se utilizar esse remédio.

Maria da Sylvia Zanella De Pietro assim conceitua:

´´(...) mandado de segurança é a ação civil de rito sumaríssimo pela qual a pessoa pode

 provocar o controle jurisdicional quando sofrer lesão ou ameaça de lesão a direito líquido e

certo, não amparado por Habeas Corpus   nem Habeas Data  , em decorrência de ato de

autoridade, praticado com ilegalidade ou abuso de poder ” (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella

/ Direito Administrativo. 1999, p. 612).

O prazo para impetração do mandado de segurança é de cento e vinte dias, a contar da

ciência pelo impetrante, do ato que lhe causar ou ameaçar causar lesão a direito líquido e certo.

Mesmo após o advento da Emenda Constitucional nº 22/99, subsiste íntegra a

competência originária do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar habeas corpus

impetrado contra decisão emanada de Turma Recursal vinculada ao sistema dos Juizados

Especiais.

3.10 –  RECURSO EXTRAORDINÁRIO:

O Recurso Extraordinário é espécie recursal que visa a impugnação de decisão proferida

 por um tribunal estadual ou federal, ou por uma Turma recursal de um juizado especial, sob a

alegação de contrariedade direta e frontal ao sistema normativo estabelecido na Constituição da

República. Não se trata de recurso que contesta apenas decisões do TJ ou TRF, pois a CF em

seu art. 102, III não faz qualquer menção à origem do julgado, então poderia impugnar qualquer

acórdão, não somente dos TJ e TRF, assim como os oriundos de Turmas Recursais dos Juizados

Especiais Criminais. O prazo para sua interposição é de 15 dias. Não há grandes diferenças para o Recurso Extraordinário em matéria cível. Veja-se,

 porém, que o prazo para a interposição do agravo de instrumento contra decisão que nega

seguimento ao Recurso Extraordinário ou Especial, em matéria penal, é de cinco dias e não de

dez dias.

A fundamentação desta espécie recursal encontra-se na Carta Magna, mas

especificamente no artigo 102, III, alínea a .

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3.11 –  RECURSO ESPECIAL:

 No direito processual brasileiro, o recurso especial é o meio processual para contestar

 perante o Superior Tribunal de Justiça uma decisão judicial proferida por um Tribunal de

Justiça ou Tribunal Regional Federal, na hipótese do art. 105, III, alínea a , da Carta Magna.

É importante ter conhecimento do teor da súmula 126, do STJ que diz: "É inadmissível

recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e

infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não

manifesta recurso extraordinário". Seu prazo de interposição é de 15 dias.

A finalidade deste recurso é a defesa do direito objetivo federal, não o direito subjetivo

dos litigantes.

O Recurso Especial tem apenas o efeito devolutivo, para se agregar efeito suspensivo a

este recurso é necessário o ajuizamento de uma ação cautelar inominada no Supremo (hipótese

de cautelar incidental). Dessa forma, considerando precisamente o recurso, este apenas devolve

ao Poder Judiciário a apreciação da matéria recorrida, mas não suspende a execução da decisão

impugnada.

3.12 –  RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL:

O recurso ordinário é um recurso de índole constitucional, tendo em vista que está

 previsto expressamente na Constituição Federal. Trata-se de recurso em sede de ordem de

habeas corpus, quando esta é denegada por um Tribunal, não se confundindo com o RESE,

cabível quando a ordem for negada por juiz de primeiro grau. Também será cabível o recurso

ordinário das decisões que julgarem crime político.

O Recurso Ordinário Constitucional (ROC) será endereçado ao Supremo TribunalFederal nas seguintes hipóteses, elencadas no artigo 102, II, a  e b , da Carta Magna:

  a) Quando houver decisão denegatória de habeas corpus em única instância pelos Tribunais

Superiores (STJ, TSE, TST e STM); e

  b) Quando houver decisão que julgar crime político.

Da decisão concessiva da ordem não caberá recurso ordinário. Quanto às decisões

acerca de crimes políticos, estas podem ter sido emanadas por qualquer dos juízes federais ou

seus respectivos tribunais regionais, ou mesmo pelo STJ. A competência, no caso do crime

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 político, ressalte-se, estende-se ao processamento e julgamento dos demais recursos

(interlocutórios) proferidos nos processos de crimes políticos.

O recurso ordinário também será cabível para o STJ na hipótese elencada no artigo 105,

II, a , da Constituição Federal, quando houver a denegação de habeas corpus  por Tribunal

Regional Federal ou pelos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, em única ou

última instância. Veda-se o ROC para o STJ quando a ordem for concessiva.

O prazo para interposição do recurso ordinário constitucional é de 5 dias, devendo as

razões estarem inclusas, conforme art. 30 da Lei 8.038/90, Súmula 319 do STF e dos artigos

310 e 311 do Regimento Interno do STF, exceto no caso do ROC de decisões em processos por

crimes políticos, em que haverá prazo de 8 dias para apresentação das razões, visto tal

 procedimento seguir o rito da apelação, conforme Seção I do Capítulo II do Regimento Interno

do STF, motivo pelo qual alguns autores apelidaram o instituto de apelação constitucional.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ordenamento jurídico brasileiro, ao adotar princípios da presunção de inocência,

ampla defesa e duplo grau de jurisdição, muniu os intérpretes e aplicadores do direito de vasta

gama de ferramentas para a manutenção da justiça.

Obviamente, a amplitude de espécies recursais muitas vezes atrapalha a Justiça

 brasileira na tentativa de trazer paz social e segurança jurídica para seus protegidos. Ocorre que

a vislumbra-se em nossa nação as figuras de criminosos de “alto nível”, utilizando-se de todas

as armas jurídicas possíveis, algumas vezes até mesmo impossíveis, para escapar da execução

 penal.

 Não cabe neste estudo as afirmações de que a Justiça brasileira é morosa, precária, entretantos outros péssimos atributos que lhe são destinados diariamente, mas apenas demonstrar a

capacidade do legislador brasileiro em procurar assegurar a todos as melhores possibilidades

de demonstrar sua inocência frente à persecução penal. Quanto a demonstrar a efetivação dessas

garantias, somente a prática é capaz de fazê-lo.

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5. BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/

decreto-lei/del3689compilado.htm>. Acesso em: 26 jul. 2014.

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