thiago figueiredo azevedo

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  • i

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

    PR-REITORIA DE PS-GRADUAO E PESQUISA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS (P2CEM)

    THIAGO FIGUEIREDO AZEVEDO

    APLICAO DA SIMULAO NUMRICA PARA RESOLUO DE PROBLEMAS DE ANLISE DE

    FALHAS E DE MECNICA DA FRATURA

    SO CRISTVO, SE - BRASIL

    FEVEREIRO DE 2014

  • ii

    THIAGO FIGUEIREDO AZEVEDO

    APLICAO DA SIMULAO NUMRICA PARA RESOLUO DE PROBLEMAS DE ANLISE DE

    FALHAS E DE MECNICA DA FRATURA

    Orientador:

    Prof: Dr. Sandro Griza

    SO CRISTVO, SE - BRASIL

    FEVEREIRO DE 2014

  • iii

    FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

    Azevedo, Thiago Figueiredo

    A994a Aplicao da simulao numrica para resoluo de

    problemas de anlise de falhas e de mecnica da

    fratura / Thiago Figueiredo Azevedo ; orientador Sandro

    Griza. So Cristvo, 2014.

    xv, 93 f. : Il.

    Dissertao (mestrado em Cincia e Engenharia de

    Materiais) Universidade Federal de Sergipe, 2014.

    1. Engenharia de materiais. 2. Resistncia de materiais. 3. Materiais - Fratura. 4. Anlise de falha. I. Griza, Sandro, orient. II. Ttulo.

    CDU: 620.172.24

  • iv

  • v

    Todas as coisas contribuem juntamente

    para o bem daqueles que amam a

    Deus.(Rm 8.28)

    AGRADECIMENTOS

  • vi

    Deus, sei que sem Ti eu nada sou! Obrigado por nunca ter deixado faltar

    nada, ter me dado fora, sade, sabedoria para enfrentar desafios e passar por

    obstculos encontrados ao longo dessa jornada acadmica.

    minha famlia, meu pai Carlos Roberto (in memoriam), minha me Maria

    Adercy, minha irm Thatiana, minha queria vov Maria de Lourdes (in

    memoriam), vov Salvelina e vov vav por sempre cuidaram e acreditaram

    em mim mesmo com todos os desafios que passamos juntos. Aos meus tios

    Airton, Renato, Marley, Rubens e Ildete, pela fora e compreenso.

    minha namorada Jssica Baracho e famlia, por me ajudar de forma direta ou

    indiretamente e proporcionar momentos de descontrao e confiana.

    Aos meus amigos de infncia que sempre me apoiaram, Davi Alves, Daniel

    Tenrio e Wladimir Fernandes.

    Aos amigos do Laboratrio de Projetos/DCEM/UFS, Gustavo, Raphael

    Calazans, Tonny, Oswanderson, Wendhel e Emerson Maurcio, sem a ajuda de

    vocs no conseguiria fazer muita coisa.

    Aos colegas da Ps-graduao, Ademir, Carlos Henrique, Jos Resende,

    Cristiane Ramos, Drcio, Ivory, Gisela, Ana Patrcia, Marcio Erick, Ricardo

    Estefany, Silvio Valena, Cristiano, Carla Porto, em especial Silvando Santos e

    Carlos Eduardo, pela ajuda e conselhos.

    Aos demais do DCEM, Thiago Emanuel, Andr, Helder, Denisson e Bruno, pela

    ajuda nos ensaios de caracterizao.

    Aos professores do DCEM, Wilton, Carlos Martins, Tentardini, Euller, Marcelo,

    Ledjane e Dudu.

    Ao Professor Dr. Sandro Griza, meu orientador, pela competncia e pacincia

    demonstradas ao longo desse perodo de trabalho, principalmente por acreditar

    em mim como discente e me fazer entender que tudo possvel inclusive nos

    momentos mais difceis. Pelas correes e sugestes feitas em todos os

    trabalhos que realizei durante a sua orientao. Muito Obrigado!

    Resumo da Dissertao apresentada ao PCEM/UFS como parte dos requisitos

    necessrios para a obteno do grau de Mestre em Cincia e Engenharia de

    Materiais.

  • vii

    APLICAO DA SIMULAO NUMRICA PARA RESOLUO DE

    PROBLEMAS DE ANLISE DE FALHAS E DE MECNICA DA FRATURA

    Thiago Figueiredo Azevedo

    Fevereiro / 2014

    Orientador: Sandro Griza Programa de Ps-Graduao em Cincia e Engenharia de Materiais

    RESUMO

    A simulao uma ferramenta virtual que auxilia na previso do

    comportamento dos equipamentos sendo atualmente utilizada para resoluo

    de problemas mecnicos antes mesmo que algum prottipo fsico seja testado.

    Juntamente com a simulao, a anlise de falhas considerada uma

    ferramenta de otimizao de projetos. A mecnica da fratura, por sua vez,

    uma cincia que busca indicar se um defeito tipo trinca previamente existente

    no material pode levar o componente fratura catastrfica para tenses

    normais de servio. O objetivo deste estudo foi analisar a importncia da

    simulao numrica como ferramenta para resoluo de problemas de anlise

    de falha e mecnica da fratura, a fim de se obter resultados quantitativos em

    resposta a formas geomtricas e condies de contorno complexas. Foram

    tomados quatro estudos de casos de falhas de componentes outrora realizados

    e a partir estes foi realizado o complemento com a simulao numrica. Os

    resultados obtidos mostraram que a simulao numrica importante na

    previso quantitativa das tenses impostas em servio para o caso de peas

    de forma e condies de contorno complexas.

    Abstract of Dissertation presented to PCEM/UFS as a partial fulfillment of the

    requirements for the Master Degree in Materials Science and Engineering

  • viii

    APPLICATION OF NUMERICAL SIMULATION FOR RESOLVING

    PROBLEMS OF FAILURE ANALYSIS AND OF FRACTURE MECHANICS

    Thiago Figueiredo Azevedo

    February / 2014

    Advisor: Sandro Griza Department: Materials Science and Engineering

    SUMARY

    Simulation is a virtual tool that assists in the prediction of equipment behavior

    and it has been currently used for solving mechanical problems even before a

    physical prototype is tested .Together with the simulation , failure analysis is

    considered a tool for design optimization . Mechanics fracture, in turn, is a

    science that seeks to indicate whether a pre-existing crack type defect in the

    material can lead the component to a catastrophic fracture for normal operating

    strain. The aim of this work was to analyze numerical simulation importance as

    a tool for solving failure analysis and fracture mechanics problems in order to

    obtain quantitative results in response to geometric shapes and complex

    boundary conditions. Four cases of component failures once made were taken

    on this work and a complement with numerical simulation was carried out. The

    obtained results showed that numerical simulation is important in quantitative

    estimates of in service imposed stresses in the case of complex shape and

    boundary conditions.

    SUMRIO

  • ix

    LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... x

    LISTA DE TABELAS ........................................................................................ xiv

    LISTA DE SMBOLOS E ABREVIATURAS ....................................................... xv

    1. INTRODUO ............................................................................................... 1

    2. OBJETIVOS ................................................................................................... 3

    2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 3

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ..................................................................... 3

    3. REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................................... 4

    3.1 Anlise de Falhas ...................................................................................... 4

    3.2 Fadiga ....................................................................................................... 6

    3.3 Mecnica da Fratura ............................................................................... 12

    3.3.1. Mecnica da fratura linear-elstica (MFLE) ..................................... 14

    3.3.2. Mecnica da fratura elasto-plstica (MFEP) .................................... 17

    3.4. Simulao Numrica .............................................................................. 17

    3.4.1. Etapas de Simulao por Mtodo de Elementos Finitos .................. 19

    3.5 Casos de Falhas em componentes vistos na literatura ........................... 24

    4. MATERIAIS E MTODOS............................................................................ 28

    5. ESTUDOS DE CASOS................................................................................. 29

    5.1 Anlise de falha de uma grande engrenagem motriz de um redutor

    petroqumico. ................................................................................................ 29

    5.1.1 Introduo ......................................................................................... 29

    5.1.2 Metodologia ...................................................................................... 32

    5.1.3 Resultados e discusses .................................................................. 34

    5.2 Anlise de falha do reparo de rolo compactador de minrio. .................. 36

    5.2.1. Introduo ........................................................................................ 36

    5.2.2. Metodologia ..................................................................................... 40

    5.2.3. Resultados e discusses ................................................................. 42

  • x

    5.3. Avaliao das tenses em parafusos de fixao de componente

    acetabular de artrosplastia total do quadril. .................................................. 44

    5.3.1 Introduo ......................................................................................... 44

    5.3.2. Metodologia ..................................................................................... 50

    5.3.3 Resultados e discusses .................................................................. 52

    5.4. Anlise de falha de um rotor turbo expansor ......................................... 54

    5.4.1 Introduo ......................................................................................... 54

    5.4.2. Metodologia .................................................................................. 58

    5.4.3. Resultados e discusses .............................................................. 62

    6. CONCLUSES ............................................................................................ 67

    7. SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................... 70

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 71

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Superfcie de fratura por fadiga. Em (a) estgio I, nucleao e

    surgimento de marcas de catraca, em (b) estgio II de propagao,

  • xi

    caracterizado por marcas de praia concntricas e em (c) estgio III, zona final

    de fratura (ASM V.11, 2002)............................................................................... 8

    Figura 2 - Curva da taxa de propagao de trincas de fadiga em relao a

    intensidade de tenso (K) (ASM V.11, 2002). .................................................. 9

    Figura 3 - Representao de coalesimento de microcavidades de materiais

    dcteis (Andrade, 2013). .................................................................................... 9

    Figura 4 - Representao da Curva de Fadiga de Wohler ............................... 10

    Figura 5- Representao do modelo terico de comportamento em fratura

    (DONATO, 2006). ............................................................................................. 14

    Figura 6 Trs modos de carregamento para um componente trincado: em (a)

    modo de abertura ou de trao, Modo I, em (b) modo deslizante, Modo II e em

    (c) modo de cisalhamento, Modo III (Afgrow, 2006). ........................................ 15

    Figura 7 - Representao de uma placa infinita com uma falha que se estende

    atravs da espessura. Trs variveis aparecem na equao de campo de

    tenses: a ponta da trinca coordenadas polares r e e o parmetro K (Wang,

    1996). ............................................................................................................... 16

    Figura 8 - Representao dos tipos de elementos (Azevedo, 2011). ............... 21

    Figura 9 - Representao do tamanho de elementos ...................................... 23

    Figura 10 - Representao do estado de tenso ............................................. 23

    Figura 11 - Em (a) modelo em anlise onde ocorreu erro de usinagem e em (b)

    vista em corte A-A do defeito interno devido interseco dos furos. ............. 30

    Figura 12 Superfcie de Fratura da engrenagem motriz ................................ 30

    Figura 13 - Distribuio de tenses na engrenagem contendo um furo passante

    na posio dos furos da engrenagem fraturada (Zanon, 2001). ....................... 31

    Figura 14 Curva da taxa de crescimento da trinca em fadiga em funo do

    nmero de ciclo de uma amostra retirada da engrenagem (da/dN x k) (Zanon,

    2001). ............................................................................................................... 32

    Figura 15 Representao da malha utilizada na engrenagem e em detalhe a

    malha refinada no defeito elptico em (a). Em (b) detalhe da seo D-D. ........ 34

    Figura 16 Em (a) representao do defeito da engrenagem e em (b)

    representao da distribuio de tenso no defeito da engrenagem. .............. 36

    Figura 17 Em (a), trincas encontradas atravs da inspeo por ultrassom. Em

    (b), um novo reparo com interferncia entre o rolo e o furo e soldagem na

  • xii

    regio do raio de curvatura. A partir desse segundo reparo que ocorreu a

    ruptura em estudo. ........................................................................................... 37

    Figura 18 Liquido penetrante revelando (a) ausncia de descontinuidade

    coincidente com a raiz do cordo de solda e a superfcie de fratura do eixo e (b)

    a presena de descontinuidade no lado do rolo (Santos, 2012)....................... 38

    Figura 19 - Macrografia da superfcie de fratura. A linha tracejada branca indica

    o plano de corte para metalografia. A letra a refere-se regio que foi

    analisada em microscpio eletrnico de varredura. Aspecto de fadiga por flexo

    rotativa partindo de marcas de catraca sub superficiais, junto a raiz do cordo

    (Santos, 2012). ................................................................................................. 39

    Figura 20 - Metalografia da seo de corte do eixo. O quadrado mostra a

    interface entre o metal depositado e a ZAC, regio coincidente com o incio da

    fratura. Ataque: Nital 2% (Santos, 2012). ......................................................... 39

    Figura 21 Malha hexagonal, restrio no plano mdio e carga aplicada ao

    modelo. Em (a) o projeto original e em (b) simulao com o reparo. ............... 41

    Figura 22 - Em (a): Tenso de Von Mises de 45 MPa que ocorre no raio de

    curvatura do rolo ntegro sob carga de flexo de projeto. Em (b): Devido a

    descontinuidade interna produzida pelo reparo, h uma concentrao de

    tenses coincidente com a raiz do cor ............................................................. 43

    Figura 23 - Radiografia obtida antes da reviso do caso 1. Observa-se o giro do

    componente acetabular. A ponta do parafuso distal fraturado est alojada no

    osso do acetbulo (seta) (Azevedo, 2013). ...................................................... 47

    Figura 24 - Imagens mostrando a esquerda a superfcie porosa do componente

    acetabular do caso 2, e a direita a concavidade do liner do caso 1. Ambos

    componentes apresentam dimetro externo de 50 mm (Azevedo, 2013). ....... 47

    Figura 25 Em (a) mostra o parafuso do caso 1 rompido. A fratura ocorreu na

    regio do primeiro filete. Em (b) mostra os parafusos do caso 2: a seo

    transversal dos dois parafusos rompidos e o parafuso remanescente de 24 mm

    de comprimento (Azevedo, 2013). ................................................................... 47

    Figura 26 - Microestruturas representativas dos parafusos do caso 2. Matriz

    constituda de dendritas de austenita contendo cadeias de carbonetos eutticos

    e partculas dispersas de carbonetos. A imagem a direita mostra em detalhe o

    aspect lamellar de carboneto em contorno....................................................... 48

    Figura 27 Imagens do parafuso do caso 1:(a) aspecto liso da superfcie de

    fratura. A seta indica a regiao de incio da fratura;(b) linhas radiais emanando a

    partir do incio da fratura; (c) aspecto de propagao por fadiga na superfcie

  • xiii

    prxima ao incio da fratura e (d) formaao de dimples na superfcie prxima do

    final da propagao de fadiga (Azevedo, 2013). .............................................. 49

    Figura 28 - Imagens (a) e (c) apresentam o aspecto frgil da fratura transversal

    dos dois parafusos do caso 2. Observa-se o aspecto rugoso e degraus retos e

    paralelos sobre as superfcies. As imagens (b) e (d) mostramos respectivos

    micromecanismos de fratura. Observam-se separaes de partculas,

    aparncia de fadiga e alguns coalescimentos de microcavidades (Azevedo,

    2013). ............................................................................................................... 49

    Figura 29 Em (a) representao da distribuio dos materiais no modelo,

    condies de carregamento (de 0 a 75) e condies de contorno, em (b)

    detalhe do filete do parafuso. ........................................................................... 52

    Figura 30 - Curva das distribuies das tenses de Von Mises dos parafusos

    de Ti6Al4V em (a) e Cr-Co em (b) em funo da condio de interface e do

    ngulo de aplicao da carga a partir do centro de simetria do acetbulo. ...... 53

    Figura 31-Rotor do turbo-expansor rompido em servio.Em (a), observa-se

    tambm o anel de ao denominado de labirinto. Em (b), superfcie de fratura do

    rotor. A seta esquerda indica o furo parcialmente usinado fora das cotas de

    desenho. A imagem tambm mostra marcas de praia concntricas sobre uma

    superfcie lisa tpica de fadiga seguida de uma regio mais rugosa de ruptura

    final. As marcas de praia so concntricas ao terceiro furo da direita para

    esquerda, como indica a seta da direita (Negreiros, 2013). ............................. 56

    Figura 32 - Pequenas trincas junto ao chanfro e parede do furo (Negreiros,

    2013) ................................................................................................................ 56

    Figura 33 As setas brancas indicam as regies do chanfro do furo como

    sendo de incio da fadiga, identificadas pelas marcas de praia concntricas a

    elas. O quadrado preto indica o final da propagao e a seta preta indica a

    direo de propagao (Negreiros, 2013). ....................................................... 57

    Figura 34 Em (a), detalhe da regio de incio da fratura. Alm das marcas de

    ferramenta de usinagem do furo, observa-se um pequeno chanfro e rebarbas

    do escareado. Em (b), detalhes dos dois lados do chanfro. O chanfro apresenta

    aresta de 0,3 mm (Negreiros, 2013). ................................................................ 57

    Figura 35 Detalhe do quadrado branco da figura 33. Aspecto da fratura do

    furo parcialmente usinado. No observado marcas de praia e marcas radiais

    emanando a partir do chanfro deste furo (Negreiros, 2013). ............................ 58

    Figura 36 Detalhe do final da propagao de fadiga conforme o quadrado

    cinza indicado na figura 33. A seta preta indica a direo de propagao

    (Negreiros, 2013). ............................................................................................ 58

  • xiv

    Figura 37 Representao da Malha, malha global em (a), refino nas zonas de

    maiores tenses em (b) sem chanfro e em (c) com chanfro de 1 mm. ............ 60

    Figura 38 Representao das condies de contorno e de carregamento do

    rotor. ................................................................................................................. 61

    Figura 39 Imagem do defeito de usinagem em (a). Defeito modelado em (b).

    ......................................................................................................................... 61

    Figura 40 Representao da malha global e refino nas zonas do defeito e

    demais furos. .................................................................................................... 61

    Figura 41 - Resultados das tenses crticas no rotor ....................................... 63

    Figura 42 - Resultados da simulao do rotor. Em (a) situao padro, em (b)

    chanfro 0,3 mm, em (c) chanfro 0,4 mm e em (d) chanfro 1 mm. .................... 64

    Figura 43 Distribuio de tenso de V. Mises na regio do defeito e no furo

    adjacente. ......................................................................................................... 65

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Propriedades do material e malha ................................................... 33

    Tabela 2 - Representao das condies de malha para simulao ............... 42

  • xv

    Tabela 3 - Distribuio das propriedades dos materiais e malha. .................... 51

    Tabela 4 - Dados utilizados para a simulao do modelo ................................ 59

    Tabela 5 Propriedades constitutivas e caractersticas de malha ................... 61

    LISTA DE SMBOLOS E ABREVIATURAS

    a = tamanho de trinca;

    CAD = Computer Aided Desing;

    CAE = Computer Aided Engineering;

    ccc = cbica de corpo centrado;

    da/dN = taxa de crescimento de trinca em funo do nmero de ciclos;

  • xvi

    hc = hexagonal compacta;

    K = fator de intensidade de tenso;

    ka = fator de modificao de condio de superfcie;

    kb = fator de modificao de tamanho;

    kc = fator de modificao de carga;

    = fator de Intensidade de Tenso crtico;

    kd = fator de modificao de temperatura;

    ke = fator de confiabilidade;

    kf = fator de modificao por diversos efeitos;

    = limite de tenacidade a fratura;

    kPa = kilo Pascal;

    MEF = mtodo de elementos finitos;

    MEV = microscpio eletrnico de varredura;

    MFEP = Mecnica da Fratura Elasto-plstica;

    MFLE = Mecnica da Fratura Linear Elstica;

    MPa = Mega Pascal;

    N = Newton;

    r = raio;

    RPM = Rotaes por Minuto;

    SC = Fator de Segurana;

    UHMWPE = Polietileno de Ultra alto peso molecular;

    y = fator de forma;

    K = intensidade de Tenso;

    = intensidade de Tenso Threshold;

    = ngulo;

    = tenso de engenharia;

    m = tenso do Corpo de prova;

    R = tenso de Projeto;

    = tenso principal;

    = tenso secundria;

    = tenso de cisalhamento no plano xy;

    2D = duas dimenses;

  • xvii

    3D = trs dimenses.

  • Captulo 1 - Introduo

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 1

    1. INTRODUO

    Ferramentas que podem auxiliar nos estudos de anlise de falhas so os

    softwares de simulao numrica computacional, que so plataformas que

    permitem clculos rpidos de parmetros de operao tais como tenses,

    deformaes, taxas de deformao, variao de temperatura entre outros,

    aproximando-se da situao real em servio, mesmo para o caso de sistemas

    complexos e peas de forma complexa. A simulao uma ferramenta virtual

    que auxilia na previso do comportamento dos sistemas podendo ser utilizado

    para resoluo de problemas mecnicos antes mesmo que algum modelo fsico

    ou prottipo seja testado. A simulao numrica uma forma de colocar um

    sistema em operao em modo virtual, para que seja possvel prever o seu

    comportamento em servio e antecipar possveis falhas (Fialho, 2008; Freitas

    Filho, 2008; Devloo, 2005).

    Os equipamentos ou estruturas mecnicas podem sofrer falhas durante

    o servio. A falha definida como sendo um evento que torne inoperante ou

    insegura a utilizao dos sistemas, determinando a necessidade de uma troca

    ou reparo imediato (Donato, 2006). Estes componentes de engenharia so

    muitas vezes sujeitos a cargas estticas (trao, compresso ou cisalhamento)

    ou cargas dinmicas (cclos de fadiga, impacto) que podem promover o

    surgimento de pequenas trincas. A ocorrncia dessas trincas mais sensvel

    tenso de trao e deformao plstica localizada que acelera o processo de

    falha (Xia, 1996).

    A determinao da severidade de defeitos (trincas) em equipamentos

    descita pela mecnica da fratura, que pode auxiliar na determinao da

    intensidade de tenses no defeito que levar o componente a falhar

    catastroficamente para tenses normais de servio, permitindo atravs desta

    abordagem estimar a vida til do equipamento a partir de valores quantitativos

    de tenacidade do material. Atravs da medida da tenacidade fratura pode ser

    feita a avaliao da confiabilidade de uma estrutura (Cassou, 1999).

    Durante os estgios de uma investigao, torna-se necessria a

    execuo de testes que simulem as condies nas quais acredita-se que a

    falha tenha ocorrido (Cassou, 1999). A aplicao da simulao atravs de

  • Captulo 1 - Introduo

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 2

    elementos finitos passou a ter grande importncia graas aplicao de novos

    mtodos matemticos na engenharia de estruturas auxiliada pelos

    computadores capazes de realizar centenas de clculos por minuto. A dcada

    de 1970 foi marcada pela entrada das plataformas CAD (Computer Aided

    Desing) no mercado industrial para a criao de interfaces grficas que

    permitiram ao profissional de projeto modelar elementos diretamente no

    computador (Fialho, 2008).

    A simulao numrica foi desenvolvida na medida em que ocorria o

    avano dos computadores. Historicamente a simulao empregada em

    computadores teve incio a partir de 1972 com a IBM, na criao da primeira

    linguagem de programao (Fortran). De 1982 a 1984, o Slan e o Siman foram

    as primeiras plataformas para simulao numrica em microcomputadores e

    finalmente, de 1980 a 2008, ambientes de simulao so disponibilizados para

    aplicaes em praticamente todos os segmentos, com grande capacidade de

    processamento, interatividade e facilidades para a modelagem, anlise e

    avaliao de resultados (Freitas Filho, 2008). Ento, a partir dos anos 80 a

    simulao numrica foi popularizada permitindo sua aplicao em estudos de

    laboratrio de forma mais ampla.

    Uma pesquisa realizada com base na revista internacional Engineering

    Failure Analysis, especializada em anlise de falhas, mostra que de 1994 at

    2005 cerca de 10,7 % dos artigos apresentavam simulao numrica como

    ferramenta de resoluo de problemas. De 2006 a 2011, cerca de 53% dos

    artigos apresentam simulao. Apenas em 2012 observa-se um aumento de

    11% em relao a 2011 e em 2013, as publicaes que utilizam a simulao

    ultrapassam em 25% a quantidade do ano anterior.

    Portanto, o uso de simulao numrica em anlise de falhas de

    componentes e estruturas segue a evoluo dos programas de simulao,

    sendo que atualmente essa ferramenta tem grande importncia para auxiliar na

    elucidao de causas de falhas de forma a permitir dados quantitativos mais

    prximos da realidade se comparados aos mtodos analticos.

  • Captulo 2 - Objetivo

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 3

    1. OBJETIVOS

    2.1 OBJETIVO GERAL

    Analisar a aplicao da simulao numrica como ferramenta para

    resoluo de problemas de anlise de falha e mecnica da fratura a fim de se

    obter resultados quantitativos em resposta a formas geomtricas e condies

    de contorno complexas.

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Verificar os mecanismos de fratura dos componentes analisados;

    Investigar atravs da simulao numrica zonas de falha dos

    componentes;

    Desenvolver modelos atravs de softwares que representem as

    condies reais do componente durante operao;

    Aplicar a simulao numrica associada a toda metodologia desse

    trabalho atravs de estudos de casos voltados anlise de falha e

    mecnica da fratura.

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 4

    3. Reviso Bibliogrfica

    3.1 Anlise de Falhas

    A anlise de falha uma ferramenta de otimizao de projetos e

    tambm utilizada para estabelecer responsabilidades em casos de falhas de

    componentes ou sistemas. Casos de falhas so tratados como uma

    investigao na qual procura-se saber ao certo como surgiu e o que causou a

    falha. A metodologia de anlise de falhas preconiza que devam ser formuladas

    hipteses tratadas cuidadosamente, buscando evidncias que esclaream a

    sequncia de causa e efeito nos eventos de falha. Assim, so selecionadas

    possveis causas e mecanismos de falha em operao de componentes e

    sistemas, dos quais, os de maior incidncia na indstria so:

    Falha de Projeto: o efeito de raios de concordncia, mudana de seo,

    forma (concentradores de tenso, entalhes) e cargas aplicadas

    desconhecidas ao longo do componente submetido ao servio e seleo

    inadequada de material;

    Material: as falhas podem ser originadas por imperfeies superficiais,

    internas (concentradores de tenso por falhas de processamento do

    material, desenvolvimento de mecanismos de corroso, falhas por

    ocorrncia de delaminao, porosidade, vazios, imperfeies, etc), ou seja,

    todas as falhas originadas de defeitos de material;

    Processo de fabricao: surgimento de tenses residuais, micro e

    macrotrincas, alteraes superficiais e modificaes metalrgicas. Podem

    tambm ser causadas por propriedades anisotrpicas, ou seja, diferentes

    orientaes das tenses, tratamento trmico com o procedimento incorreto

    (temperaturas, velocidade de aquecimento ou de resfriamento incorretas de

    tmpera, recozimento, revenimento e formao de precipitados). Em

    fundio, por exemplo, podem ser associadas ocorrncia de gotas frias,

    porosidade, incluses, rechupes, etc;

    Falhas por operaes em condies inadequadas: carga, velocidade,

    temperaturas excessivas. A no ocorrncia de inspeo peridica ou

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 5

    perodos muito longos fazem com que no ocorra a deteco de defeitos e

    a falha ocorra durante o servio (Cassou, 1999).

    Quando a carga aumenta em uma velocidade sem interrupo at a

    ruptura, a falha chamada de monotnica. Se a carga apresentar uma

    velocidade baixa como a que ocorre nos ensaios normatizados de trao,

    chamamos de falha esttica. Se a carga tiver uma velocidade alta, chamada

    de fratura dinmica ou por impacto. A carga pode ter direo de trao,

    compresso, flexo, cisalhamento e toro. Se as falhas mecnicas forem

    decorrentes de condies de carregamento cclico, so classificadas como

    falhas por fadiga, em virtude de serem observadas geralmente aps um

    perodo de servio considervel. Entretanto, cargas estticas podem levar

    falha do componente mesmo aps um certo perodo de uso, desde que algum

    agente fragilizante externo ou a fluncia do material permita a nucleao e

    propagao de um defeito. o que ocorre por exemplo nos casos de trincas

    induzidas pelo ambiente. So exemplos de tais eventos:

    A corroso sob tenso, que uma falha que ocorre em peas

    submetidas a uma combinao de tenses estticas e um ambiente

    qumico agressivo ao material, fazendo com que ocorra uma nucleao

    acelerada e a propagao do defeito (Gentil, 1996; ASM V.13A, 2003).

    A fragilizao por hidrognio, que tambm um mecanismo de falha de

    componentes metlicos, cujo efeito uma reduo da sua carga de

    operao. Quando os ons de hidrognio que esto dissolvidos no ao

    se combinam, ocorre a formao do H2, que pode produzir uma

    expanso e com isso o surgimento de pequenos defeitos (trincas)

    causando uma reduo da ductilidade do material (Callister, 2006;

    Gentil, 1996; ASM V.13A, 2003). Esta apenas uma teoria que explica

    as falhas envolvendo o hidrognio, sendo que muitos autores

    consideram estas como trincas induzidas pelo ambiente (Griza, 2012).

    Uma falha por fadiga particularmente insidiosa porque acontece na

    maioria das vezes sem que haja qualquer aviso prvio. A literatura indica que

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 6

    cerca de 90% das falhas de componentes e estruturas industriais ocorrem por

    fadiga (Callister, 2006). Esta pode ser reconhecida, geralmente, a partir do

    aspecto da superfcie de fratura, a qual apresenta uma regio lisa decorrente

    da frico que se verifica entre as superfcies durante a propagao da trinca

    atravs da seo do material, ou da baixa deformao plstica na regio de

    propagao; uma regio spera na qual a pea rompeu de maneira

    monotnica, quando a seo transversal j no foi capaz de suportar a elevada

    concentrao de tenses na ponta da trinca, ou seja, quando o material atinge

    o limite de tenacidade a fratura (KIc) (Wang, 2013).

    3.2 Fadiga

    So quatro fatores bsicos necessrios para causar a falha por fadiga:

    tenso de trao mxima suficiente, variao ou flutuao na tenso aplicada

    suficientemente grande, ou seja, cargas cclicas acima do limite de fadiga; e

    deformao plstica, mesmo que localizada (Dieter, 1998; Cassou, 1999). As

    solicitaes cclicas podem ser muitas vezes imperseptveis ou imprevisveis,

    mas ocorrem. Por exemplo, uma viga restrita em suas extremidades e sujeita a

    variaes de temperatura pode sofrer dilatao e consequentemente variao

    de tenses internas devido s restries nas extremidades. Uma torre de

    transmisso de energia eltrica, um edifcio ou uma ponte podem sofrer

    variao de tenses devido ao vento ou vibraes. A deformao plstica,

    outro requisito para a fadiga, pode ocorrer em nvel microscpico ou

    submicroscpico, restrita ponta da trinca que avana. Portanto, pode haver a

    propagao sem que ocorra grande variao dimensional do componente. Este

    aspecto responsvel pela superfcie lisa de propagao encontrada em

    fadiga de alto ciclo. Finalmente, em relao necessidade de tenses

    positivas, h apenas um caso em que elas no ocorrem a propagao por

    fadiga: o caso de tenses hidrostticas compressivas.

    A Falha por fadiga marcada por 3 estgios distintos (ASM V.11, 2002):

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 7

    a) Estgio I: Iniciao de trinca ou nucleao - onde um pequeno defeito

    se forma em algum ponto com alta concentrao de tenso. O defeito

    produzido nessa etapa muito pequeno e considera-se que ocorre

    devido ao movimento persistente de planos preferenciais de

    escorregamento a 45 graus com a tenso principal aplicada. A

    formao de marcas de catraca denuncia os locais onde ocorreu a

    nucleao (Figura 1a);

    b) Estgio II: Propagao de trinca - ocorre o avano da trinca em

    incrementos para cada ciclo de tenso. A regio da superfcie de

    fratura que se formou durante este estgio de propagao pode ser

    caracterizada por marcas concntricas denominadas de marcas de

    praia. So marcas de dimenses macroscpicas e podem ser

    observadas a olho nu. Estrias de fadiga so marcas microscpicas

    que denunciam o avano da ponta da trinca. Ambas possuem

    ressaltos concntricos que se expandem para fora a partir dos stios

    de iniciao da trinca, geralmente em forma circular ou semi-circular

    (Figura 1b).

    c) Estgio III: Falha final - que ocorre de maneira rpida, sem aviso

    prvio uma vez que a trinca atinge um tamanho crtico e no

    consegue mais suportar a carga (Figura 1c), ou seja, atinge o limite

    de tenacidade a fratura, representado por do material.

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 8

    Figura 1 - Superfcie de fratura por fadiga. Em (a) estgio I, nucleao e surgimento de marcas de catraca, em (b) estgio II de propagao, caracterizado por marcas de praia concntricas e

    em (c) estgio III, zona final de fratura (ASM V.11, 2002).

    Taxas de propagao de trincas podem ser observadas graficamente

    utilizando um ensaio caracterizado pela mecnica da fratura em termos de

    taxas de crescimento de trinca (da/dN) versus a intensidade de tenso aplicada

    (K). A curva marcada pelo incio com o tamanho de trinca admissvel

    representado pelo Threshold ( ) no estgio I de propagao. Em seguida o

    crescimento da trinca ocorre de forma estvel com surgimento das estrias de

    fadiga e marcas de praia representativas do estgio II. Ressalta-se que h

    circunstncias em que ambas evidncias podem no ocorrer. E por ltimo, no

    estgio III ocorre um aumento abrupto da trinca at ocorrer a fratura do

    material. neste momento que obtemos o valor do limite de tenacidade a

    fratura do material ( ) (Figura 2) (ASM V.11, 2002).

    A aparncia da zona de ruptura final de fraturas dcteis rugosa, pois

    ocorre uma deformao plstica e um grande consumo de energia (Figura 3).

    As fraturas dcteis apresentam uma superfcie rugosa originada por

    deformao plstica elevada e uma fratura inclinada cisalhante em 45 no final

    a

    b

    c

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 9

    da fratura devido aos planos preferenciais de deslizamento atmico e

    condio de estado plano de tenses.

    Figura 2 - Curva da taxa de propagao de trincas de fadiga em relao a intensidade de

    tenso (K) (ASM V.11, 2002).

    Figura 3 - Representao de coalesimento de microcavidades de materiais dcteis (Andrade, 2013).

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 10

    importante o conhecimento dos aspectos macroscpicos e

    microscpicos de fratura dos materiais. Trincas instveis so causadas sob

    aes de tenses internas com a ocorrncia de uma falha catastrfica do tipo

    frgil (Dieter, 1998; Callister, 2006).

    Fraturas frgeis possuem um baixo consumo de energia e sem

    deformao plstica significativa. Apresentam uma aparncia granulosa e

    brilhante, so produzidas no estado plano de deformaes sem grande

    deformao plstica. Estas fraturas quando vistas em microscpio podem

    apresentar facetas transgranulares (surgimento de clivagem) ou facetas

    intergranulares (propagao da trinca atravs de seus contornos de gro).

    Tambm possvel observar coalescimentos de microcavidades rasas em

    fraturas frgeis. Tambm pode ocorrer a quase clivagem, que um

    micromecanismo intermedirio prximo clivagem (ASM V.9, 1991).

    Muitas vezes os componentes falham por ocorrncia de processos de

    desgaste, perda de propriedades por agentes externos, por elevada

    temperatura, distores dimensionais, entre outros. So os chamados fatores

    que diminuem a vida em fadiga dos materiais. Marine identificou estes fatores

    como sendo correes a fim de ajustar a curva de fadiga (Figura 4) (Shigley,

    2008). So eles apresentados pela equao 1:

    Figura 4 - Representao da Curva de Fadiga de Wohler

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 11

    SC

    kfkekdkckbkamR

    (1)

    Onde:

    ka = fator de modificao de condio de superfcie. Depende da

    qualidade do acabamento superficial da pea real;

    kb = fator de modificao de tamanho;

    kc = fator de modificao de carga (flexo, axial ou toro);

    kd = fator de modificao de temperatura. Quando a temperatura

    de operao so superiores (fratura dctil) ou inferiores (fratura frgil) ao

    ambiente;

    ke = fator de confiabilidade;

    kf = fator de modificao por diversos efeitos (concentrao de

    tenses, tenses residuais, corroso, endurecimento superficial,

    laminao a frio ou frequncia de solicitao). Tudo que afete

    positivamente ou negativamente o limite de fadiga;

    R = Tenso de Projeto;

    m = Tenso do Corpo de prova;

    SC = Coeficiente de Segurana.

    Os defeitos podem ser introduzidos nos componentes durante condies

    de servio. Dessa forma preciso se preocupar com trabalhos excessivos e o

    desgaste. Ataque ambiental tambm pode causar degradao do material,

    como resultado de danos de corroso geral, metal lquido e a hidrogenizao,

    corroso sob tenso, a fadiga e corroso. Certamente, cargas cclicas podem

    iniciar danos por fadiga sem ambiente agressivo e podem levar a fissuras

    graves de um componente. Mas felizmente, os avanos nesta rea ajudaram a

    compensar alguns dos potenciais perigos colocados pela crescente

    complexidade tecnolgica. Nosso entendimento de como os materiais podem

    falhar e nossa capacidade de evitar tais falhas aumentou consideravelmente

    desde a 2 guerra mundial (Hertzberg, 1996; Anderson, 1994).

    A metodologia de anlise de falhas descrita por diversas literaturas

    compreende a aplicao de tcnicas de anlises, a fim de proceder de forma

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 12

    sistemtica e evitar perda de evidncias. De acordo com a literatura (Cassou,

    1999; ASM V.11, 2002), as etapas consecutivas de anlises recomendadas

    so as seguintes:

    1. Coleta de dados e seleo de amostras;

    2. Exame preliminar da pea que falhou;

    3. Ensaios no destrutivos;

    4. Ensaios mecnicos;

    5. Seleo, identificao, preservao e limpeza da superfcie da fratura;

    6. Exame macroscpico da fratura;

    7. Exame microscpico da fratura;

    8. Seleo e preparao de sees para anlise metalogrfica;

    9. Exame e anlise das sees metalogrficas;

    10. Determinao do mecanismo de falha - identificao do tipo de falha;

    11. Anlise qumica;

    12. Aplicao da mecnica da fratura;

    13. Testes sob condies simuladas de servio.

    Observa-se que a penltima e ltima etapa do mtodo indica

    respectivamente a aplicao da mecnica da fratura e a simulao do sistema

    sob as condies de servio. Esta simulao pode ser fsica ou numrica.

    3.3 Mecnica da Fratura

    O projeto convencional na engenharia baseado em evitar falhas por

    colapso plstico, ou seja, uma carga limite que o componente pode deformar

    plasticamente antes da ruptura. A propriedade normalmente especificada em

    cdigos de engenharia a tenso de escoamento convencional ou, em

    componentes mecnicos, a faixa de dureza. Desta forma a tenso de projeto

    ser a tenso que levaria o componente ao colapso plstico multiplicado por

    um fator de segurana. Conforme este procedimento o fator de segurana no

    considera a possibilidade de fratura por um modo alternativo como a fratura

    frgil. Geralmente aceito que o fator de segurana evita a ocorrncia de

    fraturas frgeis. Entretanto, na prtica, tem-se verificado que isto nem sempre

    verdadeiro. Existem situaes em que a falha de componentes ocorre a partir

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 13

    de trincas com tenses aplicadas abaixo da tenso de projeto (Donato, 2006;

    Dieter, 1988; BS 7910,2005).

    Em servio, comum a ocorrncia de trincas junto a regies de altas

    tenses como filetes, rasgos de chaveta, redues bruscas de seo e outras

    descontinuidades. Os defeitos tipo trinca mais comuns so: trincas de

    solidificao, trincas de hidrognio em soldas, de coeso lamelar e trincas

    nucleadas em servio por fadiga ou corroso sob tenso (Dieter 1988; Callister,

    2006). Normalmente estes defeitos so detectados e avaliados quanto s suas

    dimenses por tcnicas de ensaios no destrutivos.

    A mecnica convencional no prev a existncia de um defeito interno

    no material para especificar o nvel de segurana de um componente. Os

    ensaios aplicados aos materiais na fadiga clssica, por exemplo, consideram a

    resistncia do material como sendo um nvel de tenso cclica mxima para

    produzir a ruptura do material a um determinado nmero de ciclos. No h

    distino entre as fases do processo: nucleao, propagao, ruptura final.

    Alm disso, atravs da mecnica convencional, para uma determinada

    forma e tamanho de descontinuidade, estabelecido um fator de correo da

    tenso mdia, chamado de fator de concentrao de tenses. Esse fator

    geomtrico maior quanto menor for a descontinuidade (trinca). Ora, para um

    defeito do tipo trinca cujo raio de curvatura tende a zero, espera-se um fator de

    concentrao de tenses tendendo ao infinito. Isso significaria que uma carga

    nfima aplicada ao componente produziria sua ruptura monotnica. Mas essa

    ruptura no ocorre na prtica devido plastificao da ponta da trinca, que

    alivia as tenses.

    A figura 5 representa a tenso versus deformao da comparao do

    comportamento dos materiais quando submetidos ao modelo terico de

    Mecnica da Fratura Linear Elstica (MFLE) e Mecnica da Fratura Elasto-

    plstica (MFEP) (Donato, 2006).

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 14

    Figura 5- Representao do grfico tenso () x deformao () do modelo terico de

    comportamento em fratura (DONATO, 2006).

    3.3.1. Mecnica da fratura linear-elstica (MFLE)

    Em termos de engenharia este um tipo de fratura frgil incentivada por

    concentradores de tenses que agem, normalmente, no sentido de restringir a

    deformao plstica. Com isso, o escoamento est limitado uma pequena

    regio na proximidade da ponta de trinca. A falha caracterizada por fratura de

    forma frgil, com propagao instvel da trinca (Donato, 2006);

    A aplicao de um modelo de mecnica da fratura para resolver

    problemas de trincas surgiu atravs de fraturas de componentes que resultam

    da extenso de pequenas trincas que dependem de fenmenos localizados.

    So considerados trs modos independentes de carregamento que so

    ilustrados na figura 6. O modo de abertura de trinca em trao, Modo I,

    representa a principal ao a ser observada na maioria dos casos de anlises

    de mecnica da fratura (Afgrow, 2006).

    Na MFLE, o modo de carregamento aplicado no regime linear-elstico

    e se trata de um mtodo para determinar a tenacidade fratura mecnica de

    um material. Sendo assim, no incio da fratura ocorre uma deformao plstica

    localizada que considerada pequena dentro do campo de tenso elstica

    envolvente. Para a configurao do modo I, as tenses que atuam sobre um

    elemento de material esto descritos na figura 6.

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 15

    Figura 6 Trs modos de carregamento para um componente trincado: em (a) modo de

    abertura ou de trao, Modo I, em (b) modo deslizante, Modo II e em (c) modo de cisalhamento, Modo III (Afgrow, 2006).

    Utilizando os princpios da teoria elstica e a notao que est indicada,

    as tenses de trao ( e ) e tenses de cisalhamento ( ) so funes

    tando da distncia radial r como do ngulo mostrado na figura 7, e o campo

    de tenso local dado pelas relaes (equao 2) (Wang, 1996):

    [

    ]

    [

    ]

    [

    ]

    O parmetro K, que ocorre em todas as trs equaes, chamado de

    fator de intensidade de tenso porque sua magnitude determina a intensidade

    ou a amplitude das tenses na regio da ponta da trinca.

    Embora a geometria e carregamento de um componente possa variar,

    tenses axiais fazem com que a trinca se abra numa direo normal, assim,

    estas tenses podem ser encontradas pelas equaes , e .

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 16

    Figura 7 - Representao de uma placa infinita com uma falha que se estende atravs da espessura. Trs variveis aparecem na equao de campo de tenses: a ponta da trinca

    coordenadas polares r e e o parmetro K (Wang, 1996).

    As funes das coordenadas so determinar como as tenses que

    variam com a distncia a partir da ponta da trinca (ponto B), e com o

    deslocamento angular a partir do eixo x. Conforme o elemento de tenso

    movido mais para perto da ponta da trinca, as tenses tendem ao infinito.

    Como a dependncia das tenses (ver Equao 2) sobre as variveis r e

    de coordenadas permanecem as mesmas para diferentes tipos de trincas, o

    limite de tenacidade a fratura ( ) um parmetro nico caracterizando o

    campo de tenses na ponta da trinca.

    Os limites de tenacidade a fratura (KIc) para cada geometria podem ser

    descrito usando a forma geral em (3):

    (3)

    Onde Y o fator utilizado para relacionar as caractersticas

    geomtricas (fator de forma) de intensidade de tenso; a tenso aplicada;

    a o tamanho do defeito crtico. V-se a partir da Equao 3 que a

    intensidade do campo de tenso da ponta da trinca linearmente proporcional

    tenso aplicada remotamente e proporcional raiz quadrada da metade do

    comprimento da trinca (Afgrow, 2006; Wang, 1996).

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 17

    3.3.2. Mecnica da fratura elasto-plstica (MFEP)

    Em materiais submetidos ao regime elasto-plstico, as tenses elsticas

    so teoricamente muito elevadas na ponta da trinca. O comportamento plstico

    exerce uma deformao plstica localizada desempenhando um papel

    extremamente importante no processo de fratura dos materiais (Wang, 1996).

    Esta plasticidade dos materiais est ligada a sua propriedade, pois a

    medida que a trinca cresce, so desenvolvidas correes nos clculos para

    que se tenha um modelo de equaes no regime elstico que se aproxime da

    realidade. Para resolver este tipo de problema foram desenvolvido dois

    modelos. O modelo de Irwin um modelo de anlise das tenses elsticas na

    ponta da trinca para estimar o incio do comportamento elasto-plstico,

    enquanto que o modelo de Dugdale relata a existncia de uma regio

    deformada frente da ponta da trinca (Anderson, 1994).

    A mecnica da fratura determina se um defeito tipo trinca ir ou no levar

    o componente fratura catastrfica para tenses normais de servio. Ela

    permite, ainda, determinar o grau de segurana efetivo de um componente

    trincado. O grande objetivo da mecnica da fratura possibilitar ao projetista

    valores quantitativos de tenacidade do material permitindo projetos que aliem

    segurana e viabilidade econmica. A mecnica da fratura quando aplicada

    fadiga e corroso sob tenso permite a operao segura de componentes

    com defeitos prvios e/ou trincas nucleadas em servio (Donato, 2006).

    3.4. Simulao Numrica

    Simulao numrica uma ferramenta poderosa que permite a

    operao virtual de um sistema sob condies controladas que auxilia a

    observao de causas muito prximas das condies reais. A ferramenta visa

    simular diversos fenmenos fsicos utilizando uma sistemtica que envolve

    engenharia e matemtica. O sistema de equaes aproximado por algum

    mtodo, como por exemplo, pelo mtodo de elementos finitos (MEF) e

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 18

    finalmente os resultados da simulao so comparados com o fenmeno fsico

    em estudo (engenharia).

    Mtodos de simulao por elementos finitos so modelos matemticos

    nos quais se escolhe um tipo de elemento apropriado para modelar uma

    situao ou forma fsica e se subdivide a estrutura em elementos (malha de

    elementos finitos) (Devoo, 2005; Alves Filho, 2007). Esses elementos que

    constituem a malha estaro ligados atravs de ns, e ento respondero s

    condies de contorno impostas ao modelo (presso, fora aplicada,

    momentos aplicados, deslocamento, temperatura, etc.). O resultado da

    simulao a integrao das respostas dos diversos elementos e ns.

    Com o desenvolvimento da tecnologia de software de computador e o

    aparecimento de engenharia de software, as conquistas e mtodos de estrutura

    de dados, gerenciamento de banco de dados, computao grfica, mtodos de

    design de software, design de interface de usurio, torna-se mais comum o uso

    desses programas de simulao. Os programas baseados em elementos finitos

    tradicionais foram desenvolvidos dando origem a um novo campo tcnico

    (tcnica de software MEF). O software MEF um segmento importante do

    mercado de software de computador em todo o mundo (Schepke, 2012).

    O desenvolvimento de simuladores em MEF passou por trs fases:

    programao de software, tais como procedimentos no setor de artesanato

    (1960), a programao estruturada de grande escala, software de uso geral

    (1960-1970), engenharia de software e de commodities de software (1970-

    atual). O software pode ser dividido em quatro sistemas: o software de clculo

    de anlise de MEF, software de anlise MEF-design, consultoria e sistemas de

    MEF e CAE (Computer Aided Engineering); MEF engenharia auxiliada por

    computador (CAE).

    Alves Filho (2007) revela que independente da complexidade do projeto

    ou do campo de aplicao, as etapas fundamentais em qualquer projeto de

    MEF so sempre as mesmas, seja ele uma anlise estrutural, trmica ou

    acstica sendo que o ponto de partida para qualquer anlise o modelo

    geomtrico que pode ser uma pea ou montagem.

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 19

    3.4.1. Etapas de Simulao por Mtodo de Elementos Finitos

    Quando se trabalha com elementos finitos, a resoluo de equaes do

    MEF aproxima a soluo desejada de deformaes ou tenses para o modelo

    com solues simples para elementos individuais. Da perspectiva do software

    MEF, cada aplicao da ferramenta requer trs etapas (Silva, 2013):

    a) Pr-processamento:

    Define o tipo de anlise que pode ser esttica, dinmica, trmica, etc..,

    as propriedades intrsecas do material, tipos de cargas, as restries da pea

    no espao e o modelo dividido em elementos finitos, ou seja, a criao da

    malha. So inseridas nesta etapa as condies de contorno que definem

    melhor os parmetros para a etapa de soluo com base no sistema real;

    b) Soluo:

    Clculo de todos os resultados desejados;

    c) Ps processamento

    A anlise dos resultados obtidos a partir do modelo criado.

    Do ponto de vista da metodologia MEF, pode-se listar as seguintes

    etapas (Silva, 2013):

    Contruo do modelo matemtico;

    Construo do modelo de elementos finitos;

    Resoluo do modelo de elementos finitos;

    Anlise dos resultados.

    Uma anlise com um simulador Abaqus CAE, por exemplo, comea com

    a representao do modelo geomtrico do componente a ser estudado. Este

    modelo pode ser em 2D ou em 3D. Essa geometria deve aceitar o processo de

    criao de malha. Precisa-se ter certeza de que a geometria vai realmente

    gerar a malha de modo fidedigna do modelo real e que a malha produzida vai

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 20

    fornecer a soluo correta dos dados de interesse, como deslocamentos,

    tenses e distribuio de temperatura, entre outros (Osgooei, 2014).

    Outro fator importante a ser ressaltado que nem sempre torna-se

    necessrio simplificar o modelo geomtrico com o objetivo nico de tornar a

    malha vivel. Muitas vezes, simplifica-se um modelo no qual a malha seria

    criada corretamente no estado em que se encontra, mas a malha resultante

    seria muito densa e, em consequncia, a execuo da anlise, muito lenta. E

    com isso, as modificaes na geometria permitem criar malhas mais simples e

    tempos de clculos menores.

    Logo aps, caso haja mais de uma pea no sistema a ser simulado, as

    condies de interao de superfcies so definidas (coeficiente de atrito ou

    superfcie colada).

    Depois de preparar uma geometria que permita a criao de malha, mas

    sem t-la criado ainda, so definidas as propriedades constitutivas dos

    materiais, tipo de carregamentos, as restries e importante tambm definir em

    que regime ser feita a simulao. No caso de anlise estrutural, por exemplo,

    possvel que o sistema esteja submetido ao regime linear elstico, plstico-

    ideal ou ao regime elasto-plstico (Nimje, 2014).

    Em seguida divide-se o modelo matemtico em elementos finitos por

    meio do processo de discretizao, ou seja, a gerao de malha. Contudo, as

    cargas e os suportes tambm so discretizados e depois que a malha do

    modelo criada, as cargas e os suportes so aplicados aos ns da malha de

    elementos finitos.

    A anlise de resultados uma das etapas com maior grau de

    dificuldade, pois produz dados de resultados muito detalhados, que podem ser

    apresentados em diferentes formatos. A interpretao correta dos resultados

    requer que sejam levadas em conta as suposies e simplificaes na

    construo do modelo matemtico, construo do modelo de elementos finitos

    e resoluo do modelo de elementos finitos (Silva, 2013).

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 21

    Malhas

    Os tipos de elementos criados no processo de gerao de malha

    dependem do tipo de malha de geometria, do tipo de anlise a ser realizado e,

    s vezes, de suas prprias preferncias.

    As plataformas de simulao usam elementos slidos tetradricos para

    gerar malhas em geometria slidas e elemento de casca triangular para gerar

    malha em geometrias de superfcies. Existem 5 tipos de elementos disponveis

    nos softwares de simulao onde cada elemento tem um nome especfico, so

    eles: S4R, B31, M3D4R, C3D8R e C3D4. O nome do elemento identifica as

    caractersticas primrias do elemento, como ilustra a figura 8. Cada elemento

    pode ser caracterizado considerando o seguinte: famlia (slido, casca,

    membrana, rgido, elemento de viga). Para cada nmero de ns, forma do

    elemento, ordem geomtrica, interpolao (linear ou quadrtica) e grau de

    liberdade existe um elemento diferente (Silva, 2013; Alves Filho, 2007;

    Azevedo, 2011).

    Figura 8 - Representao dos tipos de elementos (Azevedo, 2011).

    Elementos tetragonais e triangulares de primeira ordem so geralmente

    muito rgidos, e malhamentos extremamente finos so necessrios para obter

    resultados adequados (Azevedo, 2011).

    Segundo Lotti (2006), os elementos representam coordenadas no

    espao e podem assumir diversos formatos, sendo que os tetradricos e os

    hexadricos so os mais comuns. Quanto maior o nmero de elementos mais

    preciso ser o modelo. Nas extremidades de cada elemento finito encontram-

    se pontos, ou ns, que conectam os elementos entre si, formando uma malha

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 22

    arranjada em camadas bi ou tridimensionais. Atravs dos ns as informaes

    so passadas entre os elementos.

    Cada n possui um nmero definido de graus de liberdade, que

    caracterizam a forma como o n ir deslocar-se no espao. Este deslocamento

    pode ser descrito em trs dimenses espaciais (X, Y e Z) no caso de modelos

    tridimensionais, ou duas direes (X e Y) em modelos bidimensionais (Lotti,

    2006).

    Gerao de malha

    A ltima etapa antes de processar o MEF gerar a malha da geometria.

    Nessa etapa, a geometria dividida em elementos finitos por um gerador de

    malhas automtico. Softwares de simulao realizam esta parte trabalhosa

    facilmente e mesmo assim preciso controlar a dimenso e a quantidade da

    malha. O algoritmo de malha baseada na curvatura gera uma malha com um

    tamanho de elemento varivel que possibilita a resoluo precisa de pequenos

    recursos na geometria. A densidade da malha afeta diretamente a preciso dos

    resultados, ou seja, quanto menores os elementos, menores os erros de

    discratizao, mas maiores os tempos de gerao de malha e soluo. O

    tamanho do elemento representa o tamanho de elemento caracterstico na

    malha e definido como o dimetro de uma esfera que delimita o elemento

    como representado esquerda na figura 9. Essa representao mais fcil de

    ser ilustrada como analodia 2D de um crculo que delimita um tringulo como a

    direita na figura 9 (Silva, 2013).

    Tcnicas de refinamento de malhas so frequentemente citadas na

    literatura como um meio de representar geometrias complexas e aumentar a

    resoluo local de um domnio, atravs da adoo de uma malha mais fina em

    um determinado momento da simulao. Este o caso do Refinamento

    Adaptativo de Malhas, que pode aumentar significativamente o desempenho

    computacional e/ou permitir simulaes com uma resoluo maior se

    comparada com uma abordagem de refinamento uniforme do componente

    (Schepke, 2012).

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 23

    Figura 9 - Representao do tamanho de elementos

    Interpretao de resultados em MEF

    Os resultados do MEF so fornecidos na forma de deslocamentos,

    deformaes ou tenses para anlise estruturais ou na forma de temperaturas,

    gradientes de temperaturas e fluxo de calor para anlises trmicas. Para

    decidir entre um projeto aprovado ou um reprovado precisa-se estabelecer

    alguns critrios de interpretao de resultados do MEF, como deformao

    mxima aceitvel ou tenso mxima. Embora os critrios de deslocamentos

    sejam fceis de estabelecer, os de tenso no so. Na realizao de uma

    anlise para garantir que as tenses fiquem dentro de um limite aceitvel surge

    a tenso de Von Mises e tenses principais, que so medidas de tenso

    comuns usadas para avaliar a segurana estrutural (Silva, 2013).

    A Tenso de Von Mises uma medida de tenso que leva em conta seis

    componentes do estado geral de tenses 3D (Figura 10).

    Figura 10 - Representao do estado de tenso

    Observa-se atravs da equao 4, a seguir, que a tenso de Von Mises

    um valor escalar no negativo. A tenso de Von Mises uma medida de

    tenso muito usada pelo fato da segurana estrutural de muitos metais dcteis,

    que apresentam propriedades elastoplsticas, como o ao, por exemplo, ser

    bem descrita pela magnitude da tenso de Von Mises. Para esses materiais, o

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 24

    fator de segurana de escoamento ou fator de segurana de mximo pode ser

    calculado dividindo a tenso de escoamento (limite de escoamento) ou a

    tenso mxima (resistncia mxima) do material pela tenso de Von Mises

    (Silva, 2013).

    (4)

    A adequada simulao de um modelo definida atravs de

    convergncia de valores, por exemplo a Tenso de Von Mises, quando um

    determinado parmetro no apresenta alterao significativa aps um certo

    nvel de refinamento da malha.

    3.5 Casos de Falhas em componentes vistos na literatura

    At a dcada de 90 quando se tinha um caso de falha, no era comum o

    uso de programas de simulao para tentar esclarecer as possveis causas da

    falha do componente. Isso se deve a dificuldade de se criar modelos que se

    adequassem ao comportamento do componente durante a falha. Softwares

    modernos em MEF esto se tornando uma ferramenta eficiente para cientistas

    e engenheiros na pesquisa cientfica e prtica da engenharia. As metas para o

    desenvolvimento desses softwares so (Devoo, 2005; Jusheng, 1993):

    (1) Fornecer uma anlise real do caso, de acordo com os padres

    tecnolgicos modernos e demandas de projeto para os engenheiros, como

    ferramenta de projeto especial;

    (2) Permitir que os engenheiros mantenham e apliquem seus papis

    como os tomadores de deciso, atribuir os resultados coerentes da anlise nos

    projetos estruturais;

    (3) Permitir que os engenheiros concentrem seus esforos em condies

    iniciais, dados bsicos e nos resultados, em vez de sobre os mtodos utilizados

    Antigamente, quando a simulao no era muito usual, o estudo das

    falhas era mais complicado, assim como era mais complicada a elaborao de

    hipteses coerentes, como no caso de Jones, (1994), que observou a falha de

    1 1

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 25

    um tanque pressurizado para armazenamento de petrleo. Este vaso era

    submetido a condies de operao com uma presso exterior muito mais

    elevada do que a tenso de projeto. A falha ocorreu devido a um erro

    inesperado de projeto, pois foi usada uma presso muito elevada em relao

    espessura de parede fina e com isso houve a ruptura do tanque. Se houvesse

    um modelo numrico por elementos finitos para o projeto desse vaso, seria

    possvel prever e evitar esta falha.

    Outro exemplo foi descrito por Bullocch (2000), que estudou a falha

    prematura de uma palheta de entrada de turbina de gs. Esta falha ocorreu

    devido ao crescimento de trincas por fadiga que foi iniciado a partir de um

    defeito superficial, sob forma de incluses no metlicas em locais onde as

    tenses de trabalho foram maiores. Para validar a anlise, foi realizado um

    estudo detalhado de todas as principais causas que levaram a falha da palheta.

    Para isso foi utilizado de tcnicas fractogrficas e de raios x para

    caracterizao destas incluses. O autor recomendou que as espessuras

    destas palhetas fossem aumentadas para que as tenses de trabalho se

    reduzissem at 40% e que a pea fosse fabricada por forjamento ao invs de

    pea fundida para diminuir o surgimento das incluses no metlicas.

    Novamente, a aplicao de simulao numrica no projeto e na anlise de

    falha poderia ter contribudo para prever que a espessura era insuficiente para

    suportar o carregamento.

    A simulao permite obter respostas quantitativas sobre a necessria

    resistncia dos elementos, mesmo que possuam formas complexas e mesmo

    que a morfologia da carga externa e demais condies de contorno seja

    complexa. A criao de um modelo por simulao numrica que representaria

    o componente poderia ter auxiliado no projeto do componente de modo a no

    ocasionar a falha por espessura insuficiente, ou seja, falha geomtrica.

    Nos dias atuais, com o avano dos microprocessadores, est sendo

    incorporada uma ferramenta que auxilie a formao de hipteses de causas de

    falha. Esta ferramenta atribuda incorporao de modelos matemticos por

    mtodos de elementos finitos utilizando a simulao numrica. Assim fica mais

    simples e objetivo o modo como podem ser evidenciadas as causas mais

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 26

    provveis da falha fazendo testes que representem as mesmas condies reais

    da operao de trabalho do componente.

    Estudos recentes evidenciam a utilizao da simulao numrica como

    uma ferramenta na formao dessas hipteses.

    Um estudo apresentado por Momcilociv (2012), descreve bem a

    capacidade de fazer uma anlise nas condies de operao do componente

    via simulao numrica. O autor estudou a falha de um eixo de turbina

    horizontal. A anlise em questo seria a capacidade de carga do raio crtico

    atravs de simulao por elementos finitos e a anlise fractogrfica. Com a

    simulao foram impostos critrios em situao normal e no pior caso

    (rompimento do eixo). Assim, foi possvel identificar que as regies de maiores

    tenses identificadas na simulao foram as mesmas regies onde esto

    caracterizadas pelas marcas radiais. Portanto, foi apresentada uma nova

    soluo do problema para o eixo, por exemplo, aumento do raio crtico.

    Ashrafizadeh (2013), estudou o surgimento de trincas de uma tubulao

    de gs. Foi observado durante a inspeo de rotina um defeito de

    aproximadamente 1 metro de comprimento iniciado a partir de um entalhe

    dentro da tubulao em ambiente quente instalada em cerca de 30 anos atrs.

    Para o levantamento das hipteses, o autor se utiizou de reviso histrica do

    projeto, dados de construo, inspeo e a caracterizao mecnica do

    material. Uma anlise em elementos finitos foi utilizada para encontrar as reas

    crticas e avaliar as tenses mximas. Foram empregado dois tipos de anlise:

    primeiramente o efeito da presso do gs sobre a parede do tubo, e depois um

    estudo do modo de vibrao do componente. Portanto o autor pde concluir

    que a tenso mxima exercida est situada na zona de iniciao da trinca

    causada pelo efeito do entalhe e as tenses cclicas responsveis pela

    propagao que causaram a falha por fadiga da tubulao de gs.

    Estudos recentes, utilizando simulao numrica para a mecnica da

    fratura, tem mostrado que um componente pode falhar de maneira catastrfica

    sob tenses normais.

    Um caso prtico foi aplicado por Anes (2014), onde foram estudados os

    efeitos dos carregamentos multiaxiais na inicializao de trincas de fadiga.

  • Cpitulo 3 Reviso da Literatura

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 27

    Foram utilizados dois materiais, um com microestrutura cbica de corpo

    centrado (ccc), ao AISI 4140 e outro com microestrutura hexagonal compacta

    (hc) de liga de Magnsio com 3% de alumnio e 1% de zinco. Estes dois

    materiais foram submetidos a uma srie de carregamentos multiaxiais em

    fadiga com o objetivo de observar a vida em fadiga e a superfcie de fratura.

    Com os resultados dos ensaios foi possvel determinar as regies de nucleao

    das trincas alm de obter o limite de tenacidade a fratura (KIC) e correlacionar

    este comportamento com a simulao numrica via MEF. Assim, Anes (2014)

    concluiu que os resultados obtidos demonstraram claramente o efeito das

    condies das cargas aplicadas e que a simulao comprovou o efeito das

    cargas multiaxiais, possveis zonas de nucleao de trinca para cada tipo de

    material submetido.

    Linardona (2014), utilizou a simulao numrica na mecnica da fratura

    com o objetivo de observar as tenses locais e informar os dados de

    deformao sem que ocorra a falha do mandril cnico em um processo de

    fabricao de tubos a frio. Outra informao importante levantada por ele foi a

    determinao do coeficiente de atrito para fabricao do tubo. Foram

    selecionados 11 critrios de falha com o objetivo de observar a capacidade de

    fabricao dos tubos. A avaliao dos critrios de falha teve como base os

    ensaios de trao e completados com a anlise da fratura em microscpio

    eletrnico de varredura (MEV) a qual permitiu compreender o incio da fratura e

    a direo de propagao.

    Portanto, com estes exemplos, torna-se compreensvel que a simulao

    numrica passou a ser mais utilizada em anlise de falhas e se iniciou a partir

    da dcada passada e vem sendo utilizada como fator decisivo em alguns

    casos, cuja complexidade geomtrica do componente ou mesmo da regio do

    defeito exige algum mtodo mais sofisticado de anlise do que a simples

    formulao analtica.

  • Captulo 4 Materiais e Mtodos

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 28

    4. MATERIAIS E MTODOS

    Para o estudo foram utilizados softwares de projetos para a construo

    dos slidos e a anlise em simulao computacional (Abaqus CAE 6.13.1). O

    processamento foi realizado em computadores de 8Gb de memria RAM e

    processadores Intel Core i7. Inicialmente foram realizados modelos que

    representam as dimenses reais dos componentes e em seguida, estes

    modelos foram importados para o software de simulao. Os modelos foram

    reproduzidos a partir das dimenses de projeto dos componentes e/ou a partir

    de medies realizadas com paqumetro de 0,05 mm de resoluo.

    Foram realizados estudos de casos de falhas anteriormente publicados

    sem o uso de simulao numrica, ou com condies de simulao mais

    simples. O objetivo foi mostrar o ganho alcanado atravs da simulao para

    enriqueimento das anlises anteriores e para dar nmeros mais exatos das

    variveis envolvidas, sendo a tenso aplicada a varivel de maior relevncia.

    Os casos foram selecionados porque permitiram mostrar a evoluo da

    aplicao de MEF associada a anlises de falhas realizadas tanto por nosso

    grupo de pesquisa quanto em associao a outro grupo, do Laboratrio de

    Metalurgia Fsica da UFRGS.

    A cada estudo de caso, a investigao teve como foco introduzir a

    simulao das condies de contorno mais prximas das reais que a falha

    tenha ocorrido, a patir dos resultados obtidos de caracterizao mecnica e

    metalrgica dos casos apresentados pelos autores. E portanto, correlacionar

    cada condio de contorno imposta na simulao do modelo aos resultados da

    falha do componente e determinar como a falha iniciou.

    Em todos os casos, a simulao foi realizada no regime linear elstico

    sob condies de carregamento esttico. As tenses equivalente resultantes,

    tambm chamadas de tenses de Von Mises, foram comparadas com as

    tenses necessrias para atingir o limite de fadiga ou para atingir nveis de

    intensidade de tenses especficas para propagao de defeito.

  • Captulo 5 Estudo de Casos

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 29

    5. ESTUDOS DE CASOS

    5.1 Anlise de falha de uma grande engrenagem motriz de um redutor

    petroqumico.

    5.1.1 Introduo

    Este caso de falha foi apresentado anteriormente em um congresso

    nacional (56 Congresso da ABM) por Zanon (2001). Na poca, foi aplicada uma

    simulao numrica para prever o efeito de um defeito de usinagem da

    engrenagem. Entretanto, devido a dificuldades da poca em simular pequenos

    defeitos, a quantificao das tenses foi restrita a modelos aproximados do

    defeito. Este estudo um bom exemplo da evoluo do MEF em anlise de

    falhas a partir dos anos 2000. A parte do estudo correspondente a esta

    dissertao a simulao numrica do defeito, que foi incorporada na

    publicao posterior do estudo.

    Este estudo visou determinar as causas que levaram ruptura uma

    grande engrenagem motriz de um redutor petroqumico com 875 mm de

    dimetro que rompeu aps cerca de trinta meses de servio. Alguns detalhes de

    projeto da engrenagem so mostrados na figura 11. O projeto prev a usinagem

    de dois furos M30 a 180 graus em cada face da engrenagem, sendo que h uma

    defasagem de 90 graus entre as faces. Esses furos servem para o manuseio e

    transporte da engrenagem. Um defeito interno foi originado pela interseco dos

    furos, devido a um erro na defasagem de 90 graus (Figura 12). Este defeito foi

    identificado como fator decisivo para a propagao da falha e foi considerado na

    simulao numrica.

  • Captulo 5 Estudo de Casos

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 30

    (a)

    Corte (A-A)

    (b)

    Figura 11 - Em (a) modelo em anlise onde ocorreu erro de usinagem e em (b) vista em corte A-A do defeito interno devido interseco dos furos.

    Figura 12 Superfcie de Fratura da engrenagem motriz

  • Captulo 5 Estudo de Casos

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 31

    Foi verificado o nvel de concentrao de tenso devido execuo dos

    furos para transporte e posicionamento da engrenagem. A presena deste

    defeito fez com que a anlise saia do escopo da mecnica convensional e

    precisou ser utilizada a abordagem da mecnica da fratura, uma vez que o

    defeito proporciona uma singularidade de ponta aguda do tipo trinca, semelhante

    pr-trinca de fadiga em corpos de prova da mecnica da fratura. A

    complexidade geomtrica do componente tornou necessrio o desenvolvimento

    de vrias anlises por elementos finitos, devido dificuldade de simular o defeito

    da interseco da base cnica dos furos. Na poca, era limitada a capacidade

    de processamento para produzir um refino de malha adequado. Foram feitos

    dois modelos sob o carregamento de engrenamento: 1) engrenagem sem furos;

    2) engrenagem contendo furos passantes.

    Como resultados, a anlise por elementos finitos do modelo da

    engrenagem sem furos mostrou que as tenses impostas so baixas. Na regio

    onde haveria a usinagem dos furos as tenses permaneceram baixas. As

    tenses no furo passante so inferiores a 70 MPa. Na posio dos furos da

    engrenagem o nvel de tenses cerca de 25% menor do que na posio mais

    externa da engrenagem que rompeu (Figura 13).

    Figura 13 - Distribuio de tenses na engrenagem contendo um furo passante na posio dos

    furos da engrenagem fraturada (Zanon, 2001).

  • Captulo 5 Estudo de Casos

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 32

    Como estudo da mecnica da fratura, foi efetuado um ensaio da curva de

    taxa de propagao pela intensidade de tenses (da/dN x k), (Figura 14).

    1 10 1001E-10

    1E-9

    1E-8

    1E-7

    da/dN = 3.19929E-13 x K 4.03

    KTH

    = 4.3 MPa.m1/2

    da/d

    N (

    m/c

    ycle

    )

    K (MPa.m1/2

    ) Figura 14 Curva da taxa de crescimento da trinca em fadiga em funo do nmero de ciclo de

    uma amostra retirada da engrenagem (da/dN x k) (Zanon, 2001).

    Como houve naquela poca dificuldades em simular um modelo que se

    compare com o pequeno defeito elptico apresentado, os objetivos desta

    dissertao foram aplicar a simulao numrica em um novo modelo

    representando a forma elptica do defeito atravs de um refinamento de malha

    localizado, identificar o incio da falha e a sua intensidade de tenso na ponta do

    defeito. A partir dos ensaios realizados anteriormente, foi correlacionada a

    condio de servio com modelos de elementos finitos desenvolvidos.

    5.1.2 Metodologia

    Foi aplicada simulao numrica para averiguar o nvel de tenso na

    ponta do defeito. A pea foi modelada nas mesmas dimenses reais. Para esta

    simulao, a carga de projeto foi aplicada nos trs dentes dispostos acima do

    defeito. No momento do engrenamento destes dentes que se produz o maior

    nvel de tenses no defeito. A carga foi distribuda na altura da linha de carga na

    direo do ngulo de contato do engrenamento. Para efeito de controle, a carga

    aplicada corresponde a uma tenso de 72 MPa na regio de trs dentes da

    engrenagem sem furos onde foram promovidos os furos. A engrenagem foi

  • Captulo 5 Estudo de Casos

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 33

    restringida no seu dimetro interno. A melhor malha global atribuda na

    simulao foi do tipo triangular quadrtica de 18 mesh devido ao formato elptico

    do defeito e da geometria complexa dos dentes e furos. Foi aplicado um refino

    na regio do furo e do defeito elptico em 8% da malha global (Figura 15),

    correspondente ao limite atingido pela convergncia durante o refinamento

    adaptativo de malha.

    A figura 15 mostra uma vista geral da malha da engrenagem e uma vista

    detalhando o defeito elptico cuja diagonal maior de 6 mm, produzido pela

    interseco das bases cnicas dos dois furos feitos nas faces opostas da

    engrenagem. Tambm em detalhe est mostrada uma vista de corte superior ao

    plano de simetria dos dois furos, onde mostrado o refinamento da malha.

    A tabela 1 apresenta as propriedades do material, nmero de elementos,

    nmero de ns e tamanho de malha para o modelo da simulao.

    Para determinar o nvel de intensidade de tenses atribudo geometria

    do defeito foi considerado que o defeito muito pequeno em relao geometria

    da engrenagem, ou seja, o fator de forma unitrio (Y=1). A dimenso do

    defeito apresentado foi de 6 mm de diagonal maior. Sendo assim, possvel

    obter um nvel de intensidade de tenses (k) em funo da tenso no defeito

    () e da dimenso dele (a), de acordo com a equao 5.

    ak . (5)

    Tabela 1 Propriedades do material e malha Material Mdulo de

    elasticidade

    Coeficiente de

    Poisson

    Tipo de

    Modelo

    N de

    elementos

    N de

    Ns

    Tamanho

    de malha

    global

    Ao AISI

    5120

    210 GPa 0,31 Triangular

    Quadrtirca

    94.729 139.953 18

  • Captulo 5 Estudo de Casos

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 34

    (a)

    (b)

    Figura 15 Representao da malha utilizada na engrenagem e em detalhe a malha refinada no defeito elptico em (a). Em (b) detalhe da seo D-D.

    5.1.3 Resultados e discusses

    A simulao por elementos finitos resultou em um nvel de tenses de 200

    MPa na ponta do defeito que mais propagou (Figura 16). A equao 5 pode ser

    aplicada diretamente para o caso se considerarmos que o tamanho do defeito

    muito menor que o da engrenagem, e que sobre o defeito ocorre uma solicitao

    do modo I de carregamento. Aplicando essa tenso na equao 5, para um

    defeito de 6 mm de diagonal, ou seja, a = 3 mm, obtem-se k de 19,4 MPa.m0.5.

    De acordo com a figura 15, esse nvel de intensidade de tenses est na regio

  • Captulo 5 Estudo de Casos

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 35

    de propagao estvel da trinca de fadiga, ou seja, encontra-se no estagio II de

    propagao.

    Na outra extremidade da elipse foi verificada uma tenso maior, da ordem

    de 700 MPa. Este valor aplicado na equao 5 indica um elevado valor de

    intensidade de tenses que estaria provavelmente acima do KIC do material. Na

    prtica, houve uma segunda frente de propagao estvel de fadiga a partir

    dessa extremidade. Porm, analisando a figura 16b com ateno, percebe-se

    que o defeito simulado mais agudo do que o real, definido por uma parede

    mais delgada, e isso contribui para o elevado nvel de tenses na simulao.

    Tambm deve-se considerar a possibilidade de ter ocorrido deformao plstica

    da parede, o que pode aliviar as tenses.

    A falha ocorreu por fadiga originada em um defeito de usinagem de furos

    para transporte e manuseio da engrenagem. Os furos realizados em ambas as

    faces apresentaram interseco, e isto produziu um defeito de forma elptica que

    serviu como concentrador de tenses, permitindo o surgimento de duas frentes

    de propagao de fadiga. A simulao numrica, baseada na geometria mais

    adequada do defeito produzido e utilizando a carga de servio aplicada na

    engrenagem indicou que a intensidade de tenses no defeito encontra-se no

    nvel de propagao estvel da trinca de fadiga, confirmando a efetividade do

    defeito em propagar a falha por fadiga (ver Figura 16). O estudo previamente

    realizado a partir da simulao numrica simplificada apenas pode supor os

    nveis de intensidade de tenses em defeitos simplificados afim de permitir uma

    previso mais realista da intensidade de tenses de um defeito mais prximo.

  • Captulo 5 Estudo de Casos

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 36

    (a)

    (b)

    Figura 16 Em (a) representao do defeito da engrenagem e em (b) representao da distribuio de tenso no defeito da engrenagem.

    5.2 Anlise de falha do reparo de rolo compactador de minrio.

    5.2.1. Introduo

    Este caso de falha foi apresentado em um congresso nacional (20

    CBECIMAT) por Santos (2012). Este artigo trata de falha do eixo de um rolo

    compactador de minrio de potssio que rompeu repentinamente em servio

    aps algumas aes de manuteno. Devido ao desgaste esperado aps longo

    200 MPa

    700 MPa Parede

    delgada

  • Captulo 5 Estudo de Casos

    Dissertao de Mestrado Thiago Figueiredo Azevedo 37

    perodo de uso, o eixo sofreu um reparo por deposio de solda de

    preenchimento na regio de contato com o mancal da extremidade acoplada ao

    motor. Depois do reparo, aps um curto perodo de operao, foi constatada a

    presena de trincas radiais profundas no plano transversal do eixo atravs de

    anlises por ultrassom. Ento foi tomada a seguinte deciso para o segundo

    procedimento de reparo: usinagem da parte do rolo que continha as trincas;

    usinagem de um furo no rolo e usinagem de um novo segmento de eixo para

    montagem por interferncia, soldagem e usinagem de acabamento (Figura 17).

    Ento, aps este reparo, o eixo rompeu aps um curto perodo de uso.

    O objetivo foi investigar a falha ocorrida devido ao procedimento de reparo

    posterior do eixo por montagem por interferncia mecnica (mecanismo de

    expanso de uma das peas durante o encaixe, seguido de uma contrao

    durante seu resfriamento) e soldagem. Foram realizadas anlises de fratura,

    metalografias, ensaios de dureza na tentativa de observar as alteraes nas

    tenses provocadas pelo reparo.

    Foi realizado um ensaio preliminar por lquido penetrante na superfcies

    de fratura do lado do rolo e do lado da extremidade do eixo. As anlises

    revelaram a existncia de descontinuidade na raiz do cordo de solda apenas

    para o lado do rolo (Figura 18).

    (a) (b)

    Figura 17 Em (a), trincas encontradas atravs da inspeo por ultrassom. Em (b), um novo reparo com interferncia entre o rolo e o furo e soldagem na regio do raio de curvatura. A partir

    desse segundo reparo que ocorreu a ruptura em estudo.

  • Captulo 5 Estudo de Casos

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    (a) (b)

    Figura 18 Liquido penetrante revelando (a) ausncia de descontinuidade coincidente com a raiz do cordo de solda e a superfcie de fratura do eixo e (b) a presena de descontinuidade no

    lado do rolo (Santos, 2012).

    A superfcie de fratura do eixo apresentou aparncia de processo de

    fadiga por flexo rotativa. Um permetro subsuperficial, a uma profundidade

    coincidente com a raiz do cordo de solda, apresenta mltiplos pontos (marcas

    de catraca), que so indicativos ca