dos mapas ao gps

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Dos mapas ao GPS O longo percurso da humanidade até aprender a se locomover na Terra por Fred Linardi Por muitos séculos, os seres humanos não souberam se o mundo era redondo ou plano, não imaginaram seu tamanho e tiveram dificuldade para transmitir informações de distância e orientações de locomoção. Começamos a resolver esse problema com o primeiro aparato de orientação geográfica, o mapa. Para desenhá-lo, medíamos distâncias em terra e olhávamos para a posição dos astros no céu. Na Antiguidade, já tínhamos faróis marítimos e dominávamos astronomia e matemática o suficiente para desenhar globos complexos. No século 16, os exploradores europeus alimentavam os cartógrafos com novidades em ritmo frenético. Quinhentos anos depois, o programa Google Earth, que une imagens de satélites a tecnologia GPS, deixa qualquer pedaço do mundo ao alcance de um clique. Com o pacote de ferramentas à disposição, hoje sabemos nos locomover com segurança em terra, por mar e nos céus do planeta. A rota das coordenadas Com o tempo, aplicamos ciência e tecnologia aos primeiros desenhos 6200 a.C. - Imagem misteriosa Encontrado em 1963, o mapa de Catal Hyük, na atual Turquia, iniciou uma polêmica. O desenho parece retratar uma cidade com 80 edificações e um vulcão. Para muitos pesquisadores, este é o mapa mais antigo já encontrado. Para outros, a primazia ainda cabe aos egípcios, que desenhavam os seus 4 mil anos atrâs. 500 a.C. - Crônicas territoriais Os gregos são mestres da cartografia. Destaque para os relatos e desenhos de Hecateu de Mileto, que viaja ao Mediterrâneo e à Eurásia para criar uma das primeiras obras

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Dos mapas ao GPSO longo percurso da humanidade at aprender a se locomover na Terra por Fred Linardi Por muitos sculos, os seres humanos no souberam se o mundo era redondo ou plano, no imaginaram seu tamanho e tiveram dificuldade para transmitir informaes de distncia e orientaes de locomoo. Comeamos a resolver esse problema com o primeiro aparato de orientao geogrfica, o mapa. Para desenh-lo, medamos distncias em terra e olhvamos para a posio dos astros no cu.

Na Antiguidade, j tnhamos faris martimos e dominvamos astronomia e matemtica o suficiente para desenhar globos complexos. No sculo 16, os exploradores europeus alimentavam os cartgrafos com novidades em ritmo frentico. Quinhentos anos depois, o programa Google Earth, que une imagens de satlites a tecnologia GPS, deixa qualquer pedao do mundo ao alcance de um clique. Com o pacote de ferramentas disposio, hoje sabemos nos locomover com segurana em terra, por mar e nos cus do planeta.

A rota das coordenadasCom o tempo, aplicamos cincia e tecnologia aos primeiros desenhos

6200 a.C. - Imagem misteriosa

Encontrado em 1963, o mapa de Catal Hyk, na atual Turquia, iniciou uma polmica. O desenho parece retratar uma cidade com 80 edificaes e um vulco. Para muitos pesquisadores, este o mapa mais antigo j encontrado. Para outros, a primazia ainda cabe aos egpcios, que desenhavam os seus 4 mil anos atrs.

500 a.C. - Crnicas territoriais

Os gregos so mestres da cartografia. Destaque para os relatos e desenhos de Hecateu de Mileto, que viaja ao Mediterrneo e Eursia para criar uma das primeiras obras de geografia. Chamada Ges Periodos, ela composta por dois livros, Viagens pela Terra e Pesquisa sobre o Mundo.

350 a.C. - Posio no universo

O matemtico grego Eudoxo de Cnidos apresenta um mapa do sistema solar, com planetas e astros esfricos concntricos. Seus clculos proporcionam um salto no conhecimento da localizao dos astros e da posio da Terra no espao.

Sculo 4 a.C. - Mecnica celeste

A produo de aparatos de orientao naval com base num globo comea na China, com os astrnomos Shi Shen e Gan De. A esfera amilar aponta a direo dos astros e funciona como um telescpio. No globo, j esto desenhados paralelos e meridianos.

1569 - O primeiro atlas

Um dos maiores feitos da histria cartogrfica realizado por Gerhard Kremer, ou Gerardus Mercatus (1502-1594). Ele projeta o globo terrestre num plano de 18 folhas impressas e o batiza de Atlas em homenagem a um tit grego, condenado por Zeus a carregar um globo nas costas.

Sculo 16 - Esquadro para o mar

Surge o astrolbio martimo. Trata-se de uma variao do astrolbio, que havia sido criado em torno do sculo 4 a.C. e que servia para medir a localizao dos astros. A verso martima surgiu na poca das grandes navegaes e era composta pelo alidade, um tipo de esquadro usado at hoje para medir ngulos verticais.

220 a.C. - Agulha magntica

Sem a bssola, o descobrimento das Amricas seria impossvel no sculo 14 - quando o aparelho, como o conhecemos hoje, foi inventado. No entanto, ela j existe na China no sculo 3 a.C. introduzida na Europa por rabes e depois desenvolvida pelo marinheiro italiano Flavio Gioja.

1757 - Viso aparente

Alm de ser um timo aparato para observar os astros, o sextante fornece o posicionamento global de marinheiros e mede distncias a partir do tamanho aparente dos objetos. A base da busca fica na comparao entre o tamanho de um astro e seu reflexo no horizonte.

1817 - Giro certo

Baseado em um eixo fixo e uma esfera que gira, o giroscpio torna-se fundamental. Em 1895, o aparelho seria fundido bssola. Surgia assim o girocompasso, usado em navios desde 1910. Hoje, identifica o posicionamento de avies em parceria com o altmetro, uma inveno de 1924.

1993 - Voc est aqui

Desenvolvidos nos anos 60 e disponibilizados para uso civil, satlites possibilitam a criao do Sistema de Posicionamento Global (GPS), que inicia uma nova fase da histria dos instrumentos de orientao. Hoje, os motoristas acessam mapas na internet e se orientam com GPS em seus carroshttp://historia.abril.com.br/comportamento/mapas-ao-gps-497558.shtml

A histria da Cartografia As sociedades sempre utilizaram registros para facilitar sua localizao e o seu dia a dia.Os indgenas norte-americanos desenhavam em peles de animais ou em cascas de rvores, identificando reas de caa, pesca e pastagem.Os nmades do Saara, como os Tuaregues gravavam nas rochas as rotas dos seus deslocamentos.

OBS IPC: A Cartografia sempre foi uma forma de expresso da cultura e das crenas dos povos que dela se utilizam. Afinal, todo mapa revela uma determinada viso de mundo.

O mapa mais antigo do mundo foi produzido na Babilnia, eles no sabiam da existncia do Oriente Prximo. A argila corroda pelo tempo testemunhava a concepo filosfica acerca do lugar do homem no mundo.

O mapa mais antigo que se tem notcia o de Ga-Sur, feito na Babilnia. Era um tablete de argila cozida de 7x8 cm, datado de aproximadamente 2400 a 2200 a.C. Representa um vale, presumidamente o rio Eufrates.

No Egito Antigo as tcnicas cartogrficas tinham finalidades prticas: registrar nos papiros os limites das terras inundadas periodicamente pelo rio Nilo.Os gregos formam os maiores cartgrafos da Antiguidade. Entre os sculos VII e III a.C, os gregos buscaram compreender os fenmenos naturais elaborando uma cosmografia (descrio do mundo), influenciada pela filosofia.Grande parte dos conhecimentos cartogrficos da Antiguidade est sintetizado na obra Geografia (oito livros), atribuda a Ptolomeu (90-168 d.C). No oitavo livro havia um mapa onde o mundo era representado e o Oceano ndico era representado como um mar interior, limitado ao sul por um continente chamado "Terra Australis Incgnita", alm do que ele mostrava todas as reas ecmenas (termo de origem grega que designa a rea do planeta Terra que ou apresenta condies para ser habitado).

No Imprio Romano, as cartas foram fundamentais para organizar os deslocamentos dos exrcitos, calcular as distncias e facilitar as viagens entre as regies e manter o controle sobre elas.

Na Idade Mdia, as concepes religiosas fundamentaram grande parte da cartografia produzida na Europa crist. Os planisfrios elaborados so uma viso simblica que mistura conhecimentos geogrficos, crenas religiosas e monstros mticos. Os mais famosos, conhecidos como cartas T-O. O mundo habitado (Terra habitabilis), a diviso entre os trs continentes conhecidos, Europa, sia e frica, o "T" representa a cruz o smbolo da Santssima Trindade, o "O" evoca a harmonia de um mundo fechado.

Com as Grandes Navegaes, no final do sculo XV, que a civilizao europia libertou-se dos limites do Mediterrneo e das concepes herdadas da Antiguidade. Nesse momento a viso Antropocntrica ganha reais contornos, e o homem na busca incessante por riquezas passa a ter maior interesse na Cartografia, pois o interesse comercial passou a ser maior que a f crist. O mapa de Frei Mauro exemplifica muito bem essa nova viso de mundo, pois em 1459 o mapa criado por ele, coloca o "sul" no topo, devido aos grandes interesses comerciais nas rotas das especiarias, ao longo do oceano ndico.Dando um enorme salto na histria, podemos exemplificar a Cartografia no mundo Bipolar, pois conhecer o territrio inimigo e "ganhar" novas reas de influncia passa a ser vital. O mapa abaixo ilustra muito bem essa nova viso da Guerra Fria. A representao de Logashkino, no deserto siberiano, passa a ser uma grande inggnita, pois camuflar essa cidade era fundamental para os soviticos, pois l era uma grande base militar.

Hoje em dia os Satlites do outra dimenso do espao global. Google Map, Google Earth, GPS... A evoluo tecnolgica to fantstica nos faz vislumbrar imagens nunca vistas antes. O conhecimento de reas remotas pode ser feito virtualmente. Hoje, o domnio da tecnologia que legitima de certa maneira a consolidao das supremacias mundiais, e nisso os pase ricos so imbatveis.http://geoguia.blogspot.com/2010/02/historia-da-cartografia.html

Histria da cartografiaComo surgiram os primeiros mapasCludio Mendona*Especial para a Pgina 3 Pedagogia & ComunicaoAntes da inveno da escrita os homens j faziam mapas para representar os lugares onde viviam e por onde passavam. Com o aparecimento das primeiras civilizaes, na Mesopotmia, na Grcia, no Egito e na China e a expanso de seus territrios, os mapas passaram a ter ainda maior importncia. Era necessrio conhecer os limites das reas dominadas e as possibilidades de ampliao de suas fronteiras.

Mais que uma ferramenta de orientao e de localizao, os mapas se transformaram numa tcnica fundamental para a expanso das civilizaes e o seu desenvolvimento tcnico acabou sendo colocado a servio do poder. Eles se tornaram um instrumento fundamental para definir estratgias militares, na conquista de novos territrios e de outros povos.

Atravs dos mapas, tambm, os governos organizavam a cobrana de impostos das regies submetidas a grandes imprios, definiam as rotas militares e comerciais e sintetizavam as principais informaes acerca do espao geogrfico que lhes interessava. Cartas de navegaoO desenvolvimento da navegao, no sculo 13, exigiu a elaborao de mapas cada vez mais precisos para apoiar o deslocamento a lugares cada vez mais distante. Surgiram, neste perodo, as cartas de navegao ou cartas portulanas, criadas pelos navegadores genoveses (Itlia), que precederam Cristvo Colombo.

As cartas portulanas utilizaram a bssola para demarcar as direes dos locais conhecidos, a partir de um ponto de referncia. Esse tipo de mapas tambm chamados pelos portugueses de "cartas de marear", s puderam ser elaborados com a popularizao do uso da bssola, conhecida h aproximadamente 2.000 anos, mas introduzida na Europa apenas por volta do sculo 12.

As grandes navegaes europias, nos sculos 15 e 16, marcaram a conquista do oceano Atlntico. Era necessrio descobrir novas rotas comerciais. Portugal e Espanha, os primeiros Estados a se consolidar na Idade Moderna, lanaram-se ao desafio de buscar as mercadorias extradas ou produzidas no Oriente, atravs do Atlntico. Novas formas invenes e aperfeioamentos tcnicos na arte de navegar tornaram possvel a navegao para lugares nunca antes conhecidos. A inveno das caravelas, o aperfeioamento a bssola, a inveno do astrolbio (instrumento que indicava a inclinao do Sol e permitia determinar a posio da embarcao em relao linha do Equador) e outros instrumentos viabilizaram tal empreendimento.

Os portugueses contornaram o continente africano, sem ter idia das distncias e dificuldades que separavam o reino portugus das mercadorias do Oriente. Os investimentos eram carssimos e de alto risco. Vrias embarcaes desapareceram e milhares de vidas foram perdidas nesses empreendimentos. O caminho perseguido pelos portugueses era correto. Quando comparado opo espanhola era tambm o mais vivel. Mas, naquele momento, ningum conhecia suficientemente o mundo para ter essa certeza.

Portugueses e espanhis dessa poca chegaram a um conhecimento bastante amplo do mundo e representaram este novo horizonte geogrfico, atravs dos mapas. Excluindo a Antrtida, a viso da distribuio das terras e das guas tornou-se muito prxima da que temos na atualidade.*Cludio Mendona Professor do Colgio Stockler e autor de "Geografia Geral e do Brasil" (Ensino Mdio) e "Territrio e Sociedade no Mundo Globalizado" (Ensino Mdio).

http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1701u9.jhtm

OS MAPAS medida que as viagens martimas aconteciam, os mapas europeus registravam novas terras, ilhas e mares, recortavam acidentes ao longo dos litorais, redesenhavam continentes, incorporavam nomes exticos, recalculavam distncias, acrescentavam lagoas, cabos, pennsulas, montes e rios, desvendando para a Europa aquela parte oculta do globo. Os mapas medievais destinavam-se s bibliotecas da nobreza e do clero. Eram mapas teolgicos, no tinham qualquer compromisso com a representao real do espao, no servindo para quem desejava orientar-se para viajar por oceanos e buscar terras novas.

As superfcies terrestres, consideradas pouco importantes, eram deixadas em branco ou decoradas com bandeiras, brases, castelos ou retratos de reis.A cartografia moderna comeou no sculo XV, quando o uso de vrios instrumentos de navegao, como astrolbio, a bssola, a balestilha e o quadrante, melhoraram a orientao em alto mar. Toda vez que uma viagem acontecia, os mapas incorporavam as novas descobertas. Os mais precisos faziam o sucesso de novas viagens. Os reis da poca consideravam alguns to importantes, que os tratavam como segredo de Estado. A partir de 1500, comearam a aparecer na Europa os primeiros mapas retratando as terras novas que os navegadores europeus acabavam de encontrar pelo mundo. Esses primeiros mapas foram muito irregulares alguns eram bem aproximados da realidade, outros no passaram de tentativas grosseiras.

Os mapas italianos eram considerados os melhores durante o sculo XV e metade do sculo XVI, graas aos seus cartgrafos que eram ao mesmo tempo artistas e cientistas, e ao grande poder econmico e cultural que a Itlia desfrutava nesta poca. Os primeiros foram feitos no estilo portulano, desenhados sobre rosas-dos-ventos e cobertos pelas linhas de rumo a partir delas. Com o passar do tempo, ficaram comuns os mapas com projees tambm. Apesar dos progressos realizados pela cartografia, os mapas nuticos ainda apresentavam, no final do sculo XVI, uma grande dificuldade para os navegantes: as linhas de rumo, isto , as que partem das subdivises da rosa-dos-ventos. Eram retas quando desenhadas no papel, mas, quando aplicadas a rotas reais, na esfericidade da Terra, ficavam destorcidas.

A partir do sculo XIII, quando o comrcio voltou a ter importncia novamente na Europa, transformando o Mediterrneo em um agitado mar comercial, houve a necessidade de criar um tipo de mapa que pudesse orientar os navegadores. Estes novos mapas, chamados Portulanos, criados pelos navegantes italianos, foram elaborados pelos prprios pilotos ou por cartgrafos que se baseavam nas informaes fornecidas diretamente por eles. Os portulanos eram desenhados geralmente em peles de carneiro e preocupavam-se s com os litorais, que eram marcados com o mximo de detalhes e informaes.

A divulgao desses primeiros mapas sobre a Amrica foi possvel graas inveno da imprensa pelo alemo Gutemberg, na primeira metade do sculo XV. Nos primeiros anos de existncia, a nova inveno no fez muito sucesso, por causa da grande quantidade de analfabetos na Europa e dos temores da Igreja, que precisou primeiro decidir se o livro impresso poderia ser considerado digno de freqentar altares. Porm, as suas grandes qualidades como praticidade, baixo preo, rapidez de produo e facilidade de acesso, acabaram se impondo e logo surgiram vrias casas impressoras na Europa. Muitas destas casas dedicaram-se a publicar mapas, devido grande demanda. A maioria dos primeiros mapas sobre as novas terras foi de tamanho reduzido e acabamento ruim. Mas eles se tornaram tesouros da humanidade. Muitas destas casas dedicaram-se a publicar mapas, devido grande demanda. A maioria dos primeiros mapas sobre as novas terras foi de tamanho reduzido e acabamento ruim. Mas eles se tornaram tesouros da humanidade.

A soluo foi encontrada pelo cientista e cartgrafo holands Gerardus Mercator, que conseguiu inventar um sistema de projees onde as relaes entre paralelos e meridianos eram verdadeiras em qualquer lugar do mapa. Foi ele quem reduziu o Mar Mediterrneo s suas reais propores, alm de incluir todos os mares e terras recm descobertos. A produo holandesa de mapas se firmou como uma das melhores, se no a melhor, do mundo durante a segunda metade do sculo XVI e especialmente durante o sculo XVII, o sculo de maior poderio holands.

http://www.museutec.org.br/previewmuseologico/os_mapas.htm

CAPTULO 1: INTRODUO1.1) O que cartografia?1.2) Origem e evoluo da cartografia no Brasil1.3) O carter matemtico cientfico da cartografia1.4) A cartografia como sistema de aquisio de informaes

1.1) O que ?

um conjunto de operaes cientficas, artsticas e tcnicas produzidas a partir de resultados de observaes diretas ou de exploraes de documentao, tendo em vista a elaborao de cartas, plantas e outros tipos de apresentao e tambm a sua utilizao.

Conceito Moderno de Cartografia

Organizao, apresentao, comunicao e utilizao da geoinformao nas formas visual, digital ou tctil, que inclui todos os processos de preparao de dados, no emprego e estudo de todo e qualquer tipo de mapa.

Segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT)

Cartografia a arte de levantamento, construo e edio de mapas e cartas de qualquer natureza.

Conceito Moderno de Mapa

Apresentao ou abstrao da realidade geogrfica, ferramenta para apresentao da informao geogrfica nas modalidades visual, digital e ttil.

A Cartografia no Brasil

A Cartografia, no Brasil, teve seu desenvolvimento a partir da Segunda Guerra Mundial em funo dos interesses militares. Instituies como os atuais Instituto Cartogrfico da Aeronutica (ICA), Diretoria do Servio Geogrfico do Exrcito (DSG) e Diretoria de Hidrografia e Navegao (DHN), foram as principais responsveis pela execuo da Cartografia Sistemtica do Pas, objetivando mapear todo o territrio nacional, em escalas de 1:50.000 a 1:250.000.

1.2) Origem e evoluo da cartografia no Brasil

1890 31 de maio Foi criado o Servio Geogrfico Militar, anexo ao Observatrio Astronmico, "para a execuo dos trabalhos geodsicos e geogrficos da Repblica dos Estados Unidos do Brasil".

1896 O Estado Maior do Exrcito foi incumbido da elaborao da Carta Geral da Repblica.

1903 Na cidade de Porto Alegre foi instalada a Comisso da Carta Geral do Brasil. Tambm, foi criado o Servio Geolgico e Mineralgico do Brasil, sob a direo do gelogo norte-americano Orville A. Derby Funo: Produo da Carta Geolgica.

1922 Foi organizado o Servio Geogrfico do Exrcito e extinta a Comisso da Carta Geral, com as atribuies desta absorvidas por aquela. Este ano ainda marca o aparecimento da Carta do Brasil ao Milionsimo (primeiro "retrato cartogrfico de corpo inteiro" do pas), editada pelo Clube de Engenharia, em comemorao ao centenrio da Independncia.

1935 A Diretoria de Hidrografia e Navegao (DHN) foi a primeira, dentre as organizaes cartogrficas brasileiras, a apresentar um plano cartogrfico, o Plano Cartogrfico Nutico.

1936 Veio a ser instalado o Instituto Nacional de Estatstica e Cartografia.

1937 Surge a primeira empresa privada, no mercado brasileiro, dedicada execuo de levantamentos aerofotogramtricos, cujas preocupaes bsicas estavam voltadas para a prestao de servios em Cartografia.

1938 Instituto Nacional de Estatstica e o Conselho Brasileiro de Geografia foram incorporados ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE. O primeiro projeto do IBGE: "Determinao das Coordenadas das Cidades e Vilas".

1940 Pela primeira vez na histria da Estatstica Brasileira os dados de coleta e tabulaes do censo foram referenciados a uma base cartogrfica sistematizada, pelo menos quanto s categorias administrativas: Municipais e Distritais Cidades e Vilas. A partir de ento estava assegurado o georreferenciamento das estatsticas brasileiras.

1945 O Secretrio Geral do Conselho Nacional de Geografia, Cristovo Leite de Castro, apresentou um Plano Cartogrfico, de abrangncia nacional e subdividido em programas distintos, cuja composio estava definida em termos do grau de evoluo dos processos de ocupao territorial.

1946 O Conselho de Segurana Nacional institui comisso para fixar "normas para a uniformizao da cartografia brasileira" e procedimentos para a coordenao dos trabalhos cartogrficos. Ainda, ao IBGE atribuda a Coordenao da Cartografia Brasileira. Iniciam-se os trabalhos de mapeamento, na escala topogrfica de 1:250.000, do vale do Rio So Francisco, em territrio da Bahia.

1961 O Estado-Maior da Foras Armadas (EMFA) forma um grupo de trabalho com a finalidade de estabelecer as "Bases e Diretrizes de uma Poltica de Coordenao e Planejamento do Levantamento Cartogrfico Brasileiro".

1962 O IBGE passa a atuar nas escalas maiores de 1:250.000, ou seja, em paralelo aos trabalhos nas escalas ao milionsimo; 1:500.000 e 1:250.000. Passou a conduzir as atividades necessrias a produo dos documentos nas escalas de 1:50.000 e 1:100.000, antes restritos a atuao do Servio Geogrfico do Exrcito.

1964 O IBGE estrutura e consolida a linha de instrumentos fotogramtricos e amplia a atuao de suas unidades de levantamentos geodsicos, de modo a atender ao apoio terrestre para as operaes fotogramtricas.

1966/1967 O Presidente Castelo Branco estabelece outro grupo de trabalho para definir as Diretrizes e Bases da Poltica Cartogrfica Nacional. Mantm a atuao descentralizada das instituies cartogrficas do governo federal e explicita a coordenao da Poltica Cartogrfica Nacional como atribuio da Comisso de Cartografia (COCAR) inserida na estrutura do IBGE. A COCAR foi estruturada de modo a que todos os Ministrios que desenvolvessem ou demandassem servios cartogrficos l estivessem representados, pois o objetivo principal do Decreto se resumia em Organizar o Sistema Cartogrfico Nacional no que dizia respeito a Unio. O elenco de representantes era complementado por assentos atribudos iniciativa privada, atravs da atual Associao Nacional das Empresas de Levantamentos Aeroespaciais (ANEA), e ao IBGE, que constituram exceo representao ministerial.

1972 Projeto RADAM Radar da Amaznia, aplicao pioneira de sensores aerotransportados radargramtricos. Posteriormente o projeto foi estendido a todo territrio nacional RADAMBRASIL. Em 1985 o projeto foi extinto.

1975 Foi expedido um decreto que retirar a COCAR da estrutura da Fundao para posicion-la na Secretaria de Planejamento e Coordenao Geral da Presidncia da Repblica SEPLAN.

1978 a 1981 Foram intensificadas as atividades cartogrficas sob a organizao do Programa de Dinamizao da Cartografia PDC, enfatizando-se o mapeamento em escalas topogrficas de vastas regies da Amaznia Legal e o complemento das folhas das cartas nas escalas de 1:50.000 e 1:100.000 das regies centro-sul e nordeste.

1975 a 1985 - Pode-se afirmar que foi o perodo de mais intensa produo cartogrfica, fruto da modernizao dos equipamentos e processos de produo.

1985 Foi criado o Ministrio da Cincia e Tecnologia ao qual ficou submetida a COCAR na condio de rgo autnomo.

1990 Foi desativada a COCAR. Conseqncia de protestos da comunidade cartogrfica interessada na manuteno da COCAR junto SEPLAN.

1994 O Governo Federal cria a Comisso Nacional de Cartografia (CONCAR) em moldes semelhantes quela dos anos 60. Mantm a estrutura da representao ministerial com as mesmas excees, IBGE, como provedor de apoio administrativo, e ANEA. E a subordinao retorna a rea do planejamento, agora no Ministrio do Planejamento e Oramento.

1.3) O carter matemtico cientfico da cartografia

A Cartografia - com a sua feio e tcnica prprias e inconfundveis - no pode constituir uma cincia, como , por exemplo a Geografia, a Geodsia, a Geologia, etc. Tampouco representa uma arte, da elaborao criativa, individual, capaz de produzir diferentes emoes, conforme a sensibilidade de cada um. No uma cincia nem uma arte, mas , sem dvida alguma, um mtodo cientfico que se destina a expressar fatos e fenmenos observados na superfcie da Terra e, por extenso, na de outros astros como a Lua, Marte, etc., atravs de simbologia prpria.Uma carta topogrfica, por exemplo, explica, por via grfica, isto , de traos, pontos, figuras geomtricas, cores, etc., a configurao duma parte da superfcie terrestre, tal como ela , e dentro duma preciso matemtica, sempre compatvel com a escala.

Os dados que a cartografia utiliza para representao da realidade fsica e humana da crosta, conseguidos, seja por levantamentos tradicionais, seja por tcnicas de sensoriamento remoto, so dispostos metodicamente no sentido da traduzir, com fidelidade, aqueles fatos e fenmenos tais como eles se apresentam no momento da coleta dos referidos dados. As migraes, outro exemplo, ocorridas em determinado perodo do tempo, num estado ou num municpio do Brasil, so um fenmeno que o gegrafo observa e interpreta, e cujos dados o cartgrafo distribui, metodicamente, num mapa, retratando, tambm, mediante simbologia prpria, e com a assistncia de regras matemticas, aquele fenmeno ocorrido naquele espao de tempo, naquela parte do territrio.

Tanto no primeiro exemplo, quanto no segundo, ambos de inteno e forma distintas, no podem oferecer ao usurio dois tipos de leitura. O mtodo grfico de que a cartografia se vale , dessa maneira, um mtodo cientfico, s podendo ser interpretado, racionalmente, dum modo uniforme.

1.4) A Cartografia como sistema de aquisio de informaes

Aplicaes e Tendncias Futuras

A Cartografia, cuja funo essencial representar a realidade atravs de informaes espaciais de uma forma organizada e padronizada incluindo acuracidade, preciso, recursos matemticos de projees cartogrficas, datum para a determinao de coordenadas e ainda recursos grficos de smbolos e textos, tm tido suas aplicaes estendidas todas as atividades que de alguma forma necessitem conhecer parte da superfcie terrestre. Assim, o mapa ser sempre necessrio, por exemplo, nos projetos de engenharia (Construes de Estradas, Usinas, Cidades, Parques) e no planejamento e monitoramento regional do meio ambiente (Recursos Naturais, Agricultura, Florestas, Hidrografia, etc.

Atualmente, os conhecimentos de cartografia, necessrios tecnologia SIG, desfrutam de um grande desenvolvimento na habilidade de se construir mapas digitais que efetivamente comuniquem as idias e questes geogrficas de um mapa analgico. Para isto, softwares apropriados so desenvolvidos e objetivam ainda, viabilizar a utilizao de produtos resultantes das novas tecnologias de captao e processamento da informao espacial, como o caso das imagens de satlites, dos dados obtidos por levantamentos com GPS e das imagens retificadas de fotografias areas, ou seja, as ortofotos digitais. Graas s novas possibilidades oferecidas por estes produtos digitais, pode-se constatar significativas renovaes aos mtodos cartogrficos conforme mostram os comentrios a seguir:

a) Utilizao de Imagens de Satlite

A tomada de imagens a partir de plataformas espaciais, com sensores montados a bordo de satlites artificiais, capazes de gravitar no entorno da Terra, tem gerado expectativas e experincias capazes de provocar novas revolues no processo cartogrfico. Embora as expectativas ainda no tenham sido atendidas (o que justifica-se no fato dos satlites artificiais de observao terrestre no terem sido projetados para aplicaes cartogrficas), os cartgrafos vm se utilizando das imagens decorrentes das aplicaes dos sistemas de sensores LANDSAT e SPOT. As imagens utilizadas para o desenvolvimento de tcnicas de monitoramento de aes sobre a superfcie terrestre, atualizao cartogrfica, produo de fotomapas e, no caso do SPOT, compilao estereofotogramtrica em mapeamentos topogrficos em escalas pequenas.

b) Utilizao de GPS

A tecnologia GPS comea a concretizar o sonho dos cartgrafos de se libertarem das injunes dos levantamentos terrestres, atravs de sistemas de mapeamento que, a partir de fotos areas, dispensam os custosos e demorados levantamentos de campo. A integrao dos posicionadores GPS com as cmaras fotogramtricas em plataformas inerciais permite a determinao da posio do centro tico da cmara, no instante de tomada da imagem, atravs da obteno das coordenadas X, Y, Z e das atitudes da mesma, com preciso suficiente para satisfazer s especificaes para todos os tipos de mapas em escalas mdias e grandes.

c) Utilizao de Ortofotos Digitais

A utilizao de ortofotos pode ser valorosa em muitos aspectos da cartografia.Os mapas digitais estaro, nos prximos anos, substituindo rapidamente os mapas convencionais em papel (analgicos), utilizados por sculos. A evoluo dos sistemas digitais de registro iconogrfico, em substituio aos analgicos em base de filme, comea a apontar, em futuro prximo, processos de compilao cartogrfica que podero se desenvolver inteiramente em ambiente computacional, eliminando as custosas instalaes de laboratrios fotogrficos. Se faz oportuno ressaltar que estas inovaes revelam a necessidade de se rever a base conceitual dos processos de produo cartogrfica.

http://www.cartografia.eng.br/artigos/ncarto01.asp

CAPTULO 2: HISTRIA DOS MAPAS2.1) Mapas como produtos culturais2.2) Mapas, cartas e plantas2.3) Mapas e religiosidade2.4) Confeco de mapas pelos povos2.4.1) Chineses e gregos2.4.2) Franceses e portugueses2.4.3) Maias e astecas2.4.4) rabes2.5) A decadncia da cartografia na Idade Mdia

2.1) Mapas como produtos culturais

A confeco de mapas parece ser anterior escrita e h muitos registros que comprovam que os mais variados povos nos legaram mapas, tais como: babilnios, egpcios, astecas, chineses, alm de outros, cada qual refletindo aspectos culturais prprios de suas sociedade.

(...) a necessidade de estudar as condies polticas e econmicas da poca em que as cartas foram traadas e at o que se pode averiguar da biografia dos cartgrafos, deixa-nos aperceber o mbito social que as condicionou. O homem nunca poder fugir paixo avassaladora e salutar de conhecer a sua prpria histria. No conseguir faz-lo mais agradavelmente do que atravs do estudo, mesmo ligeiro, de seqncia de cartas antigas em que os antepassados registraram, com mais ou menos fantasia ou realidade, as suas concepes e conhecimentos geogrficos. Corteso (1960, p33-34)

Os mapas representam uma forma de saber, um produto cultural dos povos, e no um mero resultado de uma difuso tecnolgica a partir de um foco europeu. Cada cultura exprime sua particularidade cartogrfica, aos poucos, vem se tornando uma linguagem visual mais universal do que antes se pensava. Mesmo os produtos cartogrficos mais modernos, baseados no uso de satlites e da informtica, no deixam de ser construes sociais. sempre conveniente chamar a ateno para a necessidade de se refletir sobre o fato de cada cultura possuir determinadas concepes do espao e do tempo, as quais no podem ser menosprezadas e, muito menos, comparadas ou julgadas segundo modelos ocidentais europeus.

2.2) Mapas, cartas e plantas

Mapas: representao grfica, geralmente numa superfcie plana e em determinada escala, das caractersticas naturais e artificiais, terrestres ou subterrneas, ou, ainda, de outro planeta. Os acidentes so representados dentro da mais rigorosa localizao possvel, relacionados, em geral, a um sistema de referncia de coordenadas. Igualmente, uma representao grfica de uma parte ou total da esfera celeste.

Carta: representao dos aspectos naturais e artificiais da Terra, destinada a fins prticos da atividade humana, permitindo avaliao precisa de distncias, direes e a localizao geogrfica da pontos, reas e detalhes; representao plana, geralmente em mdia ou grande escala, duma superfcie da Terra, subdividida em folhas, de forma sistemtica, obedecendo um plano nacional ou internacional. Nome tradicionalmente empregado na designao do documento cartogrfico de mbito naval. empregado no Brasil tambm como sinnimo de mapa em muitos casos.

Planta: representao cartogrfica, geralmente em escala grande, destinada a fornecer informaes muito detalhadas, visando, por exemplo, ao cadastro urbano, a certos fins econmicos-sociais, militares, etc. O mesmo que plano.

2.3) Mapas e religiosidade

Os mitos e preceitos tambm estiveram presentes, influenciando a Cartografia. O ponto central de alguns mapas antigos era ocupado por uma montanha (p.ex.: monte Sumeru dos budistas, monte Meru dos hindustas) ou por cidades (p.ex.: Jerusalm dos cristos, Meca dos muulmanos). Alm disso, a preocupao com a viagem espiritual nos cus levou muitos povos a terem mapas orientadores de tais viagens (p.ex.: no Egito antigo, os atades eram decorados com mapas e citaes do Livro dos Mortos).

H um mapa cristo, uma alegoria bblica do sculo XV, que mostra cada continente at ento conhecido (sia, Europa e frica) como pertencentes aos filhos de No (a sia pertencia a Sem; a frica a Cam e a Europa a Jaf).

2.4) Confeco de mapas pelos povos

2.4.1) Chineses e gregos

A China pode ser citada como outra regio em que a Cartografia oriental deixou marcas de grande valor histrico. Sabe-se que a cartografia chinesa j era bastante desenvolvida muito antes que na Europa comeassem a se destacar as primeiros trabalhos neste campo de conhecimento humano. Em muitos lugares da China foram encontrados documentos bastante antigos que comprovam a preocupao dos governantes em mapear riquezas naturais daquele pas.

Na China antiga, muitos mapas tinham finalidades cadastrais, demarcatrias de fronteiras, como documentos burocrticos, planos para conservao das guas, meios para fixao de impostos, estratgia militar, reconstruo da Geografia, testemunhos de continuidade cultural comprovada pela presena de tmulos, instrumentos de adivinhao, predio astrolgica de fenmenos celestes e at mesmo proteo contra foras sobrenaturais.

Os gregos tiveram importncia significativa no desenvolvimento da Cartografia ocidental, atribuindo-se a eles o estabelecimento das bases cientficas da moderna Cartografia. Muitos estudiosos gregos desenvolveram trabalhos que marcaram o processo evolutivo das tcnicas da cartografia. o caso de Anaximandro de Mileto (611 a 547 a.C.), autor do famoso mapa que representava o mundo ento conhecido - regies da Europa e Mar Mediterrneo, e de Hecateu, seu contemporneo, que aperfeioou este mapa.

Nesta poca, mais ou menos no sculo IV a.C., haviam diversas especulaes sobre a forma da Terra. Uma delas dizia que nosso planeta, como criao divina, deveria ser esfrico, pois a esfera era a forma geomtrica mais perfeita. Isto, obviamente, iria influenciar a confeco dos mapas. Foram firmadas tambm as definies das linhas da rede geogrfica: equador, trpicos, crculos polares, meridianos.

Outro nome importante o de Eratstenes de Cirene (276 a 196 a.C.), que chegou a dirigir a biblioteca do museu de Alexandrina. Atravs de seus conhecimentos de geometria, mediu a circunferncia da Terra, obtendo um resultado prximo dos 46 mil quilmetros.

2.4.2) Franceses e portugueses

A Cartografia francesa tambm registrou nome famosos na histria dos mapas, como o caso da famlia Sanson, que teve um Nicolau Sanson (1600-1667) a sua mxima expresso. Pelos Sanson foram publicados muitos mapas e atlas, percebendo-se, entretanto, a influncia da cartografia dos pases baixos, especialmente de Mercator.

A Cartografia portuguesa influenciou marcantemente o desenvolvimento dessa atividade no Brasil desde os primrdios de nossa histria colonial.

A expanso ultramarina e a navegao marcaram profundamente o carter utilitrio da cartografia de Portugal da poca da poltica colonialista, sendo intensa a produo de mapas martimos mostrando a configurao das costas e o delineamento de continentes e ilhas.

Com a implantao da Imprensa Rgia comeam os trabalhos de edio de mapas nacionais, enquanto que o Real Arquivo Militar estaria responsvel pela preservao de nosso acervo, com isso apoiando a impresso de novos mapas, como foi o caso da planta da cidade de So Sebastio do Rio de Janeiro, em 1812.

2.4.3) Maias e astecas

Apesar de carecer ainda de estudos mais aprofundados, sabe-se que os povos maias e astecas, Mxico, possuam uma rica tradio cartogrfica. Conta-se que Hernn Cortes, explorador espanhol, pelos idos de 1522, solicitou a Montezuma (Imperador asteca) informao sobre algum local em que seus navios pudessem aportar em segurana. No dia seguinte, chegou-lhe s mos um mapa, desenhado num pano, mostrando todo o litoral com seus vrios acidentes geogrficos. A rapidez com que a informao foi dada a Corts revela que os astecas mantinham seus manuscritos guardados de modo que pudessem vir a ser consultados e copiados com relativa facilidade.

2.4.4) rabes

Os rabes tambm se destacaram, no passado, principalmente como gegrafos, tendo grande importncia muitos trabalhos dessa natureza, especialmente na Idade Mdia, quando o mundo ocidental de influncia crist foi tomado de um processo retrgrado de tratamento das cincias em geral.

Percebendo o valor dos conhecimentos antigos, principalmente dos gregos e, de modo especial, das obras de Cludio Ptolomeu, tendo ainda por objetivo integr-los cultura muulmana, os rabes foram incentivados a elaborar tradues dos tesouros cientficos da antigidade, preservando esses conhecimentos e enriquecendo-se com seus prprios estudos.

H estudiosos que chegam a afirmar que Bagd e Damasco se constituram em verdadeiros plos de saber durante o perodo compreendido entre os sculos VII e XII.

Os rabes, que tambm estavam envoltos em conquistas territoriais, sentiram a necessidade de avaliar os recursos das novas terras, bem como implantar um sistema fiscal e tributrio mais eficiente, o que veio favorecer o desenvolvimento no s da Cartografia, mas tambm da Matemtica, Astronomia e Geografia.

2.5) A decadncia da cartografia na Idade Mdia

A partir de Ptolomeu, temos um perodo de decadncia, marcado pela Idade Mdia, no qual inclusive, sua grande obra foi proibida no mundo ocidental de influncia da igreja catlica romana, pois representava uma espcie de enciclopdia cientfica que em muitos aspectos no se enquadrava nos pensamentos dessa religio.

A Cartografia crist da Baixa Idade Mdia, foi das mais pobres, tendo-se um bom exemplo na obra denominada "Topografia Crist", de autoria do frade Cosmas Indicopleustes, editada pelos idos do ano 535, em que este nega a existncia de antpodas (lugar que seria diametralmente oposto a outro no globo terrestre) e a idia da esfericidade dos cus e da Terra.

Outro exemplo de retrocesso cartogrfico est nos mapas que tinham por estilo a simplicidade e a simetria da distribuio das terras, o que tambm interessava igreja romana, especialmente quando a terra santa era colocada no centro das representaes.

http://www.cartografia.eng.br/artigos/ncarto02.asp

Diagram of time and distances, 1860 - Johnson, A. J. COMO O FUSO ERA CONFUSO!A gravura acima apresenta o diagrama das diferentes horas entre Washington, EUA, e mais de cem cidades de todo o mundo antes de se adotar o padro GMT para o fuso horrio. Inclui a distncia area entre as cidades e a capital norte-americana.

Hoje trazemos um dos documentos mais preciosos e importantes do nosso acervo virtual. um mapa repleto de reloginhos que mostra a viso americana do fuso horrio em 1860. Falo em "viso americana" porque, antes da adoo do meridiano de Greenwich como padro mundial de longitude 0, cada pas se orientava como queria. Geralmente, eram usadas as horas legais das respectivas capitais, como neste documento.

Os relgios locais nos EUA se referiam ao meridiano do Observatrio Naval em Washington; na Frana se orientavam pelo do Observatrio de Paris; na Inglaterra seguiam o do Observatrio de Greenwich; e no Brasil o padro era o meridiano do Observatrio Nacional, no Rio. Cada nao seguia a sua prpria hora oficial - no dava muito certo.

Pelo mapa de fusos acima, voc pode ver que enquanto em Washington eram 12h00min, no Rio de Janeiro eram 14h14min e em Paris, 17h22min. Reparou que cada cidade tinha sua hora diferenciada em minutos? Uma loucura!

Nos EUA foi assim at 1883, com cada cidade tendo sua prpria hora, de acordo com a passagem do Sol pelo meridiano local. Quando em Washington eram 12h00min, em Boston os relgios marcavam 12h24min. No Brasil isso perdurou at 1913: quando na Capital Federal (Rio de Janeiro) eram 12 horas, em Recife eram 12h33min e em Porto Alegre, 11h28min.

O meridiano de Greenwich foi aceito internacionalmente como o ponto inicial na escala dos meridianos para o clculo das longitudes em 1884, e o sistema atual de zonas de tempo foi mundialmente adotado em 1911. O globo terrestre foi dividido em 24 horas ou fusos, valendo cada um deles 15. No interior de cada fuso vigora uma determinada hora legal "inteira", sem fraes em minutos ou segundos.Notas 1) O diagrama indica a distncia area de 5.143 milhas entre o Rio e Washington 2) No Brasil, a adoo do meridiano de Greenwich como referncia na cartografia s ocorreu em 1935.

Mapa-mndi de Desliens, Dieppe, 1567O MUNDO DE PERNAS PRO AR

No, a imagem no est errada. Trata-se apenas de uma concepo original do cartgrafo Nicolas Desliens, h quase 500 anos, baseado no fato de que, se a Terra redonda, tanto faz como seja representada. Neste documento, o Norte est na parte inferior, mas a conveno atual de represent-lo para cima.

Uma curiosidade neste mapa-mndi a indicao da Austrlia (Terra Australis), legendada como "Java Grande", com bandeiras de Portugal. Os portugueses mal tinham descoberto o Brasil quando o navegante Cristvo de Mendona, em 1522, apareceu com notcias de um imenso e rico continente a sul de Timor.

Mas essa descoberta de nada serviu aos portugueses. Lembram-se de que eles tinham sido astuciosos e mudado a linha do Tratado de Tordesilhas para oeste, tirando o Brasil dos espanhis? Pois a conseqncia deste artifcio, no outro lado do globo, foi que a maior parte do novo continente passou para fora da faixa de domnio de Portugal. O cobertor era curto: recuando o Meridiano de Tordesilhas, os patrcios incluram o Brasil, mas terminaram excluindo a Austrlia, ora pois. As bandeirinhas no mapa no convenceram.

No detalhe da animao, ampliao do Brasil - de cabea pra baixo, mas com as legendas corretas.

Mapa de Vinland, autor desconhecido, sc. 15OS VIKINGS CHEGARAM ANTES

Desde que foi descoberto, em 1957, um mapa viking feito de couro de carneiro vem causando polmica entre pesquisadores e universidades. O documento representa o mundo na concepo dos exploradores escandinavos entre os anos 800 e 1100.

Ele mostra Frana, Espanha, Gr-Bretanha, Irlanda, Escandinvia, Aores e a parte da Amrica do Norte que foi explorada pelos vikings. Seu texto descreve como Leif Eiriksson, oriundo da Groelndia, encontrou uma nova terra chamada Vinland (Amrica), no ano 1000, quase meio sculo antes de Cristvo Colombo.

Como toda novidade histrica, o Mapa de Vinland foi aclamado por grande parte da comunidade cientfica e questionado por outro tanto. A maioria das anlises concluiu pela autenticidade do documento, mas houve pocas em que ele foi considerado uma fraude. Somente no sculo 21 o Mapa de Vinland recuperou a credibilidade: testes com Carbono-14 confirmaram sua origem em 1434 (margem de erro de 11 anos).

Embora no haja mais dvida cientfica sobre a validade do mapa viking, a resistncia a aceit-lo oficialmente grande. Entre outros motivos, porque passaria a valer 20 milhes de dlares, o dobro do preo do mapa mais caro do mundo atualmente, feito por Martin Waldseemuller em 1507. Este documento perderia valor imediatamente e desmoralizaria toda a pompa e circunstncia que foi criada em torno dele - a "certido de nascimento da Amrica", como venerado pelos americanos.

E o mais interessante: pesquisadores esto descobrindo evidncias de que tanto Cristvo Colombo como Amrico Vespcio teriam usado este e outros mapas semelhantes como base para a "descoberta" da Amrica do Norte. O documento est no acervo de obras raras da Universidade de Yale, nos EUA.