doença de chagas e seus principais vetores no brasil

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    Fundao Oswaldo Cruz

    Programa Integrado de Doena de Chagas (PIDC)

    Instituto Oswaldo Cruz

    Ao comemorativa do centenrio de descoberta

    da doena de Chagas

    * Laboratrio de Biodiversidade Entomolgica, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz.

    ** Laboratrio de Sistemtica e Bioqumica, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz.

    Rio de Janeiro

    2008

    Ana Maria Argolo*

    Mrcio Felix*

    Raquel Pacheco**

    Jane Costa*

    DOENA DE CHAGAS

    e seus Principais Vetores no Brasil

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    PRESIDNCIA DA REPBLICAPresidente

    Luiz Incio Lula da SilvaMinistro da Sade Jos Gomes Temporo

    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo CruzPresidentePaulo Marchiori Buss

    Vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnolgico Jos da Rocha Carvalheiro

    Vice-presidente de Desenvolvimento Institucional e Gesto do TrabalhoPaulo Ernani Gadelha Vieira

    Vice-presidente de Ensino, Informao e ComunicaoMaria do Carmo Leal

    Vice-presidente de Servios de Referncia e AmbienteAry Carvalho de Miranda

    Vice-presidente de Produo e Inovao em SadeCarlos Augusto Grabois Gadelha

    INSTITUTO OSWALDO CRUZDiretorTania Cremonini de Araujo-Jorge

    Vice-diretor de Pesquisa e Desenvolvimento TecnolgicoChristian Maurice Gabriel Niel

    Vice-diretor de Desenvolvimento Institucional e GestoClaude Pirmez

    Vice-diretor de Ensino, Informao e ComunicaoRicardo Loureno de Oliveira

    Vice-diretor de Servios de Referncia e Colees Cientficas

    Elizabeth Ferreira Rangel

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    N D I C E

    1 Introduo _____________________________________________ 10

    2 A doena de Chagas _____________________________________ 14

    O que a doena de Chagas? __________________________ 16

    Como se d a transmisso? _____________________________ 17

    Trypanosoma cruzi, o causador da doena de Chagas _________ 18

    Sintomas da doena __________________________________ 20

    3 Os insetos e suas caractersticas principais ___________________ 22

    4 Como diferenciar os barbeiros dos outros percevejos ___________ 265 Morfologia dos barbeiros _________________________________ 30

    Cabea ____________________________________________ 33

    Trax ______________________________________________ 34

    Abdmen ___________________________________________ 34

    Ovos e ninfas ________________________________________ 35

    6 Biologia dos barbeiros ____________________________________ 36

    7 Principais vetores de Trypanosoma cruzino Brasil (comnfase no "complexo brasiliensis") _____________________________ 40

    "Complexo brasiliensis" ________________________________ 42

    Triatoma brasiliensis brasiliensis _________________________ 43

    Triatoma brasiliensis macromelasoma ____________________ 44

    Triatoma melanica ____________________________________ 44

    Triatoma juazeirensis __________________________________ 46Triatoma petrochii ____________________________________ 48

    Triatoma infestans ____________________________________ 49

    Triatoma sordida _____________________________________ 50

    Triatoma pseudomaculata ______________________________ 51

    Panstrongylus megistus ________________________________ 52

    8 O controle e a vigilncia epidemiolgica ____________________ 54

    Referncias _______________________________________________ 58

    Anexo Onde obter informaes sobre doena de Chagas? ________ 63

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 7

    P R E F C I O

    Nas ltimas dcadas, a incidncia da doena de Chagas tem

    apresentado significativa reduo em vrias regies. Esse fato se deve ao trabalho continuado de controle dos vetores, atravs da aplicaosistemtica de inseticidas, mtodo que tem conseguido reduzir a taxa deinfestao, chegando mesmo a controlar o principal vetor no pas,Triatoma infestans, hoje restrito a apenas algumas localidades dos estadosda Bahia, Piau, Tocantins e Rio Grande do Sul.

    Mas, apesar de todo o esforo realizado pelos rgos de sade, sempreh a possibilidade de reinfestao, inclusive com a substituio da espcieeliminada por outras. As reas de infestao se concentram hojeprincipalmente na regio do semi-rido brasileiro, onde duas espcies soainda capturadas com muita freqncia: Triatoma brasiliensis, atualmenteo principal vetor da doena, e Triatoma pseudomaculata. Para a primeiraespcie, apresentada uma nova abordagem taxonmica e biogeogrfica,que tem implicaes diretas nas medidas de controle da transmisso vetorial.

    Um dos principais elementos para se controlar a doena de Chagas

    a educao das populaes que vivem em reas afetadas ou sob risco.Nesse sentido, o papel do agente de sade bem capacitado fundamen-

    tal para o sucesso das campanhas. Embora exista um grande volume deinformaes a respeito dos vetores e do parasito, so raras as obrasdestinadas ao treinamento dos agentes de sade.

    Esta publicao apresenta, em linguagem clara e objetiva, informaesatualizadas sobre as formas de transmisso da doena, seus vetores, seu

    ciclo biolgico e mtodos de controle. O contedo est direcionadoprincipalmente aos tcnicos e profissionais que atuam no controle e navigilncia dos vetores da doena de Chagas no Brasil. Entretanto, alinguagem simples e objetiva aqui adotada permite que a obra tambmpossa ser utilizada por pessoas que no esto familiarizadas com o assunto.

    Esperamos que esta publicao contribua para o trabalho dos agentesde sade e, indiretamente, que beneficie as populaes residentes emreas de fato ou potencialmente afetadas pela doena.

    Os autores.

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz8

    O sertanejo acordaO cu espera-o em espetculo

    Um restinho de noite ainda teima ficar,Quer ver o dia em luz abrindo-se!

    o solA flor da luzQue ora espinho s dor...

    Bem depois ele flor!Nessa hora ainda, o sertanejo

    Olha para o cuAcredita em dias melhores

    Hoje no!Ele espera!

    Encosta a enxada no cho!A semente cravada na terra

    Aguadas pelo seu suorGuarda-se para mais tarde

    Assim tambm ele!Acende uma vela ao santo

    Iluminar sua f!Nos dias de espera,

    A esperana espera-oEla paciente, espera-oE compreende se ele desesperar...

    No cu ele v sinaisQue o sertanejo entendeEle conhece esses sinais

    Quase tanto seus...E o crepsculo avizinha-se

    O sol quase indo

    Ainda deixa uns teimosos raiosDe si para olhar a noite!E o cu j sem estrelas

    Todas elas nos olhos do sertanejoQue est a olhar o cu!

    O sertanejo dormeA natureza guarda para eleUm amanh espetacular!

    Marluce Freire Nascasbez

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 9

    A G R A D E C I M E N T O S

    Presidncia da Fundao Oswaldo Cruz pela oportunidade de concretizao desta obra.

    Vice-Presidncia de Ensino, Informao e Comunicao pelo apoio, pelo exemplo e pelo entusiasmocom o qual acolheu este projeto.

    Dra. Tania Cremonini de Araujo-Jorge, Diretora do Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz, pelo incentivo epelo suporte para realizao deste livro.

    Dra. Joseli Lannes e Dra. Maria de Nazar Soeiro, Coordenadoras do Programa Integrado de Doena deChagas (PIDC), Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz, pelo apoio, incentivo, reviso do texto e sugestes valiosas.

    Aos tcnicos da Fundao Nacional de Sade (Funasa), pelo trabalho indispensvel nas coletas em campo.Rodrigo Mxas, Laboratrio de Imagem Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz, pelo cuidadoso trabalhofotogrfico.

    Vencio Ribeiro, Servio de Programao Visual Instituto de Comunicao e Informao Cientfica eTecnolgica em Sade / Fiocruz, pelo apoio na elaborao da ilustrao do ciclo de transmisso doTrypanosoma cruzi(Fig.3).

    A todos que gentilmente colaboraram cedendo ilustraes: Prof. Dr. Luis Rey, Laboratrio de Biologia eParasitologia de Mamferos Silvestres Reservatrios Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz (Fig.4 Conforme

    Pg.167, Fig.12.5, Rey L., Parasitologia, 3 edio, publicado pela Editora Guanabara Koogan SA, Copyright 2001, reproduzido com permisso da Editora e do Autor); Dra.Helene Santos Barbosa, Laboratrio deBiologia Estrutural Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz (Fig.2A); Dra. Mirian Claudia de Souza Pereira,Laboratrio de Ultra - estrutura Celular - Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz (Fig. 2B); Prof. Dr.Marcelo de Campos Pereira, Departamento de Parasitologia Instituto de Cincias Biomdicas / USP(Figs.9, 19); Gleidson Magno Esperana (Figs.12, 13, 14) e Paula Constncia Pinto Aderne Gomes (Fig.5),Laboratrio de Biodiversidade Entomolgica Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz.

    Fundao Carlos Chagas Filho de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), pelo auxlio editorao desta obra (processo n 110.523/2007).

    Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) pelo apoio aos projetosde pesquisa cujos resultados encontram-se resumidos nesta obra.

    equipe do Laboratrio de Biodiversidade Entomolgica Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz, pelacooperao e entusiasmo no desenvolvimento deste trabalho.

    Aos gestores do PIDC, Andria Dantas e Alexandre Fernandes, e assistente administrativa do Laboratriode Biodiversidade Entomolgica Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz, Renata Amaro, pelo convvio agradvele pela eficincia e competncia no encaminhamento das questes administrativas deste projeto.

    Ricardo Bittencourt von Sydow pelas sugestes criativas e leituras crticas.

    Ao artista plstico Menezes de Souza pela doao de CDs para a divulgao eletrnica desta obra.

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    11111Introduo

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz12

    E mbora conhecida desde 1909, quando foi descrita pelo mdicosanitarista Carlos Chagas, a doena de Chagas, tambmchamada de tripanossomase americana, ainda apresenta grandeimportncia em sade pblica no Brasil, ocorrendo principalmente no semi-

    rido nordestino. Est distribuda em todas as Amricas, desde o sul dosEstados Unidos at a Argentina e o Chile (Rey, 2001).

    Na Amrica Latina, essa doena figura entre as quatro principais

    endemias, sendo um dos seus maiores problemas sanitrios. Essa situao

    ocorre apesar das medidas de controle terem conseguido diminuir a

    incidncia em aproximadamente 70% nos pases do Cone Sul, atravs da

    eliminao de colnias domsticas e peridomsticas dos vetores e davigilncia dos bancos de sangue. Atualmente, estimativas indicam que

    treze milhes de pessoas esto infectadas, sendo que cerca de trs milhes

    apresentam sintomas. A incidncia anual de 200 mil novos casos

    registrados em quinze pases (Morel & Lazdins, 2003).

    Segundo Moncayo (1999), o nmero de infestaes domiciliares no

    Brasil diminuiu consideravelmente nas dcadas de 80 e 90. No perodo de

    1983 a 1997, a incidncia de casos da doena caiu em 96% na faixa etriade sete a catorze anos, resultado da Campanha do Controle da Doena de

    Chagas, efetuada pela Fundao Nacional de Sade (Funasa), na poca

    daquele estudo.

    Uma das dificuldades em se combater os insetos vetores da doena

    (barbeiros) o fato de novas espcies ocuparem nichos que eram antes

    ocupados por outras, fenmeno conhecido como sucesso ecolgica. Outro

    fator a ser considerado que a destruio de hbitats naturais, causando a

    reduo da oferta de animais dos quais os barbeiros se alimentariam, leva

    esses insetos a procurarem outras fontes alimentares. Tais fontes so facilmente

    encontradas em casas de zonas rurais, onde normalmente criaes de

    animais, como porcos, galinhas, etc., atuam como atrativo para a infestao

    das reas peridomiciliares. Algumas espcies de barbeiros passam a habitar

    o interior dos domiclios, sendo levadas s casas atravs dos animais ou

    mesmo pelos moradores quando estes trazem materiais, tais como lenha,

    palha, etc., do seu quintal ou terreiro para o interior do domiclio.

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 13

    Diotaiuti et al. (1995) e Costa et al. (2003a) mostraram que, no estado

    de Minas Gerais, nichos antes ocupados por Triatoma infestans foram

    posteriormente ocupados por T. sordida, em um claro exemplo de sucesso

    ecolgica. At 1997, T. infestansera considerada a principal espcie vetora

    do Trypanosoma cruzi, parasito causador da doena de Chagas. Ascampanhas de controle fizeram com que a porcentagem de municpios

    brasileiros infestados por este vetorfosse reduzida de 30,4% em 1983 para

    apenas 7,6% em 1993 (Silveira & Vinhaes, 1998) (Fig. 1). Mais

    recentemente, o mesmo fato foi detectado por Almeida et al. (2000) que,

    conduzindo um estudo no sul do Brasil, mostrou que a incidncia de

    T. rubrovaria estava aumentando, enquanto a de T. infestans decrescia.

    Esses dados demonstram que algumas espcies de barbeiros so altamenteantropoflicas, tendo grande capacidade de colonizao e adaptao a

    novos hbitats, o que dificulta o controle da doena.

    Fig. 1 rea dedisperso deTriatoma infestans,Brasil, 1983 a1999. Modificadode Dias (2002).

    Para melhor entendermos esses processos, preciso que conheamos

    um pouco mais a respeito da ecologia dos barbeiros, do modo de infeco

    desses insetos pelo protozorio causador da doena, o T. cruzi, e de como

    a sua transmisso ao homem ocorre.

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    22222A doena de Chagas

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    O que a doena de Chagas?

    Adoena de Chagas uma infeco parasitria causada pelo

    Trypanosoma cruzi, um protozorio cujo ciclo de vida inclui a

    passagem obrigatria por vrios hospedeiros mamferos, para osquais so transmitidos pelo inseto vetor, o barbeiro. Essa doena tambm

    pode ser considerada uma antropozoonose resultante das alteraes

    produzidas pelo ser humano no meio ambiente e das desigualdades

    econmicas. Segundo Vinhaes & Dias (2000), o T. cruzi vivia restrito aoambiente silvestre, circulando entre mamferos. O homem invadiu essesectopos e se fez incluir no ciclo epidemiolgico da doena, oferecendo

    abrigos propcios instalao desses hempteros, como por exemplo, casasde pau-a-pique (barro e madeira) e lugares de criao de animais, comogalinheiros e currais.

    So reconhecidos dois ciclos de transmisso do T. cruzi: um ciclosilvestre e um domstico. O primeiro constitui o ciclo original da

    tripanossomase americana, do qual participam mais de duzentas espciesentre hospedeiros e triatomneos silvestres. O T. cruzi circula entre

    mamferos silvestres atravs do inseto vetor. Entretanto, os ciclos da doenade Chagas nestes animais permanecem com muitas dvidas, devido complexidade dos inmeros hospedeiros e vetores envolvidos. O ciclodomstico bem estudado e desse participam o homem, animaissinantrpicos e triatomneos domiciliares. Seu incio ocorreu quando ohomem passou a ocupar os ectopos silvestres, em vivendas rurais,oferecendo abrigo e alimento abundante aos vetores, incluindo-se, dessa

    forma, no ciclo epidemiolgico da doena.

    As constantes alteraes no ambiente natural provocadas pelohomem (atividade antrpica), como a destruio da vegetao pelaagricultura, acarretando desequilbrios nos ecossistemas, levaram modificao de comportamento dos insetos vetores. Esses ocuparamfacilmente os nichos deixados vagos pela erradicao do Triatoma infestans,possibilitando, dessa maneira, a formao de novos ciclos de transmissoda doena de Chagas no peri e intradomiclio por espcies originalmente

    silvestres.

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 17

    Como se d a transmisso?

    Os barbeiros infestam principalmente as casas das regies rurais e

    so bastante conhecidos pelos habitantes dessas reas. Esses insetos

    no nascem infectados com o agente causador da doena de Chagas,o T. cruzi, mas se infectam ao sugar o sangue de animais que tenham o

    parasito, tais como marsupiais (gambs), roedores, aves e at o prprio

    homem. Embora os barbeiros se alimentem desses animais, assim como

    de rpteis e anfbios, somente os mamferos so infectados com o T. cruzi.

    As aves constituem grande fonte de alimentao para os barbeiros, tanto

    em ambiente silvestre como nos peridomiclios (criao de galinhas, por

    exemplo), mas no so contaminadas com o T. cruzi(Torres & Dias, 1982).Nas populaes rurais, em certas regies do Brasil onde ainda impera

    a pobreza, as casas de taipa (barro batido) e/ou com telhados feitos de

    folhas de palma ou de piaava so muito comuns. Essas casas geralmente

    possuem frestas, buracos e so mal iluminadas. Dessa maneira, os

    barbeiros que se adaptaram aos domiclios encontram a condies ideais

    para viver e procriar. Alm disso, essas populaes muito comumente

    usam lenha para fazer o fogo e barbeiros podem ser conduzidos aos

    domiclios escondidos entre os pedaos de madeira, ou mesmo carregados

    por animais de criao que habitam o peridomiclio. Esses fatos so de

    extrema importncia pois, dos quintais, os barbeiros podem invadir e infestar

    o interior dos domiclios.

    Alguns barbeiros, como Panstrongylus megistus, gostam de

    ambientes midos; outros, como Triatoma infestans, T. brasiliensiseT. pseudomaculata, preferem ambientes mais ridos, mas sempre quentes

    e pouco iluminados (Forattini, 1980). Durante o dia se escondem nas frestas,

    buracos, palha do telhado, embaixo de colches e em todo tipo de tralha

    ou entulho que encontram. noite, saem em busca de alimento. Em geral,

    os barbeiros fazem a suco enquanto as pessoas esto dormindo. A picada,

    pouco dolorosa, permite que se alimentem sem dificuldade. Mas a picada

    por si s no transmite a doena, pois o protozorio eliminado nasexcrees dos barbeiros. Depois de se alimentar, o barbeiro defeca. Em

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz18

    geral, ocorre uma leve ardncia ou coceira no local afetado, assim, quando

    a pessoa se coa, acaba por introduzir os tripanossomdeos contidos nas

    excrees do barbeiro no organismo, causando a infeco.

    Trypanosoma cruzi, o causador da doena de Chagas

    O Trypanosoma cruzi, quando eliminado pelas fezes do barbeiro,

    apresenta-se na forma de uma clula alongada com um flagelo que lhe

    facilita o movimento, chamada tripomastigota (Fig. 2A). Estes

    tripomastigotas so chamados metacclicos, tipo ocorrente no organismo

    dos barbeiros. Aps a entrada no organismo do hospedeiro vertebrado,

    ocorre a infeco de clulas prximas ao local da picada (Fig. 3). Dentroda clula, os tripomastigotas assumem uma forma ovide e sem flagelo,

    chamada amastigota (Fig. 2B), a qual se multiplica rapidamente. O grande

    nmero de parasitos provoca o rompimento celular e os tripanossomdeos

    entram na corrente sangunea e no sistema linftico. Nesse momento, eles

    reassumem novamente a forma flagelada, sendo chamados de

    tripomastigotas sanguneos, tipo ocorrente nos vertebrados. Assim,

    espalham-se pelo organismo e infectam mais clulas em novos ciclos (Fig. 3),causando leses principalmente em tecidos musculares cardacos e lisos,

    podendo levar a graves problemas, como a insuficincia cardaca, e tambm

    ao bito (Rey, 2001).

    Fig. 2 As duas principais formas do Trypanosoma cruziem hospedeiros vertebrados: A, tripomastigota(formas sanguneas aderidas a clulas musculares cardacas); B, amastigota (formas intracelularespresentes no citoplasma de clulas musculares cardacas, onde se multiplicam). Fotos: (A) HeleneBarbosa, IOC/Fiocruz; (B) Mirian Claudia Pereira, IOC/Fiocruz.

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 19

    Fig.

    3Ciclodetransmiss

    odoTrypanosomacruzi(simplificado).Infogrfico:VencioRib

    eiro,ICICT/Fiocruz.

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz20

    O barbeiro, ao se alimentar do sangue de vertebrados infectados, ingere

    os tripomastigotas sanguneos. No intestino mdio do inseto, os

    tripanossomas vo se transformar na forma epimastigota (exclusiva do

    hospedeiro invertebrado) e se multiplicar. Esta forma parecida com a

    tripomastigota, entretanto o cinetoplasto, um orgnulo menor que o ncleo,encontra-se prximo a este (Fig. 3). Nos tripomastigotas, o cinetoplasto

    maior e encontra-se prximo extremidade anterior do T. cruzi. No

    intestino posterior do barbeiro, os epimastigotas se diferenciam para a forma

    tripomastigota metacclica, tipo que ser eliminado com as fezes e urina

    durante o repasto sanguneo, podendo penetrar no organismo do hospedeiro

    vertebrado por meio da picada ou mucosas, renovando assim o ciclo de

    transmisso (Fig. 3).

    Sintomas da doena

    Nos primeiros anos, a doena pode ser assintomtica. Nos primeiros

    dias aps a picada, em geral de 4 a 10 dias, podendo variar at a algumas

    semanas, a pessoa pode apresentar um quadro de febre, mal-estar, falta deapetite, uma leve inflamao no local da picada, infartamento de gnglios,

    aumento do bao e do fgado e distrbios cardacos (Rey, 2001). Os sinais

    mais caractersticos da fase aguda so o chagoma (inchao na regio da

    picada) e o sinal de Romaa (Fig. 4), inchao das plpebras, que ficam

    quase totalmente fechadas (alguns barbeiros tm preferncia em picar parte

    do rosto prxima aos olhos). Nesta fase da doena, o tratamento ainda

    possvel, mas em geral a mesma passa despercebida e a pessoa no sentemais do que o leve incmodo da picada.

    A doena s vai se manifestar mesmo muitos anos depois, na fase

    crnica, quando o corao j est gravemente comprometido. Os

    tripanossomas multiplicam-se no eixo maior do msculo, formando uma

    grande massa, lesionando o miocrdio e, menos intensamente, tambm o

    pericrdio, o endocrdio e as arterolas coronrias. O indivduo infectado

    pode apresentar diversas manifestaes clnicas, como falta de ar, tonturas, taquicardia, braquicardia e inchao nas pernas. Alm disso, o parasito

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 21

    tambm pode causar leses no fgado

    e nos sistemas nervoso e linftico.

    Nessa fase, j no mais possvel

    tratar a doena e no h ainda soro

    ou vacina contra a mesma.

    A infeco por T. cruzi pode

    ocorrer, em menor escala, atravs de

    transfuso de sangue e, muito

    raramente, por transmisso oral,

    congnita, manuseio de animaissilvestres e domsticos, transplantes

    de rgos e acidentes em laboratrios

    e hospitais.

    O impacto econmico causado pela doena grande, alm do custo so-

    cial altssimo. Um grande nmero de pessoas em idade produtiva morreprematuramente. O custo de pacientes crnicos tambm atinge cifras

    alarmantes. No existe tratamento efetivo para a doena. As drogas disponveis

    apenas matam os parasitos extracelulares. importante ressaltar que os danos

    causados pelo parasito so irreversveis, deixando seqelas que muitas vezes

    impossibilitam o homem de exercer suas funes (Brener, 1986).

    Fig. 4 Sinal de Romaa em umamenina procedente de rea endmicano Brasil. Fonte: Rey (2001).

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    33333Os insetos e suas

    caractersticas principais

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz24

    P araummelhorentendimentodasrelaesdosbarbeiroscom outrosgruposdeanimais,apresentamosaseguirumaclassifi- caohierrquicaatonveldospercevejoshematfagos(quesugam sangue),grupoemqueesses insetos se incluem.

    Filo: Arthropoda.Animaisdecorpoepernas segmentados, taiscomo

    aranhas,carrapatos, insetos,etc. (Fig. 5).

    Classe: Insecta. Animais com corpo dividido em cabea, trax e

    abdmen, apresentando sempre trs pares de pernas articuladas e um par

    de antenas (Fig. 6).

    Subclasse: Pterygota. Insetos que apresentam asas (Fig. 5A).

    Fig. 5 Artrpodes. A, mariposa (inseto); B, aranha (aracndeo). Fotos: Paula Constncia Gomes.

    Fig. 6 Inseto tpico. C, cabea; T, trax; A, abdmen; an, antena; pb, peas bucais; oc, ocelo; ol,

    olho composto; pr, protrax; ms, mesotrax; mt, metatrax; pa, perna anterior; pm, perna mediana;

    pp, perna posterior; aa, asa anterior; ap, asa posterior; ov, ovipositor. Modificado de http://universe-

    review.ca/R10-33-anatomy.htm

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 25

    Ordem: Hemiptera. Percevejos em geral; apresentam cabea com

    rostro trissegmentado, dois pares de asas, sendo as anteriores metade

    coriceas e metade membranosas (hemilitros) e as posteriores

    inteiramente membranosas (Figs. 7, 8).

    Famlia: Reduviidae. Percevejos com cabea fina e alongada e pescoo

    bem marcado.

    Subfamlia: Triatominae. Rostro longo e reto, alcanando o primeiro

    par de pernas (Fig. 7A).

    A subfamlia Triatominae est representada por 137 espcies descritas

    (Galvo et al., 2003). A maioria delas ocorre na Amrica Latina, mas apenas

    sete figuram na lista de principais vetores da doena: Triatoma infestans,

    T. dimidiata, T. sordida, T. brasiliensis, T. pseudomaculata, Panstrongylus

    megistus e Rhodnius prolixus. Uma outra espcie, Triatoma petrochii,

    tambm ser tratada aqui, por ser morfologicamente semelhante a

    T. brasiliensis. Portanto, a distino entre estas importante para o

    monitoramento das infestaes domiciliares.

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    44444Como diferenciar os

    barbeiros dos outrospercevejos

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz28

    Oshempterospodemserhematfagos,comoosbarbeiros,comrostrocurto(ultrapassandopoucoaregiodopescoo)e reto (Fig.7A) sealimentamexclusivamentede sangue,porissotmgrandeimportnciamdica; entomfagosoupredadores,com

    rostro curto e curvo (Fig. 7B) se alimentam de insetos; fitfagos, comrostro longo (ultrapassando bastante a regio do pescoo) e reto,

    aparentando terquatrosegmentos sealimentamdeseiva (Fig.7C).

    Fig. 7 Vista lateralda poro anterior de

    diferentes Hemiptera.

    A, hematfago;

    B, predador;

    C, fitfago. As setas

    azuis indicam a

    regio do pescoo e

    as setas vermelhas, o

    pice do rostro.

    Modificado de Lent &Wygodzinsky (1979).

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    Os triatomneos so vulgarmente chamados de barbeiros devido ao

    fato de geralmente picarem a face, rea mais propensa a ficar descoberta,

    sugando sangue, atuando principalmente noite. Seus nomes vulgares

    variam de regio para regio: chupes, procots (serto da Paraba),

    vum-vum (Bahia), chupana (Mato Grosso), vinchucas (pases andinos),chincha voladora (Mxico), kissing bugs (Estados Unidos) (Marcondes,

    2001). Em geral, tm tamanho entre 2 e 3 cm, mas podem variar de 0,5 a

    4,5 cm. Sua cabea longa, os olhos salientes, as antenas implantadas nas

    laterais da cabea e o rostro fica dobrado sob a mesma, sendo curto e reto,

    no ultrapassando o primeiro par de pernas.

    Os barbeiros tm desenvolvimento hemimetablico, isto , as formasjovens so parecidas s adultas. Em geral so insetos lentos, pouco

    agressivos e de pouca mobilidade. Podem viver tanto em ambiente silvestre

    como em domiclios e reas circundantes (peridomiclios), alguns sendo

    exclusivamente silvestres.

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    55555Morfologia dos barbeiros

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz32

    s barbeiros, assim como os demais insetos, possuem

    um exoesqueleto, que trocado atravs da muda ou

    ecdise permitindo o crescimento, e o corpo dividido em

    cabea, trax e abdmen. A forma das peas que constituem cada uma

    dessa partes varia de acordo com as espcies.

    Fig. 8 Aspecto geral de um barbeiro adulto macho (Triatoma melanica). cl, clpeo; an, antena; ta,

    tubrculo antenfero; ol, olho; cr, crio; cm, clula da membrana; me, membrana; oc, ocelo; la, loboanterior do pronoto; lp, lobo posterior do pronoto; es, escutelo; cn, conexivo. Foto: Rodrigo Mxas,

    IOC/Fiocruz.

    O

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 33

    Cabea

    A cabea dos barbeiros longa, os olhos so bem desenvolvidos, com

    vrios omatdeos, e um par de ocelos est presente. Na cabea ainda

    insere-se lateralmente um par de antenas, com funo sensorial (olfato eaudio), constituda por quatro artculos. Vista de cima, a extremidade

    anterior da cabea recebe o nome de clpeo (Fig. 8, cl).

    As peas bucais formam um conjunto complexo nos barbeiros. Suas

    partes esto encaixadas e so difceis de distinguir. Ficam ao redor da

    boca e so constitudas por um rostro curto e reto, com trs segmentos,

    no ultrapassando o primeiro par de pernas.

    Na base da antena h uma pea chamada tubrculo antenfero (Fig. 8, ta),

    que de grande importncia na identificao dos trs principais gneros,

    por inclurem espcies associadas a domiclios. Atravs da posio dos

    tubrculos antenferos, podemos diferenciar Panstrongylus, Rhodnius e

    Triatoma (Fig. 9):

    tubrculo antenfero prximo aos olhos e cabea curta Panstrongylus;

    tubrculo antenfero prximo extremidade anterior da cabea, que longa e estreita Rhodnius;

    tubrculo antenfero no meio da regio anteocular Triatoma.

    Fig. 9 Diferenciao dos gneros Panstrongylus, Rhodnius e Triatoma. A, Panstrongylus - as antenas

    encontram-se inseridas junto margem anterior dos olhos; B, Rhodnius - as antenas apresentam-se no

    pice da cabea; C, Triatoma - as antenas inserem-se na metade da distncia entre o pice da cabea

    e a margem anterior dos olhos. Fotos: Marcelo Pereira, ICB/USP. Fonte: http://www.icb.usp.br/~marcelcp

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    Trax

    O trax composto por trs segmentos: protrax, mesotrax e

    metatrax. A parte dorsal de cada segmento chamada de noto, as lateraisde pleura, e a ventral de esterno, assim, no primeiro segmento temos o

    pronoto, as propleuras e o proesterno. No segundo e terceiro segmentos,

    os nomes das partes recebem os prefixos meso e meta, respectivamente.

    Na poro dorsal do trax, possvel observar uma pea triangular,

    denominada escutelo (Fig. 8, es), que se alonga por sobre os primeiros

    segmentos abdominais.

    Cada par de pernas se insere em um segmento do trax. A perna

    constituda de coxa, trocnter, fmur, tbia e tarso, este dividido em vriosartculos chamados tarsmeros. No trax tambm se inserem os dois pares

    de asas, sendo as anteriores metade coriceas e metade membranosas

    (hemilitros) (Fig. 8, cr, me) e as posteriores inteiramente membranosas.

    Abdmen

    O abdmen dos barbeiros achatado dorso-ventralmente e, quandoas asas esto em repouso, pode-se ver uma borda, chamada conexivo(Fig. 8, cn). Em geral, o conexivo apresenta manchas, as quais so de

    grande importncia para a identificao de espcies. A distino dos sexos

    feita observando-se a parte posterior do abdmen que, em vista dorsal,

    contnua nos machos e chanfrada nas fmeas (Fig. 10). Na chanfra (rea

    onde o conexivo se interrompe), pode-se notar o ovipositor.

    Fig. 10 Detalhe da poro dorso-apical do abdmen de um casal de Triatoma juazeirensis,mostrando a diferena entre as genitlias. Em um macho, o conexivo contnuo; em uma fmea, o

    conexivo interrompido, deixando mostra o ovipositor. Fotos: Rodrigo Mxas, IOC/Fiocruz.

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    Ovos e ninfas

    Os ovos variam de espcie para espcie, com o exocrio apresentando

    diferentes caractersticas morfolgicas, e, por isso, so teis para a

    diferenciao de espcies. Os barbeiros sofrem cinco mudas, apresentandocinco nstares (ou estdios) de ninfa. Os jovens so semelhantes aos adultos,

    excetuando-se as asas e genitlia, que no se apresentam totalmente

    desenvolvidas (Fig. 11).

    Fig. 11 Ciclo de vida de

    um barbeiro (Triatoma

    brasiliensis brasiliensis).

    Fotos: Rodrigo Mxas, IOC/Fiocruz.

    1

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    66666Biologia dos barbeiros

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz38

    Amaioria das espcies de barbeiro habita os ambientes

    silvestres, ninhos de gambs, locas de tatu e uma srie

    deoutrosdiferenteshbitats,apresentandoprefernciaporabrigos

    empedras,tocasdeanimaisnosoloepalmeiras,cadagneroapresentando

    suaespecificidade(Figs.12,13,14).

    Fig. 12 Ectopo silvestre, PB. Foto: Gleidson Esperana.

    Fig. 13 Casa tpica da regio rural do semi-rido nordestino, PB. Foto: Gleidson Esperana.

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    Fig. 14 Peridomiclio com galinheiro, PB. Foto: Gleidson Esperana.

    Os barbeiros vivem em mdia dois anos. Tanto o macho quanto a fmea

    so hematfagos. A fmea adulta coloca de uma a duas centenas de ovos,

    o que acontece logo aps a alimentao sangunea, quando ento volta

    ao esconderijo e l os deposita. Cada ovo d origem a uma ninfa que, logo

    aps a primeira suco, perde o exoesqueleto (exvia), sofrendo a primeiramuda, possibilitando que o inseto aumente de tamanho.

    Vrios fatores contribuem para a transmisso do T. cruziaos humanos.

    A infeco est diretamente relacionada ao grau de associao entre os

    barbeiros e o parasito, colonizao dos domiclios, capacidade de

    proliferao, quantidade de protozorios eliminados e tempo que o barbeiro

    leva para defecar. Os triatomneos considerados bons vetores apresentam

    todas essas caractersticas otimizadas e podem defecar durante ou logo

    aps a alimentao sangunea.

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    77777Principais vetores de

    Trypanosoma cruzino Brasil

    (com nfase no "complexo brasiliensis")

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz42

    A seguir, apresentado um breve resumo dos principais vetores

    de T. cruzi no Brasil, com relao distribuio geogrfica,

    morfologia e ecologia. Essas informaes podero servir de base

    para os trabalhos de campo dos tcnicos das secretarias de sade e da

    Funasa. Especial ateno dada aos integrantes do complexobrasiliensis, devido s recentes modificaes na taxonomia tradicional,

    referentes a T. brasiliensis. Triatoma petrochii, embora no seja uma espcie

    vetora, tambm ser tratada aqui por ser muito semelhante a uma das

    espcies do complexo brasiliensis (Lent & Wygodzinsky, 1979; Monteiro

    et al., 1998).

    "Complexo brasiliensis" (Figs. 16, 17)

    O termo complexo brasiliensis se refere ao conjunto das diferentes

    espcies e subespcies anteriormente consideradas apenas como variaes

    cromticas de T. brasiliensis(Lent & Wygodzinsky, 1979). Nele inclui-se o

    principal vetor da doena de Chagas nas regies semi-ridas do nordeste

    brasileiro. O histrico taxonmico e a composio do complexo soapresentados a seguir.

    A primeira espcie do complexo, T. brasiliensis, foi descrita por Neiva

    (1911). Neiva & Lent (1941) descreveram um novo padro de T. brasiliensis,

    uma subespcie qual deram o nome de T. brasiliensismelanica, com base

    em exemplares coletados em Espinosa (MG). Desse modo, a forma

    nominativa tambm considerada uma subespcie: T. brasiliensis

    brasiliensis. Galvo (1956) descreveu mais uma subespcie, T. brasiliensis

    macromelasoma, com base em exemplares coletados em Juazeiro (BA) e

    Petrolina (PE). Entretanto, Lent & Wygodzinsky (1979), afirmando que padres

    intermedirios entre os mencionados acima podiam ser encontrados na

    natureza, sinonimizaram todas as subespcies, considerando-as apenas como

    variaes da primeira espcie descrita, T. brasiliensis.

    Os estudos morfolgicos, biolgicos, ecolgicos e molecularesrealizados por Costa (1997), Costa et al. (1997a, 1997b, 1998, 2002, 2003b)

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 43

    e Monteiro et al. (2004) mostraram que tais diferenas de colorao

    observadas representam, na verdade, a existncia de trs espcies, sendo

    uma delas com duas subespcies. Como resultado taxonmico, uma nova

    espcie foi descrita, T. juazeirensis(Costa & Felix, 2007), e a subespcie

    T. bras. melanicafoi elevada categoria de espcie, T. melanica(Costa etal ., 2006). sugerido ainda, na presente publicao, que as duas

    subespcies restantes, T. bras. brasiliensise T. bras. macromelasoma, sejam

    consideradas como vlidas. Em resumo, exemplares que antes eram

    identificados como T. brasiliensis agora podem ser caracterizados como:

    T. brasiliensis (subespcies T. bras. brasiliensise T. bras. macromelasoma),

    T. melanica ou T. juazeirensis. Portanto, esses quatro txons sero aqui

    tratados independentemente.

    Triatoma brasiliensis brasiliensis (Figs. 15, 16, 17A)

    Distribuio geogrfica MA, PI, CE, RN, PB, AL, SE, TO e GO.

    Comprimento total Macho: 21-23 mm; fmea: 22-25 mm.

    Cor geral amarelo-acastanhada, colarinho amarelado no centro; pronoto

    com faixas longitudinais amarelas, alargando-se para fora das carenas

    medianas, desde a margem posterior do lobo posterior at o lobo anterior,

    onde se estreitam; membrana do hemilitro clara, com leve tonalidade

    escura nas clulas internas; trocnteres predominantemente amarelos,

    fmures com anel mediano largo; machos com fosseta esponjosa nas tbias

    anteriores e medianas, ausente nas fmeas.

    Aspectos ecolgicos Pode ser encontrado em ectopos variados; no

    ambiente silvestre (pedregais), no peridomiclio (galinheiros, currais, cercas

    de madeira, muros de pedra, etc.). Em alguns casos pode causar altas

    infestaes intradomiciliares.

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz44

    Triatoma brasiliensis macromelasoma (Figs. 16, 17B)

    Distribuio geogrfica PE.

    Comprimento total Macho: 20-22 mm; fmea: 21-22 mm.

    Cor geral negro-amarelada, colarinho negro; pronoto com faixas

    amareladas no triangulares, estendendo-se da poro posterior do lobo

    anterior at a poro posterior do lobo posterior, mas no atingindo sua

    margem, ou com uma linha clara sobre as carenas medianas; membrana

    do hemilitro com clulas internas parcialmente enegrecidas.

    Aspectos ecolgicos Encontrada no ambiente silvestre (pedregais) e

    principalmente no peridomiclio. Pode tambm infestar o interior dasresidncias.

    Triatoma melanica (Figs. 16, 17C)

    Distribuio geogrfica Espinosa e Porteirinha (norte de MG) e Urandi

    (sul da BA).

    Comprimento total Macho: 20,3-24 mm; fmea: 21-24 mm.

    Cor geral negra com reas amareladas, colarinho negro; pronoto com

    faixas triangulares partindo da margem posterior do lobo posterior, mas

    no atingindo o lobo anterior; membrana do hemilitro com clulas internas

    totalmente negras; trocnteres escuros, fmures com manchas claras no

    formando anel ntido; machos com fosseta esponjosa nas tbias anteriores,

    ausente nas fmeas.

    Aspectos ecolgicos Encontrada exclusivamente no ambiente

    silvestre (pedregais) e podendo invadir os domiclios, principalmente du-

    rante os perodos de seca. Ainda no foi encontrada colonizando os

    domiclios.

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 45

    Fig. 15 Triatoma brasiliensis brasiliensis. 1-4, ovos em diferentes fases; 5-7, ninfas em diferentesestdios; 8, fmea adulta (pode-se observar a genitlia pela chanfra); 9, detalhe da cabea mostrando

    o rostro com trs segmentos; 10, detalhe da genitlia do macho. Ilustrao: Castro Silva.

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    Triatoma juazeirensis (Figs. 16, 17D)

    Distribuio geogrfica BA.

    Comprimento total Macho: 20-24 mm; fmea: 23-25,5 mm.

    Cor geral negra com partes amareladas a acastanhadas; pronoto, emgeral, inteiramente negro, podendo apresentar um par de pequenos pontos

    castanhos na parte anterior da carena submediana; membrana do

    hemilitro com clulas internas parcialmente enegrecidas; fmures

    inteiramente negros; machos com fosseta esponjosa nas tbias anteriores e

    medianas, ausente nas fmeas.

    Aspectos ecolgicos Encontrada no ambiente silvestre (pedregais) eno peridomiclio, podendo tambm infestar o intradomiclio.

    Fig. 16 Distribuio geogrfica das espcies e subespcies do "complexo brasiliensis" de

    acordo com Costa et al. (2008). Os pontos de interrogao representam reas no limite dadistribuio do complexo, onde espcimes de Triatoma brasiliensis brasiliensis so raramenteencontrados em domiclios.

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 47

    Fig. 17 "Complexo brasiliensis". A, Triatoma brasiliensis brasiliensis; B, Triatoma brasiliensismacromelasoma; C, Triatoma melanica; D, Triatoma juazeirensis. Fotos: Rodrigo Mxas, IOC/Fiocruz.

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz48

    Triatoma petrochii (Fig. 18)

    Distribuio geogrfica RN, PE, BA (Lent & Wygodzinsky, 1979) e

    recentemente foi coletado na PB (Almeida e colaboradores, comunicao

    pessoal).Comprimento total Macho: 17-21,5 mm; fmea: 18-23 mm.

    Cor geral castanho-escura, com marcas amareladas no pronoto,

    escutelo, hemilitros e conexivo. Difere dos elementos do complexo

    brasiliensis pelas seguintes caractersticas: primeiro segmento antenal

    incomumente curto, atingindo pouco mais da metade da distncia entre a

    base e o pice da cabea; fosseta esponjosa ausente em machos e fmeas.

    Aspectos ecolgicos Encontrada no ambiente silvestre (pedregais),

    preferencialmente em locas de Kerodon rupestris, os mocs. No foi

    encontrada infestando o interior de residncias.

    Fig. 18 Triatoma petrochii, macho. Ilustrao: Raymundo Honrio.

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 49

    Triatoma infestans (Fig. 19)

    Distribuio geogrfica Argentina, Bolvia, Brasil, Chile, Equador,

    Paraguai, Peru e Uruguai. No Brasil, essa espcie ocorria nos seguintes

    estados: PE, AL, BA, MT, MS, TO, GO, DF, MG, RJ, SP, PR, SC e RS(Lent & Wygodzinsky, 1979). Atualmente, os focos se restringem ao

    sudeste do PI, sul do TO, nordeste de GO, oeste da BA e nordeste do RS

    (Vinhaes & Dias, 2000).

    Comprimento total Macho: 21-26 mm; fmea: 26-29 mm.

    Cor geral castanha, com pronoto negro e faixas escuras largas no

    conexivo; trocnteres e base dos fmures amarelos; machos com fosseta

    esponjosa nas tbias anteriores e medianas, ausente nas fmeas.

    Aspectos ecolgicos Forma grandes populaes nos domiclios e

    timo vetor de T. cruzi. Em reas invadidas por este vetor, ficou constatado

    o aumento da incidncia de casos. exclusivamente domiciliado, no

    sendo encontrado em ectopos silvestres.

    Fig. 19 Triatoma infestans, macho. Foto: Marcelo Pereira, ICB/USP.Fonte: http://www.icb.usp.br/~marcelcp

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz50

    Triatoma sordida (Fig. 20)

    Distribuio geogrfica Argentina, Bolvia, Brasil, Paraguai e Uruguai.

    No Brasil, est amplamente distribudo: PI, PE, MT, MS, TO, GO, DF, BA,

    MG, SP, PR, SC e RS (Lent & Wygodzinsky, 1979).Comprimento total Macho: 14-19 mm; fmea: 15-20 mm.

    Cor geral amarela; pronoto castanho com par de manchas amarelas

    nas regies umerais; conexivo com manchas escuras em forma de nota

    musical, ou seja, mais largas na borda que no meio; fmures amarelos,

    com anel castanho subapical e manchas castanhas irregulares na superfcie

    dorsal; machos com fosseta esponjosa nas tbias anteriores e medianas,

    ausente nas fmeas.

    Aspectos ecolgicos Em ambiente natural, esse barbeiro

    freqentemente associado a aves (Diotaiuti et al., 1998). Invade os

    domiclios principalmente depois que outras espcies melhor adaptadas a

    esses so eliminadas. a espcie mais capturada em domiclios no Brasil,

    no entanto, no se mostra um vetor poderoso, o que pode estar relacionado

    com o fato de no ambiente silvestre estar mais associada s aves.

    Fig. 20 Triatoma sordida, macho. Ilustrao: Castro Silva.

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 51

    Triatoma pseudomaculata (Fig. 21)

    Distribuio geogrfica Brasil: PI, CE, RN, PB, PE, AL, TO, GO, DF,

    BA e MG (Lent & Wygodzinsky, 1979).

    Comprimento total Macho: 17-19 mm; fmea: 19-20 mm.Cor geral escura, com manchas alaranjadas no pescoo, trax, crio e

    conexivo; conexivo com distintas manchas escuras (pretas ou castanhas)

    e alaranjadas, dispostas alternadamente; machos com fosseta esponjosa

    nas tbias anteriores e medianas, ausente nas fmeas.

    Aspectos ecolgicos Pode colonizar os domiclios, especialmente na

    regio semi-rida. to bem adaptada a altas temperaturas que comumentefica na parte da casa que recebe sol tarde e no telhado. Sua eficincia na

    transmisso de T. cruzi pequena, provavelmente por eliminar poucos

    tripomastigotas nas fezes e por sugar freqentemente aves. Alm disso,

    capturada em baixos nmeros quando comparada a outras espcies, sendo

    considerada de pouca importncia na contaminao humana. Entretanto,

    j foi encontrada infestando numerosas casas em uma comunidade na

    periferia de Sobral (CE), sem anexos peridomiciliares, construdas perto devegetao de caatinga.

    Fig. 21 Triatoma pseudomaculata, macho. Foto: Rodrigo Mxas, IOC/Fiocruz.

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    Panstrongylus megistus (Fig. 22)

    Distribuio geogrfica Argentina, Bolvia, Brasil, Paraguai e

    Uruguai. No Brasil, apresenta ampla ocorrncia: PA, MA, PI, CE, RN, PB,

    PE, AL, SE, BA, MT, MS, TO, GO, DF, ES, MG, RJ, SP, PR, SC e RS (Lent &Wygodzinsky, 1979).

    Comprimento total Macho: 26-34 mm; fmea: 29-38 mm.

    um barbeiro grande e de cor preta, com manchas vermelhas no

    pescoo, pronoto, escutelo, crio e conexivo; machos com fosseta

    esponjosa nas tbias anteriores e medianas, ausente nas fmeas.

    Aspectos ecolgicos bom hospedeiro de T. cruzi, podendo substituirT. infestans quando este eliminado. Ocorre principalmente nas regies

    mais midas do nordeste, como a zona da mata, sendo pouco comum no

    semi-rido.

    Acima do sul do estado de SP, essa espcie encontrada em domiclios

    e peridomiclios, no entanto, h alguns relatos de ocorrncia desses insetos

    em ocos de rvores e em palmeiras a certa distncia de moradias. Abaixo

    do estado de SP, a espcie ocorre em ambientes silvestres. Entretanto,existem relatos de infestao de domiclios (Jurberg et al., 2004). Esses

    fatos poderiam indicar a ocorrncia de duas formas ou subespcies e/ou

    influncia climtica determinando a ocupao de diferentes ambientes.

    Nos domiclios, parecem preferir as partes baixas das paredes.

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    Fig. 22 Panstrongylus megistus. 1, ovos; 2-6, ninfas de 1, 2, 3, 4 e 5 estdios, respectivamente;7, fmea adulta; 8, detalhe da genitlia do macho.

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    88888O controle e a vigilncia

    epidemiolgica

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    FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz56

    O controle do barbeiro feito principalmente atravs da

    aplicaodeinseticidas,sendoqueoinsetogeralmenteno

    desenvolve resistncia a esses. Em dcadas anteriores, o

    inseticidamaisutilizadoeraoBHCmas,porseraltamentetxicoparaos

    humanos e tambm para animais domsticos, atualmente tem sidosubstitudoporinseticidasmenostxicoscomo,porexemplo,ospiretrides

    (deltametrina,alfacipermetrina,betacipermetrinaeoutros),emgeral,com

    efeito residualmaior que umano (Marcondes,2001). Outros inseticidas,

    tais como o Malathion e o Dieldrin (organoclorado), tm sido utilizados

    em outros pases. No entanto, a alta toxicidade destes em contrapartida

    comosbonsresultadosdospiretrides fazcomquenosejamutilizados

    noBrasil.

    O inseticida a ser utilizado deve ser escolhido sob algumas

    consideraes, a serem encaradas a longo prazo: o custo, o gasto com

    pessoaletransporte,eatoxicidadeparaohomem.Umavezapresentando

    resultados,oinseticidareaplicadoapenasnoslocaisondeobarbeirofor

    encontrado novamente.

    Apesardocontrole feitoatravsdos inseticidas,amelhormaneirademinimizar as infestaes ainda seria a preveno, mediante a melhoria

    dos tipos de habitaes e hbitos de higiene de seus moradores, o que

    levaria diminuio dos insetos nos domiclios e peridomiclios. Outra

    medidabsica,masnomenosimportante,seriaocuidadocomosanimais

    domsticos, evitando a entrada desses nas casas e deixando os lugares

    em que costumam dormir livres de sujeiras e entulhos. fundamental a

    educaodaspopulaesdelocaisderiscoquantoaconhecerosbarbeiros

    e a importncia de saber que esses podem lhes transmitir uma doena

    grave,aindasemvacinae/ousoroeficiente,equepode levaraobito.

    A melhoria habitacional talvez seja a mais importante estratgia de

    preveno contra a transmisso vetorial da endemia, uma vez que os

    triatomneos no infestam moradias de boa qualidade (alvenaria) e em

    boas condies de higiene. Esse fato muitas vezes est relacionado condioeconmicadosmoradores,refletindoostatussocial da doena,

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    Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 57

    que incide exatamente sobre populaes rurais, marginalizadas e excludas.

    Dias (1998) comenta que ...dessa forma, uma perspectiva programtica

    e de amplo alcance no mbito rural s pode ocorrer em termos de iniciativas

    governamentais, o que nunca aconteceu realmente no Brasil..

    A melhoria habitacional mais significativa para as populaes rurais

    do que o uso do inseticida, por ser de carter definitivo. A participao

    comunitria de vital importncia em qualquer programa habitacional,

    uma vez que alterar a moradia significa uma interveno profunda nas

    relaes familiares e interfamiliares, pois requer mudanas nos hbitos de

    higiene e na prpria forma de ocupar esse novo ambiente. Alm disso,

    verifica-se que essas populaes no melhoram ou reconstroem a casapor vrios motivos, tais como: falta de recursos, no serem donas do terreno

    que ocupam e necessidade de freqentes mudanas de residncia para

    estabelecimento de novas lavouras de subsistncia (Dias, 1998).

    No Brasil, a transmisso natural da doena de Chagas foi grandemente

    reduzida e grande parte das regies infestadas por Triatoma infestans, que

    j foi considerado o principal vetor, hoje encontra-se apenas sob estado de

    vigilncia. A reduo da transmisso vetorial resulta, a mdio prazo, nadiminuio de doadores de sangue e gestantes infectados, o que reduz os

    riscos da transmisso transfusional e congnita (Dias & Coura, 1997; Dias

    & Schofield, 1998).

    Apesar dos avanos alcanados, fundamental manter atenta

    vigilncia epidemiolgica, com real comprometimento da populao e

    dos servios locais de sade. Vinhaes & Dias (2000) comentam que Parao Brasil, esse desafio hoje ainda maior, quando se observa uma

    progressiva descentralizao da Fundao Nacional de Sade, devendo

    suas atividades ser absorvidas por estados e municpios, alm da falta de

    recursos financeiros suficientes para os programas de controle..

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    Onde obter informaes sobre doena de Chagas?

    Ministrio da SadeEsplanada dos Ministrios, Bloco G, Braslia-DF, CEP 70058-900. Tel. (61) 3315-2425.

    Disque Sade: 0800-61-1997Internet: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21955

    Fundao Nacional de Sade (Funasa)Setor de Autarquias Sul (SAS), Quadra 4, Bloco "N", Ed. Fundao Nacional de Sade

    (Funasa), Ala Norte, Braslia-DF, CEP 70070-040. Tels (61) 3314-6362 / 6466 / 6619.

    Internet: http://www.funasa.gov.br

    Servios de Referncia para Doena de Chagas- Centro de Pesquisas Gonalo Muniz (CPqGM). Rua Waldemar Falco, 121, Candeal,

    Salvador-BA, CEP 40296-710. Tel. (71) 3176-2200, Fax (71) 3176-2326. E-mail:

    [email protected]

    - Centro de Pesquisas Ren Rachou (CPqRR). Avenida Augusto Lima, 1715, Barro Preto,

    Belo Horizonte-MG, CEP 30190-002. Tel. (31) 3349-7700, Fax (31) 3295-3115. E-mail:

    [email protected]

    - Instituto de Pesquisa Clnica Evandro Chagas (IPEC). Avenida Brasil, 4365, Manguinhos,

    Rio de Janeiro-RJ, CEP 21040-900. Tel. (21) 3865-9595, Fax (21) 2290-4532.

    Internet: http://www.ipec.fiocruz.br

    - Laboratrio Nacional e Internacional de Referncia em Taxonomia de Triatomneos,

    Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz. Avenida Brasil, 4365, Manguinhos, Rio de Janeiro-RJ, CEP

    21040-900. Tel. (21) 2598-4503.

    Programa Integrado de Doena de Chagas (PIDC)Internet: http://www.fiocruz.br/pidc

    E-mail: [email protected]

    Portal doena de Chagas:http://www.fiocruz.br/chagas/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home

    Consenso Brasileiro em Doena de Chagas (Ministrio da Sade, Secretariade Vigilncia em Sade)

    Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, vol. 38, supl. III, 2005, 29 pp.

    Internet: http://www.parasitologia.org.br/atualidades/consenso_chagas.pdf

    "Chagas - A Hidden Affliction"Filme sobre a doena de Chagas.

    Internet: http://www.chagasthemovie.com

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    Rua S Freire, 36 parte So Cristvo CEP 20930-430Rio de Janeiro / RJ BrasilTel. (21) 2580-6230 Fax (21) 2580-9955e-mail: [email protected]

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    Doena de chagas e seus principais vetores no Brasil / Ana maria Argolo...[et al.]. - Rio de

    janeiro : Imperial Novo Milnio : Fundao Oswaldo Cruz : Fundao Carlos Chagas Filho deAmparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, 2008.

    i l .

    ISBN 978-85-99868-16-4

    1. Chagas, Doena de. 2. Chagas, Doena de - Transmisso. I. Argolo, Ana Maria. II. Fundao

    Oswaldo Cruz. III. Fundao Carlos Chagas Filho de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.

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