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Vigilância Entomológica da Doença de Chagas: Operações de Campo: Pesquisa ativa e Controle químico* Adaptado do Manual de Controle da Doença de Chagas: Diretrizes Técnicas. 1996. Organizadores: Cleonara Bedin - DVAS-CEVS-SES-RS Fernanda de Mello - IPB-LACEN-FEPPS-SES-RS Paulo Ricardo Idalgo Sackis - 14ª CRS /SANTA ROSA-SES-RS *versão preliminar

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Vigilância Entomológica da Doença de Chagas:

Operações de Campo: Pesquisa ativa e Controle químico*

Adaptado do Manual de Controle da Doença de Chagas: Diretrizes Técnicas. 1996.

Organizadores:

Cleonara Bedin - DVAS-CEVS-SES-RS

Fernanda de Mello - IPB-LACEN-FEPPS-SES-RS

Paulo Ricardo Idalgo Sackis - 14ª CRS /SANTA ROSA-SES-RS

*versão preliminar

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1. VIGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA DA DOENÇA DE CHAGAS

Triatomíneos são exemplos de hemípteros hematófagos obrigatórios;

todas 141 espécies são vetoras da doença de Chagas, causada pelo flagelado

Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909), a qual é de grande importância para a Saúde

Pública na América do Sul.

A epidemiologia da doença de Chagas e as tecnologias disponíveis

focam o controle da transmissão e a intervenção sobre o vetor. De um lado, o grande

número de reservatórios animais e, de outro, a inexistência de drogas que possam ser

usadas em larga escala, fazem impossível o controle da doença na perspectiva do

esgotamento das fontes de infecção ou imunização por vacinas, não sendo possível o

controle, pela proteção da população suscetível.

A principal estratégia de controle é a prevenção da transmissão,

principalmente eliminando os vetores domiciliados. O controle da doença pode ser

comprovado pelo desaparecimento de casos agudos e novas infecções em crianças.

Em termos econômicos a relação custo-benifício entre a intervenção e a redução da

doença resulta altamente positivo.

O controle da transmissão vetorial da doença de Chagas se realiza

com a adoção das seguintes medidas efetivas:

• ações educativas, • pesquisa passiva, • pesquisa ativa, • controle químico, • manejo ambiental. As ações educativas são de fundamental importância para o controle

de doenças transmitidas por vetores. Mesmo para que outros métodos tenham sucesso,

o envolvimento e participação da comunidade são essenciais.

A pesquisa passiva é um sistema estruturado de notificação pela

população da presença de triatomíneos nas habitações e com apoio institucional

regular, é comprovadamente o método mais sensível para o monitoramento da

infestação domiciliar. Especialmente quando a densidade de triatomíneos é baixa a

pesquisa periódica por pessoal especializado é muito pouco eficaz, e insuficiente

para o controle do vetor. Recomenda-se que em cada localidade ou conjunto de

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localidades a população tenha como referência uma unidade de informação para

triatomíneos (Posto de Informação de Triatomineos- PIT), instalada preferentemente

em serviços de saúde, escolas, ou junto a líderes comunitários. Periodicamente

pessoal institucional deve visitar os PlT’s e as casas, buscando informação,

divulgando e promovendo o trabalho de vigilância e repondo o material, se

necessário. Na última década a área de Vigilância Entomológica da doença de

Chagas foi ampliada no RS. Em 2008, a pesquisa passiva estava instalada em 493

dos 496 municípios totalizando 2278 PIT’s. A manutenção dos PIT’s é imprescindível

para a vigilância, pois facilita o encaminhamento pelos moradores, principalmente, de

triatomíneos silvestres. (Ver o documento “Orientações PIT’s, 2010-DVAS-CEVS-

SES-RS”)

A pesquisa ativa consiste na busca da presença de vetores da

doença de Chagas ou de vestígios dessa presença. A partir dela é orientado o

emprego regular e sistematizado de inseticida de ação residual nas habitações

infestadas, ou seja, o controle químico. O controle químico do vetor da doença de

Chagas foi o melhor método para reduzir a incidência da enfermidade. As atividades

de controle vetorial iniciaram na década de 1940 mediante aplicação de inseticidas e

melhoramento das casas. Estas ações evitam o contato do vetor com o homem no

ambiente domiciliar:

O manejo ambiental consiste na melhoria das condições da

habitação, fazendo a casa e o ambiente peridomiciliar resistentes à colonização por

triatomíneos (controle físico). A habitação deve impedir fisicamente o abrigo e não

oferecer condições que favoreçam o "convívio" dos vetores com o homem. Isso

compreende cuidados com a casa e com o peridomicílio. Está a princípio indicada

para áreas com espécies de comportamento ubiqüista, capazes de colonizar o

domicilio e presentes em alta densidade no extra domicílio.

2. CONTROLE DA TRANSMISSÃO VETORIAL

As estratégias de luta anti-vetoriais já utilizadas na história da saúde

pública, são: eliminação do vetor, evitar o contato do vetor com o homem e controle da

densidade vetorial a um nível que não permita a transmissão.

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A potencial eliminação só é possível quando o vetor tem sua

reprodução exclusivamente baseada em nichos ecológicos construídos pelo homem,

como é hoje a estratégia preconizada para Triatoma infestans, porém não se centra

exclusivamente no controle químico, sendo que inclui o manejo ambiental e a

participação da população.

O controle da densidade vetorial é uma estratégia inadequada, não

recomenda quando o vetor tem hábitos silvestres e distribuição geográfica extensa,

como é o caso de algumas espécies de triatomíneos no RS.

O controle da doença de Chagas humana baseia-se principalmente

nas duas primeiras estratégias, devendo considerar, antes de tudo, o comportamento

e hábitos da(s) espécie(s) de triatomíneo(s) em cada caso envolvida(s). Evitar o

contato vetor-homem é a estratégia que indica o esforço de reduzir a zero a

colonização intradomiciliar de triatomíneos no controle da doença de Chagas.

As condições indispensáveis para que haja transmissão domiciliar da

doença de Chagas são que o vetor:

• esteja presente,

• esteja infectado e

• conviva com o homem

Essas condições podem ser expressas nos seguintes indicadores:

1. infestação,

2 . infecção natural e

3. colonização.

A infestação é a presença de qualquer exemplar de triatomíneo,

detectada por pesquisa entomológica ativa(captura) ou através de pesquisa

entomológica passiva(coleta). Pode ser referida a qualquer local ou ecótopo, em

relação ao total de unidades investigadas ou cobertas por vigilância.

São de uso mais corrente as taxas de Infestação referidas à unidade

domiciliar (UD), ao intradomicilio (ID) ou ao peridomicilio (PD).

A unidade domiciliar é o conjunto constituído pela habitação

humana, seus anexos e o espaço próximo à casa.

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O intradomicílio corresponde à habitação (casa, moradia), não

apenas o espaço interno como também as paredes externas.

O peridomicílio é o espaço externo, próximo à casa, e que inclui

anexos e quaisquer outros possíveis abrigos para triatomíneos.

O cálculo das taxas se faz pelas fórmulas:

Infestação Domiciliar = nº de UD positivas X ( 100 )

nº de UD pesquisadas ou sob vigilância

Infestação Intradomiciliar = nº de ID ( ou casas ) positivas X ( 100 )

nº de ID (ou casas) pesquisadas ou sob vigilância

Infestação Peridomiciliar = nº de PD positivos X ( 100 )

nº de PD pesquisados ou sob vigilância

A positividade é dada pela presença (captura ou coleta) de

exemplares vivos ou mortos de triatomíneos, ou de vestígios de sua presença (exúvias,

ovos embrionados ou não, e fezes), no caso de UD ainda não tratada com inseticidas.

Em regiões já tratadas, considera-se apenas o achado de espécimes vivos ou de ovos

embrionados.

O índice de infecção natural é calculado pela fórmula:

Infecção Natural = nº de triatomíneos infectados por T. cruzi x ( 100 )

nº de triatomíneos examinados

O índice de colonização em especial interessa, sob o ponto de vista

epidemiológico, referido ao intradomicílio. É calculado pela fórmula:

Índice de Colonização = nº de ID com ninfas de triatomíneos x ( 100 )

nº de ID com triatomíneos

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Os índices de infestação, infecção natural e colonização passam

a servir à decisão para intervir, ou não, com operações de controle químico.

No caso de espécies para as quais se pretenda a eliminação, porque

possível e indicado (T. infestans), é bastante e suficiente sua presença na habitação

(infestação), para a intervenção - entenda-se habitação ou unidade domiclliar (UD)

como o conjunto constituído pela casa (intradomicíllo) e seus anexos (peridomicílio).

3. METODOLOGIA

O objetivo da pesquisa e tratamento químico é o controle da

transmissão, pela eliminação de espécies introduzidas e comprovadamente vetoras (T.

infestans), ou impedindo a colonização intradomiciliar por qualquer outra espécie.

O tratamento com inseticida de ação residual será indicado por

pesquisa entomológica prévia.

As atividades de controle químico dos vetores incluem,

independentemente da espécie ou do grupo de espécies, pesquisa entomológica e

tratamento com inseticida (controle químico) de ação residual.

Com base no conhecimento existente, interessa categorizar as

espécies segundo sua participação na transmissão, definida pelo grau de adaptação

ao domicílio e, então, de antropofilia, e pela sua presença ou não em ecótopos

silvestres. A extensão e frequência da pesquisa entomológica e controle químico

dependerão da categoria do vetor presente na região.

3. 1 Vetores da doença de Chagas no Rio Grande do Sul

O RS registra onze espécies de Triatominae, dispersas de maneira

descontinua pelo Estado algumas restritas a região centro-sul, outras a região

noroeste, outras a região nordeste.

Três espécies do gênero Triatoma só ocorrem no RS: T. klugi, T.

carcavalloi e T. oliveirai. Há um único registro para captura de exemplares de T. klugi.

Existem registros da presença de T. carcavalloi em Canguçu, Dom Feliciano, Pinheiro

Machado, São Jerônimo (Fonte: IPB-LACEN/RS). Um exemplar adulto de T.platensis

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foi capturado em intradomicilio no município de Barra do Quaraí em 2006 (Fonte: IPB-

LACEN/RS). Triatoma oliveirai constitui encontros muito raros registrados para os

municípios de Porto Alegre, São Leopoldo e Sapucaia do Sul. Triatoma circummaculata

e P. tupynambai são espécies cuja área de distribuição é restrita ao Estado e Uruguai.

No território gaúcho os triatomíneos podem ser separados em dois

grupos principais:

1. ESPÉCIES INTRODUZIDAS DE HÁBITOS SINANTRÓPICOS:

T. infestans e T. sordida;

2. ESPÉCIES AUTÓCTONES DE HÁBITOS SILVESTRES:

T. rubrovaria, T. circummaculata, T. oliverai, T. klugi, T.

carcavalloi, T. platensis, T. delpontei, P. tupynambai e P. megistus.

4. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA E CONTROLE QUÍMICO

4. 1 Triatoma infestans e T. sordida

� pesquisa

. abrangência: 100 % das UD's das localidades positivas nos três (3)

últimos anos de operação.

. periodicidade: anual

� controle química

• . abrangência: UD positiva e UD’s localizadas num raio de 500

metros de distância. localidades entorno seguindo os critérios da tabela 02.

Também de acordo com o que está proposto, a referência para

programação das atividades de campo são os três (3) últimos ciclos no caso de T.

infestans., e o ciclo anterior de trabalho no caso de T. sordida.

Obs. :T. sordida controle químico só na UD.

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4.2 Vetores autóctones de hábitos silvestres: segue-se a

orientação, quanto aos procedimentos descritos na Tabela 01.

No caso de UD positiva apenas no peridomicilio, tratar exclusivamente

os anexos (ou outros sítios de abrigo) em que se tenha verificado a presença do vetor

silvestre.

Conduta a seguir em vigilância entomológica e controle de vetores

autóctones:

Triatoma rubrovaria e Panstrongylus megistus

A seleção de localidades para pesquisa será definida a critério do

coordenador técnico e de campo, segundo o critério de existência de alteração

ambiental em espaços onde existem mata nativa ou em área de transição com

fragmentos de ecossistema.

Vigilância entomológica dever ser a princípio exercida através de

PIT’s eficientes, assim ações de qualificação dos PIT’s deverão ser implementados

nas CRS’s, cumprindo fluxos estabelecidos e retornando à comunidade resultados de

exames. (Ver o documento “Orientações PIT’s, 2010-DVAS-CEVS-SES-RS”

disponível no hiperlink: http://www.saude.rs.gov.br/wsa/portal/index.jsp?menu=organograma&cod=3466 )

Em municípios com o encontro de colônias intradomiciliares deverá

ser intensificada a vigilância, investigando os determinantes de natureza ambiental e

outros fatores no processo de domiciliação dos vetores. Um projeto de pesquisa para

avaliar domiciliação de triatomineos poderá ser desenvolvido com o apoio da CRS,

podendo-se usar o questionário de domicialiação (ANEXO 03 QUESTIONÁRIO DE

DOMICILIAÇÃO)

O uso de inseticida químico no domicílio só é recomendado quando

se comprove a existência de colônias intra-domiciliares.

Assim recomenda-se:

1. Realizar a análise da série histórica, fornecida pela CRS,

considerando o município, onde se encontrou registro de colônia de vetor autóctone,

para caracterizá-lo conforme Tabela 01.

2. Selecionar as UD’s com colônia no intradomicilio;

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3. Escolher a área geográfica a ser pesquisada a partir da UD,

podendo abranger menos de uma ou mais de uma localidade. Esta área geográfica

dever ser contígua e próxima a UD positiva e apresentar aspectos de paisagem

semelhantes. As áreas geográficas do entorno que serão investigadas serão

escolhidas segundo critérios justificados do agente de saúde, pois havendo

localidade(s) geograficamente contígua(s) deve-se estender a investigação de foco a

ela(s).

4. Realizar a pesquisa ativa nas UD’s escolhidas; estas UD’s serão

inspecionadas por agentes de saúde que executarão a pesquisa entomológica (Ficha

PCDCh 01).

5. UD’s no entorno de UD positiva para a presença de triatomíneo,

serão visitadas usando o critério indicado na Tabela 02.

6. Opcional: Participar do projeto de pesquisa de estudo ambiental

com o preenchimento de um questionário (Anexo 3) para descrever a unidade

domiciliar, o entorno e a região.

Tabela 02. Instrumento para escolha de conduta na seleção de UD’s e localidades a

serem pesquisadas. (Fonte: Antonio Carlos Silveira, alterada por DVAS-SES-RS)

INFESTAÇÃO

PREGRESSA

(na localidade)

Tipo de

habitação

Distribuição

espacial das

habitações

CONDUTA

PESQUISA

Dispersas integral LOC

Vulneráveis Concentradas

integral LOC e

LOC no entorno

Município

com colônia no

intradomicilio Refratárias

seletiva por UD +

UD’s vulneráveis

Obs.: A localidade (LOC) que se faz referência para esta pesquisa é área geográfica

contígua e próxima a UD positiva e que apresentar aspectos de paisagem

semelhantes.

LOC entorno: em havendo localidade(s) geograficamente contígua(s) estender a

investigação do foco a ela(s)

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Também de acordo com o que está proposto, a referência para

programação das atividades de campo é o ciclo anterior de trabalho para todas as

espécies com exceção no caso de T. infestans que são considerados os três (3)

últimos ciclos.

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Tabela 01. Procedimentos segundo a categorização para vetores autóctones de hábitos silvestres.

Categoria 1. Presença reiterada de

colônias no intra-

domiciliares com >5 anos

de captura.

2. Presença episódica <5 anos

(não inclui 5).

3..Com presença de vetores

e inexistência de registro de

colônia.

4. Municípios sem presença

comprovada da espécie.

Vigilância Qualificação dos PIT’s

Qualificação dos PIT’s

Qualificação dos PIT’s

Qualificação dos PIT’s

Pesquisa

ativa

• Pesquisa integral

da localidade e

localidades do

entorno.

• Pesquisa ativa

em área de

alteração

ambiental.

• Pesquisa nas

UD’s/localidades onde

foram encontradas

colônias intra-

domiciliares

• Estender a pesquisa a

localidades limítrofes

(com características

semelhantes).

• Pesquisa ativa em área

de alteração ambiental

• Pesquisa nas

UD’s/localidades

com presença

esporádica do vetor.

• Pesquisa ativa em

área de alteração

ambiental.

• Não é necessária

pesquisa ativa nas

UD’s ou localidade,

mas deve-se proceder

a Pesquisa ativa em

área de alteração

ambiental.

Tratamento

químico

Tratamento químico das

UD’s com registro de

colônia de triatomineos.

Tratamento químico das UD’s

com registro de colônia de

triatomineos.

não não

Pesquisa

ambiental

Avaliar domiciliação

(ANEXO 3)

Avaliar domiciliação (ANEXO 3)

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5. PROGRAMAÇÃO

As orientações do Plano Operativo de 2010-2011 tratam de

algumas indicadas pelo Programa Estadual de Controle da Doença de Chagas:

• Buscar qualificar o funcionamento do PIT (Postos de

Informação de Triatomineos) com o apoio do CEVS;

• Introduzir a programação de pesquisa ativa de triatomíneos

em área sujeita a alteração ambiental;

• Pesquisa ambiental em área com indício de domiciliação, ou

seja, presença de colônia de triatomíneos.

• Nas localidades com presença de T. infestans, realizar

controle químico nas UD’s e localidades entorno seguindo os critérios da tabela

02.

O Plano Operativo de 2010 consta de 2 planilhas básicas:

Planejamento Regional das Operações de Campo, formulário de uso da CRS

(ANEXO 01 - Planilha de Municípios) e Planejamento e Relatório Municipal das

Operações de Campo (ANEXO 2 - Planilha de Localidades), ambas em Excel®.

A listagem dos municípios por CRS deve ser corrigida pela CRS quando

necessitarem de alterações.

A Planilha de Localidade deve ser usada pelo município para o

desenvolvimento da programação anual de atividades. Os dados anuais

necessários para a Pactuação de Vigilância em Saúde da Programação de

doença de Chagas poderão se obtidos nesta planilha, pois consta o nº de

pesquisas, tratamento químico (borrifação) em unidades domiciliares(UD’s), e o o

nº de PIT’s instalados e o número de visitas programadas.

Todo inicio de ano a gerência Estadual do Programa de Controle

da Doença de Chagas obterá informações do Plano Operativo Estadual através

das da Planilha de municípios preenchida pelas CRS que obterão a programação

nas Planilhas de Localidades realizadas em nível local.

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6. OPERAÇÕES

As operações rotineiras no controle vetorial são basicamente o

reconhecimento geográfico(RG), a pesquisa entomológica e a tratamento químico

com inseticidas de ação residual.

6.1 Reconhecimento Geográfico

O reconhecimento geográfico é atividade prévia e condição

essencial para programação de todas as demais ações de vigilância em Saúde

(operações de campo, pesquisa e tratamento das unidades domiciliares (UD),

coleta de sangue em inquéritos sorológicos, instalação e acompanhamento das

atividades de vigilância entomológica). O itinerário do pessoal de campo é

orientado pelo RG.

O reconhecimento geográfico (RG) tem como finalidade situar,

qualificar e nomear todas as localidades, casas e habitantes da área, bem como

informar sobre acidentes geográficos, vias de acesso, recursos assistenciais,

condições sanitárias, meios de comunicação e transporte. Para isso, utiliza-se o

croqui que é o esboço de desenho de um mapa, sem considerar a proporção

adequada.

O registro geográfico (RG) atualizado no Sistema SISLOC, pode ser

em forma de croquis, ou outro mapeamento georreferenciado que possa identificar

a localização das unidades domicilares e localidades. O município deverá realizar

o mapeamento e atualizá-lo periodicamente, sendo que deverá, ao poucos,

substituir os antigos mapeamentos pela base territorial ou delimitação geográfica

da atenção primária em saúde ou da estratégia de saúde da família.

Toda ou quase toda área com vetores domiciliados no RS já foi

mapeada através do RG, portanto, no atual estágio das operações de controle

vetorial é fundamental manter as informações atualizadas nos croquis registrando

as alterações observadas.

Novas localidades devem ser demarcadas e registradas nos

mapas de conjunto, que é o mapa que reúne todas as localidades, um mapa do

município.

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Casas novas, em localidades já registradas, devem ser

numeradas e incluídas nos croquis. Na numeração de novas casas três situações

devem ser consideradas:

a) Casas novas entre duas já numeradas: numerar as casas

novas ou descobertas, anotando o número da casa anterior já numerada, seguido

da letra C e do número de casas construídas ou descobertas. Por exemplo, entre

as casas de número 42 e 43 de determinada localidade foram construídas três

novas casas. Estas, na atualização do RG, receberão os números 42 C1, 42 C2 e

42 C3, respectivamente;

b) Casas novas à frente ou anteriores da primeira casa

registrada: no caso de novas casas serem construídas ou descobertas antes da

casa número 1, em localidades mapeadas, serão identificadas como C1, C2 e C3

e, assim, sucessivamente, de acordo com o número de casas novas ou

descobertas a registrar;

c) Casas novas após a última casa registrada: prosseguir a

numeração, tomando o número seguinte àquele dado à última casa anteriormente

reconhecido.

Outros procedimentos e a definição de conceitos não sofreram

mudança ou alteração em relação ao que consta do “Manual de Normas Técnicas

da campanha de Controle de Doença de Chagas” (1980).

6.2 Pesquisa Entomológica Ativa (Triatomínica)

Consiste na busca da presença de vetores da doença de Chagas

ou de vestígios dessa presença. A partir dela são orientadas as operações com

inseticida.

Em áreas virgens de tratamento, é atividade simultânea ao

reconhecimento geográfico. Essa pesquisa inicial, conhecida como levantamento

triatomínico (LT), tem como finalidade a delimitação da área com risco de

transmissão vetorial da doença, e serve ao conhecimento das espécies

prevalentes, do grau de domiciliação, de infecção natural e da densidade dos

vetores.

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Em áreas sob tratamento regular, a pesquisa antecede e indica o

tratamento com inseticidas, sua extensão e freqüência.

A pesquisa ativa é habitualmente feita através de captura

manual, com o uso de pinça e com o auxílio de fonte artificial de iluminação e

desalojante químico (piriza ou similar).

No ambiente intradomiciliar todas as superfícies, internas e

externas da casa, devem ser pesquisadas, e ainda móveis, outros utensílios e

objetos diversos que possam alojar o vetor. No ambiente peridomiciliar todos os

anexos, que sirvam de abrigo ou viveiro para animais, e quaisquer outros locais de

abrigo onde haja oferta alimentar.

No sentido de sistematizar a busca, é conveniente seguir uma

mesma seqüência na pesquisa. Deve ter início no cômodo de acesso, iniciando-se

pelo canto mais à esquerda e seguindo no sentido horário. A seguir devem ser

verificados móveis e utensílios aí existentes. A aplicação do insetífugo deverá ser

simultânea à captura, evitando-se com isso mais de uma passagem pelo mesmo

local. A aplicação regular e simultânea de substância desalojante se justifica

sempre que a densidade de triatomíneos for baixa. Concluída a pesquisa em um

cômodo passa-se ao seguinte. Existindo dependências à esquerda e à direita, de

início toma-se aquela da esquerda. A seqüência em cada um dos cômodos deve

ser a mesma. Uma vez feita a captura no interior do domicílio, faz-se a pesquisa

das paredes externas da casa, também a partir do canto mais à esquerda.

A pesquisa no peridomicilio deve ser iniciada pela revisão de

cercas ou muros, seguindo-se a isso a busca em anexos propriamente ditos e em

outros locais de abrigo, sendo concluída no ponto inicial. A aplicação de

desalojante no peridomicilio está limitada a situações em que há indícios da

presença do vetor sem que a captura tenha sido possível.

Desde que haja interesse em determinar a densidade do vetor, a

pesquisa será feita com tempo previamente determinado, do tipo hora/ homem

com a captura de todos os exemplares visíveis.

As medidas de controle químico serão efetivas a medida que são

corretamente aplicadas e sua efetividade comprovada ao longo do tempo,

diminuindo a população de vetores.

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6.3 Aplicação de inseticida (Borrifação ou Tratamento

químico)

Antes de iniciar a aplicação do inseticida na unidade domiciliar

deve ser convenientemente "preparada", deixando livres as superfícies a serem

borrifadas, com afastamento de móveis e a remoção de outros objetos, em

especial daqueles colocados sobre as paredes.

Especial cuidado deverá ser dedicado à proteção de alimentos, e

de utensílios usados no seu armazenamento e cocção. É igualmente importante

observar que animais domésticos não sejam expostos ao contato com o inseticida.

O operador, de sua parte, deverá usar equipamento de proteção,

que consta de luvas, máscara com filtro descartável e roupa apropriada (calças e

camisas de mangas compridas).

Os inseticidas recomendados são piretróides de síntese, cuja

equivalência em termos de dose final eficaz foi determinada por grupo técnico

consultivo em praguicidas para uso em saúde pública (FNS, 1993), com base em

provas de campo.

Recomenda-se a aplicação com equipamento aspersor costal de

pressão variável, tipo "Hudson X Pert" ou similares, de acionamento manual. A

pressão média de trabalho é de 40 libras/pol2. O bico deve ser "teejet 8002 E".

6.3.1 Organização – Ambiente domiciliar

Informe o proprietário sobre os propósitos da aplicação do

inseticida. Os moradores devem deixar a casa antes da borrifação. Quartos

ocupados por pessoas doentes, impossibilitadas de se deslocar, não devem ser

borrifados. Antes de iniciada a borrifação à unidade domiciliar, é necessário deixar

livres as superfícies a serem trabalhadas (paredes) com o afastamento de móveis

e outros objetos que impeçam o acesso à área a ser borrifada. Proteger água,

alimentos, utensílios de cozinha, brinquedos, móveis, lençóis, cobertores e roupas

de uso pessoal. Animais domésticos e seus abrigos devem ser afastados da casa

para que não fiquem expostos ao inseticida. (Ver o Manual Controle de Vetores-

procedimentos de segurança. 2001. Disponível no hiperlink:

http://portal.saude.gov.br/portal/svs/visualizar_texto.cfm?idtxt=21230 )

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6.3.2 Organização – Trabalhador

Verificar a disponibilidade e condições de todo material e

equipamento necessário a borrifação, incluindo EPI.

O manuseio de inseticidas implica cuidados para evitar acidentes.

O inseticida deve ser transportado sempre em recipiente plástico até o momento

da preparação.

Na pesagem para preparação da carga deve-se evitar contato

direto com a pele e olhos, utilizando para isso o equipamento de segurança

fornecido.

6.3.2.1 Equipamento de Proteção Individual (EPI)

A absorção do inseticida ocorre principalmente através da pele,

pulmões e boca. Os seguintes equipamentos de proteção individual devem ser

utilizados:

• Chapéu com aba larga (para proteção da cabeça, rosto e

pescoço contra gotas do inseticida).

• Máscara de segurança facial completa, com filtros

descartáveis.

• Calça de brim e camisa de mangas longas ou macacão

com mangas longas

• Luvas

• Botinas

• Equipamento aspersor costal

6.3.3 Técnica de diluição do inseticida

Prepare a solução do inseticida de acordo com as instruções do

fabricante. O inseticida pode ser misturado separadamente em um balde e depois

entornado no tanque da máquina de borrifação. Inseticidas granulados são

adicionados diretamente ao tanque com água.

Após tampar o tanque, agite-o para obter uma solução

homogênea e comece a borrifação.

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Nota: aconselha-se preparar apenas a quantidade suficiente de inseticida, para

evitar o descarte de sobras.

6.3.4 Técnica de manuseio e de borrifação

(Ver “ manual de borrifação de inseticida residual para controle de vetores”. 2002,

OMS; disponível no hiperlink: http://www.saude.rs.gov.br/dados/1283267226070M_borrif_inseticida.pdf

Os inseticidas, atualmente, fornecidos pelo Ministério de Saúde

são do grupo dos piretróides, É recomendado evitar a exposição prolongada ao

inseticida.

No interior da casa, a borrifação deve ter início nas paredes do

cômodo de acesso, iniciando pelo canto mais a esquerda e seguindo no sentido

horário. Antes de sair da peça, borrifar o teto. Recomenda-se também, a

borrifação das superfícies de móveis que encostem nas paredes e especial

atenção aos estrados de camas.

As paredes externas devem ser borrifadas integralmente com

especial atenção aos beirais que podem servir de abrigo ao inseto.

O trabalhador coloca-se a frente da superfície a ser borrifada,

segurando o sistema de descarga com a mão direita, de maneira a esticar o

braço, o bico fique a 45 cm da superfície a ser borrifada. O inseticida é aplicado

em faixas verticais com 75 cm de largura. As faixas devem se sobrepor em cinco

centímetros. O inseticida é aplicado do teto ao assoalho, em movimentos de cima

para baixo, para completar uma faixa. Após, é dado um passo para o lado e

aplicar de baixo para cima, do piso para o teto. O procedimento continua, em

sentido horário até que termine o cômodo.

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Estabeleça um ritmo de trabalho, de modo que cada metro

borrifado corresponda há 2,2 segundos, isto é, uma parede de 2m de altura a

cada 4,5 segundos. Para ajudar a marcar o tempo, conte mentalmente: “cento e

um, cento e dois, cento e três...”.

Caso o bico do borrifador esteja entupido:

Se a borrifação for interrompida devido ao entupimento do bico,

substitua-o por um novo. O bico entupido deve ficar de molho em água por várias

horas antes de ser limpo com uma escova de dente macia. Nunca limpe o bico

com alfinete ou arame, e nunca coloque na boca para assoprá-lo.

6.3.5 Procedimentos e medidas de segurança durante e após

a aplicação de inseticida residual

Recomende aos moradores que a casa fique com as janelas

abertas e que permaneçam do lado de fora até que o inseticida seque

(aproximadamente 02 horas).

Oriente o morador a varrer ou limpar o chão da casa antes de

permitir a entrada de crianças ou animais de estimação.

Oriente o morador a não limpar as superfícies borrifadas.

Nunca derrame sobras de inseticida em rios, lagoas e outras

fontes de água potável.

Toda embalagem vazia deve ser devolvida ao supervisor para

descarte seguro.

Nunca reutilize recipientes de inseticida vazios

Recipientes de inseticida vazios não devem ser queimados ou

enterrados. Aconselha-se preparar apenas a quantidade suficiente de inseticida,

para evitar o descarte de sobras.

Não coma, beba ou fume durante o trabalho;

Lave as mãos e o rosto com água e sabão após a borrifação.

Ao final do trabalho, tome banho e coloque roupas limpas.

Lave as peças de roupa utilizadas durante a aplicação de

inseticida com água e sabão, separadamente;

Em caso de contato do inseticida com a pele, lave imediatamente

com água e sabão;

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Em caso de mal-estar, comunique seu supervisor imediatamente.

7. AVALIAÇÃO

É um processo que acompanha a rotina de operações de

controle do vetor. Serve ao acompanhamento ou ao monitoramento da situação. A

avaliação utiliza um instrumento da rotina que é a pesquisa entomológica.

O impacto das ações de controle pode ser avaliado e medido, por

pelos indicadores entomológicos de infestação, infecção natural e colonização. Para

cada espécie de vetor, os indicadores tem diferente importância e significação, em

função dos objetivos específicos estabelecidos.

7.1. Avaliação Entomológica

A informação tem origem: 1º) em dados da pesquisa de rotina

que a cada ano orientam o tratamento; 2º) em dados da vigilância entomológica

de notificação (denúncia) da população sobre o achado do vetor.

A informação dos dados deve ser sistemática, regular e

disponível para análise visando a escolha dos procedimentos a serem adotados e

o planejamento das ações de controle vetorial.

Para Triatoma infestans, se pretende que a taxa de infestação

no município se mantenha por três anos sucessivos igual a zero, para que o

município não seja considerado da área de risco.

Para todas as outras espécies as taxas de colonização

intradomiciliar devem ser mantidas em zero.

A metodologia de controle tem sustentação em uma vigilância

contínua e extensa alcançando todas as localidades positivas e com o

envolvimento da população e da rede de serviços de saúde. Até a completa

implantação e funcionamento da vigilância passiva (PIT), é recomendável que

localidades que tenham sido excluídas das operações de pesquisa ativa e

borrifação, sejam submetidas à pesquisa do tipo amostral. A decisão compete

ao pessoal técnico regional e local que após análise dos dados disponíveis, e

avaliação do grau de confiança e segurança do sistema de vigilância.

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Referências:

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Controle da Doença de Chagas: Diretrizes Técnicas. Brasília, DF,1996, 80p.

Ministério da Saúde/SUCAM. Manual de normas técnicas da campanha de controle da doença de Chagas. Centro de Documentação do Ministério da Saúde, Brasília, 1980, 167p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Controle

de Vetores- procedimentos de segurança. Brasília, DF, 2001, 208p. OMS. Manual para borrifação de inseticida de efeito residual para

controle de vetores, 2002, 56p.