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Gilberto Amado

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  • Braslia a. 37 n. 147 jul./set. 2000 77

    Penso, e no estou s, que a nao deverender homenagem memria daqueles quea fizeram maior. Lembro, hoje, do escritor,ensasta, diplomata e jurista Gilberto Ama-do. H exatos trinta anos, ele falecia no Riode Janeiro. O presente texto busca dar not-cia da vertente jurdica de seu pensamento.No h, ainda, estudos globais sobre os tra-balhos jurdicos do escritor sergipano. Oconhecimento de sua produo no campodo Direito no fcil, esparsa que ela se en-contra pelos setores de sua multiforme ati-vidade de jurista. Pretendo aqui exami-nar a veia internacionalista do juriscon-sulto nordestino.

    A carreira jurdica de Gilberto Amadoest, de incio, ligada Faculdade de Direi-to do Recife. Ingressa no curso em 1905. Doperodo acadmico, registrou lembrana dosprofessores Adolfo Cirne (Civil) e GervsioFioravante (Criminal). Sobre eles, disseNada me mais agradvel ainda hoje doque ouvir algum falar do que sabe1. Porconta das aulas de Civil, trava conhecimen-to com a obra que mais marcou seu curso:Direito das coisas, de Lafayette2 (O efeito destelivro, o encontro com um esprito decente entido, marcou data na minha vida e na mi-nha formao3). O estilo do escritor o seduz

    Gilberto Amado, o jurista

    Mrcio P. P. Garcia

    Mrcio P. P. Garcia Advogado, Mestre emDireito Internacional (Cambridge) e Professorde Direito Internacional Pblico.

    Brevity is the soul of wit.W. Shakespeare

    (Hamlet Ato 2, Cena 2)

  • Revista de Informao Legislativa78

    (.... uma das mais perfeitas obras do pontode vista literrio do nosso idioma noBrasil4). Confirma, sob influncia do autor,sua vocao para o Direito (O Direito co-meou a atrair-me. S ento vi que podiatornar-me um jurista5). Na boa companhiade Lafayette, passa, com xito, na disciplina.

    honesto, no entanto, ao reconhecer quefora aprovado em direito criminal por obs-quio. O alegado fiasco no exame da disci-plina, contudo, agua em Gilberto a neces-sidade de aprender o assunto. Dedica-se matria com afinco (No me limitei dis-cusso das escolas: clssica, positivista, ecl-tica; apliquei-me ao exame dos cdigos, co-mentando o nosso, comparando com outros,aprofundando o mximo que podia todosos aspectos da matria, tericos e prti-cos6). Antes de partir, como representanteescolhido pelos alunos, para congresso deestudantes em So Paulo, Gilberto procuraGervsio Fioravante. Era 1909, a resposta pergunta formulada no exame do ano ante-rior estava entalada na garganta (... des-carreguei-lhe em cima o ponto todo, entrebrincando e srio. Abraamo-nos e eu parti,levando in petto a resoluo de, se houves-se concurso de direito criminal algum dia,inscrever-me... para espichar Gervsio7).

    Obtm o grau de bacharel em 1909. Apsa formatura, continua cuidando do direitocriminal com um ardor quase exclusivis-ta8. Em 1911, nomeado para a cadeira.Sucede seu mestre Gervsio Fioravante, quemorrera pouco antes. Torna-se professorsubstituto da disciplina aos 23 anos de ida-de. Sobre seu desempenho docente, ponde-rou Homero Senna, ... como professor, tudolhe correria bem, pois Gilberto no poupa-ria esforos para honrar a ctedra que pas-sara a ocupar, na mesma Faculdade, de toilustres tradies...9.

    A vida poltica, no entanto, o conduzdefinitivamente capital da Repblica. Deincio, e por trs vezes, na qualidade de de-putado federal (1915/17, 1921/23 e 1924/26). Aps, no exerccio de mandato senato-rial (1927/30). Se certo que os sucessivos

    mandatos eletivos dificultaram, de tal ouqual maneira, sua produo acadmica, nomenos certo que no Parlamento trava con-tato com o ramo do direito que projetariasua vida jurdica tanto no plano internoquanto no internacional. eleito membro e,depois, presidente, tanto na Cmara quan-to no Senado, da ento Comisso de Diplo-macia e Tratados. Atua, ainda, na Comis-so de Finanas como relator. O jurista entra,assim, nos terrenos do direito internacional.

    O esprito pacifista de Gilberto se faz sen-tir em vrias intervenes no Parlamento.Sempre vibrante, sempre atual, sempre opor-tuna, sua voz defende, por exemplo, a uni-dade latino-americana. Sustenta que os go-vernos da regio deveriam buscar:

    ... entendimento para que se estabe-leam nas escolas pblicas dos pa-ses sul-americanos a propaganda delivros de paz, a propaganda de nos-sas constituies, que prescrevem oarbitramento e a explicao s nossascrianas do que ser a idade futura;em vez da celebrao dos nossos he-ris de guerra, a celebrao de nossosheris de paz; a disseminao do es-prito de fraternidade continental...10.

    De outra feita, na condio de relator dooramento do Ministrio das Relaes Exte-riores, tem a oportunidade de, contestandocolegas parlamentares, defender a Socieda-de das Naes:

    Aproveito a oportunidade para,como brasileiro, como homem do meutempo, contrariar S. Exas., dizendo:creio na Sociedade das Naes; creiona Liga das Naes.

    Se ela, at este instante, me hou-vesse dado somente motivos de des-crena, o meu dever seria ainda dizer:creio na Sociedade das Naes, por-que meu dever crer no bem, crer emum estado social melhor, superiorquele em que nos debatemos e nosatormentamos! Meu dever, dentro daguerra, crer na paz; dentro das tre-vas, aspirar luz;...

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    A Sociedade das Naes reflete umantagonismo estranho de que nossapoca no pde ainda se libertar. Cho-cam-se dentro da Sociedade das Na-es, em Genebra, o nacionalismo cres-po, que no quer deixar de existir, e oesprito de internacionalidade quepleiteia o seu direito de viver!

    Ao que, neste sculo, nesta poca,neste instante assistimos, esse tra-balho, essa obra gigantesca de domar,de aconchegar, de harmonizar os na-cionalismos divergentes que no po-dem deixar de ser, de um dia para ooutro, nacionalismos, dentro desseesprito de internacionalidade que hde subsistir.

    Assim como se organizou a socie-dade humana, assim como cada indi-vduo perdeu sua liberdade pessoalpara criar a sociedade humana, cor-porificada em naes, assim estas hode perder um pouco da sua soberaniapara criar esse superorganismo neces-srio paz do mundo e felicidadedo gnero humano.

    O dever, portanto, de todo homemcivilizado crer na Sociedade dasNaes. um dever de brasileiro, digoeu, porque o Brasil sempre foi um pasde crentes no bem universal, um pasde idealista ? como se diz.

    E as naes, por mais fortes quesejam, deixando de crer, de sonharcoisas melhores, mergulhadas na sim-ples prosperidade material, o que fa-zem perecer11.

    A interveno oportuna. De um lado, aLiga passava por srias dificuldades; deoutro, setores da vida poltica nacional pro-pugnavam pela retirada do Brasil da orga-nizao. Acima de tudo, porm, est o esp-rito de um homem que pensava alm do seutempo. Sua apaixonada defesa da Socieda-de das Naes bem poderia ser utilizada emprol de sua sucessora, a Organizao dasNaes Unidas. Participa, ainda, de confe-rncias interparlamentares de comrcio em

    Roma (1925), Londres (1926), Paris (1927) eBerlim (1930). Fraternidade continental,esprito de internacionalidade etc., eis aa veia internacionalista de Gilberto que co-meava a se manifestar.

    A Revoluo de 1930 interrompe o fun-cionamento dos rgos legislativos. Gilber-to encontra-se, desse modo, na contingn-cia do retorno Academia do Recife. Fran-cisco Campos, jurista e amigo, sugere suatransferncia para a Faculdade de Direitodo Distrito Federal. O escritor permanece,assim, no Rio de Janeiro. E mantm o conta-to, que tanto estimava, com seus alunos ou,como dizia, com os moos.

    Em 1931, publica Eleio e representao:curso de direito poltico12. Produto de uma s-rie de conferncias proferidas na BibliotecaNacional, o livro consegue conciliar os fa-vores do pblico (vai na 3 ed.) com o apre-o da crtica. Aborda temas que ainda hojesuscitam polmica: proporcionalidade narepresentao, funo dos partidos polti-cos nos regimes democrticos, multiplicida-de de partidos etc. O curso alia a melhordoutrina da poca (Duguit, Hauriou, Bar-thlemy, entre outros) experincia acumu-lada nos mandatos populares que exercera.A obra bem reflete a relao entre talento,pragmatismo e maturidade.

    O modo direto de pensar. A fuso do idealcom o real. Essas so algumas das qualida-des do texto. Nele, por exemplo, l-se:

    Convm no esquecer que empoltica a idia de perfeio umaidia criminosa que deve ser combati-da como um dos maiores males quepodem afligir os povos. O que se deveprocurar um justo equilbrio, o me-nor entre os males, pois os homensno encontraram ainda o meio de rea-lizar, na coexistncia social, o parasoterrestre... 13.

    Em 1934, sucede Clvis Bevilqua comoConsultor Jurdico do Ministrio das Rela-es Exteriores. Misso difcil. Chega Chancelaria para substituir uma unanimi-dade. Clvis fora conduzido ao cargo pela

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    mo do Baro do Rio Branco. L permane-cera por 27 anos. A aposentadoria compul-sria afasta o jurisconsulto cearense da vidapblica. Gilberto no pleiteara o cargo. Vna oportunidade, entretanto, o preldio deuma carreira diplomtica que passara a co-gitar. No se pensava juiz. Antes de ascen-der ao cargo no Itamaraty, recusara vaga noSupremo oferecida, pouco antes, por Get-lio Vargas (No Presidente, no pense nis-to... a honra grande demais. Mas, no acei-to, no poderia aceit-la. Jamais me sentiriabem na funo de julgar14).

    No curto espao de tempo, pouco maisde um ano15, que permanece frente da Con-sultoria Jurdica da Casa de Rio Branco, re-vela sua marca de fbrica: a objetividade.Com freqncia, lemos em seus pareceresponderaes do tipo: Sobre esses temasnada teria eu a dizer que no seja conheci-do, ou deixando de lado situaes e ex-planaes suprfluas, so as seguintes asconcluses que o tema comporta, ou, ain-da, como a matria hoje incontroversa,deixo de alongar-me em maiores explana-es. No h excessos ou superfetaes.Observa-se, ao contrrio, a palavra certa, afrmula feliz e construtiva. No imitava nemrepetia. Ao revs, intua e criava.

    Nesse perodo, vrias questes chegam mesa do Consultor: denncia a tratados,dupla tributao, imunidade diplomtica,extradio, nacionalidade, entre outras16. Ostemas so abordados por Gilberto Amadode modo preciso, sem derramamentos. Sabeconciliar objetividade17 e conhecimentojurdico18.

    Um tema, no entanto, demanda maiordispndio de energias: a extradio na le-gislao brasileira. Pondera o mestre: En-tre as questes que tm sido submetidas aomeu exame neste Ministrio (e no tm sidopoucas) nenhuma mais complexa do que apresente19. Cuidava-se, principalmente, dafiel leitura da Lei n 2.416 de 28 de junho de1911, que disciplinava o processo extradicio-nal no Brasil, e de sua adequao aos dita-mes da Lei de Segurana Nacional de 4 de

    abril de 1935. O assunto principal relacio-nava-se noo de crime poltico. E mais,da excluso dos delitos de imprensa do re-gime ordinrio da extradio.

    O direito de negar a extradio quandoo fato incriminado constitui, segundo o en-tendimento do Estado requerido, delito po-ltico pode ser admitido como um princpiogeral do direito internacional pblico. Talexceo tem um sentido humanitrio. H deprevalecer a confiana nos direitos huma-nos e na liberdade pessoal e poltica do even-tual extraditando. A grande questo reside,contudo, na qualificao das infraes pe-nais incriminadas como delitos polticos oucomuns. que ao lado dos delitos polticosabsolutos ou puros (por exemplo: a traio),h os crimes cometidos para preparar ouassegurar o cometimento de crimes polti-cos. So os chamados delitos polticos co-nexos. Nessa hiptese, deve-se aferir a pro-poro entre o crime cometido e o fim polti-co-social visado. O tema exige, sem dvida,grande ateno. A aplicao do chamadocritrio da preponderncia d margem agrande subjetividade. S o exame acuradode cada caso, bem como de seu respectivocontexto, pode afastar eventuais dificulda-des que se verifiquem no plano da identifi-cao do que seja delito poltico.

    O assunto, por certo, no era novo ao tem-po de Gilberto Amado20. O art. 6 da lei belgade 1 de outubro de 1833 previa a proibioda extradio por delito poltico ou por fa-tos conexos a tal crime. O princpio introdu-zido pela mencionada lei se propaga. Afrmula belga, contudo, no equaciona oproblema da zona cinzenta: como deter-minar o crime poltico, sobretudo noschamados delitos complexos ou mistos. Em1892, o legislador suo prope nova hip-tese: caso o fato delituoso constitua princi-palmente uma infrao comum, a extradiodeveria ser deferida ainda que a defesa doextraditando alegasse motivo poltico.

    O fato que cada nova construo traziaatrs de si incertezas e questionamentos. Emsntese, o assunto ainda hoje comporta

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    polmica. Houve, sem dvida, evoluo21 ,mas o carter subjetivo da apreciao dotema delito poltico se faz presente, por igual,na hora contempornea. Gilberto demonstratotal conhecimento da matria. Vai alm.Reconhece a vantagem, bem como a neces-sidade dos tratados uniformes de extradi-o no momento em que tal caminho eraconsiderado especialmente complicado.Defende, exatamente por isso, a necessida-de da adoo de textos comuns22.

    Creio que ficaria surpreso ao ver que, nahora atual, a adoo de tratado uniformesobre o tema ainda uma quimera. Sessentae quatro anos aps sua manifestao, emque pese o trabalho da Organizao dasNaes Unidas em prol da adoo de trata-do tipo de extradio23, os envolvidos sochamados a analisar as relaes convencio-nais tpicas entre si celebradas. Tal situa-o, via de regra, proporciona dvidas so-bretudo procedimentais (p. ex.: prazos) vista da infinidade de tratados existentes24,bem como da lei de regncia da matria25.Eis a mostra de Gilberto Amado consultorjurdico.

    Pode-se dizer, em suma, que desempe-nha com segurana sua misso no breveperodo em que passa pela Consultoria. Ajulgar de suas memrias, a etapa foi, porigual, frtil no conhecimento do Ministriodas Relaes Exteriores26. Em dezembro de1935, deixa o cargo. efetivado na carreiradiplomtica no posto de ministro de primei-ra classe. Exerce as funes de embaixa-dor e ministro plenipotencirio no Chile(1936/37), na Finlndia (1938/39), na It-lia (1939/42) e na Sua (1942/43).

    Desconheo notcia de trabalho sobre suaatuao como diplomata. O arquivo histri-co do Itamaraty, por certo, h de conter ma-terial a ser pesquisado. O perodo de 1939/43, no entanto, deve ser pobre de elementos.Gilberto fora designado embaixador espe-cial do Presidente Getlio Vargas. A ele sereportava. Segunda Grande Guerra, o go-verno indefinido sobre o caminho a seguir.Gilberto encontrava-se na Itlia. pouco

    provvel a existncia de documentos docontato entre ambos. Aspectos de sua vidadiplomtica podem, entretanto, ser encon-trados em seus escritos. Recolho, por exem-plo, no discurso de paraninfo da Turma de1955 do Instituto Rio Branco, trecho reve-lador de sua personalidade, de seu carter:

    Certo defrontei momentos dolo-rosos em que tive de me coibir e mu-dar at de comisso na Assembliadas Naes Unidas, por divergir daorientao do meu governo. Cito comoexemplo apenas a questo dos refugi-ados, perante a qual minha atitudeseria diferente da que tomou o Brasil.Eu teria, em vez de impedido, como sefez quase, favorecido a maior entradapossvel de displaced persons no conti-nente ainda relativamente despovoa-do que o Brasil27.

    O primeiro dever do homem pblico buscar a justia. A passagem transcrita de-monstra a retido do homem pblico Gil-berto Amado. Ptria sim, mas justia primei-ro. Tambm a, no campo dos direitos hu-manos, ele adota posio de vanguarda. Srecentemente o pas comea a tratar o as-sunto de modo coerente28.

    A primeira notoriedade de Gilberto Ama-do, no campo jurdico, advm da sua ativi-dade de criminalista vocao precoce efugaz. O derradeiro reconhecimento, essemais longevo, centra-se no direito das gen-tes. nesse terreno que sua atuao jurdicapode ser mais facilmente rotulvel com aetiqueta de exemplar. Privilegiado de talen-to e de cultura, possuidor de extraordinriobrilho de expresso a escrever, harmonizoutais qualidades para o esplendor de umavida de internacionalista. No deixa maisde trabalhar e de zelar pelo direito interna-cional, dentro e, sobretudo, fora do Brasil.

    A experincia como diplomata, parece-me, ajudou a forjar o internacionalista ad-mirado e respeitado por tantos quantos ti-veram o privilgio de o conhecer. Aps exer-cer o cargo de representante brasileiro noConselho Administrativo da Repartio

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    Internacional do Trabalho (1945), passa aatuar como delegado do Brasil na ONU. Se,de um lado, sua carreira diplomtica atingeo apogeu; de outro, o mundo passa a conhe-cer o grande internacionalista brasileiro. nas Naes Unidas que o jurista GilbertoAmado se consolida em sua vertente maispujante, a do especialista em direito inter-nacional.

    Sobre esse perodo lembra:Foram dias cheios para mim es-

    ses do comeo das Naes Unidaspara as quais se erguiam os olhos daesperana humana, e de ter trabalha-do em companhia de grandes sbiosdo mundo inteiro, alguns dos quaisse tornaram amigos fraternos meus epor esse motivo amigos do meu pas. me honroso recordar esses dias eessas amizades pelo relevo que adqui-riram na minha vida29.

    certo que o tratado constitutivo da ONU espartano ao cuidar do direito das gen-tes30. O artigo 13, que dispe sobre as atri-buies da Assemblia Geral, diz que eladever iniciar estudos e fazer recomenda-es, com o objetivo de incentivar o desen-volvimento progressivo do direito interna-cional, bem como sua codificao. Visandodar conseqncia ao dispositivo referido, aAssemblia Geral decide pelo estabeleci-mento de um Comit31 que haveria de lan-ar luzes sobre o melhor modo de desincum-bir a funo atribuda pela Carta. Tal Comit,composto de dezessete membros, prope acriao de uma Comisso de Direito Inter-nacional CDI. A proposio acolhida em194732. Adota-se um estatuto, e ela comearegularmente seus trabalhos no ano de 1948.

    Membro do Grupo dos Dezessete, Gil-berto Amado33 orgulhava-se de ter contri-budo, ao lado de Philip Jessup e WladimirKoretsky, na redao do art. 15 do Estatutoda Comisso34. O dispositivo trata da dis-tino entre codificao e desenvolvimentoprogressivo. De acordo com Gilberto,

    A importncia dessa deciso decompromisso est em que, graas a ela,

    a Comisso de Direito Internacionalpode trabalhar como um corpo cien-tfico, libertado da preocupao detransigir com o fim de obter acordo dosEstados em tudo que se relacionecom o desenvolvimento do DireitoInternacional e, ao mesmo tempo,poder recomendar, como rgo codi-ficador, as matrias e princpios cujacodificao ela julgue necessria oudesejvel35.

    O Grupo evitou diferenar, de modo pre-ciso, um e outro instituto. At porque existeuma rea de superposio. Como adverteOscar Schachter, ... codification involved ameasure of progressive development. Inconsis-tencies in existing law often had to be dealt withand gaps filled36. Ao que parece, o intentofoi alcanado. O dispositivo, tal como elabo-rado, resiste ao tempo. A Comisso, por seuturno, tem realizado importante tarefa nocumprimento de suas funes.

    Ela se rene, anualmente, em Genebra.Os trabalhos tm, na hora atual, durao de12 semanas37. Seus membros so eleitos pelaAssemblia Geral para um mandato de cin-co anos38. Inexiste vnculo com o Estado deorigem. Os componentes so escolhidos attulo pessoal. Eles so, via de regra, especi-alistas de reconhecida competncia em di-reito internacional, na sua maioria profes-sores universitrios39 . Para cada tpico designado um relator especial. Ele deve apre-sentar um relatrio anual com estudo damatria e oferecer minutas de artigos. A Co-misso analisa os relatrios e transmite asminutas ao Comit de Redao, que as exa-mina e prope redao final. Aps, as su-gestes so encaminhadas para a Assem-blia Geral, que poder convocar confern-cia para a adoo de um tratado internacio-nal sobre a matria40.

    At aqui treze assuntos apreciados pelaComisso deram origem a tratados interna-cionais. Merecem destaque os seguintes:Conveno de Viena sobre Relaes Diplo-mticas (1961), Conveno de Viena sobreRelaes Consulares (1963), Conveno deViena sobre o Direitos dos Tratados (1969)41.

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    Gilberto Amado eleito membro daComisso, e sucessivamente reeleito. Aindicao inicial de seu nome para integrara CDI parte de outro grande internaciona-lista brasileiro: Raul Fernandes 42 . NaComisso, Gilberto atinge pelo talento, peloestudo, pela cultura, pela dedicao aotrabalho, pelo pragmatismo de suas coloca-es o respeito de todos. Sua participao decisiva para o rumo do novo rgo. Comolembrou o Embaixador Sette Cmara,Gilberto Amado foi o primeiro profticoinconformista com as tendncias acadmi-cas da Comisso. Desde o comeo elecompreendeu que a Comisso era um rgosubsidirio da Assemblia Geral, criadopara prover percia cientfica de maneira aservir aos interesses dos Estados no campoda codificao do Direito Internacional...43.

    Gilberto traz objetividade para os traba-lhos da Comisso. Pondera,

    No me deixei embair pela supo-sio v de que, porque os mtodosdiplomticos faliram, foroso seriaconcluir que triunfariam os esforosdos homens de cincia. Ao meu esp-rito sempre foi evidente que a questode mtodo sempre acessria ou su-plementar em matria de codificaointernacional. O essencial no omtodo: o estado das relaes entreas potncias; no o remdio a serempregado; a sade da comunida-de internacional; a higidez do corpocoletivo.

    E arremata,... toda obra de codificao razoavel-mente concebvel e realizvel h deinspirar-se nesta preocupao assazprecria ? corresponder ao interesse,s aspiraes possveis dos Estados44.

    Seria mais fcil desfraldar a bandeira dacincia pura. Esquecer a linguagem da vida.Assim proceder, no entanto, seria um desfa-vor ao trabalho da Comisso. O delrio ut-pico poderia ficar bem como doutrina, masno ali. O retumbante fracasso de experin-cias anteriores o convencia disso.

    Verifica-se, paradoxalmente, um hiato deestudos sobre a obra de Gilberto Amado nocampo em que ele ter dedicado mais ener-gia e gosto: o direito internacional pblico.Costumava dizer aos amigos que se queixa-vam de que sua obra na Comisso no erasuficientemente conhecida:

    A culpa no minha. No se in-cluem entre meus deveres promoverpublicidade sobre essa obra. Traduzi-la do ingls e do francs custar-me-iatempo e obrigar-me-ia a grande fadi-ga fsica. Observe-se que, em geral, osmembros da Comisso no lem osseus trabalhos. Fala-se conversando.Os estengrafos apanham tudo o quese diz na ntegra e os servios jurdi-cos da Diviso de Codificao resu-mem o que se diz e submetem o texto considerao do autor. Alguns melho-ram, aperfeioam o que disseram. Euraramente o fao e tudo o que saiu athoje publicado no me determinounenhuma correo. Tudo est certo entido conforme eu disse na ocasio. que por temperamento e respeito amim mesmo, s abro a boca para di-zer o que j sei45.

    Penso que o senso crtico severo aliado mais absoluta objetividade impediram aproduo de obra sobre o direito das gentes,quer geral, quer especfica. De outro lado,iniciativas como a brilhante conferncia ODireito Internacional e as Naes Unidas46infelizmente no se reproduziram com pe-riodicidade. A palestra sntese exemplarde sua atuao na ONU at ali.

    Para saber da real contribuio de Gil-berto Amado nesse ramo do direito, impe-rioso analisar os 42 volumes dos anuriosda Comisso publicados no perodo de 1949a 1968. Nesse sentido, o trabalho do Profes-sor Canado Trindade de grande impor-tncia tanto na palestra proferida no cen-tenrio de nascimento de Gilberto47, quantonas transcries que fez constar do Repert-rio da prtica brasileira do direito internacionalpblico47. O material proporciona passagens

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    que s a vivncia prtica pode oferecer (OsEstados algumas vezes ocultavam seus ver-dadeiros pontos de vista sobre as questesem discusso em conferncias ou recorriama Estados amigos para express-los... 48).Como se v, Gilberto no jurista de gabi-nete. Tais observaes no constam demanuais da disciplina. Da leitura desseacervo, fica claro que a atuao do juristasergipano vai desde a organizao dostrabalhos da Comisso at o debate aprofun-dado sobre temas como: direito dos tratados,direitos e deveres dos Estados, jurisdiocriminal internacional, jus cogens, direito domar e processo arbitral.

    No domnio do direito dos tratados,Gilberto defende tese que resultou vencida.A necessidade do consentimento de todasas partes para a validade das reservas emtratado multilateral. O princpio tradicionalcede s exigncias da vida contempornea.A necessidade de aprovao unnime difi-culta a adoo, bem como a entrada em vi-gor dos tratados. De outro lado, a quebra doprincpio possibilita uma participao maisampla no compromisso. A reserva, por cer-to, no um caminho para fugir s obriga-es. Ela representa a possibilidade de com-prometer parte que, do contrrio, no se vin-cularia ao texto. O tema hoje no apresentamaiores dificuldades49. Uma reserva expres-samente autorizada por um tratado no re-quer qualquer aceitao posterior pelos ou-tros Estados contratantes, a no ser que otratado assim disponha.

    Ainda no campo do direito dos tratados,Gilberto faz amplo estudo do projeto do Pro-fessor James L. Brierly. Pondera que o traba-lho estava inseparavelmente ligado tcni-ca do sistema anglo-saxo. O texto do rela-tor abstraa da realidade global. Discorda,por exemplo, da idia de reputar vlido ostratados no momento da assinatura. Lem-bra que tal prtica uma obsoleta reminis-cncia de um passado remoto50. Arremataa crtica de modo contundente: ...o curioso que, relativamente questo crucial emdireito sobre tratados, a necessidade da

    ratificao, o relator, nos seus livros,sustenta uma doutrina em flagrante contra-dio com o ponto de vista adotado noprojeto52. Dizia isso ao professor de Oxford!

    Sua posio no custa a amizade deBrierly. Nem sempre foi assim. A argumen-tao clara, incisiva e terrvel contra o rela-trio do Prof. Georges Scelle sobre o processoarbitral deixa marcas no relacionamento deambos. V o texto proposto afastado da pr-tica dos Estados. Diz que o relatrio dis-tante da realidade internacional e repassa-do da totalidade idealista. Bate-se, porexemplo, contra a idia de veto nomeaode chefes de Estado para rbitros de contro-vrsias internacionais. Por igual odiosa lheparece a proposta de conceder aos rbitrospoderes para negociar e concluir o compro-misso arbitral. De suas inmeras observa-es, recolho a seguinte passagem:

    No a escolha dos rbitros pe-las partes que constitui a essncia daarbitragem. O compromisso arbitral,este sim, a cavilha de todo o sistemaarbitral. O Sr. Scelle prope um verda-deiro desdobramento do compromis-so arbitral. Na realidade sugere doiscompromissos: o primeiro, relativo nomeao dos rbitros, que a verda-deira base do seu sistema e o compro-misso arbitral no sentido tradicional,contendo as condies, o objeto do li-tgio, as regras do processo etc. O tri-bunal ter poderes para interpretarlivremente e at mesmo para modifi-car o compromisso. Sob o pretexto deaperfeioamento da prtica dos Esta-dos, o sistema do relator significaria adestruio do instituto da arbitragemna sua essncia de jurisdio volun-tria das partes, estabelecida por con-veno53.

    O teor da argumentao contribui parainviabilizar as propostas do relator. O de-bate atinge o plano pessoal. Scelle passa aver em Gilberto um elemento hostil. A inimi-zade o desfecho do relacionamento. Infe-lizmente, tal desenlace no incomum no

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    mundo acadmico. E o que pior, rusgasalheias podem prejudicar o desenvolvimen-to da cincia, e respingar em quem se en-contra distante da controvrsia. Gilberto eScelle, no entanto, foram maiores que suacontenda. Anos mais tarde, os dois grandesjuristas reconhecem as virtudes recprocas.Reata-se a amizade.

    Discute-se, de outra feita, jurisdio cri-minal internacional. Gilberto comparece.Fala. Coopera. Apresenta emenda. Bate-se,enfim, contra a iluso de se criar um tribu-nal penal internacional antes da existnciada lei penal a ser eventualmente aplicada.Diz ser prematuro qualquer esforo para oestabelecimento de instncia criminal naausncia de um direito criminal interna-cional. Pondera,

    preciso reconhecer que o direi-to penal internacional, direito aindaem formao, no se acha suficiente-mente amadurecido para permitir oestabelecimento de uma jurisdiopenal. A Sociedade internacional nodispe de meios de forar os Estadosa trazer seus sditos ao Tribunal, comexceo, naturalmente, da tcnica doself-help, da justia pelas prpriasmos, que a guerra. Destarte, sou for-ado a no reconhecer, por enquanto, apossibilidade da criao de uma Cor-te Internacional de Justia Penal54(nfase acrescida).

    Desde ento, o assunto faz parte da pau-ta da CDI. O tema, ainda hoje, provoca pol-mica. Recentemente, realizou-se em Roma,por convocao da Assemblia Geral, con-ferncia para o estabelecimento de umaCorte Criminal Internacional. Os resultadosdo encontro de Roma demonstram que amatria comea a amadurecer. obrahumana, sujeita aos humores do cenriointernacional. Ainda assim, o materialproduzido bastante palatvel55. De todomodo, a contribuio de Gilberto, bem comode seus pares, no romper dos anos cinqenta,foi importante para o resultado verificadona capital italiana.

    O essencial de nossa ateno, para umaanlise do trabalho de Amado na CDI, cen-trou-se em alguns aspectos de sua atuao.Exame exaustivo da contribuio do mestresergipano obra a ser realizada. O funda-mental aqui registrar a relevncia da par-ticipao do eterno Decano na Comisso.No tenho dvida de que os conselhos dojurista ho de marcar, pelo tempo adiante, aatuao do prprio rgo. At porque, emsua larga maioria, foram acatados. DiziaGilberto que o papel do jurista assemelha-seao de um conselheiro. Lembrava, entretanto,que conselheiro pouco sbio aquele qued conselho que ele sabe no ser aceito56.Sobre os feitos da Comisso, preferia no sepronunciar. Contentava-se em dizer que:

    ...acredito nela e que nela me empe-nho com todo o ardor e poder do meuesprito, procurando seguir a trilhados nossos antepassados, que desdeo comeo da Independncia e duran-te todo o Imprio afirmaram o amordo Brasil pela cincia do direito e mos-traram a capacidade de nossa terrapara bem servi-lo...57.

    O resultado de tanta entrega desinteres-sada o respeito e a admirao de seus pa-res. Como reconhecimento, a Comisso de-cide, pouco aps sua morte, criar a GilbertoAmado Memorial Lectures. As conferncias,proferidas anualmente por um grande in-ternacionalista, ocorrem durante as sessesda CDI. Como bem ponderou o EmbaixadorSette Cmara:

    This homage to the memory of Gil-berto Amado is an impressive testimonyto the force and importance of his persona-lity. The membership of the ILC has in-cluded the most eminent international law-yers of the past forty years. It will sufficeto recall the names of Brierly, ManleyHudson, Georges Scelle, J. P. A. Franois,Spiropoulos, Hersch Lauterpacht, andVerdross, among its late members, to showthe quality of its membership. The fact thatamong all these great men Gilberto Amadowas singled out for annual commemo-ration speaks for itself58.

  • Revista de Informao Legislativa86

    Devo destacar que a atividade jurdicade Amado na ONU no se limitou CDI.Ele participou, ainda, do Sexto Comit (Jur-dico) da Assemblia Geral59. Foi, de outrolado, chefe da delegao brasileira Confe-rncia da ONU sobre o Direito do Mar de1960. Atuou tambm na Comisso de Juris-dio Penal Internacional60. As Naes Uni-das souberam reconhecer a importncia daatuao do grande brasileiro ao reeleg-lopara sucessivos mandatos, de modo que, aofalecer, era o nico membro da Comisso quea integrava desde a instalao. Era, em sn-tese, o Decano de palavra firme, serena eautorizada. A justia de seus conceitos, afacilidade e clareza de sua linguagem fize-ram com que fosse pacfico o reconhecimen-to de seu valor como internacionalista.

    No chegou Corte da Haia. de se pen-sar que a tanto almejava. O temperamentoimpulsivo aliado a vicissitudes polticas, ameu sentir, no coroaram seu currculo coma passagem pelo principal rgo judicirioda ONU61. Sobre seu trabalho no cenriointernacional, no entanto, pode-se dizer queele aderiu tarefa. Conselho que soube pas-sar em seu discurso aos diplomados do RioBranco. Na oportunidade, disse:

    Aderir tarefa! Lembrai-vosbem. S um prazer, em verdade vosdigo, meus jovens amigos, verdadei-ramente alargador do corao, estre-me de mescla, nos dado: este de fa-zer bem o nosso trabalho, de cumprirdireito nosso dever62.

    curioso observar que, ainda hoje, juris-tas brasileiros, sobretudo da rea do direitointernacional, travam contato com as idiasdo mestre sergipano no exterior. Imagino serum cacoete tropical o no-reconhecimento,ou melhor, o desconhecimento do trabalhode inmeros brasileiros que engrandeceramnosso pas. E o que por vezes pior: a exal-tao desmedida do estrangeiro. Perigo aque Amado denominava desnacionaliza-o. Parece-me, no entanto, que tal omis-so comea a ser suprida. Iniciativas comoa do seminrio organizado pelo Governo do

    Estado de Sergipe por ocasio do trigsimoaniversrio de sua morte, a da FundaoAlexandre de Gusmo, que recentementepublicou as Conferncias Gilberto Ama-do63, bem como a do Senado Federal queeditou, na coleo Biblioteca Bsica Brasi-leira, a obra Eleio e Representao64 ,demonstram o alvorecer do resgate de umdos grandes vultos da histria recente doBrasil.

    Por fim, vale recordar o Poema paraGilberto Amado de Vinicius de Moraes65 :

    O HOMEM que pensaTem a fronte imensaTem a fronte pensaCheia de tormentos.O homem que pensaTraz nos pensamentosOs ventos preclarosQue vm das origens.O homem que pensaPensamentos clarosTem a fronte virgemDe ressentimentos.Sua fronte pensaSua mo escreveSua mo prescreveOs tempos futuros.O homem que pensaPensamentos purosO dia lhe duroA noite lhe leve:Que o homem que pensaS pensa o que deveS deve o que pensa.

    Paris, 1957A vingar a frase do personagem shakes-

    peariano, a inteligncia de Gilberto Amado o homem que pensa inexcedvel.

    Notas1 In: Minha formao no Recife. Rio de Janeiro :

    Jos Olympio, 1955. p. 245.2 PEREIRA, Lafayette Rodrigues. Direito das

    cousas. Rio de Janeiro : B. L. Garnier, 2 v. 1877.3 Op. cit., p. 246.4 Op. cit., p. 245.5 Op. cit., p. 246.

  • Braslia a. 37 n. 147 jul./set. 2000 87

    6 Op. cit., p. 346.7 Op. cit., p. 347.8 In: A Semana, de 30 de abril de 1911.9 SENNA, Homero. Gilberto Amado e o Brasil. 2.

    ed. Rio de Janeiro : Livraria Jos Olympio Editora,1969. p. 101.

    10 Cmara dos Deputados, Comisso de Finan-as, sesso de 22 de novembro de 1922 (v. Perfisparlamentares no. 11 - Gilberto Amado. Braslia :Cmara dos Deputados, Coordenao de Publica-es, s./d., p. 120).

    11 Cmara dos Deputados, Comisso de Finan-as, sesso de 27 de dezembro de 1925 (op. cit., p.170 - 171).

    12 Eleio e representao: curso de direito polti-co. 2. ed. Rio de Janeiro : OIG, 1931.

    13 Op. cit., p. 41.14 In: Depois da poltica . Rio de Janeiro : Jos Olym-

    pio Editora, 1960. p. 226.15 De 1 de novembro de 1934 a 18 de dezembro

    de 1935.16 V. Pareceres dos consultores jurdicos do Minist-

    rio das Relaes Exteriores (1935-1945). Rio de Janei-ro : Departamento de Imprensa Nacional, 1961. p.03-74.

    17 V. parecer de 23 de setembro de 1935, assimementado: O servio pr-militar e a questo dacidadania. Consulta da Embaixada em Roma so-bre a situao dos brasileiros filhos de pais italia-nos, em face da Constituio Brasileira e da novalegislao militar da Itlia. Op. cit., p. 65/67.

    18 V., por exemplo, pareceres sobre a incidnciada cota de previdncia sobre os juros de depsitosbancrios de funcionrios estrangeiros (imunidadediplomtica) e manifestao sobre o poder compe-tente para sancionar, promulgar e publicar trata-dos e convenes internacionais. Op. cit., p. 37-46 e54-61, respectivamente.

    19 Op. cit., p. 68 (v. nota 17).20 V., entre outros, ROLIN, Albric. Quelques

    questions relatives a lextradition. Recueil des Coursde lAcadmie de Droit International. 1923. p. 196-216. V., ainda, o art. 356 do Cdigo de Bustamante(1928), e 3 da Conveno de Montevidu (1933).

    21 Hoje, por exemplo, fala-se, com maior nfase,na necessidade de que o processo extradicional leveem conta a temtica dos direitos humanos. Sobreisso, v., entre outros, DUGART, John, WYNGAERT,Christine Van den. Reconciling Extradition withHuman Rights. American Journal of International Law.92 (APR 1998) 2: 187-212.

    22 Op. cit., p. 71 (v. nota 17).23 Resoluo da Assemblia Geral n 45/116, de

    14 de dezembro de 1990. V., ainda, Acordo de Ex-tradio entre os Estados-parte do MERCOSUL,Bolvia e Chile (assinado em Braslia, em 20 de no-vembro de 1998).

    24 Para uma lista dos tratados em relao aosquais o Brasil est vinculado, v. A extradio. 2. ed.Braslia : Ministrio da Justia, Departamento deEstrangeiros, 1999.

    25 Entre ns, Lei n 6.815, de 19 de agosto de1980.

    26 V. Depois da poltica . p. 237-246 (v. nota 15).27 In: Gilberto Amado: centenrio. Rio de Janeiro :

    J. Olympio; Braslia : IPRI/CDO, 1987. p. 58.28 Criao, por exemplo, do Comit Nacional

    para os Refugiados CONARE: art. 11 da Lei n9.474/97 (Estatuto do Refugiado).

    29 Discurso proferido quando do recebimentodo ttulo de Professor honoris causa da Universida-de Federal do Rio de Janeiro. In: Contribuies deGilberto Amado ao Direito Internacional. Correio daManh. Rio de Janeiro, 8-9-68, 2. parte, p. 1.

    30 Sobre o tema, v. NASCIMENTO E SILVA,Geraldo Eullio, As Naes Unidas e o direito in-ternacional. Carta mensal. 494, maio, 1996. 42: 3-20.

    31 Resoluo da Assemblia Geral. N. 94 (I), de 11de dezembro de 1946.

    32 Resoluo da Assemblia Geral. N. 174 (II), de21 de novembro de 1947.

    33 Na oportunidade, Gilberto fora assessoradopelo ento Secretrio Ramiro S. Guerreiro. Sobre esseperodo, v. saborosos comentrios em: GUERREI-RO, Ramiro Saraiva. Lembranas de um empregadodo Itamaraty. So Paulo : Siciliano, 1992. p. 50-63.

    34 Art. 15 - Nos artigos que se seguem aexpresso desenvolvimento progressivo do DireitoInternacional empregada por comodidade, paravisar os casos em que se impe a necessidade deredigir convenes sobre matrias que no estejamainda reguladas no Direito Internacional ou relati-vamente s quais o Direito no se ache ainda sufi-cientemente desenvolvido pela prtica dos Esta-dos. Assim, tambm a expresso codificao doDireito Internacional empregada por comodida-de para visar os casos em que se tenha de formularcom maior preciso e de sistematizar as regras doDireito Internacional em domnios em que j existauma prtica estatal considervel dos precedentes edas opinies doutrinrias.

    35 In: Revista Forense. 134 mar./abr. 1951, 573/574. p. 337.

    36 The UN legal order: an overview. In: JOYNER,Christopher C. The United Nations and internationallaw. Cambridge : Cambridge University Press, 1997.p. 7.

    37 Resoluo da Assemblia Geral n 3315 (XXIX),de 14 de dezembro de 1974.

    38 Desde 1981, a Comisso conta com 34 mem-bros. De incio, ela tinha 15 membros. Em 1951,passa para 21. Vinte e cinco membros a composi-o no perodo de 1961 at 1980.

    39 Os seguintes brasileiros atuaram na Comis-so: Gilberto Amado (1948/69); Embaixador Sette

  • Revista de Informao Legislativa88

    Cmara (1970/78); Embaixador Calero Rodrigues(1982/97) e, desde 1998, o Embaixador Baena So-ares.

    40 Notcia atualizada sobre a Comisso de Di-reito Internacional encontrada no seguinte endere-o eletrnico: www.un.org/law/ilc/ilcintro.htm.

    41 Para anlise da atual pauta, v. texto do Em-baixador Calero Rodrigues: O trabalho de codifica-o do direito internacional nas Naes Unidas.Boletim da Sociedade Brasileira de Direito Internacio-nal. [s.l. : s.n.], 49, jan./jun. 1996.

    42 V. artigo de Gilberto Amado: Raul Fernandes:traos para um estudo. In: Raul Fernandes: nonag-simo aniversrio, Rio de Janeiro : MRE, v. 2, 1958.

    43 In: Gilberto Amado: centenrio. Rio de Janeiro :J. Olympio; Braslia : IPRI/CDO, 1987. p. 21.

    44 Op. cit., p. 338-339 (v. nota 36).45 Op. cit., p. 1 (v. Nota 30).46 Conferncia pronunciada na Faculdade Naci-

    onal de Direito, em 15 de setembro de 1950. V.Revista Forense. 134, mar./abr. 1951. 573/574: p.335-357.

    47 A contribuio de Gilberto Amado aos tra-balhos da Comisso de Direito Internacional dasNaes Unidas. In: Gilberto Amado: centenrio. Riode Janeiro : J. Olympio; Braslia : IPRI/CDO, 1987.

    48 Braslia: Fundao Alexandre de Gusmo, 4vols. 1984. Perodo 1919/40: p. 79, 80, 216, 217;Perodo 1941/60: p. 25-31, 62-64, 84-87, 91, 92,95-99, 134, 135, 162-164, 171, 196, 227, 228, 236,258, 259, 283-292 e 347-351, e Perodo 1961/81:79, 80, 97, 98, 128, 129, 140, 141 e 308. Vale desta-car trecho da nota explicativa publicao: Em setratando de um Repertrio nacional da prtica doDireito Internacional, ficaram excludos os docu-mentos de rgos do gnero da Comisso de Direi-to Internacional da ONU, cujos integrantes atuamem sua capacidade puramente pessoal. Contudo,foi possvel levar em conta a anlise dos ricos traba-lhos da CDI efetuada no seio de rgos de composi-o intergovernamental como a Assemblia Gerale sua VI Comisso , em que aparece sob o nome daMisso do Brasil ou da Delegao do Brasil.

    49 In: Repertrio. Perodo 1961/81. p. 129.50 V. Conveno de Viena sobre o Direito dos

    Tratados (1969), arts. 19 a 23. Atualmente, a CDIaprecia o tema: reserva em tratados sobre direitoshumanos.

    51 Op. cit., p. 347 (v. nota 47).52 Op. cit., p. 348 (v. nota 47).53 Op. cit., p. 355 (v. nota 47).54 Op. cit., p. 342 (v. nota 47).55 V., entre outros, ARSANJANI, Mahnoush H.

    The Rome Statute of the International CriminalCourt. American Journal of International Law. 93 jan.1999. 1: 22-42.

    56 Op. cit., p. 356 (v. nota 47).57 Op. cit., p. 357 (v. nota 47).58 Gilberto Amado memorial lectures: confrences

    commmoratives Gilberto Amado. Braslia : Fun-dao Alexandre de Gusmo / Ministrio das Re-laes Exteriores, 1998. p. 172.

    59 V., por exemplo, O Brasil e o direito do mar,trabalho apresentado ao Comit em 4 de dezembrode 1956. Revista Forense. 169, jan./fev. 1957. 643/644: 9-15.

    60 Sobre o tema v. GROS ESPIELL, H. GilbertoAmado y la Comisin de Jurisdiccin Penal Inter-nacional. Boletim da Sociedade Brasileira de DireitoInternacional, XXXVII / XXXVIII (1985/1986) 67/68: 62-70.

    61 Por vias oblquas, contudo, justia lhe foi fei-ta. Seu discpulo, o Embaixador Sette Cmara, atin-ge a glria suprema. Para honra do mestre, e ale-gria de seus compatriotas. L permanece de 1979/88. Chega Vice-Presidncia do Tribunal, por elei-o de seus pares, no perodo 1982/85.

    62 Op. cit., p. 52 (v. nota 28).63 Gilberto Amado memorial lectures: confrences

    commmoratives Gilberto Amado. (v. nota 58).64 Primorosa edio de 1999, que conta com

    introduo crtica do saudoso Professor Olavo Brasilde Lima Jnior.

    65 In Vinicius de Moraes: poesia completa e obra.2. ed. Rio de Janeiro : Editora Nova Aguilar, 1986.p. 346.