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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Análise Financeira Lojas Renner S.A.
Diego de Lima e Silva da Cruz
ORIENTADOR: Prof. Aleksandra Sliwowska
Rio de Janeiro 2016
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2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em MBA em Finanças e gestão Corporativa. Por: Diego de Lima e Silva da Cruz
Análise Financeira Lojas Renner S.A.
Rio de Janeiro 2016
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço à minha família, em especial aos meus pais,
Rosemeri e José Antonio da Cruz, que tiveram papel fundamental não só para
a realização deste trabalho, mas ao longo de toda a minha vida.
Agradeço também a todos os professores da AVM, que agregaram em
conhecimento e experiência nessa minha jornada para me tornar um
profissional mais preparado.
Finalmente, agradeço à minha noiva Camilla Brasil e a todos os meus
amigos, que me apoiaram e incentivaram a sempre buscar os meus objetivos.
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DEDICATÓRIA
Dedico minha monografia a todos aqueles que fizeram do meu sonho
real, me proporcionando forças para que eu não desistisse de ir atrás do que
eu buscava para minha vida. Muitos obstáculos foram impostos para mim
durante esses últimos anos, mas graças a vocês eu não fraquejei. Obrigado
por tudo família, namorada, professores, amigos e colegas.
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RESUMO
O objetivo deste estudo consiste em analisar e apresentar os indicadores
financeiros para avaliação da saúde financeira da Lojas Renner S.A. Através
da coleta de dados da empresa, tanto seu histórico, como dados estratégicos e
expectativas futuras, que são analisados e utilizados para a formulação de
premissas e que irão servir de base para a avaliação. São coletados também
dados macroeconômicos e previsões para diversos indicadores econômico-
financeiros que auxiliarão no desenvolvimento das projeções financeiras da
Companhia. A necessidade de avaliar e identificar a saúde de uma empresa
através de uma análise financeira evidenciou-se ao redor do mundo nos
últimos anos.
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METODOLOGIA O processo inicia-se com a coleta de dados da empresa, tanto seu
histórico, como dados estratégicos e expectativas futuras, que são analisados e
utilizados para a formulação de premissas e que servirão de base para a
análise financeira. São coletados também dados macroeconômicos e previsões
para diversos indicadores econômico-financeiros que auxiliarão no
desenvolvimento das projeções financeiras da Companhia. O estudo será
desenvolvido através de análise do DRE da empresa, analise da estrutura de
passivo, consulta a sites de órgãos públicos e da empresa e livros voltados a
Análise Financeira e Mercado Financeiro.
Palavras-chave: análise financeira de empresas, lojas Renner, indicadores financeiros, avaliação.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Lojas Renner S/A 10
CAPÍTULO II
A Companhia e o Mercado Varejista 25
CAPÍTULO III
Descrição dos resultados 30
CONCLUSÃO 49
BIBLIOGRAFIA 51
ÍNDICE 52
ÍNDICE DE FIGURAS 53
ANEXOS 54
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INTRODUÇÃO
O cenário econômico brasileiro, apesar da crise que vive atualmente,
apresentou grandes transformações nos últimos anos, com mercado em busca
de novas tecnologias, aprimoramento na mão-de-obra, novos produtos e
formas de investimentos. O
O diagnóstico financeiro de uma empresa, é uma ferramenta fundamental
para análise de tomada de decisão de um investimento. As principais fontes de
dados hoje para tomada de decisão são a Bolsa de Valores de São Paulo, a
Bovespa, e as corretores a ela atreladas, porém para investidores amadores,
nem sempre as informações são claras o suficiente para interpretação.
Após a realização de uma boa análise, é possível identificar
minuciosamente a capacidade de geração de retorno aos acionistas da
empresa. A análise em si, será formada pelo cálculo dos principais índices
financeiros da empresa, onde verificaremos a sua realidade econômica e
financeira.
Os Investidores em geral, estão sempre em busca das melhores
informações que possam indicar qual será a empresa a ser investida obterá
valorização mais expressiva. No mercado de capitais atual, existem inúmeras
possibilidades de investimentos à disposição de quem detiver capital e estiver
disposto a investir.
O objetivo deste estudo é avaliar, sob a ótica da análise financeira, os
principais indicadores financeiro das Lojas Renner S/A.. Dentre os principais
conceitos de importantes em um investimento no mercado financeiro, este
estudo abordará: retorno, incerteza e risco. Retorno pode ser entendido como a
apreciação de capital ao final do horizonte de investimento. No entanto, há
incertezas associadas ao retorno que efetivamente será obtido ao final do
período de investimento. O risco nada mais é do que a mensuração numérica
de uma incerteza.
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Após avaliar os dados mais relevantes em relação à empresa, o estudo
visa analisar seu histórico, seus principais pilares de estrutura e,
posteriormente, analisar o posicionamento da companhia em relação ao
mercado e o resultado referente ao ano de 2011 de acordo com os principais
indicadores financeiro e contábeis.
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CAPÍTULO I
Lojas Renner S/A
1.1. Características da Empresa
A Lojas Renner S.A. é uma rede gaúcha de lojas de roupas e acessórios
para o público feminino, masculino e infantil, tendo seu início em 1912, com o
começo das atividades fabris do então Grupo A.J.Renner, a Lojas Renner
desvinculou-se do grupo fundado por Antônio Jacob Renner somente em 1965,
quando suas lojas começaram a tomar um formato mais próximo do atual.
Em 2011 era a décima sexta maior empresa varejista do país, segundo
ranking do Ibevar divulgado em 2012, tornando-se em 2015 a maior loja de
departamentos do Brasil, com 264 lojas, além das 30 lojas Camicado e 4
lojas Blue Steel. [1] Com sede em Porto Alegre no Rio Grande do Sul, a
varejista que ambicionava ser a Maior e Melhor Loja de Departamentos do
Brasil, mudou sua missão dentro dos seus fundamentos corporativos em 2011
e almeja ser a maior e melhor Loja de Departamentos das Américas.
Tem uma cultura corporativa sólida e uma gestão voltada para o
encantamento, que busca superar as expectativas dos clientes. Em 1996, a
Renner criou o Encantômetro, um painel eletrônico localizado na saída de cada
loja, para monitorar a qualidade do atendimento oferecido pelos colaboradores,
a percepção e o grau de encantamento do cliente.
A Companhia foi pioneira em implantar no país, em 2002, o conceito de
Estilos de Vida no desenvolvimento de suas coleções e na organização de
suas lojas. A exposição coordenada de roupas, calçados e acessórios, sob
marcas que refletem diferentes atitudes, interesses e personalidades, facilita a
escolha dos clientes, pois permite que eles identifiquem claramente o conjunto
de peças que melhor reflete seu jeito de ser e de viver, otimizando o seu tempo
de compras.
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Além de atuar no varejo, a Renner também atua no segmento de
Produtos Financeiros que gerem valor ao negócio principal, através de serviços
financeiros, que compreendem as vendas financiadas com encargos, os
empréstimos pessoais, os títulos de capitalização e os seguros,
comercializados nas áreas de crédito das lojas denominadas Realize.
1.2. Histórico da Empresa
O ano de 1965 marca o início da história de Lojas Renner como uma
empresa verdadeiramente independente. Até então, a Lojas Renner existia
como parte do grupo A. J. Renner, indústria fabril instalada no bairro
Navegantes, em Porto Alegre (RS). Foi como parte integrante do grupo A. J.
Renner que a Lojas Renner inaugurou em 1922, na capital gaúcha, seu
primeiro ponto-de-venda para a comercialização de artigos têxteis. Em 1940,
ainda como empresa pertencente ao grupo, o mix de produtos foi ampliado e a
Lojas Renner passou a operar como uma loja de departamentos.
Em 1965, devido ao seu crescimento e evolução, o grupo A. J. Renner
optou por tornar independentes as diferentes empresas que o formavam,
ocasião em que foi então constituída a companhia Lojas Renner S.A. Dois anos
depois, em 1967, a Lojas Renner já se transformava em uma empresa de
capital aberto. Após décadas de bom desempenho, a Lojas Renner passou por
uma profunda reestruturação no início dos anos 90, passando a operar no
formato de loja de departamentos especializada em moda.
Ainda na década de 90, impulsionada pela bem sucedida reestruturação e
pela implantação da Filosofia de Encantamento - segundo a qual não basta
satisfazer, mas superar as expectativas dos clientes – a Lojas Renner expandiu
suas operações para além do Rio Grande do Sul, chegando aos estados de
Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito
Federal, consolidando sua posição nesses mercados como uma loja de
departamentos especializada em moda com mercadorias de qualidade a
preços competitivos. Em 1991, quando teve início o processo de
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reestruturação, a Companhia contava com oito lojas e, até novembro de 1998,
já havia inaugurado 13 novas lojas, totalizando 21 unidades.
Em dezembro de 1998, a J. C. Penney Brazil, Inc. subsidiária de uma das
maiores redes de lojas de departamentos dos EUA, adquiriu o controle
acionário da Companhia. Como subsidiária do grupo J. C. Penney, a Renner
obteve alguns benefícios operacionais, tais como o acesso a fornecedores
internacionais, a consultoria de especialistas na escolha de pontos comerciais,
bem como a adoção de procedimentos e controles internos diferenciados. Isso
contribuiu para um crescimento substancial da Companhia a partir de
dezembro de 1998.
Com a implantação pioneira do conceito de lifestyle nas coleções e nas
lojas, em 2002, mais um importante passo é dado na evolução da Lojas
Renner. As coleções passam a ser desenvolvidas por estilos de vida e
compostas por marcas próprias que refletem um jeito de ser e de vestir, com
base em atitudes, interesses, valores, personalidades e hábitos dos clientes.
As lojas também passam a expor os produtos de forma coordenada,
facilitando a escolha do consumidor e otimizando o seu tempo de compras.
Em junho de 2005, ocasião em que a Companhia já atuava com 64
pontos-de-venda, a JC Penney, em conjunto com os administradores da Lojas
Renner, optou pela venda do controle da Companhia através de oferta pública
de ações na Bolsa de Valores de São Paulo. A Lojas Renner entrou então no
Novo Mercado da Bovespa como a primeira Companhia no país a ter seu
capital pulverizado e aproximadamente 100% das ações em circulação.
No ano seguinte, em 2006, com a bem sucedida operação de
pulverização das ações na Bolsa, o plano de expansão é intensificado e a
Lojas Renner inicia sua atuação no Nordeste, com a abertura de lojas nos
estados de Pernambuco, Ceará e Bahia. Ao longo do ano são inauguradas 15
novas unidades e a Companhia chega ao número de 81 lojas. O ano de 2007
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marca a continuidade do plano de expansão e a chegada da Companhia na
região Norte, com a abertura de uma loja no estado do Amazonas.
Também é intensificada a presença no Nordeste com a entrada da
Companhia nos estados de Sergipe e Paraíba e o fortalecimento da atuação na
Bahia. Durante o ano, foram abertas 14 novas operações e a rede chega ao
final de dezembro com 95 lojas.
1.3 Fundamentos Corporativos
Missão
“Ser a maior e melhor fashion retailer das Américas para o segmento
médio/alto dos consumidores com diferentes estilos, sempre com moda,
qualidade, preços competitivos e excelência nos serviços prestados.
Encantando e inovando.”
Visão
“Encantar a todos é a nossa realização.”
Valores empresariais
Encantar
“É a nossa realização: nos colocamos no lugar de nossos clientes,
fazendo por eles tudo aquilo que gostaríamos que fizessem por nós. Devemos
entender seus desejos e necessidades, exceder suas expectativas e, assim,
encantá-los. Não somos meros colaboradores, somos encantadores de
clientes. Não temos SAC, pois cada um de nós é um SAC: surgiu um problema,
resolva-o imediatamente”
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Nosso Jeito
“Somos uma empresa alegre, inovadora, ética, austera, de portas abertas
e onde a comunicação é fácil e transparente. Fazemos as coisas de forma
simples e ágil, com muita energia e paixão. Nosso negócio é movido por
persistência, criatividade, otimismo e muita proximidade com o mercado.”
Gente
“Contratamos, desenvolvemos e mantemos as melhores pessoas, que
gostam de gente, que têm paixão pelo que fazem e brilho nos olhos.
Trabalhamos em equipe, e nossas pessoas têm autoridade e responsabilidade
para tomar decisões. Proporcionamos a mesma escada para que todos os
colaboradores possam subir na velocidade dos seus talentos, esforços e
resultados.”
Donos do Negócio
“Pensamos e agimos como donos de nossas unidades de negócio, sendo
recompensados como tais. Temos senso de urgência, atitude e agressividade
na busca das melhores práticas, garimpando todas as oportunidades que
aparecem no mercado. Tomamos decisões, correndo riscos com
responsabilidade; aceitamos os erros que resultam em aprendizado, sem
buscar culpados, mas causas que devam ser corrigidas. Somos responsáveis
pela perpetuação da Renner, principalmente através de atitudes e exemplos..”
Obstinação por Resultados Excepcionais
“Somos responsáveis por gerar resultados e não apenas boas ideias. São
eles que garantem nossos investimentos, dão retorno aos acionistas,
proporcionam nossa remuneração e viabilizam nosso crescimento e
continuidade a longo prazo.”
Qualidade
“Desenvolvemos e implantamos padrões de excelência em tudo o que
fazemos, já que tudo o que fazemos pode ser melhorado. Nossos produtos e
serviços têm os mais altos níveis de qualidade: isso está em nosso DNA.”
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Sustentabilidade
“Nossos negócios e atitudes são pautados pelos princípios da
sustentabilidade. Buscamos, além dos resultados financeiros, o
desenvolvimento social e a redução dos impactos ambientais, sempre atuando
dentro das melhores práticas de governança corporativa.
ADORAMOS DESAFIOS: NÃO SABENDO QUE É IMPOSSÍVEL, NÓS
VAMOS LÁ E FAZEMOS!”
Ética
A Renner explicita, em seu Código de Ética e Conduta, o compromisso
público com a orientação ética e a gestão sustentável de seu negócio, de forma
que o impacto de suas ações tenha como resultado o equilíbrio, indissociável e
integrado, entre as dimensões sociais, econômicas e ambientais junto a todos
os seus públicos de relacionamento.
O Código de Ética e Conduta da Renner constitui-se na referência, formal
e institucional, que orienta a conduta profissional, interna e externa, de todos os
colaboradores da empresa.
Ele é composto pelos Fundamentos Corporativos e por normas que
orientam, na perspectiva da responsabilidade social empresarial, a relação
entre a empresa e seus diversos públicos de relacionamento, tais como
colaboradores, fornecedores, clientes, governo e sociedade, comunidade e
acionistas.
O compromisso de todos, independentemente do cargo ou função que
ocupem, com o cumprimento do Código de Ética e Conduta da empresa é um
passo fundamental para o fortalecimento e a sustentação da Renner como
empresa socialmente responsável.
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Estrutura de Governança Corporativa
Em 1967 a Renner abriu seu capital. O principal mercado de negociação
das ações da Companhia é a Bovespa, cuja negociação se iniciou a partir de
1972. Em Assembléia Geral Extraordinária, realizada em 25 de maio de 2005,
foram aprovadas, entre outras: (i) a conversão de todas as ações preferenciais
da Renner em ações ordinárias, (ii) o grupamento de nossas ações a uma
proporção de 253 antigas ações para 1 unidade nova do capital; e (iii) a
alteração do Estatuto Social da Companhia, de modo a adequá-lo às
exigências da Bovespa para a entrada no segmento do Novo Mercado.
Em 2000, a Bovespa introduziu três segmentos especiais para listagem,
conhecidos como Níveis 1 e 2 de Práticas Diferenciadas de Governança
Corporativa e Novo Mercado. O objetivo foi criar um mercado secundário para
valores mobiliários emitidos por companhias abertas brasileiras que sigam
melhores práticas de governança corporativa. Os segmentos de listagem são
destinados à negociação de ações emitidas por companhias que se
comprometam voluntariamente a cumprir práticas de boa governança
corporativa e maiores exigências de divulgação de informações em relação
àquelas já impostas pela legislação brasileira. Em geral, tais regras ampliam os
direitos dos acionistas e melhoram a qualidade da informação fornecida aos
acionistas.
As ações da Renner são negociadas no “Novo Mercado”. Novo Mercado é
um segmento especial do mercado de ações da Bovespa, destinado
exclusivamente a companhias que atendam a requisitos mínimos e aceitem
submeter-se a regras de “governança corporativa” diferenciadas. Os itens
abaixo resumem os principais pontos que caracterizam o Novo Mercado e são
aplicáveis à Companhia:
• divisão do capital social exclusivamente em ações ordinárias;
• ações que representem no mínimo 25% do capital social devem
estar em circulação (não podem ser detidas pelo controlador);
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• na alienação de controle, ainda que por vendas sucessivas, o
negócio deve ficar condicionado a que sejam estendidas aos
acionistas minoritários as mesmas condições oferecidas ao
acionista controlador, incluindo o mesmo preço (“tag-along”);
• Conselho de Administração com no mínimo 5 membros, com
mandato unificado de um ano;
• demonstração de fluxo de caixa nos ITRs e nas demonstrações
contábeis anuais;
• a partir do segundo exercício após adesão ao Novo Mercado, a
divulgação das demonstrações contábeis também em inglês e nos
padrões internacionais “US GAAP” ou “IFRS” passa a ser
obrigatória;
• o cronograma de eventos corporativos deve ser divulgado
anualmente;
• a saída do Novo Mercado fica condicionada à realização de oferta
pública de aquisição, por valor justo;
• adesão à Câmara de Arbitragem do Novo Mercado.
Em 2011, a Lojas Renner celebrou seu sexto ano de operação no modelo
pulverizado. De 2005 até o final de 2011 uma série de iniciativas foram
adotadas para garantir o segmento das melhores práticas de Governança
Corporativa, valendo ressaltar, membros independentes no Conselho de
Administração, diferentes executivos na Presidência do Conselho e da
Diretoria, Conselho Fiscal permanente, Comitê de Pessoas, Comitê de
Responsabilidade Social Empresarial e de Sustentabilidade, Manual para
Participação de Acionistas em Assembleia, regimentos internos próprios para o
Conselho de Administração (CA), Conselho Fiscal e Comitê de Pessoas,
mecanismos de avaliação formal do CA, Presidência do CA e do Comitê de
Pessoas e a criação do cargo de secretário do CA. Em 2012, foi criado o
Comitê de Auditoria e Gestão de Riscos.
Inseridas à Governança Corporativa, há áreas específicas na Companhia,
tais como: Compliance - criada em 2010 para assegurar o alinhamento com as
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diretrizes dos órgãos reguladores de produtos financeiros; Jurídico - que
coordena e monitora os temas relacionados com regulamentações e
legislações vigentes; e Prevenção de Perdas - que tem como objetivo
assegurar o pleno funcionamento do Programa de Prevenção de Perdas,
assessorar a gestão e atuar na prevenção e redução das perdas causadas por
atos ilícitos e erros administrativos e operacionais. Tais áreas, em conjunto,
orientam o processo de tomada de decisões mediante a avaliação integrada
dos riscos e de seus respectivos impactos. Além dessas áreas, também existe
o Departamento de Relações com Investidores, que estabelece o
relacionamento com o mercado de capitais e interage diariamente com todos
os investidores e acionistas da Companhia. A Companhia monitora
periodicamente o desempenho nos negócios e operações a fim de evitar
ameaças que possam comprometer o bom resultado dos negócios. Os
processos de gestão de riscos estão integrados ao sistema de Governança
Corporativa e incluem processos de auditoria interna e auditoria externa.
A Renner é benchmark em governança corporativa:
• A Companhia é a primeira companhia brasileira com free float de
100% em ações ordinárias;
• Listagem no Novo Mercado da Bovespa;
• Conselho de Administração com 5, de seus 7 componentes,
independentes;
• Diferentes Executivos da Presidência do Conselho e da Diretoria;
• Conselho Fiscal Permanente;
• Comitê de Remuneração;
• Interesse da administração alinhado com o dos acionistas - plano
de opções de compra de ações e participação nos resultados;
• Mecanismos de incentivo à dispersão acionária (detalhes em
Perguntas Freqüentes);
• Mecanismo de proteção aos acionistas em caso de takeover
(detalhes em Perguntas Freqüentes).
• Portal do Conselho de administração;
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• Comitê de Responsabilidade Social Empresarial e de
Sustentabilidade (um conselheiro independente e dois diretores);
• Secretário do Conselho;
• Implementação Formal da Avaliação do Conselho de
Administração.
Estrutura de Governança Corporativa e Societária
Figura 1: Estrutura de Governança Corporativa
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Figura 2: Composição Acionária
Dividendos
A Companhia, sem prejuízo do direito de a sua administração propor a
constituição de quaisquer reservas previstas em leis ou no Estatuto Social, e
observados o melhor interesse e a saúde financeira da Renner, distribuirá
como dividendo entre todas as ações, em cada exercício social, pelo menos
25% do lucro líquido do exercício, ajustado nos termos do artigo 202 da Lei de
Sociedades por Ações.
Por deliberação do Conselho de Administração da Renner, o dividendo
obrigatório pode ser pago também a título de juros sobre o capital próprio,
tratado como despesa dedutível para fins de imposto de renda de pessoa
jurídica e contribuição social sobre o lucro líquido.
Administração
O Conselho de Administração da Renner é o órgão de deliberação
colegiada, responsável pela formulação e monitoramento para implantação das
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políticas gerais de negócios da Companhia, incluindo a sua estratégia de longo
prazo. É responsável também, dentre outras atribuições, pela designação e
supervisão da gestão dos diretores da Renner. De acordo com a Lei das
Sociedades por Ações, o Conselho de Administração é também responsável
pela contratação dos auditores independentes.
A maioria das decisões do Conselho de Administração é tomada pela
maioria dos votos dos membros presentes a qualquer reunião. Todavia, o
Estatuto Social da Renner prevê quorum qualificado de dois terços para
deliberação de algumas matérias como proposta de recompra, resgate,
reembolso ou amortização de ações; proposta de criação ou emissão de bônus
de subscrição ou instrumentos conversíveis em ações; proposta de mudança
do objeto social da Companhia; proposta de incorporação da Companhia em
outra, incorporação de outra sociedade pela Companhia, incorporação de
ações envolvendo a Companhia, sua fusão ou cisão; proposta de liquidação,
dissolução ou extinção da Companhia ou cessação do estado de liquidação da
Companhia; e proposta de participação da Companhia em grupo de
sociedades. No caso de empate na votação, o Presidente do Conselho de
Administração tem voto de qualidade.
De acordo com a Lei das Sociedades por Ações, o Conselho Fiscal é um
órgão independente da administração e da auditoria externa da Companhia. A
responsabilidade principal do Conselho Fiscal é fiscalizar os atos dos
administradores e analisar as demonstrações financeiras, relatando suas
observações aos acionistas.
O Conselho Fiscal reunir-se-á, nos termos da lei, sempre que necessário
e analisará, ao menos trimestralmente, as demonstrações financeiras.
Além dos Conselhos de Administração e Fiscal, a empresa possui
também os Comitês de Administração, os já mencionados, Comitê
Remuneração e Responsabilidade Social Empresarial e Sustentabilidade, e os
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Comitês de Gestão, que apóiam as decisões da Diretoria, com foco no
aproveitamento de oportunidades de gerenciamento dos riscos do negócio.
Comitê de Prevenção de Perdas
Composto de diretores e gerentes, orienta as atividades ligadas à
prevenção de perdas que possam colocar em risco o patrimônio da Lojas
Renner, de seus colaboradores ou de clientes.
Comitê de Real State
Conta com a participação de representantes da Diretoria Executiva, da
Controladoria e dos setores Jurídico, de Logística, de Arquitetura e Engenharia
e Divisão de Lojas. Reúne-se mensalmente e define as estratégias de curto e
longo prazo para os investimentos imobiliários. São avaliados projetos de
novas construções e de reformas dos imóveis que compõem a estrutura física
da Companhia.
Comitê de Ética Empresarial
É composto de Diretor Presidente e demais membros da Diretoria
Executiva e se encarrega de garantir a implementação do Código de Ética e
Conduta e decidir sobre os casos em que há dúvidas sobre a interpretação do
documento. No caso de violações ao Código, cabe ao comitê estabelecer as
sanções a serem aplicadas. Não tem periodicidade definida: reúne-se de
acordo com a demanda.
Comitê Executivo
É formado pela Diretoria e pelos gerentes gerais. Com base em uma
análise de cenário que inclui riscos e oportunidades, elabora o planejamento
estratégico para aprovação pelo Conselho de Administração. A partir da
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definição de prioridades, as estratégias são desdobradas em projetos e metas
para todos os diretores e grupo de executivos.
1.4 Riscos inerentes à operação da Companhia
No mercado varejista existem alguns riscos que devem ser considerados,
pois impactam diretamente na operação da Companhia.
Riscos Macroeconômicos, como aceleração da inflação, aumento do
desemprego, crises financeiras, e outros fatores que afetam diretamente a
renda e a confiança do consumidor.
Riscos relativos à moda. Como, por exemplo, erro de coleção, trazendo
às lojas modelos e cores que não agradem o público em determinadas regiões
do país. No caso das Lojas Renner, este risco é mitigado devido a chegada nas
lojas, de 15 em 15 dias, das chamadas mini coleções, que seriam variações da
coleção principal presente na loja para que esta esteja sempre abastecida com
novidades incentivando a compra do consumidor que frequenta a loja
assiduamente.
Forte competição entre os grandes varejistas de vestuário
brasileiros. A corrida pela expansão e consolidação do mercado brasileiro
pode apresentar forte competição entre os principais players, apesar do
mercado ainda ser bem fragmentado, o que representa um grande espaço para
crescimento para todos os concorrentes.
Encontrar locais apropriados que sustentem o plano de expansão da
Companhia. A Renner depende da sua capacidade de encontrar espaços em
shoppings, e de negociar com os donos destes espaços para executar seu
plano de expansão, levando em conta que atualmente 93% de suas lojas estão
localizadas neste tipo de empreendimento.
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Alta participação do mercado informal no setor de varejo. Este risco
estaria relacionado a um aumento de impostos no país ou ainda a um
relaxamento no controle e fiscalização do setor.
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CAPÍTULO II
A Companhia e o Mercado Varejista
O ano de 2011 foi positivo para o varejo brasileiro como um todo,
especialmente no primeiro semestre, quando o ambiente de consumo estava
bastante vigoroso e as incertezas de uma possível crise na Europa eram
menos evidentes. Com o passar dos meses, a segunda metade do ano
mostrou-se mais desafiadora e mesmo assim, a Lojas Renner apresentou
desempenho positivo, com ganhos importantes de margens.
Atualmente no Brasil é difícil mensurar com exatidão a fatia de market
share de cada grande varejista de vestuário devido ao alto nível de
informalidade no comércio.
O setor de vestuário no Brasil, como um todo, é extremamente
fragmentado e permite a consolidação dos principais players do mercado
nacional que, no momento atual, são: Renner, C&A Riachuelo, Pernambucanas
e Marisa. Os cinco juntos possuem apenas 16% do chamado market share, ou
seja, da quota de mercado. Essa consolidação é possível, pois, se
compararmos com o mercado de países do primeiro mundo, por exemplo, os
principais players, têm de 30% a 40% dessa fatia. Não é difícil de imaginar o
que seria então um comercio varejista com o quádruplo de tamanho da
Riachuelo ou o triplo de tamanho da Renner e seria de longe o maior varejista
do setor.
Os principais vetores para o crescimento do varejo no Brasil, ou seja, os
indicadores que, apresentando melhoras, impulsionam as vendas do setor são:
renda populacional, índice de desemprego, nível de confiança do consumidor e
a expansão do crédito. No caso específico da Lojas Renner este crescimento
também está ligado a outros fatores como, o processo de expansão da
Companhia, ou seja, o número de lojas e regiões do país que ocupa, um maior
tráfego tanto nos shopping centers como nas lojas da Renner, o aumento da
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venda financiada (e o aumento das parcelas com juros), uma maior
consolidação da marca junto aos consumidores, entre outros fatores.
A Lojas Renner possui um posicionamento estratégico de alto conceito de
moda a preços competitivos o que aumenta a atratividade da empresa diante
das principais concorrentes no setor de varejo.
Figura 3: Posicionamento Estratégico das Maiores Varejistas de
Vestuário
Análise da Estratégia da Companhia
A Companhia desenvolve e vende roupas, calçados e moda íntima de
qualidade para mulheres, homens, adolescentes e crianças sob 11 marcas
próprias, das quais 6 são representativas do conceito Lifestyle. Também vende
acessórios e cosméticos por meio de duas marcas próprias e oferece
mercadorias em determinadas categorias sob marcas de terceiros.
O público-alvo da Companhia são mulheres entre 18 e 39 anos, na faixa
de consumo média e média-alta da população brasileira. A proposição de valor
da Renner é: “Ser a loja cúmplice da mulher moderna, com moda em diversos
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estilos, com qualidade, a preços competitivos, em ambientes práticos e
agradáveis”. A Renner explora aspectos econômicos importantes neste
sentido:
• Mulheres respondem por 83% das decisões de compras de
vestuário
• Aproximadamente 80% dos clientes da Lojas Renner são mulheres
• Evolução da participação feminina no mercado de trabalho
• Evolução da massa salarial de 42% entre as mulheres, contra 26%
entre os homens
A Companhia explora como vantagens competitivas a política de
encantamento do cliente, o que lhe garantiu a melhor posição dentre as
varejistas no ranking de atendimento ao cliente elaborado pelo Instituo Ibero-
brasileiro de Relacionamento com o Cliente.
Outra vantagem competitiva da Renner é o conceito de lifestyle que
relaciona as seis marcas próprias da empresa a cinco estilos de vida. Cada
marca representa o estilo de vida de um grupo de clientes baseado em suas
atitudes, interesses pessoais, valores e personalidades. As marcas não estão
relacionadas com idades e sim com estilos de vida. Assim, o principal slogan
da empresa é: “Você tem seu estilo. A RENNER tem todos.”
Esta estratégia traz para a companhia diversas vantagens tais como:
• Aumenta as oportunidades de vendas cruzadas
• Maior giro de estoques, sem sobreposição de mercadorias
• Menor necessidade de redução de preços (mark-downs)
• Oportunidades para aumentos de margens
Para os próximos anos, a Lojas Renner pretende manter a estratégia
baseada em seus pilares de crescimento, com atenção especial à ampliação
do número de inaugurações e aos novos formatos de
lojas, incluindo testes para operações de lojas especializadas.
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Em 2011, 36 novas lojas foram inauguradas em várias regiões do país,
sendo 30 unidades da Renner, 3 da Camicado e 3 testes da Blue Steel,
consolidando a presença no mercado brasileiro, além do lançamento do projeto
de lojas compactas, modelo este que propiciará inaugurar, nos próximos anos,
cerca de 100 lojas neste formato. Com os dois formatos, lojas tradicionais e
compactas, a Renner espera chegar ao total de aproximadamente 255
unidades em operação em 2015.
A Renner terá, ainda, foco especial em todos os processos que servirão
de apoio para suportar o crescimento acelerado dos próximos anos. Sempre
mantendo o foco no negócio de varejo, a Renner planeja continuar expandindo
a oferta de serviços financeiros que gerem valor ao negócio principal, através
de um ticket médio de compras mais elevado e do maior tráfego nas lojas.
Para a formulação das estratégias da organização no ano em referência,
foi utilizado uma das mais conhecidas ferramentas para diagnóstico
estratégico: a MATRIZ SWOT.
O termo SWOT é um acrônimo das palavras provenientes da língua
inglesa Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades
(Opportunities) e Ameaças (Threats).
Este modelo tem por objetivo avaliar, mediante reflexão aprofundada
entre todos os gestores, quais são: as vantagens internas da empresa em
relação às empresas concorrentes (Forças), as desvantagens internas da
empresa em relação às empresas concorrentes (Fraquezas), os aspectos
positivos que tenham potencial de fazer crescer a vantagem competitiva da
empresa (Oportunidades) e os aspectos negativos que tenham potencial de
comprometer a vantagem competitiva da empresa (Ameaças).
29
Essa ferramenta sozinha é extremamente poderosa, e permite a
transformação de informações em dados essenciais para a evolução da
companhia.
30
CAPÍTULO III
Descrição dos resultados
Além dos aspectos macroeconômicos que marcaram o ano de 2011,
algumas iniciativas operacionais adotadas pela Lojas Renner também
mereceram destaque, tais como o desenvolvimento da cadeia de fornecedores
brasileiros, o início da construção de um novo centro de distribuição, que trará
mudanças estruturais no processo logístico, melhorias na operação de vendas
pela web e nos processos de lojas. Ainda em 2011, houve a aquisição e a
consolidação e integração da Camicado Houseware a partir de maio e o
lançamento dos protótipos da Blue Steel, marca jovem da Renner que passou
a ser testada através do formato de lojas especializadas. O lançamento de
cartões embandeirados com Mastercard e Visa e o projeto de revitalização do
Cartão Renner Private Label foram igualmente importantes no período.
No ano, a Companhia seguiu com seu programa de expansão da rede de
lojas, inaugurando 30 unidades da Renner, 3 da Camicado e 3 testes da Blue
Steel, sendo 6 na Região Sul, 21 na Região Sudeste, 2 no Centro-Oeste, 6 no
Nordeste e 1 no Norte. Estas inaugurações somaram investimentos
consolidados de R$ 188,3 milhões enquanto que remodelações, logística,
equipamentos e sistemas de tecnologia dentre outros demandaram recursos
adicionais de R$ 108,3 milhões. A Lojas Renner totalizou 164 lojas em
operação no País, com área de vendas de 318,0 mil metros quadrados,
representando um incremento de 15,8% sobre o ano anterior. No período, a
produtividade das lojas da Renner aumentou 2,1%, passando de R$ 9,5 mil por
m² para R$ 9,7 mil por m². A Camicado, por sua vez, totalizou 30 lojas, com
área de vendas de 15,5 mil m² e crescimento de área de 18,3% sobre o ano de
2010. Neste ano, foram ainda inauguradas 3 lojas piloto da Blue Steel, marca
jovem da Renner que está sendo testada para um modelo de loja
especializada. O plano de aberturas dos pilotos foi executado dentro do
planejado, e, em março, foi inaugurada a primeira loja Blue Steel em São
Paulo, com 300 m², a segunda foi aberta em agosto, em Belo Horizonte, com
180 m², e a terceira, em Porto Alegre, em novembro, com 150 m².
31
Figura 4: Distribuição Geográfica em 31 de Dezembro de 2011
3.1 Indicadores Financeiros
De larga utilização, a análise através de indicadores confunde-se com a
própria análise das demonstrações contábeis. Trata-se da relação entre contas,
e grupo de contas, de uma ou mais demonstrações financeiras, que busca dar
visão geral da situação econômica e financeira da empresa.
O uso dos indicadores traz a vantagem de uma identificação imediata de
um determinado aspecto patrimonial da empresa, como sua liquidez,
endividamento e/ou resultados. É um sinalizador de uma situação positiva ou
negativa, mas que, isoladamente, tem suas limitações, porque não identifica,
na maioria das vezes, a causa.
32
Embora tenham suas limitações, os índices possuem a capacidade de
mensurar com maior precisão as relações entre os componentes patrimoniais e
são imprescindíveis na avaliação dos retornos dos investimentos.
São variados os indicadores e formas de cálculo utilizadas. Serão
abordados os índices de mercado, liquidez, atividade, margem, margem da
operação em varejo, rentabilidade (ou retorno) e alavancagem (endividamento,
imobilizações e retorno), destacando eventuais diferenças identificadas nos
critérios de cálculo ou nomenclatura utilizados.
3.1.1 Indicadores de Mercado
Foram destacados três indicadores com o objetivo de demonstrar os
valores do patrimônio líquido, do lucro líquido e dos dividendos pagos por ação.
Em geral, não estas informações não são utilizadas para comparação
entre empresas, já que o número de ações muda muito de empresa para
empresa. Mas podem ser usadas, entretanto, para comparar uma série
histórica de uma empresa.
Indicadores de Mercado
Ano 2008 2009 2010 2011
Valor Patrimonial da Ação 5,85 7,11 8,35 9,40 Lucro por Ação 1,34 1,56 2,52 2,74 Dividendos por Ação 0,02 0,05 0,06 0,03
Tabela 1: Indicadores de Mercado (em R$)
3.1.2 Indicadores de Liquidez
Indicadores de Liquidez mostram a capacidade que a empresa tem de
pagar seus compromissos, especialmente os de prazo mais curto.
33
A Liquidez Corrente, especificamente, procura mostrar a capacidade de
pagamento dos compromissos de curto prazo da empresa.
A Liquidez Seca também mostra a capacidade de pagamento dos
compromissos de curto prazo da empresa, porém ele é bem mais rigoroso que
o de Liquidez Corrente já que não considera que o estoque da empresa tenha
liquidez suficiente para pagar estes compromissos.
A Liquidez Imediata mostra a capacidade da empresa em termos de
recursos financeiros disponíveis que podem ser usados para o pagamento das
dívidas de curtíssimo prazo. Em geral ele apresenta valores baixos, já que
normalmente as empresas não mantêm grande quantidade de dinheiro em
caixa.
A Liquidez Geral, especificamente, retrata a visão mais ampla da liquidez
da empresa, englobando tanto o curto quanto o longo prazo. Ela procura
mostrar o grau de equilíbrio entre pagamentos e recebimentos futuros da
empresa.
Indicadores de Liquidez
Ano 2008 2009 2010 2011
LIQUIDEZ CORRENTE 1,36 1,47 1,92 1,91 LIQUIDEZ SECA 1,13 1,26 1,63 1,53 LIQUIDEZ IMEDIATA 0,18 0,38 0,65 0,20 LIQUIDEZ GERAL 1,37 1,47 1,87 1,92
Tabela 2: Indicadores de Liquidez
3.1.3 Indicadores de Atividade
Os Indicadores de Atividade medem a eficiência na administração dos
ativos da empresa ou, em outras palavras, a velocidade com que a empresa
transforma seus ativos e/ou patrimônio líquido em receita. Eles são bastante
dependentes do setor de atividade de cada empresa e são melhores quando
34
utilizados para avaliar uma mesma empresa ao longo de um período ou
comparar empresas que desenvolvem produtos semelhantes.
O Prazo Médio de Estoques, especificamente, mostra o número de dias,
em média, que a empresa leva para vender seus produtos.
O Prazo Médio de Recebimento, especificamente, mostra o número de
dias, em média, que a empresa leva para receber o valor correspondente a
uma venda efetuada. Quanto maior este valor, mais flexível em relação a
prazos de pagamento a empresa está sendo com seus clientes.
O Prazo Médio de Pagamento, especificamente, mostra o número de
dias, em média, que a empresa leva para pagar seus fornecedores, a partir do
momento da compra da matéria-prima. Quanto maior este valor, mais forte
estará sendo a empresa em relação aos seus fornecedores.
O Ciclo Financeiro, também conhecido por Ciclo de Caixa, representa o
tempo médio decorrido, em dias, entre o pagamento aos fornecedores de
matérias-primas e o recebimento dos valores relativos às vendas dos produtos
da empresa. Durante este período, a empresa se financia através de seu
capital de giro.
O Quociente de Posicionamento Relativo, especificamente, aponta a
relação entre o prazo médio de recebimento e o prazo médio de pagamento.
Indicadores de Atividade
Ano 2008 2009 2010 2011
Prazo médio - estoques (prod.acab,) 68,41 69,46 84,02 105,43 Prazo médio de recebimentos clientes 89,99 89,80 85,87 84,87 Prazo médio de pagamtos. Fornecedores 61,38 91,41 96,91 112,53 Ciclo financeiro 97,02 67,85 72,98 77,77 Quociente de posicionamento relativo 146,61% 98,24% 88,61% 75,42%
Tabela 3: Indicadores de Atividade
35
3.1.4 Indicadores de Margem
Os Indicadores de Margens mostram o percentual de retorno que a
empresa obtém nas diferentes fases de sua operação. Eles são extremamente
dependentes da atividade da empresa e são melhores quando utilizados para
avaliar uma mesma empresa ao longo de um período ou comparar empresas
que desenvolvem produtos semelhantes.
É sempre bom analisar os indicadores deste grupo junto com os
indicadores de rentabilidade, em especial com o Giro do Ativo. Um alto Giro do
Ativo significa que a empresa está vendendo mais. Um indicador de margem
alto significa que ela está vendendo "melhor".
A Margem Bruta, especificamente, mostra o percentual de lucro que a
empresa conseguiu obter com suas vendas (descontando o custo das
mercadorias vendidas) em relação ao seu faturamento.
O EBIT (Earnings Before Interest and Taxes) ou LAJIR (Lucro Antes do
Juros e Imposto de Renda), em português, representa o resultado operacional
da empresa, sem a inclusão de receitas e despesas financeiras. Ele é o
equivalente ao chamado de "Lucro Operacional" em vários países (que
diferentemente no caso do Brasil, inclui as receitas e despesas financeiras).
A margem EBIT/LAJIR, portanto, mede o percentual de lucro que a
empresa conseguiu obter em sua operação (descontadas as receitas e
despesas financeiras).
O EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation And
Amortization) ou LAJIDA (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e
Amortização) é equivalente ao EBIT. No entanto, neste caso também são
descontadas os custos de depreciação e amortizações.
36
A Margem Líquida, especificamente, mede o percentual de lucro líquido
que a empresa conseguiu obter em relação ao seu faturamento. Por lucro
líquido entende-se o lucro após a dedução de todas as despesas, incluindo o
imposto de renda.
Indicadores de Margem
Ano 2008 2009 2010 2011
Indicadores da Margem Total
Margem Bruta 53,17% 54,10% 56,04% 56,89% EBITDA 297.109 355.910 505.120 592.626 Margem EBITDA 15,19% 16,82% 20,51% 20,46% EBIT 235.083 281.837 429.333 494.989 Margem EBIT 12,02% 13,32% 17,43% 17,09% Margem Líquida 7,44% 8,02% 11,20% 10,40%
Indicadores de Margem da Operação em Varejo Margem Bruta 49,07% 50,11% 51,99% 52,52%
EBITDA 245.437 288.333 384.075 467.553
Margem EBITDA 12,55% 13,63% 15,60% 16,14%
EBIT 183.411 214.260 308.288 369.916
Margem EBIT 9,37% 10,13% 12,52% 12,77%
Margem Líquida 8,30% 8,96% 12,51% 11,63%
Tabela 4: Indicadores de Margem (em milhares de R$)
3.1.5 Indicadores de Rentabilidade
Os Indicadores de Rentabilidade medem a capacidade da empresa de
transformar seu Ativo ou Patrimônio Líquido em lucro, o que em realidade é o
objetivo principal da existência da própria empresa.
O Retorno sobre o Ativo, também conhecido por seu nome em inglês
ROA - Return on Assets, mede o percentual de lucro que a empresa obtém em
relação aos recursos nela investidos (seja pelos acionistas ou por credores). É
uma medida da eficiência da empresa. O interessante deste índice é que ele
pode ser usado para comparar empresas mesmo de setores completamente
diferentes.
O Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio, também conhecido por seu
nome em inglês ROE - Return on Equity, mede o percentual de lucro que a
empresa obtém em relação aos seus recursos próprios. O interessante deste
37
índice é que ele pode ser usado para comparar empresas mesmo de setores
completamente diferentes.
O Giro do Ativo, especificamente, mostra quantas vezes a empresa
recuperou o valor de seu ativo por meio de vendas em um período de um ano.
Ele é bastante dependente do setor de atuação da empresa e sua análise deve
sempre ser combinada com a análise de um ou mais indicadores de margens.
Um alto Giro do Ativo significa que a empresa está vendendo mais. Um
indicador de margens alto significa que ela está vendendo "melhor".
Indicadores de Rentabilidade
Ano 2008 2009 2010 2011
Retorno sobre Ativo Inicial
13,59% 18,20% 16,19% Giro do Ativo Inicial
145,33% 143,21% 131,86%
Retorno sobre Ativo Médio
13,31% 17,39% 15,79% Giro do Ativo Médio
141,03% 135,46% 127,03%
Retorno sobre Ativo Final
11,50% 14,24% 13,33% Giro do Ativo Final
123,03% 112,02% 108,55%
Margem do Lucro Gerado pelo Ativo
9,35% 12,71% 12,28%
Retorno sobre Recurso Próprio Inicial
26,65% 35,55% 32,99% Retorno sobre Recurso Próprio Médio
27,43% 39,17% 36,70%
Retorno sobre Recurso Próprio Final
21,88% 30,16% 29,17%
Tabela 5: Indicadores de Rentabilidade
3.1.6 Indicadores de Alavancagem
Os Indicadores de Alavancagem mostram a capacidade da empresa de
transformar capital próprios e de terceiros em ativos.
O indicador que revela o Grau de Alavancagem Financeira, consiste em
avaliar o custo dos capitais de terceiros frente ao retorno dos ativos financiados
por estes capitais.
Indicadores de Alavancagem
Ano 2008 2009 2010 2011
Grau de Alavancagem Financeira Inicial
196,09% 195,35% 203,74% Grau de Alavancagem Financeira Média
206,06% 225,23% 232,53%
Grau de Alavancagem Financeira Final
190,21% 211,86% 218,86%
38
Tabela 6: Indicadores de Alavancagem
3.2 Análise Vertical e Horizontal
Técnicas bastante difundidas entre analistas financeiros permitem uma
visão global da situação econômica e financeira da empresa e sua evolução.
No balanço identificam a participação e evolução das principais fontes de
recursos, próprias e de terceiros, e suas aplicações no ativo. Na demonstração
dos resultados explicam como se formam os lucros ou prejuízos, qual foi o
comportamento dos custos, das despesas e das margens.
A análise vertical avalia a participação de cada conta e seus respectivos
grupos em relação aos totais do Ativo e do Passivo de um exercício social,
enquanto a análise horizontal identifica a evolução, de cada conta e seus
respectivos grupos ao longo de mais de um exercício social. Embora sejam
técnicas com propósitos diferentes, são complementares e, eventualmente se
sobrepõe.
As estruturas de balanço patrimonial e as DREs, dos exercícios de 2008,
2009, 2010 e 2011, utilizadas para a análise vertical e horizontal encontram-se
no Anexo 1.
3.2.1 Análise do Ativo
As contas mais significativas do Ativo estão no Circulante, que representa
em média 72% da composição do total. Maior destaque para Caixa e Contas a
Receber, que representam em média 58% do circulante.
A conta Caixa apresentou uma queda de 2010 para 2011, passando a
representar apenas 19,4% do total, quando em média, nos últimos anos,
representou mais de 20%. Já de 2008 para 2009, houve uma forte elevação de
130%. Esse movimento pode ser explicado a mudanças nos prazos médios de
compras, que foi reduzido em 2008, mas se restabeleceu em 2009.
39
A rubrica Contas a Receber, com média de representatividade de 40%,
apresentou alta de 44% de 2008 para 2009, devido a um aumento no prazo
médio de recebimento. Nos anos seguintes teve pequena variação, devido a
uma pequena redução no prazo médio de recebimento, que reduziu sua
representatividade para 35%.
A conta estoques, que tem representatividade de 11,7% do total, teve
variação de 35,5% de 2009 para 2010, o que elevou seu prazo médio de
estoques neste ano. De 2010 para 2011 o aumento foi ainda mais expressivo,
atingindo uma variação de 45,9%, elevando ainda mais o prazo médio de
estoques do último ano.
Além destas, vale destacar a conta Imobilizado, que representa em média
19,4% do total do ativo. Desde 2009 vem apresentando uma variação desta
conta, devido ao plano da expansão da empresa, abrindo lojas em diversas
cidades do país. Destaque para a variação de 2010 para 2011 de 45,3%. Em
2011 a Lojas Renner dobrou o número de inaugurações de lojas de 2010 e
ainda por cima adquiriu a Camicado. Hoje a empresa é a segunda maior rede
de lojas de departamentos de vestuário no Brasil. O Ativo total da empresa
cresceu 21,5% de 2010 para 2011.
3.2.2 Análise do Passivo
A estrutura de passivo está fortemente representada pelo circulante e pelo
patrimônio líquido, que representam respectivamente, em média, 44,4% e
42,3% do total.
Do circulante, as contas mais significativas são Financiamentos e
Fornecedores. Com representatividade média de 14,5% nos últimos 4 anos, a
conta Financiamentos apresentou grandes variações em 2010 e 2011, com
uma redução de 28,5% em 2010 e 44,9% em 2011, provavelmente, devido à
alguma liquidação de curto prazo. A conta de fornecedores possui uma
40
representatividade média de 12,9% nos últimos 4 anos. Essa conta aumentou
consideravelmente nos últimos três anos, com crescimento de 57,8% de 2008
para 2009, de 18,7% de 2009 para 2010, e de 35,1% de 2010 para 2011,
provavelmente, devido a um aumento no prazo médio de compras.
O Passivo Não Circulante ganhou representatividade nos últimos dois
anos, com 18,6% do total devido a um financiamento adquirido no ano de 2010,
o que fez com que o não circulante variasse 461,4% de 2009 para 2010. Em
2011, houve um crescimento de 66,9% em relação ao fim de 2010, devido a
emissão de R$ 300 milhões em debêntures.
O Patrimônio Líquido representa em média 42,3% do total do Passivo e
as contas que mais variaram foram as Reservas de Capital e de Lucros, já que
o Capital Social, apesar de representar, em média, 19,1% do total, não
apresentou variação significativa nos últimos 4 anos.
A conta que mais variou foi a Reservas de Lucros, crescendo 78,9% de
2008 para 2009, 43% de 2009 para 2010, e 22,2% de 2010 para 2011, devido
ao forte crescimento dos lucros da empresa e nos planos de investimento e
expansão.
3.2.3 Análise da DRE
A Receita com venda de mercadorias representa em média 89,5% da
receita e também aumentou 16,4% de 2009 para 2010 e 17,7% no último ano.
Os Custos das vendas vêm reduzindo sua representatividade nos últimos
quatro anos, passando de 46,8% em 2008 para 43,1% em 2011.
A empresa vem aumentando seu lucro bruto, provavelmente devido à
redução do custo das mercadorias vendidas, seja na gestão do estoque ou na
negociação com fornecedores.
41
As despesas com vendas são as de maior representatividade, com mais
de 20% do total.
Houve uma redução com perdas em crédito no ano de 2010, seguido de
um aumento em 2011. No entanto, isso não alterou a representatividade média
da conta sobre o total.
As despesas operacionais sofreram importantes aumentos desde o início
de 2010. Gerando um aumento na representatividade média vivenciada em
2008 e 2009.
O lucro operacional (EBITDA) também vem aumentando, principalmente
no ano de 2010, em que aumentou 41,9% sobre 2009. Em 2011 houve uma
leve desaceleração, mas mesmo assim houve um crescimento de 17,32%.
O lucro operacional antes do resultado financeiro (EBIT) apresentou
aumento de 52,3% de 2009 para 2010. Novamente em 2011 houve uma leve
desaceleração, mas mesmo assim houve um crescimento de 15,3%.
Apesar da conta Resultado Financeiro não ter grande representatividade,
apresentou um aumento de 258,4% de 2009 para 2010.
O lucro líquido do exercício aumentou 9,4% de 2010 para 2011 e passou
a representar 10,4% do total das receitas líquidas, que pode ser explicado pelo
aumento das Receitas, redução do Custo das Mercadorias Vendidas e
manutenção das despesas operacionais.
3.3 Análise dos resultados
Em 2011, a Receita Líquida Consolidada das Vendas de Mercadorias foi
17,6% maior que a registrada no mesmo período do ano anterior, totalizando
R$ 2.896,6 milhões. Sob o conceito de Vendas em Mesmas Lojas para a
Renner apenas, o crescimento foi de 7,2% sobre o mesmo período de 2010.
42
Figura 5: Receita Líquida das Vendas de Mercadorias (Consolidado,
em R$ MM)
No ano de 2011, o Lucro Bruto Consolidado da Operação de Varejo
atingiu R$ 1.521,4 milhões, apresentando um importante incremento de 18,8%
em relação ao ano anterior, e a Margem Bruta da Operação de Varejo foi de
52,5% no período ante 52,0% de 2010. Este aumento foi realmente muito
importante, visto que em 2011 a Companhia enfrentou fortes pressões nos
custos de um dos principais insumos da cadeia têxtil, o algodão. Diante do
cenário crítico que se configurou para todos os varejistas, a Renner trabalhou
com seus fornecedores e no desenvolvimento de alternativas de design e de
materiais e fibras e, mesmo diante de muitos desafios, conseguiu ter ganhos de
margem bruta em todos os trimestres do ano. O aumento da Margem Bruta
deve-se a algumas iniciativas operacionais implementadas ao longo dos
últimos anos, tais como, maior uso do sistema de gestão de estoques por cores
e tamanhos, melhores negociações com fornecedores locais e internacionais
assim como na melhor composição dos estoques em 2011, mesmo com todos
os desafios enfrentados ao longo do ano, referentes aos maiores custos do
43
algodão. A consolidação da Camicado exerceu um efeito diluidor mínimo nesta
margem. Sem Camicado a Margem teria sido de 52,9%.
Figura 6: Lucro Bruto e Margem Bruta da Operação de Varejo
(Consolidado, em R$ MM)
No ano, as despesas com vendas totalizaram R$ 775,5 milhões e
representaram 26,8% da receita liquida com vendas, ante 26,1% verificados
em 2010. Esses aumentos devem-se basicamente aos maiores níveis de
despesas pré-operacionais relativas ao plano de expansão mais agressivo
executado em 2011, onde apenas no 4T11 foram abertas 23 lojas e também à
consolidação da Camicado.
O percentual das despesas gerais e administrativas foi de 8,7% da receita
liquida com vendas de 2011, praticamente em linha com o exercício anterior
(que representou 8,6% da receita líquida com vendas de 2010).
O Resultado de Serviços Financeiros, que atingiu R$ 125,1 milhões no
ano de 2011, ante R$ 121,0 milhões em 2010. Este resultado é impactado,
44
principalmente pelas despesas do lançamento dos cartões co-branded, que
num primeiro momento ainda não geram receitas relevantes, maiores despesas
operacionais advindas do elevado número de lojas abertas em 2011, assim
como pela inadimplência levemente superior à apresentada no ano anterior,
reflexo do cenário macroeconômico mais difícil e das questões de cobranças e
atrasos causados pela greve de 28 dias no serviço de correio.
Complementarmente pode-se dizer que a deterioração do cenário
macroeconômico no terceiro trimestre também gerou menor demanda pelos
produtos de crédito e ao longo do ano a empresa teve uma menor participação
das vendas no Cartão Renner. Como resultado, em 2011, o Resultado de
Serviços Financeiros passou a representar 21,1% do EBITDA, comparado aos
24,0% apresentados em 2010.
Em 2011, o Cartão Renner teve 2,9% de perdas reconhecidas e este
percentual é consideravelmente mais baixo que os níveis históricos de 4%,
apesar de levemente acima dos 2,8% apresentados em 2010.
A Operação de Varejo gerou, ao longo de 2011, um EBITDA de R$ 467,6
milhões versus R$ 384,1 milhões em 2010, com crescimento de 21,7%. A
Margem EBITDA do Varejo atingiu 16,1% em 2011 versus 15,6% em 2010.
Estes resultados advêm do bom desempenho de vendas no período, atrelado
aos importantes ganhos de margem bruta. Os números apresentados também
traduzem as maiores despesas incorridas no ano.
EBITDA da Operação de Varejo 2009 2010 2011
EBITDA Total 355,91 505,12 592,63 ( - ) Resultado de Serviços Financeiros 67,58 121,05 125,07 EBITDA da Operação de Varejo 288,33 384,08 467,55 Margem EBITDA da Operação de Varejo (sobre a RL das Vendas de Mercadorias)
13,63% 15,60% 16,14%
Margem EBITDA Total (sobre a RL das Vendas de Mercadorias)
16,82% 20,51% 20,46%
Tabela 7: EBITDA da Operação de Varejo (em milhões de R$)
45
O EBITDA de 2011 foi de R$ 592,6 milhões ante R$ 505,1 milhões no ano
anterior, apresentando um crescimento de 17,3%, com a Margem EBITDA
sobre a Receita Líquida das Vendas de Mercadorias, atingindo 20,5%, igual à
margem apresentada em 2010. Este resultado é consequência das melhorias
apresentadas na operação de varejo, devido ao bom desempenho de vendas e
dos ganhos de margem bruta, não obstante as maiores despesas operacionais,
a emissão de cartões embandeirados e a consolidação da Camicado.
O Cartão Renner, com 38 anos de operação, foi responsável por 54,7%
das vendas totais realizadas em 2011, contra 56,6% no ano anterior. Essa
participação menor deveu-se basicamente ao significativo número de
inaugurações ocorridas entre 2006 e 2011, o que resultou numa maior
quantidade de novos clientes que, em um primeiro momento, acabaram
optando por outras formas de pagamento, fazendo, assim, com que houvesse
uma redução na participação do Cartão Renner nas vendas totais da
Companhia. A maior participação de cartões de crédito tradicionais também
vem impactando este resultado. Iniciativas como a oferta de cartões de crédito
com Mastercard e Visa, que são ofertados a clientes selecionados, poderão
recuperar a participação do Cartão, gerando maior uso e ativação dos
plásticos. O ticket médio das vendas efetuadas com o Cartão Renner passou
para R$ 145,53 em 2011, comparado aos R$ 132,16 em 2010, com um
incremento de 10,1%. O ticket médio da Companhia, por sua vez, foi de R$
105,01 em 2011 ante R$ 97,65 em 2010, com crescimento de 7,5% em relação
a 2010.
A Companhia apresentou Receita Financeira Líquida de R$ 2,8 milhões
em 2011, ante R$ 27,3 milhões em 2010. Este resultado é formado por receitas
financeiras advindas dos rendimentos de aplicações do Caixa e Equivalentes
de Caixa, assim como de despesas financeiras referentes a dívida e por
algumas despesas bancárias. Esta redução significativa deve-se ao
desembolso de recursos para a aquisição da Camicado, bem como aos custos
com o serviço de dívida referentes à nova estrutura de capital adotada, com
uma maior alavancagem financeira durante o ano de 2011.
46
Como resultado dos fatores discutidos acima, a Companhia encerrou o
exercício de 2011 com Lucro Líquido de R$ 336,9 milhões, 9,4% maior que os
R$ 308,0 milhões apresentados em 2010. A Margem Líquida sobre as Vendas
de Mercadorias foi de 11,6% em 2011, ante 12,5% apresentados no mesmo
período do ano anterior. Esta margem é resultante dos impactos de maior
despesa financeira e maior depreciação ao longo do ano.
Figura 9: Lucro e Margem Líquida (Consolidado, em R$ MM)
O retorno sobre capital investido (ROIC) da Operação Combinada, que foi
de 8,6% no quarto trimestre de 2011, ante 12,4% do último trimestre de 2010.
Para os doze meses, o ROIC foi de 28,6%, ante 32,9% de 2010. Em ambos os
casos a redução foi prioritariamente causada pela maior posição de ativos
operacionais, resultante do maior nível de investimentos realizados.
O Caixa e Equivalentes de Caixa no final do período totalizavam R$ 578,3
milhões, ante os R$ 683,7 milhões de dezembro de 2010. Esta redução deve-
se, principalmente, ao menor nível de caixa operado ao longo do ano, após o
pagamento da Camicado Houseware e a aceleração do plano de expansão.
47
Os Empréstimos e Financiamentos da Companhia atingiram R$ 363,3
milhões, dos quais R$ 11,2 milhões de empréstimos para capital de giro da
Camicado, R$ 36,5 milhões de captação de recursos com o Banco do Nordeste
e R$ 315,6 milhões referentes à emissão, em julho, de 30.000 debêntures
simples, não conversíveis em ações, com valor nominal unitário de R$ 10 mil.
As debêntures da primeira série, no montante de R$ 215,1 milhões, fazem jus a
uma remuneração de CDI + 1,10% a.a., e possuem prazo de vencimento de 5
anos. As debêntures da segunda série, no montante de R$ 84,9 milhões, fazem
jus a uma remuneração de IPCA + 7,80% a.a., e possuem prazo de vencimento
de 6 anos. A Standard & Poor´s atribuiu rating "brAA+" à oferta. Dessa forma, a
Companhia encerrou o ano com Disponibilidades Líquidas de R$ 215,0
milhões.
Tabela 8: Disponibilidades Líquidas (em milhões de R$)
Em 2011, os Investimentos em ativos fixos totalizaram R$ 296,6 milhões
ante R$ 160,3 milhões em 2010. Desse montante, R$ 188,3 milhões foram
alocados na abertura de lojas. Na remodelação de instalações, foram
investidos R$ 39,0 milhões, e outros R$ 29,2 milhões na modernização de
sistemas e equipamentos de tecnologia.
Dos R$ 28,3 milhões investidos nos Centros de Distribuição, grande
parcela deste montante foi aplicado no novo centro de distribuição da
Companhia, que está sendo construído no Rio de Janeiro, com 50 mil m², e
que visa a atender ao plano de expansão projetado e ao novo processo de
48
distribuição e alocação de produtos. Outros investimentos totalizaram R$ 11,8
milhões, dos quais R$ 7,4 milhões se referem à Camicado.
49
CONCLUSÃO
A proposta inicial deste trabalho pressupunha que o equilíbrio financeiro
das empresas comerciais era fundamental para sua viabilidade econômica,
contrastando com o conceito comum de que a longevidade do empreendimento
era dependente de seus lucros.
O processo de análise financeira de uma empresa exige do analista
atenção a uma série de informações. É preciso partir de uma visão geral de
ambiente macroeconômico e social, global e local, para então focar em um
segmento específico, em uma determinada empresa e dentro dela em
determinados aspectos considerados importantes para o cálculo de seu valor
(valuation).
Só assim, é possível formar uma opinião sobre a Companhia, sobre seus
gestores e a maneira como conduzem o negócio, sobre a estrutura da
empresa, seus concorrentes, seu posicionamento no mercado, seu
desempenho financeiro e capacidade de gerar lucro, entre outras informações
observadas durante um processo de coleta de dados. Importante ressaltar que
a coleta de informações é parte essencial do trabalho de um analista. Deverá
ser feita uma pesquisa aprofundada tanto do histórico da empresa quanto das
perspectivas para os próximos exercícios.
Dentro deste contexto, o desenvolvimento deste trabalho trouxe uma
visão mais completa da Lojas Renner. Porém é necessário, além de
capacidade analítica para lidar com os números e informações, uma
sensibilidade para captar os diferenciais dentro de um negócio. Buscar a visão
dos clientes, por exemplo, conversar com as pessoas que freqüentam a loja e
buscar entender porque elas compram naquele local e não na concorrência, e
mais, saber o porquê daqueles que preferem a concorrência não comprarem
na Renner. Ter o hábito de estar mais presente no dia-a-dia da operação. No
mercado de varejo é muito mais fácil acompanhar o andamento do negócio de
uma empresa, pois é possível visitar suas lojas e observar como funciona a
operação.
50
As técnicas de análises desenvolvidas foram aplicadas nas
demonstrações contábeis, dos exercícios de 2008 a 2011, da Lojas Renner. Os
resultados obtidos permitem concluir que a empresa desfruta de uma boa
situação financeira. Os resultados dos últimos exercícios ratificam que a
empresa mantém um ótimo nível de crescimento, uma boa saúde financeira,
mesmo com toda a expansão dos últimos períodos, além de acusar resultado
líquido crescente nos últimos períodos.
Analisando o perfil de crédito e histórico da empresa, chega-se a
conclusão de que os fundamentos da Lojas Renner são sólidos.
No mais, há perspectivas de melhoras substanciais na rentabilidade do
setor de varejo, e perspectivas de melhoras na margem da Renner para os
próximos períodos. Com isso, o mercado pode esperar melhorias da
lucratividade no varejo para os próximos exercícios.
Isto posto, entende-se que os objetivos, gerais e específicos, propostos
na introdução deste trabalho, foram todos atingidos.
Sugestões e recomendações para novas pesquisas
A partir do trabalho desenvolvido, outras questões surgem, como, por
exemplo, qual é a taxa de assertividade deste tipo de análise, ou então, quais
fatores influenciam na decisão de investimento, além da análise
fundamentalista. A análise de quais métodos são mais eficazes para avaliação
de empresas de varejo, também é um ponto interessante para estudo. Qual a
influência da liquidez e da assimetria da informação no processo de eficiência
de mercado? Uma questão importante é monitorar a qualidade do crédito, uma
vez que os níveis de endividamento do consumidor são altos no Brasil. Cerca
de 80% das vendas da Lojas Renner são vendas a credito, enquanto os lucros
de serviços financeiros representam em média 25% do EBITDA em uma base
anual.
Estes questionamentos ficam de sugestão para próximos trabalhos.
51
BIBLIOGRAFIA
CALDAS, Sérgio. Análise Financeira. 4ª edição. Rio de Janeiro, 2012.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Disponível em <http://www.cvm.gov.br>.
FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: Produtos e Serviços. 18ª edição. Rio de Janeiro: Editora QualityMark, 2011.
GRAHAM, Benjamin. O Investidor Inteligente. 4ª edição. Rio de Janeiro: Editora Fronteira S.A., 2007
INDICAÇÕES PRO – INDICADORES FUNDAMENTALISTAS. Disponível em <http://www.indicacoes.com.br/?pag=fundamentalistas>
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 10ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
LOJAS RENNER – RELAÇÕES COM INVESTIDORES. Disponível em <http://www.lojasrenner.com.br/ri/>.
WIKIPEDIA – LOJAS RENNER. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lojas_Renner>.
52
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 01 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Lojas Renner S/A 10
1.1. Características da Empresa 10
1.2. Histórico da Empresa 11
1.3 Fundamentos Corporativos 13
1.4 Riscos Inerentes à operação da Companhia 23
CAPÍTULO II
A Companhia e o Mercado Varejista 25
CAPÍTULO III
Descrição dos Resultados 30
3.1. Indicadores Financeiros 31
3.1.1 Indicadores de Mercado 32
3.1.2 Indicadores de Liquidez 32
3.1.3 Indicadores de Atividade 33
3.1.4 Indicadores de Margem 35
3.1.5 Indicadores de Rentabilidade 36
3.1.6 Indicadores de Alavancagem 37
3.2 Análise Vertical e Horizontal 38
3.2.1 Análise do Ativo 38
3.2.2 Análise do Passivo 39
3.2.3 Análise da DRE 40
3.3 Análise dos Resultados 41
CONCLUSÃO 49 BIBLIOGRAFIA 51 ÍNDICE 52 ÍNDICE DE FIGURAS 53 ANEXOS 54
53
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura de Governança Corporativa 19
Figura 2 – Composição Acionária 20
Figura 3 – Posicionamento das Maiores Varejistas de Vestuário 26
Figura 4 – Distribuição Geográfica em 31 de Dezembro de 2011 31
Figura 5 – Receita Líquida das Vendas de Mercadorias (Consolidado, em R$
MM) 42
Figura 6 – Lucro Bruto e Margem Bruta da Operação de Varejo (Consolidado,
em R$ MM) 43
Figura 7 - Lucro e Margem Líquida (Consolidado, em R$ MM) 46
54
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Estrutura do Ativo (em milhares de R$)
55
ANEXO 1
Estrutura do Ativo (em milhares de R$)
AV AH AV AH AV AH AV AH
VALORES % VALORES % VALORES % VALORES %
ATIVO 1.626.355,0 100,0% 100,0 1.921.197,0 100,0% 118,1 2.456.015,0 100,0% 127,8 2.983.504,0 100,0% 121,5
CIRCULANTE 1.131.360,0 69,6% 100,0 1.428.305,0 74,3% 126,2 1.872.921,0 76,3% 131,1 2.035.555,0 68,2% 108,7
Caixa e Equivalentes de Caixa 178.700,0 11,0% 100,0 411.370,0 21,4% 230,2 683.661,0 27,8% 166,2 578.264,0 19,4% 84,6
Contas a Receber de Clientes 714.069,0 43,9% 100,0 768.412,0 40,0% 107,6 863.493,0 35,2% 112,4 1.006.315,0 33,7% 116,5
Estoques 189.345,0 11,6% 100,0 203.693,0 10,6% 107,6 275.950,0 11,2% 135,5 402.748,0 13,5% 145,9
Estoques 141.208,0 8,7% 100,0 186.226,0 9,7% 131,9 252.608,0 10,3% 135,6 307.473,0 10,3% 121,7
Importações em Andamento 48.137,0 3,0% 100,0 17.467,0 0,9% 36,3 23.342,0 1,0% 133,6 95.275,0 3,2% 408,2
Impostos a Recuperar 21.991,0 1,4% 100,0 16.025,0 0,8% 72,9 18.610,0 0,8% 116,1 30.445,0 1,0% 163,6
Outras Contas a Receber 26.632,0 1,6% 100,0 24.812,0 1,3% 93,2 30.255,0 1,2% 121,9 16.136,0 0,5% 53,3
Despesas Antecipadas 623,0 0,0% 100,0 3.993,0 0,2% 640,9 952,0 0,0% 23,8 1.647,0 0,1% 173,0
NÃO CIRCULANTE 494.995,0 30,4% 100,0 492.892,0 25,7% 99,6 583.094,0 23,7% 118,3 947.949,0 31,8% 162,6
Depósitos Judiciais 12.290,0 0,8% 100,0 9.443,0 0,5% 76,8 9.515,0 0,4% 100,8 6.189,0 0,2% 65,0
Impostos a Recuperar 13.017,0 0,8% 100,0 11.726,0 0,6% 90,1 12.607,0 0,5% 107,5 17.277,0 0,6% 137,0
Outras Contas a Receber 6.657,0 0,4% 100,0 4.998,0 0,3% 75,1 5.872,0 0,2% 117,5 4.564,0 0,2% 77,7
Tributos Diferidos 53.860,0 3,3% 100,0 62.977,0 3,3% 116,9 75.457,0 3,1% 119,8 115.517,0 3,9% 153,1
Ativo não circulante mantido para venda - 0,0% 100,0 - 0,0% 100,0 - 0,0% 100,0 - 0,0% 100,0
Investimentos 63,0 0,0% 100,0 63,0 0,0% 100,0 63,0 0,0% 100,0 63,0 0,0% 100,0
Imobilizado 358.628,0 22,1% 100,0 357.572,0 18,6% 99,7 412.603,0 16,8% 115,4 599.481,0 20,1% 145,3
Intangível 50.480,0 3,1% 100,0 46.113,0 2,4% 91,3 66.977,0 2,7% 145,2 204.858,0 6,9% 305,9
ELEMENTOS
2008 2009 2010 2011