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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A contribuição da arte para o desenvolvimento psicomotor infantil
Vivian Freitas dos Santos
ORIENTADOR: Profa. Me. Fátima Alves
Rio de Janeiro 2016
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicomotricidade. Por: Vivian Freitas dos Santos
A contribuição da arte para o desenvolvimento psicomotor infantil
Rio de Janeiro 2016
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por estar presente em minha vida. Aos
meus familiares pela compreensão e pela ausência em
determinados momentos. Aos meus companheiros de
estudo pela paciência nos momentos que necessitei de
ajuda. A Professora e orientadora Fátima Alves por toda a
contribuição para finalização deste trabalho.
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DEDICATÓRIA
A todos da minha família, em especial ao meu irmão
Luiz Claudio pela ajuda, paciência e compreensão.
Aos amigos da Psicomotricidade Ana Carolina,
Barbara, Jacqueline e Marina pelas palavras de
carinho e motivação que tanto contribuíram para
conclusão deste curso.
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RESUMO
A Educação Infantil é a fase em que trabalhamos todos os aspectos
físicos, motores e emocionais para o desenvolvimento da criança e, sendo a
arte uma área de conhecimento que opera com a organização imaginativa do
sujeito a partir da experiência universal da humanidade e das experiências
particulares de cada um por ser um campo de expressão, imaginação e criação
nos leva a relacionar a Psicomotricidade e a Artes no desenvolvimento
psicomotor da criança. Considerando os aspectos da linguagem, do cognitivo,
afetivo, social e motor as atividades de artes como pintura, desenho livre,
colagem, proporcionam às crianças situações que promovem e estimulam seu
desenvolvimento. Levando em consideração a concepção de que a criança se
encontra em tudo aquilo que realiza e, ainda que a arte seja uma importante
forma da criança se expressar, pois ela experimenta, descobre, inventa, e
exercita as suas habilidades, assumindo múltiplos papéis, estimulando também
a memória, sensações emocionais e desenvolvendo a linguagem interior e
exterior, construindo em seus próprios mundos para poder compreender o
mundo adulto é possível concluir que na Educação a arte possui uma
importância fundamental para o desenvolvimento Psicomotor.
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METODOLOGIA
Com base nos pressuposto de que a arte possui uma importância fundamental
para o desenvolvimento Psicomotor, o objeto de estudo o qual se destina este
trabalho será a observação da relação entre a Psicomotricidade e a Artes no
desenvolvimento psicomotor da criança na Educação Infantil através de livros,
artigos nacionais e internacionais e pesquisa bibliográfica, utilizando como
meios, livros em Psicomotricidade e Artes, assim como artigos nacionais e
internacionais de relevância para ambas as áreas , além de consultas em
acervos webgraficos. Através deste trabalho fazer algumas considerações
sobre a contribuição da arte no desenvolvimento psicomotor da criança na
Educação Infantil, visando o seu papel na aprendizagem, a sua importância no
desenvolvimento psicomotor no processo de ensino/aprendizagem
relacionando o trabalho pedagógico da arte na educação infantil ao
desenvolvimento psicomotor da criança sendo realizado através de
procedimentos metodológicos da pesquisa bibliográfica e exploratória.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O papel da psicomotricidade na aprendizagem 10
CAPÍTULO II
A importância do desenvolvimento psicomotor no processo de
ensino/aprendizagem 16
CAPÍTULO III
A relação do trabalho pedagógico da arte na educação infantil ao
desenvolvimento psicomotor da criança. 23
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA 38
ÍNDICE 40
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INTRODUÇÃO
Diante das diversas dificuldades com que nos deparamos nas nossas
atividades diárias como educadores, às vezes rotulamos nossos alunos como
desatentos, desmotivados, indisciplinados ou incapazes de desempenhar
atividades mais complexas, não considerando que muitas dificuldades estão
atribuídas as práticas psicomotoras que deixaram de ser trabalhadas durante a
Educação Infantil.
Considerando os aspectos da linguagem, do cognitivo, afetivo, social e
motor as atividades de artes como pintura, desenho livre, colagem,
proporcionam às crianças situações que promovem e estimulam seu
desenvolvimento proporcionando nos espaços de Educação Infantil, o contato
com diferentes estímulos de inúmeros materiais onde a criança integra estes
estímulos produzindo marcas que a façam perceber a si e ao outro, na relação.
A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e
estruturação desse esquema corporal e tem como objetivo principal incentivar a
prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio de
atividades as crianças, além de se divertirem, criam, interpretam e se
relacionam com o mundo em que vivem. Tendo a finalidade de auxiliar no
desenvolvimento físico, mental e afetivo do indivíduo, com o propósito de um
desenvolvimento sadio.
Na Educação Infantil no processo de ensino aprendizagem, são
trabalhados o esquema corporal, a lateralidade, a estruturação espacial, a
orientação temporal e outros elementos básicos que são importantes na
aprendizagem. Qualquer problema em um destes elementos pode vir a
prejudicar uma boa aprendizagem.
Ainda temos escolas que priorizam o trabalho mecanicista instalado na
Educação Infantil, ignorando a psicomotricidade também nas séries iniciais do
Ensino Fundamental. Os professores, preocupados com a leitura e a escrita,
muitas vezes não sabem como resolver as dificuldades apresentadas por
alguns alunos, rotulando-os como portadores de distúrbios de aprendizagem.
Na realidade, muitas dessas dificuldades poderiam ser resolvidas na própria
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escola e até evitadas se houvesse um olhar atento e qualificado dos
profissionais para o desenvolvimento psicomotor.
É importante assegurar o desenvolvimento funcional da criança e auxiliar
na expansão e equilíbrio de sua afetividade, através da interação com o
ambiente.
Este trabalho busca fazer algumas considerações sobre a contribuição
da arte para o desenvolvimento psicomotor infantil, visando o afetivo, o social,
o desenvolvimento motor e intelectual da criança.
Inicialmente, no capítulo I será feita uma pesquisa sobre o papel da
psicomotricidade na aprendizagem enfocando sua contribuição nesse
processo.
No segundo capítulo, abordamos “A importância do desenvolvimento
psicomotor no processo de ensino/aprendizagem” enfocando os elementos
importantes que contribuem para o desenvolvimento motor e a aprendizagem.
O capitulo seguinte irá tratar “A relação do trabalho pedagógico da arte
na educação infantil ao desenvolvimento psicomotor da criança”, mostrando
como as atividades de artes podem contribuir para o desenvolvimento
psicomotor da criança.
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CAPÍTULO I
O PAPEL DA PSICOMOTRICIDADE NA
APRENDIZAGEM
Podemos definir a psicomotricidade como a ciência que estuda o
homem através de seu corpo em movimentos, suas relações internas e
externas. Seu estudo está ligado a três princípios: o movimento, o intelecto e o
afeto. Pesquisas recentes nos mostram que ter um bom desenvolvimento
motor, influencia na vida futura das crianças nos aspectos sociais, intelectuais
e culturais.
Segundo Lê Boulch (1987), é de grande importância a educação
pelo movimento no processo escolar, uma vez que seu objetivo central é
contribuir para o desenvolvimento motor da criança.
A psicomotricidade, como ciência da educação busca entender os
movimentos corporais tendo uma ligação com o desenvolvimento cognitivo. O
objetivo psicomotor é a possibilidade do aluno melhorar as ações do corpo e
expressar-se por meio dela, para que o corpo se desenvolva. O sujeito vai se
construindo através da troca de olhares, toques e carícias, primeiramente com
os parentes (pais ou responsável), depois com outras pessoas (professores)
ampliando as suas relações sociais.
A psicomotricidade, em sua prática educativa, pretende atingir a
organização psicomotora da noção do corpo como marco espaço temporal do
“eu” (entendido como unidade psicossomática). Esse marco é fundamental ao
processo de conduta ou de aprendizagem, pois, busca conhecer o corpo nas
suas múltiplas relações: perceptiva, simbólica e conceitual, que constituem um
esquema representacional e uma vivência indispensável à integração, à
elaboração e à expressão de qualquer ato ou gesto intencional. Para Galvão a
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psicomotricidade pode ser vista como a ciência que estabelece a relação do
homem com o meio interno e externo.
Sendo o corpo a origem das habilidades cognitivas, a estimulação
do desenvolvimento psicomotor torna-se necessário no processo de
aprendizagem.
A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para formação
do esquema corporal, o que facilitará a orientação espacial. Ela deve ser
entendida e compreendida em sua integridade, pois o nosso corpo está
presente em todas as situações, e é através do movimento, que o ser humano
participa do mundo manifestando suas intenções.
É de muita importância enfatizar que o movimento é a primeira
manifestação na vida do ser humano, pois desde o ventre materno são
realizados movimentos com o nosso corpo, no qual vão se desenvolvendo e
exercendo enormes influências no comportamento. A partir deste conceito e
através da nossa prática no contexto escolar, podemos refletir que a
psicomotricidade é um instrumento rico, que nos auxilia a promover preventivos
e de intervenção, proporcionando resultados significativos em situações de
dificuldades no processo de ensino-aprendizagem.
O mundo psicomotor surge na escola, e assim cria se um espaço para o
corpo: os movimentos, a ação e a liberdade são vividos pelas crianças. E
alguns fatores influenciam para que crianças com a mesma idade tenham
comportamentos diferentes, como o meio, o ambiente familiar e as
possibilidades físicas. Por isso compreende-se a necessidades que os
professores conheçam e compreendam as capacidades de seus alunos,
proporcionando o bem-estar, a felicidade e o crescimento, dentro dos limites de
cada um, pois cada criança é única.
O desenvolvimento da personalidade da criança e de sua inteligência
requer a ordenação e a construção do eu e do mundo a partir da percepção de
algumas noções fundamentais, que são descobertas a partir das vivencias da
criança, de suas experiências e que, no começo, aparecem como oposições
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contrárias entre dois lados que conformam uma unidade: grande-pequeno,
aberto-fechado, alegre-triste... Esse mundo de contraste, carregado de
racionalidade e de efetivado, é o mundo da criança pequena, projetando
através dessas noções primitivas seu estado anímico e o mundo de seus
afetos (Lapierre e Aucouturier, 1974). Alguns estudiosos dizem que, a
aprendizagem é um processo que provoca uma transformação significativa na
estrutura mental daquele que aprende. Essa transformação se dá através da
mudança de conduta de um indivíduo, seja por condicionamento operante,
experiência ou ambos, de uma forma razoavelmente permanente. As
informações podem ser assimiladas através de técnicas de ensino ou até pela
simples aquisição de hábitos. O ato ou vontade de aprender é uma
característica do psiquismo humano, pois somente este possui o caráter
intencional, ou a intenção de aprender, por estar sempre em mutação e
procurar informações para a aprendizagem; criador, por buscar novos métodos
visando a melhora da própria aprendizagem, por exemplo, pela tentativa e erro.
Outro conceito de aprendizagem é uma mudança relativamente durável
do comportamento, de uma forma mais ou menos sistemática, ou não,
adquirida pela experiência, pela observação e pela prática motivada.
O ser humano nasce potencialmente predisposto a aprender,
necessitando de estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para o
aprendizado. Há aprendizados que podem ser considerados natos, como o ato
de aprender a falar, a andar, necessitando que ele passe pelo processo de
maturação física, psicológica e social. Na maioria dos casos a aprendizagem
se dá no meio social e temporal em que o indivíduo convive; sua conduta
muda, normalmente, por esses fatores, e por predisposições genéticas.
ARNAIZ (2003), diz que: desde os primeiros momentos de vida, mesmo
a intrauterina, intui-se que cada pessoa tem sua própria maneira de ser, de
estar e de fazer no mundo. Desde seu nascimento, o bebê irá estruturando sua
personalidade, descobrindo e conquistando o mundo dos objetos e das
pessoas que o rodeiam por meio dos sentidos, das percepções, das emoções,
do movimento e dos diversos intercâmbios com o meio.
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A psicomotricidade deve ser entendida como uma educação corporal
básica na formação integral da criança, como um meio de expressão que
prioriza a dimensão não verbal e as atividades não-diretivas ou exploratórias
em um período evolutivo concreto, desde os primeiros meses até os 7
ou 8 anos de idade maturativa (ARNAIZ (2003).
LE BOULCH (1988, p. 11) cita que:
“A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola primária. Ela condiciona todas as aprendizagens pré-escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência do seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço,a dominar seu tempo, adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações difíceis de conduzir quando já instaladas.”
A base do processo cognitivo e da aprendizagem da criança está na
estrutura da educação psicomotora, onde a sua evolução parte do geral para o
específico, caso a criança mostre algum problema, na maioria das vezes,
acontecerá no nível das bases do desenvolvimento psicomotor, por isso, é
necessário a utilização dos elementos básicos da psicomotricidade, sendo
fundamentais na aprendizagem do desenvolvimento do Esquema Corporal, da
Lateralidade, da Estruturação Espacial, da Orientação Temporal e da Pré-
Escrita, visando que se ocorrer algum problema de ordem psicomotora, a
aprendizagem poderá ser prejudicada.
Piaget (1987apudOLIVEIRA,2000), estudando as estruturas cognitivas,
descreve a importância do período sensório motor e da motricidade,
principalmente antes da aquisição da linguagem, no desenvolvimento da
inteligência. A criança se desenvolve desde os primeiros dias de vida. Por isso,
a vida emotiva e a vida motora não são isoladas, elas se complementam
orientadas pelos elementos psicomotores. Onde destacam alguns deles:
Esquema Corporal: é básico e indispensável para a formação da
personalidade da criança. É a representação relativamente global, que a
criança tem de seu próprio corpo. A criança irá se sentir bem na medida em
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que conhecer seu corpo e puder utilizá-lo não somente para movimentar-se,
mas também para agir.
Lateralidade: se define naturalmente durante o crescimento onde
acontece uma dominância lateral na criança onde será mais forte, mais ágil do
lado direito ou do lado esquerdo. A lateralidade corresponde a dados
neurológicos e também é influenciada por certos hábitos sociais. É importante
destacar que não se confunda lateralidade com dominância de um lado em
relação ao outro, em nível de força e precisão. O conhecimento “esquerdo-
direito” ocorre da noção de dominância lateral. É generalização da percepção
do eixo corporal, a tudo que cerca a criança. Se a criança percebe que trabalha
naturalmente com “aquela mão”, guardará sem dificuldade que “aquela mão” é
à esquerda ou à direita.
Estruturação Espacial: é a orientação e estruturação do mundo exterior,
referindo-se primeiro ao eu (como referência), depois a outros objetos ou
pessoas em posição estática ou em movimento. É tomada de consciência da
situação de seu próprio corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da
orientação que pode ter em relação às pessoas e da situação das coisas entre
si. A possibilidade, para o sujeito, de organizar-se perante o mundo que o
cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de
movimentá-las, refere-se à facilidade de estabelecer relações entre elementos
para formar um todo. A estruturação espacial não nasce com o indivíduo ela é
uma construção mental que acontece através dos seus movimentos em relação
aos objetos que estão em seu meio.
Segundo Barreto (2000), o desenvolvimento psicomotor é de suma
importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do
tônus, da postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo. A educação
da criança deve mostrar a relação através do movimento de seu próprio corpo,
levando em consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses. A
educação psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as
funções motoras, perceptivas, afetivas e sócio motoras, pois assim a criança
explora o ambiente, passa por experiências concretas, indispensáveis ao seu
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desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do
mundo que a cerca.
A Psicomotricidade no processo ensino-aprendizagem busca contribuir
de forma pedagógica para o desenvolvimento integral da criança, tendo em
vista o aspecto mental, psicológico, social, cultural e físico, aonde se acredita
que as atividades de psicomotricidade possam ser trabalhadas no contexto
escolar de forma a ajudar no processo de aprendizagem do aluno.
Para que a auto-realização seja então alcançada pela criança o
professor deve ser o mediador da aprendizagem, possibilitando que a criança
construa seu caminho e se encontre nele, ter clareza e objetivos nas suas
atividades e nas regras estabelecidas, e respeitar a democratização do grupo
amenizando os conflitos gerados, ponderando suas propostas de acordo com
cada faixa etária favorecendo o avanço da aprendizagem cognitiva. Um dos
objetivos das aulas de psicomotricidade é estimular o desenvolvimento
psicomotor das crianças, por meio de jogos, brincadeiras e atividades que as
crianças vivenciem com grande prazer, favorecendo a ligação do real e o
imaginário.
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CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR NO PROCESSO DE
ENSINO/APRENDIZAGEM
Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da
psicomotricidade são utilizados com frequência. O desenvolvimento do
Esquema Corporal, Lateralidade, Estruturação Espacial, Orientação Temporal
e Pré-Escrita são de fato muito importantes na aprendizagem; um problema em
um destes elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem.
O ato antecipa a palavra, e a fala é uma importante ferramenta
psicológica organizadora. Através da fala, a criança integra os fatos culturais ao
desenvolvimento pessoal. Quando, então, ocorrem falhas no desenvolvimento
motor poderá também ocorrer falhas na aquisição da linguagem verbal e
escrita. Faltando a criança um repertório de vivências concretas que serviriam
ao seu universo simbólico constituído na linguagem, e assim afetando o seu
processo de aprendizagem. A criança, em que o desenvolvimento psicomotor é
mal formado, poderá apresentar problemas na escrita, na leitura, na direção
gráfica, na distinção de letras (ex: b/d), na ordenação de sílabas, no
pensamento abstrato (matemática), na análise gramatical, dentre outras. Dito
isto, vamos agora entender o desenvolvimento motor.
2.1. Entendendo o desenvolvimento motor
Sabemos que o desenvolvimento motor é um processo de mudança,
que está relacionado com a idade, tanto na postura quanto no movimento da
criança. Sabemos também que o desenvolvimento motor apresenta
características fundamentais sendo elas, as possibilidades do nosso corpo de
agir e expressar-se de forma adequada, a partir da interação de componentes
externos, que é o próprio movimento, e através de elementos internos, que são
todos os processos neurológicos e orgânicos que efetuamos para agir.
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Le Boulch (1985, p. 221) observa que “75% do desenvolvimento
psicomotor ocorrem na fase pré-escolar, e o bom funcionamento dessa área
facilitará o processo de aprendizagem futura”.
“O desenvolvimento motor apresenta fases, estágios” (Gallahue (2005,
p. 54). Ou seja, o processo de desenvolvimento motor mostra-se por alterações
no comportamento motor. Podemos observar diferenças de desenvolvimento
no comportamento motor provocadas por fatores próprios do indivíduo
(biologia), do ambiente (experiência), e da tarefa em si (físico/ mecânicos).
Assim, o processo de desenvolvimento motor pode ser considerado sob o
aspecto de fases e estágios.
A primeira fase é atribuída como a de motora reflexa, os primeiros
movimentos de um feto são reflexos, esses que parecem servir como
equipamentos de teste neuromotor para mecanismos estabilizadores,
locomotores e manipulativos que serão usados mais tarde com controle
consciente pelo indivíduo.
A segunda fase é dos movimentos básicos, que são determinados pela
maturação e caracterizam-se por uma sequência de aparecimento altamente
previsível.
Já a terceira fase é a dos movimentos fundamentais, que ocorrem na
primeira infância e constituem-se como consequência da fase anterior do
período neonatal. Este período do desenvolvimento motor representa um
estágio, no qual as crianças pequenas estão ativamente envolvidas na
exploração e na experimentação das capacidades motoras de seu corpo. Essa
fase favorece descobrir como desempenhar uma variedade de movimentos
estabilizadores, locomotores e manipulativos, primeiro isoladamente e,
posteriormente, esses movimentos podem ser orientados de modo combinado.
Denominada de movimentos especializados, essa é a última fase do
desenvolvimento motor no qual se caracteriza como o resultado da fase de
movimentos fundamentais. Nessa fase, o movimento torna-se uma ferramenta
que se estende a muitas atividades motoras, complexas e presentes na vida
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diária, na recreação e nos objetivos esportivos. Este é um período em que as
habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são
continuamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações
muito exigentes.
Acredita-se que o individuo tem seu desenvolvimento motor pelas
habilidades conquistadas independente da velocidade, mas a mesma tem que
avançar de forma continua, sem pular etapas. O desenvolvimento motor tem
uma ordem a ser seguidas, a cada idade temos um estagio diferente para ser
superado, com o conhecimento desses estágios podemos organizar planos de
ensino fazendo com que a criança evolua com mais facilidade, respeitando o
seu limite tanto físico como mental. (SILVA, 2005).
O desenvolvimento motor da criança deve ser observado de uma forma
compatível com a sua idade, com o tempo acrescentando desafios para
estimular novos movimentos, mas tudo de acordo com a sua idade, sem que
ultrapasse sua capacidade de superar (DOHME,2003)
Segundo Haywood e Gelchell (2004), o termo aprendizagem motora
é diferente de desenvolvimento motor, sendo definido como toda
alteração no movimento seja ela de forma permanente ou não, sem
relação nenhuma com a idade. Para os mesmos autores a evolução do
movimento que é desenvolvimento motor, acreditando que estudando as
alterações dos movimentos estaremos compreendendo o desenvolvimento
motor.
Falar em desenvolvimento motor é dizer da interação existente entre o
pensamento consciente e inconsciente e os movimentos efetuados pelos
músculos, com o auxílio do sistema nervoso. Dessa maneira, estudar o
desenvolvimento motor resulta em entender as transformações que ocorrem
por meio da interação dos indivíduos entre si e com o meio em que vivem. Já
para David L. Gallahue o desenvolvimento motor está associado às áreas
cognitiva e afetiva do comportamento humano.
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O desenvolvimento motor está relacionado às áreas cognitiva e afetiva do
comportamento humano, sendo influenciado por muitos fatores. Dentre eles
destacam os aspectos ambientais, biológicos, familiar, entre outros. Esse
desenvolvimento é a contínua alteração da motricidade, ao longo do círculo da
vida, proporcionada pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia
do indivíduo e as condições do ambiente. (GALLAHUE, 2005, P. 03)
2.2. — O sentido da educação psicomotora
A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de
base, pois ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares. Leva a criança
a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a
dominar seu tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e
movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra
idade. Conduzida com persistência, permite evitar inadaptações difíceis de
corrigir quando já organizadas.
A psicomotricidade oferece ao aluno condições mínimas a um bom
desempenho escolar e aumenta seu potencial motor, dando-lhe informações
para que se saia bem na escola. O indivíduo não é feito de uma só vez, mas
se constrói, lentamente através da interação com o meio e de suas próprias
realizações. O movimento é a base que ajuda a criança a adquirir o
conhecimento do mundo que a rodeia através de seu corpo, de suas
percepções e sensações.
A psicomotricidade pode ser vista como preventiva no intuito de, dar
condições à criança de se desenvolver melhor em seu ambiente, e também
como reeducativa — quando trata de indivíduos que apresentam desde o mais
leve retardo motor até problemas mais sérios. O domínio da psicomotricidade é
um meio de imprevisíveis recursos para combater a falta de adaptação escolar,
assegura Fonseca (1988). Le Boulch (1997) propõe que se una o aspecto
funcional ao afetivo, pois os dois têm que caminhar lado a lado, tanto dentro da
ação educativa como da reeducativa.
Em termos práticos, isto funciona como descrito a seguir:
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Aspecto afetivo ou relacional: É visto através da relação da criança com o
adulto, com o ambiente físico e com as outras crianças. A maneira como o
educador entra no universo da criança é de extrema importância. É muito
importante que o professor demonstre carinho e aceitação integral do aluno
para que este passe a confiar mais em si mesmo e consiga expandir-se e
equilibrar-se.
É através da postura, das atividades e do comportamento que se
expressa a boa evolução da afetividade. Uma criança fechada em si mesma
possui falta de espontaneidade e tende a encolher-se e a trabalhar com um
tônus muito tenso, muito esticado.
Aspecto funcional: É a forma como um indivíduo reage e se modifica
diante dos estímulos do meio. Um bom educador psicomotor, com sua
liberdade e competência técnica, pode ajudar muito o aluno. Ele pode provocar
situações que forcem este aluno a agir corretamente no ambiente, buscando
um maior desenvolvimento funcional. Ele pode ajudar seu aluno a tomar
consciência de seus próprios bloqueios a procurar suas origens e,
principalmente, realizar exercícios adequados para um bom desempenho de
seu esquema corporal.
Desde que todas as áreas como psicomotricidade, cognição,
afetividade e linguagem estejam interligadas, um bom educador será capaz de
estimular o aluno como um todo, a partir do conhecimento de como se dá o
desenvolvimento dele.
Segundo Meur e Staes (1991), o cuidado especial que se deve ter
com as crianças em seus primeiros anos de escolaridade é de grande
importância, pois o aluno se sentirá bem na medida em que se desenvolver
integralmente através de suas próprias experiências, da manipulação
adequada e constante dos materiais que o cercam e também das
oportunidades de descobrir-se. E isto será mais fácil de conseguir se estiverem
atendidas suas necessidades afetivas, sem bloqueios e sem desequilíbrios
tônico-emocionais.
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2.3. —Papel do professor e do psicopedagogo
Podemos notar ao observar educadores, em especial os da escola infantil,
como esta preocupação citada anteriormente sobre o desenvolvimento da
criança é deixada de lado em busca de um treinamento funcional intensificado.
Com efeito, para muitos professores, a repetição constante de exercícios é
essencial para que a criança se desenvolva.
Sendo assim, numa tentativa de desenvolver a motricidade de seus
alunos, solicitam em excesso o preenchimento de folhas digitadas de riscos à
direita, à esquerda, verticais, horizontais, bolinhas, ondas e outras loucuras.
Há professores que quando querem ensinar atividades como dentro-fora,
pedem a seus alunos para colarem papéis coloridos, fazerem cruzes ou
desenharem do lado de dentro ou de fora de um quadrado ou de qualquer
desenho. Ao final, acham que as crianças assimilaram corretamente estes
conteúdos e passam para outros itens que serão “treinados” da mesma
maneira. Acreditam, com isto, que estão usando de todos os recursos da
psicomotricidade para preparar os alunos para a escrita. Mas são, às vezes,
exercícios totalmente carentes de significado para as crianças e não são nem
anteriores de um trabalho mais amplo de conscientização dos movimentos, de
posturas, visando um desenvolvimento mental adequado.
O que conseguem com tarefas deste tipo é desenvolver, na realidade, a
aquisição de gestos automáticos e certas técnicas, sem a preocupação com as
percepções que lhe dão o conhecimento de seu corpo e, através deste, o
conhecimento do mundo que o rodeia. Os exercícios psicomotores, através
dos movimentos e dos gestos, não devem ser realizados de forma mecânica,
robotizada, mas sim associados com as estruturas cognitivas e afetivas, tudo
apoiado pela consciência.
Algumas habilidades motoras começam a ser desenvolvidas na família,
mas não se pode negar a importância dos primeiros anos de escolaridade.
Muitas dificuldades podem surgir com a aprendizagem falha na escola. Por
outro lado, também há alunos que já vêm para a escola com problemas
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motores que prejudicam seu aprendizado e que não são resolvidos em nenhum
momento, causando uma maior falta de adaptação escolar.
Do ponto de vista psicomotor, para que uma criança tenha uma
aprendizagem significativa em sala de aula, alguns pré-requisitos devem ser
observados. Como condição mínima, a criança deve possuir um bom domínio
do gesto e do instrumento. Isto significa que precisará usar as mãos para
escrever e, portanto, deverá ter uma boa coordenação motora fina. Ela terá
mais habilidade para manipular os objetos de sala de aula, como lápis,
borracha, régua, se estiver ciente de suas mãos como parte de seu corpo e
tiver desenvolvido padrões específicos de movimentos. Deverá aprender a
controlar seu tônus muscular de forma, a saber, dominar os próprios.
Uma boa coordenação global, também é importante que ela tenha,
saindo-se bem ao se deslocar, transportar objetos e se movimentar em sala de
aula e no recreio. Muitos dos jogos e brincadeiras, realizados nos pátios das
escolas são, na verdade, uma preparação para uma aprendizagem posterior.
Com eles, a criança pode adquirir noções de localização, lateralidade,
dominância e, consequentemente, orientação espaço-temporal.
Uma boa orientação espacial poderá capacitá-la a orientar-se no meio com
desenvoltura. Do movimento que transcorre surgem noções de tempo,
duração de intervalos, sequência, ordenação e ritmo. (FONSECA, 1989)
Importante também como pré-requisito para uma boa aprendizagem é a
acuidade auditiva e visual, mas só convém favorecer estes estímulos se eles
estiverem integrados e bem orientados. Se o professor estiver mais consciente
de sua função de educador, a maior parte das dificuldades apresentadas pelos
alunos pode ser resolvida, na sala de aula.
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CAPÍTULO III
A RELAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO DA ARTE
NA EDUCAÇÃO INFANTIL AO DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR DA CRIANÇA
O primeiro objeto com o que a criança interage é seu próprio corpo. Este
conhecimento se forma através de sensações, mobilizações e deslocamento. A
construção do seu esquema corporal se dá a partir da maturação neurológica
evolução sensório-motora e da relação com o corpo do outro. Sendo o
movimento uma resposta muscular a estimulação sensorial, levando em
consideração a informação motora.
Os primeiros anos de vida têm uma importância fundamental. Suas
conquistas futuras serão afetadas caso algum problema não seja detectado e
tratado a tempo, podendo afetar a aprendizagem da leitura e da escrita. O
desenvolvimento da criança é muito mais rápido no período do nascimento até
aos 6 anos de idade, tanto psicologicamente como fisicamente.
A criança precisa se sentir segura para que possa ter a ousadia de se
arriscar, trazendo-lhe conhecimento a cerca de si mesma, dos outros e do meio
em que vive. Na educação infantil, a prioridade deve ser a de auxiliar a criança
a ter uma percepção de si mesma, compreendendo suas possibilidades e
limitações reais, ajudando-a a se expressar corporalmente conquistando novas
experiências motoras.
O professor deve conscientizar-se de que uma educação pelo
movimento é uma peça importante da área pedagógica, que permite à criança
resolver mais facilmente os problemas atuais da sua escolaridade e prepara,
por outro lado, para a sua existência futura de adulto, essa atividade não ficará
mais para segundo plano, sobretudo porque o professor irá perceber que esse
material educativo não verbal, constituído pelo movimento é, por vezes, um
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meio insubstituível para afirmar certas percepções, desenvolver formas de
atenção, pondo em jogo certos aspectos da inteligência.
A criança deve ser vista dinamicamente: não unicamente o que ela é,
mas, sobretudo o que se tornará. Partindo dessa posição, caberia à escola
criar condições favoráveis e facilitadoras para esse desabrochar. Para isso é
preciso um clima de liberdade e de respeito às características e às diferenças
individuais, a partir de propostas que enfatizem a necessidade de atividade do
sujeito, de maneira que seja livre para criar, num ambiente em que o que ele
produza seja valorizado.
A escola deveria compreender, respeitar e se enriquecer com o que
cada criança traz enquanto representante de um grupo cultural. O trabalho
deve se basear na cultura específica da comunidade da qual ela faz parte.O
que caracteriza o trabalho é a liberdade e o respeito; liberdade com o que a
criança experimenta, opta e assume, respeito à sua cultura, às suas
características e diferenças individuais, à sua evolução bio-psicossocial.
Para que isto aconteça, é preciso que aqueles que lidam com o
educando estejam conscientes de sua responsabilidade e capacitados
tecnicamente para um bom desempenho.
As crianças devem ser colocadas em situações que estimulem
perguntas e em atividades que executem, para que lhes possibilitem encontrar
respostas. Elas devem ser acompanhadas pela professora, mas não
conduzidas, a fim de que possam desenvolver sua própria linguagem, seu
modo de pensar e a capacidade de chegar às suas próprias conclusões.
O trabalho deve ser consciente e intencional. É importante que o
professor saiba por que deve haver “a hora das novidades” e não o faça
simplesmente porque aprendeu que o dia de uma turma de Educação Infantil
deve ser iniciado com tal atividade. O professor deve ter claro que, ao estimular
as crianças a falarem sobre as suas vidas, as pessoas que gostam e
desgostam, os passeios que fazem, seus animais ou objetos prediletos e suas
famílias, está possibilitando o desenvolvimento oral. Além disso, ao ouvir as
25
experiências e os sentimentos de seus colegas, eles estarão se percebendo no
outro, abrindo-se para o mundo, percebendo-se no mundo, conhecendo-se. Ao
falar de suas vidas, ou ao dar vazão à imaginação, vão pouco a pouco,
elaborando suas dificuldades. Essa hora das novidades, como outras em que
ficam em grupo é fundamental porque as crianças necessitam estar em grupo,
a ter uma relação com os colegas e com a professora, para que se possa
estabelecer um vínculo grupal e individual e favorecer assim, o processo
ensino-aprendizagem. Para que se desenvolva na criança o espírito de grupo e
de cidadão, é muito importante que ela se posicione, critique e ouça. A seguir,
entenderemos um pouco mais sobre o desenvolvimento e a contribuição da
arte na educação infantil.
3.1- Desenvolvimento infantil
De acordo com a teoria de Jean Piaget (1975,apud GOMES;
SAKAMOTO, 2002), o ser humano é naturalmente curioso e disposto a
aprender sobre o ambiente ao seu redor. Através de suas observações, desde
o seu nascimento, os bebês fazem movimentos para aprender, ou seja, quando
agem por conta própria, as crianças exploram, descobrem e aprendem, isto é,
se desenvolvem.
O desenvolvimento humano tem sido um campo de pesquisa que tem
despertado grande interesse entre os teóricos da Psicologia. Piaget (1975,
apud FERREIRA; LAUTERT, 2003), por exemplo, estava preocupado em
investigar o desenvolvimento cognitivo da criança. Sua pesquisa estava voltada
para o problema de como se passa de um menor nível de conhecimento para
um maior nível, interessando-se, portanto, em explicar o desenvolvimento da
inteligência humana.
Segundo Piaget (1975, apud FERREIRA; LAUTERT, 2003) o
desenvolvimento cognitivo infantil é um processo de construção que ocorre a
partir da interação entre sujeito e objeto; sujeito este considerado como ativo e
responsável pelo seu próprio desenvolvimento. Portanto, de acordo com esta
concepção, o conhecimento não está nem no sujeito, nem no objeto do
conhecimento, mas surge a partir da interação entre eles.
26
O objetivo do desenvolvimento para Piaget (1967,apud NUNES et al,
1998) é a socialização do pensamento, sendo a interação com outras pessoas
de importância fundamental na construção do conhecimento e constituindo-se
numa de suas forças motivadoras.
O desenvolvimento cognitivo, para Piaget (1975,apud FERREIRA;
LAUTERT, 2003) dá-se em etapas ou estágios que obedecem a uma
seqüência linear e progressiva, sendo estes universais e, portanto, iguais para
todos os indivíduos, independente da cultura. Cada um destes estágios parte
de uma estrutura anteriormente já existente, mas possibilita a construção de
estruturas peculiares que o distingue do anterior. De acordo com o autor, o
desenvolvimento cognitivo ocorre em quatro estágios: sensório-motor, pré-
operatório, operatório concreto e operatório formal.
O sensório-motor (0 a 2 anos), é o primeiro estágio onde o bebê
conhece o mundo e desenvolve a inteligência através dos sentidos e das
ações,isto é, através do pensamento prático e caminha das atividades reflexas
inatas para as atividades desenvolvidas para um fim e relacionadas ao
ambiente.O segundo estágio ou pré-operatório (2 a 7 anos),é o momento onde
ocorre o surgimento da função simbólica com o uso da linguagem e a criança
aprende a diferença entre ela mesma e o mundo externo.Já o estágio
operatório concreto (7 a 11 anos) é caracterizado pela aquisição de lógica
elementar (relações de causa-efeito) sobre eventos concretos.O último estágio
do desenvolvimento cognitivo ou operatório formal (de 12 anos em diante), é o
momento onde o indivíduo tem o domínio da habilidade em aplicar regras
lógicas e raciocinar diante de problemas abstratos e hipóteses e chega
finalmente ao pensamento lógico-formal, que atesta a capacidade de abstração
hipotético-dedutiva da inteligência (FERREIRA; LAUTERT, 2003).
3.2 - Educação Infantil
A Educação Infantil, “primeira etapa da Educação Básica” (art. 21. Lei
9.394, 1996 apud ARRUDA, 2004), deve tornar acessível a todas as crianças
até os seis anos, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem o
seu desenvolvimento e inserção social, isto é, deve desempenhar um papel
27
socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por
meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação.
Devem ser oferecidas às crianças condições para as aprendizagens que
ocorrem nas brincadeiras e aquelas advindas de situações pedagógicas
intencionais ou aprendizagens orientadas pelos adultos. É importante ressaltar,
porém, que essas aprendizagens ocorrem de maneira integrada ao processo
de desenvolvimento infantil. Portanto, a Educação Infantil deve propiciar
situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma
integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades
infantis de relação interpessoal. Neste processo, a educação poderá auxiliar o
desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das
potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na
perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis
(BRASIL, 1998a).
Segundo o RCNEI:
Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da Educação Infantil e de seus profissionais.
As funções para a Educação Infantil de educar e cuidar devem estar
associadas a padrões de qualidade. Essa qualidade advém de concepções de
desenvolvimento que consideram as crianças nos seus contextos sociais,
ambientais, culturais e, mais concretamente, nas interações e práticas sociais
que lhes fornecem elementos relacionados às mais diversas linguagens e ao
contato com os mais variados conhecimentos para a construção de uma
identidade autônoma (BRASIL, 1998a).
A prática da Educação Infantil deve ser organizada de modo que as
crianças desenvolvam capacidades como ter uma imagem positiva de si
mesma, atuando com independência, confiança em suas habilidades e
percepção de suas limitações, descobrindo e conhecendo progressivamente
seu próprio corpo, suas potencialidades e sabendo valorizar hábitos de cuidado
com a própria saúde e bem-estar. Dentre as demais funções e objetivos que
caracterizam a Educação Infantil, o Referencial Curricular Nacional enfatiza
28
também o estabelecimento de vínculos afetivos e de troca com adultos e
crianças, fortalecendo dessa forma a auto-estima e ampliando gradativamente
suas possibilidades de comunicação e interação social, ou seja, aos poucos as
crianças aprendem a articular seus interesses e pontos de vista com os
demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e
colaboração. Além disso, nessa etapa da Educação Básica, a criança deve ser
capaz de observar e explorar o ambiente a sua volta com curiosidade,
percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente
transformador do mesmo (idem,1998a).
Segundo RCNEI, (BRASIL, 1998a).
Brincar, expressar suas emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades utilizando as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação também são consideradas capacidades fundamentais que devem ser desenvolvidas e estimuladas na Educação Infantil
3.3- Arte, educação e desenvolvimento infantil
A arte está presente diariamente na vida das crianças, pois ao rabiscar,
desenhar no chão, na areia, nos muros, ao utilizar materiais como gravetos,
pedras ou carvão, ao pintar objetos e até mesmo seu próprio corpo, a criança
pode utilizar a arte para expressar experiências sensíveis. O fato de a arte ser
uma das formas importantes de expressão e comunicação humana justifica sua
presença no contexto da educação, de um modo geral, e na Educação Infantil,
particularmente (BRASIL, 1998b).
Ao final do seu primeiro ano de vida, a criança já é capaz de,
ocasionalmente, manter ritmos regulares e produzir seus primeiros traços
gráficos, considerados muito mais como movimentos do que como
representações. Conforme RCNEI:
Muito antes de saber representar graficamente o mundo visual, a criança já o reconhece e identifica nele qualidades e funções. Mais tarde, quando controla o gesto e passa a coordená-lo com o olhar, começa a registrar formas gráficas e plásticas mais elaboradas
29
A presença da arte na Educação Infantil, ao longo da história, tem
demonstrado um descompasso entre os caminhos apontados pela produção
teórica e a prática pedagógica existente. Em muitas propostas a arte é
entendida apenas como passatempo onde atividades como desenhar, colar,
pintar e modelar com argila ou massinha são destituídas de significados
(BRASIL, 1998b).
A arte muitas vezes também é considerada como uma prática que deve
ter uma conotação decorativa, servindo para ilustrar temas e datas
comemorativas, enfeitar as paredes com motivos considerados infantis,
elaborar presentes para os pais, cartazes entre outros. Nessa situação, é
comum que os adultos façam grande parte do trabalho, uma vez que
consideram que a criança ainda não é capaz de elaborar sozinha. Além disso,
a arte é utilizada como reforço para a aprendizagem de outros conteúdos
como, por exemplo, colorir imagens feitas pelos adultos em folhas
mimeografadas, como exercícios de coordenação motora para fixação e
memorização de letras e números (BRASIL, 1998b).
O desenvolvimento artístico não ocorre automaticamente à medida que
a criança cresce, pois é resultado de formas complexas de aprendizagem, para
o RCNEI:
A criança, desde cedo, sofre influência da cultura através de materiais e suportes com que realiza seus trabalhos, pelas imagens e atos de produção artística que observa na televisão, em revistas, obras de arte ou trabalhos artísticos de outras crianças.
As crianças possuem interpretações próprias a respeito da produção de
arte e do fazer artístico. Tais interpretações são elaboradas a partir de suas
experiências ao longo da vida, que envolvem a relação com a produção de
arte, com o mundo dos objetos e com seu próprio fazer. As crianças exploram,
sentem, agem, refletem e elaboram sentidos de suas experiências. A partir daí
constroem significações sobre como se faz, o que é, para que serve e sobre
outros conhecimentos a respeito da arte (BRASIL, 1998b).
Nesse sentido, a arte deve ser concebida como uma linguagem que
possui uma estrutura e características próprias, cuja aprendizagem, no âmbito
30
prático e reflexivo, se dá por meio da articulação do fazer artístico centrado na
exploração, expressão e comunicação de produção de trabalhos de arte, da
apreciação, isto é, da percepção do sentido que o objeto propõe e da reflexão
que consiste em um pensar sobre todos os conteúdos do objeto artístico
(BRASIL, 1998b).
O momento das atividades de artes que requerem o uso da imaginação
e de consequentemente criar dando a oportunidade da criança se expressar, é
de suma importância para o desenvolvimento do aluno. É preciso estar sempre
presente no professor, a importância das atividades de artes e não, quase
mecanicamente, arrumar as tintas, os lápis, o barro, os blocos de construção, a
caixa de recortes e outros materiais. A hora das atividades diversificadas é o
momento em que a criança pode se posicionar tomar uma decisão, escolher o
que prefere e isso é extremamente importante. Para o professor, é um
momento também para que ele possa conhecer melhor o educando; suas
características e suas preferências. Nesta hora, o professor deve ter um olhar e
uma atitude psicopedagógica, ou seja, olhar o seu educando atentamente,
observar o que faz, sem interferir nas suas escolhas e dificuldades.
A liberdade com que a criança pode escolher ou mudar as atividades
atende não só às diferenças individuais, como à sua necessidade de
exploração dos materiais e de descoberta de possibilidades suas e dos
materiais. Ela experimenta com todos os seus sentidos: vê, toca, observa,
cheira, sente e ouve. Às vezes, sente necessidade de levar à boca o material
para sentir o seu gosto; a sua experiência é total.
É importante que no trabalho de educação infantil esteja claro que cada
criança tem seu ritmo, seu tempo. Esse tempo e esse ritmo devem ser
respeitados, do mesmo modo que sua cultura deve ser respeitada.
Embora muitos professores hesitem em permitir aos alunos selecionar
suas próprias atividades para o dia, há razão para acreditar que se as crianças
são providas de materiais e opções adequadas, elas selecionarão atividades
consistentes com o nível funcional (estágio) de seu desenvolvimento
intelectual. Os professores podem variar as opções de atividades disponíveis
31
cada dia para os alunos individualmente, a fim de se assegurarem de estar
providenciando uma adequada variedade de experiências.
O que é muito comum acontecer é a correção do desenho da criança.
Este desenho é um todo que se acha integrado em determinada fase de sua
evolução. Ao ser criticado um detalhe do desenho infantil, este perde a sua
unidade, tornando-se incoerente em sua totalidade.
Ao desenhar, a criança expõe a sua experiência subjetiva; aquilo que é
significativo para ela naquele momento. Assim, não é o tema que importa, mas
sim, como ele foi trabalhado. Seu trabalho nos oferece informações sobre a
sua relação consigo mesmo e com o mundo, e sobre o seu desenvolvimento.
O professor precisa estar consciente de que o importante não é o produto final
e sim, o processo vivenciado.
A criança considera terminado o seu trabalho quando teve a
experiência completa e se sente pronta para começar outra coisa. Para
ela, o mais importante é o processo de fazer, de explorar, de inventar e não, o
produto final. O produto final revela muito pouco da variedade e riqueza da
experiência que ela viveu no processo. As crianças têm que agir. Raras vezes
estão passivas por mais do que alguns poucos minutos, quando acordadas.
Obrigá-las a ficarem paradas e quietas na escola é bater de encontro às suas
naturezas resultando numa luta entre as vontades dos professores as
necessidades dos alunos.
Os professores fazem melhor, tirando proveito das características
naturais das crianças podendo fazer isto oferecendo riqueza de materiais para
as crianças olharem, tocarem, manipularem e levarem de um lado para o outro.
Tais materiais deveriam ser usados em grau muito maior do que é comum
agora nas escolas. A interação verbal entre os alunos deve ser permitida e
estimulada. As atividades de grupo que envolve cooperação e discussão
deveriam abranger uma parte significativa do dia escolar.
O fato de a criança muitas vezes abandonar um trabalho que ao adulto
pareça bom e acabado e começar outro que possa parecer desinteressante e
32
inacabado, não dever ser olhado como fracasso. Pode, na verdade,
representar um novo esforço ou uma nova situação desafiadora de exploração.
É importante deixá-la explorar e esgotar a experiência, sem forçar o seu ritmo
e, sobretudo, sem comparar o seu desenvolvimento com o de seus colegas.
Ela só pode dar um novo passo quando estiver pronta para fazê- lo. É
fundamental para o seu autoconceito que haja aceitação por parte do
educador, bem como respeito pelo o que ele cria.
O crescimento se manifesta por uma grande variedade de caminhos.
Quando incentivada, crescerá independente e confiante; se não se sentir
aprovada, ela nunca se sentirá livre e confiante em sua própria expressão.
Quanto mais oportunidades de experimentar, de optar livremente entre muitas
possibilidades, mais se amplia a sua capacidade de se comunicar.
São várias as alternativas que o professor tem de oferecer a criança
suportes para que possa explorar ao máximo sua criatividade através das
artes. Ao utilizar o barro, por exemplo, está atendendo a sua necessidade de
conhecimento através do tato, de exploração com suas mãos, criando mundos
imaginários, atividade que contribuirá para o seu desenvolvimento psíquico e
intelectual. Através da manipulação do barro, a criança estabelece relações de
forma, volume, espaço, dimensão, proporção e movimento e vai enriquecendo
o seu “vocabulário plástico”.
Do mesmo modo que na educação infantil é estimulada a utilização da
música como linguagem, nas danças e dramatizações, as crianças aprendem a
utilizar e compreender a linguagem do corpo. Ao movimentar o seu corpo no
espaço, ela toma conta do mesmo, explorando os seus limites. Ao sentir o seu
espaço, se capacita para mais tarde entrar no do outro e deixá-lo penetrar no
seu. Através dos jogos dramáticos, a criança libera sua agressividade,
descarrega sentimentos de culpa e ressentimentos de uma forma lúdica e
criativa. Há também os jogos em que expressa sentimentos de amor,
cooperação e plenitude.
Outro momento importante dentro do ensino das artes para o
desenvolvimento psicomotor infantil é o da contação de histórias. Na educação
33
infantil, a criança muitas vezes estabelece o seu primeiro contato com o livro de
histórias que tanto estimula a sua fantasia: ouve histórias faladas, cantadas ou
lidas, conta as suas próprias histórias, cria histórias individualmente ou em
grupo e “lê” histórias. O professor tem um papel importante na dramatização
espontânea, nem se omitindo, nem interferindo demais, apenas deixando
acontecer de forma que não venha distorcer a idéia original da criança. É
através do processo de criação que a criança organiza seus pensamentos e
sentimentos, se confrontando constantemente com suas próprias experiências,
aliviando-se de suas tensões e, sobretudo capacitando-se para uma vida plena.
O período na educação infantil é de suma importância para o futuro
desconhecido e por isso deveria ser cuidadosamente planejado e visto
seriamente, como talvez, o mais importante estágio da educação, do qual todos
os demais dependem. É na educação infantil que se deve iniciar um processo
de aprender a aprender, aprender a pensar de modo livre e crítico, aprender a
amar o mundo e os homens, aprender a desenvolver-se no e pelo trabalho
criador, aprender a viver, aprender a ser.
Para um trabalho na educação infantil fluir, é importante e fundamental
que haja um planejamento. Este pode ser formulado com as crianças, o que o
torna mais rico. Deve ser flexível a fim de valorizar o que a criança traz ou
situações inesperadas que são muito atrativas e interessantes para ela. Cabe
ao professor saber aproveitá-las e convivendo com crianças, o que não falta é
assunto.
Na educação infantil, as atividades devem ser interligadas, ou seja, deve
haver uma interdisciplinaridade, pois como estamos trabalhando com seres e
partindo do princípio que eles são totais e não partes isoladas, as atividades
também devem ser assim, englobar o SER TOTAL. Em uma única atividade, se
bem explorada, é possível ser trabalhado vários aspectos simultaneamente,
pois uma coisa está interligada com a outra. Mas para que isso aconteça e dê
“certo”, é preciso que o professor confie em si mesmo e na capacidade do seu
educando. As atividades na educação infantil podem ser definidas como:
brincar de descobrir relações.
34
A Educação Infantil tem nas mãos a grande responsabilidade de
“pequenos grandes seres”, por isso, cabe a ela facilitar o crescimento
intelectual, afetivo e social, de maneira que se tornem cidadãos críticos,
conscientes de seus direitos e deveres na sociedade.
O trabalho com arte na Educação Infantil requer atenção no que se
refere ao respeito das peculiaridades e esquemas de conhecimento próprios a
cada faixa etária e nível de desenvolvimento. Isso significa que o pensamento,
a sensibilidade, a imaginação, a percepção, a intuição e a cognição da criança
devem ser trabalhados de forma integrada, visando o favorecimento do
desenvolvimento das capacidades criativas das mesmas (BRASIL, 1998b).
A arte está sempre presente em nossas vidas e para transformá-la em
algo produtivo e real, é necessária uma educação que considere a
espontaneidade estética e a capacidade de criação que cada criança já
manifesta naturalmente, contribuindo para aprimorá-la. Para que o ensino de
arte seja aperfeiçoado na educação, é preciso que o mesmo esteja presente
em todos os segmentos desde a Educação Infantil,a fim de que desde pequena
a criança possa expressar com liberdade aquilo que sente e pensa.
35
CONCLUSÃO
Destacando a importância da psicomotricidade e da ludicidade na vida
escolar, percebeu-se que uma criança que não conhece a si mesmo e que não
descobriu o mundo que a cerca poderá não conseguir também relacionar a sua
educação escolar com a realidade cotidiana.
A criança aprende através da atividade lúdica e através do brincar, ela
se relaciona. No momento em que a criança brinca, ela cria, ela vive aquele
momento, a criança traz no momento dos jogos, do brincar, situações pessoais,
assim como seus sentimentos.
A linguagem da arte na Educação Infantil possui um papel fundamental,
pois envolve os aspectos cognitivos, sensíveis e culturais e procura estimular a
inteligência, contribuindo para a formação da personalidade da criança.
A partir das pesquisas bibliográficas chega-se a conclusão que a
psicomotricidade junto com o ensino das artes é um elemento fundamental
para ser trabalhado desde os primeiros anos de vida da criança, e que a
mesma está presente nas escolas, mas que não possui o grande destaque que
deveria, assim como não está sendo devidamente estimulada pela escola aos
educadores e dos educadores aos alunos.
Acredita-se que a partir das leituras feitas a cerca do assunto, que
muitos dos problemas ou dificuldades de aprendizagem podem ser decorrentes
de questões de psicomotricidade, assim, supõe-se a partir deste estudo que se
esse conteúdo for trabalhado, estimulado e priorizado na educação, muitos dos
problemas de alfabetização nas séries iniciais seriam amenizados. Mas para
isso é necessário incentivo mediante cursos de formação profissionalizantes,
bem como, disponibilidade e dedicação por parte do professor.
Trabalhar arte na Educação Infantil não significa propor atividades livres,
sem objetivos traçados, pois deve ser levado em consideração o conhecimento
que cada criança já possui e sua liberdade de criação. Além disso, deve ser
analisada e respeitada a etapa do desenvolvimento infantil em que cada
criança se encontra para o direcionamento dos objetivos sugeridos.
36
Quando se trata do desenvolvimento psicomotor das crianças na
Educação Infantil e de sua relação com a arte, torna-se necessária a
compreensão da importância de oportunidades educativas oferecidas de forma
crítica, criativa e consistente que devem ir além dos cuidados assistenciais de
saúde, alimentação, proteção e guarda da criança.Então acredita-se que a
psicomotricidade e a ludicidade estão interligadas ao desenvolvimento tanto
corporal quando emocional da criança, sendo ambas indispensáveis no
processo de aprendizagem.
Percebeu-se que a Psicomotricidade contribui de maneira expressiva
para a formação e estruturação do esquema corporal e busca incentivar a
prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio
dessas atividades as crianças, além de se divertir, criam, interpretam e se
relacionam com o mundo em que vivem.
Então é importante o educador conhecer as funções psicomotoras e sua
contribuição para o crescimento infantil, pois sem esse conhecimento, o
professor, poderá pular etapas do desenvolvimento motor o que causará
problemas futuramente as crianças.
A concepção da criança como um ser particular, com
características bem diferentes dos adultos, e contemporaneamente como
portador de direitos enquanto cidadão, é que vai gerar as maiores
mudanças na Educação Infantil, tornando o atendimento às crianças de 0 a
6 anos ainda mais específico, exigindo do educador uma postura consciente
de como deve ser realizado o trabalho com as crianças pequenas,quais
as suas necessidades enquanto criança e enquanto cidadão.Portanto, a
educação infantil deve ser lúdica, prazerosa, fundada em várias
experiências e no prazer de descobrir a vida. A criança precisa esta em contato
com uma imensa variedade de estímulos e experiências. Essa perspectiva
de educação infantil engloba uma proposta de harmonia entre arte e
ensino. Vemos nessa relação, muitas possibilidades de alcançarmos
melhores resultados nessa fase escolar.
É natural da criança se dispersar durante atividades que não lhes
agradam, por isso a arte tem um papel crucial porque é algo que consegue
37
manter a criança interessada no processo de aprendizagem, e faz com que ela
goste de aprender.
A arte contribui positivamente para o desenvolvimento cognitivo,
sensório motor,dentre outros, pois ela está ligada a simples atos como
rabiscar, correr, pular, dançar, conversar, gesticular, entre outras atividades
que são naturais de uma criança, e que sem mecanismos que favoreçam,
para que essas atividades aconteçam,fica humanamente impossível trabalhar
com crianças.
Cabe ao professor, inovar suas práticas docentes, e deixar que as
crianças participem diretamente do processo de ensino aprendizagem,
pois todo planejamento tem que partir da necessidade dos educandos, e
brincar e ter aulas dinâmicas é uma necessidade nesta modalidade de
ensino uma vez que é impossível trabalhar com os pequenos da mesma forma
que é trabalhado no ensino fundamental.
Entretanto, a educação psicomotora assumirá suas supostas funções:
(estimuladora, [re] educadora e terapêutica), quando o docente, primeiramente,
conhecer o desenvolvimento infantil e as funções psicomotoras, e
posteriormente seus alunos, principalmente as dificuldades apresentadas por
eles, para que assim possam organizar o seu planejamento de aulas e garantir
uma aprendizagem de qualidade.
38
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PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara, 1987.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O papel da psicomotricidade na aprendizagem 10
CAPÍTULO II
A importância do desenvolvimento psicomotor no processo de ensino/aprendizagem 16
2.1. Entendendo o desenvolvimento motor 16
2.2. O sentido da educação psicomotora 19
2.3. Papel do professor e do psicopedagogo 21
CAPÍTULO III
A relação do trabalho pedagógico da arte na educação infantil ao desenvolvimento psicomotor da criança. 23
3.1. Desenvolvimento infantil 25
3.2. Educação infantil 26
3.3. Arte, educação e desenvolvimento infantil 28
CONCLUSÃO 35 BIBLIOGRAFIA 38 ÍNDICE 40