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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO LATU SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O FRACASSO ESCOLAR NO PROCEESSO APRENDIZAGEM EVILENE FERREIRA DA SILVA ORIENTADORA: FABIANE MUNIZ CAMPOS BELOS-GOIÁS 2011 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO LATU SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O FRACASSO ESCOLAR NO PROCEESSO APRENDIZAGEM

EVILENE FERREIRA DA SILVA

ORIENTADORA: FABIANE MUNIZ

CAMPOS BELOS-GOIÁS

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO LATU SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O FRACASSO ESCOLAR NO PROCESSO APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialização em psicopedagogia Institucional. Por: Evilene Ferreira da Silva.

CAMPOS BELOS-GO 2011

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus quer o mentor de todas as minhas ações e reflexões, ao meu esposo, filhos, mãe, colegas e minha cunhada Lucia e que nos deram forças e auxilio nesta caminhada em busca de novos conhecimentos. E a minha orientadora Fabiane Muniz que esteve sempre à disposição nos momentos de dúvidas.

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DEDICATÓRIA

Dedico a Deus, por sempre ter-me concedido o dom da sabedoria. E ao meu esposo Zezito, meus filhos: Thiago, Letícia, Maysa, aos meus colegas de trabalho, a minha amiga Joanildes, que estávamos sempre juntas para sanar as dificuldades. A minha mãe que está sempre do lado.

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RESUMO

Ultimamente podemos perceber com mais frequência nos debates e discussões

de profissionais e especialistas em educação acerca do fracasso escolar, um problema

que tem atingido crianças, jovens e adultos em todos os níveis de escolaridade. E

quanto, o assunto é fracasso escolar é impossível, dissocia-lo da dificuldade de

aprendizagem, um elemento presente no processo educativo. E todas essas questões

fazem parte de um longo processo que exige a participação ativa de várias pessoas que

se inicia na família, estendendo se a escola e consequentemente aqueles profissionais

que estão mais intimamente ligados aos problemas da educação como é o caso da

psicopedagogia que se encarrega entre outras funções, de prevenir as dificuldades de

aprendizagem e propor alternativas para a superação das deficiências não somente dos

alunos mas dos educadores e demais envolvidos no processo, englobando as habilidades

cognitivas, perspectivas e os fatores socioculturais.

Para aprofundamento dessa reflexão é de suma relevância é evidenciar que a

falta de preparação e de flexibilidade do professor, a inadequação da prática avaliativa,

a ausência de parceria entre escola e família, a falta de autonomia da escola e de um

projeto pedagógico elaborado em equipe são fatores que conduzem o aluno ao

insucesso.

Neste sentido, um dos papéis da psicopedagogia hoje, é contribuir para que os

profissionais da educação entendam que a escola precisa estar atenta às reais

necessidades do aluno e adotar uma postura de dinamismo e, a abertura às mudanças e

de flexibilidade em frente aos problemas. Além disso, adotar procedimentos é

intervenções pedagógicas adequadas para auxiliar a criança na superação de suas

dificuldades e limitações. Enfim, o que a escola esteja consciente de sua relevância na

formação de indivíduos para uma sociedade humana, já que esta instituição contribui

também para o desenvolvimento pessoal e a socialização da criança e do jovem como

um todo.

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METODOLOGIA

Esta monografia foi elaborada a partir da análise bibliográfica de vários

autores que versam sobre diferentes abordagens teóricas e que serviram de

embasamento para a construção desse trabalho.

Um referencial que merece destaque como fundamentação teórica é a Edith

Rubinstein. Ela trata de forma clara e objetiva sobre a importância da atuação do pisco

pedagogo no processo ensino-aprendizagem, enfatizando a ligação da dificuldade de

aprendizagem, ao fracasso escolar. Também é imprescindível mencionar a rica

contribuição de Nádia Bossa que além de abordar sobre a dificuldade de aprendizagem,

trata também das diferentes atribuições do psicopedagogo e do o objeto central de

estudo da psicopedagogia de modo geral.

Para refletir sobre os elementos que auxiliam na superação ou prevenção do

fracasso escolar foram analisadas as importantes abordagens teóricas de Içami Tiba que

discute sobre o papel da família na formação e na aprendizagem dos filhos. Além disso,

foram mencionados a Clarice Hito e Imideo Nerice que reflete sobre a questão familiar

no processo educativo.

A questão avaliativa foi mencionada a partir do referencial teórico de Pedro

demo Cipriano Luckesi, e Conceição Cabrini, autores que concebem o processo

avaliativo, como uma forma de ajudar o aluno na superação das dificuldades de

aprendizagem de reavaliação do trabalho do professor que deve colocar o sucesso do

educando acima de toda e qualquer formação burocrática.

O Projeto Político Pedagógico, também foi evidenciado a luz a LDB, que prevê

a obrigatoriedade do plano de trabalho (artigo 13) e do Projeto Pedagógico (artigo 14).

Também foram mencionados Moacir Gadotti, Ilma Passos, Carlos Libâneo, Vitor

Henrique Paro, que tratam tanto do Projeto Político Pedagógico quanto da autonomia da

escola como contribuição na redução do fracasso escolar.

Além dos autores mencionados anteriormente, serviram de referencial

anteriormente, serviram de referencial teórico Anny Cordie, Celso Antunes, Jussara

Holfman, Maria Helena Pato, Fernandez Maria Tereza Estrela, entre outros.

Através das pesquisas e reflexões realizadas, espera-se que as pessoas

envolvidas mais diretamente com o processo educativo e mais precisamente com o

desempenho acadêmico do aluno, possam se engajar na luta pela redução e/ou

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prevenção do fracasso escolar e contribuir na formação de cidadãos conscientes de seus

direitos e deveres e perceber que o trabalho fragmentado dificulta a sistematização do

ensino-aprendizagem e consequentemente, o trabalho do professor e do processo

educativo como um todo.

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SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................... 5

METODOLOGIA ........................................................................................................... 6

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 9

CAPÍTULO I ................................................................................................................. 11

O FRACASSO ESCOLAR NAS PRIMEIRAS SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL E SUA RELAÇÃO COM A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM ....................................................................................................... 11

1.1 O Fracasso Escolar na Alfabetização .................................................................... 16

1.2 Fatores que Conduzem o Aluno ao Fracasso Escolar ........................................... 17

1.3 Inadequação da Prática Avaliativa ....................................................................... 20

CAPÍTULO II ............................................................................................................... 23

ELEMENTOS QUE AUXILIAM NA PREVENÇÃO DO FRACASSO ESCOLAR ........................................................................................................................................ 23

2.1 Projeto Politico Pedagógico .................................................................................... 23

2.2 Participação da Família na Redução do Fracasso Escolar .................................... 25

2.3 Autonomia da Escola como Contribuição na Redução do Fracasso Escolar. ...... 29

CAPÍTULO III .............................................................................................................. 32

A VISÃO DA PSICOPEDAGOGIA SOBRE O FRACASSO ESCOLAR. ............. 32

3.1 A psicopedagogia hoje .......................................................................................... 35

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 38

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 39

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INTRODUÇÃO

A questão do fracasso escolar está entre um dos assuntos mais discutidos por

teóricos, profissionais da educação e especialistas de modo geral. Pesquisas revelam que

a qualidade do ensino no Brasil precisa ser melhorada, pois 25% (vinte e cinco por

cento) dos jovens que concluem o ensino fundamental não conseguem ler e interpretar

bem um determinado texto. Sem falar no grande número de reprovação que atinge os

alunos desde as primeiras séries do ensino fundamental.

Estas constatações têm aumentado ainda mais a preocupação de gestores de

professores que se veem na obrigação de criar mecanismos que possam contribuir na

erradicação desse problema. Entretanto, a escola continua convivendo com essa

realidade, pois o fracasso escolar está intimamente ligado a questões relacionadas à

dificuldade de aprendizagem, um elemento presente no processo educativo. E como a

escola, na maioria das vezes não encontra soluções para os alunos que apresentam baixo

desempenho, a criança termina sofrendo os efeitos do fracasso escolar que podem

estigmatiza-la por acreditar que não tem condição de aprender ou construir seu próprio

conhecimento. E segundo Cordie (1996): “são portanto os bons resultados dos alunos

que fazem os bons mestres serem reconhecidos pela hierarquia, direção, inspeção,

academia, etc... e pelos pais de alunos” e quando o resultado é o contrário, há uma

frustração geral e o maior prejudicado é o aluno.

É um tema de fundamental relevância, pois é o ambiente escolar que deve

surgir os mecanismos de superação das deficiências, dificuldades e limitações do aluno.

E esse empenho com a aprendizagem da criança e do jovem deve acontecer desde as

primeiras séries do ensino fundamental, sobretudo de 1º ao 5º ano uma vez que nesta

faixa etária que existe maior dedicação por parte do professor e dos pais de modo geral,

no sentido de incentivar o aluno para desenvolver suas habilidades e potencialidades

com autonomia, liberdade e criatividade. Assim sendo o objetivo principal dessa

pesquisa é refletir sobre o fracasso escolar nas primeiras séries do ensino fundamental e

propor alternativas, que possam contribuir para a sua prevenção no processo ensino-

aprendizagem.

A presente monografia está dividida em três capítulos versando sobre temas

que se interligam em torno de uma questão central: o fracasso escolar. Para isso, este

tema será abordado no primeiro capítulo enfatizando sua relação com a dificuldade de

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aprendizagem. Também será mencionado fracasso escolar na alfabetização,

evidenciando a indisciplina e a inadequação da pratica avaliativa como elementos que

contribuem negativamente para o bom desempenho do aluno.

Em seguida, no segundo capítulo será tratada do Projeto Político Pedagógico,

participação da família e à autonomia da escola como elementos contribuidores na

relação do fracasso escolar.

Finalmente, no terceiro capítulo, será realizada uma reflexão acerca da visão da

psicopedagogia sobre o fracasso escolar e sua atuação no processo ensino-aprendizagem

nos dias atuais. Enfim, são reflexões que ajudam a descobrir caminhos e alternativas

que promovam o desenvolvimento pelo e o bem estar da criança e do jovem.

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CAPÍTULO I

O FRACASSO ESCOLAR NAS PRIMEIRAS SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL E SUA RELAÇÃO COM A DIFICULDADE DE

APRENDIZAGEM

De alguns anos para cá tem aumentado significativamente o número de

pesquisas e levantamentos sobre a escolarização, não somente no Brasil, mas em todos

os continentes tais como Estados Unidos e tantos outros na Europa e América Latina. E

os resultados têm apontado como problemas principais da educação formal

contemporânea a disciplina/indisciplina e a avaliação/reprovação dos alunos.

Esta constatação tem provocado questionamentos por professor, técnicos, pais

especialistas e os teóricos em educação na tentativa de encontrar respostas sobre o

verdadeiro culpado pelas deficiências ou falhas no sistema de ensino desenvolvido.

No Brasil, em particular tais questões vêm tomando contornos alarmantes e os

professores, como agentes imediatos da instituição escolar, vêm se cada vez mais

atônitos frente às novas exigências do seu cotidiano profissional. E com isso aumenta a

preocupação dessa categoria quando se constata a estatística de baixo desenvolvimento

dos educadores, como tem sido mostrada pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento da

Educação Básica).

Esta é uma questão que deve ser amplamente discutida, sobretudo no que se

refere a séries iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano). Pois o sucesso ou insucesso

do aluno em todos os níveis e/ou modalidades de ensino, dependerá do seu desempenho

como aluno, como cidadão ativo capaz de participar do seu próprio Processo de

conhecimento. “E se isso não acontece, ele pode estar fadado ao fracasso e ainda ser

considerado arbitrariamente como “Aluno- problema” como analisa Aquino (1997, p.9),

“ não é possível que continuemos a ter dois pesos para duas medidas”. Aquilo que se diz

problema ou impedimento para o trabalho de sala de aula não pode ser considerado

senão como um efeito, igualmente concreto, das práticas que o conduziram. “Sob esse

olhar, o sucesso e o fracasso, assim como o erro e o êxito pedagógicos, só podem ser

compreendidos como efeitos duplos, e antagônicos, das mesmas relações que o

constituíram”.

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Percebe-se pela a afirmação acima, a exigência da instituição escolar repensar

seu papel como responsável pela formação integral do aluno, uma vez que o seu

desenvolvimento depende em grande parte da forma como professor desenvolver as

ações ou atividades que possam reduzir o aluno ao aprendizado e ao sucesso. Além

disso, a questão do fracasso ou sucesso escolar do aluno está intimamente ligada à

facilidade e/ou dificuldade de aprendizagem.

É comum se ouvir nas conversas entre educadores ainda não início do ano

letivo quem são os alunos “bons ou ruins”. E na maioria das vezes não há um esforço

para descobrir as causas que provocam a dificuldade em aprender de algumas crianças.

Em uma definição Kirk aponta:

“Uma dificuldade de aprendizagem refere-se a um retardamento, transtorno ou desenvolvimento lento em um ou mais processos da fala, linguagens, leitura escrita, aritmética ou outras áreas escolares, resultante de um handicap causado por uma possível disfunção cerebral e/ou condutal. Não é o resultado de retardamento mental de privação sensorial ou fatores culturais e instrucionais” (Kirk Apud Jésus N. Garcia, 1998, p. 8).

Podemos notar que pelo fato da criança apresentar dificuldade de

aprendizagem não significa que ela possa desenvolver seu potencial cognitivo e

aprender assim como aquelas que demonstram mais habilidades nas atividades. Porém,

exige maior empenho e dedicação por parte do professor que é o principal agente desse

processo.

Para a psicologia o desenvolvimento cognitivo de uma criança envolve uma

série de fatores intelectuais que interferem na aprendizagem ou no comportamento da

pessoa e sua relação com o grupo que convive. E essas mesmas construções cognitivas

podem ser considerados universais porque comum a todos os indivíduos, embora possa

apresentar certas defasagens em algumas pessoas. É nisso que consiste a dificuldade de

aprendizagem observada em alguns alunos, pois a aprendizagem caracteriza-se como

um processo que segundo Weiss (1992) integra o pensar, o sentir, o falar e o agir sendo

que as rupturas e inibições neste processo implicam dificuldades.

Neste sentido pode-se concluir que o atraso escolar e o baixo rendimento

escolar surgem como consequência destas dificuldades envolvendo uma complexidade

de fatores. Martin e Marchesi (1995) ao analisarem o processo de aprendizagem

enfatizam que a aquisição de informação depende tanto do conjunto de habilidades e

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conhecimentos prévios do indivíduo quanto do conjunto de habilidades cognitivas.

Segundo Fernandez:

“O fracasso escolar pode ser relacionado a causas externas e internas, a estruturas familiares e individuais da criança. As causas externas ligadas a uma ação educativa inadequada favoreciam problemas relativos de aprendizagem, enquanto fatores internos, relacionados a história pessoal da criança, favoreciam os problemas de aprendizagem como sintomas de inibição que restringem as potencialidades cognitivas, caracterizando um aprisionamento da inteligência e a perda do desejo de aprender” (FERNANDEZ, 1990, p. 66)

Verifica-se que as causas que provocam a dificuldade de aprendizagem e

consequentemente ao fracasso escolar podem afetar toda a vida das pessoas, não

podendo restringir a infância, a manifestação desses fenômenos. Fica claro que não só

as crianças podem ter seu dia-a-dia afetado pelas dificuldades de aprendizagem,

adolescentes e adultos também estão sujeitos a este problema que tem provocado

questionamentos e a busca constante de respostas que possam auxiliar na redução dessa

realidade. Smithe Strick citam quatro áreas básicas que são imprescindíveis à

aprendizagem, mas ao sofrerem interferências negativas, pode dificultar o

processamento de informações atenção, percepção visual, processamento da linguagem

e coordenação muscular. E citam também, o quadro de deficiência de processamento de

informações que podem causar a dificuldade de aprendizagem:

1 – Transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade

2 – Deficiência da percepção visual

3 – Deficiência de processamento da linguagem

4 – Deficiências motoras finas.

Conforme escrevem Smith e Strick:

“é importante ter em mente que todos os tipos de dificuldades de aprendizagem podem variar imensamente em termos de gravidade. Enquanto alguns têm um pacto razoavelmente global sobre a aquisição escolar, muitas deficiências são tão sutis e específicas que interferem apenas em uma faixa muito estreita de atividades. Também é importante recordar que as dificuldades de aprendizagem frequentemente se sobrepõem e ocorrem em combinações quase intermináveis: um aluno com deficiência de processamento da linguagem ( compreensão) complicada por TDAH pode parecer ter pouco em comum com um estudante que tem deficiência de processamento da linguagem ( recuperação de palavras/ complicadas por

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déficits motores finos. Na verdade cada estudante com dificuldade de aprendizagem é praticamente único – uma realidade que pode tornar a identificação um desafio. (2001, p. 57)

Ao analisar as áreas consideradas indispensáveis para a aprendizagem é

possível ter a noção de quantas vezes a escola julga erroneamente o grau de dificuldade

apresentado por algumas crianças. E em vez de propor alternativas para a superação dos

transtornos detectados ao longo do processo ensino-aprendizagem fica mais cômodo

rotulá-las como “fracas” “ruins” ou “alunos problemas”.

Por esse motivo é necessário que os educadores procurem atuar de forma

consciente e responsável e acreditar que é possível solucionar ou amenizar os problemas

que muitas vezes julgamos irreversíveis. E sobre esta questão é imprescindível o apoio

emocional, a valorização do esforço da adesão ao trabalho e auto avaliação constante no

desempenho de sua profissão. O ponto chave aqui é o desenvolvimento tanto da auto

aceitação, da autoestima, tanto do professor quanto do aluno, pois as respostas que

buscamos para os problemas, dificuldades e questionamentos não são prontamente

dadas e é preciso tempo e tolerância para aguarda-las. Assim, o professor precisa lidar

com as frustrações para não ficar muito ansioso a ponto de prejudicar sua relação com

os alunos. Segundo Koller (1996) trata-se do fortalecimento da resiliência emocional.

As questões mencionadas anteriormente, como se sabe, não se resolvem em um

passe de mágica, mas, podem se concretizar com a efetivação do esforço da

coletividade, envolvendo o aluno, pois, escola e outros segmentos da sociedade que

contribuem para o desenvolvimento da criança. Sem falar da relevância do trabalho do

psicopedagogo que busca propor mecanismos que o auxiliem o trabalho do professor e

o mais importante: o sucesso do aluno, pois como afirma Luckesi (2010 p. 121), “O

objetivo da ação educativa, seja ela qual for é ter interesse em que o educando aprenda e

se desenvolva”.

Esse empenho com a aprendizagem do aluno deve acontecer desde as primeiras

séries do ensino fundamental, sobretudo de 1º ao 5º ano, uma vez que nesta faixa etária

exige maior empenho e dedicação por parte do professor e dos pais de modo geral, no

sentido de incentivar o aluno a desenvolver suas habilidades e potencialidades e ainda

encorajar aqueles que porventura apresentarem certo grau de dificuldade. Infelizmente

na realidade educacional brasileira a escola ainda privilegia a visão capitalista e

excludente e desde o ingresso da criança na instituição escolar existe uma diferenciação

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entre o modo de tratar e definir os níveis de habilidades da mesma. Assim, o que o

professor espera de seu aluno, a partir de impressões iniciais, é o que ele obterá. Os

alunos para os quais se constroem boas expectativas progridem e aqueles em relação aos

quais se têm expectativas, apresentam pouco ou nenhum progresso, independente de seu

potencial. Carvalho (1984), assim demonstra:

“ a prática do professor de separar os alunos em “ fortes” e “ fracos”, investir nos primeiros e deixar os outros à própria sorte tem sido fraco gente bastante prejudicial. Acaba ainda por constituir-se num fator contribuinte para o fracasso e à evasão escolar. É obviamente mais fácil trabalhar com um aluno que já domina boa parte do conteúdo da fase inicial de escolarização. Mesmo sem um planejamento para que isso aconteça até ajudando o professor na medida em que for procurado por companheiros para solucionar suas dúvidas. Por outro lado, a diferenciação é necessária para que o professor atenda as necessidades individuais do aluno. O investimento real do professor é que fará a diferença entre as duas formas de utilizar um mesmo procedimento” (CRAQVALHO, 1984, p. 27 – 42)

Neste sentido percebe-se a necessidade da flexibilidade, compromisso e

desempenho profissional por parte do educador, mesmo que as diferenças em relação à

aprendizagem existam é possível realizar um bom trabalho. E para isso por pessoa

precisa dar uma atenção especial aos alunos com dificuldades, promover uma gradação

no conteúdo de forma que o aluno possa ser bem-sucedido nas tentativas de

cumprimento das tarefas, manifestar carinho e elogios verbais em momentos em que

eles são necessários. Aliás, estes elementos são imprescindíveis na relação professor/ e

aluno desde as séries iniciais, período em que se concretiza o ato de ler e escrever. E se

não houver, de fato, um conjunto de elementos que propiciem a aprendizagem, o aluno

sofrerá as consequência pelo resto da vida.

Dessa forma, a pedagogia, em sua essência deve propor uma prática

transformadora, tanto do sujeito quanto do social. Mas para o educador agir de forma

transformadora é necessário criar condições de aprendizagem a partir do que já existe

em cada criança, respeitar as diferenças e o grau de facilidade ou dificuldade ou

demonstrada por cada uma delas, dotando-a de critérios que favoreçam sua autonomia

e inserção social.

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1.1 O Fracasso Escolar na Alfabetização

Desde o surgimento dos primeiros núcleos educacionais, o ato de ler e escrever

sempre ganhou o papel de destaque por serem considerados elementos prioritários na

formação do indivíduo. A aprendizagem da leitura e escrita constitui-se uma das tarefas

básicas propostas à educação. Aparentemente simples essa tarefa constitui, no entanto,

um dos problemas educacionais da atualidade que mais chama a atenção. Por isso tem

sido objeto de estudo e muito questionado por parte de país, professores e especialistas

em educação não só que diz respeito o domínio da escrita, mas as repercussões dessa

aprendizagem nos vários aspectos da escolaridade. Cagliari (1992), afirma que

“Primordialmente, a alfabetização é a aprendizagem da escrita e da leitura. Mas ler e

escrever são atos linguísticos; no entanto só recentemente tem havido a participação de

linguistas em projeto educacional”.

Quando uma criança ingressa na escola, sua primeira tarefa é aprender a ler e

escrever sendo a alfabetização o centro das expectativas de pais e professores. Os pais e

a própria criança não tem, em geral, razão para duvidar do sucesso nessa nova

aprendizagem. No entanto, o que muitas vezes os pais e professores não consideram, é

que a leitura e escrita são habilidades que exigem da criança a atenção para aspectos da

linguagem aos quais ela não precisa da importância, até o momento em que começa a

aprender a ler e escrever. Por isso, toda criança encontra alguma dificuldade na

aprendizagem da leitura e da escrita. A aprender a ler exigem novas habilidades, novos

desafios à criança com relação ao seu conhecimento da linguagem. Por isso, aprender a

ler é uma tarefa complexa e difícil para todas as crianças. Quando as crianças não

conseguem atender as expectativas da professora supõe-se e conclui-se que elas têm

problemas, pois a escola constrói um modelo de bom aluno, mas nem todas crianças se

adaptam dentro desse modelo, quando isso acontece os professores recorrem às muletas

para explicar tal situação: “Essas crianças não podem aprender porque não há ajuda

familiar, falta de maturidade, suposta lesão cerebral, mínima ou transtorno do tipo:

psicomotora, na formação, percepção, etc...” (FERREIRO; 1989, p. 73).

Percebe-se que boa parte das crianças em fase de alfabetização não desenvolve

as habilidades de ler e escrever e o que poderia se tornar uma atividade prazerosa para

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elas, termina contribuindo para sua exclusão dentro do grupo e no ambiente escolar,

pois não consegue responder às expectativas professores da escola como um todo.

Ao se deparar com essa realidade estas crianças acabam aprendendo que não

são mesmo capazes de aprender, e tentam buscar estratégias próprias para continuarem

convivendo com o grupo, apesar das dificuldades. Tentam adequar-se as normas e

realizam atividades mecânicas sem saber o significado daquilo que copiam. Sobre essa

questão, Carolina Araújo acrescenta:

“As crianças com baixo desempenho escolar, por sua vez, além das dificuldades de aprendizagem, também se jogou menos capazes, criam para si um ato com alto conceito negativo, característico das crianças com dificuldades de aprendizagem” (Araújo 2008, p. 72)

A partir da abordagem acima, conclui-se que a escola deve repensar seu papel

como instituição responsável pela formação integral da criança e favorecer o

desenvolvimento do aluno nos vários aspectos do seu cotidiano e ajuda-lo a superar as

dificuldades encontradas ao longo do período escolar. Pois pesquisas afirmam que o

fracasso na leitura constitui uma das principais causas de repetência ou atraso escolar.

Segundo FERREIRO, 1989, p. 73). “A escola geralmente, ineficiente para introduzir as

crianças no mundo da língua escrita, é, contudo extremamente eficiente para conseguir

fazer com que assuma a culpa de seu próprio fracasso: um dos maiores danos que se

pode fazer uma criança elevá-la a perceber a confiança em sua capacidade de pensar”.

Nota-se que os efeitos dessa ineficiência são evidentes, não apenas nos índices

de evasão e repetência, mas nos resultados de uma alfabetização sem sentido que

produz uma atividade sem consciência desvinculada da realidade e desprovida de

sentido, tornando a escrita um instrumento seletivo, dominador e alienador.

1.2 Fatores que Conduzem o Aluno ao Fracasso Escolar

Sabe-se que muitas são as causas que podem levar o educando a não adequar se

há uma postura desejável no ambiente escolar. Diante disso, as escolas juntamente com

os professores deverão observar o que leva alguns alunos a indisciplina. Cabe ressaltar

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que grande parte das intempéries familiares vem influenciando o desempenho escolar

dos alunos, principalmente dos discentes advindos de famílias pobres.

Nesta perspectiva, os fatores que contribuem para os atos de indisciplina estão,

sobretudo, relacionados a problemas psicoemocionais, neurológico familiares, bem

como o uso de substância alucinógenas como o álcool, drogas ( todas do gênero), brigas

e dificuldade de relacionamento. Tiba nessa conjuntura ressalta:

Cada a adolescente já tem a sua a própria história, e suas manifestações com as respectivas consequências relacionais podem variar conforme as etapas de desenvolvimento – cerebral e mental – em situações pelas quais está passando. Seus professores e pais tivessem conhecimento do que se passa com seus alunos e filhos provavelmente muitos conflitos deixariam de existir. (TIBA, 2006 p. 145)

O problema indisciplinar é um fator que surge na fase infantil e pode se

estender até a vida adulta. Segundo Tiba (2006), é no período da adolescência que o

mau comportamento emerge com maior intensidade. Isso acontece devido à falta de

limites, conflitos, curiosidades e desrespeito às leis morais por parte dos jovens.

A Criança que desde muito cedo foi bem orientada sobre suas ações terá mais

facilidade em adequar-se as transformações que viram no futuro, por isso é importante

que os pais é os professores amadureçam junto ao desenvolvimento sócio educativo do

aluno/ filho. Se ambos agirem contra isso, o jovem não amadurecerá facilmente, neste

enfoque é natural presenciar mães e pais tratando no filho adulto como se ele ainda

fosse um bebê, permitindo atitudes erradas e aprovando situações muitas vezes imorais.

Tiba (2006) enfatiza que existem muitos que culpam a escola, os professores e o mundo

por tudo, porém, nunca enxerga as irresponsabilidade dos filhos e a escola erra quando

consente com tais atitudes de pais mal preparados.

Vale ressaltar que de acordo com Tiba (2006), a indisciplina pode surgir com

uma birra, pequenos furtos, beliscões e mordidas. E por isso que a fase infantil deve ser

trabalhada com seriedade cautela. A criança não terá um a orientação correta se não

houver um trabalho incessante dos pais. Conforme Antunes:

Utiliza de espirituosa estrutura, o professor e sua conduta e o aluno e a bagunça. Dependendo da disponibilidade existente, atacam se os três focos ao mesmo tempo ou um de cada vez (ANTUNES, 2002, p. 75)

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Neste sentido, tudo o que está envolvido ao sistema educacional ajuda ou

estraga. Assim um aluno que já vivenciou um momento de tensão na escola traz consigo

um trauma e um medo no seu psicológico, por isso o professor deve ter muita sutileza

de espírito para lidar com alunos que possuem problemas dessa natureza. É certo o que

muitos desses traumas se dão pelas brigas frequência das escolas e, geralmente o aluno

que sofre agressão torna-se motivo de chacota, piadinhas de mau gosto, o que causa

grande revolta e desconforto emocional. Nos casos mais extremos, este aluno perde até

vontade de ir à escola. Sobre essa questão do desconforto emocional, completa Carolina

Araújo (2008)

Uma atmosfera emocional positiva na família se caracteriza por processos interpessoais com elevada coesão, a ausência de hostilidade e uma relação afetiva apoiadora com a criança. Essas características favorecem a superação de traumas e o desenvolvimento pela criança de um senso de permanência e estabilidade de sua base afetiva, tendo efeito protetor diante da adversidade (ARAÚJO, 2008, p.80)

Nota-se que o clima emocional no lar é o principal elemento na formação

cognitiva e no processo de aprendizagem da criança. Quando as práticas educativas, os

pais que são afetuosos e controladores, sem serem restritos demais, que costuma utilizar

explicações para justificar as regras que governam a vida cotidiana da família; e que

animam a criança a ser independente e responsável contribuem para maior

autorregulação na escola melhor desempenho escolar de melhor ajustamento em sala de

aula e no relacionamento com o grupo.

Portanto, é preciso que a família engaje-se junto à escola com a intenção de

oportunizar ao educando a assimilação dos princípios e valores necessários a vivência

em sociedade. Assim a família informa as condutas adequadas em casa e a escola

desenvolve por meio de atividades, palestras e outros mecanismos que são abordem

exemplo de cidadania, ética, elementos que devem ser apreendidos desde cedo para

atingir o objetivo almejada de se ter uma vida num ambiente familiar, escolar e social.

A partir da análise das abordagens teóricas percebe-se que a indisciplina é um

problema comportamental que está ligado ao fracasso escolar, pois, seja qual o fator que

a determina ele interfere de forma negativa, no desempenho e na aprendizagem do

aluno. E por isso, é imprescindível, que toda a estrutura seja ela familiar, escolar é a

própria sociedade proponha alternativas que possam auxiliar na superação de tal

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problema, pois um deve ser a continuação do trabalho do outro. E todos juntos em prol

do desenvolvimento e do bem-estar da criança e do jovem.

1.3 Inadequação da Prática Avaliativa

Vivemos uma época em que muitos questionamentos são feitos com relação à

avaliação, sua função, a aplicabilidade e resultados do processo ensino-aprendizagem.

Mas apesar disso, ela é ainda reconhecida como um elemento que possibilita dentre

outras coisas, fornecer informações relevantes para o planejamento curricular e, para o

auxílio na administração escolar, nas atividades de sala de aula, no planejamento de

ensino, o que pode favorecer aprendizagem do aluno e um rendimento do trabalho do

professor.

Como afirma (Demo, 1995, p. 327) “ avaliar é um processo permanente de

sustentação da aprendizagem do aluno, agindo de forma preventiva e estratégias para

que o saber possa ser apropriado por todos”. Sobre essa questão há a necessidade de

refletir até que ponto a avaliação é utilizada a favor do conhecimento do aluno ou como

o julgamento de resultado, uma vez que a precariedade em tal procedimento pode

contribuir negativamente para o fracasso de um aluno, pois na maioria das vezes ela

possui função classificatória todo o poder nas mãos do professor que define

“Arbitrariamente” o destino escolar do aluno.

Para isso vê-se a urgência de reformulação da praticar paliativa no interior das

escolas, principalmente sobre a flexibilidade que ela adquiriu na organização das

práticas escolares e discutirmos alternativas que possam estar de acordo com as ações

delineada do Projeto Político e Pedagógico e a real necessidade do educando, pois na

visão de Luckesi (1995), avaliação:

Significa desenvolver um trabalho escolar em que o conhecimento seja tratado, não como agrupamento e ordenação de dados ou conceitos a ser assimilados e repetidos pelos alunos, mas como produto de sua relação e interpretação da realidade vivida, que ultrapassa a apropriação e supõe a construção pelos sujeitos, de respostas de propostas que expressem seus compromissos sociais e políticos com o processo histórico e sociocultural do educando. (LUCKESI, 1995, p. 38)

21

De fato devemos reconhecer que a avaliação do professor ensino-aprendizagem

não pode se dar somente pela verificação do domínio de conteúdo no momento da

realização de provas, pois nesse processo existem muitos outros aspectos que podem e

devem ser levados em consideração tais como a participação nas atividades propostas

pela escola, o comportamento em sala de aula, exercícios extra – classe entre outros.

Além disso, as atividades devem ser diversificadas para que haja maior possibilidade de

aprendizagem é de conhecimento global do educando.

A avaliação deve ir além da concepção de que a mesma é apenas instrumento

de mensuração dos conteúdos e as atividades devem partir do contexto de um projeto

pedagógico consciente da realidade dos seus alunos e das suas limitações como ser

humano. Maria Cristina Louro (2007, p. 4) acrescenta: “A avaliação deve servir para

ajudar o aluno no processo de aprendizagem, identificando dificuldades, pontos a serem

trabalhados assim como habilidades, potencialidades, ganhos que o aluno tenha

alcançado”.

Percebe-se que o entendimento inadequado do processo avaliativo na escola

pode gerar equívocos na prática avaliativa dos educadores e da escola de modo geral,

provocando posições estereotipadas e preconceituosas e, como por exemplo: rotular

alunos de “Fracos”, “Fortes”, “Incompetentes”, etc. distribuir prêmios e castigos

conforme expectativas pessoais conferir notas e/ou conceitos em caráter absoluto, e,

consequentemente o aumento do índice de evasão e fracasso escolar ( repetências), uma

vez que, em última instância, são critérios e procedimentos de avaliação que irão decidir

o destino do aluno.

A avaliação nos parece a ponto mais espinhoso do ensino/ e aprendizagem, seja

ela em nível se dê, pois segundo Freitas (2002), “A cultura de avaliação que tem

dominado a cena pedagógica permanece centrada no aluno e no quanto se esforçou por

aprender aquilo que foi “ensinado” tal como foi ensinado”. Se a nossa preocupação é

fundamentalmente com a reflexão e o desenvolvimento integral do aluno, com a

produção por parte dele de algum conhecimento, é importantíssimo para nós o momento

da avaliação dessa reflexão. Como podemos avaliar o aproveitamento de um aluno?

Obviamente é pela performance do professor ao nível de exposições brilhantes, o

relacionamento humano, positivo, ETC. não podemos desqualificar a importância

22

desses fatores, mas não considera-los como um termômetro de tais resultados.

Conceição Cabrine (1994) Salienta:

“A avaliação deve ser vista como um momento de se perceber o avanço do aluno em relação aos objetivos de um curso”. Eis porque é importante que seus objetivos sejam explicados e conversados entre os seus interessados. É necessário pensar em uma forma de explicar ao aluno que ele mesmo tem de perceber se está caminhando ou não dentro da sua proposta de trabalho. (CABRINE, 1994, p. 50)

Como se sabe temos desde 1996, uma nova Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB). Diferentemente da anterior (Lei 5692171) esta é uma lei que

permite ampla flexibilidade na condução dos assuntos escolares e juntamente por esse

motivo vem provocando forte impacto na organização dos sistemas de ensino e das

escolas. Essa flexibilidade tem uma razão de ser: pretende colocar a qualidade da

aprendizagem e o sucesso do aluno acima de toda e qualquer formalidade burocrática.

Para que isso aconteça é necessário que a escola reflita sobre suas concepções

de ensino de aprendizagem e, em especial de avaliação de aprendizagem. O professor

precisa criar um clima de confiança que leve os alunos a expor suas dúvidas e seus

problemas; os alunos precisam se convencer de que podem cooperar com o professor na

luta contra o fracasso escolar e entender que a avaliação não serve para classificar, punir

ou recompensar, mas ajudar o aluno a aprender e reaprender sempre.

23

CAPÍTULO II

ELEMENTOS QUE AUXILIAM NA PREVENÇÃO DO FRACASSO ESCOLAR

2.1 Projeto Politico Pedagógico

A sociedade atual passa por constantes transformações. E isso exige das

pessoas uma série de adaptações às mudanças que surgem. “Junto com as

transformações vem a crise dos paradigmas” (Brandão, 2001, p. 15). E a crise de esses

paradigmas atinge também a escola e ela se pergunta sobre si mesmo, sobre seu papel

como instituição numa sociedade pós-moderna e pós-industrial e caracterizada pela

globalização da economia da comunicação e da educação e cultura, pelo pluralismo

político, pela emergência do poder local.

Tanto no ambiente escolar como na sociedade de um modo geral, cresce a reivindicação pela participação autonomia a e o desejo de afirmação da singularidade de cada região. (GADOTTI , 1997).

É baseado nesse pressuposto que surge a necessidade de abordar o projeto

político pedagógico, um documento que pode ser considerado um dos elementos que

auxilia na redução do fracasso escolar, pois nele está delineado o conjunto de ações

objetivadas pela coletividade da escola, tendo como principal meta, o sucesso do aluno.

Quanto a sua concepção, Gadotti declara que a um projeto pedagógico de

qualidade deve apresentar algumas características como: ser um processo participativo

de decisões; preocupar-se e instaurar uma forma de organização do trabalho que desvele

os conflitos e contradições; e explicitar princípios baseados na autonomia da escola e no

estímulo à autonomia da escola e no estímulo à participação de todos em sua

elaboração; conter opções explícitas na direção da superação de problemas existentes; é

explicitar o compromisso como a formação do cidadão.

A Nova LDB, Lei nº 9304/96 – prevê no seu artigo 12 inciso I que os

estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de

ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica (art. 12 e

13) o plano de trabalho (art. 13) Projeto Político Pedagógico (art. 14). Isso tem por

24

vezes, causado certas confusões em termos conceituais e operacionais por parte de

muitos funcionários. Para Ilma Passos (1995)

A Proposta pedagógica com o projeto pedagógico relaciona-se a ordem exação do trabalho pedagógico da escola; o plano de trabalho está ligado à organização na sala de aula e as outras atividades pedagógicas e administrativas e um projeto político e pedagógico aponta um rumo, uma direção, um sentido explícito para um compromisso estabelecido coletivamente. (ILMA PASSOS, 1995p. 180).

Para que a construção do projeto pedagógico seja possível, não é necessário

sobrecarregar os funcionários da escola, forçando os a trabalhar mais, mas propiciar

situações que lhe permitam aprender a pensar em realizar o fazer pedagógico de forma

coerente com as propostas nele apresentadas.

Como se vê a construção do projeto político e pedagógico é um ato deliberado

dos sujeitos envolvidos com o processo educativo da escola. Entende-se que ele é o

resultado de um complexo de debate cuja concepção demanda não só o tempo, mas

também estudo, reflexão e aprendizagem do trabalho coletivo. Se por um lado, a

coordenação do processo de elaboração do projeto pedagógico é tarefa de corpo de

eletivo e da equipe técnica, por outro é corresponsabilidade de professores, dos pais, dos

alunos, no local, contando, ainda com a colaboração e a assessoria afetiva de

profissionais ligados à educação.

De acordo com Libâneo (2003), “Sem planejamento a gestão corre ao sabor

das circunstâncias, as ações são improvisadas, os resultados não são avaliados”. O

sucesso ou fracasso do aluno. E o seu resultado recairá sobre a identidade do gestor pelo

fato de ser considerado o principal elemento no direcionamento da atividade pertinente

à escola. E aqueles que supervisionaram e orientam, também são responsáveis pelo

sucesso do projeto pedagógico da escola, pois fazem parte de sua elaboração. Para a

Libâneo para que o sucesso aconteça é necessário que a direção e os professores

inteirem em acordo sobre as práticas de gestão e inteirem em um consenso mínimo em

todas as decisões tomadas na escola, sobretudo no que se refere a aprendizagem do

aluno.

A autonomia da escola é outro fator importante para o bom desempenho do

projeto político e pedagógico, apesar de não ser um valor absoluto. Para a escola ser

considerada a autônoma não significa que ela deve carregar sozinha todas as

25

dificuldades e despesas existentes, mas também não pode depender somente dos

escalões superiores para que as mudanças ocorram. Ela deve conceder sua proposta ou

projeto pedagógico e ter autonomia para executá-lo, avalia-lo ao assumir uma nova

atitude de liderança no sentido de refletir sobre as finalidades sócio políticas e culturais

da escola. Enfim, essa autonomia interligada entre si; administrativa, jurídica, e

financeira e pedagógica. Como afirma Ilma Passos:

“Um dos pontos mais importantes a se observar na construção do projeto político e pedagógico é a busca da autonomia da escola e de sua capacidade de delinear sua própria identidade” (VEIGA, 1995, p.152)

Daí a necessidade de cada escola construir seu projeto, sem ter como base,

modelos já instituídos, pois cada escola tem suas características próprias que também é

marcada pela diversidade, pelo desenvolvimento e pelas contradições. O resultado

satisfatório de um trabalho realizado por equipe escolar depende da ousadia de seus

agentes e de cada escola tem assumir sua identidade demonstrando abertura e tentativa

de adaptação às mudanças e desafios que surgem a cada dia. Dessa forma ao projeto

político e pedagógico, sem dúvida, passa a ser um dos elementos de combate ao

fracasso escolar e facilitador do saber, da aprendizagem, da reflexão crítica e autonomia

da criança e do jovem.

2.2 Participação da Família na Redução do Fracasso Escolar

A relação entre família e escola atualmente recebe forte ênfase na busca de

reduzir os índices de reprovação, evasão e baixo nível de conhecimento. Durante muito

a culpa dor fracasso escolar ora se deslocava para os pais, ora para a escola.

Progressivamente tem-se buscado a interação entre as duas instituições. Cada vez mais

emerge a preocupação com a participação dos pais na escola participação esta que

transforma a própria organização da escola. Assim, é urgente a necessidade de refletir

sobre a influência da participação da família no aprendizado escolar.

O ambiente familiar é a primeira instituição em que a criança convive, ou seja,

o primeiro grupo social em que ela se relaciona e é onde ela ganha subsídios para se

preparar para a vida em sociedade. Dessa forma Tiba (2002) afirma: “Se um recém-

26

nascido não consegue estabelecer vínculos com um adulto muito provavelmente ela não

irá sobreviver”. Desde o início da vida da criança estabelece um vínculo afetivo com os

adultos e vice-versa degola o que contribui para o bom desenvolvimento físico e

psicológico da criança. Sobre essa questão, Hito; Bueno enfatiza:

A família é normalmente o primeiro grupo social a que pertence o ser humano e o que as instituições sociais é aquela pela qual se realiza contatos mais íntimos já que grande parte da vida e os acontecimentos importantes em geral ( nascimento, casamento, morte) são vividos na família. Pelas funções que desempenha, ela é considerada instituição fundamental a sociedade (HITO BUENO, 2004, p. 23)

Percebe-se que a família tem uma função de suma importância. E nela que a

criança aprende os valores indispensáveis para sua sobrevivência e sociedades, bem

como o respeito às diferenças, o amor ao próximo, dentre outros. Nesse sentido, é na

família que se forma o caráter do indivíduo. Sob a ótica de Nerici (1972), “A influência

da família, no entanto é básica e fundamental no processo educativo do imaturo e

nenhuma outra instituição está em condição de substituí-la”.

Independentemente da forma como a família se organiza ela desempenha um

papel decisivo na aprendizagem tanto formal quanto informal das crianças

influenciando significa mente no desenvolvimento de sua personalidade.

Portanto, a família é a base de todo o processo educativo, e como a escola é

responsável pela continuidade desse processo é necessário que ambas, escola em família

sejam parceiras nessa relação experiências, e ideias do seu cotidiano. Todavia a família

e escola cada qual com seus valores, mas com objetivos comuns na educação de uma

criança ou adolescentes necessitam de estarem juntas, uma complementando a outra.

Segundo Vasconcelos (2000) as famílias juntamente com a escola deverão

ajudar se mutuamente, pois o que ocorre frequentemente São controvérsias no qual um

culpa o outro pelo pouco rendimento escolar dos filhos/alunos e em virtude disso nada

se resolve geralmente os pais são os que mais cobram da escola.

Nessa perspectiva Tila afirma:

Há pais que querem mudar as regras da escola para que seus filhos não fiquem contrariados. Outros pedirão “um pontinho” na média das notas para que seus pênis não sejam reprovados. Outros ainda fazem lições de trabalhos para e pelos filhos todas essas “ajudas” podem estar na verdade ajudando a formar mais um transgressor que o cidadão. (TIBA, 2000p.124)

27

Diariamente pode-se observar o descaso familiar com relação à formação

educacional dos filhos, frisa se que não é por falta de conscientização que isso acontece.

A escola tem cobrado tal atitude familiar, no entanto, a transferência de

responsabilidade torna o rendimento da criança um fracasso e que permanente. Isto

porque, a família deveria ser a principal interessada com a vida escolar dos filhos, o que

muitas vezes não ocorre.

Nessa perspectiva, a família deve compreender que tem sua importância na

educação das crianças e, portanto precisa necessariamente acompanhar a vida escolar do

educando, não somente na questão comportamental nas atividades por ele desenvolvidas

dentro e fora da sala de aula.

Estudar em casa é um dos meios mais eficazes para assimilar o que o professor

promoveu dentro da sala de aula, pode ser um aprendizado com companhias ou sozinho

e até mesmo com alguém cobrando do lado aqui no caso com os pais.

A divisão da maneira de estudar está vinculada ao desenvolvimento cognitivo

de cada indivíduo o estudo acompanhado dá-se com a participação da família que trata-

se de reforça o que foi passado pelo professor. O cobrado ou vigiado ocorre quando a

criança não consegue realizar com facilidade os exercícios propostos e mesmo não se

findando pensam em desistir, daí surge essa parceria dos pais para cobrar e reanimar,

evitando gradativamente o fracasso escolar. O estudo sozinho é possibilitado quando a

criança consegue resolver os problemas com facilidade e sem maiores intervenções,

dentro dessa perspectiva Tiba (2006) frisa que esta é a maneira ideal.

O estudo é uma atitude nobre, e uma obrigação. Algumas vezes acontece por

condições ou negociações com os pais prometem regalias aos filhos se estes

conseguirem boas notas. Boa nota não diz tudo. É preciso verificar se um aprendizado

realmente aconteceu, pois a obtenção de notas pode ocorrer com meios mais “fáceis”,

como a cola, trapaça ou pura sorte. Os pais não devem somente introduzir com horários

para os estudos, o essencial é promover como filho uma explanação dos conteúdos

estudados e fazer uma demonstração na prática. Seu filho tiver embasamento teórico e

prático significa que o aprendizado surtiu efeito caso isto não aconteça a criança correrá

o risco de fracassar e não responder às suas aspirações e expectativas desejadas.

Deste modo, estudar seja em casa, no quarto, em praças públicas requerem antes

de tudo, disciplina, comprometimento, parceria da família e responsabilidade. Ninguém

28

consegue adaptar-se a sociedade globalizada sem embasamento teórico, por isso o

estudo em parceria com a escola e a família é essencial.

Por isso é fundamental que a família e a escola tenham o mesmo objetivo e a

mesma linha de conduta com as crianças e jovens. E em casa que a criança adquire as

características de sua personalidade, a escola, por sua vez, às complementam. Sobre

essa questão Tiba afirma:

A escola sozinha não é responsável pela formação da personalidade, mas tem um papel complementar ao da família. Por mais que a escola infantil propicie um clima familiar a criança ainda assim é apenas uma escola (a escola oferece condições de educação muito diferentes das existentes na família ) (TIBA, 2003, p.181-182)

Neste sentido a participação dos pais na vida educacional dos filhos pode

proporcionar uma estrutura equilibrada para estes adquirirem um bom desempenho

escolar, o que servirá de subsídio à para se tornarem cidadãos críticos participativos. Os

pais devem demonstrar interesse pelos estudos de seus filhos, cobrando os e buscando

informar-se sobre as atitudes escolares, e isso contribuirá para que as crianças se sintam

estimuladas o que se refletirá no seu processo de aprendizagem escolar.

De acordo com Oliveira, (2008), na revista Mundo Jovem (1991, p.15), “A

educação não acontece só na escola, mas durante a vida inteira e, também, fora dela

através das experiências vividas e discutidas”.

Entretanto, o autor faz perceber que educar não acontece por etapa, mas sim,

ocorre como um processo que desenvolve a todo tempo. Pois, para Caetana (2008), “A

coisa mais difícil que existe nesta vida é educar um ser humano, pois demanda a nossa

atenção por um tempo que deixamos de perceber por que até o último momento

podemos receber educação”.

Por isso, a efetiva interferência dos pais no dia-a-dia dos filhos estabelecendo

limites e ensinando valores, são atitudes que interferem diretamente na aprendizagem

escolar. Então, a parceria entre família e escola se mostra tão necessária.

A parceria entre família e a escola não deve somente cobrar dos pais ou

responsáveis atitudes de acompanhamento dos alunos, mas deve garantir espaço que

proporcione diálogo entre os pais e a escola. De modo, que os mesmos possam expor

seus problemas, angústias e apontarem possíveis soluções dos problemas de

29

aprendizagem dos seus filhos. A escola com esse espaço deve parecer um ambiente que

ajude também os professores a refletirem sobre suas práticas de ensino.

Portanto é papel primordial da família e da escola educar com responsabilidade e

compromisso as futuras gerações. E é sabido que os pais precisam estar atentos aos

comportamentos de seus filhos, para promover uma educação satisfatória em parceria

com a escola. Sabe-se no entanto os problemas da educação não propriamente da

educação e da escola, são antes de tudo manifestações de problemas de ordem social,

política e econômica.

2.3 Autonomia da Escola como Contribuição na Redução do Fracasso Escolar.

Ao refletir sobre o fracasso escolar, é comum encontrarmos diferentes teorias

que abordam esse problema. Porém, não há receitas prontas para soluciona-lo. Uma

maioria arrisca algumas alternativas que propõem soluções em torno dessa questão, mas

muitas vezes distanciadas do conhecimento das práticas cotidianas da escola mesmo que

seus autores façam parte da rede escolar.

Para José Carlos Manzano e Nívea Gordo, quase sempre se forma um hiato

entre as propostas teóricas e sua efetiva aplicação na prática escolar que, no mais das

vezes, acaba produzindo desalento dos professores, os mais diretamente envolvidos com

o problema, e as famílias que veem o fracasso dos seus filhos na escola como um sinal

de que não possuem “Jeito” para o estudo.

Na busca da melhoria do ensino, um aspecto nem sempre lembrado, mas que

assume especial relevância, é o que se refere ao dimensionamento no papel formativo

da escola, principalmente nos dias atuais em que amplia e se aprimoram as demais

agências informativas, especialmente, a imprensa, a televisão e a Internet.

Nessas condições torna-se imprescindível definir os limites da ação formativa

da escola, ou seja, é preciso resgatar a concepção de escola como um meio de instrução

capaz de transmitir conhecimentos que sirvam de base para a aquisição de uma cultura

geral. Assim completa Azanha (1995);

“O currículo oferecido nas escolas de primeiro grau, atualmente conhecido como ensino fundamental deve conter o essencial; a língua materna, a matemática, a história, a geografia. O mais vivia, quando fosse possível. Quando não for, todo o horário escolar será preenchido com esses

30

instrumentos fundamentais do saber. Na verdade, muitas vezes, o acréscimo ao essencial são um conjunto de informações de almanaque que apenas desvia a criança de aprendizados importantes nas matérias fundamentais” (AZANHA, 1995, p. 34)

Percebe-se pela afirmação que é preciso romper com a ideia de que a escola

ideal deve dispor de um currículo amplo, integrado com as mais diversas atividades

intra esclarecedoras. Pelo contrário, o currículo recomendável deve ser o mais simples

possível constituído de um mínimo básico e comum a todos conforme dispõe na nova

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).

Um dos temas mais recorrentes dos estudos atuais sobre escola é a

descentralização, segundo Libâneo (2001, p. 132) implica a autonomia da escola, isto é

as escolas e os professores estariam assumindo seu poder de decisão, mediante a

autonomia pedagógico e financeira.

Sobre esse assunto Victor Henrique Paro, (2002, p. 45) declara que esta

autonomia e a participação coletiva sobre a decisão do conjunto de atividades e/ou

projetos adequados à instituição se dificulta desde a formação do conselho, pois o

diretor vive uma contraditória e difícil situação da escola hoje.

De fato, é que se observa, de um lado, ele é considerada autoridade máxima no

interior da escola, tendo que cumprir as leis e por outro lado ele deve deter uma

competência técnica e um conhecimento dos princípios e métodos necessários a uma

moderna e adequada administração dos recursos da escola, mas por outro lado, a sua

falta de autonomia em relação aos escalões superiores e a precariedade das condições

concretas em que se desenvolvem as atividades no interior da escola tornam uma

quimera a utilização dos belos métodos e técnicas adquiridas (pelo menos

supostamente) em sua formação de administrador escolar já que o problema da escola

pública no país não é na verdade, o de administrar recursos, mas a falta de recursos. E

sobre a participação, o compartilhamento de ideias e decisões didático-pedagógicas,

afirma Naura Syria (2000)

“Pelo menos teoricamente, elas estão garantidas por meio do funcionamento do Conselho de Escola cuja forma atual é o resultado de uma longa e dura política que data do início de 80, como sentido de dotar a escola de autonomia para poder elaborar e executar seu projeto educativo” (NAURA SYRIA, 2000, p.60)

31

Para que haja, de fato esta autonomia em relação ao processo ensino-

aprendizagem é necessário que a escola e a educação nos dias atuais, sejam vistas como

elemento de força para a transformação da sociedade. Assim, os valores trabalhados

pela escola precisam ser modificados. Não mais obediência passiva e, a aceitação

inquestionável dos conhecimentos, respeito submissão.

O professor, agente de transformação social, trabalha reflexivamente,

participativamente, tendo em vista a modificação da realidade, por meio do

desenvolvimento de valores, tais como criticidade, a autonomia, liberdade de

pensamento e ação.

Portanto, a qualidade social da escola se manifesta na garantia da qualidade

cognitiva e operativa das aprendizagens para a produção de saberes para o que se

mobiliza o currículo, a gestão e o desenvolvimento profissional dos professores. Pois

como afirma Azanha “A autonomia da escola é algo que se põe com relação à liberdade

de formular e executar um projeto educativo”.

32

CAPÍTULO III

A VISÃO DA PSICOPEDAGOGIA SOBRE O FRACASSO ESCOLAR.

As instituições escolares, sobretudo nos países subdesenvolvidos vêm sofrendo

duras críticas em relação ao baixo índice de aprendizagem constatada pelas diferentes

pesquisas na área educacional. No Brasil, apenas cerca de 27% das crianças que

ingressam na 1ª série concluem o 1º grau (cf. Helene, 1991).

A partir dessa constatação pode-se afirmar que nosso sistema educacional é

seletivo. Muitas crianças vivem uma história de fracasso escolar e na maioria das vezes

são diagnosticadas ou avaliadas de forma errada ao olhar da escola e dos pais. Algumas

delas são encaminhadas por um psicólogo, pediatra, psicopedagogo e outros

profissionais, que desenvolvem várias formas de avaliar, atender e tratar as crianças que

fracassam.

Dentre os profissionais citados acima, é importante ressaltar a figura do pisco

pedagogo que segundo o projeto de lei nº 312/97 do deputado Barbosa neto, que

regulamenta essa profissão, “Este é um profissional que auxilia na identificação e

resolução dos problemas no processo de aprender”.

De acordo com a psicopedagogia o psicopedagogo, dentre as diversas

atribuições, é um especialista que:

1 – possibilita intervenção, visando a solução dos problemas de aprendizagem

e tendo como enfoque o aprendiz ou instituição de ensino público ou privado.

2 – realiza o diagnóstico e intervenção psicopedagógico, utilizando métodos,

instrumentos e técnicas próprias da psicopedagógico.

3 – atua nos problemas de aprendizagem.

4 – desenvolve pesquisas e estudos científicos relacionados ao fracasso de

aprendizagem e seus problemas.

5 – oferece assessoria psicopedagógico aos trabalhos realizados em espaços

institucionais.

Tendo em vista a importância desse profissional no processo educativo, pode-

se dizer que é um profissional cuja função está voltada para a prevenção das

33

dificuldades de aprendizagem e prevenção do fracasso escolar não só do aluno, mas

também dos educadores e demais envolvidos no processo.

De acordo com Escott (2001, p. 201), o fracasso escolar está alicerçado

basicamente sobre duas dimensões que se influenciam numa relação dialética: a

individual, que diz respeito ao aluno e suas vivências, pertencente a uma estrutura

familiar, e outra externa, que corresponde a escola e aos aspectos culturais, ideológicas

e sociais da aprendizagem. Assim confirma Bossa.

“O são objeto central de estudo da psicopedagogia está estruturado em torno do processo de aprendizagem e humanas: seus padrões evolutivos normais e patológicos, bem como a influência do meio ( família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento” (BOSSA 2000, p. 52)

Diante da abordagem acima, percebe-se a necessidade cada vez maior da

atuação do psicopedagogo nas instituições escolares, onde ele possa desenvolver,

juntamente com a escola, um conjunto de ações preventivas e adotar uma postura crítica

frente ao fracasso escolar, visando a melhoria da prática pedagógica nas escolas para

resolver o fracasso escolar Otto é necessário um engodo de medidas tanto para o aluno

quanto para o professor no sentido de buscar soluções para os problemas identificados.

Além disso, batalhar para que o professor possa ensinar com prazer, a para que seu

aluno possa também aprender com prazer.

Dessa forma, é possível denunciar a violência encoberta e aberta instalada no

sistema educativo, um problema que tem contribuído segundo especialistas na área para

o fracasso escolar de muitas crianças. Além disso, sabemos que a qualidade de ensino

nem sempre garante o sucesso nos estudos, pois vários fatores são considerados quanto

se trata da dificuldade de aprendizagem.

Anny Cordié (1996) ressalta:

“já podemos salientar o quanto à rapidez da transformação social inverteu os velhos esquemas de transmissão da herança cultural. Muitas vezes, a discordância entre tradições familiares e os novos modos de vida. Essa ruptura brutal implica conflitos que são eles próprios fonte de fracasso escolar”. (CORDIÉ, 1996, p. 19)

34

Segundo Mary Sue Pereira (2007, p. 06), aprendizagem e não aprendizagem

serão determinadas pela dinâmica possível entre fatores simbólicos e cognitivos,

inseparáveis das relações de aprendizagem, expressos através do desenho da linguagem

corporal, da linguagem falada dos gestos da falta do que não é dito. Assim confirma

Escott (2001, p. 201) “A aprendizagem é um desenvolvimento da criança, do educador

e também dos pais é a tradução ativa de uma rede de relações sadias entre os diversos

grupos que diz respeito ao conhecimento”

Sobre essa questão Machado (1996) acrescenta:

“muitas são as práticas do dia-a-dia escolar, que podem ajudar ou prejudicar uma criança. Primeiro produzimos algumas crianças que passam a se sentir menos desvalorizadas ( as crianças especiais, as crianças problemas), e outras que sentem que os problemas daquelas que não aprendem são individuais e não lhe diz respeito ( as crianças normais) depois inventamos práticas visando resgatar uma autoestima que não pode ser desenvolvida nas primeiras e produzir a atitude de solidariedade e respeito na segundas como se o sentimento de incapacidade e a discriminação não estivesse sendo produzida por nossas práticas” (MACHADO 1996, p. 68)

Para Mary Sue, entender melhor a atuação da psicopedagogia, dividindo a em

duas áreas:

a) Psicopedagogia Terapêutica » institucional cuja função é procurar readaptar e

reintegrar o aluno a sala de aula, entendendo seu ritmo de suas necessidades.

b) Psicopedagogia Preventiva » que o tem como objetivo redefinir o processo

pedagógico e através da aprendizagem nas diversas áreas do conhecimento,

promover a integração afetiva, cognitiva e trabalhar as questões que estejam

relacionadas ao vínculo o professor e aluno.

Analisando as duas áreas de atuação psicopedagógico percebe-se que a escola

fica a incumbência de garantir a aprendizagem de certas habilidades de conteúdos que

são necessárias para a vida em sociedade.

Portanto a instituição escolar, quanto a família, devem agir no sentido de

favorecer o desenvolvimento da personalidade da criança e do adolescente, ajudando a

conseguir um bom índice de ajustamento de ajudar a superar as dificuldades de traumas

encontradas ao longo do período escolar, baseada numa relação em de respeito,

confiança, amor e compreensão.

35

3.1 A psicopedagogia hoje

A sociedade atual tem exigido das pessoas de modo geral a capacidade de lidar

com os diversos problemas existentes nos diferentes setores. A questão educativa não

foge a essa realidade ao se deparar com diversos obstáculos, mas, sobretudo com a

problemática que provoca a indagação. Porque muitos alunos não conseguem aprender

se estes participam das mesmas atividades desenvolvidas em sala de aula?

Segundo Rubinstein (1996) a aprendizagem é o processo através do qual o

sujeito interage com o meio e incorpora as informações oferecidas por este, de acordo

com suas necessidades e interesses. Percebe-se na afirmação acima que há uma íntima

relação entre o sujeito (aluno), o contexto sociocultural, dos elementos cognitivos que o

propicia o saber, entre eles o desejo de aprender. E se a criança não manifesta esse

desejo? Esta é uma questão que tem levantado muitos questionamentos no que se refere

à aprendizagem.

O fenômeno de estudo da psicopedagogia esse segundo Escott (2001, p. 201)

“O aprender e o não aprender, podendo ajudar na ressignificação das relações de

aprendizagem na escola, através de uma ação interdisciplinar com os demais

profissionais que nela atuam”.

Diante disso, como deve ser a atuação dos educadores e responsáveis pelo

processo educativo frente às necessidades educativas? Somente a informação basta?

Sabe-se que não. O que fará diferença é a forma como a pessoa integra uma informação,

transforma em aprendizagem e a coloca a serviço da comunidade. Nessa perspectiva a

frequência à escola não garante o salto qualitativo que requer o movimento social.

É neste ponto que entra a pisco pedagogia que tem por objeto de estudo a

aprendizagem como um processo individual. Sua preocupação maior é o ser que

aprender, o ser cognoscente e o seu objetivo geral é desenvolver e trabalhar esse ser de

forma a potencializa-lo como uma pessoa autora construtora de sua história, de

conhecimento, e adequadamente inserida em um contexto social. Para Louro Maria:

“A psicopedagogia é uma estratégia de ajudar que situa na fronteira da psicologia da pedagogia e tem como objeto de estudo o processo de aprendizagem formal. O psicopedagogo analisa os diferentes processos da aprendizagem e os fatores que determinam a evolução ou o bloqueio desse comportamento. Assim, a área de atuação do pisco pedagogo engloba as habilidades cognitivas, perspectivas, motoras, linguísticas e os fatores

36

socioculturais que se relacionam com o processo de aprendizagem” (MARY, 2007 p. 4)

Nota-se na definição acima a importância do psicopedagogo nas questões

ligadas à educação e em mais precisamente os problemas relacionados à aprendizagem

atualmente, pois se entende que o trabalho pisco pedagógico, implica a compreender a

situação de aprendizagem do sujeito dentro do seu próprio contexto. E tal compressão

requer uma modalidade particular de atuação para a situação em estudo, o que significa

que não há procedimentos predeterminados. O psicopedagogo busca o significado de

dados que lhe permitirá dar sentido ao observado. E na instituição escolar, a prática

psicopedagógico também precisa ter um olhar clínico, uma vez que ele pesquisa as

condições para que se produza a aprendizagem do conteúdo escolar identificando os

obstáculos e os elementos facilitadores, numa a abordagem preventiva, pois “a

Psicopedagogia tem como meta compreender a complexidade dos múltiplos fatores

envolvidos nesse processo” (RUBINSTEIN, 1996, p. 127)

Outra questão que necessita ser evidenciada sobre a importante atuação do

pisco pedagogo e sua relevância para a sociedade nos dias de hoje é que esse

profissional não atua somente em instituições escolares, mas em clínicas, em

atendimentos individuais, hospitais e empresas onde se promova a aprendizagem. Os

recursos utilizados são os que possibilita entender quando as dificuldades que aquele

aprendiz está enfrentando para aprender e quais possibilidades para a mudança que ele

apresenta. Enfim, são atividades que valorize o que a criança sabe que estimula em que

a expressão pessoal, o desejo de aprender e sua possibilidade de amadurecer, vencer

situações em resolver problemas. E a escola, sendo um dos locais de atuação do pisco

pedagogo deve trabalhar numa perspectiva de mudança, pois, como afirma Fernandes e

Pain:

É a escola, indubitavelmente, a principal responsável pelo grande número de crianças encaminhadas ao consultório por problemas de aprendizagem. Assim é extremamente importante que a pisco pedagogia de ter a sua contribuição à escola de, seja no sentido de promover a aprendizagem ou mesmo tratar de distúrbios nesse processo, uma vez que todo pensamento, todo comportamento humano, remete-nos à sua estrutura inconsciente como produção inteligente e, simultaneamente como produção simbólica (PAIN, 1985, p. 233)

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De fato, a escola precisa estar atenta a postura adotada por seus profissionais

frente ao processo ensino aprendizagem e aos procedimentos intervenções pedagógicas

utilizadas para auxiliar a criança a superar suas dificuldades, suas limitações. E ainda

que o fazer psicopedagógico, na atualidade tenha o propósito de centralizar seus

esforços na prática escolar. Entenda que a dimensão instituída pela escola, dentro do

marco sócio histórico-cultural ainda represente um dado de grande relevância na

formação de indivíduos para uma sociedade humana, já que esta instituição contribui,

também para o desenvolvimento pessoal e a socialização da criança e do jovem como

um todo.

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CONCLUSÃO

Discutir sobre o fracasso escolar é uma forma de tratar sobre os diversos

problemas que a escola vem enfrentando ultimamente. E ao analisar as várias

abordagens pelos diferentes autores, percebe-se que não há uma receita pronta para a

solução desse problema que vem atingindo uma dimensão alarmante em nosso país.

Não se trata de encontrar o culpado pelo fracasso do aluno, mas segundo alguns autores

trata-se de uma busca constante de alternativas que visem a superação dos problemas

evidenciados na escola, sobretudo no que diz respeito à dificuldade de aprendizagem .

Sabe-se que são diversos fatores que interferem na aprendizagem do educando

e entre eles estão os cognitivos, os emocionais, familiares e as causas externas, ligadas a

ações educativas inadequadas. E talvez a escola seja a maior responsável pelo insucesso

do aluno, pois a maioria das vezes o ambiente escolar em vez de contribuir para a

transformação do aluno ela exclui e o discrimina, contribuindo negativamente para o

seu desenvolvimento físico, mental e social.

A realização desse trabalho contribui uma maior reflexão sobre a atuação do

trabalho do professor que deve estar cada vez mais atento a necessidade de dinamizar

sua prática educativa em função das diferentes realidades vivenciadas no interior da

escola. E para que haja a transformação é necessário que toda estrutura seja ela familiar,

escolar e a própria sociedade trabalhem juntos, alternativas para a superação desse

problema de forma que haja uma integração de todos os responsáveis pela formação do

aluno e aconteça de fato seu desenvolvimento pleno como cidadão capaz de construir

seu próprio processo de conhecimento e colaborar na construção de uma sociedade mais

justa, fraterna e participativa no ambiente social.

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