documento protegido pela lei de direito autoral · estrutura educacional do país e não...

42
1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AUTISMO E INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Marcele de Oliveira Kiffer Moreira ORIENTADOR: Prof. EDLA TROCOLI Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Upload: duongkiet

Post on 14-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AUTISMO E INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Marcele de Oliveira Kiffer Moreira

ORIENTADOR: Prof. EDLA TROCOLI

Rio de Janeiro 2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

Page 2: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Especial e Inclusiva. Por: Marcele de Oliveira Kiffer Moreira

AUTISMO E INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Rio de Janeiro 2016

Page 3: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

3

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar à Deus, pois é ele que ilumina

os meus caminhos e me dá forças para mais esta

oportunidade de estudo.

Aos professores com os quais tive a oportunidade

de conviver, estudar e aprender com sabedoria

durante este curso em especial a minha

orientadora Edla Trocoli.

E aos colegas de turma que juntos compartilhamos

conhecimentos, trabalhos de grupos e estudos de

pesquisa.

Page 4: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

4

DEDICATÓRIA

Este trabalho eu dedico a minha mãe Rita de Cássia, que sempre está ao meu lado

me apoiando e dando força, em especial (in memoriam) ao meu querido

pai Gilberto Kiffer que infelizmente não está mais aqui, para ver eu concluir

mais uma etapa na minha vida. Ao meu marido Robson e ao meu filho Victor Hugo

por estarem sempre ao meu lado oferecendo amor, carinho e compreensão.

E a todos os familiares, parentes e amigos por entenderem que esta é mais uma

conclusão de mais uma etapa concluída na minha vida.

Dedica-se ao pai, mãe, amigo, cônjuge, familiar,

filho etc.

Page 5: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

5

RESUMO

O tema do autismo tem recebido especial importância na literatura atual, tendo

em vista as necessidades especiais que crianças portadoras de tal condição demandam.

Há, portanto, uma necessidade de estabelecer um trabalho junto a educadores de escolas,

no sentido de identificar as reais carências educacionais para fomentar o aprendizado

desses alunos. Desse modo, o presente estudo tem como objetivo investigar as crenças

das educadoras das escolas de educação infantil sobre os alunos com autismo inserido no

sistema de educação inclusiva. Os resultados principais da aplicação do método de análise

de conteúdo são discutidos e as implicações do papel dos educadores de crianças com

autismo são analisadas e inferidas. Foi possível verificar distanciamento entre a realidade

do aluno em comparação com as crenças dos educadores, que desconhecem alguns

aspectos fundamentais para a compreensão da síndrome do autismo, necessitando de

uma redefinição de metodologias ensino-aprendizagem no contexto da educação inclusiva.

Page 6: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

6

METODOLOGIA

Os métodos usados foram a minha vivência como professora em sala de aula,

onde, pude perceber e observar como educadora, que a Educação Infantil porta de entrada

para a inclusão escolar é um direito garantido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (Lei nº 9394/96), onde afirma que a oferta da educação especial enquanto dever

constitucional do Estado deve ter início nesta modalidade de ensino. Porém, sendo a

Educação Infantil um direito de toda criança, esta não é obrigada a frequentar uma

instituição, mas sempre que a família deseja ou necessite, o Poder Público tem o dever de

atendê-la. Na busca dos direitos e efeitos positivos da inclusão de alunos com

necessidades especiais desde a Educação Infantil. Elaborou-se este projeto de pesquisa,

no curso de Pós-graduação Lato Sensu em Educação Infantil, estudos necessários e

relevantes para o exercício da docência nesta modalidade educacional. Constata-se que

frente às grandes mudanças no mundo o cuidar e educar da Educação Infantil e os

problemas do dia-a-dia mostram a necessidade de uma fundamentação teórica sólida e

permanente.

Page 7: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................... 08

CAPÍTULO I

AUTISMO E INCLUSÃO ESCOLAR.................................................................10

1.1. Propostas sobre o processo de inclusão

CAPÍTULO II

COMO A INCLUSÃO SOCIAL PODE AJUDAR UM ALUNO AUTISTA..........18

2.1. “Competência social, , , , inclusão escolar e autismo: Os resultados e estratégias

para dominar um aluno autista”.

2.2. “Dificuldades na Interação com aluno autista”.

2.3. A linha deste desenvolvimento

CAPÍTULO III

QUAL A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA PARA A INCLUSÃO DO ALUNO NA EDUCAÇÃO

INFANTIL? ........................................................................................................26

3.1 Educação Física Adaptada.

CONCLUSÃO .................................................................................................. 34

BIBLIOGRAFIA................................................................................................ .36

Page 8: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

8

8

INTRODUÇÃO

O tema da inclusão escolar de alunos com necessidades especiais, mais

precisamente com portadores de autismo, tem chamado a atenção de muitos

pesquisadores na área da Educação e da Psicologia nos últimos tempos ( Marcelli,

2009; Wing.1998 & Rutter, 1997). A inclusão escolar tem como objetivo inserir, sem

distinção, todas as crianças e adolescentes com variados graus de

comprometimento social e cognitivo. É importante mencionar que qualquer

proposta de educação inclusiva para crianças portadoras de autismo deverá ser

feita dentro de escolas regulares. Assim sendo, terá a finalidade de diminuir os

preconceitos e evitar o isolamento social (Batista & Enumo, 2004), possibilitando,

dessa forma a aquisição de novas habilidades, uma vez que um dos principais

marcadores desse transtorno é o de déficit na interação social.

O autismo é classificado como um transtorno global do

desenvolvimento, caracterizando-se pelo desenvolvimento atípico da interação

social, da comunicação e da presença de um repertório marcadamente restrito de

interesses e atividades (DSM IV-TR-APA, 2002). Considerando que a interação

social entre pares e entre alunos e educadores é a base fundamental para que

ocorram trocas de experiências no ambiente escolar comum (Camargo & Bosa,

2009).

Qual a importância da escola para a inclusão do aluno na educação infantil?

é importante detectar precocemente a presença de dificuldades na interação social

de crianças autistas. Tal necessidade requer uma maior mobilização dos

educadores no sentido de aprimorar a aplicabilidade das atividades propostas, já

que, na prática não existe uma estratégia adequada para a implementação de

métodos e planejamentos coerentes com esse tipo de trabalho ( Silveira & Neves,

2006).

Conforme Sant’Ana (2005), em uma pesquisa realizada com 10

professores do Ensino Fundamental, sobre a inclusão escolar, foi verificado que os

educadores estão cientes de não estarem preparados para a inclusão. Também foi

Page 9: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

9

9

verificado que estas dificuldades existem há várias décadas e pertencem a toda a

estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos

portadores de necessidades educacionais especiais.

Desta forma, Camargo e Bossa (2009) ressaltam que existe também a

necessidade de uma mudança da reestruturação do sistema social e escolar para

que ocorra a efetivação da inclusão. Contudo, a proposta básica da inclusão

escolar de crianças com autismo seria tentar minimizar os efeitos do isolamento

social que geralmente é provocado nas situações escolares pelo o não-

conhecimento de tal abordagem (Batista & Enumo, 2004). A proposta permite

oportunizar a interação entre pares e o desenvolvimento, por parte dos

educadores, de uma nova visão acerca de tal deficiência.

Neste sentido, a preparação destes profissionais educadores para o trabalho com

alunos portadores de autismo é de suma importância, pois o educador é um dos

agentes responsáveis não somente por transmitir conteúdos pedagógicos, como

também transmitir valores e normas sociais que possam inserir a criança na esfera

simbólica do discurso social. Sendo assim, o trabalho com os educadores deverá

englobar, de forma permanente, programas de capacitação, supervisão e avaliação

(Sant’Ana, 2005).

Outro aspecto a considerar, no que se refere ao trabalho de preparação dos

educadores, relaciona-se às crenças que os mesmos têm a respeito da criança

portadora de autismo, as quais também são extremamente relevantes para o

desenvolvimento das atividades propostas nos programas de educação inclusiva.

No estudo de Cacciari, Lima e Bernardi (2005) foi verificado que a relação que o

educador estabelece com o aluno em situação de inclusão gira em torno da

patologia e sintomas, e não com o aluno enquanto sujeito, respeitado em sua

diferença, história e subjetividade.

No que se diz respeito à eficiência do trabalho do educador em sala de aula, a

entrevista realizada no estudo de ( Sanini 2001) abrangeu também questões

referentes aos sentimentos expectativas desse educador com relação à criança

autista , o que poderá interferir na qualidade de ensino, pois o educador deverá

sentir-se capaz e confiante de suas práticas pedagógicas.

Page 10: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

10

10

CAPÍTULO I

AUTISMO E INCLUSÃO ESCOLAR

O autismo é classificado pelo DSM-IV-TR (Associação Psiquiátrica Americana

[APA], 2002) como um transtorno global do desenvolvimento, que se caracteriza pelo

desenvolvimento acentuadamente atípico na interação social e comunicação e pela

presença de um repertório marcadamente restrito de atividades e interesses. Os

comprometimentos nessas áreas estão presentes antes dos três anos de idade, quando os

pais, em geral, já percebem e preocupam-se com as limitações observadas, cada vez mais

aparentes ao longo do desenvolvimento. Desse modo, observa-se uma dificuldade

qualitativa de relacionar-se e comunicar-se de maneira usual com as pessoas, desde cedo

na vida. Estudos epidemiológicos apresentam uma prevalência de

aproximadamente 1 em cada 200 indivíduos (Klin, 2006), sendo esta quatro vezes maior

em meninos do que em meninas. Somente no Brasil, embora não existam dados

epidemiológicos estatísticos, é estimado pela Associação Brasileira de Autismo que

aproximadamente 600 mil pessoas apresentam essa síndrome (Bosa & Callias, 2000), sem

contar aqueles que não se enquadram em sua forma típica.

A inclusão não é simples e não se torna realidade apenas com a aprovação de uma lei. Por

trás da discussão sobre matricular ou não crianças autistas em escolas regulares,

escondem-se a falta de conhecimento sobre o problema e as dificuldades que as

instituições enfrentam para lidar com a diversidade como um todo.

"Leis não vão resolver nada, a menos que existam ações voltadas à capacitação do

professor e à mudança da escola", defende Rossana. É preciso rever a formação de modo

a ajudar os docentes a lidar com as limitações e as dificuldades de cada aluno, com ou

sem necessidades especiais. "A consciência é o que nos ajuda a incluir, e só se chega a

ela por meio do conhecimento", explica a especialista.

Page 11: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

11

11

A inclusão não deve ser apenas um desafio do professor, mas sim de toda a escola e da

rede de ensino. "Os autistas têm gestos e atitudes diferentes, e incluí-los dá trabalho". "Os

educadores têm de entender o autismo, compreender que aquele aluno processa as

informações de maneira diferente, tem resistência a mudanças, pode ser mais sensível ao

barulho. Cada uma dessas especificidades exige adaptações na rotina". É preciso, então,

criar uma rede de apoio em que o professor da turma regular, o profissional do

Atendimento Educacional Especializado (AEE) e o coordenador pedagógico atuem em

conjunto. Há que se mobilizar, também, diretores, funcionários, pais e alunos, de modo a

envolvê-los em um projeto de escola inclusiva, na qual as diferenças são respeitadas e

utilizadas em prol da aprendizagem.

Para que a inclusão ocorra, portanto, é preciso mais do que a aprovação de uma lei. Deve-

se rever as políticas públicas atuais de modo a garantir aos educadores os conhecimentos,

o tempo e a formação necessária para que os alunos não só sejam matriculados, mas

também tenham garantido seu direito de aprender.

Embora ainda não haja um marcador biológico definitivo, alguns achados têm

demonstrado particularidades nas áreas da genética e do funcionamento cerebral (Gupta

& State, 2006). O autismo pode ocorrer em qualquer classe social, raça ou cultura, sendo

que cerca de 65 a 90% dos casos estão associados à deficiência mental (Gadia, Tuchman,

& Rotta, 2004). Essa incidência vem contra a noção estereotipada, derivada das descrições

clássicas, de que crianças autistas possuem uma inteligência secreta e superior. Crianças

com autismo de alto funcionamento (perfil cognitivo diferenciado em algumas das áreas de

testes padronizados) representam apenas 30% dos casos diagnosticados (Bosa, 2002).

Desse modo, é possível perceber a notável variação na expressão de “sintomas” do

autismo. Crianças com funcionamento cognitivo mais baixo geralmente tendem a ser

mudas e isoladas.

Page 12: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

12

12

Almeida (1997) parte da noção de que o ser humano está inatamente

programado para estabelecer vínculos sociais, mas que o desenvolvimento social

só se constrói na sequência de interações, em qualquer estágio da vida.

Conforme Cairns (1986), a trajetória individual não é determinada somente pelos

componentes genéticos, nem somente nos primeiros anos de vida (embora seja

este um período crítico para o desenvolvimento). É, sobretudo, determinada pelas

condições em que se desenrola o desenvolvimento, incluindo as mudanças

biológicas esperadas, os sistemas de relações sociais que envolvem a criança, as

condições dos ambientes que circula, o nível cognitivo da criança, entre outros.

Isso quer dizer que não se pode afirmar que no nível da intervenção não

se possa minimizar as dificuldades que caracterizam qualquer síndrome. Um

exemplo clássico é o caso de Victor, o menino “selvagem” capturado nas

florestas do sul da França, há cerca de 200 anos. Avaliado em Paris pelo

célebre psiquiatra Pinel, foi por ele prognosticado como incapaz de se beneficiar

de qualquer intervenção educativa. Entretanto, o jovem médico Jean Itard,

hoje considerado o precursor da educação especial, questionou as afirmações de

Pinel e apostou nas potencialidades educativas de Victor ,desenvolvendo um

programa educativo com a ajuda do governo francês. Itard não conseguiu fazer

com que Victor falasse, entretanto, contrariando o saber da época, conseguiu

provar, com os primeiros resultados obtidos, que Victor não era um “imbecil sem

esperança”. Segundo Baptista e Oliveira (2002), o desenvolvimento das

habilidades de Victor, a partir da convivência com outras pessoas, minimizava

parte de uma limitação associada à sua educação: o isolamento social

Da mesma forma, proporcionar às crianças com autismo oportunidades de

conviver com outras da mesma faixa etária possibilita o estímulo às suas capacidades

interativas, impedindo o isolamento contínuo. Além disso, subjacente ao conceito de

competência social está a noção de que as habilidades sociais são passíveis de serem

adquiridas pelas trocas que acontecem no processo de aprendizagem social. Entretanto,

Page 13: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

13

13

esse processo requer respeito às singularidades de cada criança. Diante dessas

considerações, fica evidente que crianças com desenvolvimento típico fornecem, entre

outros aspectos, modelos de interação para as crianças com autismo, ainda que a

compreensão social destas últimas seja difícil. A oportunidade de interação com

pares é a base para o seu desenvolvimento, como para o de qualquer outra criança.

Desse modo, acredita-se que a convivência compartilhada da criança com autismo

na escola, a partir da sua só o seu desenvolvimento, mas o das outras crianças,

na medida em que estas últimas convivam e aprendam com as diferenças. Em uma

revisão da literatura sobre as diferentes intervenções que têm sido recentemente

utilizadas no tratamento do autismo, Bosa (2006) destaca as evidências de que a provisão

precoce de educação formal, a partir dos dois aos quatro anos, aliada à integração de

todos os profissionais envolvidos, tem obtido bons resultados. No entanto, conforme

Tezzari e Baptista (2002), a possibilidade de inclusão de crianças deficientes

lamentavelmente ainda está associada àquelas que não implicam uma forte reestruturação

e adaptação da escola. Nesse sentido, crianças com prejuízos e déficits cognitivos

acentuados, como psicóticos e autistas, não são consideradas em suas habilidades

educativas (Baptista & Oliveira, 2002). O fato de existirem poucos estudos sobre inclusão

de crianças autistas na rede comum de ensino parece refletir esta realidade, isto é, a de

que existem poucas crianças incluídas, se comparadas àquelas com outras deficiências. A

literatura tem demonstrado que isso se deve, em grande parte, à falta de preparo de

escolas e professores para atender à demanda da inclusão. Kristen, Brandt e Connie

(2003) examinaram o relacionamento entre professores de escola comum e 12 alunos com

autismo de segunda e terceira séries e observaram que, nos casos em que os professores

percebiam mais positivamente seu relacionamento com os alunos com autismo, o índice de

problemas de comportamento dessas crianças foi menor, e elas foram mais socialmente

incluídas na sala de aula. Nesse sentido, a atuação junto ao professor é fundamental para

que a inclusão escolar aconteça de forma satisfatória (Beyer, 2005). Sobre esse aspecto,

Cacciari, Lima e Bernardi (2005) afirmam que, no processo de inclusão, a instituição e os

professores demandam tanta atenção quanto a criança. De fato, Sant’Ana (2005)

investigou, através de entrevistas, as concepções de 10 professores e 6 diretores de

Page 14: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

14

14

escolas públicas do Ensino Fundamental sobre a experiência de inclusão. Foram

identificadas diversas dificuldades apontadas pelos professores, tais como a falta de

orientação, estrutura e recursos pedagógicos. Além disso, foi verificado que os professores

tendem a confundir os princípios de inclusão e integração. Embora em alguns países os

vocábulos integração e inclusão sejam considerados sinônimos, no Brasil há uma

tendência a diferenciá-los (Mantoan, 1998; Sassaki, 1998). Enquanto na integração

investe-se na possibilidade de indivíduos com deficiência frequentarem escolas comuns de

ensino, cujos currículo e método pedagógicos estão voltados para crianças consideradas

“normais”, na inclusão muda-se o foco do indivíduo para a escola. Neste caso, é o sistema

educacional e social que deve adaptar-se para receber a criança deficiente.

Especificamente sobre a questão do autismo, em seu estudo, Jordan (2005)

também aponta a necessidade de orientação aos professores, pois é a falta de

conhecimento a respeito dos transtornos autísticos que os impede de identificar

corretamente as necessidades de seus alunos com autismo. Na medida em que o sujeito é

visto somente sob o ângulo de suas limitações, a crença na sua educabilidade e

possibilidades de desenvolvimento estará associada à impossibilidade de permanência

deste sujeito em espaços como o ensino comum.

De fato, um estudo exploratório sobre as expectativas dos professores frente à

possibilidade de inclusão de alunos com autismo em suas classes (Goldberg, Pinheiro, &

Bosa, 2005) demonstrou que os professores manifestaram uma tendência a centralizar

suas preocupações em fatores pessoais como, por exemplo, medo e ansiedade frente à

sintomatologia mais do que à criança em si. O interessante é que entre os principais

temores estava a dúvida em como lidar com a agressividade dos alunos. Esse resultado é

intrigante, uma vez que a agressividade não é um comportamento prototípico de autismo,

aparecendo em uma variedade de outras condições. Resultado semelhante foi obtido no

estudo de Baptista, Vasques e Rublescki (2003) sobre a educação de crianças com

transtornos de desenvolvimento, concluindo que muitos educadores resistem ao trabalho

com crianças autistas devido a temores em não saber lidar com a agressividade delas –

aliás, um aspecto que não é necessariamente característico desta condição.

Page 15: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

15

15

Os resultados dos estudos sobre autismo demonstram que os professores apresentam

ideias distorcidas a respeito do mesmo, principalmente quanto à (in)

capacidade de comunicação. Não surpreendentemente, essas concepções parecem

influenciar as práticas pedagógicas e as expectativas acerca da educabilidade desses

alunos. As dificuldades dos professores, de um modo geral, se apresentaram na forma de

ansiedade e conflito ao lidar com o “diferente”. Por exemplo, no estudo de Goldberg,

Pinheiro e Bosa (2005) houve a tendência de o professor adotar estratégias que, de certa

forma, inibem a expressão dos “sintomas autistas” (e.g.,“manter o aluno ocupado”). Tal

estratégia era utilizada mais como uma tentativa de “dominar” a própria ansiedade

do que como uma prática pedagógica, calcada nas necessidades do aluno. Ideias

preconcebidas e caricaturizadas sobre o autismo, principalmente a partir da mídia,

influenciam as expectativas do professor sobre o desempenho de seus alunos, afetando a

eficácia de suas ações quanto à promoção de habilidades.

O trabalho pedagógico integrador transforma limitações em um desafio para todos,

através de uma postura de confiança na capacidade de mudança do aluno, em situações

de confronto (Baptista, 2002). Alguns estudos têm demonstrado que, quando isso ocorre e

os professores estão adequadamente envolvidos no processo de inclusão, é possível

verificar importantes ganhos para o desenvolvimento de crianças com autismo incluídas no

ensino comum. Um exemplo disto é o estudo realizado por Serra (2004), no qual buscou

verificar os efeitos da inclusão em escola comum nos comportamentos de um menino de

sete anos com autismo. Os resultados obtidos através de uma avaliação da dinâmica

familiar e escolar e da própria criança mostraram que a inclusão trouxe benefícios para ela.

Por exemplo, a criança apresentou melhora significativa da concentração nas atividades

propostas, bom estabelecimento de relacionamentos com os colegas e no comportamento

de atender a ordens. Constataram-se, ainda, efeitos positivos da inclusão, na família, em

função do maior investimento desta na aprendizagem da criança e um aumento na

credibilidade nas potencialidades do filho.

A partir da análise qualitativa de uma entrevista, outro estudo (Li, 2002) investigou a

perspectiva de cinco pais de crianças com autismo quanto ao sucesso da inclusão escolar.

Verificou-se que os pais observaram aumento de benefícios da inclusão na escola comum

comparados aos da educação especial e o aumento das habilidades cognitivas, sociais e

de comunicação, embora com dificuldades de generalização dessas habilidades para

Page 16: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

16

16

outros contextos. De forma similar, Yang, Wolfberg, Wu e Kwu (2003) verificaram em

Taiwan notáveis ganhos na interação social recíproca e simbólica de crianças com autismo

que participaram de jogos e brincadeiras em grupo, sendo que o convívio escolar

proporcionou essas oportunidades. Por outro lado, segundo Chamberlain (2002), um

processo de inclusão malsucedido pode aumentar os riscos de isolamento, rejeição dos

pares e baixa qualidade de amizades. Em seu estudo, métodos de agrupamento de rede

social foram utilizados para caracterizar o envolvimento de 14 crianças com autismo de

“alto funcionamento” (sem deficiência mental associada) nas estruturas sociais da sala de

aula de turmas de segunda a quarta séries. As medidas dos agrupamentos de pares

indicaram que, embora as crianças com autismo não tenham sido ativamente rejeitadas,

elas foram menos proeminentes que seus pares sem autismo na rede social e

apresentaram menores níveis de aceitação, companhia e amizade recíproca que as demais

crianças. Sobre os efeitos de eventuais rejeições à criança com autismo por seus pares,

um estudo envolvendo observações etnográficas de 16 crianças com autismo

de alto funcionamento e idades entre 8 e 12 anos (Ochs, Kremer-Sadlik, Solomon, & Sirota,

2001) indicou que elas demonstraram uma gama de reações à rejeição e desprezo, apesar

das dificuldades na interpretação das intenções e sentimentos dos mesmos. Quando não

há ambiente apropriado e condições adequadas à inclusão, a possibilidade de ganhos no

desenvolvimento cede lugar ao prejuízo para todas as crianças. Isso aponta para a

necessidade de reestruturação geral do sistema social e escolar para que a inclusão se

efetive.

1.1. Propostas sobre o processo de inclusão

Desse modo, Karagiannis, Stainback e Stainback (1999) referem que, diante de

uma inclusão adequada, mesmo que uma criança apresente deficiências cognitivas

importantes e apresente dificuldades em relação aos conteúdos do currículo da educação

comum, como pode ser o caso do autismo, ela pode beneficiar-se das experiências sociais.

O objetivo do aprendizado de coisas simples do dia-a-dia (e.g., conhecer-se,

estabelecer relações) seria o de as tornarem mais autônomas e independentes possíveis,

podendo conquistar seu lugar na família, na escola e na sociedade. Desse modo, “na

medida em que esses ‘conteúdos’ vão sendo desenvolvidose ‘aprendidos’ por esses

alunos, torna-se possível a entrada de outros conteúdos, da alfabetização, da matemática,

Page 17: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

17

17

etc.” (Zilmer, 2003, p. 30). Com a educação de todas as crianças conjuntamente, aquelas

que possuem alguma necessidade educativa especial, seja qual for, têm a oportunidade de

preparar-se para a vida em comunidade, sendo que os professores melhoram suas

habilidades profissionais e a sociedade funciona de acordo com o valor da igualdade de

direitos para todas as pessoas. Em relação à inclusão de crianças com autismo, os estudos

encontrados apontam os ganhos que essas crianças possuem diante das oportunidades de

interação com pares em settings inclusivos. Entretanto, algumas limitações metodológicas

como, por exemplo, a amostra selecionada e o delineamento utilizado ainda deixam

lacunas relativas às suas potencialidades interativas e a sua possibilidade de inclusão no

ensino comum, desde a educação infantil.

A revisão da literatura mostrou que, entre os raros estudos encontrados na área da

psicologia sobre a inclusão escolar de crianças com autismo, o foco principal é a percepção

de pais e professores quanto a esta possibilidade e nos seus efeitos familiares e escolares

(Baptista et al., 2003; Goldberg, 2002; Goldberg, Pinheiro, & Bosa, 2005; Kristen et al.,

2003; Li, 2002).

Este também tende a ser o foco em alguns estudos na área da educação,

investigando, por exemplo, aspectos relacionados a questões institucionais de gestão

escolar frente à inclusão (Rublescki, 2004) e à investigação das concepções de

professores acerca de seu preparo para o trabalho com crianças autistas (Lira, 2004;

Oliveira, 2002). Desse modo, tais estudos privilegiam a investigação das concepções de

pais e professores, através de análise de conteúdo de entrevistas, sem investigar

diretamente o comportamento social da criança na escola. Charman, Howlin, Berry e Prince

(2004) demonstraram, através de entrevista com 125 pais de crianças com autismo (57 das

quais foram refeitas após um ano de inclusão de seus filhos), os progressos no

desenvolvimento de crianças, tais como mudanças positivas nas habilidades de

socialização e comunicação.

Outros estudos investigaram as interações sociais de crianças autistas na escola,

porém o foco principal foi o impacto de diferentes programas de intervenção, previamente

estruturados. Owen-DeSchryver, Carr, Cale e Blakeley-Smith (2008) investigaram os

efeitos da inclusão em crianças com autismo, de segunda e quarta séries, a partir da

intervenção social.

Page 18: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

18

18

CAPÍTULO II

COMO A INCLUSÃO SOCIAL PODE AJUDAR UM ALUNO

AUTISTA.

Numa abordagem comportamental, os procedimentos para o trabalho

com autistas compreendem a avaliação comportamental, treino de repertórios de

apoio, verbais e perceptivo-motores, treino em interação social, comportamento

verbal e comportamentos acadêmicos, tendo como objetivo a redução de

comportamentos excessivos e a ampliação da atenção do sujeito. Como

procedimento do treinamento de comportamentos dos repertórios citados, são

utilizadas as ações de imitar e de observar instruções apresentadas (repertórios de

apoio), nomeação, posse de objetos e descrição de ações diversas (verbais);

reconhecimento das partes do corpo e discriminações perceptivo-motoras (ORRÚ,

2008, p. 9-10).

No contexto da inclusão educacional de crianças com necessidades especiais

é fundamental que a criança seja vista como criança, não lhe negando sua

diferença ou característica orgânica, mas nunca se deve supervalorizar esse fator e

resumir uma ação a uma única característica, principalmente aquele que deprecia

uma pessoa ao diferenciá-la diante das demais.

“Na escola inclusiva professores e alunos aprendem uma lição que a vida

dificilmente ensina: respeitar as diferenças, esse é o primeiro passo para construir

uma sociedade mais justa’’. (MANTOAN, 2005, p. 24-26). A autora Maria Teresa

Eglér Mantoan, é uma das maiores defensoras da educação inclusiva no Brasil, e

crítica convicta das chamadas escolas especiais, a mesma ressalta na entrevista

as grandes lições para professores e alunos, onde a tolerância, respeito e

solidariedade são atitudes importantes na busca de uma sociedade mais justa, em

que todas as pessoas realmente serão iguais perante a lei.

De fato, um estudo exploratório sobre as expectativas dos professores frente à

possibilidade de inclusão de alunos com autismo em suas classes (Goldberg,

Pinheiro,& Bosa, 2005) demonstrou que os professores manifestaram uma

tendência a centralizar suas preocupações em fatores pessoais como, por

Page 19: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

19

19

exemplo, medo e ansiedade frente à sintomatologia mais do que à criança em si. O

interessante é que entre os principais temores estava a dúvida em como lidar com a

agressividade dos alunos. Esse resultado é intrigante, uma vez que a agressividade não é

um comportamento prototípico de autismo, aparecendo em uma variedade de outras

condições. Resultado semelhante foi obtido no estudo de Baptista, Vasques e Rublescki

(2003) sobre a educação de crianças com transtornos de desenvolvimento, concluindo que

muitos educadores resistem ao trabalho com crianças autistas devido a temores em não

saber lidar com a agressividade delas – aliás, um aspecto que não é necessariamente

característico desta condição têm demonstrado que, quando isso ocorre e os professores

estão adequadamente envolvidos no processo de inclusão, é possível verificar importantes

ganhos para o desenvolvimento de crianças com autismo incluídas no ensino comum. Um

exemplo disto é o estudo realizado por Serra (2004), no qual buscou verificar os efeitos

da inclusão em escola comum nos comportamentos de um menino de sete anos com

autismo. Os resultados obtidos através de uma avaliação da dinâmica familiar e escolar e

da própria criança mostraram que a inclusão trouxe benefícios para ela. Por exemplo, a

criança apresentou melhora significativa da concentração nas atividades propostas, bom

estabelecimento de relacionamentos com os colegas e no comportamento de atender a

ordens. Constataram-se, ainda, efeitos positivos da inclusão, na família, em função do

maior investimento desta na aprendizagem da criança e um aumento na credibilidade nas

potencialidades do filho.

Page 20: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

20

20

2.1. “Competência social, , , , inclusão escolar e autismo: Os resultados e estratégias

para dominar um aluno autista”.

Os resultados dos estudos sobre autismo demonstram que os professores

apresentam ideias distorcidas a respeito do mesmo, principalmente quanto à (in)

capacidade de comunicação. Não surpreendentemente, essas concepções parecem

influenciar as práticas pedagógicas e as expectativas acerca da educabilidade

desses alunos. As dificuldades dos professores, de um modo geral, se apresentaram na

forma de ansiedade e conflito ao lidar com o “diferente”. Por exemplo, no

estudo de Goldberg, Pinheiro e Bosa (2005) houve a tendência de o professor adotar

estratégias que, de certa forma, inibem a expressão dos “sintomas autistas” (e.g.,

“manter o aluno ocupado”). Tal estratégia era utilizada mais como uma tentativa de

“dominar” a própria ansiedade do que como uma prática pedagógica, calcada

nas necessidades do aluno. Ideias preconcebidas e caricaturizadas sobre o autismo,

principalmente a partir da mídia, influenciam as expectativas do professor sobre o

desempenho de seus alunos, afetando a eficácia de suas ações quanto à promoção de

habilidades. O trabalho pedagógico integrador transforma limitações em um desafio para

todos, através de uma postura de confiança na capacidade de mudança do aluno, em

situações de confronto (Baptista, 2002). Alguns estudos têm demonstrado que, quando isso

ocorre e os professores estão adequadamente envolvidos no processo de inclusão, é

possível verificar importantes ganhos para o desenvolvimento de crianças com autismo

incluídas no ensino comum. Um exemplo disto é o estudo realizado por Serra (2004), no

qual buscou verificar os efeitos

A partir da análise qualitativa de uma entrevista, outro estudo (Li, 2002) investigou a

perspectiva de cinco pais de crianças com autismo quanto ao sucesso da inclusão escolar.

Verificou-se que os pais observaram aumento de benefícios da inclusão na escola comum

comparados aos da educação especial e o aumento das habilidades cognitivas, sociais e

de comunicação, embora com dificuldades de generalização dessas habilidades para

outros contextos. De forma similar, Yang, Wolfberg, Wu e Kwu (2003) verificaram em

Taiwan notáveis ganhos na interação social recíproca e simbólica de crianças com autismo

que participaram de jogos e brincadeiras em grupo, sendo que o convívio escolar

proporcionou essas oportunidades. Por outro lado, segundo Chamberlain (2002), um

Page 21: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

21

21

processo de inclusão malsucedido pode aumentar os riscos de isolamento, rejeição dos

pares e baixa qualidade de amizades. Em seu estudo, métodos de agrupamento de rede

social foram

utilizados para caracterizar o envolvimento de 14 crianças com autismo de “alto

funcionamento” (sem deficiência mental associada) nas estruturas sociais da sala de

aula de turmas de segunda a quarta séries. As medidas dos agrupamentos de pares

indicaram que, embora as crianças com autismo não tenham sido ativamente rejeitadas,

elas foram menos proeminentes que seus pares sem autismo na rede social e

apresentaram menores níveis de aceitação, companhia e amizade recíproca que as demais

crianças.

Sobre os efeitos de eventuais rejeições à criança com autismo por seus pares, um

estudo envolvendo observações etnográficas de 16 crianças com autismo de alto

funcionamento e idades entre 8 e 12 anos (Ochs, Kremer-Sadlik, Solomon, & Sirota, 2001)

indicou que elas demonstraram uma gama de reações à rejeição e desprezo, apesar das

dificuldades na interpretação das intenções e sentimentos dos mesmos. Quando não há

ambiente apropriado e condições adequadas à inclusão, a possibilidade de ganhos no

desenvolvimento cede lugar ao prejuízo para todas as crianças. Isso aponta para a

necessidade de reestruturação geral do sistema social e escolar para que a inclusão se

efetive.

Desse modo, Karagiannis, Stainback e Stainback (1999) referem que, diante de uma

inclusão adequada, mesmo que uma criança apresente deficiências cognitivas importantes

e apresente dificuldades em relação aos conteúdos do currículo da educação comum,

como pode ser o caso do autismo, ela pode beneficiar-se das experiências sociais. O

objetivo do aprendizado de coisas simples do dia-a-dia (e.g., conhecer-se, estabelecer

relações) seria o de as tornarem mais autônomas e independentes possíveis, podendo

conquistar seu lugar na família, na escola e na sociedade. Desse modo, “na medida em

que esses ‘conteúdos’ vão sendo desenvolvidos e ‘aprendidos’ por esses alunos, torna-se

possível a entrada de outros conteúdos, da alfabetização, da matemática, etc.” (Zilmer,

2003, p. 30). Com a educação de todas as crianças conjuntamente, aquelas que possuem

alguma necessidade educativa especial, seja qual for, têm a oportunidade de preparar-se

para a vida em comunidade, sendo que os professores melhoram suas habilidades

profissionais e a sociedade funciona de acordo com o valor da igualdade de direitos para

Page 22: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

22

22

todas as pessoas. Em relação à inclusão de crianças com autismo, os estudos encontrados

apontam os ganhos que essas crianças possuem diante das oportunidades de interação

com pares em settings inclusivos. Entretanto, algumas limitações metodológicas como, por

exemplo, a amostra selecionada e o delineamento utilizado ainda deixam lacunas relativas

às suas potencialidades interativas e a sua possibilidade de inclusão no ensino comum,

desde a educação infantil.

2. 2. “Dificuldades na Interação com aluno autista”.

As dificuldades dos professores aparecem no conflito em lidar com o diferente em se

tratando do autista na sala de aula, uma atenção que exige desprendimento, atenção e

muito preparo para o já atribulado cotidiano escolar.

O trabalho com autista requer muita atenção, um ambiente silencioso e não levar em conta

detalhes e questões próprias do “mundo do autista” é incorrer no erro da dispersão. A

mudança de rotina gera agitação e, por vezes, surtos.

Chefe de seção da Secretaria Municipal de Educação, Márcia Magoga Cabete, é

professora de educação especial. O cumprimento sistemático da rotina e o olhar individual

sobre o autista na sala de aula são os apontamentos essenciais para esse aprendizado,

opina.

O ruído da carteira, o barulho gerado por outro colega de classe ou o barulho do ventilador

no ambiente da sala de aula podem desencadear alteração de humor ou comportamento

no autista. “O educador precisa estar atento a detalhes em relação ao autista. Em uma sala

de aula tivemos de colocar emborrachados embaixo de todas as carteiras e cadeiras

porque o ruído da carteira no chão irritava um aluno autista”, conta.

No ensino fundamental municipal, em outro caso, a professora teve de abordar

individualmente o aluno autista para seu hábito de falar alto e dar risada. “Alguns falam

muito alto e dão risada com frequência. Tivemos de fazer um trabalho de conscientização

específico com esses comportamento do autismo e ajustamos”, exemplifica.

Page 23: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

23

23

Estímulos

Os estímulos ao desenvolvimento precisam ser realizados o mais cedo possível. O

problema é que é comum os pais demorarem a perceber os sinais de autismo e, em outros,

a rejeitar o diagnóstico de observação em casa.

“Além do pai resistir a admitir que o filho é autista, o diagnóstico médico, especializado,

dificilmente sai antes dos seis anos. E quanto mais cedo o autista for estimulado em

relação a sua condição mais ele terá sucesso na resposta. Os pais não podem demorar

para buscar ajuda e orientação para lidar, desde cedo, com o filho autista. Isso é

essencial”, reforça Cabete.

Comunicação

Para Vera Casério, a agressividade não é o principal dificultador na relação do autista com

a comunidade escolar. “O autista tem um modo próprio de se interagir com o meio e sua

compreensão de cada rotina é que vai determinar sua ambientação natural ou o surgimento

de estresse na relação com os demais alunos e a professora. Se ele sair da rotina ele pode

manifestar agressividade”.

A educadora reforça o universo específico da linguagem do autista. “É preciso que as

pessoas entendam que o autista precisa ter todas as suas atividades previamente

organizadas e isso é demonstrado por um sistema de fichas para cada atividade, de ir ao

banheiro a comer ou desenhar. Para essa rotina ser alterada é preciso que a professora

substitua as fichas e explique isso para o autista”.

A metodologia precisa ser de tão organizada que o aluno autista precisa das fichas na

ordem exata e cada mudança exige a reposição da ficha e a explicação da alteração.

Page 24: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

24

24

Nessa categoria, o educador de fato não sabe como se comunicar com um aluno com

autismo, comparando o mesmo com os outros alunos, na mesma sala de aula. O professor

sente dificuldade em compreender o aluno com autismo assim considerá-lo alheio ao

mundo que o cerca: “ ... ele é diferente dos outros. Ele não sabe como pedir as coisas.”

A Literatura sobre o autismo caracteriza essa síndrome como pertencente ao grupo

de transtornos globais do envolvimento, e aponta um desenvolvimento atípico da

comunicação ( DSM IV- TR- APA, 2002), Dessa forma, compreender essa e outras

peculiaridades da síndrome autística, fornece um manejo adequado para uma boa relação

entre educador e aluno autista, promovendo entre os educadores um maior esclarecimento

acerca do tema e demostrando que existem outras formas de comunicação – outras formas

de linguagem, e não somente através da fala.

Essa dificuldade na comunicação verbal também teve consequências na relação

entre a criança com autismo e seus pares. Inicialmente, não houve rejeição por parte dos

colegas do aluno autista, os educadores falam que uma criança reage de forma normal, só

quando é algum amiguinho bate o professor explica para os outros que ele está

aprendendo que não pode bater nos coleguinhas. O vínculo estabelecido entre os colegas

do aluno com autismo pode ser considerado satisfatório, já que de acordo com o professor

não houve nenhum tipo de rejeição e a aceitação foi positiva. O vínculo é o agente

proporcionador de laços sociais saudáveis entre os indivíduos produzindo bons resultados

nas múltiplas formas de comunicação humana. Pichon-Riviére, 1995), incluindo aspectos

relacionados com a aprendizagem.

2.3. A linha deste desenvolvimento

A Escola, depois da família, é o espaço primeiro e fundamental para o processo de

socialização da criança.

A atual política educacional brasileira inclui, em suas metas, a integração de crianças e

jovens portadores de deficiência na escola regular, com apoio de atendimento educacional

especializado, quando necessário.

Page 25: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

25

A pessoa portadora de deficiência, no seu processo de socialização, pode incorporar as

crenças da sociedade e desenvolver uma auto-imagem de pessoa incapaz.

25

A oportunidade de convívio com pessoas não portadoras de deficiência torna possível uma

vida de normalidade para o portador de deficiência, que pode se perceber como uma

pessoa capaz e se desenvolver em todos os aspectos.

A segregação vivenciada pelas pessoas com deficiência, em consequência da não

aceitação e da dificuldade de crianças e adultos em lidar e conviver com o portador de

deficiência, acontece também por causa da desinformação generalizada da sociedade a

respeito das deficiências.

Sabe-se que quanto mais cedo se estabelecer essa integração, tanto melhor e mais fácil

será para crianças com deficiência como para não portadores de deficiência

experimentarem positivamente essa convivência.

Contudo, não é simples de se conseguir um contexto efetivo de integração. O

desconhecimento e o consequente medo por parte das pessoas é um obstáculo às

situações onde as pessoas portadoras de deficiência possam conviver com as demais.

Uma das ideias e práticas mais disseminadas por nós é a concepção da Educação

Especial como sinônimo de atendimento especializado, em local especial às pessoas com

deficiência. São consequências de desinformação e “medos”, as seguintes ideias: só

algumas pessoas portadoras de deficiência podem beneficiar-se da educação; outros

portadores de deficiência poderiam apenas ser “treinados” a executar tarefas simples e

básicas;os portadores de deficiência são pessoas tão “especiais que exigem professores

especializados, escolas especiais, conteúdos e métodos especiais, porque aprendem

(quando aprendem) por “mecanismos” diferentes.

Na verdade, embora haja os alunos com deficiência que de fato necessitam de medidas

especiais, a grande maioria tem condição de ser atendida em escolas ou classes comuns.

Há uma gradação dessas necessidades especiais.

Page 26: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

26

26

CAPÍTULO III

QUAL A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA PARA A INCLUSÃO DO

ALUNO NA EDUCAÇÃO INFANTIL?

Entendemos que a escola inclusiva é benéfica não somente para aquelas

crianças que têm necessidades educacionais especiais, mas, sim para todas as crianças.

Visto que na medida em que a escola proporciona a todos seus alunos à oportunidade de

conviver com a diversidade e com as diferenças, está preparando os alunos para a vida em

sociedade.

A pesquisa realizada sobre “A inclusão de crianças portadora de necessidades

especiais e os desafios do docente em lidar com isso’’ foi uma experiência enriquecedora e

respaldada nos instrumentos de observação e entrevista.

Registramos que as atitudes da professora confirmam o que ela fala, pois a

mesma oportuniza a interação das crianças de uma forma natural, e essa postura que a

educadora tem é a ideal nesse contexto de inclusão, pois ela demonstra ser uma

profissional comprometida e envolvida nesse trabalho com essa diversidade, que não é

uma tarefa muito simples. Mas como a inclusão é um processo cheio de improvisos, sem

fórmulas prontas e exige aperfeiçoamento constante, ela também demonstra na entrevista

que esse trabalho pode causar impotência diante da dificuldade em ajudar o aluno a

avançar, mas que sente alegria quando consegue.

Quanto à escola foi constatado na observação que a mesma não se preocupa

apenas em admitir a matrícula desses meninos e meninas para cumprir a lei, mas, sim

realizando atividades dinâmicas como: música, teatro, apresentações, danças em um

espaço apropriado, além de uma estrutura física adaptada com rampas de acesso,

instalação de barras de apoio e alargamento das portas oferecendo o acesso adequado

aos deficientes físicos (cadeirantes).

Entretanto, ficou evidente que essa escola precisa melhorar em algumas

questões cruciais, que são os serviços de apoio de acordo com as necessidades de cada

Page 27: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

27

27

estudante, ou seja, de orientações e suporte das associações de assistência de médicos,

fonoaudiólogos, professor de libras, enfim, profissionais de apoio.

Afinal, na educação inclusiva não se espera que a pessoa com deficiência se adapte a

escola, mas que esta se transforme de forma a possibilitar a inserção desse aluno especial.

E para isso acontecer é preciso despertar a consciência e a dedicação de todos os

envolvidos nessa questão, sem preconceitos, sem distinção de raça, classe, gênero ou

características pessoais para que a escola se torne aberta ás diferenças e competente para

trabalhar com todos os educando.

Além destas afirmações, algumas técnicas com base na Pedagogia Waldof apud kugelgen,

1960; Lanz (1979, são essenciais na educação dos autistas.

Sabendo que o autista não se adapta ao mundo externo, é preciso que na escola ele tenha

uma rotina estruturada, que faz com que ele situe-se no espaço e tempo. O professor

também deve fazer parte dessa rotina, compreendendo que a mesma não é uma restrição

a sua criatividade.

Ravière apud Bereohff (1984, s/pág), explica que “esta relação põe à prova, mais do que

nenhuma outra, os recursos e as habilidades do professor”.

A valorização dos elementos da natureza como sol, a chuva, árvores, estimula o autista a

ter um contato e a percepção de seu meio.

A abordagem vivencial é outro fator importante na educação destas crianças tão especiais,

pois às vezes o trabalho verbal não é o suficiente, onde o contato físico com o autista é de

grande necessidade.

Outro recurso que quando usado no momento adequado e seu estilo estiver de acordo

trará bons resultados, é a utilizaçã o da música, as preferências são sempre para as

infantis (ciranda – cirandinha). A canção deve estar sempre de acordo com momentos

específicos, tais como a chegada, hora do lanche, higiene, para que a criança possa

relacionar a música com a atividade em andamento.

Além das técnicas, a rotina diária é muito importante na educação do autista, a qual não

deve ser alterada, qualquer mudança pode refletir no comportamento da criança. A

importância do ensino estruturado é ressaltado por Eric Schopler in Gaudere r, 1993, no

Page 28: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

28

28

método TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Deficiências

relacionadas à Comunicação), quando afirma:

É bom ter em mente, que normalmente as crianças à medida que vão se desenvolvendo,

vão aprendendo a estruturar seu ambiente, enquanto que os autistas e com distúrbios

difusos do desenvolvimento precisam de uma estrutura externa para otimizar uma situação

de aprendizagem.

Estes cuidados permitirão um maior sentimento de pertinência e de previsibilidade quanto

ao espaço físico. A sala deve ter um tamanho que permita a realização de atividades de

mesa, individuais e em grupos, contando também com alguns colchonetes e almofadas

(SCHOPLER, 1993).

Além disso o educador deve basear seu relacionamento com seu aluno em um

conhecimento o mais abrangente da síndrome do Autismo, das características da criança e

de técnicas atualizadas de ensino.

Entrada: este momento deve ser relatado para o aluno, que já passou, trabalhando

informalmente o aspecto temporal.

Oração: o educador estimulará o grupo a realizar junto com ele um momento de

agradecimentos, dando início aos trabalhos.

Deve ser valorizado cada momento de fala da criança, assim o professor fará com que o

aluno sinta liberdade de expressar-se não só na oração, mas em qualquer outra situação.

História: é necessário que seja contada diariamente, aparecendo fatos reais ou de fantasia

situando o aluno dentro do contexto. O conto vai sendo desenhado no quadro com giz

colorido, expondo a realidade do aluno em casa, rotina escolar, apontando objetos e

pessoas que o rodeiam.

Tarefa: esta é dedicada às atividades dirigidas, sendo elas em mesa, individual ou em

grupos, de acordo com os objetivos traçados para cada criança.

Objetivos são traçados a partir do PIE (Planejamento Individual de Ensino), que para sua

elaboração são seguidos os seguintes passos:

Page 29: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

29

29

– a observação do autista em situações livres e dirigidas;

– a seleção dos objetivos orienta-se pela gradação das dificuldades dos alunos;

– O PIE deve ser reformulado a cada ano, permitindo reavaliação dos objetivos e

consequentemente a evolução dos alunos.

Para que os objetivos sejam alcançados, Schopler (1993), ressalta que “merece cuidado a

preparação do ambiente por parte do educador, ou seja: material pedagógico previamente

separado, disposição de carteiras, etc.”

Higiene : esta atividade promove maior independência como lava r as mãos, escovar os

dentes, toma r banho, vestir-se, despir-se sozinhos. Estes são trabalhados em momentos

específicos dentro do contexto escolar.

Lanche: segundo Schopler (1993), esta é uma situação que prioriza somente a

alimentação, mas também permite que um tenha respeito pelo lanche do outro, bem como

compartilhá-lo em determinadas situações.

Na hora do lanche o aluno é estimulado a preparar a sua mesa para comer, manusear

objetos (copo, prato, talhere s). Esta atividade proporciona o desenvolvimento de hábitos

alimentares dentro do contexto escolar.

Recreio: este momento é muito importante dentro da rotina escolar, pois é a hora da

integração com a s outras crianças da escola portadoras de necessidades especiais ou

não. Neste instante de liberdade o autista deve ser supervisionado à distância,

acompanhando se há ou não um momento de integração com os demais.

Passeio: este é realizado fora da escola. Levando em conta que o autista não é sociável, o

passeio oportuniza-o a vivenciar situações sociais nas quais a comunidade participa direta

ou indiretamente. De um lado, o autista aprende a conviver com a sociedade e de outro a

sociedade aprende a compreender este indivíduo portador de necessidades especiais.

Recreação supervisionada: é característica dos autistas aprsentar movimentos

esteriotipados com o corpo repetidamente, esta atividade busca ampliar o repertório motor,

Page 30: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

30

30

através de brincadeiras lúdicas, com regras fáceis e materiais diversos. Procura-se nesta

hora proporcionar ao grupo momentos de interação, sociabilização e lazer.

Saída: a rotina encerra com a professora estimulando o aluno organizar seu material e a

sala de aula.

Considerando a rotina diária descrita é funda mental a pontualidade do aluno à escola,

permitindo que ele participe de todas as etapas sem fugir de sua rotina e diminuindo a

possibilidade de crises comportamentais durante o período escolar.

É fundamental o educa dor não fugir à esta rotina, pois é indispensável para a educação do

autista. Isto se faz necessário, conforme a afirmação de Weihs (1971), que destaca:

Se desejamos compreender e ajudar uma criança autista, devemos por um lado, perceber

que somos parte deste ambiente no qual esta criança tem que viver e crescer e, por outro

lado, tentar ver seu comportamento, desempenho, habilidades e incapacidades em relação

ao que é sempre perfeito nela, a vivência de sua própria personalidade.

A partir do momento que reconhecermos nossas dificuldades, fraquezas, deficiências um

novo caminho se abrirá e é neste caminho que o educador começa a aprender que ser

portador de necessidades especiais não impede ninguém de viver por mais limitante que

esta pareça ser.

Este trabalho com essas crianças, necessita de muito investimento pessoal, capacitação,

informação, e união de esforços, para que as crianças ampliem suas competências e

habilidades, para que se possa ter e desenvolver uma prática educacional adequada e

eficaz, que supra a necessidade dessas crianças e dê satisfação ao profissional que de

perto lhe assiste.

Há necessidade da formação e funcionamento de escolas com projeto pedagógico

interdisciplinar voltado para áreas do conhecimento das ciências químico-físicas e

biológicas, sócio-históricas e do pensamento lógico-matemático.

É muito fácil para aqueles que ficam fechados em suas salas de trabalho “inventar” coisas

novas que de certa forma deve ajuda-los a se sentir melhor. Apenas determinam que deve

Page 31: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

31

31

haver a inclusão de portadores de necessidades especiais, mas esquecem de saber como

funciona na prática e quais as implicações e preparações necessárias antes de “incluir”.

Conforme Negrine e Machado (2004), a deficiência (como ciência) tem como tese central,

de acordo com a opinião de Vygotsky, a questão de que a criança cujo desenvolvimento

está complicado ou comprometido por alguma deficiência não é simplesmente uma criança

menos desenvolvida que seus contemporâneos normais, mas desenvolvida de outro modo.

Cremos que isso dificulta a vontade dos profissionais em abraçar esse trabalho.

A baixa expectativa que se tem da aprendizagem dos deficientes mentais chamados de

graves diminuí, também, o empenho da escola na utilização de recursos especiais para

que aconteça o desenvolvimento das esferas do simbólico, ficando insistentemente presas

as atividades práticas.

O profissional da psicologia, da pedagogia ou de outra área significativa no trato com o

autismo necessita de um rigoroso preparo profissional, pois é ele quem aplica seus

conhecimentos com o portador da síndrome, seja por meio de terapias específicas ou de

metodologias de ensino.

Com boa estrutura e preparo profissional para lidar com a inclusão escolar de crianças

autistas, é possível, por intermédio de um diagnóstico médico válido, do apoio familiar e

dos profissionais de assistência escolar, obter evolução positiva nos desenvolvimentos

cognitivo e social.

É importante salientar que, antes de qualquer ação ou intervenção praticada para a

evolução psicoemocional dos portadores do transtorno, o bem maior consiste na integração

social, uma vez que o convívio escolar constitui a melhor maneira de incentivá-los a

observar o mundo, que, por ora, difere muito do seu. Essas interações são a mola

propulsora para o desencadeamento e aperfeiçoamento de aptidões, incluindo as

habilidades motora, de linguagem, de aprendizagem e de plasticidade do cérebro por esses

estímulos.

As divergências entre acessibilidade e adaptação das políticas pedagógicas a fim de

promover a inclusão dos autistas, ou de outra criança que possua alguma deficiência

mental, estão no início do conhecimento do profissional da educação. Se este tem

conhecimento sobre a síndrome da qual seu aluno é portador, saberá interagir com suas

Page 32: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

32

32

diferenças e, conforme a metodologia que aplica, adaptar as práticas pedagógicas e propor

a aprendizagem. Desse modo, ele se torna o mediador entre a significância da educação

inclusiva e a realidade dessas práticas.

3.1 Educação Física Adaptada.

Toda criança precisa contar com um ambiente que a prepare e estimule para usar

suas capacidades, ela sente necessidades de se movimentar por meio de exercício, pois a

criança que não se exercita não adquire experiência de movimento, a falta de oportunidade

é um dos diversos problemas enfrentados por toda criança com deficiência por ser limitada

de exploração de movimentos e privada na sua vivencia motora.

Os testes de coordenação motora de avaliação são novos no nosso país e ainda são alvos

de critica para muitos, mas nos permite conhecer e promover intervenções a fim de

minimizar as dificuldades decorrentes de defasagens motoras.

Para avaliar a capacidade motora corporal podemos utilizar o teste composto de

quatro tarefas da bateria KTK ( Korperkoordinaionstest Fur Kinder), que visa a

caracterização de facetas da coordenação corporal total e o domínio corporal o qual é

utilizado para várias idades. O teste KTK trazido da Alemanha para nosso país, pelo

Professor José Irineu Gorla é feito de material simples e medidas exatas e quando usada

com precisão juntamente com a ficha de coleta de dados do teste permite ao professor

avaliar e analisar seu aluno mostrando onde ele tem maior habilidades e necessidades,

podendo assim o professor trabalhar mais onde há maior necessidade para seu

desenvolvimento.

É muito importante e urgente que os sistemas governamentais, como um todo,

propiciem e garantam incentivos e condições aos profissionais da educação para que

desenvolvam pesquisas, ou seja, para que possam frequentar cursos de capacitação,

graduação e pós-graduação sem serem onerados e/ou prejudicados em sua vida funcional,

sob pena de não conseguir a efetivação de uma educação de qualidade para todos.

Page 33: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

33

33

No entanto, estamos cientes de que as experiências de integração de crianças portadoras

de deficiência no ensino são ainda incipientes, e merecem uma reflexão tanto sobre o seu

processo de implantação quanto sobre seus resultados. Além disso, é imprescindível o

envolvimento de profissionais de áreas interligadas como saúde e ação social, bem como

dos pais e comunidade em geral.

Faz-se necessário, também, para um aprofundamento dessas práticas e para uma maior

eficácia das mesmas, um trabalho de sensibilização do corpo docente, discente e dos

funcionários da rede de ensino, acrescido de um programa de capacitação e

aprimoramento profissional.

Assim, é fundamental um trabalho com os que dirigem e atuam no sistema de ensino, bem

como com os pais que têm crianças atendidas nas escolas. Um trabalho que tenha como

objetivo modificar posturas e atitudes com relação à frequência de crianças com

deficiências nessas unidades, bem como difundir informações corretas sobre o tema.

É importante ressaltar que um trabalho desses, de preparação das escolas para aceitarem

crianças com deficiências, contribui para um melhor atendimento às crianças em geral e

também para o desenvolvimento de ações de prevenção e detecção precoce de

deficiências.

Page 34: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

34

34

CONCLUSÃO

A inclusão é um movimento mundial de luta das pessoas com deficiências e seus

familiares na busca dos seus direitos e lugar na sociedade. O paradigma da inclusão vem

ao longo dos anos, buscando a não exclusão escolar e propondo ações que garantam o

acesso e permanência do aluno com deficiência no ensino regular. É preciso fazer algo

para que a inclusão realmente aconteça. É necessário identificar o problema, fornecer

soluções, e o mais importante é o comprometimento dos educadores em fazer a diferença

e realmente fazer a inclusão, usando de recursos físicos e os meios materiais para a

efetivação de um processo escolar de qualidade. Devem dar prioridade ao

desenvolvimento de novas atitudes e formas de interação na Escola, exigindo mudanças

no relacionamento pessoal e social e na maneira de se processar a aprendizagem.

Concluímos deste modo que o processo de inclusão ocorre a partir da condição

que se dá ao aluno e à turma onde está incluso, a partir de condições de estrutura física,

suportes de serviços psicopedagógicos, serviços técnico-pedagógicos e administrativos,

programações comemorativas, culturais, desportivas, etc., que interagem e dão

sustentação ao processo que se desencadeia na sala de aula e tem como atores os alunos

e professor. Essas ações são fundamentais para a construção de uma educação que

atenda às necessidades, às possibilidades e ao interesse do conjunto da população escolar

brasileira. Para isso, todavia, precisa de profissionais da educação responsáveis e

competentes não só do ponto de vista pedagógico, mas também profissionais que não

sejam desvinculados dos condicionamentos político-sociais.

É importante frisar que um ambiente amoroso e estimulante, intervenção precoce e

esforços integrados de educação irão sempre influenciar positivamente o desenvolvimento

desta criança. Afinal, as diferenças não podem ser obstáculos nas nossas relações sociais

e temos que saber respeitá-las. Mas também, não podemos deixar de reconhecer a sua

existência.

Entendemos que a escola inclusiva é benéfica não somente para aquelas crianças

que têm necessidades educacionais especiais, mas, sim para todas as crianças. Visto que

na medida em que a escola proporciona a todos seus alunos à oportunidade de conviver

Page 35: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

35

35

com a diversidade e com as diferenças, está preparando os alunos para a vida em

sociedade.

A pesquisa realizada sobre “A inclusão de crianças portadora de necessidades

especiais e os desafios do docente em lidar com isso’’ foi uma experiência

enriquecedora e respaldada nos instrumentos de observação e entrevista. Registramos que

as atitudes da professora confirmam o que ela fala, pois a mesma oportuniza a interação

das crianças de uma forma natural, e essa postura que a educadora tem é a ideal nesse

contexto de inclusão, pois ela demonstra ser uma profissional comprometida e envolvida

nesse trabalho com essa diversidade, que não é uma tarefa muito simples. Mas como a

inclusão é um processo cheio de improvisos, sem fórmulas prontas e exige

aperfeiçoamento constante, ela também demonstra na entrevista que esse trabalho pode

causar impotência diante da dificuldade em ajudar o aluno a avançar, mas que sente

alegria quando consegue.

Quanto à escola foi constatado na observação que a mesma não se preocupa

apenas em admitir a matrícula desses meninos e meninas para cumprir a lei, mas, sim

realizando atividades dinâmicas como: música, teatro, apresentações, danças em um

espaço apropriado, além de uma estrutura física adaptada com rampas de acesso,

instalação de barras de apoio e alargamento das portas oferecendo o acesso adequado

aos deficientes físicos (cadeirantes).

Entretanto, ficou evidente que essa escola precisa melhorar em algumas questões

cruciais, que são os serviços de apoio de acordo com as necessidades de cada estudante,

ou seja, de orientações e suporte das associações de assistência de médicos,

fonoaudiólogos, professor de libras, enfim, profissionais de apoio.

Afinal, na educação inclusiva não se espera que a pessoa com deficiência se

adapte a escola, mas que esta se transforme de forma a possibilitar a inserção desse aluno

especial. E para isso acontecer é preciso despertar a consciência e a dedicação de todos

os envolvidos nessa questão, sem preconceitos, sem distinção de raça, classe, gênero ou

características pessoais para que a escola se torne aberta ás diferenças e competente para

trabalhar com todos os educando.

Page 36: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

36

36

BIBLIOGRAFIA

Almeida, A. (1997). As relações entre pares em idade escolar. Um estudo de avaliação da competência social pelo método Qsort.Tese de Doutorado, Universidade do Minho, Portugal. Aranha, M. S. L. F. (1993). A interação social e o desenvolvimento humano. Temas em Psicologia, 3, 19-28. Associação Psiquiátrica Americana (2002). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre: Artes Médicas Baptista, C. R. (2002). Integração e autismo: análise de um percurso integrado. In C. R. Baptista & C. A. Bosa (Orgs). Autismo e educação: reflexões e propostas de intervenção (pp. 127-139). Porto Alegre: Artmed. Baptista, C. R. & Oliveira, A. C. (2002). Lobos e médicos: primórdios na educação dos “diferentes”. In C. R. Baptista & C.A. Bosa (Orgs). Autismo e educação: reflexões e propostas de intervenção (pp. 93-109). Porto Alegre: Artmed. Baptista, C. R., Vasques, C. K., & Rublescki, A. F. (2003). Educação e transtornos globais do desenvolvimento: em busca de possibilidades. Cadernos da APPOA, 114, 31-36. Barbosa, M. C. (2007). Culturas escolares, culturas de infância e culturas familiares: as socializações e a escolarização no entretecer destas culturas. Educação e Sociedade, 28, 1059-1083. Beyer, H. O. (2005). Inclusão e avaliação na escola de alunos com necessidades educacionais especiais. Porto Alegre:Meditação. Bosa, C. A. (2002). Autismo: atuais interpretações para antigas observações. In C. R. Baptista & C. A. Bosa (Orgs). Autismo e educação: reflexões e propostas de intervenção (pp. 21-39).Porto Alegre: Artmed. Bosa, C. A. (2006). Autismo: intervenções psicoeducacionais. Revista Brasileira de Psiquiatria, 28, 47-53. Bosa, C. A. & Callias, M. (2000). Autismo: breve revisão de diferentes abordagens. Psicologia, Reflexão e Crítica, 13, 167 - 177. Cacciari, F. R., Lima, F. T., & Bernardi, M. R. (2005). Ressignificando a prática: um caminho para a inclusão. Construção Psicopedagógica, 13, 13-28. Cairns, R. B. (1986). A contemporary perspective on social development. In P. S. Strain, M. Guralnick, & H. M. Walker (Orgs.), Children´s social behavior. Development, assessment, and modification (pp. 3-47). Orlando: Academic Press. Castro, R. E. F., Melo, M. H. S., & Silvares, E. F. M. (2003). O julgamento de pares de crianças com dificuldades interativas após um modelo ampliado de intervenção. Psicologia: Reflexão e Crítica, 16, 309-318. Chamberlain, B. O. (2002). Isolation or involvement? The social

Page 37: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

37

37

networks of children with Autism included in regular classes. Dissertation Abstracts International, 62 (8-A), 2680. (UMI No.AAI3024149) Charman, T., Howlin, P., Berry, B., & Prince, E. (2004). Measuring developmental progress of children with autism spectrum disorder on school entry using parent report. Autism, 8, 89-100. Corsaro, W. A. (1997). The sociology of childhood. Thousand Oaks, CA: Pine Forge Press. Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. (1996). Habilidades sociais: uma área em desenvolvimento. Psicologia Reflexão e Crítica, 9, 233 -255. Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. (1999). Psicologia das habilidades sociais: terapia e educação. Petrópolis, RJ: Vozes. Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. (2006). Avaliação multimodal de habilidades sociais em crianças: procedimentos, instrumentos e indicadores. In M. Bandeira, Z. A. P. Del Prette, & A. Del Prette (Orgs.), Estudos sobre habilidades sociais e relacionamento interpessoal (pp. 47 - 68). São Paulo: Casa do Psicólogo. Dessen, M. A. & Aranha, M. S. L. F. (1994). Padrões de interação social nos contextos familiar e escolar: análise e reflexões sob a perspectiva do desenvolvimento. Temas em Psicologia, 3, 73 - 90. Dubar, C. (1999). La socialisation: Construction des identités sociales et professionnelle. Paris: A. Colin. Farrington, D. P., Gallagher, B., Morley, L. St., Ledger, R. J., & West, D. J. (1986). Unemployment, school leaving, and crime. British Journal of Criminology, 26, 335-356. Gadia, C.; Tuchman, R., & Rotta, N. (2004). Autismo e doenças invasivas do desenvolvimento. Jornal de Pediatria, 80, 583 - 594. Gena, A. (2006). The effects of prompting and social reinforcement on establishing social interactions with peers during the inclusion of four children with autism in preschool. International Journal of Psychology, 41(6), 541-554. Goldberg, K. (2002). A percepção do professor acerca do seu trabalho com crianças portadoras de autismo e síndrome de Down: um estudo comparativo. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Goldberg, K., Pinheiro, L. R. S., & Bosa, C. A. (2005). A opção do professor pela área de educação especial e sua visão acerca de um trabalho inclusivo. Perspectiva, 107, 59 - 68. Gronlund, N. E. & Holmlund, W. S. (1958). The value of elementary school sociometric status scores for predicting pupil’s adjustment in high school. Educational Administration and Supervision, 44, 225-260.

Page 38: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

38

38 Gupta, A. & State, M. (2006). Autismo: genética. Revista Brasileira de Psiquiatria, 28, 29-38. Hartup, W. W. (1983). Peer relations. In P. H. Mussen & J. Carmichael (Orgs.), Handbook of child psychology: Vol.4. Socialization, personality, and social development. (pp.103-196). New York: John Wiley and Sons. Hartup, W. W. (1989). Social relationships and their developmental significance. American Psychologist, 44, 120-126. Hartup, W. W. (1992). Friendships and their developmental significance. In H. McGurk (Org.), Childhood social development (pp. 175-205). Gove: Erlbaum. Hartup, W. W. (1996). The company they keep: Friendships and their developmental significance. Child Development, 67, 1-13. Jordan, R. (2005). Managing Autism and Asperger’s syndrome in current educational provision. Pediatric Rehabilittion, 8, 104 – 112. Kanner, L. (1943). Affective disturbances of affective contact. The Nervous Child, 2, 217 - 250.Karagiannis, A. Stainback, S., & Stainback, W. (1999). Fundamentos do ensino inclusivo. In S. Stainback & W. Stainback (Orgs.), Inclusão - Um guia para educadores (M. Lopes, Trad., pp. 21-34). Porto Alegre: Artmed. Klin, A. (2006). Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Revista Brasileira de Psiquiatria, 28, 3 - 11. Kok, A. J., Kong, T. Y., & Bernard-Opitz, V. (2002). A comparison of the effects of structured play and facilitated play approaches on preschoolers with autism: a case study. Autism, 6, 181- 196. Kristen, R., Brandt, C., & Connie, K. (2003). General education teachers’ relationships with included students with Autism. Journal of Autism and developmental disorders, 33, 123-130. Lampreia, C. (2007). A perspectiva desenvolvimentista para a intervenção precoce no autismo. Estudos de Psicologia, 24(1), 105-114. Li, M. M. L. (2002). Factors leading to success in full inclusion placements for students with Autism. Dissertation Abstracts International, 63 (5-B) 2591. (UMI No. AAI3052995) Lira, S. M. de (2004). Escolarização de alunos com transtorno autista: histórias de sala de aula. Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Lord, C. & Magil, J. (1989). Methodological end theoretical issues in studying peer-directed behavior and Autism. In G. Dawson (Org.), Autism: Nature, diagnosis & treatment. (p. 327-345). New York: Guilford. Lordelo, E. R. & Carvalho, A. M. A. (1998). Creche como contexto

Page 39: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

39

39 de desenvolvimento: parcerias adulto-criança e criança-criança. Temas de Psicologia, Ribeirão Preto, 6, 117-128. Mantoan, M. T. E. (1998). Integração x Inclusão – Educação para todos. Pátio, 5, 48 - 51. Mead, G. H. (1972). Mind, self and society: From the standpoint of a social behaviorist. Chicago: University of Chicago (Trabalho original publicado em 1934). Moura, M. A. S. (1993). A interação social e solução de problemas por crianças: questões metodológicas, resultados empíricos e implicações educacionais. Temas em Psicologia, 3, 39 - 47. Ochs, E., Kremer-Sadlik, T., Solomon, O., & Sirota, K. G. (2001). Inclusion as social practice: Views of children with Autism. Social Development. 10, 399 - 419. Oliveira, A. C. (2002). O autismo e as “crianças-selvagens”: da prática da exposição às possibilidades educativas. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Oliveira, Z. M. R. & Rossetti-Ferreira, M. C. (1993). O valor da interação criança-criança em creches no desenvolvimento infantil. Cadernos de Pesquisa, 87, 62-70. Olwes, D. (1980). Familial and temperamental determinants of aggression behavior in adolescents - A causal analysis. Developmental Psychology, 16, 644 - 660. Owen-DeSchryver, J. S., Carr, E. G., Cale, S. I., & Blakeley- Smith, A. (2008).Promoting social interactions between students with autism spectrum disorders and their peers in inclusive school settings. Focus on Autism and Other Developmental Disabilities, 23(1), 15-28. Parker, J. G. & Asher, S. R. (1987). Peer relationships and later personal adjustment: Are low-accepted children at risk? Psychological Bulletin, 102, 357 - 389. Pedrosa, M. & Carvalho, A. M. A. (2005). Análise qualitativa de episódios de interação: uma reflexão sobre procedimentos e formas de uso. Psicologia Reflexão e Crítica, 18, 431 - 442. Pepler, D. J. & Craig, W. M. (1998). Assessing children’s peer relationsships. Child Psychology & Psychiatry Review, 3, 176 - 182. Rotheram-Fuller, E. J. (2006). Age-related changes in the social inclusion of children with autism in general education classrooms. Dissertation Abstracts International, 66 (7-A), 2493. (UMI No. AAI3181739) Rublescki, A. F. (2004). A caminho da escola... Um estudo sobre a educação integrada de crianças com autismo e psicose infantil. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sant’Ana, I. M. (2005). Educação inclusiva: concepções de professores

Page 40: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

40

40

e diretores. Psicologia em Estudo, 10, 227 - 234. Sassaki, R. K. (1998). Integração e inclusão: do que estamos falando? Temas sobre desenvolvimento, 39, 45 - 47. Serra, D. C. G. (2004). A inclusão de uma criança com autismo na escola regular: desafios e processos. Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Shaffer, H. R. (1996). Social development. Cambridge: Blackwell Publisher. Tezzari, M. & Baptista, C. R. (2002). Vamos brincar de Giovani? A integração escolar e o desafio da psicose. In C. R. Baptista & C. A. Bosa (Orgs.), Autismo e educação: reflexões e proposta de intervenção (pp.145-156). Porto Alegre: ArtMed. Volkmar, F., Lord, C., Bailey, A., Schultz, R. & Klin, A. (2004). Autism and pervasive developmental disorders. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 45, 135 - 170. Waters, E. & Sroufe, L. A. (1983). Social competence as a developmental construct. Developmental Review, 3, 79 - 97. Yang, N. K., 1-Iuang, T., Schaller, J. L., & Tsai, M. H. W. S. (2003). Enhancing appropriate social behaviors for children with autism in general education classrooms: An analysis of Yang, T. R., Wolfberg, P. J., Wu, S. C., & Hwu, P. Y. (2003). Supporting children on the autism spectrum in peer play at home and school: Piloting the integrated play groups model in Taiwan. Autism, 7, 437 – 453. Zercher, C., Hunt, P., Schuler, A., & Webmaster, J. (2001). Increasing joint attention, play and language trough peer supported play. Autism, 5, 374-398. Zilmer P. (2003). Reflexões sobre a prática: Escola ou clínica? In M. S. Charczuk & M. N. Folberg (Orgs.), Crianças psicóticas e autistas: a construção de uma escola (pp. 27-38). Porto Alegre: Mediação.

Page 41: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

41

41

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO _________________________________________________01 à 02 AGRADECIMENTOS ________________________________________________03 DEDICATÓRIA_____________________________________________________04 RESUMO__________________________________________________________05 METODOLOGIA____________________________________________________06 SUMÁRIO_________________________________________________________07 INTRODUÇÃO_____________________________________________________08 à 09

CAPÍTULO I

• AUTISMO E INCLUSÃO ESCOLAR ______________________________10 à 17

CAPÍTULO II

• COMO A INCLUSÃO SOCIAL PODE AJUDAR UM ALUNO AUTISTA.__18 à 25

CAPÍTULO III

• QUAL A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA PARA A INCLUSÃO DO ALUNO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL? _______________________________________26 à 33

CONCLUSÃO _____________________________________________________34 à 35 BIBLIOGRAFIA____________________________________________________36 à 40 ÍNDICE __________________________________________________________41

Page 42: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · estrutura educacional do país e não exclusivamente à educação de alunos ... entrevista realizada no estudo de ... autista ,

42