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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA AUTISMO: QUAIS AS DIFERENÇAS E INTERFERÊNCIAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM? Por: Roberta Cury Sadock de Freitas Orientador Prof. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AUTISMO: QUAIS AS DIFERENÇAS E INTERFERÊNCIAS NO

PROCESSO DE APRENDIZAGEM?

Por: Roberta Cury Sadock de Freitas

Orientador

Prof. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2014

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AUTISMO: QUAIS AS DIFERENÇAS E INTERFERÊNCIAS NO

PROCESSO DE APRENDIZAGEM?

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia.

Por: Roberta C. S. F.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que estiveram, e alguma forma, envolvidos no

processo e na realização deste trabalho, minha família, meu amor,

meus amigos e profesores.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus por estar presente em minha vida.

À minha família pelo apoio, incentivo, carinho e amor.

Ao meu amor pela sua paciência e ajuda em diversos momentos na

efetivação deste trabalho.

E à minha orientadora pela atenção e motivação.

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RESUMO A inclusão da criança com autismo em escolas de ensino regular tem sido bastante

discutida no âmbito educacional devido à complexidade das características e dificuldades

apresentadas por elas quando inseridas na escola. Quando tratamos sobre o processo de

inclusão escolar de crianças com autismo, diretamente recaímos sobre o papel do

professor, visto que ele é o principal responsável e mediador da aprendizagem dos alunos.

Desse modo, essa monografia apresenta como problemática: Qual a melhor opção

para facilitar o processo de aprendizagem do autista?

Com base nessa problemática, a presente monografia tem como objetivo analisar

qual o melhor trabalho psicopedagógico para o processo de aprendizagem do autismo.

Palavras-chave: Autismo. Inclusão Escolar, Papel do professor.

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METODOLOGIA

O método utilizado foi através de pesquisa bibliográfica. Desenvolvi o trabalho

em livros, revistas, sites, com o tema do autismo. Os principais autores e teóricos

utilizados para a realização desta pesquisa foram Alves, Chiote e Urbanski. O processo de

produção da monografia foi desenvolvido em casa e na biblioteca da faculdade.

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SUMÁRIO Introdução ........................................................................................................................ 8 Capítulo I - Sobre o Autismo ........................................................................................... 9 Capítulo II - Inclusão Escolar........................................................................................... 19 2.1 - Vantagens e Desvantagens da Inclusão Escolar ...................................................... 25 Capítulo III - Como interferir no processo de aprendizagem?......................................... 31 3.1 - O trabalho psicopedagógico no processo de aprendizagem do autismo......................................................................................................................... 36

Conclusão.......................................................................................................................... 39 Referência Bibliográfica .................................................................................................. 40

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é analisar qual o melhor trabalho psicopedagógico para o

processo de aprendizagem do autismo. Estudar se a inclusão escolar seria o melhor

trabalho psicopedagógico para o autista; identificar vantagens e desvantagens da inclusão

escolar e como interferir no processo de aprendizagem de um autista.

Ele se manifesta de maneira diferente em cada pessoa, e isso cria necessidades

diferentes para cada um. Então, muitos pais não sentem que essas necessidades serão

atendidas por uma escola regular, justamente por acharem que além da escola não estar

preparada para receber seus filhos, eles precisam de uma atenção além daquela que a

escola poderia oferecer. E, ainda existem as alegações de que o filho é tratado de forma

diferente, principalmente pelos outros alunos, sofrendo, muitas vezes, preconceito.

Algumas pessoas acreditam na inclusão escolar como uma das melhores formas de

tratamento de um autista. Mesmo que às vezes a criança autista pode ficar perdida em

relação ao resto da turma; em alguns casos ela demora a processar qualquer informação;

muitas vezes são vítimas de brincadeiras de mal gosto.

O ambiente escolar pode minimizar o isolamento da criança com autismo,

possibilitando a mesma ser estimulada nessa interação com crianças na mesma faixa

etária. Podem-se desenvolver habilidades de competência social, além de adquirir

experiências tendo como modelo criança com o desenvolvimento normal.

Quanto mais cedo à criança autista ter interação com outras crianças, é melhor para

seu desenvolvimento da linguagem, e comunicação. É possível identificar maiores

dificuldades de comunicação nos indivíduos autistas adolescentes e adultos que não

receberam estimulação necessária quando crianças. A inclusão social dessas crianças no

ambiente escolar traz benefícios para sua educação e desenvolvimento das habilidades

cognitivas, sociais e comunicativas.

Porém a inclusão escolar pode não ser a melhor forma para tratamento de um autista

pois em alguns casos com a dificuldade de acompanhamento e processamento se torna

difícil o entendimento. O motivo de brincadeiras indesejáveis na escola se torna ainda

mais difícil. E mesmo tendo a socialização, numa escola especial a socialização se dá da

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mesma forma.

CAPÍTULO I

SOBRE O AUTISMO

O autismo é um transtorno definido por alterações presentes antes dos dois anos de

idade e que se caracteriza por alterações qualitativas na comunicação, na interação social

e no uso da imaginação. É uma disfunção global do desenvolvimento, uma alteração que

afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização e de comportamento .

Para Camargo e Bosa (2008), algumas crianças, apesar de autistas, apresentam

inteligência e fala intactas, outras apresentam sérios problemas no desenvolvimento da

linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a rígidos e restritos

padrões de comportamento. Os diversos modos de manifestação do autismo também são

designados de espectro autista, indicando uma gama de possibilidades dos sintomas do

autismo.

Atualmente o autismo é considerado um distúrbio do desenvolvimento e faz parte de

um grupo de condições denominadas, no seu conjunto, de Distúrbios Abrangentes do

Desenvolvimento ou Trantorno Invasivo do Desenvolvimento

( classificação Internacional das doenças CID.)

Estas condições são assim conceituadas: grupo de transtornos caracterizados por

anormalidades qualitativas em interações sociais recíprocas e em padrões de comunicação

e por um repertório de interesses e atividades restrito, esteriotipado e repetitivo; essas

anormalidades qualitativas são um aspecto invasivo do funcionamento do indivíduo em

todas as situações, embora possam variar em grau; na maioria dos casos, o

desenvolvimento é anormal desde a infância e, com apenas poucas exceções, as

condições se manisfetam nos primeiros cinco anos de vida; é usual, mas não invariável,

haver algum grau de comprometimento cognitivo, mas os transtornos são definidos em

termos de comportamento que é desviado em relação à idade mental.

Quando as crianças autistas crescem, desenvolvem suas habilidades sociais em

extensão variada. Algumas crianças permanecem indiferentes, não compreendo o que se

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passa na vida social .

Muitos se comportam como se as outras pessoas não existissem, não conseguem manter o

contato físico e ocular , mantendo um olhar através de você, não reagem a alguém quando

lhes chamam pelo nome.

Freqüentemente, facialmente, não conseguem demosntrar suas emoções, exceto se

estiverem muito agitados.

Geralmente usam as pessoas como utensílios para obter alguma coisa que queiram.

Permanecem estranhamente distantes e desinteressados no que ocorre ao seu redor,

outros, ainda, são do tipo esquisito, excêntrico, que se aproxima e interagem com as

pessoas de forma inadequada, tocando-as, interrompendo-as e agindo de forma dissonante

do contexto.

Segundo Urbanski (2013), pessoas com esse distúrbio possuem dificuldades

qualitativas na comunicação, interação social, e a imaginação (a chamada tríade), e

consequentemente problemas comportamentais.

Muitas vezes o simples fato de querer ir ao banheiro e não conseguir comunicar a

ninguém pode ocasionar problemas como auto-agressão ou agressão aos outros.

O Conceito Tríade é:

Ø Desvios da comunicação:

Dificuldade em utilizar com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e

não verbal (gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação na

linguagem verbal).

Portanto, dentro da variação na severidade do autismo, poderemos encontrar uma

criança sem linguagem verbal e com dificuldades na comunicação por qualquer outra

via - isto inclui ausência de uso de gestos ou um uso muito precário dos mesmos;

ausência de expressão facial ou expressão facial incompreensível . Como podemos,

encontrar crianças que apresentam linguagem verbal, porém esta é repetitiva e não

comunicativa.

Muitas das crianças que apresentam linguagem verbal repetem simplesmente o

que lhes foi dito. (Conhecido com ecolalia imediata). Outras crianças repetem frases

ouvidas há horas, ou até mesmo dias antes (ecolalia tardia).

É comum que crianças com autismo e inteligência normal repitam frases ouvidas

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anteriormente e de forma perfeitamente adequada ao contexto, embora, geralmente

nestes casos, o tom de voz soe estrando e pedante.

Ø Desvios da sociabilização:

Significa a dificuldade em relacionar-se com os outros, (a incapacidade de

compartilhar sentimentos, gostos e emoções e a dificuldade na discriminação entre

diferentes pessoas).

Muitas vezes a criança que tem autismo aparenta ser muito afetiva, por

aproximar-se das pessoas abraçando-as e mexendo, por exemplo, em seu cabelo ou

mesmo beijando-as quando na verdade ela adota esta postura sem diferenciar

pessoas, lugares ou momentos. Esta aproximação usualmente segue um padrão

repetitivo e não contém nenhum tipo de troca ou compartilhamento.

A dificuldade de sociabilização, que faz com que a pessoa que tem autismo tenha

uma pobre consciência da outra pessoa, é responsável, em muitos casos, pela falta ou

diminuição da capacidade de imitar, que é uns dos pré-requisitos cruciais para o

aprendizado, e também pela dificuldade de se colocar no lugar de outro e de

compreender os fatos a partir da perspectiva do outro

Pesquisas mostraram que mesmo nos primeiros dias de vida um bebê típico

prefere olhar para rostos do que para objetos. Através das informações obtidas pela

observação do rosto dos pais, o bebê aprende e encontra motivação para aprender. Já

o bebê com autismo dirige sua atenção indistintamente para pessoas e para objetos, e

sua falha em perceber pessoas faz com que perca oportunidades de aprendizado,

refletindo em um atraso do desenvolvimento.

Ø Desvios da imaginação:

Se caracteriza por rigidez e inflexibilidade e se estende às várias áreas do

pensamento, linguagem e comportamento da pessoa.

Isto pode ser exemplificado por comportamentos obsessivos e ritualísticos,

compreensão literal da linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em

processos criativos.

Esta dificuldade pode ser percebida por uma forma de brincar desprovida de

criatividade e pela exploração peculiar de objetos e brinquedos. Uma criança que tem

autismo pode passar horas a fio explorando a textura de um brinquedo. Em crianças

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que têm autismo e têm inteligência preservada, pode-se perceber a fixação em

determinados assuntos.

Um dos mitos comuns sobre o autismo é de que pessoas autistas vivem em seu

mundo próprio, interagindo com o ambiente que criam; isto não é verdade. Se, por

exemplo, uma criança autista fica isolada em seu canto observando as outras crianças

brincarem, não é porque ela necessariamente está desinteressada nessas brincadeiras ou

porque vive em seu mundo. Pode ser que essa criança simplesmente tenha dificuldade de

iniciar, manter e terminar adequadamente uma conversa.

Outro mito comum é de que quando se fala em uma pessoa autista geralmente se

pensa em uma pessoa retardada ou que sabe poucas palavras (ou até mesmo que não sabe

alguma). Problemas na inteligência geral ou no desenvolvimento de linguagem, em

alguns casos, pode realmente estar presente, mas nem todos são assim. Às vezes é difícil

definir se uma pessoa tem um déficit intelectivo se ela nunca teve oportunidades de

interagir com outras pessoas ou com o ambiente. Na verdade, alguns indivíduos com

autismo possuem inteligência acima da média.

Urbanski (2013) diz que há diversos mitos e suas verdades em relação ao autismo.

São eles:

O mito: os autistas têm mundo próprio;

A verdade: os autistas têm dificuldades de comunicação, mas mundo próprio de jeito

nenhum.O duro é que se comunicar é dificil para eles, nós não entendemos, acaba nossa

paciência e os conflitos vêm.

Ensiná-los a se comunicar pode ser difícil, mas acaba com estes conflitos.

O mito; Os autistas são super inteligentes;

A verdade: assim como as pessoas normais, os autistas tem variações de inteligência

se comparados um ao outro.è muito comum apresentarem níveis de retardo mental.

O mito: os autistas não gostam de carinho;

A verdade: todos gostam de carinho, com os autistas não é diferente.Acontece que

alguns têm dificuldades com relação a sensação tátil, podem sertir-se sufocados com um

abraço por exemplo.Nestes casos deve-se ir aos poucos, querer um abraço eles querem, a

questão é entender as sensações.Procure avisar antes que vai abraçá-lo, prepare-o

primeiro por assim dizer.Com o tempo esta fase será dispensada.O carinho faz bem para

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eles como faz para nós.

O mito: Os autistas gostam de ficar sozinhos;

A verdade: os autistas gostam de estar com os outros, principalmente se sentir-se

bem com as pessoas, mesmo que não participem, gostam de estar perto dos outros.Podem

as vezes estranhar quando o barulho for excessivo, ou gritar em sinal de satisfação,

quando seus gritos não são compreendidos, muitas vezes pensamos que não estão

gostando.Tente interpretar seus gritos.

O mito: Eles são assim por causa da mãe ou porque não são amados;

A verdade: o autismo é um distúrbio neurológico, pode acontecer em qualquer

família, religião etc. A maior parte das famílias em todo o mundo tendem a mimá-los e

superprotegê-los, são muito amados, a teoria da mãe geladeira foi criada por ignorância,

no início do século passado e já foi por terra pouco tempo depois.é um absurdo sem nexo.

O mito: os autistas não gostam das pessoas;

A verdade: os autistas amam sim, só que nem sempre sabem demonstrar isto.Os

problemas e dificuldades de comunicação deles os impedem de ser tão carinhosos ou

expressivos, mas acredite que mesmo quetinho, no canto deles, eles amam sim, sentem

sim, até mais que os outros.

O mito: os autistas não entendem nada do que está acontecendo;

A verdade: os autistas podem estar entendendo sim, nossa medida de entendimento

se dá pela fala, logo se a pessoa não fala, acreditamos não estar entendendo, mas assim

como qualquer criança que achamos não estar prestando atenção, não estar entendendo,

de repente a criança vem com uma tirada qualquer e vemos que ela não perdeu nada do

que se falou, o autista só tem a desvantagem de não poder falar.Pense bem antes de falar

algo perto deles.

O mito: O certo é interná-lo, afinal numa instituição saberão como cuidá-lo;

A verdade: Toda a criança precisa do amor de sua família, a instituição pode ter

terapeutas, médicos, mas o autista precisa de mais do que isto, precisa de amor, de todo o

amor que uma família pode dar, as terapias fazem parte, uma mãe, um pai ou alguém

levá-lo e trazê-lo também.

O mito: Ele grita, esperneia porque é mal educado;

A verdade: o autista não sabe se comunicar, tem medos, tem dificuldades com o

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novo, prefere a segurança da rotina, então um caminho novo, a saída de um brinquedo

leva-os a tentar uma desesperada comunicação, e usam a que sabem melhor, gritar e

espernear.Nós sabemos que isto não é certo, mas nos irritamos, nos preocupamos com

olhares dos outros, as vezes até ouvimos aqueles que dizem que a criança precisa

apanhar, mas nada disto é necessário.

Esta fase de gritar e espernear passa, é duro, mas passa. Mesmo que pareça que ele não

entenda, diga antes de sair que vai por ali, por aqui etc. e seja firme em suas decisões.Não

ligue para os olhares dos outros, você tem mais o que fazer. Não bata na criança , isto não

ajudará em nada, nem a você e nem a ele. Diga com firmeza que precisa ir embora por

exemplo, e mantenha-se firme por fora, por mais difícil que seja. (ORRÚ 2011).

O método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and related

Communication-handicapped Children), em português significa Tratamento e

Educação para Autistas e Crianças com Déficits relacionados com a Comunicação, é um

programa educacional e clínico com uma prática predominantemente psicopedagógica

criado a partir de um projeto de pesquisa que buscou observar profundamente os

comportamentos das crianças autistas em diversas situações frente a diferentes

estímulos.

De cordo com Urbanski (2013), ele fundamenta-se em pressupostos da teoria

comportamental e da psicolingüística:

Ø Na área da psicolingüística, fundamenta-se nessa teoria a partir da afirmação de que a

imagem visual é geradora de comunicação.

Ø Na Terapia comportamental é imprescindível que o professor manipule o

ambiente do autista de maneira que comportamentos indesejáveis desapareçam ou,

pelo menos, sejam amenizados, e condutas adequadas recebam reforço positivo.

Ø Na terapêutica psicopedagógica, trabalha-se concomitantemente a linguagem

receptiva e a expressiva. São utilizados estímulos visuais (fotos, figuras, cartões),

estímulos corporais (apontar, gestos, movimentos corporais) e estímulos

audiocinestesicovisuais (som, palavra, movimentos associados às fotos) para buscar a

linguagem oral ou uma comunicação alternativa. Por meio de cartões com fotos,

desenhos, símbolos, palavra escrita ou objetos concretos em seqüência (potes, legos

etc.), indicam-se visualmente as atividades que serão desenvolvidas naquele dia na

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escola. Os sistemas de trabalho são programados individualmente e ensinados um a

um pelo professor. As crianças autistas são mais responsivas às situações dirigidas

que às livres e também respondem mais consistentemente aos estímulos visuais que

aos estímulos auditivos.

Quando a criança apresenta plena desenvoltura na realização de uma atividade (conduta

adquirida), esta passa a fazer parte da rotina de forma sistemática.

Ele foi desenvolvido na década de sessenta no Departamento de Psiquiatria da

Faculdade de Medicina na Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos,

representando, na prática, a resposta do governo ao movimento crescente dos pais que

reclamavam da falta de atendimento educacional para as crianças com autismo na

Carolina do Norte e nos Estados Unidos.

Com o tempo, o Teacch foi implantado em salas especiais em um número muito

grande de escolas públicas nos Estados Unidos. Essa implantação se deu com tal

empenho, tanto dos professores quanto do Centro Teacch da Carolina do Norte, que

permitiu que esse método fosse sendo aperfeiçoado por meio do intercâmbio permanente

entre a teoria do Centro e a prática nas salas de aula.

O ponto de partida foi o estabelecimento de uma visão realista dessa criança, a

princípio muito inteligente, mas “fechada em uma redoma de vidro”, isto é,

incomunicável por decisão dela própria. Em 1967, quando Alpern começou a testar as

crianças a partir de expectativas mais baixas, constatou-se que na maioria dos casos que

posteriormente foram identificados como pertencentes ao autismo estavam presentes

dificuldades reais de aprendizagem e de comunicação que precisavam ser levadas em

conta nas salas de aula.

O Teacch se baseia na adaptação do ambiente para facilitar a compreensão da criança

em relação a seu local de trabalho e ao que se espera dela. Por meio da organização do

ambiente e das tarefas de cada aluno, o Teacch visa o desenvolvimento da independência

do aluno de forma que ele precise do professor para o aprendizado de atividades novas,

mas possibilitando-lhe ocupar grande parte de seu tempo de forma independente.

Partindo do ponto de vista de uma compreensão mais aprofundada da criança e das

ferramentas de que o professor dispõe para lhe dar apoio, cada professor pode adaptar as

idéias gerais que lhe serão oferecidas ao espaço de sala de aula e aos recursos disponíveis,

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e até mesmo às características de sua própria personalidade, desde que, é claro,

compreenda e respeite as características próprias de seus alunos.

Para Urbanski (2013), remeter-se ao Teacch como um método, trata-se no mínimo de

um “recorte”, senão a uma idéia de uma série de procedimentos estanques, ligados as

premissas de uma “escola ideo-tecnológica” cujas técnicas sejam aplicáveis para todos os

portadores de distúrbios abrangentes do desenvolvimento, em qualquer lugar do mundo,

independentemente das particularidades do indivíduo em questão, da comunidade e/ou

estrutura cultural envolvida.

A leitura do Teacch como “o método dos cartões” ou como método com “tecnologia

basicamente Skinneriana” se assemelha muito as leituras das propostas Montessorianas e

outras, onde o recorte se torna tão limítrofe que se reduz à dimensão física (os materiais),

à reprodução de técnicas ou à regras gerais semelhantes a receitas de bolo, esvaziando e

neutralizando desta forma, componentes indescartáveis de seu conteúdo, ou seja sobre

que bases filosóficas e científicas se assenta qualquer proposta : porque, para quê ,para

quem e de que forma(s).

Diante de tantas questões aparentemente muito simples, mas cuja natureza

controversa exige um pouco mais de aprofundamento e reflexão do que uma mera

descrição de técnicas, este trabalho pretende delinear a partir das formulações teóricas

publicadas pelo Teacch nos seus quase 36 anos de existência, a evolução de sua proposta

de atendimento, situando-o em um contexto histórico e cultural , salientando seu

componente político e as premissas teóricas sobre as quais esta se desenvolve, suas

decorrências em termos pragmáticos, assim como suas perspectivas futuras,

possibilidades e implicações de sua transferência fora de seu contexto.

Acredita-se que um ambiente estruturado para uma criança autista, crie uma forte

base para o aprendizado. Embora o Teacch não foque especificamente nas habilidades

sociais e comunicativas tanto quanto outras terapias, ele pode ser usado junto com essas

terapias para torná-las mais efetivas. (URBANSKI, 2013).

O número exato de crianças com autismo é desconhecido. Um relatório publicado

pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA sugere que o autismo

e seus distúrbios relacionados são muito mais comuns do que se imaginava. Não está

claro se isso se deve a um aumento na taxa da doença ou à maior capacidade de

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diagnóstico do problema.

O autismo afeta 3 a 4 vezes mais meninos do que meninas. Renda familiar, educação

e estilo de vida parecem não influenciar no risco de autismo.

Alguns médicos acreditam que a maior incidência de autismo se deve a novas

definições do transtorno. O termo "autismo" agora inclui um espectro mais amplo de

crianças. Por exemplo, hoje em dia, uma criança diagnosticada com autismo altamente

funcional poderia ser simplesmente considerada estranha há 30 anos.

Outros transtornos de desenvolvimento pervasivo incluem:

Ø Síndrome de Asperger (como o autismo, mas com desenvolvimento normal da

linguagem).

Ø Síndrome de Rett (muito diferente do autismo e só ocorre no sexo feminino).

Ø Transtorno desintegrativo da infância (doença rara em que uma criança adquire as

habilidades e depois esquece tudo antes dos 10 anos de idade).

Ø Transtorno de desenvolvimento pervasivo - não especificado (TPD-NE), também

chamado de autismo atípico.

Ø Todas as crianças devem fazer exames de desenvolvimento de rotina com o pediatra.

Podem ser necessários mais testes se o médico ou os pais estiverem preocupados.

Para autismo, isso deve ser feito principalmente se uma criança não atingir os

seguintes marcos de linguagem:

Ø Balbuciar aos 12 meses.

Ø Gesticular (apontar, dar tchau) aos 12 meses.

Ø Dizer palavras soltas antes aos 16 meses.

Ø Dizer frases espontâneas de duas palavras aos 24 meses (não só repetir).

Ø Perder qualquer habilidade social ou de linguagem em qualquer idade.

Essas crianças poderão fazer uma avaliação auditiva, teste de chumbo no sangue e

teste de triagem para autismo (como a lista de verificação de autismo em crianças ou o

questionário para triagem de autismo).

Uma avaliação de autismo normalmente inclui um exame físico e neurológico

completo. Pode incluir também alguma ferramenta de exame específica, como:

Ø Entrevista diagnóstica para autismo revisada (ADIR)

Ø Programa de observação diagnóstica do autismo (ADOS)

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Ø Escala de classificação do autismo em crianças (CARS)

Ø Escala de classificação do autismo de Gilliam

Ø Teste de triagem para transtornos invasivos do desenvolvimento.

As crianças com autismo ou suspeita de autismo normalmente passarão por testes

genéticos (em busca de anomalias nos cromossomos).

O autismo inclui um amplo espectro de sintomas. Portanto, uma avaliação única e

rápida não pode indicar as reais habilidades da criança. O ideal é que uma equipe de

diferentes especialistas a avalie a criança com suspeita de autismo. Eles podem avaliar:

Ø Comunicação

Ø Linguagem

Ø Habilidades motoras

Ø Fala

Ø Êxito escolar

Ø Habilidades de pensamento

Às vezes, as pessoas relutam em fazer o diagnóstico porque se preocupam em rotular

a criança. No entanto, sem o diagnóstico, a criança pode não receber os tratamentos e os

serviços necessários.

Para resumir: o autismo é uma disfunção orgânica e não um problema provocado

pelos pais. É uma síndrome comportamental com etiologias múltiplas; é um distúrbio de

desenvolvimento, permanente e severamente incapacitante, ou seja, até o presente

momento, não é comprovada cientificamente a cura do autismo; os pais não devem ouvir

apenas uma opinião profisisonal para tirar suas conclusões sobre o diagnóstico da

síndrome. O diagnóstico do autismo não é simples. É necessário que a criança seja levada

o quanto antes, a um profissional competente que conheça profundamente a síndrome do

autismo; o autismo pode vir associado a outras patologias e/ou às condições clínicas;

durante os três primeiros anos de vida, as condutas funcionais normais são, no autista,

progressivamente desestruturadas e/ou perdidas, ou mesmo nunca chegam a se

desenvolver.

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CAPÍTULO II

INCLUSÃO ESCOLAR

O ambiente escolar deve ser planejado e estruturado, pois é por meio deste método

que o desenvolvimento infantil será promovido e terá um papel decisivo no futuro do

indivíduo.

Quanto mais cedo à criança autista ter interação com outras crianças, é melhor para

seu desenvolvimento da linguagem, e comunicação. É possível identificar maiores

dificuldades de comunicação nos indivíduos autistas adolescentes e adultos que não

receberam estimulação necessária quando crianças. A inclusão social dessas crianças no

ambiente escolar traz benefícios para sua educação e desenvolvimento das habilidades

cognitivas, sociais e comunicativas.

Segundo Camargo e Bosa (2008), a escola é o primeiro lugar de interação social

da criança autista longe de seus familiares, encontrando dificuldades em se adaptar às

regras sociais e efetuar tarefa.

Desse modo, a convivência compartilhada da criança com autismo na escola, a

partir da sua inclusão no ensino comum, possibilita os contatos sociais e favorece não só

o seu desenvolvimento, mas o das outras crianças, que aprendem a lidar com as

diferenças.

Mas a realidade de grande parte das escolas é da falta de recursos pedagógicos,

orientações e capacitação dos professores para acolher crianças com o transtorno global

do desenvolvimento. Por isso, o ambiente escolar deve ser preparado de modo a receber

essas crianças de maneira positiva, tanto por parte da escola, dos professores e dos

alunos, para que sua interação social na escola seja benéfica.

Refletir sobre os fundamentos da educação inclusiva significa analisar o que está na

base e mesmo que não tenhamos consciência, que não tenhamos obrigação de trabalhar

em sala de aula, está presente e de alguma forma regula no trabalho. É fundamental

refletir sobre isso, procurar saber e tomar uma posição sobre o que pode estar definindo

as características do trabalho.

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Klein (2010) nos diz que a Educação Inclusiva é um campo que se encontra no

mercado por imperativos que devem ser analisados sob várias perspectivas, pois sua

proposta inovadora pressupõe um remanejamento e uma reestruturação radicais na

dinâmica da escola. Devido a esta complexidade, a abordagem das questões educativas

em geral, e da educação inclusiva, em particular, exige o concurso de diferentes

disciplinas, para que estratégias de distintos campos de saber possam ser utilizadas no

sentido de esclarecer e orientar educadores diante do imenso desafio de adotar uma

prática pedagógica que privilegie a diversidade na escola.

Segundo Alves (2012, p. 19)

Para que possamos incluir, devemos respeitar e querer desenvolver o indivíduo em todos os aspectos dentro do processo de aprendizagem. Deve haver a inclusão social, respeitando a criança portadora de necessidades especiais, possibilitando-a da convivência com os indivíduos ditos normais, por meio de trocas, dando-lhes assim condições necessárias para aprendizagem e o ajustamento social.

Na escola inclusiva o processo educativo é entendido como um processo social, onde

todas as crianças portadoras de necessidades especiais e de distúrbios de aprendizagerm

têm o direito à escolarização o mais próximo possível do normal. O alvo a ser alcançado

é a integração da criança portadora de deficiência na comunidade.

Ela é uma escola líder em relação às demais. Ela se apresenta como a vanguarda do

processo educacional. O seu objetivo maior é fazer com que a escola atue através de

todos os seus escalões para possibilitar a integração das crianças que dela fazem parte.

Há em relação às escolas inclusivas altas expectativas de desempenho por parte de

todas as crianças envolvidas. O objetivo é fazer com que as crianças atinjam o seu

potencial máximo. O processo deverá ser dosado às necessidades de cada criança.

Há também um privilegiamento das relações sociais entre todos os participantes da

escola, tendo em vista a criação de uma rede de auto-ajuda.

A escola inclusiva muda os papéis tradicionais dos professores e da equipe técnica da

escola. Os professores tornam-se mais próximos dos alunos, na captação das suas maiores

dificuldades. O suporte aos professores da classe comum é essencial, para o bom

andamento do processo de ensino-aprendizagem. Gradativamente a escola inclusiva irá

criando uma rede de suporte para superação das suas maiores dificuldades. A escola

inclusiva é uma escola integrada à sua comunidade. Os pais são os parceiros essenciais no

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processo de inclusão da criança na escola. Os ambientes educacionais tem que visar o

processo de ensino-aprendizagem do aluno. As modificações na escola deverão ser

introduzidas a partir das discussões com a equipe técnica, os alunos , pais e professores.

Os critérios de avaliação antigos deverão ser mudados para atender às necessidades dos

alunos autistas.

Segundo Urbanski (2013), os participantes da escola inclusiva deverão procurar dar

continuidade aos seus estudos, aprofundando-os. O estabelecimento dos suportes técnicos

deverão ser privilegiados os seguintes aspectos na montagem de uma política educacional

de implantação da chamada escola inclusiva:

Ø Desenvolvimento de políticas distritais de suporte às escolas inclusivas;

Ø Assegurar que a equipe técnica que se dedica ao projeto tenha condições adequadas

de trabalho;

Ø Monitorar constantemente o projeto dando suporte técnico aos participantes, pessoal

da escola e público em geral;

Ø Assistir as escolas para a obtenção dos recursos necessários à implementação do

projeto;

Ø Aconselhar aos membros da equipe a desenvolver novos papéis para si mesmos e os

demais profissionais no sentido de ampliar o escopo da educação inclusiva;

Ø Auxiliar a criar novas formas de estruturar o processo de ensino-aprendizagem mais

direcionado às necessidades dos alunos;

Ø Oferecer oportunidades de desenvolvimento aos membros participantes do projeto

através de grupos de estudos, cursos, etc.;

Ø Fornecer aos professores de classe comum informações apropriadas a respeito das

dificuldades da criança, dos seus processos de aprendizagem, do seu

desenvolvimento social e individual;

Ø Fazer com que os professores entendam a necessidade de ir além dos limites que as

crianças se colocam, no sentido de levá-las a alcançar o máximo da sua

potencialidade;

Ø Em escolas onde os profissionais tem atuado de forma irresponsável, propiciar

formas mais adequadas de trabalho. Algumas delas podem levar à punição dos

procedimentos injustos;

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Ø Propiciar aos professores novas alternativas no sentido de implementar formas mais

adequadas de trabalho.

O princípio da normalização diz respeito a uma colocação seletiva do indivíduo

portador de necessidade especial na classe comum. Neste caso, o professor de classe

comum não recebe um suporte do professor da área de educação especial. Os estudantes

do processo de normalização precisam demonstrar que são capazes de permanecer na

classe comum.

O processo de inclusão se refere a um processo educacional que visa extender ao

máximo a capacidade da criança portadora de deficiência na escola e na classe regular.

Envolve fornecer o suporte de serviços da área de Educação Especial através dos seus

profissionais. A inclusão é um processo constante que precisa ser continuamente revisto.

Para Alves (2012), a inclusão é muito mais do que simples trocas de espaços; é muito

mais do que dizer que a educação especial é um sistema segregador e a escola regular é o

local mais adequado para onde todos deverão ir, sem exceção. Inclusão supõe

mudanças/transformações, e quando falamos em mudanças, não nos referimos

essencialmente à mudança de sistema de ensino, e sim, a movimentos mais profundos.

Assim, movimentos que repercutam nas questões subjetivas dos professores, suas crenças

e valores, seus ideais e suas concepções sobre “como” e “para quem” ensinar.

É preciso reconstruir com os professores da possível escola inclusiva o significado de

alguns rótulos como deficiência, incapacidade, retardo e tantos outros que fazem parte da

história, buscando desvincular a deficiência, da capacidade da pessoa de fazer ser – ser

pessoa, ser capaz, ser feliz – além de suas dificuldades, pois estas não são o próprio

sujeito, mas, representam somente uma parcela de sua constituição humana.

Inclusão como se pode ver, não é simplesmente um fato, é um processo. Como todo

o processo tem suas etapas e deve ser avaliado em todas elas, com responsabilidade e

com olhos críticos, para a qualificação do mesmo.

Todos os indivíduos têm direito a uma educação de qualidade, este é um preceito

sobre o qual não recaem dúvidas. A questão é: como construir a escola inclusiva

oferecendo uma educação de qualidade sem que o professor ‘faça de conta que ensina

enquanto o aluno faz de conta que aprende?.

Para que a aprendizagem seja construída pelos alunos com necessidades educacionais

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especiais no processo de inclusão dos mesmos no ensino regular, a reestruturação da

escola enquanto instituição é imprescindível.

Para falar sobre inclusão escolar é preciso repensar o sentido que se está atribuindo à

educação, além de atualizar nossas concepções e resignificar o processo de construção de

todo o indivíduo, compreendendo a complexidade e amplitude que envolve essa temática.

Também se faz necessário, uma mudança de paradigma dos sistemas educacionais

onde se centra mais no aprendiz, levando em conta suas potencialidades e não apenas as

disciplinas e resultados quantitativos, favorecendo uma pequena parcela dos alunos.

A idéia de uma sociedade inclusiva se fundamenta numa filosofia que reconhece e

valoriza a diversidade, como característica inerente à constituição de qualquer sociedade.

Partindo desse principio e tendo como horizonte o cenário ético dos Direitos Humanos,

sinaliza a necessidade de se garantir o acesso e a participação de todos, a todas as

oportunidades, independentemente das peculiaridades de cada individuo.

O paradigma da inclusão vem ao longo dos anos, buscando a não exclusão escolar e

propondo ações que garantam o acesso e permanência do aluno com deficiência no

ensino regular. No entanto, o paradigma da segregação é forte e enraizado nas escolas e

com todas as dificuldades e desafios a enfrentar, acabam por reforçar o desejo de

mantê-los em espaços especializados.

Contudo a inclusão coloca inúmeros questionamentos aos professores e técnicos que

atuam nessa área. Por isso é necessário avaliar a realidade e as controvertidas posições e

opiniões sobre o termo.

Outro aspecto a ser considerado é o papel do professor, pois é difícil repensar sobre o

que estamos habituados a fazer, além do mais a escola está estruturada para trabalhar com

a homogeneidade e nunca com a diversidade.

A tendência é focar as deficiências dos nossos sistemas educacionais no

desenvolvimento pleno da pessoa, onde se fala em fracasso escolar, no déficit de atenção

na hiperatividade e nas deficiências onde o problema fica centrado na incompetência do

aluno. Isso é cultura na escola, onde não se pensa como está se dando esse processo

ensino-aprendizagem e qual o papel do professor no referido processo. Temos que refletir

sobre a educação em geral para pensarmos em inclusão da pessoa com deficiência.

Há também que se lembrar que todos os alunos vêm com conhecimentos de realidade

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que não pode ser desconsiderado, pois faz parte de sua história de vida, exigindo uma

forma diferenciada no sistema de aprendizagem.

Mas temos que pensar que para que a inclusão se efetue, não basta estar garantido na

legislação, mas demanda modificações profundas e importantes no sistema de ensino.

De acordo com Chiote (2013), a inclusão depende de mudança de valores da

sociedade e a vivência de um novo paradigma que não se faz com simples recomendações

técnicas, como se fossem receitas de bolo, mas com reflexões dos professores, direções,

pais, alunos e comunidade. Contudo essa questão não é tão simples, pois, devemos levar

em conta as diferenças. Como colocar no mesmo espaço demandas tão diferentes e

específicas se muitas vezes, nem a escola especial consegue dar conta desse atendimento

de forma adequada, já que lá também temos demandas diferentes?

Temos que diferenciar a integração da inclusão, na qual na primeira, tudo depende do

aluno e ele é que tem que se adaptar buscando alternativas para se integrar, ao passo que

na inclusão, o social deverá modificar-se e preparar-se para receber o aluno com

deficiência. (CHIOTE, 2013)

A inclusão também passa por mudanças na constituição psíquica do homem, para o

entendimento do que é a diversidade humana. Também é necessário considerar a forma

como nossa sociedade está organizada, onde o acesso aos serviços é sempre dificultado

pelos mais variados motivos.

Jamais haverá inclusão se a sociedade se sentir no direito de escolher quais os

deficientes poderão ser incluídos. É preciso que as pessoas falem por si mesmas, pois

sabem do que precisam, de suas expectativas e dificuldades como qualquer cidadão. Mas

não basta ouvi-los, é necessário propor e desenvolver ações que venham modificar e

orientar as formas de se pensar na própria inclusão.

Portanto a inclusão é: atender aos estudantes portadores de necessidades especiais na

vizinhanças da sua residência; propiciar a ampliação do acesso destes alunos às classes

comuns; propiciar aos professores da classe comum um suporte técnico; perceber que as

crianças podem aprender juntas, embora tendo objetivos e processos diferentes; levar os

professores a estabelecer formas criativas de atuação com as crianças portadoras de

deficiência; propiciar um atendimento integrado ao professor de classe comum. Ela não é:

levar crianças às classes comuns sem o acompanhamento do professor especializado;

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ignorar as necessidades específicas da criança; fazer as crianças seguirem um processo

único de desenvolvimento, ao mesmo tempo e para todas as idades; extinguir o

atendimento de educação especial antes do tempo; esperar que os professores de classe

regular ensinem as crianças portadoras de necessidades especiais sem um suporte técnico.

2.1 - VANTAGENS E DESVANTAGES DA INCLUSÃO ESCOLAR

Há, pelo menos, dois modos de organizarmos a vida e o trabalho na escola: pela

classe ou pelo gênero. Um modo não exclui o outro: coordenam-se, ora como meio, ora

como fim. O que define a exclusão é como os articulamos e como negamos um ou outro.

Na Educação Inclusiva, propõe-se uma forma de articulação entre eles diferente daquela à

qual estamos acostumados.

Há, agora, dispositivos legais favoráveis à inclusão, ou seja, aos relacionamentos pela

lógica do gênero e não mais preferencialmente pela lógica da classe; relacionamentos em

um contexto de integração, de presença de uma coisa em relação à outra. Analisando os

aspectos positivos da inclusão; mas, também, seu lado perverso e negativo que já pode ser

observado. Os aspectos positivos da classe, da forma de organizar a vida por classes. Os

aspectos negativos que chegamos a sofrer na própria pele ou, então, na pele dos filhos,

dos pais, dos amigos, ou de quem quer que tenha alguém próximo e excluído na

sociedade.

O que é organizar o conhecimento, a vida, pela lógica da classe? Por que isso é

positivo e, também, perverso ou negxativo? Primeiro, a ironia que pode estar contida na

expressão Educação Inclusiva. Considerando como excluídos, além dos portadores de

alguma deficiência, também os pobres, analfabetos, famintos, os que não têm onde morar,

os doentes sem atendimento, então, a maioria de nossa população estaria na categoria dos

excluídos. A minoria “normal” seria de vinte ou trinta por cento. Então, se os excluídos

são a maioria, a Educação Inclusiva é uma proposta tardia de colocar essa maioria junto

aos que têm acesso às boas condições de aprendizagem e de ensino na escola e que

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podem receber uma educação em sua versão ordinária, comum, ou seja, não-especial ou

excepcional.

A inclusão significa a transformação do sistema educacional, de forma a organizar

os recursos necessários para alcançar os objetivos e as metas para uma educação de

qualidade para todos. Compreendida enquanto movimento de transformação, a inclusão é

um processo e se fundamenta em três fatores: o primeiro é a presença do aluno na escola

enquanto sujeito de direito, estar na escola, junto aos demais colegas da sua faixa etária e

na sua comunidade; o segundo é a participação, o relacionamento livre de preconceito e

discriminação, em ambiente acessível para que realmente todos participem das atividades

escolares, com um currículo aberto e flexível; o terceiro fator é a construção de

conhecimentos, que significa o aluno estar na escola, participando, aprendendo e se

desenvolvendo.

A escola inclusiva é uma escola preparada para identificar e eliminar as barreiras que

impedem o acesso dos alunos ao conhecimento, efetivando mudanças que iniciam na

construção do projeto político pedagógico e na gestão para a participação, fatores

determinantes para a consolidação da proposta. Portanto, inclusão é a transformação da

escola a partir de um conjunto de princípios, como a valorização da diversidade como

elemento enriquecedor do desenvolvimento pessoal e social, o desenvolvimento de

currículos amplos que possibilitem a aprendizagem e participação de todos, o respeito as

diferentes formas de aprender, o atendimento às necessidades educacionais dos alunos, a

acessibilidade física e nas comunicações e o trabalho colaborativo na escola.

A escola de qualidade desenvolve um projeto pedagógico centrado no aluno como

estratégia de permanência e sucesso na escola assegurando aprendizagem a todos os

alunos, um projeto que investe na formação dos professores e profissionais da escola e

desenvolve relações de colaboração com a sua comunidade induzindo mudanças positivas

a partir do contexto da própria escola. Dessa forma, a gestão tem papel fundamental na

promoção da educação de qualidade devendo estimular a participação das pessoas para a

construção de uma rede de relações que se desenvolvem na família, no trabalho, nas

escolas, nos movimentos sociais, capazes de sustentar a proposta de escola inclusiva,

aberta para as trocas de conhecimentos e provocando uma mudança coletiva na maneira

de pensar e agir.

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A escola atualmente se depara com novos desafios, entre eles, o de estabelecer

condições mais adequadas para atender a diversidade dos indivíduos que dela participam.

Assumir, compreender e respeitar essa diversidade é requisito necessário para orientar a

transformação de uma sociedade tradicionalmente pautada pela exclusão.

A gestão educacional compreendida como um processo coletivo de planejamento,

organização e desenvolvimento de um projeto político-pedagógico, representa um novo

paradigma na educação, apresenta novas idéias e orientações a partir da compreensão da

rede de relações que se estabelecem no contexto educacional, da complexidade, da

dinamicidade e da ação transformadora da escola. Portanto, o enfoque da gestão

fundamentado no diálogo e participação supera a visão educacional singular e simplista e

passa abranger um conjunto de responsabilidades de ordem pedagógica, da organização e

do financiamento da educação.

A gestão para inclusão compõe uma proposta de sociedade e de educação que não

se limite a oferecer igualdade de oportunidades, mas que efetivamente revele uma

diversidade no interior de seu projeto sócioeducativo e parta do pressuposto que a

heterogeneidade é fundamental na ação educativa. Na escola, as diferenças que

caracterizam a população estão presentes desde a educação infantil, e o convívio com as

diferenças auxilia as crianças e adolescentes a se perceberem como sujeitos que se

diferenciam pelos desejos, idéias e formas de vida.

A valorização e atenção à diversidade na construção da identidade, pressupõem o

reconhecimento do direito do aluno à diferença, como parte do direito à igualdade,

apresentando-se como um projeto de educação e de ações de cidadania voltadas à

inclusão de todos os alunos. Na implantação de propostas com vistas à construção da

educação inclusiva, no que tange às políticas públicas, é preciso considerar que estas não

devem estar restritas a garantia de acesso, mas que as mudanças devem se efetivar em

nível dos processos de gestão, com a estrutura organizacional das escolas, a formação dos

professores e o ambiente escolar voltados para a questão da permanência e qualidade.

A participação, no âmbito da gestão, considera a importância da inclusão das pessoas

nos processos e mecanismos para o compartilhamento das decisões, a resolução de

conflitos e as diversas formas de controle democrático consolidadas pela criação dos

conselhos escolares como forma de garantir a universalização dos direitos e consolidar

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uma nova concepção de educação baseada na construção coletiva para a melhoria da

qualidade.

A ação participativa da comunidade escolar na construção da escola, compreendida

como organização dinâmica e competente, está orientada pelo compromisso com um

conjunto de valores, princípios e objetivos educacionais que respeitam os demais

participantes e aceitam a diversidade de idéias e posicionamentos. È imprescindível para

o sucesso da gestão escolar que se desenvolve de forma participativa, o envolvimento de

todos os que fazem parte do processo educacional, sendo fundamental a colaboração na

definição de objetivos, na resolução de problemas, no planejamento, na construção de

propostas e planos de ação, na tomada de decisões, na implementação e acompanhamento

do projeto educacional com vistas à construção de escolas inclusivas, abertas a

participação e aprendizagem de todos os alunos.

A compreensão sobre as barreiras que existem na sociedade, na escola e no currículo

possibilita uma gestão para a promoção de ambientes educacionais flexíveis e sensíveis às

necessidades de todos os alunos. Esta não é uma tarefa colocada no âmbito da educação

tradicional, tendo em vista que a construção do projeto pedagógico da escola deve focar

as possibilidades dos alunos e não as suas limitações, buscando ultrapassar todas as

barreiras e encontrar novos caminhos educacionais.

A educação inclusiva não representa a mera aceitação dos alunos na escola com

suas diferenças, mas a valorização da diversidade como uma condição humana e coloca

para a educação o desafio de avançar no processo de educação de qualidade para todos,

tendo como pressuposto a escolarização nas escolas da comunidade e a oferta do

atendimento educacional especializado a todos aqueles que dele necessitarem. Uma

concepção, que inverte a lógica da matrícula dos alunos com necessidades educacionais

especiais, majoritariamente nas escolas e classes especiais, a partir da organização das

escolas para inclusão nas classes comuns do ensino regular.

O desafio da educação inclusiva passa então, por uma ressignificação nos processos

de formação inicial de professores, a fim de contemplar os conhecimentos sobre as

necessidades educacionais especiais dos alunos, pela formação continuada de professores

do ensino regular; pela redefinição da política de financiamento da educação especial,

pela organização dos espaços e recursos para o atendimento educacional especializado

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em salas de recursos ou centros especializados, pela informação e participação da família,

pela ampla sensibilização da comunidade e formação de redes de apoio à inclusão.

Para que se faça uma análise das vantagens e desvantagens da inclusão de uma

criança autista, é necessário que alguns parâmetros sejam avaliados. E isto é uma tarefa

bastante difícil ainda, pois a avaliação é um dos grandes desafios para os especialistas que

com elas atuam.

1- As vantagens são:

Ø Aprendem a gostar da diversidade;

Ø Adquirem experiência direta com a variedade das capacidades humanas;

Ø Demonstram crescente responsabilidade e melhor aprendizagem através do trabalho

em grupo, com outros deficientes ou não;

Ø Ficam melhor preparados para a vida adulta em uma sociedade diversificada, pois

entendem que são diferentes, mas não inferiores;

Ø Têm acesso a uma gama bem mais ampla de papéis sociais;

Ø Perdem o medo e o preconceito em relação ao diferente, desenvolvem a cooperação e

a tolerância;

Ø Adquirem grande senso de responsabilidade e melhoram o rendimento escolar;

Ø São melhor preparados para a vida adulta porque desde cedo assimilam que as

pessoas, as famílias e os espaços sociais não são homogêneos e que as diferenças são

enriquecedoras para o ser humano.

As vantagens de um atendimento integrado são:

Ø Pela convivência com alunos de sua faixa etária considerados normais, em ambientes

comuns, as crianças portadoras de deficiências tem mais condições de desenvolver

suas capacidades, e de desfrutar um convívio social mais rico e abrangente, sem

tantos rótulos e estigmas;

Ø A integração na escola regular, ademais, não é benéfica apenas para as crianças

portadoras de deficiência. Ela pode ser percebida como uma "via de mão dupla", pois

as crianças consideradas normais, ao conviver em condições de igualdade com

aquelas que apresentam déficits em alguma área, também serão beneficiadas.

Ø Aprendem que o mundo não é um lugar onde todos são iguais, que tais pessoas,

mesmo "diferentes", merecem respeito, amizade e afeto. Aprendem também que

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existem muitas formas de ajuda-las em suas necessidades, inclusive educacionais.

Crescem, enfim, com uma visão menos preconceituosa dos indivíduos portadores de

deficiência, deixando de lado barreiras psicológicas que só conduzem a sua

estigmatização e segregação.

2- As desvantagens são:

Ø Existe o perigo de que a classe seja classificada pejorativamente (classe de burros,

anormais, etc) tornando dificil um trabalho que necessita, acima de tudo, de um

ambiente de compreensão e estímulo;

Ø Em geral, estas unidades sofrem com um isolamento continuo que começa na propria

escola e continua com pessoas e instituições alheias à mesma;

Ø Para que o trabalho seja realmente eficaz estas unidades necessitam de um apoio

técnico que é imprenscindível (equipes multidisciplinares, departamento de

orientação da própria escola, etc);

Ø O isolamento do professor da unidade impossibilita o reconhecimento do seu

trabalho que muitas vezes passa despercebido no meio escolar que se desempenha. À

falta de gratificação e estímulo, o seu trabalho, em alguns casos, cair na rotina;

Ø Exige, por parte do professor do aluno, uma acomodação de horário (não ministrar

matérias fundamentais durante a ausência dos alunos que assistem a aula de educação

especial);

Ø Requer em todos os aspectos uma grande sincronização entre o professor da equipe

de Ensino Especial e o professor tutor;

Ø Para determinado tipo de alunos (especialmente com problemas de personalidade), a

possível atuação dos professores pode influir de forma negativa na formação do

aluno. (Correia, 2006).

Para dar racionalidade cien´tifica aos procesos sociais de exclusão, a educação

muito se apoiou em medidas psicométricas de inteligência que, por fim, abalaram os

sistemas escolares no que se refere à educabilidade da capacidade intelectual, os

quais ficaram inativos quanto à educação e à reabilitação dessas crianças.

A literatura científica mostra que as práticas educacionais, desenvolvidas até

então, pouco podem contribuir para a inserção da pessoa com deficiência na

sociedade.

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Para as pessoas com autismo, foram criadas instituições especializadas para onde

são encaminhadas, ali ficando segregadas e limitadas às concepções reducionistas de

sua capacidade.

Para Orrú (2011, p.44),

Na maioria das vezes, a criança com autismo convive em uma sala de aula com mais duas ou três crianças com o mesmo perfil. A criança exposta a essa situação não tem referências sociais que a auxiliem a superar suas dificuldades, as quais costumam ser relatadas nos critérios diagnósticos, pois seus colegas manifestam as mesmas características que ela própria apresenta.

CAPÍTULO III

COMO INTERFERIR NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM?

O educador inclusivo tem de ser responsável para garantir ao indivíduo o direito à

educação, não se preocupando apenas com a transmissão de conhecimentos, mas também

com o afeto, o calor humano, e oferecer uma escola e um ensino de qualidade.

É importante se interessar e conhecer os procedimentos pedagógicos atuais para avaliar as

mudanças necessárias de métodos e dos rescursos específicos.

Esse educador tem por objetivo maior o desenvolvimento expressivo-motor,

socioafetivo, cognitivo e linguístico das crianças, por meio da mediação pedagógica. Essa

forma de mediação se caracteriza pela intencionalidade e sistematicidade e necessita de

planejamento das ações, diferenciando-se das mediações cotidianas que são imediatas e

nem sempre intencionais.

De acordo com Chiote (2013, p. 44)

No desenvolvimento e na constituição da criança com autismo é interessamo-nos pelos processos de significação da atividade dessa criança por meio da mediação pedagógica na educação infantil. Nesse contexto, é preciso analisar como as práticas são vivenciadas e significadas para a criança com Autismo, de modo que se possam observar nela, indícios de compartilhamento dos sentidos ali produzidos a partir da forma como ela participa com toda sua singularidade.

Na mediação pedagógica, no contato cotidiano, a imagem da criança com autismo

produzida no discurso social macro, de quem não interage com o outro, deve abrir espaço

para a imagem de uma criança que apresenta especificidades, mas, como toda e qualquer

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criança (e ser humano), necessita do outro para se desenvolver culturalmente de forma

singular e única.

O processo de aprendizagem se dá nas condições concretas de vida dos sujeitos,

partilhado nas relações de ensino, na mediação pedagógica, o modo como o professor

conduz o processo, mediando a participação da criança, pode favorecer ou restringir as

aprendizagens, o que consequentemente impulsiona ou limita o desenvolvimento dessa

criança.

As formas de interação entre o professor e a criança, em uma perspectiva

histórico-cultural, não podem ser desvinculadas da dimensão afetiva que suscits o

pensamento e a ação deles, inserindo-os no universo dos desejos, das necessidades e das

vontades.

Não há como separar os pensamentos e as ações dos sujeitos da base afetivo-volitiva

que os move. Portanto, as ações do professor, mo processo de mediação pedagógica com

a criança, são movidas por interesses, necessidades, desejos e motivações pessoais que

envolvem situações concretas de vida e relação. “Uma compreensão plena e verdadeira

do pensamento de outrem só é possível quando entendemos sua base afetivo-volitiva”.

(VIGOTSKI, 2005)

A escola assume um papel fundamental, em que se destaca a sua função educativa,

que vai muito além da formação acadêmica, pois implica na formação moral, ética,

estética e política. Assim, a escola pode e deve constituir-se num espaço de relações

sociais comprometido com a formação indispensável ao exercício da cidadania.

De acordo com Sassaki (1997), os princípios da educação inclusiva estão

intrinsecamente relacionados com este papel mais formativo e ético da escola, que busca

incentivar a cidadania das crianças: celebração de diferenças, direito de pertencer,

valorização da diversidade humana, solidariedade humanitária, igual importância das

minorias, cidadania com qualidade de vida.

A educação inclusiva, na medida em que promove um ensino respeitoso e com

significado para cada criança, favorece o desenvolvimento da consciência de que todos

são igualmente beneficiários de direitos e deveres e incentiva o debate permanente sobre

causas coletivas. (Sampaio, 2009).

De acordo com Lopez (2011, p. 16)

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Professores, orientadores, supervisores, direção escolar, demais funcionários, famílias e alunos precisam estar conscientes dessa singularidade de todos os estudantes e suas demandas específicas. Esta tomada de consciência pode tornar a escola um espaço onde os processos de ensino e aprendizagem estão disponíveis e ao alcance de todos e onde diferentes conhecimentos e culturas são mediados de formas diversas por todos os integrantes da comunidade escolar, tornando a escola um espaço compreensível e inclusivo.

Diante dessa perspectiva, a inclusão da criança com autismo em sala de aula deve

existir de forma consciente, o conjunto escolar tem que possuir um suporte pedagógico

sólido para incluir o aluno no contexto educacional de forma que todos os envolvidos

assimilem a situação e conhecimento das metodologias a serem trabalhadas visando à

superação de limitações da criança com autismo.

Pode-se dizer que a mediação “é processo de intervenção de um elemento

intermediário numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser mediada por

esse elemento” (OLIVEIRA, 1997, p.26).

Lopez (2011) atribui o papel do professor como o mediador, ela o define como

aquele que no processo de aprendizagem favorece a interpretação do estímulo ambiental,

chamando a atenção para seus aspectos cruciais, atribuindo significado à informação

concebida, possibilitando que a mesma aprendizagem de regras e princípios sejam

aplicados às novas aprendizagens, tornando o estímulo ambiental relevante e

significativo, favorecendo desenvolvimento.

Com relação a sua participação na inclusão da criança com autismo em escolas de

ensino regular, o professor tem um papel determinante, pois é ele quem recepciona e

estabelece o primeiro contato com a criança, seja positivo ou negativo, dessa forma ele é

um grande responsável por efetivar ou não o processo de inclusão, considerando que é

seu dever criar possibilidades de desenvolvimento para todos, adequando sua

metodologia as necessidades diversificadas de cada aluno.

O papel do professor nessa perspectiva é tornar possível a socialização da criança

com autismo na sala de aula e adequar a sua metodologia para atender as necessidades

destes. Em muitas situações, as crianças com autismo ficam às margens do conhecimento

ou não participam das atividades grupais, fato que exige do professor sensibilidade para

incluí-lo ao convívio com o meio, visto que é no processo de socialização que se constitui

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o desenvolvimento e aprendizagem. É importante que o professor detecte as dificuldades

existentes e investigue o nível de desenvolvimento dos mesmos, para que dessa forma ele

saiba quais aspectos devem ser trabalhados com a criança.

Como a vida é, terminantemente, cheia de surpresas e de possibilidades, mesmo que

o educador se mantenha dedicado no aprender através de conhecimentos científicos e por

meio de sua prática reflexiva, momentos de incertezas podem surgir. Porém, são essas

situações que, as vezes, se apresentam meio emaranhadas, que constróem degraus para a

superação de si próprio. Tais momentos devem ser encarados como desafios

encorajadores, determinantes de uma nova busca a respostas não imediatistas, mas

construtivas para a contínua mutabilidade do ser humano.

Encorajar os educadores a se tornarem profissionais reflexivos, proporcionando

liberdade para exprimirem seus sentimentos, suas idéias, expandirem sua criatividade,

tomarem decisões a partir de seu conhecimento e vivência diária com o aluno é

fundamental para um processo de formação reflexiva contínua e de transformação

consistente. O espaço para gerar reflexão é indispensável.

Assim, o educador aprende a refletir na ação a partir do instante em que começa a

fazê-lo. Essa atitude permitir-lhe-á perceber, organizar, transformar e reestruturar suas

ações quer sejam a nível intencional, estratégico ou hipotético. Então, sim, obter-se-á uma

educação diferente, não por imposição ou por modismo, mas apoiada na prática reflexiva

de seus professores.

Para Orrú (2008), idealizar como deve ser a educação no país é diferente de preparar

profissionais para efetuarem seu trabalho dentro de uma realidade fria e diferente do que

foi idealizado. A formação do docente não pode acontecer desvinculada do contexto

sócio-cultural que o contorna, não pode ocorrer de forma fragmentada à realidade

vigente. Caso se dê desta maneira, o docente encontrar-se-á desajustado e inapto para

assumir seu posto de educador, pois sua formação não corresponderá às exigências do

real cotidiano.

Pessoas com autismo manifestam dificuldades para manter relações. O termo

"relações" abrange desde um determinado indivíduo, objeto e, até mesmo, determinados

momentos ou situações em que se encontram inseridas. Para tanto, é importante que o

aluno tenha previsibilidade dos acontecimentos diários. Isto não quer dizer que, por um

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dado motivo, o educador não possa fazer alterações em seu planejamento. Contudo, em

geral, o ser humano sente-se bem quando é respeitado e aprecia o momento em que é

avisado sobre a impossibilidade de realização de um compromisso, anteriormente,

marcado. Semelhante coisa acontece com a pessoa autista.

As resistências dos professores e direções, manifestadas através de questionamentos

e queixas ou até mesmo com expectativas de que se possa apresentar soluções mágicas,

de aplicação imediata causando certa decepção e frustração, pois ela não existe. O

problema se agrava quando vemos o professor totalmente dependente de apoio ou

assessoria de profissional da área da saúde, pois nesse caso a questão clínica se sobressai

e novamente o pedagógico fica esquecido. Com isso o professor se sente desvalorizado e

fora do processo por considerar esse aluno como doente concluindo que não pode fazer

nada por ele, pois ele precisa de tratamento especializado da clínica. Parece que o

professor está esquecendo do seu papel, porém não se considera, o momento do

professor, sua formação, as condições da própria escola em receber esses alunos, que

entram nas escolas e continuam excluídos de todo o processo de ensino-aprendizagem e

social, causando frustração e fracassos, dificultando assim a proposta de inclusão.

Por um lado os professores julgam-se incapazes de dar conta dessa demanda,

despreparados e impotentes frente a essa realidade que é agravada pela falta de material

adequado, de apoio administrativo e recursos financeiros.

Observa-se com freqüência, a dificuldade dos professores, a partir de suas falas

carregadas de preconceitos e estigmas, frustrações e medo: "não sou capaz disso", "não

sei por onde começar", "é preciso ter uma equipe técnica na escola", "a direção não

entende", "vai prejudicar os outros alunos", "não vou beneficiar o aluno com deficiência",

"a criança com deficiência sofre rejeição dos outros alunos", "preciso de assessoramento

em sala de aula, tanto para os com deficiência quanto para os de altas habilidades",

ficamos angustiados e sem ação frente a esse aluno" , "precisamos de pessoal qualificado

que nos ajude a amenizar a angústia que temos ao trabalhar com eles", "o professor

encontra-se perdido quanto à inclusão", "alunos e professores despreparados para

aceitá-los", "imposto pelo MEC as escolas tem que recebê-los", "qual as metodologias

mais rápidas, eficientes e adequadas ao nosso aluno? "," necessitamos treinamento

específico", "não somos preparados para atuar em todas as áreas", "como alfabetizar o

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deficiente? ", " como realizar prova diferente para o aluno especial? ", que atitude tomar

com a criança hiperativa se os outros alunos não aceitam o diferente? ", "o professor

encontra-se perdido diante o aluno portador de necessidades especiais", "como trabalhar

esse aluno na parte psicológica? ", "os professores são despreparados para atender melhor

o aluno especial"...

Deve-se considerar também os conflitos que se estabelecem nas relações- frente às

questões relativas à gratificação no plano salarial e o aumento no trabalho para os

professores do ensino regular.

Aliado a esse contexto escolar, encontra-se a dificuldade do ponto de vista

econômico, principalmente nos pequenos municípios, que analisam o custo -benefício da

acessibilidade, como, adaptar os ônibus, com custo elevado para o número insignificante

de pessoas com deficiência. Por trás disso, sabe-se que tem a idéia, que as pessoas com

deficiência são improdutivas e por isso pouco se investe. Contudo esse posicionamento

dificulta a entrada na escola e no trabalho, acentuando assim a sua condição

desfavorecida em relação a outras pessoas.

3.1 - O TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO AUTISMO

O melhor trabalho psicopedagógico para o processo de aprendizagem do autismo é o

propósito de dar continuidade a investigação a respeito do aluno com autismo e sobre a

prática docente voltada para o objetivo de educá-lo e inseri-lo nas atividades sociais.

De acordo com o Código de Ética da ABPp (Associação Brasileira de

Psicopedagogia), em seu artigo 2º, a Psicopedagogia é interdisciplinar e “utiliza recursos

das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender”

(ABPp, 1996) e, para tal, usa métodos e técnicas próprias. O código prevê ainda, em seu

artigo 3º, que a intervenção psicopedagógica é relacionada com o processo de

aprendizagem, já que, como cita em seu artigo 1º “(...) é um campo de atuação em

Educação e Saúde que lida com o processo de aprendizagem humana (...)”, sendo o seu

trabalho de natureza clínica e institucional, preventivo e/ou remediativo. O trabalho

psicopedagógico, como mostra o Código de Ética da ABPp, tem como um de seus

objetivos o de “promover a aprendizagem, garantindo o bem estar das pessoas em

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atendimento profissional, devendo valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação

interprofissional”, como mostra o artigo 5º.

De acordo com Vitorino (2005), o psicopedagogo é o profissional que auxilia na

identificação e na resolução dos problemas no processo do aprender e está capacitado

para se relacionar com as mais diferentes dificuldades de aprendizagem, que leva um bom

número de alunos a fracassarem na escolar e se evadirem da mesma. O psicopedagogo

detém o conhecimento científico vindo da articulação de varias áreas ligadas ao ato de

aprender, cabendo a ele intervir, “visando a solução dos problemas de aprendizagem e

tendo como foco o aluno ou a organização educadora (escola)”. Vitorino (2005) afirma

ainda que “o psicopedagogo deve ter a consciência de observar o indivíduo como um

todo”, tanto o aspecto sensório-motor, a percepção espacial como também o

desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático, dentre outros aspectos.

O psicopedagogo, para uma boa realização de seu trabalho, deve conviver e se

relacionar bem com especialistas de outras áreas com quem possa vir a trabalhar,

respeitando a sua maneira de pensar e de perceber o mundo, como prega o artigo 6º do

Código. Deverá procurar manter boas relações com profissionais de diferentes categorias,

percebendo quando um caso deve ser encaminhado para esse outro profissional (artigo

7º).

Para melhor atender as crianças com autismo, as principais atitudes que um

psicopedagogo deve ter são:

Ø Falar de forma calma e moderada , sem gritos, eles não aprendem com gritos.

Ø Falar devagar com instruções simples. Indicações são mais facilmente

compreendidas se forem repetidas forma clara, simples e em uma variedade de

maneiras.

Ø Esperar passar não adiante de uma crise, tipo um colapso. Neste caso tem que ser

retirado para lugares calmos e tranqüilos. Importante depois que passar a crise

observar momentos antes, o que foi visto ,imagem, barulhos o que foi alterado na

rotina, que possa ter causado a crise.

Ø Elogiar todo e qualquer ações positiva da criança por menor que seja.

Ø Procurar não fazer mudanças na rotina da criança, eles tem grande dificuldades com

mudança de rotina, tipo: Intervalos de atividades e ambientes desestruturados (como

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almoço, lanche e trocas de sala de aula) podem vir a ser confusos para ele.

Ø Dar comandos com frases curtas pois há dificuldade de aprendizagem com muitas

palavras até por conta da idade.

Ø Trabalhar com seqüência de acontecimentos simples e curtos.

Ø Procurar usar fotos para identificar lugares e coisas e dar instruções, fica mais fácil

para assimilação ou até mesmo cores diferentes para coisas diferentes .

Ø Na escola diante de muitas crianças, local tumultuado, barulhento e com ruídos,

tentar ajudá-lo a encontrar um lugar tranqüilo para que ele possa se confortar.

Ø O professor na sala de aula tem que se posicionar de maneira que ele recebe os seus

estímulos e não do ambiente e procure manter contato visual para verificar se ele está

recebendo suas mensagens.

Ø Fazer com que a criança faça uma pequena caminhada, com um amigo ou auxiliar de

ensino, mas que não faça disso uma regra, pois ele pode incorporar como uma rotina

e não desejar mais permanecer em sala de aula.

A criança pode demorar mais que poucos segundos para responder às perguntas. Ele

precisa interromper o que ele está pensando, se posicionar na questão, formular uma

resposta e depois responder. O professor tem que aguardar pacientemente a resposta e

encorajar outros a fazerem o mesmo. Caso contrário, ele terá que começar tudo de novo.

Quando alguém tentar o ajudar a terminar suas frases ou o interromper, em alguns

casos, ele necessitará voltar ao ponto inicial e começar de novo sua resposta para

restabelecer a sua linha de pensamento.

É uma tarefa difícil, mas não impossível , porém de fundamental importância para

agilizar o processo de confiança e crédito da pessoa dita normal para com o ser especial.

Conseguindo isso, fica mais fácil fazer com que as pessoas que lidam com esses seres

terem mais credibilidade das suas capacidades.

O indivíduo dito normal tem de estar consciente de que a pessoa com necessidades

especiais tem toda a capacidade dentro do seu limite de realizar algma coisa, de vencer

obstáculos, superando os conceitos nesta sociedade.

Quanto aos alunos, pode-se dizer que continuam desafiando dia após dia. Pode-se

aguçar curiosidades sobre os desafios e surpresas que cada um deles proporciona. Cabe

aos educadores, a entrega deles mesmos à paixão de conhecer melhor os alunos. Esta

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paixão que supera as barreiras e abrilhanta os olhos é redimensionada para o sorriso que

atrai os alunos ao profissional docente.

CONCLUSÃO

O propósito do trabalho foi analisar e identificar qual o melhor trabalho

psicopedagógico para o processo de aprendizagem do autismo.

A escola especial tem o propósito de atuar conforme necessidades de cada aluno e

sua deficiência. A criança estará em um ambiente onde todos seus colegas são “iguais” a

ela.

O que tem que prevalecer é o direito de escolha dos pais de onde educar seus filhos.

Em um lugar perfeito, a escola regular seria inclusiva com todos, independente da criança

ter algum tipo de deficiência ou não. Isso porque, somos todos diferentes. Vamos ter

necessidades, dificuldades, facilidades diferentes. E a escola deveria acolher essas

diferenças. É preciso pensar, no caso específico do autismo, qual é a necessidade

particular e a partir disso, procurar o que é melhor para essa necessidade.

Atender as necessidades e diferenças de cada um, independente da criança ser autista

ou não, é dever de toda escola.

É preciso sempre ter em mente de que cada criança é um caso particular, e os pais

são os mais indicados, sempre, para dizer o que é melhor para seus filhos, se é uma escola

regular ou se é uma educação especial.

Cada um tem o seu lugar, só depende de quem pode determinar.

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