documento protegido pela lei de direito autoral · possibilidade de alcançar estágios mais...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O DOWN NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Thalita de Farias Pavão
Orientador
Prof. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O DOWN NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Educação Especial e
Inclusiva.
Por: . Thalita de Farias Pavão
3
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo don da vida e a sabedoria.
Aos professores pela dedicação e
incentivo.
Aos meus pais e meu marido pelo
apoio e em especial minha mãe que
caminhou ao meu lado nesta nova
etapa.
4
DEDICATÓRIA
Dedico a todas as crianças que
necessitam de um olhar diferenciado.
5
RESUMO
Buscar informações sobre a história da educação infantil até os nossos
dias e observar que crianças com necessidades especiais têm hoje as mesmas
condições de crescimento que as demais, faz deste trabalho um conjunto de
informações preciosas. Recolher informações sobre a síndrome de Down e
disponibiliza-las num pequeno conjunto de dados consistentes é sempre muito
importante. Isso favorece um permanente contato com o tema, buscando
soluções (que existem) principalmente no âmbito familiar, célula, essência de
um resultado vitorioso, capaz de evidenciar coisas boas, agradáveis mesmo
em meio a adversidades. O ambiente doméstico tem uma riqueza
incomensurável, e o sentimento de aceitação e amor são a base para uma boa
participação no processo evolutivo. O portador da síndrome de Down tem
possibilidade de alcançar estágios mais avançados de raciocínio e de
desenvolvimento.
O uso de processos educativos que se adaptem às necessidades do
aluno permitirá que a criança com síndrome de Down seja capaz de alcançar
desenvolvimento motor, afetivo, social e cognitivo. Também atividades
terapêuticas promovem atitudes de cooperação, organização, movimentos,
autonomia, compreensão e o uso de materiais diversos e comandos seja
capaz de realizar atividades motoras.
Com o auxilio de profissionais especializados o portador de síndrome de
Down tem condições alcançar um desenvolvimento considerável,
principalmente quando recebe atenção e amor.
6
METODOLOGIA
A pesquisa metodológica deste estudo foi baseada em livros e arquivos
obtidos na internet, para um melhor conhecimento do tema estudado que é:
Educação Especial e Inclusiva, tendo como referências os seguintes teóricos:
Gislene de Campos Oliveira, Fátima Alves, Mirella Guedes Lima de Castro,
Marlinda Gomes Ferrari, entre outros.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - História da Educação Infantil. 10
CAPÍTULO II - Crianças com Down. 21
CAPÍTULO III – O Down na Educação Infantil. 30
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 42
WEBGRAFIA 43
ÍNDICE 44
8
INTRODUÇÃO
O trabalho que deve ser feito com as crianças na Educação Infantil é
muito “delicado” e requer muita dedicação e despojamento.
A Educação Infantil muitas vezes não é reconhecida pelos pais como
uma etapa fundamental da vida acadêmica dos seus filhos. Acreditam que é
apenas uma “fase” e a escola (nesta época) um lugar para deixar seus filhos
antes de irem trabalhar. Quando seus filhos não querem ir a escola, ou os pais
não querem leva-lo, ficam em casa ociosos ou em de atividades pouco
educativas, na casa da avó se distraem,assim como na casa da tia ou de
algum parente.
Diferente do que a família acredita, essa etapa da vida acadêmica do
aluno é fundamental para o restante da sua vida, deve ser trabalhada com
seriedade, competência e “fidelidade”. Uma Educação infantil mal feita, mal
trabalhada pode acarretar dificuldades para as próximas etapas de formação.
Ao ingressar na escola, na Educação Infantil, a criança se depara com
um mundo novo cheio de informações e novos amigos, o que a deixa muitas
vezes “confusa”. Isso pode complicar a sua formação a partir do momento em
que há alguém “diferente”nas atitudes, no jeito de falar... , o que muitas das
vezes passa despercebido, por algum tempo, mas logo desperta, e aí, o que
fazer? Como relacionar-se com essas novas atitudes?
Todas as crianças precisam de atenção, mas essa, especialmente,
precisa de um trabalho de inclusão, neste novo mundo que além de novas
informações e amigos, também tem algo a mais para lhe “oferecer”, o
preconceito. Preconceito vindo muitas das vezes, dos pais de seus amigos e
da própria escola. E neste meio de inclusão entre as crianças, há pais e
9
professores que não sabem como lidar com situações novas, e fazer que as
crianças consigam conviver com a maior naturalidade. Então, o que fazer?
Como ajudar estas crianças especiais em suas dificuldades? Como ajudar
seus pais e amigos a lidar com suas diferenças?
Na verdade as atitudes são suscetíveis de mudanças, podem ser
modificadas a partir de novas informações, novos comportamentos e
situações, novas atitudes de acolhimento e afeto.
As atitudes podem ser mudadas quando descobrimos algo que nos
ajudará de alguma forma. A partir dessa prerrogativa o agente educador
(professor ou familiares) devem observar comportamentos negativos e buscar
a razão, a origem dessa atitude e como pode ser modificada. A constatação
ajudará no estabelecimento de estratégias para compreender esse ou aquele
comportamento da criança.
Na pré-escola a criança tende a manter atitudes que ela entende ser
agradáveis ou que, de alguma forma a coloca em evidência. Informações
positivas levarão a afeto positivo que levarão a uma correção da atitude que
seja favorável. Toda atitude é importante, pois norteiam o comportamento. A
criança portadora da síndrome de Down requer atitudes de afeto que
despertem interesse e necessidades, influenciando no seu interagir com o
grupo. Uma intermediação feita pelos grupos sociais em que está inserido
(família,escola,etc) e esse encontro social provocará o delinear dos papeis
sociais.
10
CAPÍTULO I
HSTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Na antiguidade e medievalidade a educação das crianças era
diferenciada mediante as expectativas dos adultos e aos seus interesses.
No início a educação tinha como centro a família, tanto na antiguidade
como na medievalidade, a família era o primeiro lugar de socialização da
criança.
Observando esses dois períodos antiguidade e medievalidade:
1.1. Em Esparta e em Atenas
Observam-se educações diferentes; enquanto Esparta tinha uma
educação voltada a autoridade e guerra, Atenas tinha uma educação voltada à
vida política e democrática.
Na sociedade espartana as crianças, a partir dos sete anos, ficavam em
poder do estado, pois suas virtudes eram guerreiras.
Todos os meninos eram retirados de suas famílias e direcionados a
escolas ginásios, onde, até os dezesseis anos recebiam uma educação do tipo
militar que defendiam a coragem e a força. Poucos nobres sabiam ler e contar,
pois a instituição, para os Espartanos não focava a leitura e a alfabetização,
tudo se dava em favor da guerra. Os jovens eram proibidos de ter outro
interesse por qualquer assunto que não envolvesse as “virtudes” guerreiras.
Muitas crianças (do sexo masculino) eram “descartadas” no nascimento
por não serem robustos. A partir dos sete anos era dever do estado “cuidar” do
11
menino, até que completasse 20 anos, com isso toda a esfera educacional
dependia da instituição militar que deveria auxiliar na aquisição da força e da
coragem, enquanto que a cultura do ler e escrever, ficava de lado.
Na guerra do Peloponeso, entre Esparta e Atenas, Esparta sai
enfraquecida, porém mesmo derrotada manteve seus costumes e suas ideias,
sendo superada logo depois pela sua nova civilização, baseada no
intercâmbio e na escrita.
1.2. Atenas
Em Atenas a educação era dada no seio da família e nas escolas
particulares. A educação deveria formar as crianças para serem novos
governantes e deixar neles a marca do amor a pátria, aos deuses e as
instituições. De uma cultura voltada para a guerra a educação ateniense
passou para uma cultura escrita, eles foram os primeiros gregos a adotar um
estilo de vida menos rústico e mais letrado, abandonando o seu antigo hábitos
de de andarem armados, por isso percebe-se que a educação foi perdendo
seu caráter militar. Toda sociedade ateniense “lutava” por uma educação
menos rígida, mais humana e alegre.
Desse modo a Paidéia que antes tinha o significado de cuidar das
crianças, agora tem um novo olhar, o olhar das “boas artes”, onde toda criança
deveria aprender. (pode-se chamar de “boas artes” a poesia, a eloquência, a
filosofia, etc.)
Tal método educativo prolonga-se por toda a vida, muito além dos anos
escolares. Com tal pedagogia (humanista) agora o próprio homem se sente
valorizado como ser humano, portador de humanidade universal.
12
1.3. Roma
No início Roma teve como base na educação as doze tábuas, escrito
em bronze e exposto publicamente. Em destaque observa-se o valor das
tradições que compreendem o espírito, os costumes, a disciplina dos pais. Na
tábua a educação era voltada para a dignidade, a coragem, a firmeza com
valores máximos.
Naquela época um político conhecido como Catão coloca a família
como centro do processo, priorizando o pai e sua função de exemplo e guia
familiar, sendo sua função máxima a de formar civis romanos, enquanto que a
mãe deveria tomar conta dos aspectos espirituais e materiais. Era enaltecido
por haver sido bom pai para com seus filhos, bom marido para sua mulher e
bom administrador sabendo governar e fazer aproveitar seus bens. Em suma,
dizia: — "Aquele que bate em sua mulher ou em seu filho, comete um grande
sacrilégio, como quem violaria ou pilharia as coisas mais santas que existem
no mundo"; considerava ser maior elogio a um homem ser bom marido do que
bom senador. O pai era considerado o verdadeiro educador da casa, sendo
assim a educação era dada pela mãe até os sete anos, a partir daí cabia ao
pai a responsabilidade de educar.
A antiguidade mostra que dependia do desejo do pai, toda a vida da
criança. Entretanto houve uma grande mudança nesta educação; mudança
esta que não ocorreu de maneira pacífica, principalmente para os grupos
conservadores que reconheceram, em tais mudanças, ataques à ordem da
sociedade e do estado romano.
Roma recebeu muita influência do mundo grego na religião, cultura e
vida política chegando, à cultura pedagógica romana, a ideia Padéia grega.
A “escola primária” em Roma foi destinada para o ensino da leitura, da
escrita e dos cálculos; ela era oferecida em casas de ricos ou locais alugados.
13
Tal como na Grécia as crianças romanas se faziam acompanhar à
escola pó um escravo, designado Paedagogus (grego) que poderia ascender
ao papel de explicador ou mentor, assumindo a educação moral da criança.
O Paedagogus conduzia a criança à escola onde permanecia até o final
da lição. Como este período era integral, as crianças não tinham tempo para
exercitar-se. A aula terminava com um banho e o ensino era coletivo, para
meninos e meninas.
1.4. Instalações e método
Cabe ao Mestre providenciar as instalações. Os seus alunos ficam
debaixo de um pequeno alpendre protegido por um toldo – pérgula - proximo
de um pórtico ou na varanda de alguma mansão aberta e acessível a todos. As
aulas são portanto essencialmente ministradas ao ar livre, em local isolado dos
barulhos e das curiosidades da rua.
As crianças agrupam-se em torno do Mestre que fica em sua cadeira –
a cathedra - colocada sobre um estrado. Muitas vezes é assistido por um
ajudante, o hypodidascales. Sentadas em escabelos sem encosto, as crianças
escrevem sobre os joelhos. A jornada escolar da criança romana tinha início
muito cedo e durava até ao pôr-do-sol.
Trabalhava-se com as crianças a memória e a imitação; suas escritas
eram feitas em tábuas com estiletes.
Além da leitura, o programa compreende a escrita em duas línguas
(latim e grego) e um pouco de cálculo no qual se inclui a aprendizagem do
ábaco e do complexo sistema romano de pesos e medidas. Para a
aprendizagem do cálculo recorria-se vulgarmente à utilização de pequenas
pedras - calculi - bem como à mímica simbólica dos dedos e palitos.
14
O ensino da música, do canto e da dança, peças chave da educação
grega, tornaram-se objeto de contestação por parte de alguns setores mais
tradicionais, que apelidaram estas formas de arte como impúdicas e malsãs,
toleráveis apenas para fins recreativos.
A mesma reação de oposição surge contra o atletismo, tão essencial à
Paideia. Jamais fazendo parte dos costumes latinos, as competições atléticas
só penetram em Roma por volta do século II a.c., sob a forma de espectáculos,
e sendo a sua prática reservada a profissionais. O Programa educativo romano
privilegia assim uma aprendizagem sobretudo literária, em detrimento da
Ciência, da Educação Musical e do Atletismo.
Porém, é aos romanos que se deve o primeiro sistema de ensino de
que há conhecimento: um organismo centralizado que coordena uma série de
instituições escolares espalhadas por todas as províncias do Império. O
carácter oficial das escolas e a sua estrita dependência relativamente ao
estado constituem, não apenas uma diferença acentuada relativamente ao
modelo de ensino na Grécia, como também uma novidade importante.
É claro que um tal sistema tende a privilegiar uma minoria que, graças
aos estudos superiores, ascende àquilo que os romanos consideram ser a vida
adulta simultaneamente ativa e digna ou seja, uma elite, com uma elevada
formação literária e retórica.
A disciplina nas escolas era rígida não sendo excluídas até mesmo as
punições físicas.a autoridade do Mestre era apoiada num objeto de “tortura”
chamado palmatória.
As crianças mais jovens recorriam a outros artifícios como jogos,letra de
marim ou de buxo, e como recompensa pelos primeiros progressos ganhavam
pequenos bolos com o formato da letra que estavam estudando; assim surgia
15
uma educação menos “rígida” e novas práticas de ensino com menos violência
foi sendo introduzida.
1.5. Medieval
Encontramos uma sociedade feudal na idade média, onde os homens
possuem papéis bem delimitados; nesta época a sociedade e o homem eram
produtos da era cristã, onde se observava uma divisão bem clara; de um lado
os monges, que se dedicavam ao estudo e ao culto e de outro lado os
escravos, os servos e os conversos que eram destinados ao trabalho.
Nesta época os meninos ficavam em casa e, após os sete anos,
passavam a viver com um nobre que lhe ensinaria as artes da guerra e as
maneiras de paz. As meninas também tinham uma educação inicialmente
materna, depois passavam a viver em cas de família estranha, onde
aprendiam tarefas domésticas como tear e fiar, ficando recolhidas até a época
do matrimônio.
A educação era dada dentro dos mosteiros, tendo prioridade o ensino
religioso, assim os aspectos moral e espiritual eram mais elevados que o
aspecto intelectual.
Os monges arcavam com a educação das crianças que eram elevadas
por seus pais aos monastérios e eram iniciadas nas letras com o objetivo de
estudar a bíblia.
Na Idade Média havia uma cultura e pensamento cristãos, a educação
teve grande influência religiosa. Eram os integrantes da Igreja que
estabeleciam o que deveria ser estudado, os conteúdos e os objetivos da
educação. As escolas eram, portanto, associadas às instituições religiosas
católicas. Embora controlada pela Igreja, a educação não ficou apenas no
16
campo religioso, abrindo também espaço para o estudo das ciências, técnicas
e habilidades.
1.6. Principais objetivos da educação na idade media
• Transmissão de técnicas adquiridas
• Formação religiosa
• Desenvolvimento da leitura e escrita do latim
• Desenvolvimento de habilidades como falar, refletir, pensar, debater e
concluir.
1.7. Currículo básico
• Gramática
• Dialética
• Retórica
• Geometria
• Aritmética
• Lógica
• Música
• Astronomia
• Latim
1.8. Tipos de Escolas
Escolas Paroquias: voltadas, principalmente, para a formação de
padres. Ensinava-se, basicamente, temas religiosos já que o objetivo principal
era a formação sacerdotal.
17
Escolas Monásticas: eram voltadas, principalmente, para a formação de
monges. Funcionavam em sistema de internato. Latim, canto gregoriano,
textos sagrados (entre eles a Bíblia) e Filosofia eram os principais temas
estudados nestas escolas. Valorização do trabalho e disciplina também eram
importantes nestas escolas.
Com o passar do tempo essas escolas foram decaindo e o imperador
Carlos Magno, junto com Alfredo pensaram numa escola voltada para todo
povo, tal educação seria palatina e estadual.
Escolas Palatinas: tinham como objetivo a formação mais ampla do
indivíduo. Estudavam nestas escolas, principalmente, os filhos de nobres.
Exigiam muita dedicação e empenho dos estudantes, pois tinham um currículo
vasto. As principais disciplinas estudadas eram: Gramática, Aritmética,
Geometria, Astronomia, Dialética, Retórica, Filosofia e Música.
Ordenou-se que nas paróquias fossem criadas escolas para que as
crianças pudessem ler e escrever. Neste mesmo período Carlos Magno iniciou
outro tipo de educação: educação cavalheiresca.
Esse tipo de educação era voltado aos filhos primogênitos , deixando
assim de lado os caçulas, que não tinham mais uma função social. Seus
cuidados eram maternos até completarem seus sete anos quando poderia
iniciar seu desenvolvimento na formação como cavaleiro; aos quatorze anos
era promovido a escudeiro acompanhando seu cavaleiro nas guerras, torneios
e caçadas.
Ao completar vinte anos era armado cavaleiro. Nesta época a formação
da educação dos jovens nobres era voltada para a caça, o arco, a equitação, o
tiro e o xadrez.
18
Ao passar dos anos observou-se grandes mudanças no âmbito escolar. No
Brasil o primeiro jardim da infância foi inaugurado em 1895 em São
Paulo,época de urbanização, inserção das mulheres no mercado de trabalho,
aumento do número de fabricas; as mudanças mais significativas na estrutura
do jardim da infância só começaram a ocorrer no ano de 1970.
No mesmo período da criação do Jardim da Infância, aumentou o
número de fábricas e iniciou-se um movimento de mulheres que lutavam pelas
creches, com o intuito de definir um local para acolher seus filhos enquanto
trabalhavam. Com um foco totalmente assistencial as primeiras creches
surgiram na década de 80.
Em 1975 o Ministério da Educação assume a responsabilidade com a
pré-escola criando a Coordenação da Educação Pré-Escolar para atender
crianças até os seis anos.
Em 1988 a educação infantil teve seu reconhecimento definitivo, foi
colocada pela primeira vez como parte integrante da constituição; em 1990,
com o Estatuto da criança e do adolescente (ECA) que tinha como direito o
atendimento em creches e pré-escolas para crianças até 6 anos de idade.
A constituição do Brasil fala pela primeira vez sobre os direitos
específicos da criança e, também pela primeira vez, se define como direito da
criança o atendimento em creches e escolas para crianças até 6 anos.
Em 1995, com a extinção de Legião Brasileira de Assistência o governo
federal incentiva as creches assistenciais. O olhar agora o atendimento
destinado a camadas mais populares; as creches para as crianças pobres e a
pré-escola (crianças maiores de 3 anos) destinada a classe média e alta.
Percebe-se, assim, uma separação: os mais pobres tinham as creches como
alternativa de subsistência; as crianças recebiam orientação quanto ao cuidado
19
com a saúde, a higiene e alimentação. Os mais ricos, com a pré–escola,
tinham a porta de entrada para a educação.
A partir da constituição de 1988 a educação foi colocada como a
primeira etapa da Educação Básica; Em 1990 foi crida a LDB, Lei de diretrizes
e bases da educação que, junto com o Estatuto da criança de do adolescente,
completa o olhar para educação, que perde o seu aspecto assistencialista e
assume um caráter pedagógico. A responsabilidade é repassada para os
municípios, com alguns vínculos de verba com o estado. Atualmente, após
vários anos, regulamentou-se a instituição da educação infantil para crianças
até 5 anos e 11 meses de idade; até 3 anos o atendimento nas creches; de 4 a
6 anos na pré-escola. Neste período o processo de avaliação é feito através de
relatórios, registrando todo o desenvolvimento visando a promoção para o
ensino fundamental. A Lei 12.796 altera a lei 9394/96 e torna dever dos pais
efetuar a matrícula de seus filhos na Educação Básica a partir dos 4 anos de
idade.
Atualmente a Educação Infantil tem por objetivo estimular capacidades
de cada criança, favorecendo sua formação e desenvolvimento, equilibrando
todas as suas potencialidades, contribuindo para estabilidade e segurança
afetiva, favorecendo a compreensão o ambiente natural, humano permitindo
uma melhor integração e participação da criança, desenvolvendo aspectos
morais e de responsabilidade, associada à liberdade.
É característica da educação infantil a integração da criança em grupos
sociais diversos, visando a sua sociabilidade. Outro aspecto é o
desenvolvimento da capacidade de expressar e comunicar da criança; sua
imaginação, sua criatividade estimulada por pelas atividades lúdicas; hábitos
de higiene e defesa da saúde individual e coletiva.
Dessa forma inicia-se a formação da criança, moldando-a para ser
pensante, podendo assumir pequenos compromissos, interagindo com o grupo
20
atento às necessidades pessoais e coletivas, exercitando um convívio coletivo
e não individualista.
21
CAPÍTULO II
CRIANÇAS COM DOWN
O trabalho com crianças com síndrome de Down exige-nos
primeiramente, conhecimento sobre o assunto. Essas pessoas especiais
sentem e vivem injustiças e dificuldades, mas lutam para viverem com
dignidade e direito de felicidade.
A síndrome de Down é um ser humano com um cromossomo extra no
par 21, cuja causa ainda não é conhecida. Existem várias teorias e hipóteses,
porém nenhuma é definitiva. Os portadores desta síndrome tem seu
desenvolvimento intelectual limitado, na sua maioria apresentam retardo leve
ou moderado em virtude de anomalias cerebral. Todos podem tem uma boa
qualidade de vida quando o diagnóstico é obtido cedo e o tratamento é feito
com técnicas adequadas.
A síndrome de Down não é contagiosa, pois é resultado de uma
anomalia na hora da divisão do cromossomo 21(no momento da concepção) e
não é progressiva.
Uma das características desta síndrome é a flacidez muscular, que
quando trabalhada com fisioterapia e amadurecimento do sistema nervoso
central pode ser reduzida.
O fator disfunção cerebral é presente na síndrome de Down, portanto há
uma grande possibilidade de convulsão cujo tratamento só será estabelecido
depois de manifestações clínicas.
Também conhecida como Mongolismo ou trissoma 21, não podemos
esperar alcançar uma cura da síndrome de Down e nos contentar com a
melhora do quadro.
22
Um bom tratamento exige a participação de vários profissionais e longo
período de duração, além da contribuição da família. As características
apresentadas por um portador da síndrome de Down são:
§ Baixa estatura;
§ O crânio apresenta braquicefalia (mais longo que comprido, com
occipital achatado);
§ O pavilhão da orelha é pequeno e disformico;
§ Face achatada e arredondada;
§ Olhos mostram fendas palpebrais;
§ Boca aberta (mostrando a língua);
§ Língua sulcada e saliente (enrugada com fendas, cortada);
§ Alteração no alinhamento dos dentes;
§ Mãos curtas e largas;
§ Única prega transversa (na mão)
§ Grande espaço nos pés entre o polegar e o indicador;
§ Músculos hipotônicos;
§ Articulações com flexibilidade exagerada;
§ Reflexo do moro fraco;
§ Excesso de pele atrás do pescoço;
§ Displasia pélvica.
Existem alguns comprometimentos frequentemente associados, tais
como: perda auditiva, podendo ser observadas crises convulsivas em 5% dos
23
pacientes. Em sua maioria tem comportamento dócil, são afáveis, carinhosos e
gostam de imitar os adultos, sendo fácil educá-los.
Percebe-se outros estigmas físicos no recém-nato, o que facilita o
diagnóstico médico da blefarite (inflamação das pálpebras); pescoço
curto;hérnia umbilical; genitais pouco desenvolvidos, conjuntivites, etc.
Todas estas características são semelhantes, independente da etnia.
Muitos morrem ainda bebês com problemas cardíacos congênitos, porém essa
taxa aumentou em até 70% destes bebês até o primeiro ano de vida.
O programa de tratamento exige a participação muito mais ativa dos
pais, dependendo de como forem dadas as primeiras informações haverá uma
relação mais produtiva, mais construtiva entre eles (os pais) e o bebê, o que
proporcionará uma colaboração eficaz no desenvolvimento geral da criança.
A família deve ter consciência que o desenvolvimento será o mesmo de
uma criança “normal” e, por não saber-se o seu limite, é normal uma lentidão
em todos os aspectos do desenvolvimento. O importante é deixar claro para a
família que não há tratamento medicamentoso para curar a síndrome, mas um
acompanhamento de profissionais de várias áreas proporcionará a facilitação
do convívio social, e aqui há de se ressaltar a importância do carinho da
família. O primeiro mês de vida de um bebê é o momento de adaptação da
família à nova realidade; tempo necessário para interagir e conhecer a criança
que chegou; tempo de fazer feliz e fazer-se feliz; tempo a ser curtido em toda a
sua plenitude, fortalecendo de amor e aceitação da criança com síndrome de
Down; tempo de viver o ambiente doméstico com o uma riqueza de eventos.
Uma equipe multiprofissional poderá colaborar muito no
desenvolvimento de uma criança com síndrome de Down; uma equipe com
um especialista para cada área a ser trabalhada o que exige muito cuidado ao
compô-la não esquecendo nenhum deles.
24
No início dos trabalhos todos são direcionados e instruídos; com o
desenrolar das atividades, dependendo da necessidades, haverá uma melhor
utilização dos instrumentos, moldando-se a forma de trabalhar a realidade
apresentada.
Embora as áreas a serem trabalhadas diferem de acordo com o grau de
necessidade, elencamos algumas especialidades:
§ Psicomotricidade – facilitará na organização funcional da conduta e da
ação, organizando e conscientizando o esquema corporal; trabalhando a
lateralidade levando a aquisição de habilidades motoras;
§ Terapia ocupacional – trabalha o desenvolvimento motor, perceptivo,
cognitivo, sensorial proporcionando independência nas atividades da
vida diária;
§ Fisioterapia – traduz a ideia da terapia do corpo, como forma de
reabilitação ou prevenção; aqui não são usadas as palavras “nunca” e
“sempre”, mas o desenvolvimento do indivíduo ocorre partir do momento
em que este se relaciona com seu eu.
§ Educação física – seu principal objetivo é auxiliar o indivíduo na sua
socialização;
Existem vários aspectos que podem contribuir para um aumento do
desenvolvimento da criança com síndrome de Down:
• intervenção precoce na aprendizagem,
• monitorização de problemas comuns como a tireóide, tratamento
medicinal é sempre relevante,
• um ambiente familiar estável;
• práticas vocacionais, são alguns exemplos.
25
A síndrome de Down destaca as limitações genéticas e salienta
também que a educação pode produzir excelentes resultados
independentemente do início. É fundamental que haja o empenho individual
dos pais, professores e terapeutas com estas crianças para produzir resultados
positivos.
As crianças com Síndrome de Down frequentemente apresentam
problemas nos órgãos fonoarticulatórios, provocando a falta de controle motor
para articulação dos sons da fala, além de um atraso no desenvolvimento da
linguagem.
Será necessária buscar um fonoaudiólogo que se responsabilize por
adequar os órgãos responsáveis pela articulação dos sons da fala além de
contribuir no desenvolvimento da linguagem.
As características físicas são importantes para o médico fazer o
diagnóstico clínico. Nem sempre a criança com síndrome de Down apresenta
todas as características encontramos em algumas crianças somente umas
poucas, mas em outras crianças podemos observar a maioria dos sinais da
síndrome.
Os cuidados com a criança com Síndrome de Down não são diferentes
dos que se dão às crianças sem a síndrome. A atenção dos pais a tudo o que
a criança comece a fazer sozinha, espontaneamente será importante e devem
estimular os seus esforços, ajudando a criança a crescer e evitando que ela se
torne dependente; quanto mais a criança aprender a cuidar de si mesma,
melhores condições terá para enfrentar o futuro.
O indivíduo, em especial a criança, com Síndrome de Down precisa
participar da vida da família como os outros. Deve receber o mesmo
tratamento das outras pessoas, com carinho, respeito e naturalidade.
26
Quando adolescente e adulta a pessoa com Síndrome de Down tem
uma vida semi-independente. Embora possa não atingir níveis avançados de
escolaridade pode trabalhar em diversas outras funções, de acordo com seu
nível intelectual. Pode também praticar esportes, viajar, frequentar festas, etc.
Muitas pessoas com síndrome de Down têm apresentado avanços
impressionantes e rompido muitas barreiras. Não é difícil encontrarmos muitas
pessoas com síndrome de Down estudando, trabalhando, vivendo sozinhas, se
casando e chegando à universidade.
Há estudos de que crianças com Síndrome de Down tenham sido
representadas na arte. A primeira descrição médica da Síndrome ocorreu
apenas no século XIX. Em 1862, pelo médico britânico John Langdon
Down baseado nas teorias racistas da época, atribuindo a causa a uma
degeneração, que fazia que filhos de europeus se parecessem com mongóis,
e sugere que a causa da degeneração seria a tuberculose nos pais. Apesar da
análise racista de Down, ele recomenda que as pessoas com a síndrome
sejam treinadas, e que a resposta ao treinamento é sempre positiva.
Por muito tempo, os pais de crianças com Síndrome de Down recebiam
a orientação de entregar as crianças a instituições, que passariam a cuidar
delas (pela vida toda).
Até 1981 esta síndrome era denominada como mongolismo pela
semelhança observada por Down na expressão facial de alguns pacientes
seus e os indivíduos oriundos da Mongólia.
A designação mongol ou mongolóide dada aos portadores da síndrome
ganhou um sentido pejorativo e até ofensivo, por este motivo se tornou banida
no meio científico.
27
O termo mongol ou mongolismo, quando usado de forma pejorativa,
ofensiva, poderá ser considerado como crime de preconceito, sem direito à
fiança.
2.1. Tipos de síndrome de Down
Existem três tipos de síndrome de Down:
1. trissomia 21;
2. translocação;
3. Mosaico.
A trissomia - é encontrada em 95% das pessoas com síndrome de
Down; é também chamada trissomia livre ou por não disjunção.
No cariótipo, observa-se nitidamente o terceiro cromossomo causador
da síndrome junto ao par de cromossomos 21.
O cromossomo extra é de fácil identificação e permanece distinto dos
dois outros cromossomos que formam o par 21.
Ocorre por um acidente genético; nesse caso, os pais têm cariótipo
normal. Esse cromossomo pode ter vindo do óvulo ou do espermatozoide.
Todas as células do corpo da pessoa com trissomia simples terão 47
cromossomos.
A translocação - é o tipo de síndrome de Down que também é uma
trissomia 21, ou seja, existem três cromossomos no par 21. Porém, no
cariótipo desse indivíduo é possível notar que o cromossomo extra está
conectado a outro cromossomo, normalmente ao cromossomo 14 ou a outro
21.
28
Aproximadamente 3% das pessoas com síndrome de Down apresentam
a trissomia 21 por translocação. Não existe diferença significativa nas
características e no desenvolvimento neuro-psico-motor das pessoas que
apresentam trissomia livre e as que apresentam a trissomia por translocação.
O Mosaico - tipo de síndrome de Down que está presente em cerca de
2% dos indivíduos com a síndrome. Este é o único tipo da síndrome que não
ocorre antes nem no momento da fertilização, mas nas primeiras divisões
celulares após a fertilização.
Observações
Do que podemos ver até agora é aconselhável que atentemos para
as seguintes conclusões:
• A notícia do nascimento de uma criança que nasceu com síndrome de
Down causa enorme impacto nos pais e na família. Todos precisam de
tempo para aceitá-la do jeito que é, e adaptar-se às suas necessidades
especiais;
• A forma mais eficaz de promover o desenvolvimento dos potenciais da
criança com síndrome de Down é estimulação precoce desde o
nascimento. Essa tarefa é fundamental e exige dedicação, mas procure
levar a vida normalmente. Essa criança precisa fundamentalmente de
carinho, alimentação adequada, cuidados com a saúde e um ambiente
acolhedor;
• Essas crianças devem ser matriculadas em escolas regulares, onde
possam desenvolver suas potencialidades, respeitando os limites que a
síndrome impõe. Em alguns casos,o melhor é frequentar escolas
especializadas, que lhes proporcionem outro tipo de acompanhamento;
29
• O preconceito e a discriminação são os piores inimigos dos portadores
da síndrome. Cada vez mais, pais, profissionais da saúde e educadores
têm lutado contra todas as restrições impostas a essas crianças.
• As pessoas com síndrome de Down têm características físicas
específicas, mas geralmente têm mais semelhanças do que diferenças
com a população em geral.
• Nem sempre a criança com síndrome de Down apresenta todas as
características;
• As pessoas com síndrome de Down costumam ser menores e ter um
desenvolvimento físico e mental mais lento que as pessoas sem a
síndrome.
• A maior parte dessas pessoas tem retardo mental de leve a moderado;
algumas não apresentam retardo e se situam entre as faixas limítrofes e
médias baixa, outras ainda podem ter retardo mental severo.
• Existe uma grande variação na capacidade mental e no progresso das
crianças com síndrome de Down. O desenvolvimento motor destas
crianças também é mais lento.
• O desenvolvimento da linguagem também é bastante atrasado.
É importante frisar que um ambiente amoroso e estimulante,
intervenção precoce e esforços integrados de educação irão sempre
influenciar positivamente o desenvolvimento desta criança.
30
CAPÍTULO III
O DOWN NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Como estudamos no primeiro capitulo deste trabalho, para a Educação
Infantil alcançar a importância dos dias atuais ela sofreu, ao longo dos anos,
muitas mudanças.
Com a evolução e progresso do homem, com o passar do tempo e as
novas técnicas educacionais, um olhar diferenciado foi direcionado à
educação, observando e acolhendo as descobertas e importância do
desenvolvimento da criança desde os primeiros anos de vida frente a grande
diversidade do mundo moderno, diversidade de cultura, povos e etnias.
Essas diversidades tem ajudado no crescimento do homem que evolui a
partir do seu caminhar de progresso aprendendo a lidar com o novo.
Esse caminhar tem início já no início, quando sai do seio familiar, do seu
lar e vai dar os primeiros passos no meio social em que está inserido. Isso
acontece no momento em que vai para a escola onde conhece novas pessoas
com as quais deverá interagir. Um mundo novo com novas formas, hábitos,
regras, pessoas, novo olhar. Um mundo onde é chamado a partilhar, dividir,
comparar, ceder, emprestar para outras pessoas coisas que eram suas e de
ninguém mais. Entra em conflito consigo e com os outros, e, nesse novo
universo, vai moldando a sua socialização.
Período difícil para a criança como também para os pais que encontram
dificuldade para desapegar, “se desgarrar” de seus filhos. Muitos pais
encontram dificuldades na iniciação acadêmica de seus filhos, creem que
aquela ETA inicial (Educação Infantil) é um período de “passa tempo”, próprios
para cuidar dos filhos nos momentos que não tem com quem deixá-los.
31
Com este olhar desfocado, destorcido acabam anulando, deixando de
lado uma etapa de suma importância acadêmica, onde serão trabalhados
valores, habilidades e técnicas fundamentais para as próximas fases, ou seja,
uma fase que servirá de base para o futuro do seu filho.
É na Educação Infantil que são dados os primeiros passos da vida em
sociedade, descoberta das diferenças físicas, culturais; descoberta e
exercícios de valores morais e do bem estar individual e coletivo. Muitos
desses valores, importantes para um convívio social, veem sendo perdidos ao
longo do tempo a mercê de uma sociedade egocentrista que cresce ao redor.
Os valores e a personalidade de uma criança são formados até os seis
anos; período em que ela convive na Educação Infantil, construindo seu perfil
social e moral.
Em meio a este universo escolar onde muitos pais inseguros, não
entendem a importância da escola nesta fase inicial, “surge” alguém com
características “diferentes”; alguém com algo “especial” delineado em seu jeito
amoroso de ser. Este ser “especial” que possui os mesmos direitos e deveres
dos seus amigos, principalmente o direito a escola.
Para alguns pais e professores parece algo assustador que pode gerar
rejeição, um caminho tortuoso e difícil para ser seguido. Pode ser que os
próprios pais o rejeite, não aceitem a situação, não queiram enxergar aquilo
que é notório a todos.
Dificuldade vinda de seus pais por não aceitarem que o trabalho
necessita ser realizado de forma diferenciada, com auxilio de outros
profissionais que estão fora da escola.
Dificuldade vinda dos pais de seus colegas – que acreditam que aquilo
que há de diferente nele possa ser contagioso, evitando que seus filhos
32
interajam com ele ou fiquem perto dele; muitos acreditam também que por ter
alguém diferente em sala o professor não dará atenção ao seu filho como deve
ser dada.
Dificuldade vinda de seu professor – que rejeita conviver com esta
situação, não sabe lidar com as diferenças, procurando fugir das dificuldades
que vão surgindo, deixando aquele aluno “de lado para não atrapalhar”,
impedindo o seu desenvolvimento em sala.
No passado, o preconceito com relação à Síndrome de Down fez que
as crianças portadoras não tivessem chance de se desenvolverem
cognitivamente, pais e professores não acreditavam na possibilidade
da alfabetização;
As crianças com Down eram rotuladas como pessoas doentes e,
portanto, excluídas do aprendizado de convívio social.
Nos dias atuais é sabido que o aluno com Síndrome de Down apresenta
dificuldades em decompor tarefas, juntar habilidades e ideias, reter e transferir
o que sabe, se adaptar a situações novas, e o aprendizado deve sempre ser
estimulado a partir do concreto necessitando de instruções visuais para
consolidar o conhecimento.
Uma forma de incentivar a aprendizagem é o uso do brinquedos e
de jogos educativos, tornando a atividade prazerosa e interessante. O ensino
deve ser divertido e fazer parte da vida cotidiana, despertando o interesse pelo
aprender. No processo de aprendizagem a criança com Síndrome de Down
deve ser reconhecida como ela é, e não como gostaríamos que fosse. As
diferenças devem ser vistas como ponto de partida para desenvolver
estratégias e processos cognitivos adequados. A Teoria da modificabilidade
cognitiva estrutural afirma que a inteligência de qualquer pessoa, independente
de sua idade, pode ser "expandida".
33
O desenvolvimento de uma criança com Síndrome de Down envolve
vários aspectos porque não existem limitações genéticas que justifiquem a
produção de resultados negativos na educação escolar dessas crianças.
Embora o ritmo de aprendizagem da criança com Síndrome de Down sja
diferente do ritmo das outras crianças, isto não que ela não irá aprender. Na
verdade ela necessita de mais estímulos e mais tempo do que outras crianças
para chegar à aprendizagem efetiva.
A educação da criança com síndrome de Down vive um novo momento
que permite a qualquer criança com necessidades especiais encontrar
melhores oportunidades de participar de processos de socialização sem
discriminação ou preconceitos. Isto exige investimento em estímulos e
oportunidades na escola e na família. A educação de uma criança com
síndrome de Down é complexa, exigindo dedicação dos principais elementos
envolvidos, ou seja, a própria criança, a sua família e a escola.
Uma que possa acolher uma criança com síndrome de Down deve
possuir um ambiente bem estruturado e adaptado às necessidades específicas
da criança além de:
• Um sistema de ensino e uma grade curricular que facilitem seu
aprendizado;
• Profissionais treinados e capacitados a lidar com crianças com síndrome
de Down;
• Preparo do grupo que acolherá e conviverá com esta criança;
Isto aliado a disponibilidade da família em aceitar e auxiliar a escola
diante das particularidades do processo de aprendizagem permitirá o seu
sucesso. O fator perseverança nesta parceria evitará insegurança ou fracasso
no desenrolar do processo.
34
Na elaboração do sistema de ensino e da grade curricular um do fatores
a que merecem destaque é a estruturação espacial, fundamental para a vida
em sociedade. O estabelecimento de estratégias para este fator requer
sensibilidade do profissional ou da equipe de profissionais, pois é através dos
espaço e das relações espaciais que a criança com síndrome de Down vai
situar-se no meio que a acolheu e permitir-lhe estabelecer relações entre as
coisas, fazer observações e comparações, identificar semelhanças e
diferenças.
Diversas atividades realizadas em sala de aula dependem da
manipulação das relações espaciais entre objetos, mantidas através do
desenvolvimento de uma estrutura de espaço.
Em primeiro lugar a criança percebe a posição de seu próprio corpo no
espaço, depois a dos objetos em relação a si e, finalmente, a relação dos
objetos entre si.
A estruturação espacial não nasce com o indivíduo é, na verdade uma
elaboração e construção metal; opera através de movimentos em relação aos
objetos que estão em seu meio.
A verbalização auxiliará na designação dos objetos e constitui fator
muito importante para a organização da vivência do espaço e melhor
conhecimento das diferentes partes do corpo e de suas posições.
Aguçar no portador da síndrome de Down a percepção dos objetos no
espaço é, usando o seu corpo como ponto de referência, o despertar a uma
imagem corporal. O domínio do seu corpo no espaço possibilitará que se
organize, significando que assimila o espaço a partir de sua movimentação e, a
partir de si mesmo, se situa em relação ao mundo circundante.
35
Para uma criança assimilar os conceitos espaciais precisa ter uma
lateralidade bem definida, o que ocorre por volta de 6 anos. No portador da
síndrome de Down este tempo não corresponde, entretanto o estímulo pode
capacitá-lo a diferenciar dos dois lados do eixo corporal e verbalizar este
conhecimento. Ele atinge assim a etapa de orientação espacial; tem acesso a
um espaço orientado a partir do seu corpo, facilitando apreender situações
como dentro, fora, no alto, abaixo, longe, perto.
Após esta fase o indivíduo passa a organizar objetos, combinando
diversas orientações, significando que não toma mais o seu corpo como
referência, mas escolhe outros pontos, chegando a noção de distância, direção
e até transposição.
Uma má integração da orientação espacial pode gerar muitas
dificuldades.
Motivos que impedem ou retardam o desenvolvimento da criança:
a) Limitação de seu desenvolvimento mental ou psicomotor;
b) Crianças tolhidas de experiências corporais e espaciais (não tem
oportunidade de manipulação de objetos ao seu redor);
c) Crianças que não desenvolveram a noção de esquema corporal;
d) Crianças que não conseguiram dominar noções de direita e
esquerda;
e) Criança que não é capaz de associar termos abstratos;
f) Dificuldade de representação mental das diversas noções.
Tais motivos são, normalmente, originados de uma falta de
entrosamento da equipe de professores, ou da equipe/família, ou dispersão do
apoio familiar.
A criança com síndrome de Down pode alcançar estágios avançados de
raciocínio e desenvolvimento. O importante é que, por meio de atividades
36
terapêuticas, sejam trabalhados cooperação, organização, constituição,
movimentos, autonomia, compreensão, com propostas lúdicas e materiais
diversos.
Uma boa educação produz benefícios pessoais durante toda a vida
inclusive para pessoas com síndrome de Down. Ao trabalho de transmitir
conhecimentos acadêmicos soma-se o desenvolvimento psicoafetivo e o
processo de socialização. A convivência com pessoas de diferentes origens e
formações em uma escola regular e inclusiva pode ajudar ainda mais as
pessoas com síndrome de Down a desenvolverem suas capacidades.
Acreditava-se que as pessoas com síndrome de Down nasciam com
uma deficiência intelectual severa. Hoje, como já foi visto neste trabalho, o
desenvolvimento da criança depende fundamentalmente da estimulação
precoce, do preparo do ambiente onde ela está inserida e do incentivo das
pessoas que estão à sua volta. Com apoio e investimento na sua formação, os
alunos com síndrome de Down, assim como quaisquer outros estudantes, têm
facilitada a sua capacidade de aprender.
O aluno, independente de qualquer deficiência, tem um perfil único, com
habilidades e dificuldades em determinadas áreas. Algumas características
associadas à síndrome de Down merecem a atenção de pais e professores,
como:
• O aprendizado em um ritmo mais lento – exige a oferta de um maior
número de experiências para que aprenda o que o é ensinado.
• A dificuldade de concentração e de reter memórias de curto prazo - Fica
cansado rapidamente, sua atenção não se mantém por um tempo
prolongado. Neste caso há de se trabalhar durante curtos períodos de
tempo, aumentando-os pouco a pouco.
• Às vezes não se interessa pela atividade, ou se interessa por pouco
tempo – a motivação deve ser feita com alegria e com objetos
chamativos e variados, para que se interesse pela atividade.
37
• Não consegue realizar a atividade sozinho - buscar ajudá-lo e guiá-lo
apenas com o necessário para que realize a atividade, até que consiga
fazê-lo sozinho.
• A curiosidade para conhecer e explorar o que está à sua volta é limitada
– neste caso há de se despertar o interesse pelos objetos e pessoas
que o rodeiam, nos aproximando e mostrando as coisas agradáveis e
chamativas.
• Dificuldade para se lembrar do que já fez e do que aprendeu – este caso
exige repetição das tarefas já realizadas, para que se lembrem de como
fazê-las e para que servem.
• Não se organiza para aprender sobre os acontecimentos da vida diária -
ajudar sempre a aproveitar todos os fatos que ocorrem ao seu redor,
bem como lembrá-lo de sua utilidade, relacionando os conceitos com o
que foi aprendido na sala de aula.
• Lentidão ao responder- Exige paciência e ajudá-lo, estimulando-o ao
mesmo tempo para que responda cada vez mais rapidamente.
• Não costuma inventar ou procurar situações novas- buscar conduzi-lo a
explorar situações novas, a ter iniciativas.
• Dificuldades em solucionar problemas novos, mesmo que sejam
semelhantes a outros problemas vividos no passado- Dar
oportunidades de resolver situações da vida diária, sem antecipar nem
responder por ele.
• Aprende melhor quando foi bem sucedido em situações anteriores-
saber em que ordem deve ensiná-lo, oferecendo oportunidades de
sucesso. Apresentando situações possíveis para o aluno e aumentando
progressivamente o grau de dificuldade.
• Quando conhece o resultado positivo de sua atividade, se interessa
mais em seguir colaborando- lembrar sempre o quanto se esforçou, o
quanto já alcançou, animando-o pelo sucesso já alcançado. Assim é
possível que ele se interesse mais pela atividade e trabalhe por mais
tempo.
38
• Quando participa ativamente da tarefa, aprende melhor e se esquece
menos - planejar atividades em que ele atue como sujeito principal.
• Quando se pede que ele realize muitas tarefas em pouco tempo, se
confunde e rejeita a situação- selecionar as tarefas, distribui-las pelo
tempo, para não se confundir nem se cansar.
Essas etapas têm características próprias, mas é preciso prestar
atenção a alguns aspectos desde o começo da ação educativa no programa de
estimulação precoce e ao longo de todo o processo educativo:
– A programação por objetivos
– O desenvolvimento das capacidades
– O desenvolvimento da atenção
– O desenvolvimento da percepção e discriminação
– O desenvolvimento das habilidades manuais
– A comunicação e linguagem
– O desenvolvimento da leitura, escrita e cálculo
– A educação para autonomia
– O desenvolvimento de valores
A criança com Síndrome de Down é capaz de alcançar desenvolvimento
motor, afetivo, social e cognitivo. Um trabalho realizado com características
inclusivas e dedicação será capaz de gerar um adulto maduro, responsável e
feliz.
O portador da síndrome de Down investido num trabalho de
acompanhamento que o promova individual e socialmente será um indivíduo:
• Capaz de se sentir bem consigo mesmo;
• Disposto a sentir-se bem com os outros e a que os outros se sintam
bem com ele;
• Capaz de enfrentar os desafios e as dificuldades que vierem;
• Pronto a resolver e tomar decisões por conta própria, contando com
ajuda somente quando for necessário;
39
• Capaz de assumir sua própria responsabilidade;
3.1. Educação inclusiva no Brasil
A Constituição Brasileira afirma que toda criança tem direito inalienável
à educação. A educação pública no Brasil nos últimos anos tem privilegiado a
inclusão dos estudantes com síndrome de Down e outros tipos de deficiência
na rede regular de ensino, gerando um crescimento significativo do número de
matrículas nos últimos anos.
Nem sempre esta inclusão se dá de maneira satisfatória: faltam
recursos humanos e pedagógicos para atender às necessidades educacionais
especiais dos alunos.
A escola pública brasileira dever melhorar para que inclusão contribua
para uma escola de qualidade.
Algumas escolas particulares estão enfrentando dificuldades para se
adaptar e atender melhor seus estudantes, com necessidades especiais ou
não.
O artigo 8º da Lei 7.853/89 especifica que recusar a inscrição de um
aluno em qualquer escola, quer seja pública ou privada, por motivos
relacionados a qualquer deficiência, é crime.
Se a escola primária inclusiva no Brasil está engatinhando e o ensino
médio e o superior constituem um grande desafio.
Na medida em que os alunos com síndrome de Down vão encontrando
espaço para progredir e avançar na sua educação, orna-se inevitável e urgente
que as escolas e universidades procurem se adequar a esta nova situação.
40
A inteligência da criança com síndrome de Down evolui até a
possibilidade de cada uma. Algumas crianças aprendem a ler, a escrever e a
frequentar escolas que lhes deem amparo adequado.
Cada vez mais jovens com síndrome de Down concluem o Ensino
Médio, com ou sem adaptações curriculares. Esforcemo-nos para que esta
realidade evolua.
CONCLUSÃO
41
O modo de lidar com as crianças na idade média tinha por base alguns
costumes herdados: os pais definiam o papel da criança, um poder patriarcal
que reduzia o status da criança à nulidade.
A mudança de comportamento no lidar com as crianças foi um processo
lento, a educação infantil iniciou o seu reconhecimento, no Brasil, em 1988,
quando foi citada na Constituição do país. A partir daí novas diretrizes foram
traçadas, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) e a inclusão da
Educação Infantil na primeira etapa da Educação Básica (1996).
Esse novo olhar atingiu, apesar de brandamente, o reconhecimento de
crianças portadoras de necessidades especiais como elemento inclusivo na
Educação Infantil.
Os processos pedagógicos e didáticos sofreram revisões para adaptar-
se à realidade de absorção dessas crianças e ajudá-las a crescer. Não foi
diferente com as crianças com síndrome de Down que obtiveram o
reconhecimento do seu poder de alcançar estágios mais avançados de
raciocínio e desenvolvimento (apesar de preconceitos ainda vivenciados até
mesmo na família) com o assessoramento de parceria
família/escola/profissional especializado.
Hoje, com mais nitidez, porém muito distante do ideal, a educação pode
colaborar com a criança com síndrome de Down a alcançar desenvolvimento
motor, afetivo, social e cognitivo.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
42
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. nº 9394/96,
aprovada em 20 de dezembro de 1996.
ALVES, FÁTIMA. Para entender a síndrome de Down, Wak editora, 2012.
CASTRO, MIRELLA GUEDES LIMA DE e FERRARI, MARLINDA GOMES.
Estudos e pesquisas sobre síndromes. Wak editara
OLIVEIRA, GISELE DE CAMPOS, Psicomotricidade. Editora Vozes
WEBGRAFIA
43
http://pt.wikipedia.org/wiki/educa%c3%a7%c3%A3oinfantil#origemdaeduca.c3.
A7.c3.A3oinfantilnomundo
Retirado no dia 25-08-2014 às 19:40h
http://movimentodown.org
Retirado no dia 29-09-2014 às 15:47h
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/educacao-infantil-brasil-cem-anos-
espera-540838.shtml
Retirado no dia 25-08-2014 às 19:00h
ÍNDICE
44
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
História da Educação Infantil 10
1.1. Em Esparta e em Atenas 10 1.2. Atenas 11 1.3. Roma 12 1.4. Instalações e Métodos 13 1.5. Medieval 15 1.6. Principais Objetivos 16 1.7. Currículo Básico 16 1.8. Tipos de Escolas 16 CAPÍTULO II
Crianças com Down 21
2.1. Tipos de Síndrome de Down 27 CAPÍTULO III
O Down na Educação Infantil 30
3.1. Educação Inclusiva no Brasil 39
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 42
WEBGRAFIA 43
ÍNDICE 44