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SUMÁRIO. UPorto 1 SUMÁRIO 02. EDITORIAL 02. A Universidade do Porto na relação transfronteiriça 04. UP EM NOTÍCIA COMENTÁRIO 10. A Faculdade de Ciências no início do século XXI – A opinião de José Machado da Silva, director da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. RETRATO DA UP HOJE 12. Marques da Silva: um legado para a cidade 12. Um novo Instituto na Universidade. NA CAPA 14. UP reforça investigação aplicada nacional 14. Um relance sobre a investigação aplicada que se faz na Universidade do Porto, num contexto nacional e europeu. UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO 23. A investigação e a formação pós-graduada na UP Pelo Professor Mário Adolfo Barbosa. 25. GEHVID, seis anos de estudo sobre cultura duriense Os contributos da Universidade do Porto para a candidatura do Douro Vinhateiro à UNESCO. 28. Melhores condições para o ensino médico Mais de sete milhões de contos para melhorar as instalações e o ensino das Ciências da Saúde na Universidade do Porto PERFIL 30. “Sou um rebelde relativamente pacífico” Entrevista com António Pinho Vargas, compositor, pianista e antigo aluno. PERSPECTIVA 35. Terrorismo e Química Adélio Machado, professor da Faculdade de Ciências, reflecte sobre armas químicas e as ameaças que pairam sobre a indústria química. MEMÓRIAS 38. Gomes Teixeira – matemático distinto e reitor pioneiro O primeiro Reitor da Universidade do Porto, autor do famoso “Tratado das Curvas”, foi um homem de saberes vários. 40. PARA SABER MAIS CRÓNICA 42. Triângulo – Segundo vértice O segundo vértice da trilogia assinada por Júlio Machado Vaz. 44. AGENDA UPORTO Nº 5 - REVISTA DOS ANTIGOS ALUNOS DA UNIVERSIDADE DO PORTO. PERIODICIDADE TRIMESTRAL. DIRECTOR: JOSÉ NOVAIS BARBOSA. EDIÇÃO E PROPRIEDADE: UNIVERSIDADE DO PORTO; RUA D. MANUEL II. 4050-345 PORTO. TEL.: 226073565. FAX.: 226098736. PUBLICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO COMO DEVER ESPECIAL, CONFORME ART. 8º AL. E. DOS ESTA- TUTOS DA ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOS. CONSELHO EDITORIAL: ALBERTO CARNEIRO, ANTÓNIO AMORIM MARTINS, ARMANDO LUÍS CARVALHO HOMEM, FERNANDO MARTINS, JOAQUIM PINTO MACHADO, JOSÉ FERREIRA GOMES, JOSÉ MANUEL FERREIRA LEMOS, JOSÉ RIBEIRO, SOFIA CASTRO GOTHEN. SUPERVISÃO EDITORIAL: ISABEL PACHECO, JOÃO CORREIA. COORDENAÇÃO REDACTO- RIAL: MEDIANA S.A., SOCIEDADE GESTORA DE IMAGEM E COMUNICAÇÃO, S.A. TEL.: 225573760; FAX: 225573761; [email protected]. EXECUÇÃO GRÁFICA: RAINHO & NEVES, LDA, SANTA MARIA DA FEIRA. DEPÓSITO LEGAL: 149487/00. TIRAGEM: 50.000 EXEMPLARES. PREÇO: 500$00. NA CAPA: FOTO DE JOÃO PAULO SOTTO MAYOR (FUNDAÇÃO REI AFONSO HENRIQUES) 4 23 14 28 25 38 35 30 40 42 44 12 10 2 UP orto REVISTA DOS ANTIGOS ALUNOS DA UNIVERSIDADE DO PORTO 5

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SUMÁRIO. UPorto 1

SUMÁRIO

02. EDITORIAL

02. A Universidade do Porto na relação transfronteiriça

04. UP EM NOTÍCIA

COMENTÁRIO

10. A Faculdade de Ciências no início do século XXI – A opinião de José Machado da

Silva, director da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

RETRATO DA UP HOJE

12. Marques da Silva: um legado para a cidade

12. Um novo Instituto na Universidade.

NA CAPA

14. UP reforça investigação aplicada nacional

14. Um relance sobre a investigação aplicada que se faz na Universidade do Porto, num

contexto nacional e europeu.

UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO

23. A investigação e a formação pós-graduada na UP

Pelo Professor Mário Adolfo Barbosa.

25. GEHVID, seis anos de estudo sobre cultura duriense

Os contributos da Universidade do Porto para a candidatura do Douro Vinhateiro à

UNESCO.

28. Melhores condições para o ensino médico

Mais de sete milhões de contos para melhorar as instalações e o ensino das Ciências

da Saúde na Universidade do Porto

PERFIL

30. “Sou um rebelde relativamente pacífico”

Entrevista com António Pinho Vargas, compositor, pianista e antigo aluno.

PERSPECTIVA

35. Terrorismo e Química

Adélio Machado, professor da Faculdade de Ciências, reflecte sobre armas químicas e as

ameaças que pairam sobre a indústria química.

MEMÓRIAS

38. Gomes Teixeira – matemático distinto e reitor pioneiro

O primeiro Reitor da Universidade do Porto, autor do famoso “Tratado das Curvas”,

foi um homem de saberes vários.

40. PARA SABER MAIS

CRÓNICA

42. Triângulo – Segundo vértice

O segundo vértice da trilogia assinada por Júlio Machado Vaz.

44. AGENDA

UPORTO Nº 5 - REVISTA DOS ANTIGOS ALUNOS DA UNIVERSIDADE DO PORTO. PERIODICIDADE TRIMESTRAL. DIRECTOR: JOSÉ NOVAIS BARBOSA. EDIÇÃO E PROPRIEDADE: UNIVERSIDADE DO PORTO;RUA D. MANUEL II. 4050-345 PORTO. TEL.: 226073565. FAX.: 226098736. PUBLICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO COMO DEVER ESPECIAL, CONFORME ART. 8º AL. E. DOS ESTA-TUTOS DA ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOS. CONSELHO EDITORIAL: ALBERTO CARNEIRO, ANTÓNIO AMORIM MARTINS, ARMANDO LUÍS CARVALHO HOMEM, FERNANDO MARTINS, JOAQUIM PINTOMACHADO, JOSÉ FERREIRA GOMES, JOSÉ MANUEL FERREIRA LEMOS, JOSÉ RIBEIRO, SOFIA CASTRO GOTHEN. SUPERVISÃO EDITORIAL: ISABEL PACHECO, JOÃO CORREIA. COORDENAÇÃO REDACTO-RIAL: MEDIANA S.A., SOCIEDADE GESTORA DE IMAGEM E COMUNICAÇÃO, S.A. TEL.: 225573760; FAX: 225573761; [email protected]. EXECUÇÃO GRÁFICA: RAINHO & NEVES, LDA, SANTA MARIA DAFEIRA. DEPÓSITO LEGAL: 149487/00. TIRAGEM: 50.000 EXEMPLARES. PREÇO: 500$00. NA CAPA: FOTO DE JOÃO PAULO SOTTO MAYOR (FUNDAÇÃO REI AFONSO HENRIQUES)

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UPortoR E V I S T A D O S A N T I G O S A L U N O S D A U N I V E R S I D A D E D O P O R T O

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2 UPorto. EDITORIAL

EDITORIAL

A revista UPorto, prosseguindo o objectivo de apoiar a reconstituição, reforço e revitalização da Associa-ção de Antigos Alunos da Universidade do Porto (AAAUP), apresenta-se agora no seu quinto número, o pri-meiro do ano de 2002.

Condensa, como tem sido hábito, um conjunto de notícias e informações gerais, em que se incluemnotas sobre jubilações recentes de professores. De entre os vários temas tratados, destaca-se em especial oDia da Universidade, a assinalar entre os dias 20 e 22 do próximo mês, sob o tema geral: “A Universidadedo Porto na Relação Transfronteiriça”. Para a sessão solene do dia 22, aguarda-se a presença do Reitor daUniversidade de Valladolid e, à tarde, está previsto o debate “A avaliação dos docentes e complementos

salariais em Espanha”. O programa apela a uma análise sobre a evolução doensino superior em Portugal, num contexto europeu. As diversas iniciativas deanimação que decorrerão nos dias 20, 21 e 22 serão um desafio à participaçãoda comunidade universitária e não universitária.

Marques da Silva e Gomes Teixeira são duas grandes figuras em destaque nopresente número, relacionando-se a referência ao primeiro com o valioso legadoque hoje constitui património da Universidade do Porto – conservado noâmbito do Instituto Arquitecto José Marques da Silva – e a referência ao segundo,com a passagem do 150.º aniversário do seu nascimento. A constituição doREQUIMTE, novo laboratório associado em que a Universidade do Porto temuma participação importante, e a presença da nossa Universidade, nomeada-mente através do GEHVID – Grupo de Estudos de História da Viticultura Duriense edo Vinho do Porto, na preparação da candidatura do Douro Vinhateiro a patri-mónio mundial completam este conjunto de notas salientes.

Como artigos de perspectiva actual, salientam-se “uma opinião” de JoséMachado da Silva sobre “A Faculdade de Ciências no início do séc. XXI” e o

artigo “Terrorismo e Química”, de Adélio Machado. A habitual rubrica “Perfil” é dedicada a AntónioPinho Vargas, “um rebelde relativamente pacífico”.

É dado particular relevo à investigação realizada no âmbito ou sob a égide da Universidade do Porto,procurando situar o nível da nossa participação no panorama nacional de investigação e desenvolvimento– “UP reforça investigação nacional” – e, a propósito da participação da Universidade na última Feira deCiência, Tecnologia e Investigação, é incluído um texto com o título “Relance sobre a investigação aplicadana UP”. A finalizar este conjunto, Mário Barbosa apresenta uma série de considerações sobre “A investiga-ção e a formação pós-graduada na Universidade do Porto”.

A AAAUP – Associação de Antigos Alunos da Universidade do Porto põe toda a sua esperança em que os lei-tores da UPorto continuem a aproximar-se das suas iniciativas, a colaborar nelas e a divulgar o projecto derevitalização da AAAUP junto de um cada vez maior número de colegas. A página da Internet(www.up.pt/aaaup.html) permanece como local privilegiado para recepção dessas adesões que tornarão rea-lidade uma cada vez mais estreita cooperação entre os antigos e actuais estudantes da nossa Universidade.

J. Novais Barbosa (Engenharia Civil, 1957)Reitor da Universidade do Porto

“ESTÓRIAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO”, UM DESAFIO AO LEITOR

A Uporto gostaria de iniciar uma nova secção com pequenas histórias ou episódios curiosos que fazemparte da memória de todos os que passaram pela Universidade do Porto ou nela desenvolvem actividade.Pequenas memórias, muitas carregadas de humor, sobre situações ou personagens que vão construindo opatrimónio emocional da UP, como a que surge na secção “Memórias” desta edição. Para isso, a Uportolança o desafio ao leitor: em cerca de 2.500 caracteres (incluindo espaços) ou sensivelmente página e meiade texto manuscrito, descreva-nos essas pequenas histórias e envie para Uporto – Estórias da Universidadedo Porto, Gabinete de Imagem e Relações Públicas da Universidade do Porto, Rua D. Manuel II, 4050-345Porto.

A Universidade do Porto na relação transfronteiriçaDia da UP a 22 de Março

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No dia 22 de Março, data em que completa 91 anos sobre a suacriação, a Universidade do Porto celebrará o seu já habitual “Diada Universidade”. Este ano, o tema central do evento será “A Universidade do Porto na Relação Transfronteiriça”, justifi-cando a inclusão na tradicional cerimónia solene, para além dasalocuções do Reitor da Universidade do Porto, de um represen-tante dos estudantes – neste caso Nuno Mendes, aluno da Facul-dade de Direito da UP e actual Presidente da Federação Acadé-mica do Porto e de um aluno estrangeiro (Erasmus), duma inter-venção do Reitor da Universidade de Valladolid sobre os “Proble-mas Actuais da Universidade Espanhola”.

A sessão solene terá lugar no Salão Nobre do edifício que aFaculdade de Ciências ainda ocupa na Praça Gomes Teixeira, apósa qual se realizará a inauguração do novo edifício do Departa-mento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidadedo Porto. A tarde será ocupada inicialmente por uma visita ao Jar-dim Botânico do Porto, que reabriu as suas portas à cidade nopassado mês de Outubro, mercê de um protocolo estabelecidoentre a Universidade e a Câmara Municipal, e, por volta das15h30, iniciar-se-á no Auditório do novo edifício do Departa-mento de Matemática, o Seminário/Debate “Avaliação de Docen-tes e Complementos Salariais em Espanha”, onde, a partir daapresentação por professores do país vizinho do estado do pro-

4 UPorto. UP EM NOTÍCIA

UP EM NOTÍCIA

Dia da Universidade do Porto 2002

cesso em Espanha, se discutirá asua relevância para o nosso país.

O Dia da Universidade doPorto 2002 será antecedido, nosdias 20 e 21, pela realização deuma série de pequenos espectá-culos por grupos académicos demúsica, dança e teatro em cadafaculdade, promovendo a liga-ção entre as diversas escolas queconstituem a UP. No próprio dia22, estes grupos estenderão as suas actuações à cidade, com a rea-lização de espectáculos de rua em locais centrais da urbe, eviden-ciando a tradicional ligação entre a população do Porto e a suaUniversidade. Também se inclui neste programa para a cidadeum encontro de coros académicos, marcado para a noite de 20 deMarço, em local a definir.

As comemorações do Dia da Universidade do Porto 2002incorporam este ano o tradicional Sarau do Orfeão Universitáriodo Porto, na noite do dia 21. •

Dia 20 de Março

12h30/13h30: Animação nas faculdades por grupos académicos;

Noite: Encontro de corais académicos no auditório da Reitoria da UP.

Dia 21 de Março

12h30-13h30: Animação nas faculdades por grupos académicos;

21h00: Sarau do Orfeão Universitário do Porto, no Rivoli – Teatro

Municipal.

Dia 22 de Março

10h00: Sessão Solene no Salão Nobre da Faculdade de Ciências.

Intervenções de José Novais Barbosa, Reitor da Universidade

do Porto, de Nuno Mendes, Presidente da Federação Acadé-

mica do Porto e aluno da Faculdade de Direito da UP, de um

aluno estrangeiro (Erasmus) e de Jesus María Sanz Serna, Rei-

tor da Universidade de Valladolid;

12h00: Inauguração do novo edifício dos Departamentos de Mate-

mática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto;

14h00: Animação de rua por grupos académicos em diversos locais

da cidade;

14h30: Visita ao Jardim Botânico do Porto;

15h30: Seminário/Debate “A avaliação de docentes e complementos

salariais em Espanha”. moderado por José Ferreira Gomes,

Vice-Reitor da Universidade do Porto.

Temas: Avaliação individual da investigação; Avaliação individual da

docência; Discussão.

Programa

Confusões de autorias na UportoNa página 16 da edição número 3 da Uporto, foi publicado um pequeno texto intitulado “Sydney Brenner: da informação ao conhe-

cimento” e, erroneamente, indicado o nome de Rui Mota Cardoso, Professor da Faculdade de Medicina da UP, como seu autor. Defacto, o autor do texto foi Jorge Rocha, investigador do IPATIMUP e docente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. •

Reflectir sobre o Ensino Superior

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A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto aproveitou o espaço da Universidadena Feira da Ciência, Tecnologia e Inovação para sensibilizar os visitantes para a doação decadáveres, projectando um vídeo alusivo ao tema.

A dissecção do cadáver humano assume um papel fundamental e insubstituível na didác-tica das Ciências da Saúde. Por isso, consentir que o nosso corpo venha a ser utilizado paraesta prática possibilita um melhor conhecimento do organismo humano, a compreensãodos fenómenos patológicos, o aperfeiçoamento de métodos de diagnóstico e de tratamento.O profissional de saúde fica assim melhor habilitado a cuidar dos vivos.

O estudo dos cadáveres foi prática corrente até há cerca de 25 anos. A dissecção era feitaem corpos de “indigentes”, e como tal não reclamados. Por diversas razões, nomeadamentede ordem religiosa e económica, o número de cadáveres que passaram a dar entrada nosInstitutos de Anatomia foi decrescendo. Para além disso e segundo Manuel Barbosa, direc-tor do Instituto de Anatomia da FMUP, “urge reconhecer que o recurso aos corpos dos indi-gentes para se dissecar é uma prática chocante e a abandonar. Mantêm-se vivas, após amorte, as desigualdades sociais e económicas”.

Com a publicação do Decreto-lei 274/99 torna-se possível doar o corpo aos Institutos deAnatomia para efeitos de ensino médico. Esta prática, contudo, não tem tido uma grandeadesão no norte do país e no Instituto de Anatomia da UP só deram entrada cerca de 200 declarações de doação.

Este Decreto-lei, que visa regulamentar a utilização de cadáveres, foi feito de forma a preservar os sentimentos de veneração, respeitocívico e religioso. Assim, só após as exéquias é que os corpos dos doadores são transportados para o Instituto de Anatomia. Após a dis-secção, o Instituto de Anatomia sepulta ou crema os corpos, consoante a vontade dos doadores e da respectiva família.

A decisão de um indivíduo de doar o seu corpo ao ensino e à investigação médica deve ser encarada como uma contribuição vitalpara a consolidação e o avanço das Ciências da Vida em geral e, por isso, um acto cívico da maior generosidade.

Se esta for a sua decisão, pode contactar a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (225 096 808) ou o Instituto de CiênciaBiomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (222 062 232) •

Depois do IBMC/INEB e do IPATIMUP, a Universidade do Portoconta com mais três centros de investigação integrados, peloMinistério da Ciência e Tecnologia, na rede de Laboratórios Asso-ciados, atingindo um total de cinco (de 15 existentes em todo opaís). REQUIMTE, INESC/Porto e CIMAR são os novos elementos.

A REQUIMTE - REde de QUÍMica e Tecnologia (www.cequp.up .pt)– é fruto de um trabalho conjunto, desenvolvido ao longo dosúltimos cinco anos, entre o CEQUP (Centro de Química da Uni-versidade do Porto) e o CQFB (Centro de Química Fina e Biotecno-logia da Universidade Nova de Lisboa. O REQUIMTE, no seu pólodo Porto, desenvolve actividades de interesse público em diferen-tes áreas: produtos naturais; rastreio de novos produtos e sua valo-rização; qualidade e segurança alimentares; análise toxicológica;controlo ambiental e remediação de solos; tecnologias e processoslimpos de produção, qualidade do ar, desenvolvimento de catalisa-dores e de solventes e compostos não tóxicos. Colaboram naREQUIMTE mais de 100 investigadores doutorados.

O INESC/Porto – Instituto Nacional de Engenharia e Sistemasde Computadores do Porto (www.inescporto.pt) – é um institutode interface com o tecido empresarial que desenvolve investigaçãonas áreas da Engenharia Electrotécnica e de Computadores, ondese destacam as competências no âmbito dos sistemas de informa-ção e comunicação. O instituto conta com 180 investigadores, dosquais 44 são doutorados.

O CIMAR – Centro de Investigação Marinha e Ambiental(www.cimar.org), enquanto Laboratório Associado organiza-se emparceria com o Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR).Os processos biológicos físicos e químicos nos ecossistemas aquáti-cos, o estudo do impacte da actividade humana na evolução des-tes ecossistemas, e a potenciação e sustentabilidade dos recursosexistentes através da sua avaliação, gestão, melhoramento e cul-tivo, constituem as principais áreas de actuação. O CIMARenvolve 150 investigadores, sendo 52 doutorados. •

Mais três laboratórios associadosREQUIMTE , INESC/Porto e CIMAR

Doar o corpo para servir a vidaUm acto cívico da maior generosidade

UP EM NOTÍCIA. UPorto 5

UP EM NOTÍCIA

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Novo Instituto impulsiona Educação ContínuaO Ministério da Educação

aprovou a proposta de criaçãodo IRIC.UP – Instituto deRecursos e Iniciativas Comunsda Universidade do Porto, quetem como principal objectivodesenvolver a Educação Contí-nua e promover investigaçõesde carácter pluridisciplinar queenvolvam diferentes unidadesorgânicas da UP.

Apesar da diversidadepatente no conjunto de facul-dades e escolas da Universi-

dade, tem-se evidenciado umaapetência para uma convergên-cia de esforços, nomeadamentenos domínios da pós-gradua-ção e sobretudo da EducaçãoContínua. O projecto doIRIC.UP surge precisamentepara que haja uma entidadeagregadora e coordenadora deiniciativas numa área eleitacomo estratégica pela UP.Numa primeira fase, o novoorganismo vai funcionar nasinstalações da Reitoria.

A criação deste organismopretende também ir ao encon-tro da Declaração de Bolonha,onde se prevê a diversificação deformações «relevantes para omercado de trabalho», ministra-das sobretudo na educação aolongo da vida.

Um outro propósito doIRIC.UP é o de institucionalizargrupos, nomeadamente deinvestigação, que se constitueminformalmente no interior daUP e que tendem a posicionar-

-se à margem do funciona-mento da administraçãopública, facto que cria dificulda-des à eficácia de relacionamentocom instituições exteriores.

Espera-se, assim, responderda melhor maneira à conjun-tura actual que exige que a Uni-versidade se organize para pro-porcionar uma oferta alargada eestruturada, capaz de superar asexpectativas de uma sociedadede conhecimento cada vez maisexigente. •

6 UPorto. UP EM NOTÍCIA

UP EM NOTÍCIA

O edifício que albergou a Faculdade de Engenharia da Univer-sidade do Porto (FEUP), situado na Rua dos Bragas, vai ser recupe-rado e remodelado para responder às novas exigências do ensino.O projecto de recuperação do edifício foi elaborado pelo CEFA –Centro de Estudos da Faculdade de Arquitectura. As previsõesapontam para a conclusão da obra em Maio de 2003. Nessaaltura, a Faculdade de Direito da UP (FDUP) passará das actuaisinstalações temporárias para a sua nova casa.

Apesar de datado de 1934, o edifício que albergou a FEUP até àsua mudança para as novas instalações, nunca sofreu obras pro-fundas de manutenção e restauro. O projecto prevê profundastransformações para adaptação às novas exigências do ensino,mas sem perder de vista um ponto importante: “Manter o edifícioo mais fiel possível à sua traça original”, revela António Cardoso,Pró-Reitor da Universidade do Porto.

No exterior, o projecto de recuperação engloba, sobretudo, areabilitação das fachadas e janelas do edifício; no interior, asgrandes alterações situam-se, para além da remodelação das infra-estruturas básicas, “na instalação de elevadores que vão facilitar amobilidade dos estudantes, principalmente daqueles que sofremde alguma deficiência, entre os quatro pisos”, esclarece o Pró-Rei-tor. A remodelação estende-se ainda às instalações sanitárias e aosanfiteatros, para além da instalação de uma moderna rede deinformática.

Na área circundante ao edifício está prevista “a demolição dealguns edifícios antigos, de forma a libertar algum espaço”. Actual-mente, decorre a fase de análise das propostas para execução daobra. A Reitoria aponta Abril como o mês mais provável para a iní-cio dos trabalhos, que têm um prazo de execução de um ano, cujocusto total ronda os 2.15 milhões de euros (430 mil contos). •

Obras para breve no futuro edifício da

Faculdade de Direito

MANUEL ROGÉRIO DE JESUS DASILVA, Professor Catedrático do Departa-mento de Matemática Aplicada da FCUP

desde 1989, aposentou-se em Outubro de 2001 devido a proble-mas de saúde. Exerceu funções docentes em cursos de licencia-tura, nas disciplinas de Análise Numérica, Métodos Numéricos,Álgebra Linear Numérica, Integração Numérica de Equações Dife-renciais, Teoria da Aproximação e Estágio Pedagógico de Matemá-tica e em cursos de mestrado, nas disciplinas de Análise Funcionale de Teoria da Aproximação. Desenvolveu actividade científica,principalmente em Análise Numérica. •

O PRÉMIO BENJAMIN CASTLEMAN 2002, ATRIBUÍDOPELA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE PATOLOGIA, DIS-TINGUIU OS INVESTIGADORES DO IPATIMUP (Instituto dePatologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto)Fátima Carneiro e Raquel Seruca e mais oito autores do artigopublicado no “The New England Journal of Medicine” sobrecancro do estômago. Por outro lado, Cidália Pina-Vaz, AcácioGonçalves Rodrigues, Sofia Costa de Oliveira e Christina Tavares,do mesmo instituto foram distinguidos pelo Prémio Pfizer, atri-buído pelos Laboratórios Pfizer e pela Sociedade das CiênciasMédicas, a mais prestigiada distinção no contexto da comuni-dade médica portuguesa. •

Breves

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UP EM NOTÍCIA. UPorto 7

UP EM NOTÍCIA

O Professor Doutor Nuno Rodrigues Grande, Catedrático deAnatomia do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar(ICBAS) e Pró-Reitor da Universidade do Porto, jubilou-se a 23 deFevereiro.

Após a licenciatura em Medicina (em 1957), a convite de seumestre, Professor Hernâni Monteiro, foi contratado como Assis-tente da Faculdade e iniciou, na mesma altura, a sua prática clí-nica independente, a qual exerceu durante quarenta e dois anos,tornando-o num dos médicos mais respeitados da sua geração. Aanatomofisiologia do aparelho respiratório e, em particular osseus aspectos vasculares, foi sempre o seu campo preferido deinvestigação, deste modo prosseguindo na linha da célebre EscolaAngiológica do Porto.

Foi para Angola no cumprimento do Serviço Militar. Aí, tor-nou-se responsável pelo Laboratório de Anatomia Humana doCurso Médico-Cirúrgico, onde desenvolveu ambiciosos projectosde medicina experimental, nomeadamente, ensaios pioneiros deautotransplantação do pulmão efectuadas no cão, revasculariza-ção cardíaca por meio de anastomose venosa coronária e induçãode bronquiectasias. Em 1973, foi nomeado Vice-Reitor da Univer-sidade de Luanda e, um ano depois, foi eleito Presidente da Socie-dade de Anatomia da África Austral. Quando se deu o 25 de Abril,estava a elaborar projecto de criação no Huambo de uma Escola

Universitária que reunisse várias vertentes profissionais da áreadas Ciências da Saúde.

Após a Revolução, decidiu regressar a Portugal e foi nomeadomembro da Comissão de Estudo para elaborar proposta de funda-ção do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS)na Universidade do Porto. Foi Membro da Comissão Instaladorado ICBAS desde Outubro de 1975 a 1981 (quando foi completadoo processo de instalação). É unanimemente reconhecido o papelcentral que desempenhou, de parceria com o Professor Corino deAndrade, na criação do ICBAS, instituição onde exerceu todos oscargos de maior responsabilidade. Tem numerosos estudos deinvestigação publicados em todas as grandes revistas internacio-nais de Anatomia, Pneumologia e Linfologia.

Foi condecorado pelos Governos Português (Grande Oficial daOrdem de Instrução Pública) e Francês (Palmas Académicas) epela Ordem dos Médicos, entre outras distinções. Preside à Asso-ciação Divulgadora da Casa-Museu Abel Salazar, ao Conselho deAdministração da Fundação de Cultura e Língua Portuguesa, e aoConselho Científico do ICBAS.

A última lição do Prof. Nuno Grande foi proferida a 23 deFevereiro, no âmbito de uma cerimónia de homenagem promo-vida pelo ICBAS.

Artur Águas

(Professor do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar)

Nuno GrandeMédico e professor distinto jubilou-se

Luís de Oliveira Ramos, Pro-fessor Catedrático da Faculdadede Letras e ex-Reitor da Univer-sidade do Porto, foi homena-geado pela Faculdade no pas-sado dia 16 de Janeiro, talcomo Humberto BaqueroMoreno (História Medieval) eManuel Gomes da Torre (Estu-dos Anglo-Americanos), Profes-sores Catedráticos que também

pediram aposentação. José Adriano de Carvalho, Professor Cate-drático de Línguas e Literaturas Românicas, igualmente aposen-tado no ano passado, foi homenageado dois dias depois.

Luís de Oliveira Ramos nasceu em Braga em 1939, licenciou-seem Ciências Historico-Filosóficas em 1961 e doutorou-se na áreade História Moderna e Contemporânea em 1972. É ProfessorCatedrático de História Moderna, foi Reitor da Universidade doPorto entre 1982 e 1985 e presidente do Conselho de Reitores dasUniversidades Portuguesas entre 1983 e 1985. Pertence às Acade-mias da História, da Marinha, das Ciências de Lisboa, entreoutras. Dirige o Instituto de História Moderna e o Centro de Estu-dos de Norte de Portugal-Aquitânia (CENPA), ambos ligados àUniversidade do Porto, sendo o último uma parceria com a Uni-versidade do Bordéus, da qual é Doutor honoris causa.

Foi-lhe atribuída, pelo Presidente da República, a Grã-Cruz doInfante D. Henrique e da Instrução Pública. •

Homenagem a ex-Reitore Professores aposentados

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Desde 1972, encarregado do ensino de Gastrenterologia, assu-miu a regência de várias cadeiras, nomeadamente da de DoençasInfecciosas entre 1978 e 1983. Foi presidente do Conselho Direc-tivo da Faculdade de Medicina durante três anos. No Hospital deS. João, criou o Serviço de Gastrenterologia de que foi director atéà jubilação. Criou a Associação Porto-Navarra de Estudos Hepato-lógicos, de que foi presidente até 2001. Foi presidente do Colégiode Especialistas de Gastrenterologia da Ordem dos Médicos e daSociedade Portuguesa de Gastrenterologia. Jubilou-se a 18 deNovembro de 2001.

HORÁCIO DA MAIA FERREIRA E COSTA licenciou-se em Enge-nharia de Minas na Faculdade de Engenharia da Universidade doPorto, em 1957. Prestou provas de doutoramento em 1966. Foi

Vice-Reitor da UP entre 1978 e 1981.Em Angola, foi Consultor do Governo Geral

de Angola, através do Serviço de Geologia eMinas, e docente da Universidade de Luanda.Em 1970 regressou ao Porto e à FEUP ao

Departamento de Metalurgia. Em 1981, deu iní-cio à formação profissional de fundição

no actual Instituto do Emprego e Forma-ção Profissional. Desta missão nasceu oCINFU – Centro de Formação Profissio-

nal da Indústria de Fundição, do qual veio a ser director até 1995.Em 1994 foi eleito Vice-Presidente da Ordem dos Engenheiros

para o triénio 1995-1998. A partir de Janeiro de 1997, assume adirecção da Revista de Fundição. Fez parte da Comissão encarre-gue de elaborar um relatório sobre o novo modelo do sistemauniversitário das Forças Armadas. A cerimónia pública decorreu a14 de Dezembro, mas oficialmente a Jubilação ocorreu a 9 deDezembro.

JOSÉ FERREIRA DA SILVA nasceu em Vila do Conde, em Dezem-bro de 1931, licenciou-se em Engenharia Elec-

trotécnica na Universidade do Porto, emFísica na Universidade de Leiden (Holanda),onde também concluiu o Doutoramento. ÉProfessor Catedrático de Física na Faculdade

de Ciências da Universidade do Porto(FCUP) desde 1979.

Foi bolseiro da Fundação CalousteGulbenkian de 1962 a 1967, na áreada Supercondutividade, na Universi-

dade de Leiden. Tem trabalhado em Supercondutividade no Cen-tro de Física da UP (IFIMUP). Tem regido disciplinas nas licencia-turas em Física e Química, de Medicina, Ciências do Meio Aquá-tico nos cursos da Faculdade de Ciências do Desporto e EducaçãoFísica da UP. Foi presidente (eleito) da Comissão Directiva Provi-sória da FCUP, da Comissão Directiva do Instituto Geofísico daUP, de 1980 a 1984, e da Delegação do Norte da Sociedade Portu-guesa de Física de 1979 a 1982. Ultimamente interessa-se pelaHistória e Filosofia das Ciências. •

ANTÓNIO ALMEIDA DO VALE, nascido no Porto em 1931, con-cluiu licenciatura em Engenharia Electrotécnica pela Faculdade de

Engenharia da Universidade do Porto em1954/55, e doutorou-se na mesma área e pelamesma faculdade em 1965.

Desde 1987 é Professor Catedrático na Facul-dade de Engenharia da Universidade do Porto

em regime de exclusividade. É responsável pelo CISE – Centro deInvestigação de Sistemas Eléctricos.

Almeida do Vale exerceu diversos car-gos de administração e gestão na Faculdade de Engenharia da Uni-versidade do Porto. Foi Conselheiro do INIC – Instituto Nacional deInvestigação Científica e membro do Conselho Superior de ObrasPúblicas e Transportes. Em Junho de 1986, no Dia Nacional doEngenheiro, foi uma das personalidades a quem a Ordem dos Enge-nheiros concedeu distinção. Jubilou-se a 9 de Dezembro de 2001.

ANTÓNIO MANUEL SAMPAIO DE ARAÚJO TEIXEIRA, nascidono Porto em 1931, licenciou-se em Medicina na Faculdade de

Medicina da Universidade do Porto em 1956.Concluiu o doutoramento em 1966 na mesmafaculdade e tornou-se Professor Catedrático denomeação definitiva em 1979.

Entre outros cargos de direcção de servi-ços hospitalares, foi director clínico doHospital de V. N. de Gaia entre 1974 e1975, director do Programa de Trans-plantação Hepática do Hospital de S.

João em 1993 e tornou-se director do Departamento de Cirurgia domesmo hospital em Maio do ano passado. É presidente da ReuniãoInternacional de Cirurgia Digestiva que se realiza anualmente há25 anos, no Hospital de S. João. Foi presidente do Conselho Cientí-fico da FMUP, do Colégio de Cirurgiões da Ordem dos Médicos, eda Sociedade Portuguesa de Cirurgia.

Araújo Teixeira foi agraciado com a Medalha de Mérito daCidade do Porto, com a Legion d’Honneur Nationale de France, Pré-mio Nacional de Oncologia e, pelo Presidente da República, com aGrã-Cruz da Ordem de Instrução Pública. Jubilou-se a 29 deNovembro de 2001.

ANTÓNIO LUÍS TOMÉ DA ROCHA RIBEIROnasceu na Maia em 1931. Licenciou-se emMedicina pela Faculdade de Medicina da Uni-versidade do Porto em 1956. No último ano,

foi presidente da Juventude UniversitáriaCatólica (JUC). Em 1972, doutorou-se em

Medicina Interna. Passou a ProfessorCatedrático, com nomeação definitiva,em 1984.

8 UPorto. UP EM NOTÍCIA

UP EM NOTÍCIA

Distinções académicasJubilações

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COMENTÁRIO

A Faculdade de Ciências sofreu nos últimos trinta anos, em muitosaspectos, grandes e importantes modificações. Ao tentar reflectirsobre essas mudanças, exprimo obviamente um entendimento pes-soal que pretende ser objectivo sem ser totalmente desapaixonado.Muita da evolução da Faculdade nos anos 1911-1986 está exaustiva-

mente descrita no livrorecentemente publicado“Os primeiros 75 anos:1911-1986 (Faculdade deCiências do Porto-2000)”constituído por sete capítu-los, reflectindo a evolução eo esforço desenvolvido pormuitos dos responsáveisdos departamentos que,num intervalo de temporelativamente curto, conse-guiram implantar em basessólidas uma cultura deinvestigação.Foi um processo bem estru-turado, com visão, e quelevou em conta as possibili-dades financeiras do país e

as verbas disponibilizadas para as Universidades em geral e, em parti-cular, para a Universidade do Porto. Em muitas das ciências experi-mentais foi um “salto quântico”, passou-se de um estado de vaziopara uma situação de razoável produção científica que foi crescendo ediversificando.

Ainda não se fez a devida justiça aos responsáveis pelo planea-mento da investigação que em muitos casos, e é necessário enfatizareste ponto, não implementaram necessariamente a investigação queserviria os seus próprios interesses científicos. As dificuldades paralevar a bom termo este início da investigação científica devem tersido enormes; os responsáveis políticos da época não estavam moti-vados para fazer um esforço financeiro sistemático e significativo naárea da educação e, por maioria de razão, na investigação científica;mas a isto acrescia na altura, como agora, a distância imensa entre aperiferia e o poder central, traduzida nos últimos 30 anos na dife-rença dos valores dos investimentos per capita em investigação noscentros da área geográfica de influência directa do poder político e osdo restante país. Mas não foi apenas, evidentemente, a obtençãopenosa e paciente de verbas que tornou possível o lançamento dasbases da investigação; foi, fundamentalmente, a criteriosa escolhados assistentes-investigadores. Houve entusiasmo, dinamismo, pon-deração, saber e capacidade para atrair jovens a quem estavam aber-tas outras portas, porventura mais compensadoras financeiramente.

REFLECTIR SOBRE A MISSÃO DA UNIVERSIDADE

Todo este desenvolvimento da investigação teve os seus primórdiosna década de 60 e a sua consolidação nas décadas seguintes. Nosanos sessenta, setenta e oitenta as instalações da Faculdade eram basi-camente as da Praça Gomes Teixeira onde os espaços reservados paralaboratórios de investigação eram reduzidíssimos, alguns sem condi-ções de segurança mínimas. Actualmente, os novos edifícios, planea-dos para o ensino e investigação, oferecem aos departamentos que osocupam condições apropriadas e satisfatórias, tornando mais atractivoo trabalho científico e relegando para o passado e para a memória dealguns a história dos inícios da investigação experimental na Facul-dade. Alguns dos departamentos experimentais terão que esperarainda algum tempo para mudarem para novas instalações, suficiente-mente dignas, que permitam exercer a sua actividade científica epedagógica de acordo com as recomendações expressas pelos audito-res externos relativamente às licenciaturas de que são responsáveis.

A investigação trouxe ao ensino uma nova vivência e perspectiva eum maior envolvimento dos alunos dos últimos anos em actividadesde investigação, criando em muitos deles o desejo de prosseguir estu-dos conducentes aos graus de Mestre e Doutor. Estes graus são aextensão natural do grau de licenciatura que é o foco fundamental daactividade do ensino da Faculdade.

As licenciaturas tradicionais da Faculdade de Ciências visam a for-mação sólida nas diferentes ciências básicas varrendo um espectroalargado que inclui a Matemática, a Física, a Química e as CiênciasNaturais. A maior parte dos seus licenciados exerce a profissão deprofessor do ensino básico e secundário dando, consequentemente, agarantia de que o ensino pré-universitário é de qualidade. A aberturada preparação de professores destes ramos de ensino a outras institui-ções tornou menos apetecível, aos futuros alunos do ensino superior,a frequência da Universidade onde o rigor e a exigência parecemconstituir um forte entrave à escolha da escola superior que queremfrequentar. A Faculdade acredita que o respeito pelos seus alunos,pela sua potencial inteligência, implica que os curricula dos seus cur-sos e a formação e actividade científica dos seus professores tenhanível europeu. Há, infelizmente, sinais perturbantes de uma tendênciapara o facilitismo e começa-se a perceber que mesmo nas boas Uni-versidades públicas a matéria ensinada vai-se progressivamente afas-tando do nível existente há uma ou mais décadas. As razões para queisto aconteça nas licenciaturas e também nos mestrados e doutora-mentos são várias, mas aquela que parece ser a mais importante é arazão economicista onde o investimento nas Faculdades, os subsídiospara a investigação dependem “dramaticamente” do número de alu-nos que frequentam os diversos graus de formação. Suponho quetodos concordam que o país precisa de mais licenciados e de maisdoutores, mas essa necessidade não pode ser confundida com a sim-ples obtenção de um diploma sem haver nalguns (muitos?) casoscorrespondência entre o grau e os conhecimentos obtidos. Seria

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UP EM NOTÍCIA

no início do século XXIA Faculdade de CiênciasJosé Manuel Machado da Silva (*)

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COMENTÁRIO

desejável uma profunda reflexão sobre a missão da Universidade, asua inserção no tecido social, a sua capacidade de liderança e o seudesejo de ser um modelo de excelência na sociedade portuguesaconstituindo um exemplo de travão à derrapagem para um estadocientífico cada vez mais longe do nível médio europeu.

UP: UM ROSTO, SEM PERDA DA IDENTIDADE DAS FACULDADES

A Faculdade tem que não só manter mas procurar melhorar aqualidade do seu ensino, mesmo sob a pressão de vários figurinosque parecem tornar desejável o abaixamento da qualidade e grau deexigência do ensino universitário público. Tem-se também aperce-bido que precisa de criar outras licenciaturas que ofereçam aos seusalunos outras saídas profissionais além das do ensino. A licenciaturaem Engenharia Geográfica é um exemplo neste contexto e que fazparte dos curricula da Faculdade desde há dezenas de anos. Recente-mente foram criadas quatro novas licenciaturas que vêm ao encontrodas necessidades do país em geral e da região Norte em particular:Engenharia das Ciências Agrárias, Engenharia de Redes e SistemasInformáticos, Ciências da Tecnologia do Ambiente e Arquitectura Pai-sagista. Todas estas licenciaturas não precisam, de um modo geral ecom excepção da Engenharia das Ciências Agrárias, de recorrer àcontratação de novos docentescom conhecimentos diferentesdos existentes e por isso represen-tam uma mais valia e um exce-lente aproveitamento dos seusrecursos humanos. Não é demaisinsistir na necessidade prementede manter a Universidade públicacomo um expoente de rigor e exigência intelectual o que só se con-seguirá com investimento apropriado ao seu funcionamento e acapacidade própria de atrair os melhores valores para os seus qua-dros de funcionários docentes e não docentes. Isto pode pareceruma tarefa gigantesca dada a disparidade entre os atractivos finan-ceiros oferecidos pela Universidade e as empresas privadas e públicaspara cargos equivalentes. Mas, por outro lado, compete também àUniversidade gerir com proficiência os seus recursos materiais ehumanos evitando, por exemplo, que se ensinem as mesmas maté-rias em diferentes unidades orgânicas com um custo que só é justifi-cado pela razão que a razão desconhece. Seria uma tarefa nobre,embora de grande dificuldade, aproveitar dentro de cada Universi-dade as sinergias existentes nas diferentes Faculdades, tornar maiseficiente e porventura de melhor qualidade o ensino e a aprendiza-gem em disciplinas semelhantes. Neste sentido a Universidade doPorto poderia ter, cada vez mais, um rosto apenas, sem perda daidentidade de cada uma das suas Faculdades.

INTERACTUAR COM A SOCIEDADE

Um dos assuntos importantes, relevantes e recorrentes na vidauniversitária é a dedicação exclusiva dos seus docentes à profissão eInstituição que servem. Há, como em tudo, quem defenda a dedica-

ção exclusiva e quem entenda que tal não é necessário nem desejá-vel. Fazem-se comparações com o que se passa em países maisdesenvolvidos e usualmente de dimensão geográfica muito maior.Raramente essas comparações são com países europeus de dimensãoanáloga à de Portugal. Mas a Instituição universitária terá que resol-ver ou tentar resolver este problema e obter soluções para aspectosfundamentais dos quais se podem mencionar alguns: será possível aum docente manter-se continuadamente actualizado, publicar assi-duamente artigos específicos em revistas internacionais, publicarlivros de interesse didáctico, dedicar-se à preparação actualizada dasdisciplinas que ensina, participar na gestão universitária e, simulta-neamente, com o mesmo rigor, acumular o exercício de tarefassemelhantes ou não em outras Instituições? Parece que exercer taisfunções numa só Instituição exige que o docente esteja exclusiva-mente dedicado a elas e, em simultâneo, para cumprir o lequevariado de tarefas mencionado, esteja… em estado de graça.

Por outro lado, a Universidade deve interactuar com a sociedade,pondo o seu saber à disposição de outras Instituições públicas ou pri-vadas, usando para isso protocolos que sejam de benefício e consti-tuam uma mais valia para as Instituições envolvidas, sem perda detransparência na colaboração prestada pelos docentes envolvidosnos projectos.

A Universidade tem sido criti-cada por não usar a filosofiaempresarial para gerir os seusfinanciamentos, por não planear amédio e a longo prazo os seusinvestimentos, mesmo com asmagras verbas que lhe são dispo-

nibilizadas. Talvez muitos concordem que poderia haver algumarazão nestas críticas, mas defender-se-iam dizendo e também comrazão que a burocracia da função pública é pesada e cega; houve,contudo, mais recentemente um esforço e relativo sucesso neste tipode gestão quando foi permitida a acumulação de saldos de um anopara outro. Foi então possível planear a aquisição de equipamentosde valor elevado e não coberto pelo financiamento anual, muitasvezes com restrições de vários tipos, incluindo a contratação denovos docentes. Houve sempre quem avisasse que este tipo de ges-tão equilibrada ia ser, mais dia menos dia, penalizada; e mais, insis-tiam que o poder político não reconhece, na prática, este esforço eesta ponderação na gestão universitária. Tem que se reconhecer comdesânimo que os velhos do Restelo tinham absoluta razão; quemtem dívidas verá que o poder político arranjará solução para elas,mesmo à custa de quem planeou com cuidado e supostamente, masenganosamente, com visão.

A Faculdade continuará, numa atitude que mistura a ingenuidadee um optimismo fundamentalista, a gerir o melhor e mais eficiente-mente que sabe as unidades que dependem directamente de si. •

UP EM NOTÍCIA. UPorto 11

UP EM NOTÍCIA

Seria uma tarefa nobre aproveitar, dentrode cada Universidade, as sinergias existen-tes nas diferentes Faculdades

(*) Director da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

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O INSTITUTO E O MUSEU MARQUES DA SILVA

A curto prazo a UP pretende transformar o número 44 da Praçado Marquês de Pombal (casa-mãe da família) num museu dearquitectura «que envolva o património do arquitecto, da filha,do genro, de eventuais discípulos e mesmo de outros arquitectosque assim o desejem», explica António Cardoso. Actualmente, oMuseu está em fase de instalação. No número 30, da mesmaPraça, localiza-se a sede do Instituto que pode servir para a reali-zação de diversas actividades de índole cultural. Fazendo jus àsatribuições que estão no cerne da sua criação, o Instituto Marquesda Silva abriu recentemente as portas à cidade com a inauguraçãode uma exposição de aguarelas do célebre arquitecto.

Nesta fase, procede-se à inventariação, avaliação, classificação,catalogação, limpeza, informatização de todo o espólio legado àUniversidade e decorrem obras de recuperação e restauro nos doisedifícios que constituem o património edificado. A morosidadedo processo de instalação do Instituto prende-se, sobretudo, “comaspectos burocráticos ligados à inventariação, avaliação e legaliza-ção de alguns dos imóveis situados em Barcelos e que foram doa-dos ao Instituto”, continua o professor. Aliás, a grande fonte dereceita que servirá de sustentáculo ao funcionamento do InstitutoMarques da Silva, segundo António Cardoso, advém, essencial-mente, da venda desses imóveis e do arrendamento de diversosprédios na cidade do Porto que eram pertença da família. A Uni-versidade do Porto espera ver concluído este processo com amaior celeridade possível.

Para António Cardoso, «Marques da Silva, com os seus edifí-cios emblemáticos, de um cosmopolitismo francês e flamengonão deixando de parte as marcas de uma influência quer vernacu-lar quer erudita de uma tradição arquitectónica portuguesa, foium dos arquitectos que mais marcou a cidade do Porto». Deixouainda «marcas significativas» na arquitectura e no desenhourbano em várias cidades do Norte do país, de onde se destacaGuimarães, Barcelos e Santo Tirso.

12 UPorto. RETRATO DA UP HOJE

RETRATO DA UP HOJE

A tese de doutoramento de António Cardoso, Professor de His-tória de Arte da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, “O arquitecto José Marques da Silva e a arquitectura no Norte dopaís, na primeira metade do século XX”, sistematiza a relevânciada obra. A necessidade de preservação do legado levou a que osherdeiros, Maria José Marques da Silva e David Moreira da Silva,respectivamente filha e genro do arquitecto, ponderassem a cria-ção, para esse fim, de um instituto na esfera da Universidade doPorto. Assim, em 25 de Junho de 1994, nasceu formalmente oInstituto Arquitecto José Marques da Silva, com sede no número30 da Praça Marquês de Pombal, no Porto, edifício que o próprioarquitecto concebeu para a instalação do seu atelier.

As principais atribuições do Instituto são, resumidamente, asseguintes:

• promover a classificação, preservação, conservação e divulga-ção do património artístico e arquitectónico legado pelosherdeiros;

• desenvolver acções de classificação, preservação, conservaçãoe divulgação do património artístico e arquitectónico daautoria do arquitecto;

• desenvolver acções de ensino, divulgação e difusão culturalrelacionadas com a obra e a actividade do arquitecto Mar-ques da Silva; colaborar com a Universidade do Porto e assuas escolas, bem como outras entidades públicas e privadas,promovendo iniciativas destinadas a fomentar a dignificaçãoda profissão de arquitecto e a qualidade da arquitectura den-tro e fora do país;

• instituir um prémio bienal com o nome de Prémio Arqui-tecto José Marques da Silva, a atribuir ao aluno finalista daFaculdade de Arquitectura do Porto que se licencie com amelhor classificação;

• instituir um museu de arquitectura na casa da Praça Marquêsde Pombal, 44, e a prestação de serviços à comunidade, nostermos e condições definidos pela Universidade e pelo Insti-tuto.

Recentemente, a Universidade do Porto deu a conhecer ao público portuense um

novo espaço – o Instituto Arquitecto Marques da Silva. Criado formalmente em 25

de Junho de 1994, este novo organismo surgiu da necessidade de estudar, preser-

var e divulgar o legado do Arquitecto Marques da Silva, que projectou alguns dos

mais emblemáticos edifícios e ruas da cidade do Porto.

UM LEGADO PARA A CIDADE

Marques da Silva

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RETRATO DA UP HOJE. UPorto 13

A ARQUITECTURA DE UMA VIDAJosé Marques da Silva nasceu no número 113, da Rua Costa

Cabral, no Porto, a 18 de Outubro de 1869, no seio de uma família delarga prole. Pouco depois de concluir os cursos de Arquitectura Civil ede Desenho Histórico, na Academia Portuense de Belas-Artes, partiupara Paris, em 1889, com «a bolsa do pai e a saquinha de libras que amãe lhe cosera no forro do casaco», instalando-se no número 37 darua Denfert-Rochereau.

Durante a sua estadia na capital francesa, Marques da Silva fre-quentou o atelier preparatório de Peigney, onde se preparou para aentrada na Galeria da Escola para frequentar a classe de arquitectura,fazendo os principais estudos no atelier de Laloux. Participou emdiversos concursos conquistando numerosos galardões. Em Dezem-bro, de 1896 termina os estudos parisienses, tendo obtido o Diplomade Arquitecto, com o projecto da Gare Central.

Após o regresso a Portugal Marques da Silva elaborou os projectosde alguns dos mais emblemáticos edifícios do Porto, como é o casoda Estação Central de São Bento, das obras de restauro do edifício daBolsa, do edifício da Caixa Geral de Depósitos, do palácio Conde deVizela, do Teatro de São João, do Liceu Central do Porto, do LiceuAlexandre Herculano, do Liceu Rodrigues de Freitas, e de “A Nacio-nal”, tendo projectado e desenhado algumas das principais ruas e lar-gos da cidade. Foi arquitecto da Associação Comercial do Porto e,posteriormente, “arquitecto municipal”. Elaborou o projecto e dirigiua obra de construção do bairro operário de Monte Pedral e a amplia-ção da capela do cemitério de Agramonte. Da sua autoria foi tambémo desenho da Casa de Serralves. Mas a sua influência como arquitectonão se restringe à cidade Invicta.

Em Guimarães, Marques da Silva foi responsável pelo projecto deampliação do edifício da Sociedade Martins Sarmento e pelo projectodo mercado, entre outros. Foi professor e director da Academia Por-tuense de Belas-Artes, mais tarde Escola Superior de Belas-Artes doPorto. Foi igualmente responsável pela instalação e direcção da Escolade Arte Aplicada Soares dos Reis, que posteriormente foi extinta, ane-xando-se à Escola Industrial Faria Guimarães. Marques da Silva, viria afalecer em 6 de Junho de 1947. •

RETRATO DA UP HOJE

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Vivemos na “era do conhecimento”. Uma era em que é essen-cial os cidadãos disporem de conhecimentos avançados em Ciên-cia e Tecnologia (incluindo ciências sociais e humanas) para nãoperderem o comboio do desenvolvimento. A consolidação dademocracia passa também pela promoção da cultura científica, demodo a que os cidadãos participem activamente no avanço doconhecimento científico e tecnológico. Como exemplo paradig-mático, o presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia(FCT), Luís Magalhães, na confe-rência “Ciência e Tecnologia emPortugal e a Situação na RegiãoNorte”, apresentada na Comissãode Coordenação da Região Norteem Novembro, citava os EstadosUnidos da América, onde a ino-vação baseada no avanço doconhecimento em Ciência e Tec-nologia é responsável por metade do crescimento económico nosúltimos 50 anos. Nos EUA, 73 por cento do registo de patentesresulta do investimento em investigação universitária.

Os dados apresentados pelo presidente da FCT demonstramque a investigação em Ciência e Tecnologia em Portugal apre-senta sinais de uma evolução muito animadora. A análise compa-rativa dos números (disponíveis em formato pdf através dehttp://www.oct.mct.pt/pt/estatisticas/comparacoes/draftreport.htm) indica a tendência para uma rápida recuperação do tradicionalatraso do país a este nível, face a outros países europeus, EstadosUnidos e Japão, apesar dos números, em valor absoluto, seremainda muito baixos. O caminho a percorrer permanece longo.

A taxa de crescimento estimada ((estimativas da DG Research(Comissão Europeia) calculadas com base em dados até 1999)) donúmero de investigadores, em permilagem da população activa,coloca Portugal em terceiro lugar naquele conjunto de países.Mas o país necessita, sublinhou o responsável pela FCT, de dupli-car o número de investigadores para se aproximar da média euro-

peia. Quando se contabiliza o incremento de novos doutoramen-tos, realizados entre 1998 e 1999 (permilagem, de novos doutora-mentos em Ciência e Tecnologia, da população nacional entre os25 e 34 anos), Portugal surge no topo da tabela, à frente de paísescomo a Suécia, a Dinamarca, o Japão, e todos os outros considera-dos nas comparações anteriores. Também quanto à estimativa daevolução anual da despesa pública aplicada em investigação emCiência e Tecnologia, com base em valores de 1995 até 1999, Por-tugal surge no topo, apenas abaixo da Espanha. Um dos indicado-res usados para medir a produtividade científica é o número de

artigos científicos publicados porcada milhão de habitantes. Aqui,mais uma vez, no crescimentoanual (em percentagem), desde1995 até 1999, Portugal surge cla-ramente à frente de todos os paí-ses analisados. No entanto, estesindicadores reflectem apenas ten-dências, sendo necessário, para

uma avaliação mais rigorosa, o cruzamento com outros dados nãocitados.

NORTE TEM METADE DOS RECURSOS DO PAÍS

Até há pouco tempo, a Universidade do Porto incluía dois dosquatro laboratórios associados existentes a nível nacional. Hojeconta com mais um, antes Centro de Química da Universidadedo Porto que, em parceria com o Centro de Química Fina e Bio-tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, forma o novo labora-tório associado REQUIMTE – Rede de Química e Tecnologia (vertexto na secção UP em Notícia).

Na Universidade do Porto, a listagem dos projectos aprovadosem 2000 para financiamento pela Fundação para a Ciência e Tec-nologia – que não constitui financiamento exclusivo para a inves-tigação em Portugal – demonstra uma forte participação emcinco áreas: ciências da saúde - medicina molecular e genética e

14 UPorto. NA CAPA

NA CAPA

investigação nacional aplicada UP reforça

A investigação em Ciência e Tecnologia em Portugal apresenta valores absolutos ainda

muito abaixo do que se passa na generalidade dos países da União Europeia, Estados

Unidos e Japão. No entanto há sinais de uma evolução muito positiva. A zona norte do

país e a Universidade do Porto têm um papel importante neste contexto. Eis um quadro

possível do trabalho desenvolvido.

O número de unidades financiadas anual-mente pela FCT, com classificação igual ousuperior a “Bom”, aumentou de 35 para 49entre 1996 e 1999

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NA CAPA

NA CAPA. UPorto 15

Universidade do Porto participam em 45 dos cerca de 180 projec-tos, segundo dados de 2001 da Agência de Inovação. O maiornúmero de projectos financiados por esta entidade é precisa-

mente nas áreas das Tecnologias da Informação e Comunicação ede Tecnologias Avançadas de Produção, surgindo bastante atrásas Tecnologias de Processo, sendo a maior parte do financia-mento garantido pelo programa ICPME (Iniciativa Comunitáriapara Pequenas e Médias Empresas), logo seguida do PRAXIS.Refira-se que 22,2% dos projectos em que participam unidadesda UP são desenvolvidos em consórcio internacional.

Apesar deste panorama, que regista uma evolução positiva nainvestigação em Ciência e Tecnologia em Portugal e, especifica-mente, na Universidade do Porto, os agentes económicos poucasvezes se apercebem dos avanços conseguidos no interior dasparedes da Universidade. Numa sessão dirigida a empresários,promovida pela Câmara Municipal do Porto, para divulgaçãodestas actividades na UP, Alberto Mesquita, vice-presidente daAssociação Empresarial de Portugal, afirmava que os empresáriosdesconhecem a actividade desenvolvida pelos investigadores,deixando implícito o desejo de que iniciativas deste género serepitam. •

DESPESA EM I&D EM 1999

Fonte: Observatório das Ciências e das Tecnologias, Inquérito ao Potencial Científico e Tecnoló-

gico Nacional. (*) Valores da População Activa: INE, Anuários Estatísticos de 1997 e 1999

Despesa em I&D a preços correntes (106 Esc.) 18 954,6 21 644,7 29 769,1

Peso relativo no Total nacional (%) 20,6 19,9 20,7

REGIÃO NORTE 1995 1997 1999

RECURSOS HUMANOS EM I&D EM 1999

Recursos Humanos em I&D (ETI) 3 559,3 3 826,8 4 832,9

Peso relativo no Total nacional (%) 23,0 21,2 23,2

Em ‰ da população activa na R. Norte* – 2,2 2,6

REGIÃO NORTE 1995 1997 1999

imunologia; ciências da saúde - ciências biomédicas de órgãos esistemas e oncologia; ciências da saúde – neurociências e sistemasendócrinos, engenharia química e psicologia. Em todas estasáreas, a Universidade do Porto participa em 50 por cento ou maisdos projectos.

Noutras áreas, a Universidade do Porto participa numa per-centagem que se situa entre 20 a 50 por cento dos projectos:ciências biológicas – biologia celular e integrativa; ciências bioló-gicas – biologia de sistemas, biologia marinha e ecologia; ciênciaanimal e ciências veterinárias; ciências da saúde – farmacologia,ciências farmacêuticas e biomateriais; engenharia mecânica;engenharia civil e de minas; engenharia electrotécnica e informá-tica – sistemas robóticos, inteligentes e de informação; engenha-ria electrotécnica e informática – electrónica, microelectrónica,sistemas eléctricos e energia. O número de unidades financiadasanualmente pela FCT, com classificação igual ou superior a“Bom”, aumentou de 35 para 49, entre 1996 e 1999, sendo queesta última fase incluiu uma avaliação intercalar em 1998 paranovas unidades.

Na zona norte do país, os dados da FCT indicam que as insti-tuições de I&D se concentram em torno das Universidades.Quase metade dos recursos humanos em investigação (47%) dopaís estão na zona norte, e 60% do investimento em projectos érealizado nesta mesma zona.

UP MARCANTE NO DESENVOLVIMENTO

Um contributo muito significativo na investigação nacional édado, por outro lado, pelos projectos financiados pela Agência deInovação. Neste caso de financiamento dirigido à investigaçãoaplicada em consórcio com o meio empresarial, mais associadoao “D” do binómio “I&D”, as unidades de investigação ligadas à

As unidades de investigação ligadas à Uni-versidade do Porto participam em 45 doscerca de 180 projectos financiados atravésda Agência de Inovação

1995

35.000

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

1997 1999 1995 1997 1999

DES

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0

1.000

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16 UPorto. NA CAPA

NA CAPA

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NA CAPA

A INVESTIGAÇÃO NA UNIVERSIDADE DO PORTOUnidades de I&D financiadas plurianualmente pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia ou participantes na Feira da Ciência, Tecnologia e InovaçãoFonte: Base de dados de Unidades I&D in www.fct.mct.pt

FAUP - FACULDADE DE ARQUITECTURA DA UNIVERSIDADE DO PORTOFCNAUP - FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE DOPORTOFCUP - FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DO PORTOFDUP - FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DO PORTOFEP.UP - FACULDADE DE ECONOMIA DO PORTOFEUP - FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTOFFUP - FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DO PORTOFLUP - FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTOFMDUP - FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA DA UNIVERSIDADE DO PORTOFMUP - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTOFPCEUP - FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DOPORTOICBAS.UP - INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS ABEL SALAZAR

CIÊNCIAS DA ENGENHARIA E TECNOLOGIASCEDEC - CENTRO DE ESTUDOS DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL CEFAT - CENTRO DE ESTUDOS DE FÍSICA ACÚSTICA E TELECOMUNICAÇÃOCEFT - CENTRO DE ESTUDOS DE FENÓMENOS DE TRANSPORTECEMUP - CENTRO DE MATERIAIS DA UNIVERSIDADE DO PORTO CISE - CENTRO DE INVESTIGAÇÃO DE SISTEMAS ELÉCTRICOSGMM-IMAT - GRUPO DE MATERIAIS METÁLICOS DO INSTITUTO DE MATERIAIS IC - INSTITUTO DA CONSTRUÇÃOIDIT - INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICAINEB - INSTITUTO DE ENGENHARIA BIOMÉDICAINESC PORTO - INSTITUTO DE ENGENHARIA DE SISTEMAS E COMPUTADORES DO PORTO ISR PORTO - INSTITUTO DE SISTEMAS E ROBÓTICA – PORTO LCM - LABORATÓRIO DE CATÁLISE E MATERIAIS LEMC - LABORATÓRIO DE ENSAIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃOLEPAE - LABORATÓRIO DE ENGENHARIA DE PROCESSOS, AMBIENTE E ENERGIALIACC - LABORATÓRIO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E CIÊNCIAS DE COMPUTADORES LSRE - LABORATÓRIO DE PROCESSOS DE SEPARAÇÃO E REACÇÃOMENM - MECÂNICA EXPERIMENTAL E NOVOS MATERIAIS (INEGI)NTPAP - NOVAS TECNOLOGIAS E PROCESSOS AVANÇADOS DE PRODUÇÃO (INEGI)UCVE - UNIDADE DE CONCEPÇÃO E VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL (IDMEC)UFE - UNIDADE DE FLUIDOS E ENERGIA (IDMEC)UISPA - UNIDADE DE INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS E PROCESSOS AUTOMATIZADOS (IDMEC)UMNMEI - UNIDADE DE MÉTODOS NUMÉRICOS EM MECÂNICA E ENGENHARIA ESTRUTURAL(IDMEC)

CIÊNCIAS EXACTASCAUP - CENTRO DE ASTROFÍSICA DA UNIVERSIDADE DO PORTO CETO - CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS ÓPTICASCFP - CENTRO DE FÍSICA DO PORTO CIQ - CENTRO DE INVESTIGAÇÃO EM QUÍMICA DA UNIVERSIDADE DO PORTO CMAUP - CENTRO DE MATEMÁTICA APLICADA DA UNIVERSIDADE DO PORTO CMUP - CENTRO DE MATEMÁTICA DA UNIVERSIDADE DO PORTO IFIMUP - INSTITUTO DE FÍSICA DOS MATERIAIS DA UNIVERSIDADE DO PORTO LAQUIPAI - LABORATÓRIO DE QUÍMICA INORGÂNICA PURA E DE APLICAÇÃO INTERDISCIPLI-NARREQUIMTE.UP - REDE DE QUÍMICA E TECNOLOGIA, PÓLO DA UNIVERSIDADE DO PORTO

CIÊNCIAS DA SAÚDECEQOFF - CENTRO DE ESTUDOS DE QUÍMICA ORGÂNICA, FITOQUÍMICA E FARMACOLOGIA CFBQ - CENTRO DE FARMACOLOGIA E BIOPATOLOGIA QUÍMICACME - CENTRO DE MORFOLOGIA EXPERIMENTAL DCFCND - DIABETES, CRESCIMENTO, FACTORES DE CRESCIMENTO E NEFROPATIA DIABÉTICAIBMC - INSTITUTO DE BIOLOGIA MOLECULAR E CELULAR IPATIMUP - INSTITUTO DE PATOLOGIA E IMUNOLOGIA MOLECULAR DA UNIVERSIDADE DOPORTOUIDCV - UNIDADE DE INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO CARDIO-VASCULAR UMIB - UNIDADE MULTIDISCIPLINAR DE INVESTIGAÇÃO BIOMÉDICA

CIÊNCIAS NATURAISCECA - CENTRO DE ESTUDOS DE CIÊNCIA ANIMALCGUP - CENTRO DE GEOLOGIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO CICGE - CENTRO DE INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS GEO-ESPACIAIS CIIMAR - CENTRO INTERDISCIPLINAR DE INVESTIGAÇÃO MARINHA E AMBIENTAL

CIÊNCIAS SOCIAISCEA - CENTRO DE ESTUDOS AFRICANOSCEMPRE - CENTRO DE ESTUDOS MACROECONÓMICOS E PREVISÃOCETE - CENTRO DE ESTUDOS DE ECONOMIA INDUSTRIAL, DO TRABALHO E DA EMPRESA CIIE - CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO EDUCATIVAS CIJE - CENTRO DE INVESTIGAÇÃO JURÍDICO-ECONÓMICACLUP - CENTRO DE LINGUÍSTICA DA UNIVERSIDADE DO PORTO GEDES - GABINETE DE ESTUDOS DE DESENVOLVIMENTO E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIOUGEI - UNIDADE DE GESTÃO E ENGENHARIA INDUSTRIAL (IDMEC)

ARTES E HUMANIDADESCEAU - CENTRO DE ESTUDOS DE ARQUITECTURA E URBANISMO CEAUCP - CENTRO DE ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS DAS UNIVERSIDADES DE COIMBRA EPORTOCEPESA - CENTRO PORTUGUÊS DE ESTUDOS DO SUDESTE ASIÁTICOCEPESE - CENTRO DE ESTUDOS DA POPULAÇÃO, ECONOMIA E SOCIEDADECIUHE - CENTRO INTERUNIVERSITÁRIO DE HISTÓRIA DA ESPIRITUALIDADE CPUP - CENTRO DE PSICOLOGIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO GEHVID - GRUPO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA DA VITICULTURA DURIENSE IEI - INSTITUTO DE ESTUDOS INGLESES IENA - INSTITUTO DE ESTUDOS NORTE-AMERICANOS IF - INSTITUTO DE FILOSOFIA IHM - INSTITUTO DE HISTÓRIA MODERNA ILC - INSTITUTO DE LITERATURA COMPARADA PCA - PSICOLOGIA DA COGNIÇÃO E DA AFECTIVIDADE

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18 UPorto. NA CAPA

NA CAPA

O stand da Universidade do Porto na Feira da Ciência, Tecnologia e Inovação destacava-se em relação aos demais, desdelogo, por ser um dos maiores, senão mesmo o maior dos instalados fora do pavilhão da Agência de Inovação, mas tambémpela localização, cor e forma. Com um design assinado por Rui Mendonça, professor da Faculdade de Belas Artes da Universi-dade do Porto, onde pontificavam monólitos de larguras diferentes e aproximadamente três metros de altura, em coresdiversas, a silhueta era de imediato visível no centro do pavilhão.

No centro de um stand aberto, com inúmeras entradas possíveis, um esquema das unidades de investigação e das parce-rias que estabelecem interna e externamente à Universidade do Porto, dava uma ideia multifacetada e diversa da realidadeque é esta densa rede. É uma rede dinâmica e em evolução permanente, tal como a evolução do próprio conhecimento. Emparalelo, num desdobrável, de que constam 57 unidades de investigação financiadas plurianualmente pela Fundação para aCiência e Tecnologia, e mais algumas que estiveram presentes na Feira da Ciência, Tecnologia e Inovação, o reitor da Uni-versidade do Porto, José Novais Barbosa, explicava que se considerava o desdobrável um complemento que pretendia trans-mitir uma ideia não exaustiva das estruturas científicas da Universidade do Porto.

Quanto ao stand, o reitor considerou-o “um dos retratos possíveis da UP”, que apresentou assim as suas unidades deinvestigação e desenvolvimento “com maior iniciativa, interesse e participação neste esforço de divulgação”. Revelou, nasua perspectiva, “como o comportamento de uma organização de ensino superior que se define como universidade de inves-tigação está solidamente implantado e atravessa todos os domínios”.

ESQUENTADORES E AUTOMATISMOS DE PRODUÇÃO

Um café oferecido ao visitante num pequeno bar instalado no centro dostand preparava a visita por trás do balcão, um retrato possível, de entrevários que se poderiam conceber, da investigação em ciência e tecnologiadesenvolvida na Universidade do Porto.

O veículo vermelho, concorrente à Eco-Maratona do ano passado,desenvolvido pelo Instituto Nacional de Engenharia de Gestão Industrial(INEGI) destacava-se no meio do stand da Universidade do Porto. O protó-tipo experimental, designado INEGI II, foi construído, tal como todos osconcorrentes àquela competição, com o objectivo de percorrer a maior dis-tância possível com apenas um litro de combustível. A Eco-Maratona Shelldo ano passado decorreu entre 7 e 10 de Junho no circuito de Nogaro, emFrança. O novo esquentador inteligente de tamanho reduzido, desenvol-vido para a Vulcano, era outra das atracções. O INEGI desenvolve investiga-ção aplicada em diversas áreas e tem como missão contribuir para oaumento da competitividade da indústria nacional através da investigaçãoe desenvolvimento, demonstração e transferência de tecnologia nas áreasde concepção e projecto, materiais, produção, energia, manutenção, gestãoe ambiente.

Num dos cantos do stand da Universidade, o INESC Porto (InstitutoNacional de Engenharia e Sistemas de Computadores do Porto), outra insti-tuição dedicada à investigação em ciência e tecnologia dirigida às necessi-dades do tecido produtivo, mostrava projectos como o VIDION – VídeoDigital Online, um sistema para arquivar imagens, desenvolvido em parce-ria com a RTP e o Europarque, o SIMAX, para aplicação da tecnologia SIG

Relance sobre ainvestigação aplicada na UP

O INEGI II concorreu à Eco-Maratona SHELL

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(Sistemas de Informação Geográfica) às autarquias, e Logicstore.Este, embora não exposto no stand da Universidade do Porto,exibia-se, em versão aplicada aos sistema de produção do cal-çado, no pavilhão da Agência de Inovação, entidade promotorada Feira da Ciência, Tecnologia e Inovação. Logicstore é um sis-tema de automação desenvolvido para gerir e optimizar o fluxoprodutivo em vários tipos de indústria. Para já, existem 50 insta-lações do sistema na indústria do calçado, que está a ser comer-cializado a cerca de 40.000 contos, incluindo já software para afe-rição diária da produção e adequação da produção aos prazos deentrega. Este sistema está em fase de instalação na indústria demobiliário e metalomecânica.

O INESC Porto é uma associação privada sem fins lucrativosque tem como sócios fundadores o INESC, a Universidade doPorto e a Faculdade de Engenharia da UP (FEUP). Desenvolveactividade nas áreas de telecomunicações e multimédia, sistemasde energia, engenharia de sistemas de produção, sistemas deinformação e comunicação e optoelectrónica e sistemas electró-nicos. É um dos três novos laboratórios associados da UP.

ROBOTS FUTEBOLISTAS

Teoria da organização e controlo, sistemas de processamento eengenharia de controlo, tecnologias de manufactura e robótica,automação industrial, são as áreas de investigação do Instituto deSistemas e Robótica – Porto (ISR-Porto), presente também no cer-tame. O ISR-Porto tenta conciliar actividades de investigação fun-damental e aplicada, mantém uma procura permanente pela coo-peração industrial e internacional, um forte interesse no desen-volvimento e transferência de tecnologia, e um objectivo maiorno ensino pós-graduado e estudos técnicos avançados.

Inteligência artificial distribuída, especificamente técnicas desistemas multi-agente, onde se integra, entre outras vertentes, acoordenação neste tipo de sistemas, como no caso do futebolrobótico, são áreas de trabalho do NIAD&R – Núcleo de Inteli-gência Artificial Distribuída e Robótica. O NIAD&R, um dosnúcleos de investigação do LIACC – Laboratório de InteligênciaArtificial e Ciência de Computadores, foi campeão europeu ecampeão mundial da RoboCup 2000, com a equipa FC Portugal,criada em parceria com o IEETA-Universidade de Aveiro. A Robo-Cup é um projecto internacional criado para promover a Inteli-gência Artificial, a Robótica Inteligente e áreas afins. O objectivoúltimo é criar uma equipa de robots humanóides totalmenteautónomos que possa vencer, em 2050, a equipa humana cam-peã mundial de futebol.

CONSTRUÇÃO CIVIL E NOVOS MATERIAIS PARA AERONÁUTICA

O Instituto da Construção, com estreita ligação à FEUP, talcomo as unidades anteriores, juridicamente é uma associaçãosem fins lucrativos com grande vocação para a investigação apli-cada e a ligação ao exterior, em que participam diversas entida-des públicas, onde se incluem a Câmara Municipal do Porto, a

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Universidade, e representantes dos agentes económicos (associa-ções de construtores civis e de comerciantes do ramo). Emboranão seja financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia,realiza estudos de avaliação da qualidade e das características edo comportamento físico e mecânico de elementos e componen-tes da construção, consultoria científica e técnica e investigaçãofundamental e desenvolvimento de novos processos, métodos,ou materiais de construção.

Também associado à área de Engenharia Civil da Faculdade deEngenharia, o Laboratório de Ensaio de Materiais de Construção(LEMC) realiza ensaios laboratoriais e no exterior em agregados,argamassas e betões, tubagens e vigotas, analisa a durabilidade dobetão armado e pré-esforçado, analisa cimentos, solos, materiaiscerâmicos, misturas betuminosas, águas (nomeadamente água

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Sistema optimiza produção de calçado

LIACC – Um campeão do futebol robótico

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para amassadura de betões) e realiza ensaios especiais em estrutu-ras (ensaios de certificação de estruturas e ensaios de carga deestruturas e obras de arte).

Também presente no stand da UP na Feira da Ciência e Tecno-logia, o Grupo de Materiais Metálicos-IMAT (GMM-IMAT), tam-bém associado à FEUP, é um grupo de investigação formado pornove investigadores que se dedica ao estudo, desenvolvimento,processamento e caracterização de materiais metálicos, com vistaà optimização das propriedades e do desempenho em serviço.Entre os projectos em desenvolvimento contam-se o fabrico denovos materiais para a indústria aeronáutica, a caracterização daexposição profissional a agentes químicos na indústria de fundi-ção portuguesa e o desenvolvimento de uma ferramenta previsio-nal, com base informática, da microestrutura e propriedadesmecânicas de ferros fundidos, todos em colaboração com outrasinstituições.

O Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC), como entidadeagregadora ligada à FEUP, apresentava informações sobre as suasvárias unidades: Unidade de Fluidos e Energia (UFE), Unidade deMétodos Numéricos em Mecânica e Engenharia Industrial (UMN-MEI), Unidade de Concepção e Validação Experimental (UCVE),Unidade de Integração de Sistemas e Processos Automatizados(UISPA) e a Unidade de Gestão e Engenharia Industrial (UGEI).

QUÍMICA PARA A SUSTENTABILIDADE

Também na esfera da FEUP, há várias unidades de investigaçãoa desenvolver trabalho na área da Engenharia Química. Dentrodesta grande área de trabalho, a química do ambiente ou o estudode processos químicos menos nocivos para o ambiente são doiscampos que podem incluir-se na temática da química para a sus-tentabilidade, áreas de grande importância na investigação quí-mica actual. O LCM – Laboratório de Catálise de Materiais, oLEPAE – Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente eEnergia e o LSRE – Laboratório de Processos de Separação e Reac-ção, são três unidades de investigação que, na esfera da FEUP, sededicam, entre outras, a estas vertentes da química. A investiga-ção do LCM é centrada, principalmente, nos domínios dos Pro-cessos Químicos Catalíticos e dos Materiais de Carbono, tendoem vista aplicações em Nanotecnologia, Química Fina, Energia eAmbiente. Entre os projectos recentes estão “Química Verde: sín-tese de catalisadores “ship-in-the-bottle” e desenvolvimento decatalisadores nano-estruturados para processos químicos limpos”,desenvolvimento de “processos catalíticos para a conversão dematérias-primas alternativas tendo em vista o desenvolvimentosustentado”, de “carvões activados para absorção de poluentes emfase líquida e gasosa”, “produção de peneiros moleculares de car-bono para separação de gases”, desenvolvimento de “catalisado-res para eliminação de compostos orgânicos voláteis e para elimi-nação de NOx” e de ”catalisadores para degradação oxidativa depoluentes orgânicos em efluentes líquidos”.

ENGENHARIA AMBIENTAL E QUALIDADE DO AR

O desenvolvimento da química menos nociva para o ambienteé uma área de trabalho que merece atenção especial no LSRE quetem como objectivo o desenvolvimento de novas metodologias,conceitos, ideias e técnicas experimentais para perceber, conceber,optimizar e operar com processos de separação e reacção, envolvi-dos na engenharia de produto e de processos. A actividade centra-se em quatro áreas fundamentais: Engenharia de Separação; Enge-nharia de Reacção; Modelação Computacional, Design Concep-tual e Controlo de Processo, Ciência e Engenharia Ambiental. Ouestudos como, por exemplo, a intensificação de processos quími-cos (concentração de processos químicos industriais em espaçosmais reduzidos), a produção de vanilina a partir de resíduos deindústria de celulose e papel, ou o uso de plantas autóctones parafabrico de compostos com valor industrial, ou de engenhariaambiental (remoção de metais pesados de efluentes, remoção decorantes têxteis de efluentes usando materiais de baixo custo,entre outros). O LSRE dispõe de um equipamento para separaçãode substâncias químicas em continuum, único no país e raro nomundo.

Por outro lado, o LEPAE centra a actividade em temas apoiadosnuma matriz comum de Engenharia de Processos Químicos e Bio-lógicos, abrangendo as Ciências e Tecnologias Ambientais, que sedesenvolvem sob perspectivas quer de projecto e operação deequipamento industrial específico, quer de estratégia global desistemas produtivos e de preservação ambiental. Há duas áreasfundamentais: Engenharia de Sistemas Processuais, Ambientais ede Energia e Desenvolvimento de Processos Químicos e Ambien-tais Complexos. Entre os projectos desenvolvidos, contam-se, porexemplo, os relacionados com contaminação de solos, controlode qualidade bacteriológica de águas, medição de tensões superfi-ciais de sólidos, medição de permeabilidade de membranas, quali-dade do ar.

Ver e quase sentir os materiais de trabalho do LSRE

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LABORATÓRIO ASSOCIADO EM QUÍMICA

A chamada Química Verde é também uma das áreas preferen-ciais de actividade do CEQUP – Centro de Química da Universi-dade do Porto que, em parceria com o Centro de Química Fina eBiotecnologia (Universidade Nova de Lisboa), constituiu aREQUIMTE (Rede de Química e Tecnologia). Outras áreas de tra-balho são, por exemplo, a Segurança Alimentar e a QuímicaComputacional. O REQUIMTE-Porto (antes CEQUP) é consti-tuído por investigadores da FEUP, da Faculdade de Ciências daUP, da Faculdade de Farmácia da UP, do Instituto Superior deEngenharia do Porto, e tornou-se recentemente um dos cincoLaboratórios Associados do Ministério da Ciência e Tecnologialigados à UP.

Já antes, a parceria do Instituto de Biologia Molecular e Celu-lar e Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (IMBC/INEB),também presentes no certame, tinha sido classificado Laborató-rio Associado. Experimentação Animal (na esfera do IBMC),Doenças Genéticas, Biologia Estrutural e Imagem (INEB), Enve-lhecimento, Reparação e Regeneração Biológica (INEB), queenvolve investigação em biomateriais, Investigação em Tubercu-lose (IBMC), são algumas áreas de estudo neste Laboratório, ondecolaboram investigadores de várias faculdades da UP e que man-tém estreitas relações com várias instituições exteriores à Univer-sidade.

Uma das faculdades que participa com investigadores no INEBé a Faculdade de Medicina, que esteve também presente na Feirada Ciência e Tecnologia. Um vídeo tentava sensibilizar os visitan-tes para a importância da doação de cadáveres para o ensino

médico (ver texto na secção “UP em Notícia”). Também o CFBQ– Centro de Farmacologia e Biopatologia Química, tem forte par-ticipação de investigadores da Faculdade de Medicina, assimcomo da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação. Estaunidade de investigação, presente no stand da UP dirige a suaactividade de investigação para as temáticas de MecanismosAdrenérgicos, Transportadores Transmembranares, HipertensãoArterial, Monoaminas e Fosfatáse Alcalina.

Com a participação de investigadores da Faculdade de Ciên-cias e do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, oCECA – Centro de Estudos de Ciência Animal tem trabalhado,entre outras áreas, na avaliação da diversidade genética, da biodi-versidade e da conservação da biodiversidade nos organismos depopulações naturais ou outras que têm um passado de relaciona-mento próximo do Homem e ocorrem na Península Ibérica. Paraestes estudos os investigadores usam informação genética. É pos-sível fazer no CECA o controlo da qualidade da carne posta nocircuito de comercialização, através da análise do perfil de DNAdas carcaças (ver nº4 da UPorto).

Da área da Geologia, ligada à Faculdade de Ciências, estevepresente na Feira o Centro de Geologia da Universidade do Porto(CGUP). Recursos Minerais (Metálicos e não Metálicos), RecursosEnergéticos, Hidrogeologia Ambiental e Didáctica da Geologiasão os temas preferenciais do trabalho que tem vindo a ser reali-zado nesta unidade de investigação. O Centro de Investigaçãoem Ciências Geo-Espaciais, também no âmbito da Faculdade deCiências, apresentava-se nas suas quatro áreas fundamentais:Detecção Remota e Sistemas de Informação Geográfica; Altime-tria por Satélite; Posicionamento e Navegação por Satélite e Alti-metria e Gravimetria Aérea.

NA CAPA. UPorto 21

NA CAPA

Química e Tecnologias Amientais no LEPAE

Investigação em Ciências da Vida no IBMC/INEB

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22 UPorto. NA CAPA

NA CAPA

DOURO E CÍRCULOS UNINOMINAIS

A proposta apresentada à UNESCO para classificação do Dourovinhateiro como Património Mundial, teve intervenção de inves-tigadores da Universidade do Porto, neste caso do GEHVID –Grupo de Estudos de História da Viticultura Duriense (ver textona secção “Universidade em Construção”), que funciona na esferada Faculdade de Letras. O grupo pretende congregar esforços dehistoriadores e arqueólogos, no sentido de desenvolver umainvestigação aprofundada sobre a história da vinha e do vinho naregião produtora do Alto Douro, desde as origens desse vinhedo,prestando particular atenção aos períodos mais antigos, assu-mindo a importância estratégica do vinho do Porto como valoreconómico e cultural. Na Feira da Ciência e Tecnologia, o GEH-VID apresentou publicamente a sua mais recente edição,“A Arquitectura do Vinho do Porto”, de Natália Fauvrelle.

Também no âmbito das actividades da Faculdade de Letras,entre os projectos desenvolvidos pelo GEDES – Gabinete de Estu-dos de Desenvolvimento e Ordenamento do Território e expostosno certame, destacava-se o poster com a proposta de delimitaçãode círculos uninominais de candidatura. Acolhendo essencial-mente investigação de cariz pluridisciplinar, o GEDES colabora,entre outras, com entidades públicas da Administração Central eLocal, ou privadas. Principais domínios de aplicação: Planea-mento Regional e Urbano; Planeamento Estratégico; Desenvolvi-mento Rural; Sociologia Urbana; Comércio, Lazer e Turismo;Património e Paisagens; Mobilidade e Transportes. Por outro lado,no domínio da história das relações entre Portugal e o SudesteAsiático trabalha o CEPESA – Centro de Estudos do Sudeste Asiá-tico, com um pólo em Lisboa e outro no Porto, ligado à Facul-dade de Letras.

Apostada na oferta de serviços à comunidade e na investigaçãoaplicada às necessidades do exterior, a Faculdade de Psicologia eCiências da Educação também esteve presente na Feira. Nocampo da formação, para além da formação que contempla graus

académicos, a Faculdade propõe formação de apoio à comuni-dade (formação contínua, formação especializada e profissionali-zação em serviço), por iniciativa da instituição ou por solicitaçãode entidades externas. Oferece ainda assessoria, intervençãopsico-pedagógica e da inserção profissional, dirigidos ao interiorda Faculdade ou exterior. Por outro lado, o Serviço de Informaçãoe Documentação - Biblioteca criou um serviço dedicado a empre-sas disponibilizando os recursos que possui para tratamento earmazenamento de conhecimento em benefício depotenciais/reais clientes. •Um extenso trabalho sobre o Douro no GEHVID

Vista geral do Stand da UP

Proposta de subdivisão do país em círculos unino-minais (GEDES)

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Mesmo assim, o diagrama nãodeixava de ser uma versão “mini-malista” da investigação na UP:faltavam todas as colaboraçõesentre unidades representadas,com unidades de outras universi-dades e com outras instituições. Adimensão internacional dessascolaborações também estava ausente. Ou seja, apesar da aparentecomplexidade do diagrama, ele não era mais do que uma versãosimplificadíssima da rede que suporta a investigação na UP. Defacto, qualquer sistema científico saudável é extremamente com-plexo, baseando-se num elevado número de interacções e na

forma dinâmica como as mesmasse alteram.

A UP tem sabido manter adiversidade temática e organiza-tiva da sua investigação, resis-tindo a tentativas de formatação.Contudo, não foi ainda capaz deexplorar todo o potencial cientí-

fico e tecnológico que tem dentro de portas. Em grande parte,porque a sua organização continua essencialmente vocacionadapara o ensino pré-graduado. A pós-graduação, a promoção da cul-tura científica da população, e a relação com o tecido empresarial,são timidamente assumidas ou deixadas à livre iniciativa de gru-

NA CAPA. UPorto 23

A investigação e a formaçãopós-graduada na UP

A Feira de Ciência e Tecnologia realizada em Novembro passado na Exponor foi

uma manifestação da vitalidade da investigação na Universidade do Porto. Pela

primeira vez, a nossa universidade deu uma visão global do que fazem os seus

investigadores, mostrando uma faceta frequentemente escondida do público e

mesmo dos alunos. Um verdadeiro Mapa da Ciência, afixado à entrada, indicava as

unidades de investigação e as suas ligações às faculdades, numa construção

laboriosa de quadradinhos e linhas de várias cores. Esse mapa teve a virtude de

mostrar várias coisas, entre as quais destaco: a diversidade das áreas cobertas, o seu elevado número, e o

carácter transdisciplinar de muitas delas, ultrapassando as barreiras dos departamentos e das próprias

faculdades.

Mário Adolfo Barbosa (*)

É necessário que a orientação de doutora-mentos e mestrados seja contabilizada noserviço docente, com a consequente redu-ção do tempo de ensino formal.

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nentes mais estáveis do conheci-mento, que permita a aquisiçãode uma cultura básica e de umaatitude que nos faça encarar comnaturalidade situações novas. Éeste o domínio do chamado

ensino de banda larga, não especialista, assente em estruturas cujotempo de vida médio deve ser elevado, de modo a evitar inflexõesconstantes de direcção e tentativas de resposta às ditas necessida-des imediatas do mercado. Os departamentos têm uma funçãoessencial neste objectivo de formação, devendo garantir aos licen-ciados uma sólida formação de base que adie o mais possível osentimento de desactualização.

Por outro lado, a formação pós-graduada tem um lugar essen-cial no processo de aprendizagem e de actualização de conheci-mentos. É no seu terreno que aparecem novas áreas do conheci-mento, frequentemente resultantes da intersecção de saberes. Éaqui que a Universidade precisa de saber aproveitar o enormepotencial das suas unidades de investigação, promovendo a passa-gem para um novo estádio da sua inserção na vida da instituição.Em primeiro lugar, construindo um mosaico coerente a partir depeças aparentemente desgarradas, sem ou com poucas interliga-ções e frequentemente de reduzida dimensão. A visão global quefoi dada na Feira de Ciência e Tecnologia foi um primeiro passonesse sentido. Todas as oportunidades devem ser aproveitadas paradar da Universidade uma visão global, mesmo que sejam notóriasas incoerências e as redundâncias. A sua detecção faz parte de umprocesso que incentiva todos a reflectir fora do seu círculo habi-tual e a procurar novas formas de organização e colaboração.

Mas este processo de interacção não dispensa uma actuaçãoconcertada, pilotada pela Reitoria da Universidade, em colabora-ção com as Escolas e as unidades de investigação. O papel das uni-dades de investigação na formação pós-graduada, em particular narealização de cursos avançados, dissertações de mestrado e de dou-toramento, deveria ser convenientemente explorado pela Univer-sidade. A capacidade de atracção de um maior número de estudan-tes de pós-graduação, a oferta de formações interdisciplinares, acaptação de financiamentos, a promoção da Universidade doPorto como um grande centro nacional de investigação, estão paraalém dos esforços generosos e descoordenados das suas (geral-mente pequenas) unidades de investigação. A formação pós-gra-duada necessita de ser pensada com urgência por toda a Universi-dade, mas num contexto em que a investigação seja o elementopolarizador. Não há, certamente, um modelo único de organizar aformação pós-graduada, assim como não existe um formato únicopara realizar investigação de qualidade. Mas se a Universidade qui-ser ser tão amplamente conhecida pela investigação e pela forma-ção pós-graduada, como é pelo ensino pré-graduado, não podedeixar de pensar em estruturas eficazes de articulação, promoção efinanciamento dessas áreas. •

(*) Mário Adolfo Barbosa é Professor Catedrático da FEUP e CoordenadorCientífico do Instituto de Engenharia Biomédica.

pos de docentes, de cuja perseve-rança depende, em grande parte,o sucesso das iniciativas.

Tem sido assim com a maiorparte dos cursos de mestrado,com a realização de doutoramen-tos e com a investigação, mesmo sabendo que existe uma adopçãolegal por parte da Universidade e das suas escolas. Contudo, háque registar que o envolvimento na direcção desses cursos, aorientação de teses de doutoramento e mestrado, a gestão de uni-dades de investigação e a qualidade desta, são perfeitamente indi-ferentes para efeitos de distribuição de serviço docente. Apesar dainvestigação ser uma tarefa obrigatória para qualquer docente uni-versitário, em qualquer categoria, e em qualquer tipo de dedicação(integral ou exclusiva), não existe qualquer sistema de monitoriza-ção dessa actividade. Seria salutar que de três em três anos, paracada docente, a Universidade tornasse pública a participação emactividades de investigação (por exemplo, a relação de artigospublicados em revistas do Science Citation Index, e os mestrados edoutoramentos concluídos sob a sua orientação), e estabelecesseajustamentos na carga lectiva em função da produtividade cientí-fica do docente.

O actual sistema de distribuição de serviço, a pretexto da igual-dade de tratamento, é profundamente injusto, porque reduz a fun-ção docente apenas a uma das componentes previstas no ECDU. Ainvestigação e a formação pós-graduada que lhe está associada sósão contabilizadas quando o docente se apresenta a concurso oufaz provas de agregação. Com quadros de pessoal quase total-mente preenchidos, que reconhecimento ou estímulo existe paraos professores mais jovens que não têm possibilidade de concorrera vagas, quando elas não existem? E que obrigação tem um profes-sor catedrático de continuar a desenvolver trabalhos de investiga-ção, senão aquela que lhe é ditada pela sua própria consciência oupelos hábitos adquiridos? Para que a Universidade seja cada vezmais um local onde se cria conhecimento, e onde os alunos sejamexpostos aos avanços mais recentes da ciência e da tecnologia, énecessário que a orientação de doutoramentos e mestrados sejacontabilizada no serviço docente, com a consequente redução dotempo de ensino formal. No limite, este tempo poderia ser redu-zido a zero, ou restringido ao ensino em cursos de pós-graduação.Haverá quem ache esta proposta exagerada, provavelmenteficando indiferente à situação frequente de docentes que reduzi-ram a sua actividade de investigação a zero. Infelizmente, há aindamuito boa gente que pensa que o docente universitário é pagoapenas para dar aulas. É nossa obrigação mostrar aos alunos e àsociedade que esta visão é errada e prejudicial a um ensino univer-sitário de qualidade.

A investigação tem cada vez mais características interdisciplina-res e multidisciplinares. O volume de informação científica e afacilidade de acesso são incomparáveis com o que era habitual dezanos atrás. A capacidade de adaptação das estruturas de investiga-ção e ensino é posta à prova todos os dias. Por um lado, torna-senecessário preservar uma matriz de ensino baseada nas compo-

A UP não foi ainda capaz de explorar todo opotencial científico e tecnológico que tem den-tro de portas

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UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO

UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO HOJE. UPorto 25

Com 25 mil hectares, representativos detoda a Região Demarcada do Douro, o AltoDouro Vinhateiro engloba 13 municípios –Mesão Frio, Peso da Régua, Santa Marta dePenaguião, Vila Real, Alijó, Sabrosa, Carra-zeda de Ansiães, Torre de Moncorvo,Lamego, Armamar, Tabuaço, S. João da Pes-queira e Vila Nova de Foz Côa.

A candidatura do Alto Douro a Patrimó-nio Mundial é, desde há mais de umadécada, um desejo da Região. No início de1993 um grupo de trabalho arrancou coma candidatura. Nessa altura, além da paisa-gem vinhateira, o projecto incluía tambémmonumentos localizados ao longo do RioDouro e o Centro Histórico do Porto, o quemais tarde viria a ser desaconselhado portécnicos do ICOMOS (International Coun-cil of Monuments and Sites). No entanto, epara não perturbar o processo de candida-tura portuense, o projecto do Alto Dourocaiu numa certa apatia. Em 1998 a Funda-ção Rei Afonso Henriques, uma instituiçãoluso-espanhola, em que participa a Univer-sidade do Porto, resolveu avançar com oprojecto, começando por encomendar umestudo à Universidade de Aveiro sobre amelhor forma de valorizar a riqueza dovale. No final, as conclusões apontavampara o facto de só o Douro dos socalcosreunir condições para aspirar a ser classifi-cado como paisagem cultural evolutiva

GEHVIDcultura duriense

O lugar da criação do vinho do Porto, um dos mais emblemáticos e reconhecidos produtos portugueses no

Mundo, passa a ostentar um estatuto que premeia a perseverança com que foi cuidado, abrindo novas

oportunidades quanto ao seu desenvolvimento futuro. O Alto Douro Vinhateiro foi finalmente classificado,

pela UNESCO, como Património Mundial. O GEHVID – Grupo de Estudos de História da Viticultura

Duriense e do Vinho do Porto da Faculdade de Letras da Universidade do Porto esteve envolvido no pro-

cesso de candidatura, cujo início remonta ao ano de 1993, tendo como promotora e principal financiadora

a Fundação Rei Afonso Henriques, cujo património é integrado pela UP.

Seis anos de estudo sobre

Douro Vinhateiro – Património Mundial

viva. Nessa altura, a direcção da Fundaçãoconvida Bianchi de Aguiar, professor daUniversidade de Trás-os-Montes e AltoDouro (UTAD) e antigo presidente do Ins-tituto do Vinho do Porto, para coordena-dor de todo o processo.

É pelas mãos deste académico que osseis investigadores do GEHVID, GasparMartins Pereira, Natália Fauvrelle, TeresaSoeiro, Lúcia Rosas, Susana Pacheco ePaula Montes Leal, passam a integrar aequipa que conduziu o Alto Douro

FOTO DE PEDRO COLAÇO/FUNDAÇÃO REI AFONSO HENRIQUES

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26 UPorto. UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO HOJE

UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO

internacionalmente estabelecidos não sóno que concerne ao tipo de património,mas também relativamente à pertinênciapara a definição de uma paisagem culturalevolutiva viva”, explica a investigadora.

Actualmente, alguns investigadores doGEHVID, coordenados pelo Professor Gas-par Martins Pereira, integram o grupo detrabalho nomeado pelo Ministério da Cul-tura para desenvolver as tarefas necessá-rias à instalação do Museu do Douro, “umequipamento extremamente importantepara a região”, afirma Natália Fauvrelle.Depois de um processo burocrático longo,o Museu do Douro foi oficialmente criadopor decreto lei.

QUATRO MILHÕES PARA O PIOT

Nas atribuições da equipa técnica res-ponsável pela candidatura duriense cons-tava também a apresentação à UNESCO deum plano que garantisse a gestão e salva-guarda da paisagem cultural “evolutivaviva” do Douro Vinhateiro que se traduziuna elaboração de um Plano Intermunicipalde Ordenamento do Território (PIOT). Uminstrumento de gestão territorial que prevêuma série de orientações estratégicas paraos 13 concelhos que estão incluídos namancha a classificar. Todos os municípiosse comprometeram já a transpor para osrespectivos planos directores municipais(PDM) as orientações do PIOT, tornando-asoficiais.

A participação do GEHVID na elabora-ção do PIOT “traduziu-se pelo levanta-mento, dentro da região classificada, darede de povoados existentes, identificandoos principais problemas em termos de con-servação e apresentando as medidas neces-sárias para a preservação e protecção dopatrimónio”, explica Natália Fauvrelle.Actualmente, o PIOT está em fase de dis-cussão pública.

Para as primeiras acções a desenvolver oPIOT aponta para um investimento de 4milhões a enquadrar no III QCA. Paragarantir os meios financeiros e técnicosnecessários à concretização das acções eprojectos previstos, o documento propõeum pacto de desenvolvimento que envolvaas 13 câmaras do Alto Douro Vinhateiro e

Durante seis meses a equipa do GEHVID mudou-se de“armas e bagagens” para o Douro e desenvolveu um “tra-balho em tempo recorde”

paisagística da região e outro da Universi-dade de Trás-os-Montes e Alto Douro(UTAD), responsável pelo estudo da Agri-cultura e Viticultura.

Durante seis meses a equipa do GEH-VID mudou-se de “armas e bagagens”para o Douro e desenvolveu um “trabalhoem tempo recorde”, esclarece Natália Fau-vrelle, uma das investigadores envolvidasna candidatura. A principal dificuldadefoi a dispersão e a grande extensão daárea objecto de estudo, explica a mesma.

O trabalho do GEHVID teve comoponto de partida “uma reflexão em tornoda valia e da especificidade do PatrimónioVernacular do Douro Vinhateiro, bemcomo do seu cabimento nos parâmetros

Vinhateiro à classificação de PaisagemCultural, uma designação criada pelaUNESCO em 1992 para as paisagens quecombinam o trabalho humano com osvalores naturais. Entre os 690 sítios inscri-tos na lista do Património Mundial, ape-nas 23 ostentam o título de PaisagemCultural, entre os quais Sintra.

TRABALHO EM TEMPO RECORDE

O GEHVID, responsável pelo levanta-mento dos elementos ligados à história eao património vernacular, trabalhou emarticulação com outros dois grupos: umda Universidade de Aveiro, cujo trabalhode campo incidiu sobre a caracterização

FOTO: PÚBLICO/PAULO RICCA

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UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO HOJE. UPorto 27

os ministérios do Planeamento, Ambiente,Ordenamento do Território, da Agricultura,da Economia e da Cultura.

GEHVID: UM PROJECTO, UMA EQUIPA

O GEVHID – Grupo de Estudos de His-tória da Viticultura Duriense e do Vinho doPorto nasceu, em Janeiro de 1994, de umaconversa informal de dois docentes de His-tória da Faculdade de Letras do Porto quepartilhavam o sonho de participar numprojecto colectivo, planificado. O Dourofoi tratado em torno de um tema central –a história do vinho e da vinha. O segundopasso foi estabelecer os contactos iniciais,fazendo os primeiros convites. A partir daíforam endereçados convites a todos osinvestigadores portugueses e estrangeirosque estivessem ou tivesssem estado a traba-lhar sobre o Douro, para que colaborassemcom o grupo. Hoje, o GEHVID conta comum número significativo de membrosentre professores consagrados e jovens quedão os primeiros passos na pesquisa histó-rica e um número crescente de instituições,ligadas à investigação científica, ao poderautárquico ou ao sector do vinho do Porto

O trabalho desenvolvido pelo GEHVID partiu de uma reflexão em torno da valia e da especificidade do património vernacular doDouro vinhateiro, bem como do seu enquadramento nos parâmetros internacionalmente estabelecidos, não só no que concerne aotipo, como também do seu contributo para a definição de uma paisagem cultural evolutiva viva.

A amostragem dos diferentes componentes de património vernacular resulta de um levantamento que indica «uma imensa reali-dade que deve ser levada em conta nas estratégias de desenvolvimento da região, respeitando as características do habitat duriense,estruturado em povoados e seus casais, quintas e vinha». Na região foram delimitadas seis zonas dentro das áreas do vale do Corgo,Chanceleiros, vale do Pinhão, Foz do Tua, vale do Torto e Vale da Figueira, explica Natália Fauvrelle.

A proposta de classificação do Douro Vinhateiro como paisagem cultural evolutiva viva põe em realce a intensa e prolongadaintervenção do homem, na transformação de uma paisagem natural agreste. Aliás, para a investigadora, «o que se vê hoje no Douroé uma paisagem cultural em que a acção antrópica se sobrepôs ao pré-existente». Por tudo isto, e para que o Alto Douro continue aser entendido como obra singular, sempre em mutação porque estamos face a uma paisagem viva, «é preciso guardar urgente-mente a memória da sua evolução transformadora ao longo de vários séculos de história», explica.

A região geo-cultural do Douro tem também o privilégio de ser a região demarcada e regulamentada mais antiga da história, naqual se tem sedimentado uma prática cultural específica, mas de forte dinamismo, que provou a sua sustentabilidade e adaptabili-dade através da resistência às mais violentas crises.

O património construído vernacular é aqui entendido como um todo complexo que compõe este habitat singular: aglomerados equintas, casas de habitação e anexos de produção, os terraços de vinhedos e olivais, entre outros, sendo o melhor testemunho mate-rial dessa história que serve de suporte para ancorar a memória colectiva. •

Um habitat para a memória colectiva

que cada vez mais têm apostado nestegrupo.

O GEHVID tem como principais objec-tivos desenvolver uma investigação apro-fundada sobre a história da vinha e dovinho na região produtora do Alto Douro;fomentar e apoiar a investigação universi-tária; promover contactos e acções de coo-

peração com investigadores e grupos deinvestigação nacionais e estrangeiros e arti-cular acções com instituições e ou empre-sas do sector no sentido de preservar, estu-dar e divulgar o património histórico-cul-tural. •

UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO

FOTO DE JOÃO PAULO SOTTO MAYOR/FUNDAÇÃO REI AFONSO HENRIQUES

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28 UPorto. UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO HOJE

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O contrato de desenvolvimento assi-nado, a 7 de Dezembro de 2001, entre osministérios da Educação, Saúde e Ciênciae Tecnologia e a Universidade do Portoestabelece um vasto e ambicioso programade remodelação do ensino da medicinanesta instituição, nas vertentes do desen-volvimento de infra-estruturas e equipa-mentos e da qualidade dos cursos e dainvestigação. As duas escolas de Medicinada UP, Faculdade de Medicina e Institutode Ciências Biomédicas de Abel Salazar,poderão finalmente ter instalações con-dignas.

O programa de remodelação articulatrês objectivos principais: a expansão erenovação das instalações da Faculdade deMedicina, no pólo da Asprela; a constru-ção de um edifício para o Instituto deCiências Biomédicas Abel Salazar e a cria-ção da primeira escola de pós-graduaçãouniversitária em Medicina e Ciências Bio-médicas, através da formação de um pro-grama concertado dos estudos pós-gradua-dos da Faculdade de Medicina e do Insti-

tuto de Ciências Biomédicas Abel Salazar,em espaço próprio. Integra-se ainda noprograma o estabelecimento de ligaçõesentre as unidades orgânicas da universi-dade, as unidades prestadoras de cuidadosmédicos e os centros de investigação, atra-vés da criação de uma rede de tecnologiasde informação.

Foi aberto, a 16 de Fevereiro, o con-curso para os projectos das novas instala-ções dos serviços das Ciências Básicas daFaculdade de Medicina da Nutrição e Ali-mentação. Ainda este ano seguir-se-á aelaboração dos projectos das novas insta-lações das Ciências Biomédicas, a que seassociarão as futuras instalações da Facul-dade de Farmácia. O Programa Único deEstudos Pós-graduados em Medicina eCiências Biomédicas da Universidade doPorto deverá estar criado no prazomáximo de um ano.

Este contrato vem coroar o esforçodesenvolvido pela Universidade do Porto,na sequência da resolução do Conselho deMinistros de 1998 (nº 140/98), para apre-sentar um programa conforme às exigên-cias de reconhecimento internacional porparte dos auditores do Reino Unido, Sué-cia, Espanha, Estados Unidos e Portugal,

tarefa que mobilizou, ao longo dos últi-mos três anos, dezenas de comissões espe-cializadas. Mas, para além das perspectivasque agora se abrem num futuro próximo(até 2006), este contrato veicula o reco-nhecimento do potencial da Universidadedo Porto para a formação em Medicina, daqualidade do ensino ministrado e dainvestigação desenvolvida.

Ainda nos termos do contrato e noâmbito da planificação global das necessi-dades estimadas de médicos para o país, anúmero clausus para 2001/2002 nas duaslicenciaturas em Medicina existentes naUniversidade do Porto, é fixado em 290:180 alunos para a Faculdade de Medicinae 110 alunos para o Instituto de CiênciasBiomédicas Abel Salazar. Este númerorepresenta, em termos nacionais, mais 75vagas do que as fixadas para a Universi-dade de Lisboa, 110 do que em Coimbra epraticamente o dobro das vagas existentesna Nova de Lisboa. •

Melhores condições

A Universidade do Porto (UP) vai ter a grande oportunidade de dotar o ensino médico e a área

das Ciências da Saúde, em geral, das condições compatíveis com a sua relevância nacional e

internacional. Um investimento de 36 milhões de euros, a construção de dois novos edifícios

para as escolas da UP com licenciaturas em Medicina, a criação da primeira escola de estu-

dos pós-graduados na área e um total de 300 vagas nas duas licenciaturas para o ano lectivo

de 2002/2003, são as principais consequências do contrato de desenvolvimento que foi assi-

nado entre a Universidade e o governo.

para o ensino médico na UP

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A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) comemorou recentemente 175 anos de existência contados a partirda formação da Real Escola de Cirurgia do Porto e o Instituto de Ciências Biomédicas “Abel Salazar” da Universidade do Porto(ICBAS.UP) está actualmente a celebrar os seus 25 anos de vida.

A Universidade conta assim com a maior população de estudantes de Medicina do país e tem conseguido ocupar sistematica-mente o primeiro (FMUP) e o segundo lugar (ICBAS.UP) no acesso aos 5 e agora 7 cursos de Medicina portugueses. Graças ainda auma grande teimosia de focos pioneiros, felizmente generalizados actualmente e dada a massa crítica de cientistas em Medicina eCiências da Saúde, reúne a UP em torno da FMUP e do ICBAS.UP o maior número de investigadores doutorados em unidades deinvestigação (de dimensão que vai de pequenas equipas de investigação muito concentradas aos dois laboratórios associados aoMinistério de Ciência e Tecnologia criados em 2001 na UP – única universidade portuguesa que tem neste momento dois laborató-rios associados na área das Ciências da Saúde) acreditadas exteriormente.

A qualidade geral das infra-estruturas da FMUP e do ICBAS.UP deixa, no entanto, muito a desejar: as infra-estruturas da Faculdadede Medicina localizadas no Hospital de S. João têm quase meio século e os pavilhões pré-fabricados que se instalaram na cerca há 25anos para albergar transitoriamente a pletora de alunos no início da década de 1970 continuam a ser usados. Mais dramática é asituação das Biomédicas que ocupam ainda o histórico edifício dos anos 30 no Carmo, onde só por um milagre de dedicação foipossível continuar a trabalhar depois de um devastador incêndio.

Foi por isso com grande entusiasmo que se recebeu o desafio da apresentação de candidaturas para contratos de financiamentodestinados ao desenvolvimento dos programas médicos das universidades portuguesas, abertos pela histórica resolução do Conselhode Ministros de Novembro de 1998. Com base voluntária, competitiva e de avaliação internacional, podiam as universidades portu-guesas submeter propostas e celebrar contratos com os Ministérios da Educação, da Saúde e da Ciência e da Tecnologia, para a cria-ção de novas licenciaturas ou o desenvolvimento das existentes. Foram três anos de trabalho muito duro que envolveu muita gentena FMUP, no ICBAS.UP e na Reitoria da UP e que deram o seu fruto no passado dia 7 de Dezembro. •

Daniel Moura, Vice-reitor da Universidade do Porto

Reconhecimento do potencial nas Ciências da Saúde

UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO

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30 UPorto. PERFIL

PERFIL

«Sou um rebelde

A formação no ensino superior foi aos ziguezagues, entre o curso de História, na Faculdade de

Letras da Universidade do Porto e os Cursos Superiores de Piano e Composição, após uma

fugaz passagem por Direito, em Lisboa. Mas ao longo desse tempo, consolidou a relação com a

Música e esta acabou por vencer na vida de António Pinho Vargas. Apesar de popularmente

mais conhecido pela ligação ao jazz, passou pelo rock/blues e actualmente dedica mais aten-

ção à música contemporânea. Acima de tudo, gosta de quebrar barreiras e cruzar experiências.

Assume-se como “um rebelde relativamente pacífico” e com quota parte de responsabilidade

numa espécie de rejuvenescimento da música contemporânea e da música portuguesa em

geral. O mérito que lhe é reconhecido comprova-o.

António Pinho Vargas(HISTÓRIA, 1970)

relativamente pacífico»

Como era o ambiente durante a sua primeira passagem pelaUniversidade do Porto, entre 1974 e 1975?

Em 1971, quando estive em Direito em Lisboa, concorri àAssociação de Estudantes, numa lista da qual fazia parte RibeiroSantos, depois militante do MRPP, morto em 1972. A lista era umtanto confusa em termos ideológicos, mas, grosso modo, situava-se na extrema esquerda. No Porto, onde depois fiz o bacharelatoem História (na Faculdade de Letras da UP, a partir de 1973),havia uns pequenos núcleos nesta área ideológica... Os meusamigos estavam ligados a essas correntes; como, por exemplo, oJoão Botelho, então, na Faculdade de Engenharia. Encontrá-vamo-nos ora nas manifesta-ções, ora nos jogos de futebolde salão, ou no “Piolho” que eraum local de encontro e debate.Quando penso na universidade,penso no “Piolho”. Até ao 25 deAbril, frequentava o curso numaperspectiva de aproveitamento, mas com o mínimo de trabalhopossível. O curso era pouco interessante... Dos nomes fundadoresda “nova história”, falava-se apenas de Fernand Braudel. Os res-tantes eram considerados “perigosos comunistas”. Fiz o cursocom pouco empenho e interesse reduzido, apenas garantindo o12 para dispensar à oral, tal era a forma obsoleta com era leccio-nado. Só fiz uma oral na primeira fase em que frequentei a uni-versidade. Era muito melhor ir para o “Piolho” discutir políticaou ir para casa ler livros, por exemplo, sobre arte. Estava muitoligado à música, mas gostava muito de cinema desde a adoles-

cência. Interessava-me por tudo o que se relacionava com práti-cas artísticas...

Era um período muito interessante no cinema, com o surgimentoda “Nouvelle Vague” francesa e o Neo-Realismo Italiano...

...Sim... havia o Cineclube do Porto... E na música também sevivia um momento interessante... Quase toda a actividade cultu-ral era “semi-underground”. Lembro-me de ter visto “O Coura-çado Potemkine”, do Einsenstein, numa sessão semi-clandestinano Cineclube do Porto. Era semi e não completamente clandes-tina porque, naquela época, o “marcelismo” era uma espécie de

“salazarismo” em decadência,nomeadamente em termos deautoritarismo. No entanto,tínhamos medo dos agentes daPIDE... que circulavam peloscafés. Em 1973, logo a seguir auma manifestação do 1º de

Maio em que também participavam estudantes, o chamado “sec-tor intelectual” [gargalhada] foi ao Trindade ouvir uma conferên-cia de Xenakis – compositor grego-francês – com João de FreitasBranco e Cândido Lima a moderarem. Vivia-se de forma exaltantenaquele período! No “Piolho”, não na Universidade! Provavel-mente, haverá semelhanças actualmente, embora a Universidade,no seu todo, tenha deixado de ser um lugar tão inóspito.

Essa conferência terá sido, de alguma forma, marcante para si?Não, fui à conferência porque me interessava ouvir o Xena-

Hoje em dia dá-se muita atenção à músicados compositores portugueses

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PERFIL

kis... Todas as manifestações de arte de vanguarda ou próximas –o conceito de vanguarda já tinha mudado, embora nós não sou-béssemos – estavam associadas a um papel subversivo. A minhaligação ao jazz e free-jazz foi muito marcada por essa questãoideológica. Nos anos 70, os ecos do Maio de 68 ainda se faziamsentir muito em Portugal, sobretudo entre os estudantes queacreditavam poder constituir a última oportunidade para a revo-lução. Noutros países europeus esses ideais estavam em declínio,mas em Portugal ainda estavam operativos do ponto de vistamental. Depois do 25 de Abril, rapidamente, tudo isto se tornounuma enorme desilusão, não pela instalação da democracia – oque seguramente foi muito bom –, mas pelo desfazer daquele edi-fício que já estava em cacos, sem que ninguém tivesse dadoconta.

JAZZ E REVOLUÇÃO

Já nessa altura se sentia atraído pelo Jazz e Free-Jazz, apesar daformação musical clássica...

Tinha estudado piano, com uma pro-fessora particular, a partir dos noveanos. Aos 11/12 deixei de ter essasaulas e fiquei a tocar de ouvido. Em1971, ano em que não pude mudarde curso e deixei de frequentar auniversidade, decidi vol-tar a estudar música“a sério”. Voltei ater aulas particu-lares de piano,depois entreipara a Escolade Músicado Porto,onde Mada-lena Sove-ral ensi-nava.

Aí começou a aprendizagem mais séria da música. Ou seja, tudose passa em simultâneo: fiz parte da última geração que acreditouna concretização a curto prazo do marxismo –- estive ligado agrupos de extrema esquerda não-estalinistas – continuei os estu-dos na música e mantinha o interesse pela arte, em geral. Tudoisto estava na ordem do dia e constituía, em conjunto, uma visãodo mundo...

... A Pop Art tinha surgido pouco antes, tal como o Free-Jazz...Sim, sim... Em 1973, após o Anarjazz Trio em que eu também

participava, o Jorge Lima Barreto fundou a Associação do Con-ceptual Jazz, de que faziam parte também o Carlos Zíngaro, Celsode Carvalho, ambos de Lisboa, do grupo Plexus. Mais tarde, em1974/75, afastei-me do Jorge Lima Barreto, e a partir daí, come-çou a germinar o que veio a ser o Quarteto Zanarp – em que par-ticipava eu, José Nogueira, Artur Guedes, inicialmente o PedroCavaco, na bateria, depois substituído pelo José Martins. O grupoensaiava na casa do arquitecto Manuel Fernandes de Sá. Essegrupo durou de 1975 a 1979. Representou a mudança daquelaabordagem, digamos, de carácter ideológico, para uma outra cen-

trada na própria música. Apaixonámo-nos todos pelo jazz eficámos possuídos pela necessidade de o estudar, indepen-dentemente do que ele significasse politicamente.

Aprender a tocar jazz não era fácil porque não haviaescolas. Usávamos o tradicional método de

pôr o disco, ouvir e aprender. Era umprocesso muito diferente da música

clássica, em que fundamentalmente seestudam partituras. Nojazz, em contrapartida,ouve-se o disco e tenta-secaptar o difícil conceito de“swing”. Em última análise,

é uma atitude

PERFIL. UPorto 31

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em relação ao tempo musical, que só se aprende por esta via por-que não há partitura que o consiga captar devidamente.

Nesse período, de 1975 a 1979, o Zanarp foi trabalhando comdificuldade, porque Portugal era então um país completamentedesorganizado (havia muito poucos festivais de jazz). A partir de1976, toquei com Rão Kyao. Tocámos no primeiro disco de jazzgravado com músicos portugueses: “Malpertuis”.

A partir daí, assumiu o jazz como forma de expressão prioritária...Sim, mas simultaneamente (a partir de 1974) fui aprofun-

dando o estudo da música contemporânea. Fiz o quarto ano depiano em 1975 e continuei a estudar, dando também aulas a prin-cipiantes na escola onde era aluno... A vida era muito difícil...Nos dois primeiros anos, após a conclusão do bacharelato, deiaulas de Estudos Sociais, História e Português no Ciclo Preparató-rio em Lourosa (em 1975 e 1976).

Nesse período, tocava ocasionalmente em grupos rock, porqueo jazz – que passava um mau bocado – não chegava como meiode subsistência. Por outro lado, eu estava muito desiludido com omodo de vida. Era frequente pegar no Fender-Rhodes – o pianoeléctrico mais comum na altura –, metê-lo no carro, ir tocar aoHot Club e ganhar um miséria, ou então ir tocar a Madrid ouValência com o Steve Potts – um norte-americano que vinharegularmente a Portugal – e regressar praticamente sem dinheiro.Aliás, frequentemente, após concertos que fazia com o Rão Kyao,o organizador dizia não haver dinheiro para o “cachet”, porque ofestival tinha dado prejuízo ou porque alguém da organizaçãotinha fugido com o dinheiro. Mesmo quando havia dinheiro parapagar, pagava-se pouco. Na música, enquanto alternativa profis-sional, as perspectivas eram negras.

É nesse ano que sai o meu primeiro disco, “Outros Lugares”. Éesse o facto que marca a diferença. Paradoxalmente, estava can-sado da vida de músico de jazz. Então, em 1981, depois de tertocado com o Rui Veloso, pensei: “Vou abandonar a minha vidaerrante, vou dar aulas de piano, regressar à Faculdade de Letraspara acabar o curso de História e regressar ao Conservatório parafazer o sexto ano de piano”. Enquanto pensava assim, surgiu aoportunidade de gravar um disco com o meu grupo, que tinhacomeçado a tocar em conjunto desde 1981: José Nogueira, nosaxofone, e os irmãos Barreiros (Mário, na bateria, e Pedro, nocontrabaixo). Na altura, muitos comentavam que não valia apena gravar, porque aquela música não se vendia, o que aliástambém tinha acontecido antes ao Rui Veloso e, mais tarde, aoPedro Abrunhosa.

IDEIAS FEITAS

Apesar dessa boa reacção inicial do público, com Rui Veloso, noinício dos anos 80, houve uma nítida retracção do mercado damúsica feita em Portugal, poucos anos depois, perto do final dadécada de 80...

Tem a ver com algumas ideias feitas, aquilo a que o Pierre Bou-dieu chama “doxas”, ou seja, o que é feito e não interrogado, éaceite como sendo realidade. Uma das “ideias feitas” das editorasportuguesas era que cantar em português não era bem aceite pelopúblico. No entanto, o fenómeno Rui Veloso veio demonstrar ocontrário. Logo a seguir, os grupos que se mantinham a cantarem inglês foram rapidamente reciclados para o fazerem em portu-guês. Foi claramente um fenómeno oportunista, o que acontecemuito em Portugal. Dá ideia que, no nosso país, só há lugar para

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PERFIL

uma atitude. Tem a ver com alguma estupidez colectiva. Indivi-dualmente somos maravilhosos, temos imensas qualidades, mascolectivamente temos problemas, passamos a vida a dizer mal donosso país, como se cada um de nós nada tivesse a ver com isso.

São questões sobre as quais tento reflectir como professor decomposição, em Lisboa. Vim dar aulas para Lisboa, em 1991,quando regressei da Holanda. No primeiro ano, João Madureira,aluno na altura e hoje meu colega, disse-me a propósito dosEncontros de Música Contemporânea da Gulbenkian: “quandoassistimos a estes concertos habituamo-nos a rir dos composito-res portugueses, mas na sua peça as pessoas riram-se menos” [gar-

A partir do sucesso do Rui Veloso, o panorama mudou. Em1981, quando toquei com ele, fizemos muitos concertos. Noentanto, naquela época já não era bem aquela música que queriafazer, apesar do Rui cantar muito bem e as letras do Carlos Têserem muito interessantes. Queria manter-me ligado ao jazz e àminha música – estou a referir-me a temas para eu tocar,enquanto temas de jazz.

... É a partir de 1983 que começa a ter uma actividade mais siste-mática de composição, quer no jazz quer na música contempo-rânea...

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PERFIL

galhada]. A música feita por portugueses era vista como incom-petente pelos próprios alunos de composição dos portugueses.

Outro paradigma, também secular em Portugal, é o do“estrangeirado iluminado”. Um português que vem de fora refor-mar o ensino de “cima a baixo”, como Luís António Verney,Ribeiro Sanches, entre outros. São tendências absolutamentesedimentadas, como granito, inamovível. Espantoso é que conti-nue a repetir-se.

Alessandro Oliva, membro do Opus Ensemble, que apesar de serargentino vive em Portugal há vários anos, compôs algumaspeças em que é notória a influência, entre outras, da música tra-dicional portuguesa. Em entrevista, na TSF, afirmava que Portu-gal vive num défice crónico de divulgação e conhecimento damúsica que os seus compositores fazem. Concorda?

É um privilégio eu poder dizê-lo, mas quando comecei a com-por quebrei essa barreira no jazz. Até então o panorama era esseque referiu, com excepção do Rão Kyao – o trabalho dele queteve mais sucesso foi o “Fado Bailado”, embora não possa consi-derar-se paradigmático como disco de jazz, nem os meus o sejam.Havia uma situação de bloqueio colectivo, de repente quebradapor alguém, na sequência de um trabalho continuado numacerta direcção e que consegue instalar uma nova regra. Desseponto de vista, quem está hoje no meu lugar é Maria João. Gra-vámos o primeiro disco ambos em 1983. O meu período de que-bra das regras foi logo a seguir, entre 1983 e 1985 (com “Cores eAromas”), e o mesmo período nela surgiu uma década maistarde, fundamentalmente cumprindo a mesma função: bara-lhando as regras do jogo e captando a atenção das pessoas paraalgo que, de acordo com as regras anteriores, não teria sucesso.

ponto, harmonia, sonata, fuga, etc.), que era extremamenteobsoleto e desajustado à realidade...

VENTOS DE MUDANÇA

Pouco a pouco, o panorama da música portuguesa vai mos-trando alguma evolução positiva. Por exemplo no jazz, compapel de destaque para novos músicos formados, embora nãoseja o único caso, na Escola de Jazz do Porto...

Sim... E na escola do Hot Club, que também teve um papelnisso...

Sim... Estava eu a dizer que no jazz tem sido notória algumaevolução positiva, mas na música contemporânea, com algumasexcepções como Emanuel Nunes, que recebeu o Prémio Pessoa,é mais difícil ter essa percepção.

A música portuguesa mudou muito nos últimos cinco anos.Hoje em dia há muita atenção à música dos compositores portu-gueses. À minha, à dos meus colegas e à dos compositores dageração seguinte, como é o caso do João Madureira. O meu casonão é propriamente exemplar, porque penso ser uma excepção.Várias peças minhas tiveram lotação esgotada, no entanto seique isto não é regra...

Há uma diferença total entre o que se passa hoje e a situaçãoque se verificava há dez anos. E este problema também era esté-tico porque os compositores estavam todos ligados à velha cor-rente da escola de Darmstadt, dos anos 50, identificada commúsica extremamente radical e que defendia o paradigma domodernismo de 1910 – “música para agredir o burguês”...

PERFIL. UPorto 33

Hoje, vale a pena ouvir uma peça de um jovemcompositor, porque podemos ter a sorte de sersurpreendidos com uma composição prove-niente das mais diversas orientações.

Na música contemporânea, o panorama é mais difícil. Portu-gal atravessou uma crise enorme que tem raízes profundas. Emtodo o período das décadas de 60 e 70, não surgiram novos com-positores. Houve um problema pedagógico, um desajuste das ins-tituições, alguns compositores a trabalhar mas com dificuldadesna transmissão do saber... tais como Emanuel Nunes (emigrouum pouco mais tarde), Jorge Peixinho, Fernando Lopes Graça,Álvaro Salazar e Cândido Lima... Essa geração produziu poucosalunos. É um problema que deveria merecer uma análise histó-rica. Penso que teria a ver também com o currículo dos conserva-tórios, baseado em critérios operantes na França de 1900 (contra-

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Há quem diga que um dos problemas da arte em Portugal, e nãosó da música, é precisamente estar muito colada a escolas, a cor-rentes...

Não é apenas um problema português. De todas as artes, apósa ruptura dos primeiros modernismos do século XX, aquela quetem tido mais dificuldade é a música. Talvez por haver a possibili-dade de gravação... Através do disco, a música de hoje passou aconcorrer com toda a música do passado. Numa loja, pode com-prar-se música da Idade Média, Haydn em instrumentos da época,música do Extremo Oriente. Ao darmos voz às músicas populares,ao criarmos o fenómeno da música pop, transformada em rock eem indústria altamente rentável, alteraram-se as regras do jogo. Achamada música erudita de tradição europeia tem hoje uma rela-ção completamente diferente (minoritária) com o todo social,assim como o jazz também tem uma relação diferente (emboranoutra escala).

Portugal tem a agravante de ser um país periférico – e não háinternet, nem nova tecnologia que anule este problema geográ-fico. Tem pago um preço por estar longe, traduzido numa espéciede provincianismo nas elites, enquanto o povo no seu conjuntotem eventualmente tradição cosmopolita (decorrente dos Desco-brimentos e do período colonial). Tem vivido em subserviênciaem relação a Paris – estou a usar o termo “Paris” como símbolo depólo cultural, económico e social...

RECONHECIMENTO PÚBLICO

No seu caso, o trabalho também tem sido reconhecido publica-mente, por exemplo, com a atribuição da Comenda da Ordemdo Infante D. Henrique, em 1995, pelo Presidente da República.Por outro lado, o trabalho que desenvolveu na área do jazz semfronteiras, um género aceite mais facilmente pelo público que amúsica contemporânea, também lhe granjeou mérito público.

Isso deriva não de preocupações minhas em relação à aceitaçãopública da música que faço, mas muito mais do facto de gostar decombater dogmas. Quando me dizem “é assim que tens de fazer”,apetece-me logo fazer o contrário. Sou uma espécie de rebelderelativamente pacífico.

A arte era suposto ser o reino da criatividade e da libertação daexpressão individual, no entanto não era assim em Portugal. Nojazz, debati-me com um pequeno grupo de dogmáticos quedefendiam o jazz tradicional norte-americano. Tentei aprender oque era o jazz e, depois, fazer algo de diferente. Na música con-temporânea, ao contrário do jazz, havia enquadramento institu-cional para o seu ensino, mas também funcionava em termos dosvalores comummente aceites. Aqui também me situava numasituação algo desconfortável, face ao ensino que tinha frequen-tado em Portugal, com Cândido Lima, Álvaro Salazar e nos semi-nários de Emanuel Nunes (também ligado à corrente de Darms-tadt). Quando fui para a Holanda, entrei numa realidade à parte.Esses três anos lá foram muito importantes, porque me permiti-ram perceber que as correntes dadas como inquestionáveis emPortugal estavam a ser amplamente discutidas em toda a Europa:na Alemanha, pelos jovens alemães, em França, onde o predomí-nio de Pierre Boulez é amplamente discutido, etc. Com essa baga-gem que confirmava as minhas apetências naturais, vim para Por-tugal fazer uma espécie de campanha no sentido de pôr em ques-tão os dogmas instalados no ensino da música.

Penso que tenho aqui uma pequena contribuição, porque hojeem dia os compositores com 20-30 anos estão a compor comuma liberdade muito superior ao que acontecia há 15 anos atrás.Por isso, naturalmente, o interesse do público aumenta. Hoje,vale a pena ouvir uma peça de um jovem compositor, porquepodemos ter a sorte de ser surpreendidos com uma composiçãoproveniente das mais diversas orientações. O regime fixo deregras de composição acabou. •

34 UPorto. PERFIL

PERFIL

António Pinho Vargas nasceu em Vila Nova de Gaia em 1951. Tem o Curso Superior de Piano do Conservatório de Música do Portoe é diplomado em Composição pelo Conservatório de Roterdão, onde estudou três anos com o compositor Klaas de Vries, como bol-seiro da Fundação Calouste Gulbenkian. É professor de composição da Escola Superior de Música de Lisboa desde 1991.

Tem tocado jazz e música improvisada com músicos como Kenny Wheeler, Steve Potts, Paolo Fresu, Jon Christensen, Arild Ander-sen e Adam Rudolph e actuado em diversos países. Frequentou cursos e seminários de composição com Emanuel Nunes, Jorge Peixi-nho, Álvaro Salazar, John Cage, Louis Andriessen, Harrison Birtwistle, Gyorgy Ligeti e Franco Donatoni. Foi assessor na Fundação deSerralves, entre 1994 e 2000 e trabalhou no Centro Cultural de Belém, entre 1996 e 1998. Compôs também para cinema, nomeada-mente para filmes de João Botelho, teatro e dança. Em 1995, foi condecorado pelo Presidente da República com a Comenda daOrdem do Infante D. Henrique.

A sua concepção da composição musical está patente num texto sobre as canções que compôs com base em poemas de AntónioRamos Rosa, publicado num programa do Teatro de S. Carlos que as incluiu em 1996: “Penso que hoje (1996) existem à disposiçãodos compositores objectos musicais de todo o tipo. (...) Penso que não há hoje razões sustentáveis para só utilizar uma parte destesobjectos em nome de qualquer ‘ideia de futuro’ da música. Por isso utilizo os que me parecem melhor a qualquer momento. (...) Aideia de esgotamento, qual boomerang, regressa sempre atingindo as novas linguagens, tornando-as rapidamente velhas. O pro-blema, para mim, é o discurso, não o vocabulário”.

DISCOGRAFIA: Como músico e compositor – “Outros Lugares” (1983); “Cores e Aromas” (1985); “As Folhas Novas Mudam deCor” (1987); “Os Jogos do Mundo” (1989); “Selos e Borboletas” (1991); “A Luz e a Escuridão” (1996); “As Mãos” (1998). Comocompositor – “Monodia” (1994); “Versos” (2001).

Vocabulário musical sem fronteiras

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PERSPECTIVA

PERSPECTIVA. UPorto 35

A AVALIAÇÃO DE AMEAÇAS

A necessidade de aumentar o conhecimento humano nocampo da luta contra o terrorismo fará emergir uma novaárea de investigação, a avaliação de ameaças, que terá porobjectivo a previsão das probabilidades de ocorrência deataques terroristas em larga escala. A avaliação de ameaças éjá usada pelos militares com objectivos mais limitados, maso seu alargamento ao estudo do terrorismo global é difícil,porque as incertezas em jogo são muito elevadas. Na avalia-ção de ameaças do terrorismo global, que não visa indiví-duos definidos mas a sociedade como um todo, os motivosnão são conhecidos com precisão e os ataques plausíveispodem usar armas diversas (químicas, bioquímicas, nuclea-res, etc) e estratégias variadas, só limitadas pela imaginaçãodos terroristas. Além disso, os exemplos de casos ocorridossão (felizmente!) pouco numerosos e, portanto, os teóricosda avaliação de ameaças não têm dados experimentais paraestabelecer analogias, raciocinar por indução, etc.

A finalidade última da avaliação de ameaças será identifi-car os perigos reais no vastíssimo campo das possibilidadesteóricas de vulnerabilidade. Esta tarefa é extremamente difí-cil: por exemplo, embora seja relativamente fácil imaginar eprever grandes ataques com resultados catastróficos (a fic-ção científica fê-lo para o ataque aéreo às Torres Gémeas deNova Iorque!), é maior a probabilidade de ocorrência de

atentados menos espectaculares e que provoquem mortes edanos mais limitados, mas de implementação mais fácil,quer quanto à construção das armas quer quanto à logística.Tais ataques podem ser dos mais diversos tipos e, se aplica-dos em sucessão, podem originar cumulativamente maisvítimas – e outros efeitos continuados – do que os casos degrande catástrofe (os chamados “worst-cases”).

A avaliação de ameaças consiste, basicamente, em definire listar ameaças possíveis e tentar avaliar comparativamenteos riscos relativos da sua ocorrência, em face dos dados his-tóricos sobre casos anteriores (raros, no caso do terrorismoglobal!) e do conhecimento existente sobre organizaçõesterroristas (dados dos serviços de informação, etc). Dada anatureza e complexidade das situações, os riscos só podemser avaliados qualitativamente, de modo a hierarquizar asameaças, mas esta hierarquização nem sempre é inequívoca.

Em suma, a previsão do terrorismo é algo muito com-plexo. O terrorismo global, embora com componentes cien-tíficas, é uma arte – e os agentes da sua prevenção são críti-cos futuristas que, com base na situação vigente, tentamprever a sua evolução futura.

AS ARMAS QUÍMICAS

As preocupações quanto ao terrorismo por meio dearmas químicas resultam de duas possibilidades: (i) roubo

TERRORISMO E QUÍMICAAdélio Machado(*)

(Engenharia, 1959)

Os trágicos acontecimentos de Nova Iorque em 11 de Setembro e os subsequentes ata-

ques com Antrax, a arma biológica com base no bacilo do carbúnculo, obrigam a investi-

gar o terrorismo. Na era da globalização, o terrorismo global pode ser implementado em

grande escala, de forma deslocalizada e afectar grandes sectores da sociedade (os vírus

informáticos são um exemplo disso: embora não causem vítimas humanas, perturbam as

actividades das organizações e dos indivíduos e causam enormes prejuízos à sociedade).

O caso corrente do Antrax nos EUA e o atentado com o gás letal Sarin, ocorrido no metro

de Tóquio em 1995, demonstram que as armas químicas e biológicas são particularmente

adequadas para perpetrar ataques em larga escala. Este artigo trata exclusivamente o ter-

rorismo químico. Mais precisamente, discute duas componentes gerais que hoje parecem

ser as mais importantes e, por isso, devem merecer atenção prioritária: (i) as armas quí-

micas; e (ii) os ataques a grandes instalações da Indústria Química.

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36 UPorto. PERSPECTIVA

PERSPECTIVA

de armas dos volumosos arsenais à espera de destruição; (ii)fabrico por grupos terroristas com organização sofisticada ecapacidade económica.

As armas químicas são constituídas com base em subs-tâncias químicas gasosas ou líquidas voláteis, que exercemefeitos tóxicos, letais ou incapacitantes, sobre o homem e osanimais. O desenvolvimento industrial das armas químicasocorreu a partir da Primeira Grande Guerra, na esteira darestante Química Industrial. Quanto a efeitos letais, realiza-ram-se progressos nas sucessivas gerações de armas fabrica-das até meados do século XX. Alguns dos gases simples queconstituíam as armas de primeira geração, por exemplo, ocloro e o cianeto de hidrogénio, são reagentes de uso muitofrequente na indústria química, na preparação de compos-tos para fins pacíficos. As armas de segunda geração, osgases de nervos, são compostos de um tipo que tambémencontrou aplicação no fabrico de insecticidas (compostosorganofosforosos). Estes factos evidenciam um velho para-doxo da Química: o mesmo tipo de compostos pode serusado paralelamente para fins construtivos e para fins des-truidores, dependendo do uso que se faz deles! A biografiado pai das armas químicas, o alemão Fritz Haber, a que sedeve também o processo industrial de síntese do amoníaco,ilustra este paradoxo da química, ou, mais globalmente, daciência em geral.

Um outro paradoxo do uso das armas químicas é queestas começaram a ser proibidas antes mesmo de serem pre-paradas em escala industrial. Apesar das sucessivas proibi-ções, diversos países constituíram arsenais das mesmas e sóem 1997 se chegou a um acordo de proibição definitivaque, em princípio, permitirá a eliminação dos arsenais exis-tentes. Esta eliminação é também paradoxal: químicos eengenheiros-químicos foram chamados para destruir armaspreparadas por químicos e engenheiros-químicos… situaçãoexcelente para manter empresas químicas em actividade equímicos empregados! Mas, a destruição das armas quími-cas tem sido tão ou mais difícil e morosa do que a sua pre-paração, pelo que é de prever que os arsenais se mante-nham durante mais uma ou duas décadas. A situação real éque continuarão a existir enormes quantidades de armasquímicas, que requerem precauções redobradas para quenão possam ser roubadas ou adquiridas ilicitamente pororganizações terroristas. Após o 11 de Setembro, os EUAintensificaram a vigilância militar dos seus depósitos, cujasegurança era precária. Quanto à situação dos volumososarsenais russos, em especial os das repúblicas que não fazemparte da Federação Russa, é considerada mais preocupante.No entanto, montar um atentado com armas químicas comeste tipo de proveniência exige logística e capacidade téc-nica profissional, só acessível a grupos terroristas com ele-vada capacidade económica, pelo que se lhe atribui baixaprobabilidade de ocorrência.

SARIN – A BOMBA ATÓMICA DOS POBRES

Quanto ao fabrico de armas químicas por grupos terroris-tas há já incidentes que mostram que os países democráti-cos, embora nunca tivessem utilizado os gases dos nervosem guerras, não estão imunes quanto aos seus efeitos letais.No Japão ocorreram dois atentados com Sarin, realizadospela seita religiosa Aum Shinrikyo. Em 1994, em Matsu-moto, morreram sete pessoas, sendo afectadas outras 200. Osegundo foi montado no metro de Tóquio, em 19 de Abrilde 1995, na hora de ponta matinal, em cinco comboios queconvergiam para uma mesma estação, tendo morrido dozepessoas e sido afectadas mais do que 5.000. Neste último, osterroristas jogaram com a elevada volatilidade do Sarin parao aplicar em ambiente fechado, com expectativas de produ-zir grande número de vítimas. Dois factos contribuírampara que o número de mortos fosse relativamente limitado:por um lado, a polícia tinha preparado um plano de acçãocontra atentados, incluindo reservas de antídotos que foramusados para salvar vidas; por outro lado, como o materialusado não era Sarin puro, que é inodoro, mas uma misturade 30% do composto com outros constituintes com maucheiro, parte dos passageiros sentiram-se mal com o odor(detecção precoce!), abandonaram os comboios em estaçõesanteriores à estação central e sofreram exposição apenaslimitada.

Esta “experiência” de Tóquio mostra dois aspectos con-traditórios: (i) embora a sua síntese seja obviamente peri-gosa, o Sarin é relativamente fácil de preparar, à escala labo-ratorial, a partir de reagentes triviais e disponíveis paraaquisição em pequena escala e, por isso, é um agente acessí-vel a grupos terroristas (como a dose letal é da ordem domiligrama por pessoa, com alguns gramas pode-se montarum atentado em larga escala); e (ii) apesar do vultuoso orça-mento da Aum Shinrikyo e do elevado nível técnico dosseus membros, o composto preparado, impuro, mostrou-serelativamente pouco eficaz. Em face disto, as hipóteses deescalada para atentados de maiores dimensões, com armasquímicas de construção própria, parecem problemáticas.Mesmo a menores escalas (largas dezenas ou centenas devítimas), serão mais de temer atentados com armas clássi-cas, baseadas em explosivos comerciais (que também sãosubstâncias químicas!) ou mesmo em substâncias químicasusadas para fins pacíficos – por exemplo, o fertilizantenitrato de amónio, substância de venda não regulamentadaque pode ser facilmente adquirida em grandes quantidades.

A VULNERABILIDADE DA INDÚSTRIA QUÍMICA

Os grandes complexos da Indústria Química podem sermuito vulneráveis a ataques por terroristas, se dirigidos aospontos críticos da segurança química de muitas das instala-ções. Os pontos vulneráveis podem ser de natureza muito

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PERSPECTIVA. UPorto 37

diversa, por exemplo: reactores de reacções fortemente exo-térmicas, que, se se perturbar o controlo a que estão sujei-tos, por acção terrorista (pode ser tão simples como abrir oufechar uma válvula ou premir um botão!), podem originarincêndios e explosões de consequências catastróficas; locaisde armazenamento de solventes inflamáveis e fluídos tóxi-cos e condutas de transporte dos mesmos, etc. A ocorrênciade frequentes desastres naturais que provocam vulgarmentesinistrados, apesar das estritas medidas de segurança rotinei-ramente implementadas, provam que na Indústria Químicaexistem riscos de operação difíceis de controlar. Se estes ris-cos forem estimulados, facilmente se podem atingir situa-ções catastróficas. A extensão dos efeitos destes desastresprovocados pode variar com muitos factores, por exemplo:quantidades de substâncias manipuladas e armazenadas,variedade e extensão dos seus perigos (inflamabilidade,explosividade, toxicidades, etc), existência de agregadospopulacionais na vizinhança e suas dimensões, condiçõesatmosféricas locais, etc.

O terrorismo sobre a Indústria Química põe diversos pro-blemas. Um primeiro é a grande variedade de situaçõesencontradas: cada instalação é um caso particular, pelo quehá necessidade de desenvolver metodologias sistemáticas deavaliação da vulnerabilidade que possam servir de base aacções para a sua mitigação – ou seja, para implementaçãode planos específicos de protecção anti-terrorista.

Outro problema é estabelecer a extensão da informaçãopública sobre cada instalação que se pode fornecer aos habi-tantes da vizinhança para os proteger contra os efeitospoluentes, por exemplo, no caso de ocorrerem acidentesnão provocados que dispersem para o ar grandes quantida-des de vapores, fumos, etc, e que exijam respostas imediatas(manter-se em casa com as janelas fechadas, evacuaçãorápida, etc). O fornecimento de informação à comunidadetem sido uma prática crescente nos países ambientalmentemais avançados, mas é óbvio que é contraproducente forne-cer informação detalhada, que permita a um agente terro-rista localizar os locais da instalação onde um ataque possater mais efeitos multiplicativos, pois diminui a segurançaem vez de contribuir para a aumentar! Nomeadamente, oscenários de grande catástrofe (“worst-case”) dos planos degestão de risco das instalações industriais, cuja divulgaçãoos defensores da intervenção pela via legislativa (ambienta-listas, etc.) tinham começado a conseguir arrancar aos seusoponentes (a indústria química), podem constituir exce-lente guias para terroristas. Na divulgação de informaçãohá, portanto, factores contraditórios em jogo, tendo de serprocurado um óptimo que equilibre os seus efeitos. Prova-velmente, a presente preocupação com o terrorismo deslo-cará este óptimo para o lado do secretismo – travará a ten-dência recente para a democratização da informação.

Um terceiro problema de maior alcance é que a reduçãodo risco de terrorismo na Indústria Química não passa ape-

nas pelo aumento da segurança, mas envolve, também,mudanças do estilo de implementação industrial da Quí-mica, no que respeita quer à planificação geográfica das ins-talações, quer à natureza da Química praticada nestas.Quanto ao primeiro aspecto, por exemplo, a constituição dezonas tampão entre as instalações e as áreas urbanizadas (eentre as diversas fábricas dos complexos industriais) é essen-cial para controlo dos riscos de acidentes, quer naturaisquer provocados. Sucede frequentemente que tais comple-xos começam por ser construídos em locais isolados na vizi-nhança de cidades, mas, com a passagem do tempo, estasúltimas crescem e aproximam-se das instalações industriais– este modelo de urbanização deve ser revisto, exigindo-seum planeamento eficaz da ocupação do solo, que impeça ajustaposição de fábricas e povoações. Quanto à natureza daQuímica realizada nas fábricas da Indústria Química podeser paulatina mas voluntariosamente revista, de modo apassar a utilizar tecnologias de fabrico inerentemente maisseguras – por exemplo, que dispensem ou minimizem o usode solventes voláteis, tóxicos e inflamáveis; ou que nãousem substâncias tóxicas; ou que, se estas são indispensá-veis, as preparem no local à medida que sejam requeridas,de modo a eliminar os riscos de transporte e/ou armazena-mento. A mentalidade de tornar a química mais benignadeu origem a um estilo de química em emersão – a cha-mada Química Verde. Esta, além de “amiga do ambiente”,é, no que respeita a práticas de fabrico mais seguras, inimigado terrorismo químico!

CONCLUSÕES

Os arsenais de armas químicas e as instalações da Indús-tria Química constituem pontos vulneráveis. O acesso aosprimeiros para montar atentados em larga escala exigemeios e organização elevados, pelo que os riscos de taisatentados parecem baixos – possivelmente, os riscos deemprego de armas biológicas serão maiores. Quanto àIndústria Química, certas instalações poderão ser alvos ape-titosos porque os meios requeridos são limitados (as armassão as próprias instalações!). Uma observação final, algocínica: o terrorismo confirma a importância social da Quí-mica – sempre presente no progresso (neste caso, retro-cesso!) da moderna Civilização Industrial. •

(*) Professor Catedrático do Departamento de Química e Coordena-dor e Investigador do LAQUIPAI (Laboratório de Química Inorgâ-nica Pura e de Investigação Interdisciplinar) da Faculdade de Ciên-cias.

PERSPECTIVA

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PARA SABER MAIS

Em CD-ROM

Colóquio/Ciências

Os números 1 a 25 da revista “Colóquio//Ciências” foram recentemente compiladosem CD-ROM editado pela Fundação CalousteGulbenkian. O CD-ROM está estruturado comquatro tipos de entrada e respectivos índices:por revista, assunto, autor e título. Estão dis-poníveis dez campos de busca por assuntos:Matemática e Computação, Física e Ciênciasdos Materiais, Química e Bioquímica, Ciênciasda Vida, Ciências Médicas, Ciências da Terra,Epistemologia e Filosofia das Ciências, História

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O livro “Imagens Médicas. Fragmentos de umaHistória”, organiza-se em torno da colecção doMuseu de História de Medicina MaximianoLemos da Faculdade de Medicina da Universi-dade do Porto, fotografada por Inês Gonçalvese constitui o segundo volume do projecto“Tripé da Imagem”, desenvolvido pela Porto2001.A propósito de uma série de imagens, que cor-respondem ao olhar da fotógrafa sobre objec-

tos da colecção do Museu, sãoconvocados múltiplos discursos,que as trabalham e re-encenamnuma perspectiva interdisciplinare transversal que vai da arte aocinema, da dança à filosofia ou àliteratura, das ciências da comu-nicação à performance. As ima-gens, retiradas à lógica expositivado museu, associam-se livre-mente a outras imagens chama-das pelos autores dos textos, ou entram emdiálogo com os projectos de arte que assina-lam, nesta obra, a participação de alguns artis-tas.

Textos de: Amélia Ricon Ferraz, Ber-

nardo Pinto de Almeida, Daniel Ser-

rão, Diogo Seixas Lopes, Graça dos

Santos, Helder Coelho, João Caraça,

João Lopes, João Miguel Fernandes

Jorge, José A. Bragança de Miranda,

Manuel Valente Alves, Maria do

Carmo Séren, Maria Filomena Mol-

der, Maria José Palla, Miguel Leal,

Nuno Grande, Paulo Cunha e Silva

e Vera Mantero. Projectos de artis-

tas: Adriana Molder, António Olaio, Cláudia Amandi,

Cristina Mateus, Inês Gonçalves, Manuel Valente Alves.

Preço de capa: 74.32 €Edição: Porto Editora. Nº de págs: 478

das Ciências, Ciência e Artes, Ciência, Tecno-logia e Sociedade. Pelo esforço de um clique apenas, sobre cadanome de autor ou título de artigo, pode servisualizado esse mesmo artigo e “folheada” arevista, dirigida por José Moreira de Araújo,Professor Catedrático da Faculdade de Ciên-cias da Universidade do Porto, nos últimos 18números incluídos neste CD-ROM. Preço: 15 €, 9 € para estudantes e profes-sores. Edição: Fundação Calouste Gulben-kian; Tel. 21 7823627, E-mail: [email protected] (Livraria da FCG) – venda exclu-siva no local ou envio à cobrança quandosolicitado.

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do Porto que dinamizaram especialmente estatransformação que hoje faz parte da nossaidentidade cultural e que, como diria MiguelTorga, citado no prefácio, é «a única evidência

incomensuráve lcom que podemosassombrar o mun-do».Enquadrado na pes-quisa sobre os siste-mas construtivos epercursos históricosdas quintas, o objec-tivo deste estudo foio conhecimento das

Natália Fauvrelle

Quintas do DouroAs Arquitecturas do Vinho do Porto

A paisagem do Douro resulta de um complexoprocesso de tranformação da natureza peloHomem, de tal modo que não se pode falarnuma ignorando a outra; como não se podefalar da vinha e da forma como ela molda amorfologia das encostas sem falar nas estrutu-ras de produção, nas oficinas, nos trabalhado-res e no caseiro.A autora procura demonstrar neste livro opapel crucial das quintas produtoras de vinho

PARA SABER MAIS

arquitecturas resultantes da produção de vinhodo Porto. Claro que subjacente a este conheci-mento está a tentativa de valorização destepatrimónio a nível nacional e internacional,contribuindo para «a tomada de consciênciadas autoridades competentes da necessidadede salvaguarda, preservação e reabilitação dasmúltiplas arquitecturas desta região». Umavalorização desde já reconhecida pelaUNESCO, com a atribuição da classificação dePatrimónio Mundial à Região do Alto DouroVinhateiro.Edição: GEHVID – Grupo de Estudos deHistória da Viticultura Duriense e doVinho do Porto. Nº pags.:231

Março a Outubro de 2001, em diferentes “pal-cos” da cidade do Porto foi possível assistir aociclo de conferências “O Estranho TerrívelOutro”, à inauguração de uma série de“Objectos-Escultura”, ao Encontro Internacio-nal de Prospecção Científica “Ciência e Cons-ciência”, entre outras iniciativas. E quando o pano cai sobre mais uma ediçãoda Capital Europeia da Cultura, o IPATIMUPcompilou, nesta obra, os textos que os auto-res das conferências quiseram ver publicados.Ao longo de 242 páginas é possível revivermuitas das palavras e personagens quederam o seu contributo para o sucesso d’ “OsOutros em Eu”.

IPATIMUP

Os outros em eu

Pensado e delineado tendo como objectivoprimordial aproximar o público da Ciência,enquanto explicação do mundo e da dife-rença, o Instituto de Patologia e ImunologiaMolecular da Universidade do Porto (IPATI-MUP), através da sua Unidade de EducaçãoContínua e Difusão Científica, concebeu eorganizou, no âmbito das actividades da Porto2001 – Capital Europeia da Cultura, uma sériede iniciativas de índole cultural e científicacom a designação de “Os Outros em Eu”. De

Edição: IPATIMUP/Bial. Nº de Págs: 242Distribuição gratuita para quem assistiu às conferên-cias. A edição pode ser levantada no IPATIMUP, duranteos dias úteis, das 9h às 21h.

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O Carlos em tom menor pela casa. É extraordi-nário como os homens, no fundo – e à superfície... –,receiam as mulheres! Fazem lembrar corredores de dis-tâncias curtas, são capazes de nos soterrar debaixo doentulho de explosões ferozes de raiva, mas na mara-tona do quotidiano evitam cuidadosamente borrascasfemininas. Talvez não borrascas, e sim a morrinha tei-mosa que tortura os ossos sem parecer molhar a pele,por alguma razão a crismaram de molha-tolos; o quesão afinal os homens? Quando pergunto o que sepassa, beneficia-me com levantar de sobrancelhaespantada, “Nada. Porquê?”. Porque o vejo preso desúbito furor solidário na cozinha e de novo adepto daternura vespertina. Quando chega, sai da porta direiti-nho a mim, desprezando o precioso correio electró-nico; sinto-lhe os braços na cintura e o bafo mornoque anuncia ao meu pescoço um nariz entusiasta, poisse até elogiou perfume que uso há anos! A semana pas-

sada sugeriu que um dia destes poderíamos ir ver ossubmarinos perto da chama da Sacor como antiga-mente...

Sei o que se passa, neste momento estou casadacom um anti-depressivo ambulante. O meu maridodecretou que preciso de ajuda para ultrapassar o cho-que de ver o filhote raspar-se para a loira Albion. Nãose engana e não me engana – sofre, como eu, de sau-dade precoce e orgulhosa, estamos no mesmo barco.Em todos os mares? Tenho um bom casamento, umrebento magnífico, uma profissão de que gosto, lá rezafrase irritantemente acusadora – “tudo para ser feliz”.E não sou. Já fui. Sem pensar muito nisso, talvez aí osegredo. Serão os quarenta? A famosa ternura compa-receu à chamada, olho vida e pessoas com estranhabonomia. A paixão cola-nos tanto a gentes e factosque somos incapazes de passo atrás, rumo ao sabor daperspectiva, entendo hoje quem nos museus troca avisita tangencial às salas todas pelo banco que oferecehoras contemplativas em face de um só quadro. Esta-rei assim perante a vida, mais atenta a pormenoresditos laterais?

O sexo, por exemplo. Quando ele sugeriu visitanocturna à beira-mar, arrepiei-me toda. Acho que jánão teria pachorra para fugir à erecção da alavanca dasvelocidades, manter um olho artificialmente estrábicoà cata de mirones, recear no dia seguinte pela conser-vação respeitável dos estofos. E no entanto um bichi-nho cá dentro reclama a febre desses tempos. Desses ede outros!, o casamento não quebrou o encanto. Deimediato... É estranho, embora eu deteste clubes femi-ninos de confidências, quando o assunto vem à bailaentre o mulherio – e acaba sempre por vir! – doucomigo a ter pena delas e a oferecer-me um sorvete nocaminho para casa em honra da minha vida erótica.Mas tabus ultrapassados e orgasmos fáceis não che-gam. Por mais que isso espante os homens!, eternosprisioneiros de uma visão hidráulica da coisa. Engra-çado, ia dizer que se dão por satisfeitos com o bomfuncionamento do essencial. Mas será o orgasmoessencial? Seguramente não substitui o enorme gozoda espera, da surpresa, da descoberta, a tensão quetorna a respiração pesada e a voz um tudo nada maisrouca. Enfim, os homens...

SEGUNDO VÉRTICETriângulo

42 UPorto. CRÓNICA

CRÓNICA

Júlio Machado Vaz(*)(Medicina, 1966)

Foto gentilmente cedida pelo Jornal de Notícias

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Não deixa de ser metodologicamente optimistaempregar o plural quando só conheci dois. Minha mãediria que foi um a mais e, por uma vez, o Carlos esta-ria de acordo, afinal tropecei no Mário já casada. E quevi eu nele, para assim arrostar a segura desaprovaçãodos que amo, se o episódio lhes passasse pela cabeça?Para falar com franqueza, acho que nada de especial,foi o homem certo para uma altura errada, espécie decriado mudo no qual pendurei o ego. Nos poucosmeses que aquilo durou não tinha a sensação de enga-nar o Carlos, mas sim a rotina, continuava a ter umóptimo casamento, acrescentara-lhe apenas umamante ( como estragámos a palavra, meu Deus!, passea heresia de Te invocar, dizemos amante e ninguémimagina paixão, só hotéis na auto-estrada e mentirasao telemóvel ).

Hoje diria que gostei de regressar ao jogo da sedu-ção. Adivinhar de manhã que roupa vestir para lheacender os olhos, apagar e-mails comprometedores,ouvir à Segunda-Feira que o fim de semana doía poreu não estar. Sem remorsos exagerados, digo que meaqueceu o coração. Sem calar a cabeça, que nem porum momento perdeu o controlo, está visto que não setratava de paixão! Como o sexo puro e duro se encar-regou de provar. Desaguei nele sem muito entusiasmo,mas a determinado ponto pareceu-me quase indeco-roso não o fazer, o Mário não compreenderia se lheexplicasse o que verdadeiramente espremia da relação.O seu desejo, de tão apressadamente triunfante, espa-lhou-se ao comprido. Foi incómodo verificar comodesconhecia a cadência que nos leva do sexo ao ero-tismo e eu não tinha paciência ou motivação para oensinar. Essa tarde marcou o princípio do fim do quenão chegara a começar. Resignei-me a abdicar doresto, a caricatura de namoro adolescente.

A vida continuou e nem sequer me ocorreu contarao Carlos. Achei que, além de não me convir!, seriainútil. A adolescência fora-se definitivamente e ocriado mudo não deixara marcas que sobrevivessem aum bom duche. Aprendera que tinha comigo ohomem certo, pese embora já nos faltar uma pitada desal. Paciência!, não se pode ter tudo. E digo isto por-que não acredito em curas de rejuvenescimento eró-tico, odeio os auto-proclamados especialistas na maté-

ria e as suas receitas estafadas, “vão passar um fim desemana sozinhos e falem muito um com o outro...”,gaita!

Nada pode evitar que uma relação enferruje com otempo, e não me refiro apenas ao sexo. Nem sei dizerquando comecei a ficar assustada e não enternecidapor ser capaz de prever o que o Carlos diria em deter-minada situação; quando percebi que começáramos afazer amor ao fim de semana porque podíamos dormirum pouco mais na manhã seguinte; quando passámosa deixar a televisão ligada às refeições; quando desisti-mos de fazer as palavras cruzadas juntos. Mas sei quetudo aconteceu enquanto éramos felizes no nossobendito exílio provinciano. É complicado.

E agora, com o rapaz a caminho de Inglaterra, doucomigo a achar que devo contar ao Carlos o meu flirtcom um homem sem importância ( jamais lhe conse-gui alucinar o cheiro e está tudo dito ). Estarei a sofrerde delírio judaico-cristão de culpa? Não creio. Talvezalgo mais primitivo, um sacrifício supersticioso aosdeuses. Conto-lhe tudo e sofro as consequências. Pormais que goste de mim vai estrebuchar, se fosse aocontrário partia-lhe na cabeça o serviço que herdei daminha avó. Se fosse ao contrário... E se aproveita paradespejar facadinha parecida? Ficávamos quites... Não,continuo demasiado ciumenta, prefiro ser a únicapecadora da casa. Sofro as consequências, dizia. E osdeuses, tão apaziguados como a minha consciência depsicopata incompetente, concederão favor sem preço –nenhum silêncio mesquinho nos separará, ficaremosabraçados em tempos difíceis, órfãos do rapaz. Temposde solidão acompanhada. •

(*) Professor Auxiliar do Instituto de Ciências Biomédicas deAbel Salazar, regente da cadeira de Antropologia Médica dalicenciatura em Medicina, director clínico da ComunidadeTerapêutica de Adaúfe.

CRÓNICA

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A

I ENCONTRO DE ESTUDOSROMÂNTICOSFaculdade de Letras da UP21 Março de 2002

Apresenta-se como uma iniciativa decarácter interdisciplinar sobre atemática do Romantismo (ou Roman-tismos) e projecta-se como espaçode exposição, confronto e de ideias ede pontos de vista múltiplos.Informações: Secretariado do IEncontro Estudos Românticos -DEAA - FLUP. Via Panorâmica, s/n,4150-564 Porto . Tel. 22 607 7183. [email protected]

ENCONTRO SOBRE A GEOMORFO-LOGIA DO NOROESTE PENINSU-LAR11 a 13 de Abril 2002

Até 27 de Março, impreterivelmente,todos os participantes que desejaremapresentar um poster deverão terenviado por e-mail para AssunçãoAraújo (ass.geo.porto@ mail.tele-pac.pt) o resumo do referido poster.Informações: Centro Leonardo Coim-bra. Faculdade de Letras da Univer-sidade do Porto Via Panorâmica, s/n - 4150-564Porto - Portugal . Tel. 22 6077165 Fax. 22 6077152. E-mail:[email protected]/geograf/

III REUNIÃO INTERNACIONAL DEACTUALIZAÇÃO EM CIRURGIADO ESÓFAGO E DO ESTÔMAGOHotel Solverde, Granja. Gaia 15 a 17 de Abril de 2002

Promovido por: Faculdade de Medi-cina do Porto; Hospital de S. JoãoServiço de Cirurgia B. Informações: WLP WYETHLEDERLE PORTUGAL (FARMA),LDA. Rua Dr. António Loureiro Bor-ges, 2. Arquiparque - Miraflores -1495 Algés.Telef: 21 412 82 00.Fax: 21 412 01 11

CICLO DE PALESTRAS “ASTRONO-MIA ÀS 21”Centro de Astrofísica da UP.

21 de Março, 18 de Abril, 16 deMaio e 20 de Junho às 21.horas

18 de Abril: “À procura de dimen-sões suplementares em cosmologia”,por Doutor Carlos Martins. 16 deMaio: “As maiores explosões no Uni-verso”, por Doutor Pedro Viana20 de Junho: “A matéria escura noUniverso”, por Doutor Pedro AvelinoInformações: Tel. 22 6089835/6/7E-mail: [email protected]

X MEETING OF THE PORTUGUESESOCIETY OF ANIMAL PATHOLOGY:“Skin Diseases”Porto18th and 19th of April 2002

Promovido por: Hospital de S. João &IPATIMUP (Instituto de Patologia eImunologia Molecular)

X PORTO CANCER MEETING:“Advances in the etiopathogenesis,diagnosis and prognosis of cancerousand precancerous lesions”Instituto de Patologia e ImunologiaMelecular (IPATIMUP), Porto29-30 de April, 2001

INTERNATIONAL SPECIALISEDCONFERENCE IN BIOFILM MONITO-RINGHotel Ipanema Porto17 a 20 Março

Organização conjunta FEUP/Dep. Eng.Química e da Univ. Minho/Dep. Enge-nharia Biológica. Sob auspício da IWA(International Water Association).Informações: www.deb.uminho.pt/bio-film2002

SEMINÁRIO “POLITIQUES SOCIO-ÉCONOMIQUES ET LA CONSTRUC-TION EUROPÉENNE”Março/AbrilCom Marc Dusantoy (Paris III)Iniciativa do Centro de Investigação eIntervenção Educativas da Faculdadede Psicologia e de Ciências de Educa-ção da Universidade do Porto.

Informações: Dr.ª Maria José AraújoTel. 226079700; Fax 226079726E-mail [email protected]://www.fpce.up.pt/2~ciie/index.htm

ALARGAMENTO DA UNIÃO EURO-

PEIA E AJUSTAMENTOS DE COMÉR-CIOFaculdade de Economia do Porto,Sala 2607 Março, 14h

Conferencista: Ana Paula Africano,Faculdade de Economia do Porto.Informações: Tel. 225571100

CICLO DE CONFERÊNCIAS “Reflec-tir a Universidade”De 27 de Fevereiro a 14 de Abril

PALESTRAS PRELIMINARES noPorto (Centros de Mesa), às 21h30.20 de Março (Café Ceuta): “O Des-porto Universitário: competição ouconvívio?” 22 de Março (em Lisboa,no âmbito do V ENIES): “A impor-tância da imprensa e das publica-ções académicas”. 9 de Abril (CaféCeuta): “A formação contínua nasEscolas de Medicina e Farmácia”.Pretende-se o alargamento destesdebates aos vários estabelecimentosde Ensino Superior do Porto e dopaís, através das suas publicaçõesacadémicas, Associações de Estu-dantes e órgãos de gestão.CONFERÊNCIAS FINAIS (MuseuSoares dos Reis)12 de Abril: 10.00h - Abertura;14.30-18.30h - “A Universidade e aSociedade da Informação: o papeldas tecnologias abertas no ensino”.13 de Abril: 09.00-12.30h - “Ges-tão da Universidade: empresa ouautarquia?”; 14.30-18.30h - “A Uni-versidade e a Cultura”. 14 de Abril:09.00--12.30h – “A Universidade e a Cul-tura”; “O Desporto Universitário:competição ou convívio?”; “A impor-tância da imprensa e das publica-ções académicas”. 14.30-18.30h –“Gestão da Universidade: empresaou autarquia?”

Organização: NJAP/JU - Núcleo deJornalismo Académico do PortoEnvia a tua opinião para:reflectir@jup. .pt(fórum). E recebe asúltimas notícias, inscrevendo-te emenvolve_te@ jup.pt(newsletter).NJAP/JU - Núcleo de JornalismoAcadémico do PortoRua Miguel Bombarda nº 187 R/C-Cave4050-381 Porto. www.jup.pt

ENCONTRO “PROJECTO DE INTER-VENÇÃO SOCIO-EDUCATIVA PARACRIANÇAS E FAMÍLIAS DA CRUZ DEPAU”Faculdade de Psicologia e de Ciênciasda Educação25 e 26 Março

Após cinco anos de trabalho nestacomunidade a Faculdade de Psicolo-gia e Ciências da Educação pensouter chegado o momento de partilharcom outras pessoas e instituições,alguns produtos da intervenção, atra-vés de um Encontro.Informações: Mónica GuimarãesTel. 226079700E-mail [email protected]

CICLO DE CONFERÊNCIAS«RELAÇÕES D’ARTE»Aula Magna Faculdade de BelasArtes da UP

«A problemática dos documentoshistóricos-políticos num trabalho deartes plásticas»Dia 8 Maio, 14horas: «História dodesign de equipamento em Portugal»Dia 15, 14 horasInformações: AEFBAUP. Tel 22 5101208Email [email protected]

FOOD SAFETY CONFERENCESeminário de Vilar, PortoDe 24 de Maio a 25 de Maio de

Poster abstracts deadline: April 5th, 2002. Abstract status willbe available in mid—April 2002.The abstracts, double spaced, shallbe no longer than one page A4. Abs-tracts must be submitted by e-mailto: [email protected]. Contacts: Susana Silva (IPATIMUP)Rua Dr. Roberto Frias s/n. 4200Porto. Portugal Telefone +351 22 557 07 00Fax +351 22 557 07 [email protected] www.foodsa-fety.co.pt

FOOD AND NUTRITION POLICY(módulo de mestrado internacional)Auditório da Faculdade de Ciênciasda Nutrição e Alimentação da UP17 a 21 de Junho

Informações: Mestre Pedro Graça

44 UPorto. AGENDA

AGENDA

CONGRESSOS, CONFERÊNCIASE SEMINÁRIOS

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Na rua ou nas empresas, somos o jornal de quem decide.

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46 UPorto. AGENDA

AGENDA

(FCNAUP). Rua Dr. Roberto Frias4200-465 Porto. Tel. 22 5074320Fax 22 5074329. www.fcna.up.pt

FOOD HABITS: NA INTEGRATEDAPPROACH (módulo de mestradointernacional)Auditório da Faculdade de Ciênciasda Nutrição e Alimentação4 a 13 de Julho de 2002

Informações: Mestre Sara RodriguesRua Dr. Roberto Frias. 4200-465Tel. 22 5074320. Fax 22 5074329www.fcna.up.pt

XIº CONGRESSO INTERNACIONALDE FILOSOFIA MEDIEVAL – “INTE-LECTO E IMAGINAÇÃO NA FILOSO-FIA MEDIEVAL”Seminário de Vilar e Faculdade deLetras da UP, PortoDe 26 a 31 de Agosto de 2002

Informações: XI Congresso de Filoso-fia Medieval. Gabinete de FilosofiaMedieval. Faculdade de Letras daU.P. Apartado 55038P â “ 4051-452 PORTOPORTUGALTel. 00 351 22 607 71 65 Fax 00 351 22 607 71 52E-mail: [email protected]://www.letras.up.pt/df/if/gfm/

EXPOSIÇÃO ZOOLOGIA/BOTÂNICADO BRASILJardim BotânicoAté 31 Março

De 2ª a 6ª - das 9h00 às 12h e das14h às 17h (a pedido). Sábados eDomingos – das 10h às 12h e das12h às 17h

EXPOSIÇÃO OBJECTOS NATURAISMetamorfoses de raiz caule e folhasJardim BotânicoAté 31 Março

De 2ª a 6ª - das 9h00 às 12h e das14h às 17h (a pedido)Sábados e Domingos – das 10h às12h e das 12h às 17h

FESTIVAL DE TUNASPavilhão de Exposições da FaculdadeCiências do Desp. e Educação Física4 de Abril

Informações: AEFCDEFTel 22 5507470. www.acfcdef.pt

Encarada como área estratégica dedesenvolvimento, a Educação Contí-nua na Universidade do Porto pre-tende responder às exigências coloca-das pela sociedade do conhecimentoe incentivar o diálogo, particularmentecom os antigos alunos, desenvolver amultidisciplinaridade das acções econtribuir para a valorização dosdocentes universitários. Na Reitoriahá um Pró-Reitor responsável peloacompanhamento das actividadesdesenvolvidas pela Universidade doPorto, uma Direcção, um Conselho eum Grupo de Ligação com as Unida-des Orgânicas.

CIÊNCIAS

PRODEP IIIO Computador como Ferramenta deEnsino – 2 Mai. 02Modelação Gráfica ao Serviço doEnsino – 2 Mai. 02Sensores Laboratório Ciências daNatureza – 3 Jun. 02Sensores no Laboratório de Química –3 Jun. 02Actividades Laboratoriais para o 10ºano (novo programa) – 8 jun. 02Segurança em Laboratórios Químicos– 20 Jun. 02A Calculadora como Unidade Portátilde Recolha de Dados no Laboratóriode Ciências Físico-Químicas eAmbiente – 1 Jul. 02Química da Atmosfera: compreensãoda poluição atmosférica – 1 Jul. 02Laboratório de Química Ambiental – 1Jul. 02Cinética Química – 1 Jul. 02Técnicas de Manipulação de DNA eBiotecnologia – 1 Jul. 02Técnicas de Microscopia em CiênciasNaturais – 21 Jul. 02Ecologia e Gestão dos Recursos Natu-

rais (I). Os grandes ciclos da Biosfera– 10 Jul. 02Biotecnologia e Métodos de Análisedo DNA Genómico – 1 Set. 02Utilização de Sensores no Ensino daFísica – 7 Set. 02Informações: Sandra SantosTel.: 226 082 805. Fax: 226 082 959

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO PÓS-LICENCIATURA

Supervisão Pedagógica e Formação deFormadores – Mar. a Dez. 02Informações: Prof. Doutora GabrielaRibeiro. Tel.: 226 082 830.Fax: 226 082 831

OUTRAS ACÇÕES1

Conferência Internacional sobre“Linhagens Femininas e Masculinasna Ibéria” (V Portugália Genética) –14 a 16 Mar. 02Informações:Tel.: 225 570 700Fax: 225 570 799

MEDICINA

Laboratório de Anatomia Patológica3

Módulo sobre “Oncobiologia Molecular”do Curso e Mestrado em Medicina Mole-cular – 18 Fev. a 4 de Mar. 02Seminário “How to Write WinningGrants” – 11 e 12 Mar. 02Módulo sobre “Técnicas em BiologiaMolecular” do curso de Mestrado emMedicina Molecular – 8 a 12 de Abr. 02Seminário sobre Lâminas de PatologiaVeterinária – 18 e 19 Abr. 02Módulo sobre “Oncobiologia” do Pro-grama Graduado em Áreas da BiologiaBásica – 22 Abr. a 4 Mai. 02Curso Avançado sobre Carcinoma Gás-trico Hereditário – Reunião Internacio-nal Gastric Cancer Linkage Consor-tium (XI Porto Cancer Meeting) – 3 e4 Mai. 02. Módulos sobre “Cancro doCólon e Recto”, “Cancro do Estô-mago”, “Cancro da Mama”, “Cancrodo Pulmão”, Cancro da Tireóide”,“Doença Inflamatória Intestinal”,“Fibrose Quistica” e “Hepatites Víri-cas e Hepatocarcinogénese” do Cursode Mestrado em Medicina Molecular –data a definir. VI Conferência do Equi-nócio sobre Ciência e Cultura

Serviço de Ortopedia

Reunião Clínica Semanal – apresenta-ção e discussão de Casos Clínicos“Journal Club” semanal – discussãode artigos publicados nas principaisrevistas da especialidade

Serviço de Anestesiologia

Curso Livre de Pós-graduação: Funda-mentos Científicos da Anestesiologia eCuidados Intensivos – Jan. a Dez. 02Mestrado em Medicina de Emergência2001/02 - conclusão do curso deespecialização, início da elaboraçãodas teses de mestradoMestrado em Medicina de Emergência- Out. 2002/04

Serviço de Endocrinologia

Módulo de EndocrinologiaPós-graduação em Endocrinologia Dia-betes e Metabolismo

Serviço de Otorrinolaringologia

Curso de Actualização de ORL paraClínicos GeraisCurso de Dissecção do Nariz e SeiosPerinasaisSimpósio Internacional sobre as Per-turbação da Voz

Clínica de Dermatologiae Venereologia

Curso de Actualização de Dermatolo-gia e Venereologia. Reunião do GrupoDermatológico Atlântico

Instituto de Farmacologia e Terapêu-tica

Pós-graduação em Hidrologia e Clima-tologia MédicasMestrado em Medicina Molecular

1. Acções do IPATIMUP em colaboração coma FCUP

2. Em colaboração com a FMUP, IPATIMUP eICBAS

3. Em colaboração com o IPATIMUP 4. Em colaboração com a FCNAUP5. Em colaboração com a FMDUP6. Curso de Pós-graduação em Criminologia

da FDUP7. Em colaboração com a Faculdade de Ciên-cias

EDUCAÇÃO CONTÍNUA

EXPOSIÇÕES

OUTROS EVENTOS

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AGENDA. UPorto 47

AGENDA

9. Em colaboração com a FMUP, FCUP e IPA-TIMUP

10. Em colaboração com a FMUP

Serviço de Cardiologia

Reuniões Semanais de Apresentação eDiscussão de Casos ClínicosReuniões Semanais de Apresentação eDiscussão de Literatura MédicaRecente (Journal Club)Reuniões de Apresentação de Resulta-dos de Ensaisos Clínicos Randomiza-dos .

Serviço de Bioética e Ética Médica

Curso de Mestrado em BioéticaIII Congresso Nacional de Bioética

Serviços de Bioquímica e QuímicaFisiológica

Programa de Educação Médica Contí-nua em Medicina MolecularMestrado de Nutrição Clínica4

Instituto de Histologia e Embriologia,Laboratório de Biologia Celular e Ser-viço de Microscopia Electrónica

Programa de Iniciação à InvestigaçãoCientíficaPrograma de Educação Médica Contí-nua em Medicina MolecularGABBA – Programa Graduado em Bio-logia Básica e Aplicada7

Serviço de Angiologia e Cirurgia Vas-cular

IV Simpósio Internacional sobre Pato-logia Vascular Periférica e Trombose

Serviço de Reumatologia

XXII Jornadas de Actualização e Avan-ços em Reumatologia – Abr. 02Módulo sobre Doenças AutoImunes doTecido Conjuntivo (integrado no cursode Pós-graduação de Medicina Mole-cular) – Out. 02Pós-graduação em Reumatologia paraClínicos Gerais

Departamento de Clínica Geral

Congresso de Saúde Ocupacional –Out. 02

Serviço de Pediatria

Reunião Internacional de Gastroente-rologia PediátricaReunião Internacional de Pediatria8

Curso de Imunoalergologia PediátricaCongresso da Sociedade internacionalde Hematologia e Oncologia Pediá-trica (participação activa)Reuniões semanais do Departamentode Pediatria

Serviço de Medicina 2

Reuniões Semanais dos InternosGerais, Internos Complementares,Especialistas e Chefes de Serviço deMedicina AMestrado em Hipertensão Arterial

Informações: Instituto de AnatomiaTel.:225 096 818

ENGENHARIA

Curso de Especialização em Segu-rança no Trabalho da Construção –Gestão e Coordenação – 18 Jan. a 13Abr. 02

PRODEP IIIBibliotecas Escolares: novas compe-tências para novas aprendizagensFev. a Abr. 02 (1ª Parte) e Mai. a Jul.02 (2ª Parte)

Informações: Serviço de EducaçãoContínua e DesenvolvimentoTel.: 225 081 412. Fax: 225 574117. E-mail: [email protected]

FARMÁCIA

Animais de Companhia-Cuidados eConselhos – Abr. 02 (Porto)CPFC-Doenças Cardiovasculares e suaTerapêutica – Mai. 02 (Porto)Medicina Viajante – Mai. 02 (Porto)Ansiedade e Depressão – Jun. 02(Porto); Doenças Neoplásicas – Out.02 (Porto)Plantas com Acção no Sistema Respi-ratório – Out. 02 (Porto)BFC-Fundamentos de Imunologia –Nov. 02 (Porto)Osteoporose – Nov. 02 (Vila Real)Zoonoses e Residuos de Medicamen-tos nos Alimentos - Nov. 02 (Porto)

Preparados para Lactentes – Nov. 02(Porto)O Conselho Farmacêutico para PeleSensivel – Dez. 02 (Porto)Informações: Prof. Doutor DomingosFerreira Tel.: 222 078 949. Fax: 222003 977. E-mail: [email protected]

ECONOMIA

Pós-graduaçõesGestão Autárquica (2º trimestre - 18Jan. 02/3º trimestre – 5 Abr. 02)Gestão Internacional (2º módulo – 4Jan. 02/3º módulo – 15 Fev. 02/4ºmódulo – 23 Mar. 02)

Outros CursosMBA em Finanças (2º trimestre – 14Jan. 02/ 3º trimestre – 22 Abr. 01)Informações: Noémia Ferreira - ISFEPTel.: 225 571 100. Fax: 225 505 050

LETRAS

PRODEP IIIVisitas de Estudo (CCPFC 23945)Windows e Aplicacionais (CCPFC23944)Britain Today: language and culture(CCPFC 23942)Bibliotecas Escolares: como organizare gerir? Um desafio para o Séc. XXI(CCPFC 23950)Multimédia no Ensino (CCPFC23949)Informatização de Bibliotecas Escola-res (CCPFC 23947)Internet (CCPFC 23948)Educação Patrimonial no Meio Escolar(CCPFC 23946)Sexualidade Humana: a dança dos(des)afectos (CCPFC 23043)Área de Projecto (Teoria e prática)Oficina de Recursos Multimedia noEnsino da HistóriaInformações: Centro Leonardo Coim-bra. Tel.: 226 077 165E-mail:[email protected]

Curso de Especialização Pós-Licencia-tura

Informações: Dr.ª Isabel Barbosa –Gabinete de Projectos e Relações como Exterior. Tel.: 226 077 152

Pós-graduações: Curso de Especializa-ção em Ciências Documentais – Até 03

Museologia – Até 02Ciência, Cultura e ComunicaçãoUtopia e Identidade NacionalO texto e o ContextoPós-graduação em Jornalismo PolíticoComunicação Audio-Visual. O Docu-mentário: o desafio do realInformações: Secção de Pós-Gradua-ção da FLUP. Tel.: 226 077 157Fax.: 226 091 610. [email protected]

Outros Cursos

Cursos Livres de Língua – Até Jun.02)Árabe I e IIDinamarquês I e IIFinlandês IGrego Moderno IHúngaro I e IIJaponês INeerlandês I, II e IIIPolaco I e IIRomeno ISueco I e IITetum IInformações: Gabinete de Informa-ção, Protocolo e Extensão Cultural –GIPEC. Tel.: 226 077 124E-mail: [email protected]

Outros Cursos de Línguas

Diploma Universitário de Formaçãode Professores de Português, línguaestrangeira – Até Jun. 02Curso de Verão de Língua e CulturaPortuguesas para Estrangeiros - Jul.02Informações: Departamento de Estu-dos Portugueses e Românicos(DEPER). Tel.: 226 077 167E-mail: [email protected] Curso Intensivo de Português, LínguaEstrangeiraInformações: Albino Oliveira. Serviçode Relações Internacionais - Reitoriada UP. E-mail: [email protected]

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉ-DICAS ABEL SALAZAR

Pós-graduações: Enfermagem deAnestesiologia;GABBA – Programa Graduado emBiologia Básica e Aplicada9;Medicina Legal

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MestradosCiências de EnfermagemCiências do Mar – Recursos MarinhosSaúde Pública10

Medicina da CatástrofeMedicina LegalOncologiaInformações: Secção de AlunosTelef.: 222 062 211

CIÊNCIAS DO DESPORTO E DA EDU-CAÇÃO FÍSICA

PRODEP III

Novas Metodologias do Ensino doAndebol na Escola – 2 Mai. a 4 Jun.02 (Gabinete de Andebol)A Natação na Escola. Da Pré-Primáriaao Ensino Secundário – 7 Mai. a 25Mai. 02 (Gabinete de Natação)Desenvolvimento Curricular em Edu-cação Física – 7 Mai. a 22 Jun. 02Ensino/Aprendizagem do Hóquei naEscola – 4 a 22 Jun. 02 (Prof. DoutorManuel Botelho)Renovação das Práticas de Ensino dosJogos Desportivos Colectivos – 18Jun. a 27 Jul. 02 (C.E.J.D.)A Educação Física para a Saúde – 8Jun. a 17 Jul. 02 (Prof. Doutor JorgeMota)A Ginástica no Ensino Secundário –10 Set. a 19 Out. 02 (Gabinete deGinástica)Educação Física Coeducação e Cida-dania – 1 a 26 Out. 02 (Gabinete dePedagogia)A Psicologia, a Educação Física e oDesporto Escolar – 5 a 30 Nov. 02(Prof. Doutor Manuel Fonseca)Observação e Análise da Instrução emEducação Física – 5 a 23 Nov. 02(Gabinete de Pedagogia)A Ginástica nos 2º e 3º Ciclos doEnsino Básico – 5 Nov. a 14 Dez. 02(Gabinete de Ginástica)

Formação Especializada

Mestrado em Ciência do Desporto –Gestão Desportiva – Até 5 Jul. 02(Gabinete de Gestão Desportiva)Mestrado em Ciência do Desporto –Recreação e Lazer – Até 21 Jun. 02(Gabinete de Recreação e Lazer)Mestrado em Ciência do Desporto –Actividade Física Adaptada – Até 19Jul. 02 (Gab. Activid. Física Adaptada)

Outras Acções

Seminário a realizar pelo ProfessorKen Fox (Universidade de Bristol –Inglaterra) ao abrigo do programa demobilidade de docentes SócratesSeminário a realizar pelo ProfessorKonstantinos Grankellis (Universidadeda Estremadura – Espanha)Apresentação pública das melhoresteses de Mestrado em Ciência do Des-porto na Especialidade de ActividadeFísica Adaptada (1999/2001)Preparação de uma Publicação dasmelhores teses de Mestrado em Ciên-cia do Desporto na Especialidade deActividade Física AdaptadaSeminário Internacional de Andebolnas Universidades - Jun. a Jul. 02 Mestrado em Ciência do Desporto -Desporto para Crianças e Jovens – AtéJun. 02Mestrado em Ciência do Desporto -Treino de Alto Rendimento Desportivo– Até Jul. 02 Mestrado em Ciência do Desporto -Actividade Física para a 3ª Idade –Até Jun. 02 Informações: Tel.:225 074 700. Fax: 225 500 689

Curso de Especialização Pós-Licencia-tura

Supervisão Pedagógica e Formação deFormadores – Mar. a Dez. 02 (Gabi-nete de Pedagogia)Informações: Prof. Doutor RuiProença de Carvalho. Tel.:225 074 733

CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALI-MENTAÇÃO

Food Safety 200211 – 24 e 26 Mai. Food Habits: an integrated approach Food Policy Informações: Prof. Doutor JoséRicardo Cabral, Dr.ª Sara Rodrigues eDr. Pedro Graça, respectivamenteTel.: 225 074 320

PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDU-CAÇÃO

Bibliotecas Escolares: formação de pro-fessores bibliotecários – Mar./Jul. 02Bibliotecas Escolares: formação de

professores bibliotecários – Set./Dez.02Reorganização Curricular no ensinoBásico – Mai. 02/Jul. 02Em Busca de um Encontro Intercultu-ral – Mar./Jul. 02Escritas Interditas – Mar./Jun. 02Prevenção do Consumo de Droga nosJovens – Abr./Mai. 02Consulta Psicológica Conjugal eSexual – Jan./Jul. 02

Especialização Pós-Licenciatura

Supervisão Pedagógica e Formação deFormadores – Mar. a Dez. 02

Formação Especializada de Professores

Animação Sociocultural – Até Jul. 02Educação Especial/Surdez – Até Jul.02Educação e Currículo – Até Jul. 02Desenvolvimento Local e MudançaSocial - Set. 01Educação e Diversidade Cultural – AtéMar. 02 (FPCEUP – Porto)Educação e Diversidade Cultural – AtéMar. 02 (ESSE/Leiria)Informações: Gabinete para a Educa-ção Contínua. Tel.: 226079700.E-mail: [email protected]

MEDICINA DENTÁRIA

Pós-graduaçõesReabilitação Oral Saúde Oral ComunitáriaInformações: M.ª Odete RibeiroTel.: 225 501 522. Fax: 225 507 375

DIREITO

Criminologia – Mar. a Jun. 02Direito de Menores e DelinquênciaJuvenilVitimologia e Mediação12

Criminalidade Economica Informações: Drª Manuela Santos.Susana Silva. Tel.:222 041 674

ESCOLA DE GESTÃO DO PORTO

Formação de Longa Duração – Set. 02MBA - Mestrado em Gestão de Empre-sas

MQG - Mestrado em Métodos Quanti-tativos em GestãoMLog - MBA/Mestrado em LogísticaInformações: Isabel PinhoTelef.: 226 153 271 - Fax: 226 100861. E-mail: [email protected]

Formação de Longa Duração para Exe-cutivos – Set. 02- MBA Executivo em Marketing- MBA Executivo em GestãoInformações: Albertina TorresTelef.: 226 153 273. Fax: 226 100861. E-mail: [email protected]

Formação de Curta e Média Duraçãopara Executivos Curso de Valor Acrescentado para oAccionista – Mar. 02Curso de Gestão da Cadeia Logística –Mar. a Abr. 02Curso Geral de Gestão – Mar. e Out. 02Curso de Marketing Estratégico – Abr.a Mai. 02Curso de E-Business – Mai. e Nov. 02Informações: Antonieta SilvaTelef.: 226 153 272 - Fax: 226 100861. E-mail: [email protected]

REITORIA DA UNIVERSIDADE DOPORTO

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