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DOCUMENTO 25

CADEIA PRODUTIVADO FEIJÃO

DIAGNÓSTICO E DEMANDAS ATUAIS

Marco Antônio Lollato1

Odílio Sepulcri²Margorete Demarchi³

IAPAR INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁLONDRINA-PR

1 Eng. Agr., M. Sc, Pesquisador da Área de Propagação de Plantas. IAPAR-PR2 Eng. Agr. ,Extensionista da EMATER-PR3 Eng. Agr. DERAL-PR

Secretaria da Agriculturae do Abastecimento

IAPAR INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ

GOVERNO DO PARANÁ

VINCULADO A SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DOABASTECIMENTORodovia Celso Garcia Cid, Km 375 - Fone: (43) 376-2000 - Fax: (43)376-2101 - Cx. Postal 481 - 86001-970 - LONDRINA - PARANÁ - BRASIL

VISITE O SITE DO IAPAR : http:www.pr.gov.br/iapar

DIRETORIA EXECUTIVADiretor- Presidente: Florindo Dalberto

PRODUÇÃOArte-final e capa: Alexander ThomazCoordenação gráfica: Nelson S. Fonseca J r .Impressão e Fotolitos: Gráfica e Editora do Norte Ltda

Todos os direitos reservados ao Insti tuto Agronômico do Paraná .É permit ida a reprodução parcial ,desde que ci tada a fonte.É proibida a reprodução total des ta obra.

II

L837 Lollato, Marco AntônioCadeia produtiva do feijão : diagnóstico e demandas atuais / Marco

Antônio Lollato, Odílio Sepulcri e Margorete Demarchi. Londrina :IAPAR, 2001.

48p. (IAPAR. Documento, 25).

l.Feijão-Cadeia Produtiva. 2.Cadeia Produtiva-Feijão. I.Sepulcri,Odílio. II.Demarchi, Margorete. III.Instituto Agronômico do Paraná,Londrina, PR. IV.Título. V. Série.

CDD 338.17652AGRIS E21

1410

APRESENTAÇÃO

Os desafios que hoje se apresentam às organizações, sejam elaspúblicas ou privadas, impõem a elas a necessidade de desenvolveremmecanismos dinâmicos de leitura do ambiente onde atuam. Essa estratégiapermite a elas compreender a complexidade das mudanças que estãoocorrendo em todos os setores (político, econômico, tecnológico etc.) e oimpacto que elas geram na organização. Nas cadeias produtivas asorganizações não estão imunes à necessidade de ler a mudançasambientais. Por essa razão, o Paraná, através da Secretaria da Agriculturae do Abastecimento, empreendeu o Estudo das Cadeias Produtivas doAgronegócio Paranaense, entre 1995 e 1998, sob coordenação do InstitutoAgronômico do Paraná - IAPAR.

O Projeto abrange o estudo das cadeias produtivas dos principaisprodutos agropecuários do Paraná, entre eles a 3cricicultura, com oobjetivo principal de gerar urna base de Informações para reverenciar aspolíticas públicas e o planejamento das Organizações públicas e privadasque atuam no Agronegócio paranaense, -m particular as do SistemaEstadual de Agricultura - SEAGRI da Decretaria de Estado da Agricultura edo Abastecimento - SEAB.

O atendimento as exigências do mercado, em. suma dosConsumidores, impõe padrões de qualidade aos produtos e eficiênciainterna e externa dos agentes das cadeias. Internamente pelo uso detecnologias de produção, de gestão é de informação. Externamente, através'de uma equilibrada coordenação da cadeia como um todo, tendo em vistaque crescentemente a competitividade do feijão está sendo definida porfatores e setores externos à produção agrícola e ao próprio sistema. Esteestudo procura caracterizar os pontos críticos e as necessidades deintervenção para minimizar esses atores. Também identificou necessidadesespecíficas de cada agente [a cadeia, apesar de haver maior concentraçãonos aspectos relacionados aos sistemas de produção agropecuárias.

O Estudo envolveu profissionais* de diferentes formações einstituições do Paraná. Em especial participaram técnicos da EmpresaParanaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER-PR ePesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR. A metodologiaadotada incorpora os conceitos de prospecção, segmentação e enfoquesistêmico. Como estratégia o estudo adotou a consulta aos agentesprodutivos para identificar os gargalos e oportunidades da cadeia.

No estudo da cadeia produtiva do feijão, foram identificadasdemandas de três níveis: a) tecnológicas cuja solução já foi desenvolvida emalgum centro de pesquisa, mas que ainda não chegou ao usuário; b)tecnológicas cuja solução ainda não foi desenvolvida pela pesquisa e c) não

III

tecnológicas (leis, normas, tributos, crédito, infra-estrutura etc). Nestetexto, os autores sintetizam as informações analisadas no estudo eregistram a necessidade de ações articuladas, que foram identificadas juntoaos autores consultados.

Dadas as características da cadeia do feijão, historicamente, acoordenação esteve mais vinculada aos mecanismos de mercado emdetrimento dos demais. Todavia, com as novas tecnologias, o acessofacilitado às informações e as mudanças no perfil do mercado, o estudoevidencia a necessidade de se 'construir' instrumentos inovadores decoordenação dos interesses da cadeia no Paraná. Espera-se aprimorar osatuais mecanismos de formulação e implantação de políticas para o feijãono Paraná, para o que o papel do governo é importante.

Eng. Agr. M Sc. ADELAR ANTONIO MOTTEREstudo de Cadeias Produtivas do Agronegócio Paranaense

Coordenador

IV

RESUMO

Para conhecimento das possibilidades e impedimentos da exploração

econômica da cultura do feijão, foram estudados todos os segmentos da

cadeia produtiva. Após levantamento das informações existentes e análise

do comportamento dos números da produção, venda e consumo procedeu-

se um levantamento, nas zonas de produção, dos fatores relevantes e dos

impedimentos de cada etapa da cadeia. Os técnicos das empresas públicas

e privadas e agricultores foram ouvidos e os resultados experimentais de

pesquisa, o histórico da produção e a atual condição tecnológica dos

produtores de feijão foram considerados. Resultou do estudo que há fatores

muito favoráveis para o sucesso da exploração: clima e solo, variedades,

disponibilidade de mão-de-obra qualidade e distribuição de fertilizantes,

agroquímicos, máquinas e equipamentos, além da aceitação da cultura

pelos produtores, possibilidade de rotação de culturas e facilidade de

comercialização do produto. Entre os impedimentos destacaram-se a falta

de sementes de qualidade, alto preço de insumos, fertilizantes, máquinas e

equipamentos, falta de adaptação das variedades à mecanização,

necessidade de um programa forte de distribuição de calcário, alto nível de

intermediação na comercialização com conseqüente baixo preço pago ao

agricultor e alto nível de sonegação de impostos na comercialização.

Concluiu-se pela necessidade de intervenção do Estado nas questões docalcário, sementes, comércio e sonegação e negociação com a iniciativa

privada nos demais fatores.

V

AGRADECIMENTO

Agradece-se ao técnico Flávio Oliveira dos Santos da

área de Sócio-Economia do IAPAR, pela coleta dos dados mais

atuais. Aos estagiários da área de Melhoramento Genético

(AMG), do mesmo instituto de pesquisa, acadêmicos Edgar

Inácio Luduvico e João Luiz Gaião, pela composição das

tabelas e a Nelson da Silva Fonseca Júnior, pesquisador da

AMG, pela formatação inicial do texto.

Um agradecimento especial, ao FUNDO PARANÁ, que

mediante a FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA, viabilizou os recursos

desta publicação.

vi

SUMARIO

1. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

1.1. Panorama Mundial 01

1.2. MERCOSUL 04

1.3. Panorama Nacional 05

1.4. Panorama Estadual 18

2. CARACTERIZAÇÃO DOS PRODUTORES........................................................23

3. ASPECTOS GERAIS DA PESQUISA EEXTENSÃO RURAL 34

3.1. Informações já disponíveis 35

3.2. Informações em desenvolvimento 35

3.3. Informações a serem desenvolvidas 36

4. FLUXOGRAMA DA CADEIA PRODUTIVA 37

4.1. COMPONENTES RELEVANTES DA CADEIA 38

5. FATORES FAVORÁVEIS DA CADEIA ..........................39

5 .1- Variedades .........................................39

5.2 - Mão-de-obra 39

5.3 - Calcário 40

5.4- Fertilizantes 40

5.5- Agroquímicos 40

5.6 - Máquinas e Equipamentos 40

5.7- Condições edafo-climáticas 415.8 - Condições para produção do feijão 41

VII

6. PONTOS DE IMPEDIMENTO PARA MELHORIA DOSISTEMA 41

6.1 - Variedades 426.2 - Mão-de-obra 426.3 - Calcário 436.4 - Fertilizantes 436.5 - Agroquímicos 436.6 - Máquinas e equipamentos.... 436.7 - Condições Edafo-climáticas 436.8 - Dos fatores gerais da produção 44

7. AÇÕES PREVISTAS PARA MELHORIA DO SISTEMA ERESULTADOS ESPERADOS 45

7.1 - Ações previstas 457.2 - Resultados esperados 45

8. TENDÊNCIAS 46

8.1 - ÁREA PLANTADA NO PARANÁ 468.2 - USO DE TECNOLOGIA 478.3 - PRODUÇÃO 478.4 - CONSUMO 47

VIII

1. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

A cultura do feijão ocupa lugar de destaque na agricultura brasileira

tanto em área plantada como em volume de produção, além de ser

importante na ocupação de mão de obra. Desde a colonização, é cultivado

em todas as regiões do pais e se constitui num componente de peso na

dieta básica do povo brasileiro.

Nos últimos três décadas o consumo por habitante foi reduzido pela

metade em decorrência de alterações nos hábitos alimentares, queda de

renda da população, baixo poder aquisitivo e redução proporcional de oferta

do produto.

No período 1970 a 1990 o consumo percapita de feijão diminuiu,

principalmente pela menor disponibilidade (12,5 kg de 1973 a 1977 para

10,5 kg/habitante de 1986 a 1990); maior urbanização e elasticidade

negativa da demanda de feijão nas classes sociais com renda mensal acima

de 3 salários mínimos. (HOFFMANN, R.: CBESR, 32, Anais. 1994. V.2, pp.

1040-54).

No estado do Paraná, é cultivado em todas as regiões e é a quarta

cultura em área plantada. Produzindo principalmente em pequenas e

médias propriedade, é responsável por parcela significativa da renda desse

segmento.

1.1. Panorama Mundial

Segundo a organização das Nações Unidas para alimentação e

Agricultura (FAO), a produção mundial de feijão oscilou entre 16,1 e 17,8

milhões de toneladas nos últimos cinco anos (Tabela 1). Mesmo com

um decréscimo na área cultivada, a produção mundial e o rendimento

cresceram. Isso evidencia que a cultura do feijão esta ficando mais

especializada e deixando também de ser produzido principalmente por

pequenos produtores.

Cerca de 64% da produção mundial de feijão é oriunda de apenas cinco

países. A Índia desponta como o maior produtor, seguida pelo Brasil,

China, EUA e México.

A produção mundial de feijão, quando comparada com a produção de

milho, trigo e arroz, torna-se quase insignificante (Tabela 2).

Apesar disso, enquanto a produção mundial de grãos estagnou de 1992

a 1994, a produção de feijão teve um crescimento médio de 6,07% ao ano.

1

A própria configuração da produção mundial retrata, com exceção dosEUA, que o feijão é cultura típica de países do Terceiro Mundo.

O pequeno volume de produção e a característica de ser um produtoconsumido no Terceiro Mundo, levam os países a produzirem somente parao seu consumo interno, acarretando, portanto, em um comérciointernacional muito reduzido e instável, onde não há um fluxo regular decomercialização e, por conseqüência, não há sistemática da formação depreços internacionais.

Além dos grandes produtores serem os maiores consumidores, sendopequeno e esporádico o excedente exportável, os hábitos alimentares sãobastante diversificados entre os países, e mesmo entre as regiões de ummesmo país quanto a preferência por variedades e tipos comerciais.

2

3

1.2. MERCOSUL

Nos últimos cinco anos a produção média de feijão nos quatro países que

compõem o MERCOSUL superou 3,0 milhões de toneladas/ano. O Brasil se

destaca como maior produtor e o maior consumidor, com uma participação

de 92% na produção. No caso do feijão preto o Brasil tem aumentado as

importações. (Tabela 3).

4

A Argentina está situada em segundo lugar, e vem apresentando, desde

1990, um significativo crescimento anual, tendo sua produção (feijão preto

e branco) duplicado nos últimos anos e, quase a totalidade dessa produção

é destinada para exportação, tendo Brasil como principal comprador.

Enquanto a área cultivada diminuiu no Brasil e Paraguai, a Argentina

apresentou um crescimento médio de 3,15% a.a. Também foi o país do

Mercosul que teve maior crescimento na produção e no rendimento no

período de 1.995 a 2000. (Tabela 4).

A Argentina tem aumentado a cada ano a produção de variedades do

grupo "carioca" com finalidade exclusiva de exportação para o Brasil. Vários

equipes de técnicos argentinos em visita ao Brasil, estudando a produção e

o mercado de feijão, tem revelado o interesse daquele país em ampliar a

produção e exportação de feijão. As terras férteis e de relevo suave, com

clima adequado, tem permitido altas produtividades, das variedades

brasileiras inclusive, o que reduz o custo de produção e coloca a Argentina

como um potencial competidor pelo mercado brasileiro de feijão.

1.3. Panorama Nacional

O feijão, um dos principais componentes da cesta básica, é uma cultura

bastante difundida em todo o território nacional.

Do ponto de vista nutricional, quando combinado com o arroz, essa

leguminosa domesticada pelo homem pré-colombiano há milhares de anos,

produz uma dieta equilibrada de proteínas, sais minerais e substâncias

energéticas. Sem o feijão, os índices de subnutrição das camadas de baixa

renda seriam muito maiores.

O consumo per capita, que na década de 70 girava em torno de 27

kg/hab/ano, caiu para 15 kg/hab/ano nos anos 80 mostra gradativa

recuperação na década de 90 (17,3 kg/hab/ano).

Sabe-se que com a elevação da renda, a população tende a procurar

fontes mais nobres de proteína, como a carne de frango, cujo consumo no

Brasil na década de 70, era de 2,3 kg/hab/ano e atualmente situa-se acima

de 20 kg/hab/ano.

Embora o processo migratório da população rural para as cidades "tenha

modificado os hábitos de alimentação do brasileiro, a queda do consumo de

feijão se deu também pela perda do poder aquisitivo da população,

principalmente entre as classes de baixa renda onde existe enorme

contingente sem acesso ao feijão.

Nos últimos 10 anos, a área cultivada tem permanecido acima de 5

milhões de hectares, produzindo em média 2,6 milhões de toneladas.. A

produção dos principais estados produtores é apresentada na Tabela 5.

O plantio do feijão está distribuído ao longo do ano, em três safras

distintas. A primeira safra ou "das águas", que é plantada entre os meses

de agosto e dezembro, está concentrada nas regiões Sul, Sudeste e

Bahia/Sul.

A segunda safra ou "da seca" que é plantada entre janeiro e julho,

abrange todos os estados brasileiros, com concentração na região Nordeste,

que em anos normais, contribui com mais de 50% da produção dessa safra.

Destaca-se, ainda, que nessa Região está concentrada a produção de feijão

macaçar, também chamado de feijão-de-corda, de consumo eminentemente

regional (Tabela 6).

A terceira safra ou "de inverno" divide-se em safra de sequeiro e

irrigada, que é plantada de maio à julho ou agosto, dependendo da. região.

Essa safra está concentrada nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás

e Bahia (Tabela 6).

5

Nos últimos anos, a produção brasileira superou a casa de 3 milhões de

toneladas. Além das condições climáticas favoráveis, principalmente com

ocorrência de chuvas na região Nordeste, observa-se uma melhoria na

produtividade com a introdução de novas variedades (mais produtivas e

resistentes a doenças), maior emprego de tecnologia, principalmente nas

regiões Sul e Sudeste.

A demanda brasileira tem oscilado, nos últimos anos, entre 2,8 e 3,3

milhões de toneladas. Essas oscilações decorrem tanto das variações da

6

As duas primeiras safras somadas representam, aproximadamente, 90%

da produção nacional, influindo diretamente no comportamento dos preços

do feijão, pois a performance depende das condições climáticas. Já a

cultura irrigada, de alta produtividade, a cada ano vem ocupando mais

espaço entre os produtores mais tecnificados, onde as lavouras podem

atingir produtividade média de 3.500 kg/ha, uma disparidade quando

comparada à produtividade média brasileira em torno de 500 kg/ha. Não

obstante, a 2ª safra apresentou crescimento médio de, produção e

rendimento e na 3ª safra a área diminuiu (Tabela 6)

A distribuição das safras ao longo do ano se dá, aproximadamente,

conforme o cronograma:

oferta interna (queda na produção desencadeia elevação dos preços, com a

conseqüente diminuição da demanda), como da própria queda do poder

aquisitivo, e elasticidade de renda nas classes sociais com renda mensal

acima de 3 salários mínimos.

Um outro fator a ser considerado é a mudança do hábito alimentar que

está se verificando nas grandes cidades. A falta de tempo para as refeições

mais rápidas, em detrimento do feijão.

Como pode ser observado nas Tabela 7 e 8, do total de demanda

brasileira nos últimos dez anos (2,8 milhões de toneladas/ano), cerca de

2,3 milhões de toneladas corresponde ao feijão-de-cor e 500 mil toneladas

de feijão preto. Verifica-se ainda nessa tabela importações crescentes de

feijão, principalmente para o feijão preto, que teve uma diminuição média

do estoque inicial da produção nacional, no período 1982 a 2000.

A produção interna de feijão preto ainda é insuficiente para atender a

demanda concentrada nos estados do Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande

do Sul. A complementação da oferta ocorre por intermédio das importações,

principalmente da Argentina, nosso principal fornecedor (Tabela 9 e 10).

7

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10

Quanto a produção de feijão-de-cor, o Brasil é auto-suficiente, ocorrendo

ocasionalmente, a importação quando há frustração de safra ou quando os

preços ofertados no mercado internacional são muito atraentes, como é o

caso de 1995, quando foram importadas cerca de 76 mil toneladas do

México, a um preço abaixo de U$$ 180/t (FOB).

Tradicionalmente, os preços do feijão carioca, principal grupo comercial

consumido, eram superiores aos preços do feijão preto, proporcionados pela

superioridade no consumo (Tabelas 11 e 12).

Essa significativa diferença de consumo entre as duas classes não tem

interferido nas cotações dos últimos anos.

11

No período de maio a setembro, tanto o feijão de cor como o feijão pretoapresentaram taxas médias de crescimento negativa para os preçospraticados no mercado atacadista. Acredita-se que isso se deve aregularização do mercado no período de entressafra, pois o feijão aospoucos vai deixando de ser explorado em épocas bem específicas para serproduzido o ano todo. (Tabelas 11 e 12).

12

O mercado do feijão preto tem se mostrado mais firme, devido a um

balanço da oferta e demanda mais ajustado.

Nos últimos anos, a produção média tem ficado em 450 mil toneladas,

contra um consumo médio anual de 500 mil toneladas. Apesar das

importações terem sido freqüentes (em média 54 mil toneladas/ano), os

13

níveis das cotações deste feijão importado têm contribuído para alavancaros preços internos (Tabelas 13 e 14).

Isto se justifica pela boa qualidade do produto oriundo principalmenteda Argentina, cujos preços têm atingido em média U$$ 550 tonelada (valorFOB), nos últimos anos. e importações vêm crescendo para o feijão preto.

14

15

Historicamente a participação de preço recebido pelo produtor no preçodo quilo de feijão no varejo era de 60%. Nos últimos dois anos estaparticipação caiu, chegando nos primeiros 2 meses de 1996 a 49%,

16

Desde a alta verificada nos preços de feijão em março de 1994, o preço anivel de varejo vem sendo comercializado em média a U$$ 1,00/kg nosúltimos anos (Tabela 15).

resultando em uma queda de 18%. De 1987 a 1996, apesar do preço

recebido pelo produtor ter elevado 0,89% a.a. e 2,22% a.a. para o feijão

preto e de cor, respectivamente. Sua participação no preço de varejo caiu

1,43% a.a. para o feijão de cor e 2,95 a.a. para o feijão preto (Tabela 15).

Isto significa que no atacado e varejo a margem aumentou. Observa-se

que estes dois segmentos estão absorvendo maior parte de lucro, deixando

o setor produtivo com fatia menor.

Ressalta-se que o feijão é um produto que agrega pouco valor ao longo de

sua cadeia produtiva, e é justo que o produtor que assume todos os custos

e riscos de produção, continue a receber de forma justa pelo seu produto.

Para a venda no atacado, o preço recebido pelo produtor paranaense em

relação ao da Bolsinha em S. Paulo tem ficado entre 65 e 79% (Tabela 16).

Esses valores precisam ser melhorados.

17

1.4. Panorama Estadual

Respondendo em média por 15% da produção nacional de feijão, nos

últimos anos, o Paraná se destaca historicamente como 1o produtor

brasileiro. A participação da produção paranaense na brasileira cresceu, em

média 2,9% ao ano, no período 1986 a 1995.

A produção paranaense tem se situado em 380 mil toneladas (tabelas

17, 18 e 19), a qual é produzida em 3 safras anuais. Na 1a safra ou "das

águas", a área média colhida tem ficado próxima de 500 mil hectares. O

plantio concentra-se na Região Centro-Sul do Paraná (Curitiba, Francisco

Beltrão, Guarapuava, Irati, Ivaiporã, Ponta Grossa e União da Vitória).

Os períodos recomendados para o plantio foram definidos com base nos

dados climáticos disponíveis, mapas de relevo, observações feitas através de

experimentos macrorregionais e informações registradas durante 23 anos

consecutivos de acompanhamento de lavouras de feijão em todos os

estádios de desenvolvimento (Circular 99 - Fev/98) IAPAR.

18

19

20

Segundo o IAPAR, a época indicada para a semeadura do feijão é o

período em que a probabilidade de se obter boa produtividade é maior. O

risco de insucesso com a cultura devido a adversidades climáticas aumenta

gradativamente à medida que as datas de semeadura se distanciam do

período recomendado.

Para a 1a safra, o Paraná é dividido em 21 regiões distintas com maior

concentração de plantio entre meados de agosto a meados de outubro

(Tabela 20).

Cerca de 86% da produção paranaense é oriunda da 1a safra.

Historicamente, a participação das classes nesta safra tem sido 50% de

feijão preto e 50% de feijão-de-cor.

Destaca-se que cerca de 90% da oferta estadual de feijão preto é

produzida nessa safra.

21

No que se refere à representatividade dos produtores mais tecnificados

nessa 1a safra, estimativas indicam que embora esses produtores estão

localizados nos chamados "Bolsões de Tecnologia" em várias regiões do

Paraná, eles são responsáveis por aproximadamente 35% da produção. A

maioria dos produtores se encontram distribuídos em níveis abaixo de 1100

kg/ha, com destaque para a faixa de 800 a 1100 kg/ha, donde é oriunda

cerca de 45% da produção.

Com relação a 2a safra, conhecida como safra da seca, a participação na

produção total do Paraná tem ficado próximo a 12%. Essa safra se

caracteriza pela maior utilização de tecnologia, com os produtores

cultivando o feijão nos moldes da chamada agricultura empresarial.

Cerca de 75% da produção dessa safra está concentrada nas Regiões de

Ponta Grossa e Jacarezinho, onde predomina o plantio de lavouras

altamente tecnificadas - plantio direto, utilização de sementes melhoradas,

uso de agrotóxicos e colheita semi-mecanizada, cujas produtividades giram

em torno de 2000 a 2500 kg/ha. Nessa região predomina o feijão-de-cor.

Para a 2a safra, O Paraná é dividido em 13 regiões, com concentração de

semeadura entre meados de dezembro e meados de janeiro (Tabela 21).

22

Desde 1985 se considera o plantio da 3a safra no Paraná, nos meses defevereiro a junho e está concentrado nas Regiões Norte e Nordeste doEstado (Vale do Rio Paranapanema) e é conduzido em sucessão às culturasde verão, notadamente algodão, soja e milho (Tabela 22).

Esse plantio se constituí em uma atividade de maior risco, em virtude dapossibilidade de ocorrência de seca ou de baixa temperatura durante odesenvolvimento da cultura que, aliados ao baixo nível tecnológicoutilizado, tem resultado em baixas produtividades.

A antecipação do cultivo, para evitar o período de baixas temperaturas apartir de maio, expõe a cultura em suas fases iniciais, ao risco de infecçãopelo vírus do mosaico dourado do feijoeiro, que pode ocorrer até o final deabril. Porém, a colheita se dá num período que normalmente consegue-sebons preços. Para esse sistema, o IAPAR lançou três variedades comelevados níveis de tolerância ao vírus. (IAPAR 57, IAPAR 65 e IAPAR 72).

2. CARACTERIZAÇÃO DOS PRODUTORES

As categorias de Produtores de Subsistência, Produtores Simples deMercadoria e Empresário Familiar concentram-se 90.5% dos produtoresrurais do Estado.

De um total de 97.625 Produtores de Subsistência, em torno de 82%trabalham em propriedades de até nove hectares. A sua vez, dos 207.259Produtores Simples de Mercadoria, em torno de 75% estão em áreas de atéquinze hectares.

A tabela 23 configura a distribuição dos produtores rurais por categoriae mesorregião.

23

A cultura do feijão tem sua importância disseminada pelas mesorregiões

2, 4 e 1 em maior grau, a nas mesorregiões 5, 4 e 7 em menor grau.

(FUENTES L., R. et alli. Regionalização da Agropecuária Paranaense. In:

Anais do XXXI Congresso Brasileiro da Economia e Sociologia Rural,

Brasília-DF, sober, 1993, p. 152-160).

A evolução dos índices de concentração indica uma redução da

participação do feijão nas mesorregiões 6 e 8 e em menor grau, até na

mesorregião 7. Nas duas primeiras a maior parte do feijão era cultivada nas

entrelinhas do café. Com a diminuição da área do café, o feijão diminui a

sua presença na mesorregião 6 aonde aumentou a soja e na mesorregião 8

aonde cresceu a área de pastagem. Na mesorregião 7 a queda do índice de

concentração deve-se ao crescimento da soja.

O "feijão é cultivado predominantemente por produtores da categoria

PSM. Entretanto, nos últimos anos tem crescido o número de produtores de

categoria EF cultivando feijão no sistema motomecanizado como mais uma

alternativa de renda e para rotação com o milho.

Os padrões tecnológicos das categorias de produtores são apresentados

no Quadro 1.

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30

A análise do quadro mostra margens líquidas aceitáveis para os sistemas

plantio direto (R$ 237,00/38,7%) motomecanizado (R$ 102,00/17,1%)

motomecanizado/tração animal (R$ 85,00/23,3%) enquanto que no sistema

31

tração animal/manual (-R$ 44,00/-12,8%) a margem líquida é negativa enem os custos variáveis são cobertos. As principais limitações queobstacularizam um melhor desempenho da atividade são listadas a seguir:

a) Sistema tração animal + manual- baixa rentabilidade;- baixa produtividade causada por:- ausência da correção de solo;- semente contaminada, e misturada;- deficiências nutricionais;- ausência de controle de doenças e pragas;- controle deficiente de plantas daninhas;- população de plantas comprometidas devido semente contaminada;- perdas durante a colheita e trilha depreciando o produtor;- comercialização normalmente com intermediários.

b) Sistema moto + tração animal- produtividade - abaixo do potencial das áreas trabalhadas;- deficiências nutricionais;- ausência da correção do solo;- deficiência no controle de pragas e doenças;- custo: participação significativa do aluguel de máquinas;- comercialização com intermediários;

c) Sistema motomecanizado- produtividade abaixo do potencial das áreas utilizadas;- intensa movimentação de solo, facilitado e escorrimento superficial;- redução da eficiência dos insumos devido a tecnologia de aplicação

inadequada;- custos: custo fixo elevado, parque máquinas grande e em obsolência;- comercialização: cooperativas e atacadistas.

d) Sistema plantio direto- alto investimento inicial;- alta participação dos insumos no custo de produção;- perda de eficiência dos insumos devido a tecnologia de aplicação

inadequada;- custo fixo elevado.

As propostas técnicas capazes de otimizar a atividade feijão nosdiferentes sistemas operacionais são as seguintes:

32

- introdução do sistema de plantio direto, tração animal;- introdução de rolo-faca;- ampliar a utilização e herbicidas;- semente melhorada, produção de forma grupai ou comunitária;- adequar e elevar a dose de Fertilizantes;- introdução do controle de pragas e doenças;

b) Sistema motomecanizado + tração animal- melhorar o preparo do solo, aração mais profunda, reduzir o número de

gradagens;

- elevar a dose de Fertilizantes, adequar a época de aplicação do aduboem cobertura;- correção do solo;- introdução de cultivares com maior potencial de produção;- adequar os produtos e doses de inseticidas e fungicidas;- aquisição e uso de máquinas (trator e implementos) em grupo.

c) Sistema motomecanizado- melhorar 4a eficiência operacional (reduzir o número de operações de

preparo, regulagem dos equipamentos, calibração de pulverizadores;- adequação dos insumos a situação da gleba (análise periódica do solo,

levantamento da flora, manejo de doenças e pragas);- adequação do horário de execução das operações (adubação em

cobertura, aplicação de inseticidas e herbicidas);- seleção de insumos;- redimensionamento do parque de máquinas (venda de excedente,

obsoletos, e tc ;- planejamento da lavoura e das operações;

d) Sistema de plantio direto- ampliar o uso da cobertura morta;- adequação dos insumos de forma a visualizar situação x potencial de

produção x insumo x dose;- adequar o horário de execução das operações;- revisão e redimensionamento do parque de máquinas;- planejamento da lavoura e das operações.

Dado o grande número de sistemas de produção no Estado baseado nacultura de feijão e o impacto das propostas técnicas nas margens líquidasdos diferentes sistemas, mostram que a atividade pode ser otimizada eservir como um passo intermediário na implantação de sistemas baseadosem produtos com maior densidade de renda.

33

3. ASPECTOS GERAIS DA PESQUISA E EXTENSÃO RURAL

O início da experimentação com a cultura do feijão no Paraná remonta

à época do antigo IPEAME. onde se obteve as primeiras informações que

abalizaram o uso de melhores variedades, épocas corretas de semeadura,

população de plantas, adubações adequadas, etc.

A partir da criação do IAPAR, várias outras linhas de pesquisa foram

implantadas como o controle de pragas e doenças, a criação de novas

cultivares, a produção de sementes genéticas e básicas entre outras. Assim,

grande parte das informações necessárias para obtenção de altos

rendimentos na cultura do feijão, no Paraná, já estão disponíveis aos

agentes da extensão rural e parte dos agricultores. A utilização correta

dessas técnicas em explorações comerciais tem permitido a obtenção de

produtividades superiores a 3.000 kg/ha.

A contribuição das universidades na geração de tecnologia para a

cultura do feijão, no Paraná, tem se limitado a poucos experimentos e

algumas dissertações. De maneira semelhante, a EMBRAPA mantém

ensaios de interesse geral em algumas regiões do estado e oferta

esporadicamente pequenos volumes de sementes básicas das variedades

por ela geradas. A empresa privada "FT-Pesquisa e Sementes" apresentou

nos últimos anos importante contribuição na geração de variedades para o

estado, chegando manter três delas na lista oficial de recomendação. A

COODETEC não tem se envolvido com a cultura do feijão. Algumas ONGs e

cooperativas tem mantido alguma experimentação com a cultura, em geral

para resolução de problemas micro-regionais ou para atender demandas

específicas de seus filiados.

Oportunamente, as reuniões técnicas regionais tem se beneficiado das

informações geradas por todos os componentes envolvidos na

experimentação, apresentando resultados abalizados, de aprovação

consensual e que tem levado a ganhos significativos de produtividade.

No tocante à divulgação dos resultados experimentais é possível

afirmar que existem regiões do estado onde o objetivo foi plenamente

atingido e outras, ainda muito ou totalmente carentes dessas informações.

De maneira geral, os municípios onde a assistência técnica privada

(cooperativas, empresas de planejamento, empresas de agroquímicos,

produtores de sementes) assumiu seu papel de difusor de tecnologia e se

dedicou a colaborar na organização de cursos, palestras, dias de campo e

demonstrações, os agricultores conseguiram elevar substancialmente os

níveis de produtividade. A assistência técnica oficial atuou de maneira

34

níveis de produtividade. A assistência técnica oficial atuou de maneirasemelhante num número limitado de municípios.

Entre as empresas geradoras de tecnologia, os maiores repasses deinformações tem sido oferecido pelo IAPAR. Algumas cooperativas (ABC,COOPERATIVA BOM JESUS DA LAPA, COAMO, COOPAVEL, etc), produtorde sementes (Peron Ferrari), empresas de agroquímicos (AVENTIS, BASF,BAYER, HOKKO, IHARABRAS, SYNGENTA, etc.) e empresas deplanejamento (AGRO-OLÍMPIA), também tem colaborado para adisseminação das informações, dando apoio à pesquisa oficial naorganização de cursos, dias de campo, etc.

No entanto, o volume de informação disponível frente a carência emsua utilização sugere que muito trabalho tem que ser feito para suadivulgação.

Em relação ao estágio de desenvolvimento tecnológico da cultura dofeijão, no estado, pode-se estabelecer três etapas do conhecimento: aquiloque já foi feito; o que está sendo e o que deverá ser feito. Seguem algunsexemplqs:

3.1. Informações já Disponíveis:

- Identificação de épocas de plantio- Determinação de população ideal de plantas- Controle de ervas daninhas- Controle de pragas e doenças- Identificação de regiões favoráveis para a produção de sementes- Cultivares tolerantes à doenças e adaptados às nossas condições- Produção de sementes genéticas e básicas- Práticas de adubação/calagem- Métodos de colheita

3.2. Informações em Desenvolvimento

-Criação de cultivares tolerantes as doenças e a fatores edafoclimáticosadversos, com boa arquitetura de planta e com produção estável

- Avaliação de novos cultivares- Controle de viroses/fontes de resistência- Controle de doenças fúngicas/fontes de resistência- Controle de bacteriose/fontes de resistência- Viabilização da cultura em solos ácidos e pobres em fósforo

35

- Caracterização tecnológica alimentar de novas variedades

- Produção de sementes genéticas e básicas

- Teste de eficiência de herbicidas

- Caracterização do feijoeiro em função de unidades térmicas

- Avaliação da qualidade das sementes de feijão produzidas no estado

- Manejo de irrigação.

3.3. Informações a Serem Desenvolvidas

- Sistemas de produção de feijão e rotação de cultura

- Plantio direto

- Manejo de pragas e doenças

- Produção de sementes genéticas e básicas

- Criação de variedades que atendem plenamente o gosto do consumidor e

com características agronômicas desejáveis.

- Testar e recomendar cultivares

- Armazenamento

- Processamento/industrialização

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37

4.1. Componentes Relevantes da Cadeia

IAPAR

EMATER

COODETEC

APEPA

UNIVERSIDADES

EMBRAPA

BANCOS

CONAB

CLASPAR

CESM-PR

SEAD

PREFEITURAS

FAEP

FETAEP_

APASEM

ASSOC. PRODUTORES

EMPRESAS DE PLANEJAMENTO

COOPERATIVAS

LOJAS DE INSUMOS AGRÍCOLAS/EQUIPAMENTOS

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5. FATORES FAVORÁVEIS DA CADEIA

Desde a colonização das terras do Paraná, o feijão sempre esteve

presente como cultura desbravadora nas derrubadas, na formação de

cafezais como cultivo intercalar e, junto com o milho, como primeiro

cultivo na formação de pastagens. Considerando-se que o feijão continua

sendo cultivado nos últimos 50 anos em volumes que fazem do Paraná o

maior produtor nacional, pode-se afirmar que o estado apresenta uma

vocação indiscutível para essa exploração. Os colonizadores, seus filhos e

hoje seus netos vem apresentando ao longo do tempo ampla afinidade com

a cultura, indicando um ambiente muito favorável para a manutenção da

exploração e para a aceitação de melhorias no sistema de produção.

Seguem os principais pontos favoráveis que podem ser identificados:

5.1 - Variedades

- Instituições de pesquisa dedicadas à criação de novas variedades e

produção de sementes básicas com qualidade e volume suficientes

(IAPAR, EMBRAPA, FT., Universidades).

- Existência de um sistema estadual organizado para a produção de

sementes certificadas e fiscalizadas.

- Existência de instituições de assistência técnica e extensão rural

(EMATER. Cooperativas, Empresas de Planejamento Agrícola, produtores

de sementes) para divulgar novas variedades.

- Existência de critérios bem definidos para avaliação e recomendação de

cultivares no estado, com rede de ensaios conduzidos pelos IAPAR para

essa finalidade.

- Rede de laboratórios de análises de sementes suficiente.

- Existência de variedades adaptadas a todas as regiões do estado.

- Existência de variedades resistentes ou tolerantes às principais doenças

do feijoeiro.

5.2 - Mão-de-obra- Suficiente disponibilidade de mão-de-obra para os períodos de maior

demanda.

- O sistema gera empregos, utiliza amplamente a mão-de-obra familiar e

permite trocas de tarefas.

- Para a maioria das operações, a cultura não exige especialização da mão-

de-obra.

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5.3 - Calcário

- Ocorrência de várias jazidas de calcário com extração comercial no

Centro-Sul do estado, próximos as áreas de solos ácidos.

- Existência de um programa estadual de calcário a preços competitivos,

nas regiões mais distantes dos moinhos.

- Rede de laboratórios de análise de solo suficiente.

- Assistência técnica oficial e particular para recomendação de corretivos

amplamente distribuída

- Facilidade de aquisição de calcário em qualquer região do estado.

- Qualidade do calcário produzido no estado suficiente.

5.4 - Fertilizantes

- Ampla rede de distribuição de Fertilizantes no estado (empresas

particulares, cooperativas).

- Facilidade de obtenção de formulações adequadas aos vários tipos de solo

do estado, bem como de elementos simples.

- Baixa necessidade de uso de micronutrientes

5.5 - Agroquímicos

- Grande quantidade de produtos e formulações testados, recomendados e

registrados para uso na cultura do feijão, dando no conjunto, proteção à

pragas e doenças ocorrentes no estado.

- Ampla rede de revendedores de agroquímicos em todas as regiões do

estado.

Assistência técnica oficial e particular suficiente para orientar a

utilização dos agroquímicos.

5.6 - Máquinas e Equipamentos

- Existência de grande diversidade de máquinas e equipamentos

adaptadas as várias operações necessárias à cultura do feijão.

- Ampla rede de revendedores e agentes de assistência técnica desses

equipamentos.

-Disponibilidade de modelos para qualquer tamanho de exploração

agrícola, inclusive para plantio direto.

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5.7 - Condições edafo-climáticas

- Possibilidade de produção de feijão em todas as regiões do estado.

-Condições climáticas que permitem cultivo extensivo em duas safras

anuais (águas e secas). Possibilidade de cultivo da terceira safra (outono)

no extremo norte do estado. A oferta de feijão em várias épocas do ano

agrícola a manter a estabilidade dos preços.

Possibilidade de uso da cultura do feijão em sistema de

rotação/sucessão de culturas.

- Possibilidade de uso do feijão, por ter ciclo curto, como cultura de entre

safra, aumentando a renda do agricultor.

5.8 - Condições para produção do feijão

- A cultura do feijão é bem aceita pelo agricultor paranaense. Há um

grande número que se dedica a essa exploração.

- Aceitação crescente da cultura para plantio na entre safra (outono ou

safrinha) e em sistemas de rotação/diversificação de culturas.

- Nas regiões centro, sul e sudoeste do estado é uma das culturas com

maiores possibilidades de renda, principalmente ao pequeno agricultor.

- Facilidade de comercialização da produção devido à ampla rede de

cerealistas e cooperativas e também por ser alimento básico da dieta.

- Permite cultivo intercalar em culturas perenes e consórcios com culturas

anuais.

- Existência de tecnologia já desenvolvida para obtenção de altos tetos de

produtividade.

6. PONTOS DE IMPEDIMENTO PARA MELHORIADO SISTEMA

Para a melhoria da eficiência da cadeia produtiva do feijão é preciso

trabalhar vários pontos de estrangulamento, alterando determinados

procedimentos ou criando facilidades. Tanto o serviço público como a

iniciativa privada necessitam passar por algumas mudanças e, na

somatória de suas forças, produzir uma resultante que permita mais

eficácia ao sistema produtivo do feijão.

A identificação dos pontos de estrangulamento é fundamental para que

cada um seja alterado no sentido de imprimir maior fluxo de resultados.

Segue a relação dos principais pontos:

41

42

6.1 -Variedades

- Taxa de utilização de sementes melhoradas muito baixa, com oferta edemanda baixas e instáveis (Tabela 24).

- Em geral, preço elevado das sementes melhoradas- Poucas variedades com ampla resistência às doenças do feijoeiro.- Variedades para colheita mecânica não perfeitamente adaptadas.- Pequeno número de variedades aceitas pelos produtores e consumidores.- Público consumidor muito resistente para aceitação de variedades com

diferentes colorações dos grãos.

6.2 - Mão-de-obra

- O sistema agrícola remunera mal a mão-de-obra forçando ostrabalhadores a buscar outras alternativas.

- mão-de-obra rural de baixo rendimento

6.3 - Calcário

-Nos depósitos faltam caminhões aplicadores

-Preço alto do frete em algumas regiões distantes das jazidas.

-Baixos niveis de utilização de calcário pelos agricultores.

-Falta programa governamental de estímulo ao uso de calcário.

6.4 - Fertilizantes

- Baixa taxa de utilização de Fertilizantes

- Uso de formulações e doses inadequadas

- Falta acompanhamento através de análise de solo para adequação do

uso.

Custo elevado dos Fertilizantes

- Inexistência de jazidas no estado que pudesse baratear o custo.

6.5 - Agroquímicos

- Preço elevado dos produtos

- Há muitos agricultores que usam os produtos sem recomendação e

acompanhamento técnico.

- Uso de sub-dosagens principalmente de fungicidas

- Baixo uso de fungicidas, permitindo que as doenças reduzam

significativamente a produtividade.

- Uso extensivo de adubos foliares sem respostas na produtividade.

6.6 - Máquinas e equipamentos

- Elevado custo dos equipamentos e de manufenção.

- Adaptação insuficiente das colhedeiras automotrizes para o feijão- De maneira geral, equipamentos de baixa durabilidade.

6.7 - Condições Edafo-climáticas

Periodicamente ocorrem verânicos e altas temperaturas durante o ciclo

da cultura, provocando grandes perdas de produção.

- Eventualmente, a ocorrência de chuvas na fase de colheita compromete

a qualidade do material colhido e causa perdas na produção.

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- Grande parte do feijão é cultivado em regiões de relevo ondulado eacidentado dificultando as práticas culturais e favorecendo a erosão.

- Nas regiões de relevo mais acidentado há dificuldade de escoamento dasafra, aumentando o custo de produção.

6.8 - Dos fatores gerais da produção

- Em geral, as piores áreas da propriedade agrícola são reservadas para ocultivo do feijão (exceto regiões sudoeste e nordeste do estado).

- É habitual o cultivo sucessivo de feijão na mesma área, aumentando aocorrência de doenças e reduzindo produtividade.

- O uso de "sementes próprias" é o principal fator responsável pelosproblemas sanitários da cultura, decorrentes da alta transmissão depatógenos pela semente.

- A falta de variedades plenamente adaptadas à colheita mecânica diretatem desestimulado o ingresso de médios e grandes produtores nessacultura.

- De maneira geral, o uso de tecnologia moderna na cultura é baixo,principalmente em decorrência do tipo de agricultor que a explora(pequenos e médios).

- Baixo uso de crédito agrícola oficial entre os pequenos e médiosagricultores.

- Preço de venda do produto muito variável, tendo apresentado nos últimos30 anos amplitude de US$ 12,0 a US$ 116,00 por saca.

- O consumo de feijão decresceu de 27,0 kg/habitante/ano para 14,0kg/habitante/ano nos últimos 30 anos tendo sido substituído na dieta porproteínas animais. Com o decréscimo na demanda, caiu o preço relativodo produto.

- Grande parte dos agricultores do estado reclamam que suas cooperativasnão recebem o feijão e eles se vêem obrigados a vender ao cerealista.Todos reclamam dos baixos preços pagos pelos cerealistas.

- Como o produto colhido apresenta rápido decréscimo de qualidade com oarmazenamento, a maioria dos agricultores é forçada a vender suaprodução no pico máximo de oferta a preços reduzidos.

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7. AÇÕES PREVISTAS PARA MELHORIA DO SISTEMAE RESULTADOS ESPERADOS

7.1 - Ações previstas

O serviço público e a iniciativa privada necessitam adotar medidas

isoladas e em conjunto para o desenvolvimento da cadeia produtiva do

feijão. A análise dos pontos fortes, dos impedimentos e das

responsabilidades dos componentes do sistema sugere alguns pontos

fundamentais a serem trabalhados, para atingir esse desenvolvimento.

7.1.1 - Criação de novas variedades, resistentes às doenças, adaptadas às

condições edafo-climáticas do estado, de boa arquitetura e com

característica de grãos aceitos pelos consumidores. (Estado e Iniciativa

privada).

7.1.2 - Manutenção dos atuais níveis de produção de sementes genéticas e

básicas e ampliar a oferta de sementes fiscalizadas e certificadas de feijão.

(Estado e Iniciativa Privada).

7.1.3 - Fortalecimento do programa estadual de distribuição de calcário,

aumentando o número de depósitos nas regiões de solos ácidos. Criação de

um programa de estímulo ao uso (Estado).

7.1.4 - Montagem de um programa de assistência técnica mais presente e

mais efetiva (Estado). Formar parcerias com a iniciativa privada para

melhorar de fato a assistência aos pequenos produtores.

7.1.5 - Buscar recursos financeiros federais ou estaduais para ampliação do

programa de crédito rural para a cultura.

7.1.6 - Buscar acordos entre o Estado e a iniciativa privada no sentido de

melhorar o preço pago ao produtor.

7.2 - Resultados Esperados

7.2.1 - Aumento da produção e da qualidade do feijão.

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7.2.2 - Aumento do nível de emprego rural e com melhor fixação do homem

no campo.

7.2.3 - Aumento da renda do produtor rural

7.2.4 - Aumento da produção interna do estado e melhor desenvolvimento

dos vários segmentos da cadeira produtividade feijão.

8. TENDÊNCIAS

O exame dos tópicos apresentados aliado às informações repassadas por

agricultores e técnicos em todo o estado, leva ao exercício do

estabelecimento das prováveis tendências para a cultura do feijão. Vários

fatores podem interferir na concretização das tendências entre os principais

destacam-se a política do governo para o setor, que podem estimular ou

não a expansão da área cultivada ou a utilização de técnicas modernas de

cultivo. O feijão, como componente importante da cesta básica, é sempre

cercado de medidas que impeça/dificultem a elevação do preço.

As produções obtidas nos países integrantes do MERCOSUL das

variedades para exportação, principalmente Argentina e no Paraguai,

podem também interferir na intenção de plantio no Paraná. Grandes

volumes de feijão podem reduzir o preço no atacado e abastecer o mercado

de forma que dificultam a comercialização da produção interna. A produção

da região central do Brasil também pode contribuir para a mesma redução

de área no Paraná.

A safra Argentina e do Brasil Central chegam ao mercado paulista e

carioca (nossos principais compradores) logo após a colheita da safra da

seca no Paraná, o que, em geral, não tem provocado grandes reduções nos

preços ou problemas de super-abastecimento. Sabe-se, no entanto, que

pequenas alterações na época de semeadura nessas regiões podem levar à

coincidência de épocas de colheita, dificultando a comercialização e

causando desestímulo aos produtores do Paraná e de outras regiões.

8.1. Área plantada no Paraná

- Para a safra das águas, os números dos últimos dez anos vem mostrando

uma tendência decrescente com chance de estabilização em torno de

450.000 ha.

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- Para a safra da seca ocorre uma tendência crescente acentuada nos

últimos 5 anos que deve se projetar para os próximos anos

principalmente devido aos bons preços na época da colheita.

- A safra de outono/inverno, embora de pouca expressão, apresenta

tendência nitidamente crescente, devido ao lançamento de variedades

adaptadas, aos bons preços à época da colheita e à possibilidade de

cultivo do feijão na entressafra das culturas de verão e inverno.

8.2. Uso de Tecnologia

- De maneira geral, aumenta a adoção de técnicas modernas de cultivo.

- Os pequenos produtores, aos poucos, diminuirão a participação na

produção de feijão, principalmente aqueles que não adotaram métodos

mais eficientes de cultivo. Esse espaço está gradativamente ocupado por

médios/grandes agricultores que, com melhor uso de tecnologia

aumentam sua participação.

- Há uma tendência nítida de maior destinação de áreas nobres das

propriedades rurais para o cultivo do feijão. Isso se destaca entre os

produtores mais tecnificados e pode garantir ganhos substanciais de

produtividade.

Eventuais lançamentos de variedades melhor adaptadas à colheita

mecânica tenderá a elevar a participação dos médios e grandes

agricultores.

8.3. Produção

- A produção paranaense de feijão tende a aumentar.

8.4. Consumo

- Tendência de estabilização em torno de 17 kg/habitante/ano.

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