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DOCS - 1086588v1 DIREITO SOCIETÁRIO BRASILEIRO COMENTADO Apostila Volume I Manoel Vargas Professor de Direito Societário do Departamento de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Mestre em Direito Comparado (M.C.L.) pela University of Illinois at Urbana-Champaign. Advogado no Rio de Janeiro e São Paulo. Sócio de Lobo & Ibeas Advogados. Introdução : Este é um trabalho em construção e que estará em permanente evolução, inspirado nas minhas aulas de Direito Comercial II e Direito Societário I na PUC-Rio, nos últimos quinze anos. A minha ideia é refletir uma análise sucinta e objetiva sobre o Direito Societário, desde a Parte Geral do Código Civil (“CC”) até a Parte Especial no tópico sobre o Direito da Empresa, passando à Lei nº 6.404/76, conhecida como Lei das Sociedades Anônimas (LSA), à Lei nº 6.385/76, sobre o Mercado de Capitais e a Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”), bem como à legislação e regulamentação complementar. Quando oportuno, também serão abordados temas de Direito Constitucional (“CF”). Por estar em fase de elaboração, apresento o trabalho sob a forma inicial de apostila, ou seja, notas de aula. Se não fizesse assim, o esforço ficaria inédito até que pudesse ser completado com escopo tão ambicioso. Na iminência de um novo Código Comercial, em gestação no Congresso Nacional, correria até mesmo o risco de ser parcialmente perdido. Assim, soltei as amarras e liberei a parte já escrita sob a forma de apostila volume I (as Partes Geral e Especial do CC e boa parte do capítulo I da LSA). O trabalho será completado e aperfeiçoado ao longo do tempo. Por ora são notas singelas que exteriorizam minha visão objetiva sobre o tema. Há ainda no texto referências a enunciados do CEJ, Centro de Estudos do Conselho da Justiça Federal, que têm relevância para a interpretação do CC.

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DOCS - 1086588v1

DIREITO SOCIETÁRIO BRASILEIRO COMENTADO

Apostila – Volume I

Manoel Vargas

Professor de Direito Societário do Departamento de Direito da Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro.

Mestre em Direito Comparado (M.C.L.) pela University of Illinois at Urbana-Champaign.

Advogado no Rio de Janeiro e São Paulo. Sócio de Lobo & Ibeas Advogados.

Introdução: Este é um trabalho em construção e que estará em permanente evolução,

inspirado nas minhas aulas de Direito Comercial II e Direito Societário I na PUC-Rio, nos

últimos quinze anos. A minha ideia é refletir uma análise sucinta e objetiva sobre o Direito

Societário, desde a Parte Geral do Código Civil (“CC”) até a Parte Especial no tópico sobre

o Direito da Empresa, passando à Lei nº 6.404/76, conhecida como Lei das Sociedades

Anônimas (LSA), à Lei nº 6.385/76, sobre o Mercado de Capitais e a Comissão de Valores

Mobiliários (“CVM”), bem como à legislação e regulamentação complementar. Quando

oportuno, também serão abordados temas de Direito Constitucional (“CF”). Por estar em

fase de elaboração, apresento o trabalho sob a forma inicial de apostila, ou seja, notas de

aula. Se não fizesse assim, o esforço ficaria inédito até que pudesse ser completado com

escopo tão ambicioso. Na iminência de um novo Código Comercial, em gestação no

Congresso Nacional, correria até mesmo o risco de ser parcialmente perdido. Assim, soltei

as amarras e liberei a parte já escrita sob a forma de apostila – volume I (as Partes Geral e

Especial do CC e boa parte do capítulo I da LSA). O trabalho será completado e

aperfeiçoado ao longo do tempo. Por ora são notas singelas que exteriorizam minha visão

objetiva sobre o tema. Há ainda no texto referências a enunciados do CEJ, Centro de

Estudos do Conselho da Justiça Federal, que têm relevância para a interpretação do CC.

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Plano do trabalho:

Código Civil de 2002:

Teoria da Empresa

Contrato de Sociedade

Sociedades Personificadas e Não Personificadas

Tipos Societários

Regime das Sociedades Limitadas

Regime dos outros Tipos Societários

Sociedade Brasileira e Estrangeira

Estabelecimento

Institutos Complementares

Lei das Sociedades Anônimas

Lei do Mercado de Valores Mobiliários e da CVM

Legislação e Regulamentação Complementar

“The pursuit of wisdom in a life of contemplation” – Espinoza

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Título I – Regime das Sociedades no Código Civil

Subtítulo I – Parte Geral

Capítulo I – Pessoas Jurídicas

Seção I – Disposições Gerais

1. Pessoa Jurídica – Conceito – artigo 40 do CC

A pessoa jurídica é o ente de direito público, interno ou externo, ou de direito

privado, dotado de personalidade jurídica e de patrimônio próprio, sujeito de direitos e

obrigações no mundo jurídico.

2. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno – artigo 41do CC

2.1. Definição

As pessoas jurídicas de direito público interno são a União, os Estados, o Distrito

Federal e os Territórios; os Municípios; as autarquias, inclusive as associações públicas; e

as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Embora os antigos Territórios tenham sido transformados em Estados da federação

(Rondônia, Roraima, Amapá e Acre), a CF contém previsão da criação de novos

Territórios por lei. Logo, o ente Território continua a existir.

A regra supletiva é de que as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha

dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento,

pelas normas do CC. A CF já estabelece que as empresas públicas, as sociedades de

economia mista e suas subsidiárias, que explorem atividade econômica de produção ou

comercialização de bens ou de prestação de serviços, sujeitam-se ao regime jurídico

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próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,

trabalhistas e tributários (CF, art. 173, §1º, II).

Segundo o Enunciado nº 141 do CEJ, o § único do art. 41 do CC, que contém a

regra da equiparação ao direito privado, aplicar-se-ia às fundações públicas e aos entes de

fiscalização do exercício profissional. Não parece ao autor que os mesmos tenham

estrutura de direito privado.

2.2. Responsabilidade Objetiva do Estado – artigo 43 do CC

As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos

de seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo

contra os causadores do dano, se houver, por parte deles, culpa ou dolo. Essa regra decorre

do art. 37, §6º da CF, que contém idêntica disposição quanto a pessoas jurídicas de direito

público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos.

Trata-se da responsabilidade objetiva do Estado, que responde pelos danos

causados a terceiros independentemente de culpa, se houver o nexo de causalidade entre o

ato do agente do Estado e o dano experimentado pelo terceiro. Os agentes, porém, só

respondem regressivamente perante o Estado se houver dolo ou culpa de sua parte,

exigindo-se, assim, a sua responsabilidade subjetiva.

Vide Súmula Vinculante nº 11 do STF sobre o uso de algemas e a responsabilidade

civil do Estado.

3. Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo – artigo 42 do CC

São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as

pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, como os organismos

internacionais (Organização das Nações Unidas (ONU), Organização dos Estados

Americanos (OEA), etc.).

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4. Pessoas Jurídicas de Direito Privado – artigos 44 a 49 do CC

4.1. Definição

São pessoas jurídicas de direito privado as associações, as sociedades – que

constituem o objeto principal de análise desta obra –, as fundações, as organizações

religiosas e partidos políticos, bem como as empresas individuais de responsabilidade

limitada.

Vide Enunciados nºs 142 e 144 do CEJ.

4.2. Existência Legal e Registro

Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição

do ato constitutivo no respectivo registro, acompanhada, quando necessário, de autorização

ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que

passar o ato constitutivo. Logo, o registro é o marco inicial a partir da criação das pessoas

jurídicas de direito privado. Sem registro, não há personalidade jurídica (CC, art.45,

caput).

O prazo de decadência do direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de

direito privado, por defeito do ato respectivo, é de três anos a contar do registro (CC, §

único do art. 45). O prazo decadencial breve segue a tradição do direito comercial de

conferir estabilidade e segurança jurídica aos atos praticados.

O registro deve declarar a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o

fundo social, se houver; o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos

diretores; o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e

extrajudicialmente; se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que

modo; se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; as

condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso (CC,

art. 46).

Note-se que essas disposições gerais sobre o registro aplicam-se às pessoas

jurídicas de direito privado sem distinção, observadas ainda as especificidades relativas à

sua natureza ou ao tipo societário.

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O registro, como regra, se das sociedades empresárias e das empresas individuais,

será feito na Junta Comercial, se das sociedades simples ou não empresárias, será feito no

Registro Civil de Pessoas Jurídicas (CC, art. 1.150) – exceto o das sociedades

cooperativas, que força da legislação especial (L. 5.764/71, art. 8º, §6º) está sujeito à Junta

Comercial. As sociedades de advogados estão sujeitas à legislação especial (L. 8.906/94,

art. 5º, §1º) e o respectivo registro é feito na OAB.

Vide Enunciado nº 143 do CEJ.

4.3. Atos Vinculantes dos Administradores

Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de

seus poderes definidos no ato constitutivo (CC, art. 47).

Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela

maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso (CC,

art. 48, caput).

O prazo de decadência do direito de anular as decisões dos administradores, quando

violarem a lei, o estatuto ou contrato social, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou

fraude, é de 3 (três) anos, em homenagem ao princípio da segurança jurídica. Não há atos

imprescritíveis em direito societário.

Na falta de administrador da pessoa jurídica, o juiz, a requerimento de interessado,

poderá nomear administrador provisório (CC, art. 49).

4.4. Atos Ultra Vires

A regra geral do CC (art. 1015) é de que o excesso por parte dos administradores

somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses:

– a limitação de poderes deve constar do registro da pessoa jurídica;

– provando-se que tal limitação era conhecida do terceiro;

– tratando-se de operação evidentemente estranha às atividades regulares da pessoa

jurídica.

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4.5. Teoria da Aparência

É amplamente reconhecida em nosso direito a teoria da aparência, que visa a

proteger terceiros de boa-fé e preservar e conservar os atos das pessoas jurídicas de direito

privado, mesmo que haja excesso por parte dos administradores. A teoria da aparência

deve ser ponderada com a dos atos ultra vires.

Vide Enunciado nº 145 do CEJ reafirmando a aplicação da teoria da aparência.

4.6. Desconsideração da Personalidade Jurídica – artigo 50 do CC

Refere-se a situações sempre excepcionais onde pode haver abuso da personalidade

jurídica, pelos sócios ou administradores, caracterizadas pelo desvio de finalidade –

aspecto subjetivo – quando há fraude ou excesso no uso da personalidade jurídica, ou pela

confusão patrimonial – aspecto objetivo – quando o patrimônio dos sócios confunde-se

com o patrimônio da sociedade, seja por ato ilícito (v.g. o emprego de caixa dois) ou não.

Em tais casos, a desconsideração ocorre sempre em concreto, sendo determinada

pelo juiz em face de circunstâncias específicas, e não afasta a personificação para outros

efeitos que não o ato em si da desconsideração. Quando há necessidade ao acesso ao

patrimônio dos sócios ou administradores, ou ao patrimônio da sociedade – chamada de

desconsideração inversa ou reversa --, geralmente a responsabilização será subsidiária, na

medida necessária a completar a insuficiência patrimonial buscada pelo ato da

desconsideração.

Prevalece na jurisprudência do STJ a “teoria maior” da desconsideração, devendo

ser comprovado o abuso da personalidade jurídica ou a confusão de patrimônios para a

caracterização da desconsideração. Em contraposição à “teoria menor” que admite a

desconsideração em situação de hipossuficiência, como nas relações de consumo, se

verificada a incapacidade de pagamento do devedor original.

Como já tem decidido o Superior Tribunal de Justiça, em casos de grupos

econômicos, como no REsp nº 132620/RJ, julgamento de 7 de maio de 2013, relatora

Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma (idem REsp nº 1071643/DF e RMS nº

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12872/SP, dentre outros, relatores Ministros Luis Felipe Salomão (Quarta Turma) e Nancy

Andrighi (Terceira Turma), julgados em 2 de abril de 2009 e 24 de junho de 2002,

respectivamente), pode ser declarada a desconsideração objetiva da personalidade jurídica,

em virtude da confusão de patrimônios entre as sociedades integrantes dos grupos, dada a

coordenação de atividades que as envolve, seja no tocante à comunhão de dirigentes e

colaboradores principais, seja pelas relações financeiras e contratos empresariais mantidos

por elas, mesmo na inexistência de ato ilícito.

A nossa jurisprudência adotou majoritariamente o caminho do direito alemão, de

presunção juris tantum de confusão de patrimônios nos grupos econômicos, onde há

sociedade de comando e fortes elementos entre as sociedades do grupo, como gestão

conjunta, identidade de administradores e empregados relevantes, financiamentos entre as

sociedades do grupo, utilização de ativos de umas por outras (ainda que de forma

remunerada) e transações entre as empresas do grupo, elementos esses em geral comuns a

grupos econômicos, com mais ou menos intensidade, tendo em vista a natural coordenação

das atividades do grupo, que é formado justamente para potencializar ou maximizar as

atividades das sociedades que dele fazem parte.

Muito embora, no direito brasileiro, a lei não excepcione o regime liberal de

responsabilidade individual e isolada de cada sociedade, mesmo em situações de exceção,

como nos grupos de direito (onde é admitida a subordinação de interesses, nos limites da

convenção do grupo) ou nas subsidiárias integrais (onde a participação da controladora

corresponde à totalidade do capital da controlada).

No direito alemão, a lei admite a responsabilidade subsidiária nos grupos de direito

e a solidária nas subsidiárias integrais. A jurisprudência alemã estende a possibilidade de

responsabilidade subsidiária externa corporis aos grupos de fato, com base na presunção

de confusão patrimonial, conforme lição de COMPARATO.

Vide ainda Enunciados nºs 7, 51, 146, 281, 282, 283, 284 e 285 do CEJ sobre

desconsideração.

4.7. Dissolução e Liquidação – artigo 51 do CC

A dissolução pode decorrer de ato voluntário dos sócios ou associados, ou de

medida administrativa ou judicial que ponha fim à atividade da pessoa jurídica. Mas não

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importa em extinção imediata. A pessoa jurídica preserva sua personalidade até que

encerrada a fase de liquidação do patrimônio, com pagamento das dívidas e apuração dos

ativos.

Em caso de patrimônio superavitário, o saldo será distribuído entre sócios e

associados, a menos que o contrato ou estatuto social determine de modo diverso.

Em caso de patrimônio negativo, a solução será a falência ou a insolvência civil.

Finda a liquidação, promover-se-á o encerramento de todas as inscrições societárias e

fiscais da pessoa jurídica.

Quanto à exclusão de sócio por justa causa, vide Enunciado nº 280 do CEJ.

4.8. Direitos da Personalidade – artigo 52 do CC

O art. 52 do CC estende à pessoa jurídica, no que couber, a proteção dos direitos da

personalidade, inclusive e principalmente no tocante a seu nome.

Vide Súmula nº 227 do STJ e Enunciado nº 286 do CEJ.

Seção II – Associações – artigos 53 a 61 do CC

1. Conceito – Formam-se as associações pela união de pessoas que se

organizam para fins não econômicos, ou seja , não possuem finalidade lucrativa. Toda

atividade sem fim lucrativo é regida pelos citados arts. 53 a 61 do CC, excetuados partidos

políticos e associações religiosas, que possuem regulação própria.

Seção III – Sociedades – artigos 981 e ss do CC

1. Conceito – Formam-se as sociedades pela união de pessoas que se

organizam para fins econômicos, ou seja, possuem finalidade lucrativa. Estão regidas pela

parte especial do CC, cuja regulação específica se inicia no art. 981 do CC.

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Seção IV – Fundações – artigos 62 a 69 do CC

1. Conceito – Não têm caráter associativo, formando-se, cada uma delas, pela

vontade de seu instituidor, que por escritura pública ou testamento faz dotação especial de

bens livres, especificando o fim a que se destina e declarando, se quiser, a maneira de

administrá-la. Estão regidas pelos citados arts. 62 a 69 do CC.

Vide Enunciados nºs 8 , 9 e 147 do CEJ.

Seção V – Organizações Religiosas e Partidos Políticos – artigo 44 do CC

1. Conceito – Têm fins religiosos ou políticos e regem-se pelo art. 44, §§1º e 3º do

CC, pelos seus atos constitutivos e pela legislação especial de regência, no caso dos

partidos políticos. Essencialmente, são associações voltadas para atividades de tal gênero.

Seção VI – Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada – artigo 44 do CC

1. Conceito – Criadas pela Lei 12.441, de 11.07.2011, constituem a mais nova

modalidade de pessoa jurídica, que deve ser detida por um único sócio pessoa natural,

dedicado à atividade empresarial. Regem-se pelos arts. 44, VI, 980-A e § único do art.

1.033 do CC.

Capítulo II – Domicílio

Seção I – Pessoa Natural – artigos 70 a 74 e 76 e 77 do CC

1. Conceito – O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua

residência com ânimo definitivo (CC, art. 70).

2. Mais de uma residência e inexistência de residência habitual – Se tiver

diversas residências, considerar-se-á domicílio da pessoa natural qualquer uma dessas

residências ; se não possuir residência habitual, o lugar onde for encontrada (CC, arts. 71 e

73).

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3. Profissão – É também domicílio da pessoa natural o lugar onde exerce sua

profissão, quanto às relações daí decorrentes. Se a profissão for exercida em diversos

lugares, cada um deles constituirá domicílio para as relações correspondentes (CC, art. 74).

Portanto, o domicílio profissional pode ser utilizado na identificação das pessoas naturais,

tal como o domicílio civil. Cada vez mais, por razões de segurança pessoal, utiliza-se o

domicílio profissional, em especial em situações onde a pessoa natural possa estar

exposta, pela revelação de seu domicílio particular.

4. Alteração do domicílio – A mudança de residência com ânimo definitivo resulta

na transferência de domicílio (CC, art. 74).

5. Casos especiais – As situações especiais do incapaz, do servidor público, do

militar, do marítimo, do preso e do agente diplomático estão reguladas nos arts. 76 e 77 do

CC.

Seção II – Pessoa Jurídica – artigo 75 do CC

1. Definição – O domicílio da União é o Distrito Federal; dos Estados e Territórios,

as respectivas capitais; do Município, onde funcione a administração municipal; das

demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionar sua administração, ou domicílio especial

se eleito por seu estatuto ou atos constitutivos (CC, art. 75).

2. Mais de um estabelecimento -- Se a pessoa jurídica tiver mais de um

estabelecimento, cada um será considerado domicílio para os atos nele praticados (CC, art.

75, § 1º). Vide Súmula nº 363 do STF.

3. Sede no estrangeiro – Se a pessoa jurídica tiver sede no estrangeiro, será local

de seu domicílio no País o estabelecimento que contrair as respectivas obrigações (CC, art.

75, § 2º).

Seção III – Eleição de foro – artigo 78 do CC

1. Contratos escritos – É válida a eleição de foro nos contratos escritos, onde se

cumpram os direitos e obrigações deles resultantes (CC, art. 78), mas há situações de

ordem pública que afastam a eleição, como as decorrentes da proteção à parte

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hipossuficiente, como nas relações de consumo ou de representação comercial. Vide

Súmula nº 335 do STF.

Subtítulo II – Parte Especial – Direito de Empresa

Capítulo I – Empresário – artigos 966 a 980-A do CC

Seção I – Caracterização e Inscrição

1. Conceito – Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade

econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, ressalvadas

as profissões intelectuais, de natureza científica, literária ou artística (ainda com o concurso

de auxiliares ou colaboradores), salvo se o exercício da profissão constituir elemento de

empresa. Isso significa que toda atividade econômica privada é a princípio empresarial,

exceto a atividade fim de índole intelectual (CC, art. 966).

2. Teoria da empresa – O CC, inspirado no direito italiano, unificou o direito das

obrigações e adotou a teoria da empresa, segundo a qual toda atividade econômica

organizada, ressalvadas atividades intelectuais, é empresária.

Porém, não há definição quanto à intensidade da organização para a caracterização

da empresa. Hoje, em pleno século XXI, não há atividade econômica que deixe de possuir

grau mínimo que seja de organização. Logo a atividade econômica privada será

empresarial, desde que o empresário promova o seu registro como tal e não exerça como

atividade fim profissão intelectual, como a exercida pelas profissões liberais – médicos,

advogados, arquitetos, dentistas, engenheiros, escritores, artistas plásticos, e outros.

3. Elemento de empresa – Quando o CC ressalva a possibilidade de a profissão

intelectual constituir elemento de empresa, isto se refere à atividade fim, que poderá ser

empresarial e não intelectual. O exemplo clássico dado por ASCARELLI são os hospitais

ou casas de saúde, onde o atendimento médico é elemento de uma organização empresarial.

O mesmo pode se dizer das atividades dos engenheiros no tocante às empreiteiras e

construtoras, responsáveis por obras grandes ou pequenas, mas cujo resultado final não é a

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prestação do serviço de engenharia, mas a entrega da obra como contratada, típico contrato

de empreitada.

4. Registro – Seguindo a antiga tradição do comerciante, a inscrição do empresário

na junta comercial constitui requisito para a prática da atividade empresarial (CC, arts. 967

e 968). O empresário individual deve indicar no registro seu nome, qualificação (inclusive

o regime de bens do casamento, se couber), a firma com a respectiva assinatura, o capital

destacado para a empresa, o objeto e a sede. Se quiser, pode tanto transformar-se em

empresa individual de responsabilidade limitada, se atender ao requisito de capital mínimo,

como pode transformar-se em sociedade empresária, caso venha a admitir sócios.

5. Empresário Rural – O empresário rural tem a opção de registrar-se na junta

comercial e será equiparado a empresário (CC, art. 971).

6. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – Pode ser criada por uma

única pessoa natural, que só poderá ser titular de uma empresa dessa modalidade,

constituída com capital mínimo integralizado não inferior a cem salários mínimos (CC, art.

980-A).

7. Pequeno Empresário e Microempresário -- É possível ainda ao pequeno ou

microempresário beneficiar-se dos benefícios fiscais atribuídos a atividades de pequeno

porte em legislação especial.

Seção II – Capacidade

1. Regra geral – A regra geral é que pode exercer atividade de empresário os que

estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. A

capacidade acha-se regulada nos arts. 972 a 980 do CC.

Capítulo II – Sociedade

1. Disposições Gerais – Celebram contrato de sociedade as pessoas que

reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens e serviços, para o exercício de atividade

econômica e a partilha, entre si , dos resultados.

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Tal atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados

(CC, art. 981). Como se vê, o contrato de sociedade abrange as atividades associativas com

fins econômicos e não requer necessariamente a personificação.

2. Dos tipos societários -- As atividades da sociedade podem ser empresariais ou

simples (significado de não empresariais). As sociedades por ações são sempre

empresárias, e as sociedades do tipo simples e cooperativas são sempre simples.

Os demais tipos societários comportam tanto atividades empresárias como simples,

sendo o mais utilizado a sociedade limitada.

Há tipos especiais, como a sociedade de advogados, regida pelo Estatuto dos

Advogados e pela regulamentação da Ordem dos Advogados do Brasil (CC, arts. 982 a

984).

3. Da Personalidade Jurídica – Esta só se adquire com a adoção de tipo societário

compatível com a personalização e a inscrição no registro próprio. Ou seja, a personalidade

depende sempre do registro e do tipo societário viável (CC, arts. 45, 985 e 1.150). Do

contrário, a sociedade será não personificada.

Capítulo III – Sociedade Não Personificada

1. Conceito – A sociedade não personificada é aquela que não adquire a

personalidade por ausência do registro necessário (caso da sociedade em comum) ou por

adotar tipo societário incompatível com a personificação (caso da sociedade em conta de

participação e do consórcio, este regido pela LSA, quando tem por objetivo atividade

econômica).

2. Sociedade em Comum – Regem-se as sociedades não registradas pelos arts. 986

a 990 do CC (exceto as sociedades por ações, que não admitem forma não personificada),

constituindo os bens e dívidas sociais patrimônio especial e respondendo todos os sócios

solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais.

Como a sociedade em comum não possui personalidade jurídica, a responsabilidade

dos sócios que contratarem em nome ou em representação da sociedade é principal e

direta, e não em caráter subsidiário.

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3. Sociedade em Conta de Participação – Este tipo societário resulta de atividade

exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua exclusiva

responsabilidade, participando os demais – chamados de sócios ocultos ou participantes –

dos resultados correspondentes, nos termos do contrato social e dos arts. 991 a 996 do CC.

As relações entre o sócio ostensivo e os sócios participantes ou ocultos é de

natureza contratual, de índole interna da sociedade, não produzindo efeitos em relação aos

terceiros que se relacionam com a sociedade em conta de participação exclusivamente

através do sócio ostensivo, que contrata em nome próprio, assumindo integral

responsabilidade pelos negócios da sociedade, geralmente em caráter ilimitado, a menos

que tenha sido contratada alguma limitação de responsabilidade nas relações com terceiros.

Capítulo IV – Sociedade Personificada

Seção I – Sociedade Simples

1. Contrato Social – a sociedade simples constitui-se mediante contrato escrito,

que pode ser particular ou público – geralmente será particular, contendo o seguinte

conteúdo mínimo, sem prejuízo de outras cláusulas estipuladas pelos sócios (art. 997, CC):

nome e qualificação dos sócios (são admitidos tanto sócios pessoas naturais como

pessoas jurídicas);

denominação, objeto, sede e prazo (pode ser determinado ou indeterminado) da

sociedade;

capital da sociedade, em moeda corrente nacional, podendo compreender qualquer

espécie de bens com valor econômico, suscetíveis de avaliação pecuniária;

a quota da cada sócio no capital social e o modo de realizá-la (pagá-la), ficando

certo que as quotas podem ter valor nominal igual ou desigual, podendo a

participação dos sócios diferenciar-se tanto pelo valor desigual das quotas, como

pela quantidade de quotas do mesmo valor nominal detidas pelos sócios;

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no caso do sócio de serviços, cuja contribuição consista em serviços, as prestações

a que se obriga o sócio;

as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, seus poderes e

atribuições (pode ser um ou mais administradores);

a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas (geralmente a participação é

proporcional ao valor das quotas dos sócios; no caso de sócio de serviços é

recomendável estabelecer com clareza a forma de sua participação nos lucros);

se os sócios respondem subsidiariamente ou não pelas obrigações sociais (se a

responsabilidade dos sócios for limitada ao capital social, é recomendável adotar o

tipo societário de sociedade limitada, para fins de segurança jurídica). Só haverá

solidariedade entre sócios, na responsabilidade subsidiária, se o contrato social

assim dispuser (art. 1.023, CC).

2. Prazo para registro – o contrato social deve ser registrado no Registro Civil de

Pessoas Jurídicas da sede no prazo de até trinta dias – que é o prazo geral para que os

efeitos do registro societário retroajam até a data do ato, conforme art. 998 e §2º do art.

1.151 do CC (as sociedades simples são registradas no Registro Civil das Pessoas

Jurídicas, as sociedades empresárias na Junta Comercial, conforme art. 1.150 do CC).

3. Modificações do Contrato Social – as alterações do contrato social, que tenham

por objeto as matérias elencadas no art. 997 do CC, dependem do consentimento de todos

os sócios, ou seja o quorum é de cem por cento dos sócios, inclusive sócios de serviço, se

houver.

As demais matérias do contrato social podem ser decididas por maioria absoluta de

votos (metade mais um do capital votante), se o contrato não determinar a deliberação

unânime (art. 999 do CC).

A sociedade simples segue a regência da teoria geral dos contratos, no sentido de

que o conteúdo do contrato só pode ser alterado com a concordância das partes

contratantes. Porém, essa disciplina extremamente conservadora – no plano do direito

societário – acaba tornando as sociedades simples de difícil manejo, pois ao menos as

matérias mais relevantes do contrato (como admissão de sócios, alteração de quotas,

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aumento do capital, alteração do objeto e dos administradores) dependerão do

consentimento de todos os sócios.

É possível até que este tipo societário não evolua e não seja utilizado em larga

escala, em função do caráter restritivo da deliberação unânime, a par da questão da

limitação da responsabilidade dos sócios ao capital social, que recomenda o uso do tipo

sociedade limitada, cuja utilização no nosso direito já é centenária e bem testada (sempre é

claro que for possível adotar a limitação de responsabilidade, como geralmente acontece).

4. Filiais – a abertura de filiais, sucursais ou agências, na jurisdição de outro

Registro Civil de Pessoas Jurídicos, requer a inscrição em tal Registro Civil, bem como a

averbação no cartório da sede (CC, art. 1.000).

5. Direitos e obrigações dos sócios – Os arts. 1.001 a 1.009 do CC regulam uma

série de obrigações dos sócios.

Em termos de direitos, tais dispositivos essencialmente asseguram ao sócio o direito

de participar dos lucros sociais, que será proporcional à respectiva quota, salvo estipulação

em contrário do contrato.

No tocante ao sócio de serviços, recomenda-se que o contrato seja explícito, pois o

art. 1.007 prescreve que este participa “dos lucros na proporção da média do valor das

quotas”, o que pode resultar em valores surpreendentes: se a sociedade tiver dois sócios de

capital, com oitenta e vinte por cento do capital, e um sócio de serviços, a média seria

cinquenta, o que faria com que o sócio de serviços recebesse mais do dobro do que o

menor sócio de capital, o que pode ser um absurdo. Para evitar tal resultado, cumpre fixar

no contrato a participação do sócio de serviços.

As obrigações podem ser resumidas como segue:

se iniciam com o contrato – se este não fixar outra data – e findam com a regular

extinção da sociedade;

o sócio só pode ser substituído com consentimento dos demais; a cessão sem

consentimento e sem alteração do contrato social é ineficaz perante os demais

sócios e a sociedade; na cessão regular, o cedente, até dois anos após averbada a

modificação do contrato, responde solidariamente com o cessionário perante a

sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio;

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os sócios são obrigados a contribuir para o capital social, nos termos e condições

previstos no contrato social e, após notificação prévia de trinta dias pela sociedade,

ficam constituídos em mora e sujeitos, conforme deliberação da maioria dos demais

sócios, à indenização, à exclusão ou à redução da respectiva quota aos valores

integralizados;

o sócio que transferir quota responde pela evicção, e pela solvência do devedor o

sócio que transferir crédito;

o sócio cuja prestação consista em serviços não pode, salvo convenção em

contrário, empregar-se em atividade estranha à sociedade, sob pena de ser privado

de seus lucros e dela excluído;

o sócio de capital participa das perdas em proporção à sua quota, salvo estipulação

em contrário do contrato, que não pode porém excluí-lo das perdas, sob pena de

nulidade;

a distribuição de lucros ilícitos ou fictícios – portanto em prejuízo do capital social

– acarreta responsabilidade solidária dos administradores que a realizaram e dos

sócios que os receberam, sabendo ou devendo saber da ilegitimidade.

6. Administração – Os arts. 1.010 a 1.021 do CC estabelecem as regras sobre

administração da sociedade simples.

No âmbito da administração, as decisões dos sócios são tomadas por maioria

absoluta de votos, segundo o valor das quotas de cada um; em caso de empate prevalece o

maior número de sócios; se permanecer o empate, decidirá o juiz.

O administrador deve ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que

todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios.

Esse é o padrão clássico de diligência estabelecido pela legislação societária.

Não podem ser administradores pessoas impedidas por lei especial ou condenados a

pena que vede acesso a cargos públicos, ou por crime falimentar, de prevaricação,

corrupção ativa e passiva, concussão, peculato, , ou contra a economia popular, contra o

sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações

de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.

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Aplicam-se, no que couber, aos administradores as disposições concernentes ao

mandato.

A nomeação do administrador feita em ato separado deve ser averbada à margem

da inscrição da sociedade no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

No silêncio do contrato, se a administração couber aos sócios, competirá

separadamente a cada um deles, podendo ainda os administradores isoladamente praticar

todos os atos pertinentes à gestão da sociedade, a menos que o contrato estabeleça

competência conjunta de dois ou mais administradores.

Se não constituir objeto da sociedade, a oneração ou venda de bens imóveis

depende do que a maioria dos sócios decidir.

As seguintes hipóteses podem ser invocadas para opor ao terceiro o excesso dos

administradores: se a limitação de poderes constar do registro da sociedade; provando-se

que era conhecida do terceiro; ou tratando-se de operação evidentemente estranha aos

negócios da sociedade.

Sobre os atos ultra vires e a teoria da aparência, vide Título I, Subtítulo I, Cap. I,

Sec. I, §§ 4.4 e 4.5.

O regime de responsabilidade dos administradores da sociedade simples é

subjetivo, respondendo por culpa no desempenho de suas funções, em caráter solidário,

perante a sociedade e terceiros prejudicados.

O administrador não deve praticar atos em situações de conflito de interesses com a

sociedade e não deve utilizar quaisquer bens da sociedade em proveito próprio ou de

terceiros – no último caso, salvo com o consentimento por escrito dos sócios.

É expressamente vedada a delegação de poderes pelo administrador; mandatários

podem ser nomeados para a prática de atos específicos.

Sócio investido na administração pelo contrato social não pode ser afastado sem o

consentimento de todos os sócios – inclusive o seu -- , salvo justa causa, reconhecida

judicialmente, a pedido de qualquer dos sócios.

No silêncio do contrato social, sócios ou terceiros nomeados por ato separado do

contrato podem ser afastados por maioria absoluta dos votos.

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Os administradores devem prestar contas aos sócios e levantar balanço patrimonial

e demonstração do resultado anualmente, ao fim do exercício, sem prejuízo do direito dos

sócios de a qualquer tempo examinar livros, documentos e a situação do caixa e da carteira

de clientes ou pedidos da sociedade, observado o disposto no contrato social.

7. Relações com Terceiros – Os arts. 1.022 a 1.027 do CC estabelecem normas

sobre as relações da sociedade com terceiros.

A representação ativa e passiva da sociedade perante terceiros, inclusive na

aquisição de direitos, assunção de obrigações e representação judicial, se dá através de seus

administradores. A administração da sociedade, assim, é o órgão social que detém tais

poderes de representação. Os sócios somente representarão a sociedade perante o mundo

exterior se também forem administradores.

O contrato social deve determinar se a responsabilidade dos sócios será subsidiária

ou não, isto é , se será ilimitada ou limitada ao capital social. No último caso, recomenda-

se adotar o tipo societário de sociedade limitada, face à segurança jurídica. No primeiro

caso, havendo responsabilidade subsidiária, e se os bens da sociedade não lhe cobrirem as

dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas

sociais – salvo disposição do contrato em sentido contrário, conforme percentual de

participação no capital social --, salvo cláusula de responsabilidade solidária (na sociedade

simples, só haverá solidariedade entre os sócios, pelas dívidas sociais remanescentes, se os

sócios tiverem contratado nesse sentido, inocorrendo presunção de solidariedade).

Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade,

senão depois de executados os bens sociais. É o chamado benefício de ordem ou de

excussão. Na medida em que a sociedade tem personalidade distinta dos sócios, a

responsabilidade destes, se houver, será sempre subsidiária, e não principal. As dívidas de

um não se confundem com as dívidas do outro. Este princípio pode sofrer exceção, em

concreto, pela aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica (vide

Título I, Subtítulo I, Cap. I, Sec. I, § 4.6), mas geralmente, mesmo na desconsideração,

observar-se-á a subsidiariedade, isto é, os bens dos sócios só serão atingidos se o

patrimônio da sociedade for insuficiente.

O sócio admitido em sociedade já constituída não se exime das dívidas sociais

anteriores à admissão, ficando certo que o cedente responde solidariamente pelo prazo de

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dois anos (art. 1003, CC). Convém na contratação ficar estabelecida a divisão de

responsabilidade entre cedente e cessionário e o eventual direito de regresso deste contra

aquele.

O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do devedor, fazer

recair a execução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe

tocar em liquidação. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o credor requerer a

liquidação da quota do devedor, cujo valor (apurado com base no art. 1.031 do CC) será

depositado em dinheiro no juízo da execução.

Pode o credor, portanto, na inexistência de outros bens do devedor, forçar a

resolução da sociedade em relação ao devedor, se a simples distribuição de lucros não for

suficiente ao pagamento da dívida.

A separação judicial ou divórcio de sócio, ou o falecimento de cônjuge de sócio, se

implicar em direito de partilha dos bens do sócio, não resultará na resolução forçada da

sociedade, que continuará operando enquanto estiver próspera. O cônjuge ou herdeiros

farão jus à parte que lhes couber nos lucros da sociedade, até que o sócio decida-se pela

liquidação de sua quota na sociedade, ou se mostrar inviável a continuação da mesma.

8. Resolução da Sociedade em relação a um Sócio – A resolução da sociedade em

relação a um sócio está regulada nos arts. 1.028 a 1.032 do CC.

No caso de morte, a resolução operará de pleno direito, salvo se : o contrato

dispuser de forma diversa; os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade;

ou se por acordo com os herdeiros regular-se a substituição do sócio falecido.

Também será de pleno direito a exclusão do sócio declarado falido e do sócio cuja

quota foi liquidada por seus credores. O sócio remisso pode ser excluído pela maioria dos

demais sócios, mediante simples deliberação destes (art. 1.004 e § único, CC).

Na sociedade a prazo indeterminado – em homenagem ao princípio contratual de

que as relações não são eternas ou perpétuas – o sócio pode retirar-se mediante notificação

aos demais sócios com antecedência mínima de sessenta dias. Nas sociedades a prazo

determinado – bem mais raras – a retirada depende de comprovação judicial de justa causa.

Num caso ou noutro, os demais sócios podem optar pela dissolução da sociedade.

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Pode ainda o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos

demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou por incapacidade

superveniente.

Salvo disposição do contrato social em contrário, na resolução da sociedade em

relação a um sócio deverá ser liquidada a sua quota, considerada pelo montante realizado

(integralizado), com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução,

verificada em balanço especialmente levantado.

O balanço contábil geralmente não reflete o justo valor da quota. Por isso, a

jurisprudência geralmente acrescenta, em face do caso concreto, importâncias a título de

fundo de comércio ou do valor de mercado de bens, geralmente calculados segundo prova

pericial. Uma opção é o contrato social estabelecer avaliação econômica da sociedade para

fins de determinação do justo valor da quota liquidada, segundo critérios previamente

definidos.

A quota liquidada deverá ser paga em dinheiro, no prazo de noventa dias da

liquidação, a menos que o contrato disponha em sentido contrário.

Na liquidação da quota, o capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se

os demais sócios suprirem o valor da quota.

A retirada, exclusão ou morte de sócio não o exime, ou a seus herdeiros, da

responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a

resolução da sociedade no registro próprio. Na retirada ou exclusão, as obrigações

persistirão até a averbação.

9. Dissolução – A dissolução da sociedade simples está regulada nos arts. 1.033 a

1.038 do CC. A liquidação e extinção está tratada mais adiante, nos arts. 1.102 a 1.112, e

será objeto da Seção IX a seguir. À dissolução segue-se a liquidação e extinção. O

processo de encerramento de atividades de uma pessoa jurídica é complexo, requer o ato

de dissolução, a fase de liquidação para apuração de ativos e pagamento de passivos, e a

extinção, com o fim da liquidação. Tratamos a seguir da etapa da dissolução.

Dissolve-se a sociedade de pleno direito quando ocorrer: (a) vencimento do prazo

de duração na sociedade a prazo determinado, salvo se, sem oposição de sócio, a sociedade

não entrar em liquidação, caso em que passa a vigorar a prazo indeterminado; (b) consenso

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unânime dos sócios, na sociedade a prazo determinado; (c) deliberação da maioria absoluta

dos sócios, na sociedade a prazo indeterminado; (d) falta de pluralidade de sócios, não

reconstituída no prazo de cento e oitenta dias, salvo em caso de transformação da

sociedade em empresário individual; (e) extinção de autorização para funcionar, se for

aplicável.

Pode ainda a sociedade ser dissolvida judicialmente, a pedido de qualquer dos

sócios, quando: (a) anulada sua constituição, em virtude de algum vício insanável do ato de

constituição; ou (b) exaurido o fim social, ou verificada sua inexequibilidade.

Por fim, o contrato social pode prever outras causas de dissolução, que serão

verificadas judicialmente, se houver contestação por parte de qualquer sócio.

Ocorrida a dissolução, os sócios deverão providenciar a liquidação da sociedade,

nomeando o liquidante, observado o disposto no contrato social.

Nas sociedades autorizadas a funcionar, o Ministério Público pode promover a

liquidação judicial, se os sócios não tiverem nomeado liquidante ou se os administradores

não tiverem investido o liquidante em suas funções, no prazo de trinta dias seguintes à

perda da autorização de funcionamento. Na inércia do Ministério Público, a autoridade

competente para a autorização pode nomear interventor, até que nomeado o liquidante.

Uma alternativa à dissolução e liquidação é a alteração do objeto social, se viável,

passando a sociedade a desempenhar atividades para as quais não dependa de autorização

de funcionamento.

Ocorrendo a dissolução, os administradores devem investir o liquidante e limitar a

gestão própria aos negócios inadiáveis e em curso, vedadas novas operações, pelas quais os

administradores ou liquidante, conforme o caso, responderão solidária e ilimitadamente

(CC, art. 1.036).

Seção II – Sociedade em Nome Coletivo

Está regulada singelamente nos arts. 1.039 a 1.044 do CC, e subsidiariamente pelas

regras aplicáveis à sociedade simples. Somente pessoas físicas podem ser sócios de

sociedade em nome coletivo, respondendo solidária e ilimitadamente pelas obrigações

sociais, porém em caráter subsidiário (art. 1.024, CC).

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Funciona sob firma social, que deve indicar o nome dos sócios ou do sócio

principal, podendo ser seguida pela expressão & companhia, ao final (não devendo ser

confundida com a expressão companhia no início do nome empresarial, que designa

sociedade anônima)

Os sócios podem limitar entre si a responsabilidade de cada um, mas sem efeito

perante terceiros. Nesse caso, haverá direito de regresso entre os sócios.

Este tipo societário tem origem nas antigas sociedades medievais e está em

completo desuso em nosso direito, pelo regime de responsabilidade ilimitada. Hoje, as

atividades empresariais podem ser conduzidas através de sociedades anônimas ou

limitadas, com maior proteção ao patrimônio dos sócios.

Seção III – Sociedade em Comandita Simples

Está regulada singelamente nos arts. 1.045 a 1.051 do CC, e subsidiariamente pelas

regras da sociedade em nome coletivo e da sociedade simples. Há duas categorias de

sócios: os comanditados, sempre pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente

pelas obrigações sociais; e os comanditários, que podem ser pessoas físicas ou jurídicas,

obrigados somente pelo valor de sua quota. As duas categorias devem ser identificadas no

contrato social.

Este tipo societário decorre de uma primeira evolução da sociedade em nome

coletivo, permitindo sócios investidores de responsabilidade limitada, chamados

comanditários, mas que não dão nome e não participam da administração da sociedade, sob

pena de serem equiparados aos sócios comanditados. Pelo regime de responsabilidade

ilimitada destes últimos, este tipo societário também está em completo desuso, suplantado

pelas sociedades anônimas e limitadas.

Seção IV – Sociedade Limitada

1. Disposições preliminares – Está regulada nos arts. 1.052 a 1.087 do CC,

subsidiariamente pelas regras da sociedade simples e, se houver eleição do contrato social,

supletivamente pelas normas da sociedade anônima. A responsabilidade de cada sócio é

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restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização

do capital social. É sucessora da antiga sociedade por quotas de responsabilidade limitada,

introduzida no direito brasileiro no início do século XX, pelo Decreto nº 3.708/1919, e que

vigorou com pleno êxito por quase cem anos. Este tipo societário suplantou os demais

tipos de sociedades de pessoas, sempre que admitida a limitação da responsabilidade dos

sócios, em virtude da proteção que enseja ao patrimônio dos mesmos, estimulando o risco

e as atividades de caráter empresarial. Juntamente com a sociedade anônima a limitada

constitui-se no principal tipo societário em uso no Brasil.

Pode funcionar sob firma ou denominação social, conforme antiga tradição desde o

citado Decreto nº 3.708/1919. Na prática, não se utiliza mais firma na limitada – ou seja, o

uso do nome dos sócios ou do principal sócio para designar a sociedade – mas a

denominação social, nome de fantasia que até pode incorporar o nome de um ou mais

sócios, contendo ainda referência ao objeto social e a expressão limitada por extenso ou

abreviadamente – ltda.

Como se observará mais adiante, a nova regulação pelo CC agregou dois problemas

fundamentais a afetar a simplicidade e praticidade da antiga limitada – que serviu por

quase cem anos aos pequenos e médios empresários brasileiros, com pleno êxito: o quorum

de deliberação dos sócios é quase sempre elevado (3/4 ou 2/3), afastando-se da tradição da

maioria simples geralmente adotada na prática brasileira; e a estrutura geral de

funcionamento passou a ser mais complexa, deixando de lado o perfil singelo da limitada.

2. Quotas – O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma

ou diversas a cada sócio. Na prática, o contrato social geralmente adota quotas do mesmo

valor nominal, atribuindo a cada sócio a quantidade de quotas correspondente à sua

participação. Mas como o valor das quotas depende da regulação pelo contrato social, o

valor nominal tem função imprescindível tanto na limitada como nas demais sociedades de

pessoas, pois a quota de cada sócio determina os direitos políticos e patrimoniais, na

medida em que no silêncio do contrato social os sócios participam dos lucros e votam

conforme o valor de suas quotas.

O capital social pode ser integralizado em dinheiro, bens ou direitos suscetíveis de

avaliação econômica. Pela exata estimação dos bens ou direitos conferidos ao capital

respondem solidariamente todos os sócios, pelo prazo de cinco anos a contar do registro da

constituição da sociedade ou do aumento do capital.

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É vedada contribuição ao capital que consista na prestação de serviços.

A quota é indivisa em relação à sociedade e, em caso de condomínio, os

condôminos respondem solidariamente pela integralização da mesma.

No silêncio do contrato social, os sócios podem ceder suas quotas entre si

livremente, mas a terceiros apenas com a concordância de sócios representando ¾ (75%)

do capital social.

A cessão de quota só é eficaz perante a sociedade e terceiros após a averbação do

respectivo instrumento na junta comercial, subscrito pelo cedente, pelo cessionário e pelos

sócios anuentes, se for necessário. Tanto pode ser instrumento de cessão de quotas como

alteração do contrato social. Pelo prazo de dois anos, a contar da averbação, responde o

cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações

que tinha como sócio, até a data da cessão (art. 1.003, CC).

Em caso de não integralização de sua quota, o sócio remisso fica sujeito à exclusão

e transferência das quotas aos demais sócios ou terceiros, com a devolução do que houver

pago, deduzidos os juros de mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as

despesas, sem prejuízo da opção dos demais sócios de fazer a cobrança, respondendo o

sócio remisso pelo dano emergente da mora, ou de reduzir-lhe a quota ao montante já

realizado, com a correspondente redução do capital social ou assunção da parte não

realizada pelos demais sócios.

Tendo em vista o princípio da intangibilidade do capital social, os sócios são

obrigados à reposição das quantias retiradas a título de lucros ou dividendos, quando a

distribuição for feita em prejuízo do capital social. Em outras palavras, só pode haver

distribuição aos sócios se os lucros auferidos pela sociedade suportarem tal distribuição.

3. Administração – A sociedade é administrada por uma ou mais pessoas naturais

designadas no contrato social ou em ato separado. Como é vedada a delegação dos poderes

de administração (art. 1.018, CC), não é mais admitido administrador pessoa jurídica, que

necessariamente teria que delegar os respectivos poderes. O uso da firma ou denominação

é privativo dos administradores que tenham os necessários poderes.

Os sócios posteriormente admitidos só se tornarão administradores se houver

expressa disposição no contrato social em tal sentido, mesmo se antes de sua admissão o

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contrato social atribuir a administração a todos os sócios, pois a extensão da administração

aos novos sócios não se verifica de pleno direito.

A designação de administradores não sócios depende de quorum qualificado:

unanimidade dos sócios, se o capital não estiver ainda integralizado; e 2/3 no mínimo do

capital social, após a integralização. A designação de administradores sócios, por ato em

separado, está sujeita à aprovação de mais da metade do capital social. A designação no

contrato social dependerá dos termos deste.

O administrador nomeado em ato separado do contrato social deve investir-se no

cargo mediante termo de posse no livro de atas da administração, que deve ser firmado

dentro de trinta dias (sob pena da designação tornar-se sem efeito) e averbado no registro

competente da sociedade (junta comercial ou registro de pessoas jurídicas) nos dez dias

seguintes à investidura, acompanhado da qualificação completa do administrador e do ato

de nomeação, do qual deverá constar o prazo de gestão – a prazo certo ou a prazo

indeterminado.

A formalidade do termo de posse não é necessária quando o administrador for

nomeado no contrato social.

O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição, a qualquer tempo, do

titular, ou pelo término do prazo se, fixado no contrato ou em ato separado, não houver

recondução, mas a cessação só produz efeitos se for feita a averbação no registro

competente dentro de dez dias da ocorrência, com nomeação do substituto, se for o caso,

pois a sociedade não pode ficar privada de administração.

A destituição de sócio nomeado administrador no contrato social submete-se ao

quorum de 2/3 do capital social, salvo disposição contratual diversa. Nas demais hipóteses

de destituição de administrador – sócio nomeado em ato separado ou não sócio nomeado

no contrato ou em ato separado, o quorum legal é de maioria absoluta, i.e. mais da metade

do capital social (art. 1.071, III c/c art. 1.076, II do CC).

A renúncia de administrador torna-se eficaz, em relação à sociedade, desde o

momento em que esta toma conhecimento da comunicação escrita do renunciante. Mas em

relação a terceiros, a renúncia só produz efeitos após averbada no registro competente e

publicada (arts. 1.063, § 3º c/c 1.152, §1º do CC). Essa exigência da publicação é um plus

e um erro, pois a limitada como regra só está sujeita à publicidade do registro, não se lhe

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aplicando como regra a exigência de publicação de seus atos. Mas enquanto não alterada a

lei, a publicação, por cautela, deve ser feita.

Os administradores devem prestar contas ao término de cada exercício social e

apresentar aos sócios, para aprovação, o balanço patrimonial, a demonstração do resultado

e demais demonstrações financeiras aplicáveis, como previsto no art. 1.078 do CC. Esse é

o método de aprovação de contas na limitada.

4. Conselho Fiscal – O CC (art. 1.066) trouxe a inovação, inspirada nas sociedades

anônimas, de permitir a instituição pelo contrato social de conselho fiscal, com a finalidade

de fiscalizar a administração da sociedade, composto por três ou mais membros e

respectivos suplentes, sócios ou não, eleitos na assembleia anual, com mandato até a

assembleia anual subsequente (ou seja, o mandato refere-se ao exercício social em relação

ao qual o conselho fiscal deve exercer seus poderes de fiscalização).

A inovação constitui mera faculdade dos sócios, a ser introduzida ou não no

contrato social, que podem optar ou não pela solução do conselho fiscal.

Sócios minoritários que representem, em conjunto, ao menos 20% (vinte por cento)

do capital social, terão o direito de eleger, em votação em separado, um dos membros do

conselho fiscal e respectivo suplente. Serão eleitos os que obtiverem o maior número de

votos dentre os minoritários.

Não podem fazer parte do conselho fiscal pessoas inaptas para exercício da

administração (CC, art. 1011, §1º), os membros de outros órgãos da sociedade ou de outra

sociedade por ela controlada, os empregados de qualquer delas ou dos respectivos

administradores, o cônjuge ou parente destes até o terceiro grau.

Normas sobre a posse dos conselheiros fiscais, remuneração e poderes de

fiscalização estão previstas nos arts. 1.067 a 1.070 do CC.

5. Deliberações dos sócios – Uma das grandes inovações do CC é o

estabelecimento de quorum qualificado – e em geral elevado (2/3 ou 3/4 do capital social)

– para as deliberações mais relevantes da limitada. Rompe assim o CC com a tradição do

direito brasileiro de permitir a existência de limitadas regidas pelo sistema majoritário

simples ou de maioria absoluta, que predominaram até a vigência do CC.

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Uma primeira questão que se impõe é sobre a natureza meramente dispositiva ou

supletiva do quorum qualificado, que poderia ser afastado por disposição contrária do

contrato social, embora o CC não seja expresso no sentido de admitir que o contrato social

possa chegar a tanto. O fato é que o quorum de deliberação em sociedade de pessoas não

visa a princípio a proteger interesses públicos ou coletivos, mas é norma de disciplina

rigorosamente privada. Assim, a natureza da norma legal não seria cogente ou imperativa,

pois não há interesse de ordem pública a ser tutelado. Via de consequência, e apesar da má

técnica empregada pelo CC no particular, seria de rigor admitir-se disposição expressa do

contrato social a derrogar o quorum legal de natureza dispositiva ou supletiva, admitindo-

se inclusive a deliberação por maioria simples ou absoluta, como de tradição nas limitadas.

É recomendável que a matéria seja aperfeiçoada em oportuna atualização legislativa

do CC, inclusive para evitar insegurança jurídica. Até lá, a jurisprudência dirá se as regras

sobre quorum qualificado são meramente dispositivas ou supletivas – admitindo disposição

do contrato social em sentido contrário – ou se seriam cogentes e imperativas – não

admitindo o exercício da autonomia da vontade quanto ao tema. Aos que quiserem evitar a

polêmica até que a matéria seja pacificada, inclusive para adotar o princípio majoritário

simples ou absoluto, a solução será recorrer ao tipo societário das companhias ou

sociedades anônimas, como medida de segurança jurídica. E aí reside a minha maior crítica

ao sistema das limitadas no CC.

No sistema do CC deve observar-se o seguinte quanto ao quorum de deliberação

nas limitadas, tomando-se como referência a participação no capital social:

– unânime: transformação em outro tipo societário (a menos que haja autorização

do contrato social, hipótese em que a deliberação poderá ser majoritária),

conforme art. 1.114 do CC; mudança de nacionalidade de sociedade brasileira

(CC, art. 1.127); designação de administradores não sócios até a integralização

do capital social (CC, art. 1.061, primeira parte);

– três quartos (3/4): modificação do contrato social; incorporação, fusão, cisão e

dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação (pela natureza

envolvendo a reestruturação do patrimônio de sociedades, a cisão deve ser

considerada incluída no quorum, bem como a declaração de falência, pelo início

do processo de dissolução da sociedade);

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– dois terços (2/3): designação de administradores não sócios após integralizado o

capital social; destituição de sócio administrador nomeado no contrato social (a

menos que o contrato social contenha disposição diversa, CC, art. 1.063, § 1º);

– maioria absoluta (mais da metade do capital social): designação dos

administradores sócios, quando feita em ato separado; destituição de

administradores não sócios ou sócios designados em ato separado do contrato

social; remuneração dos administradores sócios ou não, quando não estabelecido

no contrato social; pedido de recuperação judicial ou extrajudicial, como

previsto em lei (a recuperação substitui a concordata, instituto referido no inciso

VIII do art. 1.071 do CC);

– maioria simples dos votos dos presentes nos demais casos previstos em lei ou no

contrato social, se este não dispuser sobre quorum qualificado, inclusive a

aprovação das contas da administração, que é a única matéria de competência

privativa da assembleia ou reunião dos sócios dentre as previstas no.rol do art.

1.071 do CC cujo quorum supletivo de deliberação é a maioria simples.

O rol de matérias que requerem deliberação formal dos sócios deve ser objeto de

deliberação em reunião ou assembleia de sócios, conforme art. 1.072 do CC.

Segundo o referido art. 1.072 do CC, a assembleia será obrigatória se o número de

sócios for superior a dez. Se o número de sócios for igual ou inferior a dez, o contrato

social deverá disciplinar se as deliberações dos sócios serão tomadas em assembleia formal

ou mera reunião.

Convém ao contrato social regular o modo de convocação da reunião de sócios se

estes forem iguais ou inferiores a dez, pois do contrário aplicar-se-á a regra do art.1.152,

§3º, no sentido de exigir-se convocação pública pela imprensa (aplicável à assembleia de

sócios).

De toda forma, as formalidades de convocação, tanto da reunião como da

assembleia, serão dispensadas quando todos os sócios comparecerem ou se declararem

cientes, ou quando todos decidirem por escrito sobre as matérias objeto da convocação,

como previsto nos §§ 2º e 3º do art. 1.072 do CC.

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31

No silêncio do contrato social, as regras legais sobre a assembleia de sócios serão

aplicáveis à reunião de sócios, conforme §6º do art. 1.072 do CC, bem como art. 1.079 do

CC.

É recomendável, por conseguinte, que o contrato social seja minucioso quanto à

regulação da reunião de sócios, se for objetivo destes afastar a disciplina supletiva da

assembleia de sócios.

A competência supletiva para convocação dos sócios para reunião ou assembleia

está regulada no art. 1.073 do CC. A instalação da assembleia, formação da mesa,

elaboração da ata e apresentação para arquivamento na junta comercial dentro de vinte dias

da deliberação estão previstos no art. 1.075 do CC. O prazo de vinte dias e a exigência de

arquivamento na junta comercial aplicam-se tanto à assembleia como à reunião de sócios,

pois não há sentido exigir-se o requisito de publicidade (i.e. arquivamento) num caso e não

no outro. Cumpre notar que tal dispositivo varia do prazo geral de apresentação para

arquivamento dentro de trinta dias (para fins de retroação dos efeitos do arquivamento à

data do ato), como consagrado no Direito Comercial brasileiro e previsto no art. 1.151, §1º

do CC, prescrevendo prazo especial de vinte dias para apresentação de atas de reuniões ou

assembleias de sócios à junta comercial, sob pena dos efeitos do ato só se produzirem a

contar da data do arquivamento (i.e. sem retroação à data do ato se houver excesso na

apresentação à junta comercial do prazo de vinte dias).

As deliberações tomadas em assembleia ou reunião de sócios, de conformidade

com a lei e o contrato social – e aí surge mais uma vez o caráter supletivo ou dispositivo,

de um lado, ou imperativo ou cogente, de outro, do quorum de deliberação quando taxativo

no CC --, vinculam todos os sócios, ainda que ausentes ou dissidentes (CC, art. 1.072, §5º),

ficando certo que eventuais deliberações infringentes do contrato ou da lei não vinculam

estes últimos e tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as aprovaram, a

teor do art. 1.080 do CC.

A assembleia ou reunião de sócios deverá realizar-se ao menos uma vez ao ano, nos

quatro meses seguintes ao término do exercício social, com o objetivo de tomar as contas

dos administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras do exercício (balanço

patrimonial e o de resultado econômico); designar administradores e fixar-lhes a

remuneração, quando for o caso; e tratar de qualquer outro assunto constante da ordem do

dia.

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Na limitada tal assembleia ou reunião anual pode assim tratar de qualquer matéria

de interesse dos sócios, desde que conste da ordem do dia, não ficando restrita ao rol de

matérias clássicas da assembleia geral ordinária das companhias.

A aprovação sem reserva das demonstrações financeiras, salvo erro, dolo ou

simulação, exonera de responsabilidade os membros da administração e do conselho fiscal

(se em funcionamento).

O prazo decadencial para anular a aprovação das demonstrações financeiras é de

dois anos, a contar da deliberação (CC, §4º do art. 1.078), ficando certo que a ata da

reunião ou assembleia deve ser apresentada a arquivamento na junta comercial dentro de

vinte dias a contar do evento (CC, §2º do art. 1.075), sob pena de o prazo só se contar da

data do arquivamento (CC, §2º do art. 1.151).

O mesmo pode ser dito do prazo decadencial de trinta dias para exercício do direito

de retirada de sócio que tenha dissentido de deliberação relativa à modificação do contrato

social, fusão, cisão ou incorporação da sociedade ou de outra sociedade por ela. Embora a

cisão tenha sido omitida pelo art. 1.077 do CC, a natureza de reestruturação do patrimônio

da sociedade é a mesma e, portanto, o direito de retirada deve incidir na espécie. Ao direito

de retirada e no silêncio do contrato aplica-se a regra supletiva de apuração de haveres pelo

valor de patrimônio líquido contábil, como prevista pelo art. 1.031 do CC.

É importante enfatizar que as deliberações infringentes do contrato social ou da lei

tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as aprovaram, conforme art.

1.080 do CC. Tal exceção pode aplicar-se à distribuição irregular de lucros que leve a

sociedade à insolvência, à dissolução irregular de sociedade, à prática de caixa dois, e

outros eventos irregulares. Em tal caso a responsabilidade dos sócios faltosos poderá ser

direta ou subsidiária, dependendo da natureza do evento.

6. Aumento e Redução do Capital – classicamente, o aumento é a regra, podendo

operar-se quando a sociedade necessite de novos recursos ou sócios para o prosseguimento

de suas atividades, e a redução é a exceção, só cabendo quando há excesso de capitalização

ou para absorção de prejuízos acumulados (arts. 1.081 a 1.084 do CC), sempre mediante

deliberação dos sócios e modificação do contrato social, com o devido registro na junta

comercial.

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33

O aumento pode ser realizado após a integralização do capital, através da

capitalização de reservas livres existentes na sociedade ou da subscrição de novas quotas,

com ingresso de novos recursos. No caso de subscrição de novas quotas, os sócios têm

preferência para participar do aumento, na proporção de suas quotas, pelo prazo de ao

menos trinta dias a contar da deliberação que aprovou o aumento (art. 1.081 e §§). Na

capitalização de reservas os sócios mantêm inalterada sua participação proporcional no

capital social. O mesmo dispositivo do CC prevê a possibilidade de cessão do direito de

preferência, observadas as mesmas regras sobre a cessão de quotas, conforme art. 1.057 do

CC. A cessão, se houver, pode ser onerosa ou gratuita.

A redução por excesso de capitalização implica em redução do capital, via

devolução dos recursos aos sócios ou dispensa das prestações ainda devidas, no todo ou em

parte, com diminuição proporcional do valor nominal das quotas ou cancelamento

proporcional das quotas sociais, se tiverem o mesmo valor nominal. A eficácia da

deliberação de redução, no caso, fica sujeita à não oposição de credores quirografários por

título líquido anterior à deliberação de redução, manifestada no prazo decadencial de

noventa dias da data de publicação da ata da assembleia ou reunião de sócios que deliberar

a redução- nesse caso a publicação da ata é essencial para a fluência do prazo- ou se

provado o pagamento ou o depósito judicial do respectivo valor.

7. Dissolução – a matéria sobre dissolução, liquidação e extinção da limitada, tenha

ou não regência supletiva pela legislação aplicável às sociedades anônimas (art. 1.053, §

único do CC), é tratada nas regras gerais do CC (art. 1.087 c/c arts. 1.102 a 1.112).

Seção V – Sociedade Anônima

O CC remete a regulação da sociedade anônima ou companhia à legislação

especial, aplicando-se as suas disposições apenas subsidiariamente (arts. 1.088 e 1.089).

Em linha com a LSA, limita-se a estabelecer que o capital da companhia dividi-se em

ações e a responsabilidade dos sócios é limitada ao preço de emissão das ações subscritas

ou adquiridas.

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Seção VI – Sociedade em Comandita por Ações

Com ligeiras variações sem significação de substância, os arts. 1.090 a 1.092 do

CC reproduzem os arts. 280 a 283 da LSA. A diferença mais marcante é que a sociedade

em comandita por ações, no regime do CC, tanto pode operar sob firma ou denominação

designativa de seu objeto social, aditada da expressão comandita por ações (art. 1.161 do

CC). Na LSA, só há previsão da sociedade em comandita por ações operar sob firma ou

razão social da qual só farão parte os nomes dos sócios diretores. Em qualquer caso, os

sócios diretores respondem subsidiária, solidária e ilimitadamente pelas obrigações

sociais. Na divergência, que é pequena, prevalece o CC, que é a lei mais recente. O CC

também estabelece prazo de dois anos de responsabilidade dos diretores destituídos ou

exonerados pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração.

Os sócios diretores são necessariamente pessoas naturais, sendo sócios

comanditados (responsabilidade ilimitada), e os demais, pessoas físicas ou jurídicas, são

os sócios comanditários (responsabilidade limitada ao preço de emissão das ações

adquiridas ou subscritas).

A assembleia geral não pode, sem o consentimento dos diretores, mudar o objeto

essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou diminuir o capital

social, criar debêntures, ou partes beneficiárias.

Este tipo societário está em desuso há anos, tendo sido inteiramente suplantado

pelas sociedades anônimas e limitadas, tendo em vista a limitação da responsabilidade nas

últimas.

Cabe fazer a ressalva de que o projeto da LSA propunha a admissão de pessoas

jurídicas como sócios comanditados, como ocorre em geral na Europa (Alemanha e

Luxemburgo, dentre outros), o que permitiria a viabilização do tipo societário, pois a

limitação de responsabilidade poderia estar no nível acima dos sócios. Aí haveria a

utilidade do tipo societário, em situações em que é relevante chamar a garantia de crédito

dos sócios, que estão dispostos a assumir a responsabilidade ilimitada, pois a limitação

estará presente no segundo nível. Grupos europeus fazem gozo desta forma societária

para, por exemplo, trazer melhor classificação de risco a empresas de captação de recursos

do conglomerado, que se beneficiam do crédito de empresas operacionais do mesmo

grupo, via atuação como sócias comanditadas, para fazer a captação de recursos

DOCS - 1086588v1

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financeiros àquele grupo econômico, utilizando plenamente o potencial de crédito do

conjunto.

Seção VII – Sociedade Cooperativa

É tipo especial de sociedade, regida pelos arts. 1.093 a 1.096 do CC e por várias leis

especiais, como as Leis 5.764/71, 8.630/93, 9.867/99 e a LC 130/09, regulando atividades

produtivas rurais e urbanas dos cooperativados (produtores de café, açúcar, mel,

trabalhadores portuários avulsos, serviços de táxi e vans, serviços médicos, dentre muitos

outros), bem como atividades de cooperativas sociais e de crédito cooperativo.

Podem ou não ter capital social e a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou

ilimitada. No primeiro caso, o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo

prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação. No

segundo caso, o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, mas

em caráter subsidiário, em vista da personificação da cooperativa.

A sociedade cooperativa é necessariamente simples, como gênero, mas seu registro

deve ser feito na junta comercial, por força da Lei nº 5.764 (cf. Enunciado nº 69 do CEJ). É

regida subsidiariamente pelas normas da sociedade simples (espécie).

Seção VIII – Sociedades Coligadas

Ao trazer as regras de coligação e controle para o seu texto (arts 1.097 a 1.101),

visando em certa medida qualificar o chamado grupo de fato, o CC causa uma certa

confusão conceitual com a LSA, que possui regulação mais atual sobre a matéria, inclusive

por força de alterações posteriores ao CC, e que prevalecem tanto pela norma especial

como pela mais nova, no que tange às sociedades por ações.

Primeiro, como gênero, o CC define coligadas como sendo controladas, filiadas

(que o CC usa no sentido de coligadas em espécie, enquanto a LSA trata filiadas como

sinônimo de controladas) ou de simples participação (categoria que não inclui a simples

participação em eventual grupo de fato e, a princípio, é irrelevante para o Direito, por isso

mesmo é ignorada na LSA).

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Trata em seguida o CC de controle direto e indireto de uma sociedade por outra,

segundo o conceito clássico de que controle significa possuir a maioria de votos nas

deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores - conceito esse que,

nas limitadas, ficou pouco nítido ou ao menos diluído pelo quorum muito elevado das

deliberações mais relevantes naquelas sociedades.

O conceito de coligação stricto sensu do CC, já ultrapassado pelas modificações na

LSA, que promoveram sua adaptação ao padrão internacional de normas contábeis (IFRS),

é de que há coligação quando uma sociedade participa do capital de outra com dez por

cento ou mais, sem controlá-la. Hoje basta que haja relevância do investimento para que

haja coligação. A presunção da LSA é de que há coligação quando uma sociedade possui

vinte por cento ou mais do capital de outra, sem controlá-la.

Por fim, o CC estabelece regras sobre participação recíproca de sociedades,

limitando-a às reservas livres, estabelecendo prazo máximo de cento e oitenta dias da

aprovação do balanço para eliminação de participação recíproca excessiva e suspendendo o

respectivo direito de voto no período em que verificado o excesso. Nas sociedades

anônimas, em qualquer caso, as ações da controladora de propriedade da controlada terão

suspenso o direito de voto (LSA, art. 244, §2º).

Seção IX – Liquidação da Sociedade

As normas sobre liquidação e extinção das sociedades de pessoas, uma vez ocorrida

sua dissolução, são essencialmente de procedimento e estão disciplinadas nos arts. 1.102 a

1.112 do CC, que são complementados pelas regras do contrato social e da deliberação dos

sócios, se houver. O fundamental é perceber que a extinção da pessoa jurídica percorre um

caminho complexo: regular dissolução, nos termos da lei, do contrato social e da

deliberação dos sócios, se houver; fase de liquidação para apuração dos ativos e pagamento

dos passivos, sendo o saldo distribuído entre os sócios; declaração de extinção com a

aprovação das contas do liquidante e o regular encerramento da fase de liquidação.

O liquidante deve limitar-se aos atos necessários à ultimação dos negócios da

sociedade, realização do ativo, pagamento do passivo e partilha do remanescente entre os

sócios, sendo-lhe vedado prosseguir na atividade social regular, embora a sociedade

preserve a personalidade jurídica até que finda a fase de liquidação. A firma ou

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denominação social deve passar a ser seguida pela expressão “em liquidação” (arts. 1.103,

(iv) e § único c/c 1.105, § único).

No caso de liquidação judicial, será observado o disposto na lei processual, e, em se

tratando de falência, na lei falimentar (CC, art. 1.111).

Os instrumentos de dissolução e de encerramento da liquidação e extinção da

sociedade devem ser registrados no registro próprio, dando-se baixa ainda em todas as

inscrições fiscais da sociedade e publicando-se a ata de reunião ou assembleia que

encerrou a fase de liquidação e aprovou a extinção da sociedade.

O sócio dissidente na aprovação das contas do liquidante tem até trinta dias, a

contar da publicação da ata de reunião ou assembleia que encerrou a fase de liquidação e

aprovou a extinção da sociedade, para promover a ação cabível.

O credor não satisfeito só terá direito de exigir dos sócios, individualmente, o

pagamento de seu crédito, até o limite da soma por eles recebida em partilha, e a propor

contra o liquidante ação de perdas e danos.

Seção X – Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão de Sociedades

Os conceitos de transformação, incorporação, fusão e cisão não chegaram a ser

desenvolvidos de modo tão completo como na LSA, mas cabe fazer um resumo da matéria.

1. Transformação – regulada pelos arts. 1.113 a 1.115 do CC, consiste na

transformação de um tipo societário em outro, desde que haja compatibilidade, sem

implicar em solução de continuidade da sociedade (que assim não passa por dissolução e

liquidação), adaptando-se o contrato ou estatuto social segundo os preceitos reguladores da

constituição e inscrição próprios do tipo em que vai converter-se a sociedade e fazendo-se

o arquivamento dos atos de transformação nos registros próprios. Geralmente é feita

mediante a transformação de limitada em sociedade anônima e vice-versa, mas qualquer

tipo societário pode estar envolvido, se adequado à atividade e respectivo objeto social. Em

situações excepcionais, até mesmo uma associação sem fins lucrativos poderá ser

transformada em sociedade, como ocorreu no processo de desmutualização das bolsas de

valores (estas, antes sujeitas à regulamentação que as tratava como associações civis sem

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fins lucrativos, foram autorizadas pelo Conselho Monetário Nacional e pela CVM a se

converterem em sociedades anônimas).

A transformação depende do consentimento unânime dos sócios, salvo se

previamente autorizada pelo estatuto ou contrato social, caso em que o dissidente poderá

retirar-se pelos critérios de reembolso ou apuração de haveres aplicáveis (no silêncio do

estatuto ou contrato social, consistem no valor de patrimônio liquído das participações

objeto da retirada). A LSA, no art. 221, §único, admite a renúncia ao direito de retirada no

contrato social, em caso de transformação em companhia. Não faz o mesmo na situação

oposta, de transformação em outro tipo societário, até porque o direito de retirada é

considerado essencial (art. 109, V da LSA). No silêncio do CC quanto à renúncia, tratando-

se de norma posterior, poder-se-ia entender revogada a possibilidade de renúncia.

A transformação não modifica ou prejudica o direito dos credores, que em caso de

falência podem reivindicar que a regência dos créditos anteriores à transformação, no

tocante à responsabilidade dos sócios, obedeça ao tipo societário anterior, vigente quando

da constituição dos créditos.

2. Incorporação – regulada, junto com a fusão e a cisão – que serão vistas em

seguida – pelos arts. 1.116 a 1.122 do CC, consiste na incorporação de uma ou mais

sociedades por outra, que lhes sucede em caráter universal em todos os direitos e

obrigações, extinguindo-se as incorporadas e não havendo solução de continuidade da

incorporadora, que subsiste agregando a seu patrimônio o patrimônio das incorporadas. A

incorporação deve ser aprovada por todas as envolvidas, incorporadora e incorporadas,

observados os respectivos tipos societários.

Os atos societários de aprovação da incorporação devem deliberar sobre as bases da

operação, as relações de troca de ações ou quotas, a subscrição de capital, se for o caso, a

nomeação dos peritos que avaliarão os patrimônios e aprovação dos respectivos laudos, a

reforma do contrato ou estatuto e a autorização aos administradores para a prática dos atos

pertinentes, inclusive arquivamento dos atos da incorporação no registro próprio.

A incorporação é operação societária de reestruturação muito útil e de larga

utilização, visando a concentração de patrimônios distintos numa única sociedade, quando

não mais subsistem as razões da separação patrimonial. Como a sociedade incorporadora

remanesce, as respectivas licenças de operação e registros fiscais mantêm-se íntegros,

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possibilitando a continuidade operacional. A fusão, que tem natureza muito similar, de

reunião de patrimônios, não tem esta vantagem, pois as sociedades existentes são extintas,

criando-se nova sociedade que aglutina os patrimônios das fusionadas. Por essa precisa

razão, de preservação da incorporadora como going concern, a incorporação é mais útil e a

forma mais empregada para reunião de patrimônios de duas ou mais sociedades.

3. Fusão – consiste na fusão de duas ou mais sociedades, com a criação de

sociedade nova, que lhes sucede em caráter universal em todos os direitos e obrigações,

extinguindo-se as sociedades fusionadas. O patrimônio da sociedade nova é formado pelo

somatório do patrimônio das sociedades fusionadas, que devem aprovar a fusão,

observados os respectivos tipos societários.

Os atos societários de aprovação da fusão devem deliberar sobre a criação da nova

sociedade, aprovação do estatuto ou contrato social e nomeação dos novos

administradores, bem como sobre a distribuição do capital e a nomeação dos peritos e

aprovação dos laudos de avaliação dos respectivos patrimônios (devendo os sócios de cada

sociedade fusionada abster-se de deliberar sobre o laudo de avaliação de sua sociedade, a

não ser que todos os sócios das referidas sociedades sejam sócios de todas as sociedades

fusionadas, onde então a abstenção será impossível, como no aumento de capital com

integralização de bem de propriedade de todos os sócios), autorizando-se os

administradores da nova sociedade a praticarem os demais atos pertinentes, inclusive

arquivamento dos atos de fusão no registro próprio.

4. Cisão – embora se refira à cisão no título do cap. XX e no art. 1.122, o CC não

chega a defini-la ou regulá-la, embora o instituto esteja previsto na LSA. A cisão é

operação pela qual o patrimônio da sociedade, no todo ou em parte, é vertido para uma ou

mais sociedades, novas ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida se houver

versão de todo seu patrimônio. A sucessão, na cisão, está regulada no art. 233 da LSA,

havendo sucessão universal na cisão total, respondendo solidariamente as sociedades

incorporadoras, e solidariedade na cisão parcial, entre cindida e incorporadoras, pelas

obrigações anteriores à cisão, a menos que o ato da cisão delimite a responsabilidade das

últimas ao patrimônio transferido e não haja oposição de credores, manifestada no prazo de

noventa dias da publicação dos atos da cisão.

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Seção XI – Sociedade Dependente de Autorização

Disposições gerais – os artigos 1.123 a 1.141 do CC traçam regras gerais aplicáveis

a sociedades que dependam de autorização do governo federal para funcionar, bem como

regulam a nacionalidade brasileira e o funcionamento no País de sociedades estrangeiras.

Sociedade nacional – com a revogação do art. 171 da CF pela EC 6/95, as regras

sobre nacionalidade das sociedades passaram à legislação infraconstitucional, como de

tradição no nosso direito. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei

brasileira e que tenha no País a sede de sua administração. A mudança de nacionalidade de

sociedade brasileira requer o consentimento unânime dos sócios ou acionistas.

Em função do requisito da sede da administração no País, a lei exige residência

permanente no País dos administradores de sociedades brasileiras que exerçam funções

executivas de representação ativa e passiva da sociedade. Admite-se a residência de

conselheiros de administração no exterior, mas não de diretores e sócios administradores.

A sociedade deve organizar-se segundo a lei brasileira, ser aqui registrada e

estabelecer no País a sede de sua administração. Os sócios podem ou não ser residentes no

Brasil, mas a sociedade será brasileira se cumpridos os requisitos a tanto, admitindo-se

sócios não residentes tanto em sociedades anônimas como em limitadas.

Sociedade estrangeira – a sociedade estrangeira só pode funcionar no País

mediante autorização do governo federal. Isso se aplica ao funcionamento direto da

sociedade estrangeira, através de estabelecimento ou filial.

O art. 1.134 do CC, que reproduz norma antiga da LSA, autoriza expressamente a

sociedade estrangeira a ser acionista de sociedade anônima brasileira, independentemente

da autorização de funcionamento, que só se aplica ao funcionamento direto. Embora

omissa em relação às limitadas, é da tradição de nosso direito permitir que estrangeiros,

residentes ou não, participem do capital das sociedades brasileiras. Assim, não há

limitação. Por questão de segurança jurídica, o contrato social da limitada pode prever a

aplicação supletiva das normas atinentes às sociedades anônimas, que permitem, de forma

expressa, a participação no capital de sociedade estrangeira.

O art. 1.141 do CC faculta a nacionalização da sociedade estrangeira autorizada a

funcionar no País.

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Via de regra, sociedades estrangeiras que querem funcionar no País aqui formam

uma limitada ou sociedade anônima, regida pela lei brasileira, e que em geral não requer

autorização de funcionamento – salvo atividades dependentes de autorização do governo

federal.

Capítulo V – Estabelecimento

Disposições gerais – regulado pelos arts. 1.142 a 1.149 do CC, considera-se

estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por

empresário ou sociedade empresária. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos

e negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com sua

natureza. Portanto, pode o estabelecimento ser tratado como universalidade de fato e de

direito. Pode compreender bens e direitos, tais como bens e direitos alocados ao

estabelecimento, contratos de serviços ou locação de bens e relações trabalhistas

vinculadas ao estabelecimento.

O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou o arrendamento de

estabelecimento só produz efeitos em relação a terceiros depois de averbado na junta

comercial, à margem do registro do respectivo empresário ou sociedade empresária, e

publicado na imprensa oficial. Quanto à publicação, deve ser observado o art. 1.152 do

CC, cujo §1º requer a publicação no diário oficial e em jornal de grande circulação.

A alienação de estabelecimento pressupõe a manutenção da solvência do alienante.

Se, ao revés, não lhe restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da

alienação do estabelecimento dependerá do pagamento de todos os credores ou do

consentimento destes, expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.

O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à

transferência, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um

ano, a contar da publicação, quanto aos vencidos, e da data do vencimento, quanto aos

outros. Prescreve o art. 1.146 do CC que tal obrigação aplica-se aos débitos regularmente

contabilizados, mas pode estender-se aos débitos ocultos ou contingenciais, que serão

suportados pelo adquirente ou pelo alienante, dependendo da avença feita entre ambos. No

silêncio, serão geralmente suportados pelo alienante.

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O alienante do estabelecimento não poderá fazer concorrência ao adquirente nos

cinco anos subsequentes à transferência, salvo autorização expressa. No arrendamento ou

usufruto, a proibição persistirá durante o prazo do contrato. É típica cláusula legal de não

concorrência, visando a proteger a viabilidade econômica do estabelecimento.

O art. 1.148 do CC encerra norma supletiva no sentido de que, salvo estipulação

diversa, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados

para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros

rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se houver

justa causa anterior ou durante tal período, ressalvada a eventual responsabilidade do

alienante. Se a justa causa for posterior, aplica-se o regime geral de possibilidade de

rescisão e de proteção à parte inocente.

A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em

relação aos respectivos devedores, desde a publicação da transferência, mas o devedor

ficará exonerado se de boa fé pagar ao cedente, cabendo nesse caso restituição pelo cedente

ao cessionário.

Vale conferir os Enunciados do CEJ nºs 233, 234 e 393, sobre a matéria.

Capítulo VI – Institutos Complementares

Seção I – Registro

O sistema de registro do CC, regulado em seus artigos 1.150 a 1.154, sem embargo

da unificação do direito das obrigações, não inova em relação ao antigo sistema, em que

havia dicotomia de registro em função da atividade ser civil ou comercial. Agora, é

mantida a mesma prática só que no tocante à atividade simples ou empresarial. Os

empresários e sociedades empresárias vinculam-se ao registro de empresas mercantis, a

cargo das juntas comerciais organizadas a nível estadual, e as sociedades simples ou não

empresárias vinculam-se ao registro civil das pessoas jurídicas, também organizado a nível

estadual, exceção feita a registros regulados por lei especial, como é o caso das sociedades

de advogados, sujeitas a registro nas OAB’s estaduais, conforme a jurisdição da sede e

respectivas filiais, nos termos do EA.

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É mantida também a regra geral e clássica do direito societário brasileiro de que o

registro deve ser requerido dentro de trinta dias da celebração ou lavratura do respectivo

ato societário, retroagindo os efeitos do registro à data do ato. Se requerido após trinta dias,

o registro só produzirá efeitos a partir da data de sua concessão. Cumpre referir o prazo

menor de vinte dias no capítulo dedicado às limitadas, que vale como regra especial e

exepcional.

É importante lembrar que as sociedades personificadas só adquirem personalidade

jurídica com o registro e que devem observar o regime de registro de seus atos societários,

sempre que aplicável. Mesmo no caso de sociedades não personificadas, como o consórcio,

que geralmente constitui sociedade em função da previsão da partilha de resultados, o

registro pode ser essencial para a caracterização do tipo societário. Pode ser também

recomendável, para fins de segurança jurídica, embora não essencial, como a sociedade em

conta de participação.

Seção II – Nome Empresarial

Está regulado pelos artigos 1.155 a 1.168 do CC, e segue a disciplina clássica de

poder representar-se por firma ou denominação, dependendo do tipo societário e do regime

próprio, aplicando-se tanto ao nome dos empresários e das sociedades empresárias como

das sociedades simples ou não empresárias e das associações e fundações (art. 1.155).

O empresário individual deve operar sob firma constituída por seu nome,

completo ou abreviado, que poderá ser aditado ou não, à sua escolha, de designação mais

precisa de sua pessoa ou do gênero de atividade.

A empresa individual de responsabilidade limitada tem o nome formado por firma

ou denominação, ou seja tem o nome de seu titular, completo ou abreviado, ou nome de

fantasia, seguido da expressão EIRELI.

As sociedades com sócios de responsabilidade ilimitada operam sob firma

composta pelo nome de ao menos um deles, completo ou abreviado, seguida pela

expressão e companhia ou sua abreviatura (Cia), salvo a sociedade em comandita por

ações, que pode adotar denominação designativa do objeto social, aditada de comandita

por ações (conforme art. 281, § único da LSA, a expressão comandita por ações, por

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extenso ou abreviada, deve aparecer ao final do nome, utilize-se firma ou denominação), e

a sociedade simples, que opera sob denominação, ainda que de responsabilidade ilimitada

(art. 997, II c/c VIII do CC)..

A sociedade limitada pode adotar firma ou denominação, integradas ao final por

limitada ou sua abreviação (Ltda), embora geralmente e quase sempre as limitadas adotem

a denominação, até pelo regime de responsabilidade. Nada impede que nome de sócio

componha a denominação, que deve ser designativa do objeto da sociedade. Essa exigência

de designação do objeto no nome constitui retrocesso do CC, pois a legislação anterior ao

CC já admitia denominação puramente de fantasia de limitada, sem tal requisito. Mas a

formalidade persistirá até que o dispositivo seja aperfeiçoado (art. 1.158 do CC). Por outro

lado, o uso de limitada ao final do nome, por extenso ou abreviada, é essencial à limitação

de responsabilidade dos sócios, a teor do §3º do art. 1.158, que prescreve a

responsabilidade solidária e ilimitada dos sócios se houver omissão da expressão limitada

ao final. O mesmo raciocínio é aplicável à sociedade simples de responsabilidade limitada,

tal qual facultado pelo art. 997, VIII do CC, que deverá adotar a expressão limitada ao final

do nome sob pena de transmudar a limitação .de responsabilidade dos sócios em ilimitação

de caráter solidário. Por questão de segurança jurídica, ressalte-se, a sociedade simples de

responsabilidade limitada deve adotar o tipo societário de limitada, sob pena de os sócios

terem a proteção ao seu patrimônio pessoal extremamente fragilizada, se contarem com

simples proteção de índole contratual.

A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada por cooperativa,

geralmente no início do nome.

A sociedade anônima ou companhia opera sob denominação designativa do objeto

social integrada pelas expressões companhia ou sociedade anônima, expressas por extenso

ou abreviadamente, mas vedada a utilização da primeira ao final do nome (art. 3º LSA, de

modo a não confundir com nome de sociedades de responsabilidade ilimitada). Deve ser

escolhida uma ou outra, companhia ou sociedade anônima, pois ambas designam o mesmo

tipo societário e a utilização simultânea importaria em bis in idem. Nome de sócio pode

integrar a denominação. Tal qual na limitada, a exigência da designação do objeto no nome

importa em retrocesso e retorno à legislação da década de 40 do séc. passado, pois desde a

LSA, de 1976, tal requisito não mais é exigido. Aqui também a formalidade persistirá até

que o dispositivo seja aperfeiçoado (art. 1.160 do CC). Nomes anteriores ao CC estão sob a

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proteção do direito adquirido, como têm reconhecido as juntas comerciais, nos processos

de arquivamento.

A sociedade em conta de participação não tem nome (CC, art. 1.1620). Já o

consórcio pode ter designação (art. 279, I, LSA).

O nome empresarial deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito, constituindo

direito e garantia fundamental a proteção ao nome das empresas, conforme art. 5º, XXIX

da CF e art. 1.166 do CC. Em caso de confusão de nomes, seja pela atividade e/ou pela

atuação geográfica, cabe recurso administrativo ou judicial pelo prejudicado, mediante a

medida própria.

Seção III – Prepostos

Os artigos 1.169 a 1.178 do CC regulam as atividades dos prepostos das sociedades

e de sua vinculação às instruções recebidas. A expressão gerente não é usada no sentido de

administrador, mas de preposto permanente no exercício da empresa. Os lançamentos

feitos pelo contabilista nos livros e registros do preponente são considerados como feitos

por este, salvo má fé.

No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis perante

os preponentes pelos atos culposos; e perante terceiros, solidariamente com os

preponentes, pelos atos dolosos.

Os preponentes são responsáveis pelos atos dos prepostos, praticados nos seus

estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito.

Quando os atos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão o preponente

nos limites dos poderes conferidos por escrito.

Capítulo VII – Escrituração

Os artigos 1.179 a 1.195 tratam de normas gerais sobre a escrituração contábil do

empresário e da sociedade empresária. A escrituração contábil é obrigatória em tais casos.

Releva notar que é um tanto antiquada e não adaptada ao séc. XXI. Hoje, com toda

complexidade e sofisticação do sistema tributário e trabalhista não há empresário,

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sociedade, associação e fundação que possa sobreviver e cumprir obrigações legais sem

manter contabilidade perfeitamente organizada para registro de receitas, despesas, custos e

investimentos. As sociedades anônimas e limitadas de grande porte estão sujeitas à

legislação especial e ao sistema de contabilidade internacional (IFRS).

Título II – Regime das Sociedades Anônimas na Lei 6.404/76 (atualizada) –

LSA

Capítulo I – Características e Natureza da Companhia ou Sociedade Anônima

Características -- artigo 1º – As companhias ou sociedades anônimas, criadas no

início do século XVII, sendo a primeira delas identificada pela maioria pacífica da doutrina

como a Companhia Holandesa das Índias Orientais, revestem o tipo societário que segundo

RIPERT representa a grande invenção jurídica para o desenvolvimento da humanidade.

Naquela época, caracterizada pelas descobertas de novas fronteiras, pelas expedições

marítimas, colonizações e incremento comercial, as coroas precisaram se aliar aos capitais

acumulados disponíveis, dos senhores feudais, súditos e comerciantes, para financiar todo

o esforço da grande navegação, da conquista e manutenção de territórios e de incremento

comercial e das relações de trocas. Ao conceito da personificação jurídica e da criação de

um patrimônio apartado do patrimônio dos sócios – já consolidado desde a Idade Média

nas cidades italianas – agregou-se a extensão da limitação da responsabilidade a todos os

sócios e a introdução ou extensão do conceito de títulos de crédito – transmudados em

valores mobiliários --, através da incorporação ou coisificação de direitos de sócio em

títulos padronizados e a livre e autônoma circulação destes valores mobiliários

representativos do capital social, denominados ações.

Nasceram assim as companhias ou sociedades anônimas, com a designação

inspirada nas antigas organizações religiosas – repartição do pão -- e na ausência de sócio

que atribuísse nome à sociedade, pela limitação de responsabilidade de todos os sócios.

Essa a razão para sociedade anônima, e não a inexistência de dono ou o capital

representado por títulos ao portador, como já foi possível aqui e ainda é alhures.

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Após enorme impulso inicial na Europa continental e no Reino Unido, as

companhias entraram em crise em função dos primeiros escândalos envolvendo fraudes no

mercado de capitais, na França e Inglaterra, no século XVIII. Chegaram a ser proibidas e

proscritas por longo período em tais países. Voltaram com toda a força no século XIX,

como o motor jurídico da Revolução Industrial e nunca mais pararam, tendo papel

proeminente na transformação de insumos e produção de bens e serviços nas duas Grandes

Guerras até o salto tecnológico em pleno desenvolvimento nos dias de hoje. São

responsáveis pela produção de alimentos, pela produção de bens e serviços de toda

natureza e complexidade, tendo gigantesca responsabilidade em toda questão social e

ambiental e na concepção de um mundo sustentável.

As companhias aliam personificação, responsabilidade limitada de todos os sócios,

emissão de valores mobiliários padronizados e que podem circular na economia –

atribuindo circulação, liquidez e valor a esses títulos – e, face ao acesso às poupanças

disponíveis na economia, através das técnicas desenvolvidas pelo mercado de capitais, a

possibilidade de captação de recursos monetários em massa para financiamento de seus

projetos e empreendimentos.

O desenvolvimento das sociedades anônimas desde o séc. XVII até hoje permitiu

que um instrumento que teve origem no direito público – representando uma concessão ou

autorização do Estado para que os capitais privados a ele se aliassem – passasse

plenamente ao direito privado, a partir da liberdade na criação de sociedades anônimas

como hoje as conhecemos. Mas a dupla regulação de direito público e privado, nas

sociedades de economia mista – quando o Estado, como antes, alia-se aos capitais privados

para levar a efeito empreendimentos de interesse estratégico e coletivo – ou nas

companhias abertas, que mesmo sendo privadas captam recursos monetários junto à

poupança popular – via mercado de capitais – e devem se submeter à regulação pelo

Estado, em proteção à dita economia popular e como forma de evitar fraudes e excessos

que tão duramente têm castigado a credibilidade do mercado de capitais, desde os

escândalos franceses e ingleses ainda no século XVIII até os mais recentes excessos em

economias desenvolvidas como a dos EUA. Como resultado disso tudo, as companhias

possuem elevados padrões de conduta, estão sujeitas a sofisticada estrutura organizacional,

a demonstrações financeiras periódicas, a distribuição compulsória de resultados e à

regulação pelo poder público, ao captarem recursos junto à poupança popular.

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A regulação da LSA contempla desde a companhia aberta – que acessa o mercado

de capitais – até a companhia fechada, que não acessa a poupança popular e tem menos

regulação pelo Estado, mas que pode desenvolver-se e tornar-se aberta ou optar por ser

uma companhia de desfrute da segurança jurídica do tipo societário e dos elevados padrões

éticos, organizacionais e contábeis desenhados pela LSA, extremamente úteis em casos de

joint ventures e empreendimentos sofisticados de toda natureza. Pode também ser

sociedade de economia mista, criada por lei, controlada pelo poder público, mas que acessa

poupanças privadas.

Nas companhias a limitação de responsabilidade dos sócios – denominados

acionistas – incide sobre o preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas, criando a

LSA responsabilidade solidária do alienante com o adquirente até a integralização das

ações transferidas, pelo prazo de dois anos, a contar da data de transferência das ações (art.

108).

Objeto Social e Prazo de Duração – artigo 2º

O estatuto social deve definir o objeto de modo preciso e completo, embora possa

ser bastante amplo. Pode ser objeto da companhia qualquer atividade econômica – e,

portanto, de fim lucrativo – não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes.

Geralmente esse objeto é exercido pelo prazo de duração da companhia, em geral

indeterminado, e pode ser ampliado, diversificado ou restringido ao longo da vida da

companhia..

A companhia será sempre empresária e se regerá pelas leis e usos do comércio.

Logo, a atividade social deve ser compatível com a empresarial, necessariamente.

Atividades intelectuais fim, como é o caso da advocacia, não são compatíveis com o tipo

societário, pois por definição exercem atividades não empresariais. Isso não se aplica a

empreendimentos em que a atividade intelectual seja elemento da empresa, mas não

exercida a título de atividade fim, como é o caso dos médicos em relação a hospitais e

casas de saúde e dos engenheiros em relação a empresas de construção ou incorporação

imobiliária, cuja atividade fim compreende uma gama de atividades para as quais o

elemento intelectual é essencial, mas não o fim em si mesmo ( os hospitais e casas de

saúde prestam serviços de hotelaria, enfermagem, exames laboratoriais, de imagem, e

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outros; as empresas de construção e incorporação imobiliária prestam serviços de

construção de prédios e equipamentos de grande porte, bem como a venda de unidades

imobiliárias, dentre outros).

A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades. Ainda que não

prevista no objeto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto. Assim, a

companhia pode participar do capital de outras sociedades que se dediquem a objeto social

compatível com o seu, que se insira dentro do escopo do objeto da companhia.

Companhias que se dediquem exclusivamente a participar do capital de outras

sociedades são chamadas de holdings puras. Como é o caso da antiga Siderbras, que tinha

por objeto participar do capital de companhias operacionais siderúrgicas, como a

Companhia Siderúrgica Nacional, a Companhia Siderúrgica de Tubarão, a Usiminas, a

Cosipa e outras. Ela Siderbras não desempenhava atividades operacionais.

Companhias que participem do capital de outras, mas que também desempenhem

atividades operacionais, são chamadas de holdings mistas ou operacionais. Como é o caso

da Petrobras e da Vale S.A., que desempenham atividade própria, na exploração do

petróleo e do minério de ferro, respectivamente, mas que detêm o controle de uma série de

outras sociedades, especializadas em logística, transporte ferroviário e marítimo,

distribuição, etc., formando dois dos maiores grupos econômicos brasileiros.

Companhias que se dediquem exclusivamente a um projeto ou atividade bem

específica e definida são chamadas de sociedades de propósito especial – as SPE’s – com

inspiração no direito anglo-saxão, onde são chamadas de special purpose companies ou

vehicles – as SPC’s. Podem ter prazo de duração definido ou indeterminado, dependendo

da natureza do empreendimento para o qual foi criada. Em geral também vigoram a prazo

indeterminado, como as demais sociedades

O prazo de duração, sempre fixado no estatuto social – documento de regência

interna das companhias – pode ser indeterminado, como acontece em geral, ou a prazo

determinado, se a sociedade tiver sido criada para o exercício de atividade limitada no

tempo, o que raramente ocorre.

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Denominação – artigo 3º

O tipo societário é designado por denominação de fantasia, em oposição à razão

social que designava as antigas sociedades de pessoas de responsabilidade ilimitada, que

utilizavam o nome do sócio principal, como regra, e faziam menção aos demais sócios ao

final do nome com a expressão “e companhia”. Com o advento da responsabilidade

limitada dos sócios, praticamente deixaram de existir no Brasil as clássicas sociedades de

responsabilidade ilimitada, ressalvados casos em que a lei imponha tal obrigação, como

ocorre nas sociedades de advogados.

A denominação de fantasia deve conter as expressões “companhia” ou “sociedade

anônima”, por extenso ou abreviadamente (Cia ou S.A.), mas vedada a utilização de

“companhia” ao final do nome, para não causar confusão com as antigas sociedades de

responsabilidade ilimitada. As expressões devem ser usadas uma ou outra, sem

cumulatividade, pois designam o mesmo tipo societário, conquanto tenham raízes distintas.

A expressão “companhia”, utilizada desde a primeira sociedade anônima no século XVII –

Companhia Holandesa das Índias Orientais -, é associada às antigas ordens religiosas,

como a Companhia de Jesus, que eram formadas para serem titulares do patrimônio da

Igreja e tinham essa designação como referência ao compartilhamento do alimento ou

simplesmente do pão. As sociedades anônimas foram assim designadas em França não

porque não tinham sócios, mas porque os sócios não davam nome à sociedade, como nos

casos das sociedades de pessoas de responsabilidade ilimitada, em que isso ocorria. Logo a

sociedade é anônima porque a responsabilidade dos sócios é limitada às ações adquiridas e

a sociedade é designada por expressão de fantasia.

Não é vedado o uso na denominação do nome de fundador, acionista ou pessoa que

tenha relação com a sociedade, mas em tal caso o uso do nome integrará a designação de

fantasia e não será utilizado como razão social. Exemplo disso é Metalúrgica Gerdau S.A.

ou Dedini Participações S.A., que utilizam nomes de famílias para realçar a denominação

da sociedade.

Por força do artigo 1.160 do CC, cuja matriz é anterior ao projeto da LSA, houve

um retrocesso e voltou-se a exigir referência designativa do objeto social na denominação

da sociedade. Enquanto não modificado tal dispositivo, o conteúdo essencial do objeto

deve constar da denominação. Assim, hoje não seria possível Brasken S.A. ou Vale S.A.,

exigindo-se algo como Brasken Petroquímica S.A. ou Vale Minérios S.A., mas as

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situações anteriores ao CC estão preservadas pelo direito adquirido (artigo 5º, inciso

XXXVI da CF),

O § 2º do art. 3º da LSA, em linha com o art. 5º, inciso XXIX da CF, assegura a

exclusividade da denominação e o direito de requerer administrativa ou judicialmente a

modificação de denominação idêntica ou semelhante registrada posteriormente na junta

comercial. Como regra prevalece o registro mais antigo da companhia na junta comercial

(i.e. do ato societário que aprovou o estatuto social onde consta a denominação da

companhia). Tradicionalmente, o Judiciário interpreta como nome conflitante aquele que

possa causar confusão entre a identidade de uma companhia e outra. Para tanto, considera-

se o ramo de atividade e o espaço geográfico de atuação das companhias envolvidas.

Embora o registro na junta comercial seja estadual, o âmbito de proteção cobre todo o

território nacional, pois a proteção é prevista por lei federal e pela Constituição da

República.

Companhia Aberta e Fechada – artigos 4º e 4º-A

O tipo societário companhia pode tanto referir-se a sociedades que buscam

capitalização no mercado de capitais – chamadas de companhias abertas – ou a sociedades

que buscam outros meios de capitalização e que não acessam o mercado de capitais –

chamadas de companhias fechadas. Estas adotam o tipo companhia fundamentalmente em

razão da segurança jurídica que ele proporciona. Em primeiro lugar a sociedade anônima é

dotada de estrutura de organização e de elaboração de demonstrações financeiras mais

sofisticada e complexa do que as limitadas, além de não se sujeitar a direito imotivado de

retirada de sócios, como sucede nas limitadas a prazo indeterminado.

Por isso, a LSA diz de forma singela “que a companhia é aberta ou fechada

conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no

mercado de valores mobiliários” (art. 4º).

A LSA aplica-se tanto a companhias abertas como a fechadas. Onde há, na lei,

dispositivos apenas aplicáveis a uma ou outra modalidade, aberta ou fechada, a LSA faz a

distinção expressa no texto.

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As companhias abertas, por acessarem o mercado de capitais e a poupança popular,

submetem-se a regulação pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM, autarquia federal

e agência regulatória do mercado de capitais brasileiro. Tanto a companhia como cada

emissão pública que realizar submetem-se ao regime de registro prévio na CVM,

observadas as isenções previstas na regulamentação da CVM.

(fim do volume I. Apostila prosseguirá no volume II).

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