direito processual civil ii (1)

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1 Direito Processual Civil II Prof. Paula Costa e Silva António Rolo I Teoria Geral dos Pressupostos Processuais (Cont.) A Legitimidade Plural - Por norma, as acções têm uma relação trilateral (autor, réu e juiz). têm uma pluralidade de partes, tendo vários autores, réus ou ambos, con assim, legitimidade processual plural activa, passiva ou mista. - As suas principais expressões serão o litisconsórcio e a coligação - Como distingui-los? A doutrina avança dois critérios: - Unidade/Pluralidade das relações materiais controvertidas - Teixeira de Sousa indiferenciação dos pedidos há que aferir se se pedem coisas diferentes ou não. Litisconsórcio 1 2 - Teixeira de Sousa coincide, em princípio, com uma pluralidade de titulares objecto do processo, sendo, também, uma legitimidade de segundo grau, p legitimidade que se decompõe entre os dois titulares, não sendo um mero somatório de legitimidades singulares, mas uma realidade com caracterís próprias. - Montalvão Machado e Paulo Pimenta à unicidade da relação controvertida corresponde uma pluralidade de partes. - Quando se verifica o litisconsórcio, pode suceder uma consumpção de i plural a verificação de que os litisconsortes, ou qualquer um deles, não do objecto do processo consome a análise da legitimidade processual. - Ex: demandam-se dois devedores em litisconsórcio, um deles demonstr tem nada que ver com o caso e é absolvido do pedido. 1 Teixeira de Sousa, Estudos Sobre o Novo Processo Civil , 1ª Edição, Lex, 1997, pp 15 2 Montalvão Machado e Paulo Pimenta, O Novo Processo Civil , 10ª Edição, Almedina, 200

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Direito Processual Civil IIProf. Paula Costa e SilvaAntnio Rolo

I Teoria Geral dos Pressupostos Processuais (Cont.) A Legitimidade Plural- Por norma, as aces tm uma relao trilateral (autor, ru e juiz). Contudo, algumas tm uma pluralidade de partes, tendo vrios autores, rus ou ambos, configurando, assim, legitimidade processual plural activa, passiva ou mista. - As suas principais expresses sero o litisconsrcio e a coligao - Como distingui-los? A doutrina avana dois critrios: - Unidade/Pluralidade das relaes materiais controvertidas - Teixeira de Sousa indiferenciao dos pedidos h que aferir se se pedem coisas diferentes ou no.

Litisconsrcio1 2 - Teixeira de Sousa coincide, em princpio, com uma pluralidade de titulares do objecto do processo, sendo, tambm, uma legitimidade de segundo grau, pois uma legitimidade que se decompe entre os dois titulares, no sendo um mero conjunto ou somatrio de legitimidades singulares, mas uma realidade com caractersticas prprias. - Montalvo Machado e Paulo Pimenta unicidade da relao controvertida corresponde uma pluralidade de partes. - Quando se verifica o litisconsrcio, pode suceder uma consumpo de ilegitimidade plural a verificao de que os litisconsortes, ou qualquer um deles, no so titulares do objecto do processo consome a anlise da legitimidade processual. - Ex: demandam-se dois devedores em litisconsrcio, um deles demonstra que no tem nada que ver com o caso e absolvido do pedido.

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Teixeira de Sousa, Estudos Sobre o Novo Processo Civil, 1 Edio, Lex, 1997, pp 151-171 Montalvo Machado e Paulo Pimenta, O Novo Processo Civil, 10 Edio, Almedina, 2008, PP 74-79

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- Quando sua origem, o litisconsrcio pode ser: - Voluntrio ou Facultativo permitido e depende da vontade dos interessados, no se verificando qualquer ilegitimidade se no estiverem todos presentes. - Necessrio ou Foroso uma imposio e indispensvel para haver legitimidade

Litisconsrcio Voluntrio - Montalvo Machado e Paulo Pimenta diz-se voluntrio o litisconsrcio quando a pluralidade das partes resulta da vontade dos interessados, i.e., embora a questo jurdica diga respeito a vrios interessados, a presena de todos na aco respectiva s se verifica porque o autor decidiu propor a aco contra todos os interessados, ou porque vrios interessados decidiram instaurar a aco. - Paula Costa e Silva litisconsrcio regra se peretrido, no se verifica uma falta de pressupostos. - Teixeira de Sousa opera sempre que exista uma pluralidade de interessados, activos ou passivos, a chamada regra da coincidncia art. 27/1 - Verifica-se, portanto, por iniciativa da parte ou partes da causa. - Apesar de estar na disponibilidade das partes, a sua constituio no irrelevante, pois ele traz inmeras vantagens, sendo a mais importante a extenso subjectiva do caso julgado alis, como afirmam Paulo Pimenta e Montalvo Machado, o prprio art. 27/1 in fine estabelece que a deciso a proferir dever ficar circunscrita s partes presentes, vinculando apenas essas, evidncia explicada por Paula Costa e Silva, por razes de economia processual e de dispositivo. - o que suceder, por exemplo, com as obrigaes divisveis art. 534 CC que so obrigaes plurais cuja prestao fixada globalmente, competindo, porm, a cada sujeito apenas uma parte do dbito ou crdito comum. - Art. 27/2 prev a hiptese de a lei ou negcio permitirem que o direito comum seja exercido por um s ou que a obrigao comum seja exigida de um s dos interessados, bastando a presena de apenas um deles em juzo para assegurar a legitimidade, como o caso das obrigaes solidrias 512 CC. - Aco de reivindicao por comproprietrio art. 1405 CC - Teixeira de Sousa distingue ainda:

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- Litisconsrcio comum quando visa estender o mbito subjectivo do caso julgado. Ex: obrigado solidrio se credor demandar um, assegurar o cumprimento de toda a dvida, mas no poder opor a dvida aos demais credores solidrios art. 522 CC - Litisconsrcio conveniente procura assegurar a produo de certos efeitos, que s atravs do litisconsrcio pode ser alcanados. Ex: obrigao conjunta sem participao de todos, s pode ser demandada uma quota parte art. 27/1, in fine.

Litisconsrcio Necessrio - Paulo Pimenta e Montalvo Machado corresponde a uma pluralidade de partes obrigatria, no dependendo, simplesmente, da vontade dos interessados. - Paula Costa e Silva se peretrido, gerar ilegitimidade - Teixeira de Sousa todos os interessados devem demandar ou ser demandados - Para o autor, interessam fundamentalmente dois critrios - o critrio de disponibilidade plural/indisponibilidade individual do objecto do processo art. 28/1 (que equivalar ao litisconsrcio necessrio legal e convencional; e critrio da compatibilidade dos efeitos produzidos (equivale ao natural) critrios esses, orientadores da fundamentao dogmtica dos respectivos tipos de litisconsrcio. Doutrina usualmente divide entre litisconsrcio necessrio convencional, legal e natural:

Litisconsrcio Convencional - Aquele que imposto pela estipulao das partes de um negcio jurdico art. 28/1 ou seja, de admitir que vrias pessoas celebrem determinado negcio jurdico e, ao mesmo tempo ou posteriormente, convencionem que devem estar presentes todos os interessados/outorgantes em eventual discusso judicial relativa a esse negcio. - A lei omissa em relao forma do documento, mas Montalvo Machado e Paulo Pimenta acham que a mesma deve constar, pelo menos, de documento escrito, ou at forma mais solene, dependendo do objecto do negcio. - Teixeira de Sousa para determinar o mbito, h que analisar o regime das obrigaes divisveis e indivisveis.

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- Se obrigao for divisvel, o litisconsrcio ser voluntrio porque, se no estiverem presentes todos os interessados activos ou passivos, o tribunal s conhece da quota-parte do interesse ou da responsabilidade dos sujeitos presentes em juzo art. 27/1, in fine assim, numa obrigao divisvel, o litisconsrcio s necessrio se as partes estipularem que o cumprimento apenas exigvel por todos os credores ou todos os devedores. - Se for indivisvel (por natureza, lei ou conveno), se forem vrios os devedores, o art. 535/1 CC diz que o cumprimento s pode ser exigido de todos eles, sendo um litisconsrcio necessrio legal e, por isso, no ser um litisconsrcio convencional. - Se houver uma pluralidade de credores 538/1 CC dispe que qualquer um deles pode exigir a prestao, resultando num litisconsrcio voluntrio. - Assim, relativamente a uma obrigao indivisvel, o litisconsrcio necessrio convencional s se verifica se for estipulado em relao aos credores.

Litisconsrcio Necessrio Legal - Deriva da exigncia da lei art. 28/1 - imposto por lei, nomeadamente: - Responsabilidade civil por acidente de viao litisconsrcio passivo de seguradora e responsvel - Direito de indemnizao por danos no patrimoniais em caso de morte da vtima art. 496/2 CC litisconsrcio de quem?? - Obrigao solidria indivisvel com pluralidade de devedores, que s de todos eles pode ser exigida art. 535/1 CC - Paternidade e maternidade - art. 1822/1 CC - Direitos relativos herana art. 2091 CC (no confundir com o art. 2078 e 2089, que consagram a soluo contrria) - Direito de Preferncia com vrios titulares art. 419/1 CC litisconsrcio passivo de alienante e adquirente. Contudo, devido antiga redaco do art. 1410 CC, que falava em citados os rus, falava-se em litisconsrcio necessrio legal, usando-se como argumentos a oponibilidade pelo 3 ao alienante e adquirente, mesmo que s ao ltimo seja pedida a coisa, justifica demanda de ambos. - Contudo o art. 1410 foi modificado e agora usam-se outros argumentos obrigado preferncia quem conhece melhor, negcio realizado pelo obrigado 4

preferncia que d origem ao litgio e o desaparecimento de citados os rus. Assim, hoje em dia, para a Professora, o exerccio do direito de preferncia um caso de litisconsrcio necessrio legal activo, nos termos do artigo 419./1 do CC

Litisconsrcio Necessrio Entre Cnjuges - Montalvo Machado e Paulo Pimenta incluem esta modalidade de litisconsrcio no litisconsrcio necessrio legal, o que me parece a melhor opinio visto que, independentemente de estar num diploma de direito adjectivo e no substantivo, o art. 28 no impe que imposio legal venha apenas do direito substantivo. Assim sendo, o litisconsrcio necessrio entre os cnjuges, na minha opinio e na opinio dos autores referidos (e no percebi qual a opinio do resto da doutrina) um litisconsrcio necessrio legal, da eu met-lo aqui nesta posio, ao contrrio das aulas tericas. - Art. 28-A/1 e 2 litisconsrcio activo - Art. 28-A/3 litisconsrcio passivo - Quanto ao litisconsrcio activo, a pluralidade ser necessria quanto a direitos que apenas possam ser exercidos por ambos ou bens que s possam ser administrados ou alienados pelos dois, incluindo a casa de morada de famlia ou, noutra formulao (Montalvo Machado e Paulo Pimenta) - tm de ser propostas por ambos os cnjuges as aces de que possa resultar a perda ou a onerao de bens que s por ambos podem ser alienados ou a perda de direitos que por ambos podem ser exercidos (integrao do critrio do risco de perda de Antunes Varela, desenvolvido mais frente). - Actos de administrao extraordinria de bens comuns do casal art. 1678/3 CC (arrendamento de bem comum por mais de 6 anos art. 1024 CC) - Actos de disposio quando o objecto do processo for, por exemplo, um acto de disposio de bens mveis administrado por ambos art. 1682/1 - Ou bem mvel utilizado por ambos art. 1682/3 b) - Ou bens imveis prprios ou comuns e estabelecimento comercial, a no ser que casal esteja em separao de bens art. 1682-A/1 - Antunes Varela3 devem ser propostas por ambos os cnjuges as aces de que possa advir a perda ou onerao de bens que s por ambos possam ser alienados ou a perda de direitos que s por ambos possam ser exercidos eis a definio de3

Antunes Varela, Manual de Processo Civil, 2 Edio, Coimbra Editora, 1985, pp 174-176

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Antunes Varela, e a sua explicao relativamente ao elemento do risco de perda esta: - O risco de perda que a aco envolve h de medir-se atravs da possvel improcedncia do pedido formulado pelo autor. Assim, necessitar do consentimento de ambos os cnjuges a aco de reivindicao do imvel pertencente a um deles apenas, desde que casado em regime de comunho (de adquiridos ou geral), visto a aco envolver o risco de perda de uma coisa que s por ambos pode ser alienada. - Mas j no ser necessrio o consentimento do cnjuge no proprietrio para a aco de despejo ou para a aco de majorao da renda, visto que nenhuma delas envolve o risco de perda do imvel ou de direitos que s por ambos possam ser exercidos, assim como no ser necessrio o consentimento do cnjuge proprietrio para a aco de condenao que o cnjuge administrador instaure com o fim de cobrar o preo da alienao dos frutos da coisa por ele gerida, por se tratar de um acto de administrao entre os cnjuges. - H aqui, pelo que me parece, e perfilhando a opinio de Antunes Varela, Montalvo Machado e Paulo Pimenta e o que me parece ser a opinio de Paula Costa e Silva e uma imposio legal (art. 28-A/1), uma restrio do mbito de aplicao do litisconsrcio voluntrio activo a casos de risco de perda. - Teixeira de Sousa litisconsrcio pode ser substitudo pela propositura da aco por um deles com o consentimento do outro art. 28-A/1 - Ser uma situao de substituio processual voluntria art. 28-A/1 - Se no houver consentimento, o outro pode ser suprido judicialmente art. 28A/2 e 1425 - Lebre de Freitas4 afirma que haver aqui uma representao e no uma substituio processual, posio radicada na afirmao de Antunes Varela5 de que a substituio reclamada em situaes de incapacidade judiciria, em casos de deficincia fsica, psquica ou jurdica que afecte as faculdades da parte, reclamando o substituto como assistente, no sendo esse o caso dos cnjuge - o consentimento do outro cnjuge poderia ser configurado como uma procurao (atributiva de poderes representativos). - Paula Costa e Silva subscreve a tese da substituio processual. - No que toca ao litisconsrcio passivo entre cnjuges, tm de ser propostas contra os cnjuges as aces emergentes de facto praticado por ambos os cnjuges, ou de facto

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Jos Lebre de Freitas, Cdigo de Processo Civil Anotado, art. 28-A/2 Antunes Varela, Manual..., pp 173

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praticado por um deles, mas em que se pretenda obter deciso susceptvel de ser executada sobre bens prprios do outro, mais as situaes do art. 28-A/1, ou seja: - O objecto do processo tiver sido praticado por ambos os cnjuges ou um bem ou direito que s pelos dois possa ser administrado, ou dvida comunicvel art. 28A/3 - Dvida de ambos art. 1691/1 a) e 1695 (onde diz executados) - Dvidas de um, mas que pelas quais responde todo o patrimnio art. 1691/1 b), c) e d) - Bens de que ambos podem dispor art. 1682/1 e 3, 1682-A e B - Lebre de Freitas entende que se o autor pretender dar o tratamento das dvidas prprias do autor do acto, executando apenas os seus bens e, subsidiariamente, a meao dos bens comuns, poder propor a aco s sobre esse cnjuge, sendo a, um litisconsrcio voluntrio, pois a o credor pode desconhecer os factos (regime de bens, etc.) de que resulta a comunicabilidade da dvida e no ser exigvel que os conhea a tutela do seu interessa leva voluntariedade do litisconsrcio, enquanto que a considerao do interesse do ru levar a que lhe seja concedida a faculdade de chamar interveno principal o seu cnjuge para ser reconhecida a comunicabilidade da dvida e para com ele ser condenado (que romntico). - Contra, Alberto dos Reis afirma que configura uma distoro ao direito substantivo, e Lebre de Freitas responde dizendo que a distoro no constituir nada de estranho ao nosso sistema jurdico se se configurar o chamamento interveno principal do cnjuge no demandado como um nus do demandado. Parece-me, luz do art. 28-A/3, o que faz mais sentido, pois, se o autor no quiser demandar o patrimnio de ambos os cnjuges, apesar de poder, no se justifica o litisconsrcio necessrio. - Assim: - O facto praticado por um dos cnjuges, a dvida comunicvel e o autor pretende obter deciso susceptvel de ser executada sobre os bens prprios do outro (isto , pretende aco que seja susceptvel de ser executada sobre os bens comuns e, subsidiariamente, sobre os bens prprios dos dois cnjuges) - toda a doutrina entende que um caso de litisconsrcio necessrio - O facto praticado por um dos cnjuges, a dvida comunicvel mas o autor no pretende obter deciso susceptvel de ser executada sobre os bens prprios do outro. Divergncia doutrinria:

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- Teixeira de Sousa: tem de se seguir o regime imperativo da comunicabilidade de dvidas (1695. do CC) e, como tal, h litisconsrcio necessrio; - Rui Pinto, Lebre de Freitas e Paula Costa e Silva: o autor o melhor juiz dos seus interesses. Se ele no quer deciso que abranja o outro cnjuge, ento no precisa de o demandar. um caso de litisconsrcio voluntrio conveniente. - Pode operar depois da dissoluo, declarao de nulidade e anulao do casamento, bastando que actos tenham sido praticados antes da partilha de bens Teixeira de Sousa

Litisconsrcio Necessrio Natural - Art. 28/2 - aquele que imposto pela realizao do efeito til moral da deciso. Como concretizar este critrio operativo? - Este critrio dispe, basicamente que, se estiverem presentes todas as partes, o litgio poder estar completamente reduzido, como numa aco de diviso de coisa comum. - Montalvo Machado e Paulo Pimenta quando a interveno de todos os interessados se mostre necessria para que a deciso a obter produza o seu efeito til normal, atenta a natureza da relao jurdica em discusso, sendo que a deciso produz o seu efeito til normal quando regule definitivamente a situao concreta das partes relativamente ao pedido formulado. - Teixeira de Sousa repartio dos vrios interessados por aces distintas impede composio definitiva entre as partes. - Teixeira de Sousa avana com mais um critrio de origem jurisprudencial evitar solues contraditrias. Ex: anulao do testamento s tem efeito til com interveno de todos os interessados, bem como uma nulidade de negcio jurdico contra vrios herdeiros. - O autor fala ainda em duvidosa conjugao com o art. 28/2 in fine, porque, segundo esta, o que releva que a deciso entre as partes da aco no possa ser afectada por uma outra proferida numa outra causa e no que todos os interessados devam estar em juzo ou que entre eles tenha de verificar-se uma deciso uniforme. Alm disso, aparecem uma srie de dificuldades prticas, como o suscitamento oficioso de nulidade de acto jurdico art. 286 - numa aco onde no esto todos os intervenientes presentes, o que cria um dilema, havendo a possibilidade de colocar nas partes ausentes uma disponibilidade de apreciao de uma matria de conhecimento oficioso.8

- Exemplos de litisconsrcio necessrio natural: - Aco de Diviso de Coisa Comum obrigatria a presena de todos os comproprietrios, atenta a natureza da questo jurdica em causa, pois os interessados no presentes, poderiam, mais tarde, propor uma nova aco para o mesmo fim, cujo desfecho seria passvel de modificar a diviso primeiramente operada a sentena no vincularia os no demandados e no regulava de modo definitivo a questo submetida a apreciao judicial. - Anulao de uma escritura de partilha exige a interveno de todos os outorgantes da mesma.

Outras Classificaes - Quanto ao reflexo na aco, o litisconsrcio pode ser: - Simples pluralidade no implica aumento do nmero de oposies entre as partes h uma nica posio - Recproco ex: comproprietrio vs. Comproprietrio so ambos titulares do mesmo direito e esto em posies diferentes - Quanto ao contedo (dizendo unicamente respeito ao tipo de deciso que o juiz pode emitir), o litisconsrcio pode ser: - Unitrio deciso tem de ser uniforme para todos os litisconsortes anulao de casamento ou aco de reivindicao em compropriedade (deciso tem se ser uniforme para todos os comproprietrios)- Consequncia importante: no se pode confessar ou desistir por si s se a deciso tiver que ser uniforme, mas se puderem existir decises distintas, pode ento haver desistncia ou transgresso, raciocnio aplicado pela primeira vez pelo STJ em 1999 - Simples deciso pode ser distinta e no uniforme para cada um dos litisconsortes no h, necessariamente, uma relao entre o litisconsrcio unitrio e o necessrio e uma relao entre o litisconsrcio simples e o voluntrio. - Quanto posio das partes, o litisconsrcio pode ser: - Conjunto todos os litisconsortes activos formulam conjuntamente o pedido contra o demandado ou quando o autor formula o pedido conjuntamente contra todos os litisconsortes demandados. - Subsidirio objecto da coisa s apreciada em relao a um litisconsorte activo ou passivo se um outro autor ou ru no for considerado titular do objecto9

Algumas Diferenas de Regime - Olhando para o art. 197, podemos identificar algumas diferenas de regime entre os dois tipos de litisconsrcio: - Com a falta de citao, no se anula o litisconsrcio voluntrio, podendo o autor requerer que o ru no citado seja citado dentro de um certo prazo art. 197 b); se faltar citao de um dos rus no caso do litisconsrcio necessrio, anula-se tudo o processado depois das citaes art. 197 a) - Negcios jurdicos processuais art. 298. No caso do litisconsrcio necessrio s um confessar transgresso no h produo de efeitos com pequenas excepes, nomeadamente a nvel de custas art. 446-A/2 (o que transigir ver as suas custas reduzidas em 50%); no caso de litisconsrcio voluntrio, a confisso, a desistncia e a transaco so livres, limitando-se posteriormente o mbito do caso julgado art. 298/1 - Juiz pode tomar em considerao os factos confessados por um dos rus para afectar a deciso de mrito? - No. Aqui esto em causa negcios processuais em que as partes compem a aco de acordo com a sua vontade e com o seu interesse, no tendo de respeitar critrios de legalidade (determinar quem dos dois tem razo juridicamente) que o juiz tem de respeitar quando profere a deciso de mrito. Vide tambm a parte final do n. 1 do artigo 298. A eficcia est limitada ao interesse de cada um na causa. - Diferena de regime tambm em relao aos recursos art. 683 - no litisconsrcio necessrio, o recurso interposto por uma das partes aproveita aos seus consortes art. 683/1; enquanto que no voluntrio, s aproveitam aos outros nos casos do art. 683/2 - Tambm no art. 684 - caso de vrios vencedores - se for litisconsrcio voluntrio pode por recurso s contra A e B e no contra C. Se for necessrio j no pode fazer isto. - Se um dos litisconsortes impugna todos os factos menos dois, e outro impugna todos, quanto aos primeiros, os factos esto admitidos por acordo art. 490 - como bvio, s possvel no litisconsrcio voluntrio. - Paula Costa e Silva o que est em causa o contedo da deciso. O que deve estar em causa no se o litisconsrcio voluntrio ou necessria, mas sim se simples ou unitrio.

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Consequncias - No litisconsrcio voluntrio, verifica-se apenas o desaproveitamento de certos benefcios ou vantagens. - Ex: credor que demanda s um devedor, obtm a condenao do ru na sua quota-parte da dvida art. 27/1 - No litisconsrcio necessrio, conforma-se a ilegitimidade plural da parte desacompanhada art. 28/1 in fine no porque essa parte carea de interesse em demandar ou contradizer, antes porque esse interesse no pode ser regulado judicialmente sem a presena de todos os interessados. - Excepo dilatria nominada (art. 494 e)) de conhecimento oficioso (art. 495) que origina absolvio da instncia (288/1 d)) - Essa ilegitimidade sanvel - Nas situaes de litisconsrcio necessrio, a ilegitimidade, activa ou passiva, sanvel mediante a interveno principal provocada da parte cuja falta gera a ilegitimidade art. 269/1 e 325 - sendo ela admissvel, mesmo depois do trnsito em julgado do despacho saneador que apreciou a ilegitimidade art. 269/2 - Nos cnjuges, o art. 28-A/2 d a possibilidade de sanao mediante a interveno principal do cnjuge no presente, provocada pelo autor at 30 dias depois do trnsito em julgado art. 269/1 e 2, quer pelo demandado art. 325, ex vi art. 320 a), com prazos do art. 323 e efeitos do art. 328, e ainda o art. 28 mais 28A (visto que o artigo 320 no fala em litisconsrcio pelos cnjuges, eu entendo que, quando fala em litisconsrcio legal se possa incluir esse primeiro, porque, no fundo, o litisconsrcio entre os cnjuges um litisconsrcio legal. Seja como for, o litisconsrcio dos cnjuges vai passar a estar no art. 320 em breve, pelo que deve ter sido uma distraco do legislador.)

Coligao - Remisso para a matria do objecto plural infra.

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O Patrocnio Judicirio6 7 8Noo - Traduz, normalmente, o exerccio de poderes de representao em tribunal por profissionais do foro, na conduo e orientao tcnico-jurdica do processo Remdio Marques - Profissionais do foro significa advogados, advogados estagirios e solicitadores - Poderes resultam de mandato conferido pelas partes, ou, excepcionalmente, pela Ordem dos Advogados ou juiz art. 44/2 - Assim, Remdio Marques define patrocnio judicirio como representao tcnica e profissional das partes em juzo, por advogados e solicitadore,s na conduo da lide em geral ou na prtica de certos actos em especial, com fundamento em mandato. - Atravs desse contrato de mandato, a parte atribui ao mandatrio poderes para a representar em todos os actos e termos do processo art. 36/1 incluindo o submandato, sendo estes os poderes forenses gerais art. 37/1 - Os poderes forenses especiais tm de ser expressamente atribudos, e incluem a transaco, confisso e desistncia art. 37/2 por corresponderem aos poderes de auto-determinao da vontade da prpria parte. - Qual o fundamento da obrigatoriedade do patrocnio judicirio em alguns casos? Razes de ordem tcnica, nomeadamente o auxlio na compreenso do direito adjectivo e subjectivo, o facto do Direito ser um sistema cada vez mais complexo (Deus a falar com Castro Mendes processo arte de escribas e fariseus) que fundamenta a necessidade de proteco de pessoas que no tm aptido jurdica, o facto do juiz no ser auxiliar das partes, a multiplicidade de prazos que as partes desconhecem e o facto do Tribunal ser ltimo recurso para obter uma deciso, evitando, assim, uma deficiente interveno processual das partes que possa prejudicar a sua posio substantiva e ainda, razes de ordem psicolgica, devido ao maior distanciamento emocional do mandatrio judicial com vantagens na obteno de acordos, e actuao do advogado como mediador.

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Remdio Marques, A Aco Declarativa Luz do Cdigo Revisto, 1 Edio, Coimbra Editora, 2007, pp 252-255 7 Montalvo Machado e Paulo Pimenta, O Novo Processo Civil, pp 80-82 8 Paula Costa e Silva, Acto e Processo a Irrelevncia do Dogma da Vontade..., pp 323-338

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O Patrocnio Judicirio como Pressuposto Quando Obrigatrio - O patrocnio pressuposto processual quando obrigatrio, tendo de ser verificado no incio do processo, pelo que a procurao forense deve ser junta petio inicial ou contestao. - E quando obrigatrio? Art. 32 - n1 a) aces em que seja admitido recurso ordinrio, em que o valor exceda o recurso ordinrio superior a 5,000 - n2 b) aces em que seja sempre admitido recurso, independentemente do valor - Aces de despejo art. 678/2 - Aces com jurisprudncia contrria jurisprudncia uniformizada art. 678/6 - n 1 c) nos recursos - Perante os tribunais superiores

Consequncias da Falta de Patrocnio Judicirio Obrigatrio - No gera imediatamente as consequncias tpicas da falta de pressupostos processuais: - Art. 33 e 265/2 em nome do princpio da oficiosidade, o juiz deve, antes, notificar a parte faltosa para suprir a falta dentro de certo prazo. - Autor notificao para suprir ir acompanhada da ameaa para a falta de suprimento, i.e., a absolvio do ru da instncia 33 1 parte - Ru notificao para suprir ir acompanhada de cominao adequada, i.e., defesa ficar sem efeito se no suprir art. 33 in fine o que levar a revelia art. 483 - absoluta. - Mandato insuficiente (advogado desistiu) ou irregular (mandato implcito) ou falta de procurao mas existncia de mandato procurao forense no confere poderes: - Juiz deve mandar notificar a parte e o seu mandatrio para, dentro de novo prazo, ser corrigida a falta e ratificado o processado art. 40 - mas s o processado com insuficincia.

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- Se no, todos os actos ficam sem efeito, o que pode implicar a absolvio da instncia do ru ou revelia, dependendo da posio do mandatrio art. 33 - E se mandatrio tiver sido constitudo mas no tiver sido junta a procurao? - Haver um caso de falta de mandato. A procurao s relevante quando junta ao processo. At l como se no existisse. - E se mandatrio morrer? - Art. 276 - prazo para a parte arranjar um novo mandatrio - prazos no continuam a correr at que a parte constitua nova mandatrio, mas no indefinidamente (v. 284 - 33) - Existe ainda a figura do patrocnio a ttulo de gesto de negcios art. 41 - parte tem que estar impossibilitada, prejuzos para a parte tm de ser objectivamente demonstrados. - Ter que ser, posteriormente, ratificado pela parte, sob pena do accionamento dos mecanismos do art. 33 e do pagamento das custas pelo gestor art. 41/2

Natureza da Relao Mandatrio-Parte - Paula Costa e Silva - Mandatrio no um mero nncio vontade no totalmente formada pela parte. Alis, preceitos como o art. 38 no faria sentido se fosse um nncio, nem o art. 459 e 253 - o advogado tem total liberdade e independncia tcnica, relativamente parte. Mesmo que deva submeter-lhe, para apreciao, as opes estratgicas que podem ser tomadas, estando vinculado a critrios de legalidade s regras deontolgicas da profisso. Alis, segundo os artigos mencionados, mostra-se que o legislador sabe que, na maioria das vezes, as opes processuais acabam por ser do mandatrio. - da mihi facta, dabo tibi ius - parte d os factos, advogado d o direito, estando ainda vinculado a regras deontolgicas e ao princpio da legalidade. - Relao de representao e actos praticados pelo representantes vinculam directamente o cliente (48.). - Assim, conclui Paula Costa e Silva, uma verdadeira relao de representao.

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O Interesse Processual em Agir9 10Noo e Problemtica - Paula Costa e Silva o acesso aos tribunais livre ou depende de alguma condio? Qual a justificao do acesso aos meios jurisdicionais? - Remdio Marques o interesse processual consiste na necessidade de usar o processo, exprimindo a necessidade ou situao objectiva de carncia de tutela judiciria por parte do autor. - Situao de carncia tem de ser real, justificada e razovel, pois pode suceder que o autor possa resolver a situao extra-judicialmente. - Distingue-se da legitimidade, pois, embora o autor possa ter interesse directo em demandar e ser o titular da relao material controvertida (tendo legitimidade), pode no gozar de interesse processual na medida em que pode no ter necessidade de propor a aco. - Pressuposto serve para retirar dos tribunais os litgios cuja resoluo por via judicial no seja indisponvel, servindo de freio e prevenindo a deduo percepitada da aco. - Por vezes, pode proceder quando haja uma simples previso da violao do direito nas providncias cautelares ou condenao em prestaes vincendas no quadro de prestaes peridicas art. 472/1 a falta levar ao indiferimento art. 381/1 e 387/1, in fine. - Tambm h interesse, nas obrigaes de prestao nica, quando, no estando a obrigao vencida, ela seja contestada pelo futuro ru antes do vencimento art. 662/1 - Condenao in futuram (de prestao futura) quando se pretenda obter o despejo de um prdio no momento em que caducar o contrato de arrendamento art. 472/2 - Pressuposto importante nas aces de simples apreciao: - Incerteza quanto afirmao ou negao do direito tem de ser uma incerteza objectiva (brote de factos exteriores) e grave (considervel o prejuzo material ou extrapatrimonial causado pela incerteza), que no se traduza num mero capricho do autor.

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Remdio Marques, A Aco Declarativa Luz do Cdigo Revisto, 1 Edio, Coimbra Editora, 2007, pp 249-252 10 Montalvo Machado e Paulo Pimenta, O Novo..., pp 82-85

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- Quanto a aces de condenao, se se vier a concluir que a obrigao ainda n ose venceu, deve o juiz absolver o ru do pedido no saneador art. 510/1 b) ou na sentena, sem prejuzo do art. 449, que j vai ser falado. - Nas aces constitutivas e nas de simples apreciao, a falta de interesse em agir gerar a absolvio da instncia, pelo que o tribunal deve abster-se de conhecer do mrito da causa ou do objecto do processo. - Montalvo Machado e Paulo Pimenta observam que este pressuposto no tem referncia expressa na lei. - Para Teixeira de Sousa, o fundamento da necessidade encontra-se na legitimidade art. 26/2, e para Paula Costa e Silva e Montalvo Machado e Paulo Pimenta, no art. 449/2, visto que o fundamento do interesse a de evitar aces inteis. - Assim, o interesse est relacionado, na concepo dos ltimos autores, com a questo do pagamento das custas: - Art. 446 - Paula Costa e Silva consagra uma responsabilidade objectiva, a regra victus victori quem perde quem paga as custas, pois entende-se que, quem deu causa movimentao do sistema judicial deve sustent-lo. - Art. 449 contm, a ttulo excepcional, casos de aces tidas como desnecessrias: - Aco de condenao duma obrigao cujo vencimento ocorre apenas com a citao ou depois de proposta a aco. - A aco declarativa instaurada pelo credor munido de ttulo com manifesta fora executiva - Opo pelo processo de declarao quando o autor pode instaurar aco especial - Aco Declarativa instaurada pelo autor, podendo-se interpor recurso de reviso - al e) - Listagem no taxativa, podendo-se incluir alguma situaes (usucapiente intenta aco contra proprietrio que nunca se ops) que no cabem partida nas alneas do n 2 do art. 449 - o art. 449/1 uma clusula geral (at por estar l entende-se por...) - Dada a sua inutilidade, recair sobre o autor o encargo de pagar as custas, salvo se o ru contestar (a no ser que conteste alegando falta de interesse em agir, penso eu de que), peretrindo a regra victus victori, devido ao uso de, nas palavras de Paula Costa e Silva, meios excessivos, desadequados e inteis

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- Art. 510/1 b) juiz poder conhecer logo do mrito da causa no despacho saneador - E se ru contestar? - Se contestar a falta de interesse, tudo bem. Se no, no se aplica o art. 449 - Tribunal da Relao de Lisboa excepo dilatria inominada de conhecimento oficioso, porque de interesse pblico. - Apenas o Professor Teixeira de Sousa defendia que o interesse processual era um pressuposto processual que no era de conhecimento oficioso. Como a Professora revelou, num manual que o professor vai publicar em breve, ele mudou de posio e considera que o interesse de conhecimento oficioso (495. do CPC).

Pressupostos Relativos ao Objecto da Causa11Consideraes Iniciais - A causa de pedir individualiza a pretenso teoria da substanciao (diferente da do sistema de individualizao - objecto apenas constitudo pelo pedido) - Paula Costa e Silva objecto do processo est dualmente limitado, tanto pela causa de pedir como pelo pedido o sistema de limitao dual - pedido e causa de pedir. - O objecto, ou seja, a realidade sobre a qual pode recair a actividade judiciria, balizada duplamente. - Teixeira de Sousa objecto constitudo pelo pedido e causa de pedir:

Pedido - Forma de tutela jurisdicional que requerida para uma situao jurdica, podendo visar a apreciao da existncia/inexistncia de um direito ou facto, condenao ou constituio/modificao/extino de uma situao jurdica. - S possvel dar razo ao autor se os factos em que ele apoiou a sua pretenso tiverem base numa matria substancial se s secundariamente protegida pelo processo, uma vez que este adjectivo, no criativo.

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Teixeira de Sousa, O Objecto do Processo Civil

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- Teixeira de Sousa o pedido deve-se referir tutela de uma situao jurdica de direito material (autor no pode requerer reconhecimento, apenas, da sua legitimidade processual) - Deve ainda referir-se a um efeito jurdico (consequncia extrada de uma norma jurdica), podendo o tribunal corrigir com o jura novit cura (664). - Tem de ser uma situao que carea de tutela jurisdicional, no podendo pertencer o pedido ordem moral ou trato social, justificando despacho liminar art. 234/4 por manifesta improcedncia do pedido formulado art. 234-A/1 - Certeza e identidade do pedido sero analisadas mais frente em sede de pedidos genricos e de excepo de litispendncia e caso julgado.

Causa de Pedir - Constituda pelos factos necessrios para individualizar a situao jurdica alegada pelo autor, composta pelos factos constitutivos da situao jurdica. - Funo individualizadora do pedido. Assim, situaes jurdicas individualizadas por diferentes causas de pedir so sempre situaes distintas. - sempre o facto de que origina o direito, sendo por exemplo, numa aco real, o facto de que resulta a aquisio, originria ou derivada, da propriedade v. Art. 498/4 - Mais importante: nos sistema em que o objecto dualmente delimitado, delimita-se a procedibilidade ao conjunto factcio limitado. S a causa de pedir objecto de conhecimento pelo tribunal, no existindo exaurimento de outras causas de pedir que possam atribuir o mesmo efeito. - Na individualizao qualquer causa de pedir susceptvel de ser exaurida em qualquer procedimento. Todas as possveis causas de pedir que concorrem para a produo de qualquer efeito esto integradas naquilo que o tribunal vai ou deve conhecer. - Sistema de substanciao est consagrado nos artigos 497 e 498, que consagram a litispendncia e o caso julgado como excepes, o que j veremos com maior detalhe. - O juiz quando vai decidir o pedido est limitado pela causa de pedir; a causa de pedir da prpria excepo tambm o limita.

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As Novas Coordenadas do Processo Civil (com a Reviso do art. 264) - Art. 264 e 497 esto interligados, sendo que o art. 264 pretende limitar - Causa de pedir - facto jurdico que serve de fundamento pretenso - s os factos essenciais procedncia da aco so a causa de pedir. - Factos que esto no art. 264/1 so aqueles que imediatamente permitem individualizar a aco; os restantes permitem substanciar a aco. Causa de pedir s est substancialmente preenchida se forem alegados os factos do n2 e n3. - Art. 193/1 e 2, a) a integibilidade da causa de pedir permite-nos saber o ncleo duro da pretenso, j se sabendo do que se trata. Caso contrrio, o n 1 muito claro nulidade de todo o processo. - Paula Costa e Silva (em divergncia com Teixeira de Sousa) - sendo factos essenciais os que permitem individualizar a pretenso, se eles no tiverem sido alegados pela parte, a causa de pedir ininteligvel, no se sabendo qual o fundamento que o leva a pedir. Factos do 264/3 s podem ser factos que concorrem para o preenchimento da causa de pedir e para procedncia, mas no necessrio interpretar estes factos, porque j possvel discutir alguma coisa com os factos no n1. - Factos complementares ou concretizadores 508/3; na audincia preliminar o juiz ainda pode exortar as partes da audincia a trazerem os factos para um juzo de mrito (266/1 - cooperao justa e que componha o litgio). - A parte a quem os factos aproveitam e que no corresponde ao convite corre o risco de a deciso de mrito lhe ser desfavorvel. Mas ateno que a possibilidade de o juiz vir a conhecer esses factos no fica precludida com a ausncia de resposta ao convite efectuado pelo juiz. Basta atender letra do 264./3... ainda assim esses factos podem vir a resultar "da instruo e discusso da causa. - Mas tanto no n 1 como no n 3 se fala em factos essenciais. - Artigo 264/1 - factos essenciais vs. factos que integram a causa de pedir. - N 3- factos essenciais procedncia que complementam ou concretizam factos constantes da petio inicial, desde que respeitam o contraditrio e o dispositivos - Agora, vejamos o art. 264 na sua futura redaco:

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Art. 264 1 s partes cabe alegar os factos essenciais que constituem a causa de pedir e aqueles em que se baseiam as excepes invocadas. 2 Alm dos factos articulados pelas partes, so ainda considerados pelo juiz: a) Os factos instrumentais que resultem da instruo da causa b) Os factos que sejam complemento ou concretizao de factos essenciais que as partes hajam alegado e resultem da instruo da causa, desde que sobre eles tenham tido a possibilidade de se pronunciar c) Os factos notrios e aqueles de que o tribunal tem conhecimento por virtude do exerccio das suas funes

- Na futura al. b) j no existe meno procedncia e desapareceu qualquer referncia causa de pedir. - Paula Costa e Silva - nova alnea b) s d para os instrumentais - Assim: - n 1 actual no tem essenciais - n 3 actual tem complementares + concretizadores que so ordenados ainda procedncia - possibilidade do juiz se fundamentar nestes factos depende do princpio dos dispositivo (com contraditrio, claro). - Tudo est ordenado para a obteno de uma deciso de mrito e como tal tudo est ordenado para a defesa de direitos subjectivos que possam ser provados. - Lei dizia que complementares e concretizadores eram fundamentais para a procedncia, mas no eram essenciais. - O que aconteceu? - Legislador mudou os princpios a que se submete o processo em Portugal - Legislado tem mera funo de individualizao, no obstante a procedncia depender da substanciao. - Lei passa a consagrar como causa de pedir apenas factos essenciais e no apenas os essenciais procedncia, para que haja uma posterior substanciao. Aqueles que tm que estar na causa de pedir so os que tm que individualizar a aco.20

-Porqu? Desde que o ru saiba aquilo que est a ser discutido, temos uma causa de pedir bastante para obter uma deciso. Tem que continuar a haver contraditrio (projecto al. 2, b)), sendo o limite mnimo o ru no perceber o que se est a discutir (actual 193/1 e 2, a)), sendo o limite mximo o nmero 3. - Causa de pedir para ser bastante, basta que individualize; se assim for, n2, na al. b) do futuro art. 264 podem estar factos essenciais procedncia, mas que no individualizem. Se juiz os pode considerar oficiosamente abandonou-se zona em que vigorava o princpio do dispositivo. - Se forem essenciais continuam submetidos alegao (n 1). - Sistema caminha para substanciao mitigada (Teixeira de Sousa) - Lebre de Freitas fala em individualizao mitigada. - Esta alterao vai implicar alterao das coordenadas de como se via o objecto do processo. - Porqu que vai passar a ser assim? Cdigo teria uma soluo extrema no n 3 do 264. Era extrema, porque era relativamente formalista. O princpio do dispositivo no sagrado e os meios de justia so escassos, porque lei imps ao juiz uma deciso breve, com mrito art. 266 - Deciso resulta de todos os factos que podem ser considerados, porque nem todos os factos so aproveitados para a deciso. - Dispositivo justifica-se no n 1, mas no como considerado no n. 3 do 264.. Juiz limitado pelo dispositivo ir ter menores capacidades de obter um verdadeiro juzo de mrito; passa-se a individualizar. Exemplo: - Marido bate na mulher, mas h uma concretizao (qualificao) que pe em causa a vida comum e que vai orientar e individualizar o processo para uma deciso. Mulher pode gostar que lhe bata, tem de dizer que compromete vida em comum para poder pedir divrcio.

Aptido da Petio Inicial12 A Aptido da Petio Inicial nos Termos do Art. 193

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Montalvo Machado e Paulo Pimenta, O Novo..., pp 104 ss

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- Um dos mais importantes pressupostos relativos ao objecto do processo a aptido da petio inicial art. 267/1 - Para ser considerada apta, a petio inicial deve observar determinados requisitos. Caso contrrio, ser considerada inepta art. 193/2: - Quando falte a indicao do pedido o tribunal s conhece daquilo que se lhe pede art. 661 - Quando falte a indicao da causa de pedir relato concreto e especfico de factos que fundamentem o pedido - Pedido ou causa de pedir ininteligvel - Contradio com causa de pedir e pedido ou entre causas de pedir incompatveis - Cumulao de pedidos substancialmente incompatveis - So vcios to graves que geram nulidade de todo o processo art. 193/1

A Recusa da Petio Inicial nos Termos do art. 467 e 474 - No preciso indicar o tipo de aco, apesar de ser praxe processual art. 467 - Art. 467/1 c preciso indicar a forma de processo art. 474 d) recusa da petio inicial. Contudo, o art. 199 estabelece forma de sanao. - Art. 467/1 f) indicao do valor da causa art. 474 e). Porm, essa excepo poder no proceder se valor da causa estiver implicitamente indicado pode ser sanado com o art. 476 - Art. 467/3 juno de documento comprovativo do pagamento da taxa de justia art. 474 f) tem excepes, nomeadamente a estabelecida no art. 150-A, se for petio electrnica, se tiver havido apoio judicirio ou se autor se inserir em algumas das insenes especiais subjectivas previstas no Cdigo das Custas Judiciais. - Art. 152/7 juno dos duplicados e cpias dos documentos

O Objecto na Petio Inicial e o Objecto Plural - Para que servem os pressupostos do objecto? Servem para individualizar o processo de forma a melhor decidir.

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- Paula Costa e Silva - Objecto tem que ser uno, certo e limitado, permitindo assegurar a melhor deciso num menor espao de tempo. - Os pressupostos esto ordenados a garantir a manuteno da eficcia da instruo e julgamento de uma causa que por sua vez esto ordenadas obteno de uma deciso em prazo razovel. - Ex: Contrato ser anulado e se proceder a anulidade e ru ser condenado a entregar aquilo que lhe foi entregue. - Art. 289/1 CC. H ordem substantiva na provocao dos efeitos. Primeiro pede-se a anulabilidade do contrato e depois o ressarcimento pelos pagamentos efectuados. - Quanto mais complexo for o objecto, mais dificuldades h em saber quem tem razo em tempo til assim, objecto tem de ser certo e determinado e limitado, passando por um crivo de admissibilidade. - Partindo do ltimo ponto do art. 193/2, chegamos ao problemtica do objecto plural - Nos arts. 468 ss, estabelece-se a possibilidade de existirem vrios objectos, diferentemente relacionados: - Cumulao subsidiria prpria art. 469 - se no A, ento B - Cumulao subsidiria imprpria se A, ento B - Cumulao Simples A e B 470 - Pedidos Alternativos A ou B 468 - Este objecto plural tem limitaes de duas ordens: - Deontolgica compatibilidade substancial - Ontolgica compatibilidade formal - No que toca compatibilidade substantiva, temos o art. 193/2 c), que j vimos, tendo sempre como referncia o direito substantivo e tendo em ateno os efeitos do pedido, se no art. 193/2 + 193/1 + 494 b) + 495 + 493/2 + 288/1 a) - Este critrio s se usa na cumulao de pedidos simples e na subsidiria imprpria - Ele implica que efeitos dos pedidos possam realizar-se em conjunto

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- Se o autor quer a respectiva produo de efeitos, para produo simultnea de efeitos, ento os pedidos tm que ser materialmente compatveis. No se podem arguir dois direitos incompatveis. - Existem requisitos de compatibilidade substantiva em regime de cumulao e cumulao subsidiria imprpria. - No pode exercer funo jurisdicional para pedido subsidirio se no houver improcedncia de pedido principal. - No que toca compatibilidade formal, onde h mais que um objecto e quer-se que sejam instrudos todos da mesma forma, os arts. 469 ss remetem-nos para o regime da coligao (s os obstculos coligao, portanto, s mesmo o art. 31 e no o art. 30) sendo o requisito de admissibilidade a compatibilidade de competncia do tribunal e a compatibilidade das formas de processo. - Existe um paradigma processual o processo ordinrio de onde se decalcam os demais tipos de processo comum. Ou seja, se um objecto plural implicar processo declarativo comum ordinrio e sumrio, so ambos semelhantes (mas no idnticos), ou seja, so compatveis. - E as formas especiais, podem ser compatveis? S se tramitao for manifestamente decalcada do processo comum ordinrio. - Paula Costa e Silva identidade e compatibilidade so coisas diferentes - Se no se verificar, haver uma excepo dilatria inominada de conhecimento oficioso, sanada pelo art. 31-A - Assim, pode-se, por exemplo, cumular pedidos quando um seja sumrio e outro sumarissmo, evitando-se uma aplicao rigidamente formal do art. 31/1, in fine, visto que tm todos base no processo ordinrio - Teixeira de Sousa art. 470 tem mais um requisito deve assegurar-se que haja razo para que objectos estejam interligados, factores de conexo, considerando que os do art. 30 so bons. Mas Paula Costa e Silva diz que nada indica isso. - Para contornar o problema, tanto a professora como a jurisprudncia, usam o art. 31/4. Assim, a economia processual, princpio que serve de base possibilidade de pluralidade de objectos, no sai frustrada. - Se houver cumulao de vrios pedidos na mesma aco, tendo cada um deles uma forma de processo diferente, o valor da causa corresponder soma de todos os diferentes pedidos da aco, sendo que sumrio mais sumarssimo pode dar ordinrio art. 306/2. No caso de pedidos subsidirios e alternativos, o critrio est no art. 306/324

Pedido No Certo ou Genrico - Base substantiva art. 569 CC confere uma faculdade ao autor para no indicar valor certo do pedido. - No se deve confundir com uma obrigao genrica um pedido de entrega de 1000 litros de vinho, embora corresponda a uma obrigao genrica, no um pedido genrico nos termos do art. 471 - Art. 471 regula a sua admissibilidade, para depois se liquidar em sentena art. 661/2 podendo ser a liquidao realizada em incidente de liquidao art. 378 - ou mediante processo de inventrio art. 1326 - Fora das hipteses do art. 471, o pedido genrico no admissvel, podendo-se verificar uma de duas situaes: - Se pedido for, pela sua indeterminao, ininteligvel, verifica-se ineptido da petio inicial art. 193/2 a), o que pode fundamentar o indeferimento liminar da petio inicial art. 234 - Se pedido for inteligvel, mas necessitar de concretizao ou individualizao, a petio inicial deficiente, e o tribunal pode convidar o autor a concretizar ou individualizar o pedido art. 508/1 b) por analogia. - Autor no pode abusar, sob pena de modificar o exerccio do contraditrio por parte do ru, poIs quanto mais simples for a forma de processo, menos garantia de contraditrio existem. Alm disso, o facto do ru no saber em concreto do qu que se est a defender enfraquece o seu contraditrio. - Art. 265-A princpio da adequao formal a resposta do sistema a possveis abusos. - A justificao a seguinte: nas situaes do art. 471, o direito reconhece a dificuldade do autor em formular um pedido concreto, sendo que, para assegurar o direito aco por parte do autor, justifica-se uma compresso do contraditrio. - Se no for verificado pedido genrico de acordo com o art. 471, h uma excepo dilatria inominada, absolvendo-se o ru da instncia, sendo suprvel se autor concretizar pedido.

Pedidos Cujos Efeitos Se Repercutem No Futuro

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- Art. 472 mais 671 (sentena que se prolonga no tempo) mais 781 CC pode-se condenar para o futuro. - A que casos substantivos se aplica o art. 472? (j que direito substantivo sempre ponto de partida) - Art. 781 CC perda de benefcio do prazo e vencimento automtico da obrigao (diferente da venda a prestaes) - Ratio falta a x prestaes e presume-se incumpridor - Credor pode extra-judicialmente intrepelar devedor para pagar todas as prestaes que se venceram com o incumprimento, perdendo o benefcio do prazo porque no pagou na altura certa um ttulo executivo com trato sucessivo. - Art. 472 - para ter interesse em agir, autor vai ter que articular com art. 662/1 e 2 a) - 1 para direitos ainda no existentes e sujeitos a condenao Castro Mendes concorda e Teixeira de Sousa diz que no condicional, que existe que a termo. - 2 - para direitos cujas obrigaes ainda no esto vencidas Castro Mendes obrigaes exigveis mais no vencidas; Teixeira de Sousa configurao correcta do direito como prestao vincenda, vindo a verificar-se que est incorrecto nem vencido. - Assim, a aco de condenao in futuram admissvel sempre que a falta de ttulo executivo no momento do vencimento da prestao possa causar grave prejuzo ao credor art. 472/2 - O art. 472/1 aplica-se quando, no mbito de uma venda a prestaes, a parte, conjuntamente com a condenao relativa s prestaes j vencidas mas no cumpridas, pretende obter a condenao do comprador nas prestaes vincendas. - Teixeira de Sousa ainda fala da possibilidade de se usar para obter a condenao a sano pecuniria compulsria prevista no art. 829-A CC apesar da falta de previso legal especfica, infere-se na necessidade de permitir a imposio judicial da sano compulsria 273/4 - Se no se verificarem os pressupostos do art. 472 para condenaes in futuram, pode haver falta de interesse, constitundo uma excepo dilatria conducente absolvio do ru da instncia arts. 493/2 e 288/1 e)

No Verificao da Litispendncia e do Caso Julgado - Arts. 497 a 499 - pressupe a repetio de uma causa26

- Se duas causas esto simultaneamente perante o tribunal, h litispendncia. - Se uma causa proposta depois da anterior ter sido decidida, h caso julgado art. 497/1. - Causa repetida quando ela proposta idntica a outra quanto aos sujeitos, ao pedido e causa de pedir art. 498/1 - Identidade dos sujeitos partes sejam as mesmas, do ponto de vista da sua qualidade jurdica e no fsica art. 498/2 - Montalvo Machado e Paulo Pimenta e Alberto dos Reis se tiver havido sucesso no direito ou na obrigao, ainda a podemos ter litispendncia ou caso julgado. - Identidade dos pedidos afere-se pela circunstncia de em ambas as aces se pretender obter o mesmo efeito jurdico art. 498/3 - Identidade da causa de pedir pretenses deduzidas em ambas as aces derivam de mesmo facto art. 498/4 - Qual a ratio? Evitar que tribunal reproduza ou contradiga deciso anterior art. 497/2 juiz, se verificar, deve-se abster de conhecer o mrito da causa. - Litispendncia art. 499 - causa repetente aquela pela qual o ru tenha sido posteriormente citado. - Caso julgado repetente depois de trnsito em julgado. - Teixeira de Sousa a relao de consumpo justifica a arguio da excepo de litispendncia ou do caso julgado - Objectos em relao de prejudicialidade art. 279/1 tribunal no qual foi instaurada a aco dependente pode ordenar a suspenso da instncia, aguardando a deciso da a co relativa ao objecto prejudicial

Coligao13 14 Introduo - Remdio Marques a coligao uma modalidade de pluralidade de partes onde, como j se viu, alm da pluralidade de partes, existe ainda pluralidade de relaes materiais controvertidas.13 14

Remdio Marques, A Aco Declarativa..., pp 403-405 Montalvo Machado e Paulo Pimenta, O Novo Processo Civil, pp 79-80

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- Distingue-se do litisconsrcio - por serem pedidos distintos ou diferenciados - Pressuposto do artigo 30 - conexo objectiva para haver coligao - n 1 - identidade da mesma causa de pedir; relao de prejudicialidade e dependncia. - Pode haver coligao quando haja identidade de pedidos e seja a mesma e nica a causa de pedir que sustenta os diferentes pedidos formulados - p ex., quando um ru demandado como devedor de uma obrigao fundamental e outro como devedor da relao cambiria como avalista, ou quando vrios trabalhadores exijam uma indemnizao pelo mesmo facto, tendo como fundamento contratos diferentes - Pode haver coligao quando os pedidos estiverem numa relao de dependncia ou prejudicialidade - um dos pedidos s procede se o principal for avante, por ex: A tinha celebrado contrato de compra e venda de um quadro com E. Vem pedir a declarao de nulidade. Como E j tinha entregue um quadro a F vem tambm pedir a entrega deste a A. Aco de reivindicao quando o A proprietrio e este s o ser se for julgada procedente o pedido de declarao de nulidade. - Rui Pinto diz que o legislador quis enquadrar situes de prejudicialidade imprpria, com fundamento na economia processual. D exemplo de A e B coproprietrios e arrendaram a C. A intenta aco de resoluo de arrendamento com um fundamento e B tambm, mas com outro fundamento. - Pode haver ainda coligao quando os pedidos se refiram a clusulas contratuais anlogas, i.e., procedncia dos pedidos dependa essencialmente da apreciao dos mesmos factos, da interpretao e aplicao das mesmas regras de direito ou de clusulas contratuais perfeitamente anlogas, apesar de serem diferentes causas de pedir art. 30/2 por ex: intenta-se aco contra Carris por causa dos passes de metro. Causa de pedir seria diferente porque contrato seria anlogo. - Clusulas contratuais anlogas em relao aos contratos celebrados com distribuidoras de servios de multimdia, por exemplo. (Zon, Meo, etc.) Nesses casos, quem costuma faz-lo so associaes como a DECO, que tm legitimidade nos termos do art. 26-A, pois esto a defender interesses difusos. - Se estiver em jogo questo ligada s clusulas contratuais gerais, ver art. 27/2, 29 LCCG - Quando os pedidos formulados contra os diversos rus se fundem na invocao da obrigao cartular, quanto a uns, e da respectiva relao subjacente, quanto a outros art. 30/3

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Admissibilidade Formal da Coligao - A admissibilidade da coligao depende da circunstncia de aos vrios pedidos corresponder a mesma forma de processo (excepto se essa diversidade respeitar apenas ao valor), e de o tribunal ser internacionalmente competente, competente em razo da matria e da hierarquia para apreciar os diferentes pedidos art. 31/1. - Como j sabemos da matria dos objectos plurais, no que toca os processos especiais, o juiz pode excepcionalmente autorizar a coligao, desde que a apreciao conjunta seja indispensvel ou conveniente para a justa composio do litgio, e que no haja uma manifesta incompatibilidade art. 31/2 - Quanto competncia, atentar ao art. 87, que estabelece critrios para saber onde se julga a aco no caso de pluralidade de rus.

Coligao Ilegal - Quanto s consequncias da coligao ilegal, pode acontecer uma de duas coisas: - Se falta respeitar aos rus, o juiz no deve logo absolv-los da instncia, devendo, sim, notificar o autor para, no prazo fixado, indicar qual o pedido ou os pedidos que pretende ver apreciado no processo, sob cominao de o ru ou rus serem absolvidos da instncia quanto a todos os pedidos art. 31-A/1, 288/1 e) e 265/2 - Se falta respeitar aos autores, sero todos notificados para, mediante acordo, esclarecerem quais os pedidos que pretendem ver apreciados no processo. Na sua falta, a aco prosseguir para apreciao do pedido formulado pelo autor que manifeste vontade nesse sentido, se os outros no declararem tambm pretender a apreciao daqueles que tiverem deduzido, pois, se estes ltimos declararem essa apreciao, o ru ser absolvido da instncia quanto a todos os pedidos.

Coligao Necessria e Pluralidade Subjectiva Subsidiria - Se, excepcionalmente, a coligao for necessria por motivo da natureza das distintas relaes materiais controvertidas, e aco no for deduzida contra ou por todos os titulares das distintas relaes materialmente controvertidas, dever promover-se a sua interveno principal (320-B). Isso acontecer, por exemplo, em29

aces de indemnizao por acidente de viao em que se invoque responsabilidade pelo risco e se demande a seguradora com base numa aplice que no cobre o montante do prejuzo sofrido, devendo-se tambm demandar o segurado ou pessoa a quem o facto danoso imputvel. - Podem ainda haver casos de pluralidade subjectiva subsidiria, no caso de dvida fundamentada sobre sujeito da relao material controvertida. Por exemplo, no se saber se foi administrador da sociedade ou sociededade que fez contrato, porque ele foi oral art. 31-B.

A Contestao15 16 - Resposta do ru petio inicial, sendo, no fundo, a manifestao da posio do ru perante o articulado dos autos - Teixeira de Sousa: - Contestao em sentido material qualquer acto praticado pelo ru no qual ele mostre a sua opinio ao autor e ao pedido formulado tanto na apresentao de um articulado como na prtica de um acto (juntar recibo comprovativo do pagamento) art. 486/2 e 487 - Contestao em sentido formal articulado de resposta do ru petio inicial, como consagrado nos arts. 488 a 489/1 contm em regra uma contestao em sentido material. - Ru pode tomar duas atittudes perante a petio inicial: - No Oposio - Revelia (v. Infra) art. 484 e 485 - Se for operante 484/1 e 485 a contrario) consideram-se confirmados os factos articulados pelo autor art. 484/1 in fine tribunal considera-os factos no controvertidos (art. 659/3) e antecipa a fase da sentena 484/2 se for de manifesta simplifidade n 3 - Se for inoperante, no h consequncias quanto ao julgamento da causa, no se considerando confessados os factos alegados pelo autor dispensa seleco de matria de facto e audincia preliminar art. 508-A/1 e) e 508-B/1 a) e que a audincia final decorre perante um tribunal singular

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Teixeira de Sousa, Estudos Sobre o Novo Processo Civil, pp 282-298 Lebre de Freitas, A Aco Declarativa Comum..., pp 73-107

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- Confisso do pedido art. 293/1 - Confisso dos factos art. 352-361 CC e 552-567 CPC - A contestao do ru marca a sua oposio relativamente ao pedido do autor, podendo consistir em defesa por impugnao dos factos articulados pelo autor ou na invocao de excepes dilatrias ou peremptrias art. 487 - Teixeira de Sousa- escolha de modalidade de defesa depende da posio que o ru pretende assumir se s negar ou se contriar os factos articulados pelo autor ou ainda alegar factos que obstem ao conhecimento da aco. - Juntamente com a contestao ou independentemente dela, o ru pode formular um pedido reconvencional contra o autor art. 501 - Separada, formulado o pedido e indicado o valor art. 501/1 e 2

Prazo - 30 dias a contar a sua citao art. 486/1 - Mais uma dilao de 5 dias se a citao no tiver sido realizada na pessoa do ru art. 236/2 e 240/2 e 3 ou se ru tiver sido citado de continente para Regio Autnoma ou para o estrangeiro art. 252-A - Se houver uma pluralidade de rus, prazo diferente art. 486/2 beneficiam todos os prazo que termine em ltimo lugar, podendo contestar at esse limite - Prazo pode ser prorrogado se tal prorrogao for concedida pelo MP, quando carea de informao que no possa obter, etc. 486/4 no podendo ela exceder 30 dias art. 486/5 no suspende prazo em curso art. 486/6

Contedo Formal - Articulado de contestao apresenta o mesmo contedo formal da petio inicial art. 488 - cabealho (ru identifica a aco), narrao (exposio de factos e tomadas de posio) e concluso (ru remate dizendo dever ser absolvido da instncia por excepo dilatria, do pedido por excepo peremptria), havendo ainda indicaes complementares. - Esse artigo exige deduo em separado das excepes e tal?

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- Inobservncia de regras do 488, nos termos do art. 474 por analogia, fundamentam recusa de recebimento? - Teixeira de Sousa sim, como tudo o presente nos arts. 474, 475 e 476. Alm disso, se ru fizer de propsito litigncia de m f art. 456/2

A Concentrao - uma das desigualdades estruturais entre o autor e o ru - A contestao em sentido material est submetida a uma regra de concentrao/precluso toda a defesa deve ser deduzida na contestao art. 489/1 ou, melhor, no prazo da sua apresentao art. 486/1 sob pena dos factos no serem considerados. Se o forem, nulidade da deciso art. 668/1 d). - Factos novos invocados pelo ru este nus de alegao vale para o ru como para o autor factos principais relativos excepo art. 264/1 - nus de impugnao no pode ser mais exigente que nus de alegao do autor, pelo que o ru s deve impugnar - Excepes: - Art. 489/1, in fine defesa separada aquela que pode ou deve ser deduzida fora da contestao ex: 128 - Art. 489/2 defesa diferida pode/deve ser apresentada depois prazo. Trs situaes: - Alegao de Factos Supervenientes art. 506/2 - Quando a lei expressamente o indique art. 102/2, 110/4 e 123/1

Contedo Material - A contestao pode revestir as modalidades de defesa por impugnao e por excepo art. 487/1 - Impugnao pode ser directa ou de facto e indirecta ou de direito - De facto contradio pelo ru dos factos articulados na petio inicial art. 487/2, 1 parte - De direito afirma que factos alegados pelo autor no podem produzir efeitos pretendidos pelo autor32

- Ateno que matria de Direito de conhecimento oficioso art. 664 1 parte e tribunal deve controlar efeitos pretendidos - Distino das excepes peremptrias nelas o ru limita-se a negar efeito, e na impugnao ru ope a esse efeito alegaes de um facto impeditivo, modificativo ou extintivo.

Defesa Por Excepo - Invocao de factos que obstam apreciao do mrito da aco ou que, servindo de causa impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado pelo autor, importem a improcedncia total ou parcial do pedido art. 487/2 2 parte - 1 - falta de pressuposto processual excepo dilatria art. 493/2 incompetncia tribunal, nulidade de todo o processo, falta de personalidade ou capacidade judiciria do autor ou ru, falta de autorizao ou deliberao que autor devesse obter, ilegitimidade do autor ou do ru, coligao ilegal de autores ou rus, pluralidade ilegal, falta de constituio de advogado, falta, insuficincia ou irregularidade da procurao, a litispendncia, caso julgado, peretrio tribunal arbitral - 2 - excepo peremptria alegaes de um facto impeditivo, modificativo ou extintivo de um direito art. 493/3 funda-se no direito substantivo e no processual, da levar absolvio do pedido e no da instncia art. 487/2, in fine

Defesa Por Impugnao - Impugnao directa deve abranger os factos principais articulados pelo autor na petio inicial art. 490/1 caso contrrio, consideram-se admitidos por acordo os factos que no forem contestados. - Teixeira de Sousa ponto sensvel prende-se com o quantum da impugnao, i.e., com a sua suficincia - Esse quantum exige a exposio pelo ru dos motivos da sua oposio ao autor e das razes da controvrsia entre as partes - Basta ao ru apresentar uma verso contraposta do autor art. 490/2 - Factos instrumentais no tm de ser impugnados, mas acabam por s-lo com a impugnao dos factos principais

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- S h nus de impugnao de factos instrumentais para se impgunar prova art. 544/2 - Conclundo, se facto principal por impugnado, consideram-se os instrumentos a ele respeitantes e, se no, eles so irrelevantes. - directa quando ru nege directa e frontalmente os factos - indirecta quando o ru, confessando ou admitindo parte dos factos alegados, como a causa de pedir, pelo autor, afirma factos cuja existncia incompatvel com a realidade de outros alegados pelo autor no mbito de uma mesma causa de pedir, desvirtuando-a. - VER CONTESTAO CONTRADITRIA ART. 31-A ANALOGIA

O nus de Impugnao - O nus de impugnao especificado ou expresso? Art. 490 - no t l admite-se contestao genrica por negao. - Lebre de Freitas deixou de ser exigido, desde a reforma, que a impugnao fosse feita especificadamente, i.e., facto por facto. Deixou de ser nus de impugnao especificada, que obrigava o ru a tomar posio sobre cada ponto. - STJ anlise casustica critrio de juzo de proporcionalidade com a complexidade da causa - S exigvel que o ru tome posio sobre os factos que conhea ou deva conhecer segundo as regras da experincia comum ou em cumprimento de um dever de informao - Se ru no tem o dever de conhecer o facto conduta de 3 - ele no pode impugnar, sob pena de violar dever de veracidade, pois ningum pode negar a veracidade de algo que no conhea art. 456/2 b) - Se ru no o pode ignorar, de nada lhe serve afirmar que no o conhece art. 490/3 sendo equivalente admisso - Art. 490/4 certas entidades - Art. 490/2 in fine facto no expressamente impugnado, mas a sua impugnao torna-se desnecessria ou suprfula - Se impugnar facto de conduzir carro do acidente, no preciso impugnar outros factos relativos responsabilidade34

- Impossibilidade jurdica se no for admissvel confisso art. 490/2 e 352 CCiv - No impugnando um facto, ele considera-se admitido, efeito cominatrio semelhante quele que se verifica na revelia a fictia confessio. Excepto nos casos do art. 490/2 (que s podem ser provados por documento escrito, que no admitem confisso, que remete para o 354 CC) ou do art. 490/4

Confisso Qualificada e Complexa - Qualificada ru confessa facto mas fornece-lhe um diferente enquadramento jurdico recebi o dinheiro, mas foi uma doao e no um mtuo - Impugnao indirecta autor que se queira aproveitar da prova dela resultante art. 358/1 tem de aceitar tudo como verdadeiro art. 360 CCiv apesar de poder provar a sua inexactido - Complexa ru confessa mas invoca factos impeditivos, modificativos ou extintivos do efeito pretendido. Ex: ru aceita ter recebido quantia emprestada, mas afirma que j a restituiu - Indivisibilidade art. 360 CCiv teria como consequncia que incumberia que autor provasse inexistncia da excepo - Teixeira de Sousa inaceitvel inverso do nus da prova da excepo peremptria no art. 342/2 CC - No se aplica indivisibilidade autor continua a ter que provar factos constitutivos do seu direito e ru os factos impeditivos, modificativos ou extintivos

Efeitos - Processuais e substantivos - 1 - rplica 502 - 2 - contestao torna litigioso o direito afirmado em juzo, o que vale para, por exemplo, a proibio da cesso do direito 579 - ou venda 876 - Notificao art. 492

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Rplica - A rplica a resposta do autor contestao do ru - Teixeira de Sousa: pode ser entendida num sentido formal ou material: - Num sentido formal a rplica um articulado que o autor apresenta em resposta contestao do ru - Num sentido material, a rplica consisten a contestao de uma excepo oposta pelo ru ou na deduo de uma excepo contra o pedido reconvencional formulado pelo ru art. 502/1 e 2 - Se o articulado referido na primeira hiptese contiver aquela impugnao ou deduo daquela excepo, a rplica em sentido formal s-lo- tambm em sentido material. - A justificao da rplica encontra-se no princpio da igualdade das partes art. 3-A e do contraditrio art. 3/1 a 3 - Nas aces de simples apreciao negativa, a rplica serve para o autor impugnar os factos constitutivos que o ru tenha alegado como fundamento do seu pedido reconvencional de apreciao da situao jurdica e para ele prprio excepcionar os factos impeditivos, modificativos ou extintivos oponveis a esse pedido art. 502/2

Contedo Material - A rplica admissvel sempre que o ru deduza alguma excepo ou formule um pedido reconvencional art. 502/1: - No primeiro caso, a rplica destina-se a possibilitar a impugnao pelo autor da excepo invocada pelo ru ou alegao de uma contra-excepo - No segundo caso, a rplica permite a apresentao pelo autor de qualquer contestao, por impugnao ou por excepo art. 487/1 do pedido reconvencional - A falta da rplica ou a no impugnao dos factos novos alegados pelo ru implica, em regra, a admisso por acordo dos factos no impugnados art. 505. - Esta admisso no se verifica nas situaes previstas no art. 490/2, havendo que se conjugar o contedo da rplica com o da petio inicial, devendo-se considerar impugnados os factos alegados pelo ru que forem incompatveis com aqueles que constarem de qualquer desses articulados do autor.

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- Se o ru tiver formulado um pedido reconvencional, a falta de rplica implica a revelia do reconvindo quanto a esse pedido art. 484/1 que, se operante, determina a confisso dos factos articulados pelo ru como fundamento do seu pedido reconvencional art. 484/1 - Acessoriamente a estas funes, a rplica pode ser utilizada para o autor alterar unilateralmente o pedido ou a causa de pedir art. 273/1 e 2. A dependncia desta funo acessria perante as funes essenciais da rplica determina que aquela altera os pode ser realizada quando esse articulado for admissvel nos termos gerais, pelo que, se o autor no tiver fundamento para a a apresentar se no preencher 502/1 CC no pode justific-la com a alterao do pedido ou causa de pedir

Prazo - A rplica deve ser apresentada dentro de 15 dias a contar da notificao da contestao art. 502/3, 1 parte. - Se aco for de simples apreciao negativa ou o ru tiver deduzido um pedido reconvencional, esse prazo de 3 dias art. 502/3, in fine. - Alargamento do prazo justifica-se pela circusntncia de a rplica assumir, nesses casos, a funo de contestao dos factos alegados pelo ru e do pedido reconvencional formulado por esta parte - Qualquer destes prazos prorrogvel at ao limite da sua duplicao, em benefcio do MP ou do autor que, por motivo ponderoso, esteja impedido ou tenha dificuldade em apresentar o seu articulado art. 504

Rejeio - A rplica pode ser rejeitada pela secretaria sempre que se verifique um dos vcios formais que justifica a recusa da petio inicial art. 474 . - Semelhantemente ao estabelecido para a recusa deste articulado, o autor pode reclamar para o juiz art. 475/1 e agravar do despacho que a confirme art. 475/2. Caso a recusa seja mantida, pode apresentar outra rplica no prazo de 10 dias art. 476

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A Trplica - Resposta do ru rplica do autor - Acepo formal articulado de resposta do ru rplica do autor - Acepo material contestao do ru das excepes opostas reconveno da rplica, a impugnao da admissibilidade da modificao do pedido ou da causa de pedir realizada pelo autor na rplica art. 273/1 e 2 ou a contestao da nova causa de pedir ou do novo pedido apresentado pelo autor na rplica art. 503/1

Contedo Material - A trplica s admissvel em duas situaes art. 503/1 - Quando o autor tiver modificado na rplica o pedido ou a causa de pedir art. 273/1 e 2 e ru quiser contestar a admissibilidade dessa modificao, quer o novo pedido formulado. - Quando o ru tiver deduzido um pedido reconvencional e o autor tiver alegado contra esse pedido uma excepo e o ru desejar contest-la por impugnao ou pela invocao de uma contra-excepo - Trplica destina-se a assegurar o contraditrio do ru quanto a essas matrias. - O nus de impugnao tambm vale na trplica. Assim, a falta de trplica, a no impugnao da nova causa de pedir e a no contestao da excepo alegada pelo autor na rplica determinam, em regra, a admisso por acordo desses factos e dessa excepo - art. 505

Prazo - A trplica deve ser apresentada nos 15 dias seguintes notificao da apresentao da rplica art. 503/2 - Prazo pode ser prorrogado at ao limite de 15 dias, nos termos e condies do prazo da contestao art. 504

Rejeio - O recebimento da trplica pode ser recusado pela secretaria se se verificar qualquer dos vcios formais que fundamentam a rejeio da petio inicial38

- Art. 474 - aplicao analgica - Reclamao art. 475/1 e agravar do despacho n 2 - Se recusa for confirmada, aplica-se o 476 - prorrogao do prazo por 10 dias

Contraditrio - Se o ru tiver formulado um pedido reconvencional art. 501/1 o autor pode contestar na rplica esse pedido atravs da deduo de uma excepo, qual o ru pode responder na trplica com a alegao de uma contra-excepo - No havendo mais nenhum articulado, importa assegurar o contraditrio do autor o art. 3/4 diz que o autor pode responder a essa contra-excepo na audincia preliminar art. 508-A ou, se esta no se realizar, na audincia final art. 651 e 652 - Admita-se, ainda, que ru formulou um pedido reconvencional e que essa mesma parte modificou na trplica que vale, quanto reconveno, como rplica esse pedido ou a sua causa de pedir art. 273/1 e 2 - No havendo mais nenhum outro articulado, o contraditrio do autor quanto a esse novo pedido ou causa de pedir reconvencional tambm tem de ser assegurado na audincia preliminar ou final aplicao analgica do art. 3/4 - Impugnao de documento apresentado com a trplica art. 526, 544/1 e 546/1

Articulados Supervenientes - Utilizados para a alegao de factos que, dada a sua supervenincia, no puderam ser invocados nos articulados normais art. 506/1 essa supervenincia pode ser: - Objectiva quando os factos ocorrerem posteriormente ao momento da apresentao do articulado da parte 506/2, 1 parte facilmente determinvel se facto ocorreu depois da apresentao do articulado, superveniente, ponto. - Subjectiva quando a parte s tiver conhecimento dos factos ocorridos depois de findar o prazo de apresentao do articulado art. 506/2, in fine mais difcil: o art. 506/4 estabelece que o articulado superveniente deve ser rejeitado quando, por culpa da parte, ele for apresentado fora de tempo, i.e., quando a parte no tenha tido conhecimento atempado do facto por culpa prpria 506/3 a supervenincia subjectiva pressupe o desconhecimento culposo do facto.39

- Como determinar a culpa? Como litigncia de m f art. 456/2 exige negligncia grave, tambm aqui se exige. - Atravs de um articulado superveniente pode ser invocada uma nova causa de pedir ou uma nova excepo. Ex: autor reivindica propriedade sobre uma coisa com base num contrato de compra e venda e que, durante a causa, torna-se herdeiro do alegado vendedor demandante pode invocar novo ttulo sucessrio. - Esta alterao da causa de pedir baseada em factos supervenientes no est sujeita s condies exigidas pelo art. 273 - Prazos pode ser apresentado em trs momentos diferentes: - Audincia preliminar, se houver e se os factos hajam ocorrido ou tenham sido conhecidos at ao respectivo encerramento art. 506/3 a) - Nos 10 dias posteriores notificao da data designada para a realizao da audincia de discusso e julgamento arts. 508-A/2 b) e 512/2, quando sejam posteriores ao termo da audincia preliminar ou esta no se tenha realizado art. 506/3 b) - Finalmente, na audincia de discusso e julgamento, se os factos ocorrerem o utiverem sido conhecidos em data posterior marcao dessa audincia 506/3 c), sobre essa marcao. - Aplica-se o art. 474 por analogia, quanto secretaria. - Se o articulado for aceite, o tribunal ordena a notificao da parte contrria para responder no prazo de 10 dias art. 506/4, 2 parte - Os factos que interessem deciso da causa e que se tornem controvertidos pela impugnao da contraparte art. 506/4, in fine so includos ou aditados base instrutria art. 506/6 - Se o articulado superveniente for apresentado depois da designao do dia para a audincia final 506/3 b) nada se suspende ou adia e realiza-se no decurso dela o despacho de admisso, a notificao da parte contrria e a resposta desta art. 507/1. - Se o facto superveniente for alegado na prpria audincia final art. 506/3 c) a sua apresentao realiza-se oralmente e fica consignada na acta, assim como o despacho de admisso ou rejeio, a resposta da parte contrria e o despacho que ordene ou recuse o aditamento base instrutria art. 507/2, 1 parte

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A Reconveno17 -Serve tambm para o ru deduzir pedidos contra o autor, em exerccio do direito de aco e ampliao do objecto do processo art. 274/1 - O ru fica o reconvinte e o autor o reconvido - facultativa, sendo uma questo de estratgia processual - Deduzida separadamente e com os elementos e indicaes do art. 467 c), d) e e), por via do art. 501/1 e 2, a reconveno apresenta a mesma estrutura formal da petio inicial fundamentos de facto, de direito, pedido, valor, elementos eventuais. - Ela no pode ser recusada por falta de indicao do seu valor, mas no ser atendida se o reconvinte, convidado a faz-lo, no o fizer. - A reconveno pode ser inepta, como a petio inicial, mas a consequncia da ineptido no a nulidade de todo o processo, mas apenas a nulidade circunscrita prpria reconveno, com a consequente absolvio do reconvindo da instncia reconvencional - Requisitos de Admissibilidade: - Art. 274/2 tem de se verificar algum dos elementos de conexo com o pedido do autor que esto indicados no artigo, e no se poder verificar nenhum dos requisitos negativos de compatibilidade processual a que se refere o art. 274/3, sem prejuzo do disposto no art. 31/2 e 3 - A absolvio do ru do pedido/instncia no obsta apreciao do pedido reconvencional, a menos que este seja dependente do formulado pelo autor art. 274/6 - Passos para saber a admissibilidade: - Competncia absoluta art. 98 - material, hierrquica e internacional - 274 - compatibilidade das formas de processo n 3 forma igual ou forma semelhante - Competncia substantiva no n 2 a) - Valor? 300/2? No, 308/2 mais 447-A - Se ela for inadmissvel, h absolvio da instncia, mas o processo inicial continua a decorrer.

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Lebre de Freitas, A Aco Declarativa Comum Luz do Cdigo Revisto, reimpresso, 2010, pp 108-113

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O Problema da Compensao - Qual o alcance do art. 274/2 b), na parte relativa compensao? Ou seja, ao admitir a reconveno quando o ru pretenda obter a compensao, querer isso dizer que a invocao da compensao constitui sempre reconveno, no obstante ela ser uma causa de extino das obrigaes 847 CC e parecer dever ser classificada, a nvel processual, como uma excepo peremptria? - Se crdito reconvencional for de montante superior ao da aco, a questo no duvidosa quando o ru pretenda condenar o autor a pagar o excesso, pelo que o pedido reconvencional se reveste de autonomia a ampliao ntida e portanto, h, nessa parte, reconveno. - Teixeira de Sousa argumenta que preceito intil se no tiver outro alcance a admissibilidade da reconveno pelo excesso decorre j do art. 274/2 a), visto que o facto jurdico que serve de fundamento defesa o mesmo que serve de fundamento reconveno - Castro Mendes a compensao sempre objecto do pedido reconvencional, visto que vem trazer para o processo, uma relao jurdica nova, inteiramente distinta e autnoma em relao outra, devendo ela ser apreciada luz dos pressupostos processuais, como a competncia - Lebre de Freitas s constituir reconveno quando j tinha sido invocada extrajudicialmente, nos termos do art. 848/1 CC, pois neste caso constitui, nos limites do pedido do autor, uma excepo peremptria. Tambm diz que, sendo excepo peremptria, no o nico caso em que apreciada no processo uma relao jurdica distinta daquela a que o pedido se refere a novao constitui uma relao obrigacional distinta, s geneticamente coenxa com a que extingue, de tal modo que esta renasce se a nova for declarada nula. Alm disso, a compensao, enquanto o contracrdito no excede o crdito do autor, situa-se no mbito do pedido por este formulado, no ampliando o objecto do processo tal corresponde, afinal, ao conceito de excepo peremptria. - Conclui Lebre de Freitas s pelo excesso a favor do ru h reconveno, entendendo que o destaque dado compensao no art. 274/2 a) como manifestao de inrcia proveniente do cdigo anterior quis-se deixar claro que as modificaes introduzidas no direito civil e o consequente desaparecimento da compensao judiciria no afectam a admissibilidade da reconveno pelo excesso. Apesar da complicao que analisar uma parte do crdito em sede de reconveno e de excepo, o autor afirma que, no sendo a reconveno obrigatria, ru pode demandar o excesso em processo diferente

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A Revelia - A composio da aco pode ser decisivamente influenciada pela omisso de um acto processual trata-se da revelia do ru, que consiste na absteno definitiva de contestao. - A contestao constitui um nus da parte, no existindo, assim, qualquer dever. Da decorre que a revelia no determina a aplicao ao ru de qualquer sano, s desvantagens. - Paula Costa e Silva traduz uma ideia de inactividade do ru

Modalidades - Revelia Absoluta e Relativa - Absoluta quando o ru no pratica qualquer acto na aco pendente - Relativa se o ru no contesta, mas pratica em juzo qualquer outro acto processual, designadamente a constituio de mandatrio judicial. - Revelia Operante e Inoperante - Operante - quando produz efeitos quanto composio da aco - Inoperante quando esses efeitos no se realizam, i.e., quando a falta de contestao nada implica quanto deciso da causa, sendo que as situaes que a ela conduzem so comuns a todos os processos. inoperante nos casos em que o ru no constitua mandatrio, tenha havido citao e permanea na situao de revelia absoluta v. 233/6 e 248, e nos demais casos do art. 485

Efeitos - Composio da Aco - A revelia operante implica uma importante consequncia quanto deciso da aco, que se produz ex lege e no ex voluntate a revelia operante implica a confisso dos factos articulados pelo autor art. 484/1 (aplica-se ao processo sumrio e sumarssimo v. 463 e 464) efeito cominatrio semi-pleno - Esta confisso pode ser anulada? Sim aps a declarao de nulidade ou anulao daquela confisso, a parte pode solicitar a reviso da deciso transitada o fundamento dessa reviso a aplicao analgica do art. 771/1 d)

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- Matria confessada no prevalece sobre a matria de conhecimento oficioso, nomeadamente as excepes dilatrias de que o tribunal deve conhecer ex officio art. 495 - e que obstem apreciao do mrito da causa 288/3 no caso, por exemplo, de o tribunal ser absolutamente incompetente. - Art. 345 CC se a confisso presumida respeitar a factos impossveis ou notoriamente inexistentes ou se o autor tiver formulado um pedido ilegal ou juridiamente impossvel, essa confisso no admissvel.

- Trmites da Aco - A revelia produz efeitos sobre a tramitao da aco, atendendo quer ao seu carcter absoluto ou relativo, quer sua natureza operante ou inoperante. - Se absoluta, tribunal deve certificar-se que citao foi bem feita art. 483 - a no sanao da falta ou nulidade da citao art. 195 e 198 - permite que, se revelia absoluta se mantiver, o ru impugne, atravs do recurso extraordinrio de reviso art. 771 f) a deciso transitada em julgado ou se oponha execuo art. 813 d). Juiz profere imediatamente a sentena final art. 484/2, in fine, sem prvias alegaes de qualquer um dos advogados, soluo imposta pela igualdade, visto que ru no constitui advogado. - Se operante e relativa, o processo facultado para exame pelo prazo de 10 dias sucessivamente ao advogado do autor e do ru, sendo a sentena proferida de seguida art. 484/2 portanto, o efeito , basicamente, a passagem da fase dos articulados para a fase da sentena. - Se inoperante, ela dispensa a seleco da matria de facto art. 508-A/1 e), 508-B/2 e 787 e a convocao da audincia preliminar para fixao da base instrutria 508-B e 787. Essa revelia implica sempre que ela no decorra do aproveitamento da contestao de um litisconsorte 485 a) que a audincia final se realiza perante um tribunal singular.

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II Fins do Processo e Tipos de Tutela A Tutela Cautelar as Providncias Cautelares18Introduo, Noo e Finalidade - Nem sempre a regulao dos interesses conflituantes pode aguardar o proferimento da deciso do tribunal, tornando-se necessrio obter uma composio provisria da situao - Isso justifica-se sempre que ela seja necessria para assegurar a utilidade da deciso e a efectividade da tutela jurisdicional art. 2/2 + 20/1 CRP - Pode-se visar garantir um alegado direito, encontrar regulao provisria ou antecipa-se a tutela requerida - possvel o proferimento de decises com menos averiguaes dos factos, comparado com o arqutipo do processo ordinrio, que pode levar deciso estvel, imutvel e perguntar o que necessrio para que se aceite isto? - Encontram-se uma srie de garantias, mas que requerem tempo exaurido de consolidao que podem ser postas em causa pelo risco do objecto litigioso. - Percurso histrico que foi absorvendo a tutela antecipatria. Nesta ltima no h urgncia em prevenir situao, mas j urgncia de manuteno do estado dos lugares, que s vai conseguir determinar-se efectivamente e de forma consolidada com um processo exauriente. - Tutela cautelar era meramente conservativa. Visava-se garantir ao credor que no era possvel ao devedor distratar bens do seu patrimnio que quando surgisse a possibilidade de executar o patrimnio, ele j no existisse. A sua origem o arresto (619. CC). - A circunstncia das coisas faz como que apenas a possibilidade daquela deciso efectiva seja til. - Se juiz no tem tempo, ele ter que se basear naquilo que o requerente diz provavelmente real e que o provavelmente real provavelmente verdade. - Apenas se afasta o dispostivo num plano formal, porque o juiz est a interpretar adequadamente a postulao da parte, porque o que a parte pede no o que melhor pode tutelar, mas ele apenas protege o que a parte quer. Espcie de violao do dispositivo, no 668., mas que no tem base de sustentao pela urgncia da deciso.18

Teixeira de Sousa, Estudos sobre o Novo Processo Civil, pp 226-255

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- Em regra, o contraditrio prvio, mas aqui, o contraditrio diferido para momento posterior deciso, podendo haver diferimento do contraditrio tambm quando parte no pode tomar conhecimento, porque poderia atravs da sua conduta podia por em risco a eficcia da providncia. Exemplo dos computadores usados para fins ilegais, pelo que se fosse previamente anunciada a deciso, os PC seriam formatados. - Acessoriedade - Acessoriedade da providncia imediata consequncia de regime que se no instaurado processo principal importaria a caducidade da providncia cautelar. - Segunda aco pode-se no justificar (segundo a professora) numa nica aco: - Atendendo s caractersticas da prova, o juiz no tenha conseguido uma percepo de probabilidade de existncia de um direito, mas atinge a real existncia de um direito. Impe um grau mnimo de conhecimento; e se o juiz pode obter mais que isso, as consequncia tm que ser diferentes - tutela definitiva e no provisria.. - No foi este o modelo escolhido na actual reviso do CPC: - Modelo da inverso do contencioso - quem tem o nus de propor uma aco depois de decretada a providncia o requerido de modo a destruir essa providncia. - 387. - A e C da reforma - Dois problemas do regime: - dogmaticamente insustentvel dizer que h uma deciso que no tende a ser estvel quando existe um juzo de certeza. - No se compreende como uma deciso transitada em julgado sobre a existncia de um direito (387-A/1) pode ser posta em causa. - Finalidade a composio provisria da aco - Provisoriedade as providncias cautelares fornecem uma composio provisria, sendo que essa provisoriedade resulta quer da circunstncia de elas corresponderem a uma tutela qualitativamente distinta na aco principal art. 383/1 devido sua necessria substituio pela tutela que vier a ser definida na aco - Essa diferena qualitativa v-se bem a nvel probatrio onde se exige uma mera justificao como indcio seguro - Objecto de providncia cautelar nem o mesmo ex: aco restituio provisria da posse posse vs. propriedade

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- Instrumentalidade a tutela processual no geral, como j sabemos, instrumental perante as situaes jurdicas - Composio provisria no se deixa de se incluir nessa instrumentalidade, pois tambm serve os fins gerais de garantia que so prosseguidos pela tutela jurisdicional - No h litispendncia art. 497 - e providncia cautelar no vinculativa na aco principal art. 383/4 - Summaria cognitio para atingir a sua finalidade, a composio tem de ser concedida com celeridade. - Assim, as providncias cautelares implicam necessariamente uma apreciao sumria da situao atravs de procedimentos simplificados e rpidos - Algumas providncias cautelares podem ser decretadas sem audio prvia art. 3/2 - Probe-se audio nos casos dos arts. 394 e 408 e no outro permite-se art. 385 - Citao do ru depende de prvio despacho judicial art. 234/4 b) - Assim, juiz pode indeferir liminarmente o pedido quando ele seja manifestamente improcedente ou contiver excepes dilatrias insanveis art. 234-A/1 - Fazer prova sumria do direito ameaado 384/1 - Ouvir requerido neste caso - art. 385/1 e 2 - Produo de prova art. 386 - Providncia art. 387 - recusada se impuser demasiado prejuzo ao requerido art. 387 - Recurso do requerido art. 388/1 a) e oposio art. 388/1 b) - Convolao - Lebre Freitas e o 385. - ouve-se previamente o requerido ou dispensava audincia do requerido. Se ele disser que tivesse corrido como procedimento comum e dispensava audincia, ento pode haver convolao. Se no dispensar, por causa do princpio do contraditrio, no poder existir convolao. - 388. - audincia depois de diferida providncia cautelar.

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Pressupostos: os fund