direito processo penal

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  • DIREITO PROCESSO PENAL

  • 1

    NDICE

    1 - INQURITO POLICIAL ................................................................................................................ 4

    1.1 - DESTINATRIOS ................................................................................................................. 5

    1.2 - POLCIA JUDICIRIA ........................................................................................................... 6

    1.3 - CARACTERSTICAS.............................................................................................................. 8

    1.4 - VALOR PROBATRIO ....................................................................................................... 10

    1.5 - DISPENSABILIDADE DO INQURITO POLICIAL ................................................................. 10

    1.6 - INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO .......................................................................... 11

    1.7 - INSTAURAO DO INQURITO ....................................................................................... 12

    1.8 - AO PENAL PBLICA INCONDICIONADA ..................................................................... 12

    1.9 - AO PBLICA CONDICIONADA .................................................................................... 13

    1. 10 - AO PENAL PRIVADA................................................................................................. 15

    1.11 - O INDICIAMENTO .......................................................................................................... 15

    1.12 - PRAZOS PARA FINALIZAO DO INQURITO ................................................................ 16

    1.13 - ENCERRAMENTO DO INQURITO ................................................................................. 16

    1.14 - DISPOSITIVOS LEGAIS PERTINENTES ............................................................................. 17

    2 PRINCPIOS PROCESSUAIS ..................................................................................................... 20

    2.1 - Princpio da Verdade Real: .............................................................................................. 20

    2.2 - Princpio do Favor Rei ou Favor Libertatis: ..................................................................... 21

    2.3 - Princpio do Devido Processo Legal: ............................................................................... 22

    2.4 Princpio da Ampla defesa: ............................................................................................. 23

    2.5 - Princpio da Presuno de Inocncia .............................................................................. 24

    2.6 - Princpio do Juiz natural: ................................................................................................. 24

    2.7 - Princpio do Promotor Natural: ....................................................................................... 24

    2.8 - Liberdade dos Meios de Prova ........................................................................................ 25

    3 AO PENAL .......................................................................................................................... 26

  • 2

    3.1 Conceito.......................................................................................................................... 26

    3.2 - Classificao ................................................................................................................ 27

    4 COMPETNCIA ..................................................................................................................... 31

    4.1 Noes Gerais ................................................................................................................. 31

    4.2 - Classificao da Competncia ......................................................................................... 32

    4.3 - Conflito de Competncia................................................................................................. 33

    4.4 Legislao Pertinente ..................................................................................................... 34

    5 - NULIDADES ............................................................................................................................. 39

    5.1 - Conceito .......................................................................................................................... 39

    5.2 - Nulidade Absoluta e Relativa .......................................................................................... 40

    5.3 - Sistema Legal das Nulidades ........................................................................................... 40

    5.4 - Nulidades em Espcie ..................................................................................................... 41

    5.5 - Omisso de Formalidade Essencial do Ato ..................................................................... 43

    5.6 - Argio e Saneamento das Nulidades Relativas ........................................................... 44

    6 - HABEAS CORPUS .................................................................................................................... 44

    6.1 - Caractersticas ................................................................................................................ 45

    6.2 - Espcies ........................................................................................................................... 45

    6.3 - Tramitao do H.C. em 1a Instncia ............................................................................... 46

    6.4 - Tramitao do H. C. em 2a Instncia............................................................................... 46

    7 - PROVA .................................................................................................................................... 47

    7.1 Noes Gerais ................................................................................................................. 47

    7.2 - Classificao das provas .................................................................................................. 48

    7.3 Exame de Corpo de Delito .............................................................................................. 48

    8 RECURSOS .............................................................................................................................. 49

    8.1 - Conceito .......................................................................................................................... 49

    8.2 - Natureza Jurdica ............................................................................................................. 50

    8.3 Pressupostos dos Recursos em Geral ............................................................................. 51

  • 3

    8.4 - Espcies de Recursos ...................................................................................................... 53

    9 - EXERCCIOS DA OAB ............................................................................................................... 57

    10 - BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................... 75

  • 4

    1 - INQURITO POLICIAL

    Quando ocorre a prtica de um ato definido em lei como crime ou contraveno faz surgir, para o Estado, o jus puniendi, que somente pode ser concretizado por meio do processo.

    Esta pretenso punitiva do Estado somente pode ser deduzida em juzo, mediante a ao penal, ao trmino da qual, sendo o caso, ser aplicada a sano penal adequada, conforme a legislao vigente.

    Mas, para que se proponha a ao penal, entretanto, necessrio que o Estado disponha de um mnimo de elementos probatrios que indiquem a ocorrncia de uma infrao penal e sua autoria. O meio mais comum, embora no exclusivo, para a colheita desses elementos o inqurito policial.

    Conceito de inqurito policial: procedimento administrativo, dispensvel, presidido pelas autoridades policiais (delegado estadual e delegado federal), de carter inquisitivo (no h ampla defesa, nem contraditrio), que tem por finalidade colher provas da infrao e indcios de autoria, viabilizando o exerccio da ao penal.

    soma da atividade investigatria realizada durante o inqurito policial com a propositura da ao penal, promovida pelo Ministrio Pblico ou o ofendido, d-se o nome de persecuo penal (persecutio criminis). Com ela se busca tornar efetivo o jus puniendi decorrente da prtica da infrao penal a fim de se impor ao seu autor a sano pertinente.

    O inqurito policial encontra-se disciplinado nos arts. 4 a 23 do Cdigo de Processo Penal CPP (Decreto-Lei n 3.689, de 03.10.1941).

    Segundo a definio do Professor Fernando Capez (Curso de Processo Penal, ed. Saraiva, 5 edio, So Paulo, 2000), o inqurito policial " o conjunto de diligncias realizadas pela polcia judiciria para a apurao de uma infrao penal e de sua autoria, a fim de que o titular da ao penal possa ingressar em juzo".

    O Professor Julio Fabbrini Mirabete (Processo Penal, ed. Atlas, 10 edio, So Paulo, 2000) enfatiza o fato de o inqurito no ser um "processo", mas sim um "procedimento administrativo" informativo, destinado a fornecer ao rgo de acusao o mnimo de elementos necessrios propositura da ao penal. Trata-se de uma instruo provisria, preparatria e informativa, que no se confunde com a instruo criminal do processo, descrita nos arts. 394 a 405 do CPP.

  • 5

    Podemos, portanto, notar que o inqurito policial constitui fase investigatria, operando-se em mbito administrativo. Uma vez que o inqurito precede o incio da ao penal (fase judicial), a ele no se aplicam (ou pelo menos no so de observncia estritamente obrigatria) diversos dos princpios basilares informadores do processo penal, como o princpio do contraditrio, o princpio do juiz natural etc.

    O inqurito policial, conforme o caso, pode ser instaurado de ofcio por portaria da autoridade policial e pela lavratura de flagrante, mediante representao do ofendido, por requisio do juiz ou do Ministrio Publico e por requerimento da vtima.

    Se o inqurito policial procedimento administrativo, os atos nele praticados so administrativos. Esses atos so dotados de discricionariedade. O inqurito policial no tem contraditrio e nem ampla defesa. O advogado pode peticionar na fase do inqurito; e o delegado pode autorizar ou no o pedido de determinada diligncia, diante do seu poder discricionrio.

    1.1 - DESTINATRIOS

    O inqurito policial apresenta como destinatrios o destinatrio imediato e o destinatrio mediato.

    O inqurito policial apresenta como destinatrio imediato o titular da ao a que preceda, so eles:

    A - na aes penais pblicas: o Ministrio Pblico, seu titular exclusivo;

    B - nas aes privadas: o ofendido, titular de tais aes.

    O destinatrio mediato do inqurito policial o juiz, uma vez que o inqurito fornece subsdios para que ele receba a pea inicial e decida quanto necessidade de decretar medidas cautelares.

    O destinatrio do inqurito policial o MP, mas ele ser remetido ao juzo, para que possa ser identificado qual membro do MP atuar naquele inqurito. O MP o destinatrio do inqurito e no o juiz (o Poder Judicirio inerte). Ento, o inqurito ser remetido ao MP para que em cinco dias:

    - oferea denncia;

  • 6

    - devolva delegacia de polcia;

    - requeira arquivamento.

    Dessa forma, apesar do Cdigo de Processo Penal, art. 10, determinar que o inqurito seja remetido ao juiz isso no significa que o juiz o destinatrio do inqurito, mas sim o MP.

    1.2 - POLCIA JUDICIRIA

    A polcia judiciria uma instituio de direito pblico com funo auxiliar justia. Sua finalidade a apurao da ocorrncia de infraes penais e suas respectivas autorias, visando a fornecer elementos para a propositura da ao penal por seu titular.

    No mbito estadual a polcia judiciria atribuda s

    polcias civis. O art. 144, 4, da CF/88, estatui que "s polcias civis, dirigidas por delegados de polcia de carreira, incumbem, ressalvada a competncia da Unio, as funes de polcia judiciria e a apurao de infraes penais, exceto as militares".

    Na esfera federal as funes de polcia judiciria so

    exercidas, com exclusividade, pela Polcia Federal, conforme expressa disposio do inciso IV do 1 do art. 144 da CF/88. A polcia judiciria uma atividade, pois ser exercida pelas

    autoridades policiais, e no uma instituio. As instituies policiais possuem dois tipos de

    atividades distintas:

    policiamento preventivo ou ostensivo: a polcia de segurana pblica, que exercida pela polcia militar, rodoviria, ferroviria, florestal;

    policiamento repressivo, polcia ps-crime, polcia de investigao. Essa a polcia judiciria, que exercida pela polcia civil e pela polcia federal.

  • 7

    Portanto, o inqurito policial presidido por um delegado de polcia de

    carreira. A competncia administrativa desta autoridade , como regra geral, determinada em razo do local de consumao da infrao (ratione loci). Nada impede, entretanto, que se proceda distribuio da competncia em funo da natureza da infrao penal (ratione materiae), como ocorre em alguns estados, onde existem delegacias especializadas na investigao de determinados crimes.

    O territrio dentro do qual as autoridades policiais tm competncia para desempenhar suas atribuies denominado circunscrio.

    Cuidado: no se deve utilizar a expresso jurisdio, uma vez que as atribuies das autoridades policiais so exclusivamente administrativas.

    Conforme o art. 22 do CPP, nas comarcas em que houver

    mais de uma circunscrio policial, e no Distrito Federal, a autoridade com exerccio em uma delas poder, nos inquritos a que esteja procedendo, ordenar diligncias em circunscrio de outra, independentemente de precatrias ou requisies.

    A lavratura do auto de priso em flagrante deve ser

    realizada pela autoridade policial do lugar em que se efetivou a priso, devendo, os atos subseqentes ser praticados pela autoridade do local em que a infrao penal se consumou.

    Em razo de a autoridade policial no possuir

    competncia para processar, nem sentenciar, no est sujeito, o inqurito, regra do art. 5, LIII, segundo a qual "ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente".

    O transcrito inciso LIII do art. 5 da CF/88, desdobra-se

    em dois princpios, o princpio do promotor natural (ningum ser processado seno pelo promotor de justia previamente indicado pelas regras legais objetivas) e o princpio do juiz natural (todos tm o direito de ser julgados pelo magistrado previamente investido segundo critrios legais objetivos).

  • 8

    1.3 - CARACTERSTICAS

    O Professor Fernando Capez, em sua obra "Curso de Processo Penal", enumera as seguintes caractersticas do inqurito policial:

    a) PROCEDIMENTO ESCRITO

    O art. 9 do CPP expressamente estatui que "todas as peas do inqurito policial sero, num s processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade".

    coeso que no seria compatvel com a segurana jurdica, tampouco atenderia finalidade do inqurito policial, qual seja, fornecer ao titular da ao penal os subsdios necessrios sua propositura, a realizao de investigaes puramente verbais sobre a prtica de infrao penal e sua autoria sem que, ao final, resultasse qualquer documento formal escrito.

    b) PROCEDIMENTO SIGILOSO

    O inqurito policial deve assegurar o direito inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem do investigado, nos termos do art. 5, X, da CF/88. No se deve esquecer que milita em favor de qualquer pessoa a presuno de inocncia enquanto no sobrevindo o trnsito em julgado de sentena penal condenatria (CF, art. 5, LVII).

    Ademais, a divulgao da linha de investigao, dos fatos a serem investigados, das provas j reunidas etc. muito provavelmente atrapalharia sobremaneira o resultado final do inqurito. Nessa esteira, o art. 20 do CPP determina:

    "Art. 20. A autoridade assegurar no inqurito o sigilo necessrio elucidao do fato ou exigido pelo interesse da sociedade."

    O sigilo do inqurito policial no pode ser oposto ao representante do Ministrio Pblico, nem autoridade judiciria.

    O advogado pode consultar os autos do inqurito. Entretanto, a realizao de atos procedimentais no poder ser acompanhada pelo advogado se, por sentena judicial, for decretado sigilo em determinada investigao.

    c) OFICIALIDADE

  • 9

    Somente rgos de direito pblico podem realizar o inqurito policial. Ainda quando a titularidade da ao penal atribuda ao particular ofendido (ao penal privada), no cabe a este a efetuao dos procedimentos investigatrios.

    d) OFICIOSIDADE

    A oficiosidade do inqurito policial significa que seus procedimentos devem ser impulsionados de ofcio, sem necessidade de provocao da parte ofendida ou de outros interessados, at sua concluso final. A oficiosidade conseqncia do princpio da obrigatoriedade da ao penal pblica (legalidade).

    No que concerne instaurao, todavia, somente haver oficiosidade relativamente aos inquritos instaurados para apurao de crimes sujeitos a ao pblica incondicionada. A instaurao do inqurito, destarte, no pode ser efetivada de ofcio nos crimes de ao penal pblica condicionada representao do ofendido ou requisio do Ministro da Justia e nos de ao penal privada. Uma vez instaurado o inqurito, entretanto, os atos nele praticados o sero por iniciativa da autoridade competente, de ofcio.

    e) AUTORITARIEDADE

    O inqurito deve sempre ser presidido por uma autoridade pblica, no caso, a autoridade policial (delegado de polcia de carreira).

    f) INDISPONIBILIDADE

    Do princpio da obrigatoriedade decorre a indisponibilidade do inqurito policial, conseqncia de sua finalidade de interesse pblico.

    A indisponibilidade representa um desdobramento da oficiosidade, ou seja, uma vez iniciado, o inqurito deve chagar sua concluso final, no sendo lcito autoridade policial determinar seu arquivamento (art. 17 do CPP). Mesmo quando o membro do Ministrio Pblico requer o arquivamento de um inqurito policial, a deciso submetida ao juiz, como fiscal do princpio da indisponibilidade, que, discordando das razes invocadas, deve remeter os autos ao chefe da Instituio (Ministrio Pblico).

    o que estabelece o art. 28 do CPP:

    "Art. 28. Se o rgo do Ministrio Pblico, ao invs de apresentar a denncia, requerer o arquivamento do inqurito policial ou de quaisquer peas de informao, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razes invocadas, far remessa do inqurito ou peas de informao ao procurador-geral, e este oferecer a denncia, designar outro rgo do Ministrio Pblico para oferec-la, ou insistir no pedido de arquivamento, ao qual s ento estar o juiz obrigado a atender."

    g) PROCEDIMENTO INQUISITIVO

  • 10

    O inqurito policial um procedimento investigatrio atribudo a uma autoridade administrativa, a qual atua de ofcio e discricionariamente (decorrncia dos princpios da obrigatoriedade e da oficialidade da ao penal).

    Como conseqncia de sua natureza inquisitiva, no se pode opor suspeio s autoridades policiais nos atos do inqurito (art. 107 do CPP). Pelo mesmo motivo, a autoridade policial pode, a seu critrio, indeferir os pedidos de diligncias feitos pelo ofendido ou pelo indiciado (art. 14 do CPP).

    1.4 - VALOR PROBATRIO

    pacfica a posio doutrinria diante de reiterada jurisprudncia de nossos tribunais, que o inqurito policial mera pea informativa destinada a embasar eventual denncia e, uma vez que no elaborado sob a gide do contraditrio, seu valor probatrio bastante restrito.

    No se admite que a sentena condenatria seja apoiada exclusivamente nos elementos aduzidos pelo inqurito policial, sob pena de se contrariar o princpio constitucional do contraditrio.

    O ilustre Professor Fernando Capez nos ensina como exemplo da relatividade do valor probatrio do inqurito a confisso extrajudicial, que somente ter validade como elemento de convico do juiz se confirmada por outros elementos colhidos durante a instruo processual.

    1.5 - DISPENSABILIDADE DO INQURITO POLICIAL

    Conforme se infere da leitura do art. 12 do CPP, possvel a apresentao da denncia ou da queixa mesmo que estas no tenham por base um inqurito policial. Com efeito, este dispositivo assim reza:

    "Art. 12. O inqurito policial acompanhar a denncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra."

  • 11

    Outro dispositivo que permite concluirmos pela no obrigatoriedade do inqurito para a apresentao da denncia o art. 27 do CPP, transcrito:

    "Art. 27. Qualquer pessoa do povo poder provocar a iniciativa do Ministrio Pblico, nos casos em que caiba a ao pblica, fornecendo-lhe, por escrito, informaes sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convico."

    Mais explcito o art. 39 do CPP, que, tratando da representao nas aes penais pblicas condicionadas, traz, em seu 5, expresso o seguinte:

    " 5 O rgo do Ministrio Pblico dispensar o inqurito, se com a representao forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ao penal, e, neste caso, oferecer a denncia no prazo de 15 (quinze) dias."

    1.6 - INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO

    O art. 21 do CPP traz uma regra que grande parte da doutrina considera no recepcionada pela CF/88.

    "Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado depender sempre de despacho nos autos e somente ser permitida quando o interesse da sociedade ou a convenincia da investigao o exigir.

    Pargrafo nico. A incomunicabilidade, que no exceder de 3 (trs) dias, ser decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do rgo do Ministrio Pblico, respeitado, em qualquer hiptese, o disposto no art. 89, III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei no 4.215, de 27 de abril de 1963). (Redao dada pela Lei n 5.010, de 30.5.1966)"

    O mais forte argumento no sentido da no recepo deste dispositivo tem por base o art. 136, 3, IV, da CF, segundo o qual, na vigncia do estado de defesa vedada a incomunicabilidade do preso.

    Parece evidente que se a Constituio probe a incomunicabilidade at mesmo na vigncia de um "estado de exceo" no seria nada razovel admiti-la em condies normais como conseqncia de um simples inqurito policial.

    Ademais, a incomunicabilidade afigura-se incompatvel com as garantias insculpidas no art. 5 da CF/88, mormente com as plasmadas em seus incisos LXII ("a priso de qualquer pessoa e o local onde se encontre sero comunicados imediatamente ao juiz competente e famlia do preso ou pessoa por ele indicada") e LXIII ("o preso ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e de advogado").

  • 12

    1.7 - INSTAURAO DO INQURITO

    A causa usual de instaurao do inqurito a notitia criminis. O CPP, entretanto, prev formas especficas de comunicao para o incio do inqurito policial, conforme a iniciativa da ao penal exigida para a infrao correspondente seja pblica incondicionada, pblica condicionada representao da vtima ou requisio do Ministrio da Justia, ou privada.

    O inqurito policial poder ser iniciado:

    1) de ofcio;

    2) mediante requisio;

    3) mediante requerimento do ofendido ou seu representante;

    4) a partir de delao, feita por qualquer do povo;

    5) por auto de priso em flagrante delito.

    1.8 - AO PENAL PBLICA INCONDICIONADA

    O art. 5, I, do CPP estabelece como regra geral que a instaurao do inqurito seja feita de ofcio nas aes pblicas incondicionadas. A autoridade, tomando conhecimento da ocorrncia do crime deve instaurar o procedimento destinado a sua apurao.

    Outra possibilidade a instaurao do inqurito

    mediante requisio da autoridade judiciria ou do Ministrio Pblico, conforme previsto na parte inicial do art. 5, II, do CPP.

    Ainda, pode-se instaurar o inqurito a partir de

    requerimento da vtima, como prev a parte final do art. 5, II, do CPP. O requerimento da vtima, diferentemente da requisio tratada no pargrafo precedente, pode ser indeferido pela autoridade policial, por exemplo, na hiptese de esta entender que o fato narrado no configura crime, pelo menos em tese (fato atpico).

    O requerimento conter sempre que possvel (Art. 5, 1, do CPP): a) a narrao do fato, com todas as circunstncias;

  • 13

    b) a individualizao do indiciado ou seus sinais caractersticos e as razes de convico ou de presuno de ser ele o autor da infrao, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; c) a nomeao das testemunhas, com indicao de sua profisso e residncia.

    Alm do ofendido, qualquer pessoa do povo, ao tomar

    conhecimento da prtica de alguma infrao penal sujeita a ao pblica incondicionada, poder comunic-la, verbalmente ou por escrito, autoridade policial, que mandar instaurar o inqurito, caso sejam procedentes as informaes (art. 5, 3).

    Por ltimo, pode o inqurito ser instaurado pela priso em flagrante delito, hiptese em que o auto de priso ser a primeira pea do procedimento.

    A instaurao do procedimento de inqurito formalizada pela edio de uma portaria pela autoridade policial, na qual esta informa haver tomado cincia da prtica do crime de ao penal pblica incondicionada. No ser baixada portaria quando existir requerimento, requisio ou auto de priso em flagrante, pois estes documentos constituem, eles prprios, a pea inicial do inqurito.

    O inqurito no dever ser instaurado nas hipteses de:

    a) fato atpico;

    b) extino de punibilidade;

    c) ser a autoridade incompetente para a instaurao;

    d) no serem fornecidos elementos mnimos indispensveis para as investigaes; e

    e) a pessoa a ser indiciada j haver sido absolvida ou condenada por aquele fato criminoso.

    1.9 - AO PBLICA CONDICIONADA

    O art. 5, 4, do CPP, expressamente determina:

    " 4 O inqurito, nos crimes em que a ao pblica depender de representao, no poder sem ela ser iniciado."

  • 14

    O Professor Mirabete define a representao como um pedido-autorizao em que o interessado manifesta o desejo de que seja proposta a ao penal pblica e, portanto, como medida preliminar, seja instaurado o inqurito policial.

    Podem oferecer representao:

    1) o ofendido; 2) o representante legal do ofendido; 3) o procurador com poderes especiais.

    A representao pode ser apresentada autoridade policial, autoridade judiciria ou ao representante do Ministrio Publico. A representao torna-se irretratvel aps o oferecimento da denncia.

    Segundo o art. 39 do CPP que versa sobre representao:

    "Art. 39. O direito de representao poder ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declarao, escrita ou oral, feita ao juiz, ao rgo do Ministrio Pblico, ou autoridade policial.

    1 A representao feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, ser reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o rgo do Ministrio Pblico, quando a este houver sido dirigida.

    2 A representao conter todas as informaes que possam servir apurao do fato e da autoria.

    3 Oferecida ou reduzida a termo a representao, a autoridade policial proceder a inqurito, ou, no sendo competente, remet-lo- autoridade que o for.

    4 A representao, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, ser remetida autoridade policial para que esta proceda a inqurito.

    5 O rgo do Ministrio Pblico dispensar o inqurito, se com a representao forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ao penal, e, neste caso, oferecer a denncia no prazo de 15 (quinze) dias."

  • 15

    1. 10 - AO PENAL PRIVADA

    Tratando-se de crime cuja ao penal seja de iniciativa privada, o art. 5, 5, do CPP determina que a autoridade policial somente poder proceder ao inqurito a requerimento de quem tenha qualidade para intentar a ao.

    O CPP, em seus arts. 30 e 31, estabelece caber a iniciativa da ao privada ao ofendido ou a quem tenha qualidade para represent-lo e, no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por deciso judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ao passar ao cnjuge, ascendente, descendente ou irmo

    Nem mesmo a autoridade judiciria ou o Ministrio Pblico podem, por iniciativa prpria, requisitar a instaurao da investigao nos crimes de ao penal privada.

    Concludo o inqurito policial, seus autos sero remetidos ao juzo competente, onde aguardaro a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou sero entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado (CPP, art. 19).

    1.11 - O INDICIAMENTO

    O CPP no faz referncia expressa ao ato de indiciamento, mas menciona o "indiciado" em diversos de seus dispositivos (art. 6, V, art. 14, art. 15 etc.).

    O indiciamento, conforme ensina o Professor Julio Fabbrini Mirabete, a imputao a algum, ainda na fase de inqurito policial, portanto, administrativa, da prtica do ilcito penal.

    Consiste, o indiciamento, em declarar algum, que at aquele momento era um simples suspeito, como sendo o provvel autor do delito que se est investigando. As investigaes passam, ento, a concentrar-se sobre a pessoa do indiciado.

    A autoridade policial procede ao indiciamento quando, como o nome indica, h indcios razoveis de autoria. Ainda segundo o autor, o indiciamento no um ato discricionrio, mas, sim, um ato administrativo vinculado, uma vez que inexiste liberdade da autoridade policial sobre indiciar, ou no, algum contra quem haja indcios de autoria de fato delitivo.

    A autoridade policial deve proceder identificao do indiciado mediante o processo datiloscpico, exceto se ele j houver sido civilmente identificado, conforme expressamente prev a Constituio de 1988, em seu art. 5, LVIII.

  • 16

    Entretanto, a prpria CF/88 admite, nos casos em que a lei preveja, a identificao criminal do civilmente identificado. Exemplo dessa possibilidade est na Lei n 9.034/95 Lei do Crime Organizado, a qual estabelece, em seu art. 5, que "a identificao criminal de pessoas envolvidas com a ao praticada por organizaes criminosas ser realizada independentemente da identificao civil."

    Se o indiciado for menor, ser-lhe- nomeado curador pela autoridade policial (art. 15 do CPP). O curador assistir o indiciado no interrogatrio e nos atos em que seja necessria a participao do indiciado, como acareaes, simulaes do delito, reconhecimento etc. O curador poder ainda, nos termos do art. 14 do CPP, requerer diligncias, que sero realizadas, ou no, a juzo da autoridade policial.

    A falta de nomeao do curador no torna nulo todo o inqurito e nem a ao penal subseqente, mas acarreta a nulidade de atos como a confisso do indiciado menor ou a sua priso em flagrante.

    1.12 - PRAZOS PARA FINALIZAO DO INQURITO

    O art. 10 do CPP estabelece os seguintes prazos para que a autoridade policial termine o procedimento de inqurito:

    A - 30 dias, contados do recebimento da notitia criminis, quando o indiciado estiver em liberdade ( a regra geral);

    B - 10 dias, contados a partir da data de execuo da ordem de priso, se o indiciado tiver sido

    preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente.

    1.13 - ENCERRAMENTO DO INQURITO

    Concludas as investigaes a autoridade policial deve fazer um relatrio detalhado de tudo o que foi apurado no inqurito, indicando as testemunhas que no foram ouvidas e as diligncias no realizadas.

    A autoridade no deve emitir opinies ou qualquer juzo de valor sobre os fatos narrados, os indiciados, ou qualquer outro aspecto relativo ao inqurito ou sua concluso.

    Concludo o relatrio os autos do inqurito sero remetidos ao juiz competente, acompanhados dos instrumentos do crime e dos objetos que interessam prova (CPP, art. 11).

  • 17

    Do juzo, os autos sero remetidos ao rgo do Ministrio Pblico, a fim de que este adote as providncias que entender pertinentes.

    1.14 - DISPOSITIVOS LEGAIS PERTINENTES

    "TTULO II

    DO INQURITO POLICIAL

    Art. 4 A polcia judiciria ser exercida pelas autoridades policiais no territrio de suas respectivas circunscries e ter por fim a apurao das infraes penais e da sua autoria. (Redao dada pela Lei n 9.043, de 9.5.1995)

    Pargrafo nico. A competncia definida neste artigo no excluir a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma funo.

    Art. 5 Nos crimes de ao pblica o inqurito policial ser iniciado:

    I - de ofcio;

    II - mediante requisio da autoridade judiciria ou do Ministrio Pblico, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para represent-lo.

    1 O requerimento a que se refere o no II conter sempre que possvel:

    a) a narrao do fato, com todas as circunstncias;

    b) a individualizao do indiciado ou seus sinais caractersticos e as razes de convico ou de presuno de ser ele o autor da infrao, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;

    c) a nomeao das testemunhas, com indicao de sua profisso e residncia.

    2 Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inqurito caber recurso para o chefe de Polcia.

    3 Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existncia de infrao penal em que caiba ao pblica poder, verbalmente ou por escrito, comunic-la autoridade policial, e esta, verificada a procedncia das informaes, mandar instaurar inqurito.

  • 18

    4 O inqurito, nos crimes em que a ao pblica depender de representao, no poder sem ela ser iniciado.

    5 Nos crimes de ao privada, a autoridade policial somente poder proceder a inqurito a requerimento de quem tenha qualidade para intent-la.

    Art. 6 Logo que tiver conhecimento da prtica da infrao penal, a autoridade policial dever:

    I - dirigir-se ao local, providenciando para que no se alterem o estado e conservao das coisas, at a chegada dos peritos criminais; (Redao dada pela Lei n 8.862, de 28.3.1994)

    II - apreender os objetos que tiverem relao com o fato, aps liberados pelos peritos criminais; (Redao dada pela Lei n 8.862, de 28.3.1994)

    III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstncias;

    IV - ouvir o ofendido;

    V - ouvir o indiciado, com observncia, no que for aplicvel, do disposto no Captulo III do Ttulo Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por 2 (duas) testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

    VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareaes;

    VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras percias;

    VIII - ordenar a identificao do indiciado pelo processo datiloscpico, se possvel, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;

    IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condio econmica, sua atitude e estado de nimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contriburem para a apreciao do seu temperamento e carter.

    Art. 7 Para verificar a possibilidade de haver a infrao sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poder proceder reproduo simulada dos fatos, desde que esta no contrarie a moralidade ou a ordem pblica.

    Art. 8 Havendo priso em flagrante, ser observado o disposto no Captulo II do Ttulo IX deste Livro.

    Art. 9 Todas as peas do inqurito policial sero, num s processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

  • 19

    Art. 10. O inqurito dever terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hiptese, a partir do dia em que se executar a ordem de priso, ou no prazo de 30 (trina) dias, quando estiver solto, mediante fiana ou sem ela.

    1 A autoridade far minucioso relatrio do que tiver sido apurado e enviar autos ao juiz competente.

    2 No relatrio poder a autoridade indicar testemunhas que no tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

    3 Quando o fato for de difcil elucidao, e o indiciado estiver solto, a autoridade poder requerer ao juiz a devoluo dos autos, para ulteriores diligncias, que sero realizadas no prazo marcado pelo juiz.

    Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem prova, acompanharo os autos do inqurito.

    Art. 12. O inqurito policial acompanhar a denncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.

    Art. 13. Incumbir ainda autoridade policial:

    I - fornecer s autoridades judicirias as informaes necessrias instruo e julgamento dos processos;

    II - realizar as diligncias requisitadas pelo juiz ou pelo Ministrio Pblico;

    III - cumprir os mandados de priso expedidos pelas autoridades judicirias;

    IV - representar acerca da priso preventiva.

    Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado podero requerer qualquer diligncia, que ser realizada, ou no, a juzo da autoridade.

    Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe- nomeado curador pela autoridade policial.

    Art. 16. O Ministrio Pblico no poder requerer a devoluo do inqurito autoridade policial, seno para novas diligncias, imprescindveis ao oferecimento da denncia.

    Art. 17. A autoridade policial no poder mandar arquivar autos de inqurito.

  • 20

    Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inqurito pela autoridade judiciria, por falta de base para a denncia, a autoridade policial poder proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notcia.

    Art. 19. Nos crimes em que no couber ao pblica, os autos do inqurito sero remetidos ao juzo competente, onde aguardaro a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou sero entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.

    Art. 20. A autoridade assegurar no inqurito o sigilo necessrio elucidao do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

    Pargrafo nico. Nos atestados de antecedentes que Ihe forem solicitados, a autoridade policial no poder mencionar quaisquer anotaes referentes a instaurao de inqurito contra os requerentes, salvo no caso de existir condenao anterior. (Pargrafo acrescentado pela Lei n 6.900, de 14.4.1981)

    Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado depender sempre de despacho nos autos e somente ser permitida quando o interesse da sociedade ou a convenincia da investigao o exigir.

    Pargrafo nico. A incomunicabilidade, que no exceder de 3 (trs) dias, ser decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do rgo do Ministrio Pblico, respeitado, em qualquer hiptese, o disposto no art. 89, III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei no 4.215, de 27 de abril de 1963). (Redao dada pela Lei n 5.010, de 30.5.1966)

    Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrio policial, a autoridade com exerccio em uma delas poder, nos inquritos a que esteja procedendo, ordenar diligncias em circunscrio de outra, independentemente de precatrias ou requisies, e bem assim providenciar, at que comparea a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presena, noutra circunscrio.

    Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inqurito ao juiz competente, a autoridade policial oficiar ao Instituto de Identificao e Estatstica, ou repartio congnere, mencionando o juzo a que tiverem sido distribudos, e os dados relativos infrao penal e pessoa do indiciado."

    2 PRINCPIOS PROCESSUAIS

    2.1 - Princpio da Verdade Real:

    Tradicionalmente se diz que verdade real diferente de verdade ficta; que verdade real est no processo penal e que verdade ficta est no processo cvel. Na verdade, a atuao

  • 21

    jurisdicional busca a correta aplicao da lei ao caso concreto e o que se tenta encontrar no processo uma realidade processual semelhante que ocorreu na realidade ftica.

    O princpio da verdade real (realidade ftica) hoje est presente no processo civil e no processo penal. A questo que se discute hoje sobre a indisponibilidade do bem jurdico no processo penal, uma vez que o bem jurdico indisponvel. Portanto, no poderia o juiz homologar um consenso entre as partes em detrimento da violao de bens jurdicos indisponveis, por isso ele deve buscar a verdade real e no se curvar vontade das partes, no processo penal.

    No processo civil, em regra, a lide sobre um bem jurdico disponvel, nesse caso, se as partes entrarem em consenso, o juiz deve homolog-lo independentemente do que devido a cada um. Ento, o juiz vai homologar uma vontade consensual, ou seja, uma vontade criada (verdade ficta).

    Na verdade, o que existe a verdade processual daquilo que est nos autos. Verdade

    limitada s provas que esto no processo e o que o juiz busca no verdade ftica (real), mas a

    certeza de que sua deciso a melhor possvel nos limites dessas provas presentes nos autos.

    Verdade real, portanto, tentar alcanar uma verdade processual mais prxima possvel

    da verdade ftica para melhor aplicar a lei ao caso concreto, por isso o juiz tem poderes

    instrutrios. A tendncia, hoje, denominar verdade real de verdade processual. A verdade

    processual a verdade daquele processo, no importa se p a verdade ficta ou real.

    2.2 - Princpio do Favor Rei ou Favor Libertatis:

    Favor Rei o gnero, que possui como espcie o in dbio pro reo. O Estado tem o direito

    de punir aquele sujeito que vier a praticar a conduta punvel.

    A todo direito (direito abstrato de punir) se contrape um dever (dever de todos da

    sociedade no praticarem a conduta punvel).

    Quando algum descumpre a lei, o Estado passa a ter o direito concreto de punir. A esse

    direito se contrape um dever, que na verdade um direito: direito liberdade do indivduo

    que praticou a conduta punvel.

  • 22

    Na verdade, o direito liberdade indisponvel, irrenuncivel, pois um direito

    transindividual, um direito de todo o corpo social. Portanto, um dever do Estado tutelar.

    obrigao do Estado tutelar a liberdade, j que um direito transindividual. Ento, mesmo

    que o ru no queira fica livre, o processo dever tramitar at o seu fim (no basta a auto

    acusao do ru para que o processo se finde e o ru cumpra pena).

    Muitos autores discutem se havia lide ou no no processo penal, considerando que lide uma pretenso resistida. Ma,s o Estado quem est dos dois lados, tutelando o direito de punir e a liberdade. O conflito existe, o que se discute se h lide. Se o conflito permanecer at o fim, o juiz dever absolver o ru por insuficincia de provas, ver art. 386, VII, CPP.

    O princpio do in dbio pro reo parte da premissa que houve um processo, porm, as

    provas colhidas so insuficientes, prevalecendo o conflito, ento, o ru deve ser absolvido.

    A prevalncia da liberdade sobre a punio o princpio do favor rei. Isso, pois, o sistema

    favorvel liberdade. O sistema impregnado pelo favor rei.

    2.3 - Princpio do Devido Processo Legal:

    Devido processo legal o processo previsto na lei, desde que respeitados todos os preceitos e garantias inerentes matria. Se forem violados preceitos ou garantias, o devido processo legal estar desvirtuado.

    O novo rito ordinrio o mesmo que o sumrio, o mesmo que a primeira fase do

    Tribunal do Jri e o mesmo que o procedimento previsto na Lei de txicos (desaparecem

    todos os ritos especiais do CPP, mas permanecem os ritos especiais das leis extravagantes):

    Sumrio: 2 a 4 anos (pena privativa de liberdade)

    Ordinrio: superior a 4 anos

    Sumarssimo: Juizado Especial criminal: abaixo de 2 anos.

    A AIJ deve ocorrer em 30 dias contados da apreciao da defesa prvia no rito sumrio;

  • 23

    A AIJ deve ocorrer em 60 dias contados da apreciao da defesa prvia no rito ordinrio;

    A AIJ deve ocorrer em 90 dias contados da apreciao da defesa prvia no Tribunal do Jri (pronncia).

    A diferena maior entre sumrio e ordinrio se na AIJ surgir necessidade de realizar

    novas diligncias, no rito ordinrio possvel converter a audincia em diligncia.

    No necessariamente a AIJ ser remarcada, pois o juiz poder decidir abrir prazo para, em

    cinco dias, as partes apresentarem alegaes finais em memoriais e proferir sentena escrita

    em dez dias, Art. 403, II, CPP.

    2.4 Princpio da Ampla defesa:

    A ampla defesa somente do ru. A ampla defesa no Processo Penal um conceito fechado, pois s h ampla defesa se tiver sido observado o binmio autodefesa e defesa tcnica.

    A autodefesa consagrada pelo direito de audincia e pelo direito de

    presena do ru. A autodefesa o direito que o ru tem de dar, ele prprio, a sua verso

    ftica, no bastando a defesa do advogado.

    O direito de autodefesa para o ru disponvel, pois o ru tem direito ao silncio e o

    direito de no produzir provas em seu prejuzo. No entanto, para o juzo, a autodefesa

    indisponvel. J o direito defesa tcnica indisponvel para ambos.

    O direito de audincia o direito de dar a sua verso dos fatos para ao juiz. o direito que

    o ru tem de ser ouvido pelo juiz. Esse direito consagrado pelo interrogatrio.

    O direito de presena o direito de estar presente em todas as audincias. O ru tem direito de estar fisicamente presente em todos os atos processuais

  • 24

    2.5 - Princpio da Presuno de Inocncia

    O princpio da presuno de inocncia tambm chamado de presuno de no

    culpabilidade: a Constituio Federal diz que ningum ser considerado culpado antes

    do trnsito em julgado, por isso os julgados dizem presuno de no culpabilidade.

    A frmula adotada pelo Constituinte a presuno de no culpabilidade. Mas, os

    doutrinadores preferem dizer presuno de inocncia, pois o sujeito presumidamente

    inocente at o trnsito em julgado.

    No entanto, a presuno de inocncia e a presuno de no culpabilidade devem ser

    analisados atravs de graus de proporcionalidade: antes de haver sentena penal

    condenatria, a presuno de inocncia prepondera sobre a presuno de no culpabilidade;

    mas, depois da sentena, a presuno de no culpabilidade prepondera sobre a presuno de

    inocncia (apesar do indivduo continuar presumidamente inocente at o trnsito em julgado).

    2.6 - Princpio do Juiz natural:

    princpio que deve ser observado principalmente em jurisdio e competncia. A tendncia natural de pensarmos que juiz natural e o juiz previamente competente ao fato, mas o juiz o juiz indicado previamente para o caso. A finalidade a imparcialidade do juiz. No poder haver tribunal de exceo.

    2.7 - Princpio do Promotor Natural:

    Alguns Estados possuem a figura do promotor de investigao ligado direto delegacia. Acontece Rio de Janeiro, Bahia.

    A Constituio altera o posicionamento do CPP em relao ao destinatrio do inqurito. De

    acordo com o artigo 10 pargrafo 1 CPP o destinatrio do inqurito o Juiz, o membro do MP,

    oficia junto com determinadas Varas.

  • 25

    O promotor natural que tem permisso para ajuizar naquela vara ou juzo. Ao receber o

    inqurito juiz manda abrir vista ao MP que faz solicitao as solicitaes devidas. Ao retornar

    ao juiz d-se o cumpra-se interesse, essa funo administrativa.

    Se a finalidade do inqurito e fornecer elementos de prova para lastrear a pea de

    acusao que em regra e pblica. Essa situao deixa transparecer que o destinatrio do

    inqurito no e o Juiz e sim o MP. Que vai utilizar-se das peas do inqurito para oferecer

    denncia.

    Os artigos 129 da constituio dispem que o MP exerce o controle externo da autoridade

    policial. Assim o MP e o fiscalizador da atividade policial.

    O princpio do promotor natural no est na Constituio; uma analogia ao princpio do

    juiz natural.

    2.8 - Liberdade dos Meios de Prova

    At o ano de 2008 a liberdade dos meios de prova era algo que estava consagrado apenas

    na exposio de motivos do cdigo. Estava escrito que o cdigo de processo penal adotava

    liberdade probatria. Todos os meios de prova seriam, em regra admitidos.

    No entanto a regra possua excees; no seria admitidas as provas contrrias lei.

    Exceo provas ilegais: - ilcitas (violam direito material);

    - ilegtimas (violam direito processual) - Artigo 155 e 158.

    Provas ilegais: - Ilcitas: violam direito material;

    - Ilegtimas: violam o direito processual.

  • 26

    Fatos notrios dispensam a produo de provas.

    Provas proibidas: segundo o Professor Frederico Marques provas proibidas so: - Provas vedadas por lei (ilegais);

    - Provas atentatrias a costumes;

    Ateno: artigos do CPP revogados pela lei 11.719/08: 43, 398, 498, 499, 500, 501, 502, 537, 539, 540, 594, os 1 e 2 do art. 366,

    os 1 a 4 do art. 533, os 1 e 2 do art. 535 e os 1 a 4 do art. 538.

    3 AO PENAL

    3.1 Conceito

    Ao Penal o direito de se invocar o Poder Judicirio, no

    sentido de aplicar o direito penal objetivo.

    Ao penal um momento da persecutio criminis, inaugura o contraditrio,

    propriamente dito, e enseja a aplicao da lei penal aos casos concretos (lide penal).

    Desenvolve-se perante os rgos da Jurisdio cuja prestao exclusiva do Estado (rejeio da vindita privada). O direito de ao (recurso Jurisdio) tambm se compreende

    nas ocupaes exclusivas do Estado (exercida por meio de instituio prpria: Ministrio

    Pblico), salvo quando se tratar de crime cuja iniciativa (condio de procedibilidade) seja

    privada, quer dizer, reservada, por lei, ao particular ofendido, dado o carter menos

    potencialmente ofensivo daquele (poltica legislativa e criminal).

  • 27

    3.2 - Classificao

    A ao penal tem como critrio de classificao,

    basicamente, o objeto jurdico do delito e o interesse da vtima na persecuo

    criminal.

    Assim, determinadas objetividades jurdicas de

    delitos fazem com que o Estado reserve para si a iniciativa da ao penal,

    tal a importncia que apresentam. Nesse caso, estamos diante da ao penal

    pblica.

    Em outros casos, o Estado reserva ao ofendido a

    iniciativa do procedimento policial e da ao penal. Nesse caso, estamos diante da

    ao penal privada.

    Ao Penal Pblica

    Na ao penal pblica, a conduta do sujeito lesa um

    interesse jurdico de acentuada importncia, fazendo com que caiba ao

    Estado a titularidade da ao, que deve ser iniciada sem a manifestao de vontade

    de qualquer pessoa.

    Assim, ocorrido o delito, deve a autoridade policial proceder

    de ofcio, tomando as medidas cabveis. Em juzo, a ao penal deve ser exercida

    privativamente pelo Ministrio Pblico (art. 129, I, da CF).

    Espcies de Ao Penal Pblica:

    1 - Ao Penal Pblica Incondicionada

  • 28

    A ao penal pblica incondicionada no se subordina a

    qualquer requisito e nem depende da manifestao de vontade de qualquer

    pessoa.

    A pea que inicia a ao penal pblica incondicionada chama-se

    denncia, sendo privativamente oferecida por membro do Ministrio Pblico

    (Promotor de Justia ou Procurador de Justia, conforme o caso), devendo conter a

    exposio do fato criminoso, com todas as suas circunstncias, a qualificao do

    acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identific-lo, a classificao do

    crime e, quando necessrio, o rol de testemunhas.

    O prazo para oferecimento da denncia, estando o ru preso, ser

    de 5 (cinco) dias, contado da data em que o rgo do Ministrio Pblico receber os

    autos do inqurito policial. Se o ru estiver solto ou afianado, o prazo para

    oferecimento da denncia passa a ser de 15 (quinze) dias.

    2 - Ao Penal Pblica Condicionada

    H oportunidades em que o interesse do ofendido se sobrepe ao interesse

    pblico na represso do crime. Geralmente, nesses casos, o processo pode acarretar

    maiores danos ao ofendido do que aqueles resultantes do crime.

    Confere o Estado, assim, vtima do crime, ou a seu representante

    legal, a faculdade de expressar seu desejo, ou no, de ver iniciada a ao penal contra o

    criminoso.

    Esse desejo da vtima manifestado atravs da representao, autorizando

    o Ministrio Pblico a iniciar a persecuo penal.

    Representao, portanto, o ato atravs do qual o ofendido ou seu

    representante legal expressam a vontade de que a ao penal seja instaurada.

  • 29

    O direito de representao poder ser exercido, pessoalmente ou por

    procurador com poderes especiais, mediante declarao, escrita ou oral, feita ao juiz, ao

    rgo do Ministrio Pblico, ou autoridade policial.

    O direito de representao deve ser exercido pelo ofendido, ou seu

    representante legal, dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que vier a

    saber quem o autor do crime, sob pena de decadncia.

    No caso de ao penal pblica condicionada requisio do Ministro da

    Justia, no obstante o crime atingir um bem de natureza pblica, por motivos polticos,

    a lei confere a ele a anlise da convenincia de se iniciar a ao penal. Existem apenas dois

    casos no Cdigo Penal em que a ao penal pblica condicionada requisio do

    Ministro da Justia: art. , 3, b, e art. 145, pargrafo nico.

    Ao Penal Privada

    A ao penal privada tem lugar quando o Estado transfere ao particular o

    direito de acusar, preservando para si o direito de punir. Nesse caso, o interesse do

    particular, ofendido pelo crime, se sobrepe ao interesse pblico, que tambm existe.

    Ocorre, assim, verdadeira hiptese de substituio processual, onde o

    particular defende interesse alheio (interesse pblico na represso dos delitos) em nome

    prprio.

    Espcies da Ao Penal Privada:

    1 - Ao Penal Privada Exclusiva

    A ao penal privada exclusiva, somente pode ser proposta pelo ofendido ou

    por quem tenha qualidade para represent-lo.

  • 30

    Denomina-se queixa-crime a pea atravs da qual se inicia a ao penal

    privada. No se confunde a queixa-crime, bom lembrar, com a notitia criminis, que o

    ato atravs do qual qualquer pessoa noticia a ocorrncia de uma infrao penal, seja

    autoridade policial ou judiciria, seja ao Ministrio Pblico.

    Em caso de morte do ofendido, ou quando declarado ausente por deciso

    judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ao passar ao cnjuge,

    ascendente, descendente ou irmo.

    A queixa-crime dever revestir-se sempre da forma escrita, devendo ser

    elaborada e subscrita por advogado. Dever conter a exposio do fato criminoso, com

    todas as suas circunstncias, a qualificao do acusado ou esclarecimentos pelos quais

    se possa identific-lo, a classificao do crime e, quando necessrio, o rol das

    testemunhas. Se a parte for pobre, na acepo jurdica do termo (no puder prover as

    despesas processuais sem privar-se dos recursos indispensveis manuteno prpria ou

    da famlia), o juiz nomear advogado para promover a ao penal.

    O prazo para o exerccio do direito de queixa de 6 (seis) meses, contado da

    data em que vier o ofendido a saber quem o autor do crime, sob pena de decadncia.

    O Ministrio Pblico poder aditar a queixa-crime, intervindo em todos os

    termos subseqentes do processo.

    2 - Ao Penal Privada Subsidiria

    O Ministrio Pblico, conforme j foi anotado, deve oferecer denncia,

    estando o ru preso, em 5 (cinco) dias, e estando o ru solto, em 15 (quinze) dias. Esses

    prazos constituem a regra, havendo excees na legislao extravagante.

    Assim sendo, se o Ministrio Pblico no observar esses prazos para

    oferecimento da denncia, para requerer alguma diligncia ou para oferecer

    arquivamento, no obstante a ao penal ser de iniciativa pblica incondicionada, poder o

    ofendido ou seu representante legal intentar a ao penal privada subsidiria, atravs de

    queixa-crime.

  • 31

    O prazo para oferecimento da queixa-crime, nesse caso, ser de 6 (seis)

    meses, contado da data em que se esgotar o prazo para manifestao do Ministrio Pblico

    (denncia, arquivamento ou diligncia).

    4 COMPETNCIA

    4.1 Noes Gerais

    A competncia refere-se demarcao da rea de atuao de cada juiz. Em regra, a

    competncia se fixa pelo lugar em que se consumar a infrao, ou, no caso de tentativa, pelo lugar

    em que for praticado o ltimo ato de execuo (art. 70 do CPP).

    No sendo conhecido o lugar da infrao, fixa-se a competncia pelo domiclio ou

    residncia do ru (art. 2 do CPP).

    Estabelece-se tambm a competncia em razo da matria, com atribuies especficas da

    Justia Estadual Federal, Eleitoral, Militar ou Trabalhista.

    Compete Justia Federal julgar os crimes praticados em detrimento de bens, servios

    ou interesses da Unio, ou de suas entidades autrquicas ou empresas pblicas. Excluem-se,

    porm, as contravenes, que so sempre julgadas pela Justia Estadual, ainda que haja interesse

    da Unio (art. 109, IV, da CF) (Smula 38 do STJ).

    A Justia Militar julga os crimes militares, assim considerados, em tempo de paz, os

    arrolados no art. 9 do COM (DL 1.001, de 21.10.69).

    Havendo dois ou mais juizes na mesma comarca, d-se a competncia por distribuio,

    realizada geralmente por sorteio.

    A competncia por prerrogativa de funo abrange ocupantes de cargos pblicos, que so

    processados de acordo com regras especiais, como, por exemplo, os prefeitos, que, no crime, so

    julgados pelo Tribunal de Justia (art. 29, VII, da CF).

    A competncia funcional a que deriva das leis de organizao judiciria,

    estabelecendo critrios de diviso de tarefas entre juizes do mesmo grau, ou de instncias

    diferentes. funcional, por exemplo, a competncia atribudas a juizes de Varas regionais ou

    distritais.

  • 32

    Como critrios suplementares de competncia, temos a competncia por conexo ou

    continncia e a competncia por preveno.

    Havendo conexo ou continncia, julgam-se num s processo duas ou mais infraes.

    D-se a conexo quando h dois ou mais delitos relacionados entre si no modo de

    execuo (conexo material) ou nos meios de prova (conexo probatria).

    A continncia uma espcie de conexo, mais intensa, em que um fato encontra-se

    contido dentro de outro, de modo inseparvel. D-se a continncia na co-autoria (art. 29 do CP),

    no concurso formal (art. 70 do CP), no erro de execuo (art. 73 do CP) e no resultado diverso do

    pretendido (art. 74 do CP).

    Verifica-se a competncia por preveno "toda vez que, concorrendo dois ou mais juizes

    igualmente competentes ou com jurisdio cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na

    prtica de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao

    oferecimento da denncia ou queixa" (art. 83 do CPP).

    Exemplo de competncia por preveno o art. 71 do CPP: "Tratando-se de infrao

    continuada ou permanente, praticada em territrio de duas ou mais jurisdies, a competncia

    firmar-se- pela preveno".

    A competncia, ainda, pode ser absoluta ou relativa. Considera-se absoluta, por exemplo,

    a competncia em razo da matria.

    A competncia pelo lugar da infrao competncia relativa, que no anula o processo,

    se no houver argio em tempo oportuno.

    4.2 - Classificao da Competncia

    1 - pelo lugar da infrao;

    2 - pelo domiclio ou residncia do ru;

    3 - em razo da matria

    4 - por distribuio

  • 33

    5 - por prerrogativa de funo

    6 - funcional

    7 - por conexo ou continncia

    8 por preveno

    9 - absoluta

    10 relativa

    4.3 - Conflito de Competncia

    D-se o conflito de competncia quando dois ou mais juizes se considerarem competentes

    (conflito positivo) ou incompetentes (conflito negativo) para conhecer do mesmo fato, ou em caso

    de controvrsia sobre unidade de juzo, juno ou separao de processos (art. 114 do CPP).

    O conflito de competncia pode ser levantado pelo juiz, perante o tribunal competente, na

    forma de representao. Se o conflito for negativo, pode o juiz suscit-lo nos prprios autos. Se

    positivo, deve o conflito subir em apartado. O relator requisita informaes, podendo determinar a

    suspenso do feito. Depois de ouvido o Procura-dor-Geral de Justia, decide-se o conflito.

    Mas no s o juiz que pode levantar o conflito de competncia. A parte interessada e o Ministrio

    Pblico podem tambm requerer sobre a matria diretamente perante o tribunal competente, em

    apartado (arts. 115 e 116 do CPP).

    A controvrsia sobre competncia pode ser abordada tambm por meio de exceo

    (com o rito especial previsto para as excees), ou por meio de objeo (como preliminar nos

    prprios autos principais).

    Coisa diversa do conflito de competncia o conflito de atribuies. O conflito de atribuies

    aquele que se d entre duas ou mais autoridades administrativas, ou entre uma autoridade judiciria e

    uma autoridade administrativa.

    O conflito de competncia entre membros do Ministrio Pblico constitui conflito de

    atribuies, a ser dirimido pelo Procurador-Geral de Justia.

  • 34

    "No h conflito de competncia seja existe sentena com trnsito em julgado, proferida

    por um dos juzos conflitantes" (Smula 59 do STJ). "No h conflito de competncia entre o Tribunal

    de Justia e Tribunal de Alada do mesmo Estado-membro" (Smula 22 do STJ).

    4.4 Legislao Pertinente

    TTULO V

    DA COMPETNCIA

    Art. 69. Determinar a competncia jurisdicional:

    I - o lugar da infrao:

    II - o domiclio ou residncia do ru;

    III - a natureza da infrao;

    IV - a distribuio;

    V - a conexo ou continncia;

    VI - a preveno;

    VII - a prerrogativa de funo.

    CAPTULO I

    DA COMPETNCIA PELO LUGAR DA INFRAO

    Art. 70. A competncia ser, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infrao, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o ltimo ato de execuo.

    1o Se, iniciada a execuo no territrio nacional, a infrao se consumar fora dele, a competncia ser determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o ltimo ato de execuo.

    2o Quando o ltimo ato de execuo for praticado fora do territrio nacional, ser competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.

  • 35

    3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdies, ou quando incerta a jurisdio por ter sido a infrao consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdies, a competncia firmar-se- pela preveno.

    Art. 71. Tratando-se de infrao continuada ou permanente, praticada em territrio de duas ou mais jurisdies, a competncia firmar-se- pela preveno.

    CAPTULO II

    DA COMPETNCIA PELO DOMICLIO OU RESIDNCIA DO RU

    Art. 72. No sendo conhecido o lugar da infrao, a competncia regular-se- pelo domiclio ou residncia do ru.

    1o Se o ru tiver mais de uma residncia, a competncia firmar-se- pela preveno.

    2o Se o ru no tiver residncia certa ou for ignorado o seu paradeiro, ser competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.

    Art. 73. Nos casos de exclusiva ao privada, o querelante poder preferir o foro de domiclio ou da residncia do ru, ainda quando conhecido o lugar da infrao.

    CAPTULO III

    DA COMPETNCIA PELA NATUREZA DA INFRAO

    Art. 74. A competncia pela natureza da infrao ser regulada pelas leis de organizao judiciria, salvo a competncia privativa do Tribunal do Jri.

    1 Compete ao Tribunal do Jri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, 1o e 2o, 122, pargrafo nico, 123, 124, 125, 126 e 127 do Cdigo Penal, consumados ou tentados. (Redao dada pela Lei n 263, de 23.2.1948)

    2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificao para infrao da competncia de outro, a este ser remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdio do primeiro, que, em tal caso, ter sua competncia prorrogada.

    3o Se o juiz da pronncia desclassificar a infrao para outra atribuda competncia de juiz singular, observar-se- o disposto no art. 410; mas, se a desclassificao for feita pelo prprio Tribunal do Jri, a seu presidente caber proferir a sentena (art. 492, 2o).

    CAPTULO IV

    DA COMPETNCIA POR DISTRIBUIO

  • 36

    Art. 75. A precedncia da distribuio fixar a competncia quando, na mesma circunscrio judiciria, houver mais de um juiz igualmente competente.

    Pargrafo nico. A distribuio realizada para o efeito da concesso de fiana ou da decretao de priso preventiva ou de qualquer diligncia anterior denncia ou queixa prevenir a da ao penal.

    CAPTULO V

    DA COMPETNCIA POR CONEXO OU CONTINNCIA

    Art. 76. A competncia ser determinada pela conexo:

    I - se, ocorrendo duas ou mais infraes, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por vrias pessoas reunidas, ou por vrias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por vrias pessoas, umas contra as outras;

    II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relao a qualquer delas;

    III - quando a prova de uma infrao ou de qualquer de suas circunstncias elementares influir na prova de outra infrao.

    Art. 77. A competncia ser determinada pela continncia quando:

    I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infrao;

    II - no caso de infrao cometida nas condies previstas nos arts. 51, 1o, 53, segunda parte, e 54 do Cdigo Penal.

    Art. 78. Na determinao da competncia por conexo ou continncia, sero observadas as seguintes regras: (Redao dada pela Lei n 263, de 23.2.1948)

    I - no concurso entre a competncia do jri e a de outro rgo da jurisdio comum, prevalecer a competncia do jri;

    Il - no concurso de jurisdies da mesma categoria: (Redao dada pela Lei n 263, de 23.2.1948)

    a) preponderar a do lugar da infrao, qual for cominada a pena mais grave; (Redao dada pela Lei n 263, de 23.2.1948)

    b) prevalecer a do lugar em que houver ocorrido o maior nmero de infraes, se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redao dada pela Lei n 263, de 23.2.1948)

    c) firmar-se- a competncia pela preveno, nos outros casos; (Redao dada pela Lei n 263, de 23.2.1948)

  • 37

    III - no concurso de jurisdies de diversas categorias, predominar a de maior graduao; (Redao dada pela Lei n 263, de 23.2.1948)

    IV - no concurso entre a jurisdio comum e a especial, prevalecer esta. (Redao dada pela Lei n 263, de 23.2.1948)

    Art. 79. A conexo e a continncia importaro unidade de processo e julgamento, salvo:

    I - no concurso entre a jurisdio comum e a militar;

    II - no concurso entre a jurisdio comum e a do juzo de menores.

    1o Cessar, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relao a algum co-ru, sobrevier o caso previsto no art. 152.

    2o A unidade do processo no importar a do julgamento, se houver co-ru foragido que no possa ser julgado revelia, ou ocorrer a hiptese do art. 461.

    Art. 80. Ser facultativa a separao dos processos quando as infraes tiverem sido praticadas em circunstncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo nmero de acusados e para no Ihes prolongar a priso provisria, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separao.

    Art. 81. Verificada a reunio dos processos por conexo ou continncia, ainda que no processo da sua competncia prpria venha o juiz ou tribunal a proferir sentena absolutria ou que desclassifique a infrao para outra que no se inclua na sua competncia, continuar competente em relao aos demais processos.

    Pargrafo nico. Reconhecida inicialmente ao jri a competncia por conexo ou continncia, o juiz, se vier a desclassificar a infrao ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competncia do jri, remeter o processo ao juzo competente.

    Art. 82. Se, no obstante a conexo ou continncia, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdio prevalente dever avocar os processos que corram perante os outros juzes, salvo se j estiverem com sentena definitiva. Neste caso, a unidade dos processos s se dar, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificao das penas.

    CAPTULO VI

    DA COMPETNCIA POR PREVENO

    Art. 83. Verificar-se- a competncia por preveno toda vez que, concorrendo dois ou mais juzes igualmente competentes ou com jurisdio cumulativa, um deles tiver antecedido

  • 38

    aos outros na prtica de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denncia ou da queixa (arts. 70, 3o, 71, 72, 2o, e 78, II, c).

    CAPTULO VII

    DA COMPETNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNO

    Art. 84. A competncia pela prerrogativa de funo do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justia, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justia dos Estados e do Distrito Federal, relativamente s pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade. (Redao dada pela Lei n 10.628, de 24.12.2002)

    Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituio sujeita jurisdio do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelao, quele ou a estes caber o julgamento, quando oposta e admitida a exceo da verdade.

    Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competir, privativamente, processar e julgar:

    I - os seus ministros, nos crimes comuns;

    II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da Repblica;

    III - o procurador-geral da Repblica, os desembargadores dos Tribunais de Apelao, os ministros do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros diplomticos, nos crimes comuns e de responsabilidade.

    Art. 87. Competir, originariamente, aos Tribunais de Apelao o julgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou Territrios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretrios e chefes de Polcia, juzes de instncia inferior e rgos do Ministrio Pblico.

    CAPTULO VIII

    DISPOSIES ESPECIAIS

    Art. 88. No processo por crimes praticados fora do territrio brasileiro, ser competente o juzo da Capital do Estado onde houver por ltimo residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, ser competente o juzo da Capital da Repblica.

    Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcao nas guas territoriais da Repblica, ou nos rios e lagos fronteirios, bem como a bordo de embarcaes nacionais, em alto-mar, sero processados e julgados pela justia do primeiro porto brasileiro em que tocar a

  • 39

    embarcao, aps o crime, ou, quando se afastar do Pas, pela do ltimo em que houver tocado.

    Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espao areo correspondente ao territrio brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espao areo correspondente ao territrio nacional, sero processados e julgados pela justia da comarca em cujo territrio se verificar o pouso aps o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave.

    Art. 91. Quando incerta e no se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competncia se firmar pela preveno. (Redao dada pela Lei n 4.893, de 9.12.1965)

    5 - NULIDADES

    5.1 - Conceito

    Nulidade a realizao do ato processual em desconformidade

    com o modelo da lei.

    No se confunde a nulidade com a mera irregularidade, que

    consiste na inobservncia de exigncias formais, sem qualquer relevncia. Nesse caso,

    a formalidade desatendida no essencial ao processo.

    Segundo FERNANDO CAPEZ, as caractersticas das irregularidades

    so as seguintes:

    a ) fo rm al i d a de e s ta be l ec i d a em l e i ( no rm a infraconstitucional).

    b) exigncia sem qualquer relevncia para o processo.

    c) no visa garanti r interesse de nenhuma das partes.

  • 40

    d) a formalidade tem um fim em si mesma.

    e) a violao incapaz de gerar qualquer prejuzo.

    f) n o i n v a l i d a o a t o e n o t r a z q u a l q u e r c o n s e q n c i a para o processo.

    Pode ocorrer que a at ip ic idade do ato seja de tal monta,

    que lhe fal tem todos os componentes def inidos em lei para sua val idade,

    oportunidade em que ser considerado ato processual inexistente.

    5.2 - Nulidade Absoluta e Relativa

    Ocorre a nulidade absoluta quando o desacordo com o

    modelo de lei no puder ser convalidado, sendo violada exigncia

    estabelecida no interesse da ordem pblica. Nesse caso, o prejuzo

    presumido, no ocorrendo precluso, podendo a nulidade ser argida pela parte

    interessada ou reconhecida ex officio pelo juiz.

    Se a inobservncia da formalidade estabelecida em lei

    (norma infraconstitucional) puder ser sanada, ocorre a nulidade relativa, que deve

    ser argida em tempo oportuno (sob pena de precluso) pela parte interessada,

    que dever demonstrar o efetivo prejuzo.

    Portanto, as nulidades absolutas devem ser reconhecidas

    pelo juiz mesmo que no sejam alegadas pelas partes. J as relativas devem ser

    argidas pelas partes, sob pena de precluso, quando ser considerada sanada.

    5.3 - Sistema Legal das Nulidades

    O Cdigo de Processo Penal adotou, no artigo 563, um

    sistema que no se prende ao rigorismo total, permitindo que no se declare a

    nulidade de ato do qual no resulte prejuzo para a acusao ou para defesa (ps

    de nullit sans griej). Trata-se do chamado princpio do prejuzo.

    Quando se tratar de nulidade absoluta, entretanto, o

    prejuzo presumido, no havendo precluso, podendo elas ser reconhecidas pelo juiz

  • 41

    ex officio, independentemente da argi;o da parte interessada (princpio da no

    precluso).

    Outrossim, o Cdigo de Processo Penal consagrou, no artigo

    566, o princpio da instrumentalidade das formas, prestigiando a finalidade do ato em

    detrimento do formalismo de sua execuo.

    Segundo o princpio da causal idade (ou da

    seqencialidade), previsto no art. 573, 1, do Cdigo de Processo Penal, a nulidade de

    um ato, uma vez declarada, causar a nulidade dos atos que dele diretamente

    dependam ou sejam conseqncia.

    Dispe o art. 565, segunda parte, do Cdigo de Processo Penal,

    que nenhuma das partes poder argir nulidade referente a formalidade cuja

    observncia somente parte contrria interesse, estabelecendo o princpio do

    interesse. Inclusive, o citado dispositivo determina, em sua primeira parte, que

    nenhuma das partes poder argir nulidade a que haja dado causa, ou para que

    tenha concorrido.

    Por fim, segundo o princpio da convalidao, estampado no art.

    572, I, do Cdigo de Processo Penal, as nulidades relativas estaro sanadas, se no

    forem argidas em tempo oportuno.

    5.4 - Nulidades em Espcie

    As nulidades em espcie so enumeradas no artigo 564 do CPP e divididas em

    grupos.

    Art. 564. A nulidade ocorrer nos seguintes casos:

    I - por incompetncia, suspeio ou suborno do juiz;

    II - por ilegitimidade de parte;

    III - por falta das frmulas ou dos termos seguintes:

  • 42

    a) a denncia ou a queixa e a representao e, nos processos de contravenes penais, a portaria ou o auto de priso em flagrante;

    b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestgios, ressalvado o disposto no Art. 167;

    c) a nomeao de defensor ao ru presente, que o no tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos;

    d) a interveno do Ministrio Pblico em todos os termos da ao por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ao pblica;

    e) a citao do ru para ver-se processar, o seu interrogatrio, quando presente, e os prazos concedidos acusao e defesa;

    f) a sentena de pronncia, o libelo e a entrega da respectiva cpia, com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Jri;

    g) a intimao do ru para a sesso de julgamento, pelo Tribunal do Jri, quando a lei no permitir o julgamento revelia;

    h) a intimao das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei;

    i) a presena pelo menos de 15 jurados para a constituio do jri;

    j) o sorteio dos jurados do conselho de sentena em nmero legal e sua incomunicabilidade;

    k) os quesitos e as respectivas respostas;

    l) a acusao e a defesa, na sesso de julgamento;

    m) a sentena;

    n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;

    o) a intimao, nas condies estabelecidas pela lei, para cincia de sentenas e despachos de que caiba recurso;

    p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelao, o quorum legal para o julgamento;

    IV - por omisso de formalidade que constitua elemento essencial do ato.

    Pargrafo nico. Ocorrer ainda a nulidade, por deficincia dos quesitos ou das suas respostas, e contradio entre estas. (Includo pela Lei n 263, de 23.2.1948)

  • 43

    A - Incompetncia, Suspeico ou Suborno do Juiz

    Se a incompetncia for absoluta, haver nulidade

    absoluta. Se a incompetncia for relativa, somente os atos decisrios sero anulados

    (art. 567,CPP). Acerca da competncia, vide arts. 69 a 91 do Cdigo de Processo Penal.

    Quanto suspeio (art. 254 do CPP), causa de nulidade absoluta. O

    impedimento do juiz (art. 252 do CPP) ocasiona a inexistncia do ato, desconsiderando-se os

    atos realizados, por total ausncia de poder jurisdicional no caso.

    Quanto ao suborno (corrupo passiva) do juiz, tambm causa de

    nulidade absoluta.

    B - Ilegitimidade de Parte

    A ilegitimidade de parte causa de nulidade absoluta, devendo os

    atos serem considerados nulos desde o incio da ao penal. A ilegitimidade poder ser ad

    causam (impossibilidade de figurar como autor ou ru na ao penal) ou ad processum (falta

    de capacidade postulatria ou de capacidade para estar em juzo). Deve ser ressaltada a

    exceo prevista no art. 568 do CPP.

    C - Falta das Frmulas ou dos Termos

    A falta das frmulas ou termos elencados no artigo 564, III, do

    CPP, causa, em princpio, de nulidade absoluta, muito embora devam ser

    considerados os princpios j referidos, no se decretando nulidade que no tenha

    causado prejuzo acusao e defesa.

    5.5 - Omisso de Formalidade Essencial do Ato

    Trata-se de causa de nulidade relativa, devendo ser comprovada

    no caso concreto. Somente ser decretada a nulidade se a omisso da formalidade for

    essencial do ato, ou seja, inexistindo, inexistir o ato e seus efeitos.

  • 44

    5.6 - Argio e Saneamento das Nulidades Relativas

    Segundo o disposto no artigo 565 do CPP, a nulidade do ato

    somente pode ser argida pela parte interessada, desde que no tenha dado causa a sua

    existncia, ou que para ela no tenha concorrido, ou, ainda, se a formalidade

    descumprida somente interessar parte contrria. Essa disposio refere-se s nulidades

    relativas, que podem ser sanadas.

    Portanto, o artigo 571 do CPP disciplina o momento em que as

    nulidades relativas devero ser argidas, sob pena de precluso.

    J o artigo 572 do CPP revela quando as nulidades relativas,

    previstas no art. 564, III, d, segunda parte, g e h, e IV podem ser sanadas.

    6 - HABEAS CORPUS

    A expresso "hbeas corpus" procede do latim e em seu sentido

    literal significa "tome o corpo". Estas eram as palavras iniciais do mandado que o Tribunal

    competente concedia a quantos tivessem em seu poder, ou guarda: "Tome o corpo deste

    detido e venha ao Tribunal o homem e o caso". A finalidade era proteger a liberdade de

    locomoo, e evitar tratamentos injustos ante do julgamento.

    O H.C. um remdio constitucional um remdio constitucional

    destinado a tutelar, de maneira eficaz e imediata, a liberdade de locomoo (direito de ir e

    vir e de permanecer).

    O H.C. est presente nos seguintes dispositivos legais: art. 5, LXVIII da C.F. e arts. 647 e 648 do CPP.

  • 45

    Embora includo no CPP como recurso, a doutrina unnime em

    considerar o H.C. como verdadeira ao, que tem por finalidade amparar o direito de

    liberdade.

    6.1 - Caractersticas

    Pode ser impetrado por qualquer pessoa, inclusive pelo paciente

    (aquele que est sofrendo coao ilegal, ou se encontra na iminncia

    de sofr-la).

    Quando impetrado por advogado, no h necessidade do paciente

    outorga- lhe procurao.

    O H.C. sempre dirigido autoridade jurisdicional hierarquicamente

    superior quela coatora.

    6.2 - Espcies

    H. C. PREVENTIVO: quando impetrado contra uma ameaa liberdade de

    locomoo;

    H.C. LIBERATRIO: quando o paciente j estiver sofrendo a coao ilegal em sua

    liberdade de locomoo.

    Existe liminar em pedido de H. C.; ela visa a atender casos em que a cessao da

    coao ilegal exige pronta interveno do judicirio.

    Se o H.C. for negado em 1a instncia, caber Recurso em Sentido

    Estrito.

    Se o H.C. for negado em 2a instncia, o recurso cabvel o Ordinrio-

    Constitucional.

    O pedido de H.C. deve ser apresentado em 2 vias.

    Nos tribunais, pode o impetrante, depois da leitura do relatrio, fazer

    sustentao oral pelo prazo de 10 minutos.

  • 46

    6.3 - Tramitao do H.C. em 1a Instncia

    O advogado preparar trs vias de petio. Uma para seu arquivo e

    duas para serem entregues ao juzo criminal.

    Em So Paulo a entrega feita no Cartrio do Distribuidor, onde

    realizado o sorteio para saber-se em que Vara Criminal vai correr o

    processo. No interior, apresentada a petio ao juiz, este despachar,

    mandando o escrivo do cartrio processar o pedido.

    O escrivo far um ofcio endereado ao delegado da Delegacia de

    Polcia citada no pedido, que ser levado por um oficial de Justia do

    advogado.

    O delegado tem o prazo de 24 horas para responder qual motivo da

    priso.

    Respondido, o juiz decidir, concedendo ou no a ordem. Se conceder,

    expedir o ALVAR DE SOLTURA (ou o CONTRA-MANDADO DE

    PRISO), que ser cumprido pelo oficial de justia.

    6.4 - Tramitao do H. C. em 2a Instncia

    A petio (feita em 2 vias) ser sempre dirigida ao Presidente do

    Tribunal que tenha competncia para conhecer o pedido.

    Este requisitar imediatamente da autoridade indicada como coatora,

    informaes por escrito.

    Recebidas s informaes, os autos seguiro com vistas

    Procuradoria Geral de Justia que, mediante sorteio, designar um Relator, que tem

    que devolver os autos para ser julgado o pedido na primeira sesso.

    Durante a sesso de julgamento podero fazer sustentao oral o

    representante do Ministrio Pblico e o impetrante, desde que possua capacidade

    postulatria, pelo prazo de 10 minutos para cada um.

    Se a ordem for concedida, ser expedido ofcio assinado pela Turma,

    de Cmara ou Seo Criminal. Tal ofcio normalmente encaminhado

    autoridade coatora, mas pode ser dirigido ao detentor ou at mesmo

    ao carcereiro. Dependendo da hiptese, a ordem poder ser transmitida at

    mesmo por telegrama (Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal art. 188).

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    7 - PROVA

    7.1 Noes Gerais

    Cabe s partes apresentar a prova do alegado. O juiz pode determinar provas de

    ofcio, na busca da verdade real de modo comedido, sem tomar o lugar da acusao ou da

    defesa (arts. 155 a 157 do CPP).

    No h hierarquia de provas, nem formas preestabelecidas, salvo quanto ao estado das

    pessoas, a ser provado de acordo com a lei civil. Certos fatos independem de prova, vez que

    presumidos, como a presuno de violncia, do art. 224 do CP.

    Os meios usuais de prova so as percias, o interrogatrio, a confisso, as testemunhas, os

    documentos, etc. Em regra, provam-se apenas fatos. Mas o juiz pode exigir a prova do teor e da

    vigncia de direito municipal, estadual ou estrangeiro.

    No valem as provas ilcitas, como a interceptao de correspondncia, a escuta

    telefnica ou a busca domiciliar sem requisitos legais (art. 5, LVI, da CF).

    As cartas particulares interceptadas ou obtidas por meios criminosos no so admitidas em

    juzo. O destinatrio da carta, porm, pode exibi-la em juzo, para a defesa de seu direito, ainda que

    no haja consentimento do signatrio (art. 233 do CPP). Fora dessa hiptese, o contedo da carta

    no pode ser divulgado sem permisso do autor (art 33 da Lei de Direitos Autorais, L 5.988/73).

    De modo semelhante, tem-se entendido ser lcita a gravao de conversa telefnica, por um

    dos interlocutores, sem a cincia do outro, para posterior uso em juzo, na defesa de direitos.

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    Quanto valorao das provas, vigora o princpio da p