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DIREITO PROCESSO PENAL (1ª aula) 22/07/2010 Prof٥. Vinícius Bibliografia complementar: Curso de processo penal (Tourinho Filho), Paulo Rangel, Aury Lopes Junior. PRINCIPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 1-Principio da presunção de inocência; (art. 5º LVII da CF) No processo penal não pode haver antecipação de culpa. Julgado do STF – havia um entendimento de que era necessário a execução provisória da pena, contudo, o STF declarou inconstitucional o art. 637 do CPP, ou seja, enquanto não for julgado o RE o réu tem que recorrer em liberdade, pois violava o principio da presunção de inocência. Jurisprudência dos Tribunais Superiores: não configura maus antecedentes o indiciamento em IP, nem processos criminais sem que tenha havido transito em julgado (art. 59 CP), ou seja, alguém so pode ser considerado culpado se houver transito em julgado. Prisão cautelar quando houver os requisitos do artigo 312 do CPP, quais sejam: Garantia da ordem publica; Garantia da ordem econômica; Conveniência da instrução criminal; Garantir a aplicação da lei penal; 2-Principio do favor rei; (Principio consagrado nos artigos 615, par. 1º CPP, art. 617 CPP) – Princ. da vedação da reformatio in pejus, assim é permitido a reformatio in mellius, sendo onfigurado o principio do favor rei, também o art. 621 CPP – revisão criminal(toda revisão criminal é pro réu, não admitindo o princ. pro societate) é um instituto análogo a ação rescisória do CPC). Toda vez que houver confronto entre o jus puniendi e o jus libertatis, a balança deve sempre preponderar em relação a liberdade

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DIREITO PROCESSO PENAL (1ª aula) 22/07/2010

Prof٥. Vinícius

Bibliografia complementar: Curso de processo penal (Tourinho Filho), Paulo Rangel, Aury Lopes Junior.

PRINCIPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL

1-Principio da presunção de inocência; (art. 5º LVII da CF)

No processo penal não pode haver antecipação de culpa.

Julgado do STF – havia um entendimento de que era necessário a execução provisória da pena, contudo, o STF declarou inconstitucional o art. 637 do CPP, ou seja, enquanto não for julgado o RE o réu tem que recorrer em liberdade, pois violava o principio da presunção de inocência.

Jurisprudência dos Tribunais Superiores: não configura maus antecedentes o indiciamento em IP, nem processos criminais sem que tenha havido transito em julgado (art. 59 CP), ou seja, alguém so pode ser considerado culpado se houver transito em julgado.

Prisão cautelar quando houver os requisitos do artigo 312 do CPP, quais sejam:

Garantia da ordem publica;

Garantia da ordem econômica;

Conveniência da instrução criminal;

Garantir a aplicação da lei penal;

2-Principio do favor rei; (Principio consagrado nos artigos 615, par. 1º CPP, art. 617 CPP) – Princ. da vedação da reformatio in pejus, assim é permitido a reformatio in mellius, sendo onfigurado o principio do favor rei, também o art. 621 CPP – revisão criminal(toda revisão criminal é pro réu, não admitindo o princ. pro societate) é um instituto análogo a ação rescisória do CPC).

Toda vez que houver confronto entre o jus puniendi e o jus libertatis, a balança deve sempre preponderar em relação a liberdade

3-Principio da publicidade; (art. 5º, LX, da CF)

Tem o condão de admitir a fiscalização da sociedade sobre os atos do judiciário.

Tal princípio é relativo (art. 792, par. 1º CPP), admitindo sigilo, nas hipóteses deste artigo.

4-Principio do contraditório e da ampla defesa; (art. 5º, LVII da CF)

Principio do contraditório envolve vários direitos relativo a instrução criminal, direito de se contrapor ao que for alegado contra ele, o direito de requerer a produção de provas.

Principio da ampla defesa:

-Defesa técnica – (art. 261 e 263 CPP)

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-Autodefesa – quando há o interrogatório do réu, é a oportunidade que o réu tem de dar sua versão dos fatos. Com a reforma do CPP, instituiu a audiência UNA, o réu é ouvido no final.

5-Principio livre convencimento motivado; (art. 93, IX da CF)

Dispõe que toda decisão judicial deve ser fundamentada, contudo o juiz é livre para decidir, desde que sua decisão esteja fundamentada nos autos, é nula a decisão judicial quando o juiz fundamenta sua decisão extra-autos. No Tribunal do Júri tem-se o princípio da intima convicção, pois o jurado não precisa fundamentar sua decisão, é uma exceção ao principio do livre convencimento motivado.

Principio que não é adotado pelo nosso sistema: Sistema da prova legal ou tarifada – cada prova tem um peso pré-estabelecido pela lei, nesse sistema a confissão é a rainha das provas.

6-Principio da identidade física do juiz; (art. 399, par 2º CPP)

Tal princípio não existia no processo penal, contudo foi instituído no processo penal em 2008 com a alteração do CPP – Lei nº. 11719/08, ou seja, o juiz que presidiu a instrução é o mesmo juiz que proferirá a sentença. Se descumprir tal principio gera nulidade da sentença.

7-Principio do juiz natural e da imparcialidade do juiz; (art. 5º XXXVII da CF)

Não haverá juízo ou tribunal de exceção, é aquele juizo ou tribunal cuja competencia é fixada pos fato, é criado especialmente para julgar um crime. Ex: Tribunal de Nuremberg para julgar crimes da 2ª guerra mundial.

Tal princípio está ligado à imparcialidade do juiz, para garantir a imparcialidade do juiz, o mesmo tem algumas garantias, quais sejam: inamovibilidade, irredutibilidade de subsídios, vitaliciedade, independência funcional, ou seja, não pode ficar vulnerável a pressões externas.

O CPP traz algumas hipóteses em que o juiz fica impedido de julgar art. 252 do CPP.

8-Principio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos; (Art. 5º, LVI da CF)

Haverá nulidade do processo, quando uma prova for determinante para condenação do réu.

Ex: confissão mediante tortura, busca e apreensão de uma bem sem autorização judicial.

Desse principio surgiu uma teoria: Teoria dos frutos da arvore envenenada oriunda do Dir. americano, ou seja, também é inadmissível no processo a chamada prova ilícita por derivação. Com a reforma do CPP em 2008 o artigo 157, par 1º passou a consagrar tal instituto.

Existe a possibilidade de admissão da prova ilícita para beneficiar o réu, em situações de legitima defesa ou estado de necessidade. Natureza jurídica: excludente de ilicitude. Para DOUTRINA TRATA-SE de prova legitima.

INQUÉRITO POLICIAL

É um procedimento investigativo cujo curso ocorre no âmbito da policia judiciária que tem natureza predominantemente repressiva.

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É um procedimento administrativo, pré - processual de caráter inquisitivo e que tem a finalidade de colher o suporte probatório mínimo para o ajuizamento da ação penal.

Porque o IP é um procedimento e não um processo?

Processo dá a idéia de uma decisão final num sentido ou no outro, no IP ao final não se terá uma decisão, mas sim um relatório.

É inquisitivo, pois, o contraditório não será exercido no IP.

O IP é dispensável, ou seja, se o MP tiver elementos(peças de informação) suficientes para ajuizar a ação penal, o IP será dispensado.

Teoria que permite investigação pelo MP se chama Teoria dos poderes implícitos, e se funda na idéia de que se o MP tem legitimidade para fazer o mais, que é ajuizar a ação penal, também poderá investigar.

O IP é instaurado por meio de Portaria na forma do art. 5º CPP.

IP não pode se iniciar por requisição da autoridade judiciária, não foi recepcionada pela CF.

O requerimento do ofendido se transforma em notitia criminis.

O delegado de polícia que se nega a acatar requisição do MP?

Há controvérsia na doutrina, onde entendem que o delegado não é obrigado a instaurar o IP, e não responde por crime de desobediência.

Entendimento do STF: advogado tem acesso a todo inquérito policial, inclusive a apontamentos sobre interceptações telefônicas. (Súmula vinculante 14 STF)

O prazo para término do IP é de 10 dias se o réu estiver preso e 30 dias se estiver solto. (art. 10 CPP).

Quando a autoridade policial remete o IP para o MP:

O MP pode ajuizar a denuncia, poderá requerer novas diligencias, poderá requerer arquivamento, poderá ainda ficar inerte.

Quando o MP requer o arquivamento do IP: o juiz aplica o art. 28 CPP, e o promotor estará obrigado ao oferecimento da denúncia (longa manus do Procurador Geral).

SSTF 524 permite que o IP seja desarquivado se surgirem novas provas, que segundo a doutrina tem que ser prova relevante, que mude o curso da investigação.

IP arquivado por: Entendimento do STF.

-escassez probatória;

-atipicidade do fato = coisa julgada material;

-causa excludente de ilicitude = situação controvertida

-causa extintiva material = coisa julgada material.

Artigo 155 do CPP – o juiz não pode fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos do IP.

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O juiz, portanto, poderá condenar com base no IP (art. 155 CPP), no caso das provas cautelares(busca e apreensão de um bem), não repetíveis ou irrepetível (perícia, exame de corpo de delito) e antecipadas(o juiz poderá antecipar a produção antecipada da prova. Ex: pessoa que está na iminência de morrer), chamado de contraditório diferido ou postergado.

ACAO PENAL

Conceito – é um instrumento utilizado pelo MP ou pelo querelante para a provocação da jurisdição em âmbito penal.

Segundo o Profº. Ferrajoli, os princípios são divididos em principios relativos ao processo e relativos a pena.

O principio serve para limitar o direito de punir que o Estado tem (jus puniendi), todo Estado democrático deve ter

Aula do dia 29 de julho de 2010. (aula 02)

Especies de ação penal:

Acao penal privada – o legitimado e o próprio particular, o próprio ofendido, em uma hipótese pode ter natureza personalíssima, no caso do art. 236 do CP (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento).

Principios:

- Princ. da oportunidade ou conveniência – o querelante é o legitimado para ajuizar a ação, contudo só ajuíza a ação penal privada se quiser. Tem o prazo de 6 meses(prazo decadencial) para ajuizar a ação, passados os 6 meses haverá decadência do direito de ação. Natureza jurídica da decadência: causa extintiva da punibilidade, em se tratando de prazo decadencial, se o ultimo dia do prazo para ajuizar a ação cair no sábado, domingo ou feriado, não haverá prorrogação do prazo.

-Princ. da disponibilidade – renuncia, perdão, perempção.

A renuncia(art 49 CPP) e um ato anterior ao oferecimento da queixa crime. Juizados especiais criminais(L. 9099/95): art. 74 par único - composição civil dos danos -renuncia ao direito de queixa.

A renuncia é ato unilateral, ou seja, o querelado não precisa concordar.

O perdão(art. 51 CPP) – é ato bilateral, só haverá extinção da punibilidade se houver aceitação do querelado. O perdão ocorre durante o processo, até a sentenca irrecorrível.

Perempcao (art 60 CPP) – I – quando iniciada e o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;

II – quando falecendo o querelante ou sobrevindo sua incapacidade, não aparecer no processo dentro de 60 dias (extinção da punibilidade);

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III – quando o querelante não comparecer a audiência de instrução e julgamento, na peça de alegações finais deixar de pedir a condenacao;

IV – quando sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir e não deixar sucessor;

A doutrina acrescenta mais uma hipótese de perempção, a desistência, ou seja, a parte protocola uma petição desistindo do processo.

*Prova de Direito Penal – SSTF nº. 714 quando o servidor publico for ofendido no exercício de suas funções pode representar ao MP ou ajuizar a queixa-crime ele mesmo, contudo se escolher uma das vias a outra fica vedada, não podendo escolher a outra posteriormente.

Art. 145 par único CP - acao penal publica condicionada a representacao.

- Princ. da indivisibilidade –

-Princ. da intranscendência -

Acao penal publica incondicionada – tem como legitimado o MP (art 129 I CF), principios:

-Princ. oficialidade ou investidura – a ação penal publica devera ser ajuizada por um órgão oficial (MP), investidura, pois tem que ser um membro do MP para ajuizar a ação penal.

-Princ. da obrigatoriedade ou legalidade – o MP qd tem o suporte probatório mínimo para o ajuizamento da ação penal não poderá se negar a ajuizar a ação penal.

-Princ. da indisponibilidade – art 42 do CPP, uma vez ajuizada a ação penal não poderá o MP desistir da ação penal. Tal principio tem reflexo em relação aos recursos (art 576 CPP). Nada impede que o MP recorra favoravelmente ao réu.

-Princ. da indivisibilidade – o MP não pode escolher contra quem vai ajuizar a ação penal, tem que ajuizar contra todos os indiciados. Doutrina: quando o MP ajuíza a denuncia contra alguns e deixa outros de fora sem explicar o porque, ocorre o arquivamento implícito.(Afranio Silva Jardim). Segundo o STF não é possível o arquivamento implícito no ordenamento jurídico brasileiro.

-Princ. da intranscendencia - (art. 5º XLV da CF) a ação penal não poderá ser ajuizada contra aqueles que não participaram do delito.

Acao penal publica condicionada a representação ou a requisição do Ministro da Justiça – a representação tem a natureza jurídica de condição de procedibilidade para o ajuizamento da ação penal. Prazo de 06 meses quando se saiba quem e o autor do fato. (art. 156 par. 1CP). Para o STF a representacao não exige formalidade, o simples relato verbal para autoridade policial é suficiente para representar. (art 25 CPP), podera haver retratação da representacao até que seja oferecida a denuncia, a doutrina entende que é possível a retratação da retratação, desde que esteja dentro do prazo de 6 meses para oferecer a denuncia.

Com o advento da lei Maria da Penha (L. 11340/05, art. 16) nos crime de ação penal publica condicionada a representação para que a mulher possa se retratar devera fazê-lo na própria audiência.

Quanto à requisição do MJ, a natureza jurídica é condição de procedibilidade (crimes contra a honra do PR ou chefe de governo estrangeiro) art 145 par único do CP. O Ministro da Justica poderá fazer a requisição ate o crime prescrever, ou seja, não esta sujeito ao prazo de 6 meses.

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Ação penal privada subsidiaria da publica ou queixa subsidiária ou substitutiva – (art. 46 CPP)quando o MP fica inerte para ajuizar a ação penal no prazo, o MP devera ajuizar a ação penal em 5 dias se o réu estiver preso e 15 dias se o réu estiver solto, passado esse prazo e o MP não se manifestou o particular (art. 29 CPP) poderá oferecer a denuncia. Os princípios da ação penal publica terão vigência no caso da ação penal privada subsidiaria da publica.

Condições da ação no Processo civil.PIL

Condições da ação no processo penal

Legitimidade ad causam; Legitimidade ad causam; (O MP o ofendido ou seu representante legal nas ações penais privadas)Estado acusador ou Estado juiz ou Estado julgador, há que se fazer uma cisão entre os estados julgador e Estado acusador, que é o denominado Principio acusatório.Art. 26 CPP não foi recepcionado pela CF, pois viola o principio do acusatório, a ordem democrática.

Interesse de agir; Interesse de agir; (necessidade/utilidade)Interesse esse que pode ser o interesse necessidade ou interesse utilidade.Principio da necessidade do processo;Nulla culpa sine judicioPrescricao pela pena ideal ou pela pena em perspectiva, ou seja, antecipadamente já se sabe que havera prescrição no processo, com base no interesse utilidade ou interesse de agir.

Possibilidade jurídica do pedido; Punibilidade concreta; está ligada a possibilidade jurídica do pedido – a acao penal não podera ser instaurada quando houver uma causa extintiva da punibilidade anterior;

Fumus comissi delicti;O fato deve ser aparentemente um crime.Justa causa; Considerada pela doutrina e pelos tribunais superiores. A justa causa consiste no lastro probatório mínimo, prova da existência do crime e indícios de autoria, para que o juiz aceite a denuncia ou a queixa.

MP ajuíza a denuncia JUIZ (art. 395 CPP) Nas situações desse artigo o juiz poderá rejeitar liminarmente a denuncia ou queixa, (art. 396 CPP) o juiz vai conceder um prazo de 10 dias para responder à acusação (resposta do réu preliminar à acusação), (art. 399 CPP).

Doutrina: o recebimento da denuncia ocorre quando da aplicação do artigo 399 do CPP. O recebimento da denuncia e uma marco interruptivo da prescrição (art. 399 CPP).

PRISAO E LIBERDADE.

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Prisão cautelar ou preventiva lato sensu # da prisão pena que e aquela que esta no tipo penal.

I - Prisão temporária – Lei 7960/89 é uma prisão que tem a finalidade de garantir o sucesso das investigações, e ocorre no curso do inquérito policial. É a única prisão de caráter processual que tem prazo definido que é de 5 dias prorrogáveis por mais 5, se for considerado crime hediondo 30 dias prorrogáveis por mais 30. É uma prisão excepcional, contudo, é decretada com freqüência.

II - Prisão preventiva stricto sensu – (312 CPP) é aquela que o juiz decreta no curso do processo, não tem prazo. Prisão decretada para garantia da ordem publica toda vez que houver elementos concretos indicando que o réu uma vez em liberdade voltara a delinqüir; garantia da ordem econômica(raramente é utilizado esse fundamento); por conveniência da instrução criminal (quando houver elementos concretos indicando que esta atrapalhando a instrução criminal); a garantia da aplicação da lei penal (quando houver elementos concretos que o réu uma vez em liberdade irá empreender fuga).

* STF clamor publico e gravidade do crime por si só não são elementos suficientes para prisão cautelar.

III – Prisão em flagrante – (ART. 301 CPP) flagrare = arder qualquer do povo = flagrante facultativo. Autoridade policial = flagrante obrigatório.

NÃO EXISTEM MAIS.*IV – Prisão decorrente de sentença de pronuncia – foi abolida com a reforma de 2008, o CPP autorizava prender o acusado simplesmente pela pronuncia, isso não existe mais.*V – Prisão decorrente de sentença condenatória recorrível – foi abolida com a reforma de 2008, o sujeito era condenado em 1ª instancia e se fosse de maus antecedentes e reincidente, só podia apelar preso.

AULA DO DIA 05 DE AGOSTO DE 2010.

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Flagrante Delito (art. 302 CPP)

Flagrante Próprio (I,II) – esta cometendo ou acaba de cometer;

Flagrante Impróprio ou Quase Flagrante - (III) Quem é perseguido...

Flagrante Ficto ou Presumido - Encontrado logo depois com armas, papeis....

Obs,.: se haver parada na perseguição (intermediara)

Flagrante Preparado

Súmula 145 STF – não há crime quando, quando a preparação do flagrante pela policia torna impossível a sua consumação.

Flagrante Esperado

Não existe a participação de terceiro na armação, apenas se espera a realização do crime.

Flagrante esperado é considerado legal, possível, não existe a intervenção de terceiros no cenário criminal, não há qualquer ação de terceiros.

Flagrante diferido, postergado, retardado ou prorrogado (art. 2º da Lei 9034/95)

Mediante autorização judicial, a autoridade judicial se infiltra em uma organização criminosa, a fim de prender o maior numero de criminosos, de pessoas possíveis. Também chamado pela doutrina de flagrante controlado.

(art. 159 CP) Crime permanente é aquele que a prolonga no tempo, se protrai no tempo.

Momentos da prisão em flagrante.

1º Prisão captura = é a prisão para cessar/interromper a atividade criminosa, qualquer do povo pode realizar, tal prisão é cabível em qualquer delito.

2º lavratura do auto de prisão em flagrante = consiste na formalização do flagrante que ocorre na delegacia, é a lavratura do auto de prisão em flagrante.

3º comunicação a autoridade judiciária e à defensoria publica = a policia devera comunicar no prazo de 24 h (art. 306, par 1º CPP).

Advogado – se o flagrante for ilegal, o advogado pedira o relaxamento da prisão em flagrante.

Quando esse flagrante for legal (quando estão presentes os requisitos da prisão em flagrantes) o advogado pedira a liberdade provisória, o advogado alegara que não há os requisitos do artigo 312 do CPP.

A liberdade provisória pode ser pedida de duas maneiras:

Com pagamento de fiança: (art. 322 CPP)

I – crimes punidos com detenção ou prisão simples, hipótese em que será concedida pela própria autoridade policial;

II – crimes de sonegação fiscal, a fiança será arbitrada pela autoridade judiciária; (art. 325, par. 2º CPP)

III – crimes contra a economia popular, a fiança será arbitrada pela autoridade judiciária; (art. 325, par. 2º CPP);

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(art. 333 CPP) Nas hipóteses dos incisos I e II não há a necessidade de se ouvir o MP.

Sem fiança:

Em todos os demais casos será cabível a liberdade provisória (art. 310 par. Único CPP).

Obs: É possível a liberdade provisória em crimes hediondos, a controvérsia diz respeito à lei de trafico de drogas.

*Art. 44 da lei 11343/06 não é possível a liberdade provisória nos crimes de trafico, contudo a jurisprudência do STF admite a liberdade provisória nos crimes de trafico, pois o art. 44 viola o principio da autonomia e o princ. da individualização da pena, o STF diz que essa parte do artigo que veda a liberdade provisoria é inconstitucional.

CRIMES QUE ADMITEM PRISAO CAUTELAR.

ART. 313 CPP

I – crimes dolosos, ou seja, todo crime doloso punido com reclusão admite prisão cautelar;

II – crimes dolosos punidos com detenção, admite algumas hipóteses de prisão cautelar. Art. 313 incisos II, III e IV do CPP.

*O juiz não pode aplicar prisão cautelar nos crimes culposos.

PROCEDIMENTOS EM MATERIA PROCESSUAL PENAL

Procedimento ordinário (art. 394, par 1º CPP)

Quando sua pena máxima for igual ou superior a 04 anos; Ex: crime de furto.

O procedimento ordinário se inicia com a denuncia do MP, que tem como destinatário o juiz, que citará o réu(art. 396 CPP) para oferecer a resposta preliminar a acusação, no prazo de 10 dias, porém, se o réu não foi encontrado, o juiz o citará por edital(citação ficta, que para a doutrina é uma mera ficção).

(art 366 CPP) O réu citado por edital e não nomeia advogado, o juiz decreta a revelia do réu, Le pode decretar a prisao preventiva, logo suspende-se o processo e suspende-se também o curso do prazo prescricional.

O juiz terá a possibilidade de avaliar a denuncia por uma segunda vez (art. 399 CPP).

EMENDATIO LIBELII (ART 383 CPP)

Hipótese em que o juiz condena o réu com base em um crime diferente que o MP diz que é.

MUTATIO LIBELII (ART 384 CPP)

O juiz abre para o MP aditar a denuncia, o juiz devera abrir novo prazo para alegações finais.

Art. 387, IV CPP o juiz poderá fixar uma indenização mínima para a vitima, desde que a vitima faça o pedido.

PROCEDIMENTO DO JURI

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(art. 409 CPP) difere do procedimento ordinário.

Não há menção ao prazo de 60 dias do procedimento ordinário, no tribunal do Júri o procedimento todo devera durar 90 dias (a partir da segunda analise do recebimento da denuncia).

SENTENÇA

No júri não haverá sentença condenatória, é um procedimento bifásico.

I – o juiz poderá prolatar uma sentença de pronuncia, de impronuncia, de absolvição sumaria ou uma desclassificação.

AULA DO DIA 19/08/2010

RITO SUMÁRIO

RITO SUMÁRIO RITO ORDINÁRIO

- 05 testemunhas pela acusação e 05 pela defesa - 08 acusacao e 08 defesa- audiência no prazo de 30 dias - audiência de instrução e julgamento em 60 dias- não existe previsao para alegacoes finais por escrito, porém não é vedado que o juiz abra prazo para alegacoes finais, pois o juiz utilizará por analogia ao rito ordinário

- Há a possibilidade de alegações finais por escrito

Art. 394 CPP Procedimento ordinário quando o crime tiver pena máxima igual ou superior a 04 anos;

Procedimento sumário crimes com pena máxima inferior a 04 anos, desde que não seja crime de menor potencial ofensivo(rito sumaríssimo L 9099/95).

RITO SUMARÍSSIMO (L. 9099/95)

Art. 60 e seguintes

Audiência preliminar possibilidade da aplicação das medidas despenalizadoras, quais sejam:

- composição civil dos danos(art. 74) haverá um acordo cível em âmbito criminal, nos crimes cuja pena máxima não supere 02 anos. Ex: crime de dano; A composição civil dos danos gera renuncia ao direito de queixa ou representação, ou seja, gera extinção da punibilidade.

- transação penal(art. 76) o MP é o legitimado para fazer a proposta de transação penal ao autor do fato, e consiste numa antecipação de penas restritiva de direito. O MP fará esta proposta quando entender ser o caso de oferecimento de denúncia. Se o acusado não aceita a transação penal o MP oferece a denuncia.

O STJ tem entendido que a transacao penal é um direito publico subjetivo ao autor do fato, que preencher os requisitos da lei para a transacao penal, o MP não poderá se negar a oferecer a proposta.

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É possível a transacao penal em crimes de ação penal privada, o MP é legitimado, contudo para ajuizar a ação penal o particular é legitimo.

- Suspensao condicional do processo (art. 89) ou SURSI PROCESSUAL crimes com pena mínima não superior a 01 ano (crimes de médio potencial ofensivo).

Embora prevista no JCrim pode ser aplicado a crimes que não sejam de menor potencial ofensivo.

Será proposta após o ajuizamento da denuncia, mas antes do seu recebimento.

O Cumprimento implica em extinção da punibilidade

O STJ entende que é direito subjetivo publico do acusado, o MP é obrigado a oferecer.

O STF entende que não é direito subjetivo publico do acusado, trata-se de faculdade do MP.

No JECrim podem ser arroladas até 5 testemunhas, também não há previsão legal de alegações finais por escrito, a sentença prolatada pelo juiz não exige o relatório (art. 81 § 3º L 9099/95).

Recursos no processo penal

Apelação (art. 593 CPP) 05 dias

- A contagem do prazo na apelação é a publicação da sentença, e no dia útil seguinte à publicação começa a contar o prazo.

- Quando o advogado toma ciência da sentença, o prazo é antecipado, e começa a contar após o primeiro dia útil após a ciência.

- O prazo passa a contar a partir da intimação do acusado, no dia útil seguinte começa a contagem do prazo para a apelação.

- Em relação ao MP e a Defensoria Pública a intimação tem que ser pessoal, e o prazo começa a contar após o protocolo na secretaria do órgão.

- O MP não tem prazo em dobro no processo penal, já a defensoria tem prazo em dobro.

Legitimados para interpor apelação: MP, o defensor do acusado, o próprio acusado, querelante e querelado nos crimes da ação penal privada, o assistente de acusação (quando houver inércia do MP em relação a interposição do recurso, e é chamada de apelação supletiva). O prazo para o assistente de acusação começa a contar com o fim do prazo para o MP, ele tem o prazo de 15 dias.

O STJ entende que assistente de acusação tem interesse recursal para majorar a pena do réu.

Havendo dissonância (discordância) de vontades, prevalece a vontade de quem quer recorrer.

As razoes de apelação são apresentadas em 08 dias (art. 600 CPP), esse prazo é facultativo, pois se o advogado quiser pode apresentar as razoes no prazo de 05 dias.

O prazo para apelação no JECrim é um prazo de 10 dias e não existe prazo separado para as razões.

A apelação pode ter efeito devolutivo e suspensivo.

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Devolutivo devolve para o Tribunal toda a matéria impugnada, essa matéria é uma matéria que pode dizer direito a fatos e direitos.

Suspensivo se a apelação é interposta contra uma sentença condenatória, aquela pena não poderá ser cumprida, o efeito da condenação deverá ser suspenso. Se de absolvição com réu preso cautelarmente deverá ser solto de imediato.

Principio da vedação da reformatio in pejus quando houver inércia do MP e só a defesa recorra o Tribunal não poderá ao julgar o recurso prejudicar o réu.

Principio da vedação da reformatio in pejus indireta a defesa apelou pedindo a anulação da sentença, pois não houve a presença do defensor no processo. Quando há na sentença erro de direito material (erro in judicando) pede-se a reforma da sentença. Quando ocorre um vício processual (erro in procedendo), neste caso pede-se a anulação da sentença. Em suma, pedimos a reforma de uma sentença quando entendemos que essa sentença é injusta. Pedimos a anulação de uma sentença quando entendemos que a sentença é nula.

Na reformatio in pejus indireta o juiz fica limitado a aplicar até o limite da pena anteriormente aplicada.

Principio da reformatio in mellius ante a inércia da defesa o MP pede a reforma da sentença em prejuízo do réu.

A apelação será julgada na segunda instancia.

Art. 593, III CPP. Tribunal do júri

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (ART. 581 CPP)

Rol taxativo

DEVOLUTIVO

SUSPENSIVO

REGRESSIVO permite que o juiz que proferiu a decisão se retrate da sua decisão.

Art. 187 7210/84 decisões no curso da execução penal (agravo na execução)

AULA DO DIA 24/08

REVISÃO CRIMINAL (ART. 621 CPP)

Não se trata de recurso, sua natureza jurídica é de ação autônoma de impugnação.

A revisão criminal não será ajuizada no curso do processo.

Será ajuizada quando já existe o trânsito em julgado da sentença condenatória.

É um remédio análogo a ação rescisória do processo civil (art. 485 CPC).

No processo penal a medida análoga será a revisao criminal.

A revisão criminal não existe prazo para se ajuizar, podendo os legitimados propor a revisão a qualquer tempo.

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Art. 621 CPP hipóteses de cabimento.

Revisão criminal só é cabível quanto a sentença condenatória, não cabe revisão criminal contra sentença que absolve o réu.

Não existe a revisão criminal pro-societate.

*O STF em um caso julgou possível uma revisão pro-societate, quando um réu que juntou ao processo uma certidão de óbito falsa. A única hipótese possível.

Pode-se pedir a revisão criminal visando a absolvição ou a diminuição da pena.

Os legitimados para ajuizar a revisão criminal (art. 623 CPP)

O réu quando pede a revisão criminal, não necessita de advogado (o réu não precisa de capacidade postulatória). art. 623 CPP.

Quem é competente para julgar:

Em relação às sentenças de 1ª instancia o órgão competente para o julgamento da revisão será a 2ª instancia.

Em relação aos acórdãos de 2ª instancia o órgão competente é o próprio tribunal.

Os acórdãos dos tribunais superiores, o próprio tribunal superior prolator da decisão será o competente para julgar a revisão.

HABEAS CORPUS (ART. 5º LXVIII, CF E ART 647 CP)

- Remédio constitucional que visa a tutela do direito de liberdade de locomoção, é considerado uma garantia constitucional.

Habeas corpus não é recurso, trata-se de ação autônoma de impugnação (natureza jurídica).

Quando exista uma ameaça ao direito de locomoção.

HC liberatório quando existe uma restrição efetiva da liberdade de locomoção.

Quando existe uma ameaça de uma restrição de locomoção chama-se de HC preventivo.

Art. 648 CPP hipóteses de cabimento. Esse rol é meramente exemplificativo (numerus apertus).

É possível impetrar HC após o transito em julgado da sentença, na hipótese de não ser cabível a revisão criminal.

O HC é residual em relação a revisao criminal, será cabível sempre que não seja possível a revisao criminal.

Não há necessidade de capacidade postulatória.

Jurisprudência: quando impetra o HC uma pessoa que não tem nada a ver com o réu, o eventual beneficiário tem que autorizar o conhecimento do HC pelo judiciário.(autorização expressa)

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Algumas decisões jurisprudenciais:

- não cabe HC para discussão de pena de multa, pois a pena de multa nunca pode ser convertida em pena privativa de liberdade;

- não cabe HC para pedido de liberação de carro;

- não cabe HC em favor de animais, só cabe em favor de pessoa humana;

- não cabe HC preventivo visando a imunidade de fazer o teste do bafômetro, não é necessário o HC preventivo, pois o teste não é obrigatório;

Petição de Habeas corpus

Impetrante (a pessoa que está ajuizando o HC)

Paciente (é o eventual beneficiário da ordem de HC)

O coator que pode ser autoridade ou não (Ex: autoridade coatora Juiz de direito da XX Vara Criminal)

*Tem decisão admitindo HC por telefone (Ada Pelegrinni), desde que seja reduzido a termo.

Segue as mesmas regras de foro por prerrogativas de função, para impetrar o HC.

SSTF 691

* STJ tem dito que não é cabível o HC quando já houve a extinção da pena do réu.(a fim de evitar uma futura reincidência).

A PROVA NO PROCESSO PENAL (art. 155 e seguintes)

Princípio do livre convencimento motivado ou persuasão racional o juiz não pode julgar com base nos elementos extra-autos, deverá se ater ao que está nos autos.

No tribunal do júri vige o princípio da íntima convicção, ou seja, não precisa fundamentar sua decisão.

Sistema da prova legal ou tarifada não é adotado pelo Brasil, é um sistema comum em regimes autoritários, onde cada prova tem seu peso, nesse sistema a confissão é a rainha das provas (vale tudo para o sujeito confessar).

Prova pericial (art. 158 CPP) exame de corpo de delito que é uma pericia que pode ser direta ou indireta.

Direto pericia é realizada no próprio objeto do delito, existe uma relação de imediatidade entre o perito e a prova. Ex: exame cadavérico (Laudo), no crime de dano a pericia é feita na coisa destruída.

Indireto há situações em que não é possível a realização do corpo de delito direto, no exame indireto o perito não tem o contato imediato com o corpo de delito(objeto de delito), logo o perito vai utilizar fotografias, depoimentos de testemunhas, gravações de vídeo, gravações de áudio.

Principio da comunhão da prova foi para o processo, todos podem aproveitar a prova.

Prova documental (art. 231 CPP).

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Indícios (art. 239 CPP).

Busca e apreensão (art. 240 CPP)

O artigo 241 do CPP não foi recepcionado pela constituição, pois, autorizava os policiais e o judiciário poderiam entrar na casa sem mandado.

APLICACAO DA LEI PENAL NO TEMPO

Principio da retroatividade da lei penal mais benigna retroagirá em favor do réu.

Principio da irretroatividade da lei penal mais gravosa não poderá retroagir para prejudicar o réu.

Principio da ultratividade da lei penal mais benéfica poderá gerar efeitos para frente.

LEI PROCESSUAL PENAL quando adentra ao ordenamento jurídico terá seus efeitos ali por diante, seja ela mais gravosa ou mais benéfica, ou seja, a lei processual mais benéfica não poderá retroagir para favorecer.

Em relação à lei processual penal, vige o principio da aplicação imediata ou princípio da imediatidade. (tempus Regis actum)

Existem normas processuais que são chamadas de normas processuais penais mistas ou de caráter misto, e são normas processuais que possuem uma carga de direito material, ou seja, embora sejam normas processuais, versam diretamente sobre o direito de liberdade do réu.

Logo, a norma processual de caráter misto poderá retroagir em favor do réu quando benéfica.

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