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0 BOLETIM CONTEÚDO JURÍDICO N. 726 (Ano VIII) (25/10/2016) ISSN - - BRASÍLIA 2016 Boletim Conteúdo Jurídico - ISSN – -

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BOLETIM CONTEDO JURDICO N. 726

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ConselhoEditorial

COORDENADOR GERAL (DF/GO/ESP) - VALDINEI CORDEIRO COIMBRA: Fundador do Contedo Jurdico. Mestre em Direito Penal Internacional Universidade Granda/Espanha.

Coordenador do Direito Internacional (AM/Montreal/Canad): SERGIMAR MARTINS DE ARAJO - Advogado com mais de 10 anos de experincia. Especialista em Direito Processual Civil Internacional. Professor universitrio

Coordenador de Dir. Administrativo: FRANCISCO DE SALLES ALMEIDA MAFRA FILHO (MT): Doutor em Direito Administrativo pela UFMG.

Coordenador de Direito Tributrio e Financeiro - KIYOSHI HARADA (SP): Advogado em So Paulo (SP). Especialista em Direito Tributrio e em Direito Financeiro pela FADUSP.

Coordenador de Direito Penal - RODRIGO LARIZZATTI (DF/Argentina): Doutor em Cincias Jurdicas e Sociais pela Universidad del Museo Social Argentino - UMSA.

Pas: Brasil. Cidade: Braslia DF. Contato: [email protected] WWW.CONTEUDOJURIDICO.COM.BR

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SUMRIO

COLUNISTADODIA

25/10/2016EduardoLuizSantosCabetteAtribuioecompetnciafederaisparaapuraodoscrimesdeterrorismo:aquestodainconstitucionalidade

ARTIGOS

25/10/2016JosAlissonSousadosSantosAtivismojudicialxjudicializaodapoltica:umaanlisesobrearelaoentreExecutivoeJudicirioapartirdoRE440.048

25/10/2016RausllyAnneScapin

AArbitragemnaLein9.307/96:vantagemsobreoPoderJudicirio

25/10/2016FabioSeabradeOliveira

Aresponsabilidadecivilpelaperdadeumachance

25/10/2016TauLimaVerdanRangel

Dodelineamentodalocuo"RefernciasCulturais"parafinsdePolticasPblicasdeProteoaoPatrimnioCultural

25/10/2016VernicaFernandesdeLima

Ainterrogaosobreasdiversasformasdecontribuiosindical

25/10/2016RobertoMonteiroPinho

Arespostasutilparaojudiciriomoroso

MONOGRAFIA

25/10/2016RafaelSalioniDuarteAlegalidadedocasamentoentreportadoresdesndromedeDown

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ATRIBUIO E COMPETNCIA FEDERAIS PARA APURAO DOS CRIMES DE TERRORISMO: A QUESTO DA INCONSTITUCIONALIDADE

EDUARDO LUIZ SANTOS CABETTE: Delegado dePolcia,MestreemDireitoSocial,Psgraduadocomespecializao em Direito Penal e Criminologia,Professor de Direito Penal, Processo Penal,Criminologiae LegislaoPenaleProcessualPenalEspecialnagraduaoenapsgraduaodaUnisaleMembrodoGrupodePesquisadeticaeDireitosFundamentaisdoProgramadeMestradodaUnisal.

Com sustento no artigo 109, IV, CF a Lei 13.260/16 estabelece aatribuiodePolciaJudiciriaparaa investigaocriminaldoscasosdeterrorismoPolciaFederaleacompetnciaparaoprocessoejulgamentoJustiaFederal.

Paratanto,criaumaprviadeterminaolegaldequeoscrimesdeterrorismosopraticadoscontraointeressedaUnio,oqueestariaalegitimartodoorestantedoartigo11emestudo,ouseja,aatribuiodaPolciaFederal(artigo144,I,1.,IeIV,CF)eacompetnciadaJustiaFederalemdetrimentodosrespectivosrgosestaduais(artigo109,IV,CF).

interessantenotarqueoartigo11daLei13.260/16estabelececlarae induvidosamenteumaatribuioexclusivadeapuraodoterrorismoPolciaFederalemais,determinao instrumento investigativotambmexclusivo para tanto, que ser oInqurito Policial. A interpretaoevidenteadequenenhumoutroorganismoestatal(federalouestadual)detm poderes investigatrios em relao aos crimes de terrorismo,excluindose,portanto,quaisqueroutraspolcias, forasarmadaseatmesmooMinistrioPblico, sejaoestadualoumesmoo federal.Noobstante,sabesequelei,constituioevcuopraticamenteseequivalemneste pas, onde o STF, sem qualquer previso legal, permite que oMinistrioPblicopratique investigaescriminaisdiretascombaseemResolues![1]

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A despeito disso tudo, bastante plausvel a tese dainconstitucionalidadedoartigo11da LeiAntiterrorismo. Issoporqueaverdade que no necessariamente a prtica terrorista ir terrepercussoeminteressedaUnio.Esseinteresse,previstonoartigo109,IV, CF deve ser de fato, in concreto e no imposto a frceps eabstratamentepela leiordinria.Nofosseassim,bastariaaolegisladorordinriodizeremseutextoquetalouqualmatriaser,paraefeitoslegais,contraoudeinteressedaUnioparalevaracompetnciaparaaJustiaFederaldequalquermaneiradeformaabstrata,oque,naverdade,somentedadoConstituioFederaldeterminar.Atcnicautilizadanoartigoemdestaqueumaevidenteburlaaodispositivoconstitucionalquelimita a competncia da Justia Federal emesmo ao dispositivo queestabeleceaatribuiodePolcia JudiciriadaUniodaPolciaFederal(artigos109,IVc/c144,I,1,,IeIV,CF).

Nem mesmo, a previso em tratado internacional do crime deterrorismo suficiente para estabelecer, por si s e de plano, acompetnciaFederalcombasenoartigo109,V,CF.Hnecessidadederepercusso internacional.Noporoutrarazoquenosotodososilcitos previstos em tratados internacionais (v.g. tortura, violnciadomsticaefamiliarcontraamulher,trficodedrogasetc.)quesodecompetnciadaJustiaFederaleatribuiodaPolciaFederal.[2]

TenhaseemmenteoexplicitadoporBonfim:

Cumpre observar que, para que seatraiaacompetnciadaJustiaFederal,necessrioqueaprticadecrimeprevistoem trato ou conveno internacionalextrapole a mera repercusso interna,atingindopatamaresinternacionais.[3]

NemmesmoaquestodeeventualviolaodosdireitoshumanoslevaautomaticamenteacompetnciaparaaJustiaFederal,poisqueissodependedainrciaouineficciadosrgosestaduaisederepresentaodoProcuradorGeraldaRepblicadevidamenteacatadapeloSTJparaqueseprocesseorespectivoincidentededeslocamentodecompetncianosestritostermosdoartigo109,5.,CF.

NaliodeMuccio:

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H necessidade de que sedemonstre,concretamente,queoEstadomembro,porsuasinstituies,sejaemrazo da inrcia, da negligncia, ou porfalta de vontade poltica, ou atmesmopor falta de condiesmateriais e reais,no possa se desincumbir da tarefapersecutria satisfatoriamente, havendorisco de descumprimento de obrigaesfirmadas pelo Brasil em tratadosinternacionais.[4]

Entendese,portanto,que,inobstanteodispostonoartigo11daLeiAntiterror, a competncia e atribuio Federal para, respectivamente,processar e julgar e investigar o terrorismo, somente se darquando, concretamente, estiver em jogo algumamotivaoconstitucionalmenteprevistaparatanto,sendoacompetnciaeatribuio,emregra,dasearaestadual.

Porm, isso certamente no se pode firmar por mera injunodogmtica.AostribunaisemaisespecificamenteaoSTF,cabefirmaresseentendimento,dandoainterpretaoconformeaConstituioaoartigo11 da Lei 13.260/16 oumesmo declarando sua inconstitucionalidade.Enquantoissonoacontece,sequealgumdiaacontecer(pois,nosepode realmente crermuito no chamado Pretrio Excelso como realdefensor da Constituio Federal e nem mesmo da mais mnimalegalidade, conforme acima j se comentou), legem habemus e aquesto, a princpio, de atribuio da Polcia Federal na faseinvestigatriaedecompetnciadaJustiaFederalnafaseprocessual.

REFERNCIAS

BARBOSA, Ruchester Marreiros. A inconstitucionalidade do art. 11 da Lei Antiterrorismo. Disponvel emwww.canalcienciascriminais.com.br, acesso em 16.10.2016.

BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. 7. ed. So Paulo: Saraiva, 2012.

MUCCIO, Hidejalma. Curso de Processo Penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.

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NOTAS:

[1] Recurso Extraordinrio 593.727, STF.

[2] Neste sentido: BARBOSA, Ruchester Marreiros. A inconstitucionalidade do art. 11 da Lei Antiterrorismo. Disponvel emwww.canalcienciascriminais.com.br , acesso em 16.10.2016.

[3] BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. 7. ed. So Paulo: Saraiva, 2012, p. 274.

[4] MUCCIO, Hidejalma. Curso de Processo Penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 467.

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ATIVISMO JUDICIAL X JUDICIALIZAO DA POLTICA: UMA ANLISE SOBRE A RELAO ENTRE EXECUTIVO E JUDICIRIO A PARTIR DO RE 440.048

JOS ALISSON SOUSA DOS SANTOS: Acadmico do curso de Direito do Centro Universitrio AGES - UniAGES, em Paripiranga-BA. Estagirio do Tribunal de Justia do Estado da Bahia com lotao na Vara Cvel da Comarca de Paripiranga-Bahia.

RESUMO: O presente estudo objetiva analisar os temas do ativismojudicialeda judicializaodapolticaadotandocomoplanode fundoadeciso tomadapeloSTFnoRE440.048/SP,noqualdeterminouqueoEstado de So Paulo adaptasse a Escola Estadual Professor VicenteTeodorodeSouza,emRibeiroPreto,paraquepessoascomdeficinciafsicapudessemteracessoaoprdio.Emsuadefesa,orecorridolevantoua questo da separao dos poderes, alegando possuir poderdiscricionrio para decidir como sero aplicadas as polticas pblicas.Ocorre que o direito de as pessoas com deficincia acessar prdiospblicosestprevistonaConstituio,comstatusdedireitofundamental,nocabendoaoExecutivodecidiraplicloouno.

PALAVRASCHAVE: Ativismo Judicial. Judicializao da Poltica.Acessibilidadeaprdiospblicos.SeparaodosPoderes.RE440.048.

INTRODUO

Umdosassuntosmaisdebatidosultimamentearelaoentreospoderes e como manter a separao e a harmonia entre eles,principalmente com o destaque que o Judicirio vem alcanando nadecisodecasosdifceisenarealizaodocontrolejudicialdaspolticaspblicas.

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Hcasosemqueessaatuaobemvista,consideradanecessria,masemoutrastidacomoumdesrespeitoaoprincpiodaseparaodepoderes.Destacamse,ento,osconceitosdejudicializaodapolticaeativismojudicial.

Comoobjetivodeverificaressarelao,tomamoscomocasoaserestudado o Recurso Extraordinrio (RE) 440.048/SP, julgado em 29 deoutubrode2013pelaPrimeiraTurmadoSupremoTribunalFederal(STF),noqualfoideterminadoqueoEstadodeSoPauloadaptasseescolaparaalunoscomdeficincia.Ocasomostrasepassveldaanliseaquivisada.PartimosdahiptesedequeemsuadecisooSTFagiucorretamenteafimdeimporaoExecutivoaefetivaodeumagarantiaconstitucional.

Nesseestudo,seroapresentadososconceitosdeativismojudicial,judicializaodapolticaeconstitucionalizaodaspolticaspblicas,deextremaimportnciaparaaresoluodoproblema.

ATIVISMOJUDICIALEJUDICIALIZAODAPOLTICA

Barroso (2009) defende que ativismo judicial e judicializao dapolticasoprimos,masnotmasmesmascausas.Afimdediferencilos,aseguirseroapresentadascaractersticasdessesconceitos.

. AtivismoJudicial

A expresso ativismo judicial surgiu, de acordo com Arguelhes,OliveiraeRibeiro(2012),numareportagempublicadaporumhistoriadornos EstadosUnidos, em 1947, e, portanto, no nomundo acadmico.Referiase principalmente ao perodo em que EarlWarren presidiu aSupremaCorteamericana,nasdcadasde1950e1960,eeraempregadocomsentidopejorativo.

OativismojudicialocorrequandooJudicirio,incumbidodejulgareguardaraConstituio,porescolhaprpria,avocaparasiopapeldetomarasdecisespolticas.ElivalRamosoconceituacomo:

Oexercciodafunojurisdicionalparaalmdoslimites impostos pelo prprio ordenamento queincumbe, institucionalmente, ao Poder Judicirio

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fazeratuar,resolvendo litgiosdefeiessubjetivas(conflitosde interesses)econtrovrsias jurdicasdenatureza objetiva (conflitosnormativos).(apudCOELHO,2010)

Barroso aponta alguns critrios que demonstram uma posturaativista:

A postura ativista se manifesta por meio dediferentes condutas, que incluem: (i) a aplicaodireta da Constituio a situaes noexpressamente contempladas em seu texto eindependentemente demanifestao do legisladorordinrio; (ii)adeclaraode inconstitucionalidadede atos normativos emanados do legislador, combaseemcritriosmenosrgidosqueosdepatenteeostensivaviolaodaConstituio; (iii)a imposiode condutas ou de abstenes ao Poder Pblico,notadamente em matria de polticas pblicas.(2009,p.5)

Oeminenteconstitucionalista,atualmenteumdosonzeministrosdoSTF,lembraqueessalinhadeatuaosedestacanoBrasilrecente(apsa Constituio de 1988) e cita como exemplos os casos da fidelidadepartidria,da vedao aonepotismono Legislativo eno Executivo,daverticalizaoedadistribuiode remdios.Aessas se somamoutrasdecisesdifceis:abortodefetoanenceflico,reconhecimentodauniohomoafetiva,pesquisacomclulatronco,direitodegreveetc.comolembraVieira(2008)aoanalisaraagendadecasosaseremdecididospeloSTF.

AopapeldecisivoqueoPretrioExcelso,indubitavelmente,auferiunaltimadcada,Vieira(2008)donomedeSupremocracia,masprefereno emitir juzo de valor. Saul Tourinho Leal (2009), diferentemente,manifestase;edefendequeopodernoaceita lacunas,sendo,assim,necessriaaatuaodoSupremo,quedeixadeladoumajurisprudnciadefensiva,autocontenciosa.ElecomparaomomentoatualdoBrasilcomoaugedoativismojudicialnosEUA:NapocadeWarren,umaparcela

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da sociedade americana dava sinais de insatisfao por causa dadificuldade que seus mandatrios tinham para enfrentar problemasgravesdopas.EssecenrioseassemelhacomoquevivenciamoshojenoBrasil(LEAL,2009).

Amdiabrasileiraapontaessetemacomoumamaior interfernciadoJudicirionaesferadecompetnciadosdemaispoderes.Diferenteaviso adotada nos Estados Unidos, onde a questo vista como umproblemaentre juize lei,segundoaduzemArguelhes,OliveiraeRibeiro(2012).

. JudicializaodaPoltica

Aocontrriodoativismo judicial,a judicializaodapolticanouma alternativa do Judicirio, conforme Barroso, que afirma: ajudicializaoconstituiumfatoinelutvel,umacircunstnciadecorrentedodesenhoinstitucionalvigente,enoumaopopolticadoJudicirio(2010,p.8,grifonooriginal).Explicatambmque:

Judicializaosignificaquequestes relevantesdo ponto de vista poltico, social ou moral estosendo decididas, em carter final, pelo PoderJudicirio. Tratase, como intuitivo, de umatransfernciadepoderparaasinstituiesjudiciais,emdetrimentodas instnciaspolticas tradicionais,quesooLegislativoeoExecutivo.(2010,p.6)

WerneckVianna,BurgoseSalles(2007)apontamqueesseprocessomundialeinicioucomafalnciadowelfarestate,quelevouolegisladorapassaraojuizumpapelestratgiconadecisosobrepolticaspblicas.Sobreesseprocesso,comentam:

A invaso do direito sobre o social avana naregulaodossetoresmaisvulnerveis,emumclaroprocessode substituiodo Estado edos recursosinstitucionais classicamente republicanos pelojudicirio, visando a dar cobertura criana e aoadolescente,aoidosoeaosportadoresdedeficincia

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fsica.Ojuiztornaseprotagonistadiretodaquestosocial.Sempoltica,sempartidosouumavidasocialorganizada,ocidadovoltaseparaele,mobilizandooarsenalderecursoscriadopelolegisladorafimdelhe proporcionar vias alternativas para a defesa eeventuaisconquistasdedireitos.Anovaarquiteturainstitucionaladquireseucontornomaisfortecomoexercciodocontroledaconstitucionalidadedasleise do processo eleitoral por parte do judicirio,submetendoopodersoberanosleisqueelemesmooutorgou.(p.41)

Nas palavras acima citadas aparecem algumas das causas dajudicializao da poltica no Brasil apontadas por Barroso (2009): aredemocratizao do pas, a constitucionalizao de vrios temas e osistemabrasileirodecontroledeconstitucionalidade.

Odestaquealcanadopelo JudiciriodemonstradoporGarapon(apudWERNECKVIANNA,BURGOSeSALLES,2007)quandoodefinecomoomurodaslamentaesdomundomoderno.

A seguir,analisaseumdessas causasda judicializao,a saber,aconstitucionalizaodaspolticaspblicas.

CONSTITUCIONALIZAODASPOLTICASPBLICAS

Comojaludido,umdosfatoresparaajudicializaodapolticaaconstitucionalizaodaspolticaspblicas.NodizerdeMariaPaulaDallariBucci,

Poltica pblica o programa de aogovernamental que resulta de um processo ouconjunto de processos juridicamente regulados processo eleitoral, processo de planejamento,processo de governo, processo oramentrio,processo legislativo, processo administrativo,processo judicial visando coordenar os meios disposiodoEstadoeasatividadesprivadas,paraa

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realizao de objetivos socialmente relevantes epoliticamentedeterminados.(apudXAVIER,2010,p.1)

Ao serem constitucionalizados, temas que antes dependeriamapenasdeumadecisopolticapassamavincularaAdministraoPblica,tornandopossvelo controle judicial sobreeles, comodefendeMarinaCorraXavier(2010).

No Brasil, a constitucionalizao foi abrangente e analtica, comoressaltaBarroso(2010). Inmerostemasforam levadosCartaPoltica.Issosedeveuamplaparticipaopopularnoprocessoconstituinte.Ogrande desafio fazer com que essa folha de papel, na expresso deLassalle (2008), possa ser uma constituio real. O Judicirio muitocontribuiparatanto.

. Constitucionalizaododireitodeacessoaprdiospblicos

O2doart.227daConstituioafirma:Aleidisporsobrenormasde construo de logradouros e dos edifcios de uso pblico e defabricaode veculosde transporte coletivo, a fimde garantir acessoadequadospessoasportadorasdedeficincia.Maisfrente,asseguraoart.244:Aleidisporsobreaadaptaodoslogradouros,dosedifciosdeusopblicoedosveculosdetransportecoletivoatualmenteexistentesafimdegarantiracessoadequadospessoasportadorasdedeficincia,conformedispostonoartigo227,2.

Como se v, tratase de normas de eficcia limitada, conformeclassificao adotada por Jos Afonso da Silva (apudLOUREIRO, 2009),uma vez que seus efeitos esto condicionados a uma normatividadeposterior.

Aleifederalqualserefereodispositivoaden7.853(LeideApoiosPessoasPortadorasdeDeficincia),de24deoutubrode1989.Almdisso,porsetratardematriadecompetnciaconcorrente(art.24,XIV),cabeUniodisporcaracteresgeraisaseremespecificadospelosEstados,nopodendohaverdivergnciaentreelas.NoEstadodeSoPauloesseassuntodisciplinadopelasleisden5500/86e9086/95.

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Aessasnormassomaseoartigo9daConvenosobreosDireitosdasPessoascomDeficincia,aprovadanoBrasilpeloDecretoLegislativon186,de9dejulhode2008,epromulgadapeloDecreton6.949,de25deagostode2009.ComoaaprovaopeloLegislativosedeuconformeoprocedimentodo3doartigo5daConstituio,elaequivalenteaumaemendaconstitucional.

Somase a esse arcabouo normativo o Estatuto da Pessoa comDeficincia(Lei13.105,de6dejulhode2015.

Portanto, no eliminar os obstculos ao acesso de pessoa comdeficincia a prdio pblico constitui uma afronta a um direitofundamental,Constituio.

RE . /SP

OMinistrioPblicodoEstadodeSoPaulo(MPSP)ajuizouAoCivilPblicaobjetivandoobrigaroEstadodeSoPauloafazeradaptaesna Escola Estadual Professor Vicente Teodoro de Souza, em RibeiroPreto. Aos alunos cadeirantes no era possvel acessar os pavimentossuperiores, onde estavam as salas; no havia banheiros adaptados;existiamobstculosparaaentradanolocal,entreoutrosproblemas.

Em primeira instncia a ao foi considerada improcedente. Naapelao feitaaoTribunalde Justiade SoPaulo (TJSP), tambm foinegado provimento; justificouse que no havia disponibilidadeoramentriaequeobrigaroPoderExecutivoarealizarobrasemelhoriasfereoprincpiodaseparaodepoderes,aceitandoatesedadefesa.

OMPrecorreuaoSTF,cujaPrimeiraTurmaacatouporunanimidadeorecurso.Orelator,MinistroMarcoAurlio,afirmouemseuvoto:

Salta aosolhos a relevncia deste julgamento.Fazseem jogoo controle jurisdicionaldepolticaspblicas, tema de importncia mpar para aconcretizao da Carta da Repblica, ante ocontedo dirigente que estampa. Segundo ajurisprudnciadoSupremo,sotrsosrequisitosa

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viabilizaraincursojudicialnessecampo,asaber:anatureza constitucional da poltica pblicareclamada,aexistnciadecorrelaoentreelaeosdireitosfundamentaiseaprovadequehomissoouprestaodeficientepelaAdministraoPblica,inexistindo justificativa razovel para talcomportamento. No caso, todos os pressupostosencontramsepresentes.(BRASIL,2013,p.2)

Disseaindaqueasbarreirasarquitetnicasdeixamaspessoascomdeficincia em desvantagem, impedindo o exerccio da cidadania eafrontando o princpio da igualdade, alm do mais quando o prdiopblicoemquestoumaescola,umambientedeconstruodocidado.

Notocantealegaodeviolaodaseparaodepoderes,orelatorfalou:

Em deferncia ao princpio da separao dePoderes,quefuncionanoapenascomoumatcnicade conteno do arbtrio, consoante sustentou oBarodeMontesquieunaclssicaobraOEspritodasLeis, mas tambm como instrumento deracionalizaoeeficincianoexercciodas funespblicas,mostrase indispensvelreconhecerqueainterveno judicial em polticas pblicas deve serrealizadapelomeiomenosgravosopossvel.(BRASIL,2013,p.5)

Ele ressaltou que a prerrogativa de fazer as escolhas quanto spolticas pblicas da Administrao Pblica; no entanto, cabe aoJudiciriointervirquandosetememvistagarantiromnimoexistencial.Afirmouaindaqueadecisono importantesomenteparaosalunos,masparatodaacomunidade.

GUISADECONCLUSO

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Oativismoest ligadoaumapretensodoJudicirioemtomarasdecises polticas, enquanto na judicializao da poltica o prprioordenamentoimpeaosjuzesopapeldefazercumprirasnormas.

Quandoo STFdecidequeo Estadode So Paulo, atravsde seuPoderExecutivo,deverealizarobrasparaaadaptaodeumaescola,noestquerendousurparlheafunodeadministrar;estapenasprezandopelocumprimentodaConstituio,funoquelhetpica.

Assim, nesse caso h um controle judicial decorrente dajudicializaodapoltica,queum fenmenomundial.DiferentementedoqueentendeuoTribunaldeJustia,nohnissoumcasodeativismo,confirmandoseahipteselevantada.

REFERNCIAS

ARGUELHES, DiegoWerneck; OLIVEIRA, Fabiana Luci de; RIBEIRO,Leandro Molhano. Ativismo judicial e seus usos na mdiabrasileira.Direito,EstadoeSociedade.Riode Janeiro,n.40,p.3464,jan/jun 2012. Disponvel em: .Acessoem:30out.2013.

BARROSO,LusRoberto.Retrospectiva2008Judicializao,ativismoe legitimidade democrtica. Revista Eletrnica de Direito do Estado(REDE), Salvador, Instituto Brasileiro de Direito Pblico, n. 18,abril/maio/junho,2009.Disponvelem:.Acessoem:30out.2013.

______. Constituio, democracia e supremacia judicial: direito epolticanoBrasilcontemporneo.RevistaJurdicadaPresidncia,Braslia,vol.12,n.96,fev./mai.2010.Disponvelem:.Acessoem:13nov.2013.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinrio n. SP. Recorrente: Ministrio Pblico do Estado de So Paulo.

Recorrido:EstadodeSoPaulo.Relator:MinistroMarcoAurlio.Braslia,29 de outubro de 2013. Disponvel em: .Acessoem02nov.13.

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COELHO, Inocncio Mrtires. Ativismo judicial ou criao dodireito?OsConstitucionalistas,17mai.2010.Disponvelem:.Acessoem:13nov.2013.

LASSALLE, Ferdinand. A essncia da constituio. Rio de Janeiro:EditoraLumenJuris,2008.

LEAL, Saul Tourinho. STF inova ao deixar de lado jurisprudnciadefensiva. Consultor Jurdico, 18 jan. 2009. Entrevista concedida aRodrigoHaidar.Disponvelem:.Acessoem:13nov.2013.

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A ARBITRAGEM NA LEI N 9.307/96: VANTAGEM SOBRE O PODER JUDICIRIO

RAUSLLY ANNE SCAPIN: Bacharelando do curso de Direito da Unicastelo - Universidade Camilo Castelo Branco-Fernandpolis SP;

AILTONNOSSAMENDONA:Possuigraduaoem Bacharel Em Direito pelo CentroUniversitrio de Rio Preto (1997), graduaoemCinciasFsicaseBiolgicasComHab.emMatemtica pela Fundao Educacional deVotuporanga (1983) e mestrado em DireitoPblico pela Universidade de Franca (2000).Atualmente assessor jurdico da PrefeituraMunicipaldeFernandpoliseprofessornvel05da Universidade Camilo Castelo Branco. TemexperincianareadeDireitoProcessualCivil,comnfaseemCinciasSociaisAplicadas

Resumo:Oconflitoresultadodoconvviosocial,especialmentenoquedizrespeitosnecessidadeshumanaseaescassezdebensexistentesnasociedade.Diantedisso,oDireitosurgecomoinstrumentofundamentalereguladordosconflitos,visandopreservaraharmoniasocial.

No presente trabalho, ser abordado o contedo da Lei n 9.307/96, deixando clara a necessidade do procedimento arbitral no Brasil, sendo que, o instituto da arbitragem veio para auxiliar o Poder Judicirio e desafogar o grande acmulo de processos que cada vez mais aumenta no pas e, principalmente, sendo essa mais uma alternativa disposio da sociedade para a busca de solues de seus conflitos.

PalavrasChave:ProcessoCivil;celeridadeprocessual;conflito;soluo.

ABSTRACT: The conflict is the result of social life, especially with regard to human needs and the shortage of existing assets in society. Thus, the law appears as a fundamental instrument and regulator of conflicts, to preserve social harmony.

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In this paper, we shall discuss the contents of Law No. 9,307 / 96, highlighting the need of arbitration in Brazil, and that the arbitration institute came to assist the judiciary and vent the huge backlog that increasingly increases in the country and especially this being an alternative available to the company to find solutions to their conflicts.

Keywords:Civillawsuit;speedytrial;conflict;solution.

Sumrio: Introduo.1.DAARBITRAGEM.1.1EvoluesHistricas.1.2Conceitos de Arbitragem. 1.3 Objetivos da Arbitragem. 2. NOESELEMENTARES. 2.1 Convenes de Arbitragem. 2.2 ClusulaCompromissria e Compromisso Arbitral. 3 DO PROCESSO EPROCEDIMENTOARBITRAL.3.1Dosrbitros.3.2ConciliaoeProvas.3.3ConciliaoeProvas.4.ENCERRAMENTODOPROCEDIMENTOARBITRAL.4.1 Da Nulidade da Sentena Arbitral. 4.2 Da Execuo da SentenaArbitral.4.3CoisaJulgada.4.4ReconhecimentoeExecuodeSentenasArbitraisEstrangeiras.5.Concluso.

INTRODUO

Opresentefolhetolimitaseapenasaoplanododireitointerno.Nas primeiras laudas sero observadas ideias conceituais eposteriormente servisualizadooprocedimentoarbitralem sua formaprtica.EmrazodalentidodosistemaJudicirio,muitossoosmeiosalternativos apresentados para soluo de conflitos (conciliao,mediao),sendoaarbitragemumdosmeiosmaisrpidoseseguros.

Mesmocomtantosbenefcios,esseinstitutonoirsubstituira jurisdio estatal, nem concorrer com ela, mas apenas ser ummecanismoopcionaldesoluodecontrovrsias.

AarbitragempassouaserregulamentadacomoadventodaLein 9.307/96, surgindo assim uma nova bagagem para a resoluo deconflitos,comformatoeregrasprprias,sendoesseumatofacultativo,noqualaspartesapstereminteresseporverseulitgiosolucionadopor

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essemeioestarovinculadas,nosendopassveldedesistncia,negandoseassimcompetnciaaJustiaEstadualparajulgaropossvelconflito.

A leiemcomento forapromulgadaem razodanecessidadesocial, por ter seus conflitos dirimidos de forma mais clere, sem aintervenodoPoderEstatal,salvoquandooslitigantesnecessitaremdemaiorseguranajurdica.

O instituto da arbitragem permite aos litigantes que elesescolhamquemseroterceiroquesolucionarolitgio,ouseja,orbitro,ouaindapoderonomearumTribunalArbitral,sendoesseumcorpoderbitros.

Ainda que, possua autonomia e independncia, a Lei emquesto traz em seu bojo a necessidade de respeitar os princpiosConstitucionaiseProcessuaisCivis,comafinalidadededesenvolverumbom procedimento, permitindo ao rbitro que possa proporcionar aspartesumaconciliaocommaiorfacilidade.

Paraaarbitragemaleiobservaanecessidadedocompromissoarbitral, sendoele imprescindvelparaa sua iniciao,mascostumasepactuartambmaclusulacompromissriajressalvandoquehavendoeventual conflito entre as partes este ser dirimido por meio daarbitragem.

A Lei da Arbitragem possui limitaes sendo que ela estrestrita somente ao patrimnio disponvel, no podendo adentrar emnenhumahiptese,nocampodosdireitosindisponveis.

Enfim,aarbitragemnoapenasumaformadesoluoparaosconflitosexistentes,mastambmobrigaaspartesacumprirasentenaproferidapelorbitro,aofinaldoprocedimento,tendoessaforadettuloexecutivojudicial,podendoserexecutadaperanteoPoderJudicirio,casohajaresistncianoseucumprimento.

1 DA ARBITRAGEM 1.1 Evoluo Histrica

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A origem da arbitragem um temamuito discutido, sendopossvelencontraralgumasrazesdesuaexistncianaBblia,na1CartadePauloaosCorntios,captulo6/1:6:Queisto,quevocsquandotmalgumacoisacontraoutrocristovo justia,epedemaum tribunalpagoquedecidaaquesto,ao invsde levloaoutroscristosparadecidiremquemdevocsqueestcerto?Analisasequeaarbitragemparao julgamentode litgioserarealizadaporpessoasdeconfianadaspartes,epermaneceinaltervel.

J na Grcia Antiga, as solues pacificadoras puderamacontecerdevidoexistnciadosdeusescomunsavriascidades,sendoqueosdeusesdoOlmpiocomunsatodaaGrciaprotegiamaqualquergrego nas suas relaes, e lhes forneciam osmeios para as soluespacificasdascontendas,comorbitros.

No Brasil, a arbitragem legalmente conhecida desde ostempos da colonizao portuguesa, nesta oportunidade a prolao dasentena arbitralnonecessitavadehomologao,maspossibilitava ainterposioderecurso.

Atualmente,aarbitragemnoBrasilregulamentadapelaLein9.307/96,passandoessaaditartodaequalquerregrareferenteaotemafacultativodesoluodeconflitos.

1.2 Conceito de Arbitragem

Arbitragem uma palavra derivada do latim, arbiter(juiz,louvado,jurado),sendoempregadanalinguagemjurdicaparaasoluodelitgios,havidaemumprocessoentreduasoumaispessoas.

Aarbitragemoacordodevontadesentrepessoasmaioresecapazesquenosesubmetemdecisojudicial,poisconfiamarbitrosasoluodelitgios,desdequerelativosadireitospatrimoniaisdisponveis,sendo esta a instituio pela qual as partes confiam a rbitros quelivrementeresolvemseuslitgios.

Com a introduo do regime arbitral buscase odesafogamentodoJudicirio,eprincipalmenteadquirirvantagenscom

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essaprtica,sendoumadelasaceleridade,naqualoprocessopoderserjulgadoemat6meses,outravantagemadequeoprocedimentoseranalisadoporespecialistasdarea,atravsdeumacmaraarbitral,naqualserrbitrooindivduoquepossuiraconfianadeambasaspartes,e no tiver nenhum interesse envolvido, no sendo obrigatria acontratao de advogados, porm recomendada. A arbitragem possuicomoprejuzoapenasseualtocusto,tendoemvistaseucurtoprazodetempoparaaresoluodoconflito.

NodizerdeJoelDIAS:[1]

... a tentativa que se faz agora atravs daintroduodeumregimedejuzoarbitral,positivaemereceserbemrecepcionadapelosoperadoresdodireitodosmaisdiversosseguimentosinstitucionais,tendoemvistaqueirproporcionar,comopassardotempo, maior agilizao ao Poder Judicirio,porquanto reduzir seu volume de trabalho emquestes complexas e que, via de regra,demandavamelevadoscustosaoslitigantes,sejadeordemeconmica,sejatemporal.

Avistadisso,aarbitragempossuiespecificidadese limitaesquanto a sua utilizao, por ser ummeio alternativo para soluo deconflitos,voluntrioefacultativo.Quandoinstitudoesseprocedimento,tornaseobrigatrioesteentreaspartes,sendoimpossveladesistncia.Somenteindivduoscapazespoderobeneficiarsedesseinstituto.

Possui competnciaparaanular tal litgio somenteorbitro,nonecessitandoessedeconhecimentosjurdicos,podendotaispessoasatuaremdiversasreasprofissionais,masdesdequeestejamdeacordocomoobjetodolitgioeointeressedoslitigantes.

Tratandoseaarbitragemdeummeiodesoluodeconflitosextrajudicial, no sofrer a interveno do Poder Judicirio, salvo sehouvernecessidadeemdecorrnciadonoatendimentoasnotificaesporumadaspartesoumesmoporterceiros,nashipteses(porexemplo)

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deconduocoercitivadetestemunha,conformedispostonapartefinaldo2doart.22dalein9.307/96:[2]

...seaausnciafordetestemunha,nasmesmascircunstncias,poderorbitroouopresidentedotribunalarbitralrequererautoridadejudiciriaqueconduza a testemunha renitente, comprovando aexistnciadaconvenodaarbitragem.

1.3 Objeto da Arbitragem

Oobjetodaarbitragemversarsobreumarelaodesenvolvidanojuzoarbitral,devendoessaconsistiremdireitopatrimonialdisponvel(art.1daLeidaArbitragem).

Opatrimnioemsiformadoporumcomplexodebens,sendoelesmveis, imveise semoventespertencentes tanto apessoa fsica,quantoapessoajurdica,sendopassveldeapreciaoeconmica.

Serdisponvelopatrimnioquandoestepuderserexercidolivremente pelo seu titular, sem que haja impedimentos, sob pena denulidade ou anulabilidade do ato praticado. Sero disponveis aquelesbens que possuem valor econmico e que as partes podem dispor eautorregularemseusinteresses,restritosaesferaparticulardoindivduoquepodemseralienadosounegociados,pornoestaremembargados,possuindooalienanteplenacapacidadejurdicaparatanto.

Assim sendo, as questes de natureza de estado e familiar,comotambmasdeordemfiscaisetributriasestoexcludasdodireitopatrimonial disponvel, pois esse admite o acordo de vontades epossibilidadedesuadisposio.

2 NOES ELEMENTARES 2.1 Conveno de Arbitragem

ConformeestabelecidonaLein9.307/96,aspartespoderoconvencionaraArbitragemdedireitooudeequidade,aprimeiraobrigaosrbitrosadecidiremolitgiodeacordocomasnormaseprincpiosqueintegramoordenamentojurdicoptrio,jasegundaosautorizaaaplicar

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controvrsiaa soluomais justa,aindaque semamparo jurdicoouamparada por lei internacional, desde que, essa no viole os bonscostumeseordempblica.

Levandose em considerao que o tribunal arbitral seinteressasse no ordenamento jurdico de pases estrangeiros parasolucionar conflitos nacionais, devemos nos atentar as normas dessesmesmospasesdentrodeseuterritrio,independentedodireitomaterialempregado ao caso concreto. Mesmo que as partes escolham umdeterminado direito como aplicvel, ao seu caso, esse no poder serreconhecido, pois a autonomia da vontade das partes deve estar deacordocomoseuordenamento.

Contudo, assim como no julgamento por equidade, oscompositores amigveis no podem adotar solues decorrentes deconvicesno limitadas,poisdevem conduziro litgio com amximajustia,preservandoaigualdadedetratamentoentreaspartesemanterasregrasdeordempblica.

2.2 Clusula Compromissria e Compromisso Arbitral

Aclusulacompromissriaeocompromissoarbitralpossuemamesmanaturezacontratualemseubojo,porm,osegundoestreguladopela lei,enquantooprimeiroapresentaausnciade rigidez legislativa,quanto aos seus elementos estes permitem as partes que elasestabeleamlivrementesuascondiesparasesujeitarArbitragem.

Doutrinariamenteaclusulacompromissriadefinida como a conveno preliminar oupreparatria,medianteaqualaspartesseobrigam,no prprio contrato ou em ajuste ulterior, asubmetertodasoualgumasdascontrovrsiasqueseoriginamdaexecuocontratual[3]

Naocorrnciadelitgiodevemaspartesfirmarocompromissoarbitral,buscando iniciaroprocedimento,cabendoparte interessadacomunicar extrajudicialmente o outro litigante, para que sejadeterminadaadata,horaelocalparaquesejaformadotalcompromisso.

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Havendo resistncia de uma das partes em instituir aarbitragem a parte contraria pode se socorrer por meio do PoderJudicirio,paraqueessasejasupridapormeiodeaoprpria.Aeficciadaclusulacompromissriaevidenteecasoestanosejacumprida,apartedeveringressarcomumaaojudicialafimdequeseexecuteasobrigaesaliespecificadas.

3 DO PROCESSO E PROCEDIMENTO ARBITRAL 3.1 Dos rbitros

Osrbitros,estessopessoascapazes,eleitaspelaspartes,compoderes restritos por elas, para decidir os conflitos, desde que nocontrarie as normas pblicas, a fim de solucionar um conflito deinteresses.

rbitros sopessoasnaturais, capacitadasadecidirem sobrealgumacoisa, implicandoemissodevontadeparaexpressaradeciso,sendoimpossvelaatuaodeumapessoajurdica.Porm,nadaimpedequeaspessoasjurdicaspossamprestarserviodeArbitragempormeioderbitrospertencentesaseuquadrodepessoal.Almdomais,existeminstituiesespecializadasemArbitragem,pessoasjurdicascujoobjetivoaprestaodeserviosarbitrais.Masadecisoproferidapelorbitro,pessoafsica,nosendomeroconciliador,massvezesagindocomotal,massimagindoparasolucionaroconflito,sendoequiparadoao juizdefatoededireitoconformeoart.18daLein9.307/96.

Almdaconfianadaspartes,para serrbitroourbitros,oindivduodevetercomorequisitogozodeplenacapacidadecivil.

AnteriormenteaLein9.307/96J.M.CARVALHOSANTOS[4]jafirmavaque:...aconfianadecisivaparaoefeitodanomeaodosrbitros,podendomesmodeduzirseque,seelaexistir,nadaobstapossaservirderbitroatmesmoumparenteouumamigodequalquerdaspartes.

A indicao recair em pessoa ou pessoas que possuamconhecimentotcnicooucientficodeterminadoenecessriosoluoda contenda, sendo ou no da rea de direito. Podendo sermdicos,

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engenheiros,agrnomos, farmacuticos,entreoutros.Tudodependerdanaturezadoconflitoinstaurado.

Seaspartesnooptarpelaindicaodeumaentidadearbitral,maspelaescolhacomumdeumarbitroourbitros,debomalvitrequepelomenos um deles seja detentor de formao jurdica, reconhecidaculturaesaber,experiente,operosoedetentordaconfianadeambas,para melhor operar o procedimento, que dever obedecer a certosprincpios,inclusivedenaturezaconstitucional,quesoindeclinveis.(art.19,caput,daLein9.307/96c.c1doart.13)

Quanto obrigao das partes em relao aos rbitros, aremunerao de seus servios, a ttulo de honorrios e das despesasreferentesaoexercciodocargo.Dequalquerforma,orbitroouTribunalArbitralpodeexigirdaspartesumadiantamentodeverbasparadespesasedilignciasquejulgarnecessrias.

A revogao de um rbitro ser efetuada quando ambas aspartes estiverem de acordo, isso poder ocorrer a qualquermomentoduranteoprocedimentoarbitral. Jadestituiodorbitroocorrerarequerimentodeumadaspartesporjustacausa.Casoumrbitrofalea,fordestitudo,recusadoouimpedidodecumprirsuafunocomorbitroporoutromotivo,haverasubstituio.Oprocedimentodesubstituiodependeessencialmentedavontadedaspartes,valendosedessasregrasanomeaoeasubstituioarbitral.Apenasadestituiodorbitroserconfiadaaojuizestatal,poisaaquelequeserecusadeversersubstitudo.

A nomeao do rbitro poder recair sobre uma ou maispessoasdesdequesejaumnmero mpar (art.13,1).Casoaspartesnomeiem rbitros em nmero par, estes que foram indicados ficaramautorizados,porexpressaprevisonormativaedesdelogo,anomearmaisumrbitro.Sendoquetaldeterminaovisaevitaroempatenavotao,oqueinviabilizariaasoluodalide.

J o nmero de pessoas pelos rbitros convidadas para elesauxiliaremna consecuodos trabalhos,para secretariaraarbitragem,prestaralgumaformadeassessoramento,realizarperciasetc.Onmerodessas pessoas que vai colaborar para a realizao do procedimento

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arbitral indeterminado, podendo ser mpar ou par, dependendo danecessidadedocasoconcreto.

Nahiptesedeseremnomeadasvriaspessoascomorbitrosparaqueseprocedaaarbitragem,caberqueseprocedaumavotaoparaelegeroPresidentedoTribunalArbitral.Nohavendoconcordnciaentreosmesmos,adesignaodocargodepresidenteserdesignadaaorbitromaisidoso.

Cabe a ns observar tambm que h na arbitragemimpedimento e suspeio, sendo aplicadas ao rbitro as objeesinsculpidasnosarts.144e145doCPC,dirigidasaosjuzestogados,paraoexercciodesuasfunesemqualquertipodeprocesso.

Apartequetiverinteresseemarguirexceodeimpedimentoou suspeio com a finalidade de recusar o rbitro dever apresentarpetioescritanaprimeiraoportunidadequetiverdesemanifestarnosautos aps a instituiodo juzo arbitral,dirigindose aorbitroou aopresidente do colgio arbitral, estando sua pea fundamentada einstitudadeprovaspertinentesouespecificadadaquelaqueirproduzir(arts.15e20daLeideArbitragem).

Sendoacolhidaaexceo,orbitroserafastadoesubstitudopor seu suplente, no havendo substituto indicado para rbitro, nadadispondo a conveno de arbitragem e as partes no chegando a umacordosobreasubstituiodorbitro,procederaparteinteressadanaforma do art. 7, buscando a soluo perante jurisdio estatal,ressalvandoahiptesedeaspartesteremacordado,expressamente,naconvenodearbitragem,quenoaceitariamsubstituio.

Seorbitronoaceitararecusa,oprocessoseguirseutramitenormal, sem prejuzo de vir a ser a deciso examinada pelo PoderJudicirio competente, quando da eventual propositura de aodeclaratriadenulidadedesentenaarbitral(art.20,2,c.cart.33).

Asubstituiodorbitroserfeitadeacordocomoart.16daLeideArbitragem,quando foracolhidaaarguiode impedimentooususpeio.Mas sehouverhiptesede incapacidade, incompetnciado

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rbitro ou do colgio arbitral, bem como a nulidade, invalidade ouineficcia da conveno de arbitragem, o juzo arbitral ser extinto. Ainvalidade decore resumidamente, da inobservncia de regrasestabelecidasporlei,eaineficciaindicainutilidadeouimpertinncianousodaarbitragem.

3.2 Conciliao e Provas

Antesqueseinstaurequalquerprocedimentoarbitral,orbitroou tribunal arbitral dever, necessariamente, designar uma audinciapreliminardeconciliao.Essaaudincianopodeserdispensada,sendoessencial para a aproximao entre os litigantes e julgadores. obrigatria,poisolegisladorbuscasolucionaressesconflitospormeiodeumaautocomposio;sejapormeiodeconciliaooutransao.Todasentenasendoimprocedenteouprocedente,trazumdescontentamentoparaumadaspartes,sendoinevitvelasatisfaoparaambososlitigantes(4doart.21daLein9.307/96).

A conciliao afasta a sentena traumtica, basicamente, nasentenahumvencedoreumperdedor.Quandohumasoluopacificaatravsdaparticipaoatuantederbitrosoucolgioarbitral,mostrandovantagensnacomposioamigvel;analisandopropostasalternativasderesoluodalide.

Obtido o acordo, seus termos sero redigidos em sentenahomologatria, a qual conter os requisitos do art. 26 da Lei deArbitragem.Casonohajaacordoemaudinciapreliminar,orbitrooucolgio dar o devido seguimento ao processo, de acordo com o ritopreviamenteestabelecido.

Quanto s provas no procedimento arbitral estas poderosempreser tomadaspelorbitrooupelo tribunalarbitral,pormeiodedepoimentopessoaldaspartes,pormeiodetestemunhas,determinarourejeitararealizaodepercias,assimcomodecidirsobredocumentosequalqueroutraprova,sejaelaarequerimentodaspartesoudeofcio(art.22).

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NoBrasilinexisteprazoparaqueaparterequeiradepoimentopessoaldapartecontrariaouarroletestemunhas,sendonecessrioqueorbitrooutribunalarbitral,nafaseoportuna,tometalprovidnciaficandoassimpatenteadonosautosointeressedapartenaproduodeprovas.

Havendo o consentimento do depoimento pessoal, serdesignadadata,horaelocalparaoato,emcasodedesatendimento,semjustacausa,aoserproferidaasentenaorbitrooutribunalarbitrallevaremconsideraoocomportamentodofaltoso,eaausnciadapartenoimpedirquesejaproferidaasentena.Porm,seafaltafordealgumatestemunha,aparteinsistiremouvilapordeterminaodorbitrooutribunal neste sentido, poder o rbitro ou o presidente do tribunalrequerer autoridade judiciria que conduza a testemunha renitente.Para tanto devero apenas comprovar ao Estadojuiz a existncia deconvenodearbitragem.

Quandohouvera substituiodealgumrbitro,o substitutopoder de acordo com seu critrio repetir provas ou alguma prova jproduzida(art.22,5).Podendotalperciaconsistirapenasnainquiriodo perito, pelo rbitro, e dos assistentes das coisas que houvereminformalmenteexaminadoouavaliado.Sendorequeridaaprovapericial,orbitronomearoperito, fixandoprazoparaaentregado laudo.Nainexistnciadeprazo fixado, caber ao rbitro tal fixao, levandoemcontaacomplexidadedaprovapericialaserrealizada,operitopoderrecusar o encargo alegandomotivo legtimo. E se por dolo ou culpa,prestarinformaesinverdicas,responderpelosprejuzosquecausaraparte, assim como ficar inabilitado por 2 (dois) anos a funcionar emoutrasperciaseincorrernasanoquealeipenalestabelece.

Aspartespodemoferecerexceodeimpedimentoesuspeiodoperito,porm,nocaberimpedimentooususpeiodosassistentestcnicos,poiselessoprofissionaisdeconfianadoperito.Casoorbitrooutribunalaceitemaimpugnaoaoperitooferecidapelaspartes,sernomeadonovoperito, cabendo evidentemente,novooferecimentodeimpedimentooususpenso.

3.3 Procedimento Arbitral

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Oprocedimentoarbitral revelaqueorbitroatuarde inciocomo conciliador, com a inteno de proporcionar amigavelmente asoluodoconflito,oqueinstigarseguranaaspartes,nosendoessaapenasjurdica,mastambmpsicolgica,postoqueaconciliaonosejaumaimposiodojulgador,massimumaaceitaodoscontendores.

Aaudinciadeconciliaoobrigatria,pormseconvocadasspartes,essasnocomparecerem,aaudincia restarprejudicada,oquenoafetaroefeitodoatoconciliatriodo julgador (art.21,4).Dever tambm o juiz arbitral, a qualquer tempo, se os litigantestransigiremouacordaremacercadolitgioprocederhomologao(art.28).

CabesalientarqueasaudinciasemcursonoTribunalArbitralno so abertas ao pblico, contrariamente ao que ocorre perante ajustiaestatal,ondehpredominnciadoprincpiodapublicidadedasaudincias.

Apsaprolaodasentena,aspartesdeveroserintimadas,remetendose cpia da deciso com aviso de recebimento (art. 29).Apartirdadatadorecebimento,comeaacorreroprazoparaqueaspartesrequeiram esclarecimentos sobre a sentena; ou outros pedidos quetenham sidos estabelecidos na conveno arbitral, podendo tambmproporAodeNulidade.

O local da sede do Tribunal Arbitral necessrio para odesenvolvimentodoprocedimentoarbitral.Comasuaescolhavinculamseefeitosjurdicosbasilaresparaasparteseosrbitros.

Aindanopacficoo conceitoda sededo tribunal arbitral,quernadoutrina,quernaprticadaArbitrageminternacional.Oquevempredominandoqueasededotribunalformal,ouseja, irrelevanteofatodedesempenharatividadesforadopas,localesteondeseencontrasuasede.

Aspartes,conscientesefrequentemente,escolhemumasedeneutra,comaqualnotenhamserelacionadopessoalmente,sendotaltribunalarbitralmaisconveniente.

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Se nada foi convencionado entre as partes em relao aoprocedimento,cabeaorbitroouaoTribunalArbitralestabelecerquaisseroasregrasaseremobservadas.

Asentenanaarbitragemvemaserproferidapelorbitroeleitopelaspartesemcompromisso,comforadettuloexecutivo,sendoqueoatomaisrelevantedorbitronoprocessoarbitralasentena,pois,omomentoemqueojulgadoroutorgaaprestaojurisdicionalpretendidapelas partes, segundo CARMONA[5]. Constatandose que a sentenaarbitralpefimao litgio,principalmenteconsiderandosequedelanocaberecursos.

Aartedejulgarexigedoarbitronoapenasconhecimentoparaa tomada de deciso,mas segurana e profunda cognio damatriaftica, dentro das limitaes naturalmente circunscritas pelo modeloprocessualeprocedimentaladotadonumdeterminadosistema.

Almdaformaescrita,adecisodeverserobrigatoriamenteimplantada com alguns requisitos exigidos pelo Estado em que serproferida, para que constitua ttulo executivo. No Brasil os requisitosessenciais,semosquaishnulidadedasentena,estoprevistosnoart.26 da Lei deArbitragem. Como regra geral, exigese que o laudo sejavazado em documento escrito, o laudo requer a assinatura do rbitronicooudetodos,quandoahiptesefordetribunalcompostopormaisdeumrbitro.

Asentenanomomentofinaldoprocessodeveestarpautadanoscritrioseparmetrosapontadospelaspartesnaconvenoarbitralepreencherosrequisitos legais,apresentados:a)orelatrio:conteronomedaspartes,asntesedolitgio,dasprincipaisocorrnciasverificadasduranteoprocedimentoarbitral;b)os fundamentosdadeciso: seroanalisadasasquestesdefatoededireito,seojulgamentoforfundadoemequidade,osrbitrosdevero fazerexpressamentemenoaessacircunstncia;c)adisposio (dispositivo):representadapelaconclusosobre a qual o rbitro ou o tribunal solucionaram a lide que lhes foisubmetida, atravs do julgamento procedente ou improcedente dopedido;d)adataeolocalemquefoiprocedida.

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O relatrio efetuado pelo rbitro visa esclarecer todas assituaes que aconteceram durante a Arbitragem, inclusive a suainstruo,resumindoseassimolitgio.Aindaincluindoonomedaspartesindividualizandoas.Orelatriotemduplafuno:tecnicamenteidentificao litgio, estabelecendo seus parmetros e as balizas da sentena;psicologicamente,mostraaoscontendoresquesuasrazesforamlevadasemcontaedevidamenteanalisadasparachegarseaumadeciso.

Emdecorrnciadascaractersticas,eficciaeautoridadedaLein9.307/96,easrestriescolocadasemrelaoaocontrolejudicialdasdecisesarbitrais,asentenaarbitralnonecessitadehomologaopeloJudicirioparaterseuvalorreconhecido.Pois,umavezqueexpedidatornase sentena e sendo essa condenatria passvel de execuo,quando interna. Sendo ela externa basta para isso que a sentenaestrangeirasejaexecutadanoBrasiletenhasidoproferidadeacordocomaleilocaldaprolao.

Havendodvidas,contradies,omissoouobscuridade,criousesemelhanadosEmbargosdeDeclaraodoCdigodeProcessoCivil,umprocedimentoparaqueorgoarbitralpudessecorrigiroserrose/ouesclarecer, explicar, os pontos necessrios (art. 30, incisos I e II, epargrafonico).

Se,adiscussoemanadado juzoarbitral forviciada,cabeaspartesrecorreremaoJudicirio,atravsdeAoAnulatria,paraanalisaras questes que acarretam sua nulidade. Permitindo assim, ampladiscussodalide,tantointernaquantoJudicial,nopodendofalarseeminconstitucionalidadedalei.

4 ENCERRAMENTO DO PROCEDIMENTO ARBITRAL 4.1 Da Nulidade da Sentena Arbitral

Noartigo32daLein9.307/96estoprevistosoitocasosemqueasentenaconsideradanula,permitindoqueaparte interessadapleiteie a nulidade do laudo perante o Judicirio. BarbosaMoreira[6]criticatalentendimentotentoemvistaqueamaiorpartedoscasosapontadospeloart.32refereseanulabilidadeenoanulidade.

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Otextolegaldecretaanulidadedasentenaarbitral:a)sefornuloocompromisso;b)sefoiproferidaporquemnopodiaserrbitro;c)senocontiverosrequisitosobrigatriosdeumasentenaarbitral(art.26daLein9.307/96);d)seforproferidaforadoslimitesdaconvenodearbitragem;e)nodecidirtodoolitgiosubmetidoarbitragem;f)seforproferidaporprevaricao,concussooucorrupopassiva;g)seforproferida fora do prazo e h) se forem desrespeitados os princpios docontraditrio,daigualdadedaspartes,daimparcialidadedorbitroedoseulivreconvencimento.[7]

Porm,adoutrinaentendequeasletrasa,b,f,gehreferemsenulidadeabsoluta,mas,noentantoasletrasc,deesosanveisepodemserclassificadascomonulidaderelativa.

Anulidadeeavalidaderevelamperplexidadedogmticacomrelaoaalgumasquestes.corretoafirmarqueoordenamentojurdicoatribuieficciasomenteaoato jurdicovlido.Devidoa isso,concluiseque,tantooatoinexistentequantooatoviciadopornulidadeapresentameficciadesejada.Todaviaainexistncianoseconfundecomanulidade.O ato nulo existe nomundo ftico, porm por natureza dbil paraproduzir efeitos jurdicos. Para KELSEN: Existir, valer e ser eficaz soconceitostoinconfundveisqueofatojurdicopodeser,valerenosereficaz,ouser,novaleresereficaz.Asprpriasnormasjurdicaspodemser,valerenotereficcia.[8]

Portanto,onegcio jurdicoanulveleficazatomomentoemqueasentena jurisdicional lheretireaeficciaoua invalidadesejaconvalidada,porm,anaturezadovciodanulidadeinsanvel.

Cabe salientar que a ausncia dos requisitos internos suficienteparacaracterizarovciodeconsentimento.Avontadedeveserexteriorizadatantopeloemissordaproposta,quantopeloqueapreendea aceitao. Resumindo, proposta e aceitao devem ser inequvocas,claras,precisasedeterminadas.Adeterminaodoobjetotemespecialeessencial relevncia na delimitao do contedo da pendncia que sesubmeterojuzoarbitral.

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AnulidadedosatosprocessuaispodeserarguidapelaspartesperanteorbitroouTribunalArbitral,desdeaprimeiraoportunidadeemque semanifestaremnos autos.Dessemodo, a sentena arbitralparaoferecer equivalncia sentena judiciria, deve estar imune denulidades.

Nosendoacolhidapelojuzoarbitral,anulidadealegadaporuma das partes, somente poder ser reexaminada aps a prolao dasentenaarbitral,atravsdeAoDeclaratriadeNulidade,peranteoPoder Judicirio,quepoderdeclarar anulidadeoudeterminarque orbitroprofiranovasentena.

ALein9.307/96possibilitaaoPoderJudicirioqueremetaojulgamento de nova deciso arbitral, visando convalidao de suanulidade nas hipteses em que no se apresentarem os requisitosobrigatriosda sentena (art.26).Essasnulidades tambmpodem serarguidasnaAodeEmbargosdoDevedoremcasodeexecuojudicial.Nos demais casos, como nas hipteses de nulidade do compromisso;suspeio ou impedimento do rbitro, comprovao de prevaricao;concusso ou corrupo passiva; decurso do prazo para prolao dasentena arbitral e o desrespeito aos princpios do contraditrio; daigualdade das partes; da imparcialidade do rbitro e de seu livreconvencimento,asentenaque julgarprocedenteopedidodenulidadeda sentena arbitral reconhecer nulidade de impossvel convalidao.Nessashiptesesaspartesdeverosubmetersenovainstnciaarbitralprescindindo da lavratura de novo compromisso, salvo no caso dedecretaodesuanulidade(situaoquedemandarnovaconvenodocompromisso).AdecretaodenulidadepeloPoderJudicialnoretiraacompetnciaarbitral.

Como tambmpode a sentena arbitral apresentarnulidadeabsoluta,naausnciadaproposituradademandaparadecretaodesuanulidadepodeoperaraprecluso(art.33,1,daLA).Semprejuzodeasentena arbitral necessitar de Execuo Judicial a nulidade pode seralegadaemsededeEmbargosdoDevedor(art.33,2,daLA).

4.2 Da Execuo da Sentena Arbitral

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Seasentenaarbitralforproferidacomnaturezacondenatriaenahiptesedenoocorrersatisfaoespontneadojulgadoporpartedo sucumbente, a tutela executiva dever assim, ser pleiteada pelovencedoraoEstadojuizcompetente.

Iniciarumprocessodeexecuode ttuloexecutivo judicial,abrindoemfavordoexecutadoapossibilidadejurdicadeoporEmbargosdo Devedor, nos moldes dos arts. 914/917 do CPC, objetivando adesconstituiodottuloquelegtimaaexecuo.

Nessa lideincidentaldenaturezadesconstitutiva,teraparteque sucumbiu a jurisdio privada (ora executada) oportunidade dededuziremsuadefesaasmatriaselencadasnoart.32e33,3daLein9.307/96.

4.3 Coisa Julgada

A coisa julgada, ao pr fim aos litgios, embute na decisocaractersticas indiscutveis, dando segurana essencial existente noordenamentojurdico.Docontrrio,nohaveriaestabilidadedosdireitoseningumteriaasseguradoogozodosbensdavida.

A Arbitragem amparada pela coisa julgada, assim como previstonoart.31daLein9.307/96,poiselaconstitui:...osmesmosefeitosdasentenaproferidapelosrgosdoPoderJudicirio....Aindaquedespidodatoga,orbitrolegitimadoporacordoentreaspartesoperaumjuzodotadodecapacidadejudicante,determinaumasoluoparaoconflito,pelaviadeconhecimentodeumjuzoprivadoquedevesertidacomoleientreaspartes.

CelsoNEVES[9]leciona...oquesequer,nos limitesdacoisajulgada,satisfazero interessedo litigante,aoquesepodeaduziremrelaoArbitragem,seriasatisfazeracontrovrsiademododefinitivoe,portanto,fazendocoisajulgadaentreaspartes.

Acordando com a determinao legal apenas as partesinteressadasestariamsujeitasnodeslindedoconflito,assimcomoaduzoart.506doCPC,tendoemvistaqueasentenaarbitralfazcoisajulgada

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apenasentreasparteslitiganteseseussucessores,nobeneficiandonemprejudicandoterceiros,atporquenotemporobjetorelativasaoestadodepessoa.

Oslimitesobjetivosdacoisajulgadaestodefinidosnoart.503doCPC,tornandoarelaojurdicamaterialimutveleindiscutvelentreos sujeitos da relao processual. O que tambm se observa naArbitragemqueasentenaterforadeleientreaspartesenoslimitesda lide proposta e das questes decididas, caso seja condenatriaconstituir ttulo executivo judicial a ser satisfeitoperante a jurisdioestatal.

4.4 Reconhecimento e Execuo de Sentenas Arbitrais Estrangeiras

O sistema jurdicobrasileiro reconhece a eficcia sentenaestrangeira,sem reexaminaromrito,devendoapenarserverificadaaocorrnciadecertosrequisitosparaqueessapossaproduzir,noBrasil,efeitosquelheforamconferidosnoordenamentodeorigemeparaquenofiraaordemnacional.

Caso o Estado em que a deciso arbitral for proferidadeterminar a necessidade de sua homologao pelo Judicirio, essasomenteproduzirefeitosnoterritrionacionalposteriormente.Porm,o Estado reconhecendoa de imediato, independente da chancela doJudicirio,nosesubordinaoreconhecimentodetalato,seriaviolaosua soberania.A leibrasileira considera sentenaarbitralestrangeiraasentenaarbitralproferida forado territrionacional (art.34daLein9.307/96).

A sentena arbitral proferida no exterior fica submetida homologaodoSupremoTribunalFederal,quenoofarquandoessaferiraordempblicanacionalouoobjetodo litgionoforpassveldedecisoporArbitragemnoBrasil.Ahomologaodesentenaestrangeira,poder ser negada quando o ru demonstrar que no processohomologatrioqueaconvenodearbitragemnoeravlidasegundoaleiqualasparteseramsubmetidas,ounafaltadeindicao,emvirtudedopasondeasentenaarbitralfoiproferida,nopermitindoqueajustia

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brasileiradesconsidereuma convenode arbitragem vlidaquando asede do Tribunal Arbitral for localizada no estrangeiro.No entanto, oordenamento brasileiro estatui expressamente a possibilidade darenovaodopedidohomologatrio,quandosanadososvcios formaisexistentesquantoaolaudo.

CONCLUSO

HanosaArbitragemdesempenhaumpapelpredominantenocampodas relaescomerciais,sobretudonas internacionais.Devidoasua resoluo clereeaocorrnciados fatos conformea vontadedaspartes isso acarretou um incentivomaior a adoo do procedimentoarbitral.

Noentanto,noBrasiloprocedimentoarbitralcaiupor terra,devidoao tratamentodadoaclusulacompromissriaqueobrigavaasparteseahomologaopelo Judicirio,do laudoarbitral,queacabavadescaracterizandototalmenteointuitodeceleridade.

Com a Lei n 9.307/96 a Arbitragem ganhou atualidade,tornandose mais eficaz, apta a atender as necessidades atuais,enfrentandoempecilhosde seudesenvolvimentoe fazendocomqueaclusulaarbitralafasteacompetnciado Judicirioparadirimir futurascontrovrsias oriundas do contrato. No significando que a sentenaarbitralsejainconstitucional,poisaArbitragemfaculdadeatribudaaocidadoenoobrigao.

Atento a celeridade, o legislador, agiliza o procedimentoarbitral,possibilitandovriasmudanastaiscomo:

1) Determina o momento da instituio da Arbitragem, deacordocomasnormascontidasnoart.312doCPCquedelimitaoinstanteemqueestpropostaaao.Essaregraessencialparaevitardvidasquanto a temas como: eficcia da alienao de bens, interrupo daprescriodebensentreoutros.

2)AcitaodapartedomiciliadaouresidentenoBrasil,porviapostal,quebrando,assimverdadeirotabudeordempblica.

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3) oportuno que o rbitro em conjunto com as partes, seentenderquehnecessidadequeexplicitemalgumasquestesreferidasna clusula compromissria ou no compromisso arbitral, elaborar umadendoconvenoarbitralsendopossveldemonstrandototalclarezaparaqueorbitropossa julgar;evitarqueeledecidaquestoquenotenhasidosubmetidopeloslitigantes.

4)Possibilidadedearguio,pelaspartes,dequestorelativacompetncia,suspeioouimpedimentodorbitro,bemcomoinvalidadeouineficciadaconvenoparaqueasentenatenhaomnimodechancedeserconsideradanula.

5) Liberdade das partes para convencionar o rito a serobservado, possibilitando a escolha a luz dos princpios do Direito,Tratados InternacionaisEquidade...,enfima leidispedeum lequedeopes que proporciona total autonomia desde que no contrarie asnormaslegais.

6)AnovaLeiArbitralembasouseuprocedimentoeprocessonosprincpiosconstitucionais,sendoeles:odocontraditrio,daisonomia,daimparcialidadedorbitroedeseulivreconvencimento,excluindo,todaequalquerhiptesedeferirodevidoprocessolegal.

7)Acapacidadepostulatria facultativacom intermdioouno de advogado.Mesmo que essa regra tenha gerado, por parte dealgunsadvogados,umcertopreconceitocontraaArbitragem,sendotalpensamento invlido, pois com ela abrese um campo de trabalho, adisposiodosquepossuembaseeconhecimentojurdico.

8) A conciliao prevista no incio do procedimento, bemcomonodesenrolardoprocesso,tendoemvistaqaautocomposiosempreamelhorsadaparaaspartes.

9)AparteprobatriabemcomotodooprocedimentoarbitralestemconformidadecomonovoProcessoCivil,observandosetratardemeiodesoluodecontrovrsiasapresentadopeloEstado.Entretanto,diferindosepelaceleridade,poisnoJudicirioosprocessospermanecemduranteanos,no JuzoArbitralo tempo reduzidoedelimitadopelas

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partes.JquantoconstitucionalidadeounodaArbitragem,oCdigode Processo Civil de 2015 em seu art. 3 institui a Arbitragem comoJurisdio,autorizandoassim,queascausascveissejamprocessadasedecididasporessergojurisdicionalnoslimitesdesuacompetncia(art.42CPC).

Concluindo,oprocessoeoprocedimentoarbitralrevestiramsedenova identidadecomaLein9.307/96eonovoCdigodeProcessoCivil.Porm,caberessaltarqueasfaculdadesdedireitonoincentivam,neminvestemcomafinconaampliaodehorizontedeseusdiscentesnavantagemdautilizaodaArbitragem,principalmentenoquedizrespeitoasuaceleridadeenaajudaadiminuiodeprocessosenroscadosnoJudicirio.

REFERNCIAS:

CACHAPUZ, Rozane da Rosa. ARBITRAGEM: Alguns aspectos doprocesso e do procedimento na Lei n 9.307/96. 1 ed, LemeSP: Led,2000.261p.

PACHECO,JosdaSilva.EVOCUODOPROCESSOCIVILBRASILEIRO.2ed,RiodeJaneiroRJ:Renovar,1999.419p.

PARIZATTO,JooRoberto.ARBITRAGEM.1ed,SoPauloSP:EditoradeDireito,1997.170p.

SANTOS,PaulodeTarso.ARBITRAGEMEPODERJUDICIRIO.1ed,SoPauloSP:LTr,2001.167p.

http://arquivo.fmu.br/prodisc/direito/mmba.pdf acessado em:23/08/2015.

http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/Juridica/article/viewFile/426/420acessadoem:23/08/2015.

http://www.alonso.com.br/v2/downloads/ArbitragemAdvogado.pdfacessadoem:23/08/2015.

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http://www.arbitragembrusque.com.br/lei_arbitragem acessadoem:23/08/2015.

http://www.arbitrium.com.br/lei.htmlacessadoem:23/08/2015.

http://www.cbsul.com/leiarbitralacessadoem:23/08/2015.

http://www.scielo.br/pdf/rsocp/v20n44/v20n44a12.pdf acessadoem:23/08/2015.

http://www2.camara.leg.br/documentosepesquisa/publicacoes/estnottec/areasdaconle/tema5/2014_9932.pdfacessadoem:23/08/2015.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20152018/2015/lei/l13105.htm#art240acessadoem18/04/2016.

http://sergiooliveiradesouza.jusbrasil.com.br/artigos/116475616/confiracomoficaraaarbitragemnonovocpcacessadoem18/04/2016.

NOTAS:

[1] DIAS, Joel. Manual de Arbitragem, p. 58. Por exemplo, em relao a alguns pases europeus, estamos atrasados em termos de legislao arbitral aproximadamente 20 anos (v.g. Blgica em 1972; Frana em 1980).

[2] Artigo 22 da Lei n 9.307/1996.

[3] Pedro Batista Martins. Aspectos Jurdicos da Arbitragem Comercial no Brasil, p. 43.

[4] CARVALHO SANTOS, J. M. Cdigo Civil Brasileiro Interpretado, p. 82.

[5] CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo, p. 221.

[6] MOREIRA, Jos Carlos Barbosa. La nouva legge brasiliana sull arbitrato, in Revista dell Arbitrato, v. 1, 1997, p. 1-18, esp. P. 13.

[7] Art. 32 da Lei n 9.307/96.

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[8] KELSEN, Hans. Tratado..., p. 15, Hauptprobleme,14.

[9] NEVES, Celso. Estrutura Fundamental do processo civil, p. 28.

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A RESPONSABILIDADE CIVIL PELA PERDA DE UMA CHANCE FABIO SEABRA DE OLIVEIRA: Graduado em Direito pelas Faculdades Integradas do Oeste de Minas. Ps graduado em Direito Pblico pela Universidade de Araras, Direito Civil Processo Civil e Empresarial pela Universidade de Araras, Direito Notarial e Registral pela Universidade Cndido Mendes, Direito Imobilirio pela Universidade Gama Filho.

INTRODUO

A teoria da perda de uma chance vem sendo utilizada peladoutrina e jurisprudncia brasileira como indenizao, na seara daresponsabilidade civil,para ressarciraquelesque foram sacrificadosdeumaoportunidadedeconseguiralgumbemdavida.

O tema merece debate diante das incertezas dos contornosjurdicos que envolvem o assunto, tendo em vista as deficincias dalegislaobrasileirasobreotemaespecfico.

Indagase se possvel a aplicao das normas gerais daresponsabilidadecivilteoriadaperdadeumachance.

Analisaseas jurisprudnciasmais importantesque trataramdoassunto,especificamenteasdoSuperiorTribunaldeJustiabrasileiroquetemalgunsimportantesprecedentessobreotema.

Oportuno averiguar como a questo est sendo tratada peloDireitoArgentino,especialmente,comaaprovaodonovssimoCdigoCivileComercialdaNaoArgentina.

Cabe,ainda, investigarsobrecomocalcularovalordaperdadeumachance.

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Comosepercebe,sodesafiosquesemostramimportantesparaodebateeapesquisa.Nosetemapretensodeesgotaro tema,atporquedemandariaumaprofundidadeeamplitudeparatanto.Procurase dar contribuies para se conhecer como o direito brasileiro vemtratandodesteimportanteassuntoderesponsabilidadecivil.

DESENVOLVIMENTO

A perda de uma chance um instituto recente em que visaressarciraquelequeperdeuumachance reale sria.Por serum temarelativamente novo, a doutrina e a jurisprudncia temmuitas dvidasacercadeseuscontornosjurdicos.Aprobabilidadedeganhodapessoa,cuja perda se deu por causa de outrem, pode ser indenizada,proporcionalmente.

EssaquestoteveorigemnaEuropaesempreestevecalcadanosprincpios e regras gerais da responsabilidade civil. No Brasil, no hregulamentao legal, pelo menos por enquanto. A doutrina ejurisprudnciavemaceitandoessatesedeformagradativa.

Tratase de indenizar aquele que tinha uma chance, umaoportunidade, comprobabilidade sriadeobterxitoeno conseguiuporquefoiimpedidoporatocausadoporoutrem.[1]

Imaginaseumapessoaque,apspassarporvriasetapasdeumconcursopblicoparaascensoaumcargopblico,sendoqueesteseriaasualtimachancedeconquistaravaga,tendoemvistaqueaquelecargotemumlimitedeidadeparaoseuingresso,eocandidatojseencontracom idade avanada, a ponto de no podermais disputar o prximoconcurso.

Nodiadaprovamarcada,essecandidatonoconseguerealizaraarguio tendo em vista que sofreu um acidente automobilstico, acaminhodaprova,causadoporummotoristaimprudenteenegligente.

FALTADEREGULAMENTAOJURDICANOBRASIL

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Pelasregrasgeraisdaresponsabilidadecivil,ocasoseriaresolvidoemrazodeatoilcito,causadoporimprudnciaenegligncia(culpa).

AConstituioFederalde1988,acercadaresponsabilidadecivil,dizoseguinte:

Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:

V - assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indenizao por dano material, moral ou imagem;

X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao.

Como se sabe, a responsabilidade civil se configura peloselementosdaculpa,nexodecausalidadeedano.[2]

Aculpaapuradaconformeas regrasestabelecidasna leicivil.Tratandosederesponsabilidadecivilsubjetiva,necessriaacomprovaoda negligncia, imprudncia ou impercia para a responsabilizao doagente.Nocasoderesponsabilidadecivilobjetiva,tornasedesnecessriaessacomprovao,conformesejaasjustificativaselegidaspelolegislador,aexemplodaatividadederisco(art.927,pargrafonico,CC/02).[3]

Aquelequed causa aoprejuzodeve ressarcir, apurandoseonexodecausalidadeemconformidadecomateoriadacausalidadediretaeimediataprevistanoartigo403doCC/02,aplicadapeloSTF,noREXT130764,relatorMinistroMoreiraAlves,julgadoem12/05/1992.

Conformedemonstrado,asregrasgeraisderesponsabilidadecivilat aqui esto na mesma linha de aplicao. A questo apresentadificuldadesquandosepassaverificaododano.

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Odanoaquiloqueseperdeuoudeixoudeganhar.Conformeensina Maria Helena Diniz, o dano pode ser definido como a leso(diminuio ou destruio) que, devido a um certo evento, sofre umapessoa, contra a sua vontade, em qualquer bem ou interesse jurdico,patrimonialoumoral.[4]

O dano direto o que se perdeu, seja patrimonial ouextrapatrimonial.Odanoindireto,reflexooudeefeitoricochete,tambmpodemserindenizveis(oexemplodafamliaquetemperdapatrimonialemvirtudedofalecimentodopai,arrimodefamlia).

Odanopodeseremergenteoudelucrocessante.Oemergenteaquelepresente.Oslucroscessantessoaquelesemqueavtimadeixardelucraremvirtudedosinistro(art.402doCC/02).

A perda de uma chance no pode ser considerada como danomoralsimplesmente.Seriaumaespciededanomaterialdiferentedestasexistentesnalegislaoatual.

Noseconfundecomodanomaterialouemergente,tendoemvistaqueavtimaperdeuapenasasuaprobabilidadedeviraganhar,aopassoquenodanoemergentehumadiminuiopatrimonialdireta.

Dizerqueapessoatemumagrandechancedeganharalgobemdiferentededizerqueelajsejaproprietriadacoisaaganhar.Elaaindano entrou na esfera patrimonial do agente, apesar de estar muitoprximodissoocorrer,ehgrandeschancesparaqueissoocorra.Odanoemergentefacilmentevisvelemensurvel.Aperdadeumachancetemgrandesdedificuldadesdefazerasuaquantificao,poiselaaindanofoicontabilizadacomopatrimnioefetivodoagente.

Poroutrolado,nosedeveconfundiraperdadeumachancecomaperdapor lucroscessantes.Os lucroscessantesaperdadaquiloquerazoavelmentedeixoudelucrar(art.402doCC/02).Aperdaocorredeum lucro certo e esperado. A causa de sua fruio j existia e foiinterrompida.

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Nocasodaperdadeumachancediferente,poisaquele lucropoderounovir,apesardehaverumacertaprobabilidadepositiva.

Avtimadaperdadeumachancedeveindenizadapelaperdadasuachance.Nomaisqueisso.Nosepodesuporqueoganhoviriaequalovalorseriadesseganho.Oquesecalculaapenasachanceperdida.Nocasodoslucroscessantes,diferentemente,possvelquantificaroquesedeixoudelucrar.

JURISPRUDNCIABRASILEIRA

NoBrasil,osTribunaisaindatemumacertaresistnciaemdeferirindenizaopelaperdadeumachance.AprimeiravezqueesseassuntoveiotonanosTribunaisbrasileiros,foiem1990,noRioGrandedoSul,cujopedidofoiindeferido.[5]

Aperdadachance,noBrasil,exigequesejasriaereal,conformeentendimento do STJ Superior Tribunal de Justia.[6]No se admiteapenas suposies, indagaes, conjeturaes que pudessem levar indenizao. A jurisprudncia do STJ vem caminhando no sentido defirmar o acolhimento da teoria da perda da chance, conforme seguealgunsjulgados:

(...) a jurisprudncia desta Corte admite a responsabilidade civil e o consequente dever de reparao de possveis prejuzos com fundamento na denominada teoria da perda de uma chance, "desde que sria e real a possibilidade de xito, o que afasta qualquer reparao no caso de uma simples esperana subjetiva ou mera expectativa aleatria. (STJ, REsp 614.266/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, DJe de 02/08/2013.

Destacasequeoi.Relatorafastaameraexpectativadedireitoouumasimplesesperanasubjetiva,ouseja,algoqueestapenasnontimodapessoaqueesperaoganho.Paraseterdireitoindenizaoa

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chancedeveconcretaereal,afervelporterceiros,noseadmitindoasimpressessubjetivasdoreclamante.

OutroarestodoSuperiorTribunaldeJustiareforaoacolhimentoda teoriadaperdada chanceem casosdeerromdico.Nesta searamuitocomumqueachancedopacientedesecuraroudemelhorarumquadroclnicosejanica.Acondutadomdiconegligente,imprudenteouimperitaquelevaperdadachancesriaerealdarensejoindenizao.ConfiraojulgadodoSTJ:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC) - AO DEINDENIZAO. POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - ERRO MDICO RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO HOSPITAL - DECISO MONOCRTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO AGRAVO. INSURGNCIA DA R.

1. plenamente cabvel, ainda que se trate de erro mdico, acolher a teoria da perda de uma chance para reconhecer a obrigao de indenizar quando verificada, em concreto, a perda da oportunidade de se obter uma vantagem ou de se evitar um prejuzo decorrente de ato ilcito praticado por terceiro.

2. Nos termos da jurisprudncia dessa Corte, incide o bice da smula 7/STJ no tocante anlise do quantum fixado a ttulo de compensao por danos morais quando no configurado valor nfimo ou exorbitante.

3. Agravo regimental desprovido. Quarta Turma, relator Ministro MARCO

BUZZI, Autos n. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL n. 553104 / RS (2014/0181732-7), Julgado em 01/12/2015.

Recente julgado do STJ reafirmou o acolhimento da teoria daperdadachance,agoraparaaproteodedireitosfundamentais,como

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o casododireitodapersonalidade. Tratavasededescumprimentodecontratodecoletadeclulastronco,aqualpermitidapela legislaobrasileira,emqueocordoumbilicaldorecmnascidodeveriatersidocoletado para a retirada e armazenamento das clulas troncoembrionrias.

O STJ reafirmou, ainda, a j consolidada ideia de que o recmnascidotemlegitimidadeativaparapleitearindenizao.Nocaso,poderiaacrianaserindenizadapelaperdadachance.

Destacase, ainda, que a Corte brasileira compreendeperfeitamente a natureza jurdica dessa modalidade de dano. No necessriocomprovaroefetivodanofinal,poisoqueseindenizaapenasa chance real e razovel que foi perdida, por ato ilcito do agenteprovocadordaperdadachance.[7]

Aperdadachanceaparececomumacertafrequncianarelaocontratualentreclienteeadvogado,quandooprocuradorperdeumprazoprocessual,utilizaumrecurso inadequado,enfim,pelamprestaodoserviocontrato,geraprejuzoaoclientedemaneiraque,fosseconduzidodeoutraforma,haveriachancedexito.

Nessescasos,seficarevidenciadaamprestaodeserviopeloprofissional contratado e houver uma relao de causalidade entre acondutadesidiosaeaperdadachance,comprovandoseque,casohouveaprestaodeserviodeformaadequada,damaneiraqueseesperadoprofissional, o resultado seria exitoso, parece evidente que estaremosdiante da perda de uma chance, passvel de indenizao, conforme ajurisprudnciadoSTJ.

Seguindo amesma linhadepensamento consolidadono STJ, oportuno o enunciado n. 444 do Conselho da Justia Federal, sobre otema:

A responsabilidade civil pela perda de chance no se limita categoria de danos extrapatrimoniais, pois, conforme as circunstncias do caso concreto, a chance

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perdida pode apresentar tambm a natureza jurdica de dano patrimonial. A chance deve ser sria e real, no ficando adstrita a percentuais apriorsticos.

REGULAMENTAOLEGALNAARGENTINA.NOVOCDIGOCIVILECOMERCIALDANAOARGENTINA.

A Argentina acolheu a teoria da perda de uma chanceexpressamenteaoconsignarasespciesdedanosqueso indenizveis,conformeartigo1738dorecentssimoCdigoCivilArgentino,publicadoem08/10/2014:

Indemnizacin. La indemnizacin comprende la prdida o disminucin del patrimonio de la vctima, el lucro cesante en el beneficio econmico esperado de acuerdo a la probabilidad objetiva de su obtencin y la prdida de chances. Incluye especialmente las consecuencias de la violacin de los derechos personalsimos de la vctima, de su integridad personal, su salud psicofsica, sus afecciones espirituales legtimas y las que resultan de la interferencia en su proyecto de vida.

Adiante, a LeiArgentina traz importantes elementos acerca dacompreensodaperdadeumachance,conformeartigo1739:

Requisitos. Para la procedencia de la indemnizacin debe existir un perjuicio directo o indirecto, actual o futuro, cierto y subsistente. La prdida de chance es indemnizable en la medida en que su contingencia sea razonable y guarde una adecuada relacin de causalidad con el hecho generador.

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necessrio avaliar se a chance realmente existia, demaneirafirme e consistente, ao ponto de verificar que o agente poderia ter oganho,comchancesreais,casooatoilcitonotivesseocorrido.

Nessesentido,prudentea legislaoargentinaqueexigeque,paraaperdada chance ser indenizvel,dever ser razoveleguarderelaodecausalidadecomoatogerador.

Entendese por razoabilidade que a chance seja acreditvel,sustentvel,sriaereal,talcomoajurisprudnciabrasileiravemtratandodessaquesto,conformemencionadoacima.

Exigese, ainda,quehaja relaode causaeefeitoentreo atoilcitoeofatogeradordofatoquedariaensejoaoganhoqueseperdeu.Nesseponto,deveserfeitaumaanlisearespeitodonexodecausalidade,conformeateoriadacausalidadediretaeimediata,jreferida,adotadanoBrasil(art.402doCC/02).

OVALORDAINDENIZAOPELAPERDADACHANCE.

Questoquesemostradifcilcompreensooclculodovalordaindenizaoparaaperdadeumachance.

Ovalordaindenizaodevealcanarovalordoefetivoprejuzo,estaaregrageraldareparaocivil.OJuizpodereduzirequitativamenteo valor da indenizao quando verificar que ele semostra excessivo,diantedocasoconcreto(art.944doCC/02).

O Cdigo Civil Argentino traz disposio interessante sobre oassunto:

Art.1068.- Habr dao siempre que se causare a otro algn perjuicio susceptible de apreciacin pecuniaria, o directamente en las cosas de su dominio o posesin, o indirectamente por el mal hecho a su persona o a sus derechos o facultades.

Art.1069.- El dao comprende no slo el perjuicio efectivamente sufrido, sino tambin la

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ganancia de que fue privado el damnificado por el acto ilcito, y que en este Cdigo se designa por las palabras "prdidas e intereses".

Los jueces, al fijar las indemnizaciones por daos, podrn considerar la situacin patrimonial del deudor, atenundola si fuere equitativo; pero no ser aplicable esta facultad si el dao fuere imputable a dolo del responsable.

Nas disposies do novo Cdigo Civil Argentino, verificase oreconhecimentododanoemergente(direto)eoslucroscessantes,oquesedeixoudelucrar.

Paraaquantificaodaperdadachancenecessriorecorreraoartigo 1738, cuja transcrio se mostra necessria, com a devidapermisso:

Indemnizacin. La indemnizacin comprende la prdida o disminucin del patrimonio de la vctima, el lucro cesante en el beneficio econmico esperado de acuerdo a la probabilidad objetiva de su obtencin y la prdida de chances. Incluye especialmente las consecuencias de la violacin de los derechos personalsimos de la vctima, de su integridad personal, su salud psicofsica, sus afecciones espirituales legtimas y las que resultan de la interferencia en su proyecto de vida.

Aestruturajurdicaindicaqueaperdadachanceserquantificadalevandoemcontaachanceperdidapropriamentedita.Nosepoderdar,porindenizao,ovalordoganhoqueseperdeu,porqueelenofoiganhoefetivamente,conformejmencionadoalhures.

Registrasequepermitidaacumulaodedanomaterialemoral(smula37doSTJ).

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Permitese,ainda, a cumulaoentredanoemergentee lucroscessantes,pelainterpretaodoartigo1069doCdigoCivilArgentino.

A perda da chance, dessa forma, ser quantificada como umaespciededanomaterial,autnoma.Achance,porsis,aprecivelereconhecvel economicamente, a qual dever ser quantificada emensurada,levandoseemcontacritriosderazoabilidade.

perfeitamentepossvelasuacumulaocomasdemaisespciesdedanos,casotenhamocorrido,conjuntaouseparadamente,diantedadistinodenaturezajurdicaentreessasreparaes.

CONCLUSO

AteoriadaperdadeumachancesurgiunaEuropa.ApesardenohaverregulamentaolegalespecficanoBrasil,aceitapeladoutrinaepelajurisprudncia.

Aplicase as regras gerais da responsabilidade civil parafundamentararesponsabilizaopelaperdadachance.

Aperdada chanceno se confunde comos lucros cessantesemuito menos com os danos emergentes. Tem autonomia para serressarcidoapenaspelaoportunidadeperdida,nomaisqueisso.

A jurisprudncia brasileira aceita a indenizao pela perda dachance, desde que ela se apresente como sria e real, conformeprecedentesdoSTJ.

O novo Cdigo Civil e Comercial da Nao Argentina prevexpressamentea indenizaoparaaperdadeumachance,exigindose,paratanto,quesejarazoveleguarderelaodecausalidadecomofatogeradordaperda.

Ovalordaperdadachanceaindaencontracontrovrsias,devidofaltaderegulamentaolegal.Devesermensuradalevandoemcontaograudeprobabilidadedeganho,oqualfoiperdido,nopodendochegaraovalortotalqueseesperavaganhar.

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Aperdadeumachanceumanovaespciededanomaterialeautnomo,epodeseracumuladocomaindenizaopordanosmateriaisemorais,dadaadistinoentreeles.

REFERNCIASBIBLIOGRFICAS

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RODRIGUES,Silvio.DireitoCivilResponsabilidadeCivil.v.4.18.ed.SoPaulo:Saraiva.2000.

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NOTAS:

[1] Sobre o conceito da teoria da perda de uma chance, elucidativa a lio de Sergio Cavalieri Filho: Caracteriza-se essa perda de uma chance quando, em virtude da conduta de outrem, desaparece a probabilidade de um evento que possibilitaria um benefcio futura para a vtima, como progredir na carreira artstica ou militar, arrumar um melhor emprego, deixar de recorrer de uma sentena desfavorvel pela falha do advogado, e assim por diante. Deve-se, pois, entender por chance a probabilidade de se obter um lucro ou de se evitar uma perda

[2] Conforme diz o Cdigo Civil de 2002:

Art. 186. Aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo.

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[3] Nesse sentido so os ensinamentos de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho: Assim, a nova concepo que deve reger a matria no Brasil de que vige uma regra geral dual de re