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    Curso Preparatrio Verbo Jurdico - Carreiras Federais

    Direito Internacional

    Professor Daniel Sica da Cunha

    AULA 1 TEORIA GERAL DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

    Vivemos num mundo globalizado com a existncia de Estados Soberanos e departiculares que circulam por estes espaos de soberania e mantm relaes

    privadas entre si, seja no mbito comercial, seja no mbito privado.Cada estado soberano, propriamente dito, possui uma ordem jurdica prpria. Esteconjunto de normas de cada estado se torna um ordenamento jurdico prprio,fechado, daquele respectivo estado.

    H em torno de 193 membros da ONU. H, pois, pelo menos 193 ordens jurdicasdistintas.

    CARACTERSTICAS DAS ORDENS JURDICAS:

    Independncia: os ordenamentos jurdicos so autnomos. No h, pois, umahierarquia entre estes ordenamentos jurdicos. Ideia dos sistemas fechados,hermticos, de modo que as regras jurdicas do ordenamento jurdico brasileiro,p.ex. no se submete ou se subordina a outros ordenamentos.

    Relatividade: repercute no direito internacional privado, pois ensina que cadaordenamento jurdico possui valores prprios e regras prprias, de acordo com osvalores das suas respectivas sociedades. a construo de regras jurdicasespecficas conforme a cultura local. O mesmo fato, portanto, pode gerarconsequncias jurdicas distintas.

    Ex. uma unio entre homem e mulher: para determinado ordenamento, essa unioganha tanta importncia que as regras tornam proibitiva a sua dissoluo, proibindoo divrcio. J para outro pas, existem outros valores protegidos, como a liberdade, odireito a felicidade etc., e dentro dessa lgica, nesse outro pas haver norma quefavorece a prtica do divrcio. Os valores so, portanto, relativos.

    Territorialidade: as regras do ordenamento jurdico de determinado pais foramfeitas prioritariamente para serem aplicadas no mbito do territrio nacional. Oestado soberano cria as normas que sero aplicadas dentro de seu territrio.

    Obs.: O DIPr provoca o fenmeno da extraterritorialidade das leis. A regra aterritorialidade. A regra que sero aplicadas no territrio nacional as regras dodireito brasileiro, salvo em caso de direito internacional, que proporciona que o juizbrasileiro, em determinadas circunstncias, tenha que aplicar, aqui no Brasil, regrade direito estrangeiro para resolver determinado caso. Se produzir uma eficciaextraterritorial, surtindo efeitos de uma lei estrangeira no territrio nacional.

    possvel, portanto, que o juiz da 1 Vara de Famlia de Florianpolis tenha queaplicar regra do direito alemo para resolver um conflito familiar; que o Juzo Cvelde So Paulo tenha que aplicar regras de Direito Americano para analisardeterminado contrato.

    Na mesma forma, possvel que o juiz estrangeiro tenha que aplicar o direitobrasileiro para resolver determinados casos, seguidos os ritos previstos nalegislao daquele pas.

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    Professor Daniel Sica da Cunha

    DIREITO INTERNACIONAL ENTRA EM JOGO na dicotomia entre Relaes civisinternas vs. Relaes civis internacionais

    [Relaes entre particulares, ou seja, casos de Direito Civil]: ex. empresa que fabricacanetas com sede em So Paulo. Firma contrato de compra e venda dessas canetascom empresa sediada em Porto Alegre. Contrato redigido em portugus, regras dodireito brasileiro etc. Ok. A empresa de SP entrega as mercadorias, mas as mesmaschegam com defeito. A empresa de POA susta o pagamento o ordenamento aser aplicado nesse exemplo , sem a menor dvida, o Cdigo Civil Brasileiro, porquetodos os pontos de contato dessa relao jurdica vinculam-na ao ordenamentojurdico brasileiro.

    [Relaes em conexo com dois ou mais ordenamentos jurdicos]: ex. contratode compra e venda entre a fabricante das canetas (uma empresa japonesa), e a

    adquirente (uma empresa brasileira). O contrato entre essas duas empresas foiassinado nos EUA, em uma conferncia internacional de canetas. As canetas soentregues e chegam com defeito, e a empresa brasileira susta o pagamento.Entretanto, eis o diferencial: esta relao civil possui pontos de contato commais de um ordenamento jurdico. H conexo/vnculos com pelo menos 2 oumais ordenamentos jurdicos autnomos, pois a localizao da empresafabricante est no Japo, a da empresa adquirente no Brasil, e o local dacelebrao do contrato nos EUA.

    Esta relao jurdica acima descrita, pois, se caracteriza como uma relao civilinternacional campo de atuao do Direito Internacional.

    CARACTERSTICAS DA RELAO CIVIL INTERNACIONAL

    1) Relao entre particulares. Trata-se de uma relao de direito civil. O direitointernacional privado, entretanto, no regula as relaes entre os Estados (este campo do Direito Internacional Pblico).

    2) Esta relao civil internacional. O que a torna internacional o elemento deestraneidade. So relaes em conexo com dois ou mais ordenamentos jurdicos.No exemplo acima, os pontos de contato vinculam-na ao ordenamento jurdicojapons, ao brasileiro e ao americano.

    Elementos de estraneidade: o elemento estrangeiro presente na relao jurdica, eque a conectam com dois ou mais ordenamentos jurdicos.

    Ex2. A domiciliado em So Paulo, conhece B, domiciliada no RJ, se casam e fixamresidncia ali. Essa relao jurdica civil no possui pontos de contato com outrosordenamentos, aplicando-se o ordenamento jurdico brasileiro. Ok. Mas se A fosseamericano e conhecesse essa brasileira B em Paris, e se casam em Veneza, naItlia. A relao civil, aqui, difere do exemplo anterior pela existncia de pontos de

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    contato com outros ordenamentos jurdicos (nacionalidade americana de A;nacionalidade brasileira de B; local do casamento segundo ritos e leis da Itlia).

    Diante de tais exemplos: Qual a lei aplicvel ao caso?

    O DIPr no final das contas, vem responder esta pergunta: diante de relaesprivadas com elementos de estraneidade, que lei se aplicar?

    Anlise das regras tpicas de DIPr no ordenamento jurdico brasileiro: o DIPr possui,pois fontes internas e fontes internacionais.

    Quanto as fontes internas, basicamente so as regras inseridas dentro de cadaordenamento jurdico e que dizem respeito a soluo do conflito de leis no tempo eno espao. No Brasil, a sua principal fonte do direito internacional privado a LINDB Decreto-Lei n 4.657/42.

    Isso no significa que no haja tratados que regulem as relaes jurdicasinternacionais. Ex. Cdigo Bustamante (hoje no tem aplicao prtica, mas ainda usado como fonte principiolgica e doutrinria); Ex2. Conveno de Viena dasNaes Unidas sobre compra e venda de mercadorias (1980); Ex3. CIDIP(Convenes Interamericanas sobre Direito Internacional Privado). Existem, pois,tratados, fontes internacionais que regulam o direito internacional privado. Mas noBrasil, h preponderncia de relao do direito internacional a partir de fontesinternas, especialmente a LINDB.

    REGRAS PRINCIPAIS SOBRE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO PREVISTASNA LINDB:

    Regras bilaterais: permite, por vezes, aplicar o direito brasileiro, e por vezes eladetermina a aplicao do direito estrangeiro.

    Regras unilaterais: manda aplicar um direito. No d, efetivamente, uma opo.Mandar aplicar somente o direito brasileiro.

    Regras qualificadoras: tem como objetivo simplesmente qualificar. Na esteira deJacob Dolinger, conceituar + classificar. a descrio de determinado fato.

    Ex. relao duradoura com affectio maritatis entre duas pessoas casamento?Unio estvel? Aps a conceituao, preciso classificar este fato: tpico de direitode famlia?

    Regras bilaterais so as regras tpicas de direito internacional privado, porexcelncia. E ganha vrios nomes na doutrina:

    Regras indicativas (pois tendem a indicar qual lei aplicvel); Regras Indiretas(pois no resolve diretamente o caso, no diz diretamente quem tem razo, masqual ordenamento que dir quem ter razo); Regras Remissivas (pois remetem aoutro ordenamento jurdico), Regras de conexo (indicam a lei aplicvel,conectando aquele ordenamento situao), Regras Tpicas (pois so as regrasmais comuns do DIPr) etc.

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    A grande caracterstica da regra bilateral se encontra na dicotomia entre objeto deconexo + elemento de conexo. No confundi-los com o elemento de estraneidade(este, permite vincular/conectar dois ou mais ordenamentos jurdicos).

    O objeto de conexo chamado pela doutrina de conceito-quadro, pois a matriajurdica que se pretende regulamentar/sobre a qual versa o caso.

    Logo, antes preciso qualificar o caso, descobrir do que se trata. Ex. um pactoantenupcial. Foi descrito como tal e classificado juridicamente como contrato. Oobjeto de conexo (matria jurdica que se pretende regular) ser a teoria doscontratos. Mas se este pacto antenupcial foi classificado juridicamente como dedireito de famlia, ser por este ramo do direito assim regulado.

    Objeto de conexo

    +

    Elemento de conexo

    J o elemento de conexo o elemento, dentro da regra bilateral, que resolve oconflito de leis no espao. Ele diz qual o ordenamento jurdico que vai ser aplicado.Ele conecta o caso, e indica a lei que vai resolver. Vai dizer, p.ex., aplica-se a lei dodomiclio da parte. A parte alem? Vai se aplicar o direito alemo. A parte brasileira? Se aplicar nosso direito.

    Principal elemento de conexo na LINDB: domiclio (lex domicilii). Aparecede forma reiterada na LINDB.

    Art. 7o, caput.A lei do pas em que domiciliada a pessoa determina as

    regras sobre o comeo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e

    os direitos de famlia.Os aspectos jurdicos personalssimos, por serem muito vinculados a esfera pessoaldo indivduo, o Direito Internacional Privado os chamam de estatuto pessoal.Assimas regras de DIPr (ou os elementos de conexo) para o estatuto pessoal ser odomiclio da parte.

    Ex. rapaz italiano de 14 anos domiciliado na Frana, celebra contrato com brasileirode 18 anos nos EUA. O art. 7, caput, dispe que se aplica o domiclio do domiclioda parte, ou seja, a lei francesa. O juiz brasileiro, pois, aplicar a lei francesa paraesta situao.

    Art. 7o. 3o Tendo os nubentes domiclio diverso, reger os casos de

    invalidade do matrimnio a lei do primeiro domiclio conjugal.

    Ou seja: no caso de um noivo brasileiro e uma noiva americana, se eles fixaram,aps o casamento, domiclio na Inglaterra, ser vlido o ordenamento jurdico inglspara invalidar o matrimnio.

    Art. 7. 4 O regime de bens, legal ou convencional, obedece lei do

    pas em que tiverem os nubentes domiclio, e, se este for diverso, a do

    primeiro domiclio conjugal.

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    Ou seja: se os noivos tiverem domiclios distintos, se aplicar a lei vigente no localem que eles primeiro fixaram domiclio conjugal. O regime de bens obedece aoordenamento do pas em que os mesmos possuem domiclio.

    Art. 8o . 1o Aplicar-se- a lei do pas em que for domiciliado oproprietrio, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a

    transporte para outros lugares.

    Aqui, o objeto de conexo (matria jurdica) so os bens mveis trazidos consigo(pelo proprietrio) ou transportado. Ex. Frances traz ao Brasil, para assistir a copa domundo, um iPad pessoal. Este bem mvel (iPad) est regulado pela lei do domicliodo proprietrio. O elemento de conexo (regra que implica na indicao da soluo)

    Art. 8o . 2o O penhor regula-se pela lei do domiclio que tiver apessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.

    A coisa apenhada, pois, se ficou na posse de um brasileiro, se aplicar a lei

    brasileira.Art. 10, caput. A sucesso por morte ou por ausncia obedece lei do

    pas em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja

    a natureza e a situao dos bens.

    Aqui, novamente o elemento de conexo domiclio que determina o ordenamentojurdico a ser aplicado. E o objeto de conexo, aqui, o direito das sucesses. Seaplicar, pois, a lei do ltimo domiclio do de cujus no tocante a direito de sucesseslocal.

    Art. 10. 2o A lei do domiclio do herdeiro ou legatrio regula a

    capacidade para suceder.

    O objeto de conexo a capacidade para suceder. E o elemento de conexo odomiclio do herdeiro ou do legatrio. Logo, a capacidade para suceder de cadaherdeiro se dar pelo seu respectivo domiclio.

    VIDEO 2 (AULA 1)

    Outro(s) elemento(s) de conexo na LINDB: local. Algumas matrias seroregrados pela lei do local em que o ato foi praticado.

    Art. 7o. 1o Realizando-se o casamento no Brasil, ser aplicada a lei

    brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e s formalidades dacelebrao. [lex loci celebrationis]

    A doutrina diz que esta regra unilateral, dentro do Direito Internacional, poismanda aplicar somente um direito (o brasileiro) quando o casamento celebrado noBrasil, relativo aos impedimentos dirimentes e s formalidades da celebrao.

    Cuidado! As invalidades do matrimonio, o regime de bens do casamento regem-sepela lei aplicvel no domiclio dos nubentes.

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    H um fenmeno a ser considerado, tambm, denominado de bilateralizao dasnormas de direito privado, que a possibilidade de converso de regrasunilaterais em bilaterais. E o art. 7 1 um exemplo dessa bilateralizao. primeira vista, no se permitiria aplicar o direito estrangeiro. Entretanto, a doutrina,

    para aplicar a norma estrangeira, busca identificar o elemento de conexo que estescondido nessa norma. Assim, se o casamento realizado no Brasil implica naaplicao da lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e as formalidades dacelebrao, por uma questo de lgica, se o casamento foi realizado na Frana, seaplicaro as leis francesas no tocante aos impedimentos dirimentes e asformalidades da celebrao.

    Logo, existe, sim, um elemento de conexo abstrato, escondido na normal, o quepermite transformar, por interpretao, essa regra unilateral em uma regra bilateral.

    No caso do 1 do art. 7, o elemento de conexo implcito a lei do local dacelebrao do casamento.

    Art. 8o, caput. Para qualificar os bens e regular as relaes a eles

    concernentes, aplicar-se- a lei do pas em que estiverem situados. [lex

    rei sitae]

    O direito civil sobre bens ser, portanto, o do local onde est situado o bem. a leido local do bem Lex rei sitae. Vale tanto para os bens mveis quanto para os bensimveis.

    Cuidado: a regra do domiclio de quem transporta o bem x regra do local da coisa. Achave da questo partir do que mais especfico, para o que mais amplo. Assim,o estrangeiro que carrega consigo um tablet em outro pas, ter resolvido o direito a

    ser aplicado pelo art. 8 1 - lei do seu domiclio. Mas, se a discusso sobre umautomvel que fulano deixou no Brasil enquanto estava morando na Inglaterra, anorma a ser aplicada no a do 1 do art. 8, pois no h adequao. Busca-se,pois, o objeto mais amplo e adequado circunstncia ftica apresentada, sendo,portanto, o art. 8 caput a regra a ser aplicada, que determina que aplica-se a lei dolocal onde est situada a coisa.

    Art. 9o, caput. Para qualificar e reger as obrigaes, aplicar-se- a lei do

    pas em que se constiturem. [...] 2o A obrigao resultante do contrato

    reputa-se constituda no lugar em que residir o proponente. [lex loci

    contractus, locus regit actum, lex loci delicti]

    O objeto de conexo (matria jurdica que se pretende regular) obrigaes. Asobrigaes podem se originar diretamente da lei, como tambm de manifestao devontade das partes (negcios jurdicos).

    O elemento de conexo o pas (local) em que as obrigaes forem constitudas. Asobrigaes contratuais, portanto, so dirimidas conforme a lei do local do contrato Lex loci contractus, tambm chamada de locus regit actum.

    Um testamento, p.ex. que se trata de um negcio jurdico unilateral, se regula pelalei do local em que foi celebrado.

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    Ainda, possvel que seja aplicada a lei do local do delito (Lex loci delicti), notocante as obrigaes que nascem de atos ilcitos. Ex. um argentino colide comveculo de um uruguaio em territrio brasileiro, quando ambos iam para BalnerioCambori. O caso ganha contornos internacionasi, porque uma parte argentina, a

    outra parte uruguaia, e o local do ato ilcito ocorreu no Brasil. A lei que resolvereste caso, portanto, ser a lei brasileira local onde o dano ocorreu.

    J o art. 9 2 traz uma correo: ex. contrato entre ausentes empresa brasileira a proponente do contrato, e manda por e-mail uma proposta de contrato para umaempresa alem (aceitante). Dias depois, a empresa alem responde o e-mail dandook, aceitando a proposta. Pelo caput do art. 9 a lei que rege esta obrigao a leido local onde o contrato foi celebrado. S que nessa circunstncia do contrato entreausentes, a dvida surge porque no se sabe se o contrato foi celebrado no Brasilou na Alemanha. Da, vem o 2 para dizer que a lei que rege esta obrigao,sendo a lei do local do contrato, presumir que, nesse caso, se tenha celebrado o

    contrato no local onde reside o proponente.

    Art. 9o. 1o Destinando-se a obrigao a ser executada no Brasil e

    dependendo de forma essencial, ser esta observada, admitidas as

    peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrnsecos do ato.

    [lex loci executionis]

    Embora seja uma regra unilateral (apontando diretamente que se aplica a leibrasileira) h, tambm aqui, a possibilidade de bilateralizao da norma, que aprincpio unilateral. Assim, identificando-se o objeto de conexo implcito, tem-seque se a obrigao a ser executada na Alemanha e depender de forma essencial,

    ser assim observada etc.

    Naquilo que diz respeito especificamente a forma de execuo das obrigaes, oelemento de conexo que indica a norma a ser aplicada o local de execuo daobrigao.

    No confundir com o art. 9 caput, que traz como soluo a lei do local onde o atoilcito ocorreu/onde o contrato foi assinado. Volta-se a questo de identificar o que mais especfico do que mais amplo.

    Art. 11, caput. As organizaes destinadas a fins de interesse coletivo,

    como as sociedades e as fundaes, obedecem lei do Estado em que

    se constiturem.Aqui, o objeto de conexo o direito societrio, e o elemento de conexo a lei dolocal de fundao da sociedade. A filial registrada e arquivada no Brasil, serregulado pelo direito brasileiro.

    Regras unilaterais (conforme j visto quando do estudo dos art. 7 1 e art. 91 da LINDB)

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    Art. 7o. 1o Realizando-se o casamento no Brasil, ser aplicada a lei

    brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e s formalidades da

    celebrao. [bilateralizao: lex loci celebrationis]

    Art. 9o. 1o Destinando-se a obrigao a ser executada no Brasil edependendo de forma essencial, ser esta observada, admitidas as

    peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrnsecos do ato.

    [bilateralizao: lex loci executionis]

    Importante:

    Art. 10. 1. A sucesso de bens de estrangeiros, situados no Pas, ser

    regulada pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos

    brasileiros, ou de quem os represente, sempre que no lhes seja mais

    favorvel a lei pessoal do de cujus.

    Esta regra no bilateralizada. uma regra unilateral, dando alternativa deaplicao do direito estrangeiro, se for mais favorvel aos brasileiros.

    Os requisitos para que a hiptese do art. 10 1 ocorra , primeiro, a sucesso debens situados no Brasil, e segundo, que tais bens sejam de um estrangeiro; ainda,que ou o cnjuge ou o filho seja brasileira. Assim, se a lei pessoal do de cujus (art.10, caput da LINDB) for mais favorvel para o cnjuge ou filho brasileiro, esta quese aplicar.

    Regras Qualificadoras: so regras de enquadramento, de qualificao, como j

    visto. Vide art. 7 8 da LINDB, que qualifica o que domiclio, para fins deaplicao das regras de DIPr:

    Art. 7, 8o. Quando a pessoa no tiver domiclio, considerar-se-domiciliada no lugar de sua tiver domiclio, considerar-se- domiciliada nolugar de sua residncia ou naquele em que se encontre.

    Observaes:

    Lex patriae no critrio de conexo: a lei de nacionalidade no elemento deconexo. Tanto que em momento algum na LINDB h previso de que se aplica a lei

    do nacional, mas sim, a lei do domiclio, do local dos bens, do local onde se celebrouo contrato, do local onde se fixou primeiro domiclio conjugal.

    Apenas o art. 10 1 que a nacionalidade influi no elemento de conexo (sucessode estrangeiro que deixou bens no Brasil e cnjuge/filhos brasileiros, sendo anacionalidade brasileira do cnjuge/filho como elementos de conexo para aplicar alei estrangeira, se mais favorvel).

    Principal elemento de conexo na LINDB: domiclio (lex domicilii): Odomiclio o que abrange a maioria dos casos, na forma da LINDB, especialmente

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    no que tange as questes mais individuais (estatuto pessoal, direito de famlia,sucesses).

    Concluso: a regra tpica de DIPr ir indicar o direito material aplicvel. caracterstica do DIPr ter normas tpicas (bilaterais) indicam a regra tpica aplicvel.Ela no resolve o caso materialmente, mas indica a lei que se aplicar ao caso, quepoder ser tanto brasileira como lei estrangeira (estraneidade das leis). Ex. art. 8,caput da LINDB.

    PROBLEMA:

    Se for o direito estrangeiro, questiona-se: em que extenso deve seraplicado o direito estrangeiro?

    Ex. questo trazida ao Juiz brasileiro, de relao civil internacional. A LINDB levar alei que ser aplicada ao caso. Juiz diagnosticou que se trata de questo envolvendocapacidade, o que atrai o art. 7, caput da LINDB, sendo a pessoa domiciliada noestrangeiro. A questo : o Juiz brasileiro ter que aplicar todo o ordenamentojurdico do pas estrangeiro (constituio daquele pais, CDC daquele pas, CdigoCivil daquele pas, inclusive a LINDB daquele pas) ou se restringir a aplicao dasnormas materiais sobre a matria daquele pas?

    Surge a questo do reenvio, que gera duas teorias:

    TEORIA DA REFERNCIA GLOBAL (permite o reenvio de 1 grau e o reenviode 2 grau);

    Ex. o caso tramita perante a jurisdio do pas A. O juiz do pas A analisa suas

    regras de DIPr, na sua LINDB equivalente, que diz que quanto a capacidade, aplica-se a lei do domiclio, e o indivduo tem domiclio no pas B, embora nacionalidade nopas A. Logo, o juiz do pas A ter que aplicar a lei do pas B.

    Na anlise da lei do pas B, a teoria da referncia global diz que a anlise global,como um todo, inclusive as regras remissivas daquele pas, de DIPr daquele pas.Quando o juiz do pas A analisar as regras do DIPr daquele pas, suponha-se queele encontra a regra de que a regulao da capacidade se aplica a lei danacionalidade da pessoa. Logo, o juiz, analisando o direito estrangeiro, verifica queh outro critrio (Lex patriae), sendo que a nacionalidade do indivduo do pas A.Logo, o pas B mandou aplicar o Cdigo Civil do pas A, mesmo pas em que tramitao processo.

    A extenso da aplicao do direito estrangeiro se d em todo o ordenamento do pasestrangeiro, sendo possvel que, uma vez analisadas as regras de DIPr do pasestrangeiro, haja o reenvio. Este o reenvio de 1 grau.

    No reenvio de 1 grau, diga-se passagem, restringe-se uma anlise terica. tudouma questo de argumento/raciocnio jurdico, envolvendo apenas doisordenamentos jurdicos.

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    A B

    A B

    [reenvio de 1 grau]

    Entretanto, a quantidade de ordenamentos jurdicos envolvidos pode determinar umreenvio de 2 grau, p.ex. Vide, assim o exemplo acima, acrescentando que oordenamento de DIPr do pas B manda aplicar a lei da nacionalidade do indivduo,que o pas C. O juiz do pas A, analisando sua LINDB, verifica que para regular acapacidade, aplica-se a lei do domiclio da parte, que o pas B. Ao verificar oordenamento jurdico do pas B, inclusive as regras de DIPr do pas B, tem-se queno tocante a capacidade, diz a tal lei que se aplica a lei da nacionalidade logo, a leido pas C, fazendo com que o Juiz do pas A tenha que aplicar a lei do pas C,analisando novamente o ordenamento jurdico local, e havendo outro critrio,surgiria at mesmo um reenvio de 3 grau e assim por diante.

    A B C

    [reenvio de 2 grau]

    TEORIA DA REFERNCIA MATERIAL (no admite o reenvio):

    A B

    Ex. o caso tramita perante a jurisdio do pas A. O juiz do pas A analisa suasregras de DIPr, na sua LINDB equivalente, que diz que quanto a capacidade, aplica-se a lei do domiclio, e o indivduo tem domiclio no pas B. Logo, o juiz do pas Ater que aplicar a lei do pas B. A extenso da aplicao do direito estrangeiro se

    restringiria apenas ao direito material do estrangeiro. As regras processuais e deDIPr do pas estrangeiro esto fora. Logo, s se analisar o Cdigo Civil daquelepas no tocante a regulao acerca da capacidade.

    A resposta para o questionamento acerca do reenvio est no art. 16 da LINDB,que adere a teoria da referncia material:

    LINDB. Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver deaplicar a lei estrangeira, ter-se- em vista a disposio desta, houver de aplicar a leiestrangeira, ter-se- em vista a disposio desta, sem considerar-se qualquer

    remisso por ela feita a outra lei.* Remisso por ela feita: significa no se considerar as regras remissivas (indiretas),ou seja, as regras bilaterais, indicativas = as regras tpicas de DIPr.

    Com efeito, no h reenvio no Brasil.A teoria adotada, portanto, a da refernciamaterial, restringindo-se a aplicar a regra material do direito estrangeiro, quandodeterminar a LINDB, considerando o objeto de conexo e o elemento de conexo.

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    Professor Daniel Sica da Cunha

    AULA 2

    1 Etapa: Constatao da existncia de uma relao civil internacional

    2 Etapa: Competncia internacional (CPC, artigos 88 e 89)

    3 Etapa: Qualificao

    4 Etapa: Identificao/Aplicao da norma indireta de DIPr

    5 Etapa: Verificao do direito material aplicvel (brasileiro ou estrangeiro)

    6 Etapa: Verificao das excees aplicao do direito estrangeiro (aplicao dalex fori)

    Primeira questo: competente o juiz brasileiro para julgar tal caso?

    Art. 88 (Competncia internacional concorrente)

    O ordenamento jurdico brasileiro entende que tem vnculo suficiente com o caso, eportanto o juiz brasileiro pode julgar, porm, admite que outros Estados tambmtenham vnculo suficiente e tambm possam julgar.

    Art. 88. competente a autoridade judiciria brasileira quando:

    I - o ru, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;

    II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigao;

    III - a ao se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.

    Pargrafo nico. Para o fim do disposto no no I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa

    jurdica estrangeira que aqui tiver agncia, filial ou sucursal.

    Competncia internacional absoluta ou excludente (art. 89 CPC)

    O ordenamento jurdico brasileiro entende que tem vnculo suficiente com o caso, eportanto juiz brasileiro pode julgar, porm, no admite que outros Estados possamjulgar.

    Art. 89. Compete autoridade judiciria brasileira, com excluso de qualquer outra:

    I - conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil;

    II - proceder a inventrio e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da

    herana seja estrangeiro e tenha residido fora do territrio nacional.

    Art. 90. A ao intentada perante tribunal estrangeiro no induz litispendncia, nem obstaa que a autoridade judiciria brasileira conhea da mesma causa e das que Ihe soconexas.

    Ateno: caso a homologao estrangeira transite em julgado a ao que aindaesteja em trmite no Brasil poder ser extinta, sem resoluo de mrito, em razo dacoisa julgada (art. 267, do CPC).

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    Segunda questo: qual lei material dever aplicar (a brasileira ou estrangeira)?

    Qualificao (pela conceituar + classificar]

    Identificao/Aplicao da norma indireta de DIPr do foro

    Objeto de conexo + lex fori)

    Elemento de Verificao do direito material aplicvel:

    Pode ser o direito brasileiro ou direito estrangeiro. Se for o estrangeiro, duasquestes:

    Reenvio e prova do teor e da vigncia.

    Reenvio

    LINDB. Art. 16.

    Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a leiestrangeira, ter-se- em vista a disposio desta, sem considerar-se qualquer remissopor ela feita a outra lei.

    Teoria Da Referncia Material

    Quando, nos considerar-se qualquer material]

    Prova do teor e da vigncia

    LINDB. Art. 14. No conhecendo a estrangeira, poder o juiz exigir de quem a invoca

    prova do texto e davigncia.CPC. Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro,consuetudinrio, provar-lhe- o teor e vigncia, se assim o determinar o juiz.

    CONVENO INTERAMERICANA SOBRE DE PROVA E INFORMAO ACERCADE DIREITO ESTRANGEIRO

    Conveno Interamericana sobre Prova e Informao acerca do Direito Estrangeiro(Decreto n 1.925/1996).

    Art. 3. [...] meios idneos [...], entre outros, os seguintes:

    a) prova documental, consistente em cpias autenticadas de textos legais comindicao de sua vigncia ou precedentes judiciais;

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    b) a prova pericial em pareceres de advogados ou de tcnicos na matria;affidavits1 documento em que o advogado ou jurista confirma o teor e avigncia do direito estrangeiro, para fins de comprovao dentro do processo.

    c) as informaes do Estado requerido sobre o texto, vigncia, sentido alcance legaldo seu direito acerca de aspectos determinados.

    possvel a Cooperao pela via diplomtica ou pela Cooperao interjurisdicional a cooperao entre poderes judicirios de vrios pases. possvel, hoje emdia, que um Estado-juiz requeira diretamente a um Estado-juiz de outro pasinformaes sobre o teor e a vigncia do direito estrangeiro.

    Direito estrangeiro. Prova. Sendo caso de aplicao de direito estrangeiro,consoante normas do Direito Internacional Privado, caber ao Juiz faz-lo,ainda de ofcio. No se poder, entretanto, carregar parte o nus detrazer a prova de seu teor e vigncia, salvo quando por ela invocado. No

    sendo vivel produzir-se essa prova como no pode o litgio ficarsem soluo, o Juiz aplicar o direito nacional (REsp 254544/MG, Rel.Ministro EDUARDO RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em18.05.2000, DJ 14.08.2000, p. 170)

    6 Etapa: Verificao das excees aplicao do direito estrangeiro1

    O termo affidavit comumente encontrado em textos jurdicos doCommon Law. Trata-se do pretrito

    perfeito do verbo latino medievalaffidare, na 3a. pessoa do singular, e s ignifica "deu f a", "conferiu f a", "ele

    fez um voto (promessa)" ou "ele jurou".

    Assim, oaffidavitnada mais que uma declarao voluntria feita sob juramento e por escrito acerca de um

    determinado fato, na presena de uma pessoa legalmente autorizada para receber tal declarao (em geral,um notrio). O declarante denominadoaffiant(pronuncia-se "affiant"), e deve apor sua assinatura perante

    a pessoa autorizada, a fim de que esta possa certificar a autenticidade da mesma. A autoridade legalmente

    habilitada para receber a declarao tambm deve firm-la, para atestar que foi feita em sua presena, sendo

    comum a afixao de um selo ou carimbo oficial aosaffidavits.

    No processo judicial estadunidense, osaffidavits so utilizados para que uma pessoa (em geral, uma

    testemunha) possa dar sua declarao sobre fatos sem ser interrogada pela outra parte (ou seja, o declarante

    no estar submetido cross-examination - interrogatrio direto). Neste ponto, difere dadeposition, pois, ainda

    que ambas as declaraes sejam colhidas fora do juzo, nadeposition (espcie de depoimento) o declarante

    ser submetido a interrogatrio.

    Em geral, so utilizados no processo para evitar que as testemunhas tenham de comparecer a juzo, por

    motivos to diversos como a testemunha residir distante da sede do juzo, testemunha acometida de grave

    doena ou mesmo risco de vida para a testemunha. Contudo, a assinatura de umaffidavitno garantia de

    que a testemunha no ser chamada a juzo para depor. Se ficar provado que a testemunha mentiu em sua

    declarao, poder ser acusada deperjury(perjrio - falso testemunho).

    Contudo, osaffidavits no so apenas instrumentos utilizados no processo, mas em todo e qualquer ramo do

    direito em que seja necessrio fazer uma declarao sob juramento acerca de um fato. Por exemplo, pode-se

    citar o poverty affidavit(atestado de pobreza), em que a pessoa declara ser pobre a fim de obter benefcios

    decorrentes de sua situao, tais como auxlios pblicos ou iseno de pagamento de custas processuais.

    Um esclarecimento quanto pronncia da palavra: embora para ns, brasileiros, seja mais fcil pronunciar a

    palavra com maior proximidade forma que os latinos usariam (affidavit, exatamente como se l), os falantes

    de lngua inglesa tm um modo peculiar de pronunciar expresses latinas, adaptando sempre a pronncia ao

    ingls. Assim, para que voc seja entendido em um contexto doCommon Law, nunca pronuncie a

    palavraaffidavitcomo em portugus, mas sim como "affidivit".

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    Questiona-se: e se o direito material estrangeiro indicado for diferente do direitobrasileiro? Ou, e se o direito material estrangeiro indicado ofender valores/princpiosdo direito brasileiro? Eis o problema dos limites aplicao do direito estrangeiro.

    Ex. possvel que uma norma do pas X diga que o individuo com 15 anos sejacapaz, ou que a maioridade s se atinge aos 25. Isso por si s no umimpedimento. o mero fato de o direito estrangeiro ser diferente no suficiente paraimpedir sua aplicao no Brasil.

    Porm, se ofender valores e princpios do direito brasileiro, se ofender as garantiasconstitucionais da igualdade e da no discriminao etc., no dever ser aplicado odireito internacional.

    Ex. sucesso de estrangeiro no Brasil. Estrangeiro deixou patrimnio no Brasil. Eletinha domiclio na Frana. Vem a falecer nesse pas X e deixa herdeiros. Trata-seem princpio de uma relao civil internacional. Digamos que ele tenha deixado um

    herdeiro francs e um italiano. Ok. O inventrio aberto no Brasil (art. 89, II doCPC). Classificao jurdica: direito das sucesses. Ok. Que normas de DIPr seroaplicadas conforme a LINDB: art. 10 sucesso regulada pela lei do domiclio dode cujus Frana. Aps, verifica-se o teor e a vigncia da lei francesa que trata desucesso. Nessa lei, digamos que as mulheres esto excludas da sucesso,restringindo-se a condio de herdeiros apenas os homens que tenham sido fruto decasamento oficial, sendo somente o primognito. Esta lei, para o Brasil, ofendefrontalmente os valores da Constituio. Mas possvel aplic-lo? No.

    Para tanto, existem 3 mecanismos de DIPr - formas de proteo do ordenamento

    jurdico local: Ordem pblica

    Normas de aplicao imediata

    Fraude lei

    LINDB. Art. 17.

    Art. 17. As leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes devontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordempblica e osbons costumes.

    Observe que uma questo de eficcia da norma estrangeira no Brasil e no devalidade.

    Ordem pblica para fins de ineficcia da norma estrangeira:

    A ordem pblica, em DIPr, representa o esprito e o pensamento de umpovo, a filosofia scio-jurdico-moral de uma nao (DOLINGER, Jacob.A evoluo da ordem pblica DIPr. RJ: Luna, 1997)

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    A essncia da ordem pblica so os valores mais essenciais e intocveis que aConstituio nos traz.

    Observao: SEC (sentena estrangeira contestada) n 802, STJ:

    Seriam leis de ordem pblica: as constitucionais, as administrativas, asprocessuais, as penais, as de organizao judiciria, as fiscais, as depolcia, as que protegem os incapazes, que tratam da organizao dafamlia, as que estabelecem condies formalidades para certos atos, asde organizao econmica.

    Caractersticas da ordem pblica em DIPr:

    Excepcionalidade: aplicao da ordem pblica deve ser extraordinria nopode ser algo corriqueiro. Afastar a aplicao do direito estrangeiro deve serevitado sempre que possvel.

    Relatividade: Os valores protegidos quando se afasta a lei estrangeiro so os

    do foro. H valores relativos na ordem pblica brasileira, se comparados coma ordem pblica de outros pases. H, portanto, uma diferena de proteodo mesmo valor de ordenamento para ordenamento.

    Instabilidade/Mutabilidade: ex. durante dcadas se entendia que o valor docasamento era to importante, que o direito estrangeiro que permitia odivrcio ofenderia nossa ordem pblica. Hoje isso seria diametralmenteoposto. O conceito de ordem pblica se altera conforme a evoluo/regressoda sociedade.

    Contemporaneidade: verificar sempre o atual conceito da ordem pblica. Ex. odivrcio feito no exterior em 1960 que se pretende homologar no Brasil noencontra empecilho para tanto, pois deve se considerar a ordem atual,

    contempornea.

    Dvida de jogo:

    CARTA ROGATRIA CITAO. AO DE COBRANA DE DVIDA DE JOGOCONTRADA NO EXTERIOR. EXEQUATUR. POSSIBILIDADE. - No ofende a soberaniado Brasil ou a ordem pblica conceder exequatur para citar algum a se defender contracobrana de dvida de jogo contrada exigida em Estado estrangeiro, onde tais pretensesso lcitas. (AgRg na CR 3.198/US, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS,CORTEESPECIAL, julgado em 30/06/2008, - DJe11/09/2008)

    Normas de aplicao imediata (imperativa/ de polcia): Foram construdas nasultimas dcadas a partir da ordem pblica. Alguns ordenamentos jurdicos, dentreeles o Brasil, passaram a entender que algumas normas de ordem pblica so torelevantes para o ordenamento nacional, que devem ser aplicadas de formaimperativa, imediata, impositiva. Basicamente, o que acabou circundando a doutrinaque defende essas normas so as atinentes ao direito do consumidor e da

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    concorrncia. Se entendeu que tais normas tem tamanha repercusso na ordempblica nacional, que possuem aplicao imperativa.

    Assim, nas ltimas dcadas, algumas normas de ordem pblica ganharam outra

    dimenso: as normas de aplicao imediata.1. Constatao da existncia de uma relao civil internacional

    2. Competncia internacional CPC, artigos 88 e 89)

    3. Aplicao da norma material (ao invs de aplicar o passo-a-passo do DIPr,aplicaria de plano a norma imperativa)

    H, ainda, a fraude lei em alterao artificial do substrato ftico do elemento deconexo (o que liga o caso identificao da lei aplicvel ex. para regular acapacidade, aplica-se a lei do domiclio. O indivduo tem domiclio no Brasil. J a leimexicana lhe favorvel. A fraude a lei seria alterar o substrato ftico da conexo.Assim, o fraudador simula, finge que possui domiclio no Mxico).

    Elemento objetivo [manobra jurdica que evita o direito material] Elemento subjetivo[inteno de fraudar] DIPr:

    AULA 3

    Aplicao direta do DIPr: ocorre quando a autoridade brasileira conhece dalegislao estrangeira e o aplica na lide originria do Brasil.

    Aplicao indireta: ocorre quando a autoridade brasileira cuida de dar efetividade deciso estrangeira. Faz-se necessrio para evitar duplicidade de julgamentos.

    Competncia constitucional conferida aos nossos tribunais para dar efetivamente aaplicao indireta do DIPr. Vide art. 105, I i da CF:

    Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justia:

    I - processar e julgar, originariamente:

    (...)

    i) a homologao de sentenas estrangeiras e a concesso de exequatur s cartasrogatrias; (Includapela Emenda Constitucional n 45, de 2004)

    Desde a EC 45/2004 cabe ao STJ homologar as sentenas estrangeiras, a fim deque produzam efeitos no ordenamento jurdico brasileiro. At 2004 a competncia

    era do STF.

    Ainda, tem-se o art. 109, X da CF:

    Art. 109. Aos juzes federais compete processar e julgar:

    (...)

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    X - os crimes de ingresso ou permanncia irregular de estrangeiro, a execuo de cartarogatria, aps o "exequatur", e de sentena estrangeira, aps a homologao, as causasreferentes nacionalidade, inclusive a respectiva opo, e naturalizao;

    Ex. carta rogatria para inquirio de testemunha. H a jurisdio estrangeira e ajurisdio brasileira. Processo tramita no pas X. E a testemunha est no Brasil. Ajurisdio do pais estrangeira limitada territorialmente e no pode produzir efeitosem nosso territrio. Ele depende da cooperao com o Judicirio Brasileiro e omecanismo para isso a carta rogatria. Quem conceder o exequatur da cartarogatria ser o STJ. Mas quem efetivamente ir ouvir a testemunha aps oexequatur do STJ, sero os juzes federais.

    Na mesma linha, cabem aos juzes federais executar a sentena estrangeirahomologada.

    CARTA ROGATRIA:A ideia da carta rogatria gira em torno do seguinte: nos dias de hoje, cada estadovai estabelecer regras sobre sua competncia. Ok. H casos de direito civil queganham repercusso internacional, em tese pelo frum shopping, estes casospoderiam ser julgados tanto pelo pas A quanto pelo pas B. o que ocorre anecessidade de prtica de atos processuais em outra jurisdio.

    Ex. processo ajuizado no pas A depende de uma penhora a se ocorrer no pas B,pois l que o executado possui patrimnio.

    Ex2. O ru B reside no pas B, mas o processo ajuizado no pas A. para realizar oato citatrio, tambm preciso da cooperao do Judicirio estrangeiro.

    Logo, a carta rogatria um instrumento de cooperao jurisdicional (entrediferentes jurisdies).

    Uma delas a jurisdio do estado que requer a prtica de determinado ato,chamado de estado/juzo rogante. O Juzo rogante o que roga, pede, suplica acooperao. Sempre lembrar dessa ideia. Carta rogatria por h um pedido, umasplica, para que o estado estrangeiro providencie um ato.

    O juzo requerido o juzo estrangeiro, que ganha o nome de juzo/estado rogado.

    Dependendo do estado em que o juzo brasileiro estiver, a carta rogatria serchamada de ativa ou de passiva. Sempre depende, portanto, de nossa perspectiva.

    Assim:

    Perante a perspectiva da jurisdio brasileira, a carta rogatria ativa ocorrer quandoo juzo rogante for o brasileiro. Quando o juzo perante o qual o processo tramitaoriginariamente for o brasileiro, a carta rogatria emita ser ativa.

    Mas, p.ex. perante a jurisdio francesa (juzo rogante francs), a carta rogatria ativa. Mas se fosse a perspectiva brasileira, e o juzo rogante fosse francs, a cartarogatria seria passiva.

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    Ou seja: a carta rogatria ser passiva na perspectiva brasileira, se o juzo brasileirofor o juzo rogado.

    CUIDADO: carta rogatria sempre circula entre duas jurisdies.

    Ex. juzo rogante o italiano, e o juzo rogado o brasileiro. Se ativa ou passiva,depender da perspectiva. Para o juiz italiano, a carta rogatria ativa, e para o juizbrasileiro essa carta rogatria passiva, pois ele o juzo rogado.

    Quanto ao contedo, a carta rogatria obedecer s normas do Juzo rogante.Assim, a CR obedecer as normas do juzo rogante quanto ao contedo. Porm,quanto execuo, a carta rogatria obedecer s normas do Juzo rogado.

    Isso tudo induz ao seguinte: ex. o contedo da carta rogatria emanada pelo juizbrasileiro tero contedo conforme o direito brasileiro. Mas o juiz rogado(estrangeiro) executar a carta rogatria conforme suas regras de execuo.

    Vide Resoluo n. 9/2005 do STJ, que trata do processamento das cartasrogatrias no Brasil:

    Regra geral: o juiz brasileiro no vai p.ex. requerer diretamente ao juiz alemo. H afigura das autoridades centrais. Ele no vai, portanto, encaminhar diretamente aojuzo rogado. At mesmo porque o juiz rogante no vai saber se o juiz da vara deBerlim ou Bohn quem tem competncia para praticar aquele ato especfico.

    Assim, o juiz brasileiro encaminhava a carta rogatria a autoridade diplomticabrasileira, que fazia essa intermediao junto a autoridade diplomtica do juzorogado, e por fim, chega-se ao juzo rogado dentro da organizao naquele pas.Isso gerava extravios de carta, demoras etc.

    Para suprir essa deficincia, criou-se o que se denomina de autoridades centrais,designadas para monopolizar os pedidos de cooperao judiciria entre pases. Issofacilita porque a autoridade central brasileira sabe para quem entregar a rogatria nojuzo italiano, p.ex. (sabe quem ser a autoridade central italiana) que por seu turnotem seus mecanismos para agilizar o encaminhamento e processamento desta cartarogatria. Como as regras de execuo da carta rogatria so do juzo rogado, aautoridade central brasileira tem grupos que so especializados em encaminharcartas rogatrias para a Frana, Itlia etc.

    As principais autoridades centrais no Brasil (existe mais de uma autoridade centralaqui, especificas para alguns tratados e convenes internacionais) so:

    - DRCI: Departamento de Recuperao de Ativos e Cooperao JurdicaInternacional; a principal autoridade central, que atua no campo geral decooperao jurdica no Brasil.

    Alm disso, estabeleceu-se outras duas autoridades centrais, especficas paraalgumas convenes internacionais (Haia sobre Sequestro de Menores, Haia sobreadoo internacional; e Nova Iorque sobre alimentos):

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    - Secretaria de Direitos Humanos (rgo da Presidncia da Repblica) para asConvenes de Haia sobre Sequestro Internacional de Menores (1980) e sobreAdoo Internacional (1993)

    - Procuradoria-Geral da Repblica, para a Conveno de Nova Iorque sobrePrestao de Alimentos (1956)

    Regras do CPC sobre carta rogatria ativa (art. 202 CPC):

    Art. 202. So requisitos essenciais da carta de ordem, da carta precatria e da cartarogatria:

    I - a indicao dos juzes de origem e de cumprimento do ato;

    II - o inteiro teor da petio, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferidoao advogado;

    III - a meno do ato processual, que Ihe constitui o objeto;

    IV - o encerramento com a assinatura do juiz.

    Inciso I: Pensando na perspectiva da carta rogatria ativa: no h como precisarquem ser o juzo rogado. A exigncia de contedo que seja bem determinado odestino da carta rogatria (ex. ir para o endereo tal, na Itlia, para ouvir atestemunha Giuseppe).

    Vide ainda o art. 210 do CPC:

    Art. 210. A carta rogatria obedecer, quanto sua admissibilidade e modo de seucumprimento, ao disposto na conveno internacional; falta desta, ser remetida

    autoridade judiciria estrangeira, por via diplomtica, depois de traduzida para a lngua dopas em que h de praticar-se o ato.

    Assim, se houver um tratado e uma autoridade central, vai por esse caminho. Se nohouver conveno internacional, ter que ir pela via diplomtica antes, traduzidapara a lngua do pas em que se praticar o ato.

    Carta rogatria passiva (em que o juzo rogado o juiz brasileiro) Resoluo n.9/2005 STJ:

    Art. 1 Ficam criadas as classes processuais de Homologao de Sentena Estrangeirae de Cartas Rogatrias no rol dos feitos submetidos ao Superior Tribunal de Justia,

    as quais observaro o disposto nesta Resoluo, em carter excepcional, at que oPlenrio da Corte aprove disposies regimentais prprias.Pargrafo nico. Fica sobrestado o pagamento de custas dos processos tratados nestaResoluo que entrarem neste Tribunal aps a publicao da mencionada EmendaConstitucional, at a deliberao referida no caput deste artigo.Art. 2 atribuio do Presidente homologar sentenas estrangeiras e concederexequatur a cartas rogatrias, ressalvado o disposto no artigo 9 desta Resoluo.Art. 3 A homologao de sentena estrangeira ser requerida pela parte interessada,devendo a petio inicial conter as indicaes constantes da lei processual, e ser

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    instruda com a certido ou cpia autntica do texto integral da sentena estrangeira ecom outros documentos indispensveis, devidamente traduzidos e autenticados.Art. 4 A sentena estrangeira no ter eficcia no Brasil sem a prvia homologaopelo Superior Tribunal de Justia ou por seu Presidente.1 Sero homologados os provimentos no-judiciais que, pela lei brasileira, teriam

    natureza de sentena.2 As decises estrangeiras podem ser homologadas parcialmente.3 Admite-se tutela de urgncia nos procedimentos de homologao de sentenasestrangeiras.Art. 5 Constituem requisitos indispensveis homologao desentena estrangeira:I - haver sido proferida por autoridade competente;II - terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia;III - ter transitado em julgado; eIV - estar autenticada pelo cnsul brasileiro e acompanhada de traduo por tradutoroficial ou juramentado no Brasil.Art. 6 No ser homologada sentena estrangeira ou concedido exequatur a cartarogatria que ofendam a soberania ou a ordem pblica.Art. 7 As cartas rogatrias podem ter por objeto atos decisrios ou no decisrios.Pargrafo nico. Os pedidos de cooperao jurdica internacional que tiverem por

    objeto atos que no ensejem juzo de delibao pelo Superior Tribunal de Justia,ainda que denominados como carta rogatria, sero encaminhados ou devolvidos aoMinistrio da Justia para as providncias necessrias ao cumprimento por auxliodireto.Art. 8 A parte interessada ser citada para, no prazo de 15 (quinze) dias, contestar opedido de homologao de sentena estrangeira ou intimada para impugnar a cartarogatria.Pargrafo nico. A medida solicitada por carta rogatria poder ser realizada sem ouvira parte interessada quando sua intimao prvia puder resultar na ineficcia dacooperao internacional.Art. 9 Na homologao de sentena estrangeira e na carta rogatria, a defesasomente poder versar sobre autenticidade dos documentos, inteligncia da deciso eobservncia dos requisitos desta Resoluo. 1 Havendo contestao homologao de sentena estrangeira, o processo ser

    distribudo para julgamento pela Corte Especial, cabendo ao Relator os demais atosrelativos ao andamento e instruo do processo. 2 Havendo impugnao s cartas rogatrias decisrias, o processo poder, pordeterminao do Presidente, ser distribudo para julgamento pela Corte Especial. 3 Revel ou incapaz o requerido, dar-se-lhe- curador especial que serpessoalmente notificado.Art. 10 O Ministrio Pblico ter vista dos autos nas cartas rogatrias e homologaesde sentenas estrangeiras, pelo prazo de dez dias, podendo impugn-las.Art. 11 Das decises do Presidente na homologao de sentena estrangeira e nascartas rogatrias cabe agravo regimental.Art. 12 A sentena estrangeira homologada ser executada por carta de sentena, noJuzo Federal competente.Art. 13 A carta rogatria, depois de concedido o exequatur, ser remetida paracumprimento pelo Juzo Federal competente.

    1 No cumprimento da carta rogatria pelo Juzo Federal competente cabemembargos relativos a quaisquer atos que lhe sejam referentes, opostos no prazo de 10(dez) dias, por qualquer interessado ou pelo Ministrio Pblico, julgando-os oPresidente.2 Da deciso que julgar os embargos, cabe agravo regimental.3 Quando cabvel, o Presidente ou o Relator do Agravo Regimental poder ordenardiretamente o atendimento medida solicitada.Art. 14 Cumprida a carta rogatria, ser devolvida ao Presidente do STJ, no prazo de10 (dez) dias, e por este remetida, em igual prazo, por meio do Ministrio da Justia oudo Ministrio das Relaes Exteriores, autoridade judiciria de origem.

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    Art. 15 Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao, revogados aResoluo n 22, de 31/12/2004 e o Ato n 15, de 16/02/2005.

    Anote-se que compete ao STJ conceder o exequatur das cartas rogatrias. Uma vez

    concedido, quem cumprir efetivamente ser a Justia Federal (1 instncia). opresidente do STJ a quem compete conceder o exequatur das cartas rogatrias ehomologar a sentena estrangeira. Vide art. 2 da Resoluo n. 9/2005:

    Art. 2 atribuio do Presidente homologar sentenas estrangeiras e concederexequatur a cartas rogatrias, ressalvado o disposto no artigo 9 desta Resoluo.

    Uma vez distribuda a carta rogatria, a parte interessada ser citada para, em 15dias, contestar o pedido de homologao da sentena estrangeira ou intimada paraimpugnar a carta rogatria:

    Art. 8 A parte interessada ser citada para, no prazo de 15 (quinze) dias, contestar opedido de homologao de sentena estrangeira ou intimada para impugnar a carta

    rogatria.Pargrafo nico. A medida solicitada por carta rogatria poder ser realizada sem ouvira parte interessada quando sua intimao prvia puder resultar na ineficcia dacooperao internacional.

    A intimao para impugnar a carta rogatria no tem natureza jurdica de ao.No uma lide. simplesmente o cumprimento de um ato processual. A parteinteressada que pode eventualmente ser at prejudicada pela prtica do ato, terprazo para impugnar. Mas no vai ser citada, porque no uma lide, no umaao judicial autnoma. um procedimento de cumprimento de ato processual.

    Mas, o nico do art. 8 permite a dispensa da ouvida da parte interessada, quando

    a sua intimao prvia puder acarretar ineficcia da cooperao internacional.Permite, portanto, que a medida seja realizada inaudita altera parte. Ex. pedido porcarta rogatria de bloqueio nas contas bancrias do sujeito. Se intim-lo antes, amedida ser ineficaz, pois permitir que o mesmo saque valores de suas contasantes do bloqueio.

    Vide ainda o art. 9 2:

    Art. 9 (...)

    2 Havendo impugnao s cartas rogatrias decisrias, o processo poder, pordeterminao do Presidente, ser distribudo para julgamento pela Corte Especial.

    Com efeito, se houver impugnao carta rogatria, o processo poder serdistribudo pelo Presidente para julgamento na Corte Especial. Se no houverimpugnao, quem julgar monocraticamente a concesso do exequatur ser oPresidente do STJ. Anote-se que uma faculdade do Presidente decidirmonocraticamente ou de submet-la Corte Especial (at mesmo para configuraoeventual leading case).

    MP tem 10 dias para impugnar a carta rogatria (art. 10). Essa atribuio ao MP sed por sua atuao como custos legis (art. 17 da LINDB:Art. 17. As leis, atos e sentenas

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    de outro pas, bem como quaisquer declaraes de vontade, no tero eficcia no Brasil, quando

    ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes.)

    Recurso cabvel contra a deciso monocrtica: Agravo Regimental (art. 11).

    Depois de concedido o exequatur, a carta rogatria ser remetida ao Juzo Federalcorrespondente: art. 109, X da CF c/c art. 13 da Resoluo n. 9/2005 STJ:

    Art. 13 A carta rogatria, depois de concedido o exequatur, ser remetida paracumprimento pelo Juzo Federal competente.

    Vide ainda art. 13 :

    1 No cumprimento da carta rogatria pelo Juzo Federal competente cabemembargos relativos a quaisquer atos que lhe sejam referentes, opostos no prazo de 10(dez) dias, por qualquer interessado ou pelo Ministrio Pblico, julgando-os oPresidente.2 Da deciso que julgar os embargos, cabe agravo regimental.

    3 Quando cabvel, o Presidente ou o Relator do Agravo Regimental poder ordenardiretamente o atendimento medida solicitada.

    No momento do cumprimento da carta rogatria, possvel que a parte venha sesentir prejudicada (ex. o juzo est atuando fora dos limites da carta rogatria).Assim, observe que na altura do art. 13 j se concedeu o exequatur. E a partir deento, o que se pretende garantir os direitos do eventual prejudicado. Assim,permite-se a interposio de embargos, no prazo de 10 dias, oponveis pelointeressado ou pelo MP, sendo os mesmos julgados pelo Presidente do STJ, queavaliar se os atos de cumprimento da rogatria esto adequados ao que foideterminado pelo STJ quando da concesso do exequatur. Dessa deciso cabe

    agravo regimental. E sempre que cabvel o cumprimento direto da carta rogatria, orelator do Agravo Regimental ou o prprio presidente do STJ podero determinar oatendimento medida solicitada.

    Por fim, cumprida a carta rogatria, o Juiz Federal devolve ao Presidente do STJ noprazo de 10 dias, que devolve pela autoridade central brasileiro (ou pelas viasdiplomticas) a rogatria cumprida.

    Art. 14 Cumprida a carta rogatria, ser devolvida ao Presidente do STJ, no prazo de10 (dez) dias, e por este remetida, em igual prazo, por meio do Ministrio da Justia oudo Ministrio das Relaes Exteriores, autoridade judiciria de origem.

    Uma carta rogatria comum no Brasil a de citao do individuo para se defenderem ao de cobrana de dvida de jogo. Ex. brasileiro joga no cassino em LasVegas, perde dinheiro e volta para o Brasil com esse dbito. O Cassino ajuza aode cobrana em Las Vegas e o juiz americano depender da cooperao da justiabrasileira. Surge a dvida: a carta rogatria de citao de individuo ofende a ordempblica brasileira? Quem analisa o STJ. E no AgRg na CR 3.198/US, se entendeuno ofender a soberania brasileira nem a ordem pblica conceder exequatur carta rogatria para citao de individuo cobrado por dvida de jogo.

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    CARTA ROGATRIA - CITAO - AO DE COBRANA DE DVIDA DE JOGOCONTRADA NO EXTERIOR - EXEQUATUR POSSIBILIDADE. - No ofende asoberania do Brasil ou a ordem pblica conceder exequatur para citar algum a sedefender contra cobrana de dvida de jogo contrada e exigida em Estado estrangeiro,

    onde tais pretenses so lcitas. (AgRg na CR 3.198/US, Rel. Ministro HUMBERTOGOMES DE BARROS, CORTE ESPECIAL, julgado em 30/06/2008, DJe 11/09/2008)

    Ainda, veja que o limite a ordem pblica, e houve a concesso de exequatur parainquirio de testemunha:

    AGRAVO REGIMENTAL. CARTA ROGATRIA. EXEQUATUR CONCEDIDO.IMPUGNAO REJEITADA. QUESTES DE MRITO. APRECIAO PELA JUSTIAROGANTE. Observados os critrios objetivos e no atentando o pedido contra a ordempblica e a soberania nacional, concede-se o exequatur para inquirio de testemunha emprocesso criminal de competncia da justia estrangeira. Questes de mrito nocomportam apreciao em sede de carta rogatria, ficando o exame a cargo da justia

    rogante. Agravo regimental no provido. (AgRg na CR .733/IT, Rel. Ministro CESARASFOR ROCHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/12/2005, DJ 10/04/2006, p. 106)

    Vide na parte final, que o STJ define bem que questes de mrito no soanalisadas no bojo da carta rogatria. se tem razo ou no o resto do processo, nointeressa. Apenas interessa o ato em especfico.

    Por fim, veja que no ofende a ordem jurdica nacional a concesso de exequatur carta rogatria oriunda de autoridade diplomtica/administrativa e no de autoridadecentral desde que no ofendesse a ordem pblica nacional:

    AGRAVO REGIMENTAL NA CARTA ROGATRIA. EXEQUATUR. PEDIDO

    TRANSMITIDO POR MINISTRIO PBLICO ESTRANGEIRO. LEGITIMIDADE.IDENTIFICAO DE USURIO DE COMPUTADOR. INEXISTNCIA DE SIGILO DEDADOS. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. I - No ofende a ordem jurdicanacional a concesso de exequatur s cartas rogatrias originadas de autoridadeestrangeira competente de acordo com a legislao local, mesmo que no integrada aoJudicirio, se transmitidas via diplomtica ou pelas autoridades centrais e em respeito aostratados de cooperao jurdica internacionais. (Precedente do STF) II - A simplesidentificao de usurio do computador atravs do qual foi praticado crime no afronta osigilo constitucional de dados (art. 5, inc. XII, da CF). (Precedentes) Agravo regimentaldesprovido. (AgRg na CR 5.694/EX, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL,julgado em 17/04/2013, DJe 02/05/2013)

    Por fim, imagine a situao: chega autoridade central brasileira uma carta rogatriado estrangeiro. Mas embora tenha como nome carta rogatria, se trata de umpedido de transcrio do Cdigo Civil Brasileiro. Para elaborar a cpia do CCB no necessrio que o STJ analise se h ou no ofensa a ordem jurdica nacional. Assim,percebeu-se que alguns atos de cooperao internacional no dependem de anlisedo STJ. Criou-se, assim, na resoluo n. 9/2005 STJ a figura do auxlio direto,conforme art. 7:

    Art. 7 As cartas rogatrias podem ter por objeto atos decisrios ou no decisrios.

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    Pargrafo nico. Os pedidos de cooperao jurdica internacional quetiverem por objeto atos que no ensejem juzo de delibao peloSuperior Tribunal de Justia, ainda que denominados como cartarogatria, sero encaminhados ou devolvidos ao Ministrio da

    Justia para as providncias necessrias ao cumprimento porauxlio direto.

    HOMOLOGAO DE SENTENA ESTRANGEIRA

    S produz efeitos se homologada pela autoridade brasileira competente, qual seja, oSTJ.

    Ex. processo ajuizado nos EUA, l tramita. Alguns dias depois, ajuizada aoidntica no Brasil, que sobre ela no se opera litispendncia (art. 90 CPC). Ao nosEUA transita em julgado. O trnsito em julgado dessa ao no exterior ainda assimno surte efeitos sobre o territrio nacional, no atrapalhando o andamento do

    processo no Brasil.

    No momento da homologao tem-se a transposio da sentena estrangeira noordenamento brasileiro, gerando coisa julgada material e a extino do processobrasileiro pelo art. 267, V do CPC.

    Sero homologados os procedimentos judiciais que teriam natureza de sentena noBrasil. Portanto, em que pese o nome ser de sentena o ato estrangeiro no seruma sentena. Pode ser um ato praticado por uma autoridade administrativa, p.ex.Ser possvel homologar esse ato que, mesmo administrativo, deveria ter sidoproduzido por um juiz em leis brasileiras. Ex. uma deciso do tribunal administrativofrancs que pela lei brasileira teria natureza jurdica de sentena judicial.

    CUIDADO: HOMOLOGAO DE CASAMENTO? Casamento no ato denatureza jurisdicional. No se necessita de sentena de juiz brasileiro para se casar.Ento, o ato estrangeiro de casamento no passvel de homologao, porque aquia natureza dele no jurisdicional.

    Divrcios administrativos japoneses, por terem natureza jurisdicional no Brasil, foramadmitidos como objeto de homologao:

    HOMOLOGAO. DIVRCIO. JAPO. Trata-se da homologao de sentena dedivrcio em comum acordo proferida na cidade de Okazaki, provncia de Aichi, Japo. ACorte Especial, por maioria, entendeu que possvel homologar pedido de divrcioconsensual realizado no Japo e dirigido autoridade administrativa competente para talmister. No caso, no h sentena, mas certido de deferimento de registro dedivrcio, passvel de homologao deste Superior Tribunal. Precedente citado: AgRgna SE 456 -EX, DJ 5/2/2007. (Superior Tribunal de Justia. SEC 4403 -EX, CorteEspecial, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, julgamento em 01/8/2011)

    Juzo de delibao (ou juzo delibatrio):

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    A homologao da sentena estrangeira no possui amplitude cognitiva. No facultado ao STJ reanalisar todo o mrito da demanda. Ele no revisa quanto aomundo do litgio. Ele simplesmente vai analisar se a sentena estrangeira preenchedeterminados requisitos formais e se ofende ou no a ordem pblica.

    A cognio, portanto, restrita, porque ele no analisa o mrito da demanda. Essetipo de cognio restrita (de jurisdio) chamado no mbito do processo civil noDIPr dejuzo de delibao. o termo tambm usado na concesso de exequatur carta rogatria.

    O juzo de deliberao no permite ao tribunal analisar o mrito da demanda. Maisdo que isso, portanto, um juzo de cognio restrita. Se restringe a aspectosformais da sentena e anlise da ordem pblica brasileira.

    Ex. sentena estrangeira condenando brasileiro em Las Vegas a pagar dvida dejogo a um cassino. Sentena estrangeira transitada em julgado. Cassino traz ao

    Brasil essa sentena para homologao no STJ, e assim permitir a execuo. O STJno pode dizer que a dvida no de 50, mas sim de 35. Ele no adentra no mritoporque ele exerce mero juzo delibatrio. vedado, portanto, a chamada revisionau fond, conforme jurisprudncia do STJ:

    "PROCESSUAL CIVIL. SENTENA ESTRANGEIRA. HOMOLOGAAO. CONTRATOFIRMADO POR MTUO CONSENTIMENTO. EXCLUSAO DE RESPONSABILIDADE.POSSIBILIDADE. REQUISITOS LEGAIS ATENDIDOS. HOMOLOGAAO DEFERIDA.AUSNCIA DE OFENSA ORDEM PBLICA OU SOBERANIA.INTERVENAODE TERCEIRO. ASSISTENTE LITISCONSORCIAL. POSSIBILIDADE. (...) 6. A sentenaestrangeira, cumpridos os requisitos erigidos pelo art. 5 incisos I, II, III e IV da Resoluo09/STJ, revela-se apta homologao perante o STJ, em consonncia com a Lei de

    Introduo ao Cdigo Civil, artigo 15, a saber: Ser executada no Brasil asentena proferida no estrangeiro, que reuna os seguintes requisitos:a) haver sido proferida por juiz competente;b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado revelia;c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessrias para aexecuo no lugar em que , foi proferida;d) estar traduzida por intrprete autorizado;e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.Pargrafo nico. No dependem de homologao as sentenas meramente declaratriasdo estado das pessoas.(...)

    10. O juzo de delibao meramente formal, sem o denominado"Revision au fond", sendo certo que o art. 90 do CPC torna a existnciade ao posterior no territrio nacional indiferente para fins dehomologao. Precedente desta Corte: SEC 611/US, DJ 11/12/2006. 11.Homologao de sentena estrangeira deferida". ( STJ - SEC 646/US, Corte Especial ,Rel. Min. Luiz Fux , DJede 11/12/2008).

    Ainda:

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    HOMOLOGAO DE SENTENA ARBITRAL ESTRANGEIRA. NOTIFICAO DO RU.FORMA. OBSERVNCIA DA LEI DO PAS ESTRANGEIRO. POSSIBILIDADE. ART. 39,PARGRAFO NICO, LEI 9.307/1996. CONTROLE JUDICIAL. COGNIO LIMITADAAOS ASPECTOS DOS ARTS. 15 E 17 DA LINDB, ARTS. 5 E 6 DA RES. N

    09/2005/STJ E ARTS. 38 E 39 DA LEI 9.307/1996. INEXISTNCIA DE OFENSA ORDEM PBLICA, SOBERANIA NACIONAL E/OU AOS BONS COSTUMES. LITGIOSUSCETVEL DE SER RESOLVIDO POR ARBITRAGEM. HOMOLOGAO DEFERIDA.1. Em se tratando de procedimento arbitral estrangeiro, possvel a notificao da parteresidente ou domiciliada no Brasil acerca da designao do rbitro ou do procedimento dearbitragem nos moldes da lei processual do pas onde se realizou a arbitragem (art. 39, p.nico, Lei n 9.037/1996). 2. Hiptese em que a lei estrangeira no exige forma especficapara notificao e h demonstrao do recebimento de comunicao eletrnica pelarequerida. 3. Em linhas gerais, o STJ exerce juzo meramente delibatrionas hipteses de homologao de sentena estrangeira, cabendo-lheapenas verificar se a pretenso atende aos requisitos previstos nosarts. 15 da LINDB e 5 da Resoluo n. 09/2005/STJ e se no fere odisposto nos arts. 17 e 6, respectivamente, de tais atos normativos .Eventuais questionamentos acerca do mrito da deciso aliengena so estranhos aosquadrantes prprios da ao homologatria. 4. Na situao especfica de homologao desentena arbitral estrangeira, a cognio judicial, a despeito de manter-se limitada anlise do preenchimento de requisitos de admissibilidade, inclui a apreciao dasexigncias dos arts. 38 e 39 da Lei n 9.037/1996. 5. Sentena arbitral estrangeirahomologada. (STJ - SEC: 4024 EX 2010/0073632-7, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI,Data de Julgamento: 07/08/2013, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicao: DJe13/09/2013)

    SENTENAS ESTRANGEIRAS CONTESTADAS. CONTRATOS DE COMPRA,CONVERSO,ADAPTAO E SEGURO DA PLATAFORMA DE PETRLEO P-36.TRAMITAO DEPROCESSO NO BRASIL. ATO HOMOLOGATRIO. AUSNCIA DEBICE.HOMOLOGAO REQUERIDA PELOS RUS NO PROCESSO ORIGINAL.CITAOVLIDA. COMPROVAO DISPENSADA. PRINCPIO SOLVE ET REPETE.NATUREZADE ORDEM PBLICA. AUSNCIA. APRECIAO DO MRITO.IMPOSSIBILIDADE.HOMOLOGAO. DEFERIMENTO. I - O ajuizamento de aoperante a Justia Brasileira, aps o trnsito em julgado das rr. sentenas proferidas pelaJustia estrangeira, no constitui bice homologao pretendida.Precedentes desta e.Corte e do e. STF: SEC 646/US, Corte Especial,Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 11/12/2008; eSEC 7209, Tribunal Pleno,Rel. Min. Ellen Gracie, Rel. para o acrdo Min. Maro Aurlio,

    DJ de 29/9/2006. II - "O Art. 88 do CPC, mitigando o princpio da aderncia, cuidadashipteses de jurisdio concorrente (cumulativa), sendo que a jurisdio do PoderJudicirio Brasileiro no exclui a de outro Estado" (REsp 1.168.547/RJ, Quarta Turma,Rel. Min. Luis Felipe Salomo, DJe de 7/2/2011). III - In casu, as partes optaramlivremente em propor as demandas perante a Justia Britnica, diante da eleio do foroingls noscontratos firmados. IV - Dispensa-se a comprovao da citao vlida quando o prprio ru no processo original que requer a homologao da sentena estrangeira.Ademais, ambas as partes se manifestaram no processo, por meio de advogado, e foram

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    ouvidas em juzo. Nesse sentido: SEC2259/CA, Corte Especial, Rel. Min. Jos Delgado,DJe de 30/06/2008,e SEC 3535/IT, Corte Especial, Rel. Min. Laurita Vaz, DJede16/2/2011. V - Ausncia de ofensa soberania nacional, ordem pblica ou aos bonscostumes, uma vez que o princpio solve et repete - assim como a regra da exceo do

    contrato no cumprido - no possui natureza de ordem pblica, razo pela qual foge apreciao por esta via.Precedente: SEC 507/GB, Corte Especial, Rel. Min. Gilson Dipp,DJ de13/11/2006. VI - Incabvel a anlise do mrito da sentena que se pretendehomologar, uma vez que o ato homologatrio est adstrito ao exame dos seus requisitosformais. Precedentes: SEC 269/RU, Corte Especial, Rel. Min. Fernando Gonalves, DJede 10/06/2010 e SEC1.043/AR, Corte Especial, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJede25/06/2009.Homologao deferida. (STJ, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data deJulgamento: 06/04/2011, CE -CORTE ESPECIAL)

    Requisitos formais (art. 5 da Resoluo n. 9/2005 STJ):

    Art. 5 Constituem requisitos indispensveis homologao desentena estrangeira:

    I - haver sido proferida por autoridade competente;II - terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia;III - ter transitado em julgado; eIV - estar autenticada pelo cnsul brasileiro e acompanhada de traduo por tradutoroficial ou juramentado no Brasil.

    I - haver sido proferida por autoridade competente;

    O STJ no vai analisar se o processo era de competncia do Juzo de New Jerseyou de Manhattan. No analisa competncia interna. Ele vai analisar se aquelajurisdio (aquele pas) tinha competncia para julgar aquele caso.

    Para tanto, ele vai se valer do art. 89 do CPC para excluir a hiptese de autoridadecompetente:

    Art. 89. Compete autoridade judiciria brasileira, com excluso de qualquer outra:

    I - conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil;

    II - proceder a inventrio e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor daherana seja estrangeiro e tenha residido fora do territrio nacional.

    O art. 88 traz as regras de competncia internacional relativa do juiz brasileiro(admite-se que outro poder judicirio julgue aquela causa); J o art. 89 traz ashipteses de competncia internacional absoluta do juzo brasileiro, no admitindoque outro poder judicirio julgue. Mas por mais que assim se diga, o Brasil no podeproibir que outro estado julgue a causa, afinal os estados so soberanos. O fato,

    pois, que legalmente o STJ s vai admitir a sentena estrangeira das hipteses doart. 88 do CPC:

    Art. 88. competente a autoridade judiciria brasileira quando:

    I - o ru, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;

    II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigao;

    III - a ao se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.

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    Pargrafo nico. Para o fim do disposto no no I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoajurdica estrangeira que aqui tiver agncia, filial ou sucursal.

    Concluso: a identificao da autoridade competente passa pela verificao luz do

    art. 89 do CPC (lembrando que h uma exceo jurisprudencial construda no STJ,que trata do inventrio e partilha de bens situados no Brasil).

    II - terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia;

    O STJ vai verificar se o processo que tramitou no exterior teve citao vlida (ou arevelia vlida), de forma a assegurar princpios fundamentais na nossa Constituio(devido processo legal, ampla defesa e contraditrio).

    III - ter transitado em julgado;

    Sem muita profundidade. STJ que a sentena seja definitiva e imutvel. Aestabilidade da deciso homologvel uma garantia de segurana jurdica paranosso ordenamento, que vai receb-la, portanto, em definitivo.

    IV - estar autenticada pelo cnsul brasileiro;

    Essa autenticao consular equiparada a um tabelionato no exterior. Osconsulados cumprem no Direito Internacional o papel de tabelionatos no exterior. Ocidado pode buscar ao cnsul o auxlio administrativo junto aos seusrepresentantes e outros de seus nacionais no exterior. A sentena estrangeira,portanto, precisa estar autenticada pelo cnsul brasileiro. Ex. sentena proferida emMadrid. Antes de ingressar com o pedido de homologao no STJ, tem que se pegar

    a sentena em espanhol e encaminh-la ao Consulado brasileiro para autenticao(de que, de fato, esta sentena foi proferida pelo Judicirio Espanhol). O Consulpode autenticar porque tem f pblica.

    Nota: a homologao da sentena estrangeira no se requer ao consuladobrasileiro no exterior. Nada a ver. O que se requer a autenticao (a f pblica, deque aquele documento originrio do Judicirio local).

    Alm disso, o cnsul brasileiro no faz juzo de delibao. Apenas d f pblica deque aquele documento oficial.

    O STJ tem flexibilizado o requisito da autenticao consular quando o envio da

    sentena ocorra pela via diplomtica.V - estar acompanhada de traduo por tradutor oficial/juramentado no Brasil.

    A lista de tradutores juramentados se encontra, de regra, nas Juntas Comerciais.

    Pergunta de prova de Juiz Federal: no caso do ministro do STJ conhecerplenamente a lngua alem, seria dispensvel o requisito da traduo juramentada?Evidentemente que no! o processo deve tramitar no vernculo. Evidentemente que

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    quando a sentena j vem em Portugus (ex. sentena proferida em Portugal ouMoambique) evidentemente que no h necessidade de traduo juramentada.

    Exame da ordem pblica (artigo 17, da LINDB)

    No vai ser homologada a sentena estrangeira que ofender a ordem pblicanacional. Novamente, vide art. 17 da LINDB:

    Art. 17. As leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes devontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordempblica e os bons costumes.

    A anlise da ordem pblica no revisar o mrito. colocar um olho no mrito, masna parte dispositiva. verificar se os efeitos a serem produzidos com a sentena noordenamento ofendero ou no a ordem pblica. Pegue-se p.ex. o exemplo dadvida de jogo cobrada nos EUA. Quando da anlise da ordem pblica o STJ no vaianalisar se os fatos ocorreram, se a dvida mais ou menos pois tudo isso est

    sacramentado na sentena estrangeira. O que o STJ vai analisar se dar efeito auma sentena por condenao por dvida de jogo ofende ou no ofende a ordempblica.

    Cases:

    1 caso: SEC n 4738:

    Sentena estrangeira. [...] O sistema de controle limitado que institudo pelo direitobrasileiro em tema de homologao de sentena estrangeira no permite que o SupremoTribunal Federal, atuando como tribunal do foro, no que se refere ao ato sentencial

    formado no exterior, ao exame da matria ou a apreciao de questes pertinentes aomeritum causae, ressalvada, to-somente, para efeito do juzo de delibao que lhecompete, a anlise dos aspectos concernentes soberania nacional, ordem pblica eaos bons costumes. No se discute, no processo de homologao, a relao de direitomaterial subjacente sentena estrangeira homologanda. [...] Precedentes. (SupremoTribunal Federal. SEC n 4738, Tribunal Pleno, Relator Ministro Celso de Mello, DJ07/04/1995)

    Sistema de controle limitado = juzo de delibao. Permite apenas a anlise domeritum causae para efeito de juzo de delibao anlise dos aspectos atinentes asoberania nacional, ordem pbica e aos bons costumes.

    2 caso: SEC n 3532

    HOMOLOGAO DE SENTENA ESTRANGEIRA. INVENTRIO E PARTILHA.RENNCIA DE HERDEIRA. COMPETNCIA EXCLUSIVA DA AUTORIDADE JUDICIALBRASILEIRA. PRECEDENTE. 1. A jurisprudncia desta Corte e do STF autoriza ahomologao de sentena estrangeira que, decretando o divrcio, convalida acordocelebrado pelos ex-cnjuges quanto partilha de bens situados no Brasil, assim como na

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    hiptese em que a deciso aliengena cumpre a vontade ltima manifestada pelo de cujuse transmite bens tambm localizados no territrio nacional pessoa indicada notestamento. [...] (Superior Tribunal de Justia. SEC n 3532/EX, Corte Especial, RelatorMinistro Castro Meira, DJe 01/08/2011).

    Essa ao foi de divrcio consensual promovida no exterior pelas partes. Masexistiam bens deixados pelo casal no Brasil, e que deveriam ser partilhados.Transitou-se em julgado a deciso no exterior, deveria ser homologado no Brasilpara surtir seus efeitos. Trouxeram as partes a sentena do divorcio para a partilha.

    O STJ, em anlise, bateu no primeiro requisito (autoridade competente). E quandoele cotejou com o art. 89, II, verificou que somente autoridade judiciria brasileiracompete a partilha de bens situados no Brasil. Com isso, o STJ entendeupositivamente pela homologao da sentena que decretou o divrcio e promoviaacordo de partilha de bens, assim como a sentena que manifesta vontade ltima dode cujus e transmite bens localizados no Brasil pessoa indicada no testamento.

    Portanto, o STJ entendeu que ela pode ser homologada se foi realizado, como atode ultima manifestao de vontade (inventrio baseado em um testamento em que ode cujus deixava bens situados no Brasil) ou um divrcio com partilha consensual.No faria sentido negar, pois faria com que as partes tivessem que repetir oprocedimento aqui no Brasil, o que no seria razovel.

    3 caso: SEC n 477/US

    SENTENA ESTRANGEIRA CONTESTADA. CITAO EDITALCIA EPOSTAL.HOMOLOGAO INDEFERIDA. 1. Em obsquio dos princpios constitucionais

    do contraditrio, da ampla defesa e do devido processo legal, a citao das pessoasdomiciliadas no Brasil para responder a processo em trmite no exterior deve se dar pormeio do procedimento judicialiforme da carta rogatria, sendo imprestvel, para tanto, acomunicao realizada por meio de edital ou de servio postal. 2. Pedido de homologaode sentena estrangeira indeferido. (Superior Tribunal de Justia. SEC n 477/US, CorteEspecial, Relator Ministro Hamilton Carvalhido, julgado em 12/11/2009, DJe 26/11/2009)

    A citao no feita por carta rogatria, mas sim por edital, p.ex. o processo, secontinua seu trmite e transita em julgado, ao se encaminhar a sentena parahomologao no STJ, o tribunal, que tem entendimento de que as pessoasdomiciliadas no Brasil devem ser citadas por carta rogatria, negar a homologao

    por ausncia de citao vlida no exterior.O comparecimento espontneo do ru no exterior supriria a nulidade da citao, talcomo no processo civil brasileiro.

    3 caso: SEC n 5.104/EX

    SENTENA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVRCIO. HOMOLOGAO.DEFERIMENTO. O trnsito em julgado da sentena homologanda pode ser

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    verificado por meio do carimbo com a inscrio filed, ali constante e devidamentetraduzido, a comprovar que ela se encontra arquivada no Tribunal competente. 2.Comprovada a tentativa de localizao do requerido, foi efetuada a sua citao por edital.Alm disso, no havendo bens a partilhar, nem filhos em comum, cabvel o deferimento do

    pedido. 3. Homologao concedida. (Superior Tribunal de Justia. SEC n 5.104/EX,Corte Especial, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJe 03/06/2011)

    A comprovao do trnsito em julgado da sentena estrangeira complicado. Seriaum carimbo? Uma certido? O STJ flexibilizou bastante a prova do trnsito emjulgado, entendendo que qualquer mecanismo de prova que demonstre que aqueleprocesso/a deciso homologvel no est mais em vias de ser discutida. Noprecedente acima, aceitou-se o carimbo filed (arquivado) na sentenahomologvel.

    ATENO: Vide Lei 9307/97, nos seus art. 39 a 39 (sentena arbitral estrangeira):

    Art. 34. A sentena arbitral estrangeira ser reconhecida ou executada no Brasil deconformidade com os tratados internacionais com eficcia no ordenamento interno e, nasua ausncia, estritamente de acordo com os termos desta Lei.

    Pargrafo nico. Considera-se sentena arbitral estrangeira a que tenha sido proferidafora do territrio nacional.

    Art. 35. Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentena arbitral estrangeira estsujeita, unicamente, homologao do Supremo Tribunal Federal.

    Art. 36. Aplica-se homologao para reconhecimento ou execuo de sentena arbitralestrangeira, no que couber, o disposto nos arts. 483e484 do Cdigo de Processo Civil.

    Art. 37. A homologao de sentena arbitral estrangeira ser requerida pela parteinteressada, devendo a petio inicial conter as indicaes da lei processual, conforme oart. 282 do Cdigo de Processo Civil, e ser instruda, necessariamente, com:

    I - o original da sentena arbitral ou uma cpia devidamente certificada, autenticada peloconsulado brasileiro e acompanhada de traduo oficial;

    II - o original da conveno de arbitragem ou cpia devidamente certificada, acompanhadade traduo oficial.

    Art. 38. Somente poder ser negada a homologao para o reconhecimento ou execuode sentena arbitral estrangeira, quando o ru demonstrar que:

    I - as partes na conveno de arbitragem eram incapazes;

    II - a conveno de arbitragem no era vlida segundo a lei qual as partes asubmeteram, ou, na falta de indicao, em virtude da lei do pas onde a sentena arbitralfoi proferida;

    III - no foi notificado da designao do rbitro ou do procedimento de arbitragem, outenha sido violado o princpio do contraditrio, impossibilitando a ampla defesa;

    IV - a sentena arbitral foi proferida fora dos limites da conveno de arbitragem, e no foipossvel separar a parte excedente daquela submetida arbitragem;

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    V - a instituio da arbitragem no est de acordo com o compromisso arbitral ou clusulacompromissria;

    VI - a sentena arbitral no se tenha, ainda, tornado obrigatria para as partes, tenha sido

    anulada, ou, ainda, tenha sido suspensa por rgo judicial do pas onde a sentenaarbitral for prolatada.

    Art. 39. Tambm serdenegada a homologao para o reconhecimento ou execuo dasentena arbitral estrangeira, se o Supremo Tribunal Federal constatar que:

    I - segundo a lei brasileira, o objeto do litgio no suscetvel de ser resolvido porarbitragem;

    II - a deciso ofende a ordem pblica nacional.

    Pargrafo nico. No ser considerada ofensa ordem pblica nacional a efetivao dacitao da parte residente ou domiciliada no Brasil, nos moldes da conveno dearbitragem ou da lei processual do pas onde se realizou a arbitragem, admitindo-se,inclusive, a citao postal com prova inequvoca de recebimento, desde que assegure parte brasileira tempo hbil para o exerccio do direito de defesa.

    Art. 40. A denegao da homologao para reconhecimento ou execuo de sentenaarbitral estrangeira por vcios formais, no obsta que a parte interessada renove o pedido,uma vez sanados os vcios apresentados.

    Ainda, vide a Conveno de Nova Iorque (1958) promulgado no Brasil em 2002 peloDecreto 4311/2002, sobre o reconhecimento das sentenas arbitrais estrangeiras(texto aprovado pelo Decreto Legislativo n. 52/2002):