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Direito da Infância e Juventude Unidade II Direitos fundamentais da criança e do adolescente NEAD Núcleo de Educação a Distância

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Direito da Infância e Juventude

Unidade II

Direitos fundamentais da criança e do adolescente

NEADNúcleo de Educação a Distância

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Sumário

APRESENTAÇÃO

1 DIREITO À VIDA

2 DIREITO À SAÚDE

3 DIREITO À LIBERDADE

4 DIREITO AO RESPEITO

5 DIREITO À DIGNIDADE

6 DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA

7 DIREITO À EDUCAÇÃO

8 DIREIRO À CULTURA

9 DIREITO AO ESPORTE E AO LAZER

10 DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO AO TRABALHO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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3Unidade II

Apresentação

Bem-vindo à segunda unidade de Direito da Infância e da Juventude a distância!

Durante seu estudo vamos conhecer melhor sobre cada um dos direitos fundamentais que envolvem as crianças e adolescentes, segundo o Estatuto da Criança e Adolescentes - ECA.

Além deste material, você ainda conta com a web-aula que traz um com-plemento para a temática que iremos começar, mas antes de iniciar conheça quais os objetivos e metas propostos para a unidade.

Objetivo

Objetivo:

Expor os direitos fundamentais pertinentes às crianças e adolescentes, ex-postos no artigo 227 da Constituição Federal e em todo o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Metas:

Enfocar cada um dos direitos fundamentais;

Demonstrar a forma como cada um dos direitos pode ser alcançado.

Bom estudo!

Equipe NEAD / UNIFOR.

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4Direito da Infância e Juventude

Unidade 2 - Direitos fundamentais da criança e do adolescente

Os direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes têm um lugar todo especial no universo dos direitos humanos. Pois além dos direitos fundamentais voltados a qualquer pessoa humana, crianças e adolescentes gozam de direitos fundamentais só seus, como o direito fundamental à convivência familiar, ao lazer e a ser visto como pessoa em condição peculiar de desenvolvimento que tem como consequência última a inimputabilidade penal.

Além de todos os direitos fundamentais, crianças e adolescentes contam com o princípio da prioridade absoluta, ou seja, terão atendi-mento e proteção priorizados em quaisquer circunstâncias. E tais direi-tos fundamentais são consagrados em diversos diplomas internacionais como a Declaração Universal dos Direitos das Crianças, de 1959, e a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças, de 1989.

Em nosso ordenamento jurídico seus direitos fundamentais são reconhecidos no caput do art. 227 da Constituição Federal de 1988:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o di-reito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profi ssionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discrimi-nação, exploração, violência, crueldade e opressão.

O art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) também determina que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efe-tivação dos direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profi ssionalização, à cultura, à dignidade, ao res-

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peito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária. Esse artigo é quase uma reprodução literal do que está disposto na Constituição Federal do Brasil.

Ainda, visando não somente garantir, mas efetivar tais direitos, o ECA dispõe, em seu art. 5º, a punição, na forma da lei, a qualquer atentado, por ação ou omissão, aos direitos fundamentais das crian-ças e adolescentes.

A seguir, analisaremos cada um desses direitos.

1 Direito à vida

No atual estágio em que nos encontramos, a vida não se confun-de com a mera sobrevivência. Ela implica, principalmente, no reco-nhecimento do direito de viver com dignidade e de viver bem, desde o momento da formação do ser humano (AMIN, 2006, p. 36).

Segundo o artigo 7º do ECA, os direitos à vida e à saúde serão efetivados através de políticas públicas que permitam o nascimen-to e desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

Exemplo

Assim, se uma criança ou adolescente estiver às portas da mor-te, deve-se buscar todo o necessário para minimizar seu desconforto e dor. Se uma criança sofrer de paralisia em ambas as pernas seria indigno arrastá-la pelas ruas; ao contrário, cabe aos atores da rede protetiva (família, sociedade civil e poder público) providenciar todo o necessário para que a criança tenha dignidade em sua forma de viver assegurando-lhe, inicialmente, uma cadeira de rodas, eventual cirur-gia para colocação de próteses, transporte escolar e todo o necessário para resguardar o seu desenvolvimento sadio.

2 Direito à saúde

A Organização Mundial de Saúde parte do pressuposto de que saúde envolve bem-estar físico, mental e social, e não apenas a mera ausência de doenças.

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6Direito da Infância e Juventude

No sistema de garantias preconizado pelo ECA, é dever da famí-lia, da comunidade e do poder público assegurar esse direito funda-mental às crianças e adolescentes, posto estar estreitamente vincu-lado ao direito à vida.

Para garantir a plena efetivação desse direito é que o ECA re-conhece direitos que devem ser exercidos mesmo antes do nasci-mento, preocupando-se com a boa formação do feto com o intuito de garantir-lhe uma vida saudável após o nascimento. E tal enfoque se enquadra perfeitamente em nosso Ordenamento Jurídico, posto que o art. 2º do Código Civil, afi rma que a personalidade civil só se inicia com o nascimento com vida, põe a salvo, desde a concepção, o nascituro, um ser em expectativa, resguardando seus direitos desde a concepção.

Determina, ainda, em seu art. 8º, que seja assegurado também à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal. Além disso, a gestante será encaminhada aos diferen-tes níveis de atendimento, segundo critérios médicos específi cos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema.

A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo mé-dico que a acompanhou na fase pré-natal. Também, incumbe ao Po-der Público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele necessitem, assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. Vale salientar que tal assistên-cia deverá ser também prestada a gestantes ou mães que manifes-tem interesse em entregar seus fi lhos para adoção.

Tais cuidados visam, principalmente, reduzir a mortalidade infan-til ao cuidar da criança desde a sua concepção.

Além disso, dispõe o art. 9º do ECA que o Poder Público, os em-pregadores e as instituições têm o dever de propiciar condições ade-quadas ao aleitamento materno, mesmo em se tratando de mães privadas de liberdade.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 10, também previu medidas que asseguram a identifi cação do recém-nascido:

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de aten-ção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:

I – manter o registro das atividades desenvolvidas, atra-vés de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;

Nascituro é o ser já concebido, mas não nascido, ainda no ventre materno. Vale ressaltar que não se deve con-fundir o nascituro com concepturo, que é terminolo-gia utilizada para prole eventual (por exemplo, embri-ões excedentários decorrentes de con-cepção artifi cial).

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II – identifi car o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;

III – proceder exames visando o diagnóstico e terapêu-tica de anormalidade no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;

IV – fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desen-volvimento do neonato;

V – manter alojamento conjunto, possibilitando ao neo-nato a permanência junto à mãe.

A imediata identifi cação do recém-nascido é medida que visa as-segurar o seu direito à identidade, um dos direitos da personalidade. Sua aplicação possibilita às mães saírem da maternidade portando a respectiva Declaração de Nascimento, documento que facilitará a fei-tura do Registro Civil de Nascimento da criança, de onde será extraída a respectiva Certidão de Nascimento. Com isso, diminuirá o número de pessoas que não têm nenhum documento de identifi cação.

O registro no prontuário das intercorrências do parto visa facili-tar o diagnóstico de futuras doenças do recém-nascido que possam guardar relação com o parto ou com o período gestacional.

No artigo 11 o ECA assegura às crianças e adolescentes, atra-vés do Sistema Único de Saúde, o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde de portadores de defi ciência, incumbindo o Poder Público de fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação e reabilitação. Assim, caberá ao Poder Público oferecer, diretamente ou por parcerias, especialidades médicas que assegurem saúde integral para defi cien-tes, como fi sioterapia, psiquiatria, neurologia, ortopedia e fonoaudio-logia. Devendo incluir, também, passe livre nos transportes coletivos ou através de sistema especial de transporte para esse fi m.

Quanto aos doentes crônicos, ou seja, aqueles que necessitam regularmente de cuidados específi cos, serão incluídos em programa de saúde que os contemplem, onde seja garantida a continuidade do tratamento, sem interrupções.

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8Direito da Infância e Juventude

Infelizmente, a concorrência dos três entes da federação na pres-tação do serviço de saúde tem acarretado, muitas vezes, ausência da prestação do serviço através de uma transferência corriqueira de res-ponsabilidade. O Judiciário, atento a tal realidade, a tem repelido com frequência, assegurando que a prestação do serviço público essencial de saúde caberá ao ente contra quem for ajuizada a ação.

Processual Civil. Agravo Regimental. Ausência de omis-são, obscuridade, contradição ou falta de fundamentação no acórdão a quo. SUS. Legitimidade passiva da União, do Estado e do Município. Fornecimento de medicamentos. Obrigação de fazer. Descumprimento. Multa. Cabimento. Prazo e valor da multa. Requisitos da tutela antecipada. Apreciação do conjunto probatório. Súmula nº 07/STJ. Impossibilidade. (...) 4. A CF/1988 erige a saúde como um direito de todos e dever do Estado (art. 196). Daí, a seguinte conclusão: é obrigação do Estado, no sentido genérico (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), assegurar às pessoas desprovidas de recursos fi nan-ceiros o acesso à medicação necessária para a cura de suas mazelas, em especial, as mais graves. Sendo o SUS composto pela União, Estados e Municípios, impõem-se a solidariedade dos três entes federativos no polo passivo da demanda. (AgRg no RESP 2004/0148058-9 – 1ª Tur-ma – Rel. Min. José Delgado – j. 19/04/05).

Assim, doentes renais, defi cientes físicos, neuropatas, doentes com câncer, ou seja, todas as patologias que conduzem um trata-mento a médio e longo prazo, precisam contar com uma rede de saúde pronta a atuar e que assegure qualidade de vida.

O artigo 12 do ECA dispõe sobre o direito de crianças e adoles-centes permanecerem acompanhados de um dos pais ou responsável durante a internação hospitalar. Tal se dá pela fragilidade emocio-nal, medos, dúvidas e angústias sentidos nessa ocasião. Até mesmo adolescentes em confl ito com a lei, quando hospitalizados, têm o direito de permanecer acompanhados, cabendo ao Estado estudar meios de manter os dois interesses – vigilância e acompanhante.

Mas não podemos nos esquecer de que, para se alcançar o di-reito a acompanhante de forma plena, algumas estratégias terão de ser postas em prática:

a) estabelecimentos de saúde, principalmente públicos, têm de reestruturar suas instalações, para que seja possibilitada a presença do acompanhante de forma digna;

b) na esfera privada, não há dispositivo legal que assegure

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abono de faltas aos pais que se ausentam do trabalho para acompanhar fi lho hospitalizado; e

c) quando se trata de crianças e adolescentes desampara-dos, que não contam com o apoio de qualquer responsável, cabe aos profi ssionais de saúde, na medida de suas pos-sibilidades, humanizar o tratamento ministrado, propician-do acompanhamento psicológico e afetivo e estabelecendo parcerias com Organizações Não-Governamentais (ONG’s) e entidades da sociedade civil como a Pastoral da Saúde e os Doutores Alegria.

3 Direito à liberdade

Garantido no art. 16 do ECA, o direito à liberdade de crianças e adolescentes comporta certa especifi cidade. Abrangendo o direito de locomoção, de expressão, de crença, de diversão e participação na vida familiar, comunitária e política, nos termos da lei, contempla também o direito ao refúgio, por se tratar de pessoas em condições peculiares de desenvolvimento.

4 Direito ao respeito

Como preceitua o art. 17 do ECA, o direito ao respeito “consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da iden-tidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”.

5 Direito à dignidade

Conforme determina o art. 18 do ECA, “é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”. De tal direito é que advém o sigilo dos processos que envolvem crianças e adolescentes, principalmente os de apura-ção de prática de atos infracionais punindo, como preceitua os arts. 240 e 241 do ECA, a violação de tal direito.

6 Direito à convivência familiar e comunitária

A família, base da sociedade, se reveste de um signifi cado todo especial no que concerne às crianças e adolescentes. Pois é a famí-lia o primeiro espaço de convivência e socialização do ser humano, lugar de exercício da afetividade, a poderosa “cola” dos relaciona-mentos humanos.

Sabedor disso, o legislador dispôs, no art. 19 do ECA, que “toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária”.

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Tal artigo também dispõe em seus três parágrafos que toda crian-ça ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competen-te, com base em relatório elaborado por equipe interprofi ssional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta, nas mo-dalidades de guarda, tutela ou adoção; ou que a permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada ne-cessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fun-damentada pela autoridade judiciária; e que a manutenção ou rein-tegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em programas de orientação e auxílio.

Ainda, rompendo de vez com a antiga Doutrina da Situação Irre-gular, que institucionalizava crianças não só abandonadas e infrato-ras, mas também carentes, dispôs o art. 23 do ECA que “a falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo sufi ciente para a perda ou a suspensão do poder familiar”. E completa em seu pará-grafo único que “não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas ofi ciais de auxílio”.

7 Direito à educação

Previsto no art. 53 do ECA o direito à educação visa ao pleno desenvolvimento da criança e do adolescente e seu preparo para o exercício da cidadania e qualifi cação para o trabalho. Além do mais, assegura ser direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da defi nição das propostas educa-cionais.

Conclama o Estado a assumir suas obrigações. Para tal precei-tua, no art. 54, ser dever do Estado:

assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamen-tal, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

o atendimento educacional especializado aos portadores de defi ciência, preferencialmente na rede regular de ensino;

o atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;

o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

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a oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;

o atendimento no ensino fundamental, através de progra-mas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

Mas vale salientar que, se é obrigação do Estado ofertar o acesso ao ensino, cabe aos pais e responsáveis pela criança e adolescente a obrigação de matricular o fi lho ou pupilo e controlar sua frequência e aproveitamento escolar.

Ainda, o estabelecimento de ensino fundamental tem a obriga-ção de comunicar ao Conselho Tutelar todos os casos de suspeita ou confi rmação de maus-tratos contra crianças e adolescentes, bem como a reiteração de faltas não justifi cadas e da evasão escolar.

O Estado, a família e a escola têm o dever de, juntos, viabilizar o exercício do direito fundamental à educação a todas às crianças e adolescentes.

8 Direito à cultura

Dispõe o art. 58 do ECA que no processo educacional serão res-peitados os valores culturais, artísticos e históricos próprios do con-texto social da criança e do adolescente, garantindo a estes a liber-dade de criação e o acesso às fontes de cultura.

9 Direito ao esporte e ao lazer

Como o lúdico faz parte do pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes, preceitua o art. 59 do ECA que os Municípios, com apoio dos Estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.

Exemplo

É o que vemos em nossa cidade, principalmente nas férias, em lo-cais como o Centro Cultural Dragão do Mar, praças, escolas e parques. Programações voltadas, principalmente, para o público infanto-juvenil e que abarcam esportes e artes.

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10 Direito à profi ssionalização e à proteção ao trabalho

Primeiramente, vale ressaltar que o direito à profi ssionalização e à proteção ao trabalho não faz parte do universo infantil. Tanto assim que nossa Constituição Federal preconiza que é proibido o tra-balho aos menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz a par-tir dos 14. Ou seja, tal faculdade é direcionada, com exclusividade e de forma limitada, aos adolescentes, nunca às crianças. E há razão de ser assim, pois o universo do trabalho adultiza. É como se fosse um marco entre a época das brincadeiras, da falta de preocupação e o universo dos adultos.

Ainda, tal proibição também tem por objetivo garantir que crian-ças e adolescentes tenham tempo de estudar. Pois ao adentrarem no mundo do trabalho, além de não haver o tempo necessário para a frequência regular às aulas, também retira-lhes o tempo de estudo, do lazer e do descanso.

Com tais preocupações em mente, dispõe o ECA, no art. 67, que ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de traba-lho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é proibido trabalho:

noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;

perigoso, insalubre ou penoso;

realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;

realizado em horários e locais que não permitam a frequên-cia à escola.

Contudo, presenciamos diariamente em novelas, fi lmes, propa-gandas, entre outros, o trabalho desenvolvido por crianças e adoles-centes. Então, há exceções? Realmente, muitas perguntas nos vêm à mente ao tratar da inserção de crianças e adolescentes no universo artístico ou desportivo:

a) Será que o desenvolvimento dos talentos e a construção de futuros atletas e/ou artistas violam ou não seus direitos?

b) As jornadas de ensaio, estudo ou treinamento, estão de acor-do com seu momento físico e psíquico?

c) Recebem remuneração adequada ao seu esforço e ao seu talento, ou recebem apenas como crianças?

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O trabalho artístico não é regulado por parâmetros legais claros, havendo mesmo doutrinadores que afi rmam não ser possível esse tipo de trabalho no País, com base no art. 7º, XXXIII da Constituição Federal de 1988, anteriormente citado. Mas a Lei nº 6.533, de 24 de maio de 1978, que regulamenta a profi ssão de artista, não dispõe sobre esse assunto. Entretanto, a Convenção 138 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, ratifi cada pelo Brasil, permite, em seu art. 8º, incisos 1 e 2, que o Juiz da Infância e da Juventude ou o Juiz do Trabalho (a depender da interpretação da Emenda Constitu-cional nº 45) conceda, por meio de permissões individuais, ou seja, alvarás judiciais, exceções à proibição de admissão ao emprego ou trabalho com idade abaixo da mínima legal para participação em representações artísticas. Mas vale salientar que essas permissões devem limitar o número de horas do emprego ou trabalho autoriza-das e prescrever as condições em que poderá ser realizado.

Assim, pela Convenção da OIT, como regra geral, é proibido o trabalho abaixo dos dezesseis anos. Apenas se admite como exceção à regra o trabalho infantil artístico, para casos individuais, mediante autorização judicial.

Assim, pode-se concluir que o trabalho artístico infantil, cita-do no art. 8º da Convenção, não se insere nessa regra geral, mas foi colocado em um dispositivo à parte. Entretanto, é indispensável uma regulamentação adequada que contemple a forma de inserção de crianças e adolescentes em atividades artísticas.

Chegamos ao término da segunda unidade. Caso esteja com algu-ma dúvida, entre em contato com o serviço de tutoria. Até a próxima!

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Referência bibliográfica

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm>

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Créditos

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

Núcleo de Educação a Distância

Coordenação Geral

Carlos Alberto Batista

Coordenação Administrativa

Graziella Batista de Moura

Coordenação Desenvolvimento

Liadina Camargo Lima

Produção

Conteúdo

Cremilda Maria S. Moreira

Roteiro

Andrea Chagas Alves de Almeida

Carla Sousa Braga

Revisão

Elane Silva Pereira

RTVC

Vaneuda Almeida de Paula

Arte

Sérgio Oliveira Eugênio de Sousa

Geraldo Henrique S. Borges

Viviane Cláudia Paiva Ramos

Implementação

Lizie Sancho Nascimento

Editoração Eletrônica

Raissa Karen Leitinho Sales

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Anotações