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  • Direito Administrativo para TCE-PE

    Auditor das Contas Pblicas

    Teoria e exerccios comentados

    Prof. Erick Alves Aula 14

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    OBSERVAO IMPORTANTE

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    AULA 14

    Ol pessoal!

    Na aula de hoje vamos estudar o tema Controle da AdministraoPblica, tendo como base o seguinte sumrio:

    SUMRIO

    Controle da Administrao Pblica ......................................................................................................................3

    Conceito ............................................................................................................................................................................3

    Classificaes.....................................................................................................................................................................6

    Quanto ao alcance.........................................................................................................................................................6

    Quanto ao rgo ............................................................................................................................................................8

    Quanto ao momento ....................................................................................................................................................8

    Quanto natureza...................................................................................................................................................... 10

    Controle Administrativo .......................................................................................................................................... 14

    Direito de petio....................................................................................................................................................... 17

    Sistema de controle interno .................................................................................................................................. 22

    Controle Legislativo.................................................................................................................................................... 26

    Controle parlamentar direto ................................................................................................................................. 32

    Controle exercido pelo Tribunal de Contas..................................................................................................... 37

    Controle Judicial ........................................................................................................................................................... 65

    Mandado de segurana............................................................................................................................................ 67

    Mandado de segurana coletivo........................................................................................................................... 77

    Ao popular................................................................................................................................................................ 79

    Ao civil pblica........................................................................................................................................................ 81

    Outras aes................................................................................................................................................................. 84

    Controle social ............................................................................................................................................................... 85

    Mais questes de prova ............................................................................................................................................ 86

    Jurisprudncia .............................................................................................................................................................112

    RESUMO DA AULA ...................................................................................................................................................118

    Questes comentadas na aula .............................................................................................................................121

    Gabarito ...........................................................................................................................................................................133

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    CONTROLE DA ADMINISTRAO PBLICA

    CONCEITO

    Controle a fiscalizao exercida sobre as atividades de pessoas,rgos, departamentos, sistemas etc., para que tais atividades no sedesviem dos padres e das normas preestabelecidas, e para que alcancemos resultados desejados.

    O controle uma das funes administrativas clssicas: planejar,coordenar, supervisionar, executar e controlar. De acordo com a teoriada Administrao, um sistema de controle eficaz garante que asatividades sejam realizadas de maneira satisfatria, na direo dosobjetivos da empresa. Alm do mais, nas grandes corporaes modernasde capital pulverizado, ou seja, que possuem muitos acionistas, osverdadeiros donos geralmente esto afastados da gesto do negcio.Diretores executivos so contratados para administrar a empresa com ocompromisso de dirigi-la para satisfazer os interesses dos proprietrios docapital. Nesse contexto, uma estrutura de controle possui a finalidade deassegurar que o corpo executivo da companhia esteja seguindo asdiretrizes estabelecidas pelos proprietrios, alm de coibir atitudesoportunistas dos executivos que satisfaam seus prprios interesses emdetrimento da organizao.

    De forma semelhante, os recursos financeiros e patrimoniaisutilizados pelo Estado no pertencem ao Presidente da Repblica nem aosGovernadores, Prefeitos, Deputados e demais agentes pblicos, mas simao povo, que recolhe tributos. com esses recursos que o Estadodisponibiliza servios sociedade, adquirindo materiais para ofuncionamento das reparties, firmando contratos, realizando obras,remunerando seus servidores, etc.

    Mas virtualmente impossvel que o povo, por si mesmo, consigaadministrar os recursos que disponibiliza ao Estado. Por isso, delega essatarefa a intermedirios legalmente habilitados, os gestores pblicos, quetm o dever de administrar os recursos em nome e em favor do povo,obedecendo s normas aplicveis. Paralelamente, de forma semelhante aoque ocorre nas empresas privadas, existe toda uma estrutura de controleatuando para assegurar que os governantes e demais responsveis porbens e valores pblicos desempenhem suas tarefas com correo, emconsonncia com o ordenamento jurdico e com princpios como os da

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    moralidade, publicidade, impessoalidade e supremacia do interessepblico.

    No por menos que o artigo 70 da Constituio Federal impe odever de prestar contas a todos que tenham sob sua guarda qualquerespcie de valor pblico. Vejamos:

    Pargrafo nico. Prestar contas qualquer pessoa fsica ou jurdica,pblica ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administredinheiros, bens e valores pblicos ou pelos quais a Unio responda, ou que, emnome desta, assuma obrigaes de natureza pecuniria.

    Hely Lopes Meirelles, em uma definio abrangente, porm concisa,leciona que controle, em tema de Administrao Pblica, a faculdade de vigilncia, orientao e correo que um poder, rgo ouautoridade exerce sobre a conduta funcional do outro.

    Os termos chaves dessa definio representam os principais atributosdo controle da gesto pblica, que podem ser compreendidos da seguinteforma:

    Vigilncia: fiscalizao e acompanhamento da gesto, com base nasnormas aplicveis.

    Orientao: atuao pedaggica, preventiva, com vistas aoaperfeioamento das prticas de gesto e inibio de condutas lesivasaos cofres pblicos.

    Correo: assegura o cumprimento da lei e a recomposio do patrimniolesado.

    Poder: como corolrio do Estado Democrtico de Direito, a CF instituiu umsistema de freios e contrapesos no qual os Poderes se vigiammutuamente, cada um fiscalizando e inibindo eventuais excessos do outro(controle externo).

    rgo: cada instituio pblica possui em sua estrutura um rgo comatribuio de fiscalizar a prpria instituio (controle interno).

    Autoridade: autotutela da administrao, que pode anular ou revogarseus prprios atos.

    Em nosso dia-a-dia, muito comum nos depararmos com notciassobre obras superfaturadas, fraudes em licitaes, e outras tantasfalcatruas que tm em comum o fato de envolverem a malversao derecursos pblicos. Tais notcias somente vm tona porque alguma ao

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    de controle foi realizada sobre a conduta do mau gestor, possibilitando aidentificao da irregularidade.

    Ao toparmos com manchetes dessa natureza, podemos perceber queo controle da Administrao Pblica pode ser feito de diversas formas epor diferentes agentes. Com efeito, a Administrao se sujeita, porexemplo, ao controle judicial, realizado pelo Poder Judicirio e ao controlesocial, realizado pelos cidados, alm de exercer, ela mesma, o controlesobre os prprios atos, como veremos com mais detalhes adiante.Ademais, o Poder Legislativo, diretamente ou com o auxlio dos Tribunaisde Contas, assim como o Ministrio Pblico, exercem importante papel nocontrole da Administrao Pblica.

    Quando falamos em controle da gesto pblica, estamos nosreferindo fiscalizao de qualquer ato administrativo, como a comprade bens, admisso de pessoal, arrecadao de impostos, edio denormativos, outorga de autorizaes de uso de bens pblicos etc. Assim,essa modalidade de controle mais perceptvel sobre as atividadesrealizadas pelo Poder Executivo, cujas funes tpicas so as funesadministrativas, tanto na administrao direta como na indireta. Mas ocontrole da gesto pblica tambm alcana o Poder Legislativo e o PoderJudicirio, bem como o Ministrio Pblico e o prprio Tribunal de Contas.

    Contudo, o controle de que estamos falando no alcana asfunes tpicas dos demais Poderes (Legislativo = legislar; Judicirio =julgar) e rgos autnomos (MP = fiscal da lei; TC = controle externo),mas apenas suas funes administrativas. Por exemplo: o Tribunal deContas da Unio (TCU), a quem cabe realizar o controle externo sobre agesto dos recursos da Unio, no tem competncia para fiscalizar se oprocesso legislativo que resultou na edio de determinada lei foicorretamente seguido pelo Congresso Nacional; tambm no pode dizerse o Supremo Tribunal Federal decidiu ou no de forma adequada emdeterminada ao direta de inconstitucionalidade. Mas, por outro lado,poder sim fiscalizar as licitaes, as admisses de pessoal e todos osdemais atos que resultem receita ou despesa realizados tanto peloCongresso Nacional como pelo Supremo Tribunal Federal.

    oportuno registrar que as atividades da Administrao Federalobedecero aos seguintes princpios fundamentais: planejamento,coordenao, descentralizao, delegao de competncia e controle,conforme prescreve o Decreto Lei 200/1967 (art. 6), que dispe sobre aorganizao da Administrao Federal. Tal normativo, apesar de adstrito

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    Executivo, temos exemplos de controle externo, pois, nestes casos, umPoder exerce controle sobre os atos de outro Poder. No primeiro caso, oLegislativo e, no segundo caso, o Judicirio exercem controle sobre oExecutivo.

    Por outro lado, quando o controle exercido por rgo pertencente mesma estrutura organizacional da unidade controlada, ditocontrole interno. Normalmente, a doutrina considera mesma estruturaorganizacional como o mesmo Poder, fazendo com que a expressocontrole interno abarque todas as atividades de controle empreendidas dentro de um mesmo Poder.

    Assim, o controle que um Ministrio exerce sobre os vriosdepartamentos administrativos que o compem se caracteriza comocontrole interno, simplesmente porque todos integram o Poder Executivo.Outro exemplo seria o controle que as chefias exercem sobre os atos deseus subordinados dentro de um rgo pblico, no exerccio do poderhierrquico.

    Ressalte-se que o controle interno pode ser exercido por rgosespecializados que, embora pertenam ao mesmo Poder, no possuemvinculao hierrquica com os rgos controlados. A antiga Controladoria-Geral da Unio (CGU), atual Ministrio da Transparncia, Fiscalizao eControladoria-Geral da Unio, por exemplo, rgo especializado queexerce controle interno no mbito de todos os rgos e entidadesadministrativas pertencentes ao Poder Executivo Federal1. No caso, aclassificao do Ministrio da Transparncia como rgo de controleinterno no porque ele possui ascendncia hierrquica sobre os demaisrgos do Executivo e sim porque ela prpria, assim como os rgos quecontrola, tambm um rgo do Poder Executivo, s que com atribuiesespecficas de controle, ou seja, sob a tica do Executivo, trata-se de umcontrole exercido por dentro2.

    1 A CGU s no atua sobre a Presidncia e Vice-Presidncia da Repblica, o Ministrio das RelaesExteriores, o Ministrio da Defesa, incluindo os comandos militares, e a Advocacia-Geral da Unio, os quaispossuem Secretarias de Controle Interno (Ciset) prprias (rgos setoriais do sistema de controleinterno).2 A CGU um rgo ligado diretamente Presidncia da Repblica. O seu titular um Ministro de Estado.

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    Controle posterior (a posteriori): efetuado aps o ato administrativoter sido praticado. Possui carter corretivo e, eventualmente,sancionador. a forma mais utilizada de controle.

    Exemplos de controle posterior so a homologao de umprocedimento licitatrio, o julgamento das contas dos administradorespblicos pelo TCU e a realizao de auditorias para fiscalizar aregularidade de atos administrativos j consumados ou os resultadosalcanados por programas de governo.

    QUANTO NATUREZA

    O controle da gesto pblica, quanto natureza, ou seja,considerando o seu foco, o aspecto a ser controlado, classifica-se em:

    Controle de legalidade: verifica se a conduta do gestor guardaconsonncia com as normas aplicveis, de qualquer espcie - leis,regimentos, resolues, portarias etc.

    Ex: no controle da legalidade de uma construo de rodovia, pode serverificado se a contratao da empreiteira responsvel pela obra foi realizada emconformidade com a Lei de Licitaes.

    O controle da legalidade pode ser interno ou externo, no primeirocaso se exercido pelos rgos da prpria Administrao que praticou o ato(poder de autotutela) e no segundo se feito pelo Poder Judicirio, noexerccio da funo jurisdicional, ou pelo Poder Legislativo, nas situaesprevistas na Constituio Federal.

    O resultado do controle de legalidade pode ser, de um lado, aconfirmao da validade (ratificao, homologao) de atos praticadosem conformidade com o ordenamento jurdico ou, de outro, a anulaode atos administrativos ilegais. No mbito desse controle possvel,ainda, a convalidao, pela Administrao, de atos praticados comdefeitos sanveis.

    A homologao (ou no) de uma licitao pela autoridade competentedo rgo ou entidade que realizou o procedimento constitui exemplo decontrole de legalidade interno. De outra parte, so exemplos decontrole de legalidade externo o exame pelo Judicirio, em mandadode segurana, da legalidade de um ato do Executivo e a apreciao peloPoder Legislativo, com base em auditorias realizadas pelo Tribunal deContas, da legalidade dos atos de gesto do Executivo.

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    1. (Cespe TCE/ES 2012) Uma das funes precpuas do Poder Judicirio realizar o controle de mrito dos atos administrativos do Poder Executivo que contribuem para o melhor interesse da sociedade.

    Comentrio: O controle judicial, ao contrrio do que diz a assertiva, caracteriza-se por no realizar controle de mrito dos atos administrativos, restringindo-se ao controle de legalidade.

    Gabarito: Errado

    2. (Cespe TCE/TO 2008) Um sistema de controle externo se diferencia de um sistema de controle interno na administrao pblica, pois

    a) o primeiro se situa em uma instncia fora do mbito do respectivo Poder.

    b) correspondem, respectivamente, auditoria externa e interna.

    c) o primeiro tem funo coercitiva e o segundo, orientadora.

    d) o primeiro tem carter punitivo, e o segundo consultivo.

    e) o funcionamento do primeiro deriva de um processo autorizativo, e o segundo institucional.

    Comentrio: Quanto ao posicionamento do rgo controlador em relao ao controlado, o controle pode ser externo ou interno. O controle externo exercido por um ente no que integra a mesma estrutura organizacional do rgo fiscalizado enquanto que o controle interno exercido por ente que tambm integra essa estrutura. Portanto, correta a alternativa a.

    Gabarito: alternativa a

    3. (Cespe TJ/RO 2012) O abuso de poder conduta comissiva, que afronta, dentre outros, o princpio da legalidade e o da moralidade, e se sujeita, portanto, ao controle judicial, que se sobrepe ao controle administrativo.

    Comentrio: No h predominncia entre as formas de controle. Tanto o controle judicial como o administrativo, o parlamentar ou o exercido pelos Tribunais de Contas derivam do sistema de freios e contrapesos que rege a Administrao Pblica, o qual assegura a harmonia entre os Poderes.

    Gabarito: Errado

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    4. (Cespe INPI 2013) O controle administrativo, que consiste no acompanhamento e fiscalizao do ato administrativo por parte da prpria estrutura organizacional, configura-se como controle de natureza interna, privativo do Poder Executivo.

    Comentrio: O item est errado. A Professora Maria Sylvia Di Pietro define o controle da Administrao da seguinte forma:

    O poder de fiscalizao e correo que sobre ela exercem os rgos dos Poderes Judicirio, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuao com os princpios que lhe so impostos pelo ordenamento jurdico.

    Temos ento, controle administrativo, judicial e legislativo como espcies do gnero controle da Administrao. O controle administrativo o poder de fiscalizao e correo que o Estado-administrador efetua sobre sua prpria atuao, nos aspectos de legalidade e mrito, seja por iniciativa prpria ou por provocao. A funo administrativa est presente em todos os Poderes do Estado. Embora o Poder Executivo a exera tipicamente, os demais Poderes, de forma atpica, tambm administram. Isso se d, por exemplo, quando realizam concurso pblico ou quando adquirem bens e servios. Dessa forma, o controle administrativo exercido no mbito de todos os Poderes, no s no Executivo. Os Poderes Judicirio e Legislativo exercem controle administrativo ao desempenharem sua funo atpica de administrar.

    Gabarito: Errado

    5. (Cespe MPTCDF 2013) O controle administrativo um controle de legalidade e de mrito, exercido exclusivamente pelo Poder Executivo sobre suas prprias condutas.

    Comentrio: A primeira parte da assertiva (O controle administrativo um controle de legalidade e de mrito...) est correta. Lembre-se de que o controle administrativo deriva do poder de autotutela, pelo qual a Administrao pode anular atos ilegais (controle de legalidade) ou revogar atos inconvenientes/inoportunos (controle de mrito).

    Todavia, o restante da frase macula o quesito, pois o controle administrativo no exercido exclusivamente pelo Poder Executivo, mas pela Administrao Pblica em sentido amplo, compreendendo, portanto, a administrao direta e indireta de todos os Poderes e esferas de governo. Assim, por exemplo, o STF, integrante do Poder Judicirio, pode anular uma licitao promovida pelo prprio rgo para adquirir material de expediente, caso constate alguma ilegalidade no procedimento. Nesse exemplo, perceba

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    que o STF est atuando como Administrao Pblica, ou seja, exercendo controle administrativo sobre suas funes administrativas, ainda que no faa parte do Poder Executivo.

    Gabarito: Errado

    6. (Cespe CNJ 2013) Com base no princpio da autotutela, e em qualquer tempo, a administrao pblica tem o poder-dever de rever seus atos quando estes estiverem eivados de vcios.

    Comentrio: No caso de atos dos quais decorram efeitos favorveis aos administrados, o poder de autotutela da Administrao se sujeita ao prazo decadencial de cinco anos, previsto na Lei 9.784/99; nesse caso, portanto, a reviso no poder ocorrer a qualquer tempo, da o erro.

    Gabarito: Errado

    DIREITO DE PETIO

    Os administrados podem provocar o controle administrativo aoexercer o direito de petio, direito fundamental previsto no art. 5,XXXIV, a da Constituio Federal6. Tal direito consiste na possibilidadeque tm os administrados em geral de requerer providncias einformaes aos rgos pblicos.

    Vrios so os meios pelos quais o direito de petio pode serexercido. Merecem destaque:

    Representao

    Reclamao

    Pedido de reconsiderao

    Recurso

    Para Hely Lopes Meirelles, representao a denncia formal eassinada de irregularidades internas ou de abuso de poder na prtica deatos da Administrao feita por quem quer que seja autoridadecompetente para conhecer e coibir a ilegalidade apontada.

    A representao, portanto, a forma pela qual o administrado,servidor pblico ou no, pode levar ao conhecimento da Administraoqualquer irregularidade de que tenha conhecimento. Para os particulares,a representao um direito, ao passo que, para os servidores pblicos,ela um dever.

    6 XXXIV - so a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

    a) o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

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    O dever de representar dos servidores pblicos est previsto naLei 8.112/90:

    Art. 116. So deveres do servidor:

    XII - representar contra ilegalidade, omisso ou abuso de poder.

    J um exemplo importante do direito de representar que assiste aosadministrados em geral, abrangendo qualquer pessoa fsica ou jurdica,est previsto na Lei de Licitaes:

    Art. 113 (...)

    1o Qualquer licitante, contratado ou pessoa fsica ou jurdica poderrepresentar ao Tribunal de Contas ou aos rgos integrantes do sistema decontrole interno contra irregularidades na aplicao desta Lei, para os fins dodisposto neste artigo.

    Note que a representao acerca de irregularidade em procedimentoslicitatrios no precisa ser feita por alguma autoridade ou servidorpblico: qualquer pessoa, fsica ou jurdica, mesmo que no seja licitante,poder representar ao Tribunal de Contas ou aos rgos de controleinterno sobre alguma irregularidade ocorrida em licitao pblica.

    J a reclamao, para Hely Lopes Meirelles, a oposioexpressa a atos da Administrao que afetem direitos ou interesseslegtimos do administrado. O direito de reclamar amplo e se estendea toda pessoa fsica ou jurdica que se sentir lesada ou ameaada deleso pessoal ou patrimonial por atos ou fatos administrativos.

    Em outras palavras, reclamao expresso genrica que designaqualquer forma de manifestao de discordncia ou inconformismo doadministrado quanto a um ato ou omisso da Administrao que tenhaafetado seus interesses.

    A Lei 9.784/99, que regulamenta o processo administrativo federal,prev a reclamao em seu art. 48, a saber:

    Art. 48. A Administrao tem o dever de explicitamente emitir deciso nosprocessos administrativos e sobre solicitaes ou reclamaes, em matria desua competncia.

    O Cdigo Tributrio Nacional, em seu art. 151, III, tambm prevuma espcie de reclamao que, no caso, possui o sentido de

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    impugnao administrativa, com o fim de suspender a exigibilidade docrdito tributrio:

    Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crdito tributrio:

    III - as reclamaes e os recursos, nos termos das leis reguladoras doprocesso tributrio administrativo;

    O pedido de reconsiderao, por sua vez, constitui uma espcie desolicitao dirigida mesma autoridade que expediu o ato, para que elao aprecie novamente e, caso reconsidere seu entendimento anterior, oinvalide ou modifique.

    O pedido de reconsiderao funciona, ento, como uma segunda oportunidade dada autoridade que proferiu a deciso inicial, que podereformular a posio adotada inicialmente.

    Na Lei 9.784/99, o pedido de reconsiderao previsto no art. 56,1 7 , o qual determina que os recursos administrativos devem serpropostos perante a autoridade que proferiu a deciso, a qual poderreconsider-la no prazo de cinco dias.

    Finalmente, o direito de petio tambm pode ser exercido por meiodos recursos administrativos, expresso utilizada para designar apetio manejada pela parte que deseja submeter determinada matria reapreciao de outra autoridade, diversa daquela que proferiu adeciso original.

    inconstitucional a exigncia de depsito derecursos financeiros ou arrolamento de benspara que algum possa apresentar umrecurso administrativo.

    Os recursos administrativos podem ser hierrquicos prprios ehierrquicos imprprios.

    Recursos hierrquicos prprios so aqueles dirigidos autoridadeou ao rgo imediatamente superior que proferiu a deciso recorrida.

    Lembrando que, no processo administrativo federal, como destacadoacima, antes de os argumentos apresentados serem conhecidos comorecurso, sero encaminhados, mediante pedido de reconsiderao, mesma autoridade que tenha proferido a deciso administrativa inicial, a

    7 1o O recurso ser dirigido autoridade que proferiu a deciso, a qual, se no a reconsiderar no prazo de

    cinco dias, o encaminhar autoridade superior.

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    qual, se no reconsiderar, encaminhar os argumentos a umaautoridade superior, da sim como recurso administrativo.

    Recursos hierrquicos imprprios, por sua vez, so interpostos argo ou autoridade que no possui relao hierrquica com aautoridade ou rgo que editou o ato objeto de impugnao. Por no serdecorrente de hierarquia, o recurso imprprio s cabvel se previstoexpressamente em lei.

    O mais comum o recurso hierrquico imprprio ser dirigido aautoridade integrante de pessoa jurdica diversa daquele de onde seoriginou o ato impugnado, a exemplo do recurso endereado ao Ministriocontra ato praticado por uma autarquia a ele vinculada. No obstante,ressalte-se que os recursos imprprios podem ocorrer dentro de umamesma pessoa jurdica: o importante para caracterizar esse tipo derecurso que no haja relao hierrquica entre a autoridade que proferiua deciso recorrida e a responsvel por apreciar o recurso. o caso, porexemplo, de recursos contra atos da Receita Federal interpostos perante oConselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, que integra aestrutura do Ministrio da Fazenda, mas no tem relao de hierarquiacom a Receita Federal.

    Prosseguindo no assunto, importante salientar que, ao lado dosrecursos apresentados pelos administrados, existem, ainda, recursosadministrativos interpostos pela prpria Administrao que editou adeciso recorrida, os chamados recursos de ofcio. Os recursos de ofciopodem ser prprios ou imprprios e so cabveis, em regra, somentequando haja expressa previso legal.

    Ainda devemos lembrar da reviso de processo que, nos termos doart. 65 da Lei 9.784/998, a petio apresentada em face de uma decisoadministrativa que tenha resultado na aplicao de sano, visando adesfaz-la ou abrand-la. A reviso pode ocorrer a qualquer tempoquando h fato novo superveniente, algo desconhecido at o julgamentodo processo que resultou na aplicao da penalidade. A reviso podeacontecer de ofcio ou a pedido e no pode resultar em agravamentoda sano. Diversamente, vale lembrar que o instituto do reformatio in pejus (agravamento da sano) possvel na apreciao de recursosadministrativos em geral. Fiquem atentos a isso!

    8 Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanes podero ser revistos, a qualquer tempo, a

    pedido ou de ofcio, quando surgirem fatos novos ou circunstncias relevantes suscetveis de justificar a

    inadequao da sano aplicada.

    Pargrafo nico. Da reviso do processo no poder resultar agravamento da sano.

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    9. (Cespe MPTCDF 2013) Caso deseje o reexame de deciso relativa a determinado ato administrativo pela mesma autoridade que a emanou, o interessado dever realizar um pedido de reconsiderao. Se a autoridade qual o interessado se dirigir no ocupar cargo na hierarquia do rgo que emitiu o ato, o recurso interposto ser um recurso hierrquico imprprio.

    Comentrio: A questo deve ser lida em partes. A primeira frase trata do pedido de reconsiderao, que a solicitao dirigida mesma autoridade que expediu o ato, para que ela o aprecie novamente e, caso concorde com o solicitante, invalide ou modifique sua deciso original. Constitui uma etapa prvia apreciao dos recursos administrativos (se a autoridade reconsiderar sua deciso, o recurso nem segue para a autoridade superior). J a segunda frase descreve o recurso hierrquico imprprio, que aquele dirigido a autoridade no integrante da estrutura hierrquica da que expediu o ato recorrido (ex: recursos dirigidos ao CARF contra atos da Receita Federal e recurso endereado ao Ministrio contra ato praticado por uma autarquia a ele vinculada).

    Gabarito: Certo

    10. (Cespe AGU 2013) O recurso hierrquico imprprio, na medida em que dirigido autoridade de rgo no integrado na mesma hierarquia daquela que proferiu o ato, independe de previso legal.

    Comentrio: O recurso hierrquico imprprio s cabvel se previsto expressamente em lei.

    Gabarito: Errado

    SISTEMA DE CONTROLE INTERNO

    Como vimos, controle interno aquele exercido dentro de um mesmoPoder, geralmente por rgo especializado que tenha sido criado paraessa finalidade.

    No geral, o rgo de controle interno subordina-se diretamente autoridade administrativa mxima do ente, a qual dispe, dessa forma, deum mecanismo de avaliao para as aes desempenhadas fora da esferade suas atribuies privativas. O controle interno um controle tcnico,vale dizer, serve para avaliar a conduta dos agentes pblicos tendo comoparmetro os limites delineados nas normas administrativas.

    A Constituio Federal dispe que os Poderes Legislativo,Executivo e Judicirio mantero um sistema de controle interno (CF,

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    Uma das misses do controle interno apoiar o controle externo.Como veremos adiante, a expresso controle externo, na Constituio Federal, se refere ao controle financeiro exercido sobre a AdministraoPblica pelo Congresso Nacional com o auxlio do Tribunal de Contas daUnio (TCU). O trabalho do controle interno fundamental para darsuporte ao controle externo, sobretudo o desenvolvido pelo TCU.

    Na prtica, o controle interno apoia o controle externo por meioda realizao de auditorias nas contas dos responsveis do rgo ouentidade a que esteja vinculado, emitindo relatrio, certificado deauditoria e parecer para subsidiar o exame e julgamento a cargo doTribunal de Contas. Alm disso, os rgos integrantes do sistema decontrole interno devero alertar formalmente a autoridade administrativacompetente para que instaure tomada de contas especial, sempre quetiverem conhecimento de qualquer das ocorrncias que demandem esseprocedimento.

    Os responsveis pelo controle interno tambm tm o dever decomunicar ao Tribunal de Contas qualquer irregularidade ou ilegalidade deque tenham conhecimento, sob pena de responsabilidade solidria9

    (CF, art. 74, 1). Todavia, deve ficar claro que, embora o controleinterno tenha o dever estabelecido constitucionalmente de apoiar ocontrole externo, no h relao de hierarquia entre eles,h complementaridade.

    11. (FCC TCE/PR 2011) Nos termos previstos na Constituio Federal, os responsveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela daro cincia ao Tribunal de Contas, sob pena de

    a) demisso a bem do servio pblico.

    b) responsabilidade subsidiria.

    c) responsabilidade solidria.

    d) exonerao.

    e) suspenso.

    Comentrios: Nos termos do art. 74, 1 da CF, os responsveis pelo controle interno que no derem cincia ao Tribunal de Contas acerca de

    9 As bancas gostam de tentar confundir o candidato dizendo que a responsabilidade subsidiria. NO !A responsabilidade SOLIDRIA.

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    qualquer irregularidade ou ilegalidade de que tenham conhecimento, estaro sujeitos a responsabilidade solidria:

    1 - Os responsveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela daro cincia ao Tribunal de Contas da Unio, sob pena de responsabilidade solidria.

    Quer dizer que os servidores do controle interno respondero pela irregularidade ou ilegalidade em igualdade de condies com a pessoa que a cometeu. Vale ressaltar que a responsabilidade solidria no livra o servidor de outras punies administrativas, inclusive as citadas no quesito (demisso, suspenso ou exonerao), conforme venha a ser apurado em processo administrativo, se for o caso. Todavia, o que interessa para a questo o que est previsto no mencionado dispositivo constitucional.

    Gabarito: alternativa c

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    CONTROLE LEGISLATIVO

    O controle legislativo pode ser entendido como o controle exercidopelas casas legislativas (Cmaras Municipais, Assembleias Legislativas eCongresso Nacional) diretamente ou por meio dos Tribunais de Contas.

    A Constituio Federal, ao tratar em seu art. 70 da fiscalizaocontbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial daAdministrao Pblica Federal, consagra o controle legislativo da seguintemaneira:

    Art. 70. A fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacionale patrimonial da Unio e das entidades da administrao direta e indireta,quanto legalidade, legitimidade, economicidade, aplicao dassubvenes e renncia de receitas, ser exercida pelo Congresso Nacional,mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

    Note, inicialmente, que o controle financeiro da Unio, vale dizer, daAdministrao Pblica Federal, ser exercido mediante os seguintessistemas de controle:

    Sistema de controle externo

    Sistema de controle interno

    Ressalte-se que, por fora do chamado princpio de simetriapresente no art. 75 da CF10, os sistemas de controle nos Estados, DistritoFederal e Municpios, previstos nas respectivas Constituies e LeisOrgnicas, devem seguir, no que couber, as disposies relativas Unioprevistas na Carta da Repblica11.

    J abordamos o sistema de controle interno ao estudarmos o art. 74da CF. Vimos que se trata de um controle administrativo, exercido porrgos especializados dentro de cada Poder. Nos interessa agora osistema de controle externo, a cargo do Poder Legislativo.

    Como vimos, controle externo, em sentido amplo, toda fiscalizaoexercida por um ente que no integra a estrutura na qual o fiscalizadoest inserido. Todavia, na Constituio Federal, a expresso controle externo se refere apenas fiscalizao contbil, oramentria e

    10 Art. 75. As normas estabelecidas nesta Seo [art. 70 a 75] aplicam-se, no que couber, organizao,

    composio e fiscalizao dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais

    e Conselhos de Contas dos Municpios.

    11 Veja bem: no que couber, ou seja, podem ocorrer alteraes nas normas locais, levando-se emconsiderao as especificidades de cada regio, desde que no sejam incompatveis com o modeloestabelecido para a esfera federal.

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    financeira exercida sobre a Administrao Pblica pelo PoderLegislativo, muitas vezes chamada apenas de controle financeiro.

    A Carta Magna deixa isso assente em seu art. 70, caput (A fiscalizao... ser exercida pelo Congresso Nacional, mediantecontrole externo...), transcrito anteriormente, e tambm no art. 71:

    Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, serexercido com o auxlio do Tribunal de Contas da Unio, ao qual compete:

    De fato, a expresso controle externo demonstra a principalcaracterstica do controle legislativo, realizado por rgo exgeno aos queadministram os recursos pblicos e que representa os interesses dosverdadeiros donos desses recursos, a sociedade.

    Portanto, na Constituio Federal, somente o controle exercido peloPoder Legislativo sobre a Administrao Pblica recebe a denominaode controle externo. Na esfera federal, o titular do controle externo oCongresso Nacional; no mbito dos Estados, o titular a AssembleiaLegislativa, enquanto nos Municpios, o controle externo cabe srespectivas Cmaras Municipais.

    Segundo a CF, o titular do controle externo o Poder Legislativo; na esfera federal,portanto, o titular o Congresso Nacional.

    A fim de possibilitar o exerccio do controle externo, a Carta Magnaconferiu ao Tribunal de Contas da Unio (TCU) a misso de auxiliar oCongresso Nacional, mediante a definio de competncias prprias eprivativas para a Corte de Contas (CF, art. 71).

    Cuidado com o termo auxiliar, que pode levar a interpretaes errneas. O TCU no subordinado hierarquicamente ao CongressoNacional! No exerccio do controle externo, a Constituio reservou aoTCU atividades de cunho tcnico, como a realizao de auditorias e oexame e julgamento da gesto dos administradores pblicos. O CongressoNacional, embora titular do controle externo, no pode exercer nenhumadas atribuies conferidas exclusivamente Corte de Contas. No campodo controle externo, cabe ao Parlamento atividades de cunho poltico,tambm previstas na Constituio, sem qualquer relao administrativa,hierrquica ou mesmo de coordenao com o Tribunal de Contas. Como sev, ambos atuam em vertentes diferentes do controle externo.

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    Assim, por exemplo, o Congresso Nacional no tem competncia pararealizar diretamente uma auditoria contbil em um Ministrio do GovernoFederal. Deve solicit-la ao TCU. Este, por sua vez, no realizar areferida fiscalizao por causa de uma eventual subordinao aoCongresso, e sim porque tal atividade da sua competncia privativa,conferida diretamente pela Constituio (CF, art. 71, IV), conformeveremos adiante.

    Pelo que foi dito, pode-se perceber que, no mbito federal, ossujeitos ativos do controle externo, isto , os rgos que exercem asaes de fiscalizao, so: o Congresso Nacional, na qualidade de titulardo controle; e o TCU, com competncias prprias e privativas para auxiliaro Congresso, mas sem lhe ser subordinado.

    Por sua vez, os sujeitos passivos do controle externo, isto , osagentes que sofrem as aes de controle, so todos que, de algumamaneira, administrem recursos pblicos, no importa se pessoa fsica oujurdica, pblica ou privada, da administrao direta ou da indireta, doPoder Legislativo, Executivo ou Judicirio. A condio para que se assumao dever de prestar contas ao controle externo a gesto de recursospblicos, conforme disposto no art. 70, pargrafo nico da CF:

    Art. 70 (...)

    Pargrafo nico. Prestar contas qualquer pessoa fsica ou jurdica,pblica ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administredinheiros, bens e valores pblicos ou pelos quais a Unio responda, ou que,em nome desta, assuma obrigaes de natureza pecuniria.

    O objeto do controle legislativo de carter financeiro so os atosadministrativos que envolvam receitas e despesas pblicas. Aocontrole externo compete examinar se tais atos foram praticados emconformidade com a lei e com os princpios administrativos, ou, ainda, seatenderam aos objetivos dos planos e programas de governo.

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    Economicidade

    Analisa a relao custo/benefcio

    da despesa pblica, isto , se o

    gasto foi realizado com

    minimizao dos custos e sem

    comprometimento dos padres

    de qualidade.

    Verificar se o preo dos livros est de

    acordo com os referenciais de

    mercado ou, na falta, se o valor pago

    razovel, compatvel com a

    natureza e a qualidade da

    publicao.

    Alm desses aspectos, a Constituio determina expressamente afiscalizao da aplicao das subvenes e da renncia de receitas,cujo exame envolve avaliaes de legalidade, legitimidade eeconomicidade.

    Subvenes, de acordo com a Lei 4.320/1964, so transferncias derecursos oramentrios destinadas a cobrir despesas de custeio dasentidades beneficiadas. Classificam-se em subvenes sociais quandodestinadas a rgos ou entidades de carter assistencial, cultural ou deeducao; e em subvenes econmicas, quando se destinam a cobrirdficits de empresas pblicas ou privadas de carter industrial,comercial, agrcola ou pastoril. Assim, os beneficirios devero prestarcontas da aplicao das subvenes recebidas, sujeitando-se devidafiscalizao dos rgos de controle.

    Renncia de receita, nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal,envolve benefcios que impliquem reduo discriminada de tributos, taiscomo anistia, remisso, concesso de iseno em carter no geral,alterao de alquota ou alterao de base de clculo. Assim, o PoderLegislativo, com o auxlio do Tribunal de Contas, deve fiscalizar os rgose entidades que tenham atribuio de conceder, gerenciar ou utilizarrecursos provenientes de renncia de receita.

    12. (Cespe MPTCDF 2013) Em relao ao controle externo exercido pelo Congresso Nacional, a fiscalizao financeira diz respeito ao acompanhamento da execuo do oramento e da verificao dos registros adequados nas rubricas oramentrias.

    Comentrio: O acompanhamento da execuo do oramento e a verificao dos registros adequados nas rubricas oramentrias objeto da fiscalizao oramentria. J a fiscalizao financeira diz respeito ao controle da arrecadao de receitas e da execuo de despesas, por meio do

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    acompanhamento dos depsitos bancrios, dos pagamentos efetuados, dos ingressos dos valores etc.

    Gabarito: Errado

    13. (Cespe AFT 2013) O controle da administrao realizado pelo Poder Legislativo com o auxlio do TCU abrange o denominado controle de economicidade, pelo qual se verifica se o rgo pblico procedeu da maneira mais econmica na aplicao da despesa, atendendo adequada relao de custo-benefcio.

    Comentrio: O controle de economicidade relaciona-se noo de racionalidade e eficincia na realizao da despesa pblica. Deve-se buscar no apenas gastar menos, mas gastar bem, adquirindo bens e servios de qualidade, na quantidade necessria (nem mais, nem menos) e a preos compatveis com o mercado.

    Gabarito: Certo

    O controle legislativo s pode ocorrer nas hipteses, nas situaes enos limites diretamente previstos na Constituio Federal. Nesse sentido,a CF prev, no mbito do controle externo, atribuies que so decarter poltico e, por isso, exclusivas das casas legislativas(controle parlamentar direto); e atribuies de carter tcnico,exclusivas do Tribunal de Contas (controle tcnico). Vamos estud-las, ento!

    CONTROLE PARLAMENTAR DIRETO

    Existem algumas atribuies relacionadas ao controle externo queso exercidas diretamente pelo Poder Legislativo, o conhecido controleparlamentar direto ou controle poltico.

    O controle parlamentar direto ou poltico, a exemplo do controlejudicial, decorre da estrutura de diviso de poderes, ou sistema defreios e contrapesos, para restringir e limitar o poder dos governantes.Assim, o Legislativo o responsvel por aprovar as polticas pblicas, bemcomo as regras para a arrecadao de receitas e a programaooramentria da execuo das despesas, as quais devem ser seguidas eexecutadas majoritariamente pelo Poder Executivo, mas tambm pelosresponsveis pelas unidades administrativas dos demais Poderes,obedecendo aos princpios da legalidade, legitimidade e economicidade.Buscando o equilbrio entre os Poderes, a Constituio definiu que a

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    prestao de contas deve ser feita ao mesmo Poder que definiu as regras,o Legislativo, que o titular de controle externo.

    Como veremos, nem todas as atribuies do controle parlamentardireto esto relacionadas ao controle externo financeiro. Muitas soatribuies essencialmente polticas, e no necessariamente envolvem oexame das receitas e despesas pblicas, a exemplo da aprovao danomeao de autoridades.

    Dentre as atribuies do controle parlamentar, o art. 49 da CFenumera que da competncia exclusiva do Congresso Nacional:

    V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem dopoder regulamentar ou dos limites de delegao legislativa;

    IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente daRepblica e apreciar os relatrios sobre a execuo dos planos de governo;

    X fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suasCasas, os atos do Poder Executivo, includos os da administrao indireta;

    Quanto ao inciso V, cumpre salientar que a competncia para asustao do ato normativo produzido pelo Executivo que exceda doslimites de sua competncia do Congresso Nacional (no do Senado ouda Cmara). Alm disso, h alguns pontos que merecem ateno:

    o Congresso Nacional pode sustar os atos normativos advindos do PoderExecutivo que exorbitem do poder regulamentar. No h que se falar emanulao, que s poderia ser feita pela prpria Administrao (autotutela)ou pelo Judicirio (controle judicial);

    os atos normativos que podem ser sustados so os do Poder Executivo(no do Judicirio). Lembrando que a CF atribui ao Poder Executivo, porintermdio do Presidente da Repblica, a competncia privativa paraeditar decretos e regulamentos visando assegurar a fiel execuo das leis(art. 84, IV), assim como para editar decretos autnomos sobre aorganizao e funcionamento da administrao federal, quando no implicaraumento de despesa nem criao ou extino de rgos pblicos e sobre aextino de cargos ou funes pblicas, quando vagos. Ademais, o art. 68da CF prev a possibilidade de o Presidente da Repblica editar aschamadas leis delegadas, mediante delegao do Congresso Nacional.Toda vez que, nessas situaes, o Executivo for alm de seus limitesquando da elaborao dos atos normativos, estar exorbitando do poderregulamentar, cabendo a sustao pelo Congresso Nacional.

    Prosseguindo no art. 49 da CF, o inciso IX se refere competnciado Congresso Nacional para julgar as contas do Presidente da

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    Repblica. Mais adiante, veremos que o Tribunal de Contas no julga ascontas do Chefe do Executivo, mas to s as aprecia, mediante a emissode parecer prvio. A competncia para julgamento das contas do Chefe doExecutivo, no caso federal, do Congresso Nacional, e constituiato poltico.

    Na hiptese de no apresentao das contas ao Congresso Nacional,no prazo de 60 dias aps a abertura da sesso legislativa, competnciaprivativa da Cmara dos Deputados (no do Congresso ou do Senado)proceder tomada de contas do Presidente da Repblica (CF, art. 51, II),sendo esse mais um exemplo de controle parlamentar.

    Quanto ao inciso X do art. 49, a doutrina aponta que a principalfinalidade do dispositivo explicitar que o controle da AdministraoPblica tambm uma funo tpica do Poder Legislativo, to importantequanto a funo de editar leis primrias.

    Uma das formas de efetivar esse controle de forma direta consiste naprerrogativa que as Casas do Congresso Nacional e suas comissespossuem de convocar autoridades para prestarem, pessoalmente,informaes sobre assunto previamente determinado ou na competnciadas Mesas da Cmara e do Senado para encaminhar pedidos escritosde informaes a essas autoridades. o que diz o art. 50 da CF:

    Art. 50. A Cmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer desuas Comisses, podero convocar Ministro de Estado ou quaisquertitulares de rgos diretamente subordinados Presidncia da Repblicapara prestarem, pessoalmente, informaes sobre assunto previamentedeterminado, importando crime de responsabilidade a ausncia semjustificao adequada.

    (...)

    2 - As Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federalpodero encaminhar pedidos escritos de informaes a Ministros deEstado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo,importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o no -atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestao deinformaes falsas.

    Outra atribuio de controle parlamentar direto refere-se competncia do Senado Federal para processar e julgar as seguintesautoridades nos crimes de responsabilidade: o Presidente e o Vice-Presidente da Repblica, bem como os Ministros de Estado e os

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    Comandantes da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica, nos crimes damesma natureza conexos com aqueles; os Ministros do STF; os membrosdo Conselho Nacional de Justia e do Conselho Nacional do MinistrioPblico; o Procurador-Geral da Repblica e o Advogado-Geral da Unio(CF, art. 52).

    Ademais, competncia do Senado Federal aprovar previamente,por voto secreto, aps arguio pblica, a escolha de determinadosmagistrados e ministros do TCU, de Governador de Territrio, dopresidente e diretores do Banco Central, do Procurador-Geral da Repblicae de outras autoridades que a lei estabelea (CF, art. 52, III).

    Uma conhecida e importante ferramenta utilizada pelo PoderLegislativo no controle da Administrao Pblica a instaurao dasComisses Parlamentares de Inqurito (CPI). As CPI possuempoderes de investigao prprios de autoridades judiciais para apuraode fato determinado e por prazo certo. Suas concluses, se for o caso,sero encaminhadas ao Ministrio Pblico para que promova aresponsabilizao civil ou criminal dos infratores (CF, art. 58, 3).

    3 - As comisses parlamentares de inqurito, que tero poderes deinvestigao prprios das autoridades judiciais, alm de outros previstos nosregimentos das respectivas Casas, sero criadas pela Cmara dos Deputados epelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, medianterequerimento de um tero de seus membros, para a apurao de fatodeterminado e por prazo certo, sendo suas concluses, se for o caso,encaminhadas ao Ministrio Pblico, para que promova a responsabilidade civilou criminal dos infratores.

    Por fim, cabe destacar as atribuies da Comisso Mista de Planos,Oramentos Pblicos e Fiscalizao (CMO), que examina e emiteparecer sobre as contas do Presidente da Repblica e sobre os planos eprogramas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituio,assim como exerce o acompanhamento e a fiscalizao oramentria, semprejuzo da atuao das demais comisses do Congresso Nacional e desuas Casas (CF, art. 166, 1).

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    14. (Cespe TCE/ES 2012) Compete exclusivamente Cmara dos Deputados suspender os atos dos Poderes Executivos federal, estadual e municipal caso estes tenham exorbitado os limites do poder regulamentar das leis expedidas pelos respectivos rgos legislativos.

    Comentrio: A questo trata do controle parlamentar/poltico exercido sobre a Administrao Pblica diretamente pelos rgos do Poder Legislativo. A competncia para sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegao legislativa do Congresso Nacional e no da Cmara dos Deputados isoladamente, nos termos do art. 49, V da CF. Ademais, o Congresso Nacional, quando for o caso, somente pode sustar os atos do Poder Executivo federal, jamais do estadual, municipal ou distrital. Nessas esferas, a competncia das Assembleias Legislativas, das Cmaras Municipais ou da Cmara Legislativa no caso do DF. Portanto, o quesito est incorreto.

    Gabarito: Errado

    15. (Cespe TCU 2010) Considerando as normas constitucionais relativas a controle externo, julgue o item a seguir: o Supremo Tribunal Federal no se sujeita a controle externo exercido pelo Congresso Nacional.

    Comentrio: Os rgos administrativos de todos os poderes constitudos incluindo, portanto, o Judicirio no qual est inserido o STF so sujeitos passivos do controle externo, cujo sujeito ativo, no mbito federal, o Congresso Nacional, auxiliado pelo TCU (CF, art. 70 e 71). Mas lembre-se: somente as funes administrativas, ou seja, as que envolvem receitas e despesas de recursos pblicos, tais como aquisio de bens, contratao de servios, admisso de pessoal etc., esto sujeitas ao controle externo. Assim, uma deciso do STF tomada no exerccio de suas atribuies tpicas, como no julgamento de uma ADIN, no se sujeita ao controle externo do Congresso ou do TCU.

    Gabarito: Errado

    16. (Cespe TCDF 2014) O controle legislativo tanto poltico quanto financeiro. O controle financeiro, no mbito parlamentar, exercido por meio de suas casas e respectivas comisses. H comisses permanentes e temporrias, entre as quais as CPIs. No caso do DF, cabe precipuamente Comisso de Economia, Oramento e Finanas da Cmara Legislativa (CLDF) fiscalizar a execuo oramentria e financeira.

    Comentrio: Afirmativa correta. Trata-se da comisso permanente

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    constituda na CLDF equivalente Comisso Mista de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao (CMO) do Congresso Nacional, responsvel pelo acompanhamento e a fiscalizao do oramento pblico.

    Importante ressaltar que o controle legislativo precipuamente de carter poltico, mas tambm contempla atividades de controle financeiro, como quando susta despesas no autorizadas e quando exerce o acompanhamento e a fiscalizao da execuo oramentria e financeira por intermdio da comisso permanente.

    Gabarito: Certo

    17. (Cespe MPU 2013) No exerccio do controle legislativo, compete ao Senado Federal, em carter privativo, sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar, bem como os contratos que padeam de ilegalidade, neste ltimo caso mediante solicitao da Comisso Mista de Oramento do Congresso Nacional.

    Comentrio: A competncia para sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (CF, art. 49, V), bem como os contratos administrativos que padeam de ilegalidade (CF, art. 71, 1) do Congresso Nacional, e no do Senado Federal. Ademais, a sustao de contratos pelo Congresso ocorre aps a comunicao do Tribunal de Contas, e no da Comisso Mista de Oramento (CF, art. 71, IX, X e 1).

    Gabarito: Errado

    CONTROLE EXERCIDO PELO TRIBUNAL DE CONTAS

    Vimos que, segundo o modelo estabelecido pela Constituio Federal,o Congresso Nacional o titular do controle externo praticado sobre aAdministrao Pblica Federal. Mas, para que esse controle seja efetivo, aConstituio estabelece que o Parlamento deve contar com o auxliotcnico indispensvel do Tribunal de Contas da Unio, que, mediantesua ao fiscalizadora, o chamado controle tcnico, de cartercontbil-financeiro, busca garantir que a Administrao arrecade, gastee administre os recursos pblicos dentro dos limites da lei e do interessegeral.

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    O Tribunal de Contas da Unio (assim como os demais tribunais decontas do Pas) rgo administrativo que auxilia tecnicamente o PoderLegislativo no controle externo da gesto pblica, sem, porm lhe sersubordinado ou pertencer sua estrutura. A Carta Magna assegura aoTCU, inclusive, autonomia funcional, administrativa, financeira eoramentria, garantindo-lhe quadro prprio de pessoal (CF, art. 73), eestendendo-lhe, no que couber, as atribuies relativas auto-organizao do Poder Judicirio, previstas no art. 96 da CF, como elaborarseu Regimento Interno, organizar sua Secretaria e propor,privativamente, projetos de lei relativos sua organizao interna.

    O Tribunal de Contas da Unio um rgo colegiado, composto pornove Ministros 13 , os quais se equiparam, em termos de garantias,prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens, aos Ministros doSuperior Tribunal de Justia (CF, art. 73, 3).

    importante salientar que o TCU, apesar de ser um Tribunal e deseus Ministros se equipararem aos Ministros do STJ, no pertence aoPoder Judicirio e, por conseguinte, no exerce jurisdio, isto , nodecide com definitividade o direito aplicvel a um caso concreto litigioso.Suas decises possuem natureza administrativa e, como tal, podem serobjeto de impugnao perante o Poder Judicirio em caso deirregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade.

    O TCU tampouco, como j destacado, pertence ao Poder Legislativo,apesar de auxiliar o Congresso Nacional no controle externo daAdministrao Pblica. De fato, o TCU no est subordinadohierarquicamente a nenhum dos trs Poderes: o Presidente do TCU nodeve obedincia ao Presidente do Congresso Nacional, titular do controleexterno, e muito menos ao Presidente do STF ou ao Presidente daRepblica. Similarmente, o Presidente de um Tribunal de Contas Estadualtambm no responde ao Presidente da Assembleia Legislativa ou aoGovernador do Estado, tampouco ao Presidente do TCU.

    Por outro lado, da mesma forma que o Ministrio Pblico, o TCUtambm no constitui, por si s, um Poder. Diz-se que a tripartioclssica dos Poderes do Estado Executivo, Legislativo e Judicirio no suficiente para abarcar o perfil de instituies como o TCU e o MinistrioPblico, rgos de estatura constitucional que possuem competncias

    13 Diversamente, os demais Tribunais de Contas do Pas so compostos por sete Conselheiros (CF, art. 75,pargrafo nico).

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    prprias e privativas, sem estarem ligados hierarquicamente a nenhumdos trs poderes clssicos.

    As principais competncias do TCU relacionadas ao controle externoesto expressas nos incisos do art. 71 da Constituio Federal.Ressalte-se que tais competncias so prprias e privativas do TCU, oque denota sua independncia em relao ao Congresso. Vamos, de formasucinta, estudar as competncias da Corte de Contas mais relevantes parao nosso objetivo. Lembrando que, em vista do princpio da simetria, taiscompetncias tambm so exercidas pelos demais tribunais de contas doPas.

    Emitir parecer prvio sobre as contas do Presidente da Repblica

    I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repblica, mediante parecer prvio que dever ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

    O TCU aprecia no julga! - as contas anuais do Presidente daRepblica e emite parecer prvio. O prazo para emisso do parecerprvio de at 60 dias a contar do recebimento das contas peloTribunal.

    Por fora do art. 49, IX da CF, compete privativamente aoCongresso Nacional o julgamento das contas do Presidente daRepblica. O TCU, saliente-se, somente as aprecia e emite parecer prvio.

    Quem julga as contas do Presidente daRepblica o Congresso Nacional.

    O TCU apenas emite parecer prvio.

    As contas prestadas pelo Presidente da Repblica constituem aschamadas contas de governo, de natureza poltica, que propicia umaviso macro do desempenho da economia e das polticas sociais, emconfronto com as normas constitucionais, legais e regulamentares.

    O parecer prvio emitido pelo TCU pode ser pela aprovao, com ousem ressalvas e recomendaes, ou pela rejeio das contas. Todavia,embora o parecer prvio seja conclusivo, meramente opinativo, novinculando o julgamento a cargo do Congresso Nacional.

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    19. (Cespe TCE/RS 2013) Cabe ao TCE/RS julgar as contas a serem prestadas anualmente pelo governador do estado e pelos prefeitos municipais, nos termos da Lei Orgnica do TCE/RS.

    Comentrio: O Tribunal de Contas no julga as contas do Chefe do Poder Executivo. Apenas emite parecer prvio. Quem julga o Poder Legislativo, nas respectivas esferas de governo, ou seja, Congresso Nacional (Presidente da Repblica), Cmara Legislativa (Governador de DF), Assembleias Legislativas (Governadores dos Estados) e Cmaras Municipais (Prefeitos dos Municpios).

    Gabarito: Errado

    20. (Cespe TCE/BA 2010) Cabe exclusivamente ao Congresso Nacional apreciar e julgar anualmente as contas de governo, consideradas em seu sentido mais amplo.

    Comentrio: A exclusividade conferida pela Constituio ao Congresso Nacional refere-se apenas ao julgamento das contas do Presidente da Repblica (CF, art. 49, IX). Tambm as apreciam o TCU, que emite parecer prvio (CF, art. 71, I), e a Comisso mista de Senadores e Deputados (CMO), que emite parecer, na forma de projeto de Decreto Legislativo (CF, art. 166, 1, I). Portanto, a palavra apreciar torna o quesito incorreto.

    Gabarito: Errado

    21. (Cespe TCE/ES 2012) Uma das incumbncias do tribunal de contas do estado a emisso de parecer prvio sobre as contas de prefeito municipal, que dever ser aprovado ou rejeitado pela cmara municipal, sempre por maioria absoluta. Sendo divergente a posio dos vereadores, o parecer do tribunal deixar de prevalecer por deciso de trs quartos dos membros da cmara municipal.

    Comentrio: Primeiramente, cabe enfatizar que a competncia para emitir o parecer prvio sobre as contas de prefeito municipal do Tribunal de Contas responsvel pelo controle externo do Municpio, o qual, na maior parte dos casos, o Tribunal de Contas do Estado. Nos Estados da Bahia, Cear, Gois e Par, todavia, esse parecer compete ao respectivo Tribunal de Contas dos Municpios (rgo de controle externo estadual responsvel pelo controle externo de todos os Municpios do Estado), enquanto que nos Municpios do Rio de Janeiro e de So Paulo, o parecer prvio sobre as contas do Prefeito compete ao respectivo Tribunal de Contas Municipal. Em todos os casos, o julgamento das contas compete respectiva Cmara de Vereadores.

    Quanto assertiva, o erro est na expresso aprovado ou rejeitado pela cmara municipal, sempre por maioria absoluta, eis que o parecer prvio s poder ser rejeitado por deciso de dois teros dos membros da Cmara

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    importante saber que, como consequncia do julgamento dascontas, o TCU tem competncia para condenar o responsvel aressarcir o prejuzo causado ao errio (imputar dbito). O TCUtambm pode aplicar-lhe sanes, como a imposio de multa.

    Conforme o art. 73, 3 da CF, as decises do TCU de que resulteimputao de dbito ou multa tero eficcia de ttulo executivoextrajudicial. Isso significa que o dbito imputado (obrigao deressarcir o prejuzo) ou a multa aplicada podem ser levados diretamenteao Poder Judicirio para cobrana, em ao de execuo, semnecessidade de discusso prvia em uma ao judicial de conhecimento,como ocorre nas aes executrias em geral. Assim, em razo da fora dettulo executivo, se o responsvel no honrar no prazo a multa ou o dbitooriundos da deciso do TCU, a execuo judicial dessa dvida tende a sermais rpida.

    22. (CGU AFC 2012 ESAF) As contas de gesto do TCU so julgadas pela(o)

    a) Congresso Nacional.

    b) Cmara dos Deputados.

    c) Tribunal de Contas da Unio.

    d) Senado Federal.

    e) Supremo Tribunal Federal.

    Comentrio: O art. 71, II da CF, que trata do julgamento das contas de gesto, preceitua:

    Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, ser exercido com o auxlio do Tribunal de Contas da Unio, ao qual compete:

    II - julgar as contas dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens e valores pblicos da administrao direta e indireta, includas as fundaes e sociedades institudas e mantidas pelo poder pblico federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuzo ao errio pblico;

    Portanto, quaisquer contas de gesto que envolvam recursos pblicos federais so julgadas pelo TCU, inclusive as dele prprio, referentes s suas atividades administrativas (contratao de pessoal, aquisio de bens etc), cujos responsveis so os servidores da Secretaria e o Presidente do Tribunal. Por isso, correta apenas a alternativa c.

    Vale ressaltar que o 2 do art. 56 da LRF, que no foi suspenso pelo STF, determina que a Comisso Mista de Oramento (CMO) emita parecer

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    sobre as contas do TCU.

    2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas ser proferido no prazo previsto no art. 57 pela comisso mista permanente referida no 1o do art. 166 daConstituio ou equivalente das Casas Legislativas estaduais e municipais.

    Perceba que o Poder Legislativo no julga as contas do Tribunal. A CMO apenas emite um parecer. Os gestores do TCU recebem quitao do prprio Tribunal e no do Congresso Nacional. E o TCU no precisa aguardar o parecer da CMO para julgar suas prprias contas, pois esse parecer no vincula o julgamento. Na verdade, ante a suspenso do caput do art. 56, no tem qualquer funo prtica. O que acaba acontecendo que o TCU envia suas contas para a CMO quase que a "ttulo de conhecimento".

    Por fim, saliente-se que essa sistemtica (TC julga suas prprias contas) no necessariamente replicada nas demais esferas de governo. No DF, por exemplo, as contas do TCDF so julgadas pela Cmara Legislativa, conforme disposto na Lei Orgnica distrital. Nesse caso, o TCDF no se pronuncia sobre suas prprias contas. Seus gestores recebem quitao da Cmara Legislativa. E o parecer emitido pela comisso equivalente CMO possui uma funo mais efetiva, que subsidiar o julgamento a cargo do Parlamento. Cabe ressaltar que essa sistemtica (Legislativo julga as contas do TC) no segue o modelo estabelecido na CF (TC julga suas prprias contas), mas sua legitimidade e constitucionalidade foram reconhecidas pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.175/DF.

    H ainda o caso dos Tribunais de Contas dos Municpios, responsveis pelo controle externo dos municpios do Estado (existentes na BA, CE, GO e PA). Segundo entendimento do STF na ADI 687, tais tribunais, por serem rgos estaduais, devem prestar contas perante o Tribunal de Contas do Estado (responsvel pelo controle externo dos recursos estaduais), e no perante a Assembleia Legislativa. Dessa forma, por exemplo, os gestores do TC dos Municpios da Bahia devem prestar contas perante o TCE/BA, e no perante o prprio TC dos Municpios da Bahia ou Assembleia Legislativa, e assim sucessivamente.

    Gabarito: alternativa c

    23. (Cespe TRT10 2013) Ao Tribunal de Contas da Unio no cabe julgar as contas dos administradores de sociedades de economia mista e empresas pblicas, visto que a participao majoritria do Estado na composio do capital no transmuda em pblicos os bens dessas entidades.

    Comentrio: Por disposio constitucional expressa (CF, art. 70, caput) as entidades da administrao indireta esto sujeitas ao controle externo. H uma deciso antiga do STF que retirava as sociedades de economia mista

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    Apreciar para fins de registro significa que todo ato administrativoque tenha como objeto a admisso de pessoal ou a concesso deaposentadorias, reformas e penses somente se completar com orespectivo registro pelo TCU. Efetuado o registro, o ato confirmado; casocontrrio, o ato desconstitudo. Assim, se o Tribunal considerar ilegal aaposentadoria concedida a um servidor, por no preencher os requisitosde tempo de servio, por exemplo, o registro do ato ser negado e orgo de origem dever cessar o pagamento dos proventos.

    O TCU aprecia, para fins de registro, a legalidade dos atos deadmisso de pessoal, a qualquer ttulo, compreendendo as admissesde empregados pblicos, regidos pela Consolidao das Leis do Trabalho(CLT), da mesma forma que os servidores estatutrios, regidos pelaLei 8.112/1990. Na apreciao da legalidade dos atos de admisso depessoal, o TCU avalia, fundamentalmente, se foi obedecido o princpio doconcurso pblico e se no est havendo acumulao ilegal de cargos.

    As nomeaes para cargo em comisso e funo de confianaconstituem a nica exceo, sendo dispensadas da apreciao pelo TCUpara fins de registro em vista da precariedade do vnculo com aAdministrao, pois so de livre nomeao e exonerao. Vale ressaltar,contudo, que tais nomeaes somente no so submetidas a registro,mas continuam sujeitas s demais formas de fiscalizao doTribunal, como auditorias e inspees, pois, apesar de serem de livrenomeao e exonerao, devem observncia aos ditames constitucionais elegais.

    Por exemplo: vedada a nomeao para cargo em comisso deparentes at 3 grau da autoridade nomeante (Smula Vinculante n 13do STF). Alm disso, as nomeaes para cargo em comisso devemobservncia aos limites da LRF para gastos com pessoal. Assim, o TCUpode realizar uma auditoria em determinado rgo e verificar se asnomeaes para cargos de provimento em comisso esto ou no deacordo com essas regras, embora no aprecie tais nomeaes para fins deregistro.

    Quanto s concesses de aposentadorias, reformas e penses,o dispositivo somente alcana os benefcios que so pagos com recursosdo Tesouro Nacional aos servidores pblicos federais, civis e militares ouseus beneficirios. Assim, o TCU no aprecia as aposentadorias dosempregados pblicos das empresas pblicas e sociedades de economiamista, integrantes da administrao indireta, concedidas conta do

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    Detalhe interessante que esse prazo de cinco anos no aqueleprazo decadencial previsto na Lei 9.784/99. Trata-se apenas de um prazoque o STF considerou razovel para o TCU examinar a legalidade dos atosde concesso inicial de aposentadoria, reforma e penso sem anecessidade de contraditrio e ampla defesa prvios. Na falta de umprazo constitucional ou legal expresso, o STF arbitrou o perodo de cincoanos (tomando por analogia o prazo previsto na Lei 9.784/99, verdade).

    Como consequncia, o transcurso desse prazo razovel de cinco anosno implica decadncia da prerrogativa do TCU de efetuar o exame delegalidade do ato para fins de registro. Em outras palavras, o registro doato a cargo do TCU pode ser promovido a qualquer tempo, observando,porm, a necessidade de possibilitar contraditrio e ampla defesa apstranscorridos cinco anos entre a entrada do ato no TCU e a respectivaapreciao para fins de registro.

    O prazo decadencial de cinco anos previsto na Lei 9.784/99, poroutro lado, aplica-se anulao de atos sujeitos a registro pela prpriaAdministrao. Ressalte-se que aqui, de fato, diferentemente dasituao anterior, o prazo de decadncia previsto na lei.

    Para a Administrao, o prazo decadencial tem incio a partir dapublicao do registro no Tribunal de Contas. Antes da deciso doTribunal de Contas, no h que se falar em decadncia, pois no h atoperfeito, acabado. Assim, caso a Administrao queira anular determinadaaposentadoria concedida ilegalmente, tem at cinco anos para faz-lo,contados aps o registro do ato no Tribunal de Contas.

    De forma semelhante, se o Tribunal de Contas j tiver concedido oregistro e, com base no seu poder de autotutela, pretender rever deofcio essa deciso para considerar ilegal o ato que antes registroucomo legal -, ficar sujeito ao prazo decadencial de cinco anos.Saliente-se que, nesse caso, os princpios do contraditrio e da ampladefesa devero ser necessariamente observados, mediante a oitiva dobeneficirio do ato. Isso porque o ato de aposentadoria, reforma oupenso, com o registro efetuado pelo TCU, j estava perfeito, concludo,inexistindo qualquer motivo vlido para afastar a aplicao do referidoprazo decadencial.

    Em relao jurisprudncia relacionada apreciao de atos sujeitosa registro, vale ainda conhecer o teor da Smula n 6 do STF:

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    de pessoal. Dessa forma, correto afirmar que o Tribunal de Contas no precisa apreciar, para fins de registro, a referida nomeao. Lembre se, contudo, de que a nomeao do chefe de gabinete poder ser objeto das demais aes de controle empreendidas pelo Tribunal, como auditorias e inspees, pois, embora no sujeita a registro, deve observar uma srie de ditames constitucionais e legais, a exemplo do teto constitucional, limites com gastos de pessoal e proibio ao nepotismo.

    Gabarito: Certo

    25. (Cespe TCE/RO 2013) O ato inicial de concesso de aposentadoria de servidor do estado de Rondnia estar sujeito apreciao do TCE/RO, para fins de registro ou exame.

    Comentrio: O quesito est correto. O Tribunal de Contas aprecia a legalidade, para fins de registro, das concesses iniciais de aposentadorias, reformas e penses na administrao direta, autrquica e fundacional, ressalvadas as melhorias posteriores que no alterem o fundamento legal do ato concessrio inicial. No que tange s concesses iniciais, apenas no so submetidas a registro as aposentadorias dos empregados pblicos da administrao indireta concedidas conta do Regime Geral de Previdncia Social (empresas pblicas e sociedades de economia mista). Como o enunciado fala em servidor do estado, pode-se entender que se trata de servidor da administrao direta, cuja aposentadoria, portanto, est sujeita apreciao do Tribunal de Contas para fins de registro.

    Gabarito: Certo

    26. (Cespe TCDF 2014) A concesso de penso por morte de servidor do governo federal e os reajustes de seu valor, ainda que no alterem o fundamento legal do ato concessrio, devero ser apreciados pelo TCU.

    Comentrio: O item est errado. As alteraes posteriores que no alterem o fundamento legal do ato concessrio de aposentadoria e penso no so apreciadas para fins de registro pelo TCU (CF, art. 71, III).

    Gabarito: Errado

    27. (TCE/ES Auditor 2012 Cespe) De acordo com o entendimento do STF, seria constitucional lei ordinria estadual que determinasse que todos os contratos celebrados entre o governo do estado e as empresas particulares dependessem de registro prvio no tribunal de contas estadual.

    Comentrio: O TCU s aprecia, para fins de registro, atos de admisso de pessoal e de concesso de aposentadoria. Assim, em observncia ao princpio de simetria, lei estadual no pode prever o registro prvio de

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    questo. 3. Sequer h que se falar em ofensa aos princpios da segurana jurdica, da boa-f e da confiana, pois foi assegurado o ao recorrente o direito ao contraditrio e ampla defesa, fato apresentado na prpria inicial, uma vez que ele apresentou embargos de declarao e tambm pedido de reexame da deciso do TCU. 4. Agravo regimental no provido.

    Em suma: o ato de aposentadoria um ato administrativo complexo, que se aperfeioa com a apreciao de legalidade efetuada pelo Tribunal de Contas para fins de registro (CF, art. 71, III); portanto, antes da manifestao do controle externo, o ato ainda no est completo, razo pela qual no incide o prazo decadencial para sua anulao (afinal, tecnicamente, como se o ato ainda no existisse no mundo jurdico). Em consequncia, tambm no h prazo decadencial para a manifestao da Corte de Contas, que pode ser realizada a qualquer tempo, desde que observe o direito de defesa caso ultrapasse 5 anos desde a disponibilizao do ato para apreciao.

    importante lembrar, contudo, que o servidor recebe os proventos desde o momento em que a aposentadoria concedida pela Administrao (antes do registro no Tribunal de Contas, portanto), ou seja, o ato produz efeitos antes de sua formao estar completa. Tal efeito chamado de efeito prodrmico do ato, expresso que abrange os efeitos que podem surgir em atos complexos ou compostos antes da concluso dos respectivos ciclos de formao. O efeito prodrmico considerado um efeito atpico do ato (o efeito tpico da aposentadoria seria acarretar a vacncia do cargo e passar o servidor para a inatividade, o qual s ocorre, de fato, quando o Tribunal de Contas concede o registro do ato).

    Gabarito: Certo

    Aplicar sanes previstas em lei

    VIII - aplicar aos responsveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanes previstas em lei, que estabelecer, entre outras cominaes, multa proporcional ao dano causado ao errio;

    Este dispositivo atribui ao TCU a competncia para aplicar sanesaos seus jurisdicionados.

    As sanes impostas pelo TCU devem estar previstas em lei, emsentido estrito princpio da reserva legal. Assim, no pode oRegimento Interno do TCU, ou outra norma de natureza infralegal, criaralguma sano que no esteja prevista em lei aprovada pelo Legislativo.

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    A multa proporcional ao dano causado errio, previstadiretamente no texto constitucional, apenas uma das sanes quepodem ser impostas pelo Tribunal. A Constituio deixou espao para a leiprever outras cominaes, inclusive de carter no pecunirio. Com efeito,as seguintes sanes esto previstas na Lei Orgnica do TCU:

    Multa pecuniria;

    Inabilitao para o exerccio de cargo em comisso ou funo de confianana Administrao Pblica Federal, pelo perodo de 5 a oito anos;

    Declarao de inidoneidade para participar de licitao na AdministraoPblica Federal por at 5 anos.

    Alm disso, o Supremo Tribunal Federal reconhece a prerrogativa doTCU para adotar medidas cautelares, isto , aes preventivas com oobjetivo de neutralizar situaes lesivas ao errio, reais ou iminentes,ou, ainda, situaes que possam vir a obstruir o exerccio do controleexterno.

    A possibilidade da adoo de medidas cautelares pelo TCU no estprevista de forma expressa na Constituio. Todavia, segundo oentendimento do STF, tal prerrogativa decorre, por implicitude, dasatribuies que a Constituio expressamente outorgou ao Tribunal deContas (Teoria dos Poderes Implcitos)15.

    Na esfera de atuao do Tribunal de Contas da Unio, as seguintesmedidas cautelares podem ser adotadas:

    Afastamento temporrio do responsvel que possa retardar ou dificultar arealizao de auditoria ou inspeo;

    Decretao de indisponibilidade de bens do responsvel;

    Solicitao de providncias para o arresto de bens dos responsveisjulgados em dbito;

    Suspenso cautelar de ato ou procedimento impugnado.

    Ressalte-se que as medidas cautelares no so sanes, mas apenasprovidncias preventivas com o objetivo de possibilitar a efetiva apuraodo caso ou evitar algum prejuzo iminente ao errio ou ao interessepblico. Frequentemente, o TCU adota esse tipo de providnciaacautelatria quando, ao examinar o edital de procedimentos licitatriosainda no homologados, identifica indcios consistentes de irregularidades,como o possvel direcionamento do certame. Sendo o caso, o Tribunalpode determinar a suspenso cautelar da licitao para evitar a ocorrncia

    15 STF MS 24.510-7/DF

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    de um dano ao errio e tambm para ter condies de apurarcompletamente o indcio. Se a irregularidade for confirmada, a sim oTribunal poder aplicar as sanes cabveis (ex: multa, inabilitao dolicitante etc.) ou, caso possvel, determinar a correo do edital; por outrolado, se no houver a confirmao, o Tribunal tornar sem efeito acautelar, permitindo o prosseguimento normal do certame.

    Importante destacar que o Tribunal de Contas pode adotar medidascautelares inclusive sem a prvia oitiva da outra parte. Nesse caso, oexerccio do direito de defesa deve ser assegurado nas fases posterioresdo processo.

    29. (Cespe TCU 2009) A CF conferiu ao TCU a competncia para julgar as contas dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens e valores pblicos da administrao direta e indireta, porm no atribuiu a esse tribunal competncia para aplicar sanes aos responsveis quando constatada a ocorrncia de ilegalidade de despesa ou de irregularidade de contas, por se tratar de competncia exclusiva do Congresso Nacional.

    Comentrio: O art. 71, VIII da CF conferiu ao TCU a competncia para aplicar sanes aos responsveis quando constatar a ocorrncia de ilegalidade de despesa ou a irregularidade de contas. No obstante, lembre-se que as sanes impostas pelo Tribunal devem estar previstas em Lei.

    Gabarito: Errado

    30. (Cespe TCE/ES 2009) O TCU, no exerccio de sua misso constitucional de auxiliar o Congresso Nacional no controle externo, tem competncia para determinar a quebra de sigilo bancrio dos responsveis por dinheiros e bens pblicos.

    Comentrio: Segundo o entendimento do STF 16 , o TCU no possui competncia para determinar a quebra de sigilo bancrio de responsvel sujeito a sua jurisdio. Esse procedimento, em regra, da competncia do Poder Judicirio, podendo tambm ser determinado pelas Comisses Parlamentares de Inqurito (CPI), para subsidiar a apurao de ilcitos.

    Gabarito: Errado

    16 MS 22.934/DF

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    Assinar prazo para cumprimento da lei e sustar, se no atendido, a execuo do ato impugnado

    IX - assinar prazo para que o rgo ou entidade adote as providncias necessrias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

    X - sustar, se no atendido, a execuo do ato impugnado, comunicando a deciso Cmara dos Deputados e ao Senado Federal;

    1 - No caso de contrato, o ato de sustao ser adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitar, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabveis.

    2 - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, no efetivar as medidas previstas no pargrafo anterior, o Tribunal decidir a respeito.

    O dispositivo confere competncia ao TCU para, caso constateilegalidade em ato ou contrato que esteja em execuo (por exemplo,uma licitao em andamento ou um contrato em vigor), impor um prazopara que o rgo ou entidade, por intermdio dos seus administradores,adote providncias para o exato cumprimento da lei.

    As providncias adotadas pelo rgo ou entidade para o exatocumprimento da lei podem envolver a correo do ato ou contratoimpugnado, ou mesmo, a sua anulao.

    E se o responsvel no adotar as providncias determinadas peloTribunal? Nesse caso, os procedimentos diferem em relao a atos econtratos. Vejamos:

    Em caso de ato administrativo: o TCU susta a execuo do atoimpugnado, aplica multa ao responsvel e comunica a deciso Cmara dosDeputados e ao Senado Federal, separadamente.

    Em caso de contrato administrativo: o TCU aplica multa aoresponsvel e comunica o fato ao Congresso Nacional. Por sua vez, oCongresso Nacional susta, diretamente, o contrato e solicita, de imediato,ao Poder Executivo, as medidas cabveis.

    E se, no prazo de 90 dias, contados da comunicao do TCU, o CongressoNacional ou o Poder Executivo no efetivarem tais medidas, o Tribunal decidira respeito da sustao do contrato, ou seja, poder ele mesmo decretar asustao do ajuste.

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    O TCU susta, primariamente, apenas atosadm