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Aula 06 Controle Externo da Administração Pública p/ TCE-PE (Todos os Cargos) Com videoaulas Professor: Erick Alves

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  • Aula 06

    Controle Externo da Administrao Pblica p/ TCE-PE (Todos os Cargos) Comvideoaulas

    Professor: Erick Alves

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    Teoria e exerccios comentados

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    AULA 06

    Ol pessoal!

    Nosso objetivo nesta aula estudar uma importante norma, a Lei 8.429/1992, a conhecida Lei de Improbidade Administrativa.

    Para tanto, seguiremos o seguinte sumrio:

    SUMRIO

    Lei de improbidade administrativa ............................................................................................................................ 3

    Natureza das sanes ........................................................................................................................................................ 3

    Abrangncia ........................................................................................................................................................................... 7

    Declarao de bens .......................................................................................................................................................... 12

    Procedimento administrativo e processo judicial .............................................................................................. 13

    Prescrio ............................................................................................................................................................................ 17

    Atos de improbidade administrativa e respectivas sanes ..................................................................... 19

    Atos de improbidade que importam Enriquecimento Ilcito ......................................................................... 20

    Atos de improbidade que causam Prejuzo ao Errio ....................................................................................... 21

    Atos decorrentes de concesso ou aplicao indevida de benefcio financeiro ou tributrio ......... 23

    Atos que atentam contra os princpios da Administrao Pblica .............................................................. 25

    Questes de prova .............................................................................................................................................................. 29

    RESUMO DA AULA ........................................................................................................................................................... 48

    Jurisprudncia ..................................................................................................................................................................... 50

    Questes comentadas na Aula..................................................................................................................................... 54

    Gabarito ................................................................................................................................................................................... 62

    Para um melhor aproveitamento, recomendo acompanhar a aula com a Lei 8.429/1992 em mos, ok?

    Aos estudos!

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    LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

    A Lei 8.429/1992 dispe sobre as sanes aplicveis ao agente pblico, servidor ou no, em razo de atos de improbidade praticados contra a Administrao Pblica.

    Geralmente, associa-se o conceito de improbidade ao de moralidade. Em verdade, para os fins de aplicao da lei, o conceito de improbidade mais amplo, pois abrange no s atos desonestos ou imorais, praticados com ofensa aos princpios da Administrao Pblica, mas tambm atos ilegais em sentido estrito, ou seja, praticados com ofensa s regras positivadas em leis, normas e regulamentos. Alm disso, ato de improbidade pode referir-se no apenas a um ato administrativo, no sentido jurdico do termo, mas tambm a uma conduta ou mesmo a uma omisso.

    NATUREZA DAS SANES

    A punio para atos de improbidade administrativa est prevista na prpria Constituio Federal, em seu art. 37, 4:

    4 - Os atos de improbidade administrativa importaro a suspenso dos

    direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e o

    ressarcimento ao errio, na forma e gradao previstas em lei, sem prejuzo

    da ao penal cabvel.

    Nesse sentido, a Lei de Improbidade institui as sanes previstas na Constituio (quais sejam, suspenso dos direitos polticos, perda da funo pblica, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao errio) e, adicionalmente, relaciona outras tantas.

    Detalhe que, a rigor, nem todas as consequncias estabelecidas pela Lei 8.429/1992 so penalidades. Por exemplo, a indisponibilidade de bens, como veremos adiante, uma medida de natureza cautelar cuja finalidade no punir algum, e sim evitar que a pessoa se desfaa de seus bens a fim de frustrar uma eventual execuo judicial.

    Embora o ato de improbidade seja considerado um ilcito de ordem civil (e no de ordem penal), as sanes previstas na Lei 8.429/92 para penalizar a sua prtica so de natureza administrativa, civil e poltica. Vejamos (art. 12):

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    Perceba que a Lei de Improbidade no institui sanes penais. O ato de improbidade, em si, no constitui crime. Contudo, pode corresponder tambm, mas no necessariamente, a um crime definido em lei. Nesse caso, alm das penalidades previstas na Lei 8.429/92, o agente tambm responder na esfera penal, estando sujeito s penas nela cominadas. Ademais, um ato de improbidade pode corresponder, igualmente, a uma infrao disciplinar administrativa, hiptese na qual os respectivos processos (o de improbidade, o disciplinar e o penal, se for o caso), correro independentemente um do outro.

    Havendo a cumulao de instncias, aplicam-se as mesmas regras j estudadas, ou seja, a regra geral a independncia entre as instncias (o resultado da ao de improbidade no influencia o resultado da ao penal ou da administrativa, e vice-versa); porm, a esfera penal (somente ela) pode interferir nas demais instncias, nos casos em que houver condenao criminal (tambm acarreta a condenao nas esferas cvel e administrativa) ou absolvio penal por inexistncia do fato ou ausncia de autoria (tambm acarreta a absolvio nas demais esferas).

    No que se refere a crimes e sanes penais, a Lei de Improbidade apenas tipifica a representao por ato de improbidade contra agente pblico ou terceiro beneficirio, quando o autor da denncia o sabe

    inocente. Ou seja, nessa hiptese, o autor do crime a pessoa que oferece denncia sobre improbidade administrativa sabidamente infundada, e no o agente pblico que pratica ato de improbidade. O denunciante est sujeito a deteno de 6 a 10 meses e multa, bem como

    Perda da funo pblica Proibio de contratar com o Poder Pblico Proibio de receber benefcios fiscais ou creditcios

    Administrativa

    Perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimnio Ressarcimento ao errio Multa civil

    Civil

    Suspenso dos direitos polticosPoltica

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    a ter de indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou imagem que houver provocado (art. 19).

    As penalidades previstas na Lei de Improbidade so aplicadas independentemente de outras sanes penais, civis e administrativas previstas na legislao especfica. Assim, um agente pblico penalizado pelo Tribunal de Contas por ter causado prejuzo ao errio tambm pode ser punido pelo mesmo motivo no Judicirio, com fulcro na Lei de Improbidade Administrativa. O mesmo vale, como j assinalado, para eventuais cominaes na esfera penal ou, ainda, na esfera administrativa, conforme previsto na legislao do funcionalismo pblico de cada ente da federao.

    Ademais, a aplicao das sanes, em qualquer hiptese, independe (art. 21):

    Da efetiva ocorrncia de dano ao patrimnio pblico, salvo quanto pena de ressarcimento ao errio;

    Da aprovao ou rejeio das contas pelo rgo de controle interno ou pelo Tribunal de Contas.

    Por outro lado, o enquadramento na Lei de Improbidade Administrativa exige dolo ou culpa, ou seja, deve-se avaliar o elemento subjetivo da conduta do agente. Assim, por exemplo, o descumprimento de uma lei no pode ser classificado como ato de improbidade sem antes ser avaliada a inteno do transgressor e concluir-se pela presena de comportamento doloso ou culposo.

    Na verdade, o Superior Tribunal de Justia (STJ) possui jurisprudncia consolidada no sentido de que para que seja reconhecida a tipificao da conduta do ru como incurso nas previses da Lei de Improbidade

    Administrativa, necessria a demonstrao do elemento subjetivo,

    consubstanciado pelo dolo para os tipos previstos nos artigos 9 e 11 e, ao

    menos, pela culpa, nas hipteses do artigo 101.

    Portanto, exige-se dolo para os atos dos artigos 9 (enriquecimento ilcito), 10-A (concesso ou aplicao indevida de benefcio tributrio ou financeiro), 11 (violao dos princpios da Administrao Pblica), e dolo ou culpa para os do artigo 10 (prejuzo ao errio). Estudaremos esses artigos daqui a pouco.

    1 AgRg no AREsp 20.747/SP, Rel. Min. Benedito Gonalves.

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    A aplicao das sanes da Lei de Improbidade exige:

    Por fim, ressalte-se que o sucessor daquele que causar leso ao patrimnio pblico ou se enriquecer ilicitamente tambm est sujeito s cominaes de natureza patrimonial da Lei de Improbidade (ex: ressarcimento ao errio), at o limite do valor da herana (art. 8).

    1. (Cespe TCE/ES Procurador 2009) Os atos de improbidade administrativa, alm de infraes administrativas que podem levar perda do cargo pblico, correspondem, necessariamente, s infraes penais que tutelam as finanas do Estado.

    Comentrio: Primeiramente, preciso lembrar que as medidas punitivas previstas na Lei 8.429/92 so de natureza poltica, administrativa e civil. A Lei no prev sanes de ndole penal. Alis, a prpria norma constitucional (art. 37, 4) enftica nesse ponto: sem prejuzo da ao penal cabvel. No entanto, as condutas dos agentes pblicos que configuram ato de improbidade administrativa amoldam-se, quase sempre, a figuras penais especficas, previstas na legislao penal. A questo em comento erra ao afirmar que os atos de improbidade correspondem necessariamente s infraes penais que tutelam as finanas do Estado. Na verdade, podem corresponder, mas no necessariamente correspondem. A persecuo dessas figuras penais d-se na esfera criminal, independentemente da aplicao, ou no, em relao ao fato que simultaneamente configura ato de improbidade e crime, das sanes previstas na Lei 8.429/92.

    Gabarito: Errado

    Dolo

    Enriquecimento ilcito (art. 9)

    Violao dos princpios da Administrao Pblica

    (art. 11)

    Concesso indevida de benefcio tributrio ou financeiro (art. 10-A)

    Dolo ou culpa

    Prejuzo ao errio (art. 10)

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    2. (Cespe Suframa 2014) A ao de improbidade que vise ressarcir integralmente o patrimnio pblico da leso ocorrida poder importar na indisponibilidade dos bens do servidor que praticou o ato de forma dolosa. No entanto, caso o ato tenha sido praticado de forma culposa, o servidor no poder responder patrimonialmente, uma vez que estar configurada a culpa in eligendo da administrao pblica, a contratante.

    Comentrio: No caso de ato de improbidade que tenha provocado prejuzo ao errio, a responsabilizao do agente pode ocorrer se ele tiver agido com dolo ou culpa, da o erro. Por outro lado, nas hipteses de enriquecimento ilcito, concesso de benefcio tributrio indevido e de violao dos princpios da Administrao Pblica, a responsabilizao por improbidade administrativa s existe em caso de dolo, mas no de culpa.

    Gabarito: Errado

    3. (Cespe TCDF 2014) O herdeiro de deputado distrital que tenha, no exerccio do mandato, ocasionado leso ao patrimnio pblico e enriquecido ilicitamente est sujeito s cominaes da Lei de Improbidade Administrativa, mas somente at o limite do valor da herana recebida.

    Comentrio: Os sucessores se sujeitam s cominaes de natureza patrimonial da Lei de Improbidade Administrativa, a exemplo do ressarcimento ao errio e da perda dos bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimnio. Detalhe que a responsabilidade dos sucessores se limita ao valor da herana recebida.

    Gabarito: Certo

    ABRANGNCIA

    A Lei de Improbidade Administrativa alcana a Administrao direta e indireta de qualquer dos Poderes, em todos os entes da Federao (Unio, Estados, Municpios), ou seja, trata-se de uma lei de carter nacional.

    Como visto, a Lei estabelece sanes para os agentes pblicos que praticarem atos de improbidade administrativa. Tais agentes so considerados os sujeitos ativos dos atos de improbidade administrativa, exatamente por serem as pessoas que podem praticar tais atos.

    Para os efeitos da Lei, considera-se agente pblico todo aquele que exerce mandato, cargo, emprego ou funo na Administrao Pblica, ainda que transitoriamente ou sem remunerao, por qualquer forma de investidura, inclusive eleio.

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    O conceito bastante amplo, podendo-se dizer que qualquer sujeito que exera uma funo estatal deve ser considerado agente pblico para os fins da Lei de Improbidade, compreendendo no apenas os servidores estatais (titulares de cargos pblicos efetivos ou em comisso e empregados pblicos), mas ainda os agentes polticos e mesmo particulares em colaborao com o Estado.

    Portanto, para os fins da Lei de Improbidade, agente pblico gnero no qual se encontram as seguintes espcies:

    Agentes polticos 2 : so os titulares de cargos estruturais organizao poltica do pas; o vnculo que entretm com o Estado de natureza poltica, isto , no profissional; submetem-se ao regime estatutrio definido primordialmente pela prpria Constituio. So exemplos: Chefes do Executivo, Ministros e Secretrios, Senadores, Deputados e Vereadores;

    Agentes estatais: so tanto os servidores pblicos quanto os empregados pblicos; o vnculo que possuem com o Estado possui natureza profissional;

    Particulares em colaborao com o Poder Pblico: so todos os que firmam com o Estado um vnculo jurdico, pouco importa se por breve tempo ou em situao de estabilidade. So exemplos os requisitados a exercerem alguma atividade pblica, tal como os mesrios e os convocados ao servio militar, alm de notrios, tabelies e registradores.

    Mas a lei vai alm, e aplica-se, no que couber, ao terceiro que, mesmo no sendo agente pblico, induza ou concorra para a prtica de ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma, direta ou indireta.

    Assim, no preciso ser servidor pblico ou ter algum vnculo jurdico com o Estado para enquadrar-se nas hipteses da Lei de Improbidade. Ademais, o terceiro no precisa necessariamente obter vantagem pessoal para estar sujeito Lei: basta que induza ou concorra para a prtica de ato de improbidade. So exemplos as pessoas representantes de empresas privadas que atuam em conluio com agente pblico para fraudar licitao.

    Importante ressaltar que o terceiro apenas se submete Lei de Improbidade se algum agente pblico tambm estiver envolvido no ato, vale dizer, a pessoa sem vnculo com o Poder Pblico jamais pode praticar um ato de improbidade isoladamente. Com efeito, a Lei 8.429/92 s prev as

    2 Em 2007, na Rcl 2.138, o STF decidiu que a Lei de Improbidade no se aplica aos agentes polticos sujeitos ao regime de crime de responsabilidade, quais sejam, Presidente da Repblica, Ministros de Estado, Procurador-Geral da Repblica, Ministros do STF, Governadores e Secretrios de Estado. A Lei se aplicaria apenas aos agentes polticos no sujeitos a esse regime, a exemplo dos parlamentares de um modo geral e dos prefeitos. Esse entendimento, contudo, tem sido superado pela jurisprudncia mais atual, especialmente do STJ, que vem admitindo a sujeio de todos os agentes polticos Lei 8.429/92, conforme veremos adiante.

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    seguintes hipteses em que o terceiro poder ser responsabilizado por improbidade administrativa3:

    A pessoa induz um agente pblico a praticar ato de improbidade;

    Ela pratica um ato de improbidade junto com um agente pblico, isto , concorre para a prtica do ato;

    Ela se beneficia de um ato de improbidade praticado por um agente pblico.

    claro que, se o terceiro prejudicar o patrimnio pblico isoladamente, estar sujeito s sanes civis e penais cabveis, mas no poder ser penalizado com base na Lei de Improbidade Administrativa.

    Questo extremamente controversa na doutrina e na

    jurisprudncia diz respeito aplicao da Lei de

    Improbidade Administrativa aos agentes polticos.

    A dvida consiste em saber se o regime prprio de responsabilidade a que se

    submetem alguns agentes polticos (Presidente da Repblica; Ministros de Estado;

    Procurador-Geral da Repblica; Ministros do STF; Governadores; Secretrios de

    Estado), regido Lei 1.079/1950 (Lei dos Crimes de Responsabilidade), teria o condo de

    afastar a Lei de Improbidade. Afinal, so regimes de responsabilidade bastante

    parecidos, o que poderia resultar num bis in idem.

    Outro aspecto duvidoso reside no foro competente para processar e julgar aes

    de improbidade envolvendo agentes polticos que possuem foro privilegiado nas aes

    penais comuns e nos crimes de responsabilidade (ex: Presidente da Repblica, Vice-

    Presidente, Ministros de Estado, membros do Congresso Nacional, Procurador-Geral da

    Repblica, membros de Tribunais Superiores, do TCU, chefes de misso diplomtica

    permanente). Enfim, o foro privilegiado tambm seria ou no aplicvel s aes de

    improbidade que, normalmente, so instauradas perante o juzo de primeiro grau?

    3 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 961).

    Sujeitos ativos dos atos de improbidade

    Agente pblico, ainda que transitoriamente ou sem remunerao. Inclui agentes polticos

    Terceiro que induza ou concorra para a prtica de ato de improbidade (deve haver participao de agente pblico)

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    Na jurisprudncia, o tema no pacfico.

    No obstante, encontram-se decises recentes do STF e do STJ no sentido de que

    a Lei de Improbidade Administrativa aplica-se sim aos agentes polticos e que a

    respectiva ao deve ser processada e julgada perante o juzo de primeiro grau. Pode-

    se dizer que essa posio vem prevalecendo, embora ainda no esteja consolidada.

    Para resumir o assunto, segue uma sntese das posies jurisprudenciais ora

    existentes4. As ementas das decises citadas se encontram no final da aula:

    1) No existe foro por prerrogativa de funo em aes de improbidade

    administrativa (posio majoritria do STF e do STJ, que vem sendo adotada na maioria

    das questes de prova) (STJ: Rcl 12.514/MT; STF: RE 444.042/SP; RE 590.136/MT)

    2) O STJ entende que os prefeitos podem responder por improbidade

    administrativa e tambm pelos crimes de responsabilidade do Decreto-Lei 201/67. A

    ao de improbidade administrativa contra os prefeitos ser julgada em 1 instncia

    (REsp 1.066.772/MS).

    3) O STJ j decidiu que os agentes polticos se submetem Lei de Improbidade

    Administrativa, com exceo do Presidente da Repblica. Para o STJ, possvel que os

    agentes polticos respondam pelos crimes de responsabilidade da Lei 1.079/50 e

    tambm por improbidade administrativa (Rcl 2.790/SC).

    4) Para o STJ, a ao de improbidade administrativa deve ser processada e julgada

    em 1 instncia, ainda que tenha sido proposta contra agente poltico que tenha foro

    privilegiado no mbito penal e nos crimes de responsabilidade (Rcl 12.514/MT)

    5) O STF j decidiu, em 2007, que os agentes polticos sujeitos aos crimes de

    responsabilidade da Lei 1.079/50 no respondem por improbidade administrativa

    (Rcl 2.138/DF). Existe uma grande probabilidade de que a atual composio da Corte

    modifique esse entendimento.

    6) O STF j decidiu, em 2008, que a competncia para julgar ao de improbidade

    administrativa proposta contra Ministro do STF do prprio STF (Pet 3.211/DF QO).

    Enfim, para a prova, importante guardar o entendimento que vem prevalecendo

    atualmente (item 1 acima), mas tambm saber que existem os demais, pois podem ser

    cobrados. As bancas, em geral, no tm utilizado um entendimento uniforme,

    conforme veremos nas questes comentadas.

    4 Sntese adaptada do site www.dizerodireito.com.br

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    Os agentes pblicos e os terceiros sujeitam-se s sanes previstas na lei pela prtica de atos de improbidade contra o patrimnio dos rgos e entidades indicados no art. 1, abrangendo a administrao direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados,

    do Distrito Federal, dos Municpios, de Territrio, de empresa

    incorporada ao patrimnio pblico.

    Dessa forma, estar sujeito Lei 8.429/92 o agente pblico que praticar ato de improbidade, por exemplo, contra o patrimnio de uma autarquia municipal, de um Tribunal do Judicirio Estadual ou de uma empresa pblica federal.

    Ademais, sero punidos na forma da lei os atos de improbidade praticados contra entidade privada da qual o errio participe com mais de 50% do patrimnio ou da receita anual. Se a participao de dinheiro pblico no patrimnio ou receita da empresa privada for menor que 50% ou, ainda, se a empresa receber subveno, benefcio ou incentivo, fiscal ou creditcio, de rgo pblico, a Lei de Improbidade tambm aplicvel; porm, nesses casos, a sano patrimonial limita-se repercusso do ilcito sobre a contribuio dos cofres pblicos. O que ultrapassar esse montante, a entidade ter de pleitear por outra via que no a ao civil pblica de que trata a Lei de Improbidade Administrativa (art. 1, pargrafo nico).

    Os rgos e entidades que podem ser vtimas dos atos de improbidade so os sujeitos passivos desses atos. Vamos resumi-los a seguir:

    Sujeitos passivos dos atos de improbidade

    Administrao direta e indireta, de todos os Poderes e entes da Federao

    Empresa incorporada ao patrimnio pblico

    Entidade privada da qual o errio participe com mais de 50% do patrimnio ou da receita anual

    Entidade privada da qual o errio participe com menosde 50% do patrimnio ou da receita anual (sano limita-

    se contribuio do Poder Pblico)

    Entidade privada que receba subveno, benefcio ou incentivo, fiscal ou creditcio, de rgo pblico (sano

    limita-se contribuio do Poder Pblico)

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    4. (Cespe TCU 2008) Slvio, empresrio, concorreu para a prtica de ato de improbidade, enriquecendo ilicitamente. Nesse caso, mesmo no sendo agente pblico, ser atingido pelas disposies da Lei de Improbidade. Assim, aps sua morte, seus sucessores estaro sujeitos s cominaes da Lei de Improbidade at o limite do valor da herana.

    Comentrio: As disposies da Lei de Improbidade Administrativa so aplicveis, no que couber, a todo aquele que, mesmo no sendo agente pblico, induza ou concorra para a prtica de ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta (art. 3). Perceba que, necessariamente, deve haver participao de agente pblico para que o particular possa ser condenado por ato de improbidade (induza ou concorra). Se a responsabilidade pela conduta for exclusivamente do particular, a reparao do dano deve ser enquadrada em outra lei. Na situao apresentada pelo quesito, o empresrio concorreu, isto , contribuiu com agente pblico para a prtica de ato de improbidade, enriquecendo ilicitamente. Portanto, ser sim atingido pela Lei 8.429/1992. Alm disso, certo que seus sucessores estaro sujeitos s cominaes previstas na referida Lei, at o limite da herana, nos termos do art. 8. Cabe lembrar que a responsabilidade dos sucessores restringe-se s cominaes com natureza de indenizao para recompor o patrimnio pblico lesado, ou seja, ressarcimento do dano e restituio dos bens ou valores que resultaram no enriquecimento ilcito. Ademais, a responsabilidade limita-se ao valor da herana. Jamais os sucessores responderiam por uma sano de natureza pessoal, como a multa por exemplo.

    Gabarito: Certo

    DECLARAO DE BENS

    Segundo a Lei de Improbidade, para que o agente pblico tome posse ou entre em exerccio, deve obrigatoriamente entregar declarao dos bens e valores que compem o seu patrimnio privado, compreendendo, inclusive, os valores patrimoniais do cnjuge, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob sua dependncia econmica. Tal declarao poder ser substituda por cpia da declarao anual de bens apresentada Receita Federal (art. 13).

    A declarao de bens permanecer arquivada no servio de pessoal competente, devendo ser atualizada anualmente. Alm disso, deve ser

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    atualizada na data em que o agente pblico deixar o exerccio do mandato, cargo, emprego ou funo.

    A Lei confere grande importncia necessidade de entrega da declarao de bens. Com efeito, o agente pblico que se recusar a prestar a declarao, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa, ser punido com a pena de demisso, a bem do servio pblico, sem prejuzo de outras sanes cabveis.

    PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E PROCESSO JUDICIAL

    De pronto, vale destacar que as sanes previstas na Lei de Improbidade so processadas, julgadas e aplicadas pelo Poder Judicirio, mediante sentena judicial, aps o devido procedimento administrativo de apurao e a respectiva denncia oferecida pelo Ministrio Pblico ou pela pessoa jurdica interessada.

    A Lei 8.429/92 permite que qualquer pessoa represente autoridade administrativa competente para que seja instaurado procedimento destinado a apurar prtica de ato de improbidade (art. 14). Ou seja, caso qualquer pessoa tenha conhecimento da prtica de algum ato de improbidade poder comunicar o fato autoridade administrativa competente para apurar o caso. Perceba que, nesse primeiro momento, a representao feita no mbito administrativo, e no no judicial. Caso a autoridade administrativa competente rejeite a representao (por exemplo, por no conter a qualificao do representante ou a indicao de provas), no h impedimento para a pessoa represente diretamente ao Ministrio Pblico (art. 14, 2).

    Atendidos os requisitos da representao, a autoridade determinar a imediata apurao dos fatos mediante procedimento administrativo, dando conhecimento ao Ministrio Pblico e ao Tribunal de Contas. Esses rgos podem requerer a designao de representante para acompanhar o procedimento administrativo, uma vez que o deslinde da apurao poder motivar a adoo de alguma providncia no mbito das respectivas competncias. Por exemplo, o Tribunal de Contas, ao acompanhar o processo administrativo, poder colher subsdios para julgar as contas do agente investigado. Porm, frise-se, no poder interferir de forma alguma na realizao do procedimento a cargo da Administrao (art. 15).

    Havendo fundados indcios de que o ato de improbidade tenha causado leso ao patrimnio pblico ou ensejado enriquecimento ilcito, a

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    comisso responsvel pelo procedimento administrativo representar ao Ministrio Pblico ou procuradoria do rgo ou entidade em que esteja tramitando o processo administrativo para que requeira ao juzo competente a decretao cautelar do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimnio pblico (art. 16).

    Alm do sequestro dos bens, o pedido cautelar poder incluir a investigao, o exame e o bloqueio de bens, contas bancrias e aplicaes financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais (art. 16, 2).

    A indisponibilidade deve recair sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acrscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilcito.

    Aps a concluso do procedimento administrativo, dever ser proposta a ao judicial de improbidade administrativa. Essa ao considerada pela doutrina e pela jurisprudncia uma espcie de ao civil pblica seguir o rito ordinrio, podendo ser proposta pelo Ministrio Pblico ou diretamente pela pessoa jurdica interessada (isto , a pessoa jurdica contra a qual o ato de improbidade tenha sido praticado, o sujeito passivo dos atos de improbidade), por intermdio de sua procuradoria (art. 17).

    Caso tenha sido efetivada medida cautelar, o prazo para ajuizamento da ao principal de 30 dias, contados da efetivao da medida cautelar.

    No mbito da ao de improbidade administrativa vedada a transao, acordo ou conciliao. E, quando for o caso, a Fazenda Pblica promover as aes civis necessrias complementao do ressarcimento do patrimnio pblico (art. 17, 1 e 2).

    Uma vez proposta a ao perante o Judicirio, o juiz competente ordenar a notificao das partes para apresentao de provas e contestaes, bem como os depoimentos ou inquiries necessrios instruo do feito. Em qualquer fase, reconhecida a inadequao da ao de improbidade, o juiz extinguir o processo sem julgamento do mrito.

    O Ministrio Pblico, de ofcio, a requerimento de autoridade administrativa ou mediante representao efetuada por qualquer pessoa, poder requisitar a instaurao de inqurito policial ou procedimento administrativo para apurar qualquer ilcito previsto na Lei de Improbidade. Perceba que o Ministrio Pblico pode atuar de ofcio, ou seja, no depende de qualquer provocao para atuar visando a apurar a prtica de ato de improbidade administrativa.

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    Se no intervir no processo como parte, ou seja, se a ao for proposta pela pessoa jurdica interessada, o Ministrio Pblico deve atuar, obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade (art. 17, 4).

    Na fixao das penas previstas na Lei, o juiz deve levar em conta a extenso do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente (art. 12). Comentando esse dispositivo, Maria Sylvia Di Pietro assinala que a expresso extenso do dano causado tem que ser entendida em sentido amplo, de modo que abranja no s o dano ao errio, ao patrimnio pblico em sentido econmico, mas tambm ao patrimnio moral do Estado e da sociedade.

    A sentena que julgar procedente a ao civil de reparao de dano ou que decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinar o pagamento ou a reverso dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurdica prejudicada pelo ilcito (art. 18). Por exemplo, se o ato de improbidade tiver causado dano ao patrimnio de uma sociedade de economia mista, a sentena condenatria dever determinar que o agente responsvel efetue o ressarcimento do valor correspondente ao dano diretamente entidade; j se o dano tiver sido causado a um rgo da administrao direta, o pagamento dever ser efetivado em favor do Tesouro Nacional.

    A perda da funo pblica e a suspenso dos direitos polticos s se efetivam com o trnsito em julgado da sentena condenatria (art. 20). Todavia, a autoridade judicial ou administrativa competente poder determinar o afastamento do agente pblico do exerccio do cargo, emprego ou funo, sem prejuzo da remunerao, quando a medida se fizer necessria instruo processual. Tal afastamento, diferentemente da perda da funo pblica e da suspenso dos direitos polticos, tem natureza de medida cautelar (no uma sano), a ser adotada quando a permanncia do agente no cargo puder comprometer a eficcia das apuraes.

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    5. (Cespe TCE/BA Procurador 2010) A comprovao da improbidade administrativa, que poder ser declarada tanto pela via judicial quanto por processo administrativo, gera a perda dos direitos polticos, que somente podero ser readquiridos por meio de ao rescisria.

    Comentrio: A comprovao da improbidade administrativa somente ocorre com a sentena judicial que julgar procedente a respectiva ao civil pblica e aplicar as devidas penalidades. Portanto, no poder ser declarada por processo administrativo, da o erro. Em especial, a suspenso (e no a perda) dos direitos polticos s se efetiva com o trnsito em julgado da sentena condenatria (art. 20), ou seja, depois de esgotadas todas as possibilidades recursais.

    Gabarito: Errado

    6. (Cespe TCU 2009) Caio, servidor pblico federal estvel h mais de 10 anos, ocupante do cargo de analista judicirio de determinado tribunal, est sendo acusado pelo Ministrio Pblico Federal de ter praticado ato de improbidade administrativa, nos termos da Lei n. 8.429/1992. O referido tribunal, para apurar a prtica de ilcito administrativo, resolveu instaurar processo disciplinar. Acerca dessa situao hipottica e do que dispe a Lei n. 8.112/1990, julgue o item seguinte: no caso narrado, a autoridade instauradora do processo disciplinar, como medida cautelar e a fim de evitar qualquer influncia na apurao da irregularidade, poder determinar o afastamento preventivo de Caio do exerccio do cargo, pelo prazo improrrogvel de sessenta dias, no recebendo este, nesse perodo, qualquer remunerao dos cofres pblicos.

    Comentrio: O item est errado, pois nos termos da Lei 8.429/92 (art. 20, pargrafo nico), a autoridade judicial ou administrativa competente poder determinar o afastamento do agente pblico do exerccio do cargo, emprego ou funo, sem prejuzo da remunerao, quando a medida se fizer necessria instruo processual. Assim, Caio poderia ser afastado do cargo, mas no poderia deixar de receber sua remunerao.

    Gabarito: Errado

    7. (Cespe TRF 3 Regio Juiz Substituto 2011) Em havendo fundados indcios de responsabilidade pela prtica de ato de improbidade, a comisso processante designada pela autoridade administrativa competente pode, de ofcio, decretar o sequestro dos bens do agente pblico ou terceiro que tenha causado dano ao patrimnio pblico.

    Comentrio: O quesito est errado, pois, nos termos do art. 16 da Lei 8.429/92, havendo fundados indcios de responsabilidade, a comisso

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    representar ao Ministrio Pblico ou procuradoria do rgo para que requeira ao juzo competente a decretao do seqestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimnio pblico. Ou seja, a comisso no pode decretar a indisponibilidade de bens de ofcio, mas deve representar ao MP ou procuradoria do rgo para tanto.

    Gabarito: Errado

    8. (Cespe MDIC 2014) Se, aps uma operao da Polcia Federal, empreendida para desarticular uma quadrilha que agia em rgos pblicos, o Ministrio Pblico Federal ajuizar ao de improbidade administrativa contra determinado servidor, devido a irregularidades cometidas no exerccio da sua funo, mesmo que esse servidor colabore com as investigaes, ser vedado o acordo ou a transao judicial.

    Comentrio: Nas aes por improbidade administrativa vedada a transao, acordo ou conciliao (Lei 8.429/92, art. 17, 1).

    Gabarito: Certo

    PRESCRIO

    As aes destinadas aplicao das sanes previstas na Lei de Improbidade prescrevem em cinco anos aps o trmino do exerccio de mandato, de cargo em comisso ou de funo de confiana.

    Nos casos de exerccio de cargo efetivo ou emprego, aplica-se o prazo prescricional previsto em lei especfica para faltas disciplinares punveis com demisso a bem do servio pblico.

    Caso o agente pblico exera, cumulativamente, cargo efetivo e cargo comissionado, h de prevalecer o primeiro (cargo efetivo), para fins de contagem prescricional5.

    No caso de ato de improbidade praticado contra o patrimnio de entidade privada que receba subveno, benefcio ou incentivo, fiscal ou creditcio, de rgo pblico, bem como daquelas para cuja criao ou custeio o errio concorra com menos de 50% do patrimnio ou da receita anual, o prazo de prescrio de cinco anos, contados da data da apresentao administrao pblica da prestao de contas final pelas entidades.

    Lembrando, porm, que as aes civis de ressarcimento ao errio so imprescritveis (CF, art. 37, 5). Portanto, os prazos acima se aplicam somente s demais penalidades, e no ao ressarcimento do dano.

    5 Resp 200801124618, de 18/9/2009.

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    Recentemente, em fevereiro de 2016, sob a sistemtica de repercusso geral

    (RE 669.069), o STF fixou a tese de que prescritvel a ao de reparao de danos

    Fazenda Pblica decorrente de ilcito civil.

    No caso, a Unio pretendia obter o ressarcimento de um dano ao errio causado por

    particular, culpado num acidente de trnsito que danificou veculo oficial. O Supremo

    entendeu que a pretenso ressarcitria da Unio se sujeitava ao prazo prescricional de

    5 anos, no se aplicando, portanto, a imprescritibilidade prevista no art. 37, 5 da CF.

    Na deciso, o Relator salientou que a ressalva contida na parte final do 5 do art. 37

    da CF, que remete lei a fixao de prazos de prescrio para ilcitos praticados por

    qualquer agente que causem prejuzos ao errio, mas excetua respectivas aes de

    ressarcimento, deve ser entendida de forma estrita, ou seja, ela no

    tornaria imprescritvel toda e qualquer ao de ressarcimento movida pelo errio.

    - Cuidado. A tese acima fixada no vale para improbidade administrativa!

    A concluso do Supremo no RE 669.069 no vale para ressarcimentos decorrentes de

    improbidade administrativa. At que o STF se manifeste especificamente sobre a

    matria, as aes de ressarcimento decorrentes de ato de improbidade administrativa

    permanecem imprescritveis por fora do art. 37, 5 da CF.

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    ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E RESPECTIVAS SANES

    Segundo a Lei 8.429/1992, atos de improbidade administrativa so atos que:

    Importam enriquecimento ilcito (art. 9).

    Causam prejuzo ao errio (art. 10).

    Decorrentes de concesso ou aplicao indevida de benefcio financeiro ou tributrio (art. 10-A).

    Atentam contra os princpios da Administrao Pblica (art. 11).

    A lista de atos de improbidade apresentada nos incisos de cada dispositivo acima no taxativa, mas meramente exemplificativa (veja a palavra notadamente nos respectivos caput), exceto em relao aos atos decorrentes de concesso ou aplicao indevida de benefcio financeiro ou tributrio, para os quais a lei apresenta uma lista taxativa.

    Ademais, o mesmo ato pode ser enquadrado em mais de uma das hipteses apresentadas. Nesse caso, aplicam-se as sanes previstas para a infrao mais grave.

    Vale observar que as sanes utilizadas para punir atos que importam enriquecimento ilcito so mais pesadas que as aplicveis aos atos que causam prejuzo ao errio e aos decorrentes de concesso ou aplicao indevida de benefcio financeiro ou tributrio, as quais, por sua vez, so mais pesadas que as aplicveis aos atos que atentam contra os princpios da Administrao Pblica. Assim, a Lei estabelece uma hierarquia entre os atos de improbidade, punindo com mais rigor aqueles que considera mais graves.

    Vamos ver a definio de cada modalidade e as respectivas sanes previstas na Lei.

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    ATOS DE IMPROBIDADE QUE IMPORTAM ENRIQUECIMENTO ILCITO

    Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilcito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida, direta ou indireta, em razo do exerccio de cargo, mandato, funo, emprego ou atividade pblica (art. 9).

    Enquadra-se nessa categoria, por exemplo, o agente pblico que, notadamente (incisos do art. 9):

    Receber, para si ou para outrem, gratificaes financeiras ou presentes de pessoa que tenha interesse em sua atividade;

    Perceber vantagem econmica para facilitar a aquisio ou alienao de bens pela Administrao Pblica fora das condies de mercado;

    Utilizar em proveito prprio, como em obra ou servio particular, material pertencente a entidade pblica ou o trabalho de servidores pblicos;

    Receber vantagem econmica para tolerar a prtica de qualquer atividade ilcita, como jogos de azar e narcotrfico;

    Adquirir, para si ou para outrem, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional evoluo do seu patrimnio ou sua renda;

    Exercer atividade de consultoria para pessoa fsica ou jurdica que possua interesse suscetvel de ser atingido por suas atribuies como agente pblico;

    Perceber vantagem econmica para intermediar a liberao de verba pblica;

    Receber vantagem econmica para omitir ato de ofcio, providncia ou declarao a que esteja obrigado.

    Repare que, nessas situaes, o ato de improbidade se caracteriza pelo recebimento de vantagens pessoais por parte do agente pblico, que aumenta seu patrimnio particular custa do patrimnio pblico ou das prerrogativas do seu cargo. Engloba, assim, situaes em que no necessariamente ocorre prejuzo ao errio, a exemplo do exerccio de consultoria para pessoas ou empresas que tenham interesse nas atribuies pblicas do agente, hiptese que pode engordar o patrimnio do servidor, mas no necessariamente causar dano ao patrimnio pblico.

    Outro detalhe que as hipteses previstas nos incisos do art. 9, em regra, visualizam o enriquecimento ilcito do prprio agente pblico, exceto

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    nos incisos I e VII, que incluem a vantagem indevida ou aquisio de patrimnio para outrem.

    O agente pblico responsvel pelo ato de improbidade que importe enriquecimento ilcito est sujeito s seguintes cominaes (art. 12, I):

    Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimnio;

    Ressarcimento integral do dano, quando houver;

    Perda da funo pblica;

    Suspenso dos direitos polticos de oito a dez anos;

    Pagamento de multa civil de at trs vezes o valor do acrscimo patrimonial;

    Proibio de contratar com o Poder Pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais ou creditcios, direta ou indiretamente, ainda que por intermdio de pessoa

    jurdica da qual seja scio majoritrio, pelo prazo de dez anos.

    Tanto nessa, como nas demais categorias de atos de improbidade, as penalidades podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato.

    ATOS DE IMPROBIDADE QUE CAUSAM PREJUZO AO ERRIO

    Constitui ato de improbidade administrativa que causa leso ao errio qualquer ao ou omisso, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriao, malbaratamento ou dilapidao dos bens ou haveres de rgo ou entidade pblica.

    Enquadra-se nessa categoria, por exemplo, o agente pblico que, notadamente (incisos do art. 10):

    Facilitar ou concorrer, de qualquer forma, para a incorporao ao patrimnio particular de pessoa fsica ou jurdica de bens ou dinheiro pblico;

    Permitir ou concorrer para que pessoa fsica ou jurdica privada utilize bens ou dinheiro pblico sem observar as devidas formalidades legais;

    Doar bens ou dinheiro pblico a pessoa fsica ou jurdica ou a ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistenciais, bem como

    conceder benefcio administrativo ou fiscal, sem a observncia das devidas

    formalidades legais;

    Permitir ou facilitar a aquisio ou alienao de bens pela Administrao Pblica

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    fora das condies de mercado;

    Realizar operao financeira sem observncia das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidnea;

    Frustrar a licitude de processo licitatrio ou de processo seletivo para celebrao de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispens-los indevidamente;

    Agir de forma negligente na arrecadao de tributo ou renda, bem como no que diz respeito conservao do patrimnio pblico;

    Liberar verba pblica sem a estrita observncia das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicao irregular;

    Permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriquea ilicitamente;

    Permitir que se utilize, em obra ou servio particular, material pertencente a entidade pblica, bem como o trabalho de servidores pblicos.

    Nesses casos, o agente pblico no necessariamente aufere vantagens econmicas pessoais, mas causa prejuzo ao errio.

    Registra-se controvrsia doutrinria sobre o conceito de leso ao errio previsto no art. 10, caput. Uma corrente da doutrina afasta a interpretao literal da norma que se refere a leso ao errio que enseje perda patrimonial para reclamar uma interpretao sistemtica, no sentido de que o dispositivo alcana qualquer leso causada ao patrimnio pblico, englobando no apenas o Tesouro Nacional e os bens pblicos, mas tambm o patrimnio ambiental, histrico, artstico, esttico, turstico etc. Outra corrente restringe o alcance de patrimnio pblico para situ-lo apenas no plano do conceito de errio, considerando a dimenso econmico-financeira dos entes pblicos protegidos.

    O STJ possui jurisprudncia consolidada que se alinha segunda corrente, com o entendimento de que o ato de improbidade administrativa previsto no art. 10 da Lei n 8.429/92 exige a comprovao do dano ao

    errio6. Requer-se, assim, a existncia de prejuzo patrimonial efetivo, e no apenas presumido, o que se confirma pela necessidade de ressarcimento integral do dano prevista no art. 12, II para o caso do art. 10.

    O agente responsvel pelo ato de improbidade que cause prejuzo ao errio est sujeito s seguintes cominaes (art. 12, II):

    6 REsp 1151884/SC, Rel. Min. Castro Meira.

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    Ressarcimento integral do dano;

    Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimnio, se concorrer esta circunstncia;

    Perda da funo pblica;

    Suspenso dos direitos polticos de cinco a oito anos;

    Pagamento de multa civil de at duas vezes o valor do dano;

    Proibio de contratar com o Poder Pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais ou creditcios, direta ou indiretamente, ainda que por intermdio de pessoa

    jurdica da qual seja scio majoritrio, pelo prazo de cinco anos.

    Lembrando que as penalidades podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato.

    9. (Cespe ICMBio 2014) Considere que um servidor doe para uma biblioteca comunitria uma srie de livros da repartio pblica na qual ele trabalha. Nesse caso, mesmo sem observar as formalidades legais, o servidor no incorre em improbidade administrativa uma vez que os livros destinam-se a fins educativos e assistenciais.

    Comentrio: A assertiva est errada, pois, segundo o art. 10, inciso III da Lei 8.429/92, constitui ato de improbidade administrativa que causa prejuzo ao errio doar pessoa fsica ou jurdica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistncias, bens, rendas, verbas ou valores do patrimnio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1 desta lei, sem observncia das formalidades legais e regulamentares aplicveis espcie.

    Gabarito: Errado

    ATOS DECORRENTES DE CONCESSO OU APLICAO INDEVIDA DE BENEFCIO FINANCEIRO OU TRIBUTRIO

    Em 30/12/2016, a Lei Complementar 157/2016 alterou a Lei 8.429/92 para instituir essa nova categoria de atos de improbidade administrativa.

    Constitui ato de improbidade administrativa decorrente de concesso ou aplicao indevida de benefcio financeiro ou tributrio qualquer ao ou omisso para conceder, aplicar ou manter benefcio financeiro ou

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    tributrio contrrio ao que dispem o caput e o 1 do art. 8-A da Lei Complementar n 116, de 31 de julho de 2003.

    Note que, diferentemente das demais categorias de atos de improbidade, nesta a lei apresenta uma lista taxativa de condutas capazes de caracterizar a transgresso.

    Tais condutas (comissivas ou omissivas), basicamente, consistem no descumprimento das regras para concesso de benefcios tributrios e financeiros dispostas na LC 116/2003, relativamente ao Imposto Sobre Servios de Qualquer Natureza (ISS), de competncia dos Municpios e do Distrito Federal.

    Os dispositivos da referida lei cuja inobservncia pode caracterizar a prtica de ato de improbidade so os seguintes:

    Art. 8o-A. A alquota mnima do Imposto sobre Servios de Qualquer

    Natureza de 2% (dois por cento). (Includo pela Lei Complementar n

    157, de 2016)

    1o O imposto no ser objeto de concesso de isenes, incentivos ou

    benefcios tributrios ou financeiros, inclusive de reduo de base de clculo

    ou de crdito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que

    resulte, direta ou indiretamente, em carga tributria menor que a

    decorrente da aplicao da alquota mnima estabelecida no caput,

    exceto para os servios a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.017

    da lista anexa a esta Lei Complementar. (Includo pela Lei Complementar n

    157, de 2016)

    Portanto, o agente pblico que conceder, aplicar ou manter benefcio financeiro ou tributrio relativo ao ISS de forma contrria ao que dispe os dispositivos acima estar praticando um ato de improbidade administrativa.

    O agente responsvel pelo ato de improbidade decorrente de concesso ou aplicao indevida de benefcio financeiro ou tributrio est sujeito s seguintes cominaes (art. 12, IV): 7 Os servios que so exceo alquota mnima so os seguintes:

    7.02 Execuo, por administrao, empreitada ou subempreitada, de obras de construo civil, hidrulica ou eltrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfurao de poos, escavao, drenagem e irrigao, terraplanagem, pavimentao, concretagem e a instalao e montagem de produtos, peas e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de servios fora do local da prestao dos servios, que fica sujeito ao ICMS).

    7.05 Reparao, conservao e reforma de edifcios, estradas, pontes, portos e congneres (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador dos servios, fora do local da prestao dos servios, que fica sujeito ao ICMS).

    16.01 - Servios de transporte coletivo municipal rodovirio, metrovirio, ferrovirio e aquavirio de passageiros.

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    Perda da funo pblica;

    Suspenso dos direitos polticos de cinco a oito anos;

    Pagamento de multa civil de at trs vezes o valor do benefcio financeiro ou tributrio concedido.

    Como nos demais casos, as penalidades podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato.

    Detalhe que, nos termos do 1 do art. 7 da LC 157/2016, a nova hiptese de ato de improbidade inserida no art. 10-A da Lei 8.429/92 est em vigor desde 30/12/2016, mas somente produzir efeitos a partir de 30/12/2017.

    ATOS QUE ATENTAM CONTRA OS PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA

    Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princpios da Administrao Pblica qualquer ao ou omisso que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade s instituies.

    Embora a lei mencione expressamente apenas os princpios da honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade, constitui ato de improbidade a violao a qualquer princpio da Administrao Pblica, como eficincia, motivao, publicidade, interesse pblico, razoabilidade etc.

    Enquadra-se nessa categoria, por exemplo, o agente pblico que, notadamente (incisos do art. 11):

    Praticar ato visando fim proibido em lei ou diverso daquele previsto na regra de competncia;

    Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofcio;

    Revelar informao sigilosa de que tem cincia em razo das suas atribuies;

    Negar publicidade aos atos oficiais;

    Frustrar a licitude de concurso pblico;

    Deixar de prestar contas quando esteja obrigado a faz-lo;

    Revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva

    divulgao oficial, teor de medida poltica ou econmica capaz de afetar o preo de

    mercadoria, bem ou servio.

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    Descumprir as normas relativas celebrao, fiscalizao e aprovao de contas de parcerias firmadas pela administrao pblica com entidades privadas.

    Deixar de cumprir a exigncia de requisitos de acessibilidade previstos na legislao.

    O agente responsvel pelo ato de improbidade que atente contra os princpios da Administrao Pblica pode sofrer as seguintes cominaes (art. 12, III):

    Ressarcimento integral do dano, se houver;

    Perda da funo pblica;

    Suspenso dos direitos polticos de trs a cinco anos;

    Pagamento de multa civil de at cem vezes o valor da remunerao percebida pelo agente;

    Proibio de contratar com o Poder Pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais ou creditcios, direta ou indiretamente, ainda que por intermdio de pessoa

    jurdica da qual seja scio majoritrio, pelo prazo de trs anos.

    Aqui tambm as penalidades podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato.

    Vale prestar ateno na base de clculo da multa civil

    prevista na Lei de Improbidade.

    Na hiptese de ato que importe enriquecimento ilcito, a

    multa calculada sobre o valor do acrscimo patrimonial (at 3x); no caso de ato que

    resulte em prejuzo ao errio, calcula-se a multa sobre o valor do dano (at 2x); para

    os atos decorrentes de concesso de benefcio tributrio ou financeiro indevido de ISS,

    a base de clculo o valor do benefcio concedido (at 3x); j na hiptese de ato que

    atente contra os princpios da Administrao Pblica, a multa calculada sobre o

    valor da remunerao percebida pelo agente (at 100x).

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    10. (Cespe TCE/BA Procurador 2010) Atos de improbidade administrativa so os que geram enriquecimento ilcito ao agente pblico ou causam prejuzo material administrao pblica. Quem pratica esses atos pode ser punido com sanes de natureza civil e poltica mas no penal como o ressarcimento ao errio, a indisponibilidade dos bens e a perda da funo pblica.

    Comentrio: Atos de improbidade no so apenas os que geram enriquecimento ilcito (art. 9) ou que causam prejuzo material Administrao (art. 10); compreendem tambm os que atentam contra os princpios da Administrao Pblica (art. 11), da o primeiro erro do quesito. Quem pratica atos de improbidade no est sujeito a sano de natureza penal, mas pode ser punido com sanes de natureza civil e poltica, mas faltou mencionar as sanes de natureza administrativa, como a perda da funo pblica, da o segundo erro do quesito.

    Gabarito: Errado

    11. (Cespe TCE/BA Procurador 2010) A configurao do ato de improbidade que viola princpios administrativos independe da ocorrncia de dano ou leso ao errio pblico.

    Comentrio: O item est correto, nos termos do art. 21 da Lei 8.429/92:

    Art. 21. A aplicao das sanes previstas nesta lei independe:

    I - da efetiva ocorrncia de dano ao patrimnio pblico, salvo quanto pena de ressarcimento;

    II - da aprovao ou rejeio das contas pelo rgo de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

    Por bvio, o inciso I acima se refere apenas aos atos de improbidade que importam enriquecimento ilcito e aos que atentam contra os princpios da Administrao Pblica, vez que os que causam prejuzo ao errio, por definio, requerem a ocorrncia de dano ou leso ao patrimnio pblico. J os dois primeiros podem se consumar sem que deles resultem qualquer prejuzo material para o patrimnio pblico.

    Ademais, perceba que a aplicao da pena de ressarcimento prevista para as trs categorias de atos de improbidade, porm s aplicvel nos casos concretos em que ocorrer dano efetivo ao errio.

    Gabarito: Certo

    12. (Cespe TCDF 2012) De acordo com a referida lei [de improbidade administrativa], a aplicao da pena de ressarcimento aos cofres pblicos independe

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    da efetiva ocorrncia de dano ao patrimnio pblico.

    Comentrio: O quesito est errado, pois a pena de ressarcimento aos cofres pblicos apenas pode ser aplicada quando houver dano ao errio, nos termos do art. 12 da Lei 8.429/92:

    Art. 12. Independentemente das sanes penais, civis e administrativas previstas na legislao especfica, est o responsvel pelo ato de improbidade sujeito s seguintes cominaes, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

    I - na hiptese do art. 9 [enriquecimento ilcito], perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimnio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da funo pblica, suspenso dos direitos polticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de at trs vezes o valor do acrscimo patrimonial e proibio de contratar com o Poder Pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais ou creditcios, direta ou indiretamente, ainda que por intermdio de pessoa jurdica da qual seja scio majoritrio, pelo prazo de dez anos;

    II - na hiptese do art. 10 [prejuzo ao errio], ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimnio, se concorrer esta circunstncia, perda da funo pblica, suspenso dos direitos polticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de at duas vezes o valor do dano e proibio de contratar com o Poder Pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais ou creditcios, direta ou indiretamente, ainda que por intermdio de pessoa jurdica da qual seja scio majoritrio, pelo prazo de cinco anos;

    III - na hiptese do art. 11 [ofensa aos princpios da Administrao Pblica], ressarcimento integral do dano, se houver, perda da funo pblica, suspenso dos direitos polticos de trs a cinco anos, pagamento de multa civil de at cem vezes o valor da remunerao percebida pelo agente e proibio de contratar com o Poder Pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais ou creditcios, direta ou indiretamente, ainda que por intermdio de pessoa jurdica da qual seja scio majoritrio, pelo prazo de trs anos.

    Gabarito: Errado

    *****

    Enfim, chegamos ao final da parte terica. Para consolidar, vamos resolver mais algumas questes!

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    QUESTES DE PROVA

    13. (Cespe Auditor TCE PR 2016) Um funcionrio da prefeitura de determinado municpio, encarregado de supervisionar as obras de reforma de um posto de sade municipal, determinou que os empregados que trabalhavam na obra construssem uma piscina em um stio de sua propriedade. Na construo dessa piscina, foram utilizadas mquinas, veculos e equipamentos da prefeitura, os quais, todavia, foram devolvidos sem qualquer tipo de dano. O caso foi objeto de apurao pelo TCE. Encerrada a tomada de contas, o tribunal concluiu pela inexistncia de provas de dano aos cofres pblicos, mas apontou haver provas de que o fato teria gerado um acrscimo patrimonial indevido em proveito do servidor. Segundo a Lei de Improbidade Administrativa, no caso hipottico narrado, considerando haver provas suficientes para a caracterizao da prtica de ato de improbidade, a conduta do servidor seria passvel de aplicao da(s) penalidade(s) de

    A) multa civil no valor de at dez salrios mnimos.

    B) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimnio; suspenso do exerccio da funo pblica por at seis meses; e pagamento de multa civil de at cem vezes a remunerao do servidor.

    C) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimnio; suspenso do exerccio da funo pblica pelo prazo de at oito anos; pagamento de multa civil de at duas vezes o valor do acrscimo patrimonial; e proibio de contratar com o poder pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais ou creditcios pelo prazo de cinco anos.

    D) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimnio; perda da funo pblica; suspenso dos direitos polticos de oito a dez anos; pagamento de multa civil de at trs vezes o valor do acrscimo patrimonial; e proibio de contratar com o poder pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais ou creditcios pelo prazo de dez anos.

    E) advertncia apenas, uma vez que no houve dano.

    Comentrio: A conduta do servidor pode ser caracterizada como ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento ilcito, sujeito s seguintes sanes (Lei 8.429/1992, art. 12, I):

    Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimnio;

    Ressarcimento integral do dano, quando houver;

    Perda da funo pblica;

    Suspenso dos direitos polticos de oito a dez anos;

    Pagamento de multa civil de at trs vezes o valor do acrscimo patrimonial;

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    Proibio de contratar com o Poder Pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais ou creditcios, direta ou indiretamente, ainda que por intermdio de pessoa jurdica da qual seja scio majoritrio, pelo prazo de dez anos.

    Gabarito: alternativa d

    14. (Cespe TCE/AC 2009) Em relao improbidade administrativa, assinale a opo correta.

    a) A rejeio de representao de improbidade realizada por uma autoridade administrativa impede um particular de requer-la pelos mesmos fatos ao MP.

    b) Uma vez recebida a ao de improbidade proposta contra um indivduo e determinada sua citao, ele pode apelar ao tribunal para tentar reformar a deciso.

    c) legal a conduta de um indivduo que, arrependido de ter praticado ato de improbidade, procure o promotor de justia da cidade para dispor-se a transao em que seja proposta autoridade a recomposio do dano como forma de evitar o prosseguimento da ao que j fora proposta e, por consequncia, a aplicao de pena.

    d) Ao de improbidade proposta contra ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ser neste processada e julgada.

    e) Considere a seguinte situao hipottica. Francisco ocupava exclusivamente cargo comissionado em tribunal de justia e foi responsvel pela licitao da obra de reforma do frum da capital ocorrida no perodo de 30/6/2003 a 12/9/2003. Em 30/6/2004, ele foi exonerado do cargo. Aps regular processo administrativo, foi constatada a prtica de ato de improbidade, razo pela qual, em fevereiro de 2009, foi ajuizada ao de improbidade contra Francisco. Nessa situao, est prescrita a aplicao da pena por ato de improbidade.

    Comentrio: Vamos analisar cada alternativa luz da Lei 8.429/1992:

    a) Errada, pois a rejeio no impede a representao ao Ministrio Pblico (art. 14, 2);

    b) Errada, pois da deciso que receber a petio inicial caber agravo de instrumento, e no apelao, que outra espcie de recurso (art. 17, 10):

    Art. 17. A ao principal, que ter o rito ordinrio, ser proposta pelo Ministrio Pblico ou pela pessoa jurdica interessada, dentro de trinta dias da efetivao da medida cautelar.

    (...)

    10. Da deciso que receber a petio inicial, caber agravo de instrumento.

    c) Errada, pois nas aes de improbidade vedada a transao, acordo ou conciliao (art. 17, 1).

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    d) Certa, nesta questo a banca adotou o entendimento manifestado pelo STF na Pet 3.211/DF, de 13/3/2008, segundo o qual compete ao Supremo Tribunal Federal julgar ao de improbidade contra seus membros, existindo foro por prerrogativa neste caso.

    e) Errada. A Lei assim dispe sobre prescrio:

    Art. 23. As aes destinadas a levar a efeitos as sanes previstas nesta lei podem ser propostas:

    I - at cinco anos aps o trmino do exerccio de mandato, de cargo em comisso ou de funo de confiana;

    II - dentro do prazo prescricional previsto em lei especfica para faltas disciplinares punveis com demisso a bem do servio pblico, nos casos de exerccio de cargo efetivo ou emprego.

    Na situao em apreo, Francisco deixou o cargo comissionado em 30/6/2004, data em que inicia a contagem do prazo para prescrio, de 5 anos. Assim, a aplicao da pena por ato de improbidade prescreveu somente em 30/6/2009, ou seja, em fevereiro de 2009 a prescrio ainda no havia ocorrido.

    Gabarito: alternativa d

    15. (Cespe MPTCE/PB 2014) Com relao ao de improbidade administrativa e ao civil pblica, assinale a opo correta.

    a) Inexiste foro por prerrogativa nas aes de improbidade administrativa, de modo que essas aes devero ser processadas perante o juzo de primeira instncia, mesmo quando ajuizadas contra ministro do STF.

    b) O particular que induza ou concorra para a prtica do ato de improbidade ou dele se beneficie, direta ou indiretamente, pode figurar, sozinho, no polo passivo de ao de improbidade administrativa.

    c) Ainda que a lei de ao civil preveja a legitimidade do MP para a proposio de ao principal e de ao cautelar, esse rgo no tem legitimidade para promover ao civil pblica cuja causa de pedir seja a ilegalidade de reajustes de mensalidades escolares.

    d) Tanto a ao civil pblica quanto a ao de improbidade administrativa pressupem a impossibilidade de transao.

    e) A aplicao das sanes previstas na lei de improbidade prescinde da efetiva ocorrncia do dano ao patrimnio pblico, salvo quanto pena de ressarcimento, e da aprovao ou rejeio das contas pelo tribunal ou conselho de contas.

    Comentrio:

    a) ERRADA. Nesta questo, a banca adotou o entendimento mais antigo do STF, manifestado na Pet 3.211/DF, de 13/3/2008, segundo o qual compete ao Supremo Tribunal Federal julgar ao de improbidade contra seus membros, ou

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    seja, neste caso especfico, existe foro por prerrogativa nas aes de improbidade administrativa.

    b) ERRADA. Embora um particular (isto , uma pessoa que no seja agente pblico) possa ser sujeito ativo de ato de improbidade (e, portanto, figurar no polo passivo da ao judicial, como acusado), ele no tem como praticar o ato sozinho, isoladamente, sem o concurso de algum agente pblico. Com efeito, a Lei 8.429/92 s prev as seguintes hipteses: (i) a pessoa induz um agente pblico a praticar um ato de improbidade; (ii) ela pratica um ato de improbidade junto com um agente pblico, ou seja, concorre para a prtica do ato; (iii) ela se beneficia de um ato de improbidade praticado por um agente pblico.

    c) ERRADA. Este item sai um pouco do foco da nossa aula. O erro que est em desconformidade com a Smula 643 do STF, que prev:

    O Ministrio Pblico tem legitimidade para promover ao civil pblica cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.

    d) ERRADA. No h vedao de acordos ou transaes no mbito de aes civis pblicas em geral, a no ser que a ao civil pblica seja por improbidade administrativa.

    e) CERTA, nos exatos termos do art. 21 da Lei 8.429/92:

    Art. 21. A aplicao das sanes previstas nesta lei independe:

    I - da efetiva ocorrncia de dano ao patrimnio pblico, salvo quanto pena de ressarcimento;

    II - da aprovao ou rejeio das contas pelo rgo de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

    Gabarito: alternativa e

    16. (Cespe TCE/ES Procurador 2009) Acerca da improbidade administrativa, assinale a opo correta.

    a) Suponha que um conselheiro do TC do estado X seja ru em ao civil pblica por improbidade administrativa. Nessa situao, a referida ao civil pblica dever ser processada e julgada originariamente pelo respectivo tribunal de justia, se assim previr a constituio estadual.

    b) Suponha que Gustavo, que no servidor pblico, seja coru em uma ao civil pblica que apure ato de improbidade administrativa. Nessa situao, conforme entendimento do STJ, como a lei no prev prazo de prescrio para aqueles que no ocupam cargo ou funo pblica, a ao ser considerada imprescritvel.

    c) De acordo com a lei de regncia, no h previso legal para que o TCU venha a designar um representante para acompanhar procedimento administrativo que vise apurar fatos que possam fundamentar uma tomada de contas especial.

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    d) Servidor pblico estadual que, notificado para apresentar a declarao anual de bens, recusar-se- apresent-la, dentro do prazo especificado, ser punido com a pena de demisso, conforme previsto na lei de regncia.

    e) Pessoas jurdicas de direito pblico, mesmo que interessadas, no tm legitimidade ativa para propor ao civil pblica de improbidade administrativa.

    Comentrio: Vamos analisar cada alternativa:

    (a) Errada, pois no existe foro privilegiado para o julgamento de ao civil pblica por improbidade administrativa. Conforme entendimento do STF, as aes de improbidade administrativa devem ser processadas perante o juiz federal ou estadual de primeiro grau do local do dano ou da prtica de ato de improbidade, ainda que o sujeito passivo seja um agente poltico com prerrogativa de foro na esfera criminal (ver ADI 2.797);

    (b) Errada, pois segundo a jurisprudncia do STJ, a prescrio prevista na Lei de Improbidade Administrativa aplica-se aos particulares. Por esse entendimento, se algum estranho ao servio pblico praticar um ato de improbidade em concurso com servidor pblico, ficar sujeito ao mesmo regime prescricional do servidor. Veja essa deciso:

    AO CIVIL PBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PRESCRIO. APLICAO AOS PARTICULARES.

    III - Quando um terceiro, no servidor, pratica ato de improbidade administrativa, se lhe aplicam os prazos prescricionais incidentes aos demais demandados ocupantes de cargos pblicos. Precedente: REsp n 965.340/AM, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 08.10.2007 (STJ REsp 1087855/PR).

    (c) Errada, pois h previso na Lei de Improbidade Administrativa:

    Art. 15. A comisso processante dar conhecimento ao Ministrio Pblico e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existncia de procedimento administrativo para apurar a prtica de ato de improbidade.

    Pargrafo nico. O Ministrio Pblico ou Tribunal ou Conselho de Contas poder, a requerimento, designar representante para acompanhar o procedimento administrativo.

    A finalidade do representante acompanhar o procedimento administrativo para verificar se existe alguma ocorrncia que justifique a atuao do Tribunal de Contas, no mbito de suas competncias, a exemplo de uma situao determinante para a instaurao de tomada de contas especial.

    (d) Certa, nos termos do art. 13, 3 da Lei 8.429/92:

    Art. 13. A posse e o exerccio de agente pblico ficam condicionados apresentao de declarao dos bens e valores que compem o seu patrimnio privado, a fim de ser arquivada no servio de pessoal competente.

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    3 Ser punido com a pena de demisso, a bem do servio pblico, sem prejuzo de outras sanes cabveis, o agente pblico que se recusar a prestar declarao dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

    (e) Errada, pois, nos termos do art. 17 da Lei 8.429/92, a ao civil pblica de improbidade administrativa ser proposta pelo Ministrio Pblico ou pela pessoa jurdica interessada, sendo esta ltima representada por todas as entidades pblicas elencadas no art. 1 da Lei, quais sejam:

    Administrao direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios, de Territrio;

    Empresa incorporada ao patrimnio pblico;

    Entidade para cuja criao ou custeio o errio haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimnio ou da receita anual;

    Entidade que receba subveno, benefcio ou incentivo, fiscal ou creditcio, de rgo pblico;

    Gabarito: alternativa d

    17. (Cespe MP/ES Promotor de Justia 2010) Com referncia improbidade administrativa, tendo em vista o disposto na Lei n. 8.429/1992, assinale a opo correta.

    a) A aplicao das sanes previstas na Lei de Improbidade depende da efetiva ocorrncia de dano ao patrimnio pblico.

    b) A ao de improbidade, quando proposta pelo MP, h que ser obrigatoriamente precedida de inqurito civil pblico.

    c) As aes de improbidade devem ser propostas no prazo de cinco anos, contados da prtica do ilcito que enseje sua propositura.

    d) A autoridade judicial ou administrativa competente poder determinar o afastamento do agente pblico do exerccio do cargo, emprego ou funo, sem prejuzo da remunerao, quando a medida se fizer necessria instruo processual.

    e) No sendo a ao de improbidade proposta pelo MP, ter ele a opo de atuar, ou no, no processo, a critrio de seu representante.

    Comentrio: Vamos analisar cada alternativa, luz da Lei 8.429/92:

    (a) Errada, pois a aplicao das sanes previstas na Lei de Improbidade independe da efetiva ocorrncia de dano ao patrimnio pblico (art. 21, I).

    (b) Errada, pois a Lei de Improbidade no prev tal obrigatoriedade. A Lei dispe, contudo, que o MP, de ofcio, a requerimento de autoridade administrativa ou mediante representao formulada por qualquer pessoa, poder requisitar a instaurao de inqurito policial ou procedimento administrativo (art. 22).

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    (c) Errada, pois o prazo prescricional previsto na Lei de Improbidade de cinco anos contados aps o trmino do exerccio de mandato, de cargo em comisso ou de funo de confiana. Nos casos de exerccio de cargo efetivo ou emprego, o prazo prescricional o previsto em lei especfica para faltas disciplinares punveis com demisso a bem do servio pblico (art. 23).

    (d) Certa, nos exatos termos do art. 20, pargrafo nico da Lei 8.429/92. Perceba que o afastamento cautelar pode ser determinado tanto pela autoridade administrativa quanto pela judicial. Ademais, o afastamento ocorre sem prejuzo da remunerao do agente.

    (e) Errada, pois se ao de improbidade no for proposta pelo MP, este obrigatoriamente ter de atuar como fiscal da lei, sob pena de nulidade (art. 17, 4).

    Gabarito: alternativa d

    18. (Cespe TJDFT 2014) A respeito da improbidade administrativa, assinale a opo correta.

    a) Constitui ato de improbidade exercer atividade de consultoria para pessoa fsica que tenha interesse que possa ser amparado por ao ou omisso decorrente das atribuies do agente pblico, durante a atividade.

    b) A declarao de bens deve ser apresentada to somente por ocasio da posse e na data em que o agente pblico deixar o exerccio do mandato, cargo, emprego ou funo pblica.

    c) Para a caraterizao de ato de improbidade administrativa, dele deve decorrer leso ao errio ou vantagem pessoal ao agente.

    d) O administrador pblico que atrasa a entrega das contas pblicas pratica ato de improbidade, independentemente da existncia de dolo na espcie.

    e) O sucessor daquele que causar leso ao patrimnio pblico estar sujeito, at o limite da leso, s cominaes da Lei de Improbidade Administrativa.

    Comentrios: Vamos analisar cada alternativa:

    a) CERTA. Tal conduta constitui ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento ilcito, nos termos do art. 9, VIII da Lei 8.429/92:

    Art. 9 Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento i lcito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razo do exerccio de cargo, mandato, funo, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1 dest a lei, e notadamente:

    (...)

    VIII - aceitar emprego, comisso ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa fsica ou jurdica que tenha interesse suscetvel de

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    ser atingido ou amparado por ao ou omisso decorrente das atribuies do agente pblico, durante a atividade;

    b) ERRADA. Alm de ser apresentada por ocasio da posse e na data em que o agente pblico deixar o exerccio do mandato, cargo, emprego ou funo pblica, a declarao de bens tambm dever ser atualizada anualmente, nos termos do art. 13, 2 da Lei 8.429/92:

    Art. 13. A posse e o exerccio de agente pblico ficam condicionados apresentao de declarao dos bens e valores que compem o seu patrimnio privado, a fim de ser arquivada no servio de pessoal competente.

    2 A declarao de bens ser anualmente atualizada e na data em que o agente pblico deixar o exerccio do mandato, cargo, emprego ou funo.

    c) ERRADA. A caraterizao de ato de improbidade administrativa independe da efetiva ocorrncia de leso ao errio ou de obteno de vantagem pessoal por parte do agente. Basta, por exemplo, que haja violao a algum princpio da Administrao Pblica.

    d) ERRADA. O administrador pblico que deixa de prestar contas quando est obrigado a faz-lo pratica ato de improbidade que atenta contra os princpios da Administrao Pblica, nos termos do art. 11, VI da Lei 8.429/92:

    Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princpios da administrao pblica qualquer ao ou omisso que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade s instituies, e notadamente:

    (...)

    VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a faz-lo;

    Porm, para a caracterizao do ato de improbidade, necessria a comprovao do dolo (inteno) do agente.

    e) ERRADA. Nos termos do art. 8 da Lei 8.429/92, o sucessor daquele que causar leso ao patrimnio pblico estar sujeito s cominaes da Lei de Improbidade Administrativa at o limite da herana, e no at o limite da leso.

    Gabarito: alternativa a

    19. (Cespe MPE/AC 2014) A respeito da ao de improbidade administrativa, assinale a opo correta.

    a) No cabe ao civil pblica por improbidade administrativa, para fins exclusivos de ressarcimento ao errio, nos casos em que se reconhea a prescrio da ao quanto s demais sanes previstas na lei que trata da improbidade administrativa.

    b) Veda-se ao magistrado rejeitar de plano a ao de improbidade administrativa, ainda que convencido da inexistncia do ato de improbidade.

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    c) A simples ausncia de prestao de contas no prazo em que deveria ser apresentada configura ato de improbidade administrativa, visto que dissociada do elemento subjetivo da conduta do agente.

    d) A ao de ressarcimento dos prejuzos causados ao errio imprescritvel, ainda que cumulada com a ao de improbidade administrativa.

    e) Nas aes de improbidade administrativa, necessria a prova concreta de periculum in mora para a declarao de indisponibilidade dos bens.

    Comentrio:

    a) ERRADA. As aes de ressarcimento ao errio so imprescritveis. Portanto, ainda que se reconhea a prescrio quanto s demais sanes (cujos prazos so previstos na Lei 8.429/92 5 anos aps o trmino do mandato ou o prazo aplicvel para faltas punveis com demisso), poder ser proposta ao de improbidade com o fim de obter o ressarcimento ao errio.

    b) ERRADA. O magistrado pode sim rejeitar o prosseguimento da ao caso esteja convencido da inexistncia do ato de improbidade. o que permitem os 8 e 11 do art. 17 da Lei 8.429/92:

    8o Recebida a manifestao, o juiz, no prazo de trinta dias, em deciso fundamentada, rejeitar a ao, se convencido da inexistncia do ato de improbidade, da improcedncia da ao ou da inadequao da via eleita.

    11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequao da ao de improbidade, o juiz extinguir o processo sem julgamento do mrito

    c) ERRADA. A falta de prestao de contas constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princpios da Administrao Pblica (art. 11, VI); porm, a caracterizao do ato de improbidade no est dissociada do elemento subjetivo da conduta do agente, pois depende da comprovao de dolo.

    d) CERTA. Valem os mesmos comentrios da alternativa a. Os prazos prescricionais previstos na Lei 8.429/92 no se aplicam para as aes que visam o ressarcimento ao errio.

    e) ERRADA. Segundo a jurisprudncia do STJ, no necessrio demonstrar o risco de dano irreparvel para que se possa decretar a indisponibilidade dos bens nas aes de improbidade administrativa. Para aquele Tribunal Superior, o periculum in mora presumido em lei, em razo da gravidade do ato e da necessidade de garantir o ressarcimento do patrimnio pblico em caso de condenao, no sendo necessria a demonstrao do risco de dano irreparvel para se conceder a medida cautelar.

    Gabarito: alternativa d

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    20. (Cespe MPE/AC 2014) No que se refere Lei de Improbidade Administrativa, assinale a opo correta.

    a)