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Curricular

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  • Cepe aprova diretrizes da flexibilizao curricular

    DECISO

    O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso da Universidade Federal de Minas Gerais, em reunio realizada no dia 19 de abril de 2001, aprovou o documento anexo, relativo s Diretrizes para os Currculos de Graduao da UFMG.

    Professor Francisco Csar de S BarretoPresidente do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso

    1. INTRODUO

    A universidade enfrenta, na sociedade contempornea, um conjunto de desafios propostos por razes diversas, dentre elas, os decorrentes do novo paradigma do conhecimento, resultado do advento das novas tecnologias e de uma nova ordem mundial. Novas exigncias de qualificao foram sendo estabelecidas pela sociedade do conhecimento, de tal modo que a formao em nvel superior seja de natureza ampla e inserida no contexto social. Espera-se, ainda, que ela seja capaz de desenvolver competncias e disposies flexveis para o trabalho, devendo o prprio sistema educacional tornar-se flexvel e estar aberto a mudanas. Nesse contexto, necessrio que a ao da universidade no se restrinja a satisfazer as necessidades imediatas do mercado, o que resultaria no empobrecimento do conhecimento, reduzindo-o mera informao, instrumentalizao para a ao e ao saber imediato e til.

    Em todo o mundo a universidade encontra-se inserida num quadro bastante complexo, com reflexos sobre seu papel hegemnico, sua legitimidade institucional e, at mesmo, sua sobrevivncia enquanto instituio. Um dos componentes desse quadro a dificuldade para desempenhar as funes contraditrias que lhe vm sendo impostas, como a de lidar, de modo adequado, com algumas dicotomias tais como: alta cultura - cultura popular; educao - trabalho; teoria - prtica.

    Alm disso, fatores como a crise do Estado de Bem Estar colocam em questo a autonomia universitria, pois, a despeito de permanecerem sendo as mesmas as funes da universidade, esta levada a buscar meios alternativos de financiamento fora da esfera do Estado. Os cortes oramentrios, por sua vez, comprometem a sua estabilidade, obrigando a universidade a questionar e avaliar sua produo em termos diferentes daqueles aos quais estava habituada.

    A superao desses desafios exige a reavaliao do papel da educao superior na sociedade atual, tendo por base os princpios da liberdade acadmica e da autonomia institucional. Exige, tambm, a melhoria da qualidade em todas as suas funes e atividades, respeitados os contextos institucionais, nacionais e regionais especficos, bem como a valorizao das novas tecnologias de informao para a criao de novos ambientes de aprendizagem. Esta melhoria da qualidade requer, tambm, uma educao superior fortemente marcada pela dimenso internacional, realizando-se por meio do intercmbio de conhecimentos, da criao de redes interativas, da mobilidade de professores e estudantes e do envolvimento em projetos de pesquisa cooperativos.

    Em nenhum desses aspectos pode deixar de ser considerada a importncia da relao

  • entre educao superior e o sistema de ensino. A universidade deve ampliar a sua contribuio para o desenvolvimento do sistema educacional como um todo, principalmente no que concerne melhoria da formao de professores, atravs de educao continuada, da elaborao de planos curriculares e da pesquisa sobre educao.

    Neste cenrio, a UFMG vem discutindo h algum tempo um novo desenho para seus currculos de graduao. No final de 1997, a Cmara de Graduao apresentou comunidade, para discusso, o documento Flexibilizao Curricular - Pr-Proposta da Cmara de Graduao. Em dezembro de 1998 o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso (Cepe) aprovou a Resoluo 01/98, que permitiu o incio da implementao da proposta de flexibilizao horizontal. No momento, a grande maioria dos cursos da UFMG j incorporou a flexibilizao horizontal e alguns j apresentaram reformas curriculares inovadoras, que incorporam vrias das propostas elaboradas e discutidas nos ltimos dois anos.

    Portanto, para que a UFMG se mantenha como uma instituio de referncia nacional, formando o indivduo crtico e tico, com uma slida base cientfica e humanstica, a Cmara de Graduao considera que chegado o momento de formulao das presentes Diretrizes Curriculares para a Graduao, que serviro de base para a edio de novas normas acadmicas pelo CEPE.

    2. PERFIL DO EGRESSO

    Na formao do graduando, a Universidade Federal de Minas Gerais considera como fundamentais a criao e o desenvolvimento das seguintes habilidades e competncias gerais, essenciais para assegurar ao egresso autonomia intelectual, capacidade de aprendizagem continuada, atuao tica e sintonia com as necessidades do pas: conduta pautada pela tica e preocupao com as questes sociais e ambientais; capacidade de atuar de forma crtica, autnoma e criativa; atuao propositiva na busca de solues para as questes apresentadas pela sociedade; capacidade de comunicao e expresso em mltiplos cdigos e linguagens, em particular na lngua portuguesa; capacidade de diagnosticar, analisar e contextualizar problemas; busca de constante aprimoramento cientfico e tcnico a partir da capacidade de articular elementos empricos e conceituais inerentes ao conhecimento; domnio de tcnicas essenciais produo e aplicao do conhecimento; trabalho integrado e contributivo em equipes trans-disciplinares.

    3. CURRCULO

    O currculo, buscando a indissociabilidade de ensino, pesquisa e extenso, deve ser concebido como um sistema articulado. Alm da transmisso de contedos e da produo do conhecimento, inclui o desenvolvimento, por parte do aluno, de habilidades bsicas, especficas e globais, de atitudes formativas, de anlise crtica e de percepo mais global da sua atuao futura como profissional e como membro da sociedade.

    Como tal, ele um conjunto de atividades acadmicas que possibilitam a integralizao de um curso. Entende-se por atividade acadmica curricular toda aquela

  • considerada relevante para que o estudante adquira, durante a integralizao curricular, o saber e as habilidades necessrias sua formao. O aproveitamento de uma atividade acadmica para integralizao curricular deve estar condicionado autorizao prvia do colegiado de curso e a um processo de avaliao. So consideradas premissas bsicas para a estruturao de um currculo:

    1. funcionar como um fluxo articulado de aquisio de saber, em um perodo delimitado de tempo, tendo como base a flexibilidade, a diversidade e o dinamismo do conhecimento, da cincia e da prtica profissional;2. oferecer alternativas de trajetrias, ou seja, um curso deve ser entendido como um percurso;3. oferecer ao aluno orientao e liberdade para definir o seu percurso;4. oferecer condies de acesso simultneo a conhecimentos, habilidades especficas e atitudes formativas na sua rea profissional e em pelo menos uma rea complementar;5. possibilitar o aproveitamento de vrias atividades acadmicas para fins de integralizao curricular.

    Quanto estrutura, o currculo deve contemplar necessariamente um ncleo de formao especfica, uma formao complementar e um conjunto de atividades livres. importante salientar que os trs elementos constitutivos dessa estrutura no precisam estar condicionados pelo perodo letivo ou pelo seqenciamento do curso.

    O ncleo de formao especfica deve constituir a essncia dos saberes caractersticos de uma rea de atuao profissional, incluindo no somente o domnio tpico do curso, mas tambm o de campos de saber prximos, devendo ser estruturado a partir de atividades acadmicas curriculares obrigatrias e optativas. Esse ncleo tem como objetivo contemplar a diversidade do conhecimento ao qual o aluno deve ter acesso como referncia para reflexo na sua rea de atuao.A formao complementar deve propiciar uma adequao do ncleo de formao especfica a outro campo de saber que o complemente e o credencie a obter um certificado. A formao complementar pode ser implementada de duas maneiras:

    1. formao complementar pr-estabelecida;2. formao complementar aberta.

    A formao complementar pr-estabelecida constitui a possibilidade de obteno de um certificado, devendo o aluno cumprir um certo nmero de crditos, pr-determinado pelo colegiado de curso, em atividades acadmicas que lhe assegurem uma formao complementar em alguma rea de conhecimento conexo. Esse conjunto pr-determinado deve ser constitudo, preferencialmente, por um elenco de atividades acadmicas curriculares dos cursos j existentes. A estruturao desse conjunto de atividades baseia-se na possibilidade de que o aluno complemente a sua formao especfica, adquirindo competncia em reas afins. O colegiado ser o rgo responsvel pela elaborao das alternativas de formao complementar a serem oferecidas aos alunos, e pela definio do elenco de atividades.

    A formao complementar aberta construda a partir de proposio do aluno, sob a orientao de um docente e condicionada autorizao do colegiado. Nesse caso imprescindvel que seja preservada uma conexo conceitual com a linha bsica de

  • atuao do curso do aluno, exercendo o professor orientador um papel fundamental.

    O conjunto de atividades livres oferece ao aluno a possibilidade de ampliar sua formao em qualquer campo do conhecimento, com base estritamente em seu interesse individual. Esta modalidade visa atender s aspiraes individuais por algum tipo de conhecimento particular. Alm disso, propicia uma maior versatilidade na formao, podendo ser til na definio do perfil do aluno, tanto para responder a um anseio de fundamentao acadmica, como a de atender demandas da sociedade. Nessa concepo, o aluno poder obter crditos em quaisquer atividades acadmicas curriculares da universidade.

    Entende-se que todo currculo deva oferecer os trs blocos anteriormente descritos. facultado ao aluno optar por cursar a formao complementar, podendo substitu-la por atividades do ncleo de formao especfica. Toda proposta curricular deve contemplar, ainda, um plano de avaliao sistemtica do curso, adicional aos instrumentos de avaliao j existentes na universidade.

    4. REQUISITOS PARA IMPLEMENTAO

    Para implementar de modo adequado as diretrizes propostas neste documento, a Cmara de Graduao considera que ser necessria a satisfao de alguns requisitos, conforme descrito abaixo.

    4.1 Distribuio Oramentria

    A implementao de currculos segundo essas diretrizes trar uma grande diversidade e complexidade s atividades acadmicas que sero oferecidas pelas Unidades. Alm disso, cada Unidade dever estender sua oferta, numa proporo superior atual, para alunos de cursos de outras Unidades. Neste cenrio, importante que sejam rediscutidos os atuais parmetros de distribuio oramentria na UFMG. Adicionalmente, a redefinio do perfil de atuao dos colegiados de curso e o aumento da complexidade das suas atividades tornam oportuno o exame da viabilidade de que tambm as coordenaes dos colegiados de graduao possam ordenar despesas.

    4.2 Redefinio do perfil de atuao dos colegiados de curso

    O novo formato curricular exigir profunda mudana no atual perfil de atuao dos colegiados de curso. Dado que aos alunos ser atribuda a possibilidade de escolha de seu percurso dentro da Universidade, so necessrias mudanas no atual modo de atuao dos colegiados: alm do seu papel gerencial, eles devem assumir a responsabilidade de articulao, estmulo e orientao acadmica. Para tanto, a universidade dever proporcionar aos colegiados uma infra-estrutura adequada ao seu novo perfil de atuao.

    4.3 Institucionalizao da orientao acadmica

    Um dos pilares de sustentao desse formato curricular a figura do orientador acadmico. Apesar da orientao ser uma atividade corrente na Universidade, ela nunca foi considerada como fundamental na estrutura curricular da graduao. O

  • orientador, alm de exercer essa atividade, deve assumir outros papis relacionados ao processo de estruturao dos percursos curriculares, sendo o principal deles a sensibilidade para articular as possibilidades oferecidas pela universidade frente s aspiraes de formao do aluno. Para tal, o orientador dever ter uma viso ampla de todas as formas de atividades acadmicas curriculares no mbito da universidade.

    4.4 Implementao de um novo sistema de gesto e acompanhamento

    necessrio introduzir mudanas substantivas no atual sistema acadmico, buscando evoluir dos atuais mecanismos de registro e controle para um sistema que permita um completo acompanhamento para planejamento e gesto. Isso significa, no cenrio curricular descrito, que a oferta e a vinculao de vagas tero que se dar de forma a garantir a execuo da multiplicidade dos percursos curriculares existentes.

    4.5 Reposio adequada do corpo docente

    A implementao plena do formato curricular proposto depende de um corpo adequadamente dimensionado. possvel que a demanda de vagas para algumas reas de conhecimento aumente, enquanto pode diminuir em outras. Para realizar a flexibilidade que poder ser proposta pelos novos currculos, a universidade no poder ficar submetida rigidez atualmente imposta pelo MEC no preenchimento das vagas docentes da instituio.

    5. CONSIDERAES FINAIS

    As diretrizes gerais para os currculos de graduao propostas neste documento so o resultado de, pelo menos, quatro anos de discusses realizadas na UFMG sobre a questo. Essas discusses aconteceram inicialmente na Cmara de Graduao, e depois, nas unidades, departamentos e, principalmente, colegiados de curso. O tema foi assunto de conferncias, apresentaes, debates, mesas-redondas em vrias ocasies, em particular nas quatro Semanas de Graduao realizadas entre 1997 e 2000. O amadurecimento da proposta apresentada pela Cmara de Graduao no final de 1997 levou em considerao, tambm, vrios textos publicados ao longo desse anos, dos quais podem ser destacados, alm da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, os seguintes:

    Declarao Mundial sobre Educao Superior, Unesco, Paris, 1998. Plano Nacional de Graduao Um Projeto em Construo, Frum Nacional de Pr-Reitores de Graduao, 1999. Parecer CES 776/97: Orientao para as Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduao, Conselho Nacional de Educao, 1997.

    Em 2001 o Conselho Universitrio da UFMG dever apreciar e aprovar o novo Regimento da Universidade. Neste momento, portanto, a Cmara de Graduao deve iniciar a reflexo sobre as novas Normas Acadmicas para a Graduao. Portanto, essas diretrizes serviro de base conceitual para a edio das novas normas.

    Professor Francisco Csar de S Barreto