diário do professor 8 a 12 de março

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1 Diário do Professor (8, 11 e 12 de Março) Segunda-feira foi o verdadeiro começo do nosso estágio. Nesta semana, a responsabilidade pela orientação da turma ficou a cargo do João. Apesar do nervoso que este sentia, conseguiu mostrar uma calma aparente. Nas aulas de segunda-feira é sempre feito o Conselho de Planificação , e como não podia deixar de ser, o João iniciou a aula com o mesmo. Ao discutir o primeiro dia da semana com os alunos, apercebeu-se que o J., aluno que estava responsável por apresentar à turma a sua história da Mala Era uma Vez, não tinha trazido o texto. Esta situação deixou-o um pouco apreensivo em relação aos tempos que inicialmente tinha previsto para aquela aula. De forma a ganhar tempo, resolveu orientar o Conselho de forma mais lenta. Esta decisão não foi a mais acertada, pois a certa altura os alunos já não estavam a prestar a devida atenção àquele importante compromisso semanal. Nas marcações do Ler, Mostrar e Contar , o João provocou o H. para que este se inscrevesse. Este desafio foi muito importante, visto este ser o aluno que menos vezes se inscreve neste momento. Na alteração das tarefas semanais, o João primeiro alterou- as no quadro, para então dizê-las aos alunos. Como esta operação ainda demorou um pouco, os alunos ficaram um pouco irrequietos.

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Diário do Professor 8 a 12 de Março

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Diário do Professor (8, 11 e 12 de Março)

Segunda-feira foi o verdadeiro começo do nosso estágio.

Nesta semana, a responsabilidade pela orientação da turma

ficou a cargo do João. Apesar do nervoso que este sentia,

conseguiu mostrar uma calma aparente.

Nas aulas de segunda-feira é sempre feito o Conselho de

Planificação , e como não podia deixar de ser, o João iniciou a

aula com o mesmo. Ao discutir o primeiro dia da semana com os

alunos, apercebeu-se que o J., aluno que estava responsável por

apresentar à turma a sua história da Mala Era uma Vez… , não tinha

trazido o texto. Esta situação deixou-o um pouco apreensivo em

relação aos tempos que inicialmente tinha previsto para aquela

aula. De forma a ganhar tempo, resolveu orientar o Conselho de

forma mais lenta. Esta decisão não foi a mais acertada, pois a

certa altura os alunos já não estavam a prestar a devida atenção

àquele importante compromisso semanal.

Nas marcações do Ler, Mostrar e Contar , o João provocou o H.

para que este se inscrevesse. Este desafio foi muito importante,

visto este ser o aluno que menos vezes se inscreve neste momento.

Na alteração das tarefas semanais, o João primeiro alterou-

as no quadro, para então dizê-las aos alunos. Como esta

operação ainda demorou um pouco, os alunos ficaram um pouco

irrequietos.

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Na minha opinião, o Conselho de Planificação foi o momento da

aula menos bem conseguido, pois com a preocupação da gestão

do tempo, este teve uma duração maior do que a normal,

tornando-se um pouco aborrecido, desprendendo a atenção dos

alunos.

Seguiu-se o momento de Escrita livre . Esta é uma ocasião em

que o aluno é estimulado para a produção textual,

desenvolvendo uma relação positiva e pessoal com a escrita. Se o

Conselho de Planificação não se tivesse alongado, este momento

poderia ter sido explorado durante mais tempo.

No decorrer da aula de Expressão Musical, pude constatar

que uma das minhas iniciais preocupações em relação a esta

metodologia de ensino eram inócuas. Sempre me questionei como

é que estes alunos reagiriam a outra metodologia de ensino,

sendo o mais provável na mudança de ciclo não terem, ou terem

poucos professores com este método de trabalho. A postura da

professora de música é completamente diferente da nossa

cooperante, mas os alunos respeitam-na de igual forma.

Na Matemática Colectiva o João desafiou os alunos a

descobrirem duas novas tabuadas, a do 5 e a do 4. Foi

distribuída uma ficha de trabalho, onde a pares, os alunos

tinham que descobri-las e registar as suas conclusões. Daquilo

que observei ao circular pelos diferentes grupos de trabalho, não

existiram muitas dificuldades para a resolução desse exercício.

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Terminada a investigação foram chamados diferentes alunos ao

quadro para registar as conclusões a que tinham chegado. Os

alunos copiaram para a ficha de trabalho aquelas que não

tinham. Pudemos constatar que a ida dos alunos ao quadro não

foi a melhor opção, visto alguns terem dificuldades e ritmos

lentos na escrita, assim como a ida de um elemento, de cada vez,

ao quadro distraía os restantes colegas. Como esta actividade

demorou algum tempo, o João registou as diferentes conclusões

da segunda tabuada no quadro.

No Tempo de Estudo Autónomo acabei o trabalho que tinha

começado com o J. na aula anterior. Como ainda tínhamos uma

ficha sobre as horas para resolver, achei que seria melhor rever

primeiro os “quartos de hora”, a “meia hora” e um “quarto

para…”. Na resolução da ficha de matemática, o aluno não

evidenciou nenhuma dificuldade, demonstrando que tinha

assimilado a matéria. Fiquei bastante satisfeita, pois para além

de ele ter interiorizado aqueles conceitos sinto que consegui fazer

um bom trabalho.

No decorrer do trabalho senti algumas dificuldades para

estabelecer a ordem naquele grupo de trabalho, pois estava

constantemente a ser solicitada não só para ajudar, como

também para conversar.

Quando terminei o trabalho com o J., ajudei a B. a resolver

uma ficha do manual de Língua Portuguesa, visto esta ter-se

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inscrito no registo “Preciso de ajuda para…”. Ao trabalhar com a

aluna apercebi-me que esta não apresentava nenhuma

dificuldade para a realização daquela ficha, apenas queria que

eu estivesse ao lado dela. Como já não é a primeira vez que

situações como esta ocorrem, devo considerar a minha postura e

participação no TEA . Para isso, antes de trabalhar com algum

aluno, deverei analisar se este realmente precisa de ajuda ou se

precisa apenas de atenção.

Na aula de quinta-feira o João já se mostrou muito mais

confiante, do que no dia anterior, conseguindo agarrar melhor a

turma, assim como, gerir o ambiente.

Esta aula iniciou-se com a habitual leitura do Plano do Dia .

Ao contrário do Conselho de Planificação este momento foi muito mais

dinâmico, pois foi lido ao ritmo adequado.

Depois de executadas as tarefas os alunos apresentaram as

suas produções no Ler, Mostrar e Contar .

A T., o H. e o H leram textos. A T. apresentou um texto que

tinha feito com os cartões, este apresentava-se bastante completo.

O H. apresentou o 2º capítulo de uma história, como este estava

muito curto, o João ofereceu-se para o ajudar no Tempo de

Estudo Autónomo a melhorar o texto. Uma das finalidades deste

circuito de comunicação é a de detectar falhas como estas, para

mais tarde serem trabalhadas com o professor ou com outro

aluno. O texto do H. também estava muito bom, ao que o João

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aproveitou para o elogiar dizendo que quando ele quer consegue

fazer trabalhos bem feitos e que devia continuar assim.

Para este momento, seis alunas prepararam uma

“surpresa”. Apresentaram um momento musical, onde três

tocavam flauta, duas dançavam e uma era a mestrina. Estes

momentos são sempre os mais difíceis de comentar, visto serem

momentos que não observámos a Sofia a comentar.

Terminado este Circuito de Comunicação , foram distribuídas aos

alunos as sistematizações das tabuadas do 4 e do 5 para eles as

colarem nos cadernos e completarem. Em seguida o João

explicou-lhes como iria ser realizado o Bingo das Tabuadas,

assim como o seu objectivo, que seria a consolidação das

tabuadas do 4 e do 5 de uma forma lúdica e divertida. Durante

o decorrer do jogo, conseguimos apercebermo-nos das

dificuldades que alguns alunos sentiram ao efectuarem algumas

operações.

Após o intervalo, no tempo de Língua Portuguesa , o João

distribuiu aos alunos nove gravuras que estes tinham que

ordenar para contarem uma história. Esta

actividade tinha como objectivo

estimular a criatividade dos

alunos, assim como a interpretação

de imagens. Ao ler as diferentes

histórias vimos que elas estavam todas

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diferentes, e que qualquer uma fazia sentido. Com esta

actividade, para além de trabalharmos a construção de textos,

também pudemos constatar que a interpretação é algo

individual, pois cada um tem a sua representação.

No Tempo de Estudo Autónomo trabalhei mais tempo com a T. e

a C., porque ao corrigir os seus PIT’s apercebi-me que estas

precisavam de ajuda para melhorar dois textos que tinham feito

em conjunto. Antes de fazermos alguma alteração aos mesmos,

pedi-lhes que o lessem para ver se fazia algum sentido.

Inicialmente elas disseram-me que sim. Claro que esta era a

resposta mais previsível, pois como tinham sido elas a o

escreverem, sabiam quais eram as suas ideias. Depois de lhes ter

explicado que tinha dificuldades em entender aquilo que elas

queriam transmitir e de voltar a ler-lhes o texto, concordámos as

três que ficaria melhor se o alterássemos. Assim, em consenso,

reformulámo-lo para que fizesse sentido para todos. No resto do

TEA fui ajudando quem ia solicitando a minha ajuda.

Antes da Educação Física houve a apresentação de um

livro e da história da mala “Era uma vez…”. O H. apresentou o

livro “O Leão e a Raposa”. O principal objectivo deste momento é

os alunos mostrarem aos colegas, livros que estes ainda não

conhecem, de forma a suscitar a sua curiosidade para os lerem.

O J., com a ajuda dos pais, escreveu na mala das histórias

um conto dos meses do ano. Gostei imenso desta narrativa, pois

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estava bastante imaginativa assim como engraçada. Achei

bastante interessantes as personagens terem as características dos

meses do ano.

Na sexta-feira, depois da habitual leitura do Plano do Dia ,

das parcerias e da execução das tarefas, assistimos ao Ler, Mostrar e

Contar . Todos os alunos inscritos leram textos. O F. leu o terceiro

capítulo de “O Rato e o deserto infinito”, a A. R. leu uma receita

de bolinhos de chocolate, a M. leu o texto “As árvores” e a H. “O

nascimento dos bebés. Todos os comentários que o João fez às

apresentações iam ao encontro da minha opinião, assim como

das necessidades dos alunos, contribuindo assim para a evolução

das suas aprendizagens.

O terceiro capítulo do F. estava um pouco confuso, o que o

aluno também admitiu. A receita da A. R., para além de ser

uma boa maneira de treinar a leitura funcional, impulsionou o

João a propor no Diário de Turma a elaboração de um livro de

receitas. O texto da M. estava muito completo e imaginativo. E em

relação ao texto da H., a primeira frase não estava em

concordância, pois a aluna dizia que num dia tinham nascido

3 bebés mas todos tinham idades diferentes. Penso que este erro

deve-se ao facto de os alunos começarem os seus textos quase

sempre da mesma maneira.

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A apresentação de projecto que

assistimos neste dia de aulas foi ao

das “Pinturas Abstractas”. A A. R. e a

B. apresentaram um cartaz que

continha um breve resumo do

aparecimento das pinturas abstractas, assim

como alguns dos artistas mais conceituados nesta área

(kandinsky, Miró e Picasso). Para completar a sua apresentação

as alunas pintaram duas telas e mostraram uma chávena com

uma pintura de Miró. Depois de tiradas as dúvidas e feitos os

comentários, as alunas ajudaram os colegas na resolução da

ficha de trabalho do projecto.

Depois do intervalo, enquanto uns alunos continuaram na

elaboração dos seus projectos, os restantes trabalharam no PIT .

Como alguns projectos já foram apresentados e os pares de

trabalho têm que ser sempre diferentes, existem alunos que estão

à espera de outro par de trabalho. Neste primeiro tempo estive

com o grupo que está a trabalhar os “Artefactos Valiosos”.

Estivemos a ver alguma informação que seria importante para o

projecto.

Depois estive a trabalhar com o R., não que este tivesse

alguma dificuldade específica, mas para motivá-lo a trabalhar

mais e para orientá-lo na escolha dos trabalhos a realizar.

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No Tempo de Estudo Autónomo estive a trabalhar com as B. as

tabuadas, pois esta demonstrou no jogo do “Bingo das Tabuadas”

algumas dificuldades nos cálculos. Primeiro começámos pelo

preenchimento de uma tabela com as diferentes tabuadas (1, 2,

3, 4 e 5), onde a aluna mostrou imensa dificuldade no cálculo

mental, recorrendo constantemente ao uso do algoritmo para

fazer somas sucessivas. A tabuada onde a aluna mostrou menos

dificuldade foi na do 2 e na do 3, o que é curioso pois foi a do

3 ainda não foi trabalhada. Penso que isso demonstra que o

dobro e o triplo são matérias que a aluna já domina.

Seguidamente a aluna esteve a tentar resolver diferentes

tabuadas sem recorrer ao algoritmo, mas foi algo que demorou

imenso tempo a fazer. Como o problema estava no cálculo mental

estivemos a fazer contagens de quatro em quatro e depois de

cinco em cinco. Na próxima aula continuaremos a trabalhar o

cálculo mental.

Na parte da tarde o João orientou o Conselho de Cooperação .

Este momento é o mais difícil de gerir, pois para além do papel

de mediador ser difícil, é uma corrida contra o tempo. Depois de

os alunos avaliarem o PIT , quatro mostraram em pormenor o seu

trabalho à turma. Destes quatro alunos apenas uma aluna

conseguiu fazer tudo aquilo que tinha marcado. Esta situação

demonstra que existe uma má organização de trabalho e de

tempo.

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Depois de avaliadas as tarefas foi lido o Diário de Turma . Na

coluna do Não Gostei estava muita coisa escrita, mas a maior parte

já tinha sido resolvida. Depois de discutidos e mediados todos os

conflitos, foram lidas as colunas do Fizemos , das Propostas e do

Gostei . A gestão do Conselho é sempre um momento difícil, não

apenas porque o tempo urge mas também o papel de mediador,

de regulador na gestão de conflitos é um papel que necessita de

alguma experiência.

Terminado o Conselho a S. alertou-nos para que deveríamos

ter cuidado com aquilo que dizemos, pois pode ser mal

interpretado. No meu caso eu disse ao R. que se ele se esforçasse

podia ser o melhor aluno. Quando disse isto não pensei nas

consequências que as minhas palavras poderiam ter, visto isto

poder desmotivar os restantes alunos. O que eu queria dizer é

que se ele se esforçasse ele poderia ser um aluno melhor, mas

não soube me expressar da melhor maneira, o que passou a

ideia de o R. poder ser o meu favorito. Este assunto deixou-me

preocupada, pois não quero passar ideias erradas aos alunos.

Naquela turma não tenho favoritos e preocupo-me com todos os

por igual. Mas faz-me pena um aluno com as capacidades que o

R. tem desperdiçá-las devido ao seu comportamento.

É-me difícil comentar a prestação do João por diversos

motivos. Apesar de ser a sua semana a orientar a turma eu

também estive empenhada a trabalhar com eles, o que me

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dificultou observá-lo constantemente. Ao reflectir sobre esta

semana de estágio, estive quase sempre a falar de mim e do meu

ponto de vista, reflectindo pouco sobre o desempenho do meu

colega. Mas daquilo que pude observar ele apenas falhou na

Planificação Semanal , devo aprender com os seus erros para não a

comete-los. Na quinta e na sexta-feira, as aulas correram muito

bem, e segundo os comentários da nossa cooperante, nesses dias

não existiram falhas.