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, DIARIO República Federativa do Brasil DO CONGRESSO NACIONAL SEÇÃO I ANO XLIII - N' 53 CAPITAL FEDERAL TERÇA-FEIRA, 14 DE JUNHO DE 1988 CÂMARA DOS DEPUTADOS SUMÁRIO 1- ATA DA 46' SESSÃO DA2'SESSÃOLEGIS. LATIVA DA 48' LEGISLATURA EM 13 DE JU. NRODE 1988 I- Abertura da Sessão 11 - Leitura e assinatura da ata da sessão anterior 11I - Leitura do Expediente PROJETOS A IMPRIMIR Projeto de Lei n' 201-E, de 1987 - Substitutivo do Senado ao Projeto dc Lei n' 201-D, de 1987, que "estabelece normas para as eleições municipais de 15 de novembro de 1988". PROJETOS ÀPRESENTADOS Projeto de Resolução n' 44, de 1988 (Da Sr' Cris- tina Tavares) - Cria Comissão Parlamentar de In- quérito - CPI, destinada a apurar as atividades da indústria de informática. Projeto de Lei n' 738, de 1988 (Do Sr. Fábio Feldmann) - Dispõe sobre o uso e comercialização de moto-serras. Projeto de Lei n' 739, de 1988 (Do SI. Fábio Feldmann) - Proíbe a utilização de CFC - cloro- f1uorcarbonetos como propelente em produtos do tipo aerosol. Projeto de Lei n' 740, de 1988 (Do SI. Fábio Feldmann) - Condiciona a utilização do mercúrio e do ciancto no processo de extração de ouro a sua posterior recuperação, mediante a utilização de técnicas e de equipamentos específicos. IV - Pequeno Expediente NILSON GIBSON - Transcurso do 123' aniver- sário da Batalha do Riachuelo. OSVALDO BENDER - Duplicação da Rodovia Régis Bittencourt, trecho São·Paulo-Curitiba. LÚCIO ALCÁNTARA - Concessão, pela As- sembléia Legislativa do Estado do Ceará, da Meda- lha "Edson de Queiroz" ao industrial Ivens Dias Branco. GONZAGA PATRIOTA - Apoio à fusão de emendas concedendo anistia aos microempresários nos débitos contraídos durante a vigência do Plano Cruzado. Encaminhamento de projeto de lei proi- bindo o uso, no território nacional, do spray conten- do clorofluorcarbono, CFC. PAULO RAMOS - Aproveitamento pelo Go- verno do Estado do Rio de Janeiro de funcionários demitidos do Banerj - Banco do Estado do Rio de Janeiro, pela junta interventora do Banco Cen- traI. Denúncia de viagem de funcionário do Estado do Rio de Janeiro a Paris, às custas dos cofres pú- blicos. IVO MAINARDI - Preocupação da Fecotrigo e da Federação das Cooperativas de Trigo e Soja do Estado do Rio Grande do Sul com a anunciada extinção da compra estatal do trigo. ANTÓNIO DE JESUS - Importância da ciência e da tecnologia no atendimento ao cidadão, nos seus direitos fundamentais. PAULO PAIM - Documento "Propostas Su- pressivas para .a Nova Constituição", dos empre- sários brasileiros, em relação aos direitos trabalhis- tas no futuro texto constitucional. ELIEL RODRIGUES - Transcurso do aniver- sãrio de fundação do Correio Aéreo Nacional - CAN. HUMBERTO SOUTO - Anistia aos micro e pequcnos empresários nos débitos contraídos duran- te a vigência do Plano Cruzado. DENISAR ARNEIRO - Jornada de seis horas em turno de revezamento, na futura Constituição. WALDECK ORNELAS - Motorização da bar- ragem de Pedra do Cavalo, Estado da Bahia. RUY NEDEL - Posição do PMDB favorável à realização de eleições municipais em 1988. EDME TAVARES - Transcurso do centenário da primeira edição do jornal Gazeta do Sertão, Esta- do da Paraíba. UBIRATAN AGUIAR - Apoio à fusão de emendas concedendo anistia aos microempresários nos débitos contraídos durante a vigência do Plano Cruzado. Estabilidade do servidor público, na futura Constituição. JOÁO DE DEUS ANTUNES - Administração Maria Luíza Fontenelle, Fortaleza, Estado do Cea- rá. HERMES ZANETI - Definição de projeto polí- tico que dê conseqüência à construção da demo- cracia no Brasil. MENDES RIBEIRO - Recrudescimento da vio- lência urbana no País. JORGE ARBAGE - Tempo de Pescar, órgão informativo do setor pesqueiro. HOMERO SANTOS - Homenagem póstuma à memória do ex-Deputado Federal Manoel de Al- meida. TADEU FRANÇA - Administração Romero Jucá à frente da Funai. GANDI JAMIL - Transcurso do 80' aniversário do início da imigração japonesa para o Brasil. ANNA MARIA RATTES - Causas da repres- são policial às ações decorrentes da ineficiência do Estado na área social. ARNALDO FARIA DE -Apoio ao Minis- tro Adbemar Ghisi, do Tribunal de Contas da União, quanto ao relatório sobre o acidente com césio em Goiânia, Estado de Goiás, e às providên- cias para agilização do processo envolvendo malver- sação de recursos durante a gestão do Sr. Raphael de Almeida Magalhães no Ministério da Previdência e Assistência Social. V- Comunicações das Lideranças PAES LANDIM - Registro da presença no Bra- sil do Primeiro-Ministro Cavaco Silva, de Portugal. JOSÉ TEIXEIRA - Apoio à fusão de emendas concedendo anistia aos microempresários nos débi- tos contraídos durante a vigência do Plano Cruzado. ABIGAIL FEITOSA - Denúncia de irregula- ridade na venda de terreno pela Prefeitura de Salva- dor, Estado da Bahia. SIQUEIRA CAMPOS - Necrológio de Osias Gomes de Alencar, ex-Vereador de Porto Nacional. Estado de Goiás. VICTOR FACCIONI - Descumprimento pelo PMDB de compromissos assumidos em praça pú- blica. UBIRATAN AGUIAR - Contribuição do PMDB para a construção da democracia no País. VI - Apresentação de Proposições VICTOR FACCIONI, GONZAGA PATRIO- TA, GANDI JAMIL. VII - Grande Expediente PAULO PAIM - Solidariedade ao movimento em favor da libertação do líder negro Nelson Man- dela, preso pelo Governo da África do Sul. Impor- tância do filme "Grito de Liberdade" na luta contra o regime do apartheid. : ADYLSON MOTTA -A Comissão Parlamcn- tar de Inquérito no Poder Legislativo bras.ileiro. VIII - Encerramento 2- MESA (Relação dos membros) 3- LÍDERES E VICE·LÍDERESDEPARTIDOS (Relação dos membros) . 4- COMISSÕES (Relação dos membros das Co- missões Permanentes e de Inquérito) 5- ATOS DA MESA

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Page 1: DIARIO DO CONGRESSO NACIONALimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD14JUN1988.pdfdiario república federativa do brasil do congresso nacional seÇÃo i ano xliii- n'53 capitalfederal

,DIARIO

República Federativa do Brasil

DO CONGRESSO NACIONALSEÇÃO I

ANO XLIII - N' 53 CAPITAL FEDERAL TERÇA-FEIRA, 14 DE JUNHO DE 1988

CÂMARA DOS DEPUTADOSSUMÁRIO

1- ATA DA 46' SESSÃO DA2'SESSÃOLEGIS.LATIVA DA 48' LEGISLATURA EM 13 DE JU.NRODE 1988

I - Abertura da Sessão11 - Leitura e assinatura da ata da sessão anterior11I - Leitura do Expediente

PROJETOS A IMPRIMIR

Projeto de Lei n' 201-E, de 1987 - Substitutivodo Senado ao Projeto dc Lei n' 201-D, de 1987,que "estabelece normas para as eleições municipaisde 15 de novembro de 1988".

PROJETOS ÀPRESENTADOS

Projeto de Resolução n' 44, de 1988 (Da Sr' Cris­tina Tavares) - Cria Comissão Parlamentar de In­quérito - CPI, destinada a apurar as atividadesda indústria de informática.

Projeto de Lei n' 738, de 1988 (Do Sr. FábioFeldmann) - Dispõe sobre o uso e comercializaçãode moto-serras.

Projeto de Lei n' 739, de 1988 (Do SI. FábioFeldmann) - Proíbe a utilização de CFC - cloro­f1uorcarbonetos como propelente em produtos dotipo aerosol.

Projeto de Lei n' 740, de 1988 (Do SI. FábioFeldmann) - Condiciona a utilização do mercúrioe do ciancto no processo de extração de ouro asua posterior recuperação, mediante a utilização detécnicas e de equipamentos específicos.

IV - Pequeno ExpedienteNILSON GIBSON - Transcurso do 123' aniver­

sário da Batalha do Riachuelo.OSVALDO BENDER- Duplicação da Rodovia

Régis Bittencourt, trecho São ·Paulo-Curitiba.LÚCIO ALCÁNTARA - Concessão, pela As­

sembléia Legislativa do Estado do Ceará, da Meda­lha "Edson de Queiroz" ao industrial Ivens DiasBranco.

GONZAGA PATRIOTA - Apoio à fusão deemendas concedendo anistia aos microempresáriosnos débitos contraídos durante a vigência do PlanoCruzado. Encaminhamento de projeto de lei proi­bindo o uso, no território nacional, do spray conten­do clorofluorcarbono, CFC.

PAULO RAMOS - Aproveitamento pelo Go­verno do Estado do Rio de Janeiro de funcionáriosdemitidos do Banerj - Banco do Estado do Riode Janeiro, pela junta interventora do Banco Cen-

traI. Denúncia de viagem de funcionário do Estadodo Rio de Janeiro a Paris, às custas dos cofres pú­blicos.

IVO MAINARDI - Preocupação da Fecotrigoe da Federação das Cooperativas de Trigo e Sojado Estado do Rio Grande do Sul com a anunciadaextinção da compra estatal do trigo.

ANTÓNIO DE JESUS - Importância da ciênciae da tecnologia no atendimento ao cidadão, nos seusdireitos fundamentais.

PAULO PAIM - Documento "Propostas Su­pressivas para .a Nova Constituição", dos empre­sários brasileiros, em relação aos direitos trabalhis­tas no futuro texto constitucional.

ELIEL RODRIGUES - Transcurso do aniver­sãrio de fundação do Correio Aéreo Nacional ­CAN.

HUMBERTO SOUTO - Anistia aos micro epequcnos empresários nos débitos contraídos duran­te a vigência do Plano Cruzado.

DENISAR ARNEIRO - Jornada de seis horasem turno de revezamento, na futura Constituição.

WALDECK ORNELAS - Motorização da bar­ragem de Pedra do Cavalo, Estado da Bahia.

RUY NEDEL - Posição do PMDB favorávelà realização de eleições municipais em 1988.

EDME TAVARES - Transcurso do centenárioda primeira edição do jornal Gazeta do Sertão, Esta­do da Paraíba.

UBIRATAN AGUIAR - Apoio à fusão deemendas concedendo anistia aos microempresáriosnos débitos contraídos durante a vigência do PlanoCruzado. Estabilidade do servidor público, na futuraConstituição.

JOÁO DE DEUS ANTUNES - AdministraçãoMaria Luíza Fontenelle, Fortaleza, Estado do Cea­rá.

HERMES ZANETI - Definição de projeto polí­tico que dê conseqüência à construção da demo­cracia no Brasil.

MENDES RIBEIRO - Recrudescimento da vio­lência urbana no País.

JORGE ARBAGE - Tempo de Pescar, órgãoinformativo do setor pesqueiro.

HOMERO SANTOS - Homenagem póstumaà memória do ex-Deputado Federal Manoel de Al­meida.

TADEU FRANÇA - Administração RomeroJucá à frente da Funai.

GANDI JAMIL - Transcurso do 80' aniversáriodo início da imigração japonesa para o Brasil.

ANNA MARIA RATTES - Causas da repres­são policial às ações decorrentes da ineficiência doEstado na área social.

ARNALDO FARIA DE SÁ -Apoio ao Minis­tro Adbemar Ghisi, do Tribunal de Contas daUnião, quanto ao relatório sobre o acidente comcésio em Goiânia, Estado de Goiás, e às providên­cias para agilização do processo envolvendo malver­sação de recursos durante a gestão do Sr. Raphaelde Almeida Magalhães no Ministério da Previdênciae Assistência Social.

V - Comunicações das Lideranças

PAES LANDIM - Registro da presença no Bra­sil do Primeiro-Ministro Cavaco Silva, de Portugal.

JOSÉ TEIXEIRA - Apoio à fusão de emendasconcedendo anistia aos microempresários nos débi­tos contraídos durante a vigência do Plano Cruzado.

ABIGAIL FEITOSA - Denúncia de irregula­ridade na venda de terreno pela Prefeitura de Salva­dor, Estado da Bahia.

SIQUEIRA CAMPOS - Necrológio de OsiasGomes de Alencar, ex-Vereador de Porto Nacional.Estado de Goiás.

VICTOR FACCIONI - Descumprimento peloPMDB de compromissos assumidos em praça pú­blica.

UBIRATAN AGUIAR - Contribuição doPMDB para a construção da democracia no País.

VI - Apresentação de Proposições

VICTOR FACCIONI, GONZAGA PATRIO­TA, GANDI JAMIL.

VII - Grande Expediente

PAULO PAIM - Solidariedade ao movimentoem favor da libertação do líder negro Nelson Man­dela, preso pelo Governo da África do Sul. Impor­tância do filme "Grito de Liberdade" na luta contrao regime do apartheid. :

ADYLSON MOTTA -A Comissão Parlamcn-tar de Inquérito no Poder Legislativo bras.ileiro.

VIII - Encerramento

2 - MESA (Relação dos membros)

3 - LÍDERES E VICE·LÍDERESDEPARTIDOS(Relação dos membros) .

4 - COMISSÕES (Relação dos membros das Co­missões Permanentes e de Inquérito)

5 - ATOS DA MESA

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2180 Terça-feira 14 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Junho de 1988

Ata da 46~ Sessão, em 13 de Junho de 1988Presidência dos Srs.: Homero Santos, Primeiro-Vice-Presidente; Paes de Andrade, Primeiro-Secretário;

Siqueira Campos, Lúcio Alcântra, Ubiratan Aguiar e João de Deus Antunes, artigo 76 do Regimento Interno

ÀS9:00HORAS COMPARECEM os SENHORES:

Acre

Alércio Dias - PFL; José Melo - PMDB; MariaLúcia - PMDB; Osmir Lima - PMDB.

Amazonas

Bernardo Cabral- PMDB; Beth Azize - PSB; Eu­nice Michiles - PFL; José Dutra - PMDB.

Rondônia

Arnaldo Martins - PMDB; Assis Canuto - PFL;Francisco Sales - PMDB; José Guedes - PMDB.

Pará

Aloysio Chaves - PFL; Amilcar Moreira - PMDB;Arnaldo Moraes - PMDB; Domingos Juvenil ­PMDB; Eliel Rodrigues - PMDB; Fausto Fernandes-PMDB; Gabriel Guerreiro -PMDB; Jorge Arbage- PDS; Manoel Ribeiro - PMDB; Paulo Roberto-PMDB.

Maranhão

Albérico Filho - PMDB; Antonio Gaspar ­PMDB; Cid Carvalho - PMDB; Davi Alves Silva ­PDS; Eliézer Moreira - PFL; Jayme Santana - PFL;José çarlos Sabóia - PMDB; José Teixeira - PFL.

Piauí

Átila Lira - PFL; Jesualdo Cavalcanti -PFL; JesusTajra - PFL; Paes Landim - PFL.

Ceará

Aécio de Borba - PDS; Carlos Benevides - PMDB;Carlos Virgílio - PDS; Etevaldo Nogueira - PFL;Expedito Machado - PMDB; Firmo de Castro ­PMDB; Furtado Leite - PFL; Gidel Dantas - PMDB;José Lins - PFL; Lúcio Alcântara - PFL; Luiz Mar­ques - PFL; Mauro Sampaio - PMDB; Moema SãoThiago - PDT; Moysés Pimentel- PMDB;OrlandoBezerra - PFL; Osmundo Rebouças - PMDB; Paesde Andrade - PMDB; Ubiratan Aguiar - PMDB.

. Rio Grande do Norte

Henrique Eduardo Alves - PMDB; Iberê Ferreira- PFL; Vingt Rosado - PMDB.

Paralha

Adauto Pereira - PDS; Agassiz Almeida - PMDB;Aluízio Campos - PMDB; Cássio Cunha Lima ­PMDB; Edivaldo Motta - PMDB; Edme Tavares ­PFL; Joãó Agripino - PMDB.

Pernambuco

Cristina Tayares -; Fernando Lyra -; Gonzaga Pa­triota -PMDB; Harlan Gadelha-PMDB; InocêncioOliveira - PFL; Joaquim Francisco - PFL; José Jorge- PFL; José Moura - PFL; José Tinoco - PFL; Mar­cos Queiroz - PMDB; Nilson Gibson - PMDB; RI-.cardo Fiuza - PFL; Roberto Freire - PCB; SalatielCarvalho - PFL.

Alagoas

Albérico Cordeiro - PFL; Eduardo Bonfim - PCdo B; Geraldo Bulhões - PMDB; José Costa -; JoséThomas Nonô - PFL; Renan Calheiros.

Sergipe

Acival Gomes - PMDB; Cleonâncio Fonseca ­PFL; Djenal Gonçalves - PMDB; João Machado Ro­llemberg - PFL; José Queiroz - PFL.

Bahia

Abigail Feitosa - PSB; Ângelo Magalhães - PFL;Benito Gama - PFL; Carlos Sant'Anna - PMDB;Fernando Gomes - PMDB; Fernando Santana ­PCB; Francisco Benjamim - PFL; Haroldo Lima­PC do B; Jairo Azi -; Jairo Carneiro -; João Alves'- PFL; Jonival Lucas -; Jorge Hage - PMDB; JorgeMedauar- PMDB; Jorge Vianna - PMDB; José Lou­renço - PFL; Luiz Vianna Neto - PMDB; ManoelCastro - PFL; Virgildásio de Senna - PMDB; Wal­deck Ornélas - PFL.

Espírito Santo

Nyder Barbosa - PMDB; Rita Camata - PMDB;Stélio Dias - PFL.

Rio de Janeiro

AdolIo Oliveira - PL; Amaral Netto - PDS; AnnaMaria Rattes - PMDB; Arolde de Oliveira - PFL;Artur da Távola - PMDB; Benedita da Silva - PT;Brandão Monteiro - PDT; Daso Coimbra - PMDB;Denisar Arneiro - PMDB; Edmilson Valentim - PCdo B; Fábio Raunheitti - PTB; José Luiz de Sá ­PL; José Maurício - PDT; Luiz Salomão - PDT;Lysâneas Maciel- PDT; Messias Soares - PTR; MiroTeixeira - PMDB; Noel de Carvalho - PDT; OswaldoAlmeida - PL; Paulo Ramos - PMDB; Roberto Au­gusto - PTB; Sandra Cavalcanti - PFL; Simão Sessim- PFL; Sotero Cunha - PDC; Vivaldo Barbosa ­PDT; Vladimir Palmeira - PT.

.Minas Gerais

Bonifácio de Andrada - PDS; Carlos Cotta -; Car­los Mosconi -; Chico Humberto - PDT; Christóvam

). Chiaradia- PFL; Elias Murad- PTB; Homero Santos-; Humberto Souto - PFL; Israel Pinheiro - PMDB;Jo.ão Paulo - PT; Lael Varella - PFL; Leopoldo Bes­sone - PMDB; Luiz Alberto Rodrigues - PMDB;Marcos Lima - PMDB; Maurício Pádua - PMDB;Mauro Campos -:; Mello R~is - PDS; Milton Lima--"- PMDB; Milton Reis _ PMDB; Octávio Elísio -;Oscar Corrêa --'- PFL; Paulo Delgado _ PT; Pimentada Veiga - PMDB; Rosa Prata -'- PMDB; VirgílioGalassi - PDS.

São Paulo

Agripino .de Oliveira Lima - PFL; Antônio. SalimCuriati - PDS; Arnold Fioravante - PDS; CunhaBueno - PDS; Del Bosco Amaral--'- .PMDB; DelIirnNetto --':PDS; Dirce Turo Quadros - PTB; EduardoJorge - PT; Fábio Feldmann - PMDB; FarabuliniJúnior - PTB; Fausto Rocha - PFL; Fernando Gaspa­rian - PMDB; Florestan Fernandes - PT; FranciscoRossf--"- PTB; Gastone Righi - PTB; Geraldo AlckminFilho -:- PMDB; Irma Passoni - PT; Jaymé Paliarin-PTB; Joaquim Bevilacqua - PTB; José Carlos Grec-'co - PMDB; José Genoíno - PT; José Serra~

PMDB; Koyu Iha -; Luis Inácio Lula da Silva - PT;Nelson Seixas - PDT; Sólon Borges dos Reis - PTB;Ulysses Guimarães -: PMDB.

Goiás

Aldo Arantes - ~C do B;. Antonio de Jesus ­PMDB; Fernando Cunha - PMDB; Jalles Fontoura

- PFL; João Natal - PMDB; Maguito Vilela ­PMDB; Naphtali Alves de Souza - PMDB; Nion Al­bernaz - PMDB; Pedro Canedo - PFL; Siqueira Cam­pos-PDC.

Distrito Federal

Augusto Carvalho - PCB; Francisco Carneiro ­PMDB; Geraldo Campos - PMDB; Jofran Frejat ­PFL; Maria de Lourdes Abadia - PFL; SigmaringaSeixas - PMDB; Valmir Campelo - PFL.

Mato Grosso

Júlio Campos - PFL; Rodrigues Palma - PTB.

Mato Grosso do Sul

Gandi Jamil - PFL; Levy Dias - PFL; Plínio Mar­tins - PMDB; Saulo Queiroz - PFL;

Paraná

Alceni Guerra - PFL; Darcy Deitos- PMDB; Er­vin Bonkosk:i -; Euclides Scalco - PMDB; Hélio Du­que - PMDB; José Tavares - PMDB; Matheus Iensen-PMDB; Nelton Friedrich-PMDB; Paulo Pimentel- PFL; Renato Johnsson - PMDB; Tadeu França-PDT.

Santa Catarina

Alexandre Puzyna - PMDB; Antônio Carlos Kon­der Reis - PDS; Artenir Werner - PDS; CláudioÁvila - PFL; Eduardo Moreira - PMDB; FranciscoKüster - PMDB; Orlando Pacheco - PFL; RubervalPilotto - PDS; Vilson Souza - PMDB;Walmor deLuca-PMDB.

Rio Grande do Sul

Adroaldo Streck - PDT; Adylson Motta - PDS;Amaury Müller - PDT; Arnaldo Prieto - PFL; DareyPozza - PDS; Erico Pegoraro - PFL; Floriceno Paixão- PDT; Hermes Zaneti - PMDB; Ibsen Pinheiro ­PMDB; Ivo Mainardi - PMDB; João de Deus Antunes- PTB; Jorge Uequed - PMDB; Júlio Costamilan-PMDB; Lélio Souza-PMDB; Luís Roberto Ponte-':- PMDB; Mendes Ribeiro- PMDB; Osvaldo Bendér- PDS; Paulo Mincarone - PMDB; Paulo Paim-PT; Rospide Netto.-PMDB; Ruy Nedel- PMDÍI;Tehilo'Kirst - PDS; Vicente Bago --"- PMDB; VictorFaccioni - PDS.

Amapá

Annibal Barcellos - PFL; Eraldo Trindade - PFL;Geovani Borges - PFL.

Roraima

Marluce Pinto - PTB; Mozarildo Cavalcanti - PFL;Ottomar Pinto - PMDl3.

I - ABERTURA DA SESSÃO

o SR. PRESIDENTE (Siqueira Campos) - A listade presença registra o comparecimento de 62 SenhoresDeputados.

Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.O Sr. Secretário procederá ã leitura da ata da sessão

anterior. .

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Junho de 1988

11 - LEITURA DA ATA

o SR. GONZAGA PATRIOTA, servindo como Se­gundo-Secretário procede à leitura da ata da sessãoantecedente, a qual é, sem observações, assinada.

O SR. PRESIDENTE (Siqueira Campos) - Passa-seà leitura do expediente.

111 - EXPEDIENTE

Não há expediente a ser lido.

PROJETO DE LEIN' 201-E, de 1987

Snbstitutivo do Senado ao Projeto de Lei n'201-D, de 1987, que "Estabelece normas para aseleições municipais de IS de novembro de 1988".

(À Comissão de Constituição de Justiça)

O Congresso Nacional decreta:

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. l' As eleições para Prefeitos, Vice-Prefeitose Vereadores serão realizadas, simultaneamente, emtodo o País, no dia 15 de novembro de 1988.

Art. 2' Na mesma data prevista no artigo anteriorserão realizadas eleições para Prefeitos, Vice-Prefeitose Vereadores nos municípios que tenham sido criadosdentro dos prazos previstos pelas respectivas legislaçõesestaduais.

Art. 3' Serão considerados eleitos o Prefeito e oVice-Prefeito com ele registrado que obtiverem a maio­ria dos votos.

Parágrafo único. Nos municípios com mais de200.000 (duzentos mil) eleitores, se nenhum dos candi­datos alcançar a maioria absoluta dos votos, não compu­tados os em branco e os nulos, renovar-se-á a eleiçãono dia 15 de dezembro de 1988, concorrendo os doismais votados no primeiro turno, considerando-se eleitoo que alcançar a maioria dos votos.

Art. 4' A posse do Prefeito, Vice-Prefeito e Verea­dores, eleitos nos termos desta lei, dar-se-á no dia l'de janeiro de 1989.

Art. 5' Nas eleições referidas nos artigos anterioresserá aplicada a legislação eleitoral vigente, ressalvadasas regras especiais estabelecidas nesta lei.

Art. 6' Poderão registrar candidatos c participardas eleições previstas nesta lei, os atuais Partidos políti­cos, com registro definitivo ou provisório, e os quevenham a ser organizados em tempo hábil.

Parágrafo único. Os Partidos políticos com registroprovisório que venham a completar, em 1988, o prazoprevisto no ·art.12 da Lei n' 5.682, de 21 de julho de1971, terão o mesmo automaticamente prorrogado por12 (doze) meses.

Art. 7' Além dos Partidos políticos referidos no ar­tigo anterior, poderão também participar das eleiçõesde 15 de novembro de 1988 os que tiverem, entre osseus fundadores, membros integrantes do CongressoNacional representantes de, pelo menos, 5 (cinco) Esta­dos da Federação.

§ l' O registro destes Partidos, em caráter provi­sório, será deferido pelo Tribunal Superior Eleitoral- TSE, mediante a apresentação de cópia do mani­festo, do programa, do estatuto e da ata de fundação,na qual conste a formação de, pelo menos, 9 (nove)Comissões Diretoras Regionais Provisórias, com provade publicação desses atos, que será gratuita, no DiárioOficial da União.

§ 2' Os Partidos políticos registrados na forma des­te artigo ficam dispensados das exigências mínimasquanto à formação de diretórios municipais, e suas con­venções para escolha de candidatos e deliberação sobrecoligações poderão ser organizadas c dirigidas por Co­missões Diretoras Municipais provisórias, nos termosdesta lei.

Art. 8' Dois ou mais Partidos políticos poderão co­ligar-se para registro de candidatos comuns à eleiçãomajoritária, à eleição proporcional, ou a ambas.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

§ I' É vedado ao Partido político celebrar coliga­ções diferentes para a eleição majoritária e para a elei­ção proporcional.

§ 2' A coligação terá denominação própria, que po­derá ser a junção de todas as siglas que a integram,sendo a ela assegurados os direitos conferidos aos Parti­dos políticos no que se refere ao processo eleitoral.

§ 3' Cada Partido deverá usar sua própria legenda,sob a denominação da coligação.

Art. 9' As coligações dependerão de proposta daComissão Executiva Municipal, da Comissão DiretoraMunicipal Provisória ou de 30% (trinta por cento) dosconv@ncionais, e de aprovação pela maioria absolutados membros da Convenção Municipal.

Art. 10. Na formação de coligações serão obser­vadas as seguintes normas.

I - na chapa da coligação poderão ser inscritos candi­datos filiados a quaisquer Partidos políticos dela inte­grantes;

II - o pedido de registro dos candidatos será subs­crito pelos Presidentes ou representantes legais dos Par­tidos coligados, ou pela maioria dos membros das res­pectivas Comissões Executivas Municipais ou Comis­sões Diretoras Municipais Provisórias;

III - a coligação será representada perante a JustiçaEleitoral por delegados indicados pelos Partidos quea compõem.

Art. 11. As Convenções Municipais Partidáriasdestinadas a deliberar sobre coligações e escolha decandidatos serão realizadas a partir de 15 de julho de1988, e o requerimento de registro dos candidatos esco­lhidos deverá ser apresentado ao Cartório Eleitoral atéàs 18 (dezoito) horas do nonagésimo dia anterior à datadas eleições.

Parágrafo único. Constituirão a Convenção Muni­cipal:

a) nos municípios com até 1 (um) milhão de habi­tantes, segundo o censo de 1980, onde haja diretório:

I - os membros do Diretório Municipal;II -os Vereadores, Deputados, Senadores e mem­

bros do Diretório Regional com domicílio eleitoral nomunicípio;

III - os delegados à Convenção Regional;b) nos municípios com mais de 1 (11m) milhão de

habitantes, onde haja Diretório:I-os Vereadores, Deputados e Senadores com do­

micílio eleitoral no município;II - os delegados à Convenção Regional dos Diretó­

rios de unidades administrativas ou zonas eleitorais.Art. 12. Nos municípios em que não houver diretó­

rio partidário organizado, inclusive nos que forem cria­dos até 15 de junho de 1988, a convenção de que tratao artigo anterior será organizada e dirigida pela Comis­são Diretora Municipal Provisória.

§ l' A Convenção a que se refere este artigo teráa seguinte composição:

I - os membros da Comissão Diretora MunicipalProvisória;

II - os Vereadores, Deputados e Senadores com do­micílio eleitoral no município.

~ 2' As Convenções dos Partidos habilitados na for­ma do art. 7' desta lei terão a composição prevista noparágrafo anterior.

§ 3' Nos municípios de mais de 1 (um) milhão dehabitantes, os diretórios de unidades 'administrativasou Zonas Eleitorais equiparadas a município, que nãotenham organização partidária, serão representados nasconvenções a que se refere esta lei pelo Presidente daComissão Diretora Municipal Provisória.

Art. 13. Para as eleições previstas nesta lei, o prazode filiação partidária dos candidatos encerrar-se-á nodia 10 de julho de 1988.

Parágrafo único. Salvo os casos de coligação, o can­didato não poderá concorrer em mais de uma convençãopartidária.

Art. 14. Cada Partido político poderá registrar can­didatos para a Câmara Municipal até o triplo de lugaresa preencher.

§ l' A coligação poderá registrar os números se­guintes de candidatos: se coligação de dois Partidos,o quantumdefinido no caputdeste artigo mais 40% (qua­renta por cento), se coligação de três Partidos, o mesmoquantummais 60%. (sessenta por cento), se coligação

Terça-feira 14 2181

de quatro Partidos, o mesmo quantnmmais 80% (oiten­ta por cento); se coligação de mais de quatro Partidos,o mesmo quautnmmais 100% (cem por cento).

§ 2' A Convenção do Partido político poderá fixar,dentro dos limites previstos neste artigo, quantos candi­datos deseja registrar, antes da votação de sua relaçãode candidatos.

§ 3' No caso de coligações partidárias não será ob­servado para cada Partido político o limite estabelecidono caput deste artigo.

Art. 15. A Justiça Eleitoral, até o dia 10 de julhode 1988, declarará o número de Vereadores para cadamunicípio, observadas as normas constitucionais.

Parágrafo único. Na declaração a que se refere esteartigo, serão considerados dados populacionais atuali­zados em 15 de junho de 1988 pela Fundação InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

Art. 16' A inscrição de candidato às eleições majo­ritárias e de chapa às eleições proporcionais, para deci­são da Convenção, poderá ser feita por Comissão Exe­cutiva ou Comissão Diretora Municipal Provisória, oucada grupo de 10% (dez por cento) dos convencionais.

§ I" Os atuais Vereadores serão considerados can­didatos natos dos Partidos políticos a que pertenceremna data das respectivas Convenções.

§ 2' A inscrição a que se refere o caput deste artigoserá feita na Secretaria da Comissão Executiva ou Co­missão Diretora Municipal Provisória, até 48 (quarentae oito) horas do início da convenção.

~ 3' Serão votadas em escrutínios diferentes as cha­pas de candidatos às eleições majoritárias e propor­cionais.

§ 4' Nenhum convencional poderá subscrever maisde uma chapa e nenhum candidato poderá concorrerao mesmo cargo em chapas diferentes, ficando anuladasas assinaturas em dobro.

§ 5' Todas as chapas que obtiverem, no mínimo,20% (vinte por cento) dos votos dos convencionais par­ticiparão, proporcionalmente, obedecida a ordem devotação, da lista de candidatos do Partido às eleiçõespara a Câmara Mnnicipal.

Art. 17. Os Presidentes dos Diretórios Municipaisou das Comissões Diretores Municipais Provisórias soli­citarão à Justiça Eleitoral o registro dos candidatos indi­cados na Convenção.

§ l' No caso de coligação, o pedido de registro dar­se-á na conformidade do disposto no inciso II do art.10 desta lei.

§ 2' Na hipótese de os Partidos ou coligações nãorequererem o registro dos seus candidatos, estes pode­rão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral nas 48 (quarentae oito) horas seguintes ao encerramento do prazo pre­visto no art. 11 desta lei.

§ 3' Em caso de morte, renúncia ou indeferimentode registro 'de candidato, o Partido ou coligação deveráprovidenciar a sua substituição no prazo de até 10 (dez)dias, por decisão da maioria absoluta da Comissão Exe­cutiva Municipal ou Comissão Diretora Municipal Pro­visória do Partido a que pertence o substituído.

§ 4' Havendo vagas a preencher nas chapas paraas eleições proporcionais, as indicações serão feitas pelaComissão Executiva Municipal ou Comissão DiretoraMunicipal Provisória, no prazo estabelecido no art. 11desta lei.

Art. 18. O órgão partidário municipal que, em suasconvenções para a escolha de candidatos ou para delibe­ração sobre coligação, se opuser às diretrizes legitima­mente estabelecidas pelos órgãos superiores do partido,será passível de dissolução, nos termos previstos noart. 71 da Lei n' 5.682, de 21 de julho de 1971, aplicadamediante deliberação tomada por maioria absoluta dosmembros da Comissão Executiva Regional ou ComissãoRegional Provisória.

§ l' Da decisão sobre dissolução cabe recurso, semefeito suspensivo.

§ 2' No mesmo ato que determinar a dissolução,será designada Comissão Provisória Municipal que re­presentará o Partido, com poderes para adotar provi­dências necessárias à participação nas eleições de quetrata esta lei, podendo, inclusive, substituir, até o octo­gésimo dia antes da data da eleição, candidatos já regis­trados.

Art. 19. A Justiça Eleitoral regulará a identificaçãodos Partidos e seus candidatos.

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2182 Terça-feira 14

§ l' Aos Partidos fica assegurado o direito de man­ter os números atribuídos à sua legenda na eleição ante­rior e, ao candidato, nessa hipótese, o direito de mantero número que lhe foi atribuído na mesma eleição.

§ 2' No caso de coligação na eleição majoritária,a mesma optará, para representar seus candidatos, entreos números designativos dos Partidos que a integram;na coligação para eleições proporcionais, os candidatosserão inscritos com o número da série do respectivoPartido.

Art. 20. As cédulas oficiais para as eleições regula­mentadas por esta lci serão confeccionadas segundomodelo aprovado pela Justiça Eleitoral, que as impri­mirá, com exclusividade, para distribuição às mesas re­ceptoras. A impressão será feita em papel branco eopaco, com tipos uniformes de letras, podendo as cédu­las ter campos de diferentes cores, conforme os cargosa eleger, números, fotos ou símbolos que permitamao eleitor, sem a possibilidade de leitura de nomes,identificar e assinalar os candidatos de sua preferência.

§ l' Os candidatos para as eleições majoritárias,identificados por nomes, fotos, símbolos ou números,deverão figurar na ordem determinada por sorteio.

§ 2' Para as eleições realizadas pelo sistema propor­cionai a cédula terá a identificação da legenda dos Parti­dos ou coligações que concorrem, através de símbolo,número ou cor, e terá espaço para que o eleitor escrevao nome ou númerodo candidato de sua prcferência.

§ 3' Além das características previstas neste artigo,o Tribunal Superior Eleitonil poderá estabelecer outrasno interesse de tornar fácil a manifestação da prefe·rência do eleitor, bem como definir os critérios paraa identificação dos Partidos ou coligações, através decores ou símbolos.

Art. 21. Nos Municípios de mais de 200.000 (du­zentos mil) eleitores, o Tribunal Superior Eleitoral de­terminará a adoção de providências para a aplicaçãodo disposto na Seção V do Capítulo 11 do Título Vda Lei n' 4.737, de 15 de julho de 1965 - CódigoEleitoral.

Art. 22. O candidato poderá ser registrado sem oprenome ou com o nome abreviado, apelido ou nomepelo qual é mais conhecido, até o máximo de 3 (três)opções, desde que não se estabeleça dúvida quanto asua identidade, não atente contra o pudor, não sejaridículo ou irreverente.

Parágrafo único. Para efeito de registro, bem COmopara apuração e contagem de votos, no caso de dúvidaquanto à identificação da vontade do eleitor, serão váli­dos e consignados os nomes, prenomes, cognomes ouapelidos de candidatos registrados em eleições imedia­tamente anteriores, para os mesmos cargos.

Art. 23. Se o elevado número de Partidos e candi­datos às eleições proporcionais tornar inviável seremafixadas suas relações dentro da cabine indevassável,a afixação poderá ser efetuada em local visível no recitoda Seção Eleitoral.

Art. 24. O mandato eletivo poderá ser impugnadoante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias apósa diplomação, instruída a ação com provas conclusivasde abuso do poder econômico, corrupção ou fraudce transgressões eleitorais.

Parágrafo único. A ação de impugnação de man­dato tramitará em segredo de justiça, respondendo oautor, na forma da lei, se temerária ou de manifestamá-fé.

Ar!. 25. Ao servidor público, estatutário ou não,dos órgãos ou entidades da Administração Direta ouIndireta da União, dos EStados, do Distrito Federal,dos Municípios e dos Territórios, das fundações instituí­das ou mantidas pelo Poder Público, c ao empregadode empresas concessionárias de serviços públicos ficaassegurado o direito à percepção de sua remuneração,como se em exercício de suas ocupações habituais esti­vesse, durante o lapso de tempo que mediar entre oregistro de sua candidatura perante a Justiça Eleitorale o dia seguinte ao da eleição, mediante simples comuni­cado de afastamento, para promoção de sua campanhaeleitoral.

Parágrafo único. O direito de afastamento previstono caputdeste artigo se aplica aos empregados de outrasempresas privadas, ficando estas desobrigadas do paga­mento da remuneração relativa ao período.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Art. 26. Na divulgação por qualquer forma de re­sultado de prévias, pesquisas ou testes pré-eleitorais,devem ser incluídas, obrigatoriamente, as seguintes in­formações:

a) período de realização do trabalho;b) nomes de bairros ou localidades pesquisadas;c) número de pessoas ouvidas em cada bairro ou

localidade; ed) nome do patrocinador do trabalho.§ l' Quaisquer prévias, pesquisas ou testes pré-elei­

torais somente poderão ser divulgados até o dia 14 deoutubro de 1988.

§ 2' Em caso de infração do disposto neste artigo,os responsáveis pelo órgão de divulgação infrator esta­rão sujeitos à pena cominada no art. 322 da Lei n'4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.

Art. 27. São vedados e considerados nulos de plenodireito, não gerando obrigações de espécie alguma paraa pessoa jurídica interessada e nenhum direito parao beneficiário, os atos que, no período compreendidoentre a data da publicação desta lei e o término domandato do Prefeito do município, importarem em no­mear, contratar, admitir, designar, readaptar servidorpúblico, estatutário ou não, ou proceder a quaisqueroutras formas de provimento na Administração Diretae nas Autarquias, nas sociedades de economia mista,empresas públicas e fundações, instituídas ou mantidaspelo Poder Público.

§ l' Apliea-se a nulidade prevista no caput desteartigo aos atos que, no período compreendido entreos 9 (nove) meses anteriores à data da eleição e o térmi·no do mandato do Prefeito, importarem em dispensar,demitir, transferir, suprimir vantagens de qualquer es­pécie ou exonerar ex-oflicio servidores, sejam quais fo­rem as suas categorias ou espécies.

§ 2' As vedações deste artigo não atingem os atosde:

I - nomeação de aprovados em concurso público oude ascensão funcional;

11 - nomeação ou exoneração de cargos em comissãoe designação ou dispensa de função de confiança.

§ 3' Os atos editados com base no § 2' deste artigodeverão ser fundamentados e publicados dentro de 48(quarenta e oito) horas após a sua edição, no respectivoórgão oficial.

§ 4' O atraso da publicação do Diário Oficial rela­tivo aos 15 (quinze) dias que antecedem os prazos ini­ciais a que se refere este artigo implica a nulidade auto­mática dos atos relativos a pessoal nele inseridos, salvose provocados por caso fortuito ou força maior.

PROPAGANDA ELEITORAL

Art. 28. A propaganda eleitoral no rádio e na telé­visão, para as eleições de 15 de novembro de 1988,restringir-se-á, unicamente, ao horário gratuito discipli­nado pela Justiça Eleitoral, com expressa proibição dequalquer propaganda paga, obedecidas as seguintesnormas:

I - todas as emissoras do País reservarão, nos 45(quarenta e cinco) dias anteriores â antevéspera daseleições, 90 (noventa) minutos diários para a propa­ganda, sendo 45 (quarenta e cinco) minutos à noite,entre 20:30h (vinte horas e trinta minutos) e 22:30h(vinte e duas horas e trinta minutos);

11 - a Justiça Eleitoral distribuirá os horários reser­vados entre os Partidos Políticos que tenham candidatosregistrados às eleições majoritárias, às eleições propor­cionais, ou a ambas, observados os seguintes critérios:

a) 30 (trinta) minutos diários divididos da seguinteforma:1-até 5 (cinco) minutos, distribuídos com os Parti­

dos Políticos sem representação no Congresso Nacional,limitado ao máximo de 30 (trinta) segundos para eadaum;

2 - o restante do tempo será dividido igualmenteentre os Partidos Políticos COm representação no Con­gresso Nacional, com o mínimo de 2 (dois) minutose o máximo de 4 (quatro) minutos;

b) 30 (trinta) minutos diários distribuídos entre osPartidos Políticos, na proporção do número de seusrepresentantes no Congresso Nacional;

c) 30 (trinta) minutos diários distribuídos entre osPartidos Políticos, I).a proporção do número de seusrepresentantes na Assembléia Legislativa;

Junho de 1988

11) ao Partido Político a que tenha sido distribuídotempo diário inferior a 1 (um) minuto, facultar-se-áa soma desses tempos para utilização cumulativa atéo limite de 3 (três) minutos;

e) os Partidos Políticos que só registrarem candi­datos a uma das eleições, proporcional ou majoritária,terão direito à metade do tempo que lhes caberia deacordo com os critérios das alíneas a, b e c deste inciso,inclusive no que se refere aos tempos mínimos;

l) a redução prevista na alínea anterior não se apli­cará nos critérios das alíneas b e c se o Partido Políticoregistrou candidatos em ambas as eleições, mesmo sen­do em coligação;

g) se o atendimento ao disposto na alínea a ultra­passar os 30 (trinta) minutos, o excesso será deduzidodo tempo previsto na alínea b; no caso de sobra detempo, o excesso será acrescido ao tempo previsto namesma alínea b;

III - na distribuição do tempo a que se refere o item1 da alínea a do inciso anterior, a coligação se equiparaa um Partido, qualquer que seja o número de partidosque a integram; no que se refere ao item 2 da mesmaalínea, em caso de coligação, a distribuição do tempoobedecerá ao seguinte: se de 2 (dois) Partidos, o tempomínimo de um mais 50% (cinqüenta por cento); se de3 (três) ou mais, o tempo mÚlimo de um mais 100%(cem por cento);

IV - a representação de cada Partido no CongressoNacional e na Assembléia Legislativa, para efeito dadistribuição do tempo, será a existente em 10 de julhode 1988;

V - onde não houver Assembléia Legislativa, a dis­tribuição do total do tempo previsto na alínea c doinciso 11 deste artigo far-se-á na proporcionalidade darepresentação do Partido no Congresso Nacional;

VI-compete aos Partidos ou coligações, por meiode Comissão especialmente designada para esse fim,distribuir, entre os candidatos registrados, os horáriosque lhes couberem;

VII - desde que haja concordância entre todos osPartidos interessados, em cada parte do horário gratuitopoderá ser adotado eritério de distribuição diferentedo fixado pela Justiça Eleitoral, à qual caberá homo­logar;

VIII - as emissoras de rádio e televisão ficam obriga­das a divulgar, gratuitamente, comunicados ou instru­ções da Justiça Eleitoral, até o máximo de 15 (quinze)minutos diários, consecutivos ou não, nos 30 (trinta)dias anteriores ao pleito;

IX - independentemeélte do horário gratuito de pro­paganda eleitoral, fica facultada a transmissão, pelorádio e pela televisão, de debates entre os candidatosregistrados pelos Partidos Políticos e coligações, assegu­rada a participação de todos os Partidos que tenhamcandidatos, em conjunto ou em blocos e dias distintos;

, nesta última hipótese, os debates deverão fazer partede programação previamente estabelecida, e a organi­zação dos blocos far-se-á mediante sorteio, salvo acordoentre os Partidos interessados.

Art. 29. Da propaganda eleitoral gratuita poderãoparticipar, além dos candidatos registrados, pessoas de­vidamente credenciadas pelos Partidos aos quais coubero uso do tempo, mediante comunicação às emissoraspcla Comissão a que alude o inciso VI do artigo anterior,resguardada aos candidatos a destinação de pelo menosdois terços do tempo, em cada programa.

§ I' Não depende de censura prévia a propagandapartidária ou eleitoral feita através do rádio ou da televi,são, respondendo cada um pelos excessos cometidos,com a apuração da responsabilidade solidária do Partidoa que for atribuído o horário.

§ 2' Fica assegurado o direito de resposta a qual­quer pessoa, candidato ou não, à qual sejam feitas acu­sações difamatórias, injuriosas ou caluniosas, no horá­rio gratuito da propaganda eleitoral. O ofendido utiliza­rá, para sua defesa, tempo igual ao usado para a ofensa,deduzido do tempo reservado ao mesmo Partido emcujo horário esta foi cometida.

Art. 30. Ocorrendo a hipótese da eleição em segun­do turno, a distribuição do tempo far-se-á igualmenteentre os Partidos ou coligações dos candidatos concor­rentes.

§ l' Na hipótese prevista neste artigo, o tempo re­servado para a propaganda eleitoral gratuita será de'

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Junho de 1988

45 (quarenta e cinco) minutos diários, sendo a metadeà noite, entre 20h 30min (vinte horas e trinta minutos)e 22h 30min (vinte e duas horas e trinta minuto~).

§ 2' A propaganda eleitoral gratuita, no segundoturno, realizar-se-á do dia 29 de novembro a 13 dedezembro, dispensada a obrigatoriedade da utilizaçãode 2/3 (dois terços) do tempo pelo candidato, previstano caput do artigo anterior.

Ar!. 31. Pela imprensa escrita será permitida a di­vu�gação paga de curriculum vitae do candidato, ilustra­do ou não com foto e um slogan, do número de seuregistro na Justiça Eleitoral, bem como do Partido aque pertence.

Parágrafo único. O espaço máximo de cada anúncioa ser utilizado, por edição, é de 240cm' (duzentos equarenta centímetros quadrados) para cada candidatoà eleição proporcional, e de 360cm' (trezentos e sessentacentímetros quadrados) para cada candidato à eleiçãomajoritária.

Art. 32. Em bens particulares, fica livre a fixaçãode propaganda eleitoral com a permissão do detentorde sua posse.

Art. 33. O profissional de rádio e televisão fica im­pedido de apresentar programa ou dele participar,quando candidato a cargo eletivo nas eleições de quetrata esia lei, durante o período destinado à propagandaeleitoral gratuita, sob pena de anulação do registro desua candidatura pela Justiça Eleitoral.

Ar!. 34. O Poder Executivo, a seu critério, editaránormas regulamentando o modo e a forma de ressarci­mento fiscal às emissoras de rádio e de televisão, pelosespaços dedicados ao ·horário de propaganda eleitoralgratuita.

Art. 35. Ficam anistiados os débitos decorrentes damulta prevista no art. 8' da Lei n' 4.737, de.15 dejulho de 1965, aos que se inscreverem como eleitoresaté a data do encerramento do prazo de alistamentopara as eleições de 15 de novembro de 1988, bem comoos dos eleitores inscritos e que não votaram nas eleiçõesde 15 de novembro de 1986.

Art. 36. Ficam revogados o art. 21 e seu parágrafoúnico da Lei n' 5.682, de 21 de julho de 1971, quedisciplinam a alteração estatutária e programática dosPartidos Políticos.

Ar!. 37. O Tribunal Superior Eleitoral- TSE, ex­pedirá instruções para o fiel cumprimento dcsta lei.

Art. 38. Esta lei entra em vigor na data de suapublicação.

Art. 39. Revogam-se as disposições em contrário.Câmara dos Deputados, 19 de maio de 1988.

SUBSTITUTIVO DO SENADO AO PROJETODE LEI DA CÂMARA N' 26, DE 1988 (n' 201-D,de 1987, na Casa de origem), que estabelece normaspara a realização das eleições municipais de 15 denovembro de 1988 e dá outras providências.

Substitua-se o Projeto pelo seguinte:

Estabelece normas para a reaUzação das eleiçõesmunicipais de 15 de novembro de 1988 e dá outrasprovidências.

O Congresso Nacional decreta:Art. l' As eleições para prefeitos, vice-prefeitos e

vereadores serão realizadas, simultaneamente, em todoo País, no dia 15 de novembro de 1988.

Art. 2' Na mesma data prevista no artigo anterior,serão realizadas eleições para prefeitos, vice-prefeitose vereadores, nos mnnicípios que tenham sido criadosdentro dos prazos previstos pelas respectivas legislaçõesestaduais, excluídos aqueles cuja criação seja posteriora 15 de julho de 1988.

Art. 3' Serão considerados eleitos o prefeito e ovice-prefeito com ele registrado que obtiverem a maio­ria dos votos.

Art. 4' A posse dos prefeito, vice-prefeito e verea­dores, eleitos nos termos desta lei, dar-se-á no dia l'de janeiro de 1989.

Ar!. 5' Nas eleições referidas nos artigos anterio­res, será aplicada a legislação eleitoral vigente, ressal­vadas as regras especiais estabelecidas nesta lei.

Art. 6' Poderão registrar candidatos e participardas eleições previstas nesta lei os atnais partidos políti­cos, com registro definitivo ou provisório, e os que:venham a ser organizados em tempo hábil.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Parágrafo único. Os partidos políticos com registroprovisório que venham a completar, em 1.988, o prazoprevisto :10 art. 12 da Lei n' 5.682, de 21 de julhode 1971., tê-Io-ão automaticamente prorrogado por 1.2(doze) meses.

Art. 7' Além dos partidos políticos referidos no ar­tigo anterior, poderão, também, participar das eleiçõesde 15 de novembro de 1988 os que tiverem, entre osseus fundadores, membros integrantes do CongressoNacional, representantes de, pelo menos, 5 (cinco) Es­tados da Federação.

§ l' O registro destes partidos, em caráter provi­sório, será deferido pelo Tribunal Superior Eleitoral- TSE, mediante a apresentação de cópia do mani­festo. do programa, do estatuto e da ata de fundação,na qual conste a formação de, pelo menos. 9 (nove)Comissões Diretoras Regionais Provisórias, com provade publicação desses atos, que será gratuita, no DiárioOficial da União.

§ 2' Os partidos políticos registrados na forma desteartigo ficam dispensados das exigências mínimas quantoà formação de diretórios municipais, e suas convençõespara escolha de candidatos e deliberação sobre coliga­ções poderão ser organizadas e dirigidas por ComissõesDiretoras Municipais Provisórias, nos termos desta lei.

Art. 8' Dois ou mais partidos políticos poderão co­ligar-se para registro de candidatos comuns à eleiçãomajoritária, à eleição proporcional, ou ambas.

§ 1.' É vedado ao partido político celebrar coligaçõesdiferentes para a eleição majoritária e para a eleiçãoproporcional.

§ 2' A coligação terá denominação própria, que po­derá ser a junção de todas as siglas que a integram,sendo a ela assegurados os direitos conferidos aos parti­dos políticos no que se refere ao processo eleitoral.

§ 3' Cada Partido deverá usar sua própria legenda,sob a denominação da coligação.

Art. 9' As coligações dependerão de proposta daComissão Executiva Municipal, da Comissão DiretoraMunicipal Provisória ou de 30% (trinta por cento) dosconvencionais, e de aprovação pela maioria absolutados membros da Convenção Municipal.

Art. 10. Na formação de coligações, serão obser­vadas as seguintes normas:

I - na chapa da coligação poderão ser inscritos candi­datos filiados a quaisquer partidos políticos dela inte­grantes;

11 - o pedido de registro dos candidatos será subs­crito pelos presidentes ou representantes legais dos par­tidos coligados, ou pela maioria dos membros das res­pectivas Comissões Executivas Municipais ou Comis­sões Diretoras Municipais Provisórias;

1II- a coligação será representada perante a JustiçaEleitoral por delegados indicados pelos partidos quea compõem.

Ar!. 11. As Convenções Municipais Partidáriasdestinadas a deliberar sobre coligações e escolha decandidatos serão realizadas a partir de 15 de julho de1988, e o requerimento de registro dos candidatos esco­Ibidos deverá ser apresentado ao Cartório Eleitoral atéas 18:00 (dezoito) horas do dia 17 de agosto de 1988.

Parágrafo único. Constituirão a Convenção Muni­cipal:

a) nos municípios com até 1. (um) milhão de habi­tantes, segundo o censo de 1980. onde haja Diretório:

I - os membros do Diretório Municipal;11 - os vereadores, deputados e senadores com domi­

C11io eleitoral no município;1Il- os delegados à Convenção Regional;b) nos municípios com mais de 1 (um) milhão de

habitantes, onde haja Diretório:I - os Vereadores, Deputados e Senadores com do­

micilio eleitoral no município;11 - os delegados à Convenção Regional dos Diretó­

rios de unidades administrativas ou zonas eleitorais;111 - os membros dos diretórios zonais.Art. 12. Nos municípios em que não houverdiretó­

rio partidário organizado, inclusive nos que forem cria~

dos até 15 de julho de 1988, a Convenção de que tratao artigo anterior será organizada e dirigida pela Comis­são Diretora Municipal Provisória.

§ l' A Convenção a que se refere este artigo teráa seguite composição:

Terça-feira 14 2183

I - os membros da Comissão Diretora MunicipalProvisória;

11 -os vereadores, deputados e senadores com domi­cilio eleitoral no município.

§ 2' As convenções dos partidos habilitados na for­ma do artigo 7' desta lei terão a composição previstano parágrafo anterior.

§ 3' Nos municípios de mais de 1 (um) milhão dehabitantes, os diretórios de unidades administrativasou zonas eleitorais equiparadas a municípios, que nãotenham organização partidária, serão representadosnas convenções a que se refere esta lei pelo Presidenteda Comissão Diretora Municipal Provisória.

Art. 13. Para as eleições previstas nesta Lei, o pra­zo de filiação partidária dos candidatos encerrar-se-áno dia 10 de julho de 1988.

Parágrafo único. Salvo os casos de coligação o can­didato não poderá concorrer em mais de uma convençãopartidária.

Art. 14. Cada Partido Político poderá registrar can­didatos para a Câmara Municipal até o triplo de lugaresa preencher.

§ l' A coligação poderá registrar os números se­guintes de c;andidatos: se coligação de dois Partidos,o quantum definido no caput deste artigo mais 40%(quarenta por cento); se coligação de três Partidos, omesmo quantom mais 60% (sessenta por cento); se coli­gação de 4 Partidos, o mesmo quantom mais 80% (oi­tenta por cento); se coligação de mais de quatro parti­dos, o mesmo quantum mais I()()% (cem por cento).

§ 2' A Convenção do Partido Político poderá fixar,dentro dos limites previstos neste artigo, quantos candi­datos deseja registrar, antes da votação de sua relaçãode candidatos.

§ 3' No caso de coligações partidárias não será ob­servado para cada Partido Político o limite estabelecidono caput deste artigo.

Art. 15. A Justiça Eleitoral, até o dia 10 de julhode 1988, declarará o número de vereadores para cadamunicípio. observadas as normas constitucionais.

Parágrafo único. Na declaração a que se refere esteartigo, serão considerados os dados populacionais atua­lizados em 15 de junho de 1988 pela Fundação InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

Art. 16. A inscrição de candidatos às eleições ma­joritárias e de chapa às eleições proporcionais, paradecisão da Convenção, poderá ser feita por ComissãoExecutiva ou Comissão Diretora Municipal Provisória,ou cada grupo de 10% (dez por cento) dos conven­cionais.

§ 1.' Os atuais Vereadores serão considerados can­didatos natos dos Partidos Políticos a que pertenceremna data das respectivas Convenções.

§ 2' A inscrição a que se refere o "caput" desteartigo será feita na Secretaria da Comissão Executivaou Comissão Diretora Municipal Provisória, até 48(quarenta e oito) horas do início da Convenção.

§ 3' Serão votadas em escrutínios diferentes as cha­pas de candidatos às eleições majoritárias e propor­cionais.

§ 4' Nenhum convencional poderá subscrever maisde uma chapa e nenhum candidato poderá concorrerao mesmo cargo em chapas diferentes, fieando anuladasas assinaturas em dobro.

§ 5' Todas as chapas que obtiverem, no mínimo,20% (vinte por cento) dos votos dos convencionais par­ticiparão, proporcionalmente, obedecida a ordem devotação, da lista de candidatos do Partido àS eleiçõespara a Câmara Municipal.

Art. 1.7. Os Presidentes dos Diretórios Municipaisou das Comissões Diretoras Municipais provisórias soli­citarão à Justiça Eleitoral o registro dos candidatos indi­cados na Convenção.

§ l' No caso de coligação, o pedido de registro dar­se-á na conformidade do disposto no inciso 11 do artigo10 desta Lei.

§ 2' Na hipótese de os Partidos ou coligações nãorequererem os registros dos seus candidatos, estes pode­rão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral nas 48 (quarentae oito) horas seguintes ao encerramento do prazo pre­visto no artigo 11 desta Lei.

§ 3' Em caso de morte, renúncia ou indeferimentode registro de candidato, o Partido ou coligação deveráprovidenciar sua substituição no prazo de até 10 (dez)

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Junho de 1988DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)2184 Terça-feira 14-------------------------='----=-------=----------_---.:.....;..:..:.:...:.

dias, por decisão da maioria absoluta da Comissão Exe­cutiva Municipal ou Comissão Diretora Municipal Pro­visória do Partido a que pertence o substituído.

§ 4' Havendo vagas a preencher nas chapas paraas eleições proporcionais, as indicações serão feitas pelaComissão Executiva Municipal ou Comissão DiretoraMunicipal Provisória, no prazo estabelecido no artigo11 desta Lei.

Art. 18. A Justiça Eleitoral regulará a identificaçãodos Partidos e seus candidatos.

§ l' Aos Partidos fica assegurado o direito de man­ter os números atribuídos à sua legenda na eleição ante­rior e, ao candidato, nessa hipótese, o direito de mantero número que lhe foi atribuído na mesma eleição.

§ 2' No caso de coligação na eleição majoritária,a mesma optará, para representar seus candidatos, entreos números designativos dos Partidos que a integram,na coligação para as eleições proporcionais, os candi­datos serão inscritos com o número de série do respec­tivo Partido.

Art. 19. As cédulas oficiais para as eleições regula­mentadas por esta Lei serão confeccionadas segundoo modelo aprovado pela Justiça Eleitoral, que as impri­mirá, com exclusividade, para distribuição às mesas re­ceptoras. A impressão será feita em papel branco eopaco, com tipos uniformes de letras, podendo as cédu­las ter campos de diferentes cores, conforme os cargosa eleger, números, fotos ou símbolos que permitamao eleitor, sem a possibilidade de leitura de nomes,identificar e assinalar os candidatos de sua preferência.

§ l' Os candidatos para as eleições majoritárias,identificados por nomes, fotos, símbolos ou números,deverão figurar na ordem determinada por sorteio.

§ 2' Para as eleições realizadas pelo sistema propor­cional a cédula terá a identificação da legenda dos Parti­dos ou coligações que concorrem, através de símbolo,número ou cor, e terá espaço para que o eleitor escrevao nome ou número do candidato de sua preferência.

§ 3' Além das características previstas neste artigo,o Tribunal Superior Eleitoral poderá estabelecer outrasno interesse de tornar fácil a manifestação da prefe­rência do eleitor, bem como definir os critérios paraa identificação dos Partidos ou coligações. através decores ou símbolos.

Art. 20. Nos Municípios de mais de 200.000 (du­zentos mil) eleitores, o Tribunal Superior Eleitoral de­terminará a adoção de providências para aplicação dodisposto na seção V do Capítulo II do Título V, daLei n' 4.737, de 15 de julho de 1965 -Código Eleitoral.

Art. 21. O candidato poderá ser registrado sem oprcnome ou com o nome abrcviado, apelido ou nomepelo qual é mais conhecido, até o máximo de 3 (três)opções, desde que não se estabeleça dúvida quanto asua identidade, não atente contra o pudor. não sejaridículo ou irreverente.

Parágrafo único. Para efeito de registro. bem comopara apuração e contagem de votos, no caso de dúvidaquanto aidentificação da vontade do eleitor, serão váli­dos e consignados os nomes, prenomes, cognomes ouapelidos de candidatos registrados em eleiçóes imedia­tamente anteriores, para os mesmos cargos.

Art. 22. Se o elevado número de Partidos e candi­datos às eleições proporcionais tornar inviável scrcmafixadas suas relações dentro da cabine indevassável,a afixação poderá ser efetuada em local visível no recin­to da Seção Eleitoral.

Art. 23. As Mesas receptoras serão também Mesasapuradoras.

Art. 24. O I1)andato eletivo poderá ser impugnadoante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias apósa diplomação, instruída a ação com provas conclusivasde abuso do poder econômico, corrupção ou fraudee transgressões eleitorais.

Parágrafo único. A ação de impugnação de man­dato tramitará em segredo de Justiça, respondendo oautor, na forma da lei, se temerária ou de manifestamá fé.

Art. 25. Ao servidor público estatutário ou não,dos órgãos ou entidades da Administração Direta ouIndireta da União, dos Estados, do Distrito Federal,dos Municípios e dos Territórios, das fundações instituí­das ou mantidas pelo Poder Público, e ao empregadode empresas concessionários de servidores públicos f~caassegurado o direito à percepção de sua remuneraçao,

como se em exercício de suas ocupações habituais esti­vesse, durante o lapso de tempo que mediar entre oregistro de sua candidatura perante a J,:,stiça Eleitor~le o dia seguinte ao da eleição, mediante Simples comum­cado de afastamento, para promoção de sua campanhaeleitoral.

Parágrafo único. O direito de afastamento previstono caput deste artigo se aplica aos empregados de outrasempresas privadas, ficando estas desobrigadas do paga­mento da remuneração relativa ao período.

Art. 26. Na divulgação, por qualquer forma, de re­sultado de prévias, pesquisas ou testes pré-eleitorais,'devem ser incluídas, obrigatoriamente, as seguintes in­formações:

a) período de realização do trabalho;b) nomes de bairros ou localidades pesquisadas;c) número de pessoas ouvidas em cada bairro ou

localidade; ed) nome do patrocinador do trabalho.§ l' Quaisqner prévias, pesqnisas ou testes pré-elei­

torais somente poderão ser divulgados até o dia 25 deoutubro de 1988.

§ 2' Em caso de infração do disposto neste artigo,os responsáveis pelos órgãos de divulgação infratoresestarão sujeitos à pena cominada no artigo 322 da Lein' 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.

Art. 27. São vedados e considerados nulos de plenodireito, não gerando obrigações de espécie alguma paraa pessoa jurídica interessada e nenhum direito parao beneficiário, os atos que, no período compreendidoentre a data da publicação desta lei e o término domandato do Prefeito do Município, importarem em no­mear, contratar, admitir servidor público, estatutárioou não, na Administração Direta e nas Autarquias,nas sociedades de economia..mista, empresas públicase fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público.

§ I' Serão igualmente nulos os atos que, no períodocompreendido entre a data da publicação desta Lei eo término do mandato do Prefeito, importarem em dis­pensar, demitir. transferir, suprimir vantagens de qual­quer espécie ou exonerar ex·officio servidores munici­pais, sejam quais forem suas categorias ou espécies.

§ 2' As vedações deste artigo não atingem os atosde:

I - nomeação de aprovados em concurso públicoou de ascenssão funcional;

II - nomeação ou exoneração dc cargos em comissãoe designação ou dispensa de função de confiança;

III - nomeação para cargos do Poder Judiciário.do Ministério Público, de Procuradores do Estado edos Tribunais e Conselhos de Contas;

IV - decorrentes de lei cstadual, ainda que aprovadanos períodos proibitivos estabelecidos neste artigo.

§ 3' Os atos editados com base no § 2' deste artigodeverão ser fundamentados e publicados dentro de 48(quarenta e oito) horas após a sua edição, no respectivoórgão oficial.

§ 4' O atraso da publicação do Diário Oficial rela­tivo aos 15 (quinze) dias que antecedem os prazos ini­ciais a que se refere este artigo implica a nulidade auto­mática dos atos relativos a pessoal nele inseridos, salvose provocados por caso fortuito ou força maior.

Art. 28. A propaganda eleitoral no rádio e na televi­são, para as eleições de 15 de novcmbro dc 1988, restrin­gir-se-á, unicamente, ao horário gratuito disciplinadopela Justiça Eleitoral, com expressa proibição de qual­quer propaganda paga, obedecidas as segnintes normas:

I - todas as emissoras do País reservarão, nos 45(quarenta e cinco) dias anteriores à antevéspera daseleições, 90 (noventa) minutos diários para a propa­ganda, 45 (quarenta e cinco) minutos à noite, entre20:30h (vinte horas e trinta minutos) e 22:30h (vintee duas horas e trinta minutos);

II -a Justiça Eleitoral distribuirá os horários reserva­dos entre os Partidos Políticos que tenham candidatosregistrados às eleições majoritárias, às eleiçõcs propor­cionais, ou a ambas, observados os seguintes critérios:

a) 30 (trinta) minutos diários divididos da seguinteforma:

1 - até 5 (cinco) minutos, distribuídos com os Parti­dos Políticos sem representação no Congresso Nacional,limitado ao máximo de 30 (trinta) segundos para cadaum;

2 - o rcstante do tempo será dividido igualmenteentre os Partidos Políticos com representação no Con­gresso Nacional, com o mínimo de 2 (dois) minutosc o máximo dc 4 (quatro) minutos;

b) 30 (trinta) minutos diários distribuídos entre osPartidos Políticos, na proporção do número de seusrepresentantes no Congresso Nacional;

c) 30 (trinta) minutos diários distribuídos entre osPartidos Políticos, na proporção do número de seusrepresentantes na Assembléia Legislativa;

d) ao Partido Político a que tenha sido distribuídotempo diário inferior a 1 (um) minuto, facultar-se-áa soma desses tempos para utilização cumulativa atéOlimite de 3 (três) minutos;

e) os Partidos Políticos que só registrarem candidatosa uma das eleições, proporcional ou majoritária, terãodireito à metade do tempo que lhes caberia de acordocom os critérios das alíneas "a", "b" e H C" deste inciso,inclusive no que se refere aos tempos mínimos.

f) a redução prevista na alínea anterior não se aplicarános critérios das alíneas "b" e "c" se o Partido Políticoregistrou candidatos em ambas as eleições, mesmo sen­do em coligação;

g) se o atendimento ao disposto na alínea "a" ultra­passar os 30 (trinta) minutos, o excesso será deduzidono tempo previsto na alínea "b"; no caso de sobrade tempo, o excesso será acrescido ao tempo previstona mesma alínea "b";

III - na distribuição do tempo a que se refere oitem 1 da alínea "a", do inciso anterior, a coligaçãose equipara a um Partido, qualquer que seja o númerode Partidos que a integram; no que se refere ao item2 da mesma alínea, em caso de coligação, a distribuiçãodo tempo obedecerá ao seguinte: se de 2 (dois) Partidos,o tempo de um mais 50% (cinqüenta por cento); sede 3 (três) ou mais, o tempo de um mais 100% (cempor cento);

IV - em caso de coligação entre Partidos com repre­sentação e Partidos sem representação no CongressoNacional, estes não poderão acrescentar mais do queo tempo conferido a um Partido no item I, alínea "a",do inciso II;

V - a representação de cada Partido no CongressoNacional e na Assembléia Legislativa, para efeito dadistribuição do tempo, será a existente em 10 de julhode 1988;

VI - onde não houver Assembléia Legislativa, adistribuição do total do tempo previsto na alínea "c"do inciso II deste artigo far-se-á na proporcionalidadeda representação do Partido no Congresso Nacional;

VII - compete aos Partidos ou coligações, por meiode Comissão especialmente designada para esse fim,distribuir, entre os candidatos registrados, os horáriosque lhes couberem;

VIII - desde que haja concordância entre todos osPartidos interessados, em cada parte do horário gratuitopoderá ser adotado critério de distribuição diferentedo fixado pela Justiça Eleitoral, à qual caberá homo­logar;

IX - as emissoras de rádio e televisão ficam obriga­das a divulgar, gratuitamente, comunicados ou instrn­ções da Justiça Eleitoral, até O máximo de 15 (quinze)minutos diários, consecutivos Ou não, nos 30 (trinta)dias anteriores ao pleito;

X - independentemente do horário gratuito de pro­paganda eleitoral, fica facultada a transmissão, pclorádio e pela, televisão de debates entre os candidatosregistrados pelos Partidos Políticos e coligações, assegu­rada a participação de todos os Partidos qne tenhamcandidatos, em conjunto ou em blocos e dias distintos;

nesta última hipótese, os dehates deverão fazer partede programação previamente estabelecida, e a organi­zação dos blocos far-se-á mediante sorteio, salvo acordoentre os Partidos intcressados.

Art. 29. Da propaganda eleitoral gratuita poderãoparticipar, além dos candidatos registrados, pessoas de­vidamente credenciadas pelos Partidos aos quais coubero uso do tempo, mediante comunicação às emissoraspela comissão a que alude o inciso VI do artigo anterior,rcsguardada aos candidatos a destinação de pelo menosdois terços do tempo, em cada programa.

§ l' Não depende de censura prévia a propagandapartidária ou eleitoral feita através do rádio ou da televi­são, respondendo cada um pelos excessos cometidos,

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Junho de 1988

com a apuração da responsabilidade solidária do Partidoa que for atribuído o horário.

§ 2' Fica assegurado o direito de resposta a qual­quer pessoa, candidato ou não, à qual sejam feitas acu­sações difamat6rias, injuriosas ou caluniosas, no horá­rio gratuito da propaganda eleitoral. O ofendido utiliza­rá, para sua defesa, tempo igual ao usado para a ofensa,deduzido do tempo reservado ao mesmo Partido emcujo horário esta foi cometida.

Art. 30. Ocorrendo a hipótese de eleição em segun­do turno, a distribuição do tempo far-se-á igualmenteentre os Partidos ou coligações dos candidatos concor­rentes.

§ l' Na hip6tese prevista neste artigo, o tempo re­servado para a propaganda eleitoral gratuita será de45 (quarenta e cinco) minutos diários, sendo a metadeà noite, entre 20:30h (vinte horas e trinta minutos) e22:30h (vinte e duas horas e trinta minuto).

§ 2' A propaganda eleitoral gratuita, no segundo tur­no, realizar-se-á do dia 29 de novembro a 13 de dezem­bro, dispensada a obrigatoriedade da utilização de 2/3(dois terços) do tempo pelo candidato, prevista no caputdo artigo anterior.

Art. 31. Pela imprensa escrita será permitida a di­vulgação paga de curriculum vltae do candidato, ilustra­do ou não com foto e um slogan, do número de seuregistro na Justiça Eleitoral, bem como do Partido aque pertence.

Parágrafo único. O espaço máximo de cada anúncioa ser utilizado, por edição, é de 240 cm2 (duzentos equarenta centímctros quadrados) para cada candidatoà eleição proporcional e de 360 cm2(trezentos e sessentacentímetros quadrados) para cada candidato à eleiçãomajoritária.

Art. 32. Em bens particulares, fica livre a fixaçãode propaganda eleitoral com a permissão do detentorde sua posse; nos bens que dependam de concessãodo poder público ou que a ele pertençam, bem comonos de uso comum, é proibida a propaganda, inclusivepor meio de faixas ou cartazes afixados em quadrosou painéis, salvo em locais indicados pelas Prefeituras,com igualdade de condições para todos os Partidos.

Art. 33. Constitui crime eleitoral, punível com apena de detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano ecassação do registro, se o responsável for candidato,a divulgação de qualquer espécic de propaganda políticana data da eleição, mediante publicações, faixas, carta­zes, dísticos em vestuários, postos de distribuição ouentrega de material e qualquer forma de aliciamento,coação ou manifestação tendente a influir, coercitiva­mente, na vontade do eleitor, junto às seções eleitoraisou vias públicas de acesso às mesmas.

Art. 34. O Podcr Executivo, a seu critério, editaránormas .regulamentando o modo e a forma de ressarcia­mento fiscal às emissoras de rádio e de televisão, pelosespaços dedicados ao horário de propaganda eleitoralgratuita.

Art. 35. São anistiados os débitos decorrentes damulta prevista no art. 8' da Lei n' 4.737, de 15 dejulho de 1965, aos que se inscreverem como eleitoresaté a data do encerramento do prazo de alistamentopara as eleições de 15 de novembro de 1988, bem comoos dos eleitores inscritos e que não votaram nas eleiçõesde 15 de novembro de 1986.

Art. 36. São revogados o art. 21 e seu parágrafoúnico da Lei n' 5.682, de 21 de julho de 1971, quedisciplinam a alteração estatutária e programática dosPartidos Políticos.

Art. 37. O Tribunal Superior Eleitoral - TSE ex­pedirá instruções para o fiel cumprimento desta Lei,inclusive adaptando, naquilo em que ela for omissa,aos dispositivos constitucionais, as regras para as elei­ções deste ano.

Ar!. 38. O Tribunal Superior Eleitoral poderácomplementar o disposto nesta Lei, através de InstruçãoNormativa, sobretudo para cumprimento do que forestabelecido na nova Constituição Federal a ser promul­gada pela Assembléia Nacional Constituinte.

Art. 39. Esta lei entra em vigor na data de suapublicação.

Art. 40. Revogam-se as disposições em contrário.Senado Federal, em de junho de 1988. - Sena­

dor Humberto Lucena Presidente.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

LEGISLAÇÃO CITADA ANEXADAPELA COORDENAÇÃO DASCOMISSÕES PERMANENTES

LEI N' 7.454,DE 30 DE DEZEMBRO DE 1985

Altera dispositivo da Lei n' 4.737, de 15 de julhode 1965, e dá outras provluênclas.

O Presidente da República, faço saber que o Con­gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

Art. l' Nas eleições para Governador de Estado,Vice-Governador, Senador, Deputado Federal, Depu­tado Estadual, Prefeito, Vice·Prefeito e Vereador, ocandidato deverá estar filiado ao Partido pelo qual iráconcorrer, até 6 (seis) meses da data do pleito.

Art. 2' Os Partidos Políticos que, até o dia 16 dejulho de 1985, tenham encaminhado seus documentosde fundação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), epor este considerado regulares, e que até o dia 15 demaio de 1986 não hajam obtido o registro definitivo,ficam habilitados a participar das eleições gerais paraGovernador, Senador, Deputado Federal e DeputadoEstadual, convocados para o dia 15 de novembro destemesmo ano.

§ l' Somente os Partidos Políticos com represen­tação no Congresso Nacional terão direito ao rateiodos recursos do Fuudo Especial de Assistência Finan­ceira aos Partidos Políticos, de que trata o art. 95 daLei n' 5.682, de 21 de julho de 1971, bem como àtransmissão gratuita pelo rádio e televisão, prevista noparágrafo único do art. 118 da citada lei.

§ 2' Quando se tratar de transmissão gratuita refe·rida no parágrafo anterior, feita em nível estadual, osPartidos previstos no caput deste artigo somente pode­rão requerê-Ia ao Tribunal Regional Eleitoral se tiveramrepresentação na Assembléia Legislativa do Estado.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVADO BRASIL

TíTULO IIDa Declaração de Direitos

........................................................................

CAPíTULO IIDos Direitos Políticos

Art. 150. São inelegíveis os inalistáveis.. § l' Os militares alistáveis são elegíveis, atendidasas seguintes condições:

a) o militar que tiver menos de cinco anos de serviçoserá, ao candidatar-se a cargo eletivo, excluído do servi­ço ativo;

b) O militar em atividade, com cinco anos ou maisanos de serviço, ao candidatar-se a cargo eletivo, seráafastado, temporariamente, do serviço ativo e agregadopara tratar de interesse particular; e

c) o militar não excluído, se eleito, será no ato dadiplomação, transferido para a inatividade, nos termosda lei.

§ 2' A elegibilidade, a que se referem as alíneasa e b do parágrafo anterior, não depende, para o militarda ativa, de filiação político-partidária que seja ou ve­nha a ser exigida, por lei.

LEI N' 5.682,DE 21 DE JULHO DE 1971

Art. 12. O Partido que, no prazo de 12 (doze) me­ses, a contar da decisão do Tribunal Superior Eleitoral,prevista no art. 9', não tenha realizado Convençõesem pelo menos 9 (nove) Estados e em 1/5 (um quinto)dos respectivos Municípios, deixando de eleger, emConvenção, o Diretório Nacional, terá sem efeito osatos preliminares praticados, independente de decisãojudicial.

Terça-feira 14 2185

Art. 21 Nenhuma proposta de alteração estatutáriaou programática será submetida à votação sem préviapublicação, na íntegra, no Diário Oficial da União, pelomenos 6 (seis) meses antes da data da Convenção Nacio­nal.

Parágrafo único. A alteração entrará em vigor de­pois de registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral epublicada a decisão.

Art. 71. Poderá ocorrer a dissolução de Diretórioou a destituição de Comissão Executiva nos casos de:

I - violação do estatuto, do programa ou da éticapartidária, bem como de desrespeito a qualquer delibe­ração regularmente tomada pelos 6rgãos superiores doPartido;

II - indisciplina partidária.§ l' A dissolúção ou destituiçao somente se verifi­

cará mediante deliberação por maioria absoluta dosmembros do Diret6rio imediatamente superior.

§ 2' Da decisão cabe recurso, no prazo de 5 (cinco)dias, para o Diretório hierarquicamente superior e, paraa Convenção Nacional, se o ato for.do Diret6rio Nacio­nal.

§ 3' As decisões proferidas em grau de recurso se­rão irrecorríveis.

LEI N' 4.737,DE 15 DE JULHO DE 1965

Art. 8' O brasileiro nato que não se alistar até osdezenove anos ou o naturalizado que não se alistaraté um ano depois de adquirida a nacionalidade brasi­leira incorrerá na multa de três a dez por cento sobreo valor do salário mínimo da região, imposta pelo Juize cobrada no ato da inscrição eleitoral através de selofederal inutilizado no pr6prio requerimento.

CAPíTULO II

SEÇÃO V

Da Contagem dos Votos pelaMesa Receptora

Art. 188. O Tribunal Superior Eleitoral poderá au­torizar a contagem de votos pelas Mesas Receptoras,nos Estados em que o Tribunal Regional indicar asZonas ou Seções em que esse sistema deva ser adotado.

Art. 189. Os Mesários das Seções em que for efe­tuada a contagem dos votos serão nomeados escrutina­dores da Junta.

Art. 190. Não será efetuada a contagem dos votospela Mesa se esta não se julgar suficientemente garan­tida, ou se qualquer eleitor houver votado sob impug­nação devendo a Mesa, em um ou outro caso, procederna forma determinada para as demais, das Zonas emque a contagem não foi autorizada.

Art. 191. Terminada a votação, o Presidente daMesa tomará as providências mencionadas nas alíneaslI, m, IV e V do art. 154.. Art. 192. Lavrada e assinada a ata, o Presidenteda Mesa, na presença dos demais membros, fiscais eDelegados de Partido, abrirá a urna e o invólucro everificará se o número de cédulas oficiais coiucide c0!Do de votantes.

§ l' Se não houver coincidência entre o númerode votantes e o de cédulas oficiais encontradas na urnae no invólucro a Mesa Receptora não fará a contagemdos votos.

§ 2' Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafoanterior, o Presidente da Mesa determinará que as cédu­las e as sobrecartas sejam novamente .recolhidas à urnae ao invólucro, os quais serão fechados e lacrados, pro­cedendo, em seguida, na forma recomendada pelas alí­neas VI, VII e VIII do art. 154.

Art. 193. Havendo coincidência entre o número decédulas e o de votantes deverá a Mesa, inicialmente,misturar as cédulas contidas nas sobrecartas brancas,da urna e do inv6lucro, com as demais.

§ l' Em seguida, procedcr-sc-á à abertura das cédu­las e contagem dos votos, observando-se o dispostonos arts. 169 e seguintes, no que couber.

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2186 Terça-feira 14

§ 2' Terminada a contagem dos votos, será lavradaata resumida, de acordo com o modelo aprovado peloTribunal Superior e da qual constarão apenas as impug­nações acaso apresentadas, figurando os resultados noboletim que sc incorporará à ata, e do qual se darácópia aos fiscais dos Partidos.

Art. 194. Após a lavratura da ata, que deverá serassinada pelos membros da Mesa, fiscais e Delegadosde Partido, as cédulas e as sobrecartas serão rccolhidasà urna, sendo esta fechada, lacrada e entregue ao JuizEleitoral pelo Presidente da Mesa ou por um dos Mesá­rios mediante recibo.

§ I" O Juiz Eleitoral poderá, havendo possibilida­de, designar funcionários para recolher as urnas e de­mais documentos nos próprios locais da votação ou ins­talar postos e locais diversos para seu recebimento.

§ 2' Os fiscais e Delegados de Partido podem vigiare acompanhar a urna desde o momento da eleição,durante a permanência nos postos arrecadadores e atéa entrega à Junta.

Art. 195. Recebida a urna e documentos, a Juntadeverá:

I - Examinar a sua regularidade, inclusive quantoao funcionamento normal da Seção;

11 - rever o boletim de contagem de votos da MesaReceptora, a fim de verificar se está aritmeticamentecerto, fazendo dele constar que, conferido, nenhumerro foi encontrado;

111 - abrir a urna e conferir os votos sempre quea contagem da Mesa Receptora não permitir o fecha­mento dos resultados;

IV - proceder à apuração, se da ata da eleição cons­tar impugnação de fiscal, Delegado, candidato ou mem­bro da própria Mesa em relação ao resultado de conta­gem dos votos;

V - resolver todas as impugnações constantes da atada eleição.

VI - praticar todos os atos previstos na competênciadas Juntas' Eleitorais.

Art. 196. De acordo com as instruções recebidas,a Junta Apuradora poderá reunir os membros das MesasReceptoras e demais componentes da Junta em localamplo e adequado no dia seguinte ao da eleição, emhorário previamente fixado, e a proceder a apuraçãona forma estabelecida nos arts. 159 e seguintes, de umasó vez ou em duas ou mais etapas.

Parágrafo único. Nesse caso, cada Partido poderácredenciar um fiscal para acompanhar a apuração decada urna, realizando-se esta sob a supervisão do Juize dos demais membros da Junta, aos quais caberá deci­dir em cada caso, as impugnações e demais incidentesverificados durante os trabalhos.

Art. 322. Fazer propaganda eleitoral por meio dealto-falantes instalados nas sedes partidárias, em qual­quer outra dependência do Partido ou em veículos, forado período autorizado ou, nesse período, em horáriosnão permitidos:Pena - detenção até um mês ou pagamento de 60a 90 dias-multa.

Parágrafo único: Incorrerão em multa, além doagente, o diretor ou membro do Partido responssávelpela transmissão e o condutor de veículo.

SINOPSE

PROJT.2TO DE LEI DA CÂMARAN' 26, DE 1988

(n' 2DI-DI87, na Casa de Origem)

Estabelece normas para realização das eleiçõesmunicipais de 15 de novembro de 1988 e dá outrasprovidências.

Apresentado pelo Senhor Deputado Genebaldo Cor­reia.

Lido no expediente da sessão de 23-5-88, e publicadono DCN (Seção 11) de 24-5-88. À Subcomissão da Subse­cretaria das Comissões.

Em 31-5-88, é incluído em Ordem do Dia, discussãoem turno único.

Em 1"-6-88, é lido e a seguir deelaro prejudicadopor falta de "quorum. para o prosseguimento da sessãoo RQS n' 50/88, assinado pelos Líderes Fernando Hen-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

rique Cardoso, Affonso Camargo, Marcondes Gadelha,Jarbas Passarinho. Mauro Borges, Mário Maia e JoãoMenezes" de urgência para a matéria.

Anunciada a matériã o Sr. Presidente designa o Sr.Senador José Fogaça para emitir parecer sobre a maté­ria, que conclui pela apresentação de substitutivo. Pas­sando-se à apreciação da matéria são lidas as Emendasn" 1, 4-A, 5, 9, 15, 19, 21, 22, 24, 27, 28-A, 38-A,38-B, 39, 39-A, - 39-C, 41, 42-B e 44 de autoria doSenhor Senador Áureo Mello; n" 2, e 16 de autoriado Senhor Senador Jorge Bornhausen; n" 3, 7,11,26,28 e 46 de autoria do Senhor Senador Humberto Lucenan' 4, de autoria do Senhor Senador Guilherme Palmcira;n" 4-A, 5-A, 9-A, 19-A, 20-A, 24-A, 37-B e 38-C deautoria do Senhor Senador Alfredo Campos; n' 6 deautoria do Senhor Senador Ney Maranhão; n"'8, 35,37-A, 40, 42 e 47 de autoria do Senhor Senador GersonCamata; n"lO e 29 de autoria do Senhor Senador JoãoMenezes n"12 de autoria do Senhor Senador José Agri­pino; n' 13 de autoria do Senhor Senador Leite Chaves;n" 14 e 37 de autoria do Senhor Senador Mauro Bene­vides; nO' 17, 18, e 23 de autoria do Senhor SenadorJamil Haddad; n' 25 de autoria do Senhor SenadorLourival Baptista; n"' 30 e 36 de autoria do SenhorSenador Jutahy Magalhães; n" 33 e 34 de autoria doSenhor Senador Leopoldo Peres; nO' 39-B e 39-D deautoria do Senhor Senador Rachid Saldanha Derzi; n"42-A c 46-A de autoria do Senhor Senador Nelson Car­neiro; n" 43 e 45 de autoria do Senhor Senador MarcoMaciel; e n' 48 de autoria do Senhor Carlos De'Carli.Usa-se a palavra para justificar as Emendas n" 42-Ae 46-A o Sr. Senador Nelson Carneiro e o Sr. SenadorCarlos De'Carli para justificar a Emenda n' 48. Passan­do-se à discussão do projeto, do substitutivo e dasEmendas usam da palavra os Srs. Senadores ItamarFranco e Jamil Haddad. O Senhor Senador GersonCamata levanta questão de ordem sobre a inexistênciade número para o prosseguimento da sessão que é aco­lhida pela Presidência. A matéria fica com a discussãosobrestada, tendo o Sr. Presidente convocado sessãoextraordinária para amanhã às 10 horas, para continua­ção da discussão da matéria e declara prejudicados osRequerimentos nO' 50 e 51188. Á SSCLS. É incluídoem Ordem do Dia, discussão turno único.

Em 7-6-88, é lido o Requerimento n" 56/88, de autoriado Líderes Fernando Henrique Cardoso, Jamil Haddad,Jarbas Passarinho e Marcondes Gadelha de urgênciapara matéria. Passando-se à continuação da discussãoda matéria usa da palavra os Srs. Senadores GersonCamata, João Menezes e Áureo Mello. Discussão en­cerrada, sendo o projeto despachado à CCJ para examedo projeto, do substitutivo e das emendas e ao relatorpara exame das emendas. O Sr. Senador Cid Sabóiade Carvalho emite parecer pela CCJ cujas notas taqui­gráficas vão em anexo ao processado. A seguir o Sr.Senador José Fogaça emite parecer sobre as emendas,que conclui pela aprovação das de n". 2, 12, 16, 25,31, 37 e 43; pela rejeição das de n" 1, 3, 4, 4-A, 5,5-A, 6, 7, 8, 9, 9-A, 11, 14-A, 15,18, 18-A, 19, 19-A,20, 20-A, 21, 22, 24, 25, 26, 27, 28-A, 32, 35, 37A,37-B, 38, 38-A, 38-B, 38-C, 39, 39-B, 39-C, 40, 41,42, 42-A, 42-B, 44, 45, 46-A, 47 e 48; e conclui ofere­cendo um substitutivo que vai em anexo ao Processado,ficando a votação para a sessão seguinte, nos termosregimentais. O Senhor Presidente declara prejudicadoo Requerimento n" 56/88, em virtude do ínicio das sessãoda Assembléia Nacional Constituinte, e convoca sessãoextraordinária a realizar-se amanhã às 10 horas paravotação da matéria. À SSCLS.

Em 8-6-88, são lidos requerimentos de destaque paravotação em separado das emendas como segue: RQS.n' 61/88; do Senador Áureo Mello, para Emenda n'1, RQS, n' 62/88, dos Senhores Senadores LeopoldoPerez e Leite Chaves, para a Emenda n' 03; RQS.n' 63/88, do Senhor Senador Áureo Mello, para Emendan' 05; RQS n' 64/88, do Senhor Senador João Menezes,para li Emenda n' 07, RQS n" 65/88, do Senhor SenadorGerson Camata, para a Emenda n' 8; RQS. 66/88, doSenhor Senador Áureo Mello, para a Emenda n' 9;RQS. n' 67/88, do Senhor Senador Francisco Rollem­berg, para a Emenda n' 11; RQS. 68 e 69, do SenhorSenador Cid Sabóia de Carvalho, para as emendas 13e 14, respectivamente; RQS. n" 21,22 e 24 respectiva­mente; RQS. n' 75/88, dos Senhores Senadores Leo-

Junho de 1988

poldo Perez e Leite Chaves para a Emenda n" 26; RQS76/88, do Senhor Senador Áureo Mello, para a emendan' 27; RQS. 77/88, do Senhor Senador João Menezes.para a Emenda n' 28; RQS. 78/88, do Senhor SenadorÁureo Mello, para a Emenda n' 28-A; RQS. 79 e 80/88,Senhor Senador Jutahy Magalhães, para as Emendasn" 30 e 36, respectivamente; RQS. 81 a 86, do SenhorSenador Áureo Mello para as emendas nO' 38-A, 38-B.39, 39-A, 39-B, e 39-C, respectivamente; RQS n" 87/88,do Senhor Senador Saldanha Derzi, para a Emendan' 39-B; RQS. 88/88, do Senhor Senador Gerson Cama­ta, para a Emenda n' 40; RQS. 89/88, do Senhor Sena­dor Áureo Mello para a Emenda n' 41; RQS n' 90-88,do Senhor Senador Gerson Camata, para a Emendan' 42; RQS. 91188, do Senhor Senador Áureo Mello,para a Emenda no, 41-B; RQS. n' 92/88, do SenadorÁureo Mello para a Emenda n" 44; RQS. n" 93/88.dos Senhores Senadores Leopoldo Perez e Leite Chavespara a Emenda n' 46; e RQS. 94/88, do Senhor SenadorNelson Carneiro para a Emenda n" 46-A. Postos emvotação, um a um, são aprovados os RQS. 68.77,79,80, 88, 89, 93 e 94; retirados pelos autores os de n'~

65, 69 e 75; prejudicado o de n' 89; e rejeitado osdemais. Passando-se a votação do substitutivo é o mes­mo aprovado, ficando prejudicados o projeto e as emen­das não destacadas, tendo feito declaração de voto osSenhores Senadores Itamar Franco e Jamil Haddad.Passando-se à apreciação dos destaques são aprovadasas emendas de n"13, 28, 30, 36, 40, 46 e 46-A, sendoprejudicada a de n' 41. Encaminham a votação; daEmenda n' 13 os Senhores Senadores Mauro Benevides,Affonso Camargo, José Fogaça, Cid Sabóia de Carva­da n' 28, os Senhores Senadores João Menezes, NelsonCarneiro, Fernando Henrique Cardoso e MarcondesGadelha; da Emenda n' 30, os Srs. Senadores JutahyMagalhães, Fernando Henrique Cardoso e MarcondesGadelha; da Emenda n' 36 os Srs. Senadores JutahyMagalhães, Fernando Henrique Cardoso, MarcondesGadelha e Roberto Campos; da Emenda n" 40 os Srs.Senadores Gerson Camata, Dirceu Carneiro, Cid Sa­bóia de Carvalho, Áureo Mello, Jamil Haddad, NelsonCarneiro, Marcondes Gadelha, Ronan Tito e João Me­nezes. É lida a redação do vencido para o turno suple·mcntar, oferecida pelo relator Senador José Fogaça,em seu parecer. Passando-se a apreciação do substi­tutivo em turno suplementar, é a discussão encerrada,sem debates com a apresentação das Emendas de n'1, do Senador Carlos Chiarelli e outros Senadores; c2 a 6, do Senhor Senador Áureo Mello e outros Senado·res; tendo o Senador Áureo Mello justificado oralmenteas emendas de sua autoria. Pelo Senador Cid Sabóiade Carvalho é emitido o parecer da CCJ, favorávela Emenda n' 1 e contrário às demais. O Senhor SenadorJosé Fogaça; relator da matéria emite parecer favorávelà Emenda n' 1; contra as de n" 5 e 6; e pela prejudicia­lidade das Emendas n" 2, 3 e 4. Aprovado o Substitu­tivo, e a Emenda n" 1 e rejeitadas as Emendas de nO'2 a 6. É lida e aprovada a redação final do substitutivoelaborada pelo Senador José Fogaça.

Á Câmara dos Deputados com Ofício SM-N' 120,de 13-6-88.

EM N' 120 Em 13 de junho de 1988A Sua ExcelênciaO Senhor Deputado Paes de AndradeDD. Primeiro-SecretárioDa Câmara dos Deputados

Senhor Primeiro-Secretário,

Tenho a honra de comunicar a Vossa Excelência queo Senado Federal, procedendo como câmara revisoraao estudo do Projeto de Lei (n' 26 de 1988 no SF en' 201-D, de 1987 na CD), que estabelece normas paraa realização das eleições municipais de 15 de novembrode 1988 e dá outras providências, resolveu oferecer-lhesubstitutivo, que ora encaminho a Vossa Excelência,para apreciação dessa Casa.

2.' Em anexo, restituo a Vossa Excelência um dosautógrafos do projeto originário.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Ex­celência os protestos de minha elevada estima e maisdistinta consideração. - Senador Jutahy Magalhães,Primeiro-Secretário.

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Junho de 1988

PROJETO DE RESOLUÇÃON- 44, de 1988

(Da Sr' Cristina Tavares)

Cria Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI,destinada a apurar as atividades da indústria deinformática.

(Imprima-se. )

A Câmara dos Deputados resolve:Art. I" É criada Comissão Parlameutar de Inqué­

rito - CPI, para apurar as atividades da indústria deinfonnática no Brasil.

Parágrafo único. A Comissão Parlamentar de In­quérito a que sc referc cstc artigo investigará as causase os efeitos das atividades da indústria de informática,envolvendo atos prejudiciais aos interesses nacionais,eventualmente descobertos e denunciados, tais comoa evasão de divisas, o contrabando, a pirataria, bemcomo a negação de licença para comercializar a empre­sas brasileiras, de modo a oferecer sugestões de previ­dências concretas que venham a tenninar com as distor­ções existentes.

Art. 2" A Comissão Parlamentar de Inquérito cria­da por esta resolução compor-se-á de 13 (treze) mem­bros efetivos e igual número de suplentes e com o prazode 120 (cento e vinte) sessõcs.

Art. 3" A Mesa da Câmara dos Deputados, nos ter­mos do art. 14, item IX, do Regimento Interno, fIXaráa importância destinada a autorizar despesas com ofuncionamento da Comissão.

Art. 4" Esta resolução entrará em vigor na data desua publicação.

Justificação

A história do desenvolvimento econômico demonstraque o país que não modernizar sua indústria, junta­mente com a agricultura e os serviços, perde competi­tividade e acaba gerando maiores desníveis econômicose sociais internamente. Vale dizer: regride e empobre­ce.

A indústria de informática, por sua vez, está presenteem praticamente todos os ramos da atividade humana,explicitando seu caráter estratégico e a necessidade deuma estrutura produtiva baseada no princípio de maxi­mizar a mobilização de capital nacional, dado que geraprofundas transfonnações sociais, econômicas, políticase cuiturais. Dessa forma, é nítida a necessidade de queo processo de capacitação nacional nas atividades liga­das à infonnática seja conduzido com base na utilizaçãode tecnologia e de recursos desenvolvidos internamen­te.

O processo de informatização da sociedade brasileira,confonne estratégia de ação prevista no I Plano Nacionalde Informática e Automação, deve garantir a autonomiadecisória do País sobre seu processo de desenvolvimen­to político, econômico e social.

Ocorre que a nossa indústria de informática tem prati­cado atos prejudiciais aos interesses nacionais, even­tualmente descobertos e denunciados, como o contra­bando e a pirataria. Há estimativas de evasão de divisasda ordem de US$300 (trezentos) milhões, por ano, so­mente com a entrada irregular de componentes eletrô­nicos e computadores contrabandeados pelo Paraguai.A Unitron, por sua vez, teve projeto para fabricaçãoe venda no País do MAC 512 cancelado pela SEI epelo CONIN, porque acusada de copiar o micro MA­cINTOSH, da multinacional APPLE. Por outro lado,a Microsoft teve negada a sua licença para comercializarno Brasil o sistema básico MS-DOS, ",m virtude desua similaridade com o programa SISNE da empresabrasileira Scopus.

Na verdade, a reserva de mercado estabelecida paraa indústria de informática uo Brasil tem sofrido extraor­dinárias e insistentes pressões contrárias, a ponto deserem sugeridas retaliações comerciais contra nossasexportações.

Para a indústria de informática existe um insumo deimenso valor, que é o software. Ou seja, a parte lógicae variável de um computador, que são os seus progra­mas. No Brasil existe uma lei denominada "Lei do Soft­ware, aprovada no final de 1987 e que define as formasde comercialização de programas de computador, alémde estabelecer o .regime do direito autoral copyright

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

como proteção jurídica aos autores do software. Quan­do de sua regulamentação, ouve a eliminação do examede similaridade para importação de cópia única pelousuário final, para sua utilização exclusiva; houve des­dobramento dos conceitos de similaridade e, ainda;abriu-se possibilidades de softwares produzidos por em­presas nacionais e estrangeiras usufruirem de incentivofiscal.

Parece que, praticamente, a Lei do Software seráinócua como instrumento de proteção à indústria nacio­nal, pois a competição será desgastante e desleal e asempresas estrangeiras poderão praticar o dumpiug, por­que os custos de seus programas já foram amortizadosno mercado externo.

A Comissão de Inquérito ora proposta, portanto, in­vestigará as causas e os efeitos das atividades da indús­tria de informática, oferecendo sugestões no sentidode providências concretas que venham a terminar comas distorções ora existentes.

Sala das Sessões, de de 1988. -CristinaTavares.

PROJETO DE LEIN9 738, de 1988

(Do Sr. Fábio Feldmann)

Dispõe sobre o uso e comercialização de moto­serras.

(Às Comissões de Constituição e Justiça e de Econo­mia, Indústria e Comércio.)

O Congresso Nacional decreta:Art. I" O Poder Público limitará, controlará e fisca­

lizará a comercialização e utilização de moto-scrras noterritório nacional.

Art. 2' Todo aquele que utilizar ou comercializarmoto-serras sem a devida licença, comete crime contrao meio ambiente e fica sujeito à pena de detenção deum a três meses e multa de um a dez salários. referência.

Parágrafo único. A infração ao estabelecido nesteartigo sujeitará à apreensão da moto-serra indevida­mente utilizada.

Art. 3" Ao responsável pela utilização indevida demoto-serras compete a inteira reparação dos danos cau­sados independentemente de sanções penais ou admi­nistrativas.

Art. 4' Esta lei entra em vigor na data de sua publi­cação, devendo ser regulamentada no prazo dos noven­ta dias subscqüentes.

Justificação

O Brasil, em função de sua extensão territorial egrande riqucza de ecossistemas, possui uma flora devalor inestimável. Destacam-se, nesse contexto, a MataAtlântica e Floresta Amazônica, que, entre outras, pos­suem espécies de grande valor ecológico e econômico.O ritmo de devastação na Mata Atlântica vem se acen­tuando cada vez mais e estima-se que, caso não sejamtomadas providências, desaparecerá em 10 anos.

A Amazônia é mais extensa floresta tropical úmidacontínua do mundo, e representa, em termos de áreaocupada por vegetação, 58,9% do território nacional.Sua ocupação vem sendo feita de maneira irracionale desenfreada, sendo removidos em torno de 10 milhõesde hectares por ano de florestas, a cada ano em ritmocrescente.

O presente projeto de lei representa um mecanismolegal que permitirá às autoridades competentes exerce­rem um controle quanto ao uso e comercialização demoto-serra, principal instrumento utilizado na· devas­tação de florestas. Seu uso indiscriminado vem trazendosérios problemas ambientais e econômicos ao país, co­mo por exemplo a tragédia que ocorreu recentementeno Rio de Janeiro, com enchentes, mortes, doençase milhares de pessoas desabrigadas.

Convém ressaltar que a elaboração deste projeto con­tou com a colaboração dos juristas Humberto Espínola,Plillio Britto Gentil e Márcio Castro de Farias.

Ressalto ainda que cste projeto conta' com o apoiodos parlamentares integrantes da Frente Verde a scguircitados: Deputadas Beth Azize, Moema São Thiago,Cristina Tavares, Abigail Feitosa, Rita Camata, Rosede Freitas, Anna Maria Rattes, Sandra Cavalcanti, Dir­ce Tutu Quadros, Maria de Lourdes Abadia e Lídice

Terça-feira 14 2187

da Mata; Deputados Paulo Silva, César Cals Neto, Rai­mundo Bezerra, Autonio Câmara, Cássio Cunha Lima,Gonzaga Patriota, Domingos Leonelli, José Carlos Sa­bóia, Uldurico Pinto, Vasco Alves, Victor Buaiz, Ed­milson Valentin, Aécio Neves, Aloísio Vasconcelos,Bonifácio de Andrada, Carlos Mosconi, José Ulyssesde Oliveira, Octávio Elísio, Raimundo Rezende, Anto­niocarlos Mendes Thame, Cunha Bueno, Eduardo Jor­ge, Gastone Righi, Geraldo Alckmin, Hélio Rosas, Mi­chel Temer, Plínio Arruda Sampaiu, Sólon Borges dosReis, Maguito Vilela, Mauro Miranda, Augusto Carva­lho, Joaquim Sucena, Júlio Campos, Percival Muniz,Valter Pereira, Alceni Guerra, Nelton Friedrich,Eduardo Moreira, Walmor de Luca, Floriceno Paixão,Ivo Lcch, Ruy Nedel e Victor Faccioni; Senadores Pom­peu de Sousa, Wilsou Martins, Teotônio Vilela Filho,Cid Sabóia de Carvalho, João Calmon, Nelson Carneiroe Fernando Henriquc Cardoso.

Sala das Sessões, 7 de junho de 1988. - Fábio Feld­mann.

PROJETO DE LEI

N- 739, de 1988(Do Sr. Fábio Feldmann)

Proíbe a utilização de CFC·c1oroDuorcarbonetoscomo propelente em produtos do tipo aerosol.

(Às Comissões de Constituição e Justiça, deCiência e Tecnologia e de Saúde.)

O Congresso Nacional decreta:Art. l' Fica proibido, em todo o território nacional,

o uso de CFC - Clorofluorcarbonetos como propelenteem produtos do tipo aerosol.

Art. 2' O uso de CFC - clorofluorcarbonetos so­mente será permitido para fins medicinais, após aprova­ção pelo órgão federal competente.

Parágrafo único. O poder público fiscalizará a utili­zação industrial e comercialização de clorofluorcarbo­netos-CFC.

Art. 3' A fabricação e comercialização de produtosdo tipo aerosol contendo CFC - clorofluorcarbonetossujeita o responsável às seguintes sanções:

I - multa, nos valores de dez a mil OTN (Obrigaçãodo Tesouro Nacional), dobrada em caso de reincidên­cia;

II - perda ou restrição de incentivos e benefícios fis­cais concedidos pelo Poder Público;

IH - perda ou suspensão de participação em linhasde financiamento em estabelecimentos oficiais de cré­ditos;

IV - suspensão de sua atividade.Art. 4' Esta lei entra em vigor na data de sua publi­

cação, devendo ser regulamentadano prazo dos centoe oitenta dias subseqüentes.

JustificaçãoA camada de ozônio que envolve nosso planeta é

fundamental na proteção dos seres vivos à radiaçãocósmica, em especial a ultravioleta (u.v.), que é nocivaa todas as fonnas de vida. Confonne demonstram pes­quisas científicas recentes, esta camada de ozônio vemsendo destruída a uma taxa de aproximadamente 7%ao ano, especialmente pelo uso indiscriminado de cloro.f1uorcarbonetos, conhecidos comercialmente comoCFC ou gás freon.

A proibição deste produto em aerosóis será um passona defesa dos processos vitais da terra, sendo inclusivepossível a utilização de outras substâncias, (butanos,hidrocarbonetos etc.) ou outras alternativas tecnoló­gicas.

Com esta lei, o Brasil contribuirá para que o "buracode ozônio", hoje existente, não aumente de tamanho,e atenderá ao protocolo de Montreal, da Organizaçãodas Nações Unidas - ONU, pelo qual os países signa­tários se obrigam a reduzir o uso de CFC em pelo menos50% nos próximos dez anos.

Convém ressaltar que a elaboração deste projeto delei contou com a colaboração dos juristas HumbertoEspínola, Márcio Castro de Farias e Luiza Nagib Eluf.

Ressalto ainda que este projeto conta com o apoiodos parlamentares integrantes da Frente Verde, a seguircitados: Deputadas Beth Azize, Moema São Thiago,Cristina Tavares, Abigail Feitosa, Rita Camata, Rosede Freitas, Anna Maria Rattes, Sandra Cavalcanti, Dir-

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Junho de 1988DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)2188 Terça-feira 14--------------------~---.,;:..-_----------.:,::::.::.:::...:.:..;:;,;;:;

ce Tutu Quadros, Maria de Lourdes Abadia e Lídicedas Mata; Deputados Paulo Silva, César Cals Neto;Raimundo Bezerra, Antonio Câmara, Cássio CunhaLima, Gonzaga Patriota, Domingos Leonelli, José Car­los Sabóia, Uldurico Pinto, Vasco Alves, Victor Buaiz,Edmilsom Valentim, Aécio Neves, Aloísio Vasconce­los, Bonifácio de Andrada, Carlos Mosconi, José Ulys­ses de Oliveira, Octávio Elísio, Raimundo Rezende,Antonio Carlos Mendes Thame, Cunho Bueno, Eduar­do Jorge, Gastone Righi. Geraldo Alekmin, Hélio Ro­sas, Michel Temer, Plínio Arruda Sampaio, Sólon Bor­ges dos Reis, Maguito Vilela, Mauro Miranda, AugustoCarvalho, Joaquim Sucena, Júlio Campos, Percival Mu­niz, Valter Pereira, Alceni Guerra, Nelton Friedrich,Eduardo Moreira, Walmor de Lucca, Floriceno Paixão,Ivo Lech, Ruy Nedel e Victor Faccioni, Senadores Pom­peu de Souza, Wilson Martins, Teotônio Vilela Filho,Cid Sabóia de Carvalho, João Calmon, Nelson Carneiroe Fernando Henrique Cardoso.

Sala das Sessões, 7 de junho de 1988. - Fábio Feld·mann.

PROJETO DE LEIN' 740, de 1988

(DO SR. FÁBIO FELDMANN)

Condiciona a utilização do mercúrio e do cianetono processo de extração de ouro à sua posteriorrecuperação, mediante a utilização de técnicas ede equipamentos específicos.

(Às Comissões de Constituição e Justiça, deCiência e Tecnologia e de Economia, Indústria eComércio.)

O Congresso Nacional decreta:Art. l' A utilização do mercúrio c do ciancto no

processo de extração do ouro fica condicionada â utiliza­ção obrigatória de equipamentos e de técnicas que asse­gurem a sua posterior e total recuperação.

Art. 2' O Poder Público limitará, controlará e fis­calizará a importação, comercialização e qualquer for­ma de circulação do mercúrio e do cianeto.

Art. 3' Todo aqucle que utilizar o mercúrio e ocianeto no processo de extração do ouro, sem a utiliza­ção de equipamentos e de técnicas assecuratórias desua posterior recuperação, comete crime contra o meioambiente e fica sujeito à pena de detenção de um atrês meses e multa de um a vinte salários-referencia.

Art. 4' Constitui crime a importação, a comercia­lização ou qualquer forma de circulação do mercúrioe do ciacianeto em desacordo com as normas e restriçõesde controle e fiscalização estabelecidas pelo Poder PÚ­blico, sujeitando-se o responsável à pena de detcnçãode um a três meses e multa de um a vinte salários­

,referência.Art. 5' Ao responsável pela utilização indevida do

mercúrio e do cianeto compete a inteirá reparação dosdanos causados, independentemente de sanções penatsou administrativas.

Art. 6" Esta lei cntra em vigor na data de sua pu­blicação, devendo ser regulamentada no prazo dos no­venta dias subseqüentes.

Justificação

A garimpagem de ouro, apesar de teoricamente ma­nual, no atual estágio tecnológico e social (desde a ori­gem até o próprio processo de fixação do garimpciro),apresenta um efeito altamente poluidor do meio am­biente, atingindo inclusive a própria saúde humana.

Duas técnicas de beneficiamento para produção deouro produzem grave poluição ambiental: por mercúrioe por cianeto. O mercúrio é liberado para solos, águasfluviais e em forma de vapor para a atmosfera, na extra­ção do ouro 'aluvial por processos artesanais e semi-arte­sanais, que empregam uma combinação de lixiviaçãoe separação por densidade.

O cianeto é liberado do processo de beneficiamentode minério de baixo teor de ouro por lixiviação, poden­do contaminar cursos d'água e solos, sendo a poluiçãomais violenta a do ar e do ambiente de trabalho ondeocorre a evaporação do mercúrio. Trabalhos científicosdemonstram que 70% do mercúrio inalado pelo serhumano fica retido no organismo. Seus efeitos são bas­tante conhecidos, destacando-se a "Docnça de Mina-

mata" caracterizada por cegueira progressiva, surdez,falta de coordenação motora e deterioração intelectual.Além disso, nas intoxicações imediata e acumulativa,aparecem: gengivite, inflamação na boca, cnjôo, dorabdominal, diarréia, alterações neurológicas.

O mercúrio é uma substància de toxidez crônica acu­mulativa. Ocorre em 25 dos minerais conhecidos, sendosomente recuperado do cinábio (HgS), sulfeto de mer­cúrio de cor vermelha. O Brasil não produz este metal,dependcndo exclusivamente de importações. Em 1986,segundo dados do Departamento Nacional de ProduçãoMineral - DNPM, foram importados 222 toneladasao custo de US$ 1.861.436,00, das quais aproximada­mente 20% foram utilizadas na produção de ouro.

A utilização dc mercúrio na recuperação do ouroem Serra Pelada-PA, vem sendo feita desde 1984, quan­do da introdução das primeiras placas de cobre amalga­madas e moinhos amalgadores. Até aquela data, a utili­zação do mercúrio era proibida no garimpo. Segundolevantamentos recentes rcalizados pelo DNPM (Rela­t6rio Preliminar-Fase I, 1987), o consllmo anual de mer­cúrio em Serra Pelada é superior a trés toneladas. Foramfeitas análises de solos, drenagens, cabelos, fauna eflora e constatou-se que há contaminação de mercúrionas mesmas em índices alarmantes.

Nos garimpos de Paracatu-MG, análise do DNPM91987) cm amostras de drenagens, solo, cabelo, com·provam contaminação por mercúrio em 90% delas, tam­bém em índices alarmantes.

Estudos realizados por pesquisadores do Instituto deBiofísica da Universidade Federal do Rio de Janeirosobre a contaminação do rio Madeira, em Rondônia.detectaram em amostras de sedimento, teores de mercú­rio entre 50 a 1.675 ppb (sedimentos não contaminadosapresentam um valor médio de 40 ppb de mercúrio).

O presente projeto de lei representa um mecanismolegal que permitirá às autoridades competentes exerce­rem um controle rigoroso do uso, comercialização eimportação do mercúrio e cianeto, a fim de evitar asgraves consegüéncias ambientais, sociais e econômicasdeles decorrentes.

Convém ressaltar que a elaboração deste projeto con­tou com a colaboração dos juristas Humberto Espinola,Plínio Britto Gentil e Márcio Castro de Farias.

Ressalto ainda que este projeto conta com o apoiodos parlamentares integrantes da Frente Verde a seguircitados: Deputadas Beth Azize, Moema São Thiago,Cristina Tavares, Abigail Feitosa, Rita Camata, Rosede Freitas, Ana Maria Rattes, Sandra Cavalcanti, DirceTutu Quadros, Maria de Lourdes Abadia e Lídice daMata; Deputados Paulo Silva, César Cals Neto, Rai­mundo Bezerra, Antonio Câmara, Cássio Cunha Lima,Gonzaga Patriota, Domingos Leoneli, José Carlos Sa­bóia, Uldurico Pinto, Vasco Alves, Victor Buaiz, Ed­mílson Valentin, Aécio Neves, Aloísio Vasconcelos,Bonifácio de Andrada, Carlos Mosconi, José Ulissesde Oliveira, Octávio Elísio, Raimundo Rezende, Anto­nio, Carlos. Mendes Thame, Cunha Bueno, EduardoJorge, Gastone Righi, Geraldo Alckmin, Hélio Rosas,Michel Temer, Plínio Arruda Sampaio, Sólon Borgesdos Reis, Maguito Vilela, Mauro Miranda, AugustoCarvalho, Joaquim Sucena, Júlio Campos; Percival'Mu­niz, Valter Pereira, Alceni Guerra, Nelton Friedrich,Eduardo Moreira, Walmor de Luca, Floriceno Paixão,Ivo Lech, Ruy Nedel e Victor Faccioni; Senadores Pom­peu de Sousa, Wilson Martins, Teotônio Vilela Filho,Cid Sabóia de Carvalho, João Calmon, Nelson Carneiroe Fernando Henrique Cardoso.

Sala das Sessões 7 de junho de 1988. - Fábio Feld·mann.

o SR. PRESIDENTE (Siqueira Campos) - Passa~se

ao

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

Tcm a palavra o Sr. Nilson Gibson..

O SR. NILSON GlliSON (PMDB-PE. Pronuncia oseguinte discurso.) -Sr. Presidente, Sr'" e Srs. Deputa­dos, a importância do Atlântico Sul, não apenas paraa segurança nacional, mas ainda para uma estr;J.tégiainternacional de defesa dos mares, foi claramente de-

monstrada na última guerra mundial, quando as potên­cias do Eixo tiveram quebradas, nos confrontos vcrifi­cados nessas águas, as garras que lançavam contra asnações democráticas.

A própria participação do Brasil naquele conflito tevecomo uma das origens o torpedeamento de nossos na­vios mercantes nas costas do Nordeste, pelos subma­rinos nazistas, quando a aliança nipo.ítalo-germânicaverificava que o domínio desta parte do Atlântico, entreos continentes africano e americano, representaria obje­tivo importantíssimo para a vitória da aventura nipo-na­zi-fascista.

Mas, com o decurso dos anos, apesar da sofisticaçãodos foguetes intercontinentais, mísseis capazes de fazera volta ao mundo, não diminuiu de importância o cha­mado Cone Sul; antes, continua a exigir uma perma­nente vigilância a que o Brasil não pode ficar estranho,não apenas pela latitude das suas costas atlânticas, senãotambém pelos seus impostergáveis compromissos coma segurança nacional e a defesa da democracia ociden­ta1.

Devemos reconhecer que a costa africana representa,hoje, em certas áreas, uma ameaça ao desequilíbrioda segurança continental e, por isso mesmo, à pnlpriasoberania.nacional. Angola já está dominada por umregime comunista, como satélite de Moscou, enquantovárias outras nações africanas também se deixaram em­polgar pela pregação bolchevista, não ameaçando ape­nas o chamado Terceiro Mundo, mas podendo transfor­mar-se cm bases de uma possível agressão vermelhacontra a segurança dos paises ocidentais.

Nesse contexto de estratégia mundial cresce de im­portância o papel desempenhado pela Marinha deGuerra do Brasil, como fator de tranqüilização no quetange à segurança do Cone Sul, contando. decerto, como apoio da Argentina, do Uruguai e também dos Esta­dos Unidos. Recentemente, a Marinha uruguaia propôsa criação de um grupo unido de todas as Armadas dochamado Cone Sul latino-americano, justificando a pre­mência de tal tarefa. ante o crescente armamentismosoviético. Ao esclareccr "qne não. sc precisa formal­mente de um pacto do Atlântico Sul - uma consoli­dação da defesa marítima em conjunto já seria suficien­te" - a Marinha uruguaia explica que a evolução dasituação internacional e os fatos registrados ultimamen­te tornam claro quc é esta uma necessidadc urgentepara a defesa do nosso continente. Uma avaliação doAtlântico Sul indica quc maior atenção deve ser conce­dida ao Brasil. Seu longo litoral avança consideravel­mente pelo Oceano Atlântico; o porto de Recife ficaa aproximadamente 2.184quilômetros a leste de BuenosAires, c a apenas 3 mil quilômetros da África Ocidental- menos que a distância até a fronteira do Brasil como Peru.

O Brasil não é importante apenas estrategicamente.O País vem emergindo como uma legítima potênciaregional. .Sua população ultrapassa os 140 milhões dehabitantes, a maior parte dos quais ocupando o litoral'atlântico. O Brasil tem recursos naturais em abundânciae vem sustcntando altas taxas de crescimento econômiconos últimos anos. Além disso, os brasileiros encaramseu país em termos maritimos globais, mais que emtermos hemisféricos.

Historicamente, o Brasil tem demonstrado grandeinteresse na geografia marítima. e há pouco estcndeu,unilateralmente, a 200 milhas suas águas territoriais.O País vem adquirindo novos e avançados equipamen­tos que fortalecerão sua Marinha. Tcmos suficicntesmotivos para confiar no desempenho da força marítimabrasileira, sobretudo pela excclente formação ideoló­gica dos seus quadros, excepcional participação dos seusserviços, formação cívica dos seus homens, capacitaçãotécnica e longa experiência', como pioneira das nossasForças Armadas.

Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados, poucos paísesostentarão, na sua história, desde o século XVI, quandoexpulsávamos ingleses e piratas franceses e podíamossustentar, com a Companhia das Índias Ocidentais, umaluta de trinta anos, preservando. para a Coroa portu­guesa e, depois, para nós próprios, o Nordeste brasi­leiro.

Registro que os mato-grossenses, dos dois estados,têm especiais motivos para confiar na Marinha brasi­leira, desde a Guerra do Paraguai, quando, invadindo

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Junho de 1988

o País, as principais batalhas se verificaram na Baciado Prata, e em Mato Grosso iniciaram-se alguns dosmais épicos episódios daquele conflito, como a Retiradada Laguna garantidas as tropas de Camisão pelos nossosvalentes Guaicurus, bem como a resistência heróica deDourados, comandada pelo poconeano Antônio JoãoRibeiro.

Dia 11 de junho, data consagrada no calendário cíviconacional como de homenagem à Marinha de Guerrado Brasil, recorda-nos a bravura, o desprendimentoe O sentimento patriótico do povo brasileiro, repre­sentado pela Marinha de Guerra, quando da BatalhaNaval do Riachuelo.

A Liderança da Maioria nesta Casa Legislativa, atra­vês da minha palavra, por honrosa indicação do LíderCarlos Sant'Anna, nosso mui digno Líder, expressa asmais vibrantes e sinceras homenagens à Marinha deGuerra do Brasil, ressaltando também o seu Corpo deFuzileiros Navais, parte integrante dessa força singularque aqui aportou no dia 7 de março de 1808 com amissão de dar guarda e segurança à famnia real quando

. de sua vinda para o Brasil, em decorrência das guerrasnapoleônicas. Sabe-se que o Corpo de Fuzileiros Navaisse originou da Brigada Real da Marinha, criada emPortugal pelo Alvará de 28 de agosto de 1797.

Desejo, outrossim num pleito de justiça destacar queo Corpo de Fuzileiros Navais vem participando sempre,como elemento de proa, em todas as operações bélicasda História militar brasileira de âmbito externo, conco­mitantemente ao engajamento nos entreveros político­militares, na área interna.

Jamais se poderia esquecer, neste instante, a figuraadmirável do Patrono da Marinha de Guerra, o insigneAlmirante Tamandaré, paralelamente ao fato de se re­lembrar diuturnamente as palavras de Barroso, quandodo início da Batalha Naval do Riachuelo: "O Brasilespera que cada um cumpra o seu dever".

O deflagrar da batalha decisiva, precipitando o fim,mais rapidamente, da Guerra da Tríplice Aliança a nos­SO favor só faz confirmar que os comandados de Barrosonão fugiram ao cumprimento do dever. Até hoje ecoano espírito de todos os brasileiros aquela proclamaçãodo longíquo 11 de junho de 1865, que tem como queum caráter de objetivo nacional permanente, isto é,viver num trabalho constante a favor do Brasil, cum­prindo-se assim o dever para com a Pátria. .

Homenageando a Marinhl\ de Guerra do Brasil noseu dia máximo - 11 de junho-, confirma·se quea mensagem de Barroso se fixou no espírito de todosos brasileiros que, nas suas múltiplilS atividades úteis,nos campos ou nas cidades, trabalham, cumprem comos seus deveres, fazendo com que nossa Pátria sejacada vez mais sólida potência no contexto das Américase da própria comunidade mundial. .

Sr. Presidente, SI'" e Srs. Deputados; o Ministro Hen­rique Sabóia; da Marinha, durante a solenidade come­moratfva dos 123 'Inos da Batalha Naval do Riacuhueloafirmou:

"As batalhas elÇistem para que as guerras possamser decididas, e a Batalha Naval do Riacl1uelo foi umexemplo disSo. Não fossem a coragem, a pronta decisãon;lS ações de comando e experiência do Alminnte Bar­

.raso, 11 Brasil teria amargado a derrota, JX?is até aquele11 de jUl)ho as vitórias de Corumbá, Miranda e Nioac,obtidas pelos adversários; davam·lhes supremacia nocampo de batalha~'.

Em nome da Liderança da Maioria reverencio a Mari­nhã, seus chefes; seus comandantes dos navios e suasguarnições, que então se foram d'l lei da morte libertan­do, pela perícia, pelo arrojo; denodada bravura e firmeabnegação, realizando uma epopéia a serviço da Pátria,na' Batalha Naval do Riachuelo. É com veneração egratidão que prestamos nossas homenagens aos Mari­nheiros de Riachuelo, por tudo que fizera~ e realiza­ram; prestamos nossas homenagens, portanto, à criati­vidade e à intrepidez do Almirante Barroso,à bravura,ao sacrifício e ao sofrimento de Mariz e Barros, deGreenhalgh e de Marcílio Dias, elevando-os ao montesanto e aos tabernáculos dos heróis da Marinha e daPátria.

"Se estivestes em Riachuelo, tu.és um bravo."

oSR. OSVALDO BENDER (PDS - RS. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente; SI'" e Srs. Deputados,

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

em outra ocasião fiz um pronunciamento referente àduplicação da rodovia Régis Bittencourt, que liga SãoPaulo a C\lritiba. Anteontem lemos no jornal O Globoque o Departamento Nacional de Estradas de Rodagemserá processado por acidentes ocorridos naquela rodo­via. O referido jornal também diz que a "rodovia damorte" matará trezentas pessoas este ano, praticamenteum óbito por dia naquele curto trecho de estrada.

Falo em nome dos motoristas do meu Estado, o RioGrande do Sul, daqueles que utilizam essa estrada tautopara levar ao grande mercado consumidor, o Estadode São Paulo, a produção do Rio Grande, como paravoltar de lá com produtos industrializados. Trata-se deuma das rodovias por onde mais passam os motoristasdo Rio Grande do Sul, e a que mais temem.

Recebemos vários apelos no sentido da duplicaçãodaquela rodovia. O jornal O Globo informa que seuspontos perigosos somam cerca de 100 quilômetros. Porisso, ocupo a tribuna mais uma vez, apelando a quemde direito para que tome providências nesse sentido.

Acredito que O próprio Estado de São Paulo, quetem interesses naquela estrada, irá colaborar para aconclusão do referido trecho, pois sabe da importânciados três Estados sulinos, Paraná, Santa Catarina e RioGrande do Sul, em termos de produção e consumo.É, pois, do maior interesse de São Paulo e dos moto­ristas a duplicação daquela rodovia.

Clamo aqui em nome dos motoristas do Rio Grandedo Sul, que estão apavorados. Dizem eles que, ao p~ssa­

rem pela Régis Bitlencourt, sentem-se como se estives­sem com a camisa da morte. Além de demorarem maispara percorrer a distância, ainda enfrentam um grandeperigo. Voltamos, assim, a insistir na duplicação daestrada, uma das mais necessárias no País. Duvido queexista trecho mais importante, com maior tráfego e peri­go, que a rodovia Régis Bittencourt.

Sr. Presidente, renovamos aqui o nosso apelo. Acre­ditamos que as autoridades competentes, ao analisarema questão, sentirão de perto o problema e darão priori­dade à duplicação solicitada. Encaminharemos tambémexpediente ao Sr. Ministro dos Transportes, a fim deque S. Ex' tome conhecimento do grande perigo querepresenta aquela rodovia e se conscientize da necesis­dade de sua duplicação.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PFL - CE. Sem revi­são do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, dese­jo apenas registrar o fato de que a Assembléia Legis­lativa do Estado do Ceará, que instituiu, há alguns anos,a "Medalha Édson Queiroz" em homenagem 'àquelegrande empreendedor industrial, homem de _empresa,que desapareceu precocemente do nosso meio, conec­.deu-a, este ano, ao empresário I vens Dias Branco. Filhode imigrante português, não só sucedeu 'vitoriosamenteao pai na liderança dos negócios. da família, como am­pliou bastante a faixa de atividades do grupo conside­rado, hoje, um dos mais sólidos do Estado do Ceará.Ao mesmo tempo, náo se descuida das suas"obrigaçõessociais é trabalhistas, mantendo um clima de convi­vência hannônica entre .a direÇão de empresa eos fun­,cionários que ali trabalham. Com essa distinção, é opróprio povó cearense que presta:, através da :sua As­sembléia Legislativa, uma homenagem a esse 'empre­sário que tem prestado grandes serviços ao. Ceará ecujas atividades industriais ultrapassam de longe asfronteiras do Estado.

Com este registro" associo-me a e'ssa manifestação 'da Assembléia Legislativa Estadual e, ao mesmo'tempo,parabenizo aquela Casa pela iniciativa. Almejo ao il)­dustrial Ivens Dias Branco muitos êxitos na' criação denovos empreendimentos, novos poStos'de trabalho, pa""ra a gr~ndeza e prosperidade do Estado do Ceará:

O SR. GONZAGA PATRIOTA (PMDB "- PE. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,tenho estranhado ultimamc;nte. as ações do .Governo,principalmente dos Ministros da área econômica quese monstram preocupados com as emendas dos Consti­tuintes Mansueto'de Lavor, Humberto Souto e ZizaValadares. Essas emendas, fundidas, serão, sem dúvi­da, aprovadas na votação das Disposições Transitórias,para reaquecer a economia do País, que está um caos.

São 70% dos quase três milhões de microempresáriosque irão ter sua economia aquecida, a fim de dar ênfase

Terça-feira 14 2189

a um melhor desenvolvimento no País, pois suas mi­croempresas são responsáveis pelo intercãmbio entreprodutor e consumidor. Sem elas não poderemos tera grande empresa.

Estranho que os Ministros da área econômicaestejamdemonstrando preocupação com a aprovação da fusãodessas emendas. Não estão S. Ex" preocupados como fato de que foi exatamente este Governo que criouo Plano Cruzado.

Quem não se lembra de que o Plano Cruzado, aoconverter o cruzeiro em cruzado, deu não apenas àspequenas e microempresas, mas também aos grandesempresários, na conversão dos débitos vincendos, umaalta soma, em bilhões de dólares, que o Governo ban­cou? Agora vêm, inclusive com O apoio dos repórteresda área econômico-financeira. alertar a sociedade paraum grande perigo.

Estava lendo o editorial do Jornal de Brasília, deontem, de autoria do repórter Álvaro Pereira que, mui­to equilibrado, mostrou não haver evasão alguma dedinheiro do Governo Federal, porque, se levantarmoso débito original desses empréstimos das pequenas emicroempresas e dos agricultores, que os adquiriramsem correção monetária durante o Plano Cruzado, veri­ficaremos que ele não atinge a 200 bilhões de cruzados.Não se venha dizer que hoje soma 10 bilhões de dólares.Isto é mentira, é engodo. Isto é querer convencer osConstituintes a votarem contra o reaquecimento da eco­nomia no País.

Temos que apurar a verdade. O Governo, principal­mente os Ministros da área econômica, teria a obrigaçãode trazer ao Congresso Constituinte o quantum verda­deiro que foi adquirido pela microempresa e pelo pe­queno agricultor durante o Plano Cruzado. Não importase hoje essa dívida atinge a alguns bilhões de dólares,em virtude da correção monetária indevida, pois estanão existe para a agricultura. Nenhum microempresáriotomou dinheiro emprestado com correção monetária.

Neste instante, quero co.nvocartodos os Constituintesa votarem favoravelmente à fusão das emendas do Sena­dor Mansueto de Lavor, Deputado Humberto Soutoe Deputado Ziza Valadares, porque sabemos que agrande evasão de dinheiro público ocorreu na conversãodo cruzeiro em cruzado. Não foi o pequeno agricultornem o pequeno comerciante que se beneficiou disso,mas sim os grandes empresários e latifundiários, quetomaram bilhões de cruzeiros emprestado e pagaramcom alguns mil cruzados na conversão.

Precisamos reaquecer a economia, dando condiçõespara que a microempresa e o microagricultor possamvoltar a trabalhat, porque são eles as formiguinhas queresolvem os problemas da economia nacional.

Sr. Presidente, vou encaminhar à Mesa da Câmarados Deputados projeto de lei que proíbe a comercia­lização e utilização, no território nacional, fio sprayque contém c!orofluorcarbono, o CFC. . .

, Passando a outr9 assunto, SI'. Presidente, tille oportu­nidade de apresentar projeto de resólução administra­tiva para o Município de. Salgueiro, Estado dePernam-buco, do seg~inte te!!r: . ,

Exm' Sr. .Líder do PMDBDeputado:lbsCn PinheiroCâmara dos DeputaClosBrasíliâ-DF

Submeto à conSideração de V. Ex' o presenteprojeto de resolução, dispondo sobre a organizaçãoadiministrativa do Município de Salgueiro, Estadode Pernambuco.

.Salgueiro é uma das principais cidades do .Estadode Pernambuco; considerada 'pólo de uma vastaárea: :do. Serfão, sendo' um dos .mais importantesentroncamentos rodoviários no Nordeste, e dentrode poucos anos, também' um grande centro ferro­viário, .em fac.e da implantação da Ferrovia 'Trans-nordestina; .

.Com toda uma infra-estrutura'já implantada,tem suas atividades econômicas voltadas para aagricultura e pecuária, o extrativismo vegetal, aindústria o comércio e serviços.

O Município conta com uma relativa infra-es­.trutura social, dispondo de bom serviço de saúdee educação.

Pela divisão administrativa, o Município com"põe-se dos distritos sede, Conceição das Creoulas,

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2190 Terça-feira 14

Umãs e Vasques, todos interligados por um bomsistema rodoviário.

Tendo em vista o vertiginoso crescimento do Mu­nicípio, há a necessidade imperiosa de ser adequa­do o desenvolvimento a uma política administrativacompatível com a modernidade.

O Projeto ora apresentado objetiva, precipua­mente, reorientar as gestões da prefeitura, visandoa enquadrar a administração municipal a uma polí­tica com métodos e práticas que superem o anacro­nismo até então observado.

No momento em que o País reencontra-se comcom o seu ordenamento jurídico institucional, atra­vés da nova Constituição, em fase de aprovação,torna-se indispensável que os municípios brasilei­ros ajustem suas estruturas administrativas parao enfrentamento dos desafios do futuro, que advi­rão· com a nova fase da vida nacional. Adiante,estão explicitados os items que compõem o projetode organização administrativa do Município de Sal­gueiro;

ORGANIZAÇÃO MUNICIPAL

I - Secretaria de Agricultura1 - Subsecretaria de Fomento Agrícola2 - Subsecretaria de Organização Rural3 - Subsecretaria de Irrigação e PisciculturaII - 'Secretaria de Educação e CulturaIH - Secretaria da FazendaIV - Secretaria do Governo1-Subsecretaria de Administração2 - Subsecretaria de Comunicação SocialV - Secretaria do Interior1-Subsecretaria de Auditoria e Controle2 - Subsecretaria de Abastecimento e Preços3 - Subsecretaria de Habitação, Meio Ambien-

te, e Urbanismo4 - Subsecretaria de Indústria e ComércioS- Subsecretaria de Serviços Urbanos6 - Subsecretaria de Transportes e Obras PÚ-

blicas7 - Subsecretaria de Turismo e Lazer8 - Subsecretaria de Trabalho e Ação SocialVI -Secretaria de Planejamento e ReceitaVII - Secretaria de Saúde

I - Secretaría da Agricultura:Este órgão atenderá com prioridade as seguintes

ações:l-Subsecretaria de Fomento Agrícola:a) Fomento e Modernização tecnológica rural;b) Fomento à implantação de cultura permanen­

te''c) Fomento à agricultura, caprinacultura, suino-

cultura e fomento a outas atividades alternativas;d) Fomento à micro empresa agro-industrial;e) Fomento à diversificação agrícola;f) Fomento à mecanização para a tração animal.

2..,- Subsecretaria de Organização Rural:a) citricultura;b) pomares;c) campo de produção miúda;d) estação de monta e inseminação artificial;e) mecanização agrícola para a tração animal;f) eletrificação rural;g) pólo cajueiro.3 - Subsecretaria de Irrigação e Piscicultura:Órgão destinado a irrigação, melhorias tecnoló­

gicas rurais, pisicultura e a outras 'atividades ruraisnão tradicionais:

a) cinturão verde de hortas;b) substituição de implantações de alimentos;'c) geração de oportunidade de empregos;d) implantação de novas tecnologias rurais;e) desenvolvimento da pequena propriedade.

ORGANOGRAMA INTERNO

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

11- Secretaria da Educação e CulturaImplantação e ampliação dos I' e 2' Graus no

Distrito de Umãs.Implantação de hortas em todas as escolas muni­

cipais com a ajuda técnica das Subsecretarias deIrrigação e do Interior. ministrando aulas de agri­cultura primária. Administração do Colégio Agrí­cola de Umãs.

ORGANOGRAMA INTERNO

m - Secretaria da Fazendaà Secretaria da Fazenda caberá determinar as

atividades de perspectiva de desembolso mensale trimestral, estabelecer cronograma de desembol­so, controlar pagamentos e estabelecer o programade "Obrigações a Pagar" do Poder Público, admi­nistrar o pessoal e matcrial de consumo perma­nente.

ORGANOGRAMA INTERNO

IV - Secretaria do GQvernoÀ Secretaria do Governo subdividida em duas

Subsecretarias, da Administração, que cuidará, in­diretamente de toda a administração municipal,inclusive, do pessoal das administrações direta eindireta e a Subsecretaria de Comunicação Sociala quem compete a tarefa de comunicação em geral,de programas sociais, de auxiliar na elaboraçãode projetos e decretos, além de outros estabele­cidos em lei.

ORGANOGRAMA IN1ERNO

Secretllria do Governo

V - Secretaria do InteriorÀ Secret~ria do Interior compete trabalhar para

o crescimento e desenvolvimento do Município,buscando a participação da sociedade. Compete­lhe, ainda, a incorporação de áreas rurais ao patri­mônio municipal para aproveitamento pela Secre­taria de Irrigação e a supervisão das Subsecretarias.

As Subsecretarias do Interior integrarão o inte­rior do Município com todos os órgãos sociais, es­pecialmente nas pastas relacionadas ao incentivoda produtividade agrícola e pecuária, e participa­ção das decisões políticas, usando das prerrogativasinerentes à sua área.

l-Secretaria de Auditoria e Controle:Órgão destinado à especialização das atividades

e controle interno no plano físico financeiro, contá-

Junho de 1988

bil e operacional das atividades da prefeitura, obje­tivando moralidade, parcimônia e transparência.

Criar um clima psíquico de controle e auditoriapermanente cm toda a estrutura administrativa,através do acompanhamento das atividades, objeti­vando a correção do desperdício, o ócio, a incom­petência.

2 - Subsecretaria de Abastecimento e Preço:Órgão desrinado a gerir matadouros, mercados

e feiras; fomentar microcomércio feirante; cxccu­tar o programa municipal de apoio à suplementaçãoalimentar; apoiar política nacional dc prcços con­trolados; fiscalizar pesos e medidas; fiscalizar asposturas municipais sobre abastecimento de feiras,mercados e abates de animais.

PROGRAMAS:

a) suplementação alimentar;b) feira;c) pesos e medidas;d) preços controlados;e) implantação do CEASA.3 - Subsecretaria de Habitação, Meio Ambien­

re e Urbanismo:3.1 - Habitação:À Subsecretaria de Habitação cuidará da legali­

zação dos loteamentos e implanração da habitaçãonos distritos e povoados e área de periferia e urba­nização, usando das prerrogativas nos assuntos dasua área e do patrimônio urbano e rural.

3.2 - Meio Ambiente:Esta Subsecretaria se encarregará da prcserva­

ção da natureza, flora, fauna, dragagem do açudevelho e meios que coíbam os abusos da poluiçãoem geral.

3.3 - Urbanismo:Órgão destinado a executar os serviços públicos

de:a) conscrvação de Guias, sarjetas e vias públi-

cas;b) limpeza pública e colcta de lixo;c) usina de processamento e reciclagem dc lixo;d) conservação de praças e jardins;e) conservação de prédios públicos e municipais;f) fiscalização de posteiros municipais, de limpe-

za pública e uso de logradouros;g) conservação de cemitérios.

4 - Subsecretaria de Indústria e Comércio:Órgão que desenvolverá as ações de fomento

econômico:a) apoio institucional ao empresariado local;b) às instituições de crédito;c) apoio à verticaliza da índústria local;d) apoio à implantação do DI;e) fomento à microempresa;f) criação de distrito e serviços;g) interna conexão C/CDL AC e AME.

S - Subsecretaria de Serviços Urbanos:Esta Subsecretaria será responsável pela conser­

vação e limpeza pública, reflorestamento, arbori­zação e outros serviços da sua pasta.

6 - Subsecretaria de Transportes e Obras PÚ­blicas;

Órgão destinado à construção de obras públicase civis, rodovias, infra-estrutura, etc; planejamcntofísico-financeiro das construções públicas; fiscali­zação de transportes coletivos; implantação e libe­ração de serviço de táxi; execução do programade obras do município, mantendo atualizados osdados sobre construção, custos apropriação, etc.

7 - Subsecretaria de Turismo e Lazer e EsportesÓrgãos destinado a gerar divisas através de de­

senvolvimento de pontos eatividades turísticas.

PROGRAMAS

- Festividade de Santo Antonio;-Natal salgueirense;-Carnaval;- Vaquejada;- Fomento à hotelaria;-Fomento à empresa de turismo;- Expansão do rurismo de Salgueiro com as ca-

pitais dos outros Estados;

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Junho de 1988 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Terça-feira 14 2191

ORGANOGRAMA INTERNO

e) programa municipal de fossas sépticas;f) treinamento para parteiras lcigas.

TELEX A QUE SE REFERE O ORADOR:

De: Federação das Cooperativas de Trigo e Soja doRio Grande doSul LIda. - FecotrigoPara: Excelentíssimo Senhor DoutorDeputado Ivo MainardiBrasílialDF.TELEX PRESI-055/88. Porto Alegre, 8 de junho de1988.

Transmitimos. a seguir, teor do telex remetido aoMinistério da Agricultura, Fazenda, Justiça, CFP,SEAP e Sunab, a respeito da compra estatal do trigo:

"A federação das Cooperativas de Trigo e Soja doRio Grande do Sul Ltda. - Fecotrigo, após ouvir suasfiliadas e reunir seu Conselho dc Administração, como objetivo de analisar os reflexos das medidas anun­ciadas pelo Governo com vistas à redução do déficitpúblico e à retomada do desenvolvimento econômico,examinou com profundidade a proposta do Governono que tange à extinção da compra estatal do Trigoque vem sendo realizada desde 1962 e que foi instituídaem função dos descompassos c abusos que vinham sen­do praticados na comercialização deste cereal, com pre­juízos aos produtores, à populaçáo c ao governo.

move uma palha para que o banco tenha a sua dignidaderestabelecida, para que os funcionários sejam preser­vados nos seus serviços nem para que sejam responsa­~ilizados aqueles que o próprio Governador acusou.E preciso registrar que entre os acusados estáo ex-secre­tários do próprio Governo Moreira Franco.

SI. Presidente, o Banco do Estado do Rio de Janeiro,que já foi considerado um dos maiores bancos estaduais,hoje está na falência. O Governador do Estado, quese acumplicia com o crime organizado, recusa-se a rece­ber os líderes sindicais, mas certamente receberá osbanqueiros do jogo do bicho em seu gabinete ou asua representação: a mala com a contribuição corres­pondente.

Trago aqui ainda outra denúncia: o SI. Juarez TávoraVeado viajou às custas do Ministério da Indústria edo Comércio a Paris, para assessorar o Secretário deCiência e Tecnologia do Estado, contrarianqo a normacorrespondente. Vou encaminhar esse documento aoGovernador Moreira Franco e ao Ministro da Indútriae do Comércio, e espero que, pelo menos nesse Casoconcreto, o Governador do Estado, cuja administraçãojá começa a ser enlameada pela omissão e pela corrup­ção, tome alguma providência.

O SR. IVO MAINARDI (PMDB - RS. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, queroregistrar aqui o teor de telex, de autoria do Presidenteda Fecotrigo, Terciso Redin, e da Federação das Coope­rativas de Trigo e Soja do Rio Grande do Sul, remetidoaos Ministros da Agricultura, Fazenda e Justiça, à CFP,à SEAP e à Sunab.

SI. Presidente, o teor desse telex nos preocupa muito,como também tem preocupado a Fecotrigo, que reuniuo conselho de administraçáo e ouviu os seus filiadospara analisar os reflexos das medidas anunciadas peloGoverno, com vistas à redução do déficit público eà retomada do desenvolvimento econômico. Depois deprofundo exame, no que tange à extinção da compraestatal do trigo, que vem sendo realizada desde 1962,a Fecotrigo está sumamente preocupada porque estacomercialização governamental, desde aquela data, mo­ralizou o sistema e permitiu que os produtores se sentis­sem seguros e amparados quanto à venda de sua produ­ção. Era um verdadeiro estímulo à produção nacional.

Solidarizamo-nos com a Fecotrigo nessa preocupaçãoe chamamos a atenção do Governo Federal, principal­mente dos Ministros da Agricultura e da Fazenda, paraas conseqüências dessa extinção. É preciso que se digaque essa medida que está sendo tomada, ou que sequer tomar, no exato momento em que o País pratica­mente está atingindo a sua auto-suficiência na produçãodo cereal, significa um desestímulo à produção do cerealrei.

Requemos à Mesa a transcrição nos Anais da Casado teor desse telex que foi remetido, como já afirmei,aos Ministros da Agricultura, da Fazenda e da Justiça,à CFP. à SEAP e à Sunab.

Era este registro que gostaria de fazer, Sr. Presidente.

Depllrtamelllo de Saude deConcdçio dos Creolllos

Departamento d~ SlI.údedeUmãs

o SR. PAULO RAMOS (PMDB - RJ. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados,há cerca de um ano o Banco Central, por solicitaçãodo Governador Moreira Franco, interveio no Bancodo Estado.' -

Todos sabem 'que um banco estadual pertence aopovo do respectivo Estado, eabendo aos governantescuidar para que a coisa pública seja bem administrada.

Na época da intervenção foram feitas as mais diversasacusações de corrupção, envolvendo figuras notórias,não só no Estado do Rio de Janeiro como tambéma nível nacional.

Superada a apuração, o que verificamos? O Governodo Estado acabou com o Banco do Desenvolvimentoe colocou na rua os seus funcionários, mas logo depois,para substituir o BDRIO, criou uma carteira de crédito,aproveitando naturalmente outros funcionários que nãoaqueles despedidos. Logo depois, a nova administração,a Junta Interventora, em vez de sanear o banco, começaa diminuir as suas atividades, de modo a levá-lo a umasituação insustentável. Para que isso aconteça, a Juntacomeça a demitir maciçamente funcionários e a fecharagências. É preciso acrescentar que vários municípiosno Estado do Rio de Janeiro só dispõem da agênciado Banerj para que as atividades do próprio Municípiosejam desenvolvidas e para que a população seja aten­dida. Hoje, os servidores do Banerj procuram, de todaforma, um encontro com o Governador do Estado, masS. Ex' se recusa a receber as lideranças sindicais e não

Para que haja um planejamento que esteja den­tro- dos padrões, das necessidades e em bene~ício

de uma população, sem que olhemos fronterras,necessário se torna que haja uma concepção unifi­cada, integrando todos os setores envolvidos n.aprodução e na operação dos serviços urba!10s. POiSnão basta planejar a ocupação do solo. E precIsonele integrar os serviços de avanços sociais, desdeo transporte, horto comunitário, ofioinas de apren­dizagem, re.florestamento, etc.

Entendemos que a questão urbana é, sobrema­neira, a questão social. A cidade de Salgueiro, pro­jetada por homens simples que apostaram no futu­ro não conseguiu escapar das doenças urbanas,neia padecendo sobretudo a população carente.

A proposição do Projeto dc Resolução partid~r.ia

tem o cuidado de preservar os aspectos SOCIaIS,

extinguindo empregos e funções improdutivas deórgãos e entidades, assegurando aos emPr:egadoso direito de optar pelos quadros dos órgaos dosMunicípios e pelos empregos correspondentes aosque estão ocupando. ,

A proposta que tenho a honra de submeter aconsideração superior de V. Ex" será instrumentode decisões para os governos futuros da PrefeituraMunicipal de Salgueiro, Estado de Pernambuco.

Na sua simplicidade, o projeto implementará aeconomia do Município, pelo que julgo desneces­sário chamar a atençáo de V. Ex" para uma aprecia­

. c.no mais cautelar, de minha proposta."Durante o discurso do Sr. Gonzaga Patriota, o

Sr. Siqueira Campos, artigo 76 do Regimento Interno,deixa a cadeira da presidência, qae é ocupada pelo Sr.Lúcio Alcântara, artigo 76 do Regimento Interno.

o SR. PRESIDENTE - (Lúcio Alcântara) - Tema palavra o SI. Paulo Ramos.

ORGANOGRAMA INTERNO

ORGANOGRAMA INTERNO

2') Programasa) programas de vacinação nacional;b) programa de atendimento medicamentoso;c) programa escolar de combate à verminose;d) programa da f1uoretação dentária infantil

(combate à cárie);

VII - Secretaria de Saúde10) Órgão executor da política de saúde do Go­

verno municipal e gestor dos equipamentos, pré­dios, material e pessoal médico do Município. Ór­gão fiscalizador dos posteiros sanitários municipais.Construção da Casa de Salgueiro em Recife ­PE.

VI - Secretaria de Planejamento e Receita1') Órgão destinado a especializar as atividadcs

de alocação de recursos e arrecadação de tributos;planejamento financeiro mensal, anual e pluria­nual; prospectiva do fluxo de caixa da Prefeitura;elaboração dos orçamentos anuais e plurianuais;planejamento financeiro dos investimentos públi­cos; pesquisas. Levantamentos, estudos, parecerese planejamento do endividamento do Municípioe operações de créditos.

2') Elevar a receita pública municipal, tributarpor princípios de justiça social e evitar a sonegaçãoe evasão de tributos.

Stcrclariado Inlc:rior

PROGRAMA

Integração do menor abandonado à sociedade;1') Desenvolver hortas comunitárias;2°) Desenvolver um centro de produção de aga­

salhos, para aumentar em 50% o atendimento àspessoas carentes.

3') Assistência Social.

- Festejos da Semana Santa;- Incentivos ao esporte em geral;8 - Subsecretaria de Trabalho e Ação Social;Construir a Casa de Assistência Social, com cre-

ches. Criar um quadro de pessoal para atendere cadastrar todos os mendigos e pessoas carentes,assegurando-lhes o direito de sobrevivência nomeio social, com participação na sociedade.

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2192 Terça-feira 14

Entende a Fecotrigo que a forma de comercializaçãogovernamental, desde então praticada, moralizou o sis­tema e - ainda mais - permitiu que os produtoresse sentissem, seguros, e amparados quanto à venda desua produção, constituindo-se este procedimento numverdadeiro estímulo à produção nacional. A comercia­lização do trigo, como vem sendo realizada, atribui aeste produto, indubitavelmente, a condição de mais se­gura e organizada forma de comercialização entre todosos produtos primários da lavoura gaúcha.

Por estas razões, a Fecotrigo vem manifestar seuapoio ao pleito levado à Vossa Excelência pela comissãocomposta pelos Parlamentares Arnaldo Prieto, AlysonPaulinelli, Edison Lobão e Saldanha Derzi, no sentidode alertar o Governo sobre os problemas que podemser criados para triticultura com a privatização da com­pra do trigo.

Outrossim, a Fecotrigo aplaude decisão de Vossa Ex­celência de encaminhar a referida comissão parlamentaraos Ministros da Agricultura e Fazenda, recomendandoque fossem observadas suas ponderações, sob pena dedesestimular a produção do trigo nacional justamenteno momento cm que o País praticamente já atingiua auto-suficiência na produção do cereal."

Atenciosamente, - Terciso Redin, Presidente da Fe­cotrigo.

OSR, ANTÓNIO DE JESUS (PMDB-GO. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, a Constituição qUe pretendemos, para o País pode­rá não ser eficaz em todos os seus artigos. Faz-se, por­tanto, necessário dotar o judiciário da competência de­vida para regulamentar aquilo que faltou na Consti­tuinte: o primado da Constituição entregar ao País odestino da sua construção.

O atendimento ao cidadão, nos seus direitos funda­mentais, bem como o desenvolvimento da ciência etecnologia respeitando os postulados básicos que pre­servam a família, amaparando o menor e dando estrutu­ração sólida à juventude num meio ambiente saudável,é a nossa aspiração.

Devemos criar mecanismos capazes de redimir as po­pulações carentes e readmiti-Ias no contexto social.

As instituições sociais devem-se modernizar, a fimde. que o cidadão tenha trabalho, educação, saúde elazer.

A ociosidade é a mãe de grandes males. Mente deso­cupada é oficina do mal. O homem deixando de traba­lhar terá a vida encurtada.

O lazer é necessário. Porém, não deve ser pernicioso.Enquanto tivermos uma nação que financia bilhões parao carnaval, em càda Estado, não vai para frente. Essaé.a realidade.

O lazer deve ter caráter construtivo. No Rio de Janei­ro há um parque que serve de exemplo. É um parquede ciência, junto ao Museu de Astronomia, que apre­senta, entre outras coisas, o princípio da balança, dopêndulo e do prisma ótico, fugindo à média comumdos parques de lazer, que apenas apresentam roda-gi­gante, montanha russa, balanços, carrinhos e outrosentretenimentos. A Educação portanto deve despertaras potencialidades do ser humano, através das múltiplasinstituições existentes no contexto social, a família, aescola, a religião, os meios de comunicação, teatrose as próprias atividades de lazer, que devem estar apri­moradas para o aperfeiçoamento e desenvolvimento dapersonalidade.

A saúde, por sua vez, é outro aspecto fundamental.Devemos, através da ciência e da tecnologia, propor­cionar também ao cidadão os meios necessários paraque ele possa preservar a sua saúde, informando-o dosmalefícios das drogas e de todo hábito vicioso que podedeturpar a personalidade.

Devemos também ter a preocupação voltada paraa medicina preventiva e não apenas psicoterápica, afim de que o cidadão possa imunizar-se conscientemen­te, sendo esclarecido pela própria ciência dos fenôme­nos prejudiciais à sua própria saúde. A partir daí come­çaremos a ter uma sociedade mais aperfeiçoada e cons­cientizada dos malefícios que a destroem.

Eis a nossa preocupação e a nossa mensagem.

o SR. PAULO PAIM (PT - RS. Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, chegou aomeu gabinete, talvez por engano dos empresários, um

DIÁRIa DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

documento cujo título é "Propostas Supressivas paraa Nova Constituição".

Citarei apenas o que pretendem suprimir na primeirapágina, no que tange aos interesses dos trabalhadores:a estabilidade no emprego, proposta com redação dopróprio "Centrão". Mesmo assim, os empresários nãoestão contentes e querem suprimi-la, como o estabele­cimento do salário minimo, do piso salarial, a reduçãoda jornada de trabalho para um turno de seis horas,regulamentação do serviço extraordinário, a remune­ração de férias, a licença-gestante, o aviso prévio detrinta dias, a assistência médica gratuita, a questão daprescrição, a questão sindical, o direito de greve e alicença-paternidade, naturalmente. Ou seja, queremeliminar as conquistas, no âmbito do direito social, dostrabalhadores aprovadas no primeiro turno.

Hoje, esse documento encaminhado pelos empresá­rios deve estar circulando, calcnlo eu, na mão da maioriados Constituintes. O alerta que faço, e serei divulgadono programa "A Voz do Brasil", é para que o Movi­mento Sindical Brasileiro se mobilize para as votaçõesdo segundo turno, senão, de fato corremos o perigode promulgar uma Constituição mais atrasada do quea atual.

Essc documento, um livro encadernado, muito bemfeito graficam~nte, mas muito mal feito politicamente,na verdade, aponta no sentido de que tenhamos cadavez mais consciência do capitalismo selvagem que existeneste País, que não admite o mínimo de avanço.

Todos os avanços que foram aprovados pela Consti­tuinte no primeiro turno, na verdade são pequenos,muito pálidos e existem na maioria dos países do mun­do, como a Argentina, Uruguai e Equador, por exem­plo.

Deixo esse alerta ao movimento sindical, para quedo primeiro para o segundo turno façam uma grandemobilização no sentido de preservar esses pequenosavanços.

O SR. ELIEL RODRíGUES (PMDB - PA. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, SI" e Srs.Deputados, como brasileiro e amazônida, não poderiadeixar de registrar neste plenário as minhas congratu­lações ao Exm' Sr. Ministro da Aeronáutica, TenenteBrigadeiro do Ar, Octávio Júlio Moreira Lima, pelacomemoração de mais um ano da criação do CorreioAéreo Nacional, ocorrido na data de ontem, dia 12de junho.

Tendo, durante muitos anos, trabalhado como enge­nheiro civil no I Comar, vêm-me à lembrança as pistasabertas pelos nossos pioneiros, em plena selva amazô­nica, para quc os aviões do CAN, na Amazônia, arautose construtores de progresso, ali aterrisassem, fazendo,assim aproximar-se, no tempo e no espaço, as maislongínquas paragens de nossa nação-continente, dessemodo contribuindo para integrar nossos irmãos das maisdistantes fronteiras e rinções amazônicos.

Estendo minhas congratulações a todos os aviadoresda nossa valorosa Força Aérea, reconhecendo-lhes agarra com que labutam, singrando os ares, enfrentandoos perigos atmosféricos e as dificuldades, em especialna Região Amazônica, onde, com a coragem e determi­nação de uma consciência cívico-patriótica, levam aosíndios e aos amazônidas a mensagem dessa integração,traduzida, entre outras, no apoio às suas instituições,administrações municipais e governamentais, conce­dendo-lhes a possibilidade de ir e vir, levando a espe­rança às suas vidas e a certeza de que todos são partedesta grandiosa Nação.

Cônscio de que represento os sentimentos do povoamazônida e de que comungam comigo os ilustres parla­mentares desta Casa. parabenizo a AelOnáutica e mani­festo nossa gratidão aos nossos bravos irmãos aviadorese aos demais tripulantes do Correio Aéreo Nacional,desejando-lhes a continuidade da proteção divina nessabrilhante carreira, que faz do avião uma bênção paratodos os brasileiros.

Desejo concluir este pronunciamento citando as pala­vras do saudoso primeiro Ministro da Aeronáutica, Dr.Salgado Filho, quando assim se expressou: "É no Cor­reio Aéreo que se inicia o conhecimento do Brasil pelobrasileiro; devemos, todos nós, a esses patriotas estóicosuma grande gratidão que não se apagará nunca, a nãoser com o mesmo sentimento de brasilidade e de patrio-

Junho de 1988

tismo que todos eles sentem e só por ele vivem, pelobem da Pátria".

Sr. Presidente, Muito Obrigado.Era o que tinha a dizer.

O SR. HUMBERTO SOUTO (PFL - MG. Sem revi­são do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,criou-se no País talvez o mais poderoso lobby, principal­mente através da mídia, com finalidade de influenciara socicdade e, por via de conseqüência, a própria Cons­tituinte e os Constituintes, contra a aprovação de emen­das de nossa autoria, do Senador Mansueto de Lavore do Deputado Ziza Valadares.

Visam as emendas ao cancelamento da correção mo­netária nos débitos com instituições financeiras dos·pe­quenos e microempresários e produtores rurais, quese encontram às portas da falência, sem que tenhamconcorrido para tal, a não ser por terem acreditadono Presidente da República e demais autoridades.

Hoje, Sr. Presidente, repetindo a catilinária, o repre­sentante oficial dos bancos compareceu ao programa"Bom Dia, Brasil", da TV Globo, e veio com os mesmosabsurdos. Disse o representante dos banqueiros queas emendas representam um prejuízo de \0 bilhões dedólares para o País. Não fosse isto o suficiente, disscainda que representam o total do meio circulante noBrasil.

Respondendo a uma pergunta do entrevistador, afir­mou o entrevistado que as despesas ou o prejuízo coma área rural equivaleriam, mais ou menos, aos da áreaurbana. Mas, ao mesmo tempo em que essa autoridade,falando em nome dos bancos e dos banqueiros, diziaque o País vai quebrar, mentia afirmando que a inflaçãoiria dobrar. Respondendo a perguntas, na continuaçãodo programa, dizia que os referidos bancos já estãonegociando com os pequenos e microempresários, ha­vendo caso até de darem a estes 40% de rebate ­foi a expressão usada da correção monetária nos acertosamígáveis; que apenas 30% dos micro e pequenos em­presários são remanescentes inadimplentes dos bancos,e que a emenda que reahnente causa todo esse reboliçonacional seria a de autoria do Senador Mansueto deLavor e não do Deputado Humberto Souto.

Ora, abordando tema de tamanha importância e gra­vidade para o País, é preciso que as autoridades quevêm a público tenham pelo menos a preocupação dedizer a verdade. Há uma certa subestimação da impor­tância dos pequenos e microempresários brasileiros eda gravidade da situação em que vivem.

Gostaria de fazer uma análise do que disse essa autori­dade hoje, no "Bom Dia, Brasil". Primeiro, a EmendaMansueto de Lavor - é do conhecimento de toda aNação - já nâo existe. Houve fusâo das emendas deautoria do Senador Mansueto de Lavor, do DeputadoHumberto Souto e do Deputado Ziza Valadares. AEmenda Mansueto de Lavor - que era o terror ­já não existe. Não há como uma autoridade séria, querepresenta os bancos, comparecendo a um programade televisão, continue a enganar a população, a tentarinfluenciar o Constituinte. Referindo-se à emenda deautoria do Senador Mansueto de Lavor, disse que elaatingiria ao mçdio produtor, médio e grande empresárioe qualquer pessoa que tomasse dinheiro em instituiçãobancária. Essa emenda já não existe. A medida se limitahoje ao micro e pequeno empresário, c está é umarealidade que a Nação precisa conhecer.

Sc já estão hoje rebatendo 40% da correção monc­tária, mais uma razão para não termos medo da emenda.Se a emenda se limitou aos micro e pequenos, se jáestão tendo 40% da correção monetári~, 0 temos apenas30% de micro e pequenos empresários inadimplentes,não há por que temê-la.

Acreditar que essa emenda implicaria valor idênticoa todo o dinheiro circulante no País, como estão afir­mando, seria fazer desta uma Casa de idiotas e entenderque nenhum dos Constituintes lê, pelo menos, os jornaisdiários.

Apenas para argumentar, Sr. Presidente, e mostrarcomo a verdade não é o objetivo mais perseguido pelosinformantes dos banqueiros, vamos comparar dois da­dos oferecidos pela imprensa de hoje: ao mesmo tempoem que o representante dos bancos vai ao "Bom Dia,Brasil"' e diz que o meio circulante equivale ao prejuízoque as emendas vão causar; que estas representam 10

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Junho de 1988 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Terça-feira 14 2193

Brasil-AtuaL..... 8 42Brasil-Constituinte........... 6 33,36

Argentina........ 8 48Austrália....................... 8 38Alemanha... 8 38,30França ;................. 8 39Luxemburgo................... 8 38,16México.......................... 8 48Finlândia....................... 8 40Japão............................ 8 40,54USA............................. 8 40,54Coréia do Sul.................. 8 44Espanha........................ 8 39,12Inglaterra....... ...... ..... ..... 8 40Bélgica.......................... 8 37Itália............................. 8 40

bilhões de dólares e que a inflação irá dobrar, que oPaís irá quebrar, e mais uma série de impropérios ebobagens, o Presidentc da Fcbraban vai ao "CorreioBraziliense" e, com todas as palavras e gráficos, informaque essa emenda, com referência ao meio rural, nãoultrapassa os 12 bilhões de cruzados.

Gostaria de perguntar aos senhores representantesda Febraban e dos bancos qual deles está com a verdade.Porque um disse hoje pela manhã no programa "BomDia, Brasil" que a importância da árca rural e da áreaurbana se equiparam; e, no mesmo dia, o Presidenteda Febraban afirma que essa importância não pas~a

de 12 bilhões de cruzados. Nosso grande informantedos bancos diz, no "Bom Dia, Brasil", que essa impor­tância representa 10 bilhões dc dólares.

É preciso, Sr. Presidente, tratar o assunto com serie­dade, pois nesta área temos 70% da mão-de-obra ea maior distribuição de renda que se pratica no País.

Muito obrigado.

Todos estes países trabalham em turno de 8 horas,ainda que cumpram jornadas semanais diferenciadas.A jornada proposta na nossa Constituição efetivamenteserá de 33 horas, 36 minutos, o que não encontra similarna história do trabalhador contemporâneo.

Segundo a Siderbrás, todos perdem: o Brasil e ostrabalhadores. A França já fez a experiência para ondenós estamos enveredando, e foi obrigada a rctornarao sistema anterior de 8 horas. Temos certeza, nãofoi porque alguém ganhou, c, sim, todos perderam.

A aprovação da jornada de trabalho de 6 horas paraturnos ininterruptos de revezamento vai prejudicar pro­fundamente as atividades produtivas brasileiras. O ob­jetivo do Constituinte foi, por certo, criar benefíciospara o trabalhador, mas a iniciativa irá trazer conse­qüências exatamente opostas, pois.aumento de empregosem o correspondentc aumento de produção acarretaaumento de custos. E custos encarecidos significam per­da de competitividade, redução das vendas e outrosdesdobramentos imprevisíveis.

Mas não apenas isto, Sr. Presidente.' Na mesma oca­sião, o Presidente da CHESF, engenheiro José CarlosAleluia, divulgou um informe acerca das atividades des­sa importante empresa regional no meu Estado. E enu­merou, entre outras obras em realização, a linha detransmissão Funil-Eunapólis, em 230kW, com 345kmde extensão, para atendimento ao extremo sul da Bahia,com investimento de Cz$ 1,6 bilhão; linha de trans­missão Bom Jesus da Lapa-Barreiras, também em230kW, com 220km da extensão, para atender à regiãooeste do Estado, com investimento de Cz$ 1,5 bilhão;subestação de Cícero Dantas, tensão de 230/69kW, paraatender à região nordeste do Estado, com investimentode Cz$ 500 milhões; termelétrica de Camaçari, comcapacidade de 128,7mW, para ateuder à região metro­politana de Salvador e Pólo Petroquímico de Camaçari,com investimento de US$ 66 milhões; obras comple­mentares à hidroelétrica de Itaparica, especialmenteprojetos de irrigação para a população deslocada daárea do reservatório, com investimentos globais de 350milhões de dólares, nas margens baiana e pernambu­cana, envolvendo, na Bahia, os projetos Borda do Lagoe Pedra Branca.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, custa crer que, diantede um elenco de realizações dessa monta, somente naárea de energia elétrica, promovidas na Bahia pelo Go­verno do Presidente Sarney, o Governador Waldir Piresteime ao falar em retaliação do Governo Federal aoseu Governo. Talvez por uma questão de delicadeza,devido à presença do Governador, o Presidente daCHESF não se tenha referido ao reembolso ao Estadode parcelas correspondentes a cerca de 20% dos investi­mentos realizados na constrnção da barragem e quesomente no Governo do SI. Waldir Pires já foram repas­sados recursos da ordem de 50 milhões de dólares, oque equivale à federalização daquele setor, o elétrico;considerando-se os usos múltiplos da barragem.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, retaliação é o quevem fazendo o Governo do Estado com a populaçãobaiana, mandando paralisar uma obra da maior impor­tância e significação para o desenvolvimento da Bahiae que depende apenas da conclusão da estação principalde tratamento de água, que corresponde a apenas 1%do investimento global das obras do complexo de Pedrado Cavalo, para fazer com que a água jorre nas torneirasdas casas da população de Salvador, uma região metro­politana que reúne nada mesmo de dois milhões dehabitantes, ou scja, um quinto da população do meuEstado.

O SR. RUY NEDEL (PDS - SC. Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, muito sefalou sobre eleições municipais. O PMDB foi bastantecriticado, como se estivesse fazendo manobra políticapara que as eleiçóes municipais não ocorressem. Maseis que, recentemente, o Senado Federal também votouo projeto, que, apesar das emendas recebidas e porcausa delas, voltará a esta Casa. Daqui, então, seráencaminhado ao Palácio do Planalto para receber asanção do Presidente da República. De tudo isso .ficabem clara uma coisa: não se fale do PMDB como partidode. todos os vícios, considerando-se nobres os Partidosmenores, que usani a tática para desmerecer aquelegrande partido que, com todas as suas dificuldades,vai cumprindo a sua missão histórica e mostrando que,na questão da democracia, não quer as coisas para seubenefício, mas se posiciona no sentido de as exigir emfavor da sociedade, da Nação.

Não fora o PMDB, não teria vingado o projeto delei que dispõe sobre realização de eleições este ano;não fora o PMDB, não teríamos eleições municipais'este ano. O PMDB não pode ser o perdedor nesteepisódio. Ele será o grande vitorioso, porque quemganha com isso é a democracia. O PMDB tem comoseu princípio a luta em favor da democracia. Precisamosrepetir aqui o exemplo da Argentina e mostrar quco PMDB, assim como o peronismo justicialista naquelepaís nosso vizinho e co-irmão, por mais que padeçacom as crises internas, por mais que se estraçalhe, inclu­sive, acaba sendo o grande partido de repercussão popu­lar, não só o sustentáculo da democracia, mas o fluxo,o canal dos anseios democráticos do povo.

Vejam, Sr. Presidente, Srs. Deputados, que opero­nismo justicialista cometeu um erro que nós não esta­mos cometendo. Ele não soube salvar a democraciano primeiro rnund, na transição difícil. Após a volta

A siderurgia oferece empregos diretos a 160 mil traba­lhadores e indiretamente a mais de 950 mil. Esta comu­nidade responde pelo sustento de 3,5 milhões de brasi­leiros. O parque fabril produziu mais de 22 milhõesde toneladas em 1987, das quais o mercado internoabsorveu 66%. A terça parte da produção foi exportadapara mercados acirradumente disputados. Nossos prin­cipais concorrentes lutam por esses reercados com altosníveis de produtividade e todos adotam o turno de 8horas de trabalho. Na França, onde o turno de 6 horasfoi tentado, houve recuo em face de suas conseqüênciasnegativas. No Brasil, já se sabe que haverá, de início,acréscimo acentuado dos custos do aço..E todos sabemda importância das exportações para lastrear nosso pro­cesso de desenvolvimento.

A jornada de 6 horas para turnos ininterruptos derevezamento discriminou a maioria dos trabalhadoresbrasileiros, na medida em que consagrou 44 horas sema­nais para quase todos e apenas 33 horas e 36 minutospara os que trabalham nesses turnos. Isto vai criar situa­ções de desigualdade entre trabalhadores de turnos inin­terruptos de revezamento e os demais. Embora dediquemenor número de horas por dia à sua empresa, o traba­lhador não será necessariamente beneficiado com a me­dida. Para cumprir a jornada de apenas 6 horas pordia, ele terá de trabalhar mais 17 dias por ano.

A siderurgia não está sozinha, pois existem outrossetores vitais da economia brasileira que serão seria­mente prejudicados com as 6 horas para turnos ininter­ruptos de revezamento. São setores que trabalham diae noite para o desenvolvimento nacional, como as indús­trias de petróleo, química e petroquímica, têxtil, depapel e celulose, não ferrosos, fundição, cimento e fer­ro-ligas e os demais segmentos manufatureiros que de­pendem dessas indústrias. Também será prejudicadaa agricultura brasileira, que vai buscar seus insumosnessas áreas. O turno de 6 horas significa menor compe­titividade, menos vendas, menos exportações, menosdivisas, menos empregos.

A demagogia desenfreada que tomou conta destePaís, está levando-nos ao ridículo de incluir na Consti­tuição capítulos, artigos, parágrafos, alíneas etc. etc.que nem mereciam uma lei ordinária, mas simples por­taria de um subalterno administrador. Não sei ondeestão os tais constitucionalistas brasileiros que não vêemtamanhas aberrações. Sorte a minha que não sou rábula,advogado, doutor em Direito e outras denominaçõesmais sofisticadas, porque, embora Constituinte, sei queteremos uma Carta Magna totalmente fora da realidadedo País e do mundo. O tempo dirá com quem estáa verdade. Vou assinar esta Constituição porque fuieleito para ajudar na sua feitura, mas tenham certeza,meus eleitores, de que o farei com um peso na consciên­cia. O que de mais sábio aqui se aprovou até hojefoi o artigo que determina seja feita, dentro de cincoanos, uma revisão dos erros encontrados. Teremos, cer­tamente nova Constituinte, pois mais terão que tirara manter como está.

Hoje, casualmente, vimos uma entrevista do Primei­ro-Ministro português que nos visita, Cavaco Silva, quediz textualmente: .

"A herança negativa mais pesada é a do pós25 de abril."

. Segue com outras frases que mostra como Portugalpregou a irresponsabilidade de seus Constituintes depós-Revolução dos Cravos: "É preciso um pragmatismosaudável, sem as velhas ideologias"; "Ninguém maisacredita que o socialismo traga qualquer coisa"; "Éum erro fazer da Constituição um espantalho da socie­dade"; "Os políticos devem abrir mais espaços aos em­presários".

Segue, Sr. Presidente e Srs. Deputados, uma sériede considerações que, se lidas por todos nós, rasgás­semos o que já fizemos e começássemos tudo de novo,dentro de nova ótica - democrática, mas não dema­gógica.

Era o quc tínhamos a dizer.O SR. WALDECK ORNÉLAS (PFL - BA. Sem

revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputadosrealizou-se, semana passada, no gabinete do Ministrodas Minas e Energia, Aureliano Chaves, ato da maiorimportância para a Bahia. Trata-se da motorização dabarragem de Pedra do Cavalo, com duas unidades de150mw cada, em primeira etapa, envolvendo investi­mentos da ordem de 250 milhões de dólares.

Turno de Jornada semanalreveza- (h) 'd'

mento (it) me laPaís

o SR. DENISAR ARNEIRO (PMDB - RJ. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs.Deputados, quando a Siderbrás inicia uma campanhade esclarecimento a todos os Constituintes sobre o quesignifica para a nossa economia o art. 8' § XIII, queestá sendo aprovado na nova Constituição, achamosque ainda é tempo de refletir.

Segundo a "International Iron and Stee! Institute",publicaçâo de janeiro de 1988, nenhum país grandeou pequeno produtor de aço no mundo teve a coragemde estabelccer em suas leis jornada de trabalho emturno de revezamento de seis horas diárias.

Resolvemos inovar e desafiamos a experiência de to­dos, incluindo na Carta constitucional essa irresponsa­bilidade. Para que a História registre esta nossa observa­ção, sentimo-nos na obrigação de transcrever os dadosque possuímos em gráfico, e que jamais serã~ contes­tados por aqueles que defendem o fechamento do nossomercado de exportação de aço e outros produtos quetambém serão afetados, desde que o turno de reveza­mento seja transformado em 6 horas diárias:

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'2194 Terça-feira 14

de Per6n, sua eleição para Presidente e sua morte, oVice-Presidente ficou num vazio de poder, e eles nãosouberam vencer a transição. Sofreram agruras, vive­ram a pior ditadura da História.

Tivemos mais competência. O PMDB passou por algomuitos semelhante: morreu o Presidente, o Vice-Pre­sidente ficou, no caminho inicial, num vazio total depoder; mas foi o PMDB quem deu condições para quea democracia continuasse a viger.

Hoje, em vez da queda do Vice-Presidente, em vezde vivermos uma ditadura extremamente cruel- tenhodito e repetido que a ditadura de rebote é mil vezesmais malígna que a primeira -, estamos praticamentecom as eleições presidenciais, e ninguém vai mudaresta rota, este caminho da democracia.

As eleições psara Presidente serão realidade em 1989.Portanto, brevemente ocorrerão. Não teremos sequerconcluído os trabalhos da legislação complementar aoque for aprovado pela Assembléia Nacional Constituin­te e já estaremos com eleições diretas para Presidenteda República. Este ano teremos as eleições municipais.Isto mostra bem claro, para a Nação inteira, que ocaminho da História se fazpari passu, mas com segu­rança. E o PMDB está conseguindo isto.

O SR. EDME TAVARES (PFL - PB. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,a Fundação Bolsa de Mercadorias da paraíba está pro­movcndo festividades que vão durar do mês de maiotransato até setembro próximo vindouro, para come­morar o centenário da primeira edição da Gazeta doSertão, periódico de importância relevante no pano­rama do meu Estado, desde o final do século passado.

Deve-se ressaltar, acima de tudo, o pioneirismo dosfundadores dessa folha de notícias. Bem se pode imagi­nar as dificuldades com que se houveram aqueles profis­sionais da imprensa para lançar um jornal, em plenoNordeste, no exato ano da Abolição da Escravaturano Brasil.

Mas a Gazéta do Sertão vingou como arrojado veículodestinado a cumprir papel da maior transcendência nahistória da imprensa paraibana. Do sen nome já sededuz tratar-se de jornal com larga penetração no inte­rior do Estado. Só isso seria bastante para emprestar-lhegrande mérito, sobretudo nas primeiras décadas de exis­tência, quando eram tão precários os meios de comuni­cação, e as notícias demoravam tanto para chegar atéo povo!

Pode-se imaginar como seriam avidamente disputa­dos os exemplares da Gazeta cada vez que sua presençaera anunciada. Quantos fatos nacionais e internacionaisela não teria levado ao conhecimento do povo do inte­rior num período hist6rico tão rico de acontecimentos!

No plano interno basta lembrar a Proclamação daRepública, que viria pouco tempo depois da sua funda­ção. Certamente coube-lhe narrar as dificuldades daconsolidação do novo regime, com todas as revoluçõese golpes de estado que pontilharam o sistema republi­cano do Governo no Brasil. No plano internacionaltambém foram tempos de desavenças e sofrimentos,com as duas guerras mundiais e todos os desacertosque estão na base das hostilidades entre os povos, atéque chegássemos á relativa distenção que conhecemoshoje.

Mas também houve, para os seus jornalistas, a glóriade atestar, passo a passo, o desenvolvimento do Brasil,e a modernização ocorrida em todos os setores da vidanacional, apesar das disparidades regionais que aindapersistem.

A Gazeta do Sertão amadureceu na luta, contandoao povo o que acontecia no Brasil e no mundo, nemsempre notícias boas, algumas muito dolorosas, masque tinham de ser divulgadas pelo dever do ofício. Du­rante muitos anos ela foi, talvez, o único elo de ligaçãoentre as pessoas do interior distante e isolado, e oscentros maiores onde aconteciam os fatos mais impor­tantes.

Sr. Presidente, este haveria de ser o destino de umjornal que começou modestamente, para se impor àadministração e ao respeito dos seus leitores no decorrerdo tempo. São 100 anos de trabalho da melhor categoriaprofissional, que o povo da Paraíba agradece pelo muitoque lhe serviu.

Ao término destas palavras. quero associar-me àshomenagens prestadas, com parabéns aos diretores, jor-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

nalistas e funcionários da Gazeta do Sertão, desejandoque perpetuem esse jornal no tempo, com o mesmopadrão de qualidade, a mesma fidelidade aos fatos vei­culados e a mesma simpatia que lhe granjeou tantosamigos, que são os seus fiéis leitores, atualmente partici­pando da grande festa do seu Centenário.

O SR. UBffiATAN AGUIAR (PMDB - CE. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,iniciado o processo de votação das Disposições Transi­tórias, chamamos a atenção para três assuntos, aos quaisdedicamos especial atenção. Um deles já foi hoje abor­dado, nesta Casa, pelo nobre Deputado Humberto Sou­to, autor de uma das emendas que promove a anistiados débitos fiscais de pequenos e médios agricultorese pecuaristas.

Um dado deve ser ressaltado em favor da proposição:esses pequenos e médios agricultores e pecuaristas, aocelebrarem contratos com as entidades governamentaise com os bancos oficiais, ou na rede privada, com osbancos particulares, estipularam, em cláusula especí­fica, juros de 3% e 6%, dependendo de haver sidoclassificados como pequenos ou médios agricultores oupecuaristas. Quando foram chamados para assinar umaditivo, em plena vigência do contrato, depararam-secom a obrigatoriedade, determinada unilateralmentepelos bancos, do pagamento da correção plena em todosos acordos firmados.

Cometeu-se um abuso contra os direitos de todosaqueles que, de boa fé, recolheram juros subsidiados,única forma que tinham para promover o desenvol­vimento de sua agricultura e de sua pecuária.

Hoje, procura-se conceder anistia, após as inúmerastentivas junto ao Sr. Ministro da Fazenda, Maílson daNóbrega, no sentido de que se voltasse aos termos cele­brados, acordados e firmados no contrato inicial. Aprepotência, a arrogância, a insensibilidade do Ministroda Fazenda fez com que vários Constituintes - Hum­berto Souto, Mansueto de Lavor, Ziza Valadares e ou­tros - pensassem em uma solução que não passariapela decisão administrativa do Sr. Ministro da Fazenda,como aquela determinada ao Banco Central para que,através de resolução, aplicasse a correção plcna noscontratos até então celebrados, na vigência do PlanoCruzado.

Hoje resta tão-somente à Assembléia Nacional Cons­tituinte, atendendo ao clamor desse setor independenteda vida nacional, aprovar a emenda, até como umademonstração de independência deste Poder, ante osabusos e excessos cometidos pelos setores da área eco­nômica do Governo.

Outro assunto que tem sido também objeto de amplonoticiário da imprensa é o que diz respeito à estabilidadedo servidor público. Comenta-se que é "um trem daalegria". Que trem da alegria é esse para servidoresque, trabalhando há mais de cinco anos, trazendo asua participação, desejam agora a mesma tranqüilidade,a mesma paz social dada ao trabalhador da iniciativaprivada? Dizem que é porque ingressou sem concurso.Então, quem deve ser apenado, punido? A sanção deverecair em quem nomeou irregularmente ou no traba­lhador que tem no salário a forma de garantir o sustentoda família?

Quem votar contra essa estabilidade estará votandoa favor dos interesses do Fundo Monetário Interna­cional, que está a exigir do Governo o corte do déficitpúblico, que passa obrigatoriamente pela demissão demilhares de servidores neste País. Quem não desejaa aprovação desse dispositivo, consagrado no texto daComissão de Sistematização e no do "Centrão", devemser aqueles mesmos que se voltaram contra a estabi­lidade do trabalhador da iniciativa privada. Acreditono princípio de justiça, de eqüidade, no tratamentoa ser dado por esta Casa quando da votação desse dispo­sitivo, já consagrado no texto da Comissão de Sistema­tização e no do "Centrão".

Não me venham dize~ os defensores dessa propostaque a estabilidade do servidor público ~ "trem da ale­gria", porque, no passado, na Constituição de 1946e na de 1967, esse mesmo dispositivo ali foi inseridoe aprovado pelos Constituintes, alguns dos quais hojetêm assento nesta Casa. O Presidente da Casa, Depu­tado Ulysses Guimarães, o Líder do meu partido, oPMDB, Senador Mário Covas, passando pelo SenadorJosé Richa, Senador Afonso Arinos, Deputado Adolfo

Junho de 1988

Oliveira e tantos outros Constituintes votaram a favorda estabilidade, quando foi elaborada a Constituiçãode 1967. Assim, por um ato de coerência, outra posiçãonão deve ser adotada, senão a da aprovação desse dispo­sitivo.

O SR. JOÃO DE DEUS ANTUNES (PTB - RS.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputa­dos, pasmo, é o termo certo para expressar toda nossasurpresa ao lermos o Jornal do Brasil de 8 d' mhoe de 10 de junho, onde aparecem as famosas c ,[ilhasda Prefeita Maria Luíza Fontenelle, de Fortaleza.

No jornal de 8 de junho, a SI" Maria Luíza, atravésda sua cartilha, incita passageiros a quebrarem e atea­rem fogo nos ônibus, como um protesto contra as defi­ciências do sistema de transporte coletivo. A cartilha,que tem o título "Histórias do Dia-a-Dia", traz na capa- vejam bem - uma frase do pensador anarquistafrancês J. 'Proudbon, que diz:

"Quem quer que seja que ponha as mãos sobremim para me governar é um usurpador, um tirano.Eu o declaro meu inimigo."

Na cartilha, a Prefeita expressa o seguinte:"-Prá mim basta.- Temos de fazer alguma coisa.- Vamos fechar o quarteirão e quebrar logo os

ônibus.-Droga por drOga, é melhor quebrar.-Já vem um aí. Eesse. Os vidros, podem deixar

comigo.- É agora, vamos quebrar e tocar fogo nessa

droga.- Quebra, quebra, quebra_ Fura o pneu já. Ei

pessoal, vamos embora, antes que a polícia che­gue..."

Dia 10 de junho, o jornal publicou outra cartilhada SI" Prefeita, que ensina a ocupar terrenos em Forta­leza. O que encontramos é um verdadeiro proselitismoda desordem e da anarquia. Essa senhora, que exercea função de administrar uma Prefeitura, tem a obriga­ção, como autoridade, de tentar ao menos conservare melhorar aquilo que recebeu. O que vemos, porém,não é a tentativa de melhorar ou resolver os problemasdos transportes naquela capital, mas a implantação daanarquia. É o governo de quem pode mais ou podemenos.

Há pessoas que entram para História pelos seus gran­des feitos, e são cantados, principalmente no Ceará,em prosa e verso. Mas há outras que entram para aHist6ria pela incompetência. A Prefeita está no segundocaso. O PT, partido dessa senhora, não conseguiuagüentá-la nos seus quadros. Foi ela recebida pelo PSB,partido pelo qual tenho grande admiração, porém tenhoa certeza de que os nobres Deputados com assentonesta Casa, homens e mulheres probos, não vão endos-·sar a conduta dessa senhora. Seria o mesmo, Sr. Presi­dente, que convidar amigos e vizinhos a entrarem emnossa casa e permitir que destruíssem tudo aquilo quetemos de bom e de útil em nosso lar. A Prefeita temque saber que isto aqui é o Brasil, não é a casa damãe Joana, como está pensando. O Ceará já nos deugrandes homens, grandes personalidades, não apenasnulidades. D. Maria Luíza tem que saber que não s6os ladrões de galinha que vão para a cadeia, mas tam­bém aqueles que insuflam, que fazem o proselitismoda anarquia e da desordem.

Esperamos que as autoridades constituídas e o Gover­nador do Ceará tomem uma providência. Que não sejas6 no Amazonas a haver intervenção nas prefeituras,mas também na cidade de Fortaleza, para que os traba­lhadores, os ordeiros, os homens de bem possam respi­rar aliviados. O que ocorre é uma vergonha para anossa Nação, principalmente para o Ceará.

MA TÉRIAS A QUE SE REFERE O ORA­DOR:

"Jornal do Brasil, 10-6-88CARTILHA DA PREFEITURA ENSINA

A OCUPAR TERRENO EM FORTALEZAFortaleza - A prefeitura de Fortaleza lançou recen­

temente a Cartilha Habitação: um Problema... UmaLuta, na qual relata casos de invasão de terrenos desocu­pados. Cita o exemplo de três personagens - seu José.dona Maria e seu Raimundo - que, não tendo casapara morar, resolveram ocupar um terreno. Esta publi­cação apenas induz os que não têm casa a invadirem

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Junho de 1988

terrenos, sem incitá-los diretamente à ação, como acartilha que sugere aos usuários de ônibus que quebremos veículos, como forma de protesto contra a inefi­ciência do serviço de transportes coletivos. Conta, po­rém, como seu José, dona Maria e seu Raimundo en­frentaram a polícia, chamada para expulsá-los pelo do­no da área que ocuparam:

"Apesar disso (derrubada dos barracos, espancamen­tos, prisões e expulsão), os ocupantes resistiram e retor­naram aos terrenos na noite seguinte, e, organizan­do-se, realizaram reuniões, de onde tiraram comissõespara saber de seus direitos e ir aos órgãos públicosencaminhar suas reivindicações. Foram informados deque, para fins sociais, aquela área poderia ser desapro­priada... E eles continuaram lutando para não sair delá. Assim como dona Maria, muitas pessoas ultima­mente ocuparam terrenos públieos e particulares, pararesolver seu problema de moradia."

A nova publicação é diferente da cartilha sobre ôni­bus, apresentada como uma história em quadrinhos,também na sua forma. O Departamento de Habitaçãoda Fundação do Serviço Social, da prefeitura de Forta­leza, escolheu textos em linguagem coloquial, com ilus­trações, que são de fácil compreensão para o públicoque pretende atingir. Na quarta capa da cartilha, de12 páginas, coerente com as posições da Prefeita MariaLuiza Fontenelle, que recentemente saiu do PT e foipara oPSB, dá a receita para a solução dos probemassociais:

"O que fazer para que todos tenham os mesmos direi­tos? S6 existe uma saída: o povo tomar consciênciada realidade, organizar-se e lutar para a transformaçãodessa sociedade desigual em uma sociedade justa, parti­cipativa e igualitária, ou seja, sociedade socialista."

Nos próximos dias, será distribuída uma nova carti­lha, em impressão na gráfica Tiprogrcsso, que tratado meio ambiente e da especulação imobiliária.

EMPRESA ANUNCIA VENDA DE ÓNIBUSO dono da empresa São José do Ribamar, João Al­

berto Barbosa, considerada padrão pelas concorrentes,temendo a insegurança no sistema de transportes depassageiros de Fortaleza, anunciou nos jornais a vendade 12 ônibus (um terço da frota) novos e pouco usados.Ele tomou essa decisão depois que a Secretaria deTransportes do Município distribuiu uma cartilha emque incita os usuários a depredarem os ônibus, em pro­testo contra a sua ineficiência.

Mas o seu colega da empresa Vit6ria, Dalton Guima­rães, também em anúncio nos jornais de Fortaleza, in­formou que acaba de adquirir três ônibus zero quilô­metro, dentro do planejamento de renovação e amplia­ção da sua frota. Com isso, o empresário dá uma respos­ta à prefeita Maria Luiza fontenelle, responsável pelapublicação da cartilha, que vem criticando as empresaspor não estarem renovando sua frota.

Em nota oficial, o sindicato das empresas, depoisde fazer um apelo à população "para que não se deixelevar pela incitação irresponsável daqueles que preten­dem manipular o povo e a opinião pública para inte­resses ideológicos e panfletários", revela que cumpriráa promessa "de renovar e expandir a frota de ônibusque atende aos usuários do sistema, colocando em circu­lação novos e seminovos carros já adquiridos".

A cartilha também causou polênúca entre os asses­sores da prefeita Maria Luiza Fontenelle. Um delesconsiderou a cartilha "uma brincadeira", com a qualnão concorda.

Jornal do Brasil, 8-6-88.CARTILHA DA PREFEITURA DE FORTALEZARECOMENDA AO POVO QUEBRAR ÓNIBUSFortaleza - A prefeitura de Fortaleza, através da

Secretaria de Transportes, distribuiu uma cartilha emque incita os passageiros a quebrar e botar fogo nosônibus, como um protesto contra as deficiências do sis­tema de transportes coletivos. O Sindicato das Empre­sas de Transportes de Passageiros fez a denúncia contraa prefeitura à Polícia Federal do Ceará. A cartilha,que tem o título História do Dia-a-Dia, traz na capauma frase do pensador anarquista francês J. Proudhon:"Quem quer que seja que ponha as mãos sobre mimpara me governar, é um usurpador, um tirano. Eu odeclaro meu inimigo".

A.cartilha mostra uma história em quadrinhos, emque a popula,ão se revolta por causa das deficiências

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

dos ônibus, culpando os empresários do setor por essasituação. Um trecho do diálogo em quadrinhos é o se­guinte:

"-Prá mim basta.- Temos de fazer alguma coisa.- Vamos fechar o quarteirão e quebrar logo os õni-

bus....:... Droga por dogra) é melhor quebrar.- Já vem um aí. E esse. Os vidros, podem deixar

comigo.- É agora, vamos quebrar e tocar fogo nessa droga.- Quebra, quebra, quebra. Fura o pneu já. Ei, pes-

soal, vamos embora antes que a polícia chegue..."Provocação - O presidente do Sindicato das Empre­

sas, Antônio Azevedo, disse que a publicação "é umineentivo direto ao usuário para causar danos aos ôni­bus". Ele considera uma provocação ao empresariado.A secretária de Transportes, Cristina Baddini, assumiua responsabilidade pela cartilha, mas explicou que setrata "de uma advertência aos empresários, para quemelhorem as condições de seus carros". Segundo ela,publicações semelhantes foram distribuídas em outrascapitais, "mostrando o que ocorre com O desserviçodo sistema de transportes de passageiros" . Cristina Bad­dini negou que a cartilha tenha por objetivo "incentivaro público a quebrar os ônibus".

A prefeita Maria Luiza Fontenelle disse que a cartilhanão significa nenhum incentivo à baderna. "A cartilhamostra o cotidiano do trabalhador, que tem de sairde casa bem cedo, ter muita paciência para esperaro ônibus, que sempre atrasa. E isso sempre está ocor­rendo no dia-a-dia do trabalhador; até que um dia elenão agüenta mais e explode."

Maria Luíza disse que teme que a cartilha possa serlevada em conta apenas na parte que se refere à fúriado povo pelos "opositores, que integram a oposiçãonojenta" e que eles partam "para praticar o quebra­quebra, colocando a culpa na prefeitura de Fortaleza".A secretária Cristina Baddini deu exemplo da prefeiturade Belo Horizonte, que distribuiu cartilhas com textosemelhante entre os seus usuários de ônibus, "que nempor isso foram incentivados a quebrar os carros".

Estatização - Os empresários culpam a Secretariade Transportes pela deterioração das relações entre osetor e a prefeitura de Fortaleza. Afirmam que depoisque Baddini assumiu a pasta, ano passado, começaramos desentendimentos entre empresário& e prefeitnra,que culminaram com a intervenção da prefeita MariaLuíza Fontenelle nas empresas, depois de quase umasemana de greve dos motoristas e trocadores e o princí­pio de um lockout.

A cartilha defende também a estatização do sistemade ônibus.

"Precisamos entender que não podemos só esperarpela ação da prefeitura para a solução desse problema.Nenhuma administração municipal passada se preocu­pou em resc;lver a questão. Devemos oeupar o espaçoque temos na administração para junto com ela lutarmospeta estatização dos transportes públicos... "

Durante o discurso do Sr. João de Deus Antunes,o Sr. Llicio Alcântara, art. 76 do Regimento Inter­no, deixa a cadeira da presidência que é ocupadapelo Sr. Ubiratan Aguiar, art. 76 do RegimentoInterno.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem apalavra o Sr. Hermes Zaneti. (Pausa.)

O SR. HERMES ZANETI (PMDB - RS. Sem revi­são do orador.) - Sr. Presidente, Sr.' e Srs. Deputadosno âmbito do PMDB, temos promovido uma longa dis­cussão sobre a trajetória política do partido e os seusdesdobramentos para o futuro. Como todos sabemos,o PMDB tem uma longa história como marco da resis­tência democrática e um vínculo profundo com a lutado povo brasileiro nos últimos vinte anos. Foi atravésdesse canal político que se aglutinaram forças capazesde encaminhar o que hoje chamamos processo de transi­ção democrática, em cujo bojo está a elaboração deuma nova Constituição para o País.

Sou daqueles que têm a visão de que este projetode transição democrática do Brasil passa, agora, porum projeto político nacional, e explico. Do ponto devista institucional, estamos construindo uma Constitui­ção, que dará uma nova imagem ao País. Ocorre queestou convencido de que estamos saindo do processo

Terça-feira 14 2195

constituinte sem um projeto político nacional, para oBrasil. Entendo que esse projeto político poderia serconstruído com uma nova nucleação de poder, atravésdas eleições diretas este ano. Perdemos. Eleições diretass6 no pr6ximo ano. No entanto, nao pode ser tomadacomo tarefa a ser adiada, esta da construção de umprojeto político nacional. Por isso, entendo ser urgenteque as lideranças civis sentem, costurem e construamuma proposta política, para dar conseqüência ao projetoinstitucional, que se completa com o término dos traba­lhos da Assembléia Nacional Constituinte.

Parece-me tão verdade que os conflitos surgidos den­tro do PMDB são, de certa forma, os que se explicitamnos próprios conflitos da sociedade, mostrando que háincongruências e incompatibilidades entre um projetopolítico ideol6gico definido e uma frente geral, queaté aqui nos mantêm unidos em torno do PMDB, como objetivo comum de derrubar o autoritarismo militare construir a transição democrática, pois estou segurode que a construção da democracia no Brasil está umbili­calmente vinculada à capacidade de as lideranças seidentificarem, como ocorreu no processo constituinte,com uma visão política ideológica e, por aí, poderemconstruir esse projeto nacional a que me refiro. A direitatentará construir o seu projeto, e nós, os progressistas,devemos tentar costurar, como fizemos na Constituinte,numa visão suprapartidária, o nosso projeto políticonacional. Essa é a garantia do prosseguimento da cons­trução da democracia em nosso País.

Por isso, entendo que nós, progressistas do PMDB,vistos como hist6ricos, neo-históricos, enfim, progres­sistas, devemos neste momento pensar com clareza nosentido de que precisamos estar necessariamente unidosna construção desse projeto político.

Minha visão é a de que o PMDB encerrou sua tarefa.E, como ele é hoje o veículo usado, enquanto PoderExecutivo, para construção da proposta da direita, osprogressistas de todos os matizes devem estar unidosna construção desta proposta nova, capaz de construir,em conjunto com os demais partidos progressistas, aconseqüência democrática da Constituinte, inclusiveelaborando estruturas capazes de prosseguir com a resis­tência democrática.

Ninguém se iluda. É preeiso que tenhamos claro queo autoritarismo militar, com sua aliança com o grandecapital, com a grande burguesia nacional e com as gran­des estruturas de comunicação social, não está sepul­tado. Pelo contrário, seguramente vai tentar ressurgire impor-se. Tanto isso é verdade que se fala, por exem­plo, na candidatura do Sr. Antônio Carlos Magalhãesà Presidência da República, exatamente representandoesse conjunto de forças.

Por isso, estou seguro de que o momento exige detodos nós a capacidade de refletir, pois o projeto demo­crático brasileiro não passa mais via disputa do espóliodo PMDB, mas, sim, pela visão nova da capacidadede articularmos a construção de uma proposta demo­crática no bojo de um projeto social, de um projetonacional, de um projeto político, de um projeto econô­mico para a nova sociedade brasileira. Esta é a grandetarefa, que representa um grande desafio para os pro­gressistas.

Deixo aqui, portanto, essa reflexão, para que aquelesque no plenário da Assembléia Nacional Constituintetiveram a capacidade de construir expressivos avanços,que esperamos poder manter no segundo turno de vota­ção, tenham agora a capacidade de costurar e de articu­lar uma proposta política que dê conseqüência à cons­trução da democracia no Brasil.

o SR. MENDES RIBEIRO (PMDB - RS. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputadas,os jornais dão conta de que, na Rocinha, favela cariocafamosa por violência em cima de violência, as casasestão sendo vendidas ou abandonadas. Justificativa: éimpossível criar filhos em meio ao tóxico e à matança.

São Paulo. Inobstante o Governo ganhar elogios pelapolícia, ostensivamente, nas ruas, nos últimos dois me­ses foram registrados quase 10 mil casos violentos. Emil homicídios dolosos gritaram na trágica estatística.

Porto Alegre. Conversei, outro dia. A prefeitura re­conhece a existência de 222 vilas clandestinas onde seamontoam 300 mil pessoas. Os dados são irreais. Onúmero de marginalizados supera os 400 mil. A extinta

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2196 Terça-feira 14

classe média aguarda que antes a dita média alta subaos morros também.

Brasilíã. Há as invasões. À noite, enquanto <1Gover­nadar "biônico" manda máquinas nivelar os terrenosbaldios e os caminhões transportam madeiras podrese plásticos que arremedam casas, gente, chcgando dequalquer canto, se empilha em canto qualquer. Comopode. Enquanto pode. Nas cidades-satélites o quadroé assustador.

São Luís do Maranhão. Terra do Presidente. Dá dõ.Nas palafitas, casas sobre estacas nos alagadiços, o Ciclodo Caranguejo invade a zona central. Já contei. Contooutra vez. Não custa. Pelo contrário. Quantos lerem,repassem. É a nossa realidade. Nas palafitas, comemcaranguejos. Os caranguejos se alimentam das fezesde quem mora nas palafitas. O vai-e-vem imundo en­grossa. Ganha proporções descabidas se penetrarmosfundo em nosso País. Hoje, conhecendo palmo a palmonosso chão, encontro indispensável o ver para crer.Nada, nenhuma palavra, o melhor estilo ou poder desíntese, qualquer recurso literário diriam coisa alguma,um mínimo do máximo de tristeza por aí. Lugar comum.Insegurança. Fome. Morte.

Quanto falei!Quanto escrevi!Quanto alertei!Não restou um palmo do Rio Grande onde não ecoas­

se o alerta.Ou quem tem redistribui, cede um pouco, ou os dias

serão vermelhos do sangue espalhado dos irmãos.Procuram onde a semente da violência?Buscam onde as vertentes das drogas?Por que se abismam se tudo é conhecido?Os meios de comunicação escancaram o vale-tudo.Nas manchetes, os escândalos existentes e inexisten-

tes.Procura-se a boa notícia. Existe sim. Porém some

no turbilhão do desespero. No lutar para não sumir.Semeamos falsos herõis. Distorcemos valores. Pen­

sem bem. Foi muito mais fácil assegurar direitos a quemdelinqüe do que conseguir tímidos avanços para os tra­balhadores. Quanto aos primeiros, ninguém ameaça.Quantos aos segundos, o Brasil parece agigantar-se paratrucidar no segundo turno.

Conversa para continuar depois. Vale a pena.

O SR. JORGE ARBAGE (PDS - PA. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,deixo de lado, neste meu pronunciamento de hoje, odiscurso político, as discussões partidárias e os posicio,namentos ideológicos, para reportar-me a um assuntoque, nos últimos tempos, tem-me chamado a atenção.Refiro-me, Srs. Deputados, ao importante setor pes­queirC? nacional, responsável por significativa parcelado crescimento econõmico brasileiro e, em decorrência,garantindo o sustento de exprcssivo número de traba­lhadores.

Mas foi lendo uma publicação de linha editorial espe­cífica que, aos poucos, fui tornando-me apaixonado pe­los assuntos da pesca. Refiro-me ao "Tempo de Pes­car", publicação mensal que justamente há um ano foilançada no mercado editorial brasileiro e, neste tempo,garantiu um volume expressivo de informações. Nãosó aquelas que tanto gostaríamos de ver publicadas,como a do crescimento constante do setor, mas tambémas notícias que alertam as autoridades para os problemasda pesca, para as angústias empresariais, e, por issomesmo, ganhou a crcdibilidade de um órgão sério.

Circulando por todo o território nacional e enviadoaos mais destacados centros pesqueiros internacionais,no intercâmbio ativo e produtivo entre países, "Tempode Pescar" surgiu da proposta primeira de um homemque, ao longo dc sua vida pública e profissional, tem-sededicado intimamente ao setor pesqueiro e com eleconvivido, quer nos momentos de projeção ou naquelesde frustração de safra. Refiro-me, Srs. Parlamentares,aos dinâmico catarinense José Ubirajara Timm, quedurante várias gestões esteve à frente da Superinten­dência do Desenvolvimento da Pesca, quando recupe­rou a credibilidade da autarquia e lhe deu respeita­bilidade nacional e projeção no exterior.

Hoje, afastado das suas funções públicas, UbirajaraTimm não se afasta, contudo, dos assuntos ligados aosetor pesqueiro. Ê um apaixonado por este mundo ma­ravilhoso com que a natureza premiou o Brasil em parti-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

cular. E, nesta paixão íntima com que vive e convivediuturnament~, sllrgiu a proposta de difundir a informa­ção pesqueira. É justamente isto que o "Tempo dePcscar" tem feito ao longo deste seu primeiro ano deininterrupta circulação.

O mundo moderno não prescinde da dinâmica dainformação. Os veículos eletrônicos aí estão com suasconstantes evoluções a desafiar esta convivência entreo homem, a tecnologia e veiculação da noticia, na suaforma mais tradicional: o jornal impresso. E nesta sim­biose histórica que cumprimento a direção de "Tempode Pescar" e seu corpo editorial, pelo compromissoassumido na primeira edição e pela fatura resgatadaque apresenta ao final destes seus primeiros doze mesesde circulação.

Que prospere a publicação, que cresça em circulação,mas que seja, sobretudo, o arauto das boas novas, dosbons ventos para o setor pesqueiro, a anunciar o fortale­cimento deste importante segmento da economia brasi­leira: este potencial pesqueiro de que o País dispõe.

Muito obrigado.

O SR. HOMERO SANTOS (PFL - MG. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,venbo hoje a esta tribuna para prestar uma homenagema um homem que passou por esta Casa, há muitos anos,onde deixou inúmeras amigos e uma obra que serálembrada sempre pelo Parlamento brasileiro.

Refiro-me, Sr. Presidente, ao ex-Deputado por Mi­nas Gerais Manoel José de Alemeida, recentementefalecido. Ele já deixara o nosso convívio para se dedicar,anos a fio, a uma instituição que até hoje se esmerana educação de jovens carentes, integrando-os no conví­vio social.

Desejo, neste instante, fazer um breve relato sobreo que foi a vida desse dedicado educador autodidata,de forma que fique registrado nos Anais da Câmarados Deputados um pouco daquilo que ele realizou embenefício da sociedade brasileira.

Filho de José Antônio de Almeida e de Rita Diasde Almeida, nasceu em 23 de setembro de 1912, emJanuária, no Vale do São Francisco, tendo iniciado seusestudos naquela cidade, interrompendo-os, em face derazões econômicas, com apenas dezesseis anos de idade,para ingressar na Polícia Militar do Estado. Travoubatalhas nas revoluções de 1930 e 1932, sendo promo­vido a anspeçada ap6s o combate de Carinhanha, naBahia.

Ao ser designado, em 1946, para a Chefia do Gabi­nete do Comandante-Geral da Polícia Militar, recebeua incumbência de eompor a eomissão que elaborou areforma de ensino do Departamento de Instrução, con­tribuindo para a transformação do ensino ali ministrado,especialmente nas áreas de sociologia, criminalogia, cri­minalística, direito, política social, medicina legal e ser­viço social.

Mas foi, sem dúvida, através da criação das escolasCaio Martins que Manoel José de Almeida se notabi­lizou como educador moderno, contribuindo para a re­volução dos pr6prios padrões da educação de base. Ne­las adotou um sistema acolhedor de lares, onde a familiae a comunidade criavam condições de convivência har­mônica, com efeitos positivos na formação dos jovens,permitindo-lhes apreender em termos cognitivos, e aomesmo tempo gerando parcela de seu sustento, numsentido que buscava a auto-suficiência e a melhor quali­dade de vida.

Educador autodidata, saudado entusiasticamente porHelena Antipoff, Eunice Weaver e Afro do AmaralFontoura, pelo bom senso, percepção direta das gravese complexas questões que pas!;aram a aflorar no exer­cício de tão árdua tarefa, procurou dar "Respostas comProgramas Adequados ao Meio" e, lado a lado COmaquelas crianças, lançou-se com grande energia na tare­fa de estender o modelo por outras regiões do Estlldo.

Assim, com sua incansável companheira de lutas eidéias, Márcia de Sousa Almeida, na boléia dos cami­nhões e com os meninos-bandeirantes nas carrocerias,foram - uma reedição moderna das entradas e ban­deiras - núcleos coloniais nos remotos vales do Uru­cuia, Carinhanha e Centros Integrados de Treinamentoem Januária, São Francisco, Buritizeiro e ConselheIroMata.

Hoje, noventa por cento dos cargos mais represen­tativos de gerenciamento da entidade, diretores, prafes-

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sares, chefes de lar, estão confiados a ex-alunos doslares de Caio Martins, num atestado eloqüente de eficá­cia de sua orientação filos6fica. Enquanto se preparapara atingir o Jequitinhonha (Acauã) e, oportunamen­te, Felixlândia e Arinos, a escola busca estruturar eoferecer cursos de técnico de enfermagem (paramédico)e de administração rural, atendendo a quadro nosol6­gico e endêmico característico daquelas regiões.

Como desejou Manoel de Almeida, as escolas CaioMartins, em fase de estruturação do seu 3' Grau emextensão aos cursos existentes de magistério e de agro­pecuária, deverão entrelaçar teoria e prática numa pro­posta universalista e pluralista, formando profissionaIscapazes de realizar funções de destaque nas áreas maisinteriorizadas e subdesenvolvidas do Estado e do País,além de capacitar recursos humanos imprescindíveis aotrabalho especialmente dedicado às crianças carentes.

A política, em sua atividade, serviu mais como meiopara melhor atender aos anseios de educador do quecomo uma finalidade em si mesma. Assim foi comoDeputado Estadual e Federal por diversos mandatos,independentes de partidarismos, de filiações e corpo­rações e grupos de interesse restrito. Palmilhou suavida política com trabalho incansável em torno de gran­des questões nacionais, como no terreno agrário, nasformulações da Lei das Diretrizes e Bases de Educaçãoe na· análise da Realidade Brasileira do Menor, atravésda CPI do Menor, da qual foi relator, com proposiçõesabsolutamente atuais, ainda a merecer a atenção dosgovernantes.

Deixa um valioso patrimônio moral, mas, como reco­nhecem seus seguidores, a obra de Manoel de Almeidanão está concluída porque milhões de crianças perma­necem sem amparo e proteção, em conseqüências so­ciais que atingem a níveis angustiantes.

Era o que eu tinha a dizer.Muito obrigado.

O SR. TADEU FRANÇA (PDT - PRo Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,com satisfação, a Frente Parlamentar do índio constataos crescentes resultados positivos, originários da deter­minação das nações indígenas de lutarem unidas pelasua sobrevivéncia.

Disciplinados e unidos,. os cento e trinta indígenasque permaneceram durante dez dias em Brasilia, repre­sentando trinta e duas nações, de Norte a Sul do País,deixaram nos Constituintes a imagem de homens e mu­lheres secularmente em silêncio, mas que pela primeiravez na história freqüentaram o plenário de uma Asse~­

bléia Nacional Constituinte, na luta por seus direitos.Em seu túmulo, o jovem cacique Ângelo Cretã foi

saudado como vencedor, porque o resgate constitucio­nal dos "direitos originários indígenas sobre as terrasque tradicionalmente ocupam" será o ponto final naluta pela terra contra o grupo Slaviero, pela qual eletombou em trágica emboscada.

A supressão do art. 271 do atual Projeto, que excluíados ·direitos constitucionais os índios aculturados, foioutra grande conquista do lobby indígena, que, de gabi­nete a gabinete parlamentar, tocaram fundo na cons­ciência de todos os Constituintes.

Pelejando, entretanto, contra tutores corruptos, émuito longa ainda a trajetória da libertação indígena.A condução nacional da política da Funai é uma questãoque envergonha a todos os brasileiros.

Em Cuiabá, o Juiz Federal Odilon de Oliveira acabade conceder liminar ao Ministério Público Federal paraa suspensão de retirada de madeiras das reservas indíge­nas nos Estados de Mato Grosso e Rondônia, ondea Funai, sem autorização da Presidência da Repúblicae sem qualquer licitação l contrariando as normas doIBDF e do Estatuto do In.dio, autorizou onze madei­reiras a explorarem madeira em áreas indígenas.

O lugar de Romero Jucá Filho tem que ser a cadeiae não o gabinete da Presidência da Funai.

Venal, cornlpto, consorciado com grupos econômi­cos que apostam no genocídio indígena, a imagem doPresidente da Funai é o próprio símbolo do mea culpabrasileiro às cortes internacionais que se rebelam. acada epIsódio de massacre indígena impunemente con­sumado em nossa Pátria.

"Até quando, Jueá, abusará ,da paciência dos índiosdo Brasil?"

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o SR. GANDI JAMIL (PFL - MS. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,há oitenta anos, realizava-se no porto de Santos, nolitoral paulista, um encontro quase inimaginável: o en­contro de dois extremos do mundo, em todos os sentidos- o geográfico, o religioso, o lingüístico, o dos costu­mes, o cultural, enfim - quando 781 imigrantes japo­neses pisaram o solo brasileiro, desembarcando do na­vio Kasato-Maru. Era o dia 18 de junho de 1908.

A odisséia foi tão importante, e continua sendo tãoespecial, que os quatro sobreviventes daquela primeiraleva, outros imigrantes que continuaram e continuamvindo, seus filhos e seus netos, perfeitamente identifi­cados, já, com o Brasil, resolveram dedicar um anotodo à comemoração da grande data.

Não é possível hoje, Sr. Presidente, ou pelo menosé muito difícil, identificar uma área da vida brasileiraem que os japoneses ou seus filhos nisseis ou seus netossanseis não estejam brilhando ou tenham brilhado. Des­de as artes até a política; desde a religião até os esportes,incluindo o futebol; desde a indústria até as coopera­tivas; desde o comércio até a ciência; desde a medicinaocidental até, e especialmente, a agricultura e a pe­cuária.

É de tal modo importante, Srs. Deputados, a contri­buição japonesa para a vida brasileira que até se poderiadizer que hoje é difícil imaginar o Brasil sem a presençadesse admirável povo oriental. E é exatamente o meuEstado, Mato Grosso do Sul, que conhece um bomexemplo do perfeito entrosamento dos japoneses e seusdescendentes - que hoje já somam mais de um milhãoe oitocentos mil - com o Brasil e os brasileiros, napessoa de seu ilustre Vice-Governador, Dr. George Ta­kimoto.

Como homenagem àqueles imigrantes e seus descen­tes, como reconhecimento pelo que fizeram, continuamfazendo e por certo ainda farão pelo desenvolvimentodo Brasil registro esta data, o octagésimo aniversáriodo início da imigração japonesa para a nossa Pátria,como uma das mais importantes de nossa História.

Era o que tinha para dizer.

A SRA. ANNA MARIA RATTES (PMDB - RJ.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr"e Srs. Deputados, sob o título "A Polícia sabe", o Cor.reio Braziliense, em sua edição de seis do corrente,publicou editorial, a respeito 'da violência e da crimina­lidade, onde resume a inquietante situação hoje vividapor milhões de brasileiros em todos os grandes centrosurbanos do País. A ação da política carioca, no episódioda favela da Rocinha, e a presteza da polícia de Brasília,na recuperação das jóias roubadas da residência do Em­baixador da Arábia Saudita, foram apresentadas pelojornal como evidências, segundo as quais "a eficáciada ação policial depende apenas de uma questão devontade".

Para muitos, essa tese pode parecer absurda na me­dida em que enseja a idéia segundo a qual a impunidadedos delinqüentes seria o resultado da premeditada ina­ção do aparelho policial encarregado da segurança pú­blica. Infelizmente, a suposição nada tem de dispara­tada, e encontra fundamentos, em ambos os casos, noselementos motivadores da pronta e eficaz reação daspolícias civil e militar.

No caso do Rio de Janeiro, a ousadia dos marginaischegou a pontos extremos tais como convocar a impren­sa c dar entrevistas coletivas onde os chefões se apresen­taram como protetores dos pobres e oprimidos e inicia­dores de "uma revolução social nos morros" . Na Capitalda República, o assalto à residência do embaixadorfoi entendido como precedente muito perigoso no quese refere ao relacionamento diplomático do Brasil comoutros países. Como se vê, nas duas ocorrências, haviamuito mais que o dever de zelar pelo sossego público.No Rio, a credibilidade da instituição foi posta em xequee, em Brasília, além disso, a própria imagem do Paíscorria o risco de, mundo afora, ser estigmatizada comorepubliqueta.

Todavia, como ensina a sabedoria popular, "antestarde do que nunca". Só que não podemos continuarà mercê da sanha dos criminosos enquanto esses nãocometem qualquer desatino capaz de atingir os briosdas corporações policiais.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

A cidadania é como uma rua de mão dupla por ondetrafegam, em sentido inverso, os nossos deveres e osnossos direitos. No entanto, o Estado, supremo árbitrodesse hipotético trãnsito, não tem cumprido a contentoseu mister. Competente, ágil e severo, ao exigir denós o pagamento dos tantos tributos que institui, o Esta­do não é o mesmo quando se trata de retribuir coma sua contrapartida nas áreas de educação, saúde, trans­portes, habitação e, como no caso em exame, segu­rança,

O que está acontecendo nas principais cidades brasi­leiras é conseqüência desse descaso. O poder públicomunicipal, estadual e federal, ao longo das últimas déca­das, negligenciou de forma inconcebível na execuçãodas suas múltiplas tarefas de cunho social. Como bemafirmou, em recente artigo, o jornalista Aloysio Biondi:

"(... ) o quadro social observado no País é conse­qüência direta, tem origem na política econõmica(e não no "sistema econômico") que vigorou noBrasil, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970. Os"trombadinhas", "trombadões", as favelas, as ro­cinhas de hoje, são a herança maldita dos temposdo milagre econômico, marcado por um modeloque concentrou a renda, distribuiu privilégios emlugar de criar empregos, fez uma "reforma agráriaàs avessas" (expulsando milhões de pessoas paraos centros urbanos), e marginalizou milhões de fa­mílias."

O quadro que se vem agravando a cada ano, tornou-seagora assustador. O Rio de Janeiro, "a Cidade Maravi­lhosa", perdeu muito do seu encanto. Mais grave quea poluição das suas praias é o estado de miserabilidadedo seu povo, nas periferias, c a intranqüilidadc do res­tante da população, nas regiões privilegiadas.

Em Botafogo, do lado de dentro do Hospital Pinel,cresce incontrolavelmente o número de doentes mentaisenquanto, do lado de fora, na Rua Wenceslau Brás,os mendigos disputam espaços pelas calçadas, queimamárvores, fazem fogueiras e devolvem a agressão doabandono sofrido com a agressão da realidade na qualsobrevivef(l.

Mas não é só. Em menos de um mês, mais de trintae cinco áreas foram ocupadas nos perímetros urbanosdo Rio e de Nova Iguaçu. Segundo dados da Secretariade Assuntos Fundiários do Estado, essas invasões mobi­lizaram cerca de 7.000 famílias num total aproximadode trinta mil pessoas.

E aqui, Sr" c Srs. Deputados, aproveito para citarum exemplo que caracteriza com indiscutível nitidezo objetivo dessa gente. No Bairro de São Cristóvão,doze famílias invadiram um terreno público, de proprie­dade da União, localizado ao lado de uma escola. Poisbem, a diretora desse estabelecimento, professora Ma­ria Zélia dos Santos Marques, explicou aos invasoresque aquele terreno era reservado para ampliar as insta­lações do seu colégio. O resultado foi surpreendentee emocionante. Os invasores demarcaram, com barban­tes, oitenta por cento da área para a escola e se conten­taram com o resto, alegando que os seus filhos tambémprecisam de ensino!

Sem dúvida, é a ineficiência do Estado que provocasituações semelhantes. Num primeiro passo, o indivíduose vê à margem da sociedade e aí pode conformar-seou não. Em não se conformando, é claro, passa a agirtambém à margem da lei. As favelas abrigam, em todoo País, milhões dessas criaturas marginalizadas da socie­dade que tem o poder político de fato. Tais favelados,em sua esmagadora maioria, são homens, mulheres,jovens e crianças de boa índole e unidos no desejoe na esperança de melhorar de vida através do trabalhoe do estudo. Entre eles, sem dúvida, face à ausênciado Estado, vivem e agem os marginais da lei.

O descaso continuado do Poder Público com sua açãonormativa e fiscalizadora fez nascer o chamdo "poderparalelo" de bandidos travestidos de protetores das co­munidades esquecidas. O tempo aperfeiçoou-lhes osmétodos. A prática reiterada de crimes diversos am­pliou-lhes os horizontes de ação. A impunidade aumen­tou-lhes a ousadia. O sucesso em empreitadas arrojadasempurrou-os para a organização de quadrilhas altamen­te sofisticadas, desde o processo de planejamento ehierarquia até a qualidade do armamento utilizado.

Terça-feira 14 2197

Assim chegamos à situação atual. Os morros doRio de Janeiro têm seus "donos". Nas mãos deles estáum arsenal de fazer inveja a bons grupamentos milita­res: metralhadoras de fabricação israelense, alemãs,americanas e nacionais. Na esteira da ação de dezenasde bandos, todo o tipo de crime a formar uma espéciede teia, sob a qual se esconde o mais lucrativo de todos,o tráfico de drogas,

O que aconteceu na favela da Rocinha foi o quepodemos chamar de gota d'água. Os bandidos superesti­maram a própria força, ao mesmo tempo em que subes­timaram as forças policiais. O Poder Público viu-se insti­gado a agir. Pena que não o foi para cumprir o seupapel de guardião dos interesses da sociedade. De qual­quer modo, ainda que as Polícias Militar e Civil tenhamido à luta apenas para mostrar que não temem os crimi­nosos e são capazes de desempenhar com brilhantismoseus deveres profissionais, valem as lições oferecidasquando da planejada invasão policial naquele morro,onde vivem mais de duzentas mil pessoas.

Em primeiro lugar, mais que lição fizemos uma desco­berta: o efetivo das nossas forças policiais é não sóbastante, como eficiente. Em outro plano, também felizconstatação, o governo estadual descobriu que a popu­lação da favela da Rocinha tem direito aos serviçospúblicos relativos a limpeza urbana, água encanada,esgotos, postos de saúde e policial, escolas e creches.De repente, como que acordando de um pesadelo, oshabitantes daquele morro são conclamados a participarde um mutirão habitacional, recebem promessas de am­pliação do programa do leite, ganham um posto doSistema Nacional de Empregos e discutem com a FU­NARJ uma programação de eventos culturais.

Embora um bom começo, isso é muito pouco. É pre­ciso que essas providências não sejam momentâneas,O povo da Rocinha não pode sofrer uma decepçãocomo novo esquecimento. Aquela gente precisa, quere tem direito ao que agora lhe está sendo oferecido.Mas não deve ser um oferecimento eventual e como objetivo de serenar os ânimos. Ao contrário, é obriga­ção dos Poderes Públicos, em todos os níveis, a efetivamanutenção desse atendimento social, o qual, aindaque restrito, concretiza, para milhares de famílias, osonho de uma vida urbana tranqüila e com horizonte.definido.

Ademais, da mesma forma que o Rio de Janeironão é caso isolado no País, quer com relação à crimina­lidade quer quanto ao descaso do Poder Público paracom as populações mais pebres, também a Rocinhanão é exemplo único nesse triste universo de misériae violência. O Projeto Emergencial de Atendimentoà Rocinha descobriu, quando tanto se fala em faltade recursos, verbas para investimentos da ordem deum bilhão de cruzados! Isso é ótimo por dois motivos:primeiro, porque encaminha soluções para um proble­ma localizado e de indiscutível necessidade; segundo,porque evidencia ser possível, quando há decisão e von­tade políticas, remanejar recursos financeiros e orientara ação governamental para o que é, de fato, prioritário.

Sr" eSrs. Deputados, o Brasil é um país de crisespermanentes. Do campo in~titucionale político, passan­do pelo econômico, chegamos à crise social que, entrenós, já tem característlcas de cronicidade. E, o queé pior, agravando-se a cada instante. Daí a necessidadeurgente de repensar nossas muitas políticas de açãodesenvolvimentista. Precisamos ter consciência dos nos­sos erros no passado não tão remoto e tomá-los comolições para correção do curso a seguir. Em primeirolugar, indiscutivelmente, há de estar, agora e sempre,o ser humano, A Assembléia Nacional Constituinte an­dou certo ao dar início a mudanças na distribuição dosorçamentos públicos. Mas isto é apenas o CQmeço. Pre­cisamos continuar atentos e atuantes, dentro e fora dosparlamentos, pois só assim conseguiremos realizar nossaparte no processo de desenvolvimento do nosso povo.Nesse sentido, nosso compromisso deve ser o de legaràs gerações futmas um Brasil maior e melhor que aqueleque recebemos e este pelo qual lutamos.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PMDB - SP.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs.Deputados, quero expressar, desde logo, o meu irres­trito apoio ao Exm" Sr. Ministro Adhemar Ghisi, doTeU - Tribunal de Contas da União, o qual apontou

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2198 Terça-feira 14

desleixo, em seu relatório, da Comissão Nacional deEnergia Nuclear - CNEN, pela omissão no acidentecom o Césio, em Goiânia, onde o prejuízo foi de 298milhões.

Ainda agora, Sr. Presidente, recebo notícias de que,neste fim de semana, o mesmo Ministro esteve reunidocom os seus assessores, no sentido de agilizar o estudodo processo relativo a irregularidades cometidas na Pre­vidência Social na gestão anterior, pelo Sr. Raphaelde Almeida Magalhães. Enalteço a atitude enérgica einadiável que o Ministro Ghisi, do TCU, tomará nospróximos dias, quando dará, mais uma vez, seu exemplode homem probo e competente a bem do erário público,responsabilizando o ex-Ministro Raphael de AlmeidaMagalhães pelas irregularidades cometidas em sua ad­ministração, tais como a compra dos 328 apartamentosfuncionais sem licitação.

Sem duvida nenhuma, o relatório do Ministro doTeU será "tiro e queda" para dar um basta em certasbandalheiras. Tenho na lembrança a manhã do dia·26de agosto de 1987, quando compareceu a esta Casao Sr. Raphael de Almeida Magalhães para prestar con­tas de sua administração, dizendo:

"Os atos foram de lisura indiscutível e se fizeramnas melhores condições possíveis para o patrimônioda Previdência Social."

É Sr. Presidente, já dizia uma ditado popular: "ajustiça tarda mas 'não falha". E aqui ficaremos alertasao desenrolar desse processo, em que o responsávelcertamente será punido para exemplo de muitas outrasirregularidades cometidas; e quem sabe, Sr. Presidente,cesse essa malversação do dinheiro público, a negociatac tantos outros malefícios em detrimento dos traba­lhadores.

Daqui, desta Tribuna, antecipo os meus aplausos aoSr. Ministro Adhemar Ghisi, esperando que a decisãode S. Ex' e a do Plenário do TCU falem mais altoem nome de um verdadeiro patriotismo.

Era o que tinha a dizer. -

o SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Está findoo tempo destinado ao Pequeno Expediente.

Vai-se passar ao Horário de

v - COMUNICAÇÕESDAS LIDERANÇAS

o Sr. Paes Landim - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder do PFL.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem apalavra o nobre Deputado.

O SR. PAES LANDIM (PFL - PI. Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente, registro aqui a passagemno Brasil deste eminente político europeu, Primeiro­Ministro de Portugal, Cavaco Silva. Durante cerca dequatro dias em nosso País, mostrou as razões de o co­mando político-econômico português se encontrar emum dos momentos mais fecundos das sua História.

O Primeiro-Ministro Cavaco Silva, em todos os seuspronunciamentos e contatos em nosso País, mostrouser um homem altamente competente e um verdadeiroestadista, justificando perfeitamente as razões do surgi­mento do novo Portugal, que nessa etapa da sua longavida histórica traz mudanças e inovações profundas noseu desenvolvimento sócio-econômico.

Sr. Presidente, Cavaco Silva mostrou, com muita sa­gacidade, que com a entrada de Portugal para a Comu­nidade Econômica Européia, graças ao seu trabalhoe proselitismo políticos e à sua liderança no cenárioportuguês, que foi ratificada nas últimas eleições coma maioria absoluta do Partido Social Democrático, doqual S. Ex' é Líder, aquele país terá todas as condiçôesde responder aos desafios de uma nação pobre queparticipa de uma comunidade que, de certa maneira,é rica.

É exatamente esse desafio que está incrementandoo progresso de Portugal. A própria Comunidade Econô'mica Européia responde com a ajuda de fundos, daordem de quatro milhões de dólares, a serem investidos

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

no país, comprovando, também aí, o que o Primeiro­Ministro assinalou em sua passagem pelo Brasil, ouseja, a existência de perspectivas de um profundo rela­cionamento de natureza econômica entre Brasil e Portu­gal. Por intermédio de Portugal a economia brasileira,se competitiva, terá todas as condições de penetra nagrande potência do próximo séeulo, que será realmenteaCEE.

Sr. Presidente, Cavaco Silva mostrou que não bastammais as nossas velhas relações nostálgicas - culturaise literárias - com Portugal, mas que essas relaçõesprecisam ter um caráter substancialmente econômico,a fim de que as duas nações se beneficiem, sobretudoo Brasil desse novo Portugal que renasce, apesar dasdificuldades e das cargas ideológicas que a Constituiçãoportuguesa ainda carrega em seu seio e que vêm criandoinibições a determinadas ações econômicas por partedaquele país.

Por coincidência, o novo Portugal renasce no mo­mento em que, hoje, por sinal, se comemoram os cemanos do nascimento do poeta português Fernando Pes­soa, reconhecido pelo mundo ocidental como grandepoeta deste século. As perspectivas que se abrem entreBrasil e Portugal são das mais promissoras. Ê lamen­tável que o Primeiro-Ministro de Portugal, Cavaco Sil­va, que fez um exceleute pronunciamento no Itamaraty,não tenha tido oportunidade de fazê-lo, também noplenário da Constituinte, a exemplo do Primeiro-Mi­nistro espanhol Felipe Gonzáles, que, com muita juste­za, ocupou a tribuna da Assembléia Nacional Consti­tuinte. Cavaco Silva deveria ter tido a mesma oportu­nidade, porque a experiência portuguesa é muito maisimportante para o nosso País, pelos laços afetivos quenos prendem a Portugal e sobretudo, pelas reflexões,dos erros c ensaios da Constituição portuguesa.

Portanto, foi da mais alta significação a presença doPrimeiro-Ministro Cavaco Silva em nosso País. Esperoque os empresários e o Governo brasileiro aproveitemas lições e as reflexões de S. Ex' para o papel quea política econômica brasileira irá desempenhar no futu­ro deste País e no futuro do seu intercãmbio com omundo c com a Comunidade Econômica .Européia,através do "velho" e "novo" Portugal.

Durante o discurso do Sr. Paes Landim, o Sr.Ubiratan Aguiar, artigo 76 do Regimento Interno,deixa a cadeira da presidência, que é ocupada peloSr. Paes de Andrade, 1'-Seeretário.

O Sr. José Teixeira - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder do PFL.

O SR. PRESIDENTE (Paes de Andrade) - Tema palavra o nobre Deputado.

O SR. JOSÉ TEIXEIRA (PFL - MA. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados.a sociedade brasileira, pelos seus líderes mais expres­sivos, pela imprensa, pelo Governo federal e pelos em­presários de todos os recantos do País, adotou comopreocupação sua, a questão da dívida das micro, peque­nas e médias empresas urbanas e rurais.

Foi no seio da Assembléia Nacional Constituinte quea matéria veio à luz, oferecida à discussão pública pelasmãos do ilustre Senhor Ma sueto de Lavor c DeputadosHumberto Souto e Ziza Valadares, sob forma de emen­das ao projeto de Constituição.

Estamos diante de um fato concreto e insofismável:um grande número de organizações empresariais brasi­leiras perden sua capacidade de pagamento, tornan­do-se inadimplente.

No centro das discussões, o Plano Cruzado aparecesomo a origem da grave situação daqueles empresários.E bem verdade que nem todos os que tomaram emprés­timos na rede bancária, ao tempo do Plano Cruzado,estão sem capacidade de pagamento. Alguns tiveramlargo sucesso e pagaram seus débitos. Outros, mesmosem grandes lucros, conseguiram pagar os empréstimoscontraídos. Outros ainda, lançuam mão de seus benspatrimoniais e, assim, liquidaram suas dívidas.

Por fim, há empresários que, passado quase um anoe meio do Plano Cruzado, estão asfixiados, financeira­mente, pela velocidade com que crescem suas dívidas.São inadimplentes hoje. Perderam a capacidade de ge­rar recursos, nos seus próprios negócios, para pagar

Junho de 1988

os débitos contraídos em função destes mesmos negó­cios.

O fato é real e dispensa análise para identificaçãodos culpados. Ê real e grave. Assim, devemo-nos inte­ressar pela busca de solução rápida e eficaz. Não émais hora de paliativos.

O Governo federal, ao tratar a questão pelas Resolu­ções n" 1.335 e 1.337, do Banco Central, não obteveo resultado final desejado. As condições geradas nãoforam suficientes para devolver aos empresários suaplena capacidade de pagamento.

Considero que as medidas aplicadas pelo Governoeram próprias, isto é, compatíveis com a situação aque se destinavam e consentâneas com o papel queo Estado deve ter na vida econômica do país.

Infelizmente, não temos espaço, aqui, para analisar­mos, como é de nosso desejo, a gênese desta crise.Mas não posso deixar de dizer que não é o GovernoSarney o responsável por ela. Pelo contrário, vem delonge. E o Plano Cruzado é apenas a causa próxima,uma espécie de pretexto. Esta é uma crise multiface­tada.

Dito isto, posso-me referir às emendas do projetode Constituição, a respeito da matéria, apresentadaspelos ilustres constituintes já citados.

Propõe-se à Assembléia Nacional Constituinte, por­tanto, que conste do texto da nova Constituição brasi­leira, que sejam objeto de tratamento especial os débi­tos das micros, pequenas e médias empresas - urbanase rurais, contraídas na vigência do Plano Cruzado. Pro­põe-se a alteração de prazo de pagamento e supressão,ainda que parcial, da correção monetária. A isto setem chamado, impropriamente, de anistia.

A matéria nos revela uma situação absolutamenteeventual. Envolve apenas um pequeno grupo, em facedos 140 milhões de brasileiros c não encerra nenhumaspecto que aconselhe seu tratamento pela AssembléiaNacional Constituinte. Não podemos confundir sebe­rania com tirania. A Constituinte é soberana para deci­dir. mas não deve ser arbitrária na escolha dos temassobre os quais deve decidir.

Por outro lado, encontrouma grave dificuldade paraque a Assembléia Nacional Constituinte decida sobrea matéria, de forma responsável, como tem sido todassuas decisões até aqui. Quero me referir à falta de infor­ma~ões sobre a dívida.

E grande a confusão que se percebe em tomo dosnúmeros relativos à matéria. Quantos empresários estãoem crise? Quantos empregos estão em jogo? São elesexatamente que dão base social à questão. Sobretudoqual é o volume da dívida? Is':o é, quantos devem quantoa quem?

Os autores das emendas, por certo, estão preocu­pados com estcs aspectos que integram a essência dadecisão a ser tomada e farão chegar ao conhecimentode todos os Constituintes os dados referidos acima. Pre­cisamos conhecer a estatística da crise antes de deci­dirmos.

Não poderíamos, jamais, votar esta matéria sem sa­bermos se o resultado financeiro da decisão é de 180milhões de cruzados ou 10 bilhões de dólares.

Entendo que cabe ao Poder Executivo, administrati­vamente, formalizar medidas para o caso, consoanteresultados obtidos em discussões tripartites: empresas.bancos e Governo. A liberdade de mercado deve valer,também, para a composição negociada e responsávelde débitos. Ao Governo cabe preservar o interesse so­cial.

É exatamente o interesse social, que percebo na situa­ção daquelas empresas em débito, a única razão queme faria transigir quanto ao conteúdo e à forma detratamento da questão.

Sou contra benefícios gratuitos. Mas, no caso, enten­do que, efetivamente, só temos duas escolhas: ou aban­donamos a micro, pequena e média empresa brasileiraà sua própria sorte, ou reduzimos o montante da corre­ção monetária que têm a pagar, salvando-as da falência.

Por outro lado, considero que cabe ao Poder Execu­tivo dar continuidade ao tratamento da matéria, inde­pendentemente da Assembléia Nacional Constituinte.Entretanto, sendo a matéria submetida à sua conside­ração, estarei presente à votação e antecipo que meuvoto será favorável à redução dos débitos.

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o meu voto resulta do conhecimento que tenho dasituação. Pequenos, médios e micro empresários mara­nhenses me têm colocado a par da angustiante situaçãoem que vivem. Fui buscar junto ao Banco do Nordestee ao Cebrae complementar meus conhecimentos sobrea situação geral na minha região e no Brasil como umtodo.

Estou convencido de que as medidas propostas sãode aplicação indispensável e a situação a que se referemexige urgência. Medidas indispensáveis e urgentes paraque sejam eficazes.

~liás, a eficácia requer medidas complementares.E oportuno lembrarmos que toda a base institucional

de apoio à micro e pequena empresa deve ser objetode avaliação e, quem sabe, reformulação. Sei que oPoder Executivo está empenhado nisto.

O Cebrae, sob a direção do Ex-Deputado Federal,Dr. Paulo Lustosa, tcm sido uma esperança constantee efetiva de dias melhores. Conheço suas idéias, louvoseu trabalho, confio na sua determinação em consolidaro suporte institucional para a estabilidade e crescimentodo emprcsariado emergente, sem crises.

A Assembléia Nacional Constituinte, uma vez mais,dirá sim ao povo brasileiro, tratando adequadamentea matéria que ora abordo.

Muito Obrigado.

A Sr' Abigail Feitosa - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder do PSB.

O SR. PRESIDENTE (Paes de Andrade) - Tema palavra a nobre Deputada

A SRA. ABIGAIL FEITOSA (PSB - BA. Sem revi­são da oradora.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputa­dos, trago à discussão denúncia de um fato no mínimointrigante, relativo à Prefeitura de Salvador.

No dia 7 de março deste ano a Prefeitura de Salvadorvendeu ao Sr. Walter Gordilho Velloso duas áreas, umade 30 mil metros quadrados e outra de 80 mil metrosquadrados. No dia31 de maio último, encaminhou men­sagem à Câmara de Vereadores, sob a alegação de queprecisa fazer uma dragagem no 'rio Camurujipe, exata­mente onde estão locadas várias famílias, em invasõesdenominadas Magalhães Neto, Cai-Duro e Rocinha.Como essas áreas da Prefeitura de Salvador estão sendoocupadas pelos invasores, há uma proposta no sentidode que sejam trocadas-pasmem V. Ex"-pelamesmaáreavendida há dois meses ao Sr. Walter Velloso Gordi­lho. Ocorre que as referidas áreas forallt vendidas pelainsignificante quatia de Cz$ 1.990.729,65 e, agora, aPrefeitura de Salvador propõe recomprá-las por quantiamuito menor, no valor de 57.246 OTN. Alega-se quea infra-estrutura daquelas áreas foi modificada, alcan­çando o valor dc 467..788,11 OTN.

Então, Sr. Presidente e Srs. Deputados, essa área,vendida há dois meses por Cz$1.99O.729,65, está sendoavaliada por mais de 500.000 OTN, enquanto a avalia­ção do terreno da Prefeitura de Salvador, situado emuma área nobre da cidade, é de 32.750 OTN. A dife­rença dá exatamente 195.284 OTN.

Sr. Presidente e Srs. Deputados, está é maneira levia­na de lidar com a coisa pública. Primeiro, vende-seum terreno da Prefeitura e, !lois meses depois, o mesmoterreno é recomprado por preço altíssimo. O País pre­cisa tomar conhecimento dessa ocorrência para se posi­cionar a respeito do problema. O fato mostra comoo Prefeito de Salvador administra a éoisa pública. Tam­bém quero dizer que a maioria dos membros da Cãmarade Vereadores de Salvador, lamentavelmente, posicio­nou-se a favor do Prefeito. Receio que esse projcto,encaminhado pelo Prcfeito no dia31 de maio, seja apro­vado. Espero que a população de Salvador tome cons­ciência de que está sendo lesada. A título de um bene­fício a carentes, retira-se os invasores da área para reco­locá-los em um terreno há dois meses vendido pelaPrefeitura.

Aqui fica o meu pro'testo. O povo de Salvador, to­mando conhecimento do fato, precisa agir contra esseabuso de poder do Prefeito, no que se refere à maneiraleviana de administrar a coisa pública.

Muito obrigada.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Durante o discurso da Sra. Abigail Feitosa, oSr. Paes de Andrade, Primeiro Secretário, deixaa cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.Ubiratan Aguiar, artigo 76 do Regimento Interno.

O Sr. Siqueira Campos - Sr. Presidente, peço apalavra para uma comunicação, como Líder do PDC.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem apalavra o nobre Deputado.

O SR. SIQUEmA CAMPOS (PDC - GO. Pronunciao seguinte discurso.) -Sr. Presidente, Srs. Deputados,sob os efeitos de forte e dolorosa emóção, registro ofalecimento do grande e querido amigo Osias Gomesde Alencar, ex-Vereador e farmacêutico, ocorrido naúltima sexta-feira, 10 de junho corrente, em Porto Na­cional, Goiás.

Osias Alencar desaparece pouco antes de completar86 anos, tendo nascido em 20 de setembro de 1902,no alvorecer do século XX, no Estado do Ceará.

Emigrando para Goiás, radicou-se em Porto Nacio­nal, capital cultural do norte'nordeste goiano, onde fun­dou a Fannácia São Judas Tadeu, que há decênios vemservindo à comunidade, hoje sob a direção de suas dile­tas filhas, que continuam o trabalho humanitário e assis­tencial por ele iniciado.

Não satisfeito com o ciclópico trabalho que susten­tava, assistindo aos pobres, Osias Alencar passou aatuar na atividade política, elegendo-se, por diversasvezes, Vereador, exercendo grande influência em PortoNacional e contribuindo significativamente para o pro­gresso daquela grande cidade e de sua região.

O pranteado amigo Osias Alencar parte no momentoem que o Estado do Tocantins, já aprovado pela Assem­bléia Nacional Constituinte, estava prestes a ser insta·lado, coroando vitoriosamente a luta libertária que tevenele, Osias Alencar, um de seus mais denodados e im­portantes líderes.

Osias Alencar foi filho; irmão, esposo, pai, av.ô, pro­fissional, político, cidadão c amigo exemplar em todaa sua bela e extraordinária vida, com notável dedicaçãoà família, à comunidade eao País.

Viúvo, há poucos anos, de D' Domiciana Alencar,Osias Alencar deixa os filhos Maria Lola Alencar, Eucli·des Alencar, Maria Dionê Alencar, Alice Alencar eLuzanira Alencar Costa, nove netos e 13 bisnetos, quefonnam uma das mais destacadas famílias do novo Est'l­do do Tocantins.

É com profunda tristeza que registro o doloroso fato.Envio condolências à numerosa família de Osias Alen­car, que foi exemplo de vida para todos os que tiveramo privilégio de conhecer e de conviver com a fascinantepersonalidade tocantinensc, que, por tudo o quc fezem vida, deve estar sendo recebido na morada do Se­nhor, ao lado do iluminado padre Luso, acompanhadoda sempre querida e saudosa D' Domiciana, sua compa­nheira de vida material e espiritual.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O Sr. Victor Faccioni - Sr. Presidente, peço a palavrapara uma comunicação, como Líder do PDS.

O SR. PRESIDENTE (Ubiratan Aguiar) - Tem apalavra o nobre Deputado.

O SR. VICTOR FACCIONI (PDS - RS) -Sr. Presi­dente, Sr" e Srs. Deputados, ouvimos, há poucos dias,um relato do eminente Líder do PMDB, Deputado Ib­sen Pinheiro, tentando comprovar o incomprovável, ouseja, que o seu partido estaria votando com fidclidadeos compromissos assumidos perante o povo brasileiro- o que não é verdade. Por mais esforço que façao nobre Líder do PMDB, as evidências e os fatos pro­vam o contrário, e o povo brasileiro sabe disso. Estamosvivendo uma crise decorrente única e exclusivamenteda falta de fidelidade do seu partido, o PMDB. Faltouao PMDB, c está faltando, fidelidade com relação aosseus compromissos políticos. Poderia dizer que a crisemaior que estamos vivendo e todos os demais fatosgraves e preocupantes que aí estão são deste decor­rentes.

Veja, Sr. Presidente, que o PMDB usou e abuso\!do Plano Cruzado, do ponto de vista político-eleitoral,mas ninguém está devolvendo os votos recebidos e queelegeram vinte e dois Governadores e a maioria abso­luta da Câmara, do Senado, da Constituinte e das As-

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sembléias Estaduais. A grande questão não é apenasa que se refere à falta de fidelidade do PMDB comos eleitores, quanto ao Plano Cruzado, mas tambémcom relação a compromissos outros, como a extinçãodo decreto-lei e de todo o dito antes "entulho autori­tário".

O Sr. Ulysses Guimarães, Presidente Nacional doPMDB e Presidente da Câmara dos Deputados, temem mãos, há mais de três anos, relatório de uma Comis­são Mista do Congresso Nacional, propondo concreta­mente a extinção do decreto-lei e a sua substituiçãopor outros instrumentos aceitos no sistema democrá­tico. Todavia, acha-se engavetado, em nome do funcio­namento da Constituinte. Na primeira sessão da Consti­tuinte, apresentei projeto de resolução, também enga­vetado pelo Presidente Nacional do PMDB, extinguin­do o decreto-lei. Ocorre que o PMDB, no Governo,vem usando e abusando do decreto-lei, como em ne­nhum outro período da História do nosso País. Bastarialembrar que os empréstimos compulsórios sobre auto­móveis e combustíveis foram instituídos por decreto-lei;bastaria lembrar que a extinção do BNH também foifeita por decreto·lei. E o PMDB, no Governo, até hojenão substitui o sistema BNH por outro mecanismo capazde assegurar casa para morar aos brasileiros.

Na legislatura anterior, propus uma CPI - propostaque está engavetada até hoje pela Mesa da Câmarados Deputados - para apurar as causas e conseqüênciasda extinção do BNH. Mas, poderíamos ir mais longe,mostrando o quanto o PMDB tem falhado com relaçãoaos compromissos para com o povo brasileiro.

Bastaria que disséssemos que aí estão os decretos-leisque instituíram o congelamento da URP nos vencimen­tos dos funcionários federais e das estatais, e o PMDBnegaquorum ao Congresso Nacional para votá-los e der­rubá-los. Alguns diriam que isso é coisa do Governo.Pois bem, se o Govcrno falta com os compromissosassumidos com o povo, o PMDB, nesta Casa, poderiaresgatar esses compromissos. O que dizer do decreto-leique instituiu o "trileão", que está aí esmagando o restoque existe de classe média assalariada deste País? Ondeestão os Deputado.s e a bancada do PMDB para derru­bar o "trileão"? E por causa de compromissos comoesses, Sr. Presidente, e outros mais que o povo deplorao PMDB tê-lo abandonado. Como votou o PMDB nosistema de governo? E no mandato Presidencial? Sóo PMDB tinha número para aprovar a mudança parao parlamentarismo c para decidir pelos 4 anos de man­dato do Presidente da República. Mas renegaram osseus compromissos para com o povo, mantiveram opresidencialismo imperial e também os 5 anos para oPresidente Sarney e, agora, perderam já todo e qual­quer pudor e ameaçam adiar as eleições municipais.

Sr. Presidente, um Ministro do PMDB histórico estána Previdência Social, substitui outro Ministro doPMDB histórico, e o trabalhador brasileiro, tanto ourbano como o rural - pior ainda este - nunca foitão maltratado pelo sistema previdenciário como agora.~ão há assistência médica, não há assistência hospitalar.E preciso pistolão para baixar a um hospital um pacientecontribuinte da Previdência Social. E os aposentados,Sr. Presidente, estão efetivamente sendo achatados nosseus direitos e esmagados na mais brutal defasagemde seus proventos. E a área da educação, para nãofalar na área da saúde? O que está acontecendo? Ésó vennos as universidades brasileiras. As universidadespúblicas não funcionam; as particulares estão parali­sadas, em greve, como é o caso do CEUB, porquenão há decisão do Governo no sentido de equacionaro problema do reajuste das matrículas e das mensali­dades. O ensino fundamental e de 2' grau está vivendosua maior crise. Uma geração inteira está sendo perdi­da. O País está perdendo tempo no investimento maisfundamental, que é o da educação. Isto é irrecuperável,porque o tempo não volta atrás.

E as microempresas, Sr. Presidente? O PMDB rece­beu de herança do Governo anterior o positivo Estatutoda Microempresa. O Plano Cruzado do Sr. Dilson Funa­ro congelou, ao substituir a ORTN pela OTN, os direi­tos de imunidade tributária das microempresas. Os go­vernos do PMDB, na maioria dos Estados, como nomeu Rio Grande do Sul, levaram mais de um ano parareadaptar a legislação estadual à nova Obrigação doTesouro Nacional. Levaram à falência milhares de mi-

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croempresas no Rio Grande do Sul e em todo o Brasil.Não contentes com tal conseqüência, depois colocaramsobre ela a correção monetária dos financiamentos ban­cários. O agricultor também está sob a ameaça da co­brança da correção monetária. Aliás, não se trata deuma ameaça, mas de um fato concreto que aí está,ao arrepio da lei, de forma ilegal. Até ao arrepio dale! e da própria Constituição Federal, o Governo deter­minou a cobrança da corrcção monetária sobre os finan­ciamentos agrícolas. Agora, está o Governo em sobres­salto porque emendas dos Constituintes Humberto Sou­to e Mansucto de Lavor, ao Ato das Disposições Consti­tucionais Gerais e Transitórias do Projeto de Consti­tuição, podem obter a aprovação da Casa, redimindoos direitos dos microempresários c dos agricultores noque diz respeito à não-incidência da correção monetárianos financiamentos que os estão asfixiando. Pois bem,Sr. Presidente, não sei efetivamente onde encontrariao PMDB como justificar o não-cumprimento dos com­promissos assumidos com o povo brasileiro ou comocomprovar tal atendimento. Se não tivesse algo maisa dizer, bastaria lembrar aqui palavras dos própriosLíderes do PMDB na Constituinte e no Senado Federalque contradizem tudo o que o nobre Líder do PMDBna Câmara dos Deputados procurou dizer em favord~ seu partido. Se o PMDB quiser resgatar os compro­missos quc tcm para com o povo brasileiro dcsatendidoaté qui, coloque os seus Constituintes no plenário nasessão da tarde de hoje, para que votemos, sem maisnenhuma retardança, as Disposições Transitórias e che­guemos ao final da votação, em primeiro turno, parapodermos, imediatamente, votar o Projcto em segundoturno, antes que aconteça o que previ na semana ante­rior, ou seja, que o Governo e a cúpula do PMDBtituinte com os seguintes objetivos: primeiro, adiar aseleições municipais e manter o poder absoluto, tantonos Municípios como nos Estados e Governo Federal;segundo, obter eleições casadas dos municípios comPresidência da República; terceiro, adiar ainda maisa extinção do decreto-lei; quarto, votar o Orçamentode 1989 ainda sob a vigência da atual Constituição;quinto, adiar a reforma tributária mais uma vez e comisso adiar os repasses a que fazem juz os Estados eMunicípios; sexto, evitar a moratória da correção mone­tária proposta nas Disposições Transitórias do Projetode Con.stituição para os débitos das microempresas edos agncultores, consoante emendas a que já me referi,dos Constituintes Humberto Souto e Mansueto de La­vor.

Aí est~ colocada a questão, e não serão palavras,nem cotejo entre o que disse o Líder do PMDB, IbsenPinheiro, e o que estamos dizendo, mas atos e fatos~ncretos que irão mostrar ao povo brasileiro, comoJá está demonstrado de sobejo, até onde vai o descum­primento dos compromissos do PMDB, de uma formatão despudorada como nunca se viu, num cinismo polí­tico nunca antes visto, perante o povo brasileiro. (Pal­mas.)

Durante' o discurso do' Sr. Victor Faccioni; o Sr.Ubiratan Aguiar, artigo 76 do Regimento Internodeixa a cadeira da preSidência, que ê ocupada pe/~Sr. Joiio de Deus Antunes, artigo.76 do RegimentoInterno.

o.Sr. Ubiratan Apiar - Sr. Presidente, peço a paia.vra para uma comunicação, como Líder do PMpB. '

O SR. PRESIDENTE (João de Deus Aritunes). ­Tem a palavra o nobre Deputado.

OSR. UBIRATAN AGUIAR (PMDB ~·CE. Semrevisão dó orador.) -Sr., Presidente; Srs; Deputados,ouvimos há pouco, com a maior atenção, a palavrado nobre companheiro'Deputado Victor Faccioni, fa~

lando pela Liderança do PDS, tecendo comentáriosacerca do pronunciamento feito nesta Casa pelo Líder'do PMDB, Deputado Ibsen Pinheiro. Na verdadeirasalada de assuntos que trouxe à tribuna, S. Ex' procuroumostrar, inicialmente, que o povo havia sido embaídoem sua boa fé quando elegeu majoritariamente parao Congresso Nacional - Câmara e Senado -, e paraas chefias dos Executivos estaduais, companheiros quepertencem ao Partido do Movimento Democrático Bra­sileiro, sob a euforia do Plano Cruzado. Mas não falou

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

S. Ex' que o povo votava, naquele instante, num partidoque pregava mudanças que a sociedade estava a exigir,desencantada totalmente com os anos e anos dos gover­nos eleitos pelo PDS. Não disse S. Ex' que, naquelemomento, se acendia na alma de cada brasileiro a chamada esperança de um Brasil diferente. O PMDB pregavaa elaboração de uma nova Carta Magna, uma novaLei Maior, que pudesse dar um ordenamento políticoe jurídico a este País, da qual a sociedade brasileiraparticipasse de forma mais efetiva; que o trabalhadortivesse os seus direitos assegurados e não fosse objetoda exploração e da espoliação dos patrões; que a im­pre~sa tivesse a liberdade plena de criticar, divulgare dizer o que se passa no âmbito do Executivo, doLegislativo e do Judiciário, enfim, das camadas quedetêm o poder. Não disse S. Ex' que naquele momentoo povo votava no Partido do Movimento DemocráticoBrasilei~o na certeza de que haveríamos de trazer paraeste Pais a democracIa plena. de que terminaríamosa transição anunciada quando do lançamento da campa­nha das diretas já e, posteriõrmente, da candidaturade Tancredo Neves. O que disse Ibsen Pinheiro? Disseque a Constituição que estamos votando consagra aqui­s palanques, na praça pública, nas ruas, nos comíciosque fizemos prometendo um novo ordenamento jurídi­co. Mostrou S. Ex', com números irrefutáveis, que écsse PMDB, de forma expressiva, que está tornandopossível essas conquistas reclamadas pela sociedade bra­sileira. Não adianta o nobre representante Victor Fac­cioni tentar confundir, com a inteligência, com a facili­dade da expressão, com a eloqüência de que é possui­dor, uma verdade insofismável e inquestionável, porquefruto da observação direta do que está sendo aprovado.Os problemas internos do PMDB decorrem deste mo­mento de transição que o País atravessa. E todos ospartidos têm problemas. Hã poucos meses, assisti, aqui,do mo~o mais respeitoso possível, às lutas que se proces­savam mternamente pelo comando e pela liderança doPDS. De um lado, cstava o atual Líder Amaral Nettoe do outro V. Ex', Deputado Victor Faccioni. Isso mos:tra que as contradições e os desencontros existem hojeem todos os partidos, em face deste momento que vive­mos~ de busca da liberdade e da democracia plenas.

Sr. Presidente, esse PMDB tem história, tem passa­do, tem presente, e haveremos de superar todas as difi­culdades, originadas muito mais doteCnicismo de algunsq~e compõem a equipe governamental do que da atua­çao daqueles que defendem e empunham as bandeiraspolítieas do partido. Queremos, neste momento, as ban­deiras políticas do PMDB.

Queremos, neste momento, quando refutamos as pa­lavras da Liderança do PDS, na expressão de uma da,.,su.as Ljdera~ça~ m,ais vigorantes desta Casa, DeputadoYI~tor FaccloDl, dIzer que o PMDB está tranqüilo para~ ~s praças e voltar ao encontro com o povo, quandoassmar essa Carta, porque poderá, dizer:, cumprinioscom aquilo que prometemos. Demos ao trabalhadore à sociedade brasileira aquilo que esperavam, ou seja,um novo ordenamento político e jurídico..

E para isso temos a certeza de que se sómarem aoPMDB as forças progressistas e liberais daqueles quesonham com-um, amanhã melhor para nossa Pátria. Etodos haveremos de dizer: viramos uma página da His"tória do País. 'Acabaram-seo autoritarismo, a prepo­tência, o despótismo. Haveremos de construir o Brasilda liberdade. '

Vl-APRESENrAÇÃO, DE PROPOSIÇÕES

O SR. PRESIDENTE (Joã<? de Deu~ Antunes) ­Os 'Srs. Deputados que tenham proposições a apre-sentar, queiram fazê,-lo. . .

, ,VICTOR FACCIONI -'-' Projeto de lei que alterao Estatuto da Terra.

GONZAGA PATRIOTA - Projeto de lei que proí­be a comercialização il a,utilização;no ter;ritório ,nacio­nal, de sprays que contenham clorofluorcarbono(CFC), edá outras providências.

~ANDI JA;MIL - Projeto de lei que torna obriga­tóna, se autonzada fonnalmente, a aposição, nos docu­mentos de identificação, da expressão "doador volun­tário de órgãos", e determina outras providências.

Junho de 1988

O SR. PRESIDENTE (João de Deus Antunes) ­Passa-se ao

VII - GRANDE EXPEDIENTE

Tem a palavra o Sr. Paulo Paim.

O SR. PAUJ"O PAIM (PT - SP. Sem revisão doorador.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs. Deputados, nestefim de semana mais de cem mil pessoas reuniram-se,em Londres, num ato-show pela libertação do nobreLíder negro Nélson Mandela, que vai completar 80 anosno próximo dia 18 de julho. Essa manifestação da juven­tude. e de artistas visa, na verdade, a que O Governoda Africa do Sul liberte, naquela data o companheiroNél~on Mandela. Atos como esse e outros que aconte­cerao em todo o mundo poderão levar a que, no dia18 de julho, Nélson, Mandela volte para os braços dosseus, os negros da Africa do Sul.

Sr. Presidente, estamos encaminhando requerimentoà Mesa da Constituinte, junto com a Deputada Beneditada Silva, no sentido de que no dia 18 de julho se façauma sessão especial, nesta·Casa, em homenagcm a Nél­son Mandela.

Na semana passada terminou na África do Sul a grevede três dias convocada pelo movimcnto sindical contraas últimas ofensivas do governo branco que quer proibiràs entidades a lutar pelo fim do regime do apartheid.

O governo de Peter Botta deseja pôr fim à partici­pação política de 17 entidades, colocando-as na clandes­tinidade.

Os trabalhadores resistiram e foram à greve. O gover­no racista e nazista de Pretória proibiu aos negros iremàs ruas ou darem ordem para atirar, como fizeram numpassado recente, matando 700 crianças, no massacrede Soweto. Dessa vez mataram 8 e feriram mais deuma centena.

Ao lembrar o massacre de Soweto, onde 700 criançasforam fuziladas porque cantavam nas ruas que não que­riam aprender o africâner, a língua do opressor, e tam­bém os últimos assassinatos, pedindo liberdade, lembrotambém, Sr. Presidente, e a ele rendo as minhas home­nagens, o filme "Grito de Liberdade", baseado em fatosreais acontecidos na África do Sul.

"Grito de Liberdade", Srs. Deputados, deve ser vistopor todos os brasileiros. É um retrato da situação de,escravidão, humilhação, 'tortura, miséria e exploraçãoa que estão submetidos os negros' na África do Sul.

"Grito de Liberdade" fala da resistência heróica dosnegros, e mostra os assassinos de Botta.' "Grito de Li­berdade" mostra o inacreditáveL em pleno século XX,os 'defensores do apartheid, como cáés ferases tratam

,os trabalhadores negros como se fOssem ânimals."Grito de Liberdade", .além de mostrar a situação

dos negros, mostrá também,a perseguição implacávelque sofrem os brancos solidários à causa dos negroS.

Sr. Presidente, vi o filme a ,que estou me referindOco~ meu fi!ho, Deste útimo fim de semana, quandoestive no RIO .Grande do Sul. Meu filho tem 11 anosnão queria acreditar que tudo aquilo que estava vefi(l~na tela era verdade. Disse.a ela que sim, que era aI!ur~ verdade, e aquela é a realidade dos negros naAfnca do Sul, um dos países mais ricos do mundo.

A minoria sanguinária branca'assassina crianças, tor­tura os velhos, fuzila .os jovens e cala os líderes domovimento para sempre, com prisão. perpétua ou coma forea. -..Lembrei a ele'que ::0 dia 2 de juriho,naútima quinta­

ferra, sete ycssoas foram enforcadas numa prisão dePretória" Africa do Sul 6 negros e 1 mestiço. Desdejaneiro ~oram exeeutados no país 66 homens 50 negros,15 mestiços e 1 branco .,- e' que existem outros 260condenados à morte, sendo que apenas 4 sáo brancos.

Sr. Presidente; cí filme ,é daro e mostra o massacrede Soweto, onde milhares de crianças estavam cantandoc' setecentas foram fuziladas; o filme mostra criançajuntando corpo de criança, na esperança vã de salvardas balas os colegas e parentes.

Na África do Sul, o filme mostra, os negros não têmsequer o direito de chorar os seus mortos. "Grito deLiberdade" pode não ter ganho nenhum mas Sr. Presi-

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Junho de 1988

dente, é um documento histórico da humanidade, quese baseou em fatos reais, para denunciar as atrocidadese as selvage - rias cometidas pelos defensores do apor­theid.

Ao término do filme, fui questionado por algumaspessoas, ainda no cinema, na cidade de Canoas, RioGrande do Sul, sobre o que a Constituinte estava fazen­do em defesa dos negros e contra o apartheid. O quepude responder foi que, infelizmente, apesar de termosentrado com um pedido para que se forme uma comis­são interpartidária para ver a situação dos negros, atéo momento não recebi resposta. Ao contrário o querecebemos foi uma manifestação do Itamaraty, dizendoque o Governo brasileiro não teria interesse em queesta comissão fosse à África do Sul e que o Governonão se responsabiliza, sequer, pela segurança dos Parla­mentares que pretendem ir àquele País.

Sr. Presidente, a posição do Itamaraty, que nos foicolocada pelo Senador Humberto Lucena, dizendo quenão deveríamos ir à África do Sul por uma questãode segurança, não nos preocupa e não nos assusta.

Neste momento, reafirmamos a nossa intenção deir à África do Sul exigir o fim do apartheid, a libertaçãodo Líder Nélson Mandela e de todos os chamados presospolíticos.

Sr. Presidente, quero ainda fazer uma denúncia, queentendo da maior gravidade. Tenho em mãos docu­mento que me foi colocado pela Cacex, com 72 páginas,mostrando o intenso comércio que o Brasil mantémcom a África do Sul.

O documento que coloca à disposição da opinião pú­blica e deixarei registrado nos Anais da Casa mostraque exportamos para a África do Sul, em 1987, 98,7milhões de dólares, contra 48,3 milhões de dólares,em 1986, e que o que afirmou o Presidente Sarneyem seu discurso no dia 13 de maio, isto é, que o Brasiltinha diminuído as relações com a África do Sul, nãoé verdade. O discurso que S. Ex' fez recentemente naONU condenando o apartheidnão condiz com a práticae o intercâmbio comercial que o Brasil mantém, cadavez mais, com a África do Sul. Este intercâmbio é tãogrande, que gostaria de lembrar alguns produtos queestão nas 72 páginas do comércio Brasil-Africa do Sul.

Esperamos, Sr. Presidente, que no dia 18 de julhopossamos fazer nesta Casa uma sessão solene, já sesabendo que Nélson Mandela de fato está livre.

O SR. ADYLSON MOTTA (PDS-RS. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Deputado PauloPaim, que simbolicamente representa o Plenário da nos­sa Casa, esvaziada nesta manhã.

Sr. Presidente, estive para desistir de falar devidoà ausência dos colegas, mas cheguei à conclusão deque devo cumprir com minha obrigação. Se os demaisnão a cumprem, o problema *e de S. Ex".

Pretendo nesta manhã abordar assunto que tem origi­nado grande polêmica nacional, envolvendo principal­mente o Senado Federal, e que diz respeito às Comis­SÕes Parlamentares de Inquérito.

A ·história nos conta que as primeiras Comissões Par­lamentares de Inquérito surgiram por volta dos séculosXVI e XVII, na Câmara dos Comuns, na Inglaterra.

A instituição dessas Comissões se constituiu numaimportante conquista liberal, não só para os ingleses- grandes precursores no campo da legislação e dodireito - como para o resto do mundo, que passoua se valer da experiência inglesa para incorporar aoslegislativos uma função hoje considerada indispensávelao exercício da própria atividade de legislar.

O poder de investigar está intrinsecamente ligadoao desempenho do Poder Legislativo, sendo mesmoum componente que permite atuar de forma mais com­pleta.

Entretanto, o reconhecimento da atribuição desse po­der ao Congresso não foi, como se pode imaginar, nemimediato nem pacífico. Até que os limites exatos dessacompetência fossem definidos e estabelecidos, o inqué­rito legislativo enfrentou obstáculos de várias ordens,especialmente por parte dos outros poderes que com­põem a União e até mesmo em virtude da legislaçãoreferente às garantias individuais.

Todavia, no mundo moderno, com a ampliação emelhor definição dos poderes do Estado, cresceu e sefirmou a aceitação de que, ao Legislativo, cabe não

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

só legislar sobre assuntos novos, como deliberar sobrematérias que lhe competem - conforme o dispostona Constituição - mas, ainda, acompanhar, fiscalizare supervisionar as atividadcs dos outros Poderes e de­mais órgãos estatais.

Isso, evidentem,:,nte, inclui aspectos políticos econô­micos e sociais, com ampla abrangência sobre o Estado.A interferência do Legislativo em assuntos que, sobum exame superficial, poderiam parecer estranhos àsua competência, só tem revelado, no decorrer do tem­po, resultados positivos para o interesse público.

A validade e a legalidade das Comissões Parlamen­tares de Inquérito, entretanto, firmou-se a partir dapercepção da conveniência, utilidade e, mesmo, neces­sidade dessa prática, uma vez que elas vêm comple­mentar e completar o perfeito uso das prerrogativasdo Poder Legislativo no campo político, que são: legis­lar, fiscalizar e, sobretudo, representar os reais inte­resses do povo.

Para tanto, segundo o sociólogo americano TelfordTaylor, a autoridade legislativa se compõe de poder,privilégio e processo. Essas atribuições lhe são confe­ridas pela lei, sendo que a função de fiscalizar - sópossível através da investigação - é considerada pormuitos talvez como a mais destacada das faculdadesdo Legislativo, pois lhe fornece os instrumentos neces­sários para saber, conhecer e entender os fatos, a fimde deliberar sobre sua licitude e propriedade.

Esse poder de investigar que o Congresso detém cons­titui elemento essencial para a salvaguarda das institui­ções contra a corrupção, o desperdício e a ineficiência,enfim, contra a malversação dos recursos e bens pú­blicos.

Pode-se perfeitamente compreender que um Legis­lativo não tem condições eficazes de fiscalizar apenasà distância as atividades da administração pública, mu­nido tão-somente de dados e informações que se lhesqueira oferecer. Para exercer com eficiência seu papelde poder fiscalizador, necessita iuvestigar, por seus pró­prios meios e com liberdade de conduzir-se como me­lhor lhe pareça, para atingir as finalidades e objetivosa que se propõe.

Assim, as Comissões Parlamentares de Inquéritoacrescentam ao Legislativo alguns outros poderes, denatureza judicial ou executiva, como punições e perdade mandato de seus membros, decretação de impeach­ments, aprovação das Contas do Executivo, com a con­seqüente punição dos culpados, etc.

Para exercer com propriedade esses poderes superve­nientes, o Legislativo precisa - e tem - autoridadepara obter· as informações que se fizerem necessárias,tanto para a elaboração de leis, quanto para exercerseu mandato fiscalizador, podendo, dessa forma, inti­mar testemunhas, requisitar documentos e punir a deso­bediência a qualquer de suas ordens ou convocações.

O Poder Legislativo tem obrigação'precípua de tomarconhecimento detalhado de todos os neg6cios do Go­verno. E', acrescentamos, sem informações sobre os fa­tos, os próprios debates característiCos do Parlamentoficam prejudicados, pois não se pode discutir nem deli­berar a partir de suposições ou notíciãs de segundamão.

Informar-se, pois, faz parte integrante das atribuiçõesdo Legislativo. Inclusive porque, com o alargamentodo universo de conhecimento específico dos fatos, enri­quece-se a própria atuação Legislativa, refletindo-se deforma benéfica na elaboração de projetos e demais pro­posições.

No decorrer da.história, contudo, a ação das Comis­sões Parlamentares de Inquérito já foi causa de proble­mas e protestos, sob a alegação de que o Legislativoestaria invadindo os campos de atuação dos demaiS po'­deres e se assenhorando de algumas de suas atribuiçõesespecíficas.

A teoria política, hoje, já conseguiu esclarecer e diri­mir tais questionamentos, tornando claro que a clássicadivisão de poderes se refere a funções que são predomi­nantes de cada um, mas não exclusivas. de forma quequalquer deles pode exercer,excepcionahnente, fun­ções uns dos outros, desde que a lei não se refira expres­samente à exclusividade.

É a partir de tais princípios que se permite ao Execu­tivo exercer atividades de caráter legislativo ou judi-

Terça-feira 14 2201

cante; ao Judiciário, fixar normas legais e, ao Legisla­tivo, praticar atos de competência judicial, bem comoexecutar ações por ele mesmo determinadas.

Aliás, - e exatamente sobre isso - é que versamos artigos 30 e 37 da Constituição, a Lei n' 1.579152,que rege o funcionamento das Comissões de Inquérito,os arts. n'" 36, 37,38,69 e 70, do Regimento da Câmara,o arl. 21 do Regimento Comum e os arts. 168 e 178do Regimento Interno do Senado.

Algumas dessas disposições legais dizem:

"CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Art. 30.Parágrafo único..a) Na constituição das comissões, assegurar-se-á,

tanto quanto possível, a representação proporcio­naI dos partidos nacionais que participem da res­pectiva Câmara;

d) não será criada Comissão Parlamentar de In­quérito enquanto estiverem funcionando, concomi­tantemente pelo menos cinco, salvo deliberaçãopor parte da maioria da Câmara dos Deputadosou do Senado Federal;

Arl. 37. A Câmara dos Deputados e o SenadoFederal, em conjunto ou separadamente, criarãocomissões de inquérito sobre fato determinado epor prazo certo, mediante requerimento de um ter­ço de seus membros."REGIMENTO COMUM

"Art. 21. As Comissões Parlamentares Mistasde Inquérito serão criadas em sessão conjunta, sen­do automátiea a sua instituição se requerida porum terço dos membros da Câmara dos Deputadosmais um terço dos membros do Senado Federal,dependendo de deliberação quando requerida porCongressista.

Parágrafo único. As Comissões ParlamentaresMistas de Inquérito terão o número de membrosfixado no ato de sua criação, devendo ser iguala participação de Deputados e Senadores, obede­cido o princípio da proporcionalidade partidária. "

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOSDEPUTADOS

Art. 36. A Câmara dos Deputados, medianterequerimento de um terço de seus membros, pode­rá eriar Comissões de Inquérito sobre fato determi­nado e por prazo certo.

§ l' Considera-se fato determinado o aconteci­mento de relevante interesse para a vida constitu­cional, legal, econômica e social do País, que esti­ver devidamente caracterizado no requerimento deconstituição da Comissão.

§ 2' Recebido o requerimento, o Presidente omandará à publicação, desde que estejam preen­chidos os requisitos do parágrafo anterior.

§ 3' Apresentado o requerimento à Mesa, nãoserão permitidas a retirada ou inclusão de assina­turas.

§ 4' O prazo para os trabalhos da Comissão seráde até cento e vinte sessões, prorrogáveis por atésessenta sessões.

§ 5' Não se criará Comissão Parlamentar de In­quérito enquanto estiverem funcionando pelo me­nos cinco, salvo deliberação da maioria da Câmara.

Art.37. A criação de Comissão Parlamentar deInquérito dependerá de deliberação do Plenário,se não subscrita na forma do art. 36.

Parágrafo único. O projeto, preenchido os requi­sitos. do § l' do artigo anterior, será incluído naOrdem do Dia para votação em uma única discus­são.

Art. 38. O funcionamento das Comissões Par­lamentares de Inquérito obedecerá às normas fixa­das nos arts. 69 e 70.

Art. 69. O trabalho das Comissões de Inquéritoobedecerá às normas previstas na legislação espe­cífica (Lei n' 1.579, de 18 de março de 1952).

§ I' Constituída a Comissão de Inquérito, cabe­lhe requisitar os funcionários dos Serviços Admi­nistrativos da Câmara, necessários aos seus traba­lhos. bem como, em caráter transitório, nos termos

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da legislação em vigor, os de qualquer Ministério,ou departamento de qualquer natureza da adminis·tração, ou do Poder Judiciário, que possam coope­rar no desempenho das suas funções.

§ 2'No exercício das suas atribuições, a ComissãoParlamentar de Inquérito poderá, observada a le­gislação especial, determinar diligências, ouvir in­diciados, inquirir testemunhas, requisitar, de re­partições públicas e autárquicas, informações e do·cumentos, requerer a audiência de Deputados eMinistros de Estado e tomar depoimentos de auto­ridades federais, estaduais ou municipais.

§ 3' Indiciados e testemunhas serão intimadosde acordo com as prescrições estabelecidas nalegis­lação penal. Em caso justificado, a intimação serásolicitada ao juiz criminal da localidade em queresida ou se encontre o indiciado ou a testemunha,na forma do Código de Processo Penal.

§ 4' O Presidente da Comissão de Inquérito,por deliberação desta, poderá, dando conhecimen­to prévio à Mesa, incumbir qualquer dos seus mem­bros, ou funcionários dos Serviços Administrativosda Câmara, da realização de sindicância ou diligên­cia necessária aos seus trabalhos.

§ 5' A Comissão de Inquérito redigirá relatório,.que terminará por projeto de resolução, se a Câma­ra for competente para deliberar a respeito do as­sunto, ou por conclusões, em que assinalará osfundamentos pelos quais não apresenta projeto deresolução.

§ 6' Apurada a responsabilidade de alguém porfalta verificada, a Comissão enviará o relatório,acompanhado da documentação respectiva e coma indicação das provas que poderão ser produzidas,ao juízo criminal competente, para processo e jul­gamento dos indiciados.

§ 7' As Comissões de Inquérito terão como dis­positivos subsidiários para sua atuação, no que foraplicável, os do Código de Processo Penal.

§ 8' Se forem diversos os fatos objeto de inqué­rito, a Comissão dirá, em separado, sobre cadaum, podendo fazê-lo antes mesmo de finda a inves­tigação dos demais.

§ 9' Qualquer Deputado poderá participar dosdebates nas Comissões de Inquérito, sem direitoa voto.

Art. 70. As Comissões Parlamentares de In­quérito funcionarão na sede do Congresso Nacio­nal."

Mesmo agindo de acordo com essas e as demais nor­mas e poderes, as Comissões de Inquérito, todavia,não proferem sentenças jurídicas, nem determinam pro­cedimentos ao Executivo: apenas auxiliam a adminis­tração, a partir das conclusões e observações feitas,fornecendo indicações precisas sobre as providênciasa serem adotadas na alçada dos demais poderes.

Dessa forma, as Comissões de Inquérito proporcio­nam ao Legislativo a oportunidade de cumprir commaior amplitude os três propósitos para o qual se desti­na: supervisionar e policiar a atuação de seus membros,no que diz respeito ao abuso das prerrogativas inerentesao mandato, à dignidade parlamentar, à infringênciada legislação ou à prejudicialidade das instituições; in­vestigar assuntos que auxilie os Parlamentares a exercersua função legiferante, e proceder a inquirições queo capacite a proceder ao controle efetivo da ação execu­tiva.

Sem informações adequadas, concluem os teóricosda questão, não há possibilidade de cumprimento dospropósitos e finalidades a que se destina o Legislativo.

Às Comissões Parlamentares de Inquérito é atribuídoentão, um papel fundamental dentro da atuação legisla­tiva, instrumento que são da formação de um juízopolítico justo e factual, especialmente no que diz respei­to à fiscalização dos gastos dos dinheiros públicos, umdos deveres indeclináveis do Legislativo.

É evidente que, por vezes, as investigações proce­didas pelas Comissões de Inquérito provocam reaçõescontrárias dos investigandos. Justamente por esse moti­vo, a legislação pertinente assegura às Comissões açãoampla, facultando-lhes a determinação de diligências,a convocação de Ministros de Estado e quaisquer outrasautoridades. a inquirição de testemunhas sob compro-

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

misso e a intimação de depoentes, de acordo com alegislação penal, podendo, inclusive. ser solicitada ainterferência de Juiz Criminal.

Configura, ainda, a Lei n' 1.579152, que dispõe sobreas Comissões Parlamentares de Inquérito, como crime,os impcdimcntos ou tentativas de impedimento do fun­cionamento regular da Comissão. ou o livre exercíciodas atribuições de seus membros, com pena previstano artigo 329 do Código Penal. Também constituemcrimes "fazer afirmações falsas, ou negar ou calar averdade como testemunha, perito, tradutor ou intér­prete, perante a CPI". A pena, para esses casos, estácontida no art. 342 do Código Penal.

Diz, também, a citada lei que "o processo e a instru­ção dos inquéritos obedecerão, no que lhes for aplicá­vel, às normas do processo penal".

Quando a Lei n' 1.579152 faz referência à aplicaçãodo Código de Processo Penal às CPI, está se referindoao art. 218 daquele Código, que autoriza o juiz criminala induzir o comparecimento da testemunha, com o auxí­lio da força pública. Mas, esse mesmo Código, em seuart. 207 dispõe:

"São proibidas de depor as pessoas que, em ra­zão de função, ministério, ofício ou profissão, de­vam guardar segredo salvo se, desobrigadas da par­te interessada, quiserem dar o seu testemunho."

Esse dispositivo, portanto, não apenas isenta do de­ver de depor, como proíbe o depoimento, a não serque o interessado (cliente ou chefe da repartição, con­forme o caso) o permita.

No art. 406, o Código do Processo Civil dispõe quea testemunha não é obrigada a depor sobre fatos aque sua profissão ou estado obriguem ao sigilo.

Pontes de Miranda, pronunciou-sc sobre essa ques­tão, afirmando que "o segredo profissional é conteúdode dever sancionado pelo direito penal".

Já o art. 154 do Código Penal preceitua que:

"Revelar alguém, sem justa causa, segredo deque tem ciência em razão de função, ministério,ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzirdano a outrém: Pena - detenção de três mesesa um ano, ou multa."

Os Parlamentares menos avisados podem perfeita­mente perceber, pelo que aqui está sendo exposto, quea função das Comissões de Inquérito é das mais sériase sua profundidade é adaptável às necessidades queo assunto investigado apresentar.

Por isso, admite-se até mesmo investigações referen­tes aos serviços da Justiça, sua organização ou seu proce­dimento com relação a determinado caso, sem, contu­do, lhe ser permitido modificar decisões judiciais oufazer·lhe imposições.

Fazem parte, também, da competência privativa doSenado O julgamento do Presidente da República e dosMinistros de Estado nos crimes dc rcsponsabilidade ouconexos; processar e julgar os Ministros do SupremoTribunal Federal e o Procurador-Geral da República,quando imputados por irresponsabilidade, "sem pre­juízo de ação da Justiça ordinária" .

Assim, constitucionalmente, o Legislativo está aptopara julgar a organização judiciária e o funcionamentoda Justiça, quando constatadas irregularidades.

Tem havido, em diversas oportunidades, objeçõesquanto ao desempenho das CPI, no que se refere àsliberdades individuais, mas essa contestação não se sus­tém, diante do argumento de que o objetivo de taisinquéritos é ditado por um interesse coletivo, que sem­pre se sobrepõe ao particular.

O grande Pedro Aleixo, em parecer exarado em 1963,afirmava que "a extensão, o alcance, a importâcia queassumiram as Comissões de Inquérito, bem como a na­tureza dos problemas que têm suscitado" aparecemsempre que se analisa sua existência e atuação. Mas,"são de tal forma elevíldos os objetivos a que visam.da própria essência da tarefa legislativa, que, em geral,os próprios tribunais se dispõem a reconhecer a ampli­tude de sua atuação".

Todavia, o valor e as dimensões assumidas pelas CPInão significa que inexistam limitações para elas, nemque lhes seja permitido atuar indiscriminadamente. Pa­ra coibir os possíveis excessos, existem as restrições

Junho de 1988

judiciárias. Do mesmo modo. não procedem as críticasde que tais Comissões geralmente visam a finalidadespolíticas, pois os fins a que se propõem sempre devemdizer respeito ao interesse público.

É essencial. pois, que uma Comissão de Inquéritonão sc perca em pormenores e minúcias, abandonandoo foco principal da apuração. A demagogia e a explo­ração com proveitos pessoais são excessos altamentecondenáveis e devem ser evitados a qualquer preço.

Apesar de tudo, o êxito da atividade legislativa estáintimamente ligado ao valor dado às CPI.

O maior óbice que os Legislativos brasileiros têmenfrentado, até hoje, quanto ao mérito dessas Comis­sões é que uma boa parte delas não chega a efetivarsuas conclusões. especialmente quando dizem respeitoà apuração de. irregularidades de outros poderes. emque as medidas propostas dependem de outras autori­dades. de outras esferas administrativas.

Quanto às investigações procedidas com o propósitode auxiliar as atividades legislativas, os benefícios têmsido palpáveis, servindo para a elaboraçáo de leis.

Convém salicntar que o êxito de cada CPI depende,intrinsecamente, de suas normas de trabalho, tais como:

1') Os membros da Comissão farão, dentro do prazode oito dias, a indieação dos nomes de testemunhascujos depoimentos considerem necessários para o in­quérito, bem como proporão as diligências que julgaremconvenientes.

2') Somente depois de ouvidos os depoimentos dastestemunhas indicadas e de realizadas propostas é que,por deliberação da Comissão, outras testemunhas pode­rão ser admitidas a depor ou mais diligências poderãoser promovidas.

3') Finda a inquirição e determinadas as diligênciasde que trata o item l' ou verificada a impossibilidadeda audiência de testemunha ou a realização de diligên­cia, o Relatur fará uma exposição dos trabalhos e porele ou por qualquer membro da Comissão serão sugeri­das, se necessário, providências complementares queserão submetidas pela presidência à aprovação da mes­ma Comissão.

4') Logo que comparecer qualquer testemunha, seráesta qualificada c tomar-se-Ihe-á promessa de dizer averdade sobre o que souber e lhe for perguntado.

5') O depoimento será prestado oralmente e, à pro­porção em que forcm sendo dadas as respostas, serãoestas registradas por escrito.

6') O Relator será o primeiro a inquirir, seguindo-secom a palavra para perguntar cada um dos membrosda Comissão na ordem de sua inserição no livro depresença.

Se o membro da Comissão assim o entender, poderáredigir suas perguntas por escrito para que o Relatoras formule.

7') Qualquer Deputado que não seja membro da Co­missão e que desejar esclarecimento de qualquer ponto,requererá ao Presidente, por escrito, sobre o quc dcsejaser inquirida a testemunha, apresentando, se quiser,quesitos.

O Presidente passará às mãos do Relator as perguntasreferidas ou os quesitos formulados pelo Deputado.

8') Terminada a inquirição da testemunha, o Presi­dente, de ofício, poderá reinquirí-Ia ou passar ao Rcla­tor as perguntas aprovadas pela Comissão.

9') O Presidente poderá impedir que se formuleà testemunha pergunta que não tenha relação com ofato que constitui objeto do inquérito, ou que importerepetição de pergunta já respondida. Em um e outrocaso, a pergunta ficará constando do termo de inqui­rição.

10). O Presidente não permitirá que a testemunhamanifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inse­paráveis da narrativa do fato.

11) Se qualquer testemunha, dcpois de prestado seudepoimento, for considerada indiciada pela Comissãoem fato que a lei defina como crime, poderá ser convo­cada para se submeter a interrogatório, que se proces­sará de acordo com o disposto nos arts. 185 e seguintcsdo Código de Processo Penal.

12) A testemunha indiciada e avisada de que seudepoimento interessa ao inquérito deverá comparecerem dia e hora que foram marcados, independentementede intimação.

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Junho de 1988

13) Se a testemunha intimada para depor recusar-sea fazê-lo sem motivo justificado, proceder-se-á na formado disposto no art. 218 do Código de Processo Penal.

14) O Presidente da Comissão designará um mem­bro dela para, revendo os depoimentos já tomados eos documentos já constantes do processo, propor dili­gências, especialmente de apreensão de quaisquer ou­tros documentos necessários aos trabalhos.

É importante repetir que ao Poder Legislativo com­pete a nobre e difícil missão de impedir que um pequenogrupo, colocado em funções executivas, assuma o plane­jamento total da vida nacional, sem nenhum controle.

Uma vez que ao Congresso incumbe o dever de repre­sentar a opinião pública, que outorgou a seus membroso mandato que detêm, e exercer o controle dos outrospoderes e órgãos do Governo, é que ele é considerado,com toda propriedade, como a peça fundamental doregime representativo e guardião da liberdade.

Essa função, para ser exercida em sua plenitude, nãopode prescindir da faculdade de controlar a gestão fi­nanceira do País. Como se trata de atividade das maiscomplexas, freqüentemente o Legislativo se vale dascomissões Parlamentares de Inquérito, para dar maiseficiência a seu trabalho, ao efetuar diligências, convo­car Ministros, tomar depoimentos de quaisquer autori­dades federais, estaduais ou municipais, ou de qualquercidadão ligado à questão em análise.

O Parlamento, toda vez que não está capacitado atransmitir informações precisas à população, fica depre­ciado, motivo pelo qual é válida a utilização de proces­sos próprios para a obtenção de informações, a fimde estar dotado de meios suficientes para influenciaro cumprimento da legislação por ele exarada e ter co­nhecimento de qualquer processo daí resultante. Paracomunicar-se eficazmente com o povo, o Legislativotem que estar a par de todas as políticas do Executivoe de todas as fases de seu desenvolvimento.

Estudos, debates e críticas, a partir dessas informa­ções, dão ao Legislativo as condições para exercer ocontrole a que está obrigado, bem como de prestardele contas ao povo. O comparecimento de autoridadesdas altas esferas administr~tivas ao, Legislativo dá con­sistência à missão de' apreciar programas de governoe seus resultados, transformando-o, de fato, e não ape­nas de direito, em parte integrante do processo de Go­verno.

Cumpre lembrar, contudo, que uma Comissão Parla­mentar de Inquérito não é lugar apropriado para discus­·sões de baixo nível, nem para alimentar sensaciona­lismos, tão ao gosto da imprensa, uma vez que suasinvestigações devem revestir-se, sempre, da maior serie­dade, visando ao benefício da Nação. Por isso, cumpreaos Parlamentares conter os possíveis abusos, constran­gimentos e situações desagradáveis, que podem desvir­tuar totalmente as finalidades da Comissão e da própriainstituição parlamentar.

Diante das considerações aqui feitas, pode-se-concluirque preceitos regimenais e legais devem ser observados,a fim de disciplinar o procedimento dos órgãos de inves­tigação.

Uma vez que a Constituição Federal, a Lei n' 1.579152e os próprios Regimentos Internos - da Câmara, doSenado e Comum - dedicam poucos artigos às CPI,fica evidente que, nos casos não citados expressamente,a conduta dessas Comissões deve pautar-se pelos dispo­sitivos gerais e pertinentes, quer das leis internas dasCasas do Congresso, quer dos Códigos Penal e Civil,donde destacamos: do Código Penal, o art. 791 e seguin­tes, que dispõem sobre audiências e sessões, bem comodo seu policiamento; o art. 239, referente a indícios;o art. 156 e seguintes, que dispõem sobre a prova daalegação, os exames do corpo de delito e buscas e'apreensões; o art. 226 e seguintes', referentes ao reco­nhecimento de pessoas ou objetos; o art. 146 e seguin­tes, que Ve~sam sobre falsidade de documentos, assimconsiderados "quaisquer escritos, instrumentos ou pa­péis, públicos ou particulares", bem como sobre suavalidade como prov'a e a faculdade dos juízes de requisi­tarem aqueles que acharem necessários; o art. 218 eseguintes, sobre citação e comparecimento de testemu­nhas; o art. 149 e seguintes, sobre depoimentos e acarea­ções; '0 art. 112, sobre incompatibilidade ou impedi­mento legal dos condutores do processo.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

Quanto ao Código do Processo Civil, devem ser ob­servados seus dispositivos referentes à forma dos atosprocessuais, da comunicação dos atos, das provas, dodepoimento pessoal, da exibição de documento ou coi­sa, da prova testemunhal, da prova pericial, e das medi­das cautelares.

A Lei n' 1.579/52 estabelece que as Comissões Parla­mentares de Inquérito, ao seu final, deverão apresentarseu relatório, concluindo-o por projeto de resolução.Caso forem apurados fatos diversos, a Comissão poderápronunciar-se em separado sobre cada um. Todavia,esses projetos de resolução só poderão versar sobrematéria de competêpcia do Legislativo, com o fim deregular questões de caráter político, administrativo ouprocessual legislativo. No caso de serem apuradas res­ponsabilidades, "a Comissão enviará relatório', acompa­nhado da documentação respectiva e com a indicaçãodas provas que poderão ser produzidas, ao juízo crimi­nal competente, para processo e julgamento dos indicia­dos". (§ 6', art. 69, Regimento Interno da Câmara).

Diante da relevância e do interesse que as ComissõesParlamentares de Inquérito vêm assumindo, com o de­correr do tempo, em parte devido aos momentosos as­suntos abordados, de grande divulgação nacional, sur­giu a curiosidade de proceder a uma verificação nosassentamentos da Câmara e do Senado, para que possa­mos ter uma visão mais clara da quantidade e da quali­dade das averiguações feitas e de suas repercussões.

Portanto, para exemplificar, citaremos que, no perío·do de novembro de 1946 a maio de 1981, foram reque­ridas pela Câmara dos Deputados 294 Comissões Parla­mentares de Inquérito.

Dessas, a situação levantada foi a seguinte:188 chegaram ao final, sendo que1 aprovou apenas o Parecer7 aprovaram apenas o Relatório1 deu origem a Indicação6 deram origem a Projetos de Lei173 deram origem a Projetos de Resolução.Entre as demais, 11 não chegaram a ser instaladas

e 95 não concluíram os trabalhos.Nesse mesmo período, foram muito poucas as CPI

do Senado.Analisando as causas desses resultados, um tanto sur­

preendentes, verificamos que, mesmo aquelas aprova­das e transformadas em proposições, quase nenhumefeito prático produziram, ressalvadas as que origina­ram dispositivos legais, especialmente porque as provi­dências apontadas e necessárias à solução dos fatos ave­riguados estavam fora da alçada do Legislativo e osoutros Poderes não foram sensíveis às recomendaçõesque lhes foram encaminhadas, a partir das conclusõesdas CPI.

Os Projetos de Resolução elaborados pelas Comis­sões de Inquérito também foram, em grande parte, ar­quivados por decurso de prazo, sendo esse, também,o principal motivo que determinou a não instalaçãode eomissões requeridas, bem como a não conclusãodos trabalhos de considerável parcela daquelas já insta­ladas.

Tem ocorrido que, uma vez esmorecido o interesseprincipal e a curiosidade cm tomo do fato que levouao requerimento para a formação de uma comissão deinquérito, muitos de seus membros perderam a motiva­ção sobre os assuntos enfocados, deixando de apre­sentar relatórios em tempo hábil, deixando de aprovarpareceres ,e conclusões ou at,é Illesmo, interromperamos trabalhos investigatórios a que estavam obrigados.

Toda via, mesmo nos casos em que resultados palpá­veis não foram atingidos, as Comissões Parlamentaresde Inquerito sempre produzem efeitos significativos,especialmente aqueles de ordem moral.

Depois do que se sabe sobre a relevância e imprescin­dibilidade das Comissões Parlamentares de Inquérito,das campanhas empreendidas a seu favor e das polê­micas superadas para fazê-las sobreviver e respeitar,chega a ser estarrecedor constatar-se que alguns mem­bros do Legislativo tenham dedicado tão pouca atençãoe zelo a um trabalho tido como essencial para o bomdesempenho das demais atividades parlamentares.

Tudo isso se tomaria quase incompreensível se nãolevássemos em conta que, quase sempre, fatores políti­cos externos intervêm na atuação das CPI, obstruido-

Terça-feira 14 2203

lhes a ação ou mudando o rumo das inquirições, a pontode torná-las inócuas e dispensáveis.

Entretanto; nos últimos anos, tanto na Câmara comono Senado, temos tido Comissões de Inquérito da maiorrelevância, como a da Capemi, da mineração, doInamps, da violência urbana, das causas do aumentopopulacional, dos bancos Sul Brasileiro e Habitasul,dos transportes marítimos, e um sem número de outras,enfocando assuntos de tanto ou maior destaque. Algu­mas delas desenvolveram seus trabalhos intensamente,por prazos que chegaram até a dois anos ou mais, tendocontribuído de forma expressiva para a elaboração denormas legislativas e jurídicas disciplinantes.

Atualmente, temos em funcionamento, no Senado,a Comissão criada para investigar a política de conces­sões de emissoras de rádio e televisão em todo Paíse outras irregularidades do Minstério das Comunica­ções; outra, criada para apurar as irregularidades e seusresponsáveis pelas importações de alimentos por órgãosgovernamentais e, ainda, uma destinada a investigaras responsabilidades político-administrativas do aciden­te com a cápsula de césio-137, em Goiânia.

Já na Câmara, acha-se em funcionamento apenas aCPI criada para investigar o destino de aplicação, peloMinistério da Educação, dos recursos provenientes daEmenda Calmon.

Como vêem V. Ex" trata-se de assuntos de sumaimportância para o bom andamento da administraçãopública e de cujo conhecimento não apenas os parla­mentares quanto a população em geral devem parti­cipar.

Sabendo que existem pressões de toda ordem, quese exercem para obstar os trabalhos de uma ComissãoParlamentar de Inquérito, como ocorre, no momento,com a CPI da Corrupção, ligada a irregularidades noMinitério do Planejamento, é bom que todos nós esteja­mos alertas, a fim de nos rebelar e impedir essas pres­sões, sejam elas internas ou externas, a fim de quese possa levar a bom termo os trabalhos dessas e dequaisquer outras Comissões de Inquérito.

Caso não haja um real interesse e uma vontade deciodida de se conhecer os fatos até suas raízes e ramifica­ções, é preferível que não se formule nenhum requeri­mento convocat6rio, pois a interrupção dos trabalhosde uma CPI, ou mesmo a tomada de resoluções impró­prias ou improdutivas depõem muito mal contra estePoder. Especialmente quando se sabe que, podendoe estando autorizado para tanto, nada faz para cumpririntegralmente suas funções, de fiscalizar as ações doGoverno e da sociedade, de defender os interesses dapopulação que representa e de informá-Ia convenien­temente.

Sr. Presidente, agradeço a tolerância a V. Ex' Acre­dito ter dado aqui minha contribuição, até para escla­recer alguns aspectos de um instituto dos mais valiososque temos e que nos ajusta no desempenho da atividadeparlamentar e ao qual realmente tem sido dada poucaênfase. Por essa razão, resolvi abordar este assuntocomo uma contribuição ao Parlamento, aos meus cole­gas e às pessoas que, de certa forma, acompanharamos nossos trabalhos. (Palmas.)

Durante o discurso do Sr. Adylson Motta, o Sr.João de Deus Antunes, art. 76 do Regimento Inter­no, deixa a cadeira da presidência, que é ocupadapelo Sr. Homero Santos, Z'-Vice'Presidente.

vm -ENCERRAMENTOO SR. PRESIDENTE (João de Deus Antunes) ­

Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão.

DEIXAM DE COMPARECER OS SENHORES:

Acre

Francisco Diógenes - PDS; Geraldo Fleming ­PMDB; Narciso Mendes - PFL; Rubem Branquinho-PMDB.

Amazonas

Càrrel Benevides - PTB; Ézio Ferreira - PFL; JoséFernandes - PDT; Sadie Hauache - PFL.

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2204 Terça-feira 14

Rondônia

Chagas Neto - PMDB; José Viana - PMDB; Ra­quel Cândido - ; Rita Furtado - PFL.

Pará

Ademir Andrade - PMDB; Asdrubal Bentes ­PMDB; Benedicto Monteiro - PTB; Carlos Vinagre- PMDB; Dionísio Hage - PFL; Fernando Velasco- PMDB; Gerson Peres - PDS.

Maranhão

Costa Ferreira - PFL; Edivaldo Holanda - PL;Enoc Vieira - PFL; Francisco Coelho - PFL; HaroldoSabóia - PMDB; Joaquim Haickel- PMDB; OnofreCorrêa - PMDB; Victor Trovão - PFL; Vieira daSilva - PDS; Wagner Lago - PMDB.

Piauí

Felipe Mendes - PDS; Heráclito Fortes - PMDB;José Luiz Maia - PDS; Mussa Demes - PFL; MyriamPortella - PDS; Paulo Silva - PMDB.

Ceará

Bezerra de Melo - PMDB; César Cals Neto - PDS;Manuel Viana - PMDB; Raimundo Bezerra ­PMDB.

Rio Grande do Norte

Antônio Câmara - PMDB; Flávio Rocha - PL;Ismael Wanderley - PMDB; Jessé Freire - PFL; Wil­ma Maia - PDS.

Paraíba

Antonio Mariz - PMDB; Evaldo Gonçalves - PFL;João da Mata - PDC; José Maranhão - PMDB; LuciaBraga-PFL.

Pernambuco

Egídio Ferreira Lima - PMDB; Fernando BezerraCoelho - PMDB; Geraldo Melo - PMDB; GilsonMachado - PFL; José Carlos Vasconcelos - PMDB;José Mendonça Bezerra - PFL; Luiz Freire - PMDB;Maun1io Ferreira Lima - PMDB; Osvaldo Coelho ­PFL; Paulo Marques - PFL; Wilson Campos ­PMDB.

Alagoas

Antonio Ferreira - PFL; Roberto Torres - PTB;Vinicius Cansanção - PFL.

Sergipe

Antonio Carlos Franco - PMDB; Bosco França ­PMDB; Messias Góis - PFL.

Bahia

Celso Dourado - PMDB; Domingos Leonelli ­PMDB; Eraldo Tinoco - PFL; França Teixeira ­PMDB; Francisco Pinto - PMDB; Genebaldo Correia- PMDB; Joaci Góes - PMDB; João Carlos Bacelar- PMDB; Leur Lomanto - PFL; Lídice da Mata. -PC do B; Luiz Eduardo - PFL; Marcelo Cordeiro- PMDB; Mário Lima - PMDB; Milton Barbosa ­PDC; Miraldo Gomes - PDC; Nestor Duarte ­PMDB; Raul Ferraz - PMDB; Sérgio Brito - PFL;Uldurico Pinto - PMDB.

DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção 1)

Espírito Santo

Hélio Manhães - PMDB; Lezio Sathler - PMDB;Nelson Aguiar - PDT; Pedro Ceolin - PFL; Rosede Freitas - PMDB; Vasco Alves - PMDB; VitorBuaiz-PT.

Rio de Janeiro

Aloysio Teixeira - PMDB; Álvaro Valle - PL; Bo­cayuva Cunha - PDT; Carlos Alberto Caó - PDT;César Maia - PDT; Edésio Frias - PDT; Feres Nader- PTB; Flavio Palmier da Veiga - PMDB; FranciscoDornelles - PFL; Gustavo de Faria - PMDB; JorgeLeite - PMDB; José Carlos Coutinho - PL; JuarezAntunes - PDT; Márcio Braga - PMDB; Nelson Sa­brá - PFL; Osmar Leitão - PFL; Roberto D'Ávila- PDT; Roberto Jefferson - PTB; Ronaldo CezarCoelho - PMDB; Rubem Medina - PFL.

Minas Gerais

Aécio Neves - PMDB; Aloisio Vasconcelos ­PMDB; Álvaro Antônio - PMDB; Alysson Paulinelli- PFL; Célio de Castro - ; Dálton Canabrava ­PMDB; Genésio Bernardino - PMDB; Gil César ­PMDB; Hélio Costa - PMDB; José da Conceição ­PMDB; José Geraldo - PMDB; José Santana de Vas­concellos - PFL; José Ulísses de Oliveira - PMDB;Mário Assad - PFL; Mário Bouchardet - PMDB;Mário de Oliveira - PMDB; Maurício Campos - PFL;Melo Freire - PMDB; Raimundo Rezende - PMDB;Raul Belém - PMDB; Roberto Vital-PMDB; Ro­naldo Carvalho - PMDB; Ronaro Corrêa - PFL;Sérgio Werncck - PMDB; SI1vio Abreu - PMDB;Virgílio Guimarães - PT; Ziza Valadares - PMDB.

São Paulo

Adhemar de Barros Filho - PDT; Afif Domingos- PL; Airton Sandoval- PMDB; Antoniocarlos Men­des Thame - PFL; Antônio Perosa - PMDB; CaioPompeu - PMDB; Cardoso Alves - PMDB; DoretoCampanari -PMDB; Felipe Cheidde - PMDB; Fran­cisco Amaral- PMDB; Gerson Marcondes - PMDB;Gumercindo Milhomem - PT; Hélio Rosas - PMDB;João Cunha - PMDB; João Herrmann Neto - PMDB;João Rezek - PMDB; José Camargo - PFL; JoséEgreja- PTB; José Maria Eymael-PDC; Luis Gushi­ken - PT; Maluly NetQ - PFL; Manoel Moreira ­PMDB; Mendes Botelho - PTB; Michel Temer ­PMDB; Paulo Zarzur- PMDB; Plínio Arruda Sam­paio - PT; Ricardo Izar -PFL; Roberto Rollemberg- PMDB; Robson Marinho - PMDB; Samir Achôa- PMDB; Theodoro Mendes - PMDB; Tito Costa-PMDB.

Goiás

Délio Braz - PMDB; José Freire - PMDB; LúciaVânia - PMDB; Luiz Soyer- PMDB; Mauro Miranda- PMDB; Paulo Roberto Cunha - PDC; RobcrtoBalestra - PDC. .

Distrito Federal

Márcia Kubitschek - PMDB.

Mato Grosso

Antero de Barros - PMDB; Joaquim Sueena ­PTB; Jonas Pinheiro - PFL; Osvaldo Sobrinho ­PTB; Percival Muniz - PMDB; Ubiratan Spinelli ­PDS.

Junho de 1988

Mato Grosso do Sul

Ivo Cersósimo - PMDB; José Elias - PTB; RubenFigueiró - PMDB; Valter Pereira - PMDB.

Paraná

Airton Cordeiro - PFL; Alarico Abib - PMDB;Antônio Veno - PFL; Basilio VilIani - PMDB; Dio­nísio Dal Prá - PFL; Jacy Scanagatta - PFL; JoséCarlos Martinez - PMDB; Jovanni Masini - PMDB;Mattos Leão - PMDB; Maurício Fruet - PMDB;Maurício Nasser - PMDB; Max Rosenmann ­PMDB; Nilso Sguarezi - PMDB; Osvaldo Macedo- PMDB; Oswaldo Trevisan - PMDB; Renato Ber­nardi - PMDB; Santinho Furtado - PMDB; SérgioSpada - PMDB; Waldyr Pugliesi - PMDB.

Santa Catarina

Geovha Amarante - PMDB; Henrique Córdova ­PDS; Ivo Vanderlinde - PMDB; Paulo Macarini ­PMDB; Renato Vianna - PMDB; Victor Fontana ­PFL.

Rio Grande do Sul

Antônio Britto - PMDB; Carlos Cardinal- PDT;Hilário Braun - PMDB; Irajá Rodrigues - PMDB;Ivo Lech - PMDB; Nelson Jobim - PMDB; OlívioDutra-PT.

Amapá

Raquel Capiberibe - PSB.

Roraima

Chagas Duarte - PFL.

o SR. PRESIDENTE (João de Deus Antuncs) ­Está encerrada a Sessão.

- Encerra-se a Sessão às 11 horas e 53 minutos.

ATOS DA MESA

al Exoneração

A Mesa da Câmara dos Deputados, no uso das atri­buições que lhe conferem o artigo 14, inciso V, doRegimento Interno e o artigo 102 da Resolução n' 67,de 9 de maio de 1962, resolve conceder exoneraçãode acordo com o artigo 137, item I, § 1', item I, dacitada Resolução, a Leon Horowitz, do cargo de Secre­tário Particular, CD-DAS-102.1, do Quadro Permanen­te da Câmara dos Deputados, que exerce no Gabinetedo Líder do Partido do Movimento Democrático Bra­sileiro.

Câmara dos Deputados, em 13 de junho de 1988.- Ulysses Guimarães, Presidente da Câmara dos Depu­tados.

b1Designações

A Mesa da Câmara dos Deputados, no uso das atri­buições que lhe confere o § 2' do artigo 136 da Resoluçãon' 67, de 9 de maio de 1962, com a redação dada peloartigo l' da Resolução n' 14, de l' de dezembro de1975, resolve designarEraldo Soares da Paixão, Diretordo Departamento de Administração, e Osório Marquesde Oliveira, Diretor do Departamento de Material ePatrimônio, para substituírem, sucessivamente, o Dire­tor Administrativo, CD-DAS-101.5, em seus impedi­mentos eventuais, a partir de i de junho do correnteano.

Câmara dos Deputados, em 13 de junho de 1988.- Ulysses Guimarães, Presidente da Câmara dos Depu­tados.

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MESA

Presidente:Ulysses Guimarães - PMDB

1'-Vice-Presidente:Homero Santos - PFL

2'-Vice-Presidente:Paulo Mincarone - PMDB

l'-Secretário:Paes de Andrade - PMDB

2'-Secretário:Albérico Cordeiro - PFL

3'-Secretário:HerácUto Fortes - PMDB

4'-Se-cretário:Cunha Bueno - PDS

Suplentes

Daso Coimbra - PMDB

Mendes Botelho - PTB

Irma Passoni - PT

Osvaldo Almeida - PL

MAIORIAPMDB e PFL

Líder:Carlos Sant'Anna

PMDBLíder:

Ibsen PinheiroVice-Líderes:

João Herrmann NetoMiro Teixeira

Ubiratan AguiarWalmor de Luca

Paulo Ramos.Genebaldo Correia

Maunlio Ferreira LimaRodrigues Palma

Márcia KubitschekCarlos MosconiCarlos VinagreMaguito Vilela

Naphtali Alves de SouzaRaimundo Bezerra

Geraldo Alckmin FilhoCid CarvalhoRospide Neto

José CostaManoel MoreiraJorge UequedJosé TavaresSérgio Spada

Fernando GasparianJosé Carlos Vasconcellos

Ruy NedelFernando Velasco

PFLLíder:

José Lourenço

LIDERANÇAS

Vice-Líderes:Inocêncio Oliveira

Ricardo IzarErico Pegoraro

Jesus TajraSarney FilhoIberê FerreiraDionísio Hage

Stélio DiasLuiz EduardoNelson Sabrá

PDSLíder:

Amaral Netto

Vice-Líderes:

Bonifácio de Andrada

Adylson MottaAécio de Borba

PDTLíder:

Brandão Monteiro

Vice-Líderes:

Amaury MüllerVivaldo Barbosa

Adhemar de Barros Filho

José Fernandes

PTBLíder:

Gastone Rigbi

Vice-Líderes:

Joaquim BevilacquaSólon Borges dos Reis

Arnaldo Faria de SáRoberto Jefferson

PTLíder:

Luiz Inácio Lula da SilvaVice-Líderes:

Plínio Arruda SampaioJosé Genoíno

PLLíder:

Adolfo OliveiraVice-Líder:

Afif DomingosPCdoB

Líder:Aldo Arantes

Vice-Líder:Eduardo Bonfim

PDCLíder:

Siqueira CamposVice-Líderes:

José Maria EymaelRoberto Balestra

PCBLíder:

Roberto FreireVice-Líderes:

Fernando SantanaAugusto Carvalho

PSBLíder:

Beth Azize

PTRLíder:

Messias Soares

DEPARTAMENTO DE Titulares Suplentes

COMISSÕES PFLDiretor: Carlos Brasil Araujo João Alves Enoc Vieira Denisar Arneiro Júlio Constamilan

Local: Anexo II - te,lefone ramal 7053 Jofran Frejat Furtado Leite Firmo de Castro Lézio Sathler

Coordenação de Comissões Permanentes Benito Gama Simão Sessim Francisco Sales Maria Lúcia

Diretora: Silvia Barroso Martins Mussa Demes Ivo Cersósimo Paulo Silva

Local: Anexo II - Telefone: 2245719 ramal 6890. Joaquim Haickel Percival Muniz

PDS

COMISSÃO PERMANENTE Jorge Arbage

Comissão de Fiscalização e Controle José Luiz Maia PFL

Presidente: Fernando Gasparian - PMDBPDT Alércio Dias Dionísio Dal Prá

l'-Vice-Presidente: Benito Gama - PFL José Fernandes Arolde de Oliveira Fausto RochaZO-Vice-Presidente: Jorge Arbage - PDS PTB Arnaldo Prieto Lael Varela

Ottomar de Souza Pinto Cláudio ÁvilaPT

Titulares Irma PassoniPMDB PL PDS

Domingos Juvenil José Serra Adolfo Oliveira Francisco DiógenesEdivaldo Motta Mauro Campos Mello ReisFernando Gasparian Miro Texeira PDTGenebaldo Correia Nilso Sguarezi Suplentes Moema São ThiagoIsmael Wanderley Nion Albernas PMDB PTIrajá RodiÍgues Osmundo Rebouças Aécio Cunha Luis GushikenIvo Vanderlinde Roberto Brant Aluízio Campos José Costa PDCJosé Carlos Vasconcellos Bosco França José Dutra Siqueira Campos

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COMISSÃO TEMPORÁRIA Titulares SuplentesPMDB PMDB

Artur da Távola Milton Barbosa Cid Carvalho Márcia Kubitschek

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉ.Doreto Campanari Octávio Elísio Henrique Eduardo Alves Márcio BragaEduardo Moreira Rita Camata José Tavares Mauro Sampaio

RITO DESTINADA A INVESTIGAR O Hermes Zaneti Sérgio Spada Manoel Moreira Renato ViannaDESTINO DE APLICAÇÃO PELO MINIS-

PFLTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, DOS PPL

- RECURSOS PROVENIENTES,DA Leur Lomanto Eduardo Tinoco Evaldo Gonçalves Dionísio Hage

EMENDA CALMON, Eunice Michiles Nelson Sabrá Átila Lira Maria de LourdesAbadia

PDSPDS

REQUERIMENTO N9 1/87 Wilma MaiaUbiratan Spinelli

PDTPDT

Prazo 6.4·88 a 23-9·88 Chico HumbertoJosé Maurício

Presidente. Hermes Zaneti PTB PTBVice-Presidente: Eraldo TinocoRelator: S610n Borges dos Reis S6lon Borges dos Reis Fábio Raunheitti

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DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL

PREÇO.DE ASSINATURA

(Inclusas as despesas de correio via terrestre)

SEÇÃO I (Câmara dos Deputados)

Semestral.................................. Cz$ 950,00Exemplar avulso •......•................. Cz$ 6,00

SEÇÃO 11 (Senado Federal)

S4emestral ••.................•.........•.... Cz$ 950.00Exemplar avulso Cz$ 6,00

Os pedidos devem ser acompanhados de cheque pagávelem Brasília, Nota de Empenho ou Ordem de Pagamento pelaCaixa Econômica Federal - Agência - PS-CEGRAF, conta cor­rente nl? 920001-2, a favor do

CENTRO GRÁFICO DO SENADO FEDERAL

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Maiores informações pelos telefones (061) 211-4128 e 224-5615,na Supervisão de Assinaturas e Distribuição de Publicações - Coordenaçãode Antendimento ao Usuário.

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REVISTA DE INFORMAÇÃOLEGISLATIVA N9 96

(outubro a dezembro de 1987)

Está circulando o n9 96 da Revista de Informação Legislativa, periódico trimestral depesquisa jurídica editado pela Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.

Este número, com 352 páginas, contém as seguintes matérias:

Os dilemas institucionais no Brasil - Ronaldo PolettiA ordem estatal e legalista. A política como Estado e o

, direito como lei - Nelson SaldanhaCompromisso Constituinte - Carlos Roberto PellegrinoMas qual Constituição? - Torquato JardimHermenêutica constitucional - Celso BastosConsiderações sobre os rumos do federalismo nos Esta-

dos Unidos e no Brasil - Fernanda Dias Menezesde Almeida

Rui Barbosa, Constituinte - Rubem NogL!eiraRelaciones y convenios de las Provincias con sus Munici­

pios, con el Estado Federal y con Estados extranjeros- Jesús Luis Abad Hernando

Constituição sintética ou analítica? - Fernando HerrenFernandes Aguillar

Constituição americana: moderna aos 200 anos - Ricar­do Arnaldo Malheiros Fiuza

A Constituição dos Estados Unidos - Kenneth L. Pe­negar

A evolução constitucional portuguesa e suas relações coma brasileira - Fernando Whitaker da Cunha

Uma análise sistêmica do conceito de ordem econômicae social - Diogo de Figueiredo Moreira Neto eNey Prado .

A intervenção do Estado na economia - seu processoe ocorrência históricos - A. B. Cotrim Neto

O processo de apuração do abuso do poder econômicona atual legislação do CADE -José Inácio GonzagaFranceschini

Unidade e dualidade da magistratura - Raul MachadoHorta

Judiciário e minorias - Geraldo Ataliba

Dívida externa do Brasil e a argüição de sua inconstitucio­nalidade - Nailê Russomano

O Ministério Público e a Advocacia de Estado - PintoFerreira

Responsabilidade civil do Estado -Carlos Mário da SilvaVelloso

Esquemas privatísticos no direito administrativo - J. Cre­tella Júnior

A sindi'cância administrativa e a punição disciplinar - Ed­mir Netto de Araújo

A vinculação constitucional, a recorribilidade e a acumu­lação de empregos no Direito do Trabalho - PauloEmllio Ribeiro de Vilhena

Os aspectos jurídicos da inseminação artificial e a disciplinajurídica dos bancos de esperma - Senador NelsonCarneiro

Casamento e família na futura Constituição brasileira: acontribuição alemã - João Baptista Villela

A evolução social da mulher - Joaquim Lustosa So­brinho

Os seres monstruosos em face do direito romano e docivil moderno - Sflvio Meira

Os direitos intelectuais na Constituição - Carlos AlbertoBittar

O direito autoral do ilustrador na literatura infantil- Hilde­brando Pontes Neto

Reflexões sobre os rumos da reforma agrária no Brasil- Luiz Edson Fachin

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LEIS ORGÂNICAS DOS MUNiCípIOS

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