diário católico

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Rua Piauí, 191, sala 50, Edif. Centro Comercial, Cep 86010-906 - Londrina - PR. E-mail: [email protected]. Direção: Abenvip Em Londrina, uma nova opção diferenciada de hospedagem, lazer, eventos, convenções e treinamentos. (43) 3347-7776 | w w w. c o n q u i s t a t u r i s m o. c o m . b r | Rua Elizio Turino, 265 - Jd. Sabará - Londrina - PR Conforto e Segurança com baixo custo CM lidera a Família Vicentina Entre os dias 13 e 23 de outubro de 1642, a Congrega- ção da Missão, fundada por São Vicente de Paulo, reali- zava sua primeira Assembleia Geral, no Edifício de São Lázaro, em Paris (França), com a presença de apenas 14 padres vicentinos, entre eles o fundador da CM, Vicente de Paulo. Liderando hoje a Família Vicentina Internacio- nal (Famvin), e ao celebrar o Jubileu dos 350 anos das mor- tes de São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac, a CM reuniu em Paris, para a 41ª Assembléia Geral, 117 representantes de todas as partes do mundo. Do Brasil, participaram sacerdotes de Curitiba, Fortaleza e Rio de Janeiro. O evento, que aconteceu do dia 28 de junho a 16 de ju- lho e teve como tema “Fideli- dade Criativa na Missão”, foi conduzido pelo padre George Gregory, dos Estados Unidos, superior-geral da Congrega- ção da Missão e 23º sucessor de São Vicente de Paulo que na oportunidade foi reeleito por mais seis anos. A programação constou de Santas Missas, reflexões, leitura de mensagens do Vati- cano, grupos de debate, elei- ção do superior-geral, pales- tras e reforma dos Estatutos. O padre Gregory inda- gou numa de suas homilias: “Que Congregação nós so- mos? Onde nós estamos? Aliviamos o sofrimento dos mais pobres? Temos sido sal e fermento?”. Foram também apre- sentadas as conclusões das Assembléias Provinciais da CM realizadas nos principais países dos cinco continentes. Dentre elas destacam-se a ne- cessidade de um tratamento mais abrangente e global das atividades pastorais e de de- senvolvimento social; forma- ção da consciência crítica do povo e que a prioridade deve ser dada aos projetos que pro- movam mudanças estruturais na sociedade, também cha- mada de mudança sistêmica, uma estratégia que consegue tirar os pobres da miséria. Mais informações no site www.cmglobal.org. Leia Pe. George Gregory, 23º sucessor de São Vicente de Paulo, 57 anos, é responsável por 4 mil padres vicentinos e 23 mil Filhas da Caridade, em 84 países. No Jubileu dos 350 anos da morte de Santa Luísa e São Vicente, os Correios lançam selo comemorativo. Veja no site www.diariocatolico.com.br Novos estatutos da AMM O Vaticano aprovou re- centemente os novos Esta- tutos da Associação da Me- dalha Milagrosa (AMM), um dos ramos da Família Vicentina Internacional mais antigos. A AMM é formada por fiéis leigos e pessoas con- sagradas, cuja fundação foi sancionada pela Igreja em 8 de julho de 1909, pelo Papa Pio X, por meio do Breve “Dilectus filius”, vinculando a nova entidade à direção do superior-geral da Congrega- ção da Missão. Em 2009, a AMM, reunida em Encontro Internacional, durante seu Centenário, elaborou novos Estatutos, que agora foram também, nas páginas 3 e 7 o artigo “As diferentes formas de pobreza”, do padre Mizaél Donizetti Poggioli, presiden- te do Conselho Nacional da Família Vicentina, que desta- ca a pobreza política como a pior de todas. aprovados pela Igreja. Assim se pronunciou a “Congrega- ção dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica”: “Esta Congregação, depois de aten- to exame da matéria, aprova o novo texto dos Estatutos Gerais da Associação da Me- dalha Milagrosa”. famvin.org VISITE-NOS diariocatolico.com.br twitter.com/diariocatolico Edição nº 043/2010

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Edição 43 do Jornal Diário Católico

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Page 1: Diário Católico

Rua Piauí, 191, sala 50, Edif. Centro Comercial, Cep 86010-906 - Londrina - PR. E-mail: [email protected]. Direção: Abenvip

Em Londrina, uma nova opção diferenciada de hospedagem, lazer, eventos, convenções e treinamentos.

(43) 3347-7776 | www.conqu i s ta tu r i smo.com.br | Rua Elizio Turino, 265 - Jd. Sabará - Londrina - PR

Conforto e Segurança com baixo custo

CM lidera a Família VicentinaEntre os dias 13 e 23 de

outubro de 1642, a Congrega-ção da Missão, fundada por São Vicente de Paulo, reali-zava sua primeira Assembleia Geral, no Edifício de São Lázaro, em Paris (França), com a presença de apenas 14 padres vicentinos, entre eles o fundador da CM, Vicente de Paulo. Liderando hoje a Família Vicentina Internacio-nal (Famvin), e ao celebrar o Jubileu dos 350 anos das mor-tes de São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac, a CM reuniu em Paris, para a 41ª Assembléia Geral, 117 representantes de todas as partes do mundo. Do Brasil, participaram sacerdotes de Curitiba, Fortaleza e Rio de Janeiro.

O evento, que aconteceu do dia 28 de junho a 16 de ju-lho e teve como tema “Fideli-dade Criativa na Missão”, foi conduzido pelo padre George Gregory, dos Estados Unidos, superior-geral da Congrega-ção da Missão e 23º sucessor de São Vicente de Paulo que

na oportunidade foi reeleito por mais seis anos.

A programação constou de Santas Missas, reflexões, leitura de mensagens do Vati-cano, grupos de debate, elei-ção do superior-geral, pales-tras e reforma dos Estatutos.

O padre Gregory inda-gou numa de suas homilias: “Que Congregação nós so-mos? Onde nós estamos? Aliviamos o sofrimento dos mais pobres? Temos sido sal e fermento?”.

Foram também apre-sentadas as conclusões das Assembléias Provinciais da CM realizadas nos principais países dos cinco continentes. Dentre elas destacam-se a ne-cessidade de um tratamento mais abrangente e global das atividades pastorais e de de-senvolvimento social; forma-ção da consciência crítica do povo e que a prioridade deve ser dada aos projetos que pro-movam mudanças estruturais na sociedade, também cha-mada de mudança sistêmica, uma estratégia que consegue

tirar os pobres da miséria.

Mais informações no site www.cmglobal.org. Leia

Pe. George Gregory, 23º sucessor de São Vicente de Paulo, 57 anos, é responsável por 4 mil padres vicentinos e 23 mil Filhas da Caridade, em 84 países. No Jubileu dos 350 anos da morte de Santa Luísa e São Vicente, os Correios lançam selo

comemorativo. Veja no site www.diariocatolico.com.br

Novos estatutos da AMMO Vaticano aprovou re-

centemente os novos Esta-tutos da Associação da Me-dalha Milagrosa (AMM), um dos ramos da Família Vicentina Internacional mais antigos. A AMM é formada por fiéis leigos e pessoas con-sagradas, cuja fundação foi sancionada pela Igreja em 8

de julho de 1909, pelo Papa Pio X, por meio do Breve “Dilectus filius”, vinculando a nova entidade à direção do superior-geral da Congrega-ção da Missão. Em 2009, a AMM, reunida em Encontro Internacional, durante seu Centenário, elaborou novos Estatutos, que agora foram

também, nas páginas 3 e 7 o artigo “As diferentes formas de pobreza”, do padre Mizaél Donizetti Poggioli, presiden-

te do Conselho Nacional da Família Vicentina, que desta-ca a pobreza política como a pior de todas.

aprovados pela Igreja. Assim se pronunciou a “Congrega-ção dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica”: “Esta Congregação, depois de aten-to exame da matéria, aprova o novo texto dos Estatutos Gerais da Associação da Me-dalha Milagrosa”. famvin.org

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Page 2: Diário Católico

FORMAÇÃO: “Todas as famílias da terra serão benditas em ti”. (Gênesis 12, 3b)

A família no livro do Gênesis

A Semana da Família é uma oportunidade para nossa refle-xão, oração e apoio a todas as fa-mílias. A família é um querer di-vino e tem suas raízes na família divina a Sua Santíssima Trinda-de. Deus criou o homem e a mu-lher à Sua imagem e semelhança, ou seja, Deus vive em comuni-dade e aliança de pessoas. Assim deve ser a família. Ao concluir a criação Deus abençoou o homem e a mulher e exultando de alegria exclamou ''está muito bom'' (Gn 1, 31). O próprio Deus se comove e tomado de assombro, admiração e exultação, manifesta seu con-tentamento pela família. Desde o princípio, a família é projeto de Deus (Mt 19,4).

Deus declara que ''não é bom o homem estar só'' (Gn 2,18). O individualismo, o isolamento, a solidão não fazem bem. A vo-cação humana é a reciprocidade, a complementaridade, o relacio-namento, a comunicação. É na família que todos estes valores acontecem desde a fecundação da vida. O berço da comunicação e do crescimento humano é a fa-mília. Ela é a primeira sociedade,

a primeira instituição, a primeira comunidade. Como sofrem as pessoas sem pai, sem mãe, sem filhos, sem irmãos. A desagrega-ção familiar desorienta as pesso-as e desordena a sociedade.

A mulher é criada como ajuda, auxiliar, companheira do homem (Gn 2,18.22). A mulher tirada da costela é um símbolo profundo, ou seja, homem e mu-lher devem ser amigos, compa-nheiros, parceiros. Eles se com-pletam, se ajudam, mutuamente. Seu destino depende do diálogo, da comunicação, da ajuda mú-tua, da convivência harmoniosa, da reciprocidade. Homem e mu-lher são chamados a viver lado a lado não acima, nem abaixo, nem contra o outro. Sua vida e felicidade de-pendem da con-vivência diária.

Q u a n d o o homem viu a mulher exclamou estupefato e impactado, ''osso de meus os-sos, carne de minha carne'' (Gn 2,23). Esta declaração cheia de assombro é também a confissão, o reconhecimento da igualdade de dignidade entre o homem e a mulher. Todo machismo, exclu-são, feminismo, discriminação não cabem no projeto de Deus. Desde o princípio o Criador quis a igualdade de dignidade dos sexos, igualdade e dignidade da pessoa humana, ou seja, do ho-mem e da mulher.

O Criador deixou uma or-dem, uma condição, um impe-rativo para que a família seja um bem para os esposos, os filhos e

a sociedade: ''O homem deixará seu pai e sua mãe, se unirá à sua mulher e ela será uma só carne'' (Gn 2,24). O que caracteriza a fa-mília é a unidade, a comunhão, a convivência. Ser uma só carne é aceitar o outro como ele é, unir corpos, almas, corações, ideais, esperanças, formar comunidade de vida e de amor, superando as deficiências e criando empatia, formando o ''nós'' e em doação mútua, em perdão constante, em oração conjugal e familiar, é ser uma só carne.

É preciso, porém, deixar pai e mãe, ou seja, cortar as depen-dências, apegos e assumir a liber-dade e a responsabilidade da for-

mação de uma nova família. Não podia faltar o mandamento do Criador em favor da trans-missão da vida: ''Sede fecundos'' (Gn 1,28).

A família é sacrário da vida, berço do amor onde a vida é transmitida, respeitada, cuidada e promovida. Os pais são colabo-radores do Criador e o amor con-jugal é fecundo.

Quando um bebê nasce ele é responsável pelo nascimento de uma família. Com o bebê nasce um pai e uma mãe, ele transfor-ma o casal em família. Quem em-bala um bebê, está embalando o futuro do mundo. Os filhos têm direito de ter um pai e uma mãe e direito à presença deles em casa. Que a família acredite naquilo que ela é. DOM ORLANDO BRANDES,

arcebispo de Londrina

“O que caracteriza a

família é a unidade,

a comunhão, a

convivência.”

ANTES DE LIGAR A TV SINTONIZE DEUSA Palavra de Deus em 1º lugar

LEITURA DIÁRIA

SEGUNDA-FEIRA (9/08/2010): Dia dos santos Domiciano, Marcelino e Romão. Dia do lançamento da Bomba Atômica sobre Nagasaki (1945). Dia Internacional dos Povos Indígenas do Mundo (Onu). Primeira Lei-tura: Ezequiel 1, 2-5.24-28c; Salmo Responsorial 148; Evangelho: Mateus 17, 22-27. TERÇA-FEIRA (10/08/2010): Dia de São Lourenço, Protetor dos Po-bres, Padroeiro dos Diáconos, Seminaristas, Bibliotecários, Arquivistas, Bombeiros, Açougueiros e Vidraceiros. Dia da Enfermeira e do Diácono Permanente. Primeira Leitura: 2º Cor 9, 6-10; Salmo 111 (112); Evangelho: João 12, 24-26.

QUARTA-FEIRA (11/08/2010): Dia de Santa Clara de Assis, Padroeira da Televisão. Dia dos santos: Alexandre e Suzana. Dia do Advogado e do Jurista. Dia da Consciência Nacional, dia Nacional do Estudante, dia da Pendura e dia do Garçom. Primeira Leitura: Ezequiel 9, 1-7; 10, 18-22; Salmo 112; Evangelho: Mateus 18, 15-20. QUINTA-FEIRA (12/08/2010): Dia dos santos Graciliano, Juliana e Ma-cário. Dia Nacional das Artes, dia do Presbiterianismo Nacional (come-moração da chegada ao Rio de Janeiro, em 1859, do reverendo Ashbel Green Simontron, 1º missionário enviado ao Brasil). Primeira Leitura: Ezequiel 12, 1-12: Salmo 77; Evangelho: Mateus 18, 21; 19, 1. SEXTA-FEIRA (13/08/2010): Dia de Santa Helena e dos santos mártires Ponciano, papa e Hipólito de Roma, presbítero, Padroeiro dos Carcerei-ros. Dia de São Benildo, Padroeiro dos Acordeonistas. Dia do Economis-ta, dia Nacional do Bandeirantismo e dia Internacional dos Canhotos. Primeira Leitura: Ezequiel 16, 1-15.60.63; Salmo Responsorial: Isaías 12, 2-6.; Evangelho: Mateus 19, 3-12..

SÁBADO (14/08/2010): Dia de São Maximiliano Maria Kolbe, presbíte-ro e mártir, Padroeiro dos Jornalistas e Repórteres, Patrono da Evangeli-zação pelos Meios de Comunicação, Patrono dos Movimentos Pró-Vida, Protetor das Famílias em Crise de União e Protetor dos Prisioneiros Po-líticos. Dia dos santos Calisto e Eusébio. Dia da Unidade Humana. Pri-meira Leitura: Ezequiel 18, 1-10.13b.30-32; Salmo 50; Evangelho: Mateus 19, 13-15.

DOMINGO (15/08/2010): Solene Vigília da Assunção de Nossa Senhora. Dia de Nossa Senhora do Ar, Padroeira dos Aviadores. Dia dos santos: Alípio, Jacinto e Tarcísio, Padroeiro dos Coroinhas. Dia da Boa Semente, dia Mundial do Fotógrafo, dia da Informática, dia Nacional das Santas Casas de Misericórdia e dia dos Solteiros. Primeira Leitura: Apocalipse 11, 19a; 12, 1-6a.10ab; Salmo 44 (45); Segunda Leitura: 1Coríntios 15, 20-26.28; Evangelho: Lucas 1, 39-56.

REGRAS PARA OBTER PROSPERIDADE1 – Dar o primeiro lugar à Palavra de Deus; 2 – Meditar a Palavra de Deus; 3 – Praticar a Palavra de Deus e 4 – Obedecer a VOZ DO ESPÍRI-TO. Porque “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor...” (Provérbios 20, 27)

“Não cesses de falar deste livro da lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo a tudo quanto nele está escri-to; então farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido”. (Josué 1,8)

Página 2 Edição 43/2010

Órgão oficial da Associação dos Benfeitores de são Vicente de Paulo - ABenViP. Diretor de marketing: saulo Martins Marlier. Presidente do Conselho editorial:

Rogério Martins Marlier. editor Responsável: Wanderley J. Marlière. Comercial: Renato Martinelli Casagrande (43) 9101-1821 e Helena Domingues (43) 9918-0477.

Page 3: Diário Católico

POBREZA NO MUNDO

As diferentes formas de pobrezaAlém da pobreza material há uma forma de pobreza mais aguda que é a pobreza política

Mizaél Donizetti Poggioli, CM

1. Dois mundos desiguaisFalar de pobreza no mundo

é falar de exclusão social. O mun-do, no aspecto material (welfare state), está dividido em duas gran-des partes. A primeira é compos-ta por países que possuem os me-nores Índices de Exclusão Social – IES. Está concentrado na Euro-pa, centro histórico da expansão do capitalismo, e incluem o Japão, Estados Unidos e Canadá, países de industrialização retardatária, mas que em tempo fizeram a re-forma agrária e desenvolveram políticas seletivas de defesa da produção nacional. São assim, 28 países com menor índice de ex-clusão social. Quatro deles fazem parte do Leste Europeu, também conhecido como Europa Orien-tal e são os novos integrantes da União Européia (Lituânia, Eslo-vênia, Hungria e República Tche-ca), o que revela a contribuição de alguns regimes socialistas para a melhoria dos índices de qualidade de vida e de inclusão social. Estes 28 países representam 14,4% da população mundial e participam com 52,1% de toda renda gerada anualmente. A renda per capita média destes países situa-se em torno de US$ 26,9 mil tendo em vista o critério de Paridade de Po-der de Compras.

Em segundo lugar, encontram-se os países com ex-clusão social acentuada. São 60 países. Fazem parte deles 35,5% da população mundial e se apro-priam de 11,1% da renda produzida no mundo. Possuem uma renda per capita média de US$ 2,3 mil

tendo em vista, também, o crité-rio de Paridade de Poder de Com-pras. Destes 60 países, 44 encon-tram-se na África e na Oceania, dividida territorialmente desde o século 19 pelos europeus, de acordo com seus interesses. São 10 países na Ásia que foram sub-metidos a várias modalidades de ocupação informal ou formal, 6 países na América Latina, onde a dependência política, ao longo do século 19, nem sempre significou uma real autonomia econômica, financeira e política. É preciso enfatizar também que 80% da po-pulação africana vivem em países situados na marca extrema da ex-clusão social, contra 37% na Ásia, 19% na Oceania e 7% na América Latina.

2. Quem são os excluídos?

A POBREZA MATERIALOs países que apresentam os

piores Índices de Exclusão Social, em sua grande maioria, são víti-mas da pobreza, da desigualdade, da baixa escolaridade, do analfa-betismo, da falta de universalida-de no acesso à saúde e da preca-riedade no mercado de trabalho. São os países que sofrem ainda as conseqüências da velha exclusão social - baixa renda e alto anal-fabetismo – como também pelas manifestações da nova exclusão social que é o desemprego, a desi-gualdade de renda, a baixa escola-rização superior e a violência.

A POBREZA POLÍTICAAlém da pobreza material

há, no entanto, uma forma de po-breza mais aguda que é a pobreza política. O conceito de pobreza

política surgiu no contexto da política social, em particular do combate à pobreza, e hoje é tam-bém vastamente usado nos Rela-tórios do Desenvolvimento Hu-mano da ONU/PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desen-volvimento), sobretudo após 1997. Pretende assinalar que pobreza não pode ser reduzida à carência material, por mais importante que esta sempre seja, porque sig-nifica fundamentalmente fenô-meno de exclusão política.

Ser pobre é menos não ter, do que não ser. Passar fome é gran-de miséria, mas a miséria ainda maior é não saber que, primeiro, a fome é inventada e imposta, e, segundo que, para superar a fome não basta receber comida, mas é preciso ter condições de prover o próprio sustento.

Com isto, passou-se a con-siderar a ignorância como sen-do o centro da pobreza: Pobre é,

sobretudo, quem não sabe ou é coibido de saber que é Pobre. Ir-remediavelmente Pobre é quem sequer consegue saber que é Po-bre. Falta-lhe consciência crítica para, primeiro, “ler” sua realidade e, depois, para enfrentá-la dentro de projeto político alternativo. Faltando-lhe esta consciência crí-tica, não consegue fazer-se sujeito capaz de história própria, espe-rando, pois, a solução dos outros. O sistema se aproveita desta cir-cunstância para mantê-lo como “massa de manobra”, incluindo-o como “beneficiário”, não como cidadão.

Não se permite que se cons-titua sujeito capaz de história pró-pria. Assim, pobreza não implica apenas estar privado de bens ma-teriais, mas, sobretudo estar pri-vado de construir suas próprias oportunidades, tomar o destino em suas mãos. Quando se fala de ignorância, entretanto, não esta-mos indicando aquela que todo educador sabe que não existe, já que todo ser humano está her-menêutica e culturalmente plan-tado, desenvolve cultura própria, saberes compartidos, mantém patrimônios históricos, identida-des múltiplas, mas aquela histo-ricamente produzida, cultivada e reproduzida.

3. Os Pobres como Sujeitos

Muitas políticas adotadas pelo Banco Mundial não satis-fazem as expectativas de cresci-mento que se deveriam buscar. Quando mede o crescimento de uma dada população leva-se em consideração o crescimento eco-nômico em grande escala. Quan-

do observa que o produto interno bruto (PIB) está crescendo em um dado país ou região pensam que está alcançando a meta da erradi-cação da pobreza.

Isso leva-nos a fazer as se-guintes observações: primeira, o crescimento do PIB é doloro-samente lento e pode estar ocor-rendo sem benefício algum aos Pobres e, segunda observação é que, quando isso ocorre pode ser que esse crescimento acontece até mesmo à custa dos Pobres.

Assim, nessa concepção de crescimento os Pobres são vistos como objetos; deixam de reco-nhecer o enorme potencial deles, principalmente das mulheres e de seus filhos. Em muitas situações, as autoridades não conseguem vê--los como atores independentes e protagonistas de seu próprio de-senvolvimento.

Sabemos que o ser humano, sempre no contexto de estruturas dadas, é capaz de interferir nelas e em si mesmo, abrindo espaços próprios de atuação; até certo ponto, pode fazer história pró-pria, individual e coletiva. O ser humano é capaz de conquistas inauditas que afrontam seus limi-tes em todos os sentidos; parece deter da maior potencialidade de construção da autonomia.

Como na época atual, no tempo de Vicente de Paulo mui-tas das pobrezas eram causadas pelas políticas ambiciosas dos go-vernos. Na França de sua época, Vicente de Paulo fez um trabalho efetivo para a erradicação da po-breza. Agiu em muitas frentes de serviços para a mudança das condições de miserabilidade dos Pobres.

(Continua na página 7)

Padre Mizael Donizete Poggioli, CM, presidente do Conselho Nacional da

Família Vicentina

Edição 43/2010 Página 3

Page 4: Diário Católico

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Os 50 anos de uma ousadiaA partir desta edição o

Diário Católico coloca em destaque os 50 anos do Cen-tro Comercial. Existem dois grandes motivos para isso: a sede da Digilaser Computa-ção Gráfica, na sala 50, que oferece espaço para a redação do jornal e a forte comunida-de de benfeitores que é exem-plo de ecumenismo e possui

Jacob, alfaiate da sala 21Além da habilidade nas agulhas, tesoura e máquina de

costura, o descendente de ucraniano Jacob Lubatchewsky (v. foto), tem o dom de transformar cada freguês em amigo. Den-tre seus clientes estão algumas autoridades de Londrina e re-gião. Começou no ofício de alfaiate ainda adolescente em Ita-peva-SP, onde nasceu. “Foi uma paixão que aprendi na família e com 15 anos já fazia paletós” – revela. Para dar conta de todas as encomendas, Jacob conta com o apoio de um funcionário que trabalha em casa. Sua experiência marcou presença junto aos alfaiates mais famosos de Londrina. Também trabalhou na Center Aluguel e há 12 anos atende na sala 21 do Centro Comercial.

Ovídio, o mestre da sala 7Especializado na confecção de ternos, camisas, cal-

ças e consertos, Ovídio Silvério tem uma experiência de âmbito internacional. Começou a trabalhar aos 12 anos na alfaiataria da família no Paraguai. Depois se estabe-leceu em Foz do Iguaçu onde formou uma clientela com a característica das três fronteiras. Casado com uma lon-drinense, foi convencido em 2009 a mudar para Lon-drina. “Aqui temos mais tranqüilidade para criarmos o nosso filho Renato, que já está com 12 anos” – explica. A esposa Suely Patuzzo (v. foto), que o auxilia no atendi-mento e costuras, já trabalhou no Centro Comercial, na época em que funcionava a empresa de cursos CEDM.

vários grupos bíblicos de re-flexão.

Formado por três blocos de 20 andares com 225 aparta-mentos e 105 salas comerciais em duas galerias, o Centro Comercial é o primeiro em-preendimento deste vulto construído no interior do Pa-raná. A pedra fundamental foi lançada em 21 de novem-bro de 1959 pelo prefeito An-tônio Fernandes Sobrinho e a solenidade contou com as bênçãos de Dom Geraldo Fer-nandes.

A entrega do primeiro bloco aconteceu em 1962 pela Construtora Veronezi que se encarregou de tornar realida-de o ousado projeto. Sendo a prestação de serviços a prin-cipal característica do Centro Comercial, conheça os profis-sionais que mantêm a tradi-ção das alfaiatarias.

Página 4 Edição 43/2010

Page 5: Diário Católico

Ordenação Presbiteral em BHO diácono Vinícius Augusto Ribeiro Teixeira (à direita na

foto, junto com Mirian Godoy e Paulo Turci, de Londrina), será ordenado Presbítero no dia 15 de agosto, às 9 horas, na Paróquia São José do Calafate, em Belo Horizonte-MG. Dom Washington Cruz, arcebispo de Goiânia-GO, fará a imposição das mãos. Vinícius aceitou ser sacerdote vicentino pela Con-gregação da Missão, Província do Rio de Janeiro. É autor do opúsculo “Seguir Jesus no caminho de São Vicente e de Santa Luísa”, um dos volumes da coleção Círculos Bíblicos Vicenti-nos, muito requisitado nas conferências da SSVP.

O Sindicato dos Empregados no Comércio de Londrina possui atualmente uma ampla estrutura que vem prestando relevantes serviços aos comerciários e seus dependentes.

O Sindicato tem oferecido os seguintes benefícios: Assistência Trabalhista, Cível e Criminal, Assistência Médica, Dentária, conta inclusive com dentista para crianças. Possui Auditório com capacidade para 200 pessoas devidamente sentadas. Barbearia, Emissão de Carteira Profi ssional.

Convênio com especialistas nas diversas áreas médicas, ampla Sede Campestre, com piscina semiolímpica, piscina para crianças, Campo de Futebol Suíço, quadra de esportes, salão de jogos, salão para festas, playground infantil, estacionamento. Para os comerciários interessados em adquirir a carteirinha é necessário Carteira de Trabalho, foto 3x4, certidão de nascimento dos fi lhos.

A sede social localizada à Rua Fernando de Noronha, 207, foi totalmente reformada, garantindo assim um melhor conforto para todos os comerciários.

sindicato dos empregados no Comércio de Londrina - Rua Fernando de noronha, 207 - (43) 3323-1815 - [email protected]

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Sindicato, entre no site www.sindecolon.com.br

e conheça seus benefícios e de sua família.

José Lima do Nascimento - Presidente80

Edição 43/2010 Página 5

Page 6: Diário Católico

ALIMENTAÇÃO & SAÚDECaroline M. Calliari

As funções básicas dos alimentos

Deus disponibilizou todo o necessário na natureza para a nossa perfeita nutrição e saúde. No reino vegetal e no animal estão disponíveis os nutrientes de que precisamos para a manu-tenção da saúde física e mental. Constitui prova de amor para consigo e para com a própria família a atitude de buscar uma alimentação natural, conscien-te e equilibrada. Os alimentos estão divididos em três grupos, de acordo com suas funções bá-sicas:

CONSTRUTORES – São aqueles que apresentam alto teor de proteínas. Estes conservam os tecidos do organismo, regulam o crescimento e contribuem para o desenvolvimento dos músculos, do cérebro, do fígado, etc. En-tre as fontes destes compostos reguladores estão alimentos de origem animal e vegetal. O leite e derivados, os ovos, a carne devem ser consumidos em proporção inferior em relação aos vegetais, pois apresentam o inconvenien-te do colesterol e carregam em si certas toxinas. Os vegetais como as leguminosas (feijões, grão-de--bico, ervilha, soja, lentilha) e frutas oleaginosas (amendoim, nozes, castanhas, amêndoas, avelãs) apresentam teores de proteína mais elevados do que os alimentos de origem animal e no caso dos vegetais, a absorção das proteínas contidas é muito maior (por ser menos complexa) pelo organismo.

ENERGÉTICOS – Man-têm o calor interno do corpo e fornecem energia para o traba-lho muscular, o esforço físico, a respiração, os batimentos cardía-cos, a circulação sangüínea, etc. Se utilizados em excesso, preju-dicam mais do que ajudam. São alimentos ricos em carboidratos (açúcares) e gorduras. Alguns alimentos energéticos: melado, rapadura, mel, arroz, milho, tri-go, batata, mandioca, farinhas em geral, frutas muito doces, etc.

REGULADORES – Contri-buem com as funções anteriores, regulam e ajustam o bom funcio-namento do organismo, princi-palmente os aparelhos digestivo e nervoso, sendo base protetora contra infecções. Desse grupo fazem parte as frutas, legumes, raízes e tubérculos fibrosos.

Quanto às necessidades específicas sabe-se que crianças e adolescentes exigem mais ali-mentos construtores e energéti-cos. Atletas necessitam mais de alimentos construtores e ener-géticos; idosos exigem mais ali-mentos reguladores.

Conscientes das funções básicas de cada grupo de alimen-tos, é preciso cultivar o respeito em relação ao alimento – cuidar muito bem da higiene da cozinha e dos utensílios: lavar exaustiva-mente os alimentos e as mãos antes de preparar ou ingerir al-gum alimento; tornar o local e o momento da refeição agradáveis, são atitudes que certamente con-tribuem para a saúde e harmonia de toda a família. É preciso lem-brar que todos esses cuidados são de responsabilidade dos que habitam um lar, a fim de propor-cionar uma qualidade de vida cada vez melhor.

(Caroline Maria Calliari, Doutora em Ciência de Alimentos

pela Universidade Estadual de Londrina – UEL)

LEITURA ORANTE

Aprenda a olhar o tecido do textoUm texto da Bíblia é como um tecido, feito

com os fios das frases e com as cores das palavras. Olhando o texto de longe, você vê o conjunto. Ob-servando-o de perto, você percebe as divisões e as

costuras. Como exemplo veja de perto o tecido do texto do livro de Rute que nos descreve o primeiro passo da reconstrução do povo de Deus (Rute, ca-pítulo 1, versículos 6 a 22).

# 1, 6-7 Começa a volta para a terra de Judá em busca de pão.• 1,8-14LamentoediálogodeNoemicomasduasnoras.*1,15-18RutedecideficarcomNoemievoltarcomela.*1,19-21LamentoediálogodeNoemicomasmulheresdeBelém.#1,22TerminaavoltaparaaterradeJudánacolheita.

Este gráfico revela as cos-turas do tecido, escondidas no emaranhado das palavras. Re-vela o jeito que o povo da Bíblia tinha de tecer os seus textos. É um quiasmo. (Quiasmo é um re-curso muito frequente da poesia hebraica que serve para arrumar as palavras e as frases dentro de um conjunto mais amplo. Por meio dele, o assunto tratado no início de um discurso ou de uma história é retomado no fim).

No primeiro passo, o início da caminhada (1, 6-7), predomi-na determinada cor, determina-da palavra. É a palavra voltar. Ela ocorre doze vezes! Sinal de que se trata de uma palavra--chave. Nem sempre ela tem o mesmo sentido.

Três mulheres iniciam a ca-minhada: Noemi, Orfa e Rute. Uma delas é do povo de Deus, as outras duas são de outra reli-gião. Eram pessoas sem voz nem vez na sociedade daquele tem-po, pois eram pobres, viúvas, estrangeiras e mulheres! O que as une é a pobreza, o desejo de ter pão, os laços de amizade e de parentesco e o desejo de estar lá onde Deus faz visita ao povo.

LIÇÃO DOS POBRESNoemi não esconde a dure-

za da caminhada e avisa as duas noras: continuando com ela, nunca terão marido (1, 11-13); te-rão ao contrário a amargura do peso da mão de Deus (1, 13). De-sistindo de caminhar com ela,

terão casa, descanso e marido, e não perderão a misericórdia de Deus (1, 8-9). Elas é que se decidam e façam a sua escolha! Diante disso, Orfa se define, dás as costas e se afasta da caminha-da (1, 14). (Orfa significa Cos-tas).

O Deus de Noemi é maior do que seus problemas. Ela sabe disso. Por isso, não desiste da luta e tem esperança, apesar de tudo. Noemi tem a sabedo-ria dos pobres. Não quer Deus só para si e para a sua raça. Ela pede que Javé seja bom e mise-ricordioso também para com as duas noras que são de outra raça e de outra religião. Pede que Ele arrume para cada uma delas casa, descanso e marido (1, 8-9). Aqui está a lição dos pobres: não reduzem Deus ao tamanho dos seus próprios interesses. Não nacionalizam a fé, não põem Deus a serviço da raça, nem da instituição. Reconhecem Javé como Senhor e Deus de todos. Por isso, são capazes de serem irmãos e parentes de todos!

COMPROMISSO RADICALEstudando as costuras e as

cores do texto vimos que o cen-tro do primeiro passo é quando Rute decide ficar com Noemi e voltar com ela (1, 15-18). Rute não segue o exemplo de Orfa. (Rute significa Amiga). Em vez de dar as costas, ela é amiga, agarra-se a Noemi e diz:

“Não adianta insistir co-migo, para que eu te deixe. Pois para onde fores, eu também vou; onde for tua morada, será também a minha! Onde parar, eu paro! Teu povo será o meu povo. Teu Deus será o meu Deus! Onde morreres, quero eu

também morrer e ser sepultada. Juro! Deus é testemunha e me castigue se outra coisa, a não ser a morte, me separar de ti! (Rt 1, 16-17)

Estas palavras tão simples e tão profundas descrevem as condições para alguém poder pertencer ao povo de Deus e participar da caminhada. São as condições da opção pelos pobres! Descrevem a nova porta de en-trada para o povo de Deus. Não é a porta da pureza da raça nem da mera observância, como que-ria Esdras. É a porta do compro-misso concreto com as pessoas da comunidade.

MENSAGEIROS DE DEUSMuita gente entra na cami-

nhada. Nem todos vão até o fim. Nem tudo é claro! É a própria caminhada que ajuda as pesso-as a se definir. “A luz se faz é na travessia”, diz Guimarães Rosa. Quando viu que a nora estava mesmo resolvida a ir com ela, Noemi parou de insistir (1, 18). Aqui também, a luz só se fez na travessia.

No início, Noemi não que-ria que Orfa e Rute fossem com ela (1, 11). Mas mudou de opi-nião. Ela se rendeu diante do que via acontecer na vida de Rute. A luz veio dos fatos, acei-tos e interpretados como mensa-geiros de Deus. Por isso, em vez de expulsá-la, Noemi acolheu Rute e permitiu que ela entrasse na terra e fizesse parte do povo de Deus. Ela não se considera dona da porta de entrada do povo de Deus. O Dono da porta é o próprio Deus.

(Este subsídio foi extraído do livro de Carlos Mesters, Rute, uma história da Bíblia, Ed. Pau-linas, São Paulo, 1985, pp. 36-42).

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POBREZA NO MUNDO

A atitude de Vicente de PauloPode-se dizer que Vicente de Paulo realizou o projeto “fome zero” nas regiões da Lorena,

Champagne e Picardia, na época devastadas pela guerraMizaél Donizetti Poggioli, CM

(Continuação da página 3-ítem 4)

Organizou os padres da Congregação da Missão que ti-nham por objetivo a Evangeli-zação e Serviço aos Pobres; com Luisa de Marillac reuniu as Filhas da Caridade para o trabalho dire-to com os abandonados; fundou as Voluntárias da Caridade para visitar os Pobres e doentes em suas próprias casas; investiu na conscientização e na formação do clero para que estivessem do lado dos Pobres fundando Seminários, promovendo as Conferências das Terças-Feiras, e os sensibilizando pelos Retiros; organizou hospi-tais, casas de acolhida para crian-ças, idosos e doentes; empreendeu obras que cuidassem das crianças de rua, dos menores abandona-dos, das crianças que não tinham casa, nem família, nem comida, nem qualquer tipo de proteção.

Sua luta na vida sempre foi dar alimento aos famintos e pro-mover a dignidade dos Pobres. Nenhuma pessoa que passava fome lhe era indiferente; ao con-trário, sempre ficava indignado com a multidão de famintos que viviam pelas ruas. Trabalhou com os escravos das galés, onde prisio-neiros eram condenados aos tra-balhos forçados como remadores. Ajudou aos atingidos pela guerra, peste e pela fome. Pode-se dizer que Vicente de Paulo realizou o projeto “fome zero” nas regiões da Lorena, Champagne e Picardia, na época devastadas pela guerra e pela fome.

De Saint Quintín, em 1652, escreve um padre da Missão a Vicente de Paulo: “A fome é tão intensa que aconteceu já vermos homens comendo terra, ou ca-pim, ou casca de árvores; ou ainda rasgar dos próprios farrapos com os quais se protegem para poder comê-los. Porém, uma coisa que

não ousaríamos dizer se não tivés-semos visto com nossos próprios olhos e que é algo que nos causa verdadeira indignação, é ver que comem seus próprios braços e mãos e depois morrem de deses-pero (SV – Coste, IV, 300)”.

Das conseqüências da devas-tação da Guerra da Fronda (que aconteceu no ano de 1648 ao final da Guerra dos Trinta Anos), por exemplo, pode-se encontrar rela-tos que eram feitos através de car-tas a Vicente de Paulo, enviadas pelos missionários da Congrega-ção da Missão – padres Vicenti-nos. Escreviam eles: “Acabamos de visitar 35 aldeias do decanato de Guisa onde encontramos cer-ca de 600 pessoas, cuja miséria é tamanha, que eles se atiraram sobre cachorros e cavalos mor-tos, depois ainda que os lobos já tivessem saciado sua fome. Só em Guisa há mais de 500 enfermos abrigados em buracos ou em ca-vernas, lugares mais apropriados para abrigarem animais do que pessoas humanas (SV, V, 136)”.

5. Uma atitude vicentina

A Família Vicentina, pessoas e grupos de pessoas estritamente ligadas ao carisma e à espirituali-dade legadas por Vicente de Paulo começa a redimensionar seu tra-balho para com os Pobres. Procu-ra voltar às fontes. O tema sobre “Promoção de Mudanças Sistê-micas – Estratégias para ajudar os Pobres a saírem da pobreza” é um sintoma com diagnóstico preciso.

Estamos, depois de 350 anos da morte de Vicente de Paulo, re-descobrindo, o que para ele era o óbvio. Começamos a re-descobrir o sábio axioma educativo que Vi-cente de Paulo utilizou durante sua trajetória de trabalho com os Pobres: a dedicação e o serviço a eles, assistindo-os de maneira ma-terial e espiritual.

Ajudar os Pobres a saírem da pobreza material implica como

expomos acima, ajudá-los a saí-rem da pobreza política. Quem é politicamente pobre não é cida-dão porque não tem a capacidade de organização e, conseqüente-mente não tem o poder de impor mudanças nem para si mesmo nem para a coletividade da qual faz parte.

Inserção e compromisso

Para Vicente de Paulo, é pre-ciso conhecer a realidade do Po-bre, ver suas condições materiais e entender como está sua situação como ser humano. Vicente de Paulo sempre alertava a respeito da essência do trabalho para com o Pobre. O trabalho vicentino é promover mudanças sistêmicas na vida dos excluídos proporcio-nando-lhes dignidade e vida em abundância em todas as dimen-sões humanas: “Se houver al-guém entre nós que pense estar na Missão para evangelizar os Pobres e não para socorrê-los, para reme-diar suas necessidades espirituais e não as temporais, respondo que devemos assisti-los e fazê-los as-sistir de todas as maneiras, por nós e por outrem, se quisermos ouvir estas consoladoras palavras do soberano Juiz dos vivos e dos mortos: ‘Vinde, benditos de meu Pai; possuí o Reino que foi prepa-rado para vós, porque tive fome e me destes de comer; estava nu e me vestistes; doente, e me socor-restes’. Agir assim é evangelizar por palavras e obras, é fazer o mais perfeito, o que fez também Jesus Cristo e é o que devem fazer quantos o representam na terra” (SVP - Coste XII, 87, 88; XI, 393).

O que queremos sugerir é que o trabalho vicentino na atu-al realidade não pode ser fun-damentado tão somente nas conseqüências desastrosas que comprometem a vida dos Pobres, mas também e, principalmente, nas suas causas.

Mais do que nunca, no tra-

balho Vicentino, se faz necessário articular estratégias de mudanças que se fazem a partir da politiza-ção que leva o Pobre a:

1. Sair do processo histórico de ignorância. De uma parte, dar--lhe ferramentas necessárias para que ele reconheça que está viven-do na pobreza e, por outra parte, que ele está sendo, até mesmo, coibido de saber que é Pobre;

2. Deixar de ser massa de manobra e objeto de manipula-ção para ser sujeito de sua própria dignidade;

3. Ser cidadão que se organi-za politicamente para poder im-por mudanças significativas para a sua vida e para a vida da comu-nidade;

4. Ter consciência de seus direitos e construir a noção essen-cial para a sua própria libertação.

Depois de 350 anos da morte de Vicente de Paulo somos convi-dados a dar um salto qualitativo no trabalho Vicentino.

Para reflexão:1 Quem são os excluídos para

você em nossa sociedade?2. Como tornar eficaz nosso tra-

balho com os Pobres?3. Que incidência deveria ter na

Família Vicentina Internacional (Famvin) o conteúdo desta refle-xão na oração, formação e pro-jetos concretos de serviço com o Pobre?

Evangelizar por Palavras e Obras

“Evangelizar os Pobres não consiste unicamente em ensinar os misté-rios necessários à salvação, mas em fazer as coisas preditas e prefiguradas pelos profetas, tornando eficaz o Evangelho. Que os padres se dediquem ao cuidado dos Pobres. Não foi isto o que fez Jesus Cristo e fizeram muitos santos que não apenas rezavam pelos Pobres, mas também os consolavam, socorriam e curavam? Não são nossos irmãos? E se os padres os abandonam quem imaginais que os assista? De maneira que, se houver alguém entre nós que pense estar na Missão para evangelizar os Pobres e não para socorrê--los, para remediar suas necessidades espirituais e não as temporais, respon-do que devemos assisti-los e fazê-los assistir de todas as maneiras, por nós e por outrem, se quisermos ouvir estas consoladoras palavras do soberano Juiz dos vivos e dos mortos:

“Vinde, benditos do meu pai; possuí o Reino que foi preparado para vós, porque tive fome e me destes de comer; estava nu e me vestistes; doente, e me socorrestes. Fazer isto é evangelizar por palavras e por obras e é o mais perfeito e foi também o que nosso Senhor praticou e o que devem fazer aque-les que o representam na terra, como os padres. Eis por que devemos preferir esta função a todas as funções e empregos do mundo e nos considerar, since-ramente, os mais felizes dos homens ” São Vicente de Paulo.

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Benefício especial para professores

que desempenham cargos de direção

Atualmente, os profes-sores que atuam, ou já atua-ram, como diretor de escola, coordenador ou assessor pe-dagógico podem contabili-zar esse tempo para garantir a aposentadoria especial.

Até então só possuíam essa faculdade aqueles pro-fessores que trabalharam apenas e tão somente den-tro da sala de aula.

O novo entendimento, que deve prevalecer no Judi-ciário, foi manifestado pelo Supremo Tribunal Federal e altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

Fica definido que a atividade docente não se limita à sala de aula, e que a carreira de magistério compreende a ascensão aos cargos de direção da escola – desde que exercidos por professores.

Assim, é recomendável que o segurado-professor em vias de se aposentar e que se encaixe no caso aci-ma procure por orientação de um advogado especialis-ta em Direito Previdenciá-rio, para que a concessão de sua aposentadoria obedeça aos critérios que lhe sejam mais vantajosos.

De outro lado, aqueles professores aposentados

que desempenharam ativi-dades de direção e coorde-nação escolar igualmente têm o direito de requerer a conversão de tais perío-dos em atividade especial mediante Ação Revisional, buscando também a orien-tação de um advogado espe-cialista.

Ressalte-se que, no caso de revisão do benefício, além do aumento na renda mensal percebida são devi-dos os atrasados dos últi-mos cinco anos, com juros e correção monetária.

Marly Aparecida Pereira Fagundes - Advogada

Ato de confiança e súplica ao Imaculado Coração de Maria, pela solução do Caso Amanda Rossi

Mãe Imaculada, Mãe de Jesus e Mãe de todos nós, nós, vossos filhos e filhas, cer-tos e seguros do vosso amor maternal, dirigimo-nos a Vós com confiança e simplicidade filiais, pedindo-vos suplican-tes que atendais aos nossos rogos.

A Vós, Mãe, ao vosso Coração materno, confiamos o CASO AMANDA ROSSI. Pedimo-vos, suplicamo-vos, imploramo-vos a plena e de-finitiva solução para este an-gustiante caso, para este mis-tério que ainda atormenta os nossos corações.

Ó Maria, Vós sois a Mãe do Sol da Justiça, o Cristo, nosso Rei, que virá para jul-gar os vivos e os mortos. Fa-zei que venha à luz toda a verdade a respeito da trágica morte da vossa querida filha, Amanda Rossi. Que a justiça seja feita!

Mãe das Graças, lem-brai-vos que, o vosso título mais caro à Amanda era o de

“Nossa Senhora das Graças”. Concedei-nos a graça de ver, o quanto antes, a total elucida-ção do Caso Amanda Rossi, valei-nos com a vossa celes-te intercessão para que tudo aquilo que esteja dificultando esta solução seja derrubado para a Glória de Deus.

Mãe do Perpétuo Socor-ro, socorrei-nos! Ide à frente dos que buscam solucionar o mistério da morte de nossa querida Amandinha. Fazei que consigam chegar a con-clusões certas, e, definitivas, sobre tudo o que aconteceu

com ela, e, sobre a motivação que levou à esta barbárie.

Mãe Desatadora dos nós, desatai os intrincados nós do Caso Amanda Rossi. Não permitais que este caso per-maneça sem solução. Subju-gai e detei as forças do mal. Que a todos resplandeça a Luz da Verdade que ilumina e dissipa as trevas.

Mãe da Divina Providên-cia, “sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chama-dos segundo o seu desígnio” (Ro-manos 8, 28). Pedimo-vos de podermos ver e experimentar todo o bem que Deus, no Seu Amor Providencial, tira e ti-rará da tragédia da morte de Amanda Rossi. Pedimo-vos a conversão dos responsáveis por este crime. Pedimo-vos que sustenteis a nossa Fé, a nossa Esperança, e, o nosso Amor, até o fim.

Ó Maria, acolhei em vos-so Coração Imaculado esta humilde e ardente súplica que vos fazemos. Apresentai--a a Jesus. Alcançai-nos o que vos pedimos. Que o vosso Co-ração triunfe neste mundo, e, possamos ver a estupenda Vitória do vosso Filho Jesus, de um extremo ao outro desta terra! Amém! Amém!

Amanda Rossi, 22, foi assassinada no dia 27/10/2007, no campus da

Unopar, em Londrina

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INFORMATIVO JURÍDICO