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COPA DO MUNDO FIFA 2014 1 A representação do acontecimento na revista Tpm 2014 FIFA WORLD CUP The representation of the event by the Tpm magazine Ana Paula Veloso Silveira Teodoro RODARTE 2 RESUMO O presente trabalho estuda a maneira como o acontecimento Copa do Mundo FIFA 2014 é abordado na revista Trip para mulheres - Tpm . A edição adotada para análise é a #144 de julho de 2014. Tal disposição é um recurso necessário, pois a publicação corresponde a um dos meses em que ocorreu o Mundial. Metodologicamente, o estudo tem por base a análise do conteúdo do magazine e toma o conceito de acontecimento e seu “poder de afetar” como eixo organizador da análise. Desse modo, foi possível verificar que Tpm reverbera o acontecimento Copa do Mundo no Brasil através de diferentes conteúdos que dialogam com o tema. PALAVRAS-CHAVE: Copa do Mundo. Revista Tpm. Acontecimento. ABSTRACT The current paper studies the way how the 2014 FIFA World Cup event is approached by the Tpm - Trip para mulheres Magazine. The analysis adopted issue #144 for the study. Such disposition 1 Trabalho apresentado no GT Dispositivos e Textualidades Midiáticas. 2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) E-mail: [email protected] VIII Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação de Minas Gerais https://ecomig2015.wordpress.com/ | [email protected]

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COPA DO MUNDO FIFA 20141

A representação do acontecimento na revista Tpm

2014 FIFA WORLD CUPThe representation of the event by the Tpm magazine

Ana Paula Veloso Silveira Teodoro RODARTE2

RESUMO

O presente trabalho estuda a maneira como o acontecimento Copa do Mundo FIFA 2014 é abordado na revista Trip para mulheres - Tpm. A edição adotada para análise é a #144 de julho de 2014. Tal disposição é um recurso necessário, pois a publicação corresponde a um dos meses em que ocorreu o Mundial. Metodologicamente, o estudo tem por base a análise do conteúdo do magazine e toma o conceito de acontecimento e seu “poder de afetar” como eixo organizador da análise. Desse modo, foi possível verificar que Tpm reverbera o acontecimento Copa do Mundo no Brasil através de diferentes conteúdos que dialogam com o tema.

PALAVRAS-CHAVE: Copa do Mundo. Revista Tpm. Acontecimento.

ABSTRACT

The current paper studies the way how the 2014 FIFA World Cup event is approached by the Tpm - Trip para mulheres Magazine. The analysis adopted issue #144 for the study. Such disposition is a necessary resource, because the publishment corresponds to one of the two months in which the World Cup took place. Methodologically, the study is based on the analysis of the content of the magazine and takes the concept of event and it’s “power to affect” as organizing axis of the analysis. This way, it was possible to verify that the Tpm magazine reverberates the FIFA World Cup in Brazil event through different content that dialogue with the subject.

KEY-WORDS: World Cup. Tpm Magazine. Event.

1 INTRODUÇÃO1 Trabalho apresentado no GT Dispositivos e Textualidades Midiáticas. 2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) E-mail: [email protected]

VIII Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação de Minas Geraishttps://ecomig2015.wordpress.com/ | [email protected]

A Copa do Mundo FIFA 2014 foi o acontecimento mais comentado nas redes

sociais de todos os tempos3. Assim como na Web, o evento reverberou em diferentes

publicações pelo Brasil, entre elas, a revista feminina Trip para mulheres. Partindo da

noção de acontecimento o presente artigo realiza uma sucinta análise da repercussão da

Copa do Mundo no Brasil em Tpm. Para auxiliar tal estudo, foram utilizados como base

teórica diferentes autores que refletem sobre a ideia de acontecimento.

A escolha do recorte considerou que a Copa do Mundo no Brasil ocorreu entre os

meses de junho e julho de 2014. Antes da abertura do evento, a publicação #143 de junho já

havia sido publicada nas versões impressa e online, mas apresentava alguns conteúdos que

estavam relacionados ao acontecimento. Distintamente, a revista #144 de julho foi

produzida e lançada no decorrer da Copa, abordando com maior ênfase o Mundial.

Ponderando sobre o contexto da Copa do Mundo explorado por Trip para mulheres

nas publicações correspondentes ao período do torneio e do maior número de conteúdos

relacionados ao tema, optamos por trabalhar com a edição #144.

2 CONCEITO DE ACONTECIMENTO

Para uma garota de sete anos, era apenas mais um jogo de futebol em que ela

pintava o rosto com as cores da bandeira do Brasil. O acontecimento: final da Copa do

Mundo FIFA – 12 de julho de 1998. A família reunida, os gritos de tensão, o desespero e o

choro. A seleção brasileira se despedia do sonho de ser pentacampeã e assistia a França

erguer a taça. Esse talvez seja o primeiro acontecimento futebolístico do qual me recordo.

O momento ficou marcado não apenas na minha memória, mas na lembrança de todos que

desejavam soltar o grito de penta.

A palavra acontecimento4 é caracterizada como o que acontece, fato que causa

sensação, episódio, sucesso, ocorrência. Zago (2014, p.02 apud RODRIGUES, 1996)

aponta que “em termos gerais, um acontecimento pode ser entendido como algo que

acontece no mundo que foge da normalidade e adquire visibilidade”. Mesmo que recorrente

“o uso e tratamento deste conceito não se dá sob a égide do consenso: diferentes modos de

3 Disponível em: http://www.pt.org.br/copa-do-mundo-e-o-evento-mais-comentado-nas-redes-sociais-de-todos-os-tempos/ Acesso: 09 de agosto de 2015.4 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 2ª ed., revista e ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

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caracterizar o acontecimento convivem e contradizem-se no âmbito das ciências sociais e

da linguagem”. (FRANÇA; ALMEIDA, 2008, p.04)

Empenhando-se no “exame da noção de acontecimento”, Berger e Tavares (2010)

percorreram distintas definições de acontecimentos compreendidas por estudiosos. Como

resultado, produziram um quadro-síntese que particulariza os acontecimentos em duas

diretrizes: acontecimento geral e acontecimento da/na mídia. Encontrando-se dentro do

acontecimento da/na mídia os acontecimentos imprevistos e previstos.

Na mesma linha de ideias, Vera França (2012a, p.47) declara que os

“acontecimentos podem ser de duas ordens: existem os naturais e os sociais. Um e outro

podem ser espontâneos ou provocados; podem aparecer de forma súbita ou serem previstos,

programados, mas mesmo assim constituírem um acontecimento”. Nesse panorama, o que

nos interessa adentrar são os acontecimentos programados e o “seu poder de afectar os

seres” (QUERÉ, 2005, p.01).

Conforme a concepção de Patrick Charaudeau (2013), “devido ao modo de aparição

do acontecimento” (p.137), este pode ser classificado de três formas distintas. Há o

acontecimento-acidente5, que são aqueles que não podem ser previstos, como os desastres

naturais (ciclones, tsunamis, tremores, deslizamentos, etc.), o acontecimento suscitado que

é “preparado e provocado por tal ou qual setor institucional” (p.138) e o acontecimento

programado6 que nas palavras do autor,

O acontecimento é programado pela existência de um calendário que se pontua a organização e o desenvolvimento da vida social. Trata-se, aqui, de um advento, isto é, da aparição de algo conhecido ou anunciado antecipadamente, logo, esperado, como as manifestações esportivas (campeonatos de futebol, de rúgbi 3etc.), culturais (cantores num concerto, aberturas de exposições, estreias de filmes, de peças de teatro etc.), e os rituais da vida política institucional (inaugurações, festas oficiais, comemorações, eleições etc.). (CHARAUDEAU, 2013, p.138) [grifo do autor]

Os acontecimentos programados por possuírem uma data determinada e serem

esperados pela sociedade, em sua maioria, são “acontecimentos jornalísticos” (Berger,

Tavares, 2010) e ganham destaque nos meios midiáticos. Segundo Vera França,

Nesse conjunto de eventos (promovidos pelo tratamento midiático) podem ser incluídos tanto aqueles acontecimentos públicos que são, de fato, grandes

5 Grifo do autor.6 Segundo Berger e Tavares, “Dayan e Katz (2005) falam das cerimônias e grandes eventos públicos como exemplares dos acontecimentos programados”. (BERGER; TAVARES, 2010, p.136) [grifo dos autores]

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cerimônias – a beatificação do Papa, a abertura de uma Copa do Mundo de Futebol, o casamento do príncipe de Gales (...) (FRANÇA, 2012a, p.43)

Conforme Louis Quéré (2005), “certos acontecimentos são esperados, ou previstos,

e quando se produzem são o resultado daquilo que os precedeu. A sua ocorrência faz,

apesar disso, emergir algo de novo” (p.04). Esse “algo novo” é a produção de sentidos que

o fato realiza. Para o autor, o acontecimento está diretamente ligado com a experiência,

sendo o “poder hermenêutico do acontecimento” imprescindível em seus trabalhos.

Porque o verdadeiro acontecimento não é unicamente da ordem do que ocorre, do que se passa ou se produz, mas também do que acontece a alguém. Se ele acontece a alguém, isso quer dizer que ele é suportado por alguém. Feliz ou infelizmente. Quer dizer que ele afecta alguém, de uma maneira ou de outra, e que suscita reacções e respostas mais ou menos apropriadas. (QUÉRÉ, 2005, p.03)

Isabel Babo-Lança (2011) também sustenta que “o acontecimento afecta alguém ou

uma comunidade, precisamente porque surpreende, atinge, perturba e porque tem

consequências” (p.74). O acontecimento “trata-se de um fenômeno de sentido que instaura

descontinuidades e afeta aqueles que o experimentam” (FRANÇA; ALMEIDA, 2008,

p.02). Complementando esta ideia, Vera França situa que,

Inicialmente é importante lembrar que um acontecimento acontece a alguém; ele não é independente nem autoexplicativo, não são suas características intrínsecas que fazem o seu destaque, mas o poder que ele tem de afetar um sujeito – uma pessoa, uma coletividade. O acontecimento o é porque interrompe uma rotina, atravessa o já esperado e conhecido, se faz notar por aqueles a quem ele acontece. Uma ocorrência que não nos afeta não se torna um acontecimento no domínio da nossa vida. É simples fato, do qual até podemos tomar conhecimento, mas pelo qual não somos tocados. (FRANÇA, 2012b, p.13) [grifo da autora]

Como abordado pelos autores acima, o acontecimento acontece a alguém, e esse

acontecer afeta uma pessoa ou comunidade. Nesse sentido, os acontecimentos previstos ou

não, lançam possibilidades para novos fatos, sentidos e experiências. Cabe nesse contexto,

explorar como Copa do Mundo FIFA 2014 foi retratado na revista Tpm edição #144 de

julho e se o poder de afetação do acontecimento está presente nos textos e ensaios

fotográficos da publicação. Para tal, segue uma síntese da Copa do Mundo no Brasil e da

revista Trip para mulheres.

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3 COPA DO MUNDO FIFA 2014

A chamada “Copa das Copas”7 foi a vigésima edição da Copa do Mundo FIFA8.

Realizada no Brasil em 2014, contou com 32 seleções de diferentes países e 12 cidades-

sede. A abertura e encerramento do Mundial ocorreram respectivamente nos dias 12 de

junho e 13 de julho de 2014.

Inicialmente a Fifa por meio de sorteio dividiu as seleções em oito grupos

compostos por quatro equipes. Na primeira fase da competição ocorriam jogos internos de

cada “chave”, selecionando os dois times com maior pontuação para seguir na disputa.

Após esse momento, as 16 seleções com mais pontos passavam para as oitavas de final.

Com um sistema eliminatório, apenas oito seguiram para as quartas de final. Entre elas,

quatro equipes avançaram para a penúltima fase.

Nas semifinais os times classificados foram: Brasil, Holanda, Argentina e

Alemanha. Na disputa entre Holanda e Argentina, o grupo sul-americano ganhou nos

pênaltis. Para os brasileiros a situação foi um pouco mais dramática, perdendo para os

alemães com o estrondoso 7x1. O jogo final entre Argentina e Alemanha ocorreu no estádio

do Maracanã (RJ) e com um gol feito na prorrogação por Mario Götze, a Alemanha tornou-

se tetracampeã e a primeira seleção europeia a vencer um Mundial realizado na América

Latina.

Dados divulgados após o término da Copa do Mundo FIFA 2014 evidenciaram que

o evento atingiu níveis surpreendentes nas plataformas online. Segundo o Portal da Copa9,

as redes sociais foram ativamente utilizadas no campeonato. No Twitter “foram 672

milhões de tweets sobre o Mundial, transformando o torneio no evento mais tuitado de

todos os tempos”10 e no Facebook “(...) a rede contabilizou 3 bilhões de interações durante

a Copa do Mundo, envolvendo 350 milhões de pessoas”11.

7 Segundo texto da Folha de São Paulo, o bordão “Copa das Copas” foi criado pelo marqueteiro Nizan Guanaes. A presidente Dilma Rousseff foi a primeira pessoa a utilizar o mote. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/02/1409525-protestos-fizeram-governo-mudar-discurso-sobre-copa.shtml Acesso: 27 de julho de 2015.8 Copa do Mundo da FIFA é uma competição internacional de futebol realizada desde 1930. 9 Site do Governo Federal Brasileiro sobre a Copa do Mundo FIFA 2014.10 Disponível em: http://www.copa2014.gov.br/pt-br/noticia/copa-do-mundo-lidera-estatisticas-de-2014-do-twitter-e-do-facebook Acesso: 29 de julho de 2015.11 Disponível em: http://www.copa2014.gov.br/pt-br/noticia/copa-do-mundo-lidera-estatisticas-de-2014-do-twitter-e-do-facebook Acesso: 29 de julho de 2015.

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4. REVISTA TPM

Trip para mulheres – Tpm foi lançada em maio de 2001, pela Trip Editora. De

acordo com seu mídia kit12 (2015, p.18), “a Tpm nasceu com o objetivo de atender às

mulheres insatisfeitas com o tratamento dispensado a elas pela maioria das publicações

femininas do país”. Seu público é composto por mulheres (92%) entre 26 e 45 anos com

ensino superior completo (88%).

Com o perfil editorial bem demarcado, a revista dispõem de seções fixas - Páginas

Vermelhas, Bazar, Reportagens, Ensaio, Magazine, Badulaque, Coluna do Meio –

distribuídas em cerca de 100 páginas. Com periodicidade mensal, sua tiragem é de 35 mil

exemplares por mês. As leitoras de Tpm também podem acessar a revista na Web.

Seu site foi lançado conjuntamente com o primeiro magazine em 2001. O sítio

desfruta de textos produzidos unicamente para a rede e do conteúdo das publicações

impressas. Ao observar o website, nota-se que nas primeiras edições online, encontram-se

somente a capa e o número do volume. Há um pequeno acervo de exemplares que

apresentam timidamente alguns textos, mas é a partir da edição #61 de dezembro de 2006

que o conteúdo impresso passa a ser disponível integralmente.

Algumas edições de Trip para mulheres estão disponíveis integralmente no Google

Livros e podem ser acessadas por todas as pessoas. O magazine ainda está presente nas

plataformas online, Facebook, Twitter, Instagram, Pinterest e Google+.

5 POR DENTRO DA COPA NA TPM

Considerando como chave fundamental para atual discussão o “destaque dado na

mídia para grandes acontecimentos” (FRANÇA, Leonardo, 2013, 96) e resgatando como

fundamento teórico os autores citados, faremos uma sucinta análise da Tpm #144.

Para tal, consideramos toda a publicação de julho e verificamos que fora o editorial,

13 conteúdos mencionavam ou estavam ligados ao acontecimento Copa do Mundo FIFA

2014. Dentro disso, observando como eles foram abordados, percebemos que a “Copa das

Copas” é representada em Tpm de distintas formas. Através de nossas palavras, dividimos

essa representação das seguintes maneiras:12 Disponível em: http://www.tripeditora.com.br/wp-content/uploads/2015/04/Trip-Tpm-Mi%CC%81dia-Kit-2015.pdf Acesso: 29 de julho de 2015.

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5.1 O acontecimento como destaque

Nessa primeira perspectiva a Copa do Mundo FIFA 2014 é abordada como destaque

dos textos e ensaios fotográficos da edição #144. O acontecimento é o eixo principal dos

seguintes conteúdos:

Magazine: Dia de jogo, e daí?

Pelo contexto do momento, o título da matéria deixa subentendido que faz

referência aos dias de jogo da Copa, mas não evidência por qual direção irá percorrer.

Nesse caso, trata-se de um ensaio fotográfico com legendas e uma apresentação da

personagem principal e seu cotidiano para situar o público.

Na abertura é contado como a fotógrafa Layla Motta conheceu suas melhores

amigas durante sua infância e adolescência. Com o subtítulo Festinha, Tpm cita que no dia

17 de junho, além do jogo do Brasil contra o México, era aniversário de Layla. Para

comemorar e torcer, ela convidou as amigas para uma festa que “como de costume, e por

coincidência” era com comida mexicana.

As fotos foram registradas pela aniversariante e exibem os looks escolhidos por ela

mesma e por cada amiga. Nas legendas, além dos locais onde encontrar as roupas e

acessórios, cada garota relata como produziu seu visual e se a Copa do Mundo influenciou

na escolha. Entre as roupas expostas, há camisas da seleção, peças que apresentam as cores

da bandeira brasileira e aquelas que não possuem nenhum aspecto que possa ser ligado ao

acontecimento.

Entre as sete garotas, cinco entraram no clima da Copa e exploraram o verde, azul e

amarelo. As outras duas disseram optar por composições que fossem confortáveis e não

ligadas ao evento. Uma delas declarou: “Eu adoro Copa, adoro os jogos, mas nunca penso

na minha roupa por causa disso. Escolhi esta porque trabalhei antes do jogo e precisava

de um look confortável para todas as situações do dia” (p.79).

Nessa perspectiva, a questão do acontecimento afetar uma pessoa ou grupo

apontando por Quéré (2005), Babo-Lança (2011) e França (2012b) se fez presente na

escolha das roupas. Quase todos os looks adotados pelas garotas foram pensados na Copa

do Mundo e não no acontecimento aniversário da Layla.

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Especial: Dois dias de um gigante: 17/06/2013 – 17/06/2014

Trip para mulheres dialoga sobre o dia 17 de junho. Com uma pequena introdução

que fala sobre a diferença entre os brasileiros de 2013 que saíram as ruas e os brasileiros de

2014 que torciam por um gol, a revista relata que convidou torcedores e manifestantes para

registrar o dia do jogo contra o México.

Com apenas uma fotografia do protesto estampando a primeira página, a revista

divulga várias imagens distribuídas ao longo de outras 10. As fotos relativas ao dia do jogo

apresentam pessoas assistindo a partida em Miami; modelos brasileiras lamentando o 0x0

em Nova York; outras trabalhando e assistindo jogo ao mesmo tempo; pessoas que não

acreditavam na seleção e foram caminhar; algumas durante o intervalo trajando as cores da

bandeira; crianças com a camisa da seleção jogando bola após a partida; famílias torcendo;

amigos reunidos para ver a partida; vários famosos vendo o jogo ou reclamando do

resultado; brasileiras dançando após o jogo; garota vestida de princesa com as cores do

Brasil; o pelotão da tropa de choque na hora do jogo; fotógrafo clicando o amigo skatista

com as ruas vazias durante a partida; criança assistindo o jogo no pronto socorro; entre

muitos outros.

Nessa situação, o poder de afetação do acontecimento pode ser visualizado

novamente. Cada pessoa foi “tocada” de uma maneira, havendo aquelas que se entregaram

totalmente ao momento e torceram com a família, amigos, pessoas queridas. Houve as que

seguiram sua rotina de trabalho e assistiram ao mesmo tempo ao jogo. E também aquelas

que preferiram não participar do “movimento”.

Especial: A alegria é a prova dos nove

O texto sobre Gilberto Gil conta que o cantor durante o período da Copa do Mundo

suspendeu sua agenda de shows e adiou sua excursão anual à Europa para poder

acompanhar de perto os jogos do torneio. Em uma das partidas Gil conversou com Tpm e

expressou sua opinião ao comentar sobre as questões: maracanazo; profissão: torcedor;

#nãovaitercopa; soy loco por ti, américa; futebol-arte; nova classe c; um povo alegre.

Assim como Vera França (2012b) afirma que o acontecimento “desorganiza o nosso

presente” (p.13), Gilberto Gil ao considerar a Copa do Mundo desorganizou sua agenda

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profissional e pessoal para presenciar os jogos. Na frase: “Eu já tinha planejado ver esta

Copa faz tempo, tinha decidido que não teria nenhuma ocupação profissional nesse

período porque a minha excursão seria a Copa” (p.48), fica evidente que seu presente foi

programado visando desfrutar a competição.

Diante disso, não apenas a vida do cantor passa a ser afetada, mas sua entrevista

para o magazine. O bate-papo que em outros momentos poderia ser tratar sobre assuntos da

carreira e vida de Gil, passa a considerar o acontecimento como pauta da conversa.

Especial: A ala dos canarinhos

A modelo Michelli Provensi em A ala dos canarinhos narra o furor durante os dias

de jogo e como as brasileiras estão “se jogando” nas festas de rua. De acordo com Provensi,

“Foi-se o tempo em que futebol e seus deleites eram coisa de macho. (...) Quem gosta e

quem não gosta, está adorando o que acontece – e, se não está adorando, está

aproveitando. A ala feminina se espalhou lindamente pelas “Vilas Madalenas” do Brasil”

(p.51).

Da mesma forma, ela comenta que as pessoas estão plugadas 24 horas na TV

durante o Mundial e espalhando notícias nas redes sociais e WhatsApp. Segundo a modelo,

as pessoas estão vendo e falando o tempo todo dos jogos, além dos comentários sobre “a

beleza do time da Grécia, e o charme de Pirlo” (p.51).

O interessante desse texto é que a autora conta a sua experiência, mas também relata

o que ela observou nos lugares que frequentou nos dias das partidas. Michelli afirma

aproveitar todos os momentos do acontecimento, já acreditando que irá sofrer com o fim de

algo que modificou sua rotina. Como ela diz, “Esse momento é de fato único: até uma terça

à tarde no bar da esquina ganha a alegria de uma sexta-feira de férias em Paris” (p.51).

Segundo Vera França, (2012b) “(...) não existe lugar definido para a ocorrência

daqueles fatos que vão “acontecer a alguém”, penetrar na experiência de uma coletividade,

interromper a normalidade do seu cotidiano” (p.16) e este é o caso de Michelli Provensi e

de muitas pessoas que curtiram os momentos da Copa. Elas vivenciaram o acontecimento e

transitam pela experiência e afetação proporcionados.

Badulaque: Micos de 2014

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Na seção Badulaque, Nina Lemos assina de forma bem humorada os Micos de

2014, afinal como ela afirma no subtítulo, “Porque o que fica da “Copa das Copas” são os

pontos baixos, claro!” (p.94). Entre os micos eleitos por Tpm estão: Romero Brito e suas

pinturas, a festa de abertura padrão Fifa, a vaia na presidente e os jogadores da Inglaterra

reclamando do calor.

O artista brasileiro Romero Britto foi considerado um dos micos por ter pintado o

“Fuleco com cores Romero Britto, paisagens do Brasil com cores Romero Britto, e até um

retrato do Neymar (...)” (p.94) e todos parecerem a mesma coisa. A festa de abertura

produzida pela Fifa entrou na lista ao representar um Brasil criado para “gringo ver”. Outro

momento selecionado foi a vaia na presidente no estádio Itaquerão durante a abertura da

Copa Mundo, criticando também a suposta “elite branca” que se sentiu injustiçada. E por

último, os jogadores ingleses que fizeram algumas reclamações contra o calor brasileiro e

tentaram trocar o local da primeira partida deles contra os italianos.

Em tal caso, Trip para mulheres narra os “acontecimentos” que ocorreram dentro do

próprio acontecimento Copa do Mundo FIFA 2014. Diante disso, retoma-se a ideia de

Rodrigues (2006) no qual um acontecimento “foge da normalidade e adquire visibilidade”,

acentuando que o Mundial apesar de previsto, reverbera e origina novos sentidos.

5.2 O acontecimento trabalhado superficialmente

Distintamente do item 5.1, seis conteúdos da edição #144 contextualizaram o

acontecimento, de modo a fazê-lo presente nas seções de Tpm, mas não como enfoque

central. Neste caso, eles discutem a Copa do Mundo no Brasil superficialmente.

Nessa perspectiva, na seção Moda, o ensaio fotográfico Gringa Off-copa apresenta

poucos elementos relacionados a temática do Mundial. Fora o título e uma pequena

introdução que cita o verde e amarelo pelas ruas no dia 17 de junho de 2014, temos apenas

uma foto de uma cadeira com encosto de ferro no formato da bandeira brasileira que pode

ser relacionada ao evento.

Em Nada será como antes, a jornalista Giuliana Vallone escreve especificamente

sobre o seu 17 de junho de 2013, onde ela foi ferida ao cobrir as manifestações. O torneio é

citado ao final do texto, quando a jornalista pondera sobre como é comemorar um ano de

protestos na Copa e a sua torcida no jogo do Brasil contra o México. Na seção Especial, a

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escritora Carol Bensimon convidada por Trip para mulheres, cria em Filhos da Copa

possíveis fatos que iram ocorrer no Brasil e no mundo em 17 de junho de 2015. Expressões

como “legado da Copa” e “filhos da Copa”, aparecem no desdobrar do texto, mas nada que

se alongue definitivamente no acontecimento. O foco nesse caso é a reverberação da Copa

após um ano.

No ensaio do mês, a fotógrafa Autumn conta sua relação com seu irmão mais novo

e como foi fotografá-lo para a Tpm. Em uma de suas falas, ela cita que o irmão assiste à

Copa com ela e seus amigos e na chamada do ensaio somos informados que as fotos foram

feitas no dia 17 de junho, com exceção dessas passagens, não há mais nenhuma referência

ao evento. Na seção Badulaque, Nina Lemos em A não entrevista do mês não menciona o

acontecimento Copa do Mundo, mas dialoga com o universo do futebol ao escrever sobre a

suposta crise no casamento do famoso jogador de futebol Kaká com Carol Celico.

Na seção Nécessaire, Antonia Pellegrino escreve sobre alguns momentos do seu dia

17 de junho de 2014 e relembra #ogiganteacordou do ano anterior. Ao final do texto,

comenta que foi para a casa de uma amiga e os meninos ali presentes assistiram Brasil e

México. E por último, em Pra Fechar, a deputada federal Mara Gabrilli assina o texto

Brasil inclusivo sobre a criação da Lei Brasileira da Inclusão. Nele, o acontecimento

aparece uma única vez quando Mara escreve “em ano de Copa”.

5.3 O acontecimento por outra perspectiva

Na edição #144 de julho, três conteúdos abordam a temática do acontecimento por

outra perspectiva. Nestes textos, a presença da Copa do Mundo é verificada, mas é

trabalhada através de outro olhar.

Editorial: Que diferença faz um dia

Em Que diferença faz um dia, Fernando Luna reforça a chamada da capa Os dias

em que o país parou e discorre sobre os dias 17 de junho de 2013 e 17 de junho de 2014.

No começo do texto o diretor editorial fala da motivação dos brasileiros nas duas datas em

questão, em 2013 nas ruas lotadas por pessoas que sonhavam com melhorias no país e em

2014 nas ruas sendo esvaziadas por aqueles que corriam para casa para acompanhar a

partida entre Brasil e México.

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Fernando ressalta que “nos dois momentos, entre apocalípticos e integrados, sobrou

a sensação desconfortável de ficar no zero a zero” (p.10), mas também questiona se

realmente o Brasil ficou inalterado após as manifestações, assim como o placar da Arena

Castelão. Como resposta para essa indagação, ele acredita que a vitória mais preciosa dos

movimentos de 2013 foi a “transformação do imaginário brasileiro” (p.10).

Outro questionamento se faz presente na fala de Luna. Seria possível toda essa

transformação em apenas um dia? Para ele, “muitas vezes, um dia funciona como o resumo

perfeito de um longo processo. Suas 24 horas viram um ponto fixo no calendário, uma data

a ser memorizada, um esforço para organizar a história” (p.10). O diretor também comenta

sobre outras datas que marcaram o início de alguns acontecimentos.

Para finalizar, Fernando articula sobre os diferentes “eventos” que podem ocorrer

em um único dia, desde o número de pessoas que nascem e morrem, até quantos

quilômetros a Terra se move em torno do sol. Sinalizando o tom da edição, ele conclui com

os dizeres: “Tem dia que muda tudo, tem dia que passa batido. Que dia é hoje?” (p.10).

Especial: A mulher que o mundo vê

O texto A mulher que o mundo vê não tem como ponto central a Copa do Mundo ou

algum episódio que ocorreu em seu desenrolar, apesar disso, o acontecimento está presente

para arrematar uma sequência de circunstâncias e colaborar para que a leitora possa refletir

sua imagem e como ela pode ser vista no Mundial. Assinado pela antropóloga Mirian

Goldenberg, o texto discute a coerção estética da mulher brasileira. Segundo as pesquisas

da antropóloga, o corpo é visto como um capital na cultura brasileira, sendo através dele

garantido o sucesso no “mercado de trabalho e também no mercado afetivo e sexual”.

Mirian apresenta dados que relatam o crescimento das intervenções plásticas no

país. Atualmente, o Brasil encontra-se em segundo lugar no ranking de maior número de

cirurgias plásticas, perdendo apenas para os Estados Unidos. Outra informação apontada é a

pesquisa da Unilever que averiguou que 63% das brasileiras desejam fazer alguma

mudança em seus corpos por meio de cirurgia e que “sete em cada dez brasileiras deixam

de fazer alguma atividade quando se sentem feias ou gordas: elas deixam de ir à praia, a

festas e até ao trabalho” (p.52).

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Goldenberg menciona que nas mídias estrangeiras há reportagens denunciando a

exploração e o turismo sexual no Brasil, e nelas aparecem “fotografias de bundas de

brasileiras em minúsculos biquínis” (p.52). Comentando sobre seu trabalho, ela informa

que em uma de suas pesquisas realizada no Rio de Janeiro, ela questionou os homens o que

mais os atraía sexualmente em uma mulher, e a resposta mais citada foi a bunda.

Através do resultado da pesquisa, a antropóloga estabelece o gancho entre o assunto

e a Copa ao concluir o texto com a frase: “Com o mundo inteiro de olho no Brasil, você não

acha que é o momento perfeito para derrubar os estereótipos e provar que, como canta Rita

Lee, “nem toda brasileira é bunda”?” (p.52).

A perspectiva do acontecimento nesse caso é diferente da abordada no editorial. A

questão do afetar citada por Quéré (2006) e outros autores, passa a ser vista não como o

Mundial está afetando as brasileiras, mas como através dele as brasileiras podem afetar o

resto do mundo e exibir um estereótipo diferente do imaginado.

Páginas Vermelhas: Fenômeno

O último episódio em que a Copa é versada distintamente pela Trip para mulheres é

na entrevista com a jogadora de futebol Marta Vieira da Silva que ilustra a capa da edição

#144. Em Fenômeno, a revista a princípio relata sobre como o futebol deixou de ser um

divertimento na infância da atleta para tornar-se uma profissão. Nessa abertura são

utilizados trechos da entrevista, algumas falas não empregadas e a desenvoltura da atleta no

dia do encontro. Na entrevista, a repórter Karla Monteiro discute temas como

aposentadoria, sexualidade, estado civil, infância, seu time na Suécia, fama, alimentação e

os cinco prêmios como melhor jogadora do mundo.

Marta muitas vezes menciona a distinção entre o futebol feminino e masculino.

Trechos como esses evidenciam tais apontamentos, “As pessoas acham que o contrato das

jogadoras que se destacam chega perto do contrato de um Neymar, mas isso é fora da

realidade do futebol feminino” (p.28). E, “No futebol masculino, o cara se casa e a esposa

acompanha. No feminino, isso é muito difícil de acontecer. Só se você jogar no seu país –

e, por enquanto, isso não é possível” (p.31).

O acontecimento Copa do Mundo é apontado diretamente apenas quando Karla

pergunta quem foi o grande ídolo da Copa e a atleta afirma que sempre torceu pelo Brasil

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por ser brasileira e que existem jogadores que ela admira, citando Cristiano Rolando, Messi

e Neymar. Mas, espera que no final do ano o melhor jogador do mundo seja o Neymar.

A escolha de Tpm ao apresentar Marta como destaque, diz muito sobre a relação

estabelecida com seu público e o perfil editorial trabalhado pela revista. Afinal, por que

entrevistar um jogador em alta na competição, se temos em nosso país a única pessoa -

entre homens e mulheres - a ganhar o prêmio de melhor jogador (a) do mundo cinco vezes?

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como ressaltam Vera França e Luciana de Oliveira, o acontecimento “alarga o

horizonte do possível, aponta alternativas impensadas, convoca passados esquecidos e abre

o presente para novos futuros possíveis” (FRANÇA; OLIVEIRA, 2012, p.07). Nesse

sentido, Trip para mulheres #144 de julho destacou diferentes possibilidades de se

enquadrar o acontecimento Copa do Mundo FIFA 2014.

É perceptível que o ponto mais explorado pela revista é o dia 17 de junho. Apesar

de representarem dois acontecimentos em anos distintos, a ligação dos eventos é intensa e

plausível. As manifestações de 2013 podem ser consideradas um dos fatores que

estimularam a reverberação do acontecimento Copa do Mundo. Naquele cenário, milhares

de pessoas saíram às ruas por mudanças políticas, sociais, econômicas e um dos slogans

que circulava entre os manifestantes era o “Não vai ter Copa".

Assim como Quéré (2005) acredita que o acontecimento “apresenta, pois, um

carácter inaugural, de tal forma que, ao produzir-se, ele não é, apenas, o início de um

processo, mas marca também o fim de uma época e o começo de outra” (p.03), Trip para

mulheres destacou como o “acontecimento manifestações” marcou o ano de 2013 até

“alcançar” o acontecimento Copa e instaurar uma nova fase na vida dos brasileiros.

Além do dia 17 de junho de 2013 e 2014, o magazine inclui a moda; crise do

casamento de um jogador; um cantor acompanhando os jogos; possíveis leitoras

comemorando nas ruas; fotos durante o torneio; a melhor jogadora de futebol do mundo e

as brasileiras vistas pelo mundo. São através desses assuntos que a revista dialoga com o

acontecimento e reverbera sua importância e dimensão.

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A questão do afetar apontada por Louis Quéré (2005), Babo-Lança (2011), França e

Almeida (2008), também é visível na publicação de julho. Textos que trabalham

propriamente com o acontecimento apresentam, em sua maioria, personagens que estão

sendo “tocados” pela Copa. Tal perspectiva não é visível naqueles que apenas citam de

forma superficial o torneio.

Conforme Quéré (2005), um acontecimento “poderá ter sido esperado e, quando

produzido, satisfazer ou desfazer as esperanças, validar ou contrariar as previsões,

preencher ou desiludir as expectativas...” (p.13), e este talvez seja o legado do Mundial para

os brasileiros. O acontecimento Copa do Mundo FIFA 2014 mesmo que esperado,

modificou o dia-a-dia do país, produziu experiências, novos acontecimentos e desfez as

esperanças de toda uma nação que sonhava em ser hexacampeã.

REFERÊNCIAS

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BERGER, C.; TAVARES, F. M. B. Tipologias do acontecimento jornalístico. In: Márcia Benetti; Virgínia Fonseca. (Org.). Jornalismo e acontecimento: mapeamentos críticos. Florianópolis: Insular, 2010, v. 1, p. 121-142.

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FRANÇA, Vera R.; OLIVEIRA, Luciana de. Acontecimento: reverberações. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

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REVISTA TPM – TRIP PARA MULHERES. Osasco. Editor responsável: Paulo Lima, 2001. Disponível em: http://revistatpm.uol.com.br/revista/anteriores/2014 Acesso: 25 de agosto de 2015.

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ZAGO, Gabriela. A Copa de 2014 e a Construção do Acontecimento Jornalístico no Twitter: o Caso “Podolski brasileiro”. VIII Simpósio Nacional da ABCiber. São Paulo, dezembro de 2014.

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