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ERA SÓ MAIS UM SILVA?
As representações de DG no programa Esquenta!1
Filipe Monteiro Lago2
RESUMO:
Neste artigo, voltamos o nosso olhar para as interações estabelecidas durante a emissão feita pelo programa Esquenta! em homenagem ao dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG. A partir das interlocuções da apresentadora Regina Casé junto aos seus convidados, buscamos analisar as diferentes representações de DG no programa em voga. À luz dos conceitos de enquadramento e footing, procuramos encontrar os lugares de fala em que DG é posicionado durante a emissão de homenagem após ter sido assassinado.
PALAVRAS-CHAVE: representação, enquadramento, footing, Esquenta!, DG, Regina Casé.
ERA SÓ MAIS UM SILVA?
Representations of DG in the TV show Esquenta!
ABSTRACT:In this paper, we turn our attention to the interactions established during the emission of the TV show Esquenta! in honor of the dancer Douglas Rafael da Silva Pereira, known as DG. Based on the dialogues of the TV host Regina Case along with their guests, we aim to analyze different representations of DG in this program. By the concepts of framing and footing, we intend to find the speech places where DG is positioned over the thematic program about his death.
KEY-WORDS: representation, framing, footing, Esquenta!, DG, Regina Casé.
Preâmbulo
O programa Esquenta!, resultado de um projeto idealizado pela apresentadora
Regina Casé em parceria com Hermano Vianna, é exibido dominicalmente na faixa das 13
horas da Rede Globo de Televisão. O Esquenta! foi ao ar pela primeira vez no segundo dia
1 Trabalho apresentado no GT Processos Sociais e Práticas Comunicativas.
2 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais. Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto.
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de 2011, compondo a grade de programação especial de verão daquele ano. Em virtude da
boa aceitação de público e de índices de audiência satisfatórios, o programa foi renovado
para uma temporada ao longo do ano inteiro e assim se seguiu até o momento.
Em cada emissão semanal, o Esquenta! apresenta um tema a ser debatido, que
orienta não somente a discussão e a escolha de personalidades para compor a roda. Esse
“tema da vez” habita no cenário, no figurino de todos os componentes do programa e
também no repertório dos músicos.
Ao longo de quase cinco anos de duração, o programa Esquenta! vem assumindo
um caráter experimental no qual se propõe a fazer mudanças estruturais com mais
frequência do que outros programas do gênero. Dentre as mais perenes características do
programa, podemos observar a permanência do formato roda de conversa com um auditório
participativo; a presença de assistentes de palco composto por um grupo de coreografia
infantil, um grupo de dançarinas e o Bonde da Madrugada; a participação fixa de cinco
cantores de samba, dos comentaristas Alê Youssef e José Marcelo Zacchi, dos atores
Douglas Silva e Luis Lobianco e da vlogger Luane Dias.
Ancorado no desafiador objetivo de unir o que o mundo separa, o programa
Esquenta!, como Regina Casé faz questão de afirmar em diversas edições, propõe-se a
funcionar como espaço propício para o compartilhamento cultural, justificado em uma
palavra simples e elucidativa: a mistura. Desta maneira, a construção discursiva do
Esquenta! parte do pressuposto de que, ainda que façam parte de grupos culturais e sociais
diferentes, as pessoas – representadas na figura de seus convidados, selecionados de acordo
com a pertinência sobre o tema da vez – sempre podem compartilhar alguma experiência
umas com as outras.
Frente a essa proposta e da busca estratégica por uma organização narrativa a partir
de uma dinâmica aberta de gravação, Regina Casé assume o papel central de conduzir os
diálogos, as performances e outros momentos de fala construídos no programa. Diante
disso, observa-se uma série de interlocuções entre pessoas variadas de lugares de fala
diversos. Tais falas, entretanto, são bem posicionadas pela apresentadora, que intervém e,
sutilmente, aponta os espaços para cada uma.
O costumeiro padrão carnavalesco que orienta a identidade do programa Esquenta!
foi rompido excepcionalmente no dia 27 de abril do ano passado. Na ocasião, o Esquenta!
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adiou uma emissão já gravada para exibir uma exibir uma gravação especial em
homenagem a um dos dançarinos do Bonde da Madrugada, grupo de assistentes de palco
fixo no programa. Ao contrário do habitual intervalo de um mês entre a gravação e a
exibição do programa, emissão em homenagem ao dançarino Douglas Rafael da Silva
Pereira, o DG, foi exibida três dias após ter sido gravada3.
O rapaz de 25 anos, foi encontrado morto, com uma marca de tiro nas costas, na
manhã do dia 22 de abril de 2014. Seu corpo estava em uma escola municipal na Favela
Pavão-Pavãozinho, comunidade vizinha à casa do dançarino, onde ele costumava ir com
frequência. Durante os dias que se seguiram, o caso ganhou projeção na mídia, com
cobertura em portais de notícias e colunas de opinião, além de receber comentários em
variadas redes sociais. Diante da força desse acontecimento, sobretudo por se tratar de um
assassinato de um dos integrantes do Esquenta!, foi exibida no domingo seguinte uma
edição em homenagem ao dançarino.
Na edição em questão, o Esquenta! despe-se das habituais cores alegres e dos temas
comemorativos típicos para dar lugar a cenários e figurinos completamente brancos. Regina
Casé reúne os convidados e a equipe para homenagear o dançarino DG e relacionar o
acontecimento ao contexto da violência presente no cotidiano de moradores das periferias
brasileiras. Ao longo da edição, a apresentadora relembrou diversos momentos de DG no
Esquenta!, na mesma medida que dialogou com os convidados que ali estavam de modo a
exibir outras facetas de DG desconhecidas publicamente.
Diante da dinâmica atípica que se instaurou na emissão especial de homenagem ao
DG, a proposta neste trabalho é analisar a situação interativa deste acontecimento no
programa a partir das falas e atuações de Regina Casé e seus convidados. Propomos discutir
acerca da força do conceito de representação (MOSCOVICI, 2001; JODELET, 2001;
GOFFMAN, 2013) e, sob a égide dos conceitos de enquadramento e footing (GOFFMAN,
2002), buscamos aqui, olhar para os lugares de fala (BRAGA, 2000) construídos a partir do
posicionamento de Regina Casé para tratar do dançarino DG.
Ademais e a partir desta análise, buscamos refletir acerca do papel desempenhado
por Regina Casé frente aos grupos e questões sociais sobre os quais fala. Recorreremos,
assim, às contribuição da fenomenologia de Alfred Schutz (2012), em especial às
3 Vale destacar, também, que a gravação ocorreu apenas dois dias após o assassinato de DG.VIII Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação de Minas Gerais
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características estabelecidas nas relações de pertencimento em comunidades e grupos
propostas pelo autor.
Sobre representações e enquadramentos: a organização do aporte teórico
Segundo afirma José Luiz Braga (2000), a relevância do produto cultural enquanto
elemento de pesquisa em comunicação se dá por sua capacidade de propagar ideias e gerar
representações. A reflexão a que se propõe Braga, no entanto, está centrada na maneira
utilizada pelos estudiosos para analisar o produto cultural. O problema levantado pelo autor
está pautado na tendência que os estudos sobre representações tem em conduzir o interesse
do analista ao outros aspectos que fogem ao sentido do produto, à sua fala, e deixam
escapar sua essência.
Longe de fazer uma leitura que critique os diversos métodos aplicados à análise de
produtos culturais, o autor reconhece a importância dessas metodologias ao constituir um
vasto conteúdo de conhecimento no que se propõem. O que faz Braga é propor uma outra
visada para essa produção cultural, examinando-a de modo a aproximar-se mais
profundamente deste objeto de estudo. Dessa maneira, a busca do autor está direcionada a
um método que permita a realização de uma abordagem do contexto de modo completo,
relacionando a produção cultural à circunstância social de que faz parte e procurando
encontrar na interação presente em tal produção as maneiras com as quais pode ser também
fundadora desta situação.
Ao definir o que chama de “lugar de fala”, Braga parte da prerrogativa de que toda e
qualquer fala deve obrigatoriamente fazer sentido. Quando a fala é relacionada à situação
em que se baseia, bem como aos espaços em que reverbera, têm-se os lugares em que esse
discurso produz sentido. O autor pondera que, os lugares de sentido não antecedem a fala
tampouco dela independem, ao contrário do que é afirmado em outros métodos. Dentro da
visão que propõe, Braga afirma que esse lugar de sentido se constroi “na trama entre a
situação concreta com que a fala se relaciona, a intertextualidade disponível, e a própria
fala como dinâmica selecionadora e atualizadora de ângulos disponíveis e construtora da
situação interpretada” (BRAGA, 2000, p. 161).
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Diante disso, o autor problematiza a inaplicabilidade em buscar o sentido de
maneira dissociada seja na estrutura formal da fala, no seus discursos ou somente no
contexto. Braga propõe, portanto, analisar todos esses fenômenos em conjunto, para que
seja possível acessar as estratégias e lógicas existentes na situação comunicativa. Braga fala
de uma estrutura que dê conta de articular a fala, os textos – aqui compreendidos como a
articulação de siginificados presente na interação – disponíveis e a situação por completo.
A essa lógica de sentido, o autor dá o nome de “lugar de fala”.Ao tratar uma situação, uma fala constrói um lugar de fala na realidade social e no conjunto de discursos socialmente disponíveis que, de um modo ou de outro, abordam questões similares ou próximas. Ao mesmo tempo em que recebe “determinações” da realidade e da interdiscursividade, age necessariamente sobre estas – determina-as também, portanto. Um lugar de fala seria, assim, dado pelo esforço discursivo concreto de abordar uma situação. A pergunta “que fala é essa?” solicita, então, uma resposta caracterizadora do lugar construído .pela fala no trato da situação – como proposta e ação sobre esta. Ou seja: trata-se de observar o produto cultural não só nos seus aspectos de determinação pelo contexto, mas também enquanto esforço de ação e construção sobre esse contexto. (BRAGA, 2000, p. 169)
A definição de lugar de fala proposta por Braga se apresenta como uma rica maneira
de acessar as representações construídas na situação comunicacional sobre a qual esse
trabalho trata. O esforço de analisar as representações construídas para DG na emissão de
homenagem do programa Esquenta! exige, todavia, uma preve apresentação de como as
diversas apropriações acerca do conceito de representação podem ser úteis para pensar os
processos comunicacionais.
O conceito de representação tem sua origem nas obras do sociólogo francês Émile
Durkheim (MOSCOVICI, 2001). Quando atribui às representações a capacidade de
explicar variados fenômenos sociais, Durkheim toma como objeto de estudo a oposição
entre as representações individuais, cuja essência está na consciência de cada indivíduo, e
as representações coletivas, que dizem da sociedade em sua totalidade.
Ainda que o estudo de Durkheim tenha servido como embasamento e referência
para outras diversas buscas de conceituação, acreditamos que, conforme diz Serge
Moscovici, a polarização entre coletivo e individual “na medida em que criam algo ideal,
distanciam-se do lógico” (MOSCOVICI, 2001, p. 48). Quando buscamos compreender a
aplicabilidade do conceito de representação às dinâmicas sociais devemos, antes de mais
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nada, buscar uma perspectiva que dê conta de compreender as relações que se estabelecem
dentro de uma situação.
Moscovici apresenta o que define a transição das representações coletivas às
representações sociais. Segundo o autor, devemos pensar na sociedade levando em conta a
diversidade dos grupos sociais e indivíduos que os compõem. Há, para além disso, a
necessidade de entender a comunicação enquanto processo que possibilita que indivíduos e
sentimentos estejam interligados. Se enxergado de tal modo, esse processo permite que
compreendamos que um objeto representado individualmente pode ganhar representações
sociais e vice-versa. Nesse sentido, podemos encarar as representações, não mais como um
fenômeno imutável e estabelecido, mas sim como resultado de interações sociais.
A proposta de Moscovici é dialógica com a reflexão de Denise Jodelet (2001). Para
a autora, a criação de representações ocorre da busca pelo conhecimento e pela
compreensão do mundo à nossa volta. Dessa maneira, para além de tentar pertencer a esse
mundo, visamos, por meio das representações, encontrar soluções aos dilemas que
aparecem e, assim, dominá-lo tanto no campo físico quanto no campo das ideias.Frente a esse mundo de objetos, pessoas, acontecimentos ou ideias, não somos (apenas) automatismos, nem estamos isolados num vazio social: partilhamos esse mundo com os outros, que nos servem de apoio, às vezes de forma convergente, outras pelo conflito, para compreendê-lo, administrá-lo ou enfrentá-lo. (JODELET, 2001, p. 17)
Ao seguir essa perspectiva, Jodelet destaca a importância das representações à
sociedade e à vida cotidiana. Para a autora, as representações são uma importante maneira
de dar sentido e definição ao mais variados momentos que vivemos na realidade cotidiana.
Quando essas experiências do dia a dia passam ser representadas, podemos compreender
que essas experiências são mediadas pelas representações. Assim é possível propor junto a
elas elos de identidade e desenvolver posicionamentos frente ao objeto representado
relacionando-o com a realidade que o originou e sobre a qual diz.
Ainda que tenha se tornado um importante tema de pesquisa para os mais diversos
campos das ciências humanas, tais como a psicologia, a sociologia e a comunicação, o
exercício de análise das representações sociais pode se dar, não apenas no meio científico,
mas em momentos corriqueiros, nos mais diversos meios de interação humana. As
representações “circulam nos discursos, são trazidas pelas palavras e veiculadas em
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mensagens e imagens midiáticas, cristalizadas em condutas e em organizações materiais e
espaciais” (JODELET, 2001, p. 18).
Vista dessa maneira, a representação consiste em um poderoso sistema social de
onde podem emergir valores de conduta, padrões, estereótipos e afirmação ou redefinições
de práticas culturais. Segundo a autora, esse sistema está intrinsecamente associado a
aspectos ideológicos e culturais, bem como às circunstâncias em que se localiza o objeto
em representação. Sob essa égide, a autora faz uma abordagem em relação ao papel dos
processos comunicacionais e midiáticos na construção dessas representações.As instâncias ou substitutos institucionais e as redes de comunicação informais ou da mídia intervêm em sua elaboração, abrindo caminho a processos de influência ou até mesmo de manipulação social – constataremos que se trata de fatores determinantes na construção representativa. Estas representações formam um sistema e dão lugar a teorias espontâneas, versões da realidade encarnadas por imagens ou condensadas por palavras, umas e outras carregadas de significações – concluiremos que se trata de estados apreendidos pelo estudo científico das representações sociais. (JODELET, 2001, p. 21)
Conforme a autora, as representações passam a desencadear novos sentidos e
expressar simbolicamente os indivíduos ou práticas que as construíram. Isso ocorre em
função dos diversos sentidos que aparecem dentro deste sistema. Em decorrência disso, às
representações é dado o poder de definir o objeto que é por elas representado. Quando essas
definições passam a ganhar corpo, reverberar em outras instâncias discursivas e ser
compartilhadas dentro das relações estabelecidas neste grupo a que busca definir, elas
podem estabelecer uma “visão consensual da realidade” para esse grupo.
O poder alcançado pelas representações no centro das relações e interações sociais
passa a galgar uma dimensão ainda maior. Essa definição consensual e socialmente aceita,
que é elaborada pelas representações, estabelece um método de funcionamento às relações
do cotidiano. Essa funcionalidade, que a autora diz se tratar do papel e da dinâmica sociais
das representações, sugere que, mesmo estando fundadas no domínio do simbólico, as
representações podem vir a orientar um contexto social, desencadeando relações de conflito
ou de partilha, mas sobretudo influenciando os modos de vida do cotidiano.
Pensar as representações a partir das interações que têm lugar na vida cotidiana é
também o esforço empreendido pelo notável cientista social canadense Erving Goffman. Os
processos de interação são, conforme explica o autor, importantes para percebermos as
influências que indivíduos exercem sobre as ações uns dos outros quando entram em
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relação. A partir disso, o autor entende representação como “toda atividade de um
indivíduo que se passa num período caracterizado por sua presença contínua diante de um
grupo particular de observadores e que tem sobre estes alguma influência” (GOFFMAN,
2013, p. 29).
Nesse sentido, é possível inferir, a partir de Goffman, que os processos de
representação são construídos com base no entrelaçamento de alguns artifícios. O primeiro,
e de grande valia no desenvolvimento dessa análise, é a ideia de fachada, à qual o autor
relaciona as regularidades presentes no desempenho dos sujeito, que auxiliam na definição
da natureza da situação comunicativa.
A fachada é constituída, portanto, pelo cenário, ou as características técnicas, físicas
e simbólicas que, segundo o autor, constituem o plano de fundo da interação. Além da
cenário, Goffman destaca outros dois estímulos que compõem a fachada: a aparência, que
no momento da interação indica a posição social do indivíduo, e a maneira, que dá a ver o
papel de interação que o indivíduo pretende desempenhar (GOFFMAN, 2013, p. 31).
Quando olhamos para os lugares de fala ocupados por cada ator social, percebemos a
importância de se pensar a fachada para entender a representação. O posicionamento do
sujeito nesses espaços revela sua inserção em fachadas já estabelecidas e, assim, é possível
acessar os valores sociais que amparam as representações.
É também pensando na força dos valores reconhecidos socialmente que Goffman
reflete acerca dos processos de dramatização presentes na construção representativa que,
por vezes, reflete em uma idealização na relação ator-audiência. Assim, diante da
representação construída, a audiência pode aderir à situação proposta ou reconhecê-la como
uma falsa representação. Nas palavras do autor:Às vezes, quando indagamos se uma impressão adotada é verdadeira ou falsa, na verdade querermos saber se o ator está ou não, autorizado a desempenhar o papel em questão, e não estamos interessados primordialmente na representação real em si mesma. (GOFFMAN, 2013, p. 60)
Para delinear o percurso metodológico que traçamos nesta análise consideramos
importante destacar as contribuições de Goffman sobre o conceito de enquatramento e, por
conseguinte, o conceito de footing. O enquadramento proposto por Goffman parte da ideia
de enquadre introduzida por Gregory Bateson, para quem o enquadramento dá indícios da
natureza da interação estabelecida entre os interlocutores e, assim possibilita a compreensão
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da situação em voga, bem como das regras orientadoras das ações dos sujeitos
(MENDONÇA; SIMÕES, 2012, p. 189). Com base nisso, a proposta conceitual de
enquadramento de Goffman diz respeito às estratégias utilizadas para conferir sentido e
posicionar a ação de diferentes atores no processo de interação.
Com base nisso, o conceito de enquadramento se mostra profícuo para compreender
a maneira como os sentidos são articulados a partir das relação de modo a serem
enquadrados durante um contexto de interação. A partir do desdobramento do conceito de
enquadramento, nasce a ideia de footing. Dentro da noção de footing estão inseridas as
características que demarcam a posição do sujeito diante da sua relação com o outro.
Segundo o autor, a natureza do footing é alterada durante os processos de interação. É
possível perceber tal mudança quando dirigimos atenção para o discurso, a entonação de
voz durante a fala, a atuação dos sujeitos e as propostas de interação (GOFFMAN, 2002, p.
113).
Quais são os DGs presentes do programa Esquenta!?
À luz do amparo fornecido por Goffman, olharemos para as interlocuções e
atuações da apresentadora Regina Casé no programa especial em homenagem a DG a fim
de investigar como a disposição dos lugares de fala, nos quais o dançarino é posicionado,
pode indicar a representação que o programa constrói acerca do acontecimento. Para fins
analíticos, portanto, este trabalho se alicerça nas contribuições do autor para, a partir do
conceito de enquadramento e footing, operacionalizar a análise da situação interativa.
Iniciamos nossa análise destacando um trecho do diálogo entre a apresentadora
Regina Casé e a atriz Fernanda Torres. “Eu fiquei tão tocada, que eu vim aqui e, quando eu
cheguei, o programa parecia uma missa”, disse Torres ao compartilhar o que estava sentido
no momento da gravação. A fala da atriz aparece como um relato de sua experiência diante
daquela situação atípica instaurada no programa Esquenta!
Nota-se o estranhamento perante a mudança repentina na estrutura do Esquenta!, o
programa não só abdicou do uso cores e símbolos festivos no cenário e nos figurinos. As
costumeiras coreografias ficaram restritas à dança de homenagem feita pelos companheiros
de DG do Bonde da Madrugada, os convidados permaneciam em silêncio até que fosse
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convocado à fala. Da mesma maneira, diversamente do que observou-se em outras
emissões do Esquenta!, a plateira foi menos participativa e mais quieta frente à
preocupação do programa em orientá-la durante os momentos em que devia levantar ou
manter-se sentada.
Foi dessa maneira que se apresentou o cenário que constituidor da fachada do
programa em voga. Em meio ao esfriamento do Esquenta!, além dos convidados fixos,
estiveram presentes as atrizes Fernanda Paes Leme, Carolina Dieckmann, Leandra Leal e
Fernanda Torres; os dançarinos Carlinhos de Jesus e Ana Botafogo; a pesquisadora e
membro do Conselho do Código Brasileiro de Segurança Pública, Silvia Ramos; as
cantoras Preta Gil e Bruna Karla; a dupla de funk Cidinho e Doca; o Mc Bob Rum; e a
família de DG, representada por Larissa, ex-mulher do dançarino e Maria de Fátima Silva,
sua mãe.
Regina Casé abre o programa enquanto todos falam: “vem que vem que vem com tudo”
Em sua fala de abertura, Regina Casé explica a súbita mudança no programa em
função da potencialidade do acontecimento:
Regina Casé: eu não escolhi fazer um programa jornalístico, muito menos u programa policialesco, mas, mesmo num programa como o Esquenta!, que é uma festa, a realidade foi me empurrando para temas terríveis como este que a gente está vivendo hoje. Infelizmente, a gente não conseguiu pôr no ar um programa lindo que já estava pronto porque um dos nossos dançarinos, talvez o mais alegre, o mais querido pelas crianças, foi brutalmente assassinado com um tiro pelas costas. A gente saiu do enterro sem condições de pensar em nada, mas tendo que
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pensar em tudo. Como é que a gente ia viver junto com vocês [aponta para a câmera ao dirigir-se à audiência] essa dor? E como que a gente ia fazer para parar tudo e tomar consciência do tamanho da barbárie? A gente conseguiu estar aqui e parar, freiar a nossa dor ou então ir junto com ela. Conseguimos parar e tomar consciência para que alguma coisa mude, para o que aconteceu com o DG, e também tragédias como essa, não continue acontecendo com milhares de jovens que vivem nas periferias de todas as cidades do Brasil. (REGINA CASÉ, Esquenta! em homenagem a DG, 2014)
A apresentadora dirige sua fala com um olhar fixo na câmera. Sua série expressão
facial indica o peso do assunto a ser debatido no programa e, em sua interlocução, Regina
Casé busca compartilhar o terreno comum em que insere todos os convidados presentes: o
terreno, segundo Casé, é o do sentimento de impotência diante da violência e de tristeza
frente à barbárie. A apresentadora, em seguida, constroi o primeiro lugar de fala para tratar
do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira.
Buscando associar o assassinato de DG à realidade cotidiana que habita as periferias
brasileiras, Regina Casé convoca a levantar a mão, as pessoas da plateia que tem o Silva
como sobrenome. Logo após, Mc Bob Rum é convidado a cantar a música Rap do Silva,
cuja letra diz: Era só mais um SilvaQue a estrela não brilhaEle era funkeiro, mas era pai de famíliaNaquela triste esquina um sujeito apareceuCom a cara amarrada, sua mão estava um breuCarregava um ferro em uma de suas mãosApertou o gatilho sem dar qualquer explicaçãoE o pobre do nosso amigo que foi pro baile curtirHoje com sua família ele não irá dormir.(MC BOB RUM, Rap do Silva, Esquenta! em homenagem a DG, 2014)
Em diálogo com a questão levantada, Regina Casé exibe, uma série de VTs em que
jornalistas e celebridades são convocados a dar um breve depoimento acerca do assassinato.
Nesse sentido, Sérginho Groisman, Jô Soares, Luciano Hulk, Fausto Silva, Pedro Bial e
Fátima Bernardes relacionam o caso com o contexto de violência presente no Brasil.
Observamos na construção da fala dessas pessoas, uma frequência ao relacionar o
assassinato de Douglas às estatísticas de morte por violência no Brasil. Essa marca da
interação da a ver outro enquadramento dentro do qual DG é posicionado.
Ao longo do programa, Regina Casé vai se dirigindo pontualmente com cada
convidado presente. Observamos que todos estão ali para compartilhar alguma experiência
que viveram com Douglas ou para propor alguma associação entre ele e outros temas
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cabíveis na emissão. Dessa forma, ao ser convocado pela apresentadora, os dançarinos
Carlinhos de Jesus e Ana Botafogo expõem seus testemunho sobre o poder confortante e
transformador da dança.
Ana Botafogo, em seguida, comenta sobre o projeto social de que faz parte. O
projeto chamado Dançando para não dançar tem o objetivo de formar grupos de jovens
dançarinos nas comunidades cariocas. Regina convida, assim, a bailarina Samara, uma das
integrantes do grupo de dança da favela Pavão-Pavãozinho. Em diálogo com a
apresentadora, Samara revela que havia conversado com DG poucos dias antes de sua
morte, quando rapaz compartilhou com ela a vontade de estudar balé. Regina Casé interpela
a fala da dançarina e diz: “que incrível isso, gente! Fiquei agora emocionada. Sabe por quê?
Porque isso dá a dimensão para a gente de quantos sonhos foram interrompidos” (CASÉ,
2014). Samara é convidada a dançar e é seguida pelo grupo Dream Team do Passinho.
As interações propostas nos momentos em que os sujeitos debatem a importância da
dança, ao passo que relembram a importância dela na vida de DG, indicam mais um quadro
de sentidos em que ele é inserido. O DG dançarino não passa despercebido no programa e é
também convocado nos momentos em que Regina Casé se dirige às celebridades que já
dançaram com ele em emissões passadas, Carolina Dieckmann, Fernanda Torres, Preta Gil
e Fernanda Paes Leme.
Observamos que, ao longo da emissão, mais um dos lados de DG ganhou destaque.
Ao interagir com a mãe de Douglas e sua ex-esposa, Regina Casé solicita que as duas
contem como ele na condição de filho e pai. Ao mostrar algumas fotos antigas de DG,
Regina se dirige a Maria de Fátima:Regina Casé: eu queria que você falasse um pouquinho do DG. Quando ele era pequenininho, como ele era? Porque a gente não conhecia ele ainda.Maria de Fátima: o DG sempre foi muito extrovertido, alegre, gozadíssimo. Ele aí [referindo-se à imagem projetada na tela do programa] estava vestido de índio indo dançar. Olha ele comigo, sempre estiloso, com o óculos do tio. Eu quero lembrar dele rindo, porque ele não era triste.(REGINA CASÉ e MARIA DE FÁTIMA, Esquenta! em homenagem a DG, 2014)
A partir dessa interlocução com Maria de Fátima, localizamos mais um dos lugares
que Regina Casé constrói para tratar de Douglas. A apresentadora busca revelar o filho que
DG foi e também se posiciona em relação à situação de uma mãe que acaba de perder um
filho. “Nenhuma mulher do mundo está preparada para perder um filho. Ninguém consegue
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imaginar. Quando você pensa, você para o pensamento no meio de tão duro e difícil que é”
(CASÉ, 2014).
O a representação de DG como pai é construída quando Regina Casé pede que
Larissa, ex- esposa de DG, conte como era a relação entre DG e sua filha Laila.Regina Casé: eu queria que você falasse um pouquinho para a gente sobre o DG como pai. Como ele era com a Laila?Larissa: ele amava essa filha mais do que tudo nesse mundo e ela também ama ele mais do que tudo. E tá difícil, porque eu não sei como falar para ela. Para ela era Deus no céu e ele na terra.Regina Casé: e agora você já falou com ela?Larissa: eu disse que ele tinha virado uma estrelinha do ceu e que a gente tem que orar por essa estrela todo dia. Ela disse que não, que o papai é só dela.Regina Casé: eu imagino o tanto que ele bricava com ela, dançava com ela. Porque ele era um pai menino, né? Eles dançavam muito juntos?Larissa: Dançavam. Ela parece até um espelho dele, porque ela rima, ela canta as músicas dele, ela faz o passinho, ela faz tudo.Regina Casé: Quando a gente tiver um pouquinho mais forte, um pouquinho mais recuperado, você traz ela e mostra tudo isso que ela aprendeu a fazer com ele, dando continuidade à arte e a criatividade do pai dela.(REGINA CASÉ e LARISSA, Esquenta! em homenagem a DG, 2014)
Para além das experiências familiares compartilhadas por Larissa e Maria de
Fátima, constituidoras das representações de DG como filho e pai, outro forte valor
perpassa as diversas interlocuções que ganham espaço no programa. Em vários momentos,
Regina Casé pede que seus convidados contem como era ser amigo de DG. Nesse sentido,
no programa também são exibidos alguns vídeos de bastidores que mostram a relação de
afeto e cordialidade nutrida entre DG e a família Esquenta!, como Regina Casé se refere à
equipe do programa.
Considerações Finais
No decorrer desta análise, pode-se perceber que a emissão em homenagem a
Douglas Rafael no programa Esquenta! construiu representações que retrataram DG sob
diferentes ângulos. Não temos a pretensão de exibir a totalidade de representações e
enquadramentos estabelecidos no programa. O nosso propósito é apresentar, através de uma
chave de análise, uma observação indiciária acerca do atravessamento desse acontecimento
no Esquenta!.
Dessa forma, essa análise nos permitiu reunir cinco fortes lugares de fala
construídos para o tratamento do de Douglas. O primeiro deles aparece nos primeiros VIII Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação de Minas Gerais
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minutos da emissão analisada. Ao ouvir a música o Rap do Silva e, em seguida, assistir aos
depoimentos de jornalistas e apresentadores, deparamo-nos com o DG número. Neste
momento, Douglas Rafael é comparado aos diversos “Silvas” que são assassinados nas
periferias brasileiras. O Esquenta!, mostra que DG é, antes de tudo, uma estatística.
Em seguida, entramos em contato com um outro DG. O lugar que se constrói aqui
destaca a importância que a dança exerce na vida das pessoas. Douglas passa a ser visto
como o DG dançarino. A essa representação são vinculados o talento do rapaz, que
enxergava na dança, não somente fruição, mas sobretudo uma oportunidade de trabalho.
Regina Casé nos apresenta, ainda, ao DG filho quando pede que Maria de Fátima
compartilhe as intimidades do convívio familiar no programa. O DG pai aparece por
intermédio da ex-mulher Larissa, que é convocada pela apresentadora a relatar a relação
entre o dançarino e Laila, sua filha de cinco anos. A relação de afeto entre DG, os
companheiros do Bonde da Madrugada e outros convidados exibida do programa apresenta
o DG amigo.
Ao fim dessa análise, é possível observar um plano de fundo que, por vezes passa
despercebido durante uma observação primária. Há uma linha de sentido que orienta a
natureza das representações construídas a partir da morte de Douglas Rafael.
Compreendemos, assim, que por trás de cada lugar de fala estabelecido no programa, há um
valor social arraigado. Destacamos aqui o valor da busca por justiça, ao relacionar o caso a
tantos outros que acontecem no país, o valor do trabalho, o valor da amizade e da família.
Para além disso, quando analisamos as interlocuções entre Regina Casé e os seus
convidados para tratar do acontecimento, acessamos uma dinâmica peculiar de interação.
Em alguns momentos, foi possível perceber interações um tanto harmoniosas entre a
apresentadora e os presentes. Destacamos como exemplo, o momento em que se dirige a
Maria de Fátima, mãe de Douglas. “Não era nem hora de eu conversar com você, as eu
estou muito aliviada de te ver chorando um pouquinho com a gente” (CASÉ, 2014). Regina
Casé afirma que esperava que Maria de Fátima se sentisse à vontade para poder chorar no
programa e, em seguida diz: “essa é a primeira coisa que a gente conquistou aqui” (CASÉ,
2014).
Esses impasses e dissensos apresentados durante a emissão em homenagem a DG
aplificam fragilidades que permeiam o Esquenta! como um todo, bem como outros projetos
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anteriores desenvolvidos pela apresentadora. Quando assume para si, um lugar de fala
construído a partir de sua interlocução com a cultura popular, as questões sociais e a
periferia, Regina Casé se posiciona diante da busca por pertencer a um grupo social do qual
não faz parte.
Recorremos à fenomenologia de Alfred Schutz para pensar a relação estabelecida
entre Regina Casé e os grupos sociais de quem fala. Segundo Schutz, cada grupo social
estabelece um esquema de regras aceito por todos aqueles indivíduos que o compõe. Dessa
forma, o grupo se apresenta para cada um de seus membros como uma situação comum,
compartilhada, que possui uma história própria, constituída, inclusive, pela biografia dos
próprios membros (SCHUTZ, 2012, p. 95).
Partilhamos da perspectiva utilizada por Schutz para pensar as relações de
pertencimento estabelecida nos diferentes grupos sociais. Associamos Regina Casé à noção
de estrangeiro, descrito pelo sociólogo asutríaco como aquele que se busca se inserir em um
grupo que, em sua visão, possui uma história própria que é a ele acessível. Para Schutz, o
estrangeiro nunca se assimila a história do grupo do qual pretende se aproximar como parte
da sua biografia, constituída, de fato, a partir do pertencimento ao seu grupo de origem.Assim, o estrangeiro aproxima-se do outro grupo como um recém-chegado, no sentido mais verdadeiro do termo. Na melhor das hipóteses ele pode estar disposto e capacitado a tomar parte no presente e no futuro desse grupo, em uma experiência vívida e imediata; no entanto, ele sempre permanecerá excluído das experiências de seu passado. Do ponto de vista desse grupo, ele é um homem sem história. (SCHUTZ, 2012, p. 101)
Diante disso, destacamos aqui mais uma contribuição do autor que se apresenta
válida para que observemos a proposta comunicativa que o programa Esquenta! pretende
empreender. Schutz diz que ao buscar compreender um grupo de que não faz parte, o
observador exterior o faz de acordo com as regras e tipificações estabelecidas no grupo de
que pertence. O autor ressalta que, Enquanto não existir uma fómula que traduza os sistemas de relevâncias e tipificações predominantes no grupo considerado para os sistemas ao qual pertence o avaliador, aqueles permanecerão incompreendidos; mas frequentemente eles são considerados como inferiores e de menor valor. (SCHUTZ, 2012, p. 98)
Do nosso ponto de vista, afirmamos junto a Schutz que essa fórmula ainda não
existe e essa possibilidade se mostra ínfima quando consideramos a atual conjuntura social.
Acreditamos, entretanto, que, ainda que de maneira problemática, conflituosa e
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contraditória, o programa Esquenta! dedica seus esforços para conseguir encontrar essa
fórmula.
REFERÊNCIAS
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SCHUTZ, Alfred. Sobre fenomenologia e relações sociais. Petrópolis: Vozes, 2012.
WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.) Identidade e diferença: a perspectiva dos EstudosCulturais. 12. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012, p. 7-72.
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