determinação da curva caracteristíca de uma bomba
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E TECNOLOGIAS
EXPERIMENTO 07: BANCADA DE VENTURI-DETERMINAÇÃO DA CURVA CARACTERISTÍCA DE UMA BOMBA
SÃO MATEUS
2016
EXPERIMENTO 07: BANCADA DE VENTURI-DETERMINAÇÃO DA CURVA CARACTERISTÍCA DE UMA BOMBA
Relatório destinado à disciplina de Fenômeno de Transporte I do Curso de Engenharia Química, Ufes Campus São Mateus, como requisito para a obtenção de nota parcial referente ao primeiro semestre de 2016.
Orientadora: Prof.ª Dr. ª Rejane Castro Santana.
SÃO MATEUS
2016
RESUMO
Este trabalho apresenta um estudo sobre a curva característica da bomba
centrífuga SCHNEIDER BCR-2000 82624. Foram aferidas, através do
manômetro de Bourdon, as pressões manométricas para cada capacidade
volumétrica, que por sua vez foram medidas através do rotâmetro. Com esses
dados experimentais foi possível a obtenção das velocidades médias e das
cargas líquidas, por meio de equações fornecidas pelo embasamento teórico,
para formação da curva característica experimental da bomba. O objetivo é
comparar a curva característica obtida experimentalmente com a fornecida pelo
fabricante da bomba e explicar as possíveis divergências entre as curvas.
SUMÁRIO
1 Introdução.....................................................................................................5
2 Resultados e discussão...............................................................................8
2.1 Cálculo da carga líquida H..............................................................................
2.2 Curva Característica da bomba....................................................................
2.3 Discussão.....................................................................................................
3 Conclusão...........................................................................................................
Referências Bibliográficas ..........................................................................16 Anexos
...................................................................................................................................
1-INTRODUÇÃO
Antes que um dado modelo de bomba seja destinado ao mercado consumidor,
ele é submetido a uma série de ensaios para caracterização do seu
desempenho. O projetista deve conhecer o aumento de pressão (ou altura de
carga), o torque, o requisito de potência e a eficiência. Para uma dada
máquina, cada uma destas características é uma função da vazão e as
características para máquinas similares dependem do tamanho e da velocidade
de operação. [1]
Na indústria da turbomáquina, a vazão volumétrica (V̇ ) é chamada de
capacidade e com a disponibilidade dos dados de velocidade média de
escoamento do fluido e área da seção transversal, a vazão pode ser
representada pela seguinte equação:
V̇=VmédAc (1)
O desempenho de uma bomba é caracterizado também pela sua carga líquida
H, definida como a variação da carga de Bernoulli entre a entrada e a saída da
bomba. [2]
H=( P2ρg +∝ V 22
2g+z2)s−(P1ρg +∝V 12
2 g+z 1)e (2 )
Para avaliar a variação real na altura de carga através da máquina a partir da
equação (2), devemos conhecer a pressão, a velocidade e a elevação do fluido
nas duas seções de medição. A pressão estática é geralmente medida em
trechos retos de tubos a montante da entrada da bomba e a jusante da saída
da bomba.
A elevação de cada manômetro pode ser registrada, ou as leituras de pressão
estática podem ser corrigidas para a mesma elevação[3]. A equação que
estabelece uma relação entre as pressões manométricas, absoluta e
atmosférica, segue representada abaixo:
Pman=Pabs−Patm(3)
Os resultados dos ensaios para caracterização do desempenho da bomba são
apresentados em uma série de curvas que apresentam, para diferentes
diâmetros de rotor operando na mesma rotação ou, para diferentes rotações de
um mesmo diâmetro de rotor. [1]
As curvas de desempenho apresentadas pelo fabricante só são válidas quando
as condições de NPSH são atendidas, isto é quando:
NPSHdisp>NPSH req
Com base na condição anterior, são apresentadas a seguir, as curvas da
bomba hidráulica utilizada no experimento e de marca SCHNEIDER, modelo
BCR-2000 82624 0.25 M.
Figura 1- Curva de desempenho de Carga Líquida versus Capacidade.
Figura 2- Curva de desempenho de NPSH versus Capacidade.
Figura 3 - Curva de desempenho de Potência versus Capacidade.
Figura 4 - Curva de desempenho de Rendimento versus Capacidade.
2-RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram realizadas 15 medições de capacidades V̇ no rotâmetro e aferiu-
se a pressão manométricaP de cada capacidade em um ponto imediatamente
após a saída da bomba através do manômetro Bourdon. A montagem
composta pelo rotâmetro e manômetro é mostrada na figura 1, que consta em
anexo.
Medição Capacidade V̇ (L/h)
CapacidadeV̇ (10-4m³/s)
PressãoP(man.) ± 0,01 (kgf/cm²)
Pressão P(man.)± 0,98**(KPa)
01 2800 7,78 0,20 19,61
02 2700 7,50 0,23 22,56
03 2600 7,22 0,27 26,48
04 2500 6,94 0,39 38,25
05 2400 6,67 0,42 41,19
06 2300 6,39 0,46 45,11
07 2200 6,11 0,60 58,84
08 2100 5,83 0,63 61,78
09 2000 5,56 0,66 64,73
10 1900 5,28 0,78 76,49
11 1800 5,00 0,82 80,41
12 1700 4,72 0,90 88,26
13 1600 4,44 0,94 92,18
14 1500 4,17 1,025 100,52
15 1400 3,89 1,075 105,42
Tabela 1. Medidas das capacidadesV̇ (L/h e m³/s) e das pressões P em
(kgf/cm² e em Kpa). **Fator de conversão de (kgf/cm²) para Kpa utilizado:
101,325kpa=1,03323 kgf/cm² [1].
2.1-CÁLCULO DA CARGA LÍQUIDA H:
A partir da equação (2), a ser utilizada no cálculo da carga líquida H
aplicada para dois pontos 1 e 2, localizados respectivamente na entrada da
região de sucção do fluido e imediatamente após a saída do fluido da bomba,
tem-se que:
H=( P2ρg +∝ V 22
2g+z2)s−(P1ρg +∝V 12
2 g+z 1)e (2)
Considerando como ponto 1 um ponto imediatamente antes da entrada
da região de sucção de entrada da bomba (“olho da bomba") e como ponto 2,
um ponto localizado imediatamente após a saída da bomba, como especificado
na figura 2 disposta abaixo, pode-se fazer as seguintes considerações:
Figura 2- Esquema da localização dos pontos 1 e 2 na montagem do sistema formado
pela bomba hidráulica e tubulação circular [2].
Considerações:
Fluido: água (H2O) @ 25° C, com densidade ρ=¿9997,042 kg/m³
[4].
Regime de escoamento permanente e incompressível (
ρ=constante);
Como a tubulação é um tubo circular de plástico, logo pode-se
considerar que o atrito na tubulação é desprezível (f=o¿, e
sabendo-se ainda que não existem acessórios entre os pontos 1
e 2, conclui-se que a perda de carga total hL é nula;
O diâmetro da tubulação permanece constante durante todo o
trajeto do fluido, logo o diâmetro interno da entrada é igual ao
diâmetro interno da saída (De=Ds=¿26,6.10-3 m);
O nível de referência da altura Z=0 passa pela linha de centro da
bomba, de modo que a diferença de alturas ∆ Z=Z2−Z 1 relativa
ao nível de referência é desprezível, portanto podemos considerar
que ∆ Z=0 .
A velocidade no reservatório de água na região de entrada da
bomba pode ser desprezada, logo V 1=0 .
A pressão na região de entrada da bomba é dada como P1=Patm
, uma vez que o tanque encontra aberto para a atmosfera.
O fator α de correção da energia cinética pode ser
desconsiderado (α=1).
O módulo da aceleração da gravidade a ser utilizado é de
g=9,81m/ s ².
Aplicando as considerações feitas acima à equação (2):
H=(P2ρg
− P1ρg
+V 22
2g)
Dado que a variação de pressão entre os pontos 1 e 2 pode ser
representada como: ∆ P=P2−P1, e tendo em vista que P1=Patm , pode-se
escrever que: ∆ P=P2−Patm e da definição de pressão manométrica pela
equação (3): Pman=Pabs−Patm, é possível reescrever os dois primeiros
termos do lado direito da equação acima em função da pressão manométrica
P2medida pelo manômetro Bourdon:
H=( Pmanρg+V 22
2g )(4 )As velocidades V 2 podem ser calculadas a partir da relação que existe
entre a capacidadeV̇ , a velocidade média do escoamento Vméd e a área da
seção transversal Ac de acordo com a equação (1):
V̇=VmédAc (1)
Considerando a área da seção transversal Accomo a área de um círculo
de diâmetro D=26,6.10-3 m pode-se calcular Accomo sendo:
Ac=π D2/4∴ Ac=5,57.10-4m ²
Substituindo a relação acima na equação (1) e explicitando a velocidade
média do escoamento em termos da capacidade e da área da seção
transversal:
Vméd=V̇Ac∴Vméd= V̇
π D2/4
Com os valores deV 2 e das pressões P2 é possível substituir os valores
correpondentes na forma desenvolvida da equação (4) da carga líquida H e
calcular os valores deH para as medições de 1 a 15. Os valores calculados de
Vméd e Hseguem abaixo, dispostos na tabela 2.
Tabela 2- Valores das velocidades média Vméd e das cargas líquidas H para as
medições realizadas.
Medição Velocidade Média Vméd (m/s) Carga Líquida H (m)01 1,40 2,10
02 1,35 2,40
03 1,30 2,79
04 1,25 3,99
05 1,20 4,28
06 1,15 4,68
07 1,10 6,08
08 1,05 6,37
09 1,00 6,67
10 0,95 7,87
11 0,90 8,26
12 0,85 9,06
13 0,80 9,46
14 0,75 10,30
15 0,70 10,80
2.2-CURVA CARACTERÍSTICA DA BOMBA:
A bomba hidráulica utilizada no experimento é da marca SCHNEIDER,
modelo BCR-2000 82624 0.25 M, mostrada na figura 2, vide em anexo.
Algumas informações da bomba utilizada estão organizadas na tabela 3,
mostrada abaixo
Tabela 3-Informações acerca da bomba hidráulica utilizada no experimento.
BOMBA CENTRÍFUGA SCHNEIDER BCR-2000 82624Potência de eixo ¼ Cv
Diâmetro do rotor 106 mm
Diâmetro de sucção ¾’’
Diâmetro de descarga ¾’’Fonte: Schneider Motobombas. Disponível em :<http://www.schneider.ind.br/
produtos/motobombas-de-superficíe/light/centrífugas-monoestágio/bcr/?q=BCR-
2000#Downloads>. Acesso em 05 jun. 2016.
A curva característica da bomba (H em função de V̇ ¿pode ser plotada
com os valores de capacidades V̇ ( em m³/h) e com as cargas líquidas H (em ft)
correspondentes a cada uma das medições de 1-15 dispostos na abaixo na
tabela 4. Na figura 4, tem-se a curva característica plotada a partir dos valores
obtidos:
Tabela 4- Valores experimentais encontradas para as capacidades V̇ e para as
cargas líquidas H calculadas para as medições realizadas.
Medição Capacidade V̇ (m³/h) Carga líquida H (ft)***01 2,8 6,91
02 2,7 7,87
03 2,6 9,15
04 2,5 13,10
05 2,4 14,04
06 2,3 15,35
07 2,2 19,95
08 2,1 20,90
09 2,0 21,88
10 1,9 25,82
11 1,8 27,10
12 1,7 29,72
13 1,6 31,04
14 1,5 33,80
15 1,4 35,43***Fator de conversão de m para ft utilizado: 1ft=0,3048 m [3].
Figura 4- Curva característica da bomba obtida pelos dados experimentais.
Gráfico 1. Carga Líquida versus Capacidade da bomba obtido
experimentalmente.
2.3 DISCUSSÃO:
Realizaram-se as 15 medições de capacidades no rotâmetro e aferiu-se
a pressão manométrica de cada capacidade em um ponto imediatamente após
a saída da bomba. Assim, plotou-se o gráfico utilizado para comparar-se o
comportamento da curva obtida.
Ao comparar-se, foi constatada uma nítida diferença de comportamento
entre as curvas da carga líquida fornecida pelo fabricante, que se encontra em
anexo e a obtida experimentalmente, a curva dada pelo fabricante teve um
resultado maior que a obtida experimentalmente, devido provavelmente a
diversos tipos de erros inerentes ao processo, flutuações imprevisíveis, assim
como a oscilação contínua do ponteiro, o julgamento quanto as medidas
aferidas como a não calibração do equipamento, o que pode resultar em
diferenças consideráveis nos valores encontrados, outro fator é a falta de
precisão na leitura dos instrumentos, sendo assim, os valores das graduações
foram estimados, houve também a consideração que não houvesse efeito de
elevação da entrada da bomba para sua saída devido ela ser pequena, mas
também afetaria mesmo que minimamente nos resultados.
Há também perda de pressão em razão do atrito nos componentes da
bomba por qual o fluido passa, a densidade utilizada a temperatura ambiente
pode ter sido afetada pois a temperatura da água no local feito o experimento
pode ter sido distinta do ambiente.
Figura 1. Carga Líquida versus Capacidade do equipamento (segundo o
fabricante).
3-CONCLUSÃO
Com a realização desse experimento foi possível ampliar os conhecimentos
sobre o funcionamento da Bancada de Venturi. Com a determinação da curva
característica da bomba, foi possível alcançar um maior esclarecimento a
respeito de carga líquida com os cálculos e comparação de gráficos fornecidos
pelo fabricante.
Com uma metodologia simples e dinâmica, que a utilização da bancada
de Venturi proporcionou, foi possível encontrar as vazões volumétricas V̇ no
rotâmetro e a P de cada capacidade em um ponto imediatamente após a saída
da bomba através do manômetro Bourdon. Com esses valores obtidos,
calculou-se a carga líquida e plotou-se a curva característica da bomba
comparando, posteriormente, com a curva fornecida pelo fabricante da bomba.
Dessa forma, os valores comparados entre a curva obtida experimentalmente e
a fornecida pelo fabricante tiveram uma nítida diferença de comportamento,
sendo que a segunda teve valores maiores que a primeira.
Ao longo da realização do experimento foram observadas diversas
imprecisões que tornaram a sua execução dispendiosa. Os critérios de
medidas aferidas e a falta de calibração do equipamento são as falhas
humanas que poderiam ser evitadas no experimento para obter uma maior
precisão. Além disso, o experimento apresentou erros indispensáveis devido ao
aparelho utilizado, como a oscilação contínua do ponteiro de pressão e a
carência de precisão do aparelho.
Por fim, o estudo da bancada de Venturi através da análise das curvas
de carga líquida obtidos experimentalmente se mostraram de notável
importância para o aprendizado do grupo e eficaz para o desenvolvimento da
prática de comparação de gráficos de carga líquida. Mesmo que as
comparações realizadas tenham apresentado uma nítida diferença das curvas,
foi aceitável, já que a carga líquida da curva do fabricante foi superior à obtida
experimentalmente. Caso o resultado fosse ao contrário, não estaria perto dos
erros aceitáveis, exigindo assim um aperfeiçoamento do método ou uma
melhor acuidade na realização das medidas do experimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Bombas Hidráulicas – Universidade Federal do Paraná. Disponível em: http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM120/APOSTILA_MH/Aulabomba2007completa_CURVAS.PDF . Acesso em: 08 de junho de 2016.
[2] ÇENGEL, Yunus A. CIMBALA, John M. Mecânica dos fluidos. AMGH
Editora Ltda. 2007 – São Paulo: McGraw-Hill, 2007.649-650 pag.
[3] Robert W. Fox; Alan T. McDonald; Philip J. Pritchard. Mecânica dos Fluidos.
Editora LTC. 6 ed.,2003, página 385, Rio de Janeiro.
[4]POLING, E. BRUCE.ET. AL.PERRY’S CHEMICAL
ENGINEER’SHANDBOOK, 8 TH EDITION (EBOOK). McGraw-Hill,2008.
SECTION 02-PHYSICAL AND CHEMICAL DATA- DENSITIES OF PURE
SUBSTANCES. pg. 96.
ANEXOS:
Figura 1 – Rotâmetro e manômetro Bourdon utilizados para aferir as capacidades e
pressões, respectivamente.
Figura 3- Vista lateral da bomba utilizada no experimento.