detergentes biodegradáveis

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Albert Rodrigues Gilmar da Veiga Pereira Pablo Giannini Renê Gonçalves Ramos Thiago Wayne Wendell Carvalho de Oliveira Willian Borges Dias Detergentes Biodegradáveis Orientador Professor Deusmaque Carneiro Ferreira

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Page 1: Detergentes biodegradáveis

Albert Rodrigues

Gilmar da Veiga Pereira

Pablo Giannini

Renê Gonçalves Ramos

Thiago Wayne

Wendell Carvalho de Oliveira

Willian Borges Dias

Detergentes Biodegradáveis

Orientador

Professor Deusmaque Carneiro Ferreira

UNIUBE

MINAS GERAIS - BRASIL

2010Albert Rodrigues

Page 2: Detergentes biodegradáveis

Gilmar da Veiga Pereira

Pablo Giannini

Renê Gonçalves Ramos

Thiago Wayne

Wendell Carvalho de Oliveira

Willian Borges Dias

Detergentes Biodegradáveis

Trabalho de integralização apresentado ao

Departamento de Química da Universidade de

Uberaba, como parte das exigências da disciplina

de Oficinas Integradas do curso de Graduação em

Engenharia Química.

Orientador

Professor Deusmaque Carneiro Ferreira

UNIUBE

MINAS GERAIS - BRASIL

2010RESUMO

Page 3: Detergentes biodegradáveis

Detergentes são sais formados a partir da hidrólise básica de ácidos graxos. Em cada uma de suas extremidades possui uma polaridade diferente. É isso que faz com que essas substâncias tenham a propriedade de acumularem-se em interfaces de dois líquidos imiscíveis, que por sua vez diminuem sua tensão superficial levando consigo os mesmos, que são geralmente escoados por esgotos e acabam parando em rios. Grande parte dos tensoativos, no nosso caso os detergentes, não são biodegradáveis, ou seja, possuem cadeia ramificada, o que causa impacto ambiental devido a dificuldade da degradação dos mesmos pelas enzimas encontradas nos rios. É onde entra a utilização dos detergentes biodegradáveis, que possuem uma cadeia linear que é facilmente degradada, não havendo assim, impacto ambiental.

Palavras-chave: Tensoativos, Biodegradável, Detergentes.

ABSTRACT

Page 4: Detergentes biodegradáveis

Detergents are salts created from basic hydrolysis of fatty acid. Each other of their extremity have a different polarity. This permit that those substances have the propriety of to became accumulated on interfaces of two immiscible solutions, and by reducing their superficial tension they take those solutions that are generally flown to sewerage system and finish in to the rivers. Great number of the surfactants, in our case the detergents, which are not biodegradable, that is, they have branched chain that causes environmental impact due the difficulty of the degredation from enzymes found in the rivers. That’s why it’s important the use of biodegradable detergents, which have linear chain that is easily degredated, so there is not environmental impact.

Keywords: surfactants, biodegradable, detergents.

SUMÁRIO

Page 5: Detergentes biodegradáveis

Introdução................................................................................................................ 07

CAPTULO 1:DETERGENTES - O SURGIMENTO.......................................... 09

CAPITULO 2: FUNCIONAMENTO BÁSICO DE REAÇÃO........................... 11

2.1- Óleos e Gorduras.............................................................................................. 11

2.2- Ácidos Graxos Saturados e Insaturados ...................................................... 11

2.3- Sabões e Detergentes....................................................................................... 13

2.3.1- Atuação na Limpeza.................................................................................... 13

2.3.2- Quando os Detergentes não Funcionam..................................................... 17

CAPITULO 3: TENSÃO SUPERFICIAL........................................................... 18

3.1- Tensoativos....................................................................................................... 19

3.2- Classificação de Tensoativos........................................................................... 21

3.3- Tensoativos Biodegradaveis............................................................................ 22

CAPITULO 4: BIODEGRADAVEIS VC NÃODEGRADAVEIS..................... 23

4.1- Impactos Ambientais....................................................................................... 25

CAPITULO 5: PROCESSO DE PRODUÇÃO................................................... 27

5.1- Processo Produtivo na Fabricação do Detergente....................................... 28

5.1.1- Etapas importantes no processo de Produção do Detergente.................. 29

5.2-Caracteristica de Um Bom Detergente.......................................................... 30

5.3- Aditivos em Detergentes................................................................................ 30

Considerações Finais............................................................................................. 32

Bibliografia............................................................................................................ 33

LISTA DE FIGURAS

Page 6: Detergentes biodegradáveis

Figura 1: Pedra Sabão...................................................................................................................09

Figura 2: Banhos Públicos antes do Século XVIII.......................................................................10

Figura 3: Ácido graxo saturado, cadeia reta.................................................................................12

Figura 4: Ácido graxo Insaturado, cadeia curva .........................................................................12

Figura 5: Cadeia apolar, afinidade com gorduras e extremidade polar, afinidade pela água.......15

Figura 6: Estrutura de uma Miscela.............................................................................................15

Figura 7: Uma micela pode conter centenas de moléculas de sais de ácidos graxos...................16

Figura 8: Detergente aniônico......................................................................................................16

Figura 9: Detergente catiônico....................................................................................................16

Figura 10: Eutrofização...............................................................................................................17

Figura 11: Resultante da interação..............................................................................................18

Figura 12: Moeda flutuando graças a tensão superficial.............................................................19

Figura 13: Emulsão.....................................................................................................................20

Figura 14: Estrutura do alquil benzeno sulfonato de sódio e do propeno..................................24

Figura 15: Estrutura do alquil benzeno sulfonato de sódio linear..............................................24

Figura 16: Detergentes formados em rios..................................................................................25

Figura 17: Primeira fase para a produção do detergente............................................................27

Figura 18: Segunda fase para a produção do detergente............................................................28

LISTA DE TABELAS

Page 7: Detergentes biodegradáveis

Tabela 1: Tabela de Tensoativos.....................................................................................22

Tabela 2: Detergente Doméstico.....................................................................................29

Page 8: Detergentes biodegradáveis

INTRODUÇÃO

Detergentes são substâncias anfifílicas, ou seja, apresentam uma parte apolar provida de

uma cadeia de hidrocarbonetos e uma parte polar de um íon seja ele catiônico ou aniônico

também pode ser anfótero e não iônico, por apresentar estas duas partes ele consegue ligar dois

líquidos imiscíveis. Podem ser provados pelo o uso de detergentes para remoção de gorduras

uma vez que gorduras são ésteres derivados de ácidos graxos e glicerol formando assim os

chamados de triglicerídeos. A forma que estas gorduras são removidas é que é o problema, pois,

uma vez que limpos eles se escorrem pelos esgotos e acabam em lagos e rios (Maniasso, 2001).

Estes detergentes podem ser biodegradáveis e não biodegradáveis, uma vez que um

detergente biodegradável pode ser facilmente degradado por colônia de bactérias o que não

causa efeito no meio ambiente, enquanto os não biodegradáveis acumulam-se na superfície de

rios formando uma espuma que após várias reações em cadeia, a quantidade de oxigênio

existente na água cai bruscamente (Regis, 2009).

Para compreender totalmente ação destes detergentes e seus devidos impactos é

favorável terem conhecimento de como eles atuam e conhecer os chamados tensoativos que

sensibiliza as moléculas aumentado a área de atuação, diminuindo assim a tensão superficial

(Prista e Alves, 1992).

Como dito por Shreve e Brink (1997):

[...] os detergentes atuam ligando uma parte apolar em uma polar, pois eles possuem uma cadeia longa derivada de um hidrocarboneto sendo esta hidrófoba, ou seja, ela não consegue interagir com água sendo assim imiscível a água, mas miscível a um triglicerídeo sendo este apolar. Possui também uma parte polar chamada parte ativa sendo esta hidrófila, ou seja, polar, sendo a água polar, estas serão miscíveis. A partir deste conhecimento o funcionamento é simples: a parte apolar interage com a gordura ao mesmo tempo que a parte polar reage com a água, este efeito forma uma molécula de gordura em seu interior interagido com a parte apolar do detergente enquanto a sua volta a água reage com a parte polar, este efeito é chamado de micela [...].

Os tensoativos ou surfactantes atua sensibilizando as superfícies das moléculas

aumentado o tempo e criando as emulsificações. Esta tensão superficial é um efeito que ocorre

na superfície de um líquido levando este a criar uma espécie de membrana elástica, esta reduz a

face de atuação destas micelas, devido a força de coesão. Tensoativos tem esta capacidade de

modificar sistemas reacionais, sua atuação é semelhante a do detergente, pois este atua criando

campos miscelares, fazendo assim que solubilize espécies de baixa solubilidade (Maniasso,

2001).

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Page 9: Detergentes biodegradáveis

Atuando junto com os detergentes a emulsificação tem maior rendimento já que ele age

posicionando na interface das duas soluções estabilizando a emulsão, sendo que sem eles a

tensão superficial faria com que a emulsificação lentamente voltasse a sua posição inicial

separando em duas fases (Tito e Canto, 1998).

O grande uso de tensoativos causa grandes impactos ambientais. Devido isto, novos

tensoativos biodegradáveis foram desenvolvidos. Juntamente, detergentes biodegradáveis

entraram em uso (Pedro, 2010).

A diferença entre os biodegradáveis e os não biodegradáveis vem do fato da cadeia

carbônica, onde, os não biodegradáveis possuem ramificações ao longo da cadeia. Segundo Tito

e Canto (1998):

[...] estes detergentes, quando lançados aos esgotos, acabam parando em rios e lagos que possuem enzimas capazes de decompor cadeias lineares, mas elas não conseguem identificar cadeias ramificadas, assim, estes detergentes não são degradados ficando na superfície destes lagos e rios formando uma espuma que impede a passagem de luz solar através da água. Isso faz com que algas do fundo destes locais morram e apodreçam. Este apodrecimento consome o oxigênio contido na água, causando, assim, a morte de peixes e a contaminação da água [...].

Por outro lado, os detergentes biodegradáveis não possuem ramificação, ou seja, são

consideradas lineares. Assim, quando estes chegam aos rios, as enzimas lá existentes,

conseguem quebras as moléculas de cadeias lineares degradando, assim, o detergente (Regis,

2009).

O objetivo da pesquisa é mostrar como agem estes detergentes e mostrar porque utilizar

um produto verde, ou seja, propor o uso de um produto que não causa danos ao meio ambiente e

tem o mesmo efeito de limpeza que um não biodegradável.

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Page 10: Detergentes biodegradáveis

CAPÍTULO 1

DETERGENTES: O SURGIMENTO

O sabão era conhecido pela maioria das culturas antigas, que o usavam tanto para o

corpo quanto para a roupa. A partir do século II, várias cidades tornaram-se importantes centros

produtores de sabão e a maioria estava por toda a área do Mediterrâneo (Pangea, 2006).

Figura 1: Pedra Sabão

Fonte: Disponível em <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-sabao/historia-do-sabao-

3.php> Acesso em 15 mar 2010.

Durante o século XV, um dos principais núcleos de vida social nas cidades eram os

banhos públicos. Depois, estes foram considerados imorais e então o sabão passou a ser evitado.

Vestia-se a mesma roupa durante semanas e os odores eram disfarçados com perfumes. Não se

apreciou o sabão até o início do século XVIII, quando médicos se deram conta da importância

da higiene pessoal para a saúde. Além disso, a industrialização e as importações de matérias-

primas baratas das colônias facilitaram a fabricação de sabões em grande escala. (Pangea,

2006).

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Page 11: Detergentes biodegradáveis

Figura 2: Banhos Públicos antes do Século XVIII

Fonte: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-sabao/historia-do-sabao-

3.php> Acesso em 15 mar 2010

À medida que mais médicos prescreviam a "cura da água", a idéia de banho foi-se

tornando mais aceitável e os sabões que estavam restritos apenas a lavar roupas aos poucos

voltavam aos banhos, e atualmente, a maioria de produtos que existem no mercado não são

verdadeiros sabões, mas sim detergentes criados a partir de materiais derivados do petróleo

(Reis, 2009).

Nos anos 30 surgiu o primeiro detergente de roupas, o Dreft, da Procter & Gamble.

Desde os anos 30 e 40, os detergentes de roupas se tornaram uma necessidade doméstica e são

usados em todo o mundo para limpar têxteis. Hoje os detergentes são eficientes para limpar as

roupas e pratos com água em temperatura normal, além de serem aplicados em diversos outros

setores da economia (Frydendall, 2009).

Podemos dizer que suas maiores instalações são: detergentes para lavar roupas e louças

e para linhas institucionais industriais (Detergentes, 2009).

CAPÍTULO 2

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Page 12: Detergentes biodegradáveis

FUNCIONAMENTO BÁSICO DE REAÇÃO

2.1- ÓLEOS E GORDURAS

Existe na natureza um grande número de substâncias denominadas ésteres. Trata-se de

óleos e gorduras, que freqüentemente estamos utilizando no nosso dia-dia. Ésteres são derivados

de um álcool e de um ácido, sendo que o álcool em questão é o glicerol ou glicerina. Os ácidos

que reagem com o glicerol, e formam os óleos e as gorduras são os chamados ácidos graxos,

que são ácidos carboxílicos que possuem cadeia carbônica longa, em geral com doze ou mais

átomos de carbono (Tito e Canto, 1998).

Os ácidos graxos normalmente usados são o oléico, o esteárico e o palmítico,

encontrados sob a forma de ésteres de glicerina (oleatos, estearatos e palmitatos) nas substâncias

gordurosas (Civita, 1974).

Os sabões são feitos pela saponificação de gorduras e óleos. Qualquer reação de um

éster com uma base para produzir um álcool e o sal de ácido é chamada uma reação de

saponificação (Allinger, 1976).

2.2- ÁCIDOS GRAXOS SATURADOS E INSATURADOS

Saturados: Apresentam apenas ligações simples entre os carbonos.

Insaturados: Apresentam ligações duplas na cadeia carbônica.

À temperatura ambiente os ácidos graxos saturados são sólidos, e os insaturados estão

no estado líquido. Essa diferença de pontos de ebulição está ligada à fórmula estrutural desses

compostos, os ácidos graxos saturados apresentam cadeias carbônicas “retas”, e os insaturados

cadeias em “curva”. (Tito e Canto, 1998).

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Page 13: Detergentes biodegradáveis

Figura 3: Ácido graxo saturado, cadeia reta.

Fonte: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-sabao/historia-do-sabao.php> Acesso em 20 mar 2010

Figura 4: Ácido graxo Insaturado, cadeia curva.Fonte: Disponível em <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-sabao/historia-do-sabao.php> Acesso em 20 mar 2010

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Page 14: Detergentes biodegradáveis

A finalidade de se entender um pouco como agem e funcionam esses ácidos graxos que

reagem com o glicerol e formam os óleos e gorduras, leva-se se a pensar sobre um assunto que

vem causando muita preocupação, e envolve esses óleos e gorduras, que é a maneira com que

esses óleos são “limpos” digamos assim, da natureza, que é através dos sabões e detergentes.

(Shreve e brink, 1997).

2.3- SABÕES E DETERGENTES

Uma vez que óleos e gorduras são ésteres, eles sofrem reação de hidrólise ácida ou

básica. A hidrólise ácida produzirá simplesmente o glicerol e os ácidos graxos constituintes. Já a

hidrólise básica produzirá o glicerol e os sais desses ácidos graxos. Esses sais são denominados

sabões e detergentes.(Tito e Canto, 1998).

Os detergentes apresentam uma eficiência muito maior do que os sabões, pois os sabões

são precipitados, e por isso não são eficientes com águas duras ou ácidas, ao contrário dos

detergentes.(Shreve e Brink, 1997).

2.3.1-Atuação na limpeza:

A água por si só não consegue remover óleos e gorduras, isso acontece porque as

moléculas de água são polares, e as de óleo são apolares. É aí que os detergentes ganham

destaque, porque eles conseguem “jogar nos dois times”, diga-se assim (Tito e Canto, 1998).

Sabe-se que os detergentes são misturas de várias outras substâncias, cada qual

escolhida para efetuar uma ação particular durante a limpeza. O novo conceito de tensoativos,

incluem os surfactantes, detergentes, entre outros. Segundo Shreve e Brink (1997):

[...] todos devem a respectiva atividade a uma modificação das propriedades de uma camada superficial que separa duas fases em contato. A maioria dos agentes tensoativos tem grupos hidrófilos em uma extremidade da molécula e grupos hidrófobos na outra extremidade. Os detergentes têm excepcionais propriedades de remoção de sujeira. Existem detergentes para serviços leves e outros para serviços pesados [...]

Durante as décadas de 70 e 80, a composição dos detergentes sofreu rápidas mudanças

em virtude de considerações ecológicas. A evidência experimental mostrou que os fosfatos dos

13

Page 15: Detergentes biodegradáveis

detergentes podem contribuir para a eutrofização dos lagos, e, por isso, o uso dos fosfatos foi

proibido em algumas áreas dos estados Unidos. Diversos substitutos foram introduzidos, mas

também apresentaram riscos, e foram proibidos (Shreve e Brink1997).

A posição tomada pela indústria de detergentes foi que o fosfato, nos despejos,

pudessem ser removidos, mediante tratamento especial nas estações de tratamento e que, tendo

em vista a inocuidade tóxica dos fosfatos, a substituição dos fosfatos seria a solução mais

desejável. Mas é preciso o teste de novas substâncias que não causem danos ao meio ambiente

(Shreve e brink, 1997).

Os surfactantes dos detergentes efetuam na lavagem a ação da limpeza primária e de

espumejamento mediante o mesmo mecanismo de redução da tensão superficial. O processo de

limpeza consiste em:

Molhagem completa da sujeira e da superfície do material que está sendo lavado pela

solução de detergente;

Remoção da sujeira da superfície;

Manutenção da sujeira numa solução ou suspensão estável.

Na água de lavagem os detergentes aumentam a molhabilidade da água, de modo que

ela possa penetrar mais facilmente nos tecidos e atingir as sujeiras. Principia, então, a remoção

do sujeira. De acordo com Shreve e Brink (1997),

[...] cada molécula da solução de limpeza pode ser considerada uma cadeia comprida. Uma extremidade da cadeia é hidrófila e a outra é hidrófoba. As extremidades dessas moléculas são atraídas por uma partícula de sujeira e a envolvem. Ao mesmo tempo, as extremidades hidrófilas puxam as moléculas e as partículas de sujeira, presas ao tecido, e laçam-nas na água de lavagem. Esta é a ação que, combinada com a agitação mecânica da máquina de lavar, faz com que o detergente remova a sujeira. Suspenda-a na água e impeça que se deposite de novo nas roupas [...]

Reguladores de espuma são comumente adicionados para minimizar a tendência

espumante do detergente, neste caso, as alcanolamidas de ácidos graxos também têm esta

função. Os principais requisitos para uma substância mostrar capacidade reguladora de espuma

são baixa solubilidade em água e alta pressão superficial distribuída (Fonseca-Prista, 1993).

Estes podem ser reguladores ou supressores usados freqüentemente como surfactantes.

Um exemplo desses reguladores são os ácidos graxos de cadeia longa. (Shreve e Brink, 1997).

Os reforçadores aumentam o poder do detergente. Atuam com mais versatilidade que a

de simples abrandadores de água. Eles impedem também a redeposição da sujeira da água de

14

Page 16: Detergentes biodegradáveis

lavagem sobre os tecidos. Segue o modelo da forma do detergente, as extremidades possuem

propriedades coligativas diferentes. Enquanto uma possui afinidade pela água (polar) a outra

possui afinidade com gorduras e outras substâncias não solúveis (apolares): (Shreve e

Brink1997).

Figura 5: Cadeia apolar, afinidade com gorduras e extremidade polar, afinidade pela água.

Fonte: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-sabao/historia-do-

sabao.php> Acesso em 19 mar 2010

A parte da cauda é apolar e a parte da “cabeça” é polar, isso é que faz com que essas

moléculas tenham a propriedade de acumularem-se em interfaces de dois líquidos imiscíveis ou

na superfície de um líquido. Eles emulsificam as gorduras ou matérias orgânicas devido a

propriedade de suas moléculas possuírem uma parte hidrófila, que atrai moléculas de água, e

uma parte lipófila, que é hidrófoba, (não se mistura com a água). Essa propriedade é obtida ao

oxidar um ácido graxo de cadeia longa como, por exemplo, palmítico, esteárico ou oléico com

uma base alcalina, freqüentemente, de sódio, potássio ou cálcio. Este processo é denominado

saponificação. O extremo da molécula que contém o ácido graxo é lipófilo, e o que contém o

átomo alcalino é hidrófilo. Dessa maneira ao lavar-se algo que esteja sujo de óleo forma-se a

micela (Tito e Canto, 1998).

Figura 6: Estrutura de uma Miscela

Fonte: Disponível em <wikmedia.org> Acesso em 09 mar 2010

15

Page 17: Detergentes biodegradáveis

A micela é uma gotícula microscópica de gordura envolvida por moléculas de sabão,

orientadas com cadeia apolar para dentro, interagindo com o óleo, e a extremidade polar para

fora interagindo com a água. A água “enxerga” apenas a parte externa da micela, que é polar.

Assim, essa micela é facilmente levada pela água. (Tito e Canto, 1998).

Figura 7: Uma micela pode conter centenas de moléculas de sais de ácidos graxos

Fonte: Disponível em <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-sabao/historia-do-

sabao.php> Acesso em 22 mar 2010

O Processo de formação das micelas é denominado emulsificação. O detergente atua

como emulsificante, ou seja, ele tem a propriedade de fazer com que o óleo se disperse na água

na forma de micelas. (Tito e Canto, 1998).

Os detergentes podem ser aniônicos ou catiônicos, dependendo da carga do íon orgânico

responsável pela limpeza (Tito e Canto, 1998).

SO3-Na+

Figura 8: Detergente aniônico

Fonte: Disponível em <www.uploadwkmedia.org> Acesso em 10 mar 2010

NH+ Cl-

Figura 9: Detergente catiônico

Fonte: Disponível em <www.uploadwkmedia.org> Acesso em 10 mar 2010

16

Page 18: Detergentes biodegradáveis

2.3.2- Quando os detergentes não funcionam

Em certas regiões a água é rica em íons Ca2+ e Mg2+. Esse tipo de água é chamado de

água dura. Nela os detergentes não atuam de modo satisfatório, pois ocorre uma reação entre

esses cátions e o ânion do sabão, formando um precipitado, composto insolúvel. Isso pode

diminuir ou até mesmo eliminar a eficiência da limpeza. (Tito e Canto, 1998).

Para resolver essa situação adiciona-se ao produto uma substância conhecida como

agente sequestrante, cuja função é precipitar os íons Ca2+ e Mg2+ antes que eles precipitem o

sabão. (Osório e Oliveira, 2000).

Há, no entanto, um inconveniente no uso desses agentes: eles são nutrientes de algas e,

quando vão parar na água, favorecem a proliferação delas. Esse crescimento exagerado impede

a entrada de luz solar, assim as algas do fundo morrem por falta de luz, e começam a apodrecer.

Esse apodrecimento consome oxigênio da água, o que , por sua vez acarreta a morte dos peixes.

(Tito e Canto, 1998).

Esse processo é chamado de eutrofização:

Figura 10: Eutrofização

Fonte: Disponível em <www.acif.org.br> Acesso em 09 mar 2010

17

Page 19: Detergentes biodegradáveis

CAPITULO 3

TENSÃO SUPERFICIAL

Tensão superficial é um efeito que ocorre na camada superficial de um líquido

que leva a superfície a comportar-se como uma membrana elástica. Como no líquido as

moléculas tendem a interagir com as outras moléculas que a rodeiam, o raio de

interação destas moléculas é pequeno e acaba interagindo somente com aquelas

próximas (Prista-Alves, 1992).

Figura 11: Resultante da interaçãoFonte: Disponível em <http://www.sc.ehu.es/sbweb/fisica/fluidos/tension/introduccion/introduccion.htm> Acesso em 07 mar 2010

A)No interior do líquido;

B)Nas proximidades da superfície;

C)Na superfície.

Na física este efeito de interação é dado como uma resultante nula pelo fato das moléculas centrais se interagirem em todas direções pelas moléculas vizinhas. Neste caso considere uma molécula pelo ponto vermelho(A) percebe que a resultante de suas foças é nula. Ja no ponto (B) pelo fato de haver maior número de moléculas acima do que abaixo a resultante se direciona a parte inferior do líquido. No caso(C) não há moléculas que interajam na parte superior do líquido fazendo com que a resultante seja maior que no caso B e tendo a direção partindo da superfície para o interior (Koshkin-

Shirkévich, 1975) .

18

Page 20: Detergentes biodegradáveis

Figura 12: Moeda flutuando graças a tensão superficialFonte: Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:2006-01-15_coin_on_water.jpg> Acesso em 07 mar 2010

Isto explica o fato de formar a película elástica na superfície, esta mesma

película responsável pelo fato de agulhas ou finas lâminas de metal flutuarem apesar de

sua densidade ser maior o mesmo efeito ocorre com os insetos que caminha sobre a

agua. O uso de surfactantes(tensoativos) e dertegentes reduzem esta tensão rompendo as

forças de coesão deste líquido (Prista-Alves, 1992).

3.1 TENSOATIVOS

Os tensoativos, ou também chamados de surfactantes, atuam diminuindo a

tensão supeficial entre dois líquidos. Também podem ser chamados de emulgentes, pois,

conseguem mater a emulsão. A explicação disto é que estas emulsões ocorrem entre

dois líquidos imiscíveis. Estes tensoativos atuam prinipalmente na interação óleo-água

aumentando a emulsão, ou seja, diminuindo a tensão superficial entre estes dois líquidos

(Maniasso, 2001).

19

Page 21: Detergentes biodegradáveis

Figura 13: EmulsãoFonte: Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Emuls%C3%A3o> Acesso em 07mar 2010

A.. Dois líquidos imiscíveis separados em duas fases (I e II). B. Emulsão da fase

II dispersa na fase I. C. A emulsão instável progressivamente retorna ao seu estado

inicial de fases separadas. D. O surfactante se posiciona na interface entre as fases I e II,

estabilizando a emulsão (Prista e Alves, 1992).

Os tensoativos tem uma importância em química analítica principalmente a sua

capacidade de modificar propriedades reacionais aumentando sensibilidade e

seletividade, as caracteristicas principais do uso de tensoativos leva a formação de

ambientes micelares. São frequentemente empregados em um meio reacional fazendo

com que sulubilize espécies de baixa sulubilidade, tambem permite modificar o

equilíbrio das reações químicas, do tipo reativo(eletrofílico, nucleofílico) e do tipo

(catiônica, aniônica) da micela (Maniasso, 2001).

20

Page 22: Detergentes biodegradáveis

O emprego de ambientes miscelares se refere-se no meio reacional aumentando

a seletividade e a sensibilidade, atuando em reações catalíticas, tambem pode ser

empregado na separação em duas fases isotrópicas, na etapa de concentração e

separação. O uso de tensoativos nos mais diferentes produtos eram relativos ao emprego

de compostos não biodegradáveis, os quais proporcionavam sérios problemas de

contaminações ambientais. O tensoativo típico possui a estrutura R-X, onde R e cadeia

carbônica apolar (hidrocarboneto) variando de 8-18 átomos (normalmente Linear) e X é

o grupo (cabeça) iônica (polar) (Maniasso, 2001).

3.2- CLASSIFICAÇÃO DE TENSOATIVOS

Um tensoativo pode ser classificado como catiônicos, aniônicos, não iônicos e

anfóteros (Pedro, 2010).

Tensoativos catiônicos em geral possui uma formula R_X+Y-, onde R representa

uma cadeia carbônica (hidrocarboneto), X é um elemento catiônico pode ser

N,P,S,As,Te,Sb,Bi e os Halogênios, e Y é um contra íon (Mello, 2005).

Tensoativos aniônicos são aqueles que possuem sais graxos com metais

alcalinos ou alcalinos terrosos, ácidos sulfúrico, sulfônico e fosfórico contendo um

substituinte de hidrocarbonetos saturado ou insaturado (Pedro, 2010).

Os anfóteros possuem grupos aniônicos e catiônicos no meio hidrofóbico

(Mello, 2005).

Os tensoativos não iônicos são derivados de ésteres de áçidos graxos, ésteres de

carboidratos, polialcoóis e polioxietileno. Ainda segundo Maniasso (2001), veja uma

tabela logo abaixo sobre alguns tensoativos aplicados em meio micelares:

21

Page 23: Detergentes biodegradáveis

Tabela 1: Tabela de tensoativos:

Fonte: Disponível em<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100_40422001000100015&script=sci_arttext> Acesso em 10 mar 2010

3.3- TENSOATIVOS BIODEGRADÁVEIS

O uso de tensoativos nos mais diferentes produtos eram relativos ao emprego de

compostos não biodegradáveis, os quais proporcionavam sérios problemas de

contaminações ambientais. Para solucionar estes problemas novos tensoativos

biodegradáveis foram desenvolvidos. O desenvolvimento destes novos produtos

associados aos já existentes proporcinaram um incremento do uso destes tensoativos

(Pedro, 2010).

Tensoativos orgânicos são compostos anfifílicos que formam micelas em

solução. Estes tensoativos incluem lipídeos simples, lipídeos complexos e ácidos

bílicos. Tensoativos biodegradáveis também são chamados de tensoativos verdes, pois,

podem ser degradados por microbactérias no meio ambiente, reduzindo, assim o

impacto ambiental (Maniasso, 2001).

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Page 24: Detergentes biodegradáveis

CAPÍTULO 4

BIODEGRADÁVEL VS NÃO BIODEGRADÁVEL

Os produtos de limpeza sempre estiveram atrelados a problemas ambientais. Antes

mesmo do aparecimento dos produtos sintéticos, o sabão já apresentava o problema de deixar as

águas muito alcalinas (duras), deixando também uma película insolúvel sobre a superfície da

água. Na década de 1960, foram elaboradas leis na Europa para limitar a grande quantidade de

espuma que geravam os detergentes sintéticos (Juran, 2010).

De acordo com Conpet (2010) atualmente, os níveis de fosfatos nos detergentes são

controlados por lei. Entretanto, o acúmulo dessas substâncias nos rios, lagos e praias, que

recebem esgotos, pode prejudicar a vida das plantas e animais que vivem nestes locais. Isto

porque formam uma espuma branca ("cisne-de-detergente") que reduz a penetração do oxigênio

do ar na água, diminuindo assim o oxigênio disponível na água para respiração desses seres. Os

fosfatos também favorecem a multiplicação de algas vermelhas, que em excesso também

prejudicam a oxigenação da água (processo chamado de eutrofização das águas). Outra

preocupação é com a degradação do produto.

Os primeiros detergentes produzidos apresentavam problemas com relação à

degradação pelo meio ambiente, tornando-se altamente poluidores, pois permaneciam nas águas

de rios, lagos, etc. por um período muito grande. Neste caso, devido à permanente agitação das

águas, causavam a formação de muita espuma, cobrindo a superfície de rios, estações de

tratamento e redes de esgoto. (Neto, 2010).

É importante ressaltar que esta poluição ocorre não apenas pelo despejo individual de

uma substância ou outra, mas também pela reação química resultante da soma dos inúmeros

produtos de limpeza que usamos em nossas residências: detergentes, sabão em pó, amaciante,

sabonetes, shampoos, cremes dentais, desinfetantes, limpa-vidros, água sanitária ( com 2% de

cloro ativo), amoníaco, entre outros. Essa combinação potencializa os impactos sobre a

qualidade das águas, sobre a fauna e flora dos ecossistemas, assim como aumenta o perigo para

as populações que consumirem estas águas ou se alimentarem desses animais aquáticos

posteriormente (Branco, 1990).

Nesse período, a base para a fabricação dos detergentes era o propeno, um gás incolor

obtido, principalmente, do “cracking” da nafta (produto da destilação do petróleo). A utilização

deste composto na fabricação de detergentes originava tensoativos com cadeias ramificadas, ou

seja, que possuem radicais carbônicos adjacentes e, portanto, de difícil degradação pelas

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Page 25: Detergentes biodegradáveis

bactérias. Assim sendo, os problemas causados por estes detergentes estavam relacionados às

estruturas de suas moléculas (Civita, 1974).

Figura 14: Estrutura do alquil benzeno sulfonato de sódio e do propenoFonte: Disponível em:<http://www.nossofuturoroubado.com.br/arquivos/junho_09/quimica_dos_saboes.PDF> Acesso em 15

mar 2010

Compostos com o alquil benzeno sulfonato de sódio, apresentado na Figura 14, foram

proibidos em todos os países industrializados a partir de 1965. Observe a existência de metilas

(-CH3) que partem da cadeia principal e formam as ramificações. É justamente a existência

destas que dificulta a degradação da molécula. Devido a esse fato, esse tipo de detergente foi,

com o passar do tempo, sendo substituído por outros que possuíam maior degradabilidade .

No Brasil, certos tipos de detergentes continuaram à venda por tempo maior que nos

países industrializados. A legislação brasileira envolvendo controle de poluição causada por

detergentes nos cursos de água só foi promulgada no dia 15 de Janeiro de 1976, onze anos após

a proibição da utilização destes produtos na Europa e nos Estados Unidos (Neto, 2010).

A Figura a seguir mostra a estrutura de um tipo de detergente biodegradável:

Figura 15: Estrutura do alquil benzeno sulfonato de sódio linearFonte: Disponível em:<http://www.nossofuturoroubado.com.br/arquivos/junho_09/quimica_dos_saboes.PDF> Acesso em 15 mar 2010

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Page 26: Detergentes biodegradáveis

No Brasil, como a Orniex, Gessy-Lever, Henkel e Colgate-Palmolive, chegaram a pedir

ao governo mais quatro anos para se adequarem ao novo sistema produtivo. No final do ano de

1980, dos detergentes produzidos e consumidos no Brasil, 80% ainda eram não biodegradáveis.

Os detergentes começaram a ser produzidos a parir de 1960 e atualmente são utilizados no

mundo inteiro. Esse tipo de composto possui cadeia carbônica linear similar aos tipos de cadeias

encontradas nas moléculas dos sabões (Neto, 2010).

4.1- IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO DETERGENTE

Atualmente, os níveis de fosfatos nos detergentes são controlados por lei. Entretanto, o

acúmulo dessas substâncias nos rios, lagos e praias, que recebem esgotos, pode prejudicar a vida

das plantas e animais que vivem nestes locais. Isto porque formam uma espuma branca ("cisne-

de-detergente") que reduz a penetração do oxigênio do ar na água, diminuindo assim o oxigênio

disponível na água para respiração desses seres. Os fosfatos também favorecem a multiplicação

de algas vermelhas, que em excesso também prejudicam a oxigenação da água (processo

chamado de eutrofização das águas). Outra preocupação é com a degradação do produto.

(Conpet, 2010).

Figura 16: Detergentes formados em riosFonte: Disponível em <http://www.brasilescola.com/quimica/por-que-detergentes-poluem.htm> Acesso em 17 mar 2010

Já os detergentes biodegradáveis apresentam componentes enzimáticos que aceleram

reações químicas e promovem a remoção de sujidades de superfícies. Esses detergentes

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Page 27: Detergentes biodegradáveis

apresentam ampla aplicação, devido à sua ação específica e redução da poluição ambiental

Assim sendo, os problemas causados por detergentes não-biodegradáveis estavam

relacionados às estruturas de suas moléculas. (UNIMONTES, 2004).

O próximo capítulo nos retratará o processo de produção do detergente.

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Page 28: Detergentes biodegradáveis

CAPÍTULO 5

PROCESSO DE PRODUÇÃO

O detergente, assim como o sabão, está enquadrado na classe dos tensoativos, pois é

uma substância que diminui a tensão superficial dos líquidos (Costabile, 1993).

Produzido inicialmente por meio de derivados do petróleo devido à escassez de óleos e

gorduras necessárias para a fabricação do sabão motivado pela segunda guerra mundial. Passou

então a ser um produto sintético de grande uso no cotidiano por sua forte ação de limpeza (Neto,

2010).

Inicialmente, a base de fabricação de um detergente era o propeno, um gás liquefeito do

petróleo. Porém a utilização do propeno para a fabricação de detergentes originava tensoativos

com cadeias ramificadas, sendo estes de difícil degradação pelas bactérias, tornando assim o

produto como não biodegradável (Neto, 2010).

Após 1960 começaram a serem produzidos detergentes a partir de alquil benzeno

sulfonato de sódio linear. Este tipo de composto não possui ramificações em suas cadeias

carbônicas, se assimilando muito aos tipos de cadeias carbônicas encontradas nas moléculas de

sabão produzidos a parir de óleos animais e vegetais, sendo que tal estrutura favorece a

degradação do mesmo por microorganismos (Civita, 1974).

Uma formar simples para a produção de detergentes é a partir da sulfonação de alcanos.

Primeira fase para a produção do detergente:

H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |H-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-H + H2SO4 → H-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-SO3H + H2O | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H

(Decano) (Ácido Decano Sulfonico)

Figura 17: Primeira fase para a produção do detergenteFonte: Disponível em <http://www.iq.ufrgs.br/aeq/html/publicacoes/matdid/livros/pdf/sabao.pdf> Acesso em 11 mar 2010

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Page 29: Detergentes biodegradáveis

Segunda fase compreendida pela reação de neutralização e obtenção do detergente:

H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |H-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-SO3H + NaOH → H-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-SO3Na + H2O | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H

(Ácido Decano Sulfonico) (Decil Sulfonato de Sódio – Detergente)

Figura 18: Segunda fase para a produção do detergenteFonte: Disponível em <http://www.iq.ufrgs.br/aeq/html/publicacoes/matdid/livros/pdf/sabao.pdf> Acesso em 11 mar 2010

Existem muitas outras formas de obtenção de tensoativos sintéticos de detergentes para

as mais diversas finalidades, tais como, a lavagens de roupas, pisos, louças, automóveis e

outros, e estes ainda podem variar em sua forma de apresentação como em líquidos, flocos, pós

ou barras, conforme a necessidade e a finalidade (Costabile, 1993).

5.1- PROCESSO PRODUTIVO NA FABRICAÇÃO DO DETERGENTE

Segundo informações técnicas divulgadas pelo Instituto de Desenvolvimento Integrado

de Minas Gerais (INDI) por meio do programa Perfis Industriais O processo de produção de

detergentes e desinfetantes líquidos é simples e consiste, basicamente, na mistura, sob agitação,

dos ingredientes na proporção e quantidades indicadas nas fórmulas (INDI, 2009).

O mesmo programa apresenta ainda formula e descrição sumária do processo produtivo

mais comum em se tratando de detergentes tensoativos. O qual é representado no quadro

abaixo.

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Page 30: Detergentes biodegradáveis

Tabela 2: Detergente Doméstico:

Detergente doméstico:

Formula: Trietanolamina 6% Lixívia de soda caustica 9% Água 78% Formol comercial 2% Essência 0,4% Cloreto de sódio 3% a 5% Corante 1%

Fonte: http://www.iq.ufrgs.br/aeq/html/publicacoes/matdid/livros/pdf/sabao.pdf

5.1.1- ETAPAS IMPORTANTES NO PROCESSO PRODUTIVO DO DETERGENTE

Ainda segundo o INDI, para a produção de um detergente é necessário observar

algumas etapas importante no processo produtivo são elas:

Neutralização

Dissolver a soda cáustica em água. Adicionar aos poucos, sob agitação, a

trietanolamina, evitando a formação de espuma.

Correção do pH

Após total dissolução, acertar o pH entre 7 e 8, adicionando soda cáustica ou

trietanolamina.

Aditivação

Adicionar o emulsificante (formol) e a essência na quantidade suficiente para

formulação.

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Page 31: Detergentes biodegradáveis

Ajuste da viscosidade

Adicionar o cloreto de sódio e agitar suavemente para que a mistura fique bem

homogênea.

Adição de corante

Adicionar o corante nas quantidades suficientes para a formulação. O produto

deve permanecer em repouso por um período de 12 horas. Quanto aos corantes e essências

utilizados, os mais comuns são os que combinam o verde/limão, vermelho/maçã e o neutro, que

utiliza somente o corante amarelo.

5.2- CARACTERISTICAS DE UM BOM DETERGENTE

Solubilidade rápida e completa.

Não ser corrosivo.

Capacidade de reduzir a tensão superficial da água.

Ação penetrante.

Poder emulsificante.

Capacidade de dissolver resíduos sólidos.

Ação dispersante.

Ser econômico.

Ser atóxico.

Ser estável durante a estocagem.

5.3- ADITIVOS EM DETERGENTES

Nos produtos de limpeza em geral existem vários aditivos para melhorarem seus

desempenhos, reduzirem custos de produção entre outros benefícios. No detergente não é

diferente (Osório e Oliveira, 2001).

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Page 32: Detergentes biodegradáveis

Os aditivos mais comuns em detergentes, e em produtos de limpeza de um modo geral,

têm como característica retirar íons metálicos da água, obter detergentes neutros, diminuir o pH

da água, eliminar odores desagradáveis, diminuir o efeito espumante entre outros (Neto, 2010).

Os agentes precipitantes como os carbonatos e os agentes quelantes como os fosfatos

aparecem praticamente em todo tipo de produto de limpeza e atua de forma a reduzir ou retirar

íons de metais como o cálcio e o manganês responsáveis pela formação da chamada água dura.

Estes metais presentes em água reduzem o efeito dos sabões ou detergentes prejudicando a ação

dos tensoativos aniônicos (Neto, 2010).

O carbonato de sódio (Na2CO3) e o bicarbonato de sódio (NaHCO3) podem ser

utilizados para corrigir o pH dos detergentes neutralizando sua acidez natural. E os fosfatos

como o trifosfato de sódio (Na5P3O10) também auxiliam na redução da acidez da água (Osório

e Oliveira, 2001).

Para a eliminação de odores desagradáveis e também com efeito anti-séptico adicionam-

se bórax (tetraborato de sódio hidratado - Na2B4O7 . H2O) e o óxido de zinco (ZnO).

Os aditivos utilizados em maior percentagem em detergentes e produtos de limpeza são,

sem dúvidas, os fosfatos, pois alem de aumentarem o poder de limpeza do detergente, barateiam

os custos do produto final e são atóxicos (Osório e Oliveira, 2001).

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Page 33: Detergentes biodegradáveis

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Primeiro Detergente que surgiu foi o detergente para roupas nos anos 30, se tornando

uma necessidade domestica, mas apresentavam problemas com relação à degradação pelo meio

ambiente, tornando-se altamente poluidores, pois permaneciam nas águas de rios, lagos, etc. por

um período muito grande. Neste caso, devido à permanente agitação das águas, causavam a

formação de muita espuma, cobrindo a superfície de rios, estações de tratamento e redes de

esgoto

Durante as décadas de 1970 e 1980, a composição dos detergentes sofreu rápidas

mudanças em virtude de considerações ecológicas.

O Detergente que menos causa danos ao meio ambiente é o Biodegradavel.

Hoje eles podem ser biodegradáveis e não biodegradáveis, uma vez que um detergente

biodegradável pode ser facilmente degradado por colônia de bactérias o que não causa efeito no

meio ambiente, enquanto os não biodegradáveis acumulam-se na superfície de rios formando

uma espuma que impede a entrada de oxigênio na água.

O detergente, assim como o sabão, está enquadrado na classe dos tensoativos, pois é

uma substância que diminui a tensão superficial dos líquidos. Os aditivos mais comuns em

detergentes, e em produtos de limpeza de um modo geral, têm como característica retirar íons

metálicos da água, obter detergentes neutros, diminuir o pH da água, eliminar odores

desagradáveis, diminuir o efeito espumante entre outros

Os aditivos utilizados em maior percentagem em detergentes e produtos de limpeza são,

sem duvidas, os fosfatos, pois alem de aumentarem o poder de limpeza do detergente, barateiam

os custos do produto final e são atóxicos

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Page 34: Detergentes biodegradáveis

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