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DESTAQUES TOQUE DE SAÍDA Director Alfredo Lopes Chefe de Redacção Soledade Santos Externato Cooperativo da Benedita Rua do Externato Cooperativo Apartado 197 2476-901 Benedita [email protected] externatobenedita.net Trianual - Dezembro de 2008 Ano 3 - Número 9 - 1,00 € SEGURANÇA NO E-MAIL “Não se deixe pescar” Página 6 BENEDITA - TERRA DE SAPATEIROS Página 7 ADOLESCÊNCIA, UMA TRAVESSIA Pela psicóloga do ECB Página 8 EX-ALUNO DO ECB EM OXFORD Entrevista a João Serralheiro Página 9 ENTREVISTA A GONÇALVES SAPINHO Um percurso de vida Página 10 ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES Um novo projecto Página 12 PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS Aplicações e uso Página 15 O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL Lagoa de Pataias Página 16 Devendo ser o jornal da escola um meio para a divulgação daquilo que de bom e mau se passa na comunidade escolar, e, acima de tudo, um meio no qual os alunos podem e devem interagir, decidi vir demonstrar a minha indignação que é também a indignação de quase todos os alunos que estão na minha situação e tentar dar voz àquilo que con- sidero uma “causa”. Semelhantemente à maioria da população es- colar, não resido na Benedita e, por isso, vejo-me obrigada a recorrer todos os dias aos transportes escolares, a cargo da Rodoviária Tejo. Se naque- les dias em que os horários diferem nos é possí- vel sentarmo-nos ou pelo menos não ultrapassar o limite da lotação dos lugares em pé do autocar- ro, nos dias em que existe tarde livre para todos os alunos do Externato Cooperativo da Benedita, somos confrontados todas as semanas com situa- ções quase surreais. Às 13:30h, chega a altura de embarcar. O auto- carro deixa de funcionar como um autocarro, para passar a desempenhar o papel de uma “lata” des- tinada a “comprimir e enlatar”, não sardinhas, mas alunos. Quando, por vezes, faltam vinte ou trin- ta alunos para entrar, o autocarro, além de já ter mais que duas pessoas por assento, pessoas “es- magadas” contra vidros e encostadas às portas, ultrapassa em muito a lotação fixada (e, portanto, permitida por lei), quer de lugar sentados quer de lugares em pé. Chega a altura de o senhor motorista gritar para o fundo: “Apertam-se, ou querem que vos vá aí apertar?”, e de se dirigir à porta e dizer aos que ainda não conseguiram embarcar, por não te- rem espaço para poderem sequer colocar o pé no degrau que permite acesso ao interior do veículo, “Para onde é que vocês vão? É que aqui não ca- bem!”. TRANSPORTES ESCOLARES O PÂNICO DOS AUTOCARROS O Auditório do Cen- tro Cultural Gonçalves Sapinho voltou a rece- ber os alunos do 12º ano, já Setembro ia a meio. Com a angús- tia de quem esperava pela saída das listas de colocação do En- sino Superior, os alu- nos do Externato que terminaram o 12º ano foram convidados a receber, pelas mãos do seu Director de Tur- ma ou do Coordenador Pedagógico, o diploma comprovativo da con- clusão do 12º ano de escolaridade. A iniciativa, promo- vida pelo Ministério da Educação e que se realizou a nível nacio- nal, pretendeu tam- bém premiar os alunos com melhor desempe- nho escolar. Na nos- sa escola, foram dois os distinguidos: nos Cursos Profissionais, a aluna Vera Silva, e nos Cursos Científico- Humanísticos, a aluna Inês Pereira. Numa breve inter- venção, o Director do Externato felicitou as alunas premiadas e apelou a todos os alu- nos finalistas para que usem as “asas” que o Externato lhes deu, mas que regressem sempre que precisa- rem. O DIA DO DIPLOMA NO ECB Vera Silva Inês Pereira Continua na página 3

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Page 1: DESTAQUES - ecb.inse.ptecb.inse.pt/images/jornal/numeros/n9_final.pdf · ma ou do Coordenador Pedagógico, o diploma comprovativo da con-clusão do 12º ano de escolaridade. A iniciativa,

DESTAQUES

TOQUE DE SAÍDA

DirectorAlfredo Lopes

Chefe de RedacçãoSoledade Santos

Externato Cooperativo da BeneditaRua do Externato CooperativoApartado 197 2476-901 [email protected]

externatobenedita.net

Trianual - Dezembro de 2008Ano 3 - Número 9 - 1,00 €

SEGURANÇA NOE-MAIL“Não se deixe pescar”Página 6

BENEDITA - TERRA DE SAPATEIROSPágina 7

ADOLESCÊNCIA,UMA TRAVESSIAPela psicóloga do ECBPágina 8

EX-ALUNO DO ECB EM OXFORDEntrevista a João SerralheiroPágina 9

ENTREVISTA A GONÇALVES SAPINHO Um percurso de vidaPágina 10

ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTESUm novo projectoPágina 12

PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS Aplicações e usoPágina 15

O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA AMBIENTALLagoa de PataiasPágina 16

Devendo ser o jornal da escola um meio para a divulgação daquilo que de bom e mau se passa na comunidade escolar, e, acima de tudo, um meio no qual os alunos podem e devem interagir, decidi vir demonstrar a minha indignação que é também a indignação de quase todos os alunos que estão na minha situação e tentar dar voz àquilo que con-sidero uma “causa”.

Semelhantemente à maioria da população es-colar, não resido na Benedita e, por isso, vejo-me obrigada a recorrer todos os dias aos transportes escolares, a cargo da Rodoviária Tejo. Se naque-

les dias em que os horários diferem nos é possí-vel sentarmo-nos ou pelo menos não ultrapassar o limite da lotação dos lugares em pé do autocar-ro, nos dias em que existe tarde livre para todos os alunos do Externato Cooperativo da Benedita, somos confrontados todas as semanas com situa-ções quase surreais.

Às 13:30h, chega a altura de embarcar. O auto-carro deixa de funcionar como um autocarro, para passar a desempenhar o papel de uma “lata” des-tinada a “comprimir e enlatar”, não sardinhas, mas alunos. Quando, por vezes, faltam vinte ou trin-ta alunos para entrar, o autocarro, além de já ter mais que duas pessoas por assento, pessoas “es-magadas” contra vidros e encostadas às portas, ultrapassa em muito a lotação fixada (e, portanto, permitida por lei), quer de lugar sentados quer de lugares em pé.

Chega a altura de o senhor motorista gritar para o fundo: “Apertam-se, ou querem que vos vá aí apertar?”, e de se dirigir à porta e dizer aos que ainda não conseguiram embarcar, por não te-rem espaço para poderem sequer colocar o pé no degrau que permite acesso ao interior do veículo, “Para onde é que vocês vão? É que aqui não ca-bem!”.

TRANSPORTES ESCOLARES

O PÂNICO DOS AUTOCARROS

O Auditório do Cen-tro Cultural Gonçalves Sapinho voltou a rece-ber os alunos do 12º ano, já Setembro ia a meio. Com a angús-tia de quem esperava pela saída das listas de colocação do En-sino Superior, os alu-nos do Externato que terminaram o 12º ano foram convidados a receber, pelas mãos do seu Director de Tur-ma ou do Coordenador

Pedagógico, o diploma comprovativo da con-clusão do 12º ano de escolaridade.

A iniciativa, promo-vida pelo Ministério da Educação e que se realizou a nível nacio-nal, pretendeu tam-bém premiar os alunos com melhor desempe-nho escolar. Na nos-sa escola, foram dois os distinguidos: nos Cursos Profissionais, a aluna Vera Silva, e

nos Cursos Científico-Humanísticos, a aluna Inês Pereira.

Numa breve inter-venção, o Director do Externato felicitou as alunas premiadas e apelou a todos os alu-nos finalistas para que usem as “asas” que o Externato lhes deu, mas que regressem sempre que precisa-rem.

O DIA DO DIPLOMA NO ECB

Vera Silva

Inês Pereira

Continua na página 3

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ANO 3 - Nº 9TOQUE DE SAÍDA

2 ESCOLA VIVA

Director do Jornal: Alfredo LopesRedacção: Deolinda CastelhanoLuísa CoutoSoledade Santos (Chefe de redacção)Teresa AgostinhoMarketing e vendas:Maria José JorgeComposição gráfica:Nuno RosaPaulo Valentim Samuel BrancoEquipa de Reportagem:Acácio CastelhanoAna DuarteAna Luísa QuitérioClara PeraltaEstela SantanaFátima FelicianoGraça SilvaJosé CavadasMaria de Lurdes GoulãoRicardo MiguelSérgio TeixeiraValter BoitaImpressão: Relgráfica, LdaTiragem: 500 exemplaresPreço avulso: 1,00 €

EDITORIAL SUMÁRIOEscola vivaUnião Europeia: debate 3

Cadernos do ECB 3

Palavras dedicadas ao Crescer 5

Três museus em Madrid 5

O Toque de Saída no Alcoa 11

Associação de Estudantes renovada 12

Lloret del Mar - Lá vamos nós! 12

Visitas de estudo 12

Projecto Twinning - Na Casa do Gil 14

XV Rally Paper do ECB 14

À procura de jovens talentos 14

A família na escola 15

Nova peça Gambuzinos 20

Olhar CircundanteSeguranet 1

Será a verdade uma ilusão? 5

Afonso Fonseca - Pai da rádio na Benedita 7

Adolescência - Uma travessia 8

Livre arbítrio 8

Existência pura e negra 8

Ex-aluno do ECB em Oxford 9

Entrevista a José Gonçalves Sapinho 10

A democracia na actualidade 11

Bolonha, (a)fundações e praxes 19

Movimento Escola Moderna 20

Arte e CulturaFernando Pessoa, o menino da sua mãe 3

Felicidade, de Will Ferguson 4

As Pequenas Memórias, de José Saramago 4

Pêndulo, de Paulo Tavares 4

Lendas e Narrativas, de A. Herculano 4

O Milagre de Isabel e Dinis, de V. Marques 7

Paula Rego em Madrid 20

Ciência, Tecnologia e AmbientePerigos da internet - Palestra 6

Histórias de Bits 6

Segurança no e-mail 6

Plantas medicinais e aromáticas 15

Observatório da natureza 15

Despertar da consciência ambiental 16

Eco-códigos 16

Gustav Eiffel 18

O Lugar da Memória 7

Recriar o MundoAcróstico 13

Ode Natural 13

O Meu Jardim 13

Gosto da Aldeia de Manhã 13

Na Literatura encontro-me 13

A Escola é Fixe 20

Mente Sã em Corpo SãoSaúde e nutrição - A soja 17

Quem foi o génio Bobby Fischer? 18

Notícias do Xadrez 18

PassatemposEnigmas 19

TOP 10

1º- Um Pequeno Grande AmorFátima Lopes

2º - Uma Escolha Por AmorNicholas Sparks

3º - Sapatos de RebuçadoJoanne Harris

4º Naquele TempoNora Roberts

5º - Docinho de Morango Vai à EscolaEmily Sollinger

6º - O Cavaleiro de DinamarcaSophia de Mello Breyner Andresen

7º - O SegredoRhonda Byrne

8º - A ilha das Três IrmãsNora Roberts

9º - Levado Pelo MarNora Roberts

10º - Fatwa Jacky Trevane

Os livros mais requisitados na Biblioteca do ECB nos meses de Junho a Setembro de 2008

Não há, nunca houve, em parte algu-ma, um povo sem histórias. A arte de con-tar começa com a própria humanidade. Ora os contos de fadas são, provavelmente, um dos vestígios mais antigos dessas narrativas ancestrais. Em tempos, integravam os pro-gramas de Português do 10º Ano. Recordo a surpresa e a resistência inicial dos alunos ao ser-lhes proposto, como objecto de leitura e de estudo, um tipo de narrativa que conside-ravam infantil e demasiado remota. Mas qua-se todos acabavam por se render ao fascínio dos contos de fadas, uma vez descoberta a chave do seu potencial simbólico.

De facto, estes contos não só guardam a lembrança metafórica de antigos rituais, mo-dos de viver e de dizer perdidos no tempo, como encerram lições inestimáveis, forne-cendo às crianças e aos jovens pistas para entender o mundo e se inscreverem nele. Não por acaso tantos contos desenvolvem o tema do exílio, com o protagonista a aventurar-se na floresta, lugar de todos os perigos e terro-res, e a ter de encontrar, pelos seus próprios meios, a solução para os obstáculos que lhe vão surgindo. Pela mesma razão, os heróis dos contos são em regra muito jovens, pe-quenos “polegarzinhos” ingénuos e imaturos, postos à prova longe do apoio da família e de outras estruturas tutelares. Afinal, trata-se de crescer e de aprender a difícil mas fascinante lição da autonomia. As provas – vencer um gigante, resgatar uma princesa, conquistar uma fortuna, enfrentar a bruxa má – reflec-tem o processo do crescimento, a aprendi-zagem da auto-suficiência e a descoberta da própria identidade, sem as quais os jovens não ganharão o seu lugar na sociedade nem uma vida feliz. «A maior parte dos contos de fadas (diz-nos Bruno Bettelheim) mostra que, se quisermos assegurar a nossa identidade, será preciso submetermo-nos a desenvolvi-mentos difíceis, corrermos perigos, alcançar-mos vitórias. Só assim seremos senhores do nosso destino».

Nesta perspectiva, os contos de fadas en-cerram uma mensagem profundamente opti-mista e educativa. Dizem-nos, é certo, que a vida não é fácil nem o mundo um lugar segu-ro. Mas acima de tudo mostram-nos, numa lição que vem dos primórdios da experiência humana, que as nossas capacidades não são desprezíveis e que os problemas têm solução se os enfrentarmos com coragem, com deter-minação e com perseverança. E que nada de realmente válido ou precioso se obtém sem esforço e sem algum sacrifício. Pois na vida, como nos contos de fadas, não há atalhos nem batota.

Professora Soledade Santos

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ANO 3 - Nº 9 TOQUE DE SAÍDA

ESCOLA VIVA 3

… é altura de arrumar as pranchas de surf, as toalhas de praia e todas as recordações dos momentos vividos nas férias grandes. Agora há que preparar as mochilas, os livros escolares e comprar o material necessário para iniciar um novo ano escolar. Para os pais, é um momento pe-noso para o orçamento familiar.

Alunos e professores anseiam por saber dos seus horários, tur-mas e outras informações que dizem respeito à escola. Para os alunos, o grande momento é

o dia da recepção, momento em que ficam a conhecer a sua turma, o seu director de turma, a coordenadora de ano e muitas ou-tras novidades.

Assim, todos os alunos, com ex-cepção do 7º ano, tiveram a sua re-

cepção aqui na nossa escola no dia 11 de Setembro. Foi o reen-contro há muito esperado, reven-do os colegas, recordando e par-tilhando histórias de férias que já terminaram.

Os recém-chegados alunos do 7º ano tiveram a sua recepção no dia 12 de Setembro e, na sua maioria, acompanhados pelos pais e encarregados de educa-ção, foi com um misto de receio e orgulho que passaram a fre-quentar a escola “dos grandes” – o Externato, onde muitos deles

têm irmãos, primos ou amigos que já os “traumatizaram” com conselhos e indicações. É o iní-cio de uma nova etapa das suas vidas e de um novo percurso es-colar que, espera-se, contribua para a sua formação e cresci-mento pessoal.

No dia 15 de Novembro, ini-ciaram-se as aulas para os 1251 alunos matriculados nos vários anos e cursos do Externato, numa escola com melhorias ao nível dos equipamentos e insta-lações e onde se espera que alu-nos, professores, funcionários, pais e encarregados de educa-ção possam sentir-se realizados ao longo do ano lectivo que se iniciou.

Professores Fátima Feliciano

Ricardo Miguel

UM NOVO ANO ESCOLAR COMEÇA…

A muito custo, e depois de um longo tempo a realizar uma “com-pressão humana”, lá se conse-guem colocar todos os passagei-ros dentro do autocarro. Inicia-se uma viagem que a cada minuto desperta o perigo... Uma viagem acompanhado de malas que mui-tas vezes voam, de pessoas a passarem umas por cima das ou-tras, de empurrões, pisadelas… num transporte onde viajam por vezes mais quarenta passagei-ros do que aqueles que ele su-porta. De vez em quando, lá tem de existir uma travagem e, nessa altura, os alunos encarnam o pa-pel de peças de dominó: iniciam um movimento de queda na sua peça inicial que só pára quando atinge a ultima peça, um dominó que muitas vezes transfere o seu percurso de movimento à pessoa responsável por conduzir o auto-carro e, por isso, de nos levar ao nosso destino em segurança.

Desde sempre existiram pro-blemas nesta área e é sabido que é difícil coordenar o processo re-

lativo aos transportes escolares, mas a partir do momento em que uma entidade se propõe encarre-gar-se do mesmo, deve apresen-tar as condições mínimas para o fazer. Essas condições passam por oferecer aos passageiros um conforto mínimo durante a via-gem e, essencialmente, por pre-servar e zelar pela segurança de todos os ocupantes.

Todos os meses, os alunos do Secundário pagam uma taxa para poderem circular neste meio de transporte. Será justo depa-rarmo-nos com situações deste tipo? Sinto uma enorme revolta e tristeza perante esta situação e sei que estes sentimentos são partilhados pela maioria dos alu-nos que recorrem aos transpor-tes escolares, mas em voz bai-xa... São estes sentimentos que me levam a escrever aqui, que me levam a exteriorizar esta si-tuação e a tentar pedir a mobili-zação e a ajuda da comunidade escolar, pois só com a ajuda e vontade de todos algo pode real-

mente mudar.Apesar de este ser o último

ano em que frequentarei esta es-cola e recorrerei a este tipo de transportes escolares, não que-ria deixar esta questão ao acaso. Amanhã não serei eu, mas será um familiar, uma outra pessoa conhecida, será outro estudante. Está na altura de ser feita algu-ma coisa por aqueles que estão e que hão-de vir. Chega de dizer baixo “Isto é inadmissível”.

Até quando? Até quando ire-mos nós, alunos, permitir esta situação? E os pais? Até quan-do continuarão a pensar que os seus filhos estão em segurança e chegarão a casa? Até quando se continuará a pensar que os acidentes só acontecem aos ou-tros e quanto tempo faltará até que um dia seja o último?

Quanto tempo faltará para ser posta a mão na consciência?

Susana Roxo, 12ºB

TRANSPORTES ESCOLARES

O PÂNICO DOS AUTOCARROS

Continuação da página1

ACONTECENDO…

Nos dias 30 de Outubro e 3 de Novembro, ateliers, sessões de cinema e outras actividades lúdi-co-pedagógicas abertas a todos os alunos, dinamizadas pelo Pro-jecto Viver a Escola. Também a 3 de Novembro, o Dia da Educação Física, incluindo prova de Corta-Mato. A 10, comemoração do S. Martinho, preparada pelos profes-sores de EMRC e de Formação Cívica/Crescer para a Vida que, a 17 de Dezembro, organizam a Festa de Natal. Também a Asso-ciação Sorriso Amigo lança a sua Campanha de Natal.

A 12 de Novembro, Olimpíadas de Matemática. A 13, “Bradshaws Shadows”, teatro de sombras para os alunos do 3º Ciclo. “O Planeta Mágico” vem à escola no dia 19, trazido pelos professores de Ge-ografia. E no dia 24, por iniciati-va das professoras de Português, alguns alunos do 7º Ano deslo-cam-se à Biblioteca Municipal de Alcobaça para tomarem parte no projecto “Pedagogia na Promo-ção do Livro e da Leitura – Contos com Reflexão”.

Dezembro, 16, eleições para a nova direcção da Associação de Estudantes, e a 18, palestra pro-movida pelo Curso Tecnológico de Desporto. Ainda no 1º Período, di-namizado pela Biblioteca do ECB, “abre” o Café Literário, oferecen-do à comunidade local sessões de leitura colectiva e tertúlias em torno de livros, de autores, de fil-mes...

A 8 de Janeiro, Olimpíadas do Ambiente, e a 14, a 2ª eliminatória das Olimpíadas de Matemática. A 13 de Fevereiro, Torneio Com-palAir e, entre 16 e 20 de Feve-reiro, a Semana das Línguas, in-cluindo: espectáculos teatrais no CCGS – “Falar Verdade a Mentir”, “Auto da Barca do Inferno” e “Fall of Roman Empire” – uma drama-tização de “Felizmente Há Luar!” por alunos do 12º Ano, atelier de escrita criativa, encontro com um escritor, desfile de personalida-des alusivas à cultura francesa, mostra de gastronomia francesa e um concurso literário. Ainda em Fevereiro, a 20, o Rally Paper. E já em Março, entre 23 e 27, a Se-mana das Ciências.

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ANO 3 - Nº 9TOQUE DE SAÍDA

4 ESCOLA VIVA

A Escola, enquanto comunida-de educativa, é um espaço onde alunos, professores, funcioná-rios e encarregados de educa-ção colaboram, e onde têm lugar práticas promotoras de sucesso educativo nas vertentes da ins-trução, educação e formação; é pólo dinamizador de crescimento económico e de desenvolvimen-to local, visando a melhoria das condições de vida da população e contribuindo para a superação das desigualdades e da discrimi-nação social, devendo propiciar a realização pessoal de todos os seus elementos e ter como fim primeiro servir o aluno.

A Escola assume-se, assim, como instância promotora de uma consciência ética e cívica, formando para os valores, para a autonomia, para o desenvolvi-mento da criatividade e da inter-venção cívica. Deve ser também fonte de iniciativas de índole cultural ao serviço das pessoas que serão chamadas, amanhã, a transformar o meio em que vivem, devendo, assim, trans-mitir-lhes princípios como os da exigência, rigor, competência, dignidade, justiça, liberdade, so-lidariedade.

Partindo destes princípios, a cultura do Externato Cooperativo da Benedita desenvolve-se numa matriz de “paixão e compromisso” com a qualidade, na perspectiva da melhoria contínua, no sentido de construir uma Escola de Ex-celência, “contribuindo para que

todos se sintam mais realizados e que os valores de cidadania se-jam vividos e partilhados de uma forma responsável, construtiva e projectada para o futuro.”

Os grandes objectivos do nos-so Projecto Educativo visam es-timular a aquisição e produção de saberes numa vertente não só da cultura científica, mas tam-bém de cultura humanística que crie motivação para as ciências, a literatura e as artes, e que es-timule a criatividade e valorize o trabalho.

A Escola é o espaço onde os alunos são chamados a desen-volver as suas aptidões cogni-tivas, mas também onde devem ser ajudados no seu desenvolvi-mento afectivo, nomeadamente no que concerne à capacidade de equilibrar as obrigações, o prazer e o trabalho; à capacida-de de criar objectivos e de gerir metas; de escolher, decidir, co-

operar, intervir, comprometer-se e ser capaz de criar hábitos de ouvir e respeitar o outro.

Mas apesar de se pedir hoje à Escola disponibilidade para tan-tas missões que lhe têm vindo a ser atribuídas, não podemos es-quecer que a sua função princi-pal é o ensino, isto é, o acto pe-dagógico. Assim, tomamos como partida para o próximo triénio quatro grandes metas: produção de saberes, divulgação cultural, desenvolvimento de competên-cias sociais e desenvolvimento psicomotor/desportivo.

Melhorar a qualidade do pro-cesso ensino/aprendizagem e re-forçar a ligação Escola/Meio fo-ram áreas de melhoria definidas, pelo que se formularam estraté-gias de intervenção no sentido da prossecução destes objectivos.

A Direcção Pedagógica

O Projecto Curricular da Esco-la é a resposta ao estipulado no Decreto-Lei n.º 6/2001 de 18 de Janeiro, que prevê a implemen-tação de um Currículo Nacional baseado nas competências e ex-periências educativas essenciais, estabelecendo aquilo que todos os alunos têm de aprender.

Também o Decreto-Lei n.º 74/2004, que orienta a revisão curricular do ensino secundário, define o conjunto de aprendiza-gens a desenvolver pelos alunos de cada curso, tendo como refe-rência os programas das diferen-tes disciplinas, competindo à es-cola a definição das estratégias

de desenvolvimento do referido currículo.

Assim, é no Projecto Curri-cular que a comunidade educa-tiva assume as suas prioridades curriculares, de acordo com o Currículo Nacional e com as par-ticularidades da escola e da co-munidade em que se insere. Por sua vez, a adequação do Projec-to Curricular da Escola ao con-texto de cada turma é concreti-zada no Projecto Curricular de Turma. Para tal, o Conselho de Turma parte da caracterização da respectiva turma, da definição de prioridades educativas, da ar-ticulação entre as diferentes áre-

as disciplinares relativamente às competências essenciais a ad-quirir pelos alunos e ao modo de as concretizar, bem como da de-finição de critérios e instrumen-tos de avaliação.

No ECB, a novidade do Pro-jecto Curricular de Escola do presente ano lectivo reside no facto de termos a funcionar o en-sino articulado da Música para alunos do 7.º ano de escolarida-de, resultante de um protocolo estabelecido com a Academia de Música de Alcobaça.

Professora Laura Boavida

2008-2011: O PROJECTO EDUCATIVO DO ECB

O QUE É AFINAL UM PROJECTOCURRICULAR DE ESCOLA?

CONSELHOSCOMO ESTUDAR?

Eu, como aluno do 7ºA, por ve-zes sinto dificuldades em estudar e então tive necessidade de pro-curar várias maneiras de estudar para os testes.

Descobri algumas, como por exemplo fazer os TPC quando chego a casa: em vez de ir para o computador, vou logo estudar, para não me esquecer da maté-ria.

Mas, por outro lado, o meu amigo que nunca estuda, conse-gue sempre boas notas, o que me tira a vontade de estudar e me leva, por vezes, a ir jogar compu-tador. O pior é quando chega a altura dos testes e tiro más no-tas. Estive a pensar e talvez seja melhor adoptar outro método de estudo e de trabalho. Acho que os seguintes métodos de estudo são os principais:

• Primeiro – estar motivado, ter autoconfiança e pensar que se estudarmos podemos ter um bom resultado no final do ano.

• Segundo – gerir bem o tem-po, fazer intervalos durante o es-tudo e dividir as horas de estudo igualmente para cada disciplina; em caso de haver testes, podere-mos tirar tempo de estudo a uma disciplina a que não se tem teste para estudar para outra das disci-plinas onde se vai ter teste.

• Terceiro – deve-se escolher um bom local de estudo, sem te-levisão, sem computador e sem outras coisas que podem distrair uma pessoa durante o estudo.

• Quarto – devemos estudar pelos apontamentos tirados nas aulas e fazer alguns esquemas da matéria principal.

Eu próprio já usei este método e deu resultado, por isso aconse-lho-vos a usá-lo também.

Mário João e Rafael Santos, 7ºA

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ANO 3 - Nº 9 TOQUE DE SAÍDA

ESCOLA VIVA 5

Quando chega um novo ano, ficamos to-dos cheios de vontade de começar em gran-de – como se tudo começasse de novo – e prometemos a nós mesmos que é desta que vamos fazer uma série de coisas que nunca conseguimos até aqui…

Com o início de um novo ano lectivo, tam-bém observamos esse fenómeno de boa von-tade, promessas e força interior, nos alunos. Prometem a si mesmos (e aos pais) que desta vez vão estudar a sério! Não vão deixar acu-mular matéria! E vão estudar com a devida an-tecedência para os testes. Só que, mais uma vez, os desejos ficam-se por isso mesmo.

MAS DESTA VEZ PODE SER DIFERENTEI! E a prova é que todos os anos há mais alguém que consegue aprender a estudar pouco e a aprender muito! Admirados? Então sigam em

frente. O lema é estudar pouco, mas muitas vezes:

1º Como é que se consegue memorizar uma canção da qual gostamos muito? Ouvi-mos uma vez, depois outra, vamos cantando uma parte várias vezes, voltamos a ouvir, con-seguimos cantar um pouco mais, vamos repe-tindo e, ao fim de uns dias, sabemos a canção toda. É assim que a nossa memória funciona: temos de repetir as coisas, mas com pouca informação de cada vez.

E como é que transformamos isto em estu-do e aprendizagem?

FÁCIL: estudamos todos os dias, mas ape-nas a informação que recolhemos naquele dia, a matéria que se deu nas aulas daquele dia.

2º Como é que devemos arrumar a informa-ção na cabeça, de modo a que esteja disponí-vel para quando precisarmos? Se nos limita-mos a “despejar” a matéria – se apenas lemos o que está no livro ou no caderno – corremos o risco de, quando necessitarmos da informa-ção, o nosso cérebro não saber onde a procu-rar, tal a confusão que existe lá dentro. Então temos de arrumar as coisas! Com quê?

-Sempre de papel e caneta na mão! -Com o livro e o caderno da aula!Como?-Resumindo a informação (escrever os tí-

tulos, subtítulos da matéria e depois, a seguir a cada um, elaborar esquemas CURTOS, ou definições BREVES).

-Repetindo um ou dois exercícios ou ques-tões já realizados na aula DESSE DIA, poden-

do consultar os apontamentos. O objectivo aqui é aprender, praticando. E depois disto já sei a matéria? Vamos ver:

-Faz mais um ou dois exercícios, mas desta vez sem o auxílio de caderno ou do livro. É mesmo como se fosse num teste. Só assim podemos ter a certeza absoluta se aprende-mos ou não o que foi dado na aula e se esta-mos preparados para o teste.

Este procedimento também ajuda a dimi-nuir a ansiedade nos testes. É que a ansie-dade deriva, na maioria das situações, de “excesso de peso na consciência”… por não termos estudado o suficiente e com a devida antecedência.

E quanto tempo será preciso para este es-tudo? Apenas 15 minutos, aproximadamente, por cada disciplina que tiveram nesse dia e em que deram nova matéria!

Depois, e por fim, é só rever a matéria mais umas vezes (no fim-de-semana ou numa tar-de livre, por exemplo) sempre fazendo exer-cícios.

Mais uma dica para terminar: se mete-rem no bolso uma folha com alguma matéria, podem sempre ler um pouco (2 ou 3 linhas) quando tiverem um tempinho!

Bom estudo. E para mais esclarecimentos podem contactar:

[email protected]

Margarida Ferreira, Psicóloga do ECB

APRENDER MUITO ESTUDANDO POUCOPARA OS ALUNOS (E NãO Só):

De modo interessante e cativante, decorreu no dia 8 de Setembro a II Jornada de Educação Especial, no Centro Cultural Gonçalves Sapinho, na Benedita.

À semelhança de João Sem Medo que impelido pela curiosidade pelo mundo e pelo conhecimento saiu da sua pa-cata aldeia “Chora que Logo Bebes”, os formandos foram conduzidos pela necessidade de aprender, de reflectir sobre temáticas que remetem para a necessária e premente inclu-são de alunos com Défice de Atenção, com Perturbação de Hiperactividade, com Défices Cognitivos e com problemas comportamentais/emocionais.

O neuropediatra Dr. Nuno Lobo Antunes, os professores universitários Maria João San-

tos, do Instituto Politécnico de Leiria, e Vítor Cruz, da Facul-dade de Motricidade Humana, em três conferências, escla-receram e partilharam infor-mação com os cerca de 150 formandos que participaram activamente nos workshops, com vista à adequação peda-gógica perante a heterogenei-dade dos alunos.

Entendeu o Gabinete de Dificuldades de Aprendiza-gens Específicas (organiza-dor do evento), do Externato Cooperativo da Benedita, que a afluência e o interesse ma-nifestado pelos formandos desta jornada (professores, psicólogos, encarregados de educação, terapeutas da fala, educadores de infância) indi-cam que há determinação em apoiar, incentivar e conduzir

os seus alunos/educandos ao sucesso.

Por último, foi permanente a ideia de que para se atingir o sucesso dos alunos urge um diagnóstico precoce, depois um apoio técnico especializa-do e, em simultâneo, a cola-boração, ajuda e incentivo da família. Ficou claro que a ar-ticulação entre os vários con-textos – o familiar, o escolar e o técnico – é a única forma de conduzir os alunos a situações favoráveis de aprendizagem que garantam o sucesso esco-lar. Bem-hajam os “João Sem Medo” que arriscaram sair “da sua aldeia”!

Professora Paula Cristina Ferreira

Coord. do Gabinete DAE do ECB

SOB A METÁFORA DE JOãO SEM MEDOJORNADA DE EDUCAÇãO ESPECIAL: ENSINAR A APRENDER

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ANO 3 - Nº 9TOQUE DE SAÍDA

6 ESCOLA VIVA

No passado dia 3 de Outubro, sexta-feira, realizou-se no auditório do CCGS uma pa-lestra intitulada “Desculpe! O Senhor é gay? – Um olhar sobre a importância da teoria das probabilidades”, proferida pelo professor do Externato Cooperativo da Benedita, Dr. Acá-cio Castelhano.

Nesta palestra falou-se do uso das probabi-lidades, um pouco da sua história e, fundamen-talmente, da sua importância. Por exemplo, podemos calcular se temos mais probabili-dade de ganhar o Euromilhões ou o Totoloto. Recorrendo aos cálculos relativos às probabi-lidades, podemos concluir que a probabilidade de ganhar, com uma aposta, o Euromilhões, é menor que no Totoloto. Contudo, a probabi-lidade de ganhar pelo menos um prémio, ou seja, de ganhar qualquer coisa, é bem maior no Euromilhões, pois este paga mais prémios, com um maior valor. No entanto, apostar no Euromilhões é mais caro. Com cem euros po-demos comprar cerca de cinquenta boletins do Euromilhões, enquanto que do Totoloto pode-mos comprar cerca de duzentos e cinquenta. Ainda assim, ao apostar no Totoloto perde-se mais dinheiro, tendo em conta o valor dos pré-mios.

Relativamente ao título da palestra, o Dr.

Acácio Castelhano lançou a pergunta: “Qual a probabilidade de um elemento escolhido ao acaso, nesta sala, ser gay?”. Segundo estu-dos relativos às probabilidades, se na sala estivessem 300 pessoas, tendo em conta que existem cerca de 10.000 gays em Portugal (portanto, um em cada 1000 portugueses será gay), haveria um terço de gays na sala. Este assunto permitiu explicar qual o método pelo qual se garante a confidencialidade quando se efectuam sondagens relativas a assuntos em que as pessoas não querem ser identificadas (como drogas, alcoolismo, orientação sexual, etc.). Para explicar, o professor Acácio Cas-telhano deu um exemplo: imaginando que se deseja saber quantos alunos no Externato já experimentaram drogas, dá-se um baralho de cartas a cada aluno, e um inquérito. Este con-tém instruções para que se tirem duas cartas e inclui duas perguntas, uma relativa ao con-sumo de drogas, e outra à cor que saiu na segunda carta. Consoante a cor que sair na primeira carta, o aluno responde à primeira ou à segunda pergunta, mas no inquérito apa-recem apenas uma vez, por baixo das duas perguntas, as hipóteses “sim” e “não” para a resposta. Recorrendo às probabilidades, é possível saber a qual das perguntas corres-

ponde a resposta dada.Relativamente à história das probabilida-

des, referiram-se os casos do Grão-duque da Toscana, do Paradoxo de Bertrand e da agulha de Bufon. Foi também mostrada a importância do seu uso, por exemplo, em concursos tele-visivos, como um famoso concurso existente nos Estados Unidos, que foi “reproduzido” na sala, com intervenção dos alunos.

Deste modo, recorrendo a exemplos com que nos deparamos no dia-a-dia, foi possível compreender o quanto o uso das probabilida-des pode ser útil em diversas situações.

Adriana Policarpo, 12º A

O USO E IMPORTÂNCIA DAS PROBABILIDADES

“DESCULPE! O SENHOR É gAy?!”

ESCOLA VIRTUAL NO ECBUM PROJECTO INOVADOR

Durante este ano lec-tivo, o Externato Coope-rativo da Benedita está a promover a utilização da Escola Virtual, da Porto Editora, em duas turmas, uma do Ensino Básico (9ºG) e outra do

Ensino Secundário (10º C), envolvendo um to-tal de 52 alunos e 12 professores.

A Escola Virtual é uma plataforma de e-le-arning que integra conteúdos multimédia de úl-tima geração – animações, vídeos, interactivi-dades e exercícios com feedback, entre outros recursos educativos, para além de todas as fun-cionalidades de gestão do processo educativo. Este serviço está disponível em qualquer local com acesso à Internet, possibilitando aos pro-fessores a preparação de aulas e a verificação de trabalhos desenvolvidos pelos alunos; por sua vez, os alunos podem continuar trabalhos iniciados na aula, rever a matéria leccionada e tirar dúvidas com os professores.

Neste momento, o projecto envolve apenas as disciplinas de Língua Portuguesa, Matemá-tica, Ciências Físico-Químicas, Ciências Na-

turais, História, Geografia e Inglês, do Ensino Básico, e as disciplinas de Português, Mate-mática A, Física e Química A e Biologia e Ge-ologia, do Ensino Secundário. O seu principal objectivo consiste em testar formas inovadoras de utilização das TIC no processo de ensino/aprendizagem que proporcionem aos bons alu-nos, um ambiente de trabalho que lhes permita o aprofundamento dos seus conhecimentos, e aos alunos que apresentam mais dificuldades, uma forma de trabalho regular, mais individua-lizado e motivador.

O custo anual por aluno é aproximadamente o mesmo de um manual escolar em papel.

Ao longo do ano, será implementada uma estratégia de avaliação do impacto do projecto. No final do ano, os resultados desta avaliação, bem como o interesse entretanto manifestado pela comunidade educativa, irão condicionar o alargamento da utilização da plataforma à ge-neralidade das turmas da escola.

Professor Nuno Rosa

LOgOSUm blogue de Filosofia para os alunos

do ECBSendo a Filosofia uma actividade que

se treina e se exercita com os outros, os professores desta disciplina criaram um espaço que permite a troca de ideias, de argumentos e de recursos úteis à apren-dizagem. Esse espaço é o blogue Logos-ecb. A escolha da palavra grega logos deve-se ao seu significado primordial: pensamento racional.

Visita este espaço e deixa os teus co-mentários e sugestões:

http://logosecb.blogspot.com

Professor Valter Boita

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ANO 3 - Nº 9 TOQUE DE SAÍDA

ESCOLA VIVA 7

Como um barco, a educação que recebemos deixa um rasto por estes oceanos onde navega-mos, por vezes à deriva, noutras ocasiões con-tra a maré, ou com o vento a favor.

Os valores que recebemos enquanto crianças e jovens vão moldar a nossa personalidade, a nossa forma de pensar, de lidar com o próximo, as nossas atitudes e decisões. Se formos edu-cados de uma forma correcta, com a atenção devida, o carinho e a exigência necessária, está percorrida a parte mais adversa do trajecto para nos tornarmos seres humanos inteligentes e ino-vadores.

Para se desenvolver por um caminho saudá-vel, a criança deve ver a sua formação pintada calmamente por quem a rodeia, ter pais com-preensivos que entendam as suas dificuldades e que a ajudem com seriedade, para que não se sinta ignorada ou gozada.

A ondulação que resulta das decisões que tomamos pode desaparecer quase instantanea-mente ou continuar a viajar durante muitas mi-lhas, pode até não morrer nunca e ter conse-quências, positivas ou não, até ao término da nossa existência. É por isso fundamental pensá-las atentamente, para não termos surpresas de-sagradáveis quando menos o esperamos, mas sim sermos presenteados por situações que se

desenham melhores do que aquelas que imagi-námos.

Também a incitação à cultura, por parte dos educadores, assume um papel essencial, pois é a cultura que completa muitas lacunas no nos-so dia-a-dia, enriquecendo-o e tornando-o mais interessante. Saber utilizá-la em proveito pró-prio, desde terapia apaziguadora, até fonte de inspiração de onde brotam ideias que possam ser transformadas em acções, torna a pessoa realizada, porque auto-satisfeita.

Como escreveu Augusto Cury, “Educar é ser um artesão de personalidade, um poeta de inte-ligência, um semeador de ideias”, e a importân-cia daqueles que nos rodeiam, ou que deixaram marcas no nosso crescimento, maturidade e en-velhecimento, não só pais e professores, mas também amigos e colegas, é de uma magnitude enorme, pois é por eles que somos educados e é com a educação que deles recebemos que lutamos para atingir o que dizem ser o objecti-vo maior da vida: a Felicidade. Devemos assim agradecer-lhes, reconhecendo a relevância que tiveram para nós, por termos sido educados efi-cazmente.

David Vicente, 11º C

JORNAL DE TURMA

UMA AVENTURASomos uma turma do sétimo ano

de escolaridade e tivemos a ideia de elaborar um jornal de turma, ideia à partida muito ambiciosa, mas não desistimos ao primeiro obstáculo. Um jornal pode ser a coisa mais difícil do mundo, se todos o enca-rarem como tal. Mas também pode ser muito fácil se toda a gente esti-ver disposta a trabalhar.

Nós consideramos que fazer um jornal é importante porque assim melhoramos em vários pontos, tais como: na tecnologia, aprendendo a usar melhor os computadores; na escrita; na escolha do que é mais importante; no desenvolvimento da imaginação e da capacidade mental, reflectindo acerca da me-lhor maneira de fazer cada notícia, etc..

Uma das partes mais impor-tantes é a informação, pois o jor-nal é um dos meios pelos quais as pessoas se informam. Ora o nosso jornal é trimestral e é a confusão total para conseguirmos fazer uma notícia, imaginem os jornais que saem diariamente! Como é que é possível terem notícias para todos os dias, sem excepção?! Como?! E a organização, como será?! Imagi-nam?!

Quem lê um jornal, normal-mente pensa que até é fácil fazê-lo, mas as pessoas que os fazem sa-bem bem como é difícil, à primeira, à segunda, à terceira tentativa. Mas depois de muito treino e de muita organização, os jornais vão saindo como desejamos.

De certeza que o vosso pai ou a vossa mãe compram jornais. Com-prar é fácil, agora fazer…É difícil, muito mais difícil.

Maria Almeida, Vanessa Ferreira, 7º B

Pryvit!

Olá! Chamo-me Petro, nas-ci em Ternopil, na Ucrânia, há 16 anos. Aos 6 anos de idade, entrei para escola e comecei a aprender correctamente a língua ucraniana. Estudei na Ucrânia até aos 15 anos e, em Agosto de 2007, vim para Portugal ter com os meus pais que se encon-travam a trabalhar na região da Benedita. Quando cheguei, fui matriculado no Externato Coo-perativo da Benedita para con-tinuar os meus estudos aqui em Portugal.

Bom! Nem imaginam a sen-sação: nos primeiros dois meses não entendi nada! Os colegas da

turma e os professores falavam comigo, mas eu não conseguia dizer nada. Foi muito estranho! Mesmo com muita atenção, eu não compreendia nada nas au-las. A língua portuguesa era muito, muito difícil para mim. Acompanhava as aulas com mui-ta dificuldade, pois não percebia o que os professores diziam, e registava a matéria no meu ca-derno sem saber o que estava escrever.

Em Novembro 2007, come-cei a ter aulas de português lín-gua não-materna, pois tinha de aprender esta língua que para mim é estrangeira. À medida que ia aprendendo a língua por-tuguesa, ia também conhecendo as dificuldades e os aspectos estranhos desta língua. Quem se terá lembrado de colocar pe-quenos riscos por cima das vo-gais? Para que servem os com-plicados acentos? Para dificultar

a nossa escrita, claro! Agora, já sei que eles são precisos e muito úteis, mas, mesmo assim, complicaram o meu estudo.

Para alem disto, também tive dificuldade em participar oral-mente nas aulas. Muitas vezes sabia as respostas, mas não sa-bia dizê-las em português. Fo-ram momentos baralhados!

Hoje em dia, um ano depois da minha chegada a Portugal, sei que língua portuguesa é di-fícil, mas também sei que com muito estudo, e se nunca desis-tir, vou conseguir alcançar os meus objectivos: aprender sem-pre mais e, daqui por um tempo, tornar-me engenheiro informá-tico e nunca mais me esquecer dos acentos!

Petro Brychka 11º C

APRENDENDO PORTUgUÊS…… na 1ª pessoa

Petro Brychka

A EDUCAÇãO QUE RECEBEMOS É O QUE VIVEMOS E SOMOS

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ANO 3 - Nº 9TOQUE DE SAÍDA

8 ESCOLA VIVA

ECB - A (NOVA) SINALÉTICA

Uma das Acções de Melhoria desen-volvidas no âmbito do processo de auto-avaliação da escola (C.A.F.), consistiu na implementação, no início do presen-

te ano lectivo, de um sistema de sinalética no Externato. Esta medida teve como fun-damento o facto de na auto-avaliação se ter concluído que o sistema de sinalética até então existente não era adequado.

Assim, com os objectivos de proceder à identificação dos espaços da Escola; de contribuir para a melhoria da circulação dos públicos que utilizam estes espaços; e de contribuir para a melhoria da imagem do Ex-ternato, a equipa responsável definiu como medidas: a instalação de placas de sinaliza-ção e de orientação, utilizando uma metodo-logia de design centrada no público utiliza-dor; e a identificação dos espaços da Escola, elaborando plantas dos pisos e pictogramas para as salas de aula e salas específicas.

Para a concretização deste projecto, foi convidada a Turma de Artes do 12º ano. Du-rante o ano lectivo de 2007-2008, esta tur-ma, com o apoio e orientação da Professo-ra Adelina Serralheiro, e integrando a Área de Projecto, executou todas as actividades com vista à prossecução dos objectivos de-finidos, realizando inclusive inquéritos a fim de conhecer a percepção do público face à sinalética proposta, e contactou empresas gráficas com o objectivo de recolher mate-riais e propostas de orçamentos.

Deste trabalho resultou uma nova percep-ção do Externato, importante sobretudo para os que, vindos do exterior ou frequentando pela primeira vez esta Escola, se encontram menos familiarizados com os espaços e as funções a que se destinam.

Professora Teresa Agostinho

O LUGAR DA MEMÓRIA

ECB – ANO LECTIVO 1988/1989

Os jovens presentes nesta fotografia eram a Turma F do 7º Ano, no ano lectivo de 1988/1989, há precisamente 20 anos.

O Lugar da Memória não é uma coluna saudosista, mas sim de lembranças que nos fazem reviver momen-tos bons do nosso passado mais ou menos recente. Há dias, folheando o livro do 25º Aniversário do Instituto Nossa Senhora da Encarna-ção, apercebi-me de que foi no ano lectivo de 1988/1989 que, pela primeira vez, fo-ram tiradas fotografias “ofi-ciais” às turmas do ECB. Fiquei olhando as fotos dos jovens do 7º Ano de há 20 anos atrás. Despertou-me especialmente a atenção a

sua roupa colorida, o seu olhar doce e confiante, que não era apenas para a foto-grafia, porque no dia-a-dia com ele presenteavam cole-gas, professores e funcioná-rios. Também nesse olhar se vislumbrava a confiança e o amor pela sua nova Escola, onde eles sabiam ir ser pre-parados para o futuro.

Hoje, na sua maioria, são licenciados, industriais ou comerciantes de sucesso e, dentro em breve, serão os seus filhos que constituirão as novas Turmas do 7º Ano, e só espero que, ao contrá-

rio do que tem vindo a acon-tecer nos últimos anos, eles saibam transmitir os valores e o respeito com que foram educados, tanto pelos pais como pela Escola que os acolheu e encaminhou, por-que só unindo, novamente, estes dois grandes pilares da sociedade (Pais/Escola) conseguiremos construir um futuro em que os nossos fi-lhos se sentirão felizes e re-alizados.

Professora Maria José Jorge

(Sílvia Manuel, José Manuel Santos, Cristina Gonzaga, Rodrigo Ribeiro, Ana Cristina Ferreira, Anabela Ramalho,

Romeu dos Santos, Carla Sofia Juvêncio, Marta Rufino, Dora Filipe, Luís Miguel Filipe, Miguel Vicente, Carla Do-

mingos, Carla Machado, Mónica Paciência, Sérgio Jorge, Gonçalo Ramalho, Eunice Grosa, Aline Ferreira, Carlos

Alberto Coelho, Olga Pimenta, Hélder Coelho, Patrícia Fialho, Nuno Marques, Mário Custódio, João Pedro Vicente

e Paulo Jorge Constantino).

ECB - NOVOS ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS

Este ano, com vista a uma melhoria da identificação, funcionalidade e acessibilidade dos espaços e dos recursos da nossa escola, realizámos obras e procedemos a algumas alterações. O Externato foi assim dotado de novos espaços e equipamentos.

Temos agora um renovado sistema de si-nalética que facilita a circulação e a orienta-ção no recinto da escola, bem como um Ga-binete de Primeiros Socorros. Foram também construídos e equipados dois novos laborató-

rios. O Economato dispõe de um novo espa-ço, e aos Coordenadores e à Direcção da Co-operativa foram destinados três gabinetes de apoio. Uma nova papelaria e reprografia, a instalação de um elevador, a aquisição de um novo piso para a sala de judo e de máquinas de fitness para as aulas de Educação Física, a remodelação da Sala de Pais e a aquisição de novos projectores multimédia completam o conjunto de investimentos através dos quais pretendemos melhorar o ambiente e o confor-to da nossa escola e a eficácia do serviço que prestamos à comunidade, especialmente aos nossos alunos.

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ANO 3 - Nº 9 TOQUE DE SAÍDA

ARTE E CULTURA 9

No Carnaval, as turmas do curso de Artes Visuais irão realizar uma visita de estudo a Barcelona, tendo como propó-sito estudar a obra de Gaudí.

Arquitecto catalão, Antoni Placid Gaudí nasceu em Riudoms no dia 25 de Junho de 1852. Passou grande parte da sua vida na cidade de Barcelona, onde se situam as suas famosas criações: Casa Milà, Casa Batlló e o Templo Ex-piatório da Sagrada Família.

Genuíno e original, nunca tentou copiar um determinado estilo, e foi forte-mente influenciado pelo modernismo, o gótico e a art nouveau. Adoptou uma lin-guagem escultórica pessoal, desenhan-do estruturas com poder alucinante. Uti-lizou com frequência o arco parabólico e a técnica trencadis, que consiste na utilização de peças partidas para com-por superfícies.

Incompreendido, foi bastante ri-dicularizado pelos seus contemporâne-os. Como é então possível explicar o facto de ser hoje tão aclamado?

Se considerarmos que a beleza é uma questão de gosto e que o que se considera belo depende de um padrão, o chamado bom-gosto, sabemos que este não foi favorável a Gaudi no seu tempo. Se considerarmos que os objectos são belos em virtude das propriedades que

lhes são intrínsecas, independentemen-te do que sentimos, nem estas valeram a aclamação dos contemporâneos de Gaudi.

Resta-nos esperar pela viagem para que, ao contemplarmos a Sagrada Família, possamos avaliar a beleza da-quela obra em ‘eterna’ construção.

Beatriz Serrazina, 11º F

A OBRA DE gAUDÍ E OS JUÍzOS ESTÉTICOS

ANTONI gAUDÍ

Antoni Placid Gaudí Cornet nasceu em Réus no dia 25 de Junho de 1852. Foi um arquitecto catalão que é considerado um dos símbolos da cidade onde se educou e passou grande parte da vida, Barcelo-na.

Influenciado pelo arquitecto francês Eugene Viol-let-le-Ducas, a sua obra possui influência da arqui-tectura gótica e da arquitectura catalã tradicional. Ao longo dos anos o artista passou a adoptar uma linguagem escultórica bastante pessoal, projectando nas suas obras formas fantásticas e estruturas com-plexas. A sua obra mais célebre é o Templo Expia-tório da Sagrada Família (obra a que dedicou uma parte importante da sua vida e em que trabalhou ar-duamente nos seus últimos 12 anos de existência e que ficou inacabada).

Em jovem foi muito crítico da Igreja católica, mas tornou-se devoto na maturidade. Após a sua morte existiu mesmo um movimento em prol da sua bea-tificação. Nas palavras do Arcebispo de Barcelona, Cardeal Martínez Sistach, “Gaudí era um grande cristão. Tinha uma espiritualidade franciscana, de amor e contemplação da natureza, imagens da bele-za do Criador.”

Ansiamos pela visita de estudo que nos permitirá conhecer de perto a sua obra.

Beatriz Maximino Bernardo da Silva, 11ºF

Era uma vez uma avó que, à lareira, contava histórias de encantar. Era uma vez uma mãe que lê histórias mágicas e misteriosas. Era uma vez uma criança que ouve histórias de encantar, mági-cas e misteriosas.

Desde sempre que vivo as histó-rias… as histórias de reinos longínquos, de princesas, de fadas e de bruxas. Fui neta de um avô que me contava histó-rias da vida árdua e de luta. Sou filha de uma mãe que me lia narrativas de sempre. Sou mãe de uma filha que sen-te o prazer da palavra desde que nas-ceu… (ou talvez antes!), que ouve os sonetos de Camões e os poemas de Pessoa quando os selecciono para ela-borar momentos de avaliação. Sim! Sou uma professora de Português que sen-te a beleza da palavra, que vive até ao arrepio e à lágrima uma metáfora ou um paradoxo. Sou uma professora de Por-tuguês que provoca o silêncio na sala pela prosódia mordaz e irónica contida numa frase de Saramago ou pela limpi-dez perfeita do verso de Sophia.

Na realidade, sinto o fingimento líri-co, sei os recursos dos poetas que me

embelezam a vida e acariciam a alma ao cair de cada noite. Se o poeta respi-ra a palavra, o leitor sente no seu ser a palavra lida!

A literatura, infantil ou não, a histó-ria (en)cantada cria, desenvolve o que há de mais sagrado entre os homens – o afecto. O acto de ler exige-nos uma cumplicidade indiscutível entre o ler e o lido, e junto da criança ou do jovem ali-menta uma relação dialéctica, intensa e exigente, entre a emoção da palavra, o afecto, a segurança, o carinho entre o contador e o ouvinte e a magia da his-tória escrita.

Ler ou ouvir ler é sentir a cada pa-lavra um doce beijo na face oferecido pela pena do escritor. Com as palavras do artífice, ler é viver um mundo criado por nós e para nós.

Ler e/ou ouvir ler une, de modo má-gico e incomensuravelmente perfeito, o ser humano à palavra do poeta que passa a ser sua quando a sente e a faz sentir…

Professora Paula Cristina Ferreira

Texto publicado no Jornal de Leiria no dia 1 de Maio

ERA UMA VEz… O AFECTO

Gaudí, Chaminés - Casa Milà

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ANO 3 - Nº 9TOQUE DE SAÍDA

ARTE E CULTURA10

Cartas a Um Jovem Poeta surge quando o jovem Franz Ka-ppus (que malogradamente ficou condenado ao anonimato) en-via a Rainer Maria Rilke (1875-1926) as suas experiências po-éticas, pedindo-lhe opinião. O já conceituado poeta alemão res-ponde-lhe e assim se inicia uma correspondência regular entre mestre e discípulo. Mais tarde, em 1929, Kappus selecciona dez das cartas que recebeu e publi-ca-as. São dez cartas que, mais do que falar de Poesia, falam de Vida. Mais do que conselhos a um jovem poeta, são autênticas lições de honestidade e perse-verança.

Um livro indispensável. Con-temporâneo de qualquer época. Próximo. Íntimo. Intenso e, con-tudo, transparente. Um livro que nos ensina a enfrentar a solidão. E a apaixonarmo-nos de novo.

«É tão novo, tão inexperien-te ainda perante as coisas, que desejaria pedir-lhe, o melhor que soubesse, uma grande pa-ciência para tudo o que ainda

não estiver resolvido no seu co-ração. Esforce-se por amar as suas próprias dúvidas como se cada uma delas fosse um quar-to fechado, um livro escrito em língua estrangeira. Não procu-re, por enquanto, respostas que não lhe podem ser dadas, por-que não saberia ainda pô-las em prática, vivê-las. E trata-se, precisamente, de viver tudo. De momento, viva apenas as suas interrogações. Talvez que, sim-plesmente vivendo-as, acabe um dia por penetrar insensivel-mente nas respostas.»

Marta Santos, 12º A

A rubrica “Entre Livros”, da responsabi-lidade das alunas de Literatura Portuguesa do 11º E, procurará de forma despretensio-sa revelar aos leitores os gostos literários de professores, de funcionários adminis-trativos, de auxiliares de acção educativa e também dos alunos do ECB. Começámos por questionar a professora de História, Te-resa Teodósio, e também a nossa colega, Juliana Vieira Belo, sobre o que estão a ler neste momento, os seus livros de eleição, os autores que preferem e aqueles de que não gostam.

Vejamos o que nos respondeu a profes-sora Teresa Teodósio.

Livro da infância: O Gato Malhado e a An-

dorinha Sinhá de Jorge AmadoEscritor que mais aprecia: José Rodri-gues MiguéisEscritor que não aprecia: Paulo CoelhoPoeta preferido: Eugénio de AndradeLivros que anda a ler: D. Teresa, Rainha de Portugal e O Enigma de VivaldiOs livros da sua vida: O Velho e o Mar de Ernest Hemingway e Memórias de Adriano de Marguerite Yourcenar

A Juliana Vieira Belo que tem dezasseis

anos e é aluna do 11ºE, disse-nos que gos-ta de romances em geral e de policiais em particular, e também partilhou connosco as suas preferências literárias:

Escritor preferido: Agatha Christie e, no teatro, Almeida GarrettEscritor que não aprecia: Helena Mar-quesPoeta preferido: Eugénio de AndradeLivro preferido: Um Crime no Expresso do Oriente, de Agatha ChristieLivro que anda a ler: Os Maias, de Eça de QueirósO livro da sua vida: Cinzas de Ângela, de Frank McCourt

Maria Guerra e Lea Fonseca, 11º E

Aos Olhos de Deus, romance de José Ma-nuel Saraiva apresenta-se como uma obra com-pleta. Desde a história dos nossos antepassa-dos à verdadeira paixão, conseguimos apreciar o que o labor da literatura torna possível.

A acção decorre em pleno século XVI, época áurea dos Descobrimen-tos e do Renascimento, e nesta obra didáctica,

mas também crítica, Saraiva descreve pormenorizada-mente aquela que foi a mais rica e grandiosa embaixa-da enviada a um Sumo Pontífice. A par da descrição, desvendam-se os erros e pecados da Cúria e da Corte, apresenta-se o contraste entre o luxo e a miséria do povo sofrido, contrapondo-se a paixão, o amor forte, o único sentimento puro e claro, ao pecado, à corrupção e à infâmia.

Com um vocabulário corrente, com diálogos que dão grande colorido à narração, este livro propicia uma lei-tura fácil através da qual o leitor se delicia e se fascina ao longo de todo o enredo.

Maria Guerra, 11º E

Este é um daqueles livros que nos faz pensar. A partir da sua leitura, damos connosco a per-guntarmo-nos: são realmente os fins que justificam os meios? Até que ponto poderemos recorrer a meios menos correctos para atin-gir os nossos fins?

Dorian Gray, um jovem muito belo, pertencente à aristocracia inglesa do século XIX, abdica da sua alma em prol da juventude eterna. É um retrato seu, pinta-do por um amigo, o pintor Basil Hallward, que sofre as marcas da passagem do tempo. Lord Henry Wotton, um amigo de Basil, con-segue seduzir Dorian para a sua filosofia de vida: o único propósi-to que vale a pena ser seguido é o da beleza e do prazer. O jovem inicia então uma vida dedicada aos prazeres mundanos, como a droga, arrastando consigo inú-meras pessoas que são incapa-

zes de resistir aos seus encan-tos. O surpreendente final lança mais achas na fogueira e deixa a questão:

De que serve a um homem ter o mundo, se para tal perde a sua própria alma?

Marta Santas, 12º A

SUgESTÕES DE LEITURAO RETRATO DE DORIAN gRAyde Oscar Wilde

AOS OLHOS DE DEUS de José Manuel Saraiva

CARTAS A UM JOVEM POETAde Rainer Maria Rilke

ENTRE LIVROS

Profª Teresa Teodósio

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ARTE E CULTURA 11

Hoje ouvimos o termo “arte” com vários sentidos. Fala-se da arte de viver, da arte de escrever, da arte de pensar. Aqui vimos a arte como uma determinada virtude ou habilidade para produzir algo. Mas também tomamos fre-quentemente “a arte” com um sentido estético. Assim percebemos que um termo que utiliza-mos desde os tempos mais remotos não tem, de facto, uma definição completa, no entanto, crescemos numa sociedade que se habituou a valorizar a arte e o artista, mesmo sem saber o seu conceito explícito.

De facto, o artista é um ser histórico com um passado que assume como seu, com um presente de desenganos e esperanças que o levam a idealizar determinado futuro para si e para os seus contemporâneos, e isto repercu-te-se na sua obra que acaba por ser a expres-são do mundo do artista. Mas a arte pode ser também um meio de realizar fantasias incons-cientes, de compensar desejos recalcados.

Embora individualmente nenhuma das teo-rias existentes seja suficiente para a definição de arte, há algumas áreas humanas que são consideradas como tal, independentemente da definição que se tome. Exemplo disto é o cinema classificado como “a sétima arte”. Mas se este é a sétima, quais serão as restantes? De facto, a par do cinema, também a músi-ca, a dança, a pintura, a escultura, o teatro, a literatura, a dança, a fotografia e a banda desenhada foram convencionadas como arte e fazem parte de uma hierarquia que, por si só, também levanta algumas dúvidas: Qual o critério para escolher estas artes? E porquê a ordem tomada na hierarquia existente?

Estas questões não têm uma resposta de-

finitiva, mas no que respeita à última existe uma solução, embora não reúna consenso. A música, como materialização do som, foi con-siderada a primeira arte, pois no mundo ani-mal ela é executada desde sempre. Segue-se a dança que é, indubitavelmente, indissociá-vel da primeira. Como terceira e quartas artes surgem a pintura, relacionada com a cor, e a escultura, relacionada com o volume. Ambas eram formas de expressão táctil do Homo Sa-piens. De seguida, surge o teatro, embora haja quem considere a arquitectura em seu lugar, pela sua relação com o espaço. Antes do cine-ma, desponta a literatura, pelo seu trabalho da palavra. Depois do cinema, a fotografia, pela valorização da imagem, mas esta posição tem suscitado discórdia, pois foi a partir da foto-grafia que o cinema nasceu, e aqui é posto em causa o critério tomado para hierarquizar as artes. Na nona posição surge a banda de-senhada, que foi a última das artes durante algum tempo, mas com a evolução do Mundo, já há quem acrescente os videojogos e a arte digital.

Possivelmente consideramos esta ordem correcta pois giramos em torno dela. Mas, há questões que permanecem sem resposta: Porque são estas “as artes”? Não poderiam ingressar neste leque novas áreas, por exem-plo os desenhos animados ou o graffiti? Mas acima de tudo, prevalece a questão do critério adoptado para esta hierarquia. Como é visível, a ordem cronológica não foi o critério utilizado, pois, a fotografia é uma arte estática e o cine-ma uma arte dinâmica que surgiu do desenvol-vimento da primeira. Poderíamos aceitar que o progressivo desenvolvimento das sociedades

teria levado à consolidação de novas artes, mas este critério desencadearia novas ques-tões que, de certo, não levariam a consenso. Assim, torna-se perceptível que não existe um critério definido que tenha levado à ordenação e hierarquização das artes.

Ouvimos dizer que a arte é tudo aquilo que quisermos que seja, é uma linguagem em que falam o artista, a obra e o público. Mas não será mais do que isto? Não será a arte, como disse o pintor Pablo Picasso, “o varrer da alma o pó do quotidiano”? A arte murmura os segre-dos mais íntimos do Homem numa linguagem que só ele entende, mas continua a ser mais do que isto. É algo que deixamos voar ao sa-bor de uma “arte” da qual somos todos nós o artista: a arte da imaginação.

Filipa Isabel Serrazina, 11º C

A HIERARQUIA DAS ARTES – QUE CRITÉRIO?

No passado dia 26 de Ou-tubro, assinalaram-se os dez anos da morte do escritor José Cardoso Pires. Em Lisboa, a “sua cidade”, organizou-se um vasto programa que assinalou a data; em Vila de Rei, a terra que o viu nascer, atribuiu-se o seu nome à Biblioteca Mu-nicipal e foram editados dois livros, o extraordinário Lava-gante e o censurado Histórias de Amor. No entanto, todas estas iniciativas circunscritas no tempo não apagam dez anos de quase esquecimento de um dos nomes mais impor-tantes da literatura portuguesa da segunda metade do século vinte. Efectivamente, Cardo-so Pires deixou-nos uma obra

inigualável pela acutilância da sua prosa, cinematográfica e seca. “capaz de ir até ao osso, mas nem por isso desprovida de afecto”, na opinião do seu amigo Fernando Lopes, que adaptou ao cinema O Delfim.

Aproveite-se, então, a re-edição do livro Histórias de Amor para conhecer, ou reen-contrar, o escritor e ao mesmo tempo reconhecer a inqualifi-cável sanha pseudomoralista dos homens do lápis azul. A presente edição inclui os cor-tes e os reparos efectuados pelos censores que julgaram pouco decente o termo “nu” e indecorosa a descrição do beijo de dois amantes, entre outros exemplos de despudor

presentes na prosa de Cardo-so Pires. Não sendo, na minha opinião, uma das melhores obras do autor, prefiro Alexan-dra Alpha, Dinossauro Exce-lentíssimo, ou Lisboa Livro de Bordo, deve merecer a aten-ção dos leitores, em particu-lar dos mais jovens que, pelo facto de terem nascido em li-berdade, não sabem o que era a Censura nem como exercía o seu “magistério moral”. Por-que há coisas que não devem ser esquecidas.

Professora Luísa Rocha

RECORDANDO JOSÉ CARDOSO PIRES

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ANO 3 - Nº 9TOQUE DE SAÍDA

OLHAR CIRCUNDANTE12

Renato Franco Silva Silva, natural da Be-nedita, nasceu a 4 de Fevereiro de 1973. Fre-quentou o Externato Cooperativo da Benedita e a Escola Superior de Arte e Design nas Cal-das da Rainha, na qual se veio a especializar em Escultura. As suas semanas são passa-das entre Alvorninha e o Porto. Tem realizado diversas exposições de escultura e recebido vários prémios. Exerce, agora, funções de for-mador em oficinas de escultura no Centro de Artes da Câmara Municipal das Caldas da Rai-nha, estando a desenvolver em paralelo um projecto na Fundação Serralves.

Pode descrever-nos o seu percurso biográ-fico e artístico?

Desde sempre que me interessei pela arte. Na altura em que ingressei no Ensino Secun-dário, no ECB, não havia o Curso de Artes. Eu e uns colegas fizemos pressão junto da Direcção para abrirem o Curso de Artes. A es-cola acabou por satisfazer o nosso pedido e a partir daí pudemos desenvolver actividades extraordinárias. Destas, destaco as várias ex-posições que fizemos e a visita a Paris.

Entre 1991 e 1996 fiz formação em Desenho Técnico. Frequentei o Curso Superior de Artes Plásticas, na Escola Superior de Arte e Design nas Caldas da Rainha, entre 1993 e 1997. Um ano depois, recebi formação em Escultura de Animação e, mais tarde, fui formador no curso de Cantaria Artística no Centro de Formação/Reabilitação Profissional de Santarém. Desde 2002 sou formador de Escultura nos Ateliers Livres de Artes Plásticas no Centro de Artes da Câmara Municipal das Caldas da Rainha.

Como começou o seu interesse pela escul-tura?

O interesse pela escultura começou apenas na Escola Superior de Artes e Design. Senti-me atraído pelo acto de transformar a maté-ria. Entretanto, fui convidado por um professor para ser assistente. Foram três anos de in-tensa aprendizagem com o escultor João An-tero. Paralelamente, ia desenvolvendo outros

projectos. Em 1997, integrei a equipa dos Olharapos da Expo 98. Para quem não está lem-brado, os Olharapos eram os bonecos que faziam espectá-culo no recinto da Expo. Na verdade, com esta experiên-cia adquiri a técnica de mode-lação, a qual me veio a abrir muitas portas e me levou a in-teressar por cenografia.

A partir de 1998, comecei a trabalhar com empresas de cenografia, entre as quais a que fazia os bonecos do Con-tra-Informação. Fiz cenografia para televisão e, curiosamen-te, para o Carnaval de Loulé,

graças à experiência de modelação que ad-quiri na equipa dos Olharapos.

Que outros projectos tem realizado?

Além de todas estas experiências, ainda desenvolvi, num atelier em França, trabalhos que envolviam projectos de intervenção urba-na. Colaborei com o Arquitecto Bruno Saas em vários projectos do atelier de St. Georges, dos quais destaco a obra L’ école du Buisson-nier, em Lyon, ou a instalação, em Bolbec. Em 2003, participei na recuperação e preparação museológica do espólio do escultor Barata Feyo para o Museu Barata Feyo, nas Caldas da Rainha, e no monumento em Homenagem ao Pe. Manuel de Oliveira, no Vimeiro. No ano passado, integrei o projecto “Mãos no Gesso”, no Museu José Malhoa, também nas Caldas da Rainha.

Actualmente, tenho-me centrado em pro-jectos pessoais. Concorri, por exemplo, com a minha esposa, a um projecto da Fundação Serralves chamado “Roupa Didáctica”.

São tantos os projectos em que está envol-vido que ainda não nos falou da escultura.

A escultura é o meu projecto pessoal de eleição. Paralelamente a todos estes traba-lhos que referi, nunca deixei de fazer escultu-ra, sobretudo no meu atelier, em Alvorninha, e tenho participado em algumas exposições. Recentemente, expus na Casa das Artes, em Vila Nova de Famalicão, na exposição “Colec-tiva de Escultura”. Mas houve outras: as expo-sições “Tapada do Tanque”, no Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova, ou a “ArmaPosta”, em Faro.

Até ao final do ano, vão estar expostas no Centro de Estudos Camilianos duas peças que participam na exposição “Vida e obra de Ca-milo”. Estas peças foram inspiradas na face-ta romancista de Camilo, transmitindo o lado apaixonado da sua obra. A ave, pela posição em que foi desenhada, evidencia uma atitude contemplativa, de recolhimento; a outra peça

é uma maçã que comporta uma carga simbóli-ca ligada à vida e ao amor.

Tem sentido muitas dificuldades?

Algumas. Foi mesmo por teimosia que me mantive ligado à criação artística. É preciso acreditar e trabalhar muito. E encarar cada trabalho como se fosse o primeiro.

Tem recebido incentivos para a manuten-ção da sua actividade artística?

Não, porque não sobrevivo da escultura. É por esta razão que me concentro noutros tra-balhos e projectos. Quando exponho as minhas obras, não tenho a intenção de as vender. Ou seja, não exponho com o intuito de vender. Só quando são trabalhos encomendados.

Que materiais e técnicas costuma utilizar?

No meu atelier trabalho com resinas, barros e fundição em bronze e pedra. No Centro de Artes da Câmara Municipal das Caldas da Rai-nha, faço workshops de gesso, barro, pedra e ferro. Este Centro de Artes tem promovido ateliers livres, prestando formação a todos os interessados na área da escultura, e funciona todos os sábados e segundas. Trabalho com dois grupos de formandos e gosto bastante. No final dos ateliers livres, os trabalhos são expostos.

O Toque de Saída sabe que já foi premiado pelos seus trabalhos. Quer comentar?

Fui agraciado com o terceiro prémio em 2004, pelo monumento a D. Nuno Álvares Pe-reira, em Aljubarrota; o segundo prémio, em 2002, pela “Ambientarte”, Leiria; e o primeiro prémio pela “Reciclarte Alcanena 99”. Estes foram os que me marcaram mais.

Para finalizar, quer deixar alguma mensa-gem aos nossos alunos?

É importante que uma pessoa lute por aqui-lo que realmente quer. É preciso não desis-tir perante os percalços que vão surgindo no caminho que trilhamos. Também já me desi-ludi algumas vezes, mas desistir não seria a melhor opção. Os alunos devem provocar as oportunidades e não se satisfazerem apenas com o que lhes é oferecido. A criatividade é uma fonte inesgotável de oportunidades.

O Toque de Saída agradece ao Renato a disponibilidade e o bom acolhimento que nos proporcionou e faz votos para que a criativida-de e o sucesso o acompanhem sempre. Que o seu testemunho sirva de incentivo a todos aqueles que lutam pela Arte.

Professores Clara Peralta e Valter Boita

A CRIATIVIDADE É UMA FONTE INESgOTÁVEL DE OPORTUNIDADES.Artistas da nossa terra

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ANO 3 - Nº 9 TOQUE DE SAÍDA

OLHAR CIRCUNDANTE 13

CADERNOS CULTURAIS DA FREgUESIA DA BENEDITA

Com o patrocínio de “Pedro Mateus Guerra, Materiais de Construção”, e autoria de Fernando Maurício, vai ser editado o Caderno Cultural nº10 da Freguesia da Benedita, onde se coli-gem dados relevantes da história da freguesia: Presidentes da Junta entre 1883 e 2005; Regedores da Freguesia (1884 a 1976); Presidentes da Direcção do INSE (1965 a 2008); Presidentes da Direcção do ABCD (1962-2007); pa-dres naturais da Freguesia da Benedi-ta (1813-2002); Párocos da Freguesia da Benedita (1635-2002); Associações Civis e religiosas (1793-2008).

Partindo de um exercício de registo de me-mória colectiva para um sítio específico, a obra propõe-se aproveitar um espaço, e não executar um espaço; situa-se no seio virtual do liceu, mas relaciona-se fisicamente ao do-mínio público com livre acesso aos peões que caminham na travessia do parque. É igual-mente fascinante de observar o quanto este espaço é um lugar de utilização, na espera, na passagem, e esta passagem encontra-se reforçada por um sentimento ambíguo de lu-gar fechado e permeável, pois é perceptível

do interior, e do exterior deixa descobrir a vida do liceu.

“A escola da vida” elabora a entrada em cena desta aula “Buissonnière” (aula de fazer gazeta) onde uma fila de carteiras assentes sobre o lajedo representa um fragmento de um campo florido em pleno Verão; os alunos parece que voaram por um instante deixan-do sobre as carteiras e paredes, coagulados no ferro fundido, as suas ferramentas e bens pessoais; sobre os vidros das escolas estão inscritos, como sobre vapor, os pensamentos

que tiveram (escritores famosos e alunos do liceu).

A iluminação teatral pontuando o espaço, o soalho transforma-se em campo de papoilas transcendendo o espaço e criando as condi-ções de deslocação poética; tudo está pronto para que a obra viva e para que os actores entrem em cena; unir a noção de uso à inte-ractividade é uma das principais componentes desta aplicação/utilização do espaço.

Renato Franco Silva Silva, escultor

LA CLASSE BUISSONNIèREFicha técnicaTítulo: L’école du BuissonnierTécnica: Instalação de carácter permanenteMateriais: Ferro fundido; vidro gravado, pavimento cerâmico serigrafado; impressão fotográfica; iluminação.Data:1999/2000Produção: Atelier de Saint Georges, Rouen, FrançaBruno Saas, arquitectoChristine Houssays, arquitecta assistenteRenato Franco, escultorDominique Onraed, escultorMaxime Godard, design gráficoLa fonderie Senard, fundiçãoInstalação: Lycée Descartes à Saint-Genis-Laval, Lyon

Como artista, estou habituada a lidar com a tarefa de fazer esboços, ou seja, estudos pre-liminares do que quero realizar. O objectivo destes modelos em traços simples é verificar onde são necessárias alterações e também organizar raciocínios.

Contudo, por vezes, esquecemo-nos do mais importante esboço pelo qual somos res-ponsáveis: o nosso. É certo que ao desenhar utilizo como material riscador a grafite ou o carvão. Porém, o que molda quem sou são as minhas decisões e as escolhas que vou fa-zendo no dia-a-dia.

Por outro lado, nas aulas de Desenho te-nho o apoio de uma professora que me vai di-zendo onde devo alterar os traços. Na escola

da vida, conto com os meus amigos para me ajudarem na árdua tarefa de me tornar numa obra de arte mais bela e interessante.

Finalmente, sei que também não possuo uma borracha para apagar as experiências mal sucedidas. Na vida, tenho apenas a capa-cidade de resolver os problemas e de tentar fazer sempre mais e melhor, pois é desta for-ma que vou crescendo.

Sou um esboço incompleto e sem linhas definidas. Sou algo em constante mudança, que todos os dias tenta melhorar para se tor-nar assim numa pessoa mais bonita e fasci-nante.

Beatriz Serrazina, 11ºF

Double Trouble, festival de música da Be-nedita, realizou-se pela quinta vez consecu-tiva na principal artéria da vila, a Avenida da Igreja, no dia 4 de Setembro, a partir das 21h30m.

Neste evento, participaram diversas forma-ções musicais, totalmente compostas por mú-sicos da terra, assegurando um espectáculo variado e passando por diversos estilos com

predominância para o rock e pop, e devida-mente auxiliados por produções audiovisuais e a presença do maior camião palco do país. A organização do evento esteve assegurada pe-los músicos, pelos bares locais e pelo Rotary Club da Benedita.

“Let the good times roll” é o lema que dá vida a este festival, que já vai na quinta edi-ção e cuja audiência tem vindo a crescer, ten-

do atingido as 1500 pessoas. Com o apoio da Junta de Freguesia da Benedita e da Câmara Municipal de Alcobaça, cada evento destes tem o objectivo de apoiar jovens carenciados com bolsas de estudo. O Rotary Clube da Be-nedita, juntamente com a Fundação Rotária Portuguesa, tem ajudado por ano, em média, três jovens da freguesia da Benedita.

Professor José Cavadas

O MEU ESBOÇO

DOUBLE TROUBLE«LET THE gOOD OLD TIMES ROLL»

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OLHAR CIRCUNDANTE14

MARCELO BOITA - O primeiro sacerdote do século xxI na Benedita

«DAR DE gRAÇA O QUE DE gRAÇA RECEBEMOS»

Marcelo Diogo dos Santos Boita nasceu a 12 de Novembro de 1983, na Marinha Grande. Frequentou o ECB entre 1995 e 1998, e aqui completou o 9º Ano. Celebrou Missa Nova em 13 de Julho de 2008. É o primeiro sacer-dote do século XXI a ordenar-se na vila da Benedita. Interessou-nos conhecer melhor o seu percurso e divulgar as motivações de um jovem que, em tempo de materialismo e de crise de vocações religiosas, escolhe o sacerdócio. Na impossibilidade de marcar-mos um encontro, enviámos-lhe por cor-reio electrónico algumas perguntas que ele atendeu com o entusiasmo e a espontanei-dade que as suas respostas atestam.

Padre Marcelo Boita, em que circunstân-cias se manifestou a sua vocação? Os 14 ou 15 anos que teria quando completou o 9º ano não seriam uma idade demasiado pre-coce para uma decisão de tal gravidade?

Fui aluno do Externa-to e recordo com saudade os bons momentos aí pas-sados, que não deixaram de ser também um impulso para a minha decisão. Quan-do falamos de vocação não estamos a falar de um acon-tecimento concreto isolado, como que uma manifesta-ção espectacular de Deus. A vocação é um caminho que foi encetado com a minha entrada para o Pré-Seminá-rio de Lisboa. Nem todos os que participam nas suas ac-tividades prosseguem para o seminário. Mas é um espaço e um tempo de especial en-contro com Jesus. Foi neste contexto de Pré-Seminário, família e Externa-to que surgiu o meu desejo de prosseguir.

Outra coisa importante é que entrarmos no seminário não significa, à partida, que venha-mos a ser padres, ainda mais quando se trata do seminário menor (do 10º até ao 12º Ano). Confesso que quando entrei, a ideia de ser padre ainda estava longe. Entrei na disposição de fazer este caminho com Cristo, caminho que desembocaria, ou não, no sacerdócio

.Como reagiram as pessoas em redor? A

sua família? Os amigos? Os colegas?

Os meus pais alertaram-me, não estivesse eu a precipitar-me, mas, tal como nunca me incitaram, também nunca me dificultaram a entrada no seminário. Estiveram sempre pre-sentes, mas nunca deixavam de dizer: “Quan-do quiseres, telefona que o pai vai-te buscar!”. Os meus amigos e colegas ficaram um pouco

estupefactos, mas aceitaram e apoiaram-me sempre.

Como é o quotidiano de um jovem semi-narista? Teve momentos de dúvida?

A vida no seminário é muito simples. En-contra-se alicerçada em três pilares funda-mentais: a oração, o estudo e a comunidade. Por isso, levantamo-nos por volta das 6.30 da manhã, temos um primeiro momento de oração chamado Laudes (o louvor da manhã), depois tomamos o pequeno-almoço e vamos para a universidade. Acabadas as aulas regressa-mos ao seminário, almoçamos e dispomos de um tempo de intervalo durante o qual toma-mos café, conversamos, jogamos às cartas, bilhar… E voltamos ao estudo. Às vezes, à tarde, há formação musical, desporto, medita-ção acerca das leituras da missa de Domingo.

Ao fim da tarde celebramos a missa, jantamos e dispomos de outro tempo de intervalo se-guido de estudo. Aos fins-de-semana, temos os chamados trabalhos pastorais em diversas paróquias.

Como em toda a vida de fé, existem sem-pre momentos de dúvida, em que parece que nada faz sentido, mas esses momentos são salutares porque nos ajudam a reflectir acerca da vida, das escolhas que fazemos e dos com-promissos que assumimos.

O celibato dos sacerdotes tem sido um tema de apaixonado debate nos últimos anos e uma restrição difícil de entender, in-clusive por muitos católicos. Quer dar-nos o seu ponto de vista?

Antes de mais, é bom percebermos que nem só os padres são celibatários, muitas outras pessoas abraçam esse estilo de vida.

Depois, é bom perceber-se que os padres são celibatários porque são padres e não padres porque são celibatários. Eu quero ser padre, por isso abraço o celibato com maior ou me-nor dificuldade. Ou seja, o essencial é ser pa-dre, e só depois sou celibatário. Desculpem a comparação, mas um chefe de cozinha não deixa de ser chefe se não usar as luvas, con-tudo, tem de as usar. O não usar luvas não interfere naquilo que ele é, ou seja, chefe de cozinha, interfere sim na forma de o ser. Vejo o celibato um pouco nesta perspectiva: não como uma privação, mas como um modo de vida que o ser padre acarreta. Não digo que é fácil, pois estaria a mentir, mas tem de ser vivido neste amor oblativo a todos os que me estão confiados. Todas as emoções, impulsos e desejos são canalizados e integrados neste amor a todos. De igual modo, quando alguém namora ou é casado, também integra todos

os seus impulsos, emo-ções e desejos no amor ao esposo/a, namorado/a. Por isso, no celibato é também assim, se me entreguei nesta doação plena a Jesus e à Igreja, não posso ser-lhe infiel.

A muitos de nós, a vida do sacerdote afi-gura-se uma opção so-litária, sobretudo pela impossibilidade de constituir família e de tecer os laços que an-coram as vidas do co-mum das pessoas. Será de facto assim?

Por vezes pode ser um pouco solitária, não digo que não, mas essa

é também uma dimensão desta opção de vida. E o não constituir família, o não se ter uma mulher para desabafar ao fim do dia ou filhos para acarinhar, não deixa de proporcionar uma abertura mais alargada a todos, sem a exclusi-vidade de dois ou três. Como disse há pouco, essas forças e sentimentos são integrados de outra forma, estando disponível para o povo de Deus.

No patriarcado de Lisboa, como em muitas outras dioceses, já se começaram a formar co-munidades de dois ou mais padres que vivem juntos e partilham as iniciativas pastorais, o que pode colmatar um pouco a solidão, mas não deve bani-la, porque um pouco de solidão é salutar.

Celebrou recentemente Missa Nova e acaba de lhe ser atribuída a primeira paró-quia, em Sobral de Monte Agraço.

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ANO 3 - Nº 9 TOQUE DE SAÍDA

15RECRIAR O MUNDO

Doce, Doce Beijo

No sorriso eterno dos teus lábiosEncontro enfim a minha soluçãoO conhecimento de todos os sábiosJamais sarará o coração

Por entre palavras e gestosTodas as emoções expressámosPor entre beijos modestosNossas almas por fim encontrámos

E quando a palavra enfim nos falhaNas mãos o coração se desvaneceQuando na escuridão a luz atrapalhaFazemos amor que as almas aquece

Rui Costa,12º H

Madrugada

É mais cedo do que o costume. É mais cedo do que o costume, e no entanto a luz já me entra pela casa adentro. É mais cedo do que o costume, mas não deixa de ser estranho que as palavras do costume já tenham sido repetidas ve-zes sem conta não tendo, como é costume, efeito nenhum. É mais cedo do que o costume, e, por isso, a televisão do costume ainda não foi ligada deixando que se ouça o leve chilrear dos pardais que cantam já, embora seja mais cedo do que o costume. E embora seja mais cedo do que o costume, o leite do costume já foi engolido à pressa, como é costume. É mais cedo, muito mais cedo do que o costume e, no entanto, já há versos sem nexo nem arte alinhados num papel velho e amarrotado. É mais cedo do que é costume, e quando é mais cedo do que é costume nada se digna fazer sentido. Por isso, e apenas por isso, é que a luz me invade já a casa trazendo um brilho de outrora às lágrimas, pequenos cristais que escorregam pelas faces abaixo e se partem ao cair no chão.

Marta Santos, 12º A

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Podia

Eu podia perdoar o mundo.Podia esquecer a chuva insegura de medos e angústias.Podia tanta coisa,Mas não posso nada.

Podia vir a ser tudo,Ser astronauta e ver por cima o mundo,Ser geólogo, pequeno cientista ou alquimistaQue realmente fizesse a primeira pedra filosofal,Dando ao mundo uma cor toda igual,Porque tudo, na verdade, é ferro e metal.Podia subir uma montanha apenas com um passo,Afogar-me em saudades e matar por um abraço.Podia ter e viver a vida de toda a gente.Podia trocar a minha cara triste por uma cara contente.Podia...Ai!, podia chegar a todo o lado,Viver como filho legítimo e filho bastardo.Podia amar e acreditar que era amado!

Agora já não posso, penso eu.O longe ainda é longe e mais longe fica o céu.E eu podia lá chegar e podia-o sentir,Se não fosse este meu cansado andar,Se ao menos os olhos conseguisse abrir.

Alexandre Coelho, 12ºB

Sem Título

Da minha janela avista-se uma estrada em terra batida. Da minha janela sente-se o cheiro do campo, sente-se o cheiro das pedras. Da minha janela vêem-se carros que avançam aos solavancos e também o sol que brilha apesar de tudo. Da minha janela vê-se o mundo: um punhado de terra, um punhado de gente, e sol quanto baste.

Marta Santos, 12º A

Improvisações em Dó Menor

A Sopa

Hoje tive de chorar ao almoço.É desagradável, bem sei, mas era o que havia para fazer:]soluçar em frente da sopa de abó-bora]enquanto os feijões me olhavam seriamente.]«Come».«Não chores».Eram as palavras que sussurravam nas suas vozinhas de leguminosa.]Foi aí que reparei num facto, num indiscutível facto.]Os meus óculos estão sujos.Sujos como tudo.De pó, de águadas lágrimas que chorei ao almoço.E riscados, também riscados,das vezes, de todas as vezesem que os limpei à camisola azul.E pronto.Não há remédio.Estão tão sujos que tenho de com-prar outros]porque já não há nada que os limpe, nem nada que lhes tire os riscos.]Depois de limpar os olhos e ponde-rar neste assunto,]voltei à minha sopa.Quando levei a colher hesitante à boca,]cheia dos meus amigos feijões,apercebi-me de um outro facto,um outro indiscutível facto:estava fria.

Marta Santos, 12º A

www.improvisacoesemdomenor.blogspot.

com

Cadernos do ECBEstá em preparação o número

dois dos Cadernos do ECB, revis-ta científica e pedagógica do Ex-ternato Cooperativo da Benedita.

É importante a inclusão de ar-tigos das diferentes disciplinas, sejam eles sobre experiências pedagógico-didácticas realiza-das, sejam sínteses de estudos científicos que foram ou estejam a ser elaborados. Há igualmente espaço para o simples texto de opinião.

Por vezes, certos trabalhos e certas reflexões ficam dentro da gaveta ou apenas no pensamen-to... Por que não partilhá-los?

Envie-os para:[email protected]

O número I encontra-se à venda na Biblioteca.

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ANO 3 - Nº 9TOQUE DE SAÍDA

MENTE SÃ EM CORPO SÃO16

CHARLES DARWIN

Charles Darwin nasceu a 12 de Fevereiro de 1809 na cidade ru-ral de Shrewsbury, em Inglaterra. Este brilhante cientista do século XIX foi influenciado pelas trans-formações sociais e culturais da época, tendo adquirido uma visão transformista da vida.

As ideias de Darwin basearam-se num conjunto de dados reco-lhidos ao longo de mais de vinte anos, sobretudo durante uma das mais impressionantes expedições

à volta do mundo realizada a bor-do de um navio, o H.M.S. Beagle. No dia 27 de Dezembro de 1831, Darwin embarcou numa viagem que iria durar cinco anos e que iria tornar-se um marco da história das Ciências Naturais.

Ao longo da viagem, Darwin recolheu uma boa parte dos da-dos que mais tarde utilizou na fundamentação da sua teoria. Em Setembro de 1835, chega ao ar-quipélago das Galápagos, situado a 1000 km da costa do Equador. Este conjunto de ilhas vulcânicas, com características ambientais distintas, apresenta uma fauna e flora muito peculiares.

Aí, recolheu numerosos exem-plares e conduziu diversas expe-riências para análise e estudos futuros. Darwin ficou impressiona-do com as tartarugas gigantes e, sobretudo, com um grupo de aves chamadas tentilhões.

As tartarugas apresentavam sete variedades diferentes, dife-rindo essencialmente no tama-nho do pescoço, ocupando cada variedade a sua ilha. Por outro

lado, existiam catorze espécies de tentilhões muito semelhantes, diferindo sobretudo na cor, forma e tamanho do bico. Apesar das diferenças apresentadas, estes animais eram extremamente se-melhantes entre si, fazendo supor uma origem comum. Deste modo, Darwin concluiu que estas ilhas ti-nham sido colonizadas a partir do continente, tendo as característi-cas particulares de cada ilha con-dicionado a evolução da espécie.

Ora, restava explicar como se processa a evolução das espé-cies. Assim sendo, no decurso do seu trabalho, Charles Darwin desenvolveu a teoria da evolução das espécies através da selecção natural. Assim, segundo o darwi-nismo, numa população existe variabilidade (variações nas ca-racterísticas dos indivíduos). Pe-rante uma eventual alteração do meio ambiente, a população pode ficar sujeita a novas condições ambientais. As populações por-tadoras de variações favoráveis (características mais aptas) serão naturalmente seleccionadas, por

estarem melhor adaptadas. As portadoras de variações desfavo-ráveis (características menos ap-tas) são também seleccionadas, mas negativamente, sendo elimi-nadas por estarem em desvanta-gem competitiva.

Através da reprodução, as va-riações favoráveis são transmiti-das à descendência ao longo de várias gerações, passando a exis-tir em maior número. Desta forma, a longo prazo, a acumulação de pequenas variações – caracte-rísticas mais aptas – determina a transformação e o aparecimento de novas espécies.

Darwin expressou esta e ou-tras descobertas no seu livro “On the Origins of Species by Means of Natural Selection”, em 1859. Ao longo de toda a sua vida, revelou-se um excelente observador de objectos e animais, mas, acima de tudo, possuía a capacidade extra-ordinária de pensar em “eternida-des” – não em séculos e milénios, mas em eras…

Professor Sérgio Teixeira

PAPA gREgóRIO XVI Sucessor de São Pedro e Vigário de Cristo

Escrevo a Sua Santidade num gesto de confissão. Ardem-me as entranhas por me sa-ber a par das mais recentes descobertas que a ciência, monstro ignóbil de unha afiada para atacar a Santíssima Igreja e Deus Nosso Se-nhor, tomou por mão de Charles Darwin.

Há cerca de um mês o Beagle chegou das Galápagos, um arquipélago perdido, terra re-partida e envolta no vil Oceano Pacífico, mar de índios e hereges de toda a espécie, exu-berante de flora e fauna, de rochas, de for-mações vulcânicas que lembram as casas de fundições de ferro. Ao que consta, foi uma das paragens obrigatórias da tripulação do capi-tão Robert FitzRoy. Cada ilha padece muito próxima da outra e são bastante semelhantes; existem, contudo, pequenos pormenores que, para Darwin, foram o grande ponto de inte-resse.

Diz-se por aí que, no início, se sentiu desi-ludido com as plantas feias (cactos enormes soerguendo-se como Adamastores) e aves es-tranhas, mas começou a descobrir tartarugas gigantes em todas as ilhas, e a observar com-portamentos esquisitos nas iguanas, deleitan-do-se com anotações acerca da forma bizarra como, uma vez lançadas à água, regressavam a terra nadando com fervor. No que toca às tartarugas veio depois a tomar conhecimento

por parte de alguns nativos de Santa Maria que há sempre um pequeno pormenor que di-verge em cada ínsula. Que planos tinha Deus de ilha para ilha? Porque não podiam as tarta-rugas ser exactamente iguais? Quanto a mim, é pura coincidência.

No entanto, o que realmente captou a aten-ção de Darwin e fomentou a nossa desgraça, foram as aves. Elas não têm medo dos ho-mens, e foi fácil caçar trinta e um tentilhões com o seu pequeno rifle. E não é que estes eram sempre diferentes, em pequenos de-talhes, de ilha para ilha?! O bico, principal-mente, divergia bastante; diz Darwin que tais discrepâncias anatómicas entre seres seme-lhantes se devem à forma como se alimentam, de acordo com os recursos de cada habitat. Observou tentilhões de bico curto a comerem insectos, outros possuíam um mais afiado e comiam pinhões; estavam tão perfeitamente ajustados ao seu regime alimentar que ele chegou ao cúmulo de contestar a imutabilida-de das espécies, questionando se estas aves provinham de uma mesma espécie de tenti-lhão ou se se têm moldado de tal forma a cada habitat, que surgiu uma nova casta.

Isto é grave, muito grave: é a promessa de que algo de terrível virá abalar as verdades absolutas de Deus Nosso Senhor.

Que andou Ele a fazer por lá? É isto obra das Suas mãos, ou apenas… evolução? Com observações destas, começo a temer que Platão estivesse errado, Aristóteles também, e que isto de as espécies serem imutáveis é apenas mais um dogma em eminente derro-cada, embora ainda falte a Darwin uma boa explicação de como se daria uma evolução ou adaptação ao mundo… Felizmente para nós, essa falha está longe de ser colmatada.

E ainda mais drástico do que observar a flora e a fauna, ou registar comportamentos e aspectos diversos entre seres quase, quase iguais, encontrou nessas ilhas uma fonte de reflexão sobre a natureza e a consciência hu-mana e o seu lugar na Terra que nenhum ho-mem do nosso tempo deveria poder encontrar; ali vivem todas as provas que poderão, um dia, revolucionar a ciência, a religião e todo o individualismo que move as massas humanas ou a mudar a visão que se tem de Deus como sendo a mão que cria uma única vez.

Sofremos a promessa de dias difíceis.

Ana Luísa, Mariana Madaleno e

Fábio Cruz, 11ºB

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ANO 3 - Nº 9 TOQUE DE SAÍDA

MENTE SÃ EM CORPO SÃO 17

COASTWATCH EM ACÇÃO!

No âmbito da Disciplina de Biologia e Geologia, foram realizadas, ao lon-go dos dias 21 a 24 de Outubro, várias saídas de campo pelas turmas A, B e C do 11º Ano e a turma C do 12º Ano, com o objectivo de caracterizar a situa-ção ambiental da faixa litoral do nosso conselho (praia do Salgado); de incen-tivar a participação activa dos cidadãos na defesa da qualidade ambiental; de explorar conceitos ambientais relacio-nados com os ecossistemas litorais; e ainda de desenvolver competências técnicas de observação e trabalho de campo.

O projecto Coastwatch é um exce-lente instrumento de informação dos ci-dadãos, pois torna-os mais atentos às questões ambientais, nomeadamente aos atentados que o litoral possa estar a sofrer, permitindo uma maior tomada de consciência dos problemas e, con-sequentemente, a adopção de compor-tamentos e estratégias mais “amigos do ambiente”. Por outro lado, ao estar informado, o cidadão terá maior aptidão para intervir, passando a ter um papel activo, não só nas tomadas de decisão, como na denúncia de situações irregu-lares.

Em Portugal, a coordenação deste projecto está a cargo do Grupo de Es-tudos de Ordenamento do Território e Ambiente, GEOTA, integrado no Grupo de Trabalho do Meio Marinho. O GEO-TA conta com a estreita colaboração de várias associações como coordenado-res regionais. As várias áreas do litoral são atribuídas a estas entidades locais, como à Câmara Municipal de Alcoba-ça, que asseguram a coordenação das equipas no terreno e os recursos hu-manos e materiais necessários à ope-ração, nas respectivas zonas.

Os alunos do 11ºA

NA SENDA DE DARWIN

Diário de Bordo:

Dia14 do mês de Setembro do ano do Senhor de 1895, a minha angústia toma a forma deste imenso manto azul que me acompanha há já vá-rias semanas.

Durante este tempo, tenho reflectido sobre as infindáveis maravilhas que poderei encontrar no paraíso que me aguarda. No entanto, a nos-talgia da saudade de terra firme surge no meu pensamento de cada vez que mais uma onda açoita o casco do barco.

Agora, sob o negrume do véu que nos en-volve, vou deleitar-me nos sonhos do Éden que espero encontrar em breve.

Acordei com a brisa suave do mar a invadir o meu camarote.

O sol já ia alto quando cheguei ao convés e o capitão, suavizando a sua expressão auste-ra e abrindo um largo sorriso, me saudou com a notícia de que se avistara o arquipélago dos Galápagos.

Contudo, ao desembarcar fiquei desolado… Era talvez o território mais árido que já vira, e duvidava que pudesse existir vida naquele lu-gar. As superfícies rugosas de lava basáltica, marcadas por fissuras e crateras colossais, fi-zeram-me concluir que as ilhas em que me en-contrava eram de origem vulcânica. Por conse-guinte, embora tal coisa não me surpreendesse, as ilhas são distintas do continente, contraria-mente ao que todos deduziam.

Neste local, a vegetação (nada característi-ca da zona do globo em que me encontrava), é maioritariamente constituída por arbustos e ár-vores de pequeno porte. As flores e o seu aro-ma em nada se parecem com os belos jardins europeus.

Devido à composição basáltica do solo e à sua permeabilidade, a água não abunda à su-perfície, e os rios cristalinos não fazem parte da paisagem.

Todavia, ”ao saber livresco sempre preferi os passeios da observação e da natureza” e creio ter encontrado uma enorme variedade na fauna, para poder provar as minhas teses.

Hoje, dia 16 de Setembro, os marinheiros

deixaram-me ao largo da Ilha de Isabela, par-tindo de seguida para estudar a cartografia do litoral.

Aproveitei o dia para colectar espécies e, fazendo uso de tesouras de secção, lentes de mão e martelos de pedra, estudei, descobri fós-seis e anotei pormenores sobre a fisiologia das mais diferentes espécies. Identifiquei insectos, répteis, aves… Mas, no que toca a mamíferos, a única espécie viva é um pequeno rato. Estu-dei ainda iguanas (identificando dois tipos: as terrestres e as marítimas); lagartos (uns de uma coloração preta outros matizados de um ver-melho intenso); e, por fim, tartarugas gigantes (uma das quais se revelou muito especial e à qual dei o nome de Harriet.)

Porém, foram as aves que mais me cativa-ram. Os tentilhões são parecidos entre si, mas os seus bicos e costumes são distintos.

Em cada ilha podem encontrar-se seres com habitats diferentes e alimentações distintas. Es-tes animais têm bicos curtos e duros, o que lhes dá a capacidade de se alimentarem de semen-tes. Por sua vez, existem ainda os tentilhões, possuidores de bicos finos e curvos (descobri mais tarde que a função destes é sugar o néctar dos cactos), e aqueles cujos bicos são longos, tendo por isso, como principal meio de subsis-tência os insectos.

Dia 20 do ano de 1835 do Senhor: Serei dig-no de proferir o Seu nome?!

Todo o meu trabalho demonstra que as es-pécies não são imutáveis. Ao estudar estes ani-mais, desenvolvi uma teoria que denomino evo-lutiva: isto é, as espécies sujeitas a diferentes condições ambientais alteram-se, conduzindo a uma extinção ou à formação de uma outra es-pécie.

Tenho receio de apresentar as minhas con-clusões, pois vão contra os dogmas religiosos e científicos vigentes. Porém, limitei-me a ir além de alguns homens que apenas vêem as coisas como são, e dizem: Porquê? Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo: Porque não?

Ana Silva, Catarina Silvério e Liane Canas, 11ºB

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ANO 3 - Nº 9TOQUE DE SAÍDA

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE18

galardão

ECO-ESCOLAS

No dia 26 de Setembro, em Torres Vedras, recebemos, pelo segundo ano consecutivo e com muita alegria, a Ban-deira Verde. Este galardão simboliza o reconhecimento de um empenhado tra-balho da nossa escola na área da edu-cação ambiental e da educação para a sustentabilidade, seguindo a metodolo-gia do Programa Eco-Escolas, levando os nossos alunos a intervir no sentido de melhorar o ambiente e realizando uma verdadeira educação para a cida-dania.

O Programa Eco-Escolas é reconhe-cido desde 2003 pela UNEP (United Na-tions Environmental Program) como um dos instrumentos fundamentais para trabalhar o Desenvolvimento Susten-tável e a Agenda 21 Local, constituin-do, em alguns dos mais de 45 países onde decorre actualmente, um indica-dor oficial de sustentabilidade. A meto-dologia do Eco-Escolas representa um valioso contributo para a melhoria da gestão ambiental no espaço escolar, bem como para promover a mudança de atitudes relativamente ao ambiente, por parte dos pais e da restante comu-nidade.

Receber a Bandeira Verde Eco-Es-colas é um prémio mas também um compromisso que a escola assume, dando continuidade a este trabalho. Assim, o tema de 2008/09 será “Alte-rações Climáticas e Biodiversidade”, e o projecto passa a ser coordenado pelo professor Ricardo Miguel.

O meu bem haja a TODOS!

Professora Paula Castelhano,

Coordenadora do Programa

Eco-Escolas em 2006/2008

PROTOCOLO ENTRE O IST E O ECB

Em Novembro de 2006, teve lugar a assinatura de um pro-tocolo de colaboração entre o Instituto Superior Técnico (IST), através do Departamento de Engenharia Química e Biológica (DEQB), e a nossa escola, com a finalidade de promover a Ci-ência e a Tecnologia, bem como as licenciaturas nesta área, e de divulgar as actividades de investigação realizadas no refe-rido Departamento.

No final do ano lectivo ante-rior, este protocolo foi prolon-gado com o intuito de efectuar divulgação científica junto dos alunos do ensino secundário, motivando-os para as áreas da Química, Biologia e Engenha-rias Química e Biológica. Visa ainda dinamizar acções na es-cola, nomeadamente no aspec-to experimental, e possibilitar a alunos e professores do ECB uma interface com a Universi-dade.

Assim, no decurso deste ano

lectivo, os alunos do 12º ano de Química, “Seven ABC da Quí-mica”, irão trabalhar em três projectos de investigação: “A Química dos Aromas”, a “Pro-dução do Biodiesel” e “As Co-res da Natureza”. Por sua vez, alguns alunos do 12º ano de Biologia desenvolverão projec-tos na área da “Aplicação de Enzimas e de Células Inteiras em Biocatálise e Biorremedia-ção” e em “Bioengenharia de Células Estaminais”. Todos es-tes trabalhos serão levados a cabo no âmbito da disciplina de Área de Projecto. Por sua vez, alguns alunos de Física e Quí-mica A, fazendo jus ao Clube a que pertencem, desenvolverão uma investigação subordinada ao tema: “A Química da Água”.

Para isso, no passado dia 17 de Outubro, decorreu uma reunião em que participaram os alunos referidos, os professo-res Cristina Fernandes, Dulce Simão, Sílvia Chaves e Pedro

Fernandes, do IST, e os pro-fessores de Biologia/Geologia e Física /Química do ECB a fim de delinear, organizar e dar iní-cio a estes pequenos projectos científicos.

Este protocolo, na minha opi-nião, representa uma oportuni-dade e traduz-se numa série de vantagens para a nossa escola. De facto, não só inclui o forne-cimento de reagentes e outro material, como proporciona a formação de professores e ofe-rece aos alunos a oportunidade de participarem em trabalhos de investigação e de efectua-rem visitas aos laboratórios de investigação científica onde po-dem interagir com os respecti-vos investigadores. Além disso, a nossa escola terá participação preferencial nos “Laboratórios Abertos” que se realizam anu-almente no IST. Por fim, haverá lugar à realização, no ECB, de conferências gratuitas proferi-das por professores do DEQB.

Tal como dizia o poeta fran-cês Alberto Musset, “Há dois caminhos na vida: um é limita-do e o outro imenso; um morre onde o outro começa; o primei-ro é o da paciência e o outro o da ambição.”

Professora Isabel Carreira

ECB REPRESENTADO NO INSTITUTO EUROPEU DE BIOLOgIA MOLECULAR

Realizou-se nos passados dias 9 a 11 de Julho um cur-so para professores de Ciên-cias no EMBLm em Heidelberg (Alemanha). Duas professoras do ECB foram seleccionadas de entre centena e meia de candidatos para integrar um grupo de trabalho de 25 Pro-fessores oriundos de vários pontos do globo para partici-parem no Programa Learnin-gLAB. Este explora questões no âmbito das Ciências Biomé-dicas, utilizando uma varieda-de de actividades laboratoriais com o objectivo de incrementar a confiança dos professores para que, de um modo integra-do e proactivo, trabalhem esta

área na sala de aula.Este programa permitiu-nos

um contacto directo com cien-tistas e a compreensão dos mecanismos de investigação e instrumentos terapêuticos apli-cáveis que estão na base do estudo de determiadas patolo-gias; realizar actividades prá-ticas projectadas para o uso em sala de aula, ilustrando a utilização de instrumentos de biologia molecular no diagnós-tico de doenças genéticas; fa-miliarizarmo-nos com recursos educativos de vanguarda no âmbito das ciências Biomédi-cas e discutir questões éticas/sociais levantadas por ques-tões de tecnologia e ciência

biomédicas.Ficamos muito gratas à

nossa escola pelo apoio e dis-ponibilidade manifestados na nossa participação. Voltámos com muita vontade de aplicar muito do que aprendemos e convictas, pelas várias reali-dades que partilhámos, de que a nossa escola caminha pela Ciência, pois escolas com co-ragem de investir na área das ciências são bastante raras.

Professoras Paula Arraião e

Patrícia Azinhaga

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ANO 3 - Nº 9 TOQUE DE SAÍDA

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE 19

O “Software Livre” permite aos utilizadores executar, copiar, dis-tribuir, estudar, modificar e aper-feiçoar determinado software. Mais precisamente, o conceito re-laciona-se com quatro tipos de li-berdade: a de utilizar o programa em causa, independentemente do fim; a de estudar o funcionamen-to desse programa, adaptando-o às suas necessidades; a de dis-tribuir cópias; e a de modificar o programa e publicar o resultado, de modo a que toda a comunida-de beneficie.

A resolução da Assembleia de República nº 66/2004 recomenda ao Governo a tomada de medidas com vista ao desenvolvimento de software livre em Portugal. As re-comendações constam do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, das quais destacamos as seguintes,

directamente relacionadas com o papel da Escola:

7- Adaptação dos diversos cen-tros de recursos para as tecnolo-gias da informação, no quadro da rede escolar pública, com vista à disponibilização de soluções em software livre a estudantes e pes-soal docente.

8- Inclusão da matéria relati-va ao software livre na definição dos vários currículos e programas para o ensino das tecnologias da informação nos ensinos básicos e secundário.

De facto, as vantagens do sof-tware livre são inegáveis. Na sua larga maioria, é gratuito, o que implica uma enorme redução nos custos de aquisição pelas escolas, que começam a estar apetrecha-das de computadores e que pode-rão assim canalizar os fundos fi-nanceiros para outras áreas. Este factor é também muito importante para os alunos e encarregados de educação que já fazem um es-forço financeiro na aquisição de computadores, o que lhes deixa pouca margem para poderem ad-quirir os softwares utilizados nas aulas.

Outra vantagem é permitir às escolas participar no combate à

“pirataria”. Possibilita-lhes tam-bém preparar melhor os seus alunos na utilização das TIC, na medida em que lhes oferece a oportunidade de conhecer e ex-perimentar um maior leque de software. Recordemos que o sof-tware livre não coloca restrições significativas ao nível da cópia, instalação, redistribuição, estudo e modificação do código-fonte, o que permite aos alunos explorá-lo, entenderem como funciona e fazerem eles próprios modifica-ções, acrescentando funcionali-dades e adaptando-o às suas ne-cessidades.

Por fim, o software livre faci-lita a reutilização de computado-res antigos porque, normalmente, requer computadores menos exi-gentes e, por outro lado, funciona com diferentes sistemas operati-vos.

Mais informações podem ser encontradas em:

- CRIE – Software Livre na Es-cola - http://softlivre.crie.min-edu.pt/

- Associação Ensino Livre - http://www.ensinolivre.pt/

Professor Samuel Branco

SOFTWARE LIVRE E EDUCAÇãO

Histórias de Bits

O PRIMEIRO JOGO PARA

COMPUTADOR

O primeiro jogo conhecido para computador foi criado por um físico de nome Willy Higin-botham, para atrair visitantes ao Brookhaven National Laborato-ries e demonstrar todo o poder nuclear dos Estados Unidos,

Em 1958, Higinbotham criou inicialmente um jogo de ténis que era mostrado num osci-loscópio e processado por um computador analógico. Poste-riormente, aperfeiçoou o jogo que recebeu o nome de “Ten-nis Programming”, adaptando-o para ser mostrado num monitor de 15 polegadas.

O jogo de ténis apresentava um sistema físico realista que simulava o vento, a gravidade, as colisões da bola com o chão, as raquetes e a rede. Tudo fei-to com válvulas e transístores que tinham acabado de ser in-ventados. O autor deste jogo achou, erradamente, que o seu “Tennis Programming” não era um grande projecto e por isso nunca o registou, deixando de ganhar assim alguns milhares de dólares.

Willy Higinbotham morreu em 10 de Novembro de 1995 e ficou na história, não por ser o pai dos jogos de computador, mas por ter participado activa-mente na terrível invenção da bomba atómica.

Professor Paulo Valentim

AS REDES SOCIAIS VIRTUAISA comunicação mereceu des-

de sempre especial atenção ao ser humano. Para comunicar, o Homem desenvolveu diversos meios. Actualmente, a Internet é tida como uma das ferramentas mais importantes para a comuni-cação entre as pessoas.

Das inúmeras formas de co-municação disponibilizadas pela Web, assumem particular des-taque, as redes sociais virtuais. Estas têm crescido de uma forma notável e a maioria dos jovens aderiu já a este tipo de relações na Web.

À semelhança do que acontece nas sociedades quotidianas, nas sociedades virtuais estabelecem-se e desenvolvem-se relações entre os indivíduos, expressas, nestas plataformas, através da partilha de informações pessoais, fotografias, vídeos, música... Em Portugal, a rede mais conhecida é o Hi5, no entanto existem também o Orkut, o Myspace, o Friendster e o Second Life, entre outras.

O registo de um utilizador numa rede social envolve a publi-cação dos seus dados pessoais, gostos e preferências, de modo a que outros utilizadores o pos-

sam reconhecer dentro da rede. Na página de perfil do utilizador é também disponibilizado um es-paço para a publicação de co-mentários de outros utilizadores. Cada utilizador pode criar grupos de amigos virtuais, podendo mais tarde agrupá-los em pessoas es-peciais, bons amigos ou simples-mente conhecidos. Através de uma rede social virtual temos a possibilidade de nos relacionar-mos com os mais diversos utiliza-dores, de contactar com pessoas que já não vemos há algum tempo ou de comunicar com utilizadores com preferências e interesses idênticos aos nossos.

No entanto, não devemos de modo algum menosprezar os ris-cos para a privacidade e para a segurança. São vários os perigos escondidos nas redes sociais: disseminação de códigos malicio-sos e de mensagens indesejadas; possibilidade de publicação de conteúdos nocivos, como apoio à violência, ao racismo e à xeno-fobia; a existência de predadores sexuais que se fazem passar por jovens e que através da criação de perfis falsos tentam atrair as suas vítimas. Os mais jovens de-

vem cumprir escrupulosamente algumas regras: os dados pesso-ais não devem ser fornecidos de ânimo leve; identificar a escola que se frequenta e a localida-de em que se habita é abrir uma porta aos predadores sexuais e criminosos. É também necessá-rio ter um particular cuidado com as fotografias colocadas no per-fil, pois poderão revelar os locais frequentados e assim comprome-ter a segurança dos utilizadores. Não menos importante é também evitar a publicação de fotos de cariz mais provocante, pois pode-rão acarretar riscos, quer ao nível das relações online, quer na vida real.

Perante isto, é imperativo acei-tar apenas utilizadores que se conhecem pessoalmente, nunca responder a comentários ofensi-vos e colocar o perfil obrigatoria-mente como privado.

Nas redes sociais virtuais os perigos existem, no entanto, quem tem a última palavra é o utilizador, já que as outras pessoas apenas poderão visualizar aquilo que qui-sermos publicar.

Professor Alexandre Lourenço

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ANO 3 - Nº 9TOQUE DE SAÍDA

MENTE SÃ EM CORPO SÃO20

Quem poderia imaginar que por detrás daqueles olhos azuis esta-va não apenas um miúdo igual a todos os outros, a quem a vida de adolescente a tanto obriga?!

O Fábio Da Silva, como fazia questão que fosse escrito o seu nome, era um irreverente, mas era também feliz! O que nem sempre acontece nestas idades. Nem em outras, entenda-se! E o que era impressionante e comovente era

que apesar das dificul-dades financeiras da sua família e também da doença inesperada da mãe, o Fábio nunca deixou de sorrir e os olhos nunca deixaram de brilhar! Nunca vi o Fábio triste. E o que sentia, transmitia-o pela dança.

Mas o seu olhar era mais intenso quando dançava! Corrijo. Ele não dançava. Ele in-terpretava! Que não é para todos. Não é qualquer pessoa que o consegue fazer. E isso não se ensina. Tem de se sentir!

Acabámos por convidá-lo para apre-

sentar a Noite Estapafúrdia. Foi o responsável pela criação e in-terpretação de uma coreografia vanguardista. E começou a ser conhecido na escola. Respeitado. E admirado!

No ano seguinte concorreu aos “Talentos ECB”. Foi passan-do, sem surpresa, nos castings e acabou por se sagrar vencedor da Gala. Um dos prémios para o vencedor era a possibilidade de passar um dia com um especia-lista na sua área. Escolheu Mirco

Satar, conceituado Produtor e Coreógrafo da Academia “Rit-mos Urbanos”.

A experiência foi reveladora e conclusiva de algo que lhe havia sido dito numa outra cir-cunstância formal: a Benedita era demasiado pequena para ele! Precisava de outros voos.

Assistimos neste momento à sua prestação no programa televisivo “Olha quem dança”, de onde foi escolhido entre 850 candidatos, o que à partida é uma vitória!

Mais importante do que ven-cer é certamente a vivência enriquecedora. Aquele é nitida-mente o seu mundo! E nem me refiro às luzes da ribalta. Mas de uma outra essência. Mais profunda! E feliz. Em que pode expressar tudo aquilo que lhe vai na alma! E que é muito! E quem o conhece, sabe do que falo.

O Fábio dança com as mãos. O seu olhar é mais intenso quando pisa um palco. Decerto terá muito que aprender. E muito trabalho pela frente. Mas esta oportunidade pode representar uma outra pers-pectiva para outros caminhos. Di-gamos que é um alargar dos seus horizontes. Enquanto artista e na sua formação pessoal também. É dotado de um incrível persistência

e a sua capacidade de trabalho é quase inesgotável. Sendo assim, existe uma forte possibilidade de que consiga alcançar os seus ob-jectivos. E tem muito para ofere-cer!

Força para ele! Que não desis-ta do seu sonho!

Professora Estela Santana

1ª gALA TALENTOS E.C.B.

Foto final: Diogo Rafael (Hóquei em Patins), Daniel Lopes( Beat-box e breakdance), Flávia Grilo (BD e caricaturas), Pedro Rodrigues (Ciências e Xadrez), Ângela Santos (Artes), Margarida Costa (Escrita), Patrícia Felizardo (Dança pop) Patrícia Silva (Poesia) Dmitri Scoropad (Piano), Paulo Batista (Humor). Em Baixo: Miguel Luís (Guitarra) e Fábio Santos(Dança/Coreografia).

O mais votado da 1ª Gala Talentos ECB – Fábio Santos

À CAÇA DOS TALENTOS DO

ECB

O Projecto “Talentos E.C.B.” regressa este ano em força! A Co-missão Organizadora tem como principal objectivo divulgar os ta-lentos dos alunos do Externato, muitas vezes escondidos e que por vezes escapam aos professo-res, habituados a ter os alunos no contexto da sala de aula.

Os inquéritos referentes a este Projecto já passaram por todas as turmas. Iremos proceder de se-guida a uma primeira triagem que nos permitirá fazer a identificação das respostas que conduzam a um possível talento. Seguidamen-te, os apurados serão agrupados por Áreas de Talento e, através de castings, serão escolhidos os mais promissores.

No seguimento do que sucedeu na Festa realizada em 2007 (foto dos Finalistas), ambicionamos que o produto final seja uma Gala com cerca de 10-12 Finalistas, a reali-zar em Junho de 2009, no Centro Cultural Gonçalves Sapinho. Além dos prémios que serão atribuídos a todos os Finalistas, o vencedor da 2ª Gala terá a possibilidade de voar mais alto!

Esperamos este ano ter o pri-vilégio de contar com a presença, no júri, de Fábio Da Silva, vence-dor da 1ª Gala “Talentos E.C.B.” que se realizou em 2007, e tam-bém do talentoso ex-aluno do Ex-ternato, e já lançado na alta-com-petição na modalidade de Triatlo, João Pedro Silva.

Em nome da Equipa Organiza-dora do Evento, fica um apelo es-pecial aos que responderam ne-gativamente nos inquéritos, mas que sentem ou sabem que são talentosos: Apareçam! Queremos conhecer-vos! Não deixem de lu-tar pelos vossos sonhos!

Professora Estela Santana

OLHA QUEM É… O TALENTO

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ANO 3 - Nº 9 TOQUE DE SAÍDA

MENTE SÃ EM CORPO SÃO 21

CONTROLE NATURAL DA TENSãO ARTERIALA Pêra

A pêra tem um notável conteú-do de açúcares, sendo ao mesmo tempo pobre em proteínas e em gorduras. O açúcar mais abundan-te da pêra é a frutose ou a levulo-se, tornando-a assim um alimento bem tolerado pelos diabéticos.

Contém uma pequena quanti-dade de vitaminas C, E e B. Os minerais mais importantes são o potássio, o magnésio e o ferro. Trata-se de uma óptima fonte de oligoelementos, como o cobre, o magnésio e o zinco. A pêra ul-trapassa a maçã em vitaminas e minerais, no entanto, embora seja

uma boa fonte de fibra vegetal, fica aquém da maçã. Ao contrá-rio desta, a pêra tem uma maior quantidade de fibra insolúvel, rica em lignina (substância que confe-re a dureza à madeira e ao fare-lo de trigo). A fibra solúvel é mais eficaz contra o colesterol, e a in-solúvel mostra-se mais laxante.

Em relação aos componentes não nutritivos, a pêra contém me-nos ácidos orgânicos que a maçã, mas um pouco mais de taninos, de efeito absorvente e anti-infla-matório.

Principais Indicações

Hipertensão arterial: Há mui-to tempo que é conhecido o efei-to hipotensor da pêra, resultado da acção estimulante da diurese. Hoje podemos dizer que a pêra não contém nenhum sódio, o qual é responsável pela retenção de água no organismo, aumentan-do o volume e por conseguinte a

pressão do sangue. Ao contrário, sendo muito rica em potássio, a pêra tem uma acção precisamen-te inversa à do sódio.

Insuficiência renal: A pêra ac-tiva a função dos rins, tratando-se de um alimento muito importante em casos da insuficiência renal, uma vez que não contém sódio e é muito pobre em proteínas; sen-do uma boa fonte de potássio, produz um suave efeito diuréti-co, fundamental para quem tem afecções renais. A pêra é também fortemente recomendada em caso de edemas (retenção de líquidos), tanto por causas cardíacas como renais.

Excesso de ácido úrico: A pêra favorece a eliminação do ácido úrico e tem um efeito al-calinizante do sangue, ajudando nas dietas depurativas, ajudando a neutralizar o excesso de resí-duos ácidos produzidos por uma

alimentação rica em carnes.

Obesidade: É fundamental o seu consumo nos programas de perca de peso e de volume corpo-ral, devido ao seu efeito diurético e depurativo.

Afecções digestivas: A pêra é de fácil digestão. Fizeram-se ex-periências que mostram que, 90 minutos depois de ter sido ingeri-da, a pêra já chegou ao intestino grosso. Exerce uma acção adstri-gente suave e combate a putre-facção e as flatulências intestinais próprias da colite (inflamação do intestino grosso) e da dispepsia intestinal (má digestão a nível in-testinal).

Professor Miguel Fonseca

Adaptado da Enciclopédia de

Educação para a Saúde – A Saúde

pela Alimentação

PROJECTO VIVER +Este projecto surge pela necessidade de cada

vez mais ter de ser a escola a desempenhar o pa-pel de fomentar boas práticas nos nossos jovens, relativamente ao Exercício Físico, à Alimentação e à Saúde em geral. No ECB, temos ao dispor dos alunos e da comunidade escolar um gabinete de orientação contemplando estes três aspectos.

Este projecto visa acompanhar e informar os alunos que revelem problemas de saúde, como por exemplo de obesidade, anorexia e bulimia, os quais, muitas vezes, derivam da ausência de actividade física e de falta de uma alimentação equilibrada. O Projecto Viver + procurará por isso orientar estes alunos para uma prática autónoma e saudável de actividade física, bem como para hábitos alimen-tares saudáveis e adequados à sua condição. Irá procurar também sensibilizar a comunidade escolar para a importância da prática de actividade física e para a necessidade de adquirir bons hábitos ali-mentares para uma melhoria da qualidade de vida. Daí a importância que um projecto desta natureza poderá ter no presente, mas, fundamentalmente, os frutos que certamente irá colher no futuro.

Iremos publicar informação interna na escola e também neste jornal, no sentido de manter a co-munidade escolar informada acerca de cuidados a ter para a promoção da saúde, nomeadamente acerca da forma como podemos usar os alimentos e o exercício físico para melhorar a nossa saúde e bem-estar.

A nossa saúde vê-se por fora, mas é o reflexo do que vem de dentro.

Professor Miguel Fonseca

TARTE DE PÊRAS DE ALCOBAÇAAs Receitas da Isabel

Preparação da massa:

Sobre a mesa faça um monte com a farinha, abra-lhe ao centro uma cavida-de e deite aí a margarina, o açúcar e o fermento. Amasse bem, junte a gema e continue a amassar com as pontas dos dedos. Envolva depois tudo com a fari-nha e, com a palma das mãos, amasse bem para obter uma massa areada. Dei-xe repousar meia hora.

Polvilhe a mesa com farinha para a massa não pegar e estenda-a com o rolo. Forre uma forma de tarte. Se não tem rolo, coloque a bola de massa no centro da forma da tarte e espalhe com os dedos, numa camada regular sobre toda a superfície.

Preparação do recheio:

Descasque as peras, corte-as em oi-tavos e disponha-os sobre a massa de modo a cobrir todo o fundo da tarteira.

Junte à margarina derretida o açúcar e mexa bem. Adicione os 2 ovos e as go-tas de limão e continue a mexer para fi-car bem ligado. Deite esta mistura sobre as peras e leve a cozer em forno médio 40 a 50 minutos. Depois de cozida, retire do forno, deixe arrefecer e pincele cui-dadosamente com a geleia. Sirva sobre a folha de fundo da forma para a tarte não quebrar, pois a massa é muito tenra e quebradiça.

Professora Isabel Neto

Massa da Tarte:125 g de farinha75 g de margarina50 g de açúcar1 gema de ovo 1 colher (de chá) de fermento em pó

Recheio da Tarte:700 g de peras50 g de margarina200 g de açúcar2 ovos inteirosumas gotas de sumo de limão geleia transparente para pincelar a tarte

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ANO 3 - Nº 9TOQUE DE SAÍDA

MENTE SÃ EM CORPO SÃO22

XADREz É CURRICULAR NO 1º CICLO

O xadrez é importante para a criança, pois ajuda-a a estrutu-rar o seu raciocínio e a aprender mecanismos simples que podem aplicar-se na vida do dia-a-dia. No 1º Ciclo, o xadrez é curricular na disciplina de Matemática, tal como qualquer jogo de estratégia. De facto, na página 168 do Programa do Matemática do 1º Ciclo, pode ler-se o seguinte:

«Convém ainda realçar a impor-tância que alguns jogos podem ter no desenvolvimento de competên-cias necessárias à resolução de problemas. Os tradicionais jogos de «pedrinhas» e «pauzinhos», os dominós, o rapa, os jogos de dados e de cartas, os jogos de construções e os jogos de estraté-gia (batalha naval, damas, xadrez, «mastermind», etc.), são exem-plos de jogos que favorecem a ca-pacidade de aceitar e seguir uma regra; o desenvolvimento da me-mória; a agilidade de raciocínio; o gosto pelo desafio; a construção de estratégias pessoais.

A par de enorme prazer que proporcionam, constituem ainda, como todos os jogos, um impor-tante factor de crescimento emo-cional e social.»

A questão então é a seguinte: porque é que o programa não está a ser cumprido em todas as esco-las portuguesas? Apresento algu-mas respostas possíveis: muitos professores não têm formação nesta área; o poder político local e muitos conselhos executivos das escolas não o querem aplicar; não há monitores /treinadores suficien-tes que apoiem os professores; também faltam salas. Sugestões para serem ultrapassadas as difi-

culdades identificadas: dar forma-ção a todos professores; o poder central obrigar à aplicação do pro-grama; colocar técnicos de xadrez nas escolas, como se está a fazer com os professores de música, por exemplo; estabelecer parce-rias com as instituições locais.

E apresento o exemplo da Fre-guesia da Benedita, onde o xadrez escolar está bem implantado por-que há muita força de vontade.

Este ano lectivo, o ECB, que tem alunos desde o 7º ao 12º Ano, continuou com a política de apoio ao xadrez, sobretudo no 1º Ciclo, porque a visão des-ta instituição é uma visão a longo prazo e sabe que se os alunos tiverem as com-petências que o xadrez lhes permite desenvolver no 1º ciclo, o Externato terá, daqui a uns anos, melhores alu-nos. Assim, disponibilizou mais horas para o xadrez, sendo a maioria destas ho-ras no 1º Ciclo. Com as boas relações existentes com o Agrupamento de Escolas da Benedita, foi possível che-gar a todas as escolas da freguesia, com excepção, até ao momento, da Escola do Ninho de Águia. Mas ain-da tenho a esperança de ter o prazer da integração dos alunos desta escola. Assim, estamos a falar de 7 esco-las da Freguesia da Bene-dita e todas têm xadrez. Logo, o primeiro problema referido acima foi ultrapas-sado: dou a formação aos alunos cujos professores estão também presentes,

dando assim resposta ao segundo problema identificado.

Contudo, ainda há muitas tur-mas que não têm xadrez, porque não disponho de horário para to-das elas. Era necessário, portan-to, que houvesse mais monitores/treinadores de xadrez, ou que os professores tivessem sido forma-dos nesta área.

Presentemente tenho 140 alu-nos do 1º ciclo inscritos, das EB1 da Benedita, Freires, Candeeiros, Azambujeira, Cabecinha, Ribafria e Frei Domingos. Por decisão do Agrupamento de Escolas da Bene-dita, perguntou-se aos professo-res se preferiam que o xadrez se integrasse na hora de Matemática ou no Apoio ao Estudo. A Escola da Ribafria (onde todas as turmas têm xadrez desde o 1º Ano ao 4º Ano) integrou o xadrez na discipli-na de Matemática, assim como a EB1Frei Domingos. As restantes, no Apoio ao Estudo. Em relação à EB1 da Benedita, o xadrez é dado fora da escola, numa parceria com o Centro Paroquial da Benedita, por causa de falta de salas.

Fico assim muito satisfeito com aquilo que faço e com o apoio que tenho tido neste ano e nos anterio-res. Mas fico “triste” porque mui-tas crianças do 1º Ciclo pedem-me para ter xadrez e eu não posso sa-tisfazer o seu pedido porque não posso estar em dois sítios ao mes-

mo tempo.Deixo aqui os meus agradeci-

mentos a todos os professores e Instituições, desde o Ministério às Escolas e seus dirigentes, que es-tão a permitir que estas crianças, “a brincar a sério”, se tornem em melhores Homens e Mulheres de amanhã. E termino com um desa-fio aos pais: se o seu filho não tem xadrez na escola, lute por isso, pois o xadrez é curricular!

Professor José Cavadas

É um puzzle lógico, num quadrado de

nove linhas por nove colunas, organizado

em regiões de 3x3.

Use algarismos de 1 a 9, de modo a

que cada algarismo apareça uma única vez

em cada linha, coluna, ou região de 3x3.

Não é necessária qualquer operação

aritmética.

Aqui ficam três exemplares, de graus

de dificuldade diversificados.

6 2 7 18 5 1

9 89 3 8 7 5

1 7 6 5 9 2 48 5 7 9

4 77 5 1

2 9 6 4Fácil

1 8 7 38 7 4 661 8 9 3 5

6 7 2 5 14

5 2 7 64 2 6 3

Difícil

4 2 37 8 3 4 1

7 43 5 1 7

4 26 1 7 29 4

8 7 4 2 62 3 6

Médio

SUDOKU

JUDO

ATLETAS DA BENEDITA

HOMENAGEADOS

Vladimir Gorodoyoy, 1º lugar no Torneio Aberto da Golegã, e Sérgio Serralheiro, 2º lugar no Campeonato Nacional de Vete-ranos, ambos atletas do INSE, foram distinguidos no dia 6 de Dezembro pela Associação Dis-trital de Judo de Leiria que, num jantar convívio, distinguiu os ju-docas que em 2007 obtiveram medalhas nos campeonatos Nacionais, Zonais, Internacio-nais e Abertos.

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ANO 3 - Nº 9 TOQUE DE SAÍDA

PASSATEMPOS E CURIOSIDADES 23

SEXTA-FEIRA 13

As bruxas andam à solta.Sempre que o calendário marca sexta-feira

13, muita gente sente calafrios. E a imprensa, em geral, dá grande importância à data. Na crença popular, sexta-feira 13 é dia de azar. Há os que não acreditam, é claro. Mas até esses acham bom não abusar.

Qual a origem da superstição em torno do número 13?

Na mitologia nórdica encontramos uma len-da sobre isso. Odin, chefe de uma tribo asiáti-ca, estabeleceu o seu reino na Escandinávia. Para administrá-lo, celebrar os rituais religiosos e predizer o futuro, Odin teria escolhido doze sábios, reunindo-os num banquete no Valhalla, morada dos deuses. Loki, o deus do fogo, apa-receu sem ser convidado e armou uma grande confusão. Como invejava a beleza radiante de Balder, deus do Sol e filho de Odin, fez com que Hodur, o deus cego, o assassinasse por engano. Daí veio a crença de que 13 pessoas reunidas para um jantar é desgraça certa .

Essa lenda é semelhante ao episódio da Ul-tima Ceia de Cristo.

Segundo alguns relatos, participaram dessa ceia sagrada os doze apóstolos e Cristo, num total de 13 pessoas. Também aí o final foi infe-liz: a crucificação e morte de Cristo, numa sex-ta-feira. E mais. Na antiga numeração hebrai-ca, os números eram representados por letras. A letra que indicava a quantidade treze era a mesma usada para a palavra morte.

Que número sinistro!

ENIGMASDESCOBRE A MOEDA FALSA

Material: 6 moedas, das quais uma em par-ticular se sabe ser verdadeira. Entre as outras 5 há uma falsa (não se sabe se é mais leve ou mais pesada do que as verdadeiras).

Problema: Com duas pesagens numa balança de pratos, descobre a moeda falsa.

VINTE E TRÊS NO XILINDRÓ

Vinte e três prisioneiros chegam a uma cadeia onde o carcereiro lhes explica as regras da casa, antes de lhes permitir uma reunião geral, ao que se seguirá o confinamento em celas individuais sem possibilidade de comunicação.

Há uma sala na cadeia onde se encontram dois interruptores que não servem para nada de especial, e cada um tem duas posições possí-veis: ON e OFF.

Quando lhe apetece, o carcereiro escolhe ale-atoriamente um prisioneiro, leva-o a esta sala, onde o detido deve escolher um dos interrupto-res e alterar o seu estado (de ON para OFF, ou de OFF para ON), após o que será devolvido à sua cela. Não se conhece o estado inicial dos interruptores.

O carcereiro garante que todos os prisionei-ros irão a esta sala uma infinidade de vezes. Se, em qualquer altura, algum prisioneiro disser que está convencido de que já todos visitaram esta sala pelo menos uma vez, saem todos em liber-dade (se tal corresponder à verdade) se for men-tira, serão todos fuzilados.

Há alguma estratégia que os presos possam combinar na reunião que lhes garanta a liberta-ção?

(continuação da pág. )

Quais as suas primeiras impres-sões da vida sacerdotal?

Corrijo: acabam de me ser atri-buídas três paróquias! Quando o Senhor Patriarca me disse, fiquei “embasbacado”. Como sou o mais novo do meu ano, pensava que seria o último a ser escolhido para pároco, mas se a Igreja precisava, foi com muita alegria que aceitei. O meu contacto inicial foi de algu-ma surpresa e, ao mesmo tempo, de muita alegria por poder servir aquelas pessoas e tentar levá-las a Jesus. É uma grande responsa-bilidade, por isso no início estava receoso, mas com a graça e ajuda de Deus tudo se torna mais fácil. Ainda estou muito no início, mas corresponde às minhas expectati-vas: um desafio constante!

Para terminar, gostaríamos de saber quais são as suas aspi-rações para o futuro e que con-selhos daria a um jovem que se mostrasse inclinado para a vida sacerdotal.

Desejo ser um padre que ame Jesus Cristo e possa ser Sua tes-temunha perante os homens. Es-pero nunca deixar de ser o Bom Pastor que ama e serve as suas ovelhas a tempo inteiro, sendo um bom pároco das minhas paró-quias.

A um jovem que se sentisse inclinado ao sacerdócio, o único conselho que daria é que não ti-vesse medo das contrariedades e entregasse a sua vida a Jesus, sem reservas. Tomando as pala-vras do Papa João Paulo II: “Abri as portas do vosso coração a Cristo”. E como diz o Papa Ben-to XVI: “Quem deixa entrar Cristo não perde nada, nada, absoluta-mente nada daquilo que torna a vida livre, bela e grande”. Deixem que este encontro aconteça nas vossas vidas e respondam-lhe com verdade. É tão bom e bonito servir Cristo e os nossos irmãos nesta dádiva total de vida! Podem crer que é muito gratificante e bo-nito ser padre. No fundo, é dar de graça o que de graça recebemos.

Entrevista realizada pelos professores

Soledade Santos e Samuel Branco

CURIOSIDADES

14 de Novembro de 2008 - Alunos de Externato Cooperativo da Benedita em protesto contra o novo Estatuto do Aluno.

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ANO 3 - Nº 9TOQUE DE SAÍDA

O Tarot é o antepassado das cartas com que jogamos sue-ca, bisca, lerpa, bridge, King... Na forma actual, apareceu pela primeira vez no século XIV, edi-tado sob a pro-

tecção dos Sforza de Milão.Pode ser usado de variadíssi-

mas maneiras. Hoje, vamos apli-cá-lo à reflexão acerca do ano lectivo 2008/2009.

O primeiro período decorre sob a influência da carta X- Roda da Fortuna: a vida não pára, as coi-sas mudam, a roda gira. O que podemos fazer? Encontrar novos equilíbrios, diz a Roda: se não nos preparámos para as mudanças, o exterior vai obrigar-nos a isso, a distinguir o essencial do acessó-rio, a renovarmo-nos. É isso que tem estado a acontecer, por todo o mundo, em muitas áreas distin-tas, segundo os telejornais.

Aos dois períodos seguintes, corresponde a carta XI - A Jus-tiça, assinalando a necessidade de usar a razão, a mente, para procurar a verdade: as decisões que tomámos tiveram os resulta-dos esperados? procedemos da melhor maneira? como devo actu-ar no futuro? uso o meu tempo da melhor maneira? em que gasto a

minha energia? As mudanças têm de ser interiorizadas.

Se somarmos os dois anos, obtém-se a carta XXI - O Mundo, cujo significado se prende com a conclusão de processos ou pro-jectos de longo prazo, mas tam-bém a uma renovação. Mais uma vez mudança, transição, abraçar o novo e abandonar o que já não nos serve e vai pesar no caminho. O que podemos fazer? Trabalhar melhor, esforçarmo-nos por tirar o máximo de cada oportunidade, usando os nossos recursos (e o tempo é um recurso muito impor-tante) de maneira a obter resulta-dos melhores.

Noutro exemplo, podemos usar o Tarot para reflectir acerca do dia

em que começou o ano lectivo.Para os alunos do 7º ano, XII -

O Dependurado - indica necessi-dade de concentração, isolamen-to, tranquilidade, para começar um novo ciclo da melhor forma, evitando os erros do passado. Abandonar hábitos, atitudes, erros do passado desadequados para o

crescimento físi-co, intelectual e espiritual.

Para os res-tantes alunos, XIII - A Morte, anuncia que o novo ciclo já aí está, quem se preparou para ele de forma

adequada, renovar-se-á, colherá os frutos do seu labor; quem não o fez, sofrerá uma dissolução. A mudança torna-se visível, emer-ge.

Para os não discentes, XI - A Justiça, traz o apelo à reflexão, à introspecção. As mudanças ante-riores têm de ser assimiladas. Pre-cisamos de saber o que queremos antes de considerar as diferentes hipóteses e antes de tomar deci-sões. É um ano de ajustamento, de decisões que pedem análise cuidadosa dos vários pontos em consideração.

Professora Ana Luísa Quitério

A ESCOLA É FIXE

Nos finais dos anos 40, Viei-ra da Silva é considerada uma das principais figuras do Abs-traccionismo Lírico de Paris. A representação de temas essen-cialmente urbanos é-nos dada através da paleta de cores do Cubismo e das formas fragmen-tadas que procuram a profundi-dade do espaço.

Internacionalmente reconhe-cida com obras nas colecções de

museus tão importantes como o MOMA de Nova Iorque, o Pom-pidou de Paris e a Tate Gallery em Londres, Vieira da Silva só em 1970 vê reconhecido o seu trabalho em Portugal. É através da Gulbenkian e das exposições promovidas nos anos de 1970, 77 e 88 que a sua pintura é di-vulgada no nosso país. Também a editora Taschen publicou em 2005 uma excelente monografia

da pintora.A Fundação Arpad Szenes-

Vieira da Silva, situada na Pra-ça das Amoreiras, em Lisboa, e o Museu Colecção Berardo comemoram o centenário de Vieira da Silva com exposições como “Vieira da Silva vista por Mário Cesariny” e “A Intuição e a Estrutura”. A não perder!

Professora Maria de Lurdes Goulão

VIEIRA DA SILVA NASCEU HÁ CEM ANOSLisboa 1908 – Paris 1992

«Eu sou complicada e a minha vida é simples. Minha mãe, o Arpad, o cavalete e a tela ou o papel, c`est tout. As pessoas no século XX andam de um lado para o outro e as amizades perdem-se. É mais fácil o amor que a amizade.»

(Carta de Vieira da Silva a Agustina Bessa-Luís, em Março de 1980)

O QUE DIz O TAROT

Bruno Santos, 11º F