mg contribui para a inclusão social de...

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MG contribui para a inclusão social de deficientes A colocação de pessoas com deficiência no merca- do de trabalho já cresceu 43% neste ano em relação a igual período de 2004. Os dados são do posto do Siste- ma Nacional de Emprego (Sine) na Caade, que atende, em média, 14 pessoas por dia. A unidade é voltada ex- clusivamente para deficien- tes, que contam também com atendimento ao segu- ro-desemprego e qualifica- ção profissional. Sine/Caade amplia colocações Nº 1 - Agosto/Setembro de 2005 - Belo Horizonte MG contribui para a inclusão social de deficientes O livro “Prevalência de Incapa- cidades”, lançado no final de a- gosto pela Coordenadoria de Apoi- o e Assistência à Pessoa Deficiente (Caade), vai servir de instrumento técnico-balizador para a imple- mentação de políticas públicas vol- tadas para as pessoas com deficiên- cia. Com tiragem de 3 mil exem- plares, a publicação é a síntese de uma pesquisa feita em sete muni- cípios mineiros pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fun- dep/UFMG), a partir de um con- vênio firmado entre a Caade e o Ministério da Saúde. O Instituto Ester Assum- pção, com sede em Betim, tem articulado a integração de entidades e serviços para fortalecer as ações que contribuam para a in- clusão social de pessoas com deficiência. Instituto articula ações de integração PÁGINA 3 PÁGINA 8 Sedese investe em capacitação Na coluna “Meus Direitos”, Nelson Garcia, assessor jurídico da Caade, mostra as vantagens da certificação. O que é Oscip? PÁGINA 6 Sine: parceria com o empresariado PÁGINA 7 PÁGINAS 4 e 5 O secretário de Estado de Desenvolvimento Soci- al e Esportes, Marcos Mon- tes, quer ampliar a capaci- tação de deficientes em Mi- nas, além de fortalecer o papel das Diretorias Regi- onais da Sedese no Estado. Sedese Sedese Livro publicado pela Caade mostra a realidade dos deficientes em sete municípios de Minas Saiba as novidades da Conferência Nacional no CONPED Informa PÁGINA 7

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MG contribui paraa inclusão socialde deficientes

A colocação de pessoascom deficiência no merca-do de trabalho já cresceu43% neste ano em relação aigual período de 2004. Osdados são do posto do Siste-ma Nacional de Emprego(Sine) na Caade, que atende,em média, 14 pessoas pordia. A unidade é voltada ex-clusivamente para deficien-tes, que contam tambémcom atendimento ao segu-ro-desemprego e qualifica-ção profissional.

Sine/Caade amplia colocações

Nº 1 - Agosto/Setembro de 2005 - Belo Horizonte

MG contribui paraa inclusão socialde deficientes

O livro “Prevalência de Incapa-cidades”, lançado no final de a-gosto pela Coordenadoria de Apoi-o e Assistência à Pessoa Deficiente(Caade), vai servir de instrumentotécnico-balizador para a imple-mentação de políticas públicas vol-tadas para as pessoas com deficiên-

cia. Com tiragem de 3 mil exem-plares, a publicação é a síntese deuma pesquisa feita em sete muni-cípios mineiros pela Fundação deDesenvolvimento da Pesquisa (Fun-dep/UFMG), a partir de um con-vênio firmado entre a Caade e oMinistério da Saúde.

O Instituto Ester Assum-pção, com sede em Betim,tem articulado a integraçãode entidades e serviçospara fortalecer as açõesque contribuam para a in-clusão social de pessoascom deficiência.

Instituto articulaações de integração

PÁGINA 3

PÁGINA 8

Sedese investe em capacitaçãoNa coluna “Meus Direitos”,

Nelson Garcia, assessor jurídicoda Caade, mostra as vantagensda certificação.

O que é Oscip?

PÁGINA 6

Sine: parceria com o empresariadoPÁGINA 7

PÁGINAS 4 e 5

O secretário de Estadode Desenvolvimento Soci-al e Esportes, Marcos Mon-tes, quer ampliar a capaci-tação de deficientes em Mi-nas, além de fortalecer opapel das Diretorias Regi-onais da Sedese no Estado.

Sedese

Sedese

Livro

publicado

pela Caade

mostra a

realidade

dos

deficientes

em sete

municípios

de Minas

Saiba as novidades daConferência Nacionalno CONPED Informa

PÁGINA 7

Temos o prazer de apresentar oprimeiro número do BoletimInformativo da Caade/MG. ACoordenadoria de Apoio e

Assistência à Pessoa Deficiente -Caade/MG - é um órgão da adminis-tração direta do Governo de Minas Ge-rais, vinculado à Secretaria de Estadode Desenvolvimento Social e Esportes- Sedese, cuja missão é incentivar aadoção de políticas públicas voltadaspara esse segmento da população. Paratanto, a Caade/MG trabalha conjunta-mente com o Conselho Estadual deDefesa dos Direitos da Pessoa Portado-ras de Deficiência - Conped -, funcionan-do como seu órgão executivo.

Conforme definição legal (Decre-tos Federais 3298/99 e 5296/04), pes-soa portadora de deficiência é todaaquela que possui uma "perda ou anor-malidade de uma estrutura ou funçãopsicológica, fisiológica ou anatômicaque gere incapacidade para o desem-penho de atividade, dentro do padrãoconsiderado normal para o ser humano".Assim, as deficiências estão classificadasem:• Deficiência visual (cegueira e baixa

visão);• Deficiência auditiva (surdez bilater-

al, leve, moderada, severa ou pro-funda);

• Deficiência física (nos membros infe-riores e ou superiores, nanismo, osto-mia);

• Deficiência mental (funcionamentointelectual significativamente inferi-

or à média);• Deficiências múltiplas (associação,

no mesmo indivíduo, de duas oumais deficiências).

O IBGE (censo 2000) aponta que,no Brasil, cerca de 14,5% da populaçãoé portadora de algum tipo de deficiên-cia, sendo que somente em Minas Ge-rais, essa população atinge aproximada-mente 2,6 milhões de pessoas.

Um número tão significativo de pes-soas requer a adoção de políticas públi-cas voltadas para o atendimento a suasnecessidades específicas. Logo, o obje-tivo deste boletim é o de divulgar inicia-tivas que visem promover a inclusãosocial das pessoas com deficiência, im-plementadas pelos diversos setores dasociedade: governos, empresas e so-ciedade civil. Com isso, a Caade esperacontribuir ainda mais para incentivar oestreitamento de laços de cooperaçãoe solidariedade entre todos aqueles quetrabalham pela construção de umaMinas Gerais cada vez mais inclusiva.Uma Minas Gerais que, de fato, se torne,como pretende o governador AécioNeves, "o melhor Estado do país para seviver". Façamos, juntos, a construçãodesse lugar.

FLÁVIO COUTO E SILVA DE OLIVEIRA Superintendente da Caade/MG e presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - Conped

Expe

dien

te

Caade incentiva a cooperação e solidariedadeEditorial

O objetivo deste boletim

é o de divulgar iniciativas

que visem promover a

inclusão social das

pessoas com deficiência,

implementadas

pelos diversos

setores da sociedade

GOVERNO DE MINASAécio Neves - Governador

SECRETARIA DE ESTADODE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ESPORTES Rua Martim de Carvalho, 94Santo Agostinho/BH - MGCEP: 30190-090

Marcos Montes Secretário

COORDENADORIA DEAPOIO E ASSISTÊNCIA À

PESSOA DEFICIENTE(Caade)

Flávio Couto e Silva de OliveiraSuperintendente

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃOMaria Cesarina N. MagalhãesAssessora-chefe

JORNALISTASÂngela Azevedo, Elvira Falabella e Renata Sambuc

BOLETIM CAADERua da Bahia, 2.200Bairro LourdesBH/MG - CEP: 30160-012Telefone: 3275-4145Site: www.caade.mg.gov.brJuliana Cordeiro (Contato)

REDAÇÃO E EDIÇÃOJorn. Marciano MenezesReg. Prof.: 03513/MG

REVISÃOWagner Ribeiro Pinto Reg. MEC-LP3776

Projeto Gráfico e EditoraçãoRogério Damasceno

Tiragem: 3.000 exemplares

As matérias e artigospublicados neste jornal poderão ser reproduzidos,desde que citada a fonte

Boletim Caade - Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa DeficientePAGINA 2

Sedese

Oposto do Sistema Nacional deEmprego (Sine) na Coorde-nadoria de Apoio e Assistênciaà Pessoa Deficiente (Caade)

já conseguiu ampliar em 43% o númerode colocações no mercado formal de tra-balho neste ano, em relação ao mes-mo período de 2004. De janeiro até oúltimo dia 12 de julho, das 541 pessoasencaminhadas a emprego pelo órgão,76 foram absorvidas em uma das 651vagas disponibilizadas pelas empresasno mesmo período. No ano passado, nomesmo comparativo, foram ofertadas366 vagas, encaminhadas 217 pessoase colocados 53 trabalhadores. A médiadiária de atendimentos no posto Sine daCaade saltou também de sete, em 2004,para 14 neste ano.

Voltado exclusivamente para o atendi-mento às pessoas com deficiência, o pos-to do Sine na Caade já conseguiu colocarno mercado de trabalho, desde a sua cri-ação em dezembro de 1999, quase 400trabalhadores. Neste mesmo período, onúmero de atendimentos chegou a12.823, com 3.163 vagas captadas.

Segundo Fernanda Mazoni, gerenteinterina do posto do Sine na Caade, hojeos gandes empecilhos para que o traba-lhador consiga uma das vagas disponibi-lizadas pelas empresas ainda tem sido abaixa escolaridade e a falta de qualifi-cação profissional. "Muitas vezes a pes-

soa chega ao posto sem escolaridade esem nenhum curso", conta, lembran-do que a Caade está intensificandoneste ano a capacitação desses traba-lhadores.

"Neste ano, estamos dando um cur-so por mês: ̀ Preparando para o emprego- entrevista, comportamento e currícu-lo`", conta Fernanda Mazoni. No proces-so de capacitação, os treinandos apren-dem a preencher o currículo, têm noçõesde relações interpessoais, conhecem asrealidades do mercado de trabalho esaem preparados para as entrevistas deemprego. "Os cursos, oferecidos pelapsicóloga organizacional Juliana Cordeiro,funcionária da Caade, têm facilitado oacesso ao mercado de trabalho", garanteFernanda Mazoni.

Neste ano também, 13 trabalhadoresforam beneficiados com o curso de infor-mática básica para deficientes, realizadopela Fundação de Educação para o Tra-balho (Utramig), em cooperação com aCaade.

O posto do Sine na Caade tem fei-to ainda um trabalho de parceria como empresariado para divulgar o serviçogratuito de disponibilização de mão-de-obra. "Vamos começar a enviarmalas-diretas e ligar para as empresas,para que elas possam disponibilizarsuas vagas através do Sine", enfatizaFernanda Mazoni.

Sine amplia em 43% o número de colocações

"O atendimento é muito bom. Fuimuito bem recebida", afirma CarlaRangel do Vale Amorim, que conseguiuuma vaga de Auxiliar de Programa,através do posto do Sine na Caade, emuma empresa de logística da capital.Com vasta experiência nas área de tele-fonia, auxiliar administrativo e telemar-keting, Carla Rangel, que ainda estárecebendo o seguro desemprego, achaque o serviço prestado pelo órgão podeser mais divulgado e sugere tambémuma ampliação do número de cursosde qualificação para os trabalhadoresque procuram o Sine. "Tudo vai con-tribuir. Os cursos de qualificação sãomuito importantes", salienta.

Carla Rangel, que é deficiente visu-al, procurou o Sine há quatro meses ecomeçaria a trabalhar em julho. Cur-sando o 3º período de pedagogia naUniversidade Estadual de Minas Gerais(Uemg), ela sugere também uma capa-citação periódica das pessoas que fazemo atendimento no posto do Sine naCaade. "Para se trabalhar com esse públi-co, é necessário saber das deficiênciasde cada um. O recrutamento tem quecomeçar no órgão encaminhador. Oque não pode acontecer é o funcionário,sabendo que a vaga é para recep-cionista, com deficiência física, enca-minhar um com deficiência visual", enfa-tiza. Carla Rangel trabalhou durante qua-tro anos no Centro de Integração e Apoioà Pessoa com Deficiência do Sesi.

Marcolino Felipe de Miranda, de 52anos, considera que hoje os grandesentraves para que os portadores de defi-ciência consigam emprego são as exigên-cias das empresas e a falta de qualifi-cação dos trabalhadores. Desemprega-do desde 2002, Marcolino, que tevequatro dedos de sua mão esquerdaamputados, conseguiu uma vaga atravésdo posto do Sine na Caade e começoua trabalhar como porteiro no dia 1º dejulho. "Sempre tem vaga disponível naCaade, mas, às vezes, a gente não con-segue preencher os requisitos das empre-sas", explica, destacando a qualidadedos serviços do órgão.

Usuário sugeremaior divulgação

do serviço

Sine-Caade tem atendido, em média, 14 pessoas portadoras de deficiência por dia

Boletim Caade - Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa Deficiente PAGINA 3

Geraldo R

ibeiro

Qual a missão da Sedese e comoo senhor tem conduzido os trabalhosda Secretaria?

Ao conceber a Sedese como umaSecretaria que reúne várias frentes detrabalho de natureza social, o gover-nador Aécio Neves conferiu-lhe umamissão ampla e audaciosa, que pode serresumida como a implantação de umnovo modelo de gestão social no Esta-do, que busca ao mesmo tempo des-centralizar o sistema, nos aspectos es-trutural e gerencial, mas conferindomaior articulação e integração às suasações, para que ele seja menos onerosoe mais ágil e eficaz.

Neste sentido, são grandes metasda Sedese, como órgão estadual, darsuporte aos municípios na execuçãodos programas sociais e fortalecer, cadavez mais, as parcerias com instituiçõesnão-governamentais voltadas para aárea social. As demandas sociais exigema existência de uma grande rede deatendimento, formada pela União, osestados e os municípios e pelas organi-zações do setor. Esta rede praticamentejá existe, mas precisamos avançar muitopara que seus programas e ações sejamintegrados e respondam com efetivi-dade às necessidades da população.

Temos procurado contribuir comeste propósito com bom senso e ospés no chão, com a consciência de

que o Estado não pode ser nem pater-nalista nem omisso no tratamento dasquestões sociais.

Em relação às pessoas com defi-ciência, quais são os programas exis-tentes?

O governador Aécio Neves dedicaespecial atenção às questões rela-cionadas às pessoas com deficiência eem praticamente todo o Governo exis-tem ações direcionadas para a garan-

tia e a promoção dos direitos dessaspessoas.

Na Sedese são desenvolvidas, prin-cipalmente, ações que visam a inclusãosocial da pessoa com deficiência, sejaatravés da realização de cursos de qua-lificação, como o Curso de Libras rea-lizado recentemente pela Caade; dapromoção de eventos esportivos, como,por exemplo, o Campeonato de Bas-quete em Cadeiras de Rodas, promovi-do no segundo semestre de 2004 como apoio da Secretaria, ou através damanutenção de convênios com enti-dades que prestam atendimento a cri-anças, adolescentes e mesmo adultosque necessitam de educação e assistên-cia especializada, como as APAE's eoutras instituições.

A Secretaria tem atuado com mui-ta determinação, também, na implan-tação do modelo de "Casa-Lar", queé mais humanizado, para o atendi-mento a pessoas com deficiência queprecisam de uma assistência perma-nente. Hoje, o Estado já conta com 60Casas-Lares, em convênios com insti-tuições altamente conceituadas ecapacitadas.

De modo geral, qual a importân-cia das ações governamentais paraa inclusão social da pessoa com defi-

ASecretaria de Estado de DesenvolvimentoSocial e Esportes (Sedese) quer fortalecer a atu-ação de suas 17 Regionais, localizadas nascidades-pólos de Minas, como forma de tornarsuas ações mais efetivas, inclusive as dire-

cionadas para a pessoa com deficiência. A informação édo secretário Marcos Montes que, na entrevista abaixo,ressalta a necessidade de oferecer mais oportunidades dequalificação profissional para as pessoas com deficiência,além de mostrar às empresas o quanto elas são capazes."As Diretorias Regionais são os braços de todos os progra-mas da Sedese no interior do Estado", enfatiza.

Marcos Montes informou também que a Secretariatem procurado, junto com o Ministério do Trabalho eEmprego (MTE), melhorar as condições de atuação dospostos do Sistema Nacional de Emprego (Sine) em Minas,para facilitar e agilizar principalmente a captação e inter-mediação de mão-de-obra no interior do Estado.

O secretário de Desenvolvimento Social e Esportesdestaca ainda a atenção dada pelo governador AécioNeves às questões relacionadas às pessoas com defi-

ciência, ressaltando, em todo o Governo, as ações dire-cionadas para a garantia e a promoção dos direitos dessesegmento da população. "Na Sedese são desenvolvidas,principalmente, ações que visam a inclusão social da pes-soa com deficiência, seja através da realização de cursosde qualificação, como o de Libras, realizado recentementepela Caade; da promoção de eventos esportivos, como,por exemplo, o Campeonato de Basquete em Cadeiras deRodas, promovido no segundo semestre de 2004 com o apoioda Secretaria, ou através da manutenção de convênioscom entidades que prestam atendimento a crianças, ado-lescentes, e mesmo adultos que necessitam de educaçãoe assistência especializada, como as Apaes (Associação dePais e Amigos de Excepcionais) e outras instituições".

Marcos Montes frisou também a importância do ter-ceiro setor, como o grande protagonista no atendimentoà pessoa com deficiência no Brasil. "Enquanto o setorpúblico ainda se encontrava praticamente omisso nesseprocesso, as instituições do hoje chamado terceiro setorjá estavam em campo, trabalhando dia-a-dia com as pes-soas com deficiência".

Sedese quer ampliar em Minas a qualificação profissional de pessoas com deficiência

As demandas sociais exigem a existência de

uma grande rede de atendimento, formada pela União, os estados e os municípios e pelas organizações do setor

“Boletim Caade - Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa DeficientePAGINA 4

ciência?Em um país como o Brasil, com gra-

ves desigualdades sociais e onde aindanão há uma cultura consolidada derespeito aos direitos dos cidadãos, asações governamentais são decisivaspara a inclusão social da pessoa comdeficiência. Somente a soma de es-forços entre o Poder Público, a socieda-de e as instituições não-governamen-tais especializadas é capaz de garan-tir que todos os direitos da pessoa comdeficiência se tornem uma realidadepalpável.

Podemos afirmar que em MinasGerais tem ocorrido essa soma de es-forços e vários avanços têm sido cons-truídos. E não podemos deixar dedestacar o trabalho de órgãos como aCaade, do Ministério Público e dasentidades conveniadas nesse proces-so de conquistas.

Como o senhor avalia a importân-cia dos Conselhos, especialmente ado Conselho das Pessoas com Defi-ciência (Conped) na condução daspolíticas públicas?

Os conselhos representam justa-mente um dos passos mais importantespara consolidarmos uma cultura derespeito à cidadania no Brasil. Eles sãoum instrumento cada vez mais poderosopara o controle social sobre as políticaspúblicas e para a eficácia dessas políti-cas. E o Conped é um conselho quetem consciência dessa responsabili-dade.

Como as Regionais da Sedese eos Postos do Sine podem contribuirpara a inclusão das pessoas com defi-ciência no mercado de trabalho?

As Diretorias Regionais são os braçosde todos os programas da Sedese nointerior do Estado. Uma das nossasmetas na Secretaria é o fortalecimen-to das Regionais, pois elas tornam nos-sas ações no interior mais efetivas, eisto inclui as ações direcionadas para apessoa com deficiência. Já os postosdo Sine têm um papel específico parao acesso da pessoa com deficiência aomercado de trabalho, e temos procu-rado, juntamente com o Ministério doTrabalho e Emprego, melhorar as con-dições de atuação desses postos.Acreditamos que eles podem, sobre-

tudo, atuar lado a lado com os municí-pios e as instituições do setor para o for-talecimento desse processo, que ain-da não atende satisfatoriamente àsnecessidades das pessoas com defi-ciência. Precisamos oferecer maisoportunidades de qualificação profis-sional para as pessoas com deficiênciae mostrar às empresas o quanto essaspessoas são capazes.

O senhor foi prefeito de Ubera-ba por dois mandatos. O que de maissignificativo foi realizado neste perío-do para as pessoas com deficiência?

Em termos concretos, foram cons-

truídas mais de 400 rampas em calçadasda cidade adaptadas para o acesso depessoas com deficiência; foi criado umserviço de transporte público especial,em veículos adaptados, para a con-dução de pessoas com deficiência comitinerários individualizados, e houveum apoio efetivo a entidades como aAssociação dos Deficientes Físicos deUberaba - ADEFU, o Instituto de Cegosno Brasil Central, a Associação de Sur-dos e outras, que conseguiram alavan-car suas atividades.

A grande obra, no entanto, foi hu-mana, ou seja, resgatar a cidadania, aauto-estima, a vida social, a prática deesportes, o acesso ao trabalho parapessoas que se encontravam à margemda sociedade.

Como o senhor vê as iniciativas doterceiro setor na condução das políti-cas públicas e na melhoria da situaçãode vida de pessoas com deficiência?

O terceiro setor sempre foi o grandeprotagonista no atendimento à pessoacom deficiência no Brasil. Enquanto osetor público ainda se encontrava prati-camente omisso nesse processo, asinstituições do hoje chamado terceirosetor já estavam em campo, trabalhan-do dia-a-dia com as pessoas com defi-ciência. A experiência e o conheci-mento dessas instituições e pessoasconstituem, portanto, um dos grandesreferenciais que temos para a definiçãoe a execução das políticas públicas paraa pessoa com deficiência.

Sedese quer ampliar em Minas a qualificação profissional de pessoas com deficiência

Boletim Caade - Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa Deficiente PAGINA 5

Somente a soma de esforços é capaz de garantir que todos osdireitos da pessoa com deficiência se tornem

uma realidade palpável

“ “G

eraldo Ribeiro

Geraldo Ribeiro

Oscip é uma sigla que significa Organização da SociedadeCivil de Interesse Público e corresponde a um certificadoque pode ser conferido às associações da sociedade civil,sendo comparável a outros certificados, como o de utilidadepública ou de filantropia. As associações que lidam com pes-soas com deficiência podem e devem se inscrever para obteressa titulação, já que em sua maioria têm por finalidadeexercer ações contempladas pelo título de Oscip. Mas quaissão as vantagens de ser uma Oscip, e o que deve ser feitopara conseguir esse título? A grande vantagem na obtençãodo certificado, que pode ser federal ou estadual é que o Go-verno pode repassar para essas associações, de forma muitomais ágil, verbas destinadas a financiar sua atividade, geran-do assim, por intermédio de uma Sociedade Civil, uma açãogovernamental de Interesse Público. Não há dúvida de queessa forma de administração pública é excelente, já que seinvestem recursos diretamente em quem, ao menos teorica-mente, tem capacidade de efetuar um trabalho com eficiên-cia em razão do conhecimento em sua área de atuação. E o

repasse de verbas é possível atravésde um único documento denomina-do TERMO DE PARCERIA que só podeser assinado entre o Governo e umaOscip. O grande empecilho que temsido visto para a maior utilização destesistema é a falta de conhecimento, porparte das associações, desta novamodalidade de contratação com oGoverno. A preparação dos documentos pode ser facilitadacom a ajuda de um contador ou de um advogado. Todas asprovidências necessárias para solicitar o título de Oscip estãodisponíveis nos sites indicados abaixo. Pode parecer trabal-hoso, mas vale a pena! Visite os sites www.planejamen-to.mg.gov.br/choque/oscip/ princ_oscip.asp e www.mg.gov.br/snj/oscip ou envie um e-mail para o [email protected].

Nelson Garcia - Assessor Jurídico da CANelson Garcia - Assessor Jurídico da CAADE/MGADE/MG

Oscip,uma forma de incrementar as associações

Apesar de serem vistos na maioriadas vezes apenas como pessoasque precisam de ajuda, os porta-dores de deficiências podem aju-

dar muito na promoção do desenvolvi-mento local e nacional. É isso que de-fende Flávio Oliveira, superintendente daCaade (Coordenadoria de Apoio e Assis-tência à Pessoa Deficiente) e presidente doConselho Estadual dos Direitos das Pessoascom Deficiência, ambos órgãos do Go-verno de Minas Gerais. "O deficiente nãoé apenas um receptor de direitos, ele tam-bém tem muito a contribuir", afirma. Esseé o princípio de um acordo assinado entrea Caade e o PNUD para divulgação dosObjetivos de Desenvolvimento do Milê-nio das Nações Unidas.

A coordenadoria é um órgão que tra-balha com os direitos dos deficientes des-de 1982, quando foi criada por sugestãodo governador de Minas na época, Tancre-do Neves. Desde então, ela presta asses-soria para organizações não-governamen-tais e publica textos informativos e cientí-ficos sobre o assunto. Paralelamente, tra-balha para a inclusão de deficientes nomercado de trabalho, através do únicoposto do Sine (Sistema Nacional de Em-prego) especializado no tratamento de pes-soas com deficiência do país, localizado

em Belo Horizonte.A divulgação dos Objetivos do Milênio

pela Caade vai acontecer através de umacartilha, que será publicada em julho. "Essaé uma campanha extremamente impor-tante no âmbito da cidadania", afirma Oli-veira. "E, além de ser uma campanha ci-dadã, todos os oito objetivos dizem res-peito de alguma maneira às necessidadesdas pessoas deficientes", explica.

O objetivo principal da cartilha é di-vulgar informações básicas sobre aquestão dos deficientes no país - como leisque garantem seus direitos. A publicaçãotraz também uma série de perguntas erespostas mais comuns sobre o assunto euma lista de endereços úteis. Tambémhaverá menção e explicação sobre osObjetivos do Milênio. A tiragem será de15 mil exemplares, a serem distribuídosgratuitamente a hospitais, escolas e órgãos

públicos de Minas Gerais. A intençãotambém é de, posteriormente, entregara publicação em outros Estados.

Segundo o superintendente, há umaforte correlação entre deficiência e pobre-za, seja porque a pobreza dificulta o aces-so a cuidados que poderiam evitar o pro-blema ou mesmo porque as dificuldades queum deficiente enfrenta o levam à pobreza.

Assim, o primeiro Objetivo do Milênio,que visa reduzir a pobreza e a fome pelametade, entre 1990 e 2015, é extrema-mente importante para os deficientes."Atingir essa meta significa também diminuiro número de pessoas que vão sofrer defi-ciências no futuro e, ao mesmo tempo,promover a inclusão social dessa parte dapopulação", afirma Oliveira.Os demaisobjetivos também se relacionam. "Osegundo fala da universalização do aces-so ao ensino. Universalizar é dar ensinoa todos, inclusive aos deficientes", frisa.

O quinto objetivo, que pretendemelhorar a saúde materna, também éimportante. O superintendente da Caadeperdeu a visão ao nascer, devido a com-plicações no parto.

Matéria extraída do site doPrograma das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

Meus Direitos

Publicação relaciona direitos dos deficientesaos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

Boletim Caade - Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa DeficientePAGINA 6

Sedese

OGoverno de Mi-nas dá mais umaimportante con-tribuição para a

inclusão social de pessoascom deficiência em todo oEstado e até mesmo fora dele.O livro "Prevalência de Inca-pacidades", uma publicaçãoinédita no país, lançado nestemês pela Coordenadoria deApoio e Assistência à Pessoa Defi-ciente (Caade), órgão da Secre-taria de Estado de Desenvolvi-mento Social e Esportes (Sedese),vai servir de instrumento técnico-balizador das políticas públicas paraesse segmento da população, a par-tir de critérios bem definidos. Apublicação, com tiragem de 3 milexemplares, é resultado de umapesquisa feita em sete municípiosmineiros pela Fundação de Desen-volvimento e Pesquisa (Fun-dep/UFMG), através de convênio fir-mado entre a Caade e o Ministérioda Saúde.

A pesquisa, que começou em outu-bro de 2003, foi realizada nos municípiosde Araxá, Coromandel, Diamantina,Itabira, Montes Claros, Paracatu e Teó-filo Otoni, localizados em diferentesregiões do Estado. Foram levantadosdurante o trabalho quais as pessoas comdeficiência e como vive essa populaçãoem cada região do Estado, englobandoos critérios de faixa etária, renda, edu-cação, raça, sexo, situação conjugal e

mercado de trabalho. Foi observadatambém se a condição de pobreza estáligada à deficiência.

O estudo foi dividido em três etapas.Na primeira, um pesquisador do Institu-to Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) aplicou questionário, por meio doqual foram levantados os suspeitos deincapacidade. Posteriormente, uma equi-pe médica voltou às residências para va-

lidar as informações, com avaliação téc-nica. A última fase da pesquisa, foi a rea-lização de seminários nas cidades ondeocorreram os levantamentos. Nesseseventos, os municípios colocaram quaiseram as reais necessidades desse públi-co alvo em relação à acessibilidade,educação, acesso à saúde, transporte,emprego e geração de renda e emdiversos setores.

Além da apresentação dos da-dos da pesquisa e do levantamen-to das principais necessidades des-se segmento da população, os se-minários serviram também parafomentar a criação dos Conse-lhos Municipais de Defesa dosDireitos da Pessoa Portadora deDeficiência.

"Nosso objetivo é o depossibilitar, com a publica-ção dos dados da pesquisa,que outros municípios utili-zem a mesma metodologia

para se ter um retrato fiel sobrea sua realidade", enfatiza Flávio Cou-to e Silva de Oliveira, superintenden-te da Caade e coordenador da pub-licação.

O livro será enviado às universidadesfederais do país, às universidades emunicípios das regiões pesquisadas,além dos conselhos das pessoas porta-doras de deficiência de todo o país,Ministério da Saúde, Secretaria Estadualde Saúde, bibliotecas públicas e fede-rações e associações voltadas para acausa do deficiente.

Pesquisa orienta na implementação de políticas públicas para os deficientes

CONPED InformaNo dia 14 de julho de 2005 o presi-

dente da República publicou o Dec-reto convocando a 1º Conferência Na-cional das Pessoas Portadoras de Defi-ciência, que acontecerá em Brasília ,no período de 19 a 26 de março de2006.

**************O tema da Conferência será "Aces-

sibilidade: Você Também Tem Com-

promisso".**************

Minas Gerais poderá levar à Confer-encia Nacional 70 delegados, entrerepresentantes governamentais e nãogovernamentais, os quais serão esco-lhidos em plenária da Conferência Esta-dual

**************O Conselho Estadual dos Direi-

tos da Pessoa Portadora de Deficiência(CONPED) está trabalhando para orga-nizar a 1º conferência estadual, comdata prevista para novembro de 2005.

**************A Conferência Estadual será precedi-da de pré-conferências regionais, quedeverão se realizar até o final de setem-bro e contarão com o apoio das regio-nais da Sedese.

Boletim Caade - Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa Deficiente PAGINA 7

OInstituto Ester Assumpção, umaorganização não-governamen-tal com sede no município deBetim, na Grande BH, tem bus-

cado em Minas fomentar e articular a inte-gração dos serviços e entidades já exis-tentes como forma de desenvolver açõesque contribuam para a inclusão social depessoas com deficiência. "Não estamosreinventando a roda, temos buscado aintegração dos serviços já existentes, tra-balhando em rede com organizações,estimulando a participação intersetorial,que são o Governo, empresas e a socieda-de civil", conta Oswaldo Ferreira BarbosaJúnior, gerente de Pesquisa e Projetos doInstituto Ester Assumpção.

Criado em 1987 por um grupo depais de alunos com deficiêcia mental,como Sociedade Ester Assumpção deProteção ao Excepcional (Seape), a insti-tuição ficou praticamente inativa até oano 2000, quando faleceu a professoraEster Assumpção, com quase 90 anos.Segundo Oswaldo Júnior, em 2002, assobrinhas da educadora, Maria Eugêniae Vera Lúcia, resolveram retomar o tra-balho e mudaram o nome da entidadepara Instituto Ester Assumpção, reestru-turado sua missão, visão e planejamen-to estratégico, se adequando ao novoparadigma de inclusão social. Hoje, oInstituto conta com uma sala, em regimede comodato, no Centro EspecializadoNossa Senhora da Assumpção (Censa),em Betim. "Estamos resgatando umasemente que não chegou nem a nascer",afirma o gerente de Pesquisas e Projetosdo Instituto.

Ester Assumpção foi educadora naárea de deficiência mental, reconheci-da nacionalmente. Ex-aluna da psicólo-ga Helena Antipoff, no Instituto de Edu-cação de Minas Gerais, foi também uma

das fundadoras e diretoras do InstitutoPestalozzi, pioneiro no país no atendi-mento ao deficiente na década de 30.

Hoje, o instituto que leva seu nome,tem atuado em vários projetos como,por exemplo, o Mapa de Betim, quebusca traçar um perfil das pessoas comdeficiência no município, e identificarqual a atuação das empresas de Betimpara com esse público.

Com a parceria da Fundação JoãoPinheiro (FJP), Cooperação para o Desen-volvimento e Morada Humana, SorriBrasil e PUC-Betim, o Mapa de Betimdeve concluir ainda neste semestre umpré-relatório sobre o levantamento naregião. "Após a análise desse trabalho, nos-sa idéia é articular ações e provocar asestruturas já existentes, outras ONGs efundações de pesquisa. Iremos reuniresses atores em prol de objetivos paracumprir a missão em relação a pessoascom deficiência", explica Oswaldo Júnior,lembrando que no dia a dia as organiza-ções estão com tarefas rotineiras e muitasvezes não têm como fazer um curso decapacitação ou, por exemplo, acom-panhar as políticas públicas voltadas parao setor. "Estamos tentando preencheressa lacuna", ressalta.

Os resultados da pesquisa vão dire-cionar a atuação do Instituto para futuras

metas de trabalho. "Esperamos fazerum planejamento para os próximos trêsanos, visando a construção de umapolítica pública municipal para atendi-mento às pessoas com deficiência",enfatiza Oswaldo Júnior.

No ano passado, dentro do progra-ma Fortalecendo Ações, o Instituto EsterAssumpção selecionou seis entidadesentre as 17 que apresentaram proje-tos. Estarão sendo beneficiadas nesteano as Associações de Pais e Amigos deExcepcionais (Apaes) de Contagem eBetim, a Associação Imagem Comu-nitária, a PUC Minas Contagem, a Apro-miv e o Museu de Ciências Morfológi-cas da UFMG.

Com recursos próprios de R$ 125mil, os projetos vão beneficiar mais de300 portadores de deficiência, nas áreasde qualificação profissional, ações edu-cativas e de comunicação através damídia radiofônica, capacitação de equi-pe no atendimento de pessoas com defi-ciência e melhoria no ensino de ciênciase biologia.

O gerente de Pesquisa e Projetos doInstituto Ester Assumpção afirma que hojehá uma concorrência entre os projetossociais. "Não pode haver essa concorrên-cia. Tem que ter uma visão em comumpara a transformação social”, enfatiza.

Instituto Ester Assumpção:luta incansável

pela inclusão social

Terceiro Setor

Mapa de Betim vai

traçar um perfil das

pessoas com deficiência

no município

Boletim Caade - Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa DeficientePAGINA 8

Equipe do

Instituto Ester

Assumpção:

da esq. para a

dir. ,Sérgio

Silveira, Marcos

Clayton, Fabíola

do Patrocínio,

Natália Inês

Costa,

Vera Lúcia

Assumpção

e Oswaldo

Ferreira Júnior

Divulgação/Instituto Ester Assumpção