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Desafios socioeconômicos e ambientais para a promoção do desenvolvimento endógeno: O caso das comunidades tradicionais localizadas em torno da área de manejo da Precious Wood Amazon (PWA) Débora Ramos Santiago 1 Maria Daniele Teixeira 2 O desenvolvimento endógeno costuma apresentar uma abordagem mais profunda dos aspectos locacionais, considerando fundamentalmente as potencialidades locais, o conhecimento e a força de trabalho, como fomento para articular toda a atividade produtiva de uma comunidade tradicional. No caso das comunidades localizadas em torno da área de manejo da empresa Precious Wood Amazon (PWA), o seu desenvolvimento endógeno está condicionado à dinâmica dessa empresa, a qual opera de maneira certificada, buscando alternativas para mitigar os impactos causados e assim compensar os comunitários afetados pela sua atividade de manejo florestal. O objetivo deste estudo é compreender os desafios socioeconômicos e ambientais para a promoção do desenvolvimento endógeno destas comunidades tradicionais localizadas em torno da área de manejo da PWA, buscando identificar a relação da empresa na promoção desse desenvolvimento. Os dados utilizados neste artigo são resultantes do Levantamento socioeconômico e ambiental realizado nessas comunidades nos meses de agos/dez de 2012. Observou-se neste estudo, precárias condições de habitação, saneamento, educação, emprego e renda nessas comunidades analisadas. Além disso, estas apresentaram características ecossistêmicas diferenciadas, o que modifica toda a sua dinâmica produtiva, necessitando-se de políticas públicas diferenciadas, que considerem as especificidades socioambientais de cada uma delas. A agricultura familiar mostrou-se importante fonte de renda nessas áreas, mas necessita de investimento e auxílio técnico para o seu maior desenvolvimento. A presença da PWA revelou ser de grande importância na promoção do desenvolvimento endógeno dessas comunidades, de modo que, embora tenha se identificado impactos negativos causados por suas atividades, observou-se importantes ações sustentáveis da empresa, visando mitigar tais impactos e melhorar a qualidade de vida dos comunitários. Muitos são os desafios socioeconômicos e ambientais nessas comunidades, estudos dessa natureza são essenciais pois fornecem subsídios para a formulação de políticas públicas que venham promover o desenvolvimento endógeno dessas áreas isoladas do interior do Amazonas. Palavras-chave: Desenvolvimento endógeno, comunidades tradicionais, desafios socioeconômicos e ambientais. Introdução O desenvolvimento endógeno tem sido alvo de muitas discussões entre diversos autores, devido a sua abordagem mais profunda sobre os aspectos locacionais, uma vez que este é construído essencialmente sobre os recursos disponíveis, tais como as potencialidades ambientais locais, a força de trabalho, o conhecimentos e os modelos locais para articular produção e consumo, entre outros fatores (LONG E PLOEG, 1994). 1 Doutoranda em Economia na Universidade de Brasília. Economia agrícola. Bolsista FAPEAM. 2 Doutoranda em Economia na Universidade de Brasília. Economia agrícola. Bolsista CNPQ.

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Desafios socioeconômicos e ambientais para a promoção do desenvolvimento endógeno:

O caso das comunidades tradicionais localizadas em torno da área de manejo da

Precious Wood Amazon (PWA)

Débora Ramos Santiago1

Maria Daniele Teixeira2

O desenvolvimento endógeno costuma apresentar uma abordagem mais profunda dos aspectos

locacionais, considerando fundamentalmente as potencialidades locais, o conhecimento e a

força de trabalho, como fomento para articular toda a atividade produtiva de uma comunidade

tradicional. No caso das comunidades localizadas em torno da área de manejo da empresa

Precious Wood Amazon (PWA), o seu desenvolvimento endógeno está condicionado à

dinâmica dessa empresa, a qual opera de maneira certificada, buscando alternativas para mitigar

os impactos causados e assim compensar os comunitários afetados pela sua atividade de manejo

florestal. O objetivo deste estudo é compreender os desafios socioeconômicos e ambientais para

a promoção do desenvolvimento endógeno destas comunidades tradicionais localizadas em

torno da área de manejo da PWA, buscando identificar a relação da empresa na promoção desse

desenvolvimento. Os dados utilizados neste artigo são resultantes do Levantamento

socioeconômico e ambiental realizado nessas comunidades nos meses de agos/dez de 2012.

Observou-se neste estudo, precárias condições de habitação, saneamento, educação, emprego e

renda nessas comunidades analisadas. Além disso, estas apresentaram características

ecossistêmicas diferenciadas, o que modifica toda a sua dinâmica produtiva, necessitando-se de

políticas públicas diferenciadas, que considerem as especificidades socioambientais de cada

uma delas. A agricultura familiar mostrou-se importante fonte de renda nessas áreas, mas

necessita de investimento e auxílio técnico para o seu maior desenvolvimento. A presença da

PWA revelou ser de grande importância na promoção do desenvolvimento endógeno dessas

comunidades, de modo que, embora tenha se identificado impactos negativos causados por suas

atividades, observou-se importantes ações sustentáveis da empresa, visando mitigar tais

impactos e melhorar a qualidade de vida dos comunitários. Muitos são os desafios

socioeconômicos e ambientais nessas comunidades, estudos dessa natureza são essenciais pois

fornecem subsídios para a formulação de políticas públicas que venham promover o

desenvolvimento endógeno dessas áreas isoladas do interior do Amazonas.

Palavras-chave: Desenvolvimento endógeno, comunidades tradicionais, desafios

socioeconômicos e ambientais.

Introdução

O desenvolvimento endógeno tem sido alvo de muitas discussões entre diversos

autores, devido a sua abordagem mais profunda sobre os aspectos locacionais, uma vez que este

é construído essencialmente sobre os recursos disponíveis, tais como as potencialidades

ambientais locais, a força de trabalho, o conhecimentos e os modelos locais para articular

produção e consumo, entre outros fatores (LONG E PLOEG, 1994).

1 Doutoranda em Economia na Universidade de Brasília. Economia agrícola. Bolsista FAPEAM. 2 Doutoranda em Economia na Universidade de Brasília. Economia agrícola. Bolsista CNPQ.

Desde o final da década de 80 tem sido observado entre os países um movimento de

endogeneização, tanto das decisões relacionadas ao seu destino, quanto ao uso dos meios e

recursos utilizados no seu processo econômico.

Esse fenômeno ocorreu simultaneamente ao movimento de articulação das empresas

(alianças, fusões) e entre as nações (abertura comercial, aumento do volume e circulação

mundial do capital, etc), de modo que a organização territorial deixou de ter um papel passivo

para ter um papel ativo diante da organização industrial (FILHO, 2001)

Barquero (2001) enfatiza que esta década de 1980 marcou o surgimento do paradigma

do desenvolvimento endógeno, devido a necessidade de se encontrar uma noção de

desenvolvimento que levasse em conta os efeitos da atuação pública na evolução das

localidades e regiões atrasadas.

Essa forma endógena de desenvolvimento, não tem sentido autocentrado em uma região

ou local, mas seus fatores propulsores podem ser entendidos por meio da endogenização da

poupança, do excedente, do acúmulo do conhecimento, das inovações, chegando a repercutir

também no crescimento da produtividade dos fatores (FILHO, 1996). Tendo significativa

influencia em toda dinâmica econômica de uma nação.

O desenvolvimento endógeno pode dar uma nova dinâmica aos recursos locais que

poderiam ter se tornado supérfluos (Guzmán, et al, 2000), podendo ter um impacto positivo

sobre as perspectivas locais, mas para que isso ocorra, depende de uma série de fatores, tais

como os vínculos entre a localidade, o mercado e as políticas locais (PLOEG E

SACCOMANDI, 1995).

Desse modo, nos casos de comunidades tradicionais que se localizam em áreas vendidas

pelo Estado para grandes empresas exercerem suas atividades produtivas, todas a dinâmica

produtiva local modifica-se, ou seja, essas comunidades ficam geralmente sujeitas a uma série

de limitações devido a sua condição locacional, de modo que o desenvolvimento de suas

atividades produtivas ficam condicionadas às ações da empresa.

Esse fenômeno da venda de terras pelo governo à empresas privadas é definido

juridicamente como “Regime de Manejo Florestal Sustentável”, regulado pela Lei No 4.771 de

1965, a qual determina que a exploração de florestas tanto de domínio público quanto privado

dependerá da prévia aprovação do Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFD) pelo órgão

competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Esse Plano contém diretrizes

e procedimentos para a administração da floresta, visando a obtenção de benefícios econômicos,

sociais e ambientais. Sendo este regime o que predomina no Brasil. 3

No caso do Amazonas a Precious Woods Amazon (PWA), objeto desse estudo, esta teve

sua área de abrangência comprada do Estado, com o objetivo de desenvolver as suas atividades

de manejo florestal sustentável. A PWA apresenta-se como uma ferramenta importante para a

promoção do desenvolvimento local e realiza desde 1994, atividades de manejo florestal com

baixo impacto ambiental4, sendo ela a primeira a receber o selo Forest Stewardship Council

(FSC), na Amazônia, através de rigorosos padrões aplicados pelo Instituto de Manejo e

Certificação Florestal e Agrícola (IMAFLORA)5.

Obter essa certificação significa que o manejo da empresa é ambientalmente correto,

que ela possui uma relação justa entre os funcionários e com as comunidades que vivem ao

longo da sua área de influência e que ela é economicamente viável. Entretanto, mesmo com

todo esse compromisso social e garantia de um manejo economicamente correto e socialmente

viável, apresentados por essas empresas certificadas, a existência de conflitos entre a empresa

e os comunitários é um fenômeno comum em todo o país.

Arruda (2011) destaca que a existência desses empreendimentos no interior da

Amazônia afetam toda a estrutura produtiva das comunidades tradicionais. Por isso a existência

de uma série de conflitos entre esses agentes. As empresas devem buscar portanto alternativas

para mitigar esses impactos e compensar esses grupos populacionais afetados, tanto direta como

indiretamente, pelas suas atividades.

Estudos dessa natureza são de grande importância, pois fornecem subsídios para a

formulação de políticas socioeconômicas que venham identificar as reais demandas

socioeconômicas dessas populações, assim como a realidade dessa relação empresa e

comunitários, contribuindo assim para o desenvolvimento endógeno dessas áreas isoladas

3 A política de concessão de terras é relativamente recente, originando-se somente em 2006, ano em que o governo

passou a conceder as empresas e as comunidades o direito de manejar florestas públicas para extrair madeira,

produtos não madeireiros e também oferecer serviços de turismo. Mas em contrapartida, os concessionários deveriam pagar ao governo quantias que variam em função da proposta apresentada durante o processo de licitação.

4 As atividades de manejo florestal são realizadas em um sistema policíclico, Celos, cuja colheita florestal é de

baixo impacto, com base na regeneração natural da floresta, garantindo co lheitas futuras, feita em períodos em

Unidades de Produção Anual – UPA. A empresa só voltará a colher a madeira na UPA 35 anos após a exploração 5 O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) representa uma das instituições do FSC no

Brasil e realiza anualmente a auditoria de certificação e de monitoramento. Obter este certificado FSC, também

chamado de “Selo Verde”, é fundamental para qualquer empreendimento de Manejo Florestal que busca trabalhar

corretamente, considerando os critérios ecológicos, sociais e econômicos para o desenvolvimento de suas

atividades.

Amazônicas. O objetivo deste estudo é compreender os desafios socioeconômicos e ambientais

para a promoção do desenvolvimento endógeno destas comunidades tradicionais localizadas

em torno da área de manejo da PWA, buscando identificar a sua relação, como empresa

certificada, na promoção desse desenvolvimento

Métodos e técnicas

Os dados utilizados neste artigo são resultantes da Pesquisa sobre o Levantamento

socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA,

realizada nos meses de agosto a dezembro de 2012, através de uma parceria entre a

Universidade do Estado do Amazonas e a empresa.

Ao todo foram investigadas na pesquisa, nove comunidades tradicionais, localizadas no

município de Silves/AM, ao longo do rio Anebá e estrada AM 363, e no município de

Itacoatiara/AM, ao longo do Rio Carú e estrada AM 010 (Figura 1).

Figura 1 – Comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA.

Fonte: Departamento Socioambiental da PWA, 2012.

As informações levantadas foram obtidas por meio da aplicação de questionários

domiciliares e individuais cujos quesitos abordaram tanto as características socioeconômicas

das famílias, quanto às questões socioambientais que dizem respeito às atividades que elas

realizam em seus lotes, assim como os impactos causados por essas atividades, antes e depois

do início da prática do manejo da PWA.

Entretanto neste trabalho só foram analisadas sete das nove comunidades citadas na

Figura 1, pois não conseguiu-se obter na pesquisa uma amostra representativa das Comunidades

Santana do Anebá e São Sebastião, as quais apresentavam-se praticamente abandonas, devido

à forte estiagem que enfrentavam nesta época6. Desse modo, foram analisados neste estudo 223

domicílios, abrangendo 261 famílias e 946 comunitários residentes nessas áreas.

2. Considerações teóricas sobre a importância do desenvolvimento endógeno nas

comunidades tradicionais.

Conforme foi visto anteriormente, a teoria do desenvolvimento endógeno surgiu devido

a necessidade de se considerar o potencial local, no que diz respeito aos recursos econômicos,

humanos, culturais e institucionais, existentes nos territórios, dando uma nova dinâmica a

estrutura produtiva das localidades em geral.

Dentro desta perspectiva, Oliveira e Lima (2003) destacam que as teorias tradicionais,

valorizavam a soberania de uma força exógena na promoção do desenvolvimento, realizando

assim um paradigma “centro-abaixo”, em que as comunidades locais não tinham nada a ensinar,

mas deviam aprender com os civilizados, excluíam portanto os setores fundamentais da

sociedade local e valorizavam prioritariamente os aspectos externos.

Assim pode-se dizer que a teoria do desenvolvimento endógeno originou-se da

incapacidade das teorias tradicionais de desenvolvimento em promoverem uma teoria que

considerasse as amplas áreas rurais, onde se localizam inúmeras populações tradicionais

(BORBA et. al., 2007). Uma vez que as mesmas apresentam modelos próprios de

desenvolvimento que não devem ser desconsiderados.

A teoria de desenvolvimento endógeno vem dar portanto, uma maior atenção a dinâmica

local, baseando-se principalmente, mas não exclusivamente nos recursos locais disponíveis,

com ênfase nas potencialidades e habilidades humanas das sociedades locais (STHOR E

TAYLOR, 1981).

Esses conceitos evidenciam a importância do desenvolvimento endógeno nas

comunidades tradicionais, ao valorizar o potencial existente no próprio território, possibilitando

novas estratégias de desenvolvimento locais com o intuito de aumentar o bem-estar das

comunidades e gerar externalidades positivas para toda a região.

Para Braga (2002) este tipo de desenvolvimento ocorre de baixo para cima, deixando

todo o controle dos processos econômicos nas mãos dos agentes locais, de modo a obter a

integração do social e econômica, pois o sentimento de se pertencer a uma determinada

comunidade é maior do que as diferenças que as compõem.

6 Essa forte estiagem fez os comunitários residentes nessas comunidades citadas, deslocarem-se com suas famílias para as cidades

mais próximas, com o intuito de fugir da precária situação causada por esse fenômeno natural. Esse fato foi revelado pelos po ucos

Comunitários que ainda encontravam-se nessas comunidades. Esse fenômeno de estiagem, fez com que o rio Anebá secasse

bastante, tornando áreas totalmente isoladas, já que as mesmas só são acessíveis por meio desse rio.

Desse modo, todas as decisões tomadas teriam como interesse o local comum,

resultando em uma dinâmica entre crescimento econômico e distribuição de riqueza. Esse

fenômeno não significa dizer que o aspecto externo é ignorado, pelo contrário, este é apenas

centralizado, considerando os objetivos específicos das comunidades locais, suas

potencialidades e visando satisfazer as demandas comunitárias existentes (BORBA et. al.,

2002).

Para Barquero (2002) deve haver uma combinação dos fatores externos e internos para

a promoção do desenvolvimento endógeno, a acumulação de capital e as inovações tecnológicas

não devem ser excluídas nesse processo, além disso, o apoio político é fundamental, uma vez

que estes dispõem tradicionalmente de recursos financeiros decisivos na articulação da política

de desenvolvimento local.

Neste contexto, destaca-se que a presença de grandes empresas nacionais e

internacionais nas comunidades podem sim desempenhar importante papel no processo de

desenvolvimento endógeno das comunidades, sempre que suas estratégias possam convergir

com aquelas definidas no âmbito local (BARQUERO, 2002).

Esse fenômeno em que o externo se incorpora ao endógeno, ocorre quando há respeito

entre a identidade local e a auto definição do que é qualidade de vida para os comunitários

(GUZMAM, 2002).

Neste paradigma, em que se consideram as particularidades locais, os seus diferentes

ecossistemas naturais, a força de trabalho, a cultura, entre outros importantes aspectos, é

possível fazer do desenvolvimento endógeno uma importante ferramenta para a promoção de

novas alternativas produtivas que contribuam decisivamente para a sustentabilidade ambiental.

Além disso, esse modelo de desenvolvimento possibilita a redução dos desequilíbrios

regionais e das desigualdades de renda, aumentando assim a justiça social e por fim reduzindo

as limitações das comunidades tradicionais frente as demais localidades mais desenvolvidas.

3. Resultados e análises

3.1 Caracterização geral das comunidades

Conforme foi abordado anteriormente, as Comunidades analisadas neste estudo

localizam-se nos município de Silves e Itacoatiara no estado do Amazonas, em torno da área de

manejo da PWA e apresentam características ambientais diferenciadas.

Observou-se que as comunidade de N.S Aparecida, São João Batista, Sagrado coração

de Jesus e São Geraldo localizam-se em áreas com ecossistemas de terra firme7, ao longo das

estradas AM 363 e AM 010. Enquanto que as de N.S Livramento, S. J. Carú e Novo Paraíso

concentram-se em áreas de várzea8, ao longo dos Rios Anebá e Carú (Figura 2).

Tais diversidades interespaciais relacionadas aos seus ecossistemas naturais revelam a

heterogeneidade dessas comunidades, sendo que este fenômeno não pode e nem deve ser

ignorado, as políticas públicas propostas pelas autoridades competentes, devem considerar tais

diversidades vitais na promoção do desenvolvimento endógeno das comunidades.

Figura 2 – Localização das comunidades: Ex. de Ecossistemas de várzea e terra firme.

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

Outro aspecto verificado quanto a localização das comunidades é a proximidade

geográfica que elas têm com as áreas de manejo da PWA, sendo que a maior parte delas

localizam-se tanto parcialmente (38%), quanto totalmente dentro (27%) das áreas da empresa

ou são limitantes com as mesmas (23%), o que revela a forte relação entre elas, de modo que

apenas 11% dos entrevistados declarou que suas terras estão totalmente fora das áreas da PWA.

Nos parágrafos posteriores serão analisadas as características socioeconômicas e

ambientais dessas comunidades, possibilitando assim verificar as desigualdades espaciais entre

elas, as suas potencialidades e a relação da PWA na promoção do seu desenvolvimento

endógeno.

Condições de habitação

Observou-se nas comunidades em estudo, características semelhantes quanto a condição

de habitação. A maioria dos entrevistados declarou morar em casas (94%), construídas por

paredes de madeira rústica do tipo tábua (81%), piso de madeira (68%) e com cobertura de telha

7 Araújo et. al. (1986) descreve essas áreas de terra firme como sendo aquelas constituídas por um ecossistema de

maior expressividade, complexidade e diversidade de espécies, tendo densa floresta, cujas árvores são bastante

elevadas. 8 As áreas de várzea possuem vegetação localizada ao longo dos rios e das planícies inundáveis, apresentando

menor diversidade do que na terra firme, de modo que as espécies que ela abriga são adaptadas às suas condições

hidrológicas (KALLIOLA, et al., 1993).

do tipo amianto/Brasilit (74%), sendo que cerca de 40% dessas casas tinham apenas 1 cômodo

(Figura 3).

Figura 3- Condições de habitação. Exemplos de tipos de casas comuns nessas áreas.

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da

PWA, 2012.

Situação fundiária

A investigação sobre a situação fundiária dos domicílios revelou que a maior parte dos

comunitários são posseiros de suas terras (74%) e não tem nenhum documento que garanta a

sua propriedade, além disso, estes mostraram-se bastante preocupados com a regularização de

seus lotes. Apenas 14% deles responderam ter autorização de ocupação, ou seja, o cadastro do

INCRA (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Situação fundiária das comunidades

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da

PWA, 2012.

Saneamento

Quanto a saneamento básico constatou-se características precárias entre as comunidades

analisadas. No quesito situação sanitária, cerca de 76% dos entrevistados declararam possuir

privadas externas cobertas em seus domicílios (76%), demonstrando preocupação com a saúde

em seus lares. Mas ainda observou-se significativa presença de domicílios com privadas

inapropriadas (24%), ou seja, externas descobertas, localizadas em rios/igarapés, ou outro

sistema dessa natureza, o que coloca em risco a vida desses comunitários.

0%20%40%60%80%

14% 7%

74%

5%

No que diz respeito a à origem da água consumida, cerca de 65% dos comunitários

declararam utilizar água de poço/cacimba, enquanto que 31% respondeu utilizar para o

consumo a água de rios e igarapés, sendo que a maior parte deles (78%) disse tratar da água

utilizada utilizando o cloro como principal método de tratamento (72%).

No quesito lixo, quase todos os comunitários (90%) declarou queimá-lo, sendo que estes

também revelaram que após queimar o seu lixo, o enterram, descrevendo essa prática como

uma alternativa para a ausência do serviço de coleta de lixo por caminhões nessas áreas.

Acesso à energia elétrica

O acesso à energia elétrica mostrou-se predominante nos domicílios analisados, sendo

que cerca de 83% dos entrevistados declararam ter acesso a esse serviço em sua casa. Este

fenômeno está associado a universalização do programa “Luz para todos”9, que alcançou até as

áreas rurais mais isoladas do país. Entretanto, verificou-se ainda um percentual de 17% dos

comunitários que declarou não ter acesso a energia elétrica em seus domicílios

3.2 Perfil socioeconômico dos comunitários

Composição e estrutura da população

Em quase todas as comunidades analisadas observou-se a predominância de homens na

composição populacional por sexo, sendo o maior percentual encontrado em novo paraíso, onde

há cerca de 20% de homens a mais que mulheres e o menor percentual em N. S. Aparecida,

cujo diferencial é de apenas 8%. Apenas em Sagrado coração de Jesus e São Geraldo, verificou-

se um número de mulheres relativamente superior ao de homens.

Em relação a estrutura da população observou-se que 70% dos comunitários

entrevistados estão em idades potencialmente ativas (15 a 64) enquanto que a população

considerada inativa (0 a 14 e 65 ou mais) corresponde a pouco mais de 30% da população total

das comunidades analisadas (Gráfico 2). Este fenômeno revela o baixo grau de dependência

nessas áreas, uma vez que a sua população produtiva supera a dependente.

9 O programa Luz para Todos, instituído pelo Decreto nº 4.873, de 11 de novembro de 2003 e prorrogado pelo Decreto nº 6.442,

de 25 de abril de 2008, trouxe essa universalização do serviço público de energia elétrica no País, alcançado as áreas mais

isoladas e promovendo uma verdadeira revolução no meio rural brasileiro, contribuindo significativamente para redução da exclusão social, motivando famílias a permanecerem no campo e melhorando a qualidade de vida dessa população

tradicionalmente isolada e excluída (CARVALHO, et. al. 2009).

Gráfico 2 – Estrutura da população

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da

PWA, 2012.

Segundo Wong e Carvalho (2006) essa composição populacional em que predomina a

população em idade ativa representa um bônus demográfico para o país, uma vez que que esse

fenômeno certamente poderia aumentar a capacidade de poupança e investimento, o que seria

importante para atender as demandas futuras da população idosa.

Acesso ao registro civil

O acesso ao registro civil alcançou quase todos os comunitários entrevistados (96%),

sendo este um dado positivo, considerando a sua importância para assegurar seus direitos de

cidadãos. Uma vez que o registro civil é um documento que oficializa a existência do indivíduo,

uma identidade formal do cidadão, vital para a retirada de outros documentos e para garantir o

acesso a benefícios governamentais, sem ele não se pode por exemplo fazer matriculas em

escolas, receber as primeiras vacinas, etc. (CNJ, 2014).

Educação

As comunidades em estudo apresentaram significativas lacunas educacionais. Embora

mais da metade dos comunitários tenham declarado ter sido alfabetizados (67%), ainda

encontrou-se 35% de analfabetos. O Gráfico 3 revela que o maior percentual de analfabetos

encontra-se nas comunidade S.J. Carú (56%), Sagrado Coração de Jesus (46%), N. S. do

Livramento (45%) e N. S. Aparecida (42%).

A mesma tendência foi verificada para o quesito frequência a escolas, onde identificou-

se que apenas 35% dos comunitários costumam frequenta-las, sendo que a maioria (64%)

declarou cursar o ensino fundamental e somente 16% declarou cursar o ensino médio. Não foi

encontrado nenhum comunitário cursando o ensino superior.

16%

70%

15%

0-14 15-64 65 anos ou mais

Gráfico 3 – Comunitários alfabetizados.

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

Para os comunitários que já frequentaram escolas, observou-se também que a maior

parte deles parou de estudar no ensino fundamental (32%), tendo cursado apenas até a primeira

série, declarando portanto ter tido somente 2 anos de estudos (a alfabetização e a primeira série

do ensino fundamental.). Estes dados revelam que a média de anos de estudos10 entre os

comunitários é inferior à média nacional que é de 5,7 anos (IBGE, 2010).

Além disso, somente 23% dos entrevistados declarou ter estudado até o ensino médio,

sendo praticamente nulo o acesso ao curso superior (1%). Esses dados revelam as carências

educacionais presentes nessas comunidades, que necessitam de políticas públicas que visem

melhorar tais lacunas, dada a sua importância na promoção do desenvolvimento endógeno

dessas áreas.

Neste contexto Beatty (1965) aborda a educação comunitária como meio de alcance do

progresso social, sendo necessária para o desenvolvimento local, pois permite aos comunitários

que eles ocupem o seu lugar no mundo moderno, tendo como objetivo final o desenvolvimento

de uma comunidade organizada e democrática, que se tenha libertado de muitas restrições

educacionais e estejam intelectualmente preparadas para um contínuo crescimento.

Trabalho

No que diz respeito ao trabalho dos comunitários, observou-se que apenas 34% declarou

ter algum tipo de trabalho remunerado, sendo que a maior incidência desses casos encontra-se

10 Anos de estudo refere-se ao período estabelecido em função da série e do grau mais elevado alcançado pela

pessoa, considerando a última série concluída com aprovação (Censo Demográfico, PNAD, 1991,1992,1993 e

1995).

0%

20%

40%

60%

80%

100%

42% 45%

18%

46%

18% 17%

56%

35%

5% 8% 9%1% 7% 2% 8% 6%

61% 63%77%

65%79% 81%

59%67%

não não sabe sim

nas comunidades Sagrado Coração de Jesus e São Geraldo. No restante das comunidades

verificou-se a predominância de comunitários sem trabalho remunerado, sendo essa situação

ainda mais crítica em São João Batista e N. S Aparecida onde apenas 10% e 14% deles declarou

receber remuneração por seu trabalho (Gráfico 4).

Gráfico 4 – Trabalho remunerado entre os comunitários

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

Entre os comunitários que declararam possuir trabalho remunerado cerca de 66%

respondeu ter carteira assinada, entretanto ainda verificou-se um percentual de 33% de

trabalhadores sem acesso a carteira de trabalho, sendo este dado preocupante, pois revela o

trabalho precário nessas áreas.

Considerando o local de trabalho, foi verificado que apenas 13% dos comunitários

trabalham na empresa PWA, de modo que a maior parte deles costuma trabalhar em outros

locais como a empresa Georadar, Prefeitura, sítios próximos, frigoríficos, escolas, etc. Esse fato

revela a baixa relação da empresa como potencial geradora de empregos na comunidade,

contrariando o seu alvo de atuação como empresa certificada.

Outro fenômeno importante relacionado ao trabalho dos comunitários é a utilização dos

recursos obtidos em seus lotes para a sua subsistência. Sendo a agricultura familiar uma

importante fonte de renda para 49% dos entrevistados, os quais contam com o trabalho de toda

a unidade familiar nesta atividade produtiva. A farinha de mandioca destaca-se como o principal

produto desenvolvido em suas terras, cuja produção costuma ser comercializada nas cidades

próximas, gerando renda para a população local (Figura 4).

Nesta perspectiva Ellis (2000) e Abramovay (1992) enfatizam a importância da

agricultura familiar, a qual não é apenas uma simples alternativa de subsistência, mas está

altamente integrada ao mercado, sendo capaz de se incorporar aos avanços tecnológicos e de

86%71% 78%

25% 29%

90%66% 66%

14%29% 22%

75% 71%

10%

34% 34%

0%20%40%60%80%

100%

não sim

responder a políticas governamentais. Além disso, ela não é só um modo de vida desenvolvido

pelas comunidades, contudo torna-se em uma profissão, uma forma de trabalho, contribuindo

significativamente para a conservação ambiental e para promoção do desenvolvimento local.

Figura 4 - Agricultura familiar: Produção da farinha

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

Além da agricultura familiar, cerca de 31% dos comunitários declarou que sustentam-

se do trabalho em seus lotes com a criações de animais, hortas e da caça praticada. Apenas 11%

deles declarou não desenvolver nenhuma atividade produtiva em suas terras.

Renda

O estudo da variável renda costuma revelar as desigualdades socioeconômicas

existentes em uma sociedade. Neste estudo investigou-se os rendimentos dos domicílios por

meio de entrevistas direcionadas aos chefes de família, o que possibilitou a identificação de

significativos diferenciais nos seus rendimentos.

Quanto a composição da renda, o Gráfico 5 revela que a principal fonte da renda dos

comunitários é oriunda do trabalho não assalariado (36%), o que mostra a predominância do

trabalho informal nessas áreas. Apenas 18% deles recebiam rendas do trabalho assalariado, 17%

de aposentadoria e 15% do bolsa família. É válido destacar a presença de 14% de chefes de

famílias que declararam não ter rendimento algum, nesses casos estes sobreviviam apenas de

produtos adquiridos em seus lotes.

É válido destacar que o maior índice de trabalhadores assalariados, foi encontrado nas

comunidades N. S. do Livramento (32%) e em São Geraldo (19%), enquanto que em S. José do

Carú verificou-se um percentual de apenas 9%, além disso, a mesma apresentou o maior

percentual de comunitários sem rendimento (51%), revelando a sua precariedade

socioeconômica e a ausência de trabalho decente.

Gráfico 5 – Composição da renda dos comunitários

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

A presença de trabalhadores não assalariados mostrou-se maior em N. S Aparecida

(24%), São João Batista (19%) e Sagrado Coração de Jesus (17%). Já quanto ao acesso a

aposentadoria a comunidade N. S Aparecida foi a que apresentou os maiores percentuais (25%),

enquanto que em Novo Paraíso somente 5% declararam receber esse benefício.

O acesso à bolsa família mostrou-se mais elevado nas comunidades de N. S. Aparecida

(26%) e N. S. Livramento (26%), enquanto que em São Geraldo e São João Batista os

percentuais eram de apenas 4% e 7% respectivamente (Gráfico 6).

Gráfico 6 – Tipos de rendimento por comunidade

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

Na análise sobre os níveis de renda, observou-se que a maioria dos comunitários

costuma receber somente até 1 salário mínimo (Gráfico 7). Quanto aos que declararam receber

menos de 1 salário mínimo, estes são em grande parte os que vivem do auxílio da Bolsa família.

A mesma tendência é verificada para a aposentadoria, cujos valores recebidos são em

maior parte inferiores a 1 salário mínimo, de modo que apenas 8% dos comunitários recebem

acima de 1 salário mínimo e 9% recebem acima de 2.

É válido destacar que para aqueles que recebem rendimento de trabalhos assalariados

observou-se um percentual significativo de rendimento superior a 1 salário mínimo (44%),

revelando níveis de renda maiores àqueles oriundos de trabalho não assalariado.

18%

17%

15%

36%

14%

Assalariados

Aposentadoria

Bolsa Família

Não Assalariados

SemRendimento

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

12%32% 12%

12% 19%4% 9%

14%

25% 5%15% 14%

15% 12%

26%

26% 7%18% 4%

7%12%

24%14% 6% 17%

14% 19%

6%

11% 6% 2% 2%19% 9%

51%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

N. Senhorade

Aparecida

N. Senhorado

Livramento

NovoParaíso

SagradoCoração de

Jesus

São Geraldo São JoãoBatista

São José doCarú

Assalariados Aposentadoria Bolsa Família Não Assalariados Sem Rendimento

Gráfico 7 – Níveis de renda dos comunitários

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

Esses dados evidenciam o baixo nível de renda dessas comunidades e a necessidade de

políticas direcionadas ao mercado de trabalho, que possam reduzir o trabalho precário nessas

áreas.

3.3 Perfil Socioambiental dos comunitários

3.3.1 Atividades produtivas praticadas em suas terras

As atividades praticadas pelos comunitários em suas terras são fundamentais para a sua

subsistência, uma vez que possibilita-os a tirar o sustento da exploração das florestas, rios e

igarapés que os cercam, por meio da caça, coleta e da pesca. Essas populações tradicionais

apresentam significativo conhecimento, habilidade e respeito pelo meio ambiente e seus ciclos,

tendo adquirido tais conhecimentos pela tradição herdada dos mais velhos.

Neste sentido Cultimar (2008) enfatiza que o manejo dos recursos naturais está

diretamente ligado às regras, valores e conhecimentos que irão definir a forma como serão

utilizados esses recursos, sendo essa a essência do desenvolvimento endógeno.

Caça

A caça representa para as comunidades tradicionais importante meio de sustento para

suas populações. Somente na Amazônia brasileira as populações rurais consumiam o

equivalente a 9 e 23 milhões de aves mamíferos e répteis (PERES, 2000). Nas comunidades

analisadas, cerca de 47% dos comunitários entrevistados declararam praticar a caça como meio

de sustento de suas famílias (Gráfico 8).

A prática da caça revelou-se mais comum nas comunidades localizadas em áreas com

ecossistemas de terra firme, como é o caso de São Geraldo e São João Batista, compreendendo

75% e 67% da população entrevistada. Enquanto que nas comunidades localizadas em áreas de

0%

50%

100%

Assalariado Aposentado Bolsa Família NãoAssalariado

53%83%

100%78%

44%

9% 15%3% 8% 7%

Até 1 SM Acima de 1 a 2 SM Acima 2 SM

várzea como é o caso de S. J. Carú e Novo Paraíso, o percentual mostrou-se inferior, apenas

42% e 47% dos comunitários declararam caçar.

Gráfico 8 – Prática da caça

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

Segundo Jerozolimski e Peres (2003) as comunidades costumam utilizar fontes

proteicas animais mais comuns e de mais fácil acesso para sua subsistência. No caso daquelas

localizadas em terra firme, a caça é a melhor alternativa, uma vez que estas encontram-se

distantes dos leitos de água, enquanto que para as de Várzea, a caça é uma atividade secundária,

já que os comunitários utilizam o peixe como principal fonte de proteína.

Entre as espécies caçadas, 92% dos comunitários declararam caçar as típicas da região:

paca, cutia, porco espinho, veado, tatu, anta, etc. (Figura 9), com exceção dos macacos, os quais

quase todos os entrevistados declararam evitar caça-los.

Figura 9 – Animais típicos caçados nas comunidades: Porco espinho e Veado

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

No que se refere a frequência da prática da caça, 52% dos entrevistados declararam que

a realizam mensalmente e 31% semanalmente, ocorrendo em grande parte dentro (36%) e

próximo (34%) à área de manejo da PWA. Apenas 29% dos entrevistados responderam caçar

fora da área de PWA.

É válido destacar que para 49% dos comunitários entrevistados a presença da empresa

não alterou a prática da caça nas comunidades, em contrapartida, para 38% deles a caça piorou,

revelando o impacto negativo causado pela PWA, na caça para subsistência (Gráfico 10).

53%47% não

sim

Gráfico 10 – Relação da presença da PWA com a atividade da caça

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

Extrativismo

A prática do extrativismo em comunidades tradicionais na Amazônia está arraigada a

cultura e a tradição local, cujos produtos são utilizados não apenas como fonte de alimentação,

mas são geradores de renda das famílias comunitárias (SOUZA, 2006).

Neste sentido, observou-se que cerca de 38% dos comunitários praticam o extrativismo,

tanto para o consumo próprio quanto para o comércio, complementando assim a sua renda

familiar. Sendo essa prática maior em São Geraldo (82%) e Sagrado Coração de Jesus (59%),

ambas localizados em terra firme. As principais espécies extraídas são a castanha e o tucumã,

frutos comuns nessas áreas, mas a frequência de extração ocorre em maior parte anualmente

(42%) e mensalmente (36%), pois esses produtos florestais costumam ser encontrados apenas

em determinadas épocas do ano, o que limita o desenvolvimento dessa prática (Figura 6).

Figura 6 – Extração do tucumã para o comércio nas cidades próximas.

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

Para 75% dos comunitários, o extrativismo quase não foi afetado pelo manejo

empresa, entretanto ainda foi verificado um percentual de 19% que declararam que essa

atividade piorou com a presença da empresa, cujo desmatamento limitou tal prática.

Pesca

0% 10% 20% 30% 40% 50%

Melhorou

Nãoalterou

Piorou

13% 49%

38%

A pesca é considerada tradicionalmente como uma importante fonte de subsistência das

comunidades amazônicas, sendo também potencial geradora de renda para a população, pois a

região é detentora de uma das maiores diversidades ictiológicas do mundo (CASTRO, 2000).

Neste contexto, observou-se que a pesca é praticada por mais da metade dos

comunitários (59%), concentrando-se nas comunidades localizadas em áreas de várzea, como

é caso das comunidades Novo Paraíso e São José do Carú, onde cerca de 79% e 71% dos

comunitários praticam as pesca (Figura 7).

Figura 7 – Prática da pesca nas comunidades.

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

A maioria dos comunitários (48%) costumam praticar a pesca semanalmente, sendo que

utilizada não apenas para o consumo, mas também para a comercialização, neste último caso,

os comunitários costumam vender o seu pescado diretamente para os feirantes.

Quanto ao seguro defeso11, somente 32% dos comunitários declarou recebe-lo, enquanto

mais da metade (68%) não receberam nenhum auxílio para não pescar na época da reprodução

das espécies. A participação em associações de pescadores é quase inexistente nas comunidades

analisadas, somente 15% declararam participação. Em relação ao impacto das atividades da

PWA na prática da pesca, para 73% dos entrevistados, não houve alteração alguma.

Participação em associações comunitárias e acesso a financiamentos para a produção

A participação em associações comunitárias é bastante significativa nas comunidades

analisadas, pois mais da metade dos comunitários (64%) declarou participação, sendo que 51%

destes ter obtido melhorias na sua produção decorrentes dessa participação. Mas para 49% dos

entrevistados, a participação em associações não trouxe melhoria alguma na sua produção.

11 Seguro Defeso é uma política que visa proteger as espécies e ao mesmo tempo garante renda aos pescadores, de modo que estes ficam impedidos de pescar durante a reprodução das espécies, recebendo nesse período um seguro mensal, na quantia de

um salário mínimo (Ministério da pesca e da agricultura)

O acesso ao financiamento bancário para o desenvolvimento das atividades produtivas

revelou-se bastante reduzido, alcançando apenas 30% dos comunitários, sendo que apenas um

terço deles respondeu ter tido êxito com os recursos obtidos, para o restante a produção só foi

satisfatório inicialmente e/ou não alcançaram êxito algum, de modo que a maior parte deles

ainda está pagando o empréstimo.

3.4 Considerações sobre a relação das comunidades com a empresa PWA.

Opinião dos comunitários sobre a PWA como empresa certificada

Conforme foi enfatizado anteriormente, a PWA como empresa certificada possui um

compromisso social com as comunidades localizadas em torno da sua área de manejo,

executando para isso uma série de programas sociais de geração de renda, emprego e educação

ambiental (RESUMO PÚBLICO PWA, 2013).

Esse compromisso social da PWA é visto com bons olhos pela maioria dos

comunitários, pois 58% deles a consideram a uma boa empresa, somente 18% declararam que

ela é regular e 24% disseram não ter opinião nenhuma sobre a empresa (Gráfico 11).

Gráfico 11 – Opinião dos Comunitários sobre a PWA

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

Entretanto quando se perguntou aos comunitários se eles foram beneficiados por alguma

ação desenvolvida pela empresa, apenas 37% respondeu que sim, enumerando em seguida uma

série de atividades positivas realizadas pela PWA e que melhoraram a qualidade de vida da sua

comunidade. O quadro 1 evidencia essas principais ações citadas e os seus benefícios.

Quadro 1 – Principais ações realizadas pela empresa nas comunidades e seus benefícios.

Principais ações desenvolvidas pela PWA Benefícios para a comunidade

Abertura do Ramal de acesso a BR 363 (Figura 6) em N. S. Livramento.

Acabou com o isolamento da Comunidade,

Abertura de ruas nas comunidades e construção de campos de futebol

Modernizou e urbanizou as comunidades

Fornecimento de Empregos na PWA Trouxe novas alternativas de renda para a população

58%24%

18%

Boa Nãotem Regular

Fornecimento de madeiras para a construção de casas nas comunidades

Deu acesso a moradias àqueles que não tinham onde morar

Ofereceu cursos profissionalizantes aos comunitários Auxiliou na qualificação profissional dos comunitários

Forneceu equipamentos para a construção da casa da farinha

Fomentou a agricultura familiar

Construção de Centros Comunitários Permitiu a integração entre eles e o planejamento para o seu desenvolvimento

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

É válido destacar a importância da construção desse Ramal de acesso a BR 363, ação

desenvolvida pela PWA e mais citada entre os comunitários de N.S Livramento, uma vez que

esse Ramal trouxe um forte impacto para o desenvolvimento endógeno desta comunidade,

possibilitando não apenas a sua integração com as cidades próximas, mas o desenvolvimento

das suas atividades produtivas, aproximando-as de outros mercados e auxiliando no escoamento

da sua produção (Figura 8).

Antes da construção do Ramal, o desenvolvimento de N. S. Livramento era limitado aos

fenômenos naturais existentes na região, já que no período de estiagem as embarcações para

essa comunidade são inviáveis, devido a forte seca do rio Anebá e sendo este o único meio de

acesso a essa comunidade, toda a sua produção era prejudicada.

Figura 8 - Ações realizadas pela PWA: Ramal de acesso a BR 363. N. S Livramento.

Fonte: Levantamento socioeconômico e ambiental das comunidades localizadas em torno da área de manejo da PWA, 2012.

Para os comunitários que declararam não ter sido beneficiados pelas ações da PWA,

estes criticaram diretamente a postura da empresa em relação a população local. Entre as

principais críticas destacam-se:

Prometeram empregar os comunitários, mas a maioria dos funcionários da PWA

não são das comunidades.

Velocidade dos caminhões da PWA que transportam a madeira extraída coloca

em riso a vida da população que vive ao longo das estradas.

A abertura de ramais para a extração da madeira afugenta a fauna,

prejudicando a caça e atividades produtivas em suas terras

A empresa faz muitas promessas, mas não as cumpre. Necessidade de uma

maior comunicação empresa/comunidade,

Considerações finais

As informações levantadas neste estudo revelaram que as comunidades tradicionais

localizadas em torno da área de manejo da PWA apresentam características socioeconômicas

semelhantes em seu interior, sendo estas bastantes precárias, como pôde-se observar na análise

de seus indicadores relacionados as condições de habitação, situação fundiária, saneamento,

educação, emprego, renda, etc.

Esse fenômeno dificulta o desenvolvimento endógeno dessas comunidades, sendo um

grande desafio para a sua promoção, havendo a necessidade de acesso a condições sociais

dignas e qualidade de vida, que estimulem a criatividade humana e as aspirações coletivas, além

da ampliação da justiça social e melhores condições educacionais (FURTADO, 2004).

Quanto as características socioambientais das comunidades, estas apresentaram

disparidades quanto as suas potencialidades, por possuírem diferentes ecossistemas, o que

modifica toda a dinâmica produtiva dessas áreas, ou seja, nas comunidades localizadas em áreas

de Várzea, por exemplo, identificou-se um forte potencial em atividades pesqueiras, enquanto

que nas de terra firme a caça é bem mais praticada como fonte de subsistência.

O extrativismo mostrou-se uma atividade muito limitada, pois depende do período em

que as árvores dão os seus frutos, entretanto, apesar de tais dificuldades, ele é praticado não

apenas para o consumo, mas também para o comercio nas cidades próximas. Tal prática é mais

desenvolvida nas áreas de terra firme, pela sua variedade de espécies, superior às de várzea.

A agricultura familiar é também uma grande fonte de renda para os comunitários,

destacando-se a farinha de mandioca como potencial produto, o qual é comercializado nas

cidades próximas. Mas poucos comunitários declararam ter tido acesso a financiamentos para

desenvolverem a sua produção, além disso, a falta de conhecimento técnico impediu que estes

obtivessem um êxito maior nos seus negócios.

Quanto a relação da PWA com as comunidades tradicionais que as cercam, observou-

se que ela é considerada positiva, sendo vista como uma boa empresa pela maioria dos

comunitários. Porém quando se perguntou se estes receberam algum benefício em sua

comunidade oriundos das ações da empresa, as repostas foram diferentes, de modo que mais da

metade dos entrevistados declarou nunca ter sido beneficiado pela empresa.

Entretanto foram listadas na pesquisa uma série de ações que a empresa realizou nessas

áreas e que auxiliaram diretamente no seu desenvolvimento endógeno, segundo o depoimento

dos entrevistados. As principais ações citadas foram: a abertura de ramais de acesso, o auxílio

na produção, a oferta de cursos profissionalizantes, o fornecimento de madeiras para a

construção de casas, etc.

Muitos comunitários também fizeram queixas relacionadas a empresa, destacando-se

entre elas a pouca oferta de empregos pela PWA, já que a empresa emprega apenas 13% dos

comunitários. Desse modo a maioria dos comunitários vive predominantemente do trabalho

informal, utilizando os recursos da natureza como meio de sustento.

Vários são os desafios socioeconômicos e ambientais existentes nessas comunidades,

este trabalho pôde evidencia-los e revelou ser incontestável a presença da empresa para o

desenvolvimento endógeno dessas áreas, pois a mesma atua diretamente na melhoria da

qualidade de vida das comunidades localizadas em seu entorno. Entretanto a sua atuação não

substitui e nem deve ser confundida com a do Estado.

Barquero (2000) enfatiza essa importância da articulação dos aos atores locais,

instituições e do governo para a promoção do desenvolvimento endógeno nas comunidades

tradicionais, uma vez que enquanto os atores locais são peças principais na definição, execução

e controle do desenvolvimento, são as instituições e o governo que poderão financiar esse

desenvolvimento, criando vantagens locacionais, competitividade, infra-estrutura básica e

serviços de financiamento, que tanto podem auxiliar no desenvolvimento endógeno dessas

áreas.

Esse estudo possibilitou uma breve discussão sobre os desafios socioeconômicos e

ambientais na promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades tradicionais

localizadas em torno da área de manejo da PWA, servindo como subsídio não apenas para novas

pesquisas sobre a temática, mas para a formulação de políticas públicas que possam mitigar tais

lacunas socioeconômicas existentes, fomentando as atividades produtivas de acordo com as

necessidades e potencialidades de cada comunidade, gerando emprego e renda para a

população, promovendo assim o desenvolvimento endógeno.

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