informalidade no brasil: aspectos socioeconÔmicos …

24
REVISTA INTERFACE V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506 INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DOS TRABALHADORES INFORMAIS SOB A ÓTICA REGIONAL INFORMALITY IN BRAZIL: SOCIOECONOMIC ASPECTS OF INFORMAL WORKERS UNDER REGIONAL OPTICA AUTORES: Danyelle Mestre Souza Possui graduação em Administração pela Universidade Estadual da Paraíba (2010). Especialista em Finanças Empresariais pela Faculdade Vale do Ipojuca (2013). Mestranda em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Cassiano José Bezerra Marques Trovão Professor Doutor do Departamento de Economia e do Programa de Pós-graduação em Economia (Mestrado) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Mattheus Rodrigues Silva Mestrando em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). José Wilker Farias Melo Possui graduação em Administração, Pós-graduação MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e Finanças pela Faculdade Santa Cruz e atualmente cursa o Programa de Pós-Graduação em Economia (Mestrado) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com previsão de término em Março de 2019. Foi Gestor de Indústria, Qualificação e Empreendedorismo na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município de Santa Cruz do Capibaribe-PE (4 anos) onde desenvolveu projetos em parcerias com entidades empresariais locais como: SEBRAE, SENAR, SENAI-PE, dentro outras. Também exerceu as funções de Agente de Desenvolvimento Local do programa Cidade do Futuro do Governo do Estado de Pernambuco em Santa Cruz do Capibaribe e gerente administrativo do Centro de Feiras Calçadão Miguel Arraes de Alencar em Santa Cruz do Capibaribe-PE. Possui ainda experiência como docente de ensino superior na Faculdade Santa Cruz (3 anos), no Senai Pernambuco (1 ano) e como tutor de ensino à distância na Universidade do Norte do Paraná (3 anos), todas as experiências em Santa Cruz do Capibaribe-PE. Foi consultor de empresas do SENAI Pernambuco (1 ano). Tem interesse de pesquisas relacionadas a temas como finanças, recursos humanos, gestão da produção, economia regional, economia, desenvolvimento econômico, ergonomia da produção, e análise estatística de políticas publicas.

Upload: others

Post on 12-Apr-2022

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DOS TRABALHADORES INFORMAIS SOB A ÓTICA REGIONAL

INFORMALITY IN BRAZIL: SOCIOECONOMIC ASPECTS OF INFORMAL WORKERS UNDER REGIONAL OPTICA

AUTORES:

Danyelle Mestre Souza

Possui graduação em Administração pela Universidade Estadual da Paraíba (2010). Especialista em Finanças Empresariais pela Faculdade Vale do Ipojuca (2013). Mestranda em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Cassiano José Bezerra Marques Trovão

Professor Doutor do Departamento de Economia e do Programa de Pós-graduação em Economia (Mestrado) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Mattheus Rodrigues Silva

Mestrando em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

José Wilker Farias Melo

Possui graduação em Administração, Pós-graduação MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e Finanças pela Faculdade Santa Cruz e atualmente cursa o Programa de Pós-Graduação em Economia (Mestrado) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com previsão de término em Março de 2019. Foi Gestor de Indústria, Qualificação e Empreendedorismo na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município de Santa Cruz do Capibaribe-PE (4 anos) onde desenvolveu projetos em parcerias com entidades empresariais locais como: SEBRAE, SENAR, SENAI-PE, dentro outras. Também exerceu as funções de Agente de Desenvolvimento Local do programa Cidade do Futuro do Governo do Estado de Pernambuco em Santa Cruz do Capibaribe e gerente administrativo do Centro de Feiras Calçadão Miguel Arraes de Alencar em Santa Cruz do Capibaribe-PE. Possui ainda experiência como docente de ensino superior na Faculdade Santa Cruz (3 anos), no Senai Pernambuco (1 ano) e como tutor de ensino à distância na Universidade do Norte do Paraná (3 anos), todas as experiências em Santa Cruz do Capibaribe-PE. Foi consultor de empresas do SENAI Pernambuco (1 ano). Tem interesse de pesquisas relacionadas a temas como finanças, recursos humanos, gestão da produção, economia regional, economia, desenvolvimento econômico, ergonomia da produção, e análise estatística de políticas publicas.

Page 2: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DOS TRABALHADORES INFORMAIS SOB A ÓTICA REGIONAL

INFORMALITY IN BRAZIL: SOCIOECONOMIC ASPECTS OF INFORMAL WORKERS UNDER REGIONAL OPTICA

RESUMO A informalidade é uma das problemáticas enfrentadas pela economia do trabalho, que tem uma discussão bastante diversificada a respeito do seu conceito, de suas características e impactos na economia. No caso do Brasil, torna-se ainda mais debatido por conta das diferenças existentes no mercado de trabalho entre suas macrorregiões. O presente artigo procura identificar o comportamento socioeconômico dos trabalhadores classificados como informais no período de 2004 a 2015, por meio dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). O conceito de taxa de informalidade utilizado é definido pela razão entre o total de trabalhadores ocupados sem carteira de trabalho assinada e/ou que não contribuíam para institutos de previdência social e a população total ocupada. Os resultados apontam que há uma diminuição na taxa de informalidade para todos os critérios adotados, tanto em nível nacional como regional. No entanto, destaca-se que as regiões do Norte e Nordeste apresentaram uma incidência maior da informalidade para a maioria dos critérios utilizados. A pesquisa também revelou que determinadas características socioeconômicas apresentam um maior percentual de informalidade, como também, que há uma disparidade entre as regiões do país, indicando, certa heterogeneidade no mercado de trabalho brasileiro. Palavras-chaves: Informalidade. Mercado de Trabalho. Ocupação não registrada.

ABSTRACT Informality is one of the problems faced by the labor economy, which has a very diversified discussion about its concept, its characteristics and impacts on the economy. In the case of Brazil, it is even more debated due to differences in the labor market among its macro-regions. This paper aims to identify the socioeconomic behavior of workers classified as informal in the period from 2004 to 2015, using data from the National Household Sample Survey (PNAD). The concept of the informal rate used is defined by the ratio of the total number of workers employed without a formal contract and / or who did not contribute to social security institutes and the total employed population. The results indicate that there is a decrease in the rate of informality for all criteria adopted, both at the national and regional levels. However, it should be noted that the regions of the North and Northeast presented a higher incidence of informality for most of the criteria used. The research also revealed that certain socioeconomic characteristics present a greater percentage of informality, but also that there is a disparity between the regions of the country, indicating certain heterogeneity in the Brazilian labor market. Keywords: Informality. Job market. Occupation not registered.

Page 3: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

144

1 INTRODUÇÃO

incessante busca pelo crescimento econômico, característica de economias

capitalistas, reflete-se em profundas transformações no mercado de

trabalho. Dentre suas principais consequências, está uma das grandes

problemáticas enfrentadas pelo mercado de trabalho, a informalidade. Esse é um

conceito que recorrentemente aparece como o foco de boa parte da literatura

econômica, das discussões nas esferas de governo e da sociedade como um todo.

A discussão sobre a melhor definição de informalidade é bastante

diversificada. Segundo Noronha (2003), a informalidade está associada a fenômenos

demasiadamente diversos para serem agregados em um mesmo termo. Conforme o

autor, o significado de informalidade depende do que é considerado formalidade para

cada país, região, setor ou categoria profissional.

No entanto, de acordo com Peres (2015), a informalidade pode ser entendida

como uma resposta popular, espontânea e criativa de sociedades com distribuição

salarial ineficiente, ou ainda como o resultado da relação desigual entre a oferta e

demanda de força de trabalho, ou mesmo sinônimo de precariedade e vulnerabilidade.

No Brasil, a informalidade é recorrentemente analisada do ponto de vista da

legalidade. É tido como informal “tudo aquilo que não se rege ou não se enquadra

devidamente em marcos regulatórios apropriados” (SILVA, 2018). Por esse conceito,

seriam os trabalhadores sem carteira assinada, que, no ano de 2015, foram

estimados em 35,7 milhões de pessoas, o que corresponde a 37,5% do total da

população ocupada naquele ano, segundo os dados divulgados pela Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE).

Assim, considerando esse volume de trabalhadores, fica claro que uma

parcela significativa da população brasileira encontra-se na informalidade, o que

acarreta sérios problemas, não apenas para os trabalhadores, mas também, para a

economia do país como um todo, devido aos efeitos negativos do ponto de vista

social e econômico que esse fenômeno provoca.

Os trabalhadores têm como prejuízos a perda dos principais benefícios

contemplados pela legislação trabalhista, como férias, repouso remunerado, 13º

A

Page 4: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

145

salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS), dentre outros. Em paralelo,

o Estado é prejudicado pela evasão fiscal e, dessa forma, tem sua capacidade de

atuação em benefício da sociedade restringida pela redução da arrecadação de

impostos. Por sua vez, o mercado sofre com a concorrência desleal, dado que as

empresas informais tem menores custos, oriundos da evasão fiscal, e, em vista disso,

podem reduzir seus preços, afetando a isonomia no mercado (ARAÚJO, 2018). Além

disso, há empresas que ainda conseguem ganhos financeiros por meio do não

cumprimento da legislação trabalhista.

Outro agravante para os trabalhadores encontra-se na previdência social,

tanto no que concerne às suas fontes de financiamento, quanto à segurança salarial

do trabalhador, que ao final de sua vida laboral e/ou em situações como doenças,

acidentes de trabalho, maternidade, etc. não terão garantidas as condições mínimas

de reprodução da vida material.

O não pagamento dos tributos devidos à previdência social acarretam

desequilibrios fiscais, que prejudicam tanto a curto como a longo prazos, a sociedade

ao diminuirem a segurança do trabalhador quanto a seu sustento futuro ou para fazer

frente a eventos inesperados. Considera-se, ainda, que, dependendo de sua realidade

salarial, o trabalhador não tem como arcar com sistemas previdenciários privados.

A situação torna-se ainda mais preocupante por conta das grandes

disparidades existentes entre as macroregiões brasileiras. Face aos aspectos

socieconômicos, demográficos, condições e funcionamento do mercado de trabalho,

verifica-se também uma divergência em termos de nível e extensão da informalidade

entre as regiões. Segundo a PNAD (2015), em 2015, o Nordeste apresentava a maior

taxa de informalidade entre todas as regiões, 56,1%, enquanto a região Sul

apresentava 25,5% de trabalhadores informais.

Com base no exposto, podem-se levantar os seguintes questionamentos:

qual o comportamento da informalidade, que afeta tantos trabalhadores no Brasil?

Como se dá e evolui esse fenômeno do ponto de vista territorial/regional? Como ficam

os aspectos socioeconômicos dos trabalhadores por ele afetados?

O objetivo deste artigo é identificar o comportamento socioeconômico

regional dos trabalhadores classificados como informais no período de 2004 a 2015,

por meio dos dados disponibilizados pela PNAD anual. Serão analisadas as seguintes

Page 5: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

146

varáveis: gênero, idade, escolaridade, cor/raça, horas trabalhadas, rendimentos e

grupamentos da atividade.

A pesquisa em questão torna-se relevante por subsidiar ainda mais a

discussão sobre o fenômeno da informalidade, como também, por realizar um

mapeamento de sua amplitude, o que se mostra fundamental para um melhor

dimensionamento e formulação de políticas públicas orientadas para as

particularidades do mercado de trabalho nas regiões brasileiras. Os dados apontam

que a informalidade no Brasil, não se é um fenômeno temporário, mas sim, uma

realidade estrutural e historicamente construída.

O artigo divide-se em cinco seções, incluindo esta introdução. A segunda

seção faz uma breve apresentação conceitual do fenômeno da informalidade. Na

terceira seção encontram-se os procedimentos metodológicos utilizados. A quarta

seção apresenta as características socioeconômicas da informalidade, tanto em nível

nacional quanto regional. E, por fim, a última seção reúne algumas considerações

finais sobre o escopo do trabalho.

2 INFORMALIDADE: CONCEITOS E ABORDAGENS TEÓRICAS

O debate em torno do melhor conceito e caracterização mais precisa da

informalidade é bastante diversificado. Não há um consenso na literatura sobre a

definição de informalidade. Segundo Noronha (2003, p. 112) isso acontece porque a

informalidade “refere-se a fenômenos demasiadamente diversos para serem

agregados por um mesmo conceito”. Fenômenos esses como “evasão e sonegação

fiscais; terceirização; microempresas, comércio de rua ou ambulante; contratação

ilegal de trabalhadores assalariados nativos ou migrantes; trabalho temporário;

trabalho em domicílio, etc.” (CACCIAMALI, 2000, p. 153).

Além disso, não há um consenso sobre os efeitos da informalidade na

sociedade. Como expõe Barbosa (2011, p. 105), “alguns condenam a informalidade,

enquanto outros defendem estes segmentos que comportam – ao menos é o que se

crê – um grande contingente de ‘excluídos’ sociais”.

No entanto, como expõe Tokman (1987), existe, ao menos, uma clareza sobre

como observar a informalidade e suas discrepâncias. De modo geral, a informalidade

é aceita como atividades, trabalhos e rendas que desconsideram regras expressas em

Page 6: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

147

lei ou mesmo em procedimentos usuais (TOKMAN, 1987; CACCIAMALI, 2000).

Como todas as abordagens e discussões têm sua devida importância, é

necessário apresentar alguns dos principais conceitos que aparecem nesses

trabalhos, para um melhor dimensionamento do conhecimento em torno do que é a

informalidade. Dessa forma, serão ressaltadas as contribuições e o enfoque dos

autores que analisam a informalidade do ponto de vista econômico.

De acordo com Rosaldo, Tilly e Evans (2012), na década de 50 e 60, os

empregos não registrados no mundo eram denominados como “setor tradicional” e

que logo foram substituidos pela tipologia “setor informal”, utilizada pela primeira vez

pelo antropólogo britânico Keith Hart (1973). Porém, Nogueira (2016) chama atenção

para o fato que o estudo de Hart, apesar de ter sido realizado em 1971, foi publicado

apenas em 1973, o que faz com que o termo informal seja atribuido muitas vezes ao

trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o Quênia -

Employment, Incomes and Equality in Kenya - publicado em 1972.

Diante disso, é a partir da OIT e do seu Programa Regional do Emprego para

América Latina e o Caribe (PREALC) que a informalidade passa a ser estudada com

maior enfâse e de forma mais precisa conceitualmente. O PREALC caracterizava

como informal as pequenas firmas de propriedade familiar que utilizam recursos

locais e tecnologias trabalho-intensivas, possuiam baixa produtividade e atuavam em

mercados concorrenciais e não regulamentados, ou seja, uma definição baseada na

ótica da produção. Além disso, como diferencial, o PREALC defendia que a

informalidade também apareceria como uma estratégia de sobrevivência da

população que não conseguia ser incluída no mercado de trabalho por conta do

excedente de mão de obra (RAMOS, C., 2007).

No entanto, segundo a OIT, o termo economia informal passou, desde 2002, a

ser mais adequado para refletir as características gerais da informalidade, uma vez

que a palavra “setor”, utilizada anteriormente, poderia trazer uma perda do significado

amplo e heterogêneo da informalidade ao restringir a definição a um grupo de

mercado especifico. Assim, a OIT (2018, p. 80) considera economia informal como

“todas as atividades econômicas não abrangidas pelas normas e leis que oficialmente

regem a economia, envolvendo grande diversidade de segmentos de trabalhadores e

empresas, nos espaços rural e urbano”.

Page 7: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

148

De maneira geral, a OIT atualmente analisa a informalidade no âmbito da

legalidade. Dessa forma, são considerados como parte da economia informal os

empregadores e trabalhadores por conta própria em empresas informais,

trabalhadores familiares ajudantes em empresas formais e informais, membros de

cooperativas de produção informais, todos classificados no grupo auto-emprego

informal. O segundo grupo, emprego assalariado informal, contempla os empregados

contratados sem proteção social, seja por empresa formal ou informal (OIT, 2018).

É importante considerar que, sob a perspectiva de Silva (2002), em um

primeiro momento, o debate sobre a informalidade concentrou-se na organização do

trabalho nas cidades. Defendia que formas não mercantis de trabalho e consumo

eram consequências do subdesenvolvimento, dependência ou do capitalismo

periférico de países com economias nas quais o assalariamento era restrito ou

precário. Menezes e Dedecca (2012) complementam que o setor informal era visto

como aquele que contemplava atividades e ocupações precárias, formas alternativas

de sobrevivência da sociedade, consequência do fraco desempenho da economia e

desequilibrios no mercado de trabalho. Sob essa ótica, um fenômeno negativo.

Porém, com o processo de globalização, as relações do mercado de trabalho

foram modificadas, transformando também a visão sobre a informalidade, que passa

a ter um caráter universal, pois compreende-se que existe tanto em países em

desenvolvimento quanto nos desenvolvidos (TOKMAN, 2011). Assim, a restruturação

produtiva decorrente da globalização, o enxugamento do Estado, a retração

econômica e o crescimento do desemprego modificam a interpretação sobre o

conceito de informalidade e seus efeitos (PERES, 2015).

Concernente a isso, Cacciamali (2000, p. 163) irá tratar do chamado Processo

de Informalidade, definindo como “processo de mudanças estruturais em andamento

na sociedade e na economia que incide na redefinição das relações de produção, das

formas de inserção dos trabalhadores na produção, dos processos de trabalho e de

instituições”. A autora ainda expõe dois fenômenos principais decorrentes do

Processo de Informalidade: a reorganização do trabalho assalariado e o auto-

emprego.

O primeiro refere-se à reformatação das relações de trabalho, expressas em

formas de contratação, não registradas nos órgãos da seguridade social ou mesmo

Page 8: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

149

as legais ou consensuais que tem como caracteristica comum a vulnerabilidade, ou

seja, formas que reunem elementos como: insegurança da relação de trabalho,

ausência de regulamentação laboral ou proteção social, flexibilidade de horários e

múltiplas funções. Quanto ao auto-emprego, de acordo com a autora, trata-se de

formas de trabalho por conta própria ou em microempresas que se manifestam para

garantir a sobrevivência, ou mesmo que sejam uma escolha voluntária (CACCIAMALI,

2000).

Nesse contexto, é importante ressaltar que há um alto grau de

heterogeneidade dos atributos tanto das atividades, quanto dos trabalhadores

classificados como informais. Não necessariamente os trabalhadores tidos como

informais apresentam características específicas de baixa qualidade produtiva ou

mesmo menores rendimentos (CACCIAMALI, 1994). Esses trabalhadores podem se

inserir na economia informal como forma de garantirem a sobrevivência ou mesmo

por escolha voluntária, assumindo um conjunto de multiplicidades que demonstram

as várias características da informalidade (MENEZES; DEDECCA, 2012).

Diante disso, abre-se o caminho para o debate acerca da importância da

informalidade para a economia, uma vez que a desregulamentação do mercado do

trabalho é defendida como “necessária” para acompanhar as exigências competitivas

internacionais ou como, também, uma saída para diminuir o desemprego. Sob a ótica

dos trabalhadores, percebe-se a que estes podem incorrer em perdas de benefícios

oriundos da legislação trabalhista e/ou do sistema previdenciário, prejudicado pela

evasão fiscal (MENEZES; DEDECCA, 2012). Assim, ao mesmo tempo que favorece o

empregador no que se refere às reduções de custos trabalhistas, prejudica o

trabalhador ao colocá-lo numa condição de insegurança e desproteção social em

relação ao emprego.

Para Ramos (2007), é difícil considerar a informalidade como solução

benéfica para o mercado de trabalho. Na visão do autor, o mais apropriado seria

caracterizá-la, ao menos parcialmente, como reveladora da gravidade das

deficiências do mercado de trabalho, seja por questões relacionadas ao mercado de

trabalho, ou decorrentes da inflexibilidade, custos da legislação trabalhistas e demais

cargas tributárias.

Page 9: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

150

Apesar das divergências e ambiguidades sobre o melhor conceito da

informalidade, compreender esse fenômeno é de fundamental importância

econômica e social. Uma vez que, quanto maior o conhecimento sobre a

informalidade, isto é, a definição precisa de suas características e fatores

determinantes, mais fácil e maior será a possibilidade de êxito na promoção de

melhorias do bem estar da sociedade através de políticas e estratégias que tratem

esse fenômeno com a magnitude e a complexidade que ele possui.

3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

As fontes de pesquisa são secundárias, posto que os dados foram coletados

da agência de estatística pública, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

mais precisamente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Optou-

se por utilizar os dados disponíveis na PNAD pela possibilidade de investigação de

diversos aspectos do mercado de trabalho brasileiro e regional quanto à

informalidade.

A PNAD classifica a posição na ocupação no trabalho principal da semana de

referência para pessoas de 10 anos ou mais de idade, nas seguintes categorias: a)

Empregado com carteira de trabalho assinada; b) Militar; c) Funcionário público

estatutário; d) Outro empregado sem carteira de trabalho assinada; e) Trabalhador

doméstico com carteira de trabalho assinada; f) Trabalhador doméstico sem carteira

de trabalho assinada; g) Conta própria; h) Empregador; i) Trabalhador na produção

para o próprio consumo; j) Trabalhador na construção para o próprio uso; k) Não

remunerado.

As categorias: empregado com carteira de trabalho assinada, militar

funcionário público estatutário e trabalhador doméstico com carteira de trabalho

assinada foram consideradas, no presente trabalho, como formais, uma vez que são

atividades registradas legalmente.

Definiu-se como trabalhador informal as categorias: outro empregado sem

carteira de trabalho assinada, trabalhador doméstico sem carteira de trabalho

assinada, conta própria, empregador, trabalhador na produção para o próprio

consumo, trabalhador na construção para o próprio uso e não remunerado, desde que

esses trabalhadores tenham declarado não contribuir para institutos de previdência

Page 10: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

151

social (municipal, estadual ou federal), ou qualquer outra entidade de previdência

privada. Caso contrário, os trabalhadores foram considerados como formais.

Entender as características desse grupo de trabalhadores é de fundamental

importância por conta dos impactos da não contribuição, tanto para os trabalhadores,

quanto para a sociedade como um todo.

A partir disso, verificaram-se as informações sobre as classificações

apontadas como informais referentes a gênero, idade, escolaridade, cor/raça, horas

trabalhadas, rendimentos e grupamento de atividade para os anos de 2004 a 20151.

Para cada categoria, mensurou-se como taxa de informalidade a partir da razão entre

trabalhadores informais e trabalhadores ocupados em cada categoria específica,

sendo essa última, o somatório dos trabalhadores formais e informais2.

4 RESULTADOS

O Brasil, entre 2004 e 2015, vivenciou uma situação de redução da taxa de

informalidade de maneira generalizada em todas as regiões. Porém, percebe-se um

expressivo número de trabalhadores informais nas regiões Norte e Nordeste,

superando, em todos os anos analisados, a taxa de informalidade média do Brasil (Ver

Tabela 1).

As duas regiões, Norte e Nordeste, devido a seus fatores históricos,

geográficos e sociais são fortemente marcadas por elevadas taxas de pobreza3, além

de apresentarem um desenvolvimento socioeconômico desigual em relação às

demais regiões do país. Aspectos esses que podem contribuir para explicar a alta taxa

de informalidade presente nessas regiões.

1 Não há informações para a PNAD em 2010, por conta da realização do Censo Demográfico.

2 Para essa e demais formas de medidas da informalidade, ver Barbosa Filho e Veloso (2016).

3 Segundo estudo do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), vinculado ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), “entre 2004 e 2013, os índices de pobreza no país caíram de 20% para 9% da população e de 7% para 4% no caso da pobreza extrema. No entanto, os principais aspectos ou perfis da pobreza continuam os mesmos: ela está mais presente no meio rural e nas regiões Norte e Nordeste do Brasil”.

Page 11: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

152

Tabela 1 - Taxa de informalidade segundo Região Geográfica. Brasil, 2004 – 2015.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD – anual). Elaboração Própria.

Para entender a informalidade é preciso também compreender o mercado de

trabalho, uma vez que seu funcionamento influencia as formas de contratações e as

relações de trabalho. Assim, para um melhor entendimento do fenômeno da

informalidade, serão expostas algumas características do mercado de trabalho no

período analisado.

Gráfico 1 - Taxa de Participação segundo Região Geográfica em porcentagem. Brasil, 2004 – 2015.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD – anual). Elaboração Própria. O Gráfico 1 mostra a taxa de participação1 dos trabalhadores no país e nas

regiões. Pelo gráfico, percebe-se há uma diminuição da taxa de participação entre os

anos de 2004 e 2015 no Brasil em 2,63 pontos percentuais e, no Norte e Nordeste, em

maior grau, de 5,44 e 5,33 pontos percentuais respectivamente. O Sudeste permanece

1 Define-se taxa de participação a razão entre a população economicamente ativa (trabalhadores ocupados e desocupados) e a população em idade ativa (população maior de 10 anos de idade).

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

Brasil 52,7 51,9 50,6 48,7 47,2 45,7 40,8 39,4 38,1 38,1 37,5

Norte 68,3 66,3 65,1 63,6 60,8 60,3 59,1 57,0 55,2 55,3 55,7

Nordeste 71,2 70,7 68,9 67,5 65,7 63,5 58,8 57,8 56,5 56,2 56,1

Sudeste 40,8 40,4 39,3 37,6 36,3 35,5 30,7 29,4 28,6 28,7 28,3

Sul 46,2 45,1 44,0 41,0 40,0 37,9 32,1 30,5 28,2 26,9 25,5

Centro-Oeste 51,9 49,2 48,9 47,7 46,5 44,4 37,1 34,9 34,2 34,4 34,0

55,00

60,00

65,00

70,00

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Page 12: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

153

relativamente estável, com uma redução de apenas 0,03% e, por fim, o Sul e o Centro-

Oeste com uma queda de 4,08 e 1,71 pontos percentuais, nessa ordem.

O Gráfico 2 apresenta a taxa de desocupação1 do mercado de trabalho

brasileiro. Verifica-se que há uma queda da desocupação no período de 2004 a 2012.

No entanto, a partir desse ano, a taxa de desocupação ou se estabiliza ou passa a

aumentar para praticamente todas as regiões, com exceção do Sul, atingindo em

2015 o maior índice da série analisada tanto para o Brasil quanto em termos

regionais.

Gráfico 2 - Taxa de Desocupação segundo Região Geográfica em porcentagem. Brasil, 2004

– 2015.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD – anual). Elaboração Própria.

Evidentemente, essa elevação da taxa de desocupação guarda relação

inversa com o desempenho econômico nacional e regional, bem como reflete o efeito

inicial da crise que passou a fazer parte da realidade brasileira após 2015. É

importante também ressaltar que a taxa de desocupação aumenta a partir de 2012

em um contexto de redução do ritmo de queda da taxa de informalidade.

A partir da Tabela 2, pode-se visualizar que houve também uma redução da

informalidade tanto entre os homens quanto entre as mulheres. No entanto, merece

destaque o fato de, novamente, independentemente da caracterísitca de gênero, as

regiões Nordeste e Norte, mais uma vez, apresentaram as maiores taxas de

informalidade.

1 A taxa de desocupação é a razão entre os trabalhadores desocupados e o somatório dos trabalhadores ocupados e desocupados, ou seja, a População Economicamente Ativa (PEA).

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Page 13: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

154

Tabela 2 - Taxa de informalidade segundo Região Geográfica e gênero. Brasil, 2004 – 2015.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD – anual). Elaboração Própria.

Apesar de os dados não apontarem para uma diferença muito significativa

entre os gêneros, a tendência que colocava as mulheres em situação mais

desfavorável do ponto de vista do emprego informal foi revertida na média do Brasil a

partir de 2011. Isso ocorreu por conta de uma redução da taxa de informalidade entre

as mulheres mais acentuada que a dos homens. No Brasil, por exemplo, há uma

queda de 7,2 pontos percentuais entre 2004 e 2009 para as mulheres e 5,5 pontos

percentuais para os homens, e entre os anos de 2009 a 2015, 10,6 para as mulheres e

6,4 para os homens. Isso permitu que as posições de homens e mulheres se

invertessem.

Em relação a faixa etária, verifica-se que quase em sua totalidade os

trabalhadores com idade entre 10 a 14 anos são informais (Ver Tabela 3). Esse

resultado era esperado uma vez, que a Consolidação da Leis Trabalhistas (CLT)

estabele que a idade mínima para se trabalhar é a partir dos 16 anos, com exceção do

trabalho na condição de aprendiz, que pode ser realizado a partir dos 14 anos de

idade.

Assim, o trabalho nessa faixa etária acaba por ter a predominânica de

ocupações informais, seja por conta da própria proibição da legislação trablahista ou

por representar, em grande medida, uma ajuda à complementação de renda das

famílias. Essa preocupação ganha ainda mais respaldo quando se observa que a

redução em pontos percentuais é ínfima. Considerando que, por começar a trabalhar

muito cedo, a criança pode ter sua aprendizagem escolar prejudicada e, por sua vez,

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

Brasil 54,0 50,8 50,2 48,7 48,7 46,8 40,6 38,9 37,1 37,3 36,2

Norte 67,3 66,1 65,6 63,5 61,1 59,8 57,4 56,1 51,9 52,9 51,9

Nordeste 70,5 70,3 68,3 67,3 65,6 63,0 57,7 56,6 55,5 55,4 53,8

Sudeste 43,8 42,9 42,2 40,6 39,5 38,1 31,9 29,9 28,7 28,9 28,4

Sul 48,5 47,8 46,3 43,4 41,5 39,9 32,9 30,6 27,7 26,9 25,5

Centro-Oeste 54,0 50,8 51,1 49,9 48,7 46,5 36,9 35,0 33,3 33,4 32,6

Brasil 50,4 48,1 49,6 47,7 46,2 44,9 41,0 39,8 38,9 38,6 38,5

Norte 68,9 66,4 64,8 63,6 60,6 60,6 60,3 57,5 57,3 56,9 58,0

Nordeste 71,7 70,9 69,4 67,6 65,7 63,9 59,5 58,7 57,2 56,8 57,7

Sudeste 38,5 38,6 37,1 35,3 33,9 33,4 29,8 29,1 28,5 28,6 28,3

Sul 44,4 43,0 42,2 39,1 38,8 36,2 31,5 30,4 28,7 26,9 25,5

Centro-Oeste 50,4 48,1 47,3 46,1 44,9 42,9 37,3 34,8 34,9 35,1 35,0

Feminino

Masculino

Page 14: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

155

pode implicar em uma redução das possibilidades de conseguir empregos melhores,

isso pode ter um efeito cumulativo levando esses jovens a uma recorrencia da

ocupação em postos de trabalho informal em sua vida adulta.

Tabela 3 - Taxa de informalidade segundo Região Geográfica e faixa etária. Brasil, 2004 – 2015.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD – anual). Elaboração Própria.

Percebe-se também que, em sua maioria, os trabalhadores de 15 a 19 anos

encontra-se na informalidade. Isso pode ser explicado pelo fato de as pessoas nessa

idade ainda não terem experiência profissional, ou bagagem escolar para atender as

exigências das empresas formais.

Outro fato que chama a atenção, é que mais da metade dos ocupados com

mais de 60 anos são informais em todas as regiões. Novamente, a porcentagem

relativamente maior ficou a cargo das regiões Norte e Nordeste. Nessa faixa etária, os

trabalhadores podem enfrentar problemas de reinserção no mercado de trabalho

devido à idade e acabam encontrando alguma forma de emprego no mercado

informal de trabalho, como mostram os dados.

As outras faixas etárias apresentaram uma alta taxa de informalidade em

todas as regiões nos anos iniciais da análise, mas, percebe-se uma redução

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

Brasil 99,3 99,7 99,6 99,1 99,4 99,4 99,1 99,0 98,7 99,0 98,1

Norte 98,8 99,9 99,1 99,2 99,5 99,7 99,5 99,7 99,8 99,7 99,7

Nordeste 99,5 99,9 100,0 99,8 99,9 99,6 99,9 99,8 99,9 99,8 99,5

Sudeste 99,0 99,6 99,6 97,4 98,4 99,8 98,0 98,5 97,8 98,0 97,3

Sul 99,3 99,3 99,3 98,8 98,6 98,2 97,9 97,4 95,8 98,8 93,3

Centro-Oeste 100,0 99,1 98,5 98,5 99,3 99,2 98,0 96,8 97,1 94,9 96,6

Brasil 77,0 75,7 75,3 72,4 70,6 70,3 62,1 37,6 59,1 59,9 61,0

Norte 88,3 87,2 86,3 86,9 85,0 85,6 82,0 81,0 76,9 79,2 81,0

Nordeste 93,5 92,6 92,2 90,5 90,5 90,3 85,0 84,7 83,1 82,0 81,7

Sudeste 65,2 64,7 64,4 59,6 57,2 58,0 48,7 47,7 46,4 48,4 50,2

Sul 66,3 62,9 63,8 60,8 59,5 57,2 47,4 47,6 43,6 42,0 42,8

Centro-Oeste 72,1 69,6 69,8 70,3 68,7 67,2 54,8 50,9 52,8 52,7 55,1

Brasil 50,2 48,7 48,4 45,7 43,6 41,4 35,6 35,9 33,7 34,4 36,4

Norte 67,3 64,7 63,3 61,0 59,8 56,0 54,6 53,5 52,7 51,6 53,4

Nordeste 71,7 69,5 69,5 66,9 64,5 61,0 55,0 55,6 52,8 51,9 56,1

Sudeste 37,7 37,0 36,9 33,5 31,1 29,8 25,5 25,4 23,3 25,5 26,8

Sul 36,7 36,1 36,8 34,3 31,8 32,0 24,3 24,9 23,5 23,3 24,2

Centro-Oeste 48,2 44,7 43,1 41,6 40,4 37,9 31,6 31,2 28,8 29,1 29,9

Brasil 45,0 44,0 42,7 41,3 39,3 38,1 33,7 32,2 31,2 31,1 31,5

Norte 60,2 58,9 57,6 55,8 51,9 53,0 50,3 49,5 47,4 47,2 49,1

Nordeste 62,9 62,1 60,5 59,2 56,9 55,5 50,8 49,3 48,3 48,0 48,8

Sudeste 34,5 33,6 32,2 31,6 29,7 28,4 25,0 23,3 22,7 22,6 22,8

Sul 36,1 35,2 34,6 30,9 30,4 28,9 23,8 22,0 20,0 19,1 18,8

Centro-Oeste 45,5 42,9 42,0 40,3 38,1 36,3 30,1 27,8 26,6 27,1 27,9

Brasil 48,8 48,5 46,4 45,2 44,6 43,0 39,4 37,4 36,5 35,4 34,4

Norte 65,2 62,9 62,4 60,9 59,3 58,4 59,3 55,7 54,4 54,8 54,4

Nordeste 66,1 66,5 64,1 63,4 62,1 60,2 56,7 55,8 54,8 54,1 53,6

Sudeste 38,4 38,5 36,4 35,4 35,0 34,3 30,1 28,2 27,7 26,5 25,5

Sul 44,8 44,0 40,9 38,9 38,5 35,3 31,0 28 26,1 23,3 22,3

Centro-Oeste 50,1 48,0 48,7 47,3 47,1 44,1 38,8 35,4 35,3 34,3 32,8

Brasil 78,2 77,4 77,2 75,1 74,8 74,4 68,0 67,2 65,3 64,6 62,1

Norte 86,5 83,7 82,8 81,8 81,0 81,1 79,7 77,4 77,7 76,1 74,5

Nordeste 88,4 88,5 86,5 86,2 88,1 84,3 80,6 79,7 79,9 79,0 78,4

Sudeste 67,7 67,4 68,4 66,4 65,1 66,9 57,7 59,3 55,5 56 54,1

Sul 79,8 78,4 80,4 74,1 74,7 73,5 68,9 64,6 61,2 59,5 54,0

Centro-Oeste 72,7 71,9 73,0 71,8 71,9 73,8 63,1 61,2 62,8 60,3 59,0

10 a 14

anos

60 anos

ou mais

15 a 19

anos

20 a 24

anos

25 a 39

anos

40 a 59

anos

Page 15: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

156

significativa durante o restante do período, com as exceções das regiões Norte e

Nordeste, que mesmo tendo reduzido a informalidade, essa forma de contratação

ainda é a realidade para a maioria dos seus ocupados.

A Tabela 4 mostra como se comportou a taxa de informalidade nas regiões

brasileiras no que se refere à cor/raça.

Tabela 4 - Taxa de informalidade segundo Região Geográfica e cor/raça. Brasil, 2004 – 2015.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD – anual). Elaboração Própria.

Por seus aspectos históricos, o Brasil ainda é um país marcado pela

discriminação racial. Os dados mostram que os trabalhadores não brancos

(indigenas, pretos e pardos, principalmente) ainda apresentam as maiores taxas de

informalidade. No caso dos indígenas, nota-se que a taxa de informalidade média

para o Brasil aumentou durante o período. Isso também ocorreu nas regiões Norte e

Sudeste, enquanto que nas outras regiões essa taxa caiu.

De modo geral, em todas as demais raças, o grau de informalidade

apresentou uma redução durante o período analisado. Vale destacar que as maiores

taxas também se encontram nas regiões Norte e Nordeste.

A comparação dos trabalhadores não brancos como os brancos revela uma

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

Brasil 54,4 59,2 57,6 57,1 59,6 53,6 57,8 55,3 57,7 58,9 55,7

Norte 66,8 72,1 56,2 72,0 68,0 62,6 77,4 71,6 77,1 76,7 74,9

Nordeste 66,1 66,7 71,0 69,7 72,0 72,2 59,5 64,6 55,5 63,3 56,2

Sudeste 35,3 41,1 49,4 46,6 46,6 46,6 41,6 30,4 40,4 43,1 44,2

Sul 41,8 56,7 53,6 47,9 56,4 41,7 44,2 41,6 44,4 43,1 39,5

Centro-Oeste 79,7 69,6 61,0 57,0 59,1 44,7 40,2 42,6 45,3 49,3 49,3

Brasil 44,8 44,1 42,6 41,0 40,0 38,0 33,6 32,0 30,3 30,6 29,6

Norte 60,2 58,5 56,9 56,9 53,5 51,8 51,6 48,7 44,5 47,1 46,4

Nordeste 66,1 64,7 63,1 61,8 60,9 57,5 53,1 51,3 49,7 51,3 50,3

Sudeste 36,9 36,5 35,1 33,9 32,9 31,6 27,8 26,6 25,4 25,6 25,3

Sul 44,8 43,9 42,7 39,8 38,8 36,7 30,9 29,0 26,7 25,6 23,9

Centro-Oeste 47,4 45,1 45,1 43,1 43,3 40,4 34,2 31,6 31,4 31,7 30,9

Brasil 53,0 51,2 51,5 49,6 47,5 47,2 43,4 40,8 40,4 40,6 40,2

Norte 70,7 64,3 66,8 63,6 61,0 58,3 59,5 57,8 59,0 59,6 58,0

Nordeste 67,3 65,6 64,9 64,8 62,4 60,0 57,6 55,3 53,2 52,6 52,7

Sudeste 44,4 42,6 42,1 39,9 37,7 38,7 31,7 30,9 31,1 31,8 31,6

Sul 42,3 42,1 42,6 41,3 36,7 39,7 35,3 30,9 27,5 28,2 26,2

Centro-Oeste 53,1 50,1 48,9 46,4 45,6 44,2 42,1 35,4 35,2 35,0 33,9

Brasil 41,6 35,7 34,6 42,0 37,8 35,0 32,7 29,2 27,7 25,4 25,2

Norte 55,3 57,7 54,0 63,3 48,0 53,4 52,6 46,7 37,5 57,7 37,7

Nordeste 71,3 68,4 58,5 59,3 61,7 39,3 53,8 41,8 48,3 43,6 48,0

Sudeste 32,3 29,9 29,1 31,8 31,7 33,1 25,3 24,9 21,8 23,9 23,7

Sul 50,3 38,2 35,7 39,3 36,6 32,8 30,7 35,4 31,4 18,5 19,3

Centro-Oeste 52,5 37,1 46,3 51,5 36,9 42,6 28,3 25,9 23,3 27,5 25,0

Brasil 62,9 61,7 60,3 58,0 55,6 54,4 48,6 47,2 46,2 45,3 45,3

Norte 70,9 69,0 67,9 65,9 63,1 63,2 61,3 59,3 57,9 57,0 57,8

Nordeste 74,0 74,0 72,2 70,5 68,4 66,7 61,8 61,2 60,1 59,0 59,2

Sudeste 48,0 47,3 46,6 43,9 41,8 41,1 35,3 33,4 32,8 32,3 31,7

Sul 55,8 52,7 51,1 46,6 46,1 43,3 36,5 36,3 34,2 31,9 32,1

Centro-Oeste 55,5 52,9 52,2 51,4 49,3 47,8 39,0 37,4 36,3 36,3 36,5

Indígena

Branca

Preta

Amarela

Parda

Page 16: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

157

grande disparidade, especialmente quando se observa a distância entre os que se

declararam pretos e pardos. Enquanto, por exemplo, os trabalhadores informais

declarados brancos apresentaram uma taxa de informalidade de 29,6% no Brasil em

2015, os trabalhadores informais pardos e pretos representavam 40,2% e 45,3% do

total, respectivamente. Chama a atenção é que essa distância se matém em níveis

elevados durante todo o período e regiões.

Já, a partir dos dados apresentados na Tabela 5, observa-se que o trabalho

informal é a realidade de mais da metade dos trabalhadores ocupados sem ou com

menos de um ano instrução ou com ensino fundamental incompleto/completo.

Tabela 5 - Taxa de informalidade segundo Região Geográfica e escolaridade. Brasil, 2004 –

2015.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD – anual). Elaboração Própria.

Apesar da redução, verifica-se que há uma alta taxa de informalidade para os

menores níveis de instrução. De outro modo, as menores taxas de informalidade

encontram-se entre os trabalhadores com ensino médio completo ou superior. Nesse

sentido, é razoável afirmar que existe uma relação entre informalidade e escolaridade

no sentido de que quanto maior a escolaridade maior a chance de um trabalhador não

pertencer ao mercado de trabalho informal. Em outras palavras, há uma desvantagem

dos trabalhadores com menor escolaridade na obtenção de oportunidades no

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

Brasil 82,9 82,8 82,2 80,1 79,4 78,9 72,2 73,8 72,3 72,9 72,7

Norte 88,2 86,7 85,6 85,7 85,7 84,5 83,3 83,4 81,4 83,4 83,4

Nordeste 89,6 89,9 88,8 88,3 87,9 87,2 83,7 84,5 84,8 84,3 85,5

Sudeste 67,9 69,2 69,3 64,5 64,3 64,8 54,6 56,9 56,2 54,5 55,5

Sul 77,3 75,0 72,3 70,1 68,4 67,5 54,9 57,6 52,4 49,8 46,8

Centro-Oeste 74,4 71,9 74,9 72,6 70,5 71,6 58,7 56,7 56,3 59,1 57,6

Brasil 68,2 67,9 67,2 65,5 64,9 64,2 60,5 59,3 58,6 57,6 58,0

Norte 82,7 81,4 80,9 79,8 78,9 79,2 79,8 78,2 78,6 76,8 77,8

Nordeste 83,0 83,0 82,3 81,3 80,4 79,2 77,0 76,0 75,0 74,6 76,4

Sudeste 55,6 55,6 55,3 53,5 52,9 53,2 48,6 47,1 46,4 46,0 46,0

Sul 62,7 62,2 60,8 57,1 57,0 55,2 50,3 47,9 46,1 42,9 40,9

Centro-Oeste 66,7 64,5 64,1 63,3 63,0 60,6 55,5 52,5 53,2 52,0 52,0

Brasil 52,2 51,8 52,0 50,9 50,4 49,5 44,9 44,3 42,7 43,1 43,8

Norte 67,1 64,2 66,8 65,7 64,1 65,6 64,8 62,0 61,1 63,3 64,5

Nordeste 68,1 67,4 67,8 67,5 67,3 65,8 61,8 63,3 61,6 60,1 61,3

Sudeste 44,8 44,7 44,3 43,3 42,3 42,2 37,5 36,7 35,0 35,8 36,3

Sul 46,1 45,5 45,4 42,7 42,0 39,8 34,1 32,6 30,8 30,6 29,8

Centro-Oeste 54,7 54,1 54,1 52,3 52,5 51,0 43,9 41,1 41,8 40,6 43,7

Brasil 31,0 30,7 30,5 29,9 29,2 28,8 25,4 24,8 24,3 25,2 25,4

Norte 39,0 38,2 39,6 40,4 36,5 38,5 37,2 37,6 35,6 37,4 38,9

Nordeste 40,8 40,9 39,8 40,8 40,0 39,1 35,5 35,6 36,3 36,2 36,9

Sudeste 27,4 27,1 26,6 25,4 24,1 24,1 20,7 19,9 19,3 20,8 20,5

Sul 25,0 25,4 25,5 23,7 25 23,5 19,1 18,8 17,3 16,3 16,4

Centro-Oeste 33,6 30,7 32,9 32,3 32,1 30,6 27,0 24,9 23,6 24,0 25,2

Brasil 17,8 18,4 18,4 18,9 18,8 17,2 15,3 15,6 14,9 15,5 15,2

Norte 16,7 19,3 18,2 20,1 18,6 17,8 17,7 18,0 16,9 17,6 18,3

Nordeste 20,7 20,7 21,1 21,4 21,4 19,8 18,6 19,5 17,6 19,4 19,1

Sudeste 16,9 17,6 17,2 18,0 17,7 15,7 14,1 14,5 14,1 14,5 14,1

Sul 18,1 18,5 20,1 18,9 19,6 18,4 15,0 14,4 13,5 14,0 13,3

Centro-Oeste 18,9 19,1 18,2 19,5 19,6 19,0 14,8 15,4 15,7 15,5 15,6

Sem

instrução ou

menos de um

ano

Ensino

fundamental

incompleto

Ensino

fundamental

completo

Ensino médio

completo

Ensino

superior

Page 17: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

158

mercado formal.

Ainda assim, cabe destacar que em alguns casos, como o da região Sul, o

desempenho econômico do período permitiu uma redução da informalidade entre os

trabalhadores sem ou com menos de um ano de instrução, queda de

aproximadamente 30,5 pontos percentuais. Por outro lado, também pode se verificar

um aumento em 1,6 pontos percentuais dos trabalhadores com ensino superior na

região Norte entre o primeiro e último ano analisados.

Quanto ao aspectos econômicos, há uma maior taxa de informalidade entre

os trabalhadores ocupados que recebem menos de um salário mínimo. Resultado já

esperado, uma vez que a CLT assegura o pagamento do salário mínimo, mas, ainda

assim, sinaliza que a precariedade em termos de remuneração é uma realidade para

os trabalhadores sem proteção trabalhista, conforme exposto na Tabela 6.

Tabela 6 - Taxa de informalidade segundo Região Geográfica e faixas de salário mínimo. Brasil, 2004 – 2015.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD – anual). Elaboração Própria.

Os trabalhadores das regiões Norte e Nordeste que recebem menos de um

salário mínimo configuram em quase toda a sua totalidade trabalhadores informais.

Além disso, ainda contaram com um menor ritmo de queda em termos percentuais

quando comparado à média do país e às demais regiões. A taxa de informalidade

nesse segmento reduziu em apenas 4,9 e 4,2 pontos percentuais no Norte e Nordeste,

enquanto que a mesma caiu 25,2 pontos percentuais no Sudeste entre 2004 e 2015.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

Brasil 95,2 95,2 94,6 93,7 93,5 93,6 89,4 88,2 88,1 87,3 86,6

Norte 97,9 97,6 96,8 95,8 96,8 97,3 94,4 93,6 92,7 93,8 93,0

Nordeste 97,0 97,1 96,7 96,4 95,9 95,9 93,3 93,1 93,4 92,3 92,8

Sudeste 92,3 93,3 93,2 91,4 91,0 90,8 84,8 83,2 82,9 82,1 80,2

Sul 91,2 89,4 87,0 85,5 86,1 87,2 78,6 73,5 72,2 70,6 66,0

Centro-Oeste 95,9 95,5 94,9 95,1 94,5 94,1 89,4 85,8 86,5 84,3 84,2

Brasil 44,9 49,7 41,1 36,2 32,2 29,8 30,2 27,4 27,5 25,4 25,8

Norte 51,8 59,3 49,1 45,8 40,3 38,5 36,6 33,6 33,4 33,3 34,4

Nordeste 39,5 43,9 36,7 32,4 28,1 24,8 26,7 24,3 23,9 21,9 22,2

Sudeste 45,2 49,9 40,2 35,7 32,0 30,5 30,1 27,2 28,1 27,0 26,5

Sul 49,3 54,4 46,6 38,0 35,1 31,9 32,2 27,9 30,0 25,5 28,3

Centro-Oeste 54,9 54,9 47,4 42,8 39,3 36,3 38,2 34,9 33,7 27,9 29,5

Brasil 36,4 32,5 32,0 32,0 29,7 28,2 25,9 23,9 23,8 23,7 24,2

Norte 53,0 48,6 47,9 47,9 42,7 42,6 42,2 38,1 38,0 37,2 38,5

Nordeste 43,2 39,6 38,5 38,3 36,2 33,4 32,3 30,0 30,0 29,8 31,2

Sudeste 32,7 29,1 28,7 29,0 26,5 25,4 23,2 21,5 21,3 21,4 21,6

Sul 30,7 27,7 27,3 26,8 25,7 24,3 20,5 19,8 18,4 17,7 17,9

Centro-Oeste 42,8 37,4 37,4 37,5 35,3 32,9 29,3 26,4 27,8 27,9 28,2

Brasil 22,3 20,2 17,8 19,5 19,1 18,0 16,6 16,8 14,6 14,6 13,0

Norte 37,4 31,6 26,9 29,9 27,3 25,8 25,1 24,7 20,7 21,3 20,7

Nordeste 27,3 25,1 22,0 24,8 24,6 22,8 18,8 18,7 15,3 17,3 15,6

Sudeste 19,0 17,8 14,9 16,9 15,9 15,5 15,3 15,3 14,0 13,6 11,8

Sul 22,4 20,0 18,6 18,4 20,7 17,6 15,3 15,9 13,3 12,3 10,7

Centro-Oeste 27,3 23,3 22,8 24,5 23,5 21,8 18,9 19,7 16,0 17,6 16,4

Menos de

um salário

mínimo

Um salário

mínimo

De um a três

salários

mínimos

Mais de três

salários

mínimos

Page 18: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

159

Em relação as demais faixas salariais, há um maior percentual de

trabalhadores informais entre aqueles que recebem exatamente um salário mínimo

vis-à-vis aqueles que tem como rendimentos de um a três ou mais de três salários

mínimos. Verifica-se que no Nordeste, Norte e Centro-Oeste, a proporção de

trabalhadores informais com mais de três salários minimos é relativamente maior,

porém, isso pode ser explicado pelo fato de que nessas regiões há um maior número

absoluto de trabalhadores informais.

A Tabela 7 corresponde as taxas de informalidade segundo horas semanais

trabalhadas pelos trabalhadores. Verifica-se que há um diferencial significativo na

taxa de informalidade presente entre os trabalhadores que tem como jornada de

trabalho exatamente 44 horas semanais e os demais.

Tabela 7 - Taxa de informalidade segundo Região Geográfica e horas semanais trabalhadas. Brasil, 2004 – 2015.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD – anual). Elaboração Própria.

Observa-se um percentual significativo de trabalhadores informais com

cargas horárias de trabalho de mais de 44 horas semanais e entre aqueles com

menos de 44 horas semanais.

A informalidade aparece como um fenômeno relacionado aos contratos de

trabalho que escapam da normatização da CLT quanto às horas de trabalho

semanais, seja para mais ou para menos. Dentre aqueles que dedicaram mais horas

semanais ao trabalho, pode se observar uma redução significativa da taxa de

informalidade. Mais precisamente, as reduções foram de 16,2 pontos percentuais

para o Brasil, entre 2014 e 2015, no Sul, em 25,2 p.p., seguido do Centro-Oeste, 19,5

p.p., Nordeste, 14,7 p.p., Sudeste com 13,0 p.p., e por fim, a região Norte com 10,5

pontos percentuais.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

Brasil 59,1 58,9 57,9 55,8 53,8 52,8 46,9 45,6 44,8 45,1 44,4

Norte 71,9 69,5 68,3 65,5 64,1 63,6 63,0 60,5 58,8 59,8 59,8

Nordeste 76,3 76,2 74,3 73,3 71,0 69,1 63,7 63,3 62,3 62,7 62,5

Sudeste 45,9 46,3 46,1 43,8 41,7 42,2 35,4 34,2 33,9 34,2 33,8

Sul 54,6 54,5 53,1 49,6 48,9 46,3 39,6 38,0 35,5 34,7 33,2

Centro-Oeste 54,2 52,5 52,4 51,1 49,6 48,6 40,2 38,6 38,1 39,2 38,8

Brasil 27,9 26,2 26,0 23,5 23,0 22,0 20,1 19,6 18,8 17,6 17,5

Norte 44,5 44,6 50,4 41,5 39,6 35,8 38,8 33,3 36,5 35,5 33,3

Nordeste 48,1 43,6 42,3 40,4 39,0 35,8 32,9 34,1 31,7 29,5 29,4

Sudeste 22,0 20,7 19,9 17,6 17,5 17,7 16,2 14,8 13,9 13,3 12,6

Sul 17,7 17,5 16,9 16,3 16,1 14,1 13,2 11,8 11,3 9,6 10,1

Centro-Oeste 36,6 34,3 35,7 30,8 28,9 29,2 23,5 23,9 22,9 20,3 20,5

Brasil 49,4 47,8 45,8 44,9 44,2 42,8 38,9 36,1 34,3 33,6 33,1

Norte 67,2 64,9 62,2 65,0 60,2 61,5 57,7 57,4 53,9 53,9 56,7

Nordeste 65,6 64,7 63,7 61,2 60,6 59,7 55,7 52,7 51,4 49,7 50,9

Sudeste 38,3 37,3 35,1 35,0 34,2 32,4 29,9 27,4 26,3 26,2 25,3

Sul 46,6 43,3 42,4 39,0 38,3 36,8 31,9 29,2 26,3 23,7 21,3

Centro-Oeste 52,6 49,5 47,8 48,0 47,8 43,6 38,6 34,0 33,5 32,7 33,0

Menos de

44 horas

semanais

44 horas

semanais

Mais de

44 horas

semanais

Page 19: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

160

A taxa de informalidade também é distribuida de forma heterogênea entre as

atividades econômicas1, conforme Tabela 8. A atividade agrícola possui uma queda

da taxa da informalidade, porém, ainda continua alta, apresentando em todos os anos,

o maior percentual para o Brasil quando comparado com as demais atividades.

Porém, verifica-se que na região Sul há uma queda expressiva de 36,8 pontos

percentuais, entre 2004 e 2015 nesse setor.

Tabela 8 - Taxa de informalidade segundo Região Geográfica e atividade econômica. Brasil, 2004 – 2015.

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD – anual). Elaboração Própria.

1 Para a classificação das atividades econômicas, a PNAD utiliza a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – Domiciliar – CNAE-Domiciliar. Mais informações, sobre a classificação das ocupações e atividades, podem ser consultadas pela Síntese de Indicadores disponibilizada no site do IBGE.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

Brasil 88,1 87,5 86,1 84,3 83,8 83,2 81,7 79,8 79,3 77,6 76,7

Norte 95,8 92,9 91,7 92,3 90,7 92,9 91,6 89,4 89,2 89,5 89,0

Nordeste 94,7 94,2 93,7 93,1 92,7 92,0 91,9 91,0 91,6 90,7 91,8

Sudeste 73,4 74,8 74,1 71,4 68,8 71,3 67,7 66,9 66,7 66,6 65,1

Sul 86,3 85,3 80,8 75,9 79,2 74,0 70,6 66,3 63,0 53,8 49,5

Centro-Oeste 76,6 77,0 76,7 73,0 71,8 71,3 63,8 59,7 60,3 57,6 57,6

Brasil 18,6 20,1 17,1 15,5 13,1 11,5 11,1 10,1 10,3 10,4 10,5

Norte 25,1 22,4 27,4 22,2 19,1 17,1 28,4 28,5 27,7 30,5 31,7

Nordeste 31,1 35,6 27,0 28,6 23,9 18,2 16,1 17,8 19,4 14,7 12,0

Sudeste 9,5 9,7 10,3 7,4 6,4 7,6 6,4 4,3 2,1 3,9 3,7

Sul 20,2 21,5 20,2 15,0 12,9 11,1 7,7 9,5 13,4 8,2 10,7

Centro-Oeste 35,0 28,8 16,4 21,9 15,8 10,8 10,1 8,1 9,0 13,9 18,1

Brasil 34,7 36,5 35,3 33,2 31,8 31,2 25,1 24,4 24,4 24,8 25,5

Norte 52,0 65,0 63,0 55,9 61,1 54,5 54,0 52,6 54,9 53,6 49,1

Nordeste 58,8 60,0 57,4 54,9 54,3 52,8 45,8 44,6 44,6 46,5 48,1

Sudeste 28,5 28,3 27,4 26,1 24,0 24,9 18,1 18,0 17,6 18,1 19,3

Sul 22,8 23,2 23,4 22,9 20,5 20,5 16,0 15,1 13,7 14,6 14,1

Centro-Oeste 46,3 46,3 45,9 42,2 42,2 40,3 32,9 31,1 29,2 31,1 32,1

Brasil 70,5 68,9 68,3 66,7 64,3 62,9 58,5 56,9 53,9 55,6 56,5

Norte 76,8 71,9 74,7 69,9 68,2 67,6 68,6 65,3 64,9 65,8 70,3

Nordeste 76,2 75,6 74,5 74,0 71,7 69,0 64,8 64,9 60,2 61,8 66,7

Sudeste 67,2 66,6 64,2 63,3 60,3 59,3 54,4 52,7 50,0 51,9 49,7

Sul 66,8 64,4 65,2 62,8 61,4 58,9 52,6 49,9 46,9 47,9 48,1

Centro-Oeste 73,8 70,0 72,8 69,1 65,8 66,7 63,0 60,7 57,4 58,8 60,6

Brasil 51,7 49,8 48,4 47,3 45,8 43,5 37,3 37,0 35,1 34,4 34,4

Norte 69,6 68,9 67,8 67,5 63,2 61,7 57,3 56,2 53,5 54,2 55,3

Nordeste 70,4 69,3 67,6 65,5 64,8 61,5 54,1 54,6 54,0 51,8 51,8

Sudeste 43,1 41,1 39,3 38,9 36,9 34,6 29,8 27,9 26,7 26,1 25,9

Sul 38,9 37,5 36,5 33,2 32,2 31,2 24,1 25,1 21,8 21,3 19,6

Centro-Oeste 51,5 45,3 46,2 47,9 45,9 41,9 34,4 33,8 32,6 30,2 32,4

Brasil 58,9 57,5 56,4 53,7 54,6 52,4 44,8 45,5 43,9 43,3 44,2

Norte 80,7 82,3 78,6 78,9 78,4 75,8 72,6 71,8 66,9 66,6 67,3

Nordeste 75,1 75,2 73,8 71,9 71,8 70,0 61,8 64,6 63,5 60,9 60,5

Sudeste 50,7 47,7 46,7 44,1 45,9 43,3 36,6 36,5 34,5 34,5 36,8

Sul 44,7 42,3 44,2 38,6 36,4 38,2 27,2 28,2 28,1 29,0 24,9

Centro-Oeste 62,7 60,4 58,8 57,4 58,0 52,5 42,5 41,7 41,0 38,0 42,2

Brasil 39,5 37,8 37,4 36,1 34,1 33,2 28,6 28,3 27,2 26,5 34,7

Norte 56,4 55,6 55,3 56,0 48,5 52,7 48,7 46,1 46,1 46,8 56,7

Nordeste 60,4 62,1 59,1 57,6 57,5 56,1 47,1 50,1 48,7 45,5 55,1

Sudeste 30,8 28,2 29,0 26,9 24,9 25,2 21,3 20,7 19,9 18,7 27,7

Sul 30,0 29,0 27,1 27,9 26,8 22,5 20,1 18,1 16,3 16,2 16,5

Centro-Oeste 43,9 39,3 37,0 36,9 36,8 32,1 27,7 23,8 22,1 25,1 34,9

Brasil 8,8 8,9 8,5 8,6 4,5 4,2 4,4 4,7 4,7 4,4 3,9

Norte 9,0 7,7 6,4 8,9 3,5 1,7 3,0 3,9 4,3 3,2 4,0

Nordeste 14,0 12,9 10,9 11,4 5,0 4,9 6,6 7,4 6,9 5,8 4,8

Sudeste 5,9 7,4 7,1 6,4 3,9 3,5 3,1 2,8 3,3 3,7 2,9

Sul 8,2 8,7 11,5 11,1 6,5 6,4 5,6 6,9 5,2 5,6 5,8

Centro-Oeste 7,3 6,6 6,8 6,7 3,6 4,3 3,1 3,3 3,6 3,7 3,2

Brasil 15,9 16,6 16,3 16,3 13,5 12,4 10,6 10,3 10,2 10,4 9,5

Norte 14,8 12,9 14,5 14,7 10,3 9,5 8,9 9,2 8,0 8,5 7,6

Nordeste 20,6 21,1 19,9 20,2 15,5 15,0 13,8 13,0 12,5 13,4 13,4

Sudeste 15,0 16,1 15,9 15,3 13,2 11,3 9,8 9,5 9,4 9,6 8,4

Sul 12,6 14,2 14,0 15,8 12,9 12,6 9,9 9,8 10,0 9,4 8,3

Centro-Oeste 13,8 13,3 13,2 13,5 13,0 13,3 8,5 9,2 10,2 9,3 8,5

Brasil 71,6 70,9 70,0 69,3 69,6 68,3 63,3 61,9 58,8 58,4 58,5

Norte 87,8 87,2 84,8 86,8 86,5 85,4 81,0 82,7 77,8 77,2 76,9

Nordeste 84,1 84,1 84,3 84,0 84,4 83,3 80,4 78,7 76,8 75,4 74,5

Sudeste 64,2 63,2 62,1 60,6 61,2 59,6 54,8 52,9 48,9 49,7 50,1

Sul 66,4 64,6 65,0 63,3 62,6 61,9 55,6 53,6 51,2 49,2 52,6

Centro-Oeste 75,1 74,2 72,0 70,6 71,2 69,4 63,2 61,5 58,1 59,5 53,7

Brasil 63,7 60,8 61,5 61,6 62,7 57,4 53,9 53,5 51,4 51,4 48,3

Norte 80,6 72,9 78,3 72,4 75,3 70,0 68,8 73,6 67,9 68,9 66,3

Nordeste 77,0 71,6 73,4 74,4 75,2 68,3 67,1 67,6 65,3 64,9 61,7

Sudeste 55,9 55,8 54,4 56,2 56,5 52,9 48,6 47,3 46,0 45,9 42,6

Sul 56,1 53,7 56,9 54,0 55,7 49,2 45,8 42,3 41,3 40,0 39,9

Centro-Oeste 70,8 65,0 67,4 65,2 66,4 60,1 57,8 54,7 50,8 52,2 50,3

Brasil 25,7 24,8 25,6 24,6 24,8 22,8 18,1 18,2 17,2 17,3 16,2

Norte 38,9 34,8 36,7 35,9 30,9 33,1 26,1 26,7 24,7 23,6 23,5

Nordeste 33,0 31,7 33,6 33,3 32,1 29,6 23,8 23,7 22,1 21,1 20,5

Sudeste 22,4 22,6 22,7 21,3 21,9 19,5 16,2 16,3 15,5 16,1 14,4

Sul 25,6 23,5 24,9 23,3 25,4 23,0 16,7 17,7 15,7 15,5 15,2

Centro-Oeste 27,2 24,0 24,1 26,5 25,6 24,8 18,5 17,1 18,3 18,0 17,1

Agrícola

Outras

atividades

industriais

Indústria de

transformação

Construção

Comércio e

Reparação

Alojamento e

alimentação

Outros

serviços

coletivos,

sociais e

pessoais

Outras

atividades

Transporte,

armazenagem

e

comunicação

Administração

Pública

Educação,

saúde e

serviços

sociais

Serviços

domésticos

Page 20: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

161

Nas atividades industriais, a maior diminuição percentual corresponde ao

Nordeste, em 19,1 pontos percentuais, enquanto que na região Norte, a taxa de

informalidade aumenta em 6,6 pontos percentuais para o setor. Por sua vez, na

indústria de transformação há uma redução da informalidade em todas as regiões. Os

destaques vão para o o Centro-oeste com uma queda de 14,2 p.p., e para o Nordeste

com um queda de mais de 10pontos percentuais nesse setor.

No ramo de construção, setor de grande destaque em termos de crescimento

e geração de empregos no período, os trabalhadores informais ainda representam

mais da metade dos ocupados. No entanto, destacam-se as reduções significativas

nas taxas de informalidade no Sudeste e no Sul de 17,5 e 18,7 pontos percentuais,

respectivamente. Uma diminuição relevante também é verificada na informalidade da

atividade de comércio e reparação como também em alojamento e alimentação, mais

de 13 pontos percentuais, de modo geral para o Brasil e suas regiões. Há uma menor

redução relativa nas atividades de transporte, armazenagem e comunicação,

administração pública e educação, saúde e serviços sociais. Essas últimas com taxas

de informalidade relativamente mais baixas.

Quanto aos serviços domésticos, apesar da redução, verifica-se ainda taxas

significativamente altas, indicando que os trabalhadores informais são representantes

de mais da metade dos ocupados nessa atividade. Enquanto que entre os anos de

2004 e 2009, a taxa de informalidade nesse setor reduziu em 3,3 pontos percentuais

para o Brasil, entre 2009 e 2015, a diminuição foi de 9,8 pontos percentuais. Essa

diferença na redução também foi verificado nas demais regiões do país.

A partir dos resultados encontrados, pode-se afirmar que a informalidade é

mais presente em determinandos grupos socieconômicos (não brancos, menos

escolarizados, em menores faixas de renda, mais jovens ou mais velhos), como,

também, que há uma disparidade em relação a taxa de informalidade entre as regiões

do país, indicando assim, uma heterogeneidade marcante no mercado de trabalho

brasileiro.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo teve como objetivo identificar o comportamento

socioeconômico regional dos trabalhadores classificados como informais no período

Page 21: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

162

de 2004 a 2015, através dos dados disponibilizados pela PNAD, referente as seguintes

varáveis: gênero, idade, escolaridade, cor/raça, horas trabalhadas, rendimentos e

grupamento da atividade.

Para isso, inicialmente, foram apresentadas algumas definições sobre a

informalidade, uma das problemáticas enfrentadas pelo mercado de trabalho. Apesar

das divergências e ambiguidades sobre o melhor conceito, suas características e

fatores determinantes, a informalidade é um fenômeno que, cada vez mais, preocupa

governos e sociedade no contexto da busca por mecanismos para controlar ou

mesmo diminuir sua incidência.

Os resultados encontrados apontam que há uma diminuição na taxa de

informalidade para o período analisado para todas as variáveis estudadas em nível

nacional e regional. No entanto, a taxa de informalidade é mais expressiva e

corresponde, na maior parte, à realidade da maior parcela da população ocupada em

todos os segmentos analisados das regiões do Norte e Nordeste do país. Essas

regiões, marcadas por fatores históricos, geográficos, sociais, com desiguais níveis de

desenvolvimento socioeconômico comparativamente às demais, também se

encontram em posição desfavorável do ponto de vista da estrutura do mercado de

trabalho.

No geral, quanto às características sociais, os dados não apontam uma

diferença significativa entre os gêneros em termos de informalidade, porém, a

redução da taxa de informalidade para as mulheres em pontos percentuais foi

relativaemnte maior o que permitiu que pela primeira vez a taxa de informalidade das

mulheres ficasse abaixo das dos homens. Conclui-se, também, que taxa de

informalidade é maior para os jovens de 10 a 19 anos e para os trabalhadores com

mais de 60 anos, correspondendo, em todas as regiões e no Brasil, a maioria dos

ocupados nessas categorias.

Com relação a cor/raça, observou-se um maior percentual de trabalhadores

informais entre aqueles que se declararam indígenas, seguidos pelos pardos e pretos.

Fenômeno que se manifestou também entre os trabalhadores com menores graus de

escolaridade, principalmente sem ou menos de um ano de instrução. Já os

trabalhadores com ensino médio completo ou superior apresentaram as menores

taxas de informalidade.

Page 22: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

163

No que corresponde aos aspectos econômicos, a informalidade é uma

realidade predominante entre os trabalhadores que recebem menos de um salário

mínimo, representando praticamente a totalidade de trabalhadores nesse segmento.

Entre aqueles com jornada de trabalho com mais de 44 horas semanais, verificou-se

taxas de informalidade significativamente altas, porém, em queda significativa entre

os anos analisados.

A taxa de informalidade também é distribuida de forma heterogênea entre as

atividades econômicas. Destacam-se as atidades agrícolas que, apesar da redução

na taxa da informalidade, continuou a apresentar a mais alta taxa dentre as demais.

Assim, conclui-se que compreender o fenômeno da informalidade é uma tarefa

complexa, mas, importante para entender como se estrutura o mercado de trabalho e

como podem ser concebidas políticas públicas que busquem a minimização dos

efeitos negativos que esta provoca na vida dos trabalhadores e na vida econômica do

país.

Destaca-se, assim a importância de se fomentar estudos que demonstrem

como as características do mercado de trabalho referentes ao seu funcionamento,

suas regulamentações, intervenções governamentais, qualidade e quantidade da

força de trabalho, e ainda, o cenário macroeconômico, podem exercer influência no

nível de informalidade do país.

Quanto maior o conhecimento da informalidade, menos complexa será a

tarefa de se obter êxito nas tentativas de melhorar o bem-estar da sociedade por

meio de políticas e estratégias que promovam uma estruturação do mercado de

trabalho mais favorável aos trabalhadores.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Celso Amorim. Avanços recentes na política de combate à informalidade do trabalho assalariado no Brasil: ações da secretaria de inspeção do trabalho. Mercado de trabalho: conjuntura e análise / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, n. 65, 2018. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/mercadodetrabalho /181031_bmt_65_06_politica1.pdf>. Acesso em 18 jan. 2019. BARBOSA, Alexandre de Freitas. O conceito de trabalho informal, sua evolução histórica e o potencial analítico atual: para não jogar a criança fora junto com a água do banho. In: OLIVEIRA, Roberto Véras de; GOMES, Darcilene; TARGINO, Ivan (Org.).

Page 23: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

164

Marchas e contramarchas da informalidade do trabalho: das origens às novas abordagens. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2011. BARBOSA FILHO, Fernando de Holanda; VELOSO, Fernando. Fatos estilizados da informalidade do trabalho no Brasil. In: BARBOSA FILHO, Fernando de Holanda; ULYSSEA, Gabriel; VELOSO, Fernando (Org.). Causas e Consequências da Informalidade no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. CACCIAMALI, Maria Cristina. A economia informal 20 anos depois. Indicadores Econômicos FEE, v. 21, n. 4, p. 217-232, 1994. CACCIAMALI, Maria Cristina. Globalização e processo de informalidade. Economia e sociedade, v. 9, n. 1, p. 153-174, 2000. Disponível em: < https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/ view/8643124>. Acesso em 18 jan. 2019. MENEZES, Wilson Ferreira; DEDECCA, Claudio Salvadori. A Informalidade no Mercado de Trabalho Brasileiro: Rendimentos e principais características. Revista Nexos Econômicos, v. 6, n. 2, p. 11-42, 2012. Disponível em: < https://portalseer.ufba.br/index.php/revnexeco /article/view/9247/6705> Acesso em 19 dez. 2018. NOGUEIRA, Mauro Oddo. A problemática do dimensionamento da informalidade na economia brasileira. Texto para Discussão, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2016.

NORONHA, Eduardo G. "Informal", ilegal, injusto: percepções do mercado de trabalho no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, out. 2003, vol.18, no. 53, p.111-129. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v18n53/18081.pdf>. Acesso em 19 dez. 2018.

OIT. Futuro do Trabalho no Brasil: Perspectivas e Diálogos Tripartites. 2018. Disponível em: < https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo-brasilia/ documents/publication/wcms_626908.pdf>. Acesso em 11 fev. 2019. PERES, Thiago Brandão. Informalidade: um conceito em busca de uma teoria. Revista da ABET, v. 14, n. 2, 2015. Disponível em <http://periodicos.ufpb.br/index.php/abet/article/ view/27956>. Acesso em 18 jan. 2019. RAMOS, Carlos Alberto. Setor informal: do excedente estrutural à escolha individual. Marcos interpretativos e alternativas de política. Revista Econômica, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, 2007.

Page 24: INFORMALIDADE NO BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS …

REVISTA INTERFACE

V.16 Nº 1 – Janeiro a Junho de 2019 | ISSN 2237-7506

165

RAMOS, Lauro. O desempenho recente do mercado de trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: Ipea, 2007. (Texto para discussão, 1255). Disponível em: < http://repositorio.ipea.gov.br/ handle/11058/1756> Acesso em 27 fev. 2019. ROSALDO, Manuel; TILLY, Chris; EVANS, Peter. A Conceptual Framework on Informal Work and Informal Worker Organizing. In: Presented at Experiences Organizing Informal Workers: A Comparative Investigation Forum, Los Angeles, 2012. Los Angeles, CA: UCLA Institute for Research on Labor and Employment, 2012. Disponível em: <https://irle.ucla.edu/ old/research/documents/EOIWConceptualFramework-Rosaldo-Evans-Tilly-03.12.pdf>. Acesso em 14 dez. 2018. SILVA, Luiz Antônio Machado da. Da informalidade à empregabilidade (reorganizando a dominação no mundo do trabalho). Caderno CRH, v. 15, n. 37, 2006. Disponível em: < https://portalseer.ufba.br/index.php/crh/article/view/18603/11977>. Acesso em: Acesso em 11 fev. 2019. SILVA, Sandro Pereira. Informalidade: “o que é e o que não pode ser que não é”. In: Radar: tecnologia, produção e comércio exterior, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), n. 55, 2018. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/radar/ 180209_radar_55_cap05.pdf>. Acesso em 18 jan. 2019. TOKMAN, Victor Edgardo. El sector informal 15 años después. El Trimestre Economico, jul./set. 1987. TOKMAN, Victor Edgardo. Informalidad en América Latina: Balance y perspectivas de políticas. Revista Internacional de Estadística y Geografía, México, v. 2, n.3, p. 16-31, set./dez. 2011.