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1 Homicídio e dinâmica demográfica em quatro regiões metropolitanas brasileiras: Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP) (2000-2012) *. Alex Manetta Resumo No Brasil, a despeito dos avanços sociais recentemente observados (aumento da renda e da educação; redução do desemprego, da pobreza e da desigualdade) (IBGE, 2012), as taxas de homicídio juvenil masculino permanecem elevadas, figurando entre as maiores do mundo. Tal fato sugere uma necessidade de reavaliação a respeito dos principais processos e fatores intervenientes no aumento da violência juvenil homicida no Brasil. Para tanto, escolheu-se testar a validade recente de uma hipótese demográfica que, em décadas anteriores, foi utilizada para explicar as relações entre dinâmica da população, mercado de trabalho e a elevação do homicídio entre homens jovens. O recorte adotado foi por região metropolitana, sendo escolhidas quatro das seis RM cobertas pela PME (IBGE): RM de Recife, RM de Salvador, RM do Rio de Janeiro e RM de São Paulo. Os resultados revelam que a dinâmica demográfica recente (2002/2012), caracterizada pela diminuição absoluta e proporcional de homens jovens, não tem sido devidamente acompanhada por melhorias nas condições de emprego/desemprego, em duas das quatro RM avaliadas. Da mesma forma, as taxas de homicídio juvenil masculino não apresentaram um decréscimo generalizado, como era de se esperar, aparecendo a RM de Salvador como grande exceção. Feitas essas considerações, conclui-se que a hipótese demográfica faz sentido para as RM de São Paulo e de Recife, mas não se apresenta adequada para as RM de Salvador e do Rio de Janeiro (2002-2012). Tais resultados levaram à outra conclusão: que em cada RM considerada o mercado de trabalho apresenta características e comportamentos peculiares, fato que deve ser necessariamente considerado, tanto em suas relações com a dinâmica demográfica quanto independentemente das alterações no volume e na composição da população. Palavras-chave: dinâmica demográfica; mercado de trabalho; homicídio juvenil masculino. * Trabalho apresentado no XIX Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em São Pedro/SP Brasil, de 24 a 28 de novembro de 2014. Trabalho realizado em colaboração com José Eustáquio Diniz Alves (ENCE/IBGE). Bolsista PNPD/CAPES (ENCE/IBGE).

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Homicídio e dinâmica demográfica em quatro regiões metropolitanas

brasileiras: Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São

Paulo (SP) (2000-2012)*†

.

Alex Manetta‡

Resumo

No Brasil, a despeito dos avanços sociais recentemente observados (aumento da renda e

da educação; redução do desemprego, da pobreza e da desigualdade) (IBGE, 2012), as

taxas de homicídio juvenil masculino permanecem elevadas, figurando entre as maiores

do mundo. Tal fato sugere uma necessidade de reavaliação a respeito dos principais

processos e fatores intervenientes no aumento da violência juvenil homicida no Brasil.

Para tanto, escolheu-se testar a validade recente de uma hipótese demográfica que, em

décadas anteriores, foi utilizada para explicar as relações entre dinâmica da população,

mercado de trabalho e a elevação do homicídio entre homens jovens. O recorte adotado

foi por região metropolitana, sendo escolhidas quatro das seis RM cobertas pela PME

(IBGE): RM de Recife, RM de Salvador, RM do Rio de Janeiro e RM de São Paulo.

Os resultados revelam que a dinâmica demográfica recente (2002/2012), caracterizada

pela diminuição absoluta e proporcional de homens jovens, não tem sido devidamente

acompanhada por melhorias nas condições de emprego/desemprego, em duas das quatro

RM avaliadas. Da mesma forma, as taxas de homicídio juvenil masculino não

apresentaram um decréscimo generalizado, como era de se esperar, aparecendo a RM de

Salvador como grande exceção. Feitas essas considerações, conclui-se que a hipótese

demográfica faz sentido para as RM de São Paulo e de Recife, mas não se apresenta

adequada para as RM de Salvador e do Rio de Janeiro (2002-2012). Tais resultados

levaram à outra conclusão: que em cada RM considerada o mercado de trabalho

apresenta características e comportamentos peculiares, fato que deve ser

necessariamente considerado, tanto em suas relações com a dinâmica demográfica

quanto independentemente das alterações no volume e na composição da população.

Palavras-chave: dinâmica demográfica; mercado de trabalho; homicídio juvenil

masculino.

* Trabalho apresentado no XIX Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em São

Pedro/SP – Brasil, de 24 a 28 de novembro de 2014. † Trabalho realizado em colaboração com José Eustáquio Diniz Alves (ENCE/IBGE).

‡ Bolsista PNPD/CAPES (ENCE/IBGE).

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Introdução

Em acordo com Domenach (1981), a violência é „tão velha quanto o mundo‟.

Entretanto, sua manifestação se mantém atualizada, evidenciando-se, muitas vezes,

como uma característica própria do mundo contemporâneo (Santos, 2000).

A palavra „violência‟ tem suas origens reconhecidas no latim (violentia), relacionada ao

emprego da força física, mas com o tempo passou a abarcar também questões éticas,

morais e normativas (Michaud, 1986).

A violência já foi definida como um impulso instintivo despertado em função da

autopreservação, sendo, portanto, irracional. Hoje há praticamente um consenso no

sentido de que a violência é racional e instrumental por natureza, pertencendo ao setor

político das atividades humanas (Arendt, 1985:35-44).

A noção de violência, pela amplitude de ações e de situações que inclui, foi definida

também como tudo aquilo que aumenta a distância entre o „potencial‟ e o „atual‟, assim

como tudo o que impede que essa distância diminua. Em acordo com essa definição, se

uma pessoa morreu de tuberculose no Século XVIII, seria difícil conceber o fato como

violência, uma vez que tenderia a ser bastante inevitável. Mas se uma pessoa hoje morre

de tuberculose, apesar de todos os recursos médicos e sanitários disponíveis, então a

idéia de violência está presente (Galtung, 1969).

Na tentativa de elucidar as diferentes expressões da violência, Galtung (1996)

considerou „violência direta‟ como a perpetração de atos de agressão física dos quais

decorrem traumatismos, lesões ou a morte. Refere-se aos atos violentos diretamente

exercidos entre pessoas (indivíduos e grupos de indivíduos), tendo como expressão

maior o homicídio.

„Violência estrutural‟ tem seus significados relacionados à vigência de uma ordem

social cujo funcionamento implica em oportunidades desiguais para seus membros,

expressas pela seletividade do mercado de trabalho, pelas diferenças de rendimento e

pelas desigualdades em geral. „Violência cultural‟ faz referência ao elemento

ideológico, ou moral, capaz de justificar a perpetração de atos violentos, tornando-os

socialmente aceitáveis. A ideia que move essa distinção categórica e sua articulação

através de um „triângulo vicioso‟ é bem simples: „violência gera violência‟ (Galtung,

1996).

No Brasil, pode-se dizer que a violência, em qualquer uma de suas formas, é um

fenômeno constitutivo da própria sociedade (Velho, 2000). As primeiras grandes

vítimas do processo de colonização foram os indígenas que, por muito tempo, foram

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considerados „animais‟ (desprovidos de alma), noção que justificou largamente a

maneira brutal como foram tratados.

Segundo Livi-Bacci (2002), houve um verdadeiro genocídio dos ameríndios que

habitavam o território brasileiro, com a população indígena declinando de um número

em torno de 2,5 milhões em 1500 para cerca de 800 mil índios („pacificados‟ e „não

submissos‟), em 1819.

A violência foi marcante na evolução e constituição da sociedade brasileira também

através do tráfico de africanos e da escravidão, que prevaleceu no país durante cerca de

350 anos. O Brasil foi o país que mais „importou‟ escravos da África, sendo que, em

meados Século XIX, cerca de dois terços da população brasileira era de origem africana

(Merrick e Graham, 1979).

O Brasil foi o último país do mundo a acabar com a escravidão institucionalizada. Além

dos trabalhos forçados, dos castigos, das perseguições e de todos os outros tipos de

violência (moral, sexual e etc.) a que os africanos e seus descendentes foram

submetidos, a escravidão deixou uma herança de exclusão, preconceito, indiferença e

desigualdade, que contribui amplamente para a difusão e aceitação da violência até hoje

vigente no país, dificultando enormemente a construção de uma sociedade justa e

pacífica.

Apesar de o país ter passado por momentos decisivos de sua história sem grandes

eventos de violência direta, as práticas violentas estiveram sempre presentes nas

relações desiguais de poder, no campo e nas cidades, na vida social, política, econômica

e familiar, conforme descrições, análises e narrativas contidas em clássicos da literatura

nacional§ e internacional

**.

A violência, na forma de guerra civil, não foi a „parteira‟ de grandes acontecimentos

históricos ocorridos no Brasil, a exemplo do que ocorreu em outros países††

, fato que

pode estar na origem do mito da „cordialidade‡‡

‟ do homem brasileiro.

A independência (1822), por exemplo, foi liderada pelo príncipe herdeiro; o fim da

escravidão (1888) aconteceu pelas mãos da princesa regente; o fim da monarquia e a

Proclamação da República aconteceram de maneira gradual, sem grandes conflitos

§ Referência a obras como „Os sertões‟ de Euclides da Cunha (1902); „Grande sertão veredas‟, de João

Guimarães Rosa (1956); „Casa grande e senzala‟, de Gilberto Freire (1933); „Raízes do Brasil‟, de Sérgio

Buarque de Holanda (1936) e „Formação do Brasil Contemporâneo‟, de Caio Prado Júnior (1944). **

Referência à obra „A guerra do fim do mundo‟, de Mário Vargas Llosa (1981). ††

Como exemplos, podemos citar a guerra da secessão norte-americana (1861 a 1865), ou as guerras pela

independência na América Latina e África lusófona durante os Séculos XIX e XX . ‡‡

Referência à noção de cordialidade, exposta por Gilberto Freire na obra „Casa grande e senzala‟ (1933).

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armados, e assim sucessivamente: com a queda da República Velha (1930), com o fim

do Estado Novo (1945), com a volta de Getúlio Vargas ao poder (1950) e com o final da

ditadura militar (1985).

No entanto, a história mostra que vários outros movimentos políticos e sociais foram

violentamente reprimidos no Brasil, como o Quilombo de Palmares (1695) em Alagoas

e Pernambuco; a Inconfidência Mineira (1789); a Revolta dos Malês (1835) e a

Sabinada na Bahia (1837-1838); a Balaiada no Maranhão (1838-1841); Canudos na

Bahia (1896-1897); a Revolta da Chibata no Rio de Janeiro (1910) e Contestado, em

Santa Catarina e no Paraná (1912-1916).

Contemporaneamente, vários outros segmentos sociais seguem reprimidos, tanto por

atos de violência direta quanto por contextos de violência cultural e estrutural. O

„massacre do Carandiru‟ (São Paulo, 1992) serve como exemplo, quando 111 detentos

foram assassinados. Apesar da brutalidade empregada, a repercussão dos fatos foi

abrandada na sociedade (Ferreira e. al., 2012), pois: “... presos são quase todos pretos...

e todos sabem como se tratam os pretos...§§

”.

Mais recentemente, atos de desocupação e de reintegração de posse empreendidos com

uso de força policial, na comunidade do „Pinheirinho‟ (São José dos Campos, 2012), no

antigo prédio do „Museu do índio‟ (Rio de Janeiro, 2013) e no antigo prédio do hotel

„Aquarius‟ (São Paulo, 2014), exemplificam o uso da violência na resolução de

conflitos entre forças extremamente desiguais.

Como vimos, a violência é uma constante na história da sociedade brasileira. Sugere-se,

no entanto, que o panorama recente, desde meados da década de 1980, apresenta

novidades, ou seja, características peculiares evidenciadas, em primeiro plano, pelos

altos índices de violência juvenil homicida.

Em termos demográficos, os homicídios não só reduzem a esperança de vida e influem

na razão de sexo da população brasileira (Manetta e Alves, 2014), como interferem

também na dinâmica familiar e social, ao interromperem de forma precoce o ciclo de

vida de homens e mulheres.

Além das tragédias pessoais e familiares que essas mortes representam, a vitimização de

significativos volumes de jovens constitui um grave problema econômico, que influi nas

condições de desenvolvimento das sociedades (Cerqueira e Moura, 2013).

§§

Trechos da música „Haiti‟, de Gilberto Gil e Caetano Veloso (álbum „Tropicália 2‟ - Wea/1993).

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A magnitude desse problema revela a demanda por mais estudos, capazes de contribuir

com o melhor entendimento dos fatores e processos intervenientes na manifestação da

violência homicida entre homens jovens no Brasil.

Somente através de um entendimento mais abrangente, será possível ampliar as

possibilidades de formulação estratégica e de gerenciamento de ações, voltadas à

mitigação desse desastre que se agravou e se tornou crônico na sociedade brasileira.

1 - Violência e homicídio juvenil masculino no Brasil contemporâneo

Wieviorka (2007) lembra que a violência não é a mesma de um período a outro, já que

cada época se caracteriza por um repertório específico de possibilidades de ação.

Com a globalização, emergiram formas „implacáveis‟ de relações sociais e econômicas,

justificadas por noções de riqueza, de prosperidade e de equilíbrio macroeconômico, às

quais todas as economias nacionais têm sido impelidas a se adaptarem. Em tais

condições, o dinheiro se tornou „onipresente‟ e a acumulação uma meta (Santos, 2000).

A necessidade de capitalização, real ou imaginária, conduz à adoção de uma ética da

competitividade como regra de convivência, entre pessoas, Estados e empresas,

constituindo-se uma espécie de „guerra na qual tudo vale‟. Em tal contexto, a

possibilidade de lucro acaba por legitimar a tomada de ações hegemônicas sem

responsabilidades perante a coletividade humana, como um convite ao exercício da

violência (Santos, 2000).

Os efeitos da globalização sobre a estrutura social, ao ocorrerem de modo contraditório,

heterogêneo e desigual, desenvolvem a interdependência, a integração e a dinamização

entre vários setores econômicos, entre localidades (próximas ou distantes) e entre

distintos segmentos da população. Ao mesmo tempo, são desenvolvidas as

desigualdades, as tensões e os antagonismos característicos da sociedade atual,

multiplicando-se as possibilidades de associação, organizadas conflituosamente em

torno de interesses divergentes, tornando-se complexas as questões sociais, o que não

exclui os comportamentos relativos à criminalidade e à violência contemporâneas

(Santos, 1999).

Por isso, o tipo de violência que nesse momento específico se torna particularmente

relevante, o homicídio entre homens jovens, tal como se expressa nas grandes cidades e

regiões metropolitanas brasileiras, não se reduz a atos ou contextos isolados, pois está

em acordo com uma ética pragmática dominante e com uma lógica subserviente ao

capital.

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Nesse sentido, o agente de muitas violências está se engajando com finalidades

predominantemente econômicas. Não que a violência esteja reduzida exclusivamente às

suas dimensões de violência racional, com motivação instrumental, pois, ainda hoje,

suas manifestações seculares estão a persistir (Wieviorka, 2007).

O entendimento das motivações predominantes para a elevação da violência juvenil

homicida no Brasil deve, portanto, passar pelo reconhecimento de um sistema

ideológico, através do qual são intensificados todos os aspectos que remetem ao

consumo e ao individualismo (Wieviorka, 2007).

De fato, uma revolução nos modelos de consumo chegou também ao Brasil,

acompanhada por valores culturais marcados pela carência de limites morais (Zaluar,

2007), fazendo com que prevaleça o „arbítrio‟ do processo econômico, em todos os

âmbitos a vida social (Caniato, 2008).

Seguindo práticas que relacionam masculinidade, status social, crime e dinheiro, jovens

do sexo masculino, nem sempre os mais destituídos, são atraídos por essa identidade e

se incorporam aos grupos criminosos (Zaluar, 1999), tornando-se mais vulneráveis ao

risco de vitimização por homicídio.

Em tais condições, muitos jovens estão sendo atraídos pelo crime-negócio,

especialmente pelo comércio de drogas, estabelecendo-se um estado de guerra em

muitos municípios do país, sobretudo em contextos nos quais a percepção das péssimas

condições de sobrevivência se conjuga a percepção das oportunidades imediatas que o

ingresso no crime oferece (Zaluar, 2007).

Trata-se de um fenômeno que deve ser discutido na perspectiva da complexidade, ou

seja, de como a falta de melhores oportunidades para homens jovens está relacionada

aos mecanismos e aos fluxos constituintes de economias transnacionais do crime no

Brasil (Zaluar, 2007).

Seguindo essa linha de raciocínio, as localidades marcadas pela precariedade estrutural

e pela relativa omissão do poder público, tendem a estar aptas como abrigo de

atividades criminalizadas.

De maneira correlata, a população local, especialmente a população juvenil masculina,

se torna um recurso em potencial, na forma de mão de obra, barata e descartável,

empregada na linha de frente da criminalidade urbana.

A elevada incidência de homicídio juvenil masculino entre residentes de bairros

periféricos sugere, portanto, os maiores potenciais de integração juvenil masculina na

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criminalidade, representados por contextos onde a sobreposição de carências se revela

uma questão estrutural.

De fato, no Brasil, o crescimento das taxas de homicídio afetou particularmente o

segmento juvenil masculino (Waiselfizs, 2008:10), tanto nas capitais e regiões

metropolitanas quanto no interior do país (Waiselfizs, 2010:65), sobretudo nas

periferias urbanas (Adorno, 2002).

Nesse cenário, ganham destaque ao menos três (das seis) características da mortalidade

violenta no Brasil, descritas por Minayo (2009): 1) a concentração dos homicídios por

sexo, idade e local de residência; 2) elevadas e crescentes taxas nas últimas décadas e 3)

a utilização crescente de armas de fogo***

.

Frente à complexidade do tema, reconhece-se a necessidade de uma reavaliação

constante a respeito dos principais processos e fatores envolvidos nessa problemática.

Dentre as principais explicações para a elevação das taxas de homicídio entre homens

jovens no Brasil, destacam-se aquelas relacionadas à vigência de problemas sociais,

como a desigualdade, a pobreza e o desemprego. Outra linha de explicação, que se

entrecruza com a primeira, tem origem na análise da dinâmica demográfica.

Faz-se menção às noções de „onda jovem‟ e de „descontinuidades demográficas‟

(Bercovich e Madeira, 1990; Bercovich, 2003; Bercovich e Massé, 2000), cujas

principais referências estão no processo de transição demográfica, especificamente no

que diz respeito às alterações na estrutura etária da população e suas relações com: 1) as

mudanças nas condições de absorção de jovens pelo mercado de trabalho e 2) o agravo

da criminalidade e da violência juvenil homicida.

2 - Linhas explicativas para a elevação do homicídio juvenil no Brasil

A persistência das desigualdades sociais, da pobreza e do desemprego, têm sido

aspectos avaliados como fatores básicos desencadeadores de elevadas taxas de

homicídio juvenil masculino, ao constituírem contextos propícios ao desenvolvimento

da criminalidade e da violência urbana no Brasil.

A análise espacial da evolução dos homicídios na região metropolitana de Campinas

(SP) (década de 1990), por exemplo, revelou como os distintos grupos populacionais

***

Reconhece-se a importância da disponibilidade de armas de fogo na dinâmica atual da violência

juvenil homicida, assim como a tendência a elevados potenciais de letalidade representados por

confrontos nos quais têm sido utilizadas, sejam confrontos de caráter interpessoal, entre grupos

criminosos ou resultantes de intervenções legais.

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tendem a ser diferentemente afetados, evidenciando-se as maiores taxas de vitimização

para os homens jovens residentes de bairros desprivilegiados (Aidar, 2002).

Cardia et. al. (2003) observaram a sobreposição espacial da violência homicida às

situações de precariedade estrutural na região metropolitana de São Paulo (SP)

(1991/1997). Macedo et. al. (2001), ao realizarem uma classificação da população por

estratos sociais (Salvador - BA) (1991/1994), encontraram as mais elevadas taxas de

homicídio entre a população de menor renda e menor escolaridade.

Ferreira et. al. (2008), ao realizarem uma análise sobre a manifestação do homicídio em

Brasília (DF) (2004), reconheceram que no espaço urbano da capital federal são

expressivas as relações entre desigualdades socioeconômicas e a distribuição espacial

dos homicídios, por local de residência da vítima.

Os resultados desses estudos evidenciam os maiores potenciais de violência homicida

presentes em conjunturas onde o desemprego e o sentimento de exclusão atingem mais

extensos segmentos da população (Minayo, 2005).

Outra linha explicativa introduz a análise da dinâmica demográfica, como fator de

agravo nas condições de inserção laboral e de sobrevivência entre homens jovens.

Como efeito de variações nas componentes da dinâmica demográfica, a pirâmide etária

brasileira tem passado por estreitamentos e alargamentos bruscos, produtos do aumento

e da diminuição do número de nascimentos em anos subsequentes.

Denominou-se „descontinuidades‟ a essas variações no tamanho de coortes sucessivas e

„onda jovem‟ o incremento volumoso de jovens na população total, decorrente do boom

de nascimentos ocorridos em décadas anteriores. Essas noções estão ligadas a uma

abordagem que privilegia relações entre onda jovem, mercado de trabalho (Bercovich e

Madeira, 1990; Bercovich e Massé, 2004) e o agravo das condições de sobrevivência

entre jovens (Bercovich, 2004).

A questão central encontra-se na analise do comportamento do mercado de trabalho

com relação à pressão do contingente jovem, e suas consequências em termos sociais:

possíveis implicações do aumento da competitividade entre jovens no contexto dos

conflitos e tensões sociais, particularmente no que diz respeito à disseminação da

criminalidade e do homicídio.

As dificuldades impostas aos jovens em encontrar ocupação laboral adequada têm sido

aspectos relevantes na explicação da elevação da criminalidade urbana e das taxas de

homicídio no Brasil, sobretudo durante os anos 1990, quando foi registrado um

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incremento volumoso da população jovem†††

, em um período no qual a economia

brasileira se encontrava em recessão e as taxas de homicídio se elevaram entre homens

jovens.

Estudos anteriores (Bercovich e Madeira, 1990; Bercovich, 2004; Bercovich e Massé,

2004) trazem evidências de que o enorme incremento de população jovem, registrado

durante os anos 1990, não foi devidamente acompanhado pelo incremento de jovens

ocupados, processo que tenderia a contextos de deterioração social, com influências

sobre o valor dos salários, sobre a demanda por empregos e, em última análise, sobre os

índices de criminalidade urbana e de violência juvenil homicida.

Easterlin (1980:3-33) já considerava que o sucesso particular dos membros de uma

coorte dependeria, dentre outros fatores, da quantidade de seus membros. Ou seja, se o

volume de jovens em uma sociedade é crescente e a oferta de empregos para essa

população se mantém, como resultado esperado teríamos uma tendência à elevação da

competição, com reflexos nas taxas de desemprego e no desenvolvimento de situações

mais amplas de deterioração social.

Feitas essas considerações, explicita-se o objetivo geral desse estudo: testar a validade

recente (2002/2012) das formulações que relacionaram, em décadas passadas, a

dinâmica demográfica a um processo de agravo nas condições de vida da população

jovem, o que inclui más condições de inserção laboral e a elevação do risco de

vitimização por homicídio.

Como objetivo específico, propõe-se observar se há relações entre três distintos

fenômenos: as alterações na composição etária da população; a evolução das taxas de

emprego, de desemprego e de inatividade; e a elevação das taxas de homicídio entre

homens jovens, por grupos de idade (15-19 e 20-24 anos), nas RM de Recife, de

Salvador, do Rio de Janeiro e de São Paulo (2002-2012).

3 - Materiais e métodos

Pretende-se avaliar as relações entre a dinâmica demográfica, as condições de ocupação

e de desemprego, e as taxas de homicídio juvenil masculino, nas RM de Recife, de

Salvador, do Rio de Janeiro e de São Paulo, com o intuito de testar a validade recente

(2002-2012) da explicação demográfica.

†††

No Brasil, durante os anos 1990 (1991-2000) foi registrado um intenso incremento da população

jovem (15 a 24 anos) (volume próximo aos cinco milhões e meio de pessoas) (Censos Demográficos 1991

e 2000 – IBGE).

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Para tanto, foram avaliados, separadamente, três conjuntos de dados (dinâmica

demográfica; ocupação, desemprego e inatividade e homicídio), para que depois esses

resultados possam ser objeto da discussão e das considerações finais.

As informações sobre a dinâmica demográfica - por ano, sexo e grupos de idade - foram

calculadas com base no Censo Demográfico (2010) e nas Projeções Populacionais

(2002/2012), ambas as bases disponibilizadas pelo IBGE. Para a avaliação das

tendências da ocupação, do desemprego e da inatividade, foram utilizados os resultados

da Pesquisa Nacional do Emprego (PME, 2002-2012), também disponibilizados pelo

IBGE.

Para o cálculo das taxas de homicídio foram utilizados os registros oficiais de óbitos

disponibilizados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/DATSUS/MS),

classificados em acordo com a décima revisão da Classificação Internacional de

Doenças (CID-10). São considerados homicídios os óbitos registrados nas categorias de

X85 a Y09 e Y35/Y36 (2002-2012).

4 - Resultados e discussão

Conforme explicitado em „Materiais e métodos‟, pretende-se observar a relevância

recente da explicação que associa a dinâmica da população ao mercado de trabalho e ao

homicídio juvenil masculino, nas RM de Recife, de Salvador, do Rio de Janeiro e de

São Paulo. Na sequência do texto, são apresentados os resultados, a discussão e as

considerações finais.

4.1 - Dinâmica demográfica da população juvenil masculina nas RM de Recife, de

Salvador, do Rio de Janeiro e de São Paulo (2002-2012)

Uma breve análise da evolução do volume de homens jovens, por ano e grupos de

idade, revela que no início do período (2002-2006), o volume da coorte dos 15 aos 19

anos era ligeiramente superior ao volume da coorte dos 20 aos 24 anos, nas RM

avaliadas. Entretanto, entre os anos de 2007 e 2012, o volume da coorte dos 20 aos 24

anos passou a superar o volume da coorte dos 15 aos 19 anos, demonstrando uma

tendência de envelhecimento da população jovem (Censo Demográfico, 2010; Projeções

Populacionais, 2002-2012 - IBGE).

Essas alterações na composição da população juvenil masculina foram acompanhadas

por um decremento geral em seu volume, mais intenso para as coortes dos 15 aos 19

anos do que para as coortes dos 20 aos 24 anos, nas RM de Recife, de Salvador e do Rio

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de Janeiro. Na RM de São Paulo, embora o número absoluto de homens com idades

entre 20 e 24 anos tenha registrado um leve incremento, seu volume foi amplamente

superado pelo decremento de homens jovens com idades entre 15 e 19 anos (2002-

2012) (Gráfico 1).

Fonte: Censo Demográfico (2010) e Projeções Populacionais (2002 e 2012) - IBGE.

Além da redução no volume absoluto, a dinâmica demográfica levou a uma redução

também na representação percentual de coortes juvenis na população total masculina,

mais intensa para as coortes dos 15 aos 19 anos do que para as coortes dos 20 aos 24

anos, nas quatro RM observadas (Gráfico 2).

Fonte: Censo Demográfico (2010) e Projeções Populacionais (2002 e 2012) – IBGE.

-120.000

-100.000

-80.000

-60.000

-40.000

-20.000

0

20.000

RM de Recife RM de SalvadorRM do Rio de

Janeiro RM de São Paulo

Gráfico 1. RM - incremento/decremento no volume de jovens por grupos de idade (2002-2012).

15-19 anos 20-24 anos

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

RM de Recife RM de SalvadorRM do Rio de

Janeiro RM de São Paulo

(%)

Gráfico 2. RM - variação percentual da proporção de jovens na população masculina por grupos de idade

(2002-2012).

15-19 anos 20-24 anos

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12

Os diferencias dessa redução proporcional de jovens na população masculina (2002-

2012) são evidentes entre as RM observadas. Nota-se que a RM de Salvador registrou

as maiores variações percentuais, tanto para a coorte dos 15 aos 19 quanto para a coorte

dos 20 aos 24 anos. Na sequência das maiores variações relativas aparecem as RM de

Recife, de São Paulo (particularmente em relação à coorte dos 15 aos 19 anos) e do Rio

de Janeiro (Gráfico 2).

Em acordo com o ponto de vista demográfico, o decremento absoluto e proporcional de

homens jovens (2002-2012) tende a representar uma redução da pressão na demanda

por inserção laboral, para esse segmento específico da população, sendo criadas

oportunidades para uma melhoria nos indicadores de ocupação laboral e de desemprego,

caracterizando-se ainda por uma tendência positiva nas condições gerais de

sobrevivência da população juvenil masculina.

Essas melhorias tenderiam, portanto, a serem mais evidentes nas RM de Salvador e de

Recife, onde as variações no percentual de jovens na população masculina foram mais

acentuadas. Da mesma maneira, essas melhorias tenderiam a ser mais sensíveis para as

coortes com idades entre 15 e 19 anos, por registrarem uma diminuição relativa mais

intensa, em comparação com a coorte dos 20 aos 24 anos.

Com intuito de verificar se a diminuição da pressão populacional se converteu em

melhorias nas condições de inserção laboral, são analisados dados sobre ocupação,

desemprego e inatividade para homens jovens (15-19 e 20-24 anos) nas RM de

interesse, por ano e grupos de idade (2002-2012).

4.2 - Ocupação, desemprego e inatividade entre a população juvenil masculina nas

RM de Recife, de Salvador, do Rio de Janeiro e de São Paulo (2002-2012)

Uma análise das taxas de ocupação, nas RM de Recife, de Salvador, do Rio de Janeiro e

de São Paulo (2002-2012) salienta, em primeiro plano, o diferencial nos níveis de

emprego entre homens jovens, por grupos de idade (15-19 e 20-24 anos). Essa diferença

era já esperada, considerando que a coorte dos 15 aos 19 anos é composta, em sua

maioria, por pessoas em idade escolar e, por esse motivo, tende a pressionar menos o

mercado de trabalho (Gráfico 3).

Em termos de ocupação, são salientadas também as diferenças entre as RM de interesse.

Nesse sentido, a RM de São Paulo se destaca com as maiores taxas, tanto para a coorte

dos 15 aos 19 quanto para a coorte dos 20 aos 24 anos. Em segundo lugar, aparece a

RM do Rio de Janeiro, de forma mais evidente para a coorte dos 20 aos 24 anos, com

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13

algumas oscilações. E em terceiro lugar, se alternando durante o período, aparecem as

RM de Recife e de Salvador, para as duas coortes analisadas (2002-2012) (Gráfico 3).

Gráfico 3. RM - taxas de ocupação de homens jovens por ano e grupos de idade

(2002/2012).

Fonte: PME (2002/2012) – IBGE.

As taxas de ocupação revelam uma relativa estabilidade na RM de São Paulo, em uma

tendência, porém, de crescimento. Nas RM de Recife, de Salvador e do Rio de Janeiro

as taxas apresentaram menor estabilidade e oscilaram mais no período, tornando difícil

o reconhecimento de alguma tendência (Gráfico 3).

Entretanto, uma análise da variação percentual da ocupação, entre o início e o final do

período (2002-2012), demonstra que na RM de Recife, as taxas de ocupação

aumentaram mais de 10%, para as duas coortes avaliadas, resultado que reforça a tese

da onda jovem (Gráfico 4).

Na RM de Salvador, onde a variação da população juvenil masculina foi relativamente

maior, as taxas de ocupação diminuíram no período, por volta de 13 e 3%, para os

jovens com idades entre 15-19 e 20-24 anos, respectivamente. A redução das taxas de

ocupação na RM de Salvador foi maior justamente para a coorte que apresentou a maior

redução em sua representação proporcional: a população de 15 aos 19 anos (Gráfico 4),

em um efeito oposto ao esperado em contextos de diminuição percentual e absoluto das

coortes jovens.

Na RM do Rio de Janeiro as taxas de ocupação também diminuíram, variando quase

19% para a coorte dos 15 aos 19 anos e por volta de 0,5% para a coorte dos 20 aos 24

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2020 2011 2012

(%)

Recife (15-19) Recife (20-24)Salvador (15-19) Salvador (20-24)Rio de Janeiro (15-19) Rio de Janeiro (20-24)São Paulo (15-19) São Paulo (20-24)

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anos (Gráfico 4), reconhecendo-se também um efeito oposto ao esperado em contextos

de diminuição percentual e absoluta das coortes jovens.

Fonte: PME (2002/2012) – IBGE.

Na RM de São Paulo, as taxas de ocupação aumentaram no período, sendo que variaram

quase 8% para a coorte com idade de 15 aos 19 anos e por volta de 3% para a coorte

com idades entre 20 e 24 anos (Gráfico 4), em uma evolução que condiz relativamente

bem com a explicação demográfica, já que a representação percentual das coortes

juvenis residentes decresceu de forma mais acentuada para a coorte dos 15 aos 19 anos,

em comparação com a coorte dos 20-24 anos.

Pensando, portanto, nas relações entre dinâmica demográfica e mercado de trabalho, em

um primeiro momento, parece evidente que a redução proporcional das coortes juvenis

masculinas pode ter se convertido na melhoria das condições de ocupação laboral nas

RM de São Paulo e de Recife (onde as taxas de ocupação aumentaram), mas não nas

RM de Salvador e do Rio de Janeiro (onde as taxas de ocupação diminuíram).

Com relação às taxas de desemprego entre homens jovens, é fato que oscilaram bastante

no período, segundo o ano, a coorte e a RM. Nota-se, no entanto, uma tendência geral

de decrescimento nas taxas para os dois grupos etários considerados, em cada uma das

RM, assim como uma tendência de convergência entre as taxas das duas coortes

avaliadas, no final do período (2012), com exceção da RM do Rio de Janeiro (2002-

2012) (Gráfico 5).

-20-15-10

-505

1015

15-19anos

20-24anos

15-19anos

20-24anos

15-19anos

20-24anos

15-19anos

20-24anos

RM Recife RM Salvador RM Rio deJaneiro

RM São Paulo

(%)

Gráfico 4. RM - variação percentual das taxas de ocupação entre homens jovens por grupos de idade

(2002/2012).

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15

Na RM de Recife as taxas de desemprego foram mais elevadas para a coorte dos 20 aos

24 anos, durante a maior parte do período, com exceção dos anos 2005 e 2009, quando a

coorte dos 15 aos 19 anos apresentou taxas mais elevadas. Com relação à RM de

Salvador, as taxas de desemprego foram mais elevadas para a coorte dos 15 aos 19 anos,

com exceção dos anos de 2002 e 2006, quando as taxas da coorte dos 20 aos 24 anos

foram mais elevadas (2002-2012) (Gráfico 5).

Gráfico 5. RM - taxas de desemprego de homens jovens por ano e grupos de idade

(2002/2012).

Fonte: PME (2002/2012) – IBGE.

Na RM do Rio de Janeiro, as taxas de desemprego oscilaram bastante, no entanto,

mantiveram-se mais elevadas para a coorte dos 20 aos 24 anos, durante todo o período,

com exceção dos anos de 2004 e 2008, quando as taxas das duas coortes praticamente

convergiram. Na RM de São Paulo, as taxas de desemprego foram mais elevadas para a

coorte dos 15 aos 19 anos, durante todo o período, com exceção do ano de 2009, quando

as taxas das duas coortes convergiram (2002-2012) (Gráfico 5).

Entre o início e o final do período (2002-2012), as taxas de desemprego diminuíram

para as duas coortes avaliadas, nas RM de Salvador, do Rio de Janeiro e de São Paulo,

sendo que na RM de Recife o desemprego diminuiu consideravelmente para a coorte

dos 20 aos 24 anos e aumentou um pouco para a coorte dos 15 aos 19 anos (Gráfico 6).

0

5

10

15

20

25

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2020 2011 2012

(%)

Recife (15-19) Recife (20-24)Salvador (15-19) Salvador (20-24)Rio de Janeiro (15-19) Rio de Janeiro (20-24)São Paulo (15-19) São Paulo (20-24)

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Fonte: PME (2002/2012) – IBGE.

O decrescimento nas taxas de desemprego é um resultado esperado em contextos de

diminuição absoluta e proporcional da população jovem. No entanto, a diminuição do

desemprego só foi acompanhada pelo aumento da ocupação nas RM de Recife e de São

Paulo. Como veremos, nas RM de Salvador e do Rio de Janeiro, a diminuição do

desemprego não foi acompanhada pela elevação da ocupação, mas sim pela elevação da

inatividade (2002-2012).

As taxas de inatividade foram mais elevadas paras as coortes dos 15 aos 19 anos do que

para as coortes dos 20 aos 24 anos, nas quatro RM avaliadas. Com relação às duas

coortes avaliadas (15-19 e 20-24 anos), a inatividade foi mais elevada nas RM do Rio

de Janeiro, de Recife e de Salvador do que na RM de São Paulo. Houve, no entanto,

uma tendência de elevação da inatividade em todas as RM avaliadas. Apesar das

oscilações, essa elevação foi mais evidente nas RM de Salvador e do Rio de Janeiro do

que nas RM do Recife e de São Paulo (2002-2012) (Gráficos 7 e 8).

A variação percentual da inatividade entre homens jovens (2002-2012) foi positiva, para

as duas coortes (15-19 e 20-24 anos), nas RM de Salvador, do Rio de Janeiro e de São

Paulo. Na RM de Recife, essa variação foi positiva para a coorte dos 20 aos 24 e

negativa para a coorte dos 15 aos 19 anos. Esse indicador destaca ainda o elevadíssimo

aumento percentual das taxas de inatividade entre homens da coorte dos 20 aos 24 anos,

nas RM de Salvador e do Rio de Janeiro (2002/2012) (Gráfico 8).

-70-60-50-40-30-20-10

010

15-19anos

20-24anos

15-19anos

20-24anos

15-19anos

20-24anos

15-19anos

20-24anos

RM Recife RM Salvador RM Rio deJaneiro

RM São Paulo

(%)

Gráfico 6. RM - variação percentual das taxas de desemprego entre homens jovens por grupos de idade

(2002/2012).

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Gráfico 7. RM - taxas de inatividade de homens jovens por ano e grupos de idade

(2002/2012).

Fonte: PME (2002/2012) – IBGE.

Fonte: PME (2002/2012) – IBGE.

Nesse ponto da avaliação, salienta-se que somente a RM de São Paulo apresentou

indicação de que a dinâmica de redução proporcional de jovens na população masculina

tenha sido acompanhada pela redução da pressão no mercado de trabalho para as

coortes juvenis (15-19 e 20-24 anos). É interessante notar que o aumento na ocupação e

a diminuição no desemprego foram mais intensos para a coortes dos 15 aos 19 anos,

justamente a coorte jovem que mais diminuiu no período, em termos absolutos e

percentuais (2002-2012).

0

10

20

30

40

50

60

70

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2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2020 2011 2012

(%)

Recife (15-19) Recife (20-24)Salvador (15-19) Salvador (20-24)Rio de Janeiro (15-19) Rio de Janeiro (20-24)São Paulo (15-19) São Paulo (20-24)

-200

20406080

100120

15-19anos

20-24anos

15-19anos

20-24anos

15-19anos

20-24anos

15-19anos

20-24anos

RM Recife RM Salvador RM Rio deJaneiro

RM São Paulo

(%)

Gráfico 8. RM - variação percentual das taxas de inatividade entre homens jovens por grupos de idade

(2002/2012).

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De fato, na RM de São Paulo, foi registrado um aumento gradual nas taxas de ocupação

e uma diminuição nas taxas de desemprego, com um aumento brando nas taxas de

inatividade (2002-2012). Esse parece ser um resultado conjunto da diminuição da

pressão das coortes jovens no mercado de trabalho e do aumento da matrícula no ensino

formal, em seus diversos níveis (fundamental, técnico e superior), provavelmente em

uma conjuntura estável de ocupação e de outras oportunidades de inserção social.

Na RM de Recife o comportamento do mercado de trabalho correspondeu parcialmente

ao esperado, em contextos de diminuição percentual da população juvenil masculina, já

que as taxas de ocupação melhoram para as duas coortes (15-19 e 20-24 anos) e as taxas

de desemprego somente diminuíram para a coorte dos 20 aos 24 anos. Entretanto, o

aumento da taxa de desemprego para a coorte dos 15 aos 19 anos não ocorreu em

função da diminuição da ocupação, mas em função de uma diminuição da inatividade,

fato que pode estar ligado a uma estrutura social com menos oportunidade de inserção

através de sistemas do ensino formal, fato que poderia levar muitos jovens com idades

entre 15 e 19 anos à busca por emprego.

Na RM de Salvador, onde a diminuição proporcional das coortes juvenis masculinas foi

mais intensa, as taxas de ocupação e de desemprego caíram ao mesmo tempo em que as

taxas de inatividade aumentaram. Essa situação foi mais evidente no caso da coorte dos

15 aos 19 anos, justamente aquela que mais decresceu no período (2002-2012).

Talvez essa diminuição nas taxas de ocupação e de desemprego, com aumento da

inatividade, na RM de Salvador, possa estar relacionada à vigência de programas

públicos voltados à diminuição do trabalho infanto-juvenil e aumento nas taxas de

matrícula escolar, sobretudo com relação aos jovens com idades entre 15 e 19 anos,

constituindo-se, portanto, como indicadores de melhoria no bem-estar social. No

entanto, se a elevação nas taxas de inatividade está relacionada a um aumento na

proporção de jovens que não estudam, não trabalham e não procuram emprego, essa é

uma conjuntura preocupante.

Na RM do Rio de Janeiro se observa uma situação semelhante à observada na RM de

Salvador, onde caíram a ocupação e o desemprego, e aumentou a inatividade, para os

dois grupos etários observados. Porém, diferentemente do observado na RM de

Salvador, essa situação se intensificou mais para a coorte dos 20 aos 24 anos.

Feitas essas considerações, assume-se que do ponto de vista possibilitado pela

explicação demográfica, somente nas RM de São Paulo e de Recife é que a diminuição

da pressão das coortes jovens foi acompanhada pela melhoria dos indicadores de

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ocupação e desemprego, sobretudo na RM de São Paulo, onde foram registras as mais

elevadas taxas de ocupação, que evoluíram gradualmente em uma tendência positiva.

Nas RM de São Paulo e de Recife, são esperados, portanto, resultados mais intensos em

termos de melhoria nas condições de sobrevivência entre homens jovens, com relação

às RM de Salvador e do Rio de Janeiro, onde o mercado de trabalho para a população

juvenil não apresentou indicação de melhorias.

Para verificar se tais tendências condizem com o esperado, foi analisada a evolução das

taxas de homicídio juvenil masculino, por ano e grupos de idade, nas RM de interesse

(2002-2012).

4.3 - Homicídio juvenil masculino nas RM de Recife, de Salvador, do Rio de

Janeiro e de São Paulo (2002-2012)

Nas RM de Recife, do Rio de Janeiro e de São Paulo, as taxas de homicídio juvenil

masculino mantiveram-se mais elevadas para a coorte dos 20 aos 24 do que para as

coortes dos 15 aos 19 anos, em tendências visivelmente decrescentes. Na RM de

Salvador as taxas de homicídio mantiveram-se também mais elevadas para a coorte dos

20 aos 24 anos, com exceção do final do período (2012), quando a taxas da coorte dos

15 aos 19 anos foi mais elevada, em uma tendência de elevação que destoa da tendência

de decrescimento observada nas outras RM (2002-2012) (Gráfico 9).

Os diferencias na evolução das taxas de homicídio juvenil masculino (2002-2012) são

visíveis, portanto, entre as RM avaliadas. Na RM de Recife, onde foram registradas as

maiores taxas no início do período (2002-2007), observa-se um significativo

decrescimento, chegando ao final do período (2012) com taxas menores do que as taxas

observadas na RM de Salvador (2002-2012) (Gráfico 9).

Na RM de Salvador, onde foram registradas as menores taxas no início do período

(2002 e 2003), foi observada uma intensa elevação, chegando ao final do período com

as mais elevadas taxas de homicídio juvenil masculino dentre as RM avaliadas (2002-

2012) (Gráfico 9).

Na RM do Rio de Janeiro, as taxas de homicídio juvenil masculino caíram

sensivelmente, mantendo-se mais elevadas somente com relação às taxas observadas na

RM de São Paulo, onde as taxas também caíram e mantiveram-se como as mais

„moderadas‟, desde meados até o final do período (2006-2012) (Gráfico 9).

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Gráfico 9. RM – taxas específicas de homicídios de homens jovens por ano e

grupos de idade (2002/2012).

Fonte: SIM/DATASUS/MS.

Na RM de São Paulo, foram registrados os maiores decréscimos nas taxas de homicídio

juvenil masculino, dentre as RM avaliadas, seguidos pelos decréscimos registrados nas

RM do Rio de Janeiro e de Recife, sobretudo com relação à coorte dos 20 aos 24 anos.

Na RM de Salvador houve um acréscimo evidente nas taxas de homicídio juvenil

masculino, mais intenso para a coorte dos 15 aos 19 anos do que para a coorte dos 20

aos 24 anos (2002-2012) (Gráfico 10).

Feitas essa considerações, pode-se afirmar que nas RM de Recife, do Rio de Janeiro e

de São Paulo, as taxas de homicídio juvenil masculino declinaram, em acordo com as

tendências esperadas com relação ao decréscimo percentual de jovens na população

masculina. No entanto, somente nas RM de São Paulo e de Recife, a dinâmica da

população jovem parece ter sido acompanhada por melhorias nos indicadores de

ocupação e de desemprego, aliadas a um decréscimo significativo das taxas de

homicídio entre homens jovens (2002-2012).

Na RM do Rio de Janeiro, o balanço entre dinâmica demográfica e mercado de trabalho

não representou melhorias nos indicadores de ocupação, pelo contrário, e o desemprego

diminuiu à custa de um aumento significativo na inatividade, em situação parecida com

a da RM de Salvador. No entanto, as taxas de homicídio juvenil masculino, na RM do

Rio de Janeiro, diminuíram, ao passo que as taxas da RM de Salvador aumentaram

preocupantemente.

0

100

200

300

400

500

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

ho

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ídio

s p

ara

cad

a 1

00

mil

Recife (15-19 anos Recife (20-24 anos)

Salvador (15-19 anos) Salvador (20-24 anos)

Rio de Janeiro (15-19 anos) Rio de Janeiro (20-24 anos)

São Paulo (15-19 anos) São Paulo (20-24 anos)

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Fonte: SIM/DATASUS/MS.

A diferença entre o ocorrido nas RM do Rio de Janeiro e de Salvador pode estar nas

diferentes capacidades de absorção juvenil em sistemas públicos e particulares de

ensino, além de outras oportunidades de inserção social, quando muitos jovens inativos

poderiam estar apenas estudando. Entretanto, se esses jovens inativos não estudam e

não trabalham a situação tende a ser realmente preocupante.

Além das variáveis „população‟ e „mercado de trabalho‟, outras variáveis tem sido

consideradas importantes nos processos de aumento/declínio das taxas de homicídios

entre homens jovens no Brasil, como as políticas públicas de aumento da matrícula

escolar, a campanha do desarmamento e políticas de repressão (encarceramento e

aumento do efetivo policial), assim como os diferenciais nos níveis de organização do

crime-negócio.

Considerando exclusivamente as políticas de repressão ao crime, avaliou-se que

diferentes estratégias policiais tendem a representarem efeitos distintos sobre as taxas de

homicídio. Frente ao diferencial entre os níveis e às tendências recentes do homicídio

juvenil masculino nas diferentes UF, e à evolução das políticas de segurança pública no

Brasil, Sachsida e Mendonça (2014) se perguntam: o que funciona em São Paulo

funciona também na Bahia?

Da mesma maneira, outros fatores podem variar significativamente seu peso nas

tendências de acréscimo/decréscimo da violência juvenil homicida, segundo contextos

socioeconômicos diferenciados, de modo que é preciso ponderar bem as influências de

-100

0

100

200

300

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500

15-19anos

20-24anos

15-19anos

20-24anos

15-19anos

20-24anos

15-19anos

20-24anos

RM Recife RM Salvador RM Rio deJaneiro

RM São Paulo

(%)

Gráfico 10. RM - variação percentual das taxas de homicídio juvenil masculino por grupos de idade (2002-

2012).

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22

cada variável em situações específicas, como é o caso da dinâmica demográfica e do

mercado de trabalho nas RM de interesse nesse artigo.

5 - Considerações finais

Conclui-se que a explicação demográfica para a elevação das taxas de homicídio juvenil

masculino não se aplica aos casos das RM de Salvador e do Rio de Janeiro, mas se

aplica aos casos das RM de São Paulo e de Recife.

Conclui-se também que a diminuição nos percentuais de homens jovens na população

total só será convertida em melhores indicadores de ocupação/desemprego, caso o

mercado de trabalho para jovens apresente melhorias ou, ao menos, estabilidade durante

o período avaliado. Desse modo, a equação esperada entre dinâmica demográfica,

mercado de trabalho e melhorias nas condições de sobrevivência entre homens jovens,

não seria possível em qualquer contexto.

Por fim, é necessário assinalar a necessidade de serem integradas mais variáveis.

Destacamos a variabilidade representada pela peculiaridade dos mercados de trabalho,

em cada uma das regiões metropolitanas brasileiras, expressas também segundo sexo e

grupos de idade, conforme assinalado por Muniz (2002). Parece conveniente, portanto,

a geração de modelos complexos e refinados, para o aprofundamento das análises que

envolvem dinâmica demográfica, mercado de trabalho e homicídio juvenil masculino no

Brasil.

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