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  • Revista Eletrônica Parlatorium – ISSN 1983-7437

    FAMINAS-BH – Faculdade de Minas

    Mantenedora: Lael Varella Educação e Cultura Ltda

    Diretor-presidente: Lael Vieira Varella Filho

    Gerente Administrativo: Geraldo Lúcio do Carmo

    Mantida: Faculdade de Minas-BH - FAMINAS-BH

    Diretor Geral: Luciano Ferreira Varella

    Diretora Acadêmica: Ivana de Cássia Raimundo

    Conselho Editorial

    Profa. Dra. Ivana de Cássia Raimundo (FAMINAS-BH)

    Profa. Dra. Patrícia Maia Guidine (FAMINAS-BH)

    Profa. Dra. Cláudia Maria Borges Rech (FAMINAS-BH)

    Prof. Dr. Lucas Miranda Kangussu (FAMINAS-BH)

    Profa. Dra. Nancy Scardua Binda (FAMINAS-BH)

    Prof. Dr. Daniel Carlos Ferreira Lanza (UFRN)

    Profa. Dra. Luciana Menolli Lanza (UnP)

    Prof. Dr. Cláudio Henrique Ribeiro da Silva (UFOP)

    Profa. Dra. Alessandra Duarte Clarizia

    Profa. Dra. Maira de Castro Lima (UFSJ)

    Prof. Dr. Gustavo Henrique de Souza e Rezende (UFMG)

    Profa. Dra. Luciana Estefane Drumond de Carvalho (UFSJ)

    Prof. Me. André de Abreu Costa (UFOP)

  • Comissão Científica

    Prof. Dr. Daniel Carlos Ferreira Lanza

    Prof. Dr. Vicente de Paulo Martins

    Prof. Me. André de Abreu Costa

    Prof. Me. Daniel Almeida da Silva e Silva

    Prof. Me. Frederico Crepaldi Nascimento

    Prof. Me. Leandro Gonzaga de Oliveira

    Profa. Dra. Adriana Monte Cassiano Canavaci

    Profa. Dra. Luciana Menolli Lanza

    Profa. Dra. Luciana Rocha Brandão

    Profa. Dra. Nancy Scardua Binda

    Profa. Dra. Patrícia Alves Maia Guidine

    Profa. Dra. Taízia Dutra Silva

    Profa. Me. Karine Silvestre Ferreira

    Profa. Me. Raíssa Silva Souza

    Editores

    Profa. Dra. Patrícia Alves Maia Guidine

    Prof. Me. André de Abreu Costa

  • Revista Eletrônica Parlatorium

    Nº 8 – Julho – Dezembro de 2014

    ARTIGOS PUBLICADOS NESTE VOLUME

    (em ordem alfabética de título):

    A CONTRIBUIÇÃO DA PRÁTICA INTERDISCIPLINAR PARA A

    REALIZAÇÃO DOS ESTÁGIOS CURRICULARES DA GRADUAÇÃO EM

    FARMÁCIA

    Maria Betânia Freitas Marques, Taízia Dutra Silva, Adriana Nascimento de Souza

    A EFICÁCIA DO MESILATO DE IMATINIBE NO TRATAMENTO DE

    LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA

    Anna Luiza Tolentino, Emerson Ferreira, Fernanda Buecker, Karine Silvestre

    ANÁLISE DE OPINIÕES ENTRE MÉDICOS E ESTUDANTES DE DIREITO

    SOBRE A EUTANÁSIA

    Lorena de Souza Pereira, Suelen Silva Franca, Dalton Dittz Júnior

    APLICABILIDADE DA NANOTECNOLOGIA EM DERMOCOSMÉTICOS EM

    FARMÁCIA COMUNITÁRIA BELO HORIZONTE-MG

    Maria Beatriz de Miranda Almeida; Alberto Diego Costa Jorge; Aline Soares Cirino;

    Andréa Cec í l i o De Oliveira; Roberta Cristina Abreu; Cássia Aparecida De Oliveira

    ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA LEISHMANIOSE VISCERAL EM BELO

    HORIZONTE/MG NO PERÍODO DE 1994 A 2013

    Caroline Alves de Araújo, Daniela Camargos Costa

    AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE A DENGUE NA

    POPULAÇÃO ADSCRITA A UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NA REGIÃO

    DE VENDA NOVA, EM BELO HORIZONTE-MG

    Rodolfo Neiva de Sousa, Pablo Martins Chaves, Giovana Sousa Silva, Thais S. Damiani,

    Ricardo Alexandre de Souza

  • EDUCAÇÃO EM SAÚDE: ATIVIDADE LÚDICA NO ENSINO DA

    ASCARIDÍASE

    Ingrid Caroline Silva Dias, Lorena de Souza Pereira, Daniela Camargos Costa

    ESTRATÉGIAS DA GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA PARA O ENSINO DE

    CIÊNCIAS EM UMA ESCOLA PÚBLICA NA CIDADE DE BELO HORIZONTE-

    MG

    Cláudia Maria Correia Borges Rech, Laressa Lima Amâncio; Raphaela Dias Fernandes;

    Vanessa Oliveira Patrocínio; Maria Betânia de Freitas Marques

    REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE INOVAÇÃO DE FORMAS

    FARMACÊUTICAS SÓLIDAS ORAIS

    Sulaimy Gabriele Silva Ponciano; Débora Rodrigues de Souza Costa; Gláucia Fernandes

    de Souza; Priscila dos Reis Lima; Thaís Caroline Guerra; Thatianne Francielle Gonçalves

    da Silva; Maria Betânia de Freitas Marques, Dalton Dittz

    HIV/AIDS: UM BREVE HISTÓRICO, SEUS TRATAMENTOS E INOVAÇÕES

    João Paulo Bambirra Duarte, Gabriela Maíra Pereira de Assis, Sheyla Moura Carvalho,

    Fernando Henrique Mendes, Karine Silvestre Ferreira

    MEDICINA NUCLEAR: O USO DO RADIOFÁRMACO DE TECNÉCIO-99M

    NO DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS CARDÍACAS

    Thaysa Hellen Peres, Sieila de Oliveira Perdigão, Gustavo Carvalho Scarabelli, Mônica

    Paiva Schettini

    OS AVANÇOS DAS PESQUISAS BIOMÉDICAS NO AUXÍLIO DO

    DIAGNÓSTICO PRECOCE DA HANSENÍASE

    Gislaine Souza dos Santos; Daniela Camargos Costa

    PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO BELOHORIZONTINA SOBRE IRRADIAÇÃO

    DE ALIMENTOS

    Evelin Pinheiro Viana, Camila Mariana Souza e Silva,Natália Andrade Celestino, Camila

    Henriques Coelho

  • PESQUISA DE MICRO-ORGANISMOS EM DIFERENTES PONTOS

    AMOSTRADOS NA FACULDADE DE MINAS DE BELO HORIZONTE

    (FAMINAS-BH)

    Adão Rogerio da Silva, Dayseanne Rodrigues Tomaz; Luciana Rocha Brandão

    CONHECIMENTO DA TOXOPLASMOSE NA POPULAÇÃO QUE TEM

    GATOS COMO ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

    Gabriela Lorrayne Vilas Bôas Neves da Silva; Daniela Camargos

    UMA REVISÃO SOBRE HEMOFILIAS, SUAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E

    DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

    Marcos Antônio de Paula, Jéssica Ferraz Ribeiro, João Paulo Bambirra Duarte, Karine

    Silvestre Ferreira

    USUCAPIÃO FAMILIAR: ENSAIOS SOBRE UM DESACERTO

    Patrícia de Moura Rocha; Frederico Oliveira Freitas; Ana Priscila Ferreira Ramos

  • A CONTRIBUIÇÃO DA PRÁTICA INTERDISCIPLINAR PARA A REALIZAÇÃO

    DOS ESTÁGIOS CURRICULARES DA GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

    Maria Betânia Freitas Marques1*, Taízia Dutra Silva1, Adriana Nascimento de Souza1

    1 Faculdade de Minas

    *e-mail: [email protected]

    RESUMO

    A interdisciplinaridade é uma prática do conhecimento que propicia integração com diferentes disciplinas, com

    diferentes alunos e docentes, o encontro de cada abordagem das unidades de ensino na constituição da sabedoria

    real, articulando teoria e prática. No cenário da aprendizagem as práticas profissionais podem ser vivenciadas por

    meio dos estágios curriculares que proporcionam condições de treinamento e requerem habilidades exclusivas de

    coletividade e interdisciplinaridade. Assim os autores desse trabalho propõem a implantação da prática da

    interdisciplinaridade entre as unidades de ensino do curso de graduação em Farmácia para a realização dos estágios

    curriculares. Em cada período do curso Trabalhos Interdisciplinares Supervisionados, de cunho obrigatório são

    delineados e desenvolvidos acerca de um tema central e projetados para a inserção dos discentes no campo de

    estágio. A prática interdisciplinar foi bem sucedida e contribuiu positivamente para as atividades desenvolvidas

    nos estágios curriculares.

    Palavras-chave: Interdisciplinaridade, Estágio curricular de Farmácia, Educação Farmacêutica

    ABSTRACT

    Interdisciplinarity is a practical knowledge that provides integration with different disciplines with different

    students and teachers, the meeting of each approach of teaching units in the constitution of real wisdom, linking

    theory and practice. In the learning scenario professional practices can be experienced through internships that

    provide training conditions and require unique skills of community and interdisciplinarity. So the authors of this

    study propose the implementation of the practice of interdisciplinary teaching units of the undergraduate course in

    Pharmacy for the realization of internships. In each period of the course Work Interdisciplinary Supervised,

    mandatory nature are designed and developed on a central theme and designed for the insertion of the students in

    the training field. Interdisciplinary practice was successful and contributed positively to the activities developed

    in internships.

    Key-words: Interdisciplinarity, Traineeship in Pharmacy, Pharmaceutical Education

    INTRODUÇÃO

    A interdisciplinaridade é uma prática do conhecimento que propicia integração com diferentes

    disciplinas, com diferentes alunos e docentes, o encontro de cada abordagem das unidades de

    ensino na constituição da sabedoria real, articulando teoria e prática. Ela abrange aspectos

    visíveis e invisíveis do ensino, da pesquisa e da extensão, numa aproximação paralela e ao

  • mesmo tempo entrelaçada das palavras e figuras que vão sendo correlacionadas (FAZENDA,

    CASADEI, 2012).

    O termo interdisciplinaridade significa, também, uma relação de reciprocidade, de mutualidade,

    que pressupõe uma atitude diferente a ser assumida frente ao problema do conhecimento, ou

    seja, é a substituição de uma concepção fragmentária para uma concepção unitária de ser

    humano. A interdisciplinaridade propõe a partir de uma coordenação geral a integração de

    objetivos, atividades, procedimentos e planejamentos (FAZENDA, 2000; CARDOSO, et al.,

    2008).

    Essa prática surge em decorrência da diversidade de várias disciplinas, aproveitando sua

    identidade individual e sua aplicação direta, que são aceitas como enriquecimento e

    complementaridade de aquisições e concepções coletivas. A interdisciplinaridade se caracteriza

    pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de integração das disciplinas na

    prática profissional (FAVARÃO, ARAÚJO, 2004; JAPIASSU, 2011).

    A interdisciplinaridade pressupõe atitudes de abertura, livres de preconceito, onde todo o

    conhecimento é igualmente importante, assim como a anulação do conhecimento individual

    frente ao saber universal. Destacam-se aspectos como atitudes coerentes, sendo que é na

    opinião crítica ao outro que fundamenta-se a opinião particular, supondo uma postura única,

    engajada e comprometida frente aos fatos da realidade educacional e pedagógica (FAZENDA,

    CASADEI, 2012).

    As categorias favoráveis à interdisciplinaridade e à autonomia constituem referências para

    pensar e agir frente a problemas complexos, estruturantes e emergentes, na contemporaneidade.

    Nesse contexto é desejável e necessário superar o paradigma disciplinar convencional

    individualista que, em muitos campos de conhecimento e de formação, representa a

    conservação de modelos acostumados e apenas reprodutores do processo de ensino.

    No cenário da aprendizagem as práticas profissionais podem ser vivenciadas por meio dos

    estágios curriculares que proporcionam condições de treinamento e requerem habilidades

    exclusivas de coletividade, interdisciplinaridade e em muitos ambientes senso

    multiprofissional. A realização obrigatória do estágio permite a transição acadêmico-

    profissional e contempla a mobilidade do discente diante das possíveis áreas de atuação.

    O estágio curricular descrito pelas Diretrizes Nacionais Curriculares (DNC) do curso de

    graduação em Farmácia, RE nº 02/2002 do Conselho Nacional de Educação (CNE), deve atingir

    no mínimo 20% da carga horária total do curso podendo ser realizado na Instituição de Ensino

    Superior e/ou fora dela, em instituição/empresa credenciada, com orientação docente e

    supervisão local (BRASIL, 2002).

    De acordo com essa normatização a formação do Farmacêutico tem por objetivo dotar o

    profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício de seis competências e habilidades

    gerais e trinta e uma competências e habilidades específicas que garantam a formação

    generalista, humanista, crítica e reflexiva do egresso, o que pode se tornar um desafio diante da

    carga horária mínima exigida, ou seja, quatro mil horas (BRASIL, 2002).

    A fim de otimizar o processo de ensino-aprendizagem a prática interdisciplinar têm se tornado

    uma ferramenta determinadora da aplicação dos conteúdos abordados nas unidades de ensino

  • de modo a valorizar a atividade do estágio em melhor aproveitamento possibilitando

    rendimento ótimo ao discente.

    Diante desse cenário os autores desse trabalho propõem a implantação da prática da

    interdisciplinaridade entre as unidades de ensino do curso de graduação em Farmácia para a

    realização dos estágios curriculares.

    METODOLOGIA

    Foi desenvolvida uma pesquisa de caráter exploratório conforme descrito por Gil (2002) por

    meio do estudo de um caso real em educação Farmacêutica, assim para fins de exemplificação

    foi adotada a matriz curricular do curso de graduação em Farmácia da Faculdade de Minas,

    FAMINAS-BH, como modelo de sistematização das unidades de ensino.

    A partir das unidades de ensino organizadas na modalidade seriada semestral, o Núcleo Docente

    Estruturante (NDE) do curso definiu temas a serem abordados nos trabalhos interdisciplinares

    a serem desenvolvidos em equipe durante o semestre letivo. Cada equipe escolhe um sub-tema

    relacionado, desenvolve as atividades inerentes e apresenta um produto didático avaliativo a

    uma banca avaliadora.

    Para definição do tema a ser abordado em cada período do curso alguns critérios são

    observados. Os temas devem contemplar as unidades de ensino correspondentes e o eixo

    temático da formação do farmacêutico a ser praticado no estágio curricular apropriado com

    possibilidade de apresentação do produto didático final do trabalho interdisciplinar às pessoas

    que usufruem dos serviços daquele ambiente de trabalho ou até mesmo aos profissionais.

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

    A matriz curricular do curso de bacharelado em Farmácia da FAMINAS-BH foi estruturada a

    partir das DNC 02/2002 do CNE bem como do Modelo Referencial de Ensino para uma

    Formação Farmacêutica com Qualidade, documento elaborado pelo Conselho Federal de

    Farmácia (CFF) e publicado no ano de 2008 (BRASIL, 2002; CONSELHO..., 2008).

    Dentre as metodologias de ensino adotadas no curso a maior contribuição para a prática

    interdisciplinar deve-se à realização do Trabalho Interdisciplinar Supervisionado (TIS) do

    primeiro ao oitavo período como atividade avaliativa, portanto, compulsória. O TIS é uma

    atividade institucionalizada conduzido em equipe sob orientação docente. O trabalho se inicia

    no começo do semestre letivo e é finalizado na forma de apresentação para a comunidade

    acadêmica ou e/ou profissionais no fim do semestre.

    Em cada período é adotado um tema central que contempla a magnitude da etapa de formação

    farmacêutica dos discentes por meio da complexidade das unidades de ensino abordadas, a

    saber, Atuação profissional, Educação em saúde, Estudo de caso real em bioética, Pesquisa

    quantitativa em saúde, Atenção Farmacêutica em distúrbios menores, Inovação em saúde,

  • Desenvolvimento farmacotécnico de produto para uso externo e Formas Farmacêuticas

    alternativas. O delineamento dos temas e a condução do trabalho foram determinados NDE do

    curso de Farmácia com aprovação pelo Conselho Superior de Ensino da FAMINAS-BH. Cabe

    ao colegiado do curso o acompanhamento da atividade na forma de orientação devidamente

    documentada, assim as equipe de trabalho junto ao docente orientador definem o sub-tema a

    ser abordado.

    Na estrutura curricular do curso unidades de ensino dos períodos iniciais como Biologia Geral

    (citologia, histologia e embriologia), Anatomia, Genética, Química Geral e Inorgânica,

    Química Orgânica, Química Analítica, Fisiologia, Bioquímica, Microbiologia, importantes

    para a fundamentação das Ciências Farmacêuticas e essenciais para a prática profissional se

    comunicam por meio dos temas Atuação Profissional (1º período) e Promoção em saúde (2º

    período).

    Os temas do 3º e 4º períodos, Estudo de caso real em bioética e Pesquisa quantitativa em saúde,

    respectivamente, compartilham disciplinas que transitam entre o ciclo básico e o início do ciclo

    médio do curso, como Ética, Legislação e Deontologia, Imunologia, Bioquímica,

    Farmacologia, Farmacobotânica e Estatística.

    Ao iniciar o 5º período o TIS é discorrido com o tema Atenção Farmacêutica em distúrbios

    menores, cujo planejamento é dedicado para treinar o discente que será inserido nos estágios

    curriculares que iniciarão no semestre posterior. Nesse contexto as unidades de ensino

    Assistência e Atenção Farmacêutica, Garantia de Qualidade em Farmácia, Farmacognosia,

    Fisiopatologia e Farmacoterapia compartilham fundamentos para a prática assistencialista em

    Farmácia Clínica nos ambientes de Drogaria e Saúde Pública. O produto apresentado nesse

    momento trata-se de uma cartilha educativa sobre a Atenção Farmacêutica em algum distúrbio

    menor e que deve ser aplicada em campo.

    Em continuidade à formação do egresso, o TIS do 6º período aborda Inovação em saúde cujo

    produto final de apresentação é a proposta de um artigo científico, original ou de revisão, no

    qual o discente se aproxima da escrita técnica e da importância da divulgação da pesquisa para

    a evolução da ciência. Unidades de ensino como Parasitologia, Bioquímica clínica, Assim,

    todos os manuscritos são elaborados de acordo com as normas de uma revista científica da área

    e são submetidos para a publicação.

    Os temas Desenvolvimento farmacotécnico de produto para uso externo e Formas

    Farmacêuticas alternativas, 7º e 8º período, respectivamente, aprimoram a capacidade

    inovadora e técnica dos discentes, pois ocorre a proposta de produtos farmacêuticos a nível

    magistral e industrial, que são embasados por Farmacotécnica, Controle de Qualidade e

    Tecnologia Farmacêutica e relacionam diretamente a inserção do discente no campo da

    indústria farmacêutica e indiretamente nos campos das análises clínicas, toxicológicas e de

    alimentos.

    Vale ressaltar que as unidades de ensino Português, Sócio antropologia, Políticas de Saúde,

    Psicologia e Empreendedorismo, cujo eixo estruturante é as Ciências Humanas e Sociais, são

    abordados de modo transversal ao longo da matriz e que independe do período em curso, ou

    seja, em todos os TIS deve haver produção textual, aprimoramento gramatical, estudo do

  • homem como objeto principal do meio, organização e execução das práticas de promoção à

    saúde e gestão, princípios essenciais para a prática do profissional da área de saúde.

    Os Docentes são a ferramenta principal em todo o processo, pois com o apoio da coordenação

    do curso contribuem de modo significativo para o entendimento das práticas interdisciplinares

    o que treina o discente desde os anos iniciais do curso até o momento da inserção no campo de

    estágio, que se inicia a partir do 6º período.

    A prática da interdisciplinaridade por meio da execução do TIS agrega não só aspectos técnicos

    aos discentes, mas valores importantes do trabalho em equipe, já que grupos são formados para

    a execução das atividades e, com isso proporcionam habilidades coletivas como a administração

    de conflitos, a comunicação, a pro-atividade, a capacidade de inovação e a confiança recíproca,

    fundamentais no ambiente do estágio e posteriormente no cotidiano profissional.

    Nota-se que os discentes treinados por meio dessa prática interdisciplinar apresentam facilidade

    no desenrolar das atividades executadas nos ambientes de estágio, o que pode ser verificado por

    meio de depoimentos dos discentes, dos docentes das aulas de estágio e dos profissionais

    preceptores do campo, o que indica a contribuição positiva do TIS para a realização dos estágios

    curriculares.

    CONCLUSÃO

    A organização do currículo do bacharel em Farmácia deve propiciar a prática interdisciplinar

    objetivando o perfil do egresso. A perspectiva da educação continuada deve ser concebida como

    uma realidade dinâmica, flexível, propiciando a integração teoria e prática, o diálogo entre as

    diferentes ciências e saberes, e as atividades facilitadoras da construção de competências. Para

    que isso ocorra a organização do currículo deve contemplar os princípios da flexibilização e

    principalmente da interdisciplinaridade inerentes ao ambiente profissional cotidiano. A

    execução de trabalhos interdisciplinares é uma técnica de aprendizagem efetiva para devida

    contextualização da prática do discente de Farmácia.

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    BRASIL. Resolução nº 2 de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais

    do Curso de Graduação em Farmácia. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação

    Superior. Diário Oficial da União, Brasília, 4 de março de 2002. Seção 1, p. 9.

    CARDOSO, F. S., et al. Interdisciplinaridade: fatos a considerar. R. B. E. C. T., v. 1, n. 1,

    2008.

    CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Modelo Referencial de Ensino para uma

    Formação Farmacêutica com Qualidade. Brasília, 2008, 113 p.

    FAVARÃO, N. R. L.; ARAÚJO. C. S. A. Importância da Interdisciplinaridade no Ensino

    Superior. Revista da Educação, v.4, n. 2, p.103-115, 2004.

  • FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 6. ed. Campinas:

    Papirus. 2000.

    FAZENDA, I. C. A.; CASADEI, S., R. Natureza e interdisciplinaridade: reflexões para a

    educação básica. Interdisciplinaridade, v. 1, n. 2, p. 43-71, 2012.

    GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

    JAPIASSU, H. Ciências: questões impertinentes. São Paulo: Ed. Ideias & Letras, p. 51, 2011.

  • 1

    A EFICÁCIA DO MESILATO DE IMATINIBE NO TRATAMENTO DE LEUCEMIA

    MIELÓIDE CRÔNICA

    THE EFFECTIVENESS OF THE TREATMENT IMATINB MESYLATE CHRONIC

    MYELOID LEUKEMIA

    Anna Luiza TOLENTINO¹, Emerson FERREIRA¹, Fernanda BUECKER¹, Karine

    SILVESTRE²

    ¹Curso de Biomedicina – FAMINAS – Belo Horizonte- MG

    Email: [email protected]

    ²Faculdade de Minas –FAMINAS–Belo Horizonte- MG

    Email: [email protected]

    Resumo:

    A leucemia mielóide crônica (LMC) é uma neoplasia da medula óssea, que transforma a célula progenitora

    hematopoiética normal em maligna, caracterizada pela presença do cromossomo philadelphia (Ph), que resulta

    da translocação recíproca entre os braços longos dos cromossomos 9q34 e 22q11, gerando a proteína híbrida

    BCR-ABL, com atividade aumentada de tirosina quinase. O principal objetivo deste trabalho é descrever a

    leucemia mielóide crônica e suas terapias inovadoras. O diagnóstico da leucemia mielóide crônica é feito com

    base na análise e interpretação do hemograma do paciente, imunofenotipagem, citometria de fluxo e mielograma.

    Dentre as opções terapêuticas estão a hidroxiureia, o interferon-a, o transplante de medula óssea e o mesilato de

    imatinibe, sendo esta última a terapêutica a que tem demonstrado a melhor eficácia e por apresentar respostas

    duradouras. Conclui- se, portanto com este trabalho que o mesilato de imatinebe produz respostas

    consideravelmente positivas, mas que necessita de um controle rigoroso, pois, os efeitos em longo prazo ainda

    não são totalmente elucidados.

    Palavras-Chave

    Leucemia mielóide crônica, mesilato de imatinibe, eficácia do glivec e tratamento da leucemia mielóide crônica

    Abstract

    Chronic myeloid leukemia (CML) is a bone marrow malignancy, which turns normal hematopoietic progenitor

    cell malignancy characterized by the presence of the Philadelphia chromosome (Ph) resulting from the reciprocal

    translocation between the long arms of chromosomes 9q34 and 22q11, generating the BCR-ABL hybrid protein

    with increased tyrosine kinase activity. The aim of this study is to describe chronic myeloid leukemia and its

    inovadoras.O diagnosis therapies of chronic myeloid leukemia is based on the analysis and interpretation of the

    patient's blood count, immunophenotyping, flow cytometry and bone marrow. Among the therapeutic options are

    hydroxyurea, interferon-a, bone marrow transplantation and imatinib mesylate, the latter being a therapy which

    has shown the best efficacy and provide long-lasting responses. If so we concluded with this work that mesylate

    imatinebe produces pretty positive responses, but that requires a strict control because the long-term effects are

    not yet fully elucidated.

    KEYWORDS

    Chronic myeloid leukemia, imatinib mesylate, effectiveness of glivec and treatment of chronic myeloid leukemia

  • 2

    1 Introdução

    Câncer é o nome dado a um conjunto de doenças que têm como característica principal o

    crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se

    para outras regiões do corpo, dando origem a metástase. A divisão rápida e desordenada

    destas células determinam a formação de tumores ou neoplasias malignas. Entretanto, um

    tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam

    vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de

    vida. A doença pode ocorrer em qualquer tecido do corpo. Os tipos de câncer são divididos

    nas seguintes categorias: carcinomas, sarcomas, leucemias, linfomas, mielomas e os tumores

    do sistema nervoso central (INCA, 2013).

    A Leucemia é uma doença maligna que acomete os leucócitos e se origina de alterações

    genéticas adquiridas, produzidas na medula óssea. As Leucemias são divididas nas categorias

    mielóide ou mielocítica (quando se origina nos leucócitos, como granulócitos e monócitos) e

    linfóide ou linfocítica (cuja origem se dá nos linfócitos). Em relação ao tipo de célula

    envolvida no desenvolvimento da doença, elas são subdivididas nas formas aguda ou crônica.

    Assim, existem quatro tipos principais de leucemia: Leucemia mielóide aguda (LMA),

    leucemia mielóide crônica (LMC), leucemia linfóide aguda (LLA) e leucemia linfóide crônica

    (LLC) (ABRALE, 2012).

    O objetivo do tratamento da leucemia mieloide crônica é a eliminação das células que contêm

    o cromossomo Ph, e uma completa remissão (ABRALE, 2012).

    Anterior ao desenvolvimento dos inibidores da tirosino quinase, as opções terapêuticas eram o

    transplante de medula óssea (TMO), e considerada a única abordagem terapêutica curativa, o

    interferon-a, e a hidroxiuréia, historicamente utilizados no tratamento da LMC. A hidroxiureia

    é utilizada como terapêutica de escolha para pacientes refratários ou intolerantes ao

    interferon-a embora apresente alta toxicidade (LEE, 2008).

    A quimioterapia foi um dos principais tratamentos para pacientes com LMC, mas é indicada

    com menos frequência, agora que os inibidores da tirosina quinase estão disponíveis

    (ABRALE, 2012).

    Recentemente o tratamento com mesilato de imatinibe via oral representa uma nova

    expectativa de para os pacientes, pois apresenta uma alta taxa de remissão da doença e tem

  • 3

    apresentado efeitos adversos mínimos e bem tolerados, sendo os mais frequentes: cefaleia,

    náuseas/vômitos e diarréia (ALVARENGA, 2010).

    Outro inibidor da tirosina quinase e o desatinibe chamado de segunda linha, utilizado em

    pacientes resistentes ou intolerantes ao mesilato de imatinibe (ABRALE, 2012).

    Os objetivos deste trabalho são descrever os aspectos gerais da leucemia mielóide crônica,

    avaliar a eficácia do tratamento atual comparando com outras terapias e descrever os métodos

    de diagnósticos da leucemia mielóide crônica.

    3 Metodologia

    A metodologia utilizada no presente trabalho, para a pesquisa de artigos, seguiu critérios de

    inclusão restritos como: leucemia mielóide crônica, mesilato de imatinibe, eficácia do glivec e

    tratamento da leucemia mielóide crônica em português. As bases de dados utilizadas foram

    PubMed (Medline), Scielo e Instituto Nacional do Câncer (INCA).

    4 Desenvolvimento

    A Leucemia Mielóide Crônica (LMC) é uma doença mieloproliferativa crônica clonal, que se

    caracteriza pelo aparecimento de células granulocíticas jovens no sangue circulante,

    esplenomegalia e presença do cromossomo Philadelphia (Ph), resultante da translocação entre

    os braços longos dos cromossomos 9q34 e 22q11, gerando a proteína híbrida BCR-ABL, com

    elevada atividade de tirosino quinase que é responsável pela oncogênese inicial da LMC

    (ABREU, 2009).

    A proteína BCR-ABL se apresenta em praticamente todos os pacientes com LMC. O resultado

    da atividade elevada de tirosino quinase, induz a medula óssea a proliferar um clone de

    células mielóides malignas e inibidores da apoptose constantemente, resultando no excesso

    destas células. A descoberta dessas alterações moleculares possibilitou o desenvolvimento das

    terapias e métodos para monitorização da doença. Em condições normais, o gene BCR

  • 4

    expresso no cromossomo 22 codifica uma proteína com função relacionada à regulação do

    ciclo celular, enquanto o gene ABL expresso no cromossomo 9 codifica a proteína tirosino

    quinase (ANDRADE, 2008); (ABREU, 2009).

    A LMC representa 20% das leucemias e sua incidência é de 1 a 2/100.000 habitantes. Embora

    a idade média de aparecimento da doença seja entre 50 a 60 anos, a LMC pode acometer

    todas as faixas etárias. Ela é dividida em três fases: a crônica, a acelerada e por último a fase

    blástica, que se não tratada, resultará na morte do paciente (CASTRO, 2012).

    O aparecimento dos sintomas na LMC se deve ao fato da substituição das células sadias pelas

    células doentes na medula óssea. Sendo assim, os pacientes apresentam queda de plaquetas e

    de células sanguíneas, os sintomas relatados em geral são mal-estar, cansaço, palidez (devido

    a anemia), sudorese, perda de peso, desconforto no hipocôndrio esquerdo, devido ao aumento

    do baço e do fígado (hepatoesplenomegalia), anemia, e intolerância a altas temperaturas.

    Cerca de 20 a 40% dos pacientes são assintomáticos. A doença é frequentemente descoberta

    durante exames clínicos periódicos, como exames de sangue (hemograma, eritrograma e

    leucograma). Nestes exames é possível observar a presença de células granulocíticas imaturas

    como mieloblasto, promielócito, mielócito, metamielócito, eritroblastos e núcleos ou

    fragmentos de megacariócitos no sangue periférico, além do discreto aumento de monócitos.

    A maioria dos pacientes apresentam também basofilia e eosinofilia (BORTOLHEIRO, 2008).

    O diagnóstico da leucemia mielóide crônica é feito com base na análise e interpretação do

    hemograma do paciente, que visa avaliar o grau de alteração das células sanguíneas. Outro

    exame que auxilia no diagnóstico da LMC é a imunofenotipagem, capaz de detectar antígenos

    de superfície, citoplasmáticos e nucleares, expressos por células leucêmicas. Este exame é útil

    na caracterização das leucemias, pois identifica e reconhece os subtipos de leucemia pelos

    parâmetros morfológicos das células. A imunofenotipagem eleva para 99% o percentual de

    casos corretamente classificados, permitindo identificar a linhagem celular e os diferentes

    estágios de maturação da célula. Recentemente o método citogenético de citometria de fluxo

    tem sido utilizado para se diagnosticar leucemias, por que analisa uma quantidade maior de

    células em menor tempo. Esta metodologia é útil na análise das linhagens e da maturação das

    células leucêmicas, pois permite determinar múltiplos antígenos co-expressos em uma única

    célula. (HAMERSCHLAK, 2012)

    Como diagnóstico, também pode ser utilizado o mielograma que consiste na aspiração do

    líquido da medula óssea e permite identificar o tipo de célula que está invadindo o tecido de

  • 5

    forma anormal, impedindo a fabricação de outros elementos do sangue. É importante biopsiar

    a medula óssea ao diagnóstico para avaliar a presença de fibrose, que é pouco frequente nessa

    fase, mas pode surgir com a progressão da doença. A reticulina está aumentada em 40% dos

    pacientes ao diagnóstico e, geralmente, está relacionada à hiperplasia megacariocítica,

    acentuada esplenomegalia e maior intensidade de anemia (BORTOLHEIRO, 2008).

    Até o ano 2000 o principal tratamento para LMC era o transplante de medula óssea, além da

    utilização de hidroxiuréia e interferon-α. Entretanto essas opções apresentavam restrições

    quanto à eficácia e a tolerabilidade dos pacientes ao mecanismo de ação dessas fármacos. Nos

    últimos anos, novas fármacos que visam se ligar e destruir partes específicas das células

    cancerosas foram sintetizadas e têm se tornado uma opção de tratamento padrão para muitas

    pessoas com câncer. Essas fármacos que inibem a proteína BCR-ABL, são conhecidas como

    inibidores da tirosino quinase e se tornaram o tratamento padrão para a LMC (ABRALE,

    2012).

    A partir de 2001, foi disponibilizado no Brasil o mesilato de imatinibe (Glivec®, Novartis) –

    comprimido de uso oral – para o tratamento de pacientes com LMC, resistentes, refratários ou

    intolerantes ao IFN-α. Este foi o primeiro inibidor sintetizado, e hoje em dia no Brasil, o

    Glivec, é o fármaco mais específico e efetivo utilizado na terapia da LMC, apresentando

    resposta em nível hematológico, citogenético e molecular, sendo reconhecido como

    tratamento de primeira linha para pacientes com LMC, BCR-ABL positivo (DOBBIN, 2002).

    O mesilato de imatinibe é uma molécula que inibe fortemente a atividade da tirosina quinase

    (TK) BCR-ABL, além de eventos celulares mediados pela ativação desses receptores, também

    inibe seletivamente a proliferação e induz a apoptose em linhagens celulares BCR-ABL

    positivas bem como em células leucêmicas novas de pacientes com LMC cromossomo

    Philadelphia (Ph) positivo. Este fármaco age inibindo a sinalização e a proliferação de células

    guiadas pelo fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF) desregulado, e pela

    atividade da ABL quinase (NOVARTIS, 2013).

    Geralmente, o imatinibe é bem tolerado, no entanto, casos clínicos de hipotireoidismo foram

    relatados em pacientes que estão recebendo reposição com levotiroxina durante tratamento

    com Glivec®. Quando Glivec® é combinado com esquemas de quimioterapia de alta dose,

    tem sido observada toxicidade hepática transitória na forma de elevação de transaminase e

    hiperbilirrubinemia, foram relatadas também ocorrências de retenção hídrica grave (derrame

    pleural, edema, edema pulmonar, ascite, edema superficial) em aproximadamente 2,5% dos

  • 6

    pacientes com leucemia mieloide crônica recém-diagnosticada que tomaram Glivec®. Além

    disso, pacientes em tratamento com mesilato de imatinibe podem apresentar mal estar,

    cefaléia, aumento de peso, fraqueza, tontura, calafrios, diarreia, câimbras, ansiedade, fadiga,

    hiperlacrimação, insônia, anorexia, desidratação, depressão, diminuição da libido, tontura,

    sonolência, alterações no paladar, vertigem, confusão mental, hematomas, taquicardias, e até

    convulsões, feridas cutâneas ou hemorragias (NOVARTIS, 2013).

    Portanto deve-se fazer o acompanhamento adequado dos pacientes em tratamento com este

    fármaco, pois o tratamento é diário e em longo prazo. A dosagem diária do imatinibe varia de

    acordo com a fase em que o paciente se apresenta. Usualmente, o medicamento - comprimido

    de uso oral - possui três dosagens principais: 400mg/dia, para pacientes em fase crônica; e

    600mg/dia a 800mg/dia, para pacientes em fase acelerada ou blástica, respectivamente

    (SANTOS, 2008).

    Vários outros inibidores da tirosino quinase foram desenvolvidos como o Dasatinibe

    (Sprycel®) e o Nilotinibe (Tasigna®), no Brasil eles são indicados àqueles pacientes que não

    respondem ao tratamento com mesilato de imatinibe (Glivec®), quando ocorre recidiva da

    doença ou quando são intolerantes ao tratamento com Glivec® (INCA, 2012).

    5 Discussão

    Antigamente os pacientes diagnosticados com leucemia mielóide crônica eram tratados com

    hidroxiuréia, bussulfano, interferon-α ou transplante de medula óssea, o transplante era o

    único método capaz de mudar o curso natural da doença. Dados de instituições brasileiras

    mostram que a sobrevida global em cinco anos era de 59% desses pacientes. Após o

    desenvolvimento e aplicação dos fármacos inibidores da tirosino quinase nos pacientes com

    LMC, a sobrevida aumentou para 90% (CASTRO, 2012); (HAMERSCHLAK, 2012).

    Os resultados do estudo internacional randomizado de interferon versus sti571(IRIS)

    demonstraram que os pacientes tratados com mesilato de imatinibe alcançaram a resposta

    hematológica completa em 92% dos casos em três meses, 96% em doze meses e 98% em

    sessenta meses. No que se refere à resposta citogenética completa, desaparecimento do

  • 7

    cromossomo Filadélfia pelo uso desse inibidor da tirosino quinase, a resposta ocorreu em 69%

    em doze meses e 87% em sessenta meses. Quanto aos efeitos adversos reportados pelo estudo

    IRIS, 4% dos pacientes descontinuaram o tratamento com imatinibe, sendo que os efeitos grau

    3 e 4 mais frequentes foram a neutropenia, plaquetopenia, anemia e elevação das enzimas

    hepáticas (ALVARENGA, 2010).

    Sendo assim, o mesilato de imatinibe foi definido como terapia de primeira linha para os

    pacientes com LMC, e hoje ela é distribuída no Sistema Único de Saúde (SUS). Dados da

    Associação Brasileira de Linfomas e Leucemias (ABRALE) mostraram que a introdução dos

    inibidores da tirosino quinase melhorou a qualidade de vida dos pacientes brasileiros, que

    ainda necessitam ser mais informados e mais controlados com exames laboratoriais

    periódicos, especialmente os citogenéticos e os moleculares (HAMERSCHLAK, 2012).

    6 Conclusão

    A Leucemia Mielóide Crônica foi a primeira neoplasia hematológica a ter sua raiz genética

    desvendada, e, sem sombra de dúvida, também foi a primeira a possuir um medicamento de

    tamanha eficácia, se comparado aos utilizados anteriormente. Por intermédio de estudos e

    pesquisas, pôde-se perceber que o mesilato de imatinibe apresenta ação comprovada no que

    diz respeito à terapêutica. Quando comparado com os regimes baseados em IFN-α e

    hidroxiuréia, o imatinibe apresenta um alto nível de eficácia, associado com um número

    menor de reações adversas e baixa toxicidade, estes números são melhores que quaisquer

    resultados relatados com transplantes. Comprovadamente, este induz altas taxas de resposta

    hematológica, citogenética e molecular, com um índice elevado de sobrevida total. Entretanto

    existem algumas questões que só poderão ser respondidas com o tempo, uma vez que seus

    efeitos em longo prazo não são conhecidos. O desenvolvimento de resistência, devido a

    mutação e a possibilidade de desenvolver uma segunda neoplasia. Assim torna-se pertinente o

    acompanhamento dos pacientes portadores de LMC desde o diagnóstico até o tratamento, para

    que seja escolhido o melhor fármaco inibidor da tirosina quinase e não haja abandono do

    tratamento. Apesar das considerações, os pacientes com diagnóstico de LMC, que utilizam o

    mesilato de imatinibe tem exelentes resultados, quando comparados a outros tratamentos,

    tornando o tratamento de primeira linha em todo o mundo.

  • 8

    Referências

    ABRALE. Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. Leucemia Mielóide Crônica. 2012.

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    Portador de Leucemia Mielóide Crônica: Relato de Caso. Revista Brasileira de Cancerologia.

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    http://www.scielo.br/pdf/rbhh/v30s1/a14v30s1.pdf

  • 9

    MOREIRA, B.M.; BOECHAT, L. Proposta do acompanhamento farmacoterapêutico em leu-

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    em:. Acesso

    em 24 de out. 2013.

  • ANÁLISE DE OPINIÕES ENTRE MÉDICOS E ESTUDANTES DE DIREITO SOBRE

    A EUTANÁSIA

    ANALYSIS BETWEEN PHYSICIANS AND OPINIONS OF LAW STUDENTS ON

    EUTHANASIA

    Lorena de Souza PEREIRA1

    Suelen Silva FRANCA1

    Dalton Dittz JÚNIOR2

    1Faculdade de Minas, Faminas-BH, Acadêmicas do Curo de Biomedicina

    Email: [email protected]; [email protected]

    2Faculdade de Minas, Faminas-BH, Orientador do Trabalho, Docente

    Email: [email protected]

    Resumo

    A Eutanásia é a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e assistida

    por um especialista. Aplicada desde a antiguidade, ela é enquadrada em muitas legislações atuais e éticas

    médicas mundiais, visando atenuar os sofrimentos do enfermo e de seus familiares, sendo inevitável sua morte

    do ponto de vista médico. Paralelamente a eutanásia existem outros conceitos que possui igual importância e

    devem ser citados, como: a distanásia, ortotanásia e a mistanásia. No Brasil o atual Código Penal não especifica

    o crime da eutanásia. O médico que tira a vida do seu paciente por compaixão comete o homicídio simples,

    tipificado no artigo 121, sujeito a pena de 6 a 20 anos de reclusão. Independentemente da forma de eutanásia, ela

    é considerada um assunto controverso, onde estão relacionados temas como religião, ética, exercício da profissão

    médica e questões legais, tendo sempre em conta o valor da vida humana. Faz-se necessária uma reflexão a cerca

    do tema e maior esclarecimento à comunidade leiga e científica sobre esse procedimento.

    Palavras-chave: Eutanásia. Opinião pública. Médico. Direito.

    Abstract

    Euthanasia is the practice by which shortens the life of an incurably ill controlled and assisted by an expert way.

    Applied since ancient times, it is framed in many current laws and medical ethics worldwide, to mitigate the

    sufferings of the sick and their families, her death from a medical standpoint is inevitable. Alongside euthanasia

    there are other concepts that have equal importance and should be cited as: dysthanasia orthotanasia and

    mistanásia. In Brazil the current Criminal Code does not specify the crime of euthanasia. The doctor who takes

    the life of your patient with compassion commit simple murder, typified in Article 121, subject to punishment

    from 6 to 20 years imprisonment. Whatever form of euthanasia, it is considered a controversial subject, where

    related topics such as religion, ethics, the medical practice and legal issues are, always taking into account the

    value of human life. It is necessary to reflect about the subject and more information to the lay and scientific

    community about this procedure.

    Key words: Euthanasia. Public opinion. Doctor. Right.

  • 1. Introdução

    A Eutanásia é a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira

    controlada e assistida por um especialista. Aplicada desde a antiguidade, ela é enquadrada em

    muitas legislações atuais e éticas médicas mundiais, visando atenuar os sofrimentos do

    enfermo e de seus familiares, sendo inevitável sua morte do ponto de vista médico

    (GOETTEN, 2013). Atualmente, a eutanásia é classificada quanto ao modo de atuação do

    agente (eutanásia ativa e passiva); quanto a intenção que levou o agente a praticar tal ato

    (eutanásia direta e indireta ou de duplo efeito) e quanto a vontade do paciente (eutanásia

    voluntária ou involuntária); quanto a finalidade do agente (eutanásia econômica, libertadora e

    eliminadora) dentre outras classificações que não são muito utilizadas (TORRES, 2001;

    VILLAS-BÔAS, 2008). A primeira consta no ato deliberado de provocar a morte sem

    sofrimento do paciente, sendo a eutanásia ativa o ato de provocar a morte e a eutanásia

    passiva consiste em provocar a morte através da omissão de tratamentos indispensáveis para a

    manutenção da vida por fins misericordiosos, a morte do paciente ocorre, dentro de uma

    situação de terminalidade, porque não se inicia uma ação médica, com o objetivo de minorar o

    sofrimento. A eutanásia de duplo efeito é quando a morte é acelerada como uma consequência

    indireta e/ou direta das ações médicas que são executadas visando o alívio do sofrimento de

    um paciente terminal. Já a eutanásia voluntária, também chamada de suicídio assistido, ocorre

    quando o próprio paciente solicita a sua morte, visto que esta é inevitável, em contrapartida, a

    eutanásia involuntária consiste na decisão da sociedade ou de familiares em por fim a vida de

    uma pessoa que sofre, sem que esta exprima sua vontade (VILLAS-BÔAS, 2008; HORTA).

    Paralelamente a eutanásia existem outros conceitos que possui igual importância e devem ser

    citados, como: a distanásia, ortotanásia e a mistanásia. Distanásia é a morte depois do tempo,

    ou seja, a morte é considerada um inimigo a ser vencido, o paciente terminal recebe os

    tratamentos mais modernos para manter a vida a qualquer custo. A ortotanásia é a morte no

    seu tempo certo (morte natural), o tratamento do paciente terminal é interrompido (ou nem é

    iniciado) sendo que este recebe somente medicamentos paliativos objetivando uma morte

    tranquila e sem dor ao lado de seus familiares, a ortotanásia se opõe a distanásia e a eutanásia.

    Se por um lado a eutanásia visa a morte tranquila e sem dor do individuo em estado terminal,

    a mistanásia é a morte miserável antes do seu tempo, com dor e sofrimento. A mistanásia

    também chamada de eutanásia social ocorre quando um paciente com alguma comorbidade

    deixa de ser tratado e morra antes da hora, vivendo com dores e sofrimentos em princípio

  • evitáveis mas, que devido a falta de infraestrutura e precárias condições de serviços médicos o

    indivíduo vai a óbito (VILLAS-BÔAS, 2008; MARTIN).

    A mistanásia pode ser classificada em: mistanásia por omissão, sendo esta o não atendimento

    de pacientes no local e momento correto, levando-o a uma morte dolorosa; mistanásia por

    imperícia, é quando o médico deixa de diagnosticar determinada enfermidade que poderia ser

    ter sido tratada levando a cura do paciente porque se descuidou da sua atualização, levando o

    indivíduo a ter uma morte sofrida e precoce; mistanásia por imprudência, consiste no ato

    médico de prescrever tratamentos paliativos inadequados a pacientes sem realizar devidos

    exames, visto que, não quer perder tempo com mesmo levando o paciente a sofrimento

    desnecessário e por fim, mistanásia por negligência, quando o médico descuida do seu

    paciente terminal ou crônico devido a preguiça e/ou cansaço, levando este a uma morte

    miserável (VILLAS-BÔAS, 2008; MARTIN).

    No Brasil o atual Código Penal não especifica o crime da eutanásia. O médico que tira a vida

    do seu paciente por compaixão comete o homicídio simples, tipificado no artigo 121, sujeito a

    pena de 6 a 20 anos de reclusão, ferindo ainda o princípio da inviolabilidade do direito à vida

    assegurada pela Constituição Federal (BRASIL, 1988).

    Independentemente da forma de eutanásia, ela é considerada um assunto controverso, onde

    estão relacionados temas como religião, ética, exercício da profissão médica e questões legais,

    tendo sempre em conta o valor da vida humana.

    2. Objetivo

    Sendo a eutanásia um tema polêmico e de grande repercussão tanto no âmbito científico como

    no social, a finalidade da pesquisa é abordar e analisar as opiniões de indivíduos pertencentes

    às áreas de formação em saúde (médicos) e humana (direito).

    3. Material e Métodos

    Um questionário (Figura 1), contendo 4 (quatro) questões qualitativas com respostas

    dicotômicas (sim ou não), foi aplicado a 40 (quarenta) médicos atuantes em hospitais de

    médio porte da cidade de Belo Horizonte e 40 (quarenta) estudantes de direito divididos entre

  • 7º e 9º período da Faculdade de Minas – FAMINAS/BH. Os dados foram quantificados e

    tabulados para posterior análise.

    Figura 1 – Questionário aplicado para médicos e alunos de Direito.

    PESQUISA DE OPINIÃO

    Prezado entrevistado,

    Este questionário tem como objetivo a obtenção de opiniões a respeito do tema Eutanásia,

    com a finalidade de análise e compilação de dados para a formulação de artigo para fins de

    publicação. A participação na pesquisa é voluntária e o consentimento à sua participação

    pode ser retirado a qualquer momento. Os dados obtidos nesta pesquisa serão expressos

    somente através das respostas dos profissionais, não havendo divulgação de qualquer

    informação pessoal e nem o uso de imagens. Este questionário não trará ao participante

    qualquer tipo de exposição ou risco.

    Por favor, leia o texto abaixo e responda as perguntas que se seguem.

    A Eutanásia é enquadrada em muitas legislações atuais e éticas médicas mundiais,

    consistindo na prática da morte, visando atenuar os sofrimentos do enfermo e de seus

    familiares, haja vista a sua inevitável morte, sua situação incurável do ponto de vista médico.

    ()

    1. Você é a favor do uso da Eutanásia como forma de aliviar o sofrimento de um doente?

    ( ) Sim ( ) Não

    2. Você considera que o médico sempre deve prolongar a vida do paciente, independente da

    sua situação clínica, até ocorrer uma morte natual?

    ( ) Sim ( ) Não

    3. Caberia ao médico a decisão de eutanásia no paciente?

    ( ) Sim ( ) Não

    4. Você consideraria a Eutanásia um crime quando realizada em comum acordo entre

    médicos, paciente e familiares?

    ( ) Sim ( )Não

    4. Resultados e Discussão

  • A partir dos questionários obtidos, foram computadas as respostas, expressas em termos

    absolutos, dadas pelos médicos e pelos estudantes de Direito, que são mostrados na Figura 2.

    Figura 2 – Respostas obtidas entre médicos e estudantes de Direito.

    Questões

    Médicos Estudantes de Direito

    SIM NÃO SIM NÃO

    1. Você é a favor do uso da Eutanásia

    como forma de aliviar o sofrimento de

    um doente? 25 15 21 19

    2. Você considera que o médico sempre

    deve prolongar a vida do paciente,

    independente da sua situação clínica,

    até ocorrer uma morte natural?

    15 25 17 23

    3. Caberia ao médico a decisão de

    Eutanásia no paciente? 21 19 1 39

    4. Você consideraria a Eutanásia um

    crime quando realizada em comum

    acordo entre médicos, paciente e

    familiares?

    17 23 13 27

    De acordo com a Figura 3A, 62% dos médicos são a favor da prática da eutanásia como

    método para abreviar sofrimento do paciente terminal enquanto que 52% dos estudantes de

    Direito compartilham da mesma opinião (Figura 3B). Embora não exista grande diferença

    entre as opiniões dos dois grupos analisados, a classe médica parece expressar uma opinião

    diferente daquela instituída pelo juramento médico (Juramento de Hipócrates), no qual é

    jurado não dar, por comprazer nenhum remédio mortal ou conselho que induza a perda

    (CREMESP). Entre os estudantes de Direto, parece não haver um consenso tão claro quanto

    no grupo dos médicos quanto à opinião sobre a prática da Eutanásia.

    Figura 3 – Opiniões sobre a prática da Eutanásia como forma de alívio do sofrimento do

    paciente.

  • Dentre os médicos entrevistados, 62% dos médicos acreditam que não cabe a eles o

    prolongamento da vida do paciente (Figura 4A). Em hipótese, acredita-se que, devido aos

    médicos estarem presentes o tempo todo com o paciente terminal, vendo seu sofrimento e de

    seus familiares, eles acabam por aceitar a morte do paciente como uma forma de aliviar o seu

    sofrimento, uma morte misericordiosa e sem dor. Em contrapartida, 38% médicos são a favor

    do prolongamento da vida do paciente, reforçando que, indiferente de seu estado de saúde,

    deve-se manter a vida até que ocorra a morte natural, o que corrobora com os princípios éticos

    da profissão médica, que tem como premissa lutar pela vida e utilizar todos os recursos

    disponíveis para promover o prolongamento da vida até que esta não seja mais possível e a

    morte seja inevitável. Entre os estudantes de Direito, Figura 4B, 58% também concordam que

    o médico não deve prolongar a vida do paciente. Pressupõe-se que esta opinião é devida a

    uma visão voltada para o sentimentalismo, visando o bem estar do paciente e sua

    tranquilidade em momento terminal.

    Figura 4 – Opiniões sobre a obrigação do médico em prolongar a vida do paciente,

    independente da sua condição clínica.

    Quando questionados sobre a responsabilidade do médico em decidir quando da realização da

    Eutanásia, 52% dos médicos entrevistados (Figura 5A) acreditam que caberia tomar essa

    decisão. Era esperado que um número maior de médicos não assumisse, exclusivamente, a

    62%38%

    Médicos

    Sim

    Não

    52%48%

    Estudantes de Direito

    Sim

    Não

    38%62%

    Médicos

    Sim

    Não

    42%58%

    Estudantes de Direito

    Sim

    Não

    A B

    b

    B

    B

    B

    A B

    b

    B

    B

    B

  • responsabilidade dessa escolha, a qual poderia ser compartilhada com a família e o próprio

    paciente (quando em condições) para a tomada dessa decisão. De maneira significativa, 98%

    estudantes de Direito apresentarem-se contra a decisão da eutanásia ser tomada pelos médicos

    (Figura 5B). Em hipótese, esse dado pode ser explicado pelo fato de que os estudantes de

    Direito tendem a considerar, principalmente, os aspectos legais e sociais de maneira mais

    expressiva do que os aspectos clínicos, considerado, principalmente, pela classe médica.

    Figura 5 – Opiniões sobre a responsabilidade exclusiva do médico para a decisão da

    realização da Eutanásia.

    Na análise das opiniões a Eutanásia não deveria ser considerada um crime, quanto da

    participação do médico, paciente e família mostrou que 58% dos médicos concordam com

    essa condição enquanto que 42% ainda consideram esse procedimento um crime (Figura 6A).

    Dentre os estudantes de Direito, um maior percentual dos entrevistados, 68%, não consideram

    um crime a Eutanásia nessas condições. É importante ressaltar que, no Brasil, o atual Código

    Penal não especifica o crime da Eutanásia. O médico que tira a vida do seu paciente por

    compaixão comete o homicídio simples tipificado no artigo 121, sujeito a pena de 6 a 20 anos

    de reclusão, ferindo ainda o princípio da inviolabilidade do direito à vida assegurada pela

    Constituição Federal (BRASIL, 1988).

    Figura 6 – Opiniões sobre a Eutanásia como um crime mesmo quando em concordância entre

    médico, paciente e familiares.

    52%48%

    Médicos

    Sim

    Não

    2%

    98%

    Estudantes de Direito

    Sim

    Não

    A B

    b

    B

    B

    B

  • 5. Conclusão

    Considerando os dados obtidos na pesquisa realizada, observou-se que Eutanásia, embora seja

    uma prática antiga, ainda é um tema polêmico e de grande divergência de opiniões entre os

    grupos analisados. Faz-se necessária uma reflexão a cerca do tema e maior esclarecimento à

    comunidade leiga e científica sobre esse procedimento. Ainda, é de grande importância a

    existência de uma legislação com a finalidade de definir a realização desse procedimento

    médico bem como estipular possíveis penas legais tanto quando da autorização ou proibição

    da Eutanásia.

    Referências

    BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 39. ed.

    Atual. São Paulo: Saraiva, 2006.

    CREMESP – Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Juramento de

    Hipócrates. Missão, Visão e Valores. Disponível em:

    . Acesso em 20 jun. 2013.

    GOETTEN, Glenda Frances Moraes. Eutanásia X Direito à vida. Direto Net: Artigos. 15 mar.

    2002. Disponível em: .

    Acesso em 27 mar. 2013.

    TORRES, Wilma da Costa. A Bioética e a Psicologia da Saúde: Reflexões sobre Questões de

    Vida e Morte. Psicologia: Reflexão e Crítica, Rio de Janeiro, v. 16, n. 03, p. 475-482, out.

    2001.

    VILLAS-BÔAS, Maria Elisa. A ortotanásia e o Direito Penal brasileiro. Revista Bioética,

    v.16, n. 1, p. 61-83. 2008. Disponível em:

    .

    Acesso em: 25 jun. 2014.

    42%58%

    Médicos

    Sim

    Não

    32%

    68%

    Estudantes de Direito

    Sim

    Não

    A B

    b

    B

    B

    B

    http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Historia&esc=3http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/600/Eutanasia-X-Direito

  • HORTA, Márcio Palis. Eutanásia- problemas éticos da morte e do morrer. Revista Bioética,

    v. 07, n. 01. Disponível em:

    .

    Acesso em: 25 jun. 2014.

    MARTIN, Leonard M. Eutanásia e Distanásia. Revista Iniciação à Bioética, p. 01-35.

    Disponível em:

    . Acesso em:

    25 jun. 2014.

  • 1

    APLICABILIDADE DA NANOTECNOLOGIA EM DERMOCOSMÉTICOS EM

    FARMÁCIA COMUNITÁRIA BELO HORIZONTE-MG

    Maria Beatriz de Miranda ALMEIDA 1 ; Alberto Diego Costa JORGE 1 ; Aline Soares

    CIRINO 1 ; Andréa Cecílio de OLIVEIRA'; Roberta Cristina ABREU 1 Professora

    Orientadora Cássia Aparecida de OLIVEIRA 1

    1Faculdade de Minas, FAMINAS-BH,

    E-mail: [email protected]

    RESUMO A nanotecnologia é um campo científico multidisciplinar que tem avançado rapidamente nos últimos ano s,

    encontrando aplicações nas mais diversas áreas, desde setores de e n e r g i a e e l e t r ô n i c a até a indústria

    farmacêutica . Considerando a necessidade de orientações sobre a aplicação de nanotecnologia na farmácia

    comunitária, o objetivo deste estudo foi fazer um levantamento bibliográfico para discutir a importância e

    aplicabilidade da nanotecnologia em produto s fam1acêuticos e cosméticos de uso tópico e possívei s orien-

    tações na dispensação de produtos dermocosméticos em farmácia comunitária. Conclui-se que esta tecno-

    logia possui um custo mais elevado se comparado a um me smo produto sem a nanopartícula, mas, quando

    se considera a efetividade do tratamento final, os benefícios decorrentes e a seguridade, justificam o inves-

    timento.

    PALAVRAS-CHAVE: Nanotecnologia. Dermocosméticos. Ciclodextrinas. Nanopartícula

    Abstract

    Nanokchnology is a multidisciplinary scicntific ficld that has advanccd rapidl y in r.:ccnt y.:ars. tinding

    applications in severa! areas, from the energy nnd electronics to phnrma ceutical s. Considering the need of

    the application uf nanoteclmolugy in the community pharmacy. lhe aim of lhis sludy was lo rcview lhe

    literature to discuss the importance and applicability of nanotechnology in pharrnaceutical and cosrnetic

    top1cal and possible guidclincs in thc dispcnsation ofskin cosmetics in communily pharmacy. Wc concludc

    that thi s tcchnology ha s a higher cost compared to the same product without lhe nanoparticlc, but when

    considering lhe effectivcness of the final trealment , the benetits and security, justify tht! investment. KEYWORDS: Nanolechnolugy. Dermocosmetics. Cyclodt!xlrins. Nanoparticle.

  • 2

    1 Introdução

    A pele é um órgão que reveste a superfície corporal e encontra-se organizada em três

    camadas: epiderme, derme e hipoderme. A permeabilidade da pele é um dos fatores

    que impedem uma maior difusão da via cutânea na administração de medicamentos

    dermatológicos, pois, a penetração de um fám1aco, condicionada em grande parte

    por suas características físico-químicas, viabiliza a absorção capilar (LIMA, 200 L).

    A epiderme é a camada mais externa da pele e é dividida em subcamadas, no sentido

    do meio externo para mais interno, têm-se estrato córneo, camada granulosa, camada

    Espinosa e camada basal; sendo esta camada responsável pela proliferação celular e

    suprimento de células para demais camadas. Possui tipos celulares mais diferenciados

    como os melanócitos (células produtoras de melanina que confere pigmentação à pe-

    le), células de Langerhans(células móveis e dentrídicas responsáveis pela imunovigi-

    lância cutânea) e células de Merkel (células que possuem função neuroendócrina)

    (MELDAU, 2004).

    A derme constitui a camada intermediária da pele e é constituída de tecido conjuntivo,

    possui superfície externa irregular, podendo ser observadas saliências, denominadas

    papilas dérmicas, as quais são acompanhadas pelas reentrâncias correspondentes da

    epiderme. Estas aumentam a área de contato entre duas camadas da pele, através da

    junção de fibrilas especiais de colágeno, auxiliando na fixação da derme à epiderme,

    além de facilitar a nutrição das células da epiderme, pelos vasos sanguíneos presente na

    derme reticular. A junção dermo- epidérmica toma-se mais retilínea com o envelheci-

    mento, o que também contribui para a flacidez observada neste processo (SAMPAIO,

    2001).

    A segunda camada da derme é mais espessa, formada por tecido conjuntivo denso .

    Possui fibroblastos que produzem fibras de colágeno e elastina, responsáveis, em par-

    te, pela elasticidade da pele. Encontram-se também nesta camada, vasos sanguíneos,

    nervos, folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas (EDISON, 2002).

    A hipoderme é a camada mais interna da pele constituída por tecido conjuntivo frouxo

    e adiposo. Este tecido apresenta funções como: reserva energética, isolamento térmico,

  • 3

    modela à superfície corporal, absorção de choques e preenchimento (MELDAU, 2004).

    A permeação cutânea pode ser alterada por métodos físicos (iontoforese, ultrassom e

    massagem); químicos (substâncias carreadoras, promotores químicos) e biológicos

    (enzimas). Os promotores químicos, como por exemplo lecitinas de soja, polialcoois,

    dimetilsufóxido, materiais microparticulados (lipossomas, nanopartíiculas, micropartí-

    culas); conseguem alterar significativamente a penetração de substâncias através da

    epiderme. Estes devem ser seguros, não tóxicos, farmacologicamente inertes, não irri-

    tantes e não alergênicos. Além disso, o tecido deve retomar sua integridade normal e

    propriedades de barreira quando o promotor for removido (CORNELIO, 2007).

    O setor de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos tem mostrado grande

    expansão no mercado mundial e é considerado um bom foco de investimento. O Brasil

    possui ainda grande potencial de crescimento tendo como características: ser fonte de

    princípios ativos e insumos (principalmente os de origem natural), propiciar oportuni-

    dade para o uso de novas tecnologias com intuito de aumentar produtividade e eficá-

    cia dos produtos, apresentar constante aumento do consumo e de avanços na área regu-

    latória (BENTLEY, 2008).

    Considerando a necessidade da aplicação de nanotecnologia na farmácia comunitária,

    o objetivo deste estudo foi fazer um levantamento bibliográfico para discutir a impor-

    tância e aplicabilidade da nanotecnologia em produtos farmacêuticos e cosméticos de

    uso tópico e possíveis orientações na dispensação de produtos dermocosméticos em

    farmácia comunitária.

    2 Material e Métodos Este estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica, onde, foi realizada uma análise

    teórica embasada em livros, artigos, revistas especializadas e sites. Visando buscar

    informações sobre a nanotecnologia aplicada em dermocosméticos, para evidenciar o

    panorama da nanotecnologia e verificar as principais aplicações e as vantagens que são

    capazes de oferecer aos produtos que utilizam essa tecnologia, e então relacioná-las

    com possíveis orientações de dispensação em fam1ácia comunitária.

  • 4

    A pesquisa bibliográfica teve como finalidade o conhecimento das distintas formas de contribuição científica que se realizam sobre detem1inado fenômeno ou assunto. Os produtos cosméticos contendo nanotecnologia são bons representantes da tendência

    tecnológica que continuam crescendo na área da beleza.

    3 Resultado e Discussão A nanotecnologia é um campo científico multidisciplinar que tem avançado rapida-

    mente nos últimos anos, encontrando aplicações nas mais diversas áreas, desde seto-

    res de energia e eletrônica até a indústria farmacêutica. O princípio dessa nova ciên-

    cia é que os materiais na escala nanométrica podem apresentar propriedades químicas,

    físico-químicas e comportamentais diferentes daquelas apresentadas em escalas mai-

    ores. Essas propriedades dos nanomateriais já estão sendo exploradas industrialmente

    com a fabricação de novos cosméticos, medicamentos, tintas, catalisadores, revesti-

    mentos, tecidos (BERGMANN, 2008).

    Embora o conceito de sistemas de liberação de fármacos não seja novo, um grande

    progresso tem sido alcançado em virtude das tecnologias tratamento de várias de do-

    enças (RIEUX, 2006).

    As nanopartículas apresentam aplicações potenciais na administração de substâncias

    terapêuticas como objetivo de aumentar a eficiência do transporte de fám1acos, me-

    lhorarem os perfis de liberação e proteger o ativo de possíveis danos como a oxidação

    pela luz (MONTAS SER, 2000).

    Em geral, são caracterizadas por possuir uma alta superfície de contato e um grande

    número de partículas por unidade de peso. Para a formação de nano partículas, a

    área de superfície por unidade de peso da partícula aumenta 10² vezes quando a partí-

    cula é reduzida de 1µm para 10nm e o número de partículas por peso aumenta 106

    vezes. Com isso, as propriedades originais do material bruto, como, por exemplo,

    a temperatura de fusão e a solubilidade, também se modificam (MONTASSER,

    2000).

    As nanopartículas poliméricas são sistemas utilizados para encapsulamento de fárma-

  • 5

    cos e liberação controlada que pode apresentar estruturas e formas diferenciadas: mi-

    croesfera, microcápsula simples, microcápsula simples irregular , microcápsula de duas

    paredes, microcápsulas com vários núcleos e agrupamento de microcápsulas (CAR-

    VALHO, 20 12).

    Os lipossomas são vesículas microscópicas formadas por uma ou ma1s camadas con-

    cêntricas de lipídeos, que se organizam espontaneamente em meio aquoso. Ampla-

    mente utilizados na indústria cosmética e farmacêutica. Devido à sua flexibilidade es-

    trutural, os lipossomas podem encapsular materiais hidrofóbicos, hidrofílicos e anfifili-

    cos, de acordo com a sua composição lipídica. Essas esferas orgânicas são capazes

    de conduzir agentes ativos a camadas profundas da epiderme, conferindo aos ativos

    alto poder de hidratação e nutrição da pele. Entre várias outras substâncias, os lipos-

    somas são notadamente, veículos para vitaminas e fármacos de ação tópica, como anti-

    inflamatórios e antifúngicos (BETINA, 2012) .

    As nanocápulas possuem suas dimensões reduzidas, as quais permitem mator penetra-

    ção dos ingredientes ativos na pele (BETINA, 20 12).

    A utilização de micro e nanopartículas em cosméticos permitem a proteção, o trans-

    porte e a liberação dos ativos para uma camada específica da pele. Além disso, os

    ativos podem ser liberados de maneira gradativa, prolongando seu período

    de ação. As nanopartículas, embora mais finas que um fio de cabelo, protegem o

    material envolvido e mantém suas propriedades intactas, diminuindo, assim, os riscos

    de degradação e perda de eficiência causados pela exposição ao sol e ao calor (SAN-

    TOS, 2013).

    Com base nas características decorrentes do tamanho diminuto, as nanopartículas con-

    tendo substâncias ativas são utilizadas com a intenção de melhorar sua funcionalida-

    de, como, por exemplo, melhorar a disponibilidade ou estabilidade quando comparada

    com o mesmo material na forma molecular (MONTAS SER, 2000).

    3.1 Aplicabilidade da Nanotecnologia Diferentes aplicações terapêuticas das nanopartículas têm sido estudadas, principal-

  • 6

    mente para administração pelas vias parenteral, oral e tópica. Dentre as vantagens da

    utilização de nanopartículas incluem a liberação controlada e/ou prolongada da subs-

    tância nelas encapsuladas, a redução de efeitos adversos associados à substância, a pro-

    teção de compostos da inativação antes de atingirem o local de ação, o aumento da

    penetração intracelular e o aumento da atividade farmacológica (STYLlOS, 2005).

    Muitos ativos naturais pesquisados ultimamente são compostos instáveis, podendo so-

    frer reações que levam à diminuição ou perda de eficácia e até mesmo a degradação

    do produto. Por isso, novas tecnologias vêm sendo propostas para melhorar o de-

    sempenho dos produtos cosméticos e sua aceitação pelo consumidor. Uma alternativa

    para aumentar a estabilidade e, ainda, permitir a liberação controlada é o encapsula-

    mento das substâncias ativas através de técnicas que envolvem a nanotecnologia

    (BERGMANN, 2008).

    Adicionalmente, a nanoencapsulação de princípios ativos com propriedades antioxidan-

    tes, os quais são muito utilizados em produtos dennocosméticos , pode aumentar a

    sua atividade e prolongar a liberação dos mesmos, aumentando assim a sua eficácia . A

    nanotecnologia também tem sido utilizada no desenvolvimento de formulações cosmé-

    ticas mais estáveis, mais eficazes e com sensorial cosmético diferenciado (BENTLEY,

    2008) .

    3.1.1 Aplicabilidade das Ciclodextrinas As propriedades das ciclodextrinas constituem uma motivação crescente para a des-

    coberta de novas aplicações, somadas às diversas utilizações já desenvolvidas nas

    indústrias farmacêuticas, químicas, de alimentos, cosméticos, dentre outras (SANTOS ,

    2011).

    A microencapsulação é o processo pelo qua1s pequenas quantidades de líquidos, sóli-

    dos ou gases são cobertas com material que se constitui em barreira para o ambiente

    e/ou reações químicas, como aquecimento, oxidações e outras. As Ciclodextrinas

    (CD's) são oligossacarídeos cíclicos formados por moléculas de D-glicose unida através

    de ligações glicosídicas obtidas a partir da degradação enzimática do amido. A encap-

  • 7

    sulação e o controle de aromas e fragrâncias têm revolucionado as indústrias de fra-

    grâncias e alimentos (SANTOS, 2011).

    De acordo com Tubiano e Lacourse, citados por Cardello e Celestino ( 1996) o bom

    agente encapsulante deve apresentar as seguintes propriedades: estabilidade em emul-

    são, boa capacidade de fom1ação de película, baixa higroscopicidade , baixa viscosi-

    dade, gosto suave, ausência de aroma e baixo custo. As ciclodextrinas apresentam as

    seguintes vantagens no que diz respeito à encapsulação molecular: podem encapsular

    grande número de compostos; apresentam modificações vantajosas nas propriedades

    físicas e químicas das moléculas encapsuladas e o método utilizado é barato e simples.

    A indústria de cosméticos e a indústria farmacêutica utilizam a formação de comple-

    xos de ciclodextrinas com o objetivo de melhorar as características do produto final

    (solubilidade, estabilidade e fotoestabilidade), assim como para facilitar a absorção

    e liberação dos princípios farmacologicamente ativos (MONTAS SER, 2000).

    3.1.2 Nanotecnologia em Produtos com Vitamina C Tópica A vitamina C é um poderoso antioxidante, do mesmo modo que aumenta a resistência

    do organismo às infecções, protege a pele contra a ação dos radicais livres . A vita-

    mina C possui a função de estimular a formação do colágeno (fibra que compõe

    80% da derme e garante a firmeza da pele) (STEINER, 2006).

    Como a vitamina C é uma molécula facilmente oxidável e que necessita de maior

    índice de permeação cutânea, uma forma de minimizar estas dificuldades a indústria

    farmacêutica e cosmética têm utilizado a nanotecnologia . Ela pode ser encapsulada

    em Lipossomas, Talasferas, Nanosferas, Glicoesferas, sendo diferenciadas pelo tama-

    nho e pela constituição da partícula. Essas diferenças são importantes, pois quanto

    menor o tamanho da partícula, maior será o índice da permeação da Vitamina C. Ge-

    ralmente as farmácias de manipulação têm a disposição as Talaspheres de Vitamina C,

    que é uma forma esférica, composta de uma cobertura orgânica, que em contato com

    a pele sofre ação de enzimas, as quais degradam essa cobertura gradativamente e vai

    liberar lentamente a vitamina C na pele.

  • 8

    As outras fonnas nanoparticuladas disponíveis no mercado (microcápsulas, glicosferas,

    etc) atuam de forma semelhante, mas com diferenças, quanto ao teor de vitamina C

    disponível sendo a que oferece melhor disponibilidade é a Nanoesfera, por se tratar de

    uma esfera flexível (OLIVEIRA, 2011).

    3.3 Mercado de Nanocosmético e Nanotecnologia O mercado global vem passando por períodos de grandes competições científicas e tec-

    nológicas, principalmente após a nanociência e a nanotecnologia terem sido reconhecidas

    como uma tendência chave na ciência e tecnologia do século XXI, o que tem ocasionado

    um aumento nos recursos humanos e financeiros na indústria mundial. A National Science

    Fundation estima que a nanotecnologia alcance um impacto na economia global de cerca

    de 1 trilhão de dólares até 2015, requerendo aproximadamente dois milhões de trabalhado-

    res (RAMOS et ai, 2008).

    O MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e inovação) lançou em agosto de 2013 um

    programa que prevê o investimento de R$ 450 milhões em dois anos para estimular a liga-

    ção entre universidade e empresa na área da nanotecnologia. A ideia é permitir que em-

    presas possam desenvolver produtos com estruturas complexas da ordem de milionésimos

    de milímetro a escala dos átomos e moléculas (GARCIA, 2013).

    Foi criado o Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias (SisNano) (Brasília,

    2013) e de acordo com este documento, o SisNano deve "estruturar a governabilidade"

    para as nanotecnologias; desenvolver um programa de mobilização de empresas instaladas

    no Brasil e de apoio às suas atividades. Dos recursos já empenhados no programa do

    MCTI, R$ 150 milhões são para o ano fiscal de 2013, e outros R$ 300 milhões para o de

    2014. Dos recursos deste ano, R$ 38,7 milhões serão distribuídos para o SisNano (Siste-

    ma Nacional de Laboratórios em Nanotecnologia), que reúne 26 centros de pesquisa es-

    palhados pelo país. A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) receberá mais R$ 30

    milhões e o restante será distribuído entre entidades diversas. Em 2014, a recém-criada

    Embrapii (Empresa Brasileira para Pesquisa e Inovação Industrial) deve receber R$ 30

    milhões (GARCIA, 20 13).

    O Brasil tem interesse estratégico em três outros mercados os qua1s são: produtos far-

  • 9

    macêuticos, químicos e cosméticos, seja pelas dimensões e demanda de seu mercado in-

    terno (setor quimiofarmacêutico ), seja pela existência de grandes grupos empresariais na-

    cionais (setores químico e de petróleo e gás natural) ou ainda pela sua mega biodiversidade

    (setor farmacêutico e de higiene e cosméticos). Nesses mercados, a nanotecnologia e a

    nanociência podem contribuir com importantes inovações a serem incorporadas durante

    as próximas décadas (ABDI, 20 l 0).

    De acordo com um levantamento feito na base de dados Web of Science, o número de publicações incluindo concomitantemente o radical "nano" e a palavra "skin" aumentou

    12 vezes da década de 1990 para a década de 2000, sendo que só no ano de 20 12 foram

    mais de mil artigos publicados envolvendo o tema. Jw1tamente com o investimento de al-

    gumas empresas nessas tecnologias, o surgimento de indústrias brasileiras que nano encap-

    sulam ativos para fornecimento ao mercado cosmético possibilitou um maior acesso à

    nanotecnologia até mesmo por indústrias cosméticas de menor porte. Esse crescimento

    impulsiona o mercado e faz com que cresçam também os investimentos em testes de eficá-

    cia e segurança dos produtos, fortalecendo o mercado de nano cosmético no Brasil e no

    mundo (DAUDT, 2013).

    3.4 Farmácias Comunitárias e Dermocosméticos Atualmente, a nanotecnologia voltada para dermocosmético tem como foco, sobretudo, os

    produtos destinados à aplicação na pele do rosto e do corpo, com ação antienvelhecimento

    e de fotoproteção (BENTLEY, 2008).

    Na farmácia comunitária são dispensados vários medicamentos que possuem sistema na-

    noestruturados, particularmente utilizando ciclodextrinas e lipossomas. A escolha do tipo

    de nanopartícula a ser utilizada como sistema de liberação controlada recairá, principal-

    mente, sobre sua biodegradabilidade, biocompatibilidade , compatibilidade física e química

    com a droga, e a via de administração a ser utilizada . Os sistemas de liberação controlada

    de fármacos apresentam várias vantagens em relação aos sistemas convencionais, tais co-

    mo maior controle da liberação do princípio ativo, contribuição para minimizar a possibili-

    dade de alcançar doses tóxicas ou subterapêuticas; utilização de menor quantidade do prin-

    cípio ativo, resultando em menor custo; maior intervalo de administração; melhor aceitação

  • 10

    do tratamento pelo paciente; possibilidade de direcionamento do princípio ativo para seu

    alvo específico. Dentre as desvantagens que devem ser monitoradas e contornadas durante

    o desenvolvimento desses sistemas são a possível toxicidade dos produtos da sua biode-

    gradação, e custo mais elevado, dependendo do material e do processo utilizado . Este, no

    entanto, pode ser compensado pela redução das doses necessárias (BERGMANN, 2008).

    As nanoestruturas são verdadeiros reservatórios que controlam a profundidade de pene-

    tração do cosmético na pele e a velocidade com que o ativo será liberado, concentra-

    ções dos ativos liberadas gradualmente não vão atingir limites tóxicos e permitem um

    fornecimento constante às diferentes camadas da pele. A consequência dessa forma de

    ação é mais eficácia com menores doses (BENTLEY, 2008).

    No entanto a farmácia comunitária possui um papel importante para as distribuições

    destes medicamentos com esta nanotecnologia e é imprescindível que os conswnido-

    res recebam todas as orientações correspondente no que diz respeito aos benefícios na

    utilização dos mesmos.

    4 Conclusão Como a nanotecnologia vem crescendo muito nas últimas décadas e consequentemente

    conquistando mais espaço no mercado, observam-se mais estudos e regulamentações .

    As tendências de mercado com esta nova tecnologia pelas indústrias cosméticas estão

    em pleno crescimento o que permite a chegada ao mercado de produtos com melhor

    sensorial e maior efetividade. Logo, a dispensação de dermocosméticos, que utilizam a

    nanotecnologia , em farmácias comunitárias está sendo mais frequentes, por apresenta-

    rem os seguintes benefícios: controle da liberação do princípio ativo, diminuição do

    efeito tóxico e doses subterapêuticas; utilização de menor quantidade do princípio ati-

    vo, maior intervalo de administração; melhor aceitação do tratamento pelo paciente;

    possibilidade de direcionamento do princípio ativo para seu alvo específico. Como

    estes produtos normalmente possuem um custo mais elevado faz-se necessário prestar

    maiores esclarecimentos aos consumidores informando que deve ser considerado o

    tratamento final e não somente o custo inicial e que os benefícios e maior segurança,

  • 11

    justificam o investimento.

    5 Referências Bibliográficas Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Estudo Prospectivo Nanotec-

    nologia ABDI. Série Cadernos da Indústria Volume

    XX. Disponível em: < http://www.abdi.com.br

    /Estudo/Estudo%20Prospectivo%20de%20Nanotecnologia.pdf > Acesso:

    out 2013.

    http://www.abdi.com.br/http://www.abdi.com.br/

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    12

    BENTLEY, Maria Vitória; Portal do envelhecimento. Beleza fundamentada Grupo de

    pesquisadores em conjunto com empresas prepara nanocosméticos com aplicações varia-

    das . Programa Equipamentos Multiusuários- USP. Pesquisa Fapesp- Edição Impressa

    146- Abril 2008 Disponível em: . Acesso: out 2013.

    BERGMANN, Bartira Rossi; A Nanotecnologia: da Saúde para além do Determinismo

    Tecnológico. On-line version ISSN 2317-6660.Cienc. Cult. vol.60 no.2 São Paulo 2008.

    Disponível em:< http://cienciaecultura.bvs.br/scielo > .Acesso em: out 2013.

    CARVALHO, Cláudia. Nanotecnologia em cosméticos. Cosmetics & Toiletries, vol. 24,

    j