desafios legais para subsidiar reformas em tributação imobiliária
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SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE TRIBUTAÇÃO IMOBILIÁRIA
“DESAFIOS LEGAIS PARA SUBSIDIAR REFORMAS EM
TRIBUTAÇÃO IMOBILIÁRIA”
Palestrante Cintia Estefania Fernandes
“DESAFIOS LEGAIS PARA SUBSIDIAR REFORMAS EM
TRIBUTAÇÃO IMOBILIÁRIA”
Palestrante Cintia Estefania Fernandes
Tributação Imobiliária no Brasil
BRASIL =
PROPRIEDADE + FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
(art. 5o, incisos XXII + XXIII, CF/88)
Autonomia Municipal e Transformação Social
* Os Municípios têm que exercer suas competências tributárias para atingir uma autonomia municipal.
* As receitas de repasses federais e estaduais não garantem o desenvolvimento dos Municípios.
Autonomia Municipal e Transformação Social
*Mobilização dos Municípios para sensibilização do Poder Judiciário.
*Atualização e transparência das informações constantes dos cadastros e das técnicas de avaliação.
“Pela primeira vez na história, a população urbana do mundo, em 2007, superará a população rural. Cerca de 1 bilhão de
pessoas já vivem em barracos ou casas que lhes pertencem de fato, não de direito. Fazer desse um bilhão de cidadãos donos efetivos de sua habitação é uma meta que as melhores cabeças
do mundo acreditam que deva ser perseguida de 2007 em diante”.
Revista Veja, 30/12/06, p. 135.
MUNICÍPIOS
Possuem apenas 15% das receitas tributárias totais do país.
(Ministério da Fazenda: Secretraria da Receita Federal, 2003).
ANÁLISE CONSTITUCIONAL
Uma análise constitucional impõe o desenvolvimento sustentável das cidades, com
direito à moradia regular: parcelamento do solo urbano, cadastro multifinalitário, e tributação
imobiliária eficientes.
Arts. 3 o, 6o (EC 26/00), 30, I, III e VIII, 145, III e 182, CF/88
ANÁLISE INFRACONSTITUCIONAL
Uma análise infraconstitucional impõe o desenvolvimento sustentável das cidades.
RESPONSABILIDADE TERRITORIAL DOS MUNICÍPIOS –PL 20/2007 e PL 3.057/00 -
CADASTRO TERRITORIAL MULTIFINALITÁRIO –PRR -MINISTÉRIO DAS CIDADES
ESTATUTO DA CIDADE - Lei 10.257/01, art. 4o,, IV, bTRIBUTAÇÃO – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL -
LC 101/00, art. 11
LEI DE RESPONSABILIDADE TERRITORIAL
PL 20/2007
Cidades fragmentadas, segregadas, ineficientes, poluídas e injustas.
Revisão da Lei 6.766/79
Municípios – competentes para aprovação de parcelamentos urbanos e de projetos de
regularização
• Aprovação de novos parcelamentos;
• Aprovação de condomínios urbanísticos;
• Aprovação de projetos de regularização de parcelamento irregulares, consolidados em terras
públicas e privadas.
LEI DE RESPONSABILIDADE TERRITORIAL
CADASTRO TERRITORIAL MULTIFINALITÁRIO
PRR – Ministério das Cidades
• Cadastro Econômico (valor da parcela e do imposto);• Cadastro Geométrico (físico);• Cadastro Jurídico (direito de propriedade);• Cadastro Fiscal (poder de polícia territorial – FSP);• Cadastro Ambiental e Social
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LC 101/00, art. 11
Solução de Lege Ferenda
Alterar a LRF para fazer constar a obrigação dos Municípios ematualizar os seus cadastros e PGV, no período máximo de 4 em 4 anos, evitando assim a perda de receitas derivadas de tributos e o tratamento
desigual dos contribuintes
TRIBUTAÇÃO IMOBILIÁRIA
• IPTU;
•ITR
•ITBI
• CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA.
IPTU
*Critério Material - a conduta desejada.
SER proprietário – SER detentor do domínio útil –ou SER possuidor ad usucapionem, de bem
imóvel, localizado na zona urbana do Município (Art. 34 do CTN) – art. 1228. CCi
Ser proprietário, nú-proprietário, fiduciário, enfiteuta, possuidor ad usucapionem
IPTU
*Critério Espacial - condicionante de lugar
Perímetro Urbano do Município
IPTU
* Critério Espacial
O que é urbano? Art. 32 – CTN - Zona urbana – pelo menos dois incisos
I – meio fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;II – abastecimento de água;III – sistema de esgotos;IV – rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição municipal;V – escola primária ou posto de saúde a uma distância de 3 km do imóvel considerado.
IPTU
*Critério Espacial
O que é urbano? Art. 32 – CTN - Zona urbana – pelo menos dois incisos
§2º - áreas urbanizáveis ou de expansão urbana constantes de loteamentos aprovados para fins habitacionais, industriais ou comerciais.
IPTU
*Critério Espacial
O que é urbano? Art. 32 – CTN - Zona urbana – pelo menos dois incisos
STJ – REsp no. 169.924-RS – prevalência do critério da localização(2000)
STJ – REsp no. 738628-SP – prevalência do critérioda destinação (2005) – Decreto-lei nº. 57/66, que
exclui da incidência do IPTU os imóveis destinados à exploração agrícola, pecuária ou industrial
IPTU
* Critério Quantitativo
- Base de Cálculo (BC) do IPTU Valor Venal do Imóvel -> VVI
- Alíquota
Base de Cálculo (BC) e Base Calculada
• A lei edita critérios abstratos da base de cálculo – atividade legislativa = BC
• O ato administrativo de lançamento tributário, estabelece o valor concreto, segundo os critérios abstratos - Decreto = Base Calculada, art. 142, CTN – Edição de PGV
IPTUBase de Cálculo e Base Calculada
• Súmula 160, STJ: “É defeso ao Município atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária”.
• Crítica:Atividade de lançamento tributário pelo poder legislativo - quebra do sistema.
Princípio da Tripartições de Funções -> Inobservância.
IPTUBase de Cálculo e Isonomia
Tributária
• Aplicar por longos anos índices de inflação -> perda do vínculo com a Base de Cálculo, com o efetivo VVI.
• Determinação incorreta do VVI -desigualdade na distribuição da carga tributária.
IPTU - Alíquotas A PARTIR DA EC 29/00
>> ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS EM FUNÇÃO DO VALOR VENAL DO IMÓVEL OU PORPORCIONAISart. 156, §1º, inciso I da CF/88 – LC nº 40/01 – art. 39
>>ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS DE ACORDO COM A LOCALIZAÇÃO E O USO DO IMÓVEL art.156, §1º, inciso II da CF/88 – LC nº 40/01 – art. 39
>> ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS NO TEMPOart. 182, §4º, inciso II da CF/88.
IPTU
Personalização do IPTU – SÚMULA 539 STF
“É constitucional a lei do Município que reduz o Imposto Predial Urbano sobre imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não possua
outro.”
Alíquotas - IPTUProgressividade Fiscal
•STF – – RE 423768-SP (suspenso em razão do pedido de vista feito pelo Ministro Carlos Ayres Britto)
•De acordo com o Ministro Relator Marco Aurélio éconstitucional a EC 29/2000 e a Lei do Município de São Paulo
que prevê a progressividade fiscal das alíquotas do IPTU.
• O voto foi seguido pelos Ministros: Eros Grau, CármemLúcia, Joaquim Barbosa e Sepúlveda Pertence. O Ministro
Lewandowski foi impedido de votar.
Alíquotas - IPTUProgressividade Fiscal
Aumenta a justiça na tributação imobiliária no Brasil
Exemplos:Aracaju – população contribuinte com renda
familiar até 2 SM gastou 5,79% de sua renda com IPTU, embora os contribuintes de poder aquisitivo
superior tenham gasto menos de 0,5% (efeitoregressivo)
Alíquotas - IPTUProgressividade Fiscal
Fortaleza, Salvador e Curitiba, que utilizamalíquotas progressivas de IPTU, têm melhordistribuição de carga tributária pelas faixas
de renda, com a população mais pobrededicando uma parcela menor de seu
orçamento com o pagamento de imposto.
(Dados – IPEA – 2002 e 2003)
Valores
R$ 143,71Total do imposto
1,10%de R$ 196.421,01 acima
1,00%De R$ 158.414,01 a R$ 196.421,00
0,95%de R$ 120.407,01 a R$ 158.414,00
0,85%de R$ 82.400,01 a R$ 120.407,00
0,75%de R$ 57.062,01 a R$ 82.400,00
R$ 30,830,55%de R$ 44.393,01 a R$ 57.062,00
R$ 46,250,35%de R$ 31.724,01 a R$ 44.393,00
R$ 15,960,25%de R$ 25.338,01 a R$ 31.724,00
R$ 50,67 0,20%Até R$ 25.338,00
AlíquotasValor Venal por Faixas
EXEMPLOVVI = R$ 50.000,00
IPTUImóveis Residenciais
Alíquotas vigentes para o IPTU
CURITIBA
PROGRESSIVIDADE GRADUADA E DIFERENCIADA EM RAZÃO DO USO
Alíquotas vigentes para o IPTU
1,80%De R$ 69.731,01 acima
1,60%de R$ 57.062,01 a R$ 69.731,00
0,85%de R$ 44.393,01 a R$ 57.062,00
0,55%de R$ 31.724,01 a R$ 44.393,00
0,35%Até R$ 31.724,00
AlíquotasValor Venal por Faixas
IPTUImóveis Não Residenciais
CURITIBA
Imóveis de uso misto – VVI proporcional de acordo com a área de cada uso
Alíquotas vigentes para o IPTU
3,00%de R$ 63.345,01 acima
2,50%de R$ 38.007,01 a R$ 63.345,00
2,00%de R$ 25.338,01 a R$ 38.007,00
1,50%de R$ 12.669,01 a R$ 25.338,00
1,00%Até R$ 12.669,00
AlíquotasValor Venal por Faixas
IPTUImóveis Territoriais
CURITIBA
IPTU
PROPRIEDADES COM LIMITAÇÕES DE USO
• Limitações administrativas• Ocupação temporária• Tombamento• Requisição• Servidão administrativa• Desapropriação• Parcelamento e edificação compulsórios
ITR – CRITÉRIO PESSOAL
• SUJEITO ATIVO – UNIÃO(Art. 153, par. 4o, III, EC 42/03)
• Delegação da capacidade tributária ativa para os Municípios (fiscalização + arrecadação)
• Lei 11.250, de 27.12.05 (lei municipal e convênio com a SRF) • Instrução Normativa da SRF 643 de 12.04.2006
ITBI* Critério Quantitativo
Base de Cálculo
• Valor venal dos bens ou direitos transmitidos ou cedidos # preço
• ITBI x IPTU
• Art. 49, LCM 40/01 - avaliação procedida por profissional habilitado da Administração
• Normas da ABNT para a avaliação de imóveis
ITBI
OBSERVAÇÃO:
• STJ - admite o arbitramento da BC - Resp -261166/SP, Rel. Min. José Delgado
• STF - não admite alíquotas progressivas - SÚMULA 656 STF
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA CME
• Ser proprietário, detentor do domínio útil ou possuidor com ânimo de dono de imóvel beneficiado por obra pública
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIAHistograma da Freqüência de Municípios segundo arrecadação de
Contribuição de Melhoria (STN/2005)(Total de Municípios da amostra: 4360)
3311
497368
14119 19
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
semarrecadacao
1 a 10000 10.000 a 100.000 100.000 a500.000
500.000 a1.000.000
acima de1.000.000
R$
Freq
üênc
ia
Freqüência
CME – Arrecadação Municipal
76,0%
11,4%
8,5%
3,2%
0,4%0,4%
sem arrecadacao1 a 1000010.000 a 100.000100.000 a 500.000500.000 a 1.000.000acima de 1.000.000
João Pessoa660.798 hab
São Paulo10.927.990 hab
UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS NÃO COBRAM CONTRIBUICÃO DE
MELHORIA
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVALei 8.429/92, arts. 4o, 10, 12, 20 e 22
CME*CRITÉRIO QUANTITATIVO
BASE DE CÁLCULOCritérios:
• Limite Geral - valor do custo da obra( Municípios) - Modelo Alemão
• Limite Individual - valor da valorização do imóvel (Geraldo Ataliba; Roque Antonio Carrazza; Aires Barreto; Carlos Mário Velloso) – Modelo Inglês
• Limite Geral + Limite Individual = STJ e STF(Hugo de Brito Machado; Aliomar Baleeiro; Ives Gandra da Silva Martins)
CMECRITÉRIO QUANTITATIVO
DIAGNÓSTICO:
• VALORIZAÇÃO - Limite Individual - valor da valorização do imóvel – cálculo através de uma análise estatística - antes
e depois da obra (v.g. histograma)
X
• CUSTO DA OBRA + BENEFÍCIO – fórmulas padronizadas de cálculo
CMEOBRAS PÚBLICAS
• praças, parques, pavimentação, arborização, urbanização;
• pontes, viadutos, contenções, passarelas, túneis;
• metrô;
• recuperação de áreas degradadas; etc.
CMEOBRAS PÚBLICAS
• abertura, pavimentação de estradas e ruas;
• redes elétricas e telefônicas;
• canalização, drenagem,e esgotos;
• saneamento básico.
CME
NÃO INCIDE:
• em reparos;
• obras sem benefício ou valorização.
ZONA DE INFLUÊNCIA
0
1020
30
40
5060
70
0 100 200 300
Distancia - AccesoB
enef
icio
0
1020
30
40
5060
70
0 100 200 300
Distancia - AccesoB
enef
icio
0
1020
30
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0 100 200 300
Distancia - Acceso
Ben
efic
io
0
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0 100 200 300
Distancia - Acceso
Ben
efic
io
Determinação do Limite: Métodos DiretosSe pode aplicar métodos econométricos que produzam umacurva que converja a zero
Se pode aplicar métodos econométricos que produzam umacurva que converja a zero
Límite de la ZonaLímite de la Zona
Outros métodos econométricos podem utilizar regressões que tendam a zero
Outros métodos econométricos podem utilizar regressões que tendam a zero
xey ** βα=
Límite de la ZonaLímite de la Zona
Jorge Hernández Rivera, IC, MIC/AsesorEn Gestión Territorial y Urbana
ZONA DE INFLUÊNCIADeterminação do Limite: Métodos Indiretos
Modelos Origem Destino:
Definição de Oferta:De infra-estrutura física (Vias)Transporte (Público-Privado)
Definição de Demanda:Pesquisas junto à população:•De onde saem•Para onde vão•Quando•Com que freqüência•Que meio de transporte usa
Modelos Origem Destino:
Definição de Oferta:De infra-estrutura física (Vias)Transporte (Público-Privado)
Definição de Demanda:Pesquisas junto à população:•De onde saem•Para onde vão•Quando•Com que freqüência•Que meio de transporte usa
Se pode determinar a localização das zonas de maior oferta e demanda da via a construir: Indiretamente, Zona de Influência
Jorge Hernández Rivera, IC, MIC/AsesorEn Gestión Territorial y Urbana
CME
VANTAGENS:- justiça tributária;- financiamento das obras; - independência das transferências; - maior autonomia dos municípios; - inibe a especulação imobiliária,
diminuindo o valor da terra; - tributo de difícil evasão.
CME
Contribución de Valorización
•Obra pública
•Bogotá – Acordo 180 de 2005
4 fases - 2006-2008 – 2009-2011 – 2012-2014 - 2015-2017•Ruas, pontes, passarelas e parques•Montante que será distribuído – US$ 902 milhões de dólares
MODELO COLOMBIANO